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INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E AUDITORIA RESUMO DE APONTAMENTOS SOBRE REGISTOS ESPECIAIS 1. Acções e Obrigações 1.1. Acções O Capital das Sociedades anónimas é representado por Acções, transmissíveis pelos meios reconhecidos em direito. Os proprietários das Acções (sócios) chamam-se accionistas. A Acção é um título representativo de uma parcela do capital social; é um direito dos accionistas relativamente à Sociedade, geralmente negociável, e exposto às flutuações da cotação, consoante a situação da empresa e de outros factores. 1.1.1. Classificação das Acções 1.1.1.1. Quanto aos direitos que conferem As Acções podem ser ordinárias ou privilegiadas. As primeiras não conferem aos proprietários nenhuma prerrogativa sobre os restantes accionistas, ao contrário das segundas. Como Acções privilegiadas existem as preferenciais, que concedem alguma vantagem, quer sobre os benefícios em caso de liquidação, quer nas votações; e as Acções de voto múltiplo, que concedem aos accionistas mais votos do que as 1

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2014

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INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E AUDITORIA

RESUMO DE APONTAMENTOS SOBRE REGISTOS ESPECIAIS

1. Acções e Obrigações

1.1. Acções

O Capital das Sociedades anónimas é representado por Acções, transmissíveis

pelos meios reconhecidos em direito. Os proprietários das Acções (sócios)

chamam-se accionistas.

A Acção é um título representativo de uma parcela do capital social; é um

direito dos accionistas relativamente à Sociedade, geralmente negociável, e

exposto às flutuações da cotação, consoante a situação da empresa e de outros

factores.

1.1.1. Classificação das Acções

1.1.1.1. Quanto aos direitos que conferem

As Acções podem ser ordinárias ou privilegiadas. As primeiras não conferem

aos proprietários nenhuma prerrogativa sobre os restantes accionistas, ao

contrário das segundas. Como Acções privilegiadas existem as preferenciais,

que concedem alguma vantagem, quer sobre os benefícios em caso de

liquidação, quer nas votações; e as Acções de voto múltiplo, que concedem

aos accionistas mais votos do que as ordinárias, o que é uma vantagem sensível

para a Direcção da Sociedade, visto que as resoluções da Assembleia Geral são

tomadas por maioria.

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São de fruição, as Acções que só concedem direito aos lucros, numa proporção

determinada, mas não a voto. Dão-se geralmente a pessoas estranhas à

empresa.

1.1.1.2. Quanto à forma de transmissão

Quanto à transmissão as Acções podem ser: nominativas ou ao portador,

conforme indiquem, ou não, o nome do accionista.

As Acções nominativas devem estar registadas num livro que, para tal efeito,

existe na empresa, no qual se anotarão as sucessivas transferências.

As Acções ao portador são numeradas, e são sempre Acções nominativas

enquanto não forem completamente liberadas.

1.1.1.3. Quanto aos valores pagos

Podem ser: liberadas (inteiramente realizadas ou pagas) ou não liberadas (não

realizadas, ou por pagar).

Só as sociedades anónimas poderão comprar as suas próprias Acções com os

lucros do capital, mas apenas para efeitos da sua amortização. Nunca poderão

prestar garantia com as suas próprias Acções.

Não se poderão emitir novas acções, enquanto não se tiver feito o

desembolso total da série ou séries emitidas anteriormente. Qualquer cláusula

em contrário, contida na escritura da constituição da Sociedade, nos estatutos ou

regulamentos, ou qualquer acordo tomado em Assembleia Geral que se oponha a

este preceito, será nulo e de nenhum valor.

1.1.2. Valor das Acções

Nas Acções há que ter em consideração os valores:

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Nominal - valor inscrito no título;

Comercial - preço do mercado;

De Emissão - valor de aquisição, na data da emissão (que pode ser maior,

igual ou menor que o valor nominal);

Intrínseco - parte correspondente do activo líquido real da sociedade;

Financeiro - pela capitalização, à taxa adequada, dos lucros distribuídos;

Contabilístico – quociente do capital próprio indicado no Balanço pelo

número de acções;

De Rendimento – que se obtém capitalizando a uma taxa adequada às

circunstâncias a totalidade dos lucros obtidos (lucros distribuídos + lucros

retidos);

As Acções estão ao par, quando o valor comercial é igual ao valor nominal;

acima do par se o valor comercial é maior do que o nominal; e abaixo do par,

no caso contrário.

