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Isis Sem Veu 2 Helena Petrovna Blavatsky3

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o livro base da doutrina de helena

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  • VOLUME 2 CINCIA II CAPTULO IX FENMENOS CCLICOS

    O SENTIDO DA EXPRESSO TNICAS DE PELES. (L. 2. pg. 11).

    Afirmam alguns filsofos antigos que as "tnicas de pele" que, segundo o terceiro captulo do Gnese, foram dadas a Ado e Eva significam os corpos carnais com que os progenitores da raa humana foram

    vestidos na evoluo dos ciclos. Sustentam eles que a forma fsica criada semelhana de Deus tornouse

    cada vez mais e mais grosseira, at atingir o fundo do que se pode chamar de ltimo ciclo espiritual, e a

    Humanidade penetrou no arco ascendente do primeiro ciclo humano. Comeou, ento, uma srie

    ininterrupta de ciclos ou yugas, permanecendo a durao precisa de cada um deles um mistrio inviolvel

    conservado nos recintos dos santurios e revelado unicamente aos iniciados. Assim a Humanidade entrou

    num novo ciclo, a idade da pedra, com a qual o ciclo precedente teve fim, comeou gradualmente a se

    transformar numa idade superior. A cada sucessiva idade, ou poca, os homens se refinaram mais e mais,

    at que o cume da perfeio possvel em cada ciclo particular foi atingido. Ento a onda em refluxo do

    tempo trouxe consigo os vestgios do progresso humano, social e intelectual. Os ciclos se sucedem aos

    ciclos por transio imperceptveis; naes florescentes e altamente civilizadas cresceram em poder,

    atingiram o clmax do desenvolvimento, declinaram e extinguiram-se; e a Humanidade, quando o fim do

    arco cclico mais baixo foi atingido, remergulhou na barbrie como no princpio. Reinos desmoronaram e

    as naes se sucederam s naes, do princpio at os nossos dias, as raas subindo alternadamente aos

    graus de desenvolvimento mais elevado e descendo at os mais baixos. Draper observa que no h nenhuma

    razo para supor que um ciclo se aplique a toda a raa Humana. Ao contrrio, enquanto o homem numa

    parte do planeta est em estado de retrogresso, na outra ele pode estar progredindo em conhecimento e em

    civilizao.

    Quanto se assemelha a esta teoria a lei do movimento planetrio, que fora os astros a rodarem sobre seus

    eixos ; os diversos corpos a girarem em torno dos respectivos sis; e todo o cortejo estrelar a seguir um

    caminho comum em redor de um centro comum. Vida e morte, luz e trevas, dia e noite sucedem-se no

    planeta, enquanto este gira sobre seu eixo e percorre o crculo zodiacal, que representa os ciclos menores e

    maiores. Lembrai-vos do axioma hermtico: "Em cima como embaixo; no cu como na terra".

    VISES CLARIVIDENTES DE UM PASSADO REMOTO. - A TEORIA HERMTICA DA

    EVOLUO DO HOMEM. (L. 2. pg. 12).

    O Prof. Denton submeteu, ao exame de sua esposa, um fragmento de osso fossilizado sem dar Sra. Denton

    qualquer indicao do que era o objeto. Este suscitou-lhe imediatamente retratos do povo e cenas que o

    Prof. Dentron acredita pertencerem idade da pedra. Ela viu homens extremamente semelhantes a macacos,

    com corpos muito peludos, e "como se o cabelo natural fizesse as vezes de roupas". "Duvido que eles

    possam ficar perfeitamente eretos; as articulaes do quadril parecem indicar que no", disse ela. "Vejo

    ocasionalmente uma parte do corpo de um desses seres que parece comparativamente lisa. Posso ver a pele,

    que mais branca (...) No sei se ele pertence ao mesmo perodo. (...) distncia a face parece achatada; a

    parte inferior proeminente; eles tm o que suponho que se chamam mandbulas prognatas. A regio frontal

    da cabea baixa, e a parte mais baixa muito proeminente, formando uma salincia redonda em torno da

    fronte, imediatamente acima das sobrancelhas. (...) Vejo agora um rosto que se parece ao de um ser humano,

    embora ainda tenha uma aparncia simiesca. Todos parecem pertencer mesma espcie, pois tm braos

    longos e corpos cabeludos".

    Aceitem ou no os cientistas a teoria hermtica da evoluo do homem a partir de naturezas superiores e

    mais espirituais, eles prprios nos mostram como a raa progrediu do ponto mais baixo observado ao atual

    desenvolvimento. E, como toda a natureza parece ser feita de analogias, ser desarrazoado afirmar que o

    mesmo desenvolvimento progressivo das formas individuais ocorreu entre os habitantes do universo

    invisvel? Se esses maravilhosos efeitos foram causados pela evoluo sobre o nosso pequeno planeta

    insignificante, produzindo homens pensantes e intuitivos a partir de tipos superiores da famlia dos macacos,

    por que supor que os ilimitados reinos do espao so habitados apenas por duplicatas espirituais desses

    ancestrais cabeludos, de braos longos e semipensantes, seus predecessores, e por seus sucessores at a

  • nossa poca? Naturalmente, as partes espirituais desses membros primitivos da famlia humana deveriam

    ser to brbaras e to pouco desenvolvidas quanto os seus corpos fsicos. Embora no tenham feito nenhuma

    tentativa de calcular a durao do grande ciclo, os filsofos hermticos sustentavam que, de acordo com

    a lei cclica, a raa humana viva deve inevitvel e coletivamente retornar um dia ao ponto de partida em

    que o homem foi vestido com tnicas de pele; ou, para express-lo mais claramente, a raa humana dever

    ser finalmente, de acordo com a lei da evoluo, fisicamente espiritualizada.

    ADO UM SER ESPIRITUAL PURO E PERFEITO. (L. 2. pg. 14).

    Comeando como um ser espiritual puro e perfeito, o Ado do segundo captulo do Gnese, no satisfeito

    com a posio a ele conferida pelo Demiurgo (que o primognito mais antigo, o Ado-Cadmo), este

    segundo Ado, o homem de p, conspira em seu orgulho para, por sua vez, tornar-se Criador. Emanado

    do Cadmo andrgino, este Ado ele tambm andrgino, pois, de acordo com as antigas crenas

    apresentadas alegoricamente no Timeu de Plato, os prottipos de nossas raas foram todos encerrados na

    rvore microcsmica que cresceu e se desenvolveu dentro e sob a grande rvore csmica ou macrocsmica.

    Por se considerar que o Esprito Divino uma unidade, no obstante os numerosos raios do grande sol

    espiritual, o homem tinha sua origem, como todas as outras formas, orgnicas ou inorgnicas, nesta Fonte

    de Luz Eterna. Ainda que rejeitssemos a hiptese de um homem andrgino, no que concerne evoluo

    fsica, o significado da alegoria em seu sentido espiritual permaneceria inalterado. Uma vez que o primeiro

    homem-deus, que simboliza os dois princpios da criao, o elemento dual masculino e feminino, no tinha

    noo do bem e do mal, ele no podia hipostasiar a mulher, pois ela estava nele como ele nela. Foi apenas

    quando, como resultado dos maus conselhos da serpente, a matria se condensou e arrefeceu no homem

    espiritual em seu contato com os elementos, que os frutos da rvore humana - que ela prpria a rvore do

    conhecimento - se mostraram aos seus olhos. Desde esse momento, a unio andrgina cessou, o homem

    emanou de si a mulher como uma entidade separada. Eles quebraram o elo entre o esprito puro e a matria

    pura. A partir de ento, eles no mais criaro espiritualmente, e apenas pelo poder de sua vontade; o homem

    tornou-se um criador fsico, e o reino do esprito s pode ser conquistado por um longo aprisionamento na

    matria. O sentido de Gogard, a rvore da vida helnica, o carvalho sagrado entre cujos ramos luxuriantes

    repousa uma serpente, que no pode ser desalojada, torna-se assim claro. Escapando do ilus primordial, a

    serpente csmica torna-se mais material e cresce em fora e poder a cada nova evoluo.

    O Primeiro Ado, ou Cadmo, o Logos dos msticos judeus, idntico ao Prometeu grego, que procura

    rivalizar com a sabedoria divina; e tambm ao Primander de Hermes, ou o PODER DO PENSAMENTO

    DIVINO, em seu aspecto mais espiritual, pois ele foi menos hipostasiado pelos egpcios do que pelos dois

    primeiros. Eles criam todos os homens, mas falham em seu objetivo final. Desejando dotar o homem de um

    esprito imortal, a fim de que, inserindo a trindade no um, ele pudesse gradualmente retornar ao seu

    primitivo estado primordial sem perder a individualidade, Prometeu falha em sua tentativa de roubar o fogo

    divino, e condenado a explicar o crime no Monte Kazbeck. Prometeu tambm o Logos dos antigos

    gregos, assim como Hrcules. No Cdex nazareeus vemos Bahak-Zivo desertando do cu de seu pai e

    confessando que, embora seja o pai dos genii, incapaz de construir criaturas, pois ele to pouco versado

    no que concerne a Orco como no que respeita ao fogo consumidor desprovido de luz. E Fetahil, uma das

    potestades, senta-se no barro (matria) e espanta-se com o fato de o fogo vivo ter mudado tanto.

    A REBELIO DE LCIFER. (L. 2 pg. 15).

    Todos esses Logois que procuram dotar o homem de esprito imortal falham, e quase todo so representados

    sofrendo as mais diversas punies pela tentativa. Os primeiros padres cristos, que, como Orgenes e

    Clemente de Alexandria, eram bastante versados na simbologia pag e comearam suas carreiras como

    filsofos, sentiram-se muito embaraados. Eles no podiam negar a antecipao de suas doutrinas nos mitos

    antiqussimos. O ltimo Logos, de acordo com os seus ensinamentos, tambm surgiu para mostrar

    Humanidade o caminho da imortalidade; e em seu desejo de dotar o mundo de uma vida eterna atravs do

    fogo pentecostal, perdeu a vida de acordo com o programa tradicional. Assim se originou a desajeitadssima

    explicao de que o nosso clero moderno se aproveita livremente, segundo a qual todos esses tipos mticos

    mostram o esprito proftico que, pela graa de Deus, foi concedido at mesmo aos idlatras pagos! Os

    pagos, afirmam, representaram, em suas imagens, o grande drama do Calvrio - da a semelhana. A

    alegoria da queda do homem e do fogo de Prometeu tambm outra verso do mito da rebelio do orgulhoso

    Lcifer, precipitado no poo sem fundo - o Orco (Inferno ou Mundo inferior). Na religio dos brmanes,

    Mahsura, o Lcifer hindu, torna-se invejoso da luz resplandecente do Criador, e testa de uma legio de

    espritos inferiores rebela-se contra Brahm, e lhe declara Guerra. Como Hrcules, o fiel Tit, que ajuda

    Jpiter e lhe devolve o trono, Shiva, a terceira pessoa da trindade hindu, os precipita a todos da morada

  • celestial no Honderah, a religio das trevas eternas. Mas aqui os anjos cados se arrependem de sua m ao,

    e na doutrina hindu eles obtm a oportunidade de progredir. Na histria grega, Hrcules, o deus do Sol,

    desce ao Hades para livrar as vtimas de suas torturas; e a Igreja crist tambm faz o seu deus encarnado

    descer s sombrias regies plutnicas e vencer o ex-arcanjo rebelde. Por sua vez os cabalistas explicam a

    alegoria de um modo semicientfico. O segundo Ado, ou a primeira raa criada que Plato chama de

    deuses, e a Bblia de Elohim, no era de natureza trplice como o homem terrestre: ele no era composto de

    alma, esprito e corpo, mas era um composto de elementos astrais sublimados em que o Pai soprou um

    esprito divino imortal. Este, devido sua essncia divina, lutou sempre para livrar-se dos liames dessa

    frgil priso; eis por que os filhos de Deus, em seus imprudentes esforos, foram os primeiros a traar

    um modelo futuro para a lei cclica. Mas o homem no deve ser como um de ns, diz a Divindade

    Criadora, um dos Elohim encarregados da fabricao do animal inferior. Foi assim que, quando os

    homens da primeira raa atingiram o cume do primeiro ciclo, eles perderam o equilbrio, e seu segundo

    invlucro, as vestes grosseiras (o corpo astral), os arrojou ao arco oposto.

    A CRIAO DOS ANIMAIS QUE PRECEDERAM O HOMEM SOBRE A FACE DA

    TERRA. (L. 2. pg. 17).

    Mas esta criao de seres, sem o necessrio influxo do puro sopro divino sobre eles, que era conhecido

    entre os cabalistas como o "Fogo Vivo", produziu apenas criaturas de matria e luz astral. ( A luz astral, ou

    anima mundi, dual e bissexuada. A sua parte masculina puramente divina e espiritual: a Sabedoria, ao

    passo que a poro feminina (o spiritus dos nazarenos) maculada, em certo sentido, pela matria, e,

    portanto, maligna. o princpio de vida de toda criatura viva, e fornece a alma astral, o perisprito fludico,

    aos homens, aos animais, aos pssaros no ar e a tudo que vive. Os animais tm apenas o germe da alma

    imortal superior como um terceiro princpio. Este germe desenvolver-se- somente atravs de uma srie de

    inumerveis evolues, cuja doutrina est contida no axioma cabalstico: "Uma pedra transforma-se numa

    planta; a planta, num animal; o animal, num homem; o homem, num esprito; e o esprito, em um deus".)

    Assim foram gerados os animais que precederam o homem sobre esta Terra. Os seres espirituais, os "filhos

    da luz", que permaneceram fieis ao grande Ferho (a Primeira Causa de tudo) constituem a hierarquia celeste

    ou anglica, os Adonim, e as legies dos homens espirituais que nunca se encarnaram. Os seguidores dos

    gnios rebeldes e insensatos, e os descendentes dos sete espritos "ignorantes" criados por "Karabtanos" e

    o "spiritus", tornaram-se, com o correr do tempo, os "homens de nosso planeta", aps terem passado por

    toda a "criao de cada um dos elementos. A partir dessa fase, nossas formas superiores evoluram das

    inferiores. A Antropologia no ousa seguir o cabalista em seus vos metafsicos alm deste planeta, e

    duvidoso que os seus mestres tenham a coragem de procurar o elo perdido nos velhos manuscritos

    cabalistas.

    Foi assim, ento, posto em movimento o primeiro ciclo, que em suas rotaes descendentes troce uma parte

    infinitesimal das vidas criadas ao nosso planeta de barro. Chegando ao ponto mais baixo do arco do ciclo,

    que precedeu diretamente a vida sobre a Terra, a pura centelha divina que ainda restava em Ado fez um

    esforo para se separar do esprito astral, pois "o homem caia gradualmente na gerao", e a camada carnal

    tornava-se mais e mais densa a cada ao.

    E aqui comea um mistrio, um Sod citando o Latin lexicon de Freund, IV,448 [em Sod, Myst. of Adonai,

    p. XII].); um segredo que o rabino Simeo no comunicava seno a pouqussimos iniciados. Ele era

    representado uma vez a cada sete anos durante os mistrios da Samotrcia, e os seus registros se encontram

    auto-impressos nas folhas da rvore sagrada tibetana, a misteriosa KOUNBOUM, na Lamaseria dos santos

    adeptos.

    NO OCEANO SEM LIMITES BRILHA O SOL CENTRAL. (L. 2. pg. 17).

    No oceano sem limites brilha o Sol Central, Espiritual e Invisvel. O universo seu corpo, esprito e alma;

    e TODAS AS COISAS so criadas de acordo com este modelo ideal. Estas trs emanaes so as trs vidas,

    os trs degraus do Pleroma gnstico, as trs "Faces Cabalsticas", pois o ANTIGO dos antigos, o santo dos

    idosos, o grande En-Soph, "tem uma forma e em seguida no tem forma alguma". O Invisvel "assumiu

    uma forma quando chamou o universo Vida", diz o Zohar, o Livro do Esplendor. A Primeira Luz a Sua

    Alma, o Sopro Infinito, Ilimitado e Imortal, sob cujo esforo o universo ergue o seu poderoso seio, para

    infundir vida Inteligente Criao. A Segunda emanao condensa matria cometria e produz formas no

    crculo csmico; pe os incontveis mundos flutuando no espao eltrico, e infunde o princpio de vida

    cego e ininteligente, em cada forma. A Terceira produz todo o universo da matria fsica; e, como se afasta

    gradualmente da Luz Central Divina, seu fulgor se enfraquece e se transforma nas TREVAS e no MAL - a

    matria pura, as "grosseiras purgaes do fogo celestial" dos hermetistas.

  • O GRANDE CICLO DA MNADA. - A TEORIA DE DARWIN. (L. 2. pg. 18).

    Quando o Invisvel Central (o Senhor Ferho) viu os esforos para libertar-se da Scintilla divina, que no

    desejava ser lanada na degradao da matria, ele lhe permitiu tirar de si prpria uma Mnada, pela qual,

    ligada a ela pelo fio mais fino, a Scintilla divina (a alma) tinha que velar durante as suas incessantes

    peregrinaes de uma forma a outra. Assim a Mnada foi lanada na primeira forma da matria e dai

    encerrada em pedra; depois, no decorrer do tempo, atravs dos esforos combinados do fogo vivo e da gua

    viva, ambos os quais brilhavam seu reflexo sobre a pedra, a Mnada escapou priso e surgiu luz do Sol

    como um lquen. De modificaes em modificaes ela foi mais e mais alto; a Mnada, a cada nova

    transformao, tomou emprestado um pouco mais da radiao de sua me. Scintilla, de que se aproximava

    a cada transmigrao. Pois "a Causa Primria quis que ela procedesse desse modo"; e destinou-a a subir e

    mais e mais at que sua forma fsica se tornasse novamente o Ado de p, formado imagem de Ado-

    Cadmo. Antes de sofrer a sua ltima transformao terrestre, a cobertura externa da Mnada, a partir do

    momento de sua concepo como embrio, passa, novamente, pelas fases dos vrios reinos. Em sua priso

    fludica ela conserva uma vaga semelhana com os vrios perodos de gestao como planta, rptil, pssaro

    e animal, at se tornar um embrio humano. No nascimento do futuro homem, a Mnada, radiando com

    toda a glria de sua me imortal que a vigia da stima esfera, torna-se sem sentido. Ela perde todas as

    lembranas do passado, e s retorna gradualmente conscincia quando o instinto da infncia d lugar

    razo e inteligncia. E quando a separao entre o princpio de vida (esprito astral) e o corpo tem lugar,

    a alma liberada - a Mnada - reencontra exultantemente o esprito paterno e materno, o radiante Augoeides,

    e os dois, fundidos em um, formam para sempre, como uma glria proporcional pureza espiritual da vida

    terrestre passada, o Ado que completou o crculo de necessidade, e est livre do ltimo vestgio de seu

    envoltrio fsico. A partir desse momento, tornando-se mais e mais radiante a cada passo de seu progresso

    ascendente, ele sobe pelo caminho brilhante que termina no ponto do qual ela partira em torno do GRANDE

    CICLO.

    Toda a teoria darwiniana da seleo natural est resumida nos primeiros seis captulos no Gnese. O

    "Homem" do cap. I radicalmente diferente do "Ado" do cap. II, pois o primeiro foi criado "macho e

    fmea" - isto , bissexuado - e imagem de Deus; ao passo que o ltimo, de acordo com o stimo versculo,

    foi formado com o p da terra, e tornou-se "uma alma vivente", depois que o Senhor Deus "soprou em suas

    narinas o sopro da vida". Contudo, este Ado era um ser masculino, e no vigsimo versculo somos

    informados de que "no se encontrou a auxiliar que lhe correspondesse". Os adonais, por serem puras

    entidades espirituais, no tinham sexo, ou melhor, tinham ambos os sexos reunidos em si, como seu Criador;

    e os antigos compreendiam isso to bem que representaram muitas de suas divindades como bissexuais. O

    estudioso da Bblia deve aceitar esta interpretao, sob pena de tornar as passagem dos dois captulos

    mencionados absurdamente contraditrias. No apenas esta duas raas de seres so claramente indicadas

    no Gnese, mas mesmo uma terceira e uma quarta se apresentam ao leitor no cap. IV, quando se fala dos

    "filhos de Deus" e da raa de "gigantes".

    Uma coisa, pelo menos, ficou demonstrada no texto hebraico, a saber; que houve uma raa de criaturas

    puramente fsicas; outra, de criaturas puramente espirituais. A evoluo e a "transformao das espcies"

    necessrias para preencher a lacuna entre as duas foram deixadas a antroplogos mais capazes. Podemos

    apenas repetir a filosofia dos homens da Antigidade, a qual diz que a unio dessas duas raas produziu

    uma terceira - a raa adamita. Partindo das naturezas de ambos os pais, ela se adaptou igualmente a uma

    existncia nos mundos material e espiritual. Aliada da metade fsica da natureza do homem est a razo,

    que lhe permite manter a supremacia sobre os animais inferiores, e subjugar a natureza para seus fins. Aliada

    da sua parte espiritual est a sua conscincia, que lhe serve de guia infalvel, no obstante as fraquezas dos

    sentidos; pois a conscincia essa percepo instantnea entre certo e errado, que s pode ser exercitada

    pelo esprito, que, por ser uma poro da Sabedoria Divina e da Pureza, absolutamente pura e sbia. Suas

    inspiraes so independentes da razo, e s podem manifestar-se claramente quando desembaraadas pelas

    atraes inferiores de nossa natureza dual.

    A RAZO, UMA FACULDADE DE NOSSO CREBRO FSICO. (L. 2. pg. 20).

    Sendo a razo uma faculdade de nosso crebro fsico, faculdade que justamente definida como a de

    deduzir inferncias de premissas, e sendo totalmente dependente da evidncia de outros sentidos, no pode

    ser uma qualidade diretamente pertinente ao nosso esprito divino. Este esprito sabe - portanto, que todo

    raciocnio que implica discusso e argumento seria intil. Assim, uma entidade, se deve ser considerada

    como uma emanao direta do eterno Esprito da Sabedoria, s pode selo dotado dos mesmos atributos que

    a essncia ou o todo de que faz parte. Portanto, como um certo grau de lgica que os antigos teurgistas

  • sustentavam que a parte racional da alma do homem (esprito) nunca entra inteiramente no corpo do homem,

    mas apenas o cobre mais ou menos com a sua sombra atravs da alma irracional ou astral, que serve como

    um agente intermedirio, ou como um mdium entre esprito e corpo. O homem que conquistou a matria

    o suficiente para suavizar a luz direta que emana de seu Augoeides (O Augoeides a radiao luminosa

    divina do Ego, que, quando encarnado, no mais do que sua sombra pura. E, entre os neoplatnicos parece

    significar o "corpo astral".) brilhante sente a Verdade intuitivamente; ele no pode errar em seu julgamento,

    no obstante todos os sofisma sugeridos pela fria razo, pois est ILUMINADO. Portanto, a profecia, a

    perfeio e a chamada inspirao Divina so simplesmente os efeitos dessa iluminao proveniente do alto

    e causada pelo nosso prprio esprito imortal.

    Os grandes sbios da Antigidade, os da poca medieval, e os autores msticos de nossos tempos modernos

    tambm foram todos hermetistas. Quer a luz da verdade os tenha iluminado graas sua faculdade de

    intuio, quer como uma correspondncia do estudo e da iniciao regular, virtualmente, eles aceitaram o

    mtodo e seguiram o caminho traado para eles por homens como Moiss, Gautama Buddha e Jesus. A

    Verdade, simbolizada por alguns alquimistas como blsamo do cu, desceu em seus coraes, e todos a

    colheram nos picos das montanhas, depois de estenderem panos IMACULADOS de linho para receb-la;

    e assim, num sentido, eles obtiveram, cada um para si, e em seu prprio caminho, o solvente universal. O

    vu, que cobria o rosto de Moiss, quando, depois de descer do Sinais, ele ensinava ao seu povo a Palavra

    de Deus, no pode ser recolhido apenas pela vontade do Mestre. preciso que os discpulos tambm

    removam o vu que "est sobre seus coraes". Paulo di-lo; e suas palavras dirigidas aos Corintos (II

    Cornt., III,14,16.) podem aplicar-se a todo homem e mulher, e em todas as pocas da histria do mundo.

    Se "suas mentes se tornaram obscurecidas" pelas tnicas brilhantes da verdade divina, que o vu hermtico

    seja retirado ou no do rosto do mestre, ele no pode ser retirado de seus coraes, a menos que "eles se

    convertam ao Senhor". Mas esta ltima designao no deve ser aplicada a uma ou a outra das trs pessoas

    antropomorfizadas na Trindade, mas ao "Senhor", - o Senhor, que Vida e HOMEM.

    O ETERNO CONFLITO ENTRE AS RELIGIES DO MUNDO. (L. 2. Pg. 21).

    O eterno conflito entre as religies do mundo - Cristianismo, Judasmo, Bramanismo, Budismo - provm

    exclusivamente desta razo: apenas uns poucos conhecem a Verdade; os demais, no desejando retirar o

    vu de seus coraes, imaginam