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1.2. Obrigações

Quando as sociedades anónimas não têm recursos para atingir os seus fins,

contraem um empréstimo com carácter público, mediante a emissão de

Obrigações, sob forma de títulos cotáveis e transmissíveis, com independência

do devedor que é a Sociedade.

A Obrigação é, pois, o título representativo de uma parte do empréstimo.

É preciso não confundir Obrigações com Acções, pois:

1. As Acções são títulos representativos de uma fracção do capital social;

as Obrigações são títulos representativos de uma fracção de um

empréstimo feito à sociedade;

2. A emissão das Acções precede a das Obrigações;

3. O accionista é um sócio da sociedade; o obrigacionista é um credor;

4. A Acção dá direito ao dividendo; a Obrigação ao juro;

5. O dividendo só se distribui quando há lucros; o juro paga-se sempre,

quer haja lucros ou prejuízos;

6. O dividendo é variável e paga-se em qualquer data; o juro é fixo e paga-

se em datas certas;

7. As Obrigações têm de ser reembolsadas em certo prazo; as Acções não.

8. Em caso de liquidação da sociedade, primeiro pagam-se as Obrigações e

só depois se paga o remanescente às Acções. O reembolso das

Obrigações é feito mediante amortização periódica, por sorteio, e a sua

emissão deve ser registada no Registo Comercial;

9. As sociedades anónimas não podem existir sem Acções, mas podem

existir sem Obrigações;

10. Quem domina a sociedade e suporta os riscos são os accionistas e não

os obrigacionistas;

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11. As Acções tendem a valorizar-se com a desvalorização da moeda; as

Obrigações acompanham a desvalorização da moeda;

12. O valor das Acções tende a oscilar na razão directa dos preços; o das

Obrigações na razão inversa;

13. As Obrigações estão ligadas à oscilação da moeda; as Acções ao valor

dos bens.

1.2.1. Espécies de Obrigações

1.2.1.1. Quanto à forma:

Obrigações Nominativas – quando indicam o nome do

obrigacionista;

Obrigações ao Portador – quando não indicam o nome do

obrigacionista;

Obrigações Mistas – quando podem assumir as duas características.

1.2.1.2. Quanto ao rendimento

Obrigações Simples – as que dão apenas direito ao juro

convencionado;

Obrigações com Prémio - por via de regra (quer tenham sido

colocadas ao par, acima do par ou abaixo do par) o preço de

reembolso das Obrigações (não confundir com preço de emissão)

corresponde sempre ao seu valor nominal;

Obrigações Participantes - são obrigações de rendimento variável.

1.2.1.3. Quanto ao preço de emissão (ou de subscrição)

As Obrigações podem ser oferecidas ao público, para subscrição a um

preço superior, igual ou inferior, ao que se acha inscrito (valor nominal);

No primeiro caso, há um prémio de emissão, para a empresa; no

terceiro caso, há um prémio de emissão para os obrigacionistas.

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1.2.1.4. Quanto ao modo de reembolso

De uma só vez, no final do empréstimo;

Gradualmente, durante a vida do empréstimo;

Por compra, geralmente na bolsa.

1.2.1.5. Quanto a possibilidade de acesso ao capital

Obrigações não convertíveis - as que não podem ser convertidas

em outro título;

Obrigações convertíveis - concedem aos seus titulares o direito de

conversão em acções da Sociedade emitente;

Obrigações com “Warrants” - concedem aos seus titulares o direito

de subscrever acções da sociedade emitente. Os titulares continuam a

ser obrigaccionistas e simultaneamente accionistas.

1.2.1.6. Colocação das Obrigações

Directamente pela sociedade; ou

Por intermédio de um estabelecimento bancário. Algumas vezes os

banqueiros são mais do que simples intermediários, entre a sociedade

e o público, e tomam firme, no todo ou em parte, as Obrigações

emitidas.

O convite ao público faz-se geralmente por meio de anúncios nos jornais.

Se o número de Obrigações subscritas for superior ao número de

Obrigações emitidas, terá de se proceder ao Rateio, de acordo com algum

critério respeitando-se geralmente as pequenas subscrições que não

devem sofrer reduções.

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2. Comissões e Consignações

2.1. Comissões

Comissão é um contrato que se dá quando uma pessoa – mandatário – se encarrega de praticar, em seu nome próprio, um ou mais actos de comércio por conta de uma pesssoa – mandante – mediante uma remuneração chamada também comissão.

O mandatário toma o nome de Comissário, o mandante o de Comitente.

O Comissário é um mandatário comercial que compra e vende por conta de outrem –mandante ou comitente - auferindo uma comissão determinada por percentagem sobre o valor das operações efectuadas.

É importante reter aqui, que mesmo se em alguns casos, acontecer que o Comissário exerça a mesma actividade, ou até, venda o mesmo tipo de Mercadoria que o Comitente, as Mercadorias que ele transacciona por conta de outrem são e sempre serão propriedade do Comitente.

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2.1.1. Contabilização

Alguns especialistas consideram útil a criação de uma conta colectiva Comitentes, na escrituração do Comissário, uma vez que este, naturalmente, terá bastantes contactos com aqueles que lhe ordenam a compra ou venda de Mercadoria. O funcionamento da conta é semelhante à de “Outros Devedores” .

Vejamos um quadro onde podemos observar o conjunto de operações a que dá lugar a

“Comissão”.

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2.2. Consignaç

ões

Consignação é um contrato em que o Consignante remete ao Consignatário Mercadorias a fim de este promover a venda ao melhor preço em seu próprio nome.

Consignatário é o mandatário que vende como se fossem suas Mercadorias que, para tal fim lhe foram confiadas pelo consignante.

Do ponto de vista contabilístico, o simples envio de Mercadorias ou produtos à consignação não é mais do que uma transferência do armazém do Consignante ao do Consignatário, não existindo quaisquer transferências de riscos e recompensas.

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COMITENTE COMISSÁRIO

1. Emissão da Ordem de compra 1. Compra da Mercadoria

2. Recebimento da Mercadoria e Factura de Compra

2. Envio da Factura de Compra

3. Recebimento da Conta Compra

3. Pagamento de Despesas de Transporte e Seguro

4. Pagamento do valor total da Conta Compra

4. Registo da Comissão

5. Envio da Conta Compra

6. Recebimento do valor Total da Conta Compra

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Apesar das Mercadorias estarem no armazém do consignatário, estas são propriedade do consignante, cumprindo o consignatário como depositário, zelar pela sua conservação e devolver a este as que não consiga vender.

Neste sentido, o consignatário só se torna devedor do consignante pelas vendas que efectua isto é, pelo dinheiro que recebe das vendas a pronto pagamento e pelos créditos provenientes das vendas a prazo.

O consignatário, além de ser reembolsado de todas as despesas que realizar por conta da consignação, tem direito as seguintes percentagens:

a) Comissão , que incide sobre o valor das vendas realizadas;

b) Delcredere, que incide sobre o valor das vendas a prazo, caso este se responsbilize pela cobrança dos créditos daí resultantes.

2.1.1. Contabilização

Sendo as Mercadorias ou produtos facturados ao consignatário, quaisquer comissões ou descontos e abatimentos devem ser contabilizados como reduções dos proveitos.

Para que todas as transacções possam ser contabilizadas no período a que respeitam, é indispensável que o consignatário preste contas no final de cada mês.

O envio de Mercadorias em regime de consignação dá origem a dois processos diametralmente opostos. Para aquele que enviou as Mercadorias (Consignante), a operação toma o nome de Consignação de Conta Própria, e para o que as recebe e vai promover a venda (Consignatário), a operação passa a designar-se por Consignação de Conta Alheia.

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Vejamos as operações relativas a um envio de Mercadorias em regime de consignação.

CONSIGNANTE CONSIGNATÁRIO

1. Envio de Mercadoria 1. Recebimento da Mercadoria

2. Despesas de transporte 2. Frete para colocação da Mercadoria em armazém

3. Recebimentos da Conta de Venda

3. Vendas a pronto pagamento e a crédito.

4. Recebimento do Líquido Produto da Conta de Venda

4. Despesas com as vendas

5. Comissão e Del-credere

6. Elaboração da Conta de Venda e seu envio

7. Pagamento do Líquido Produto

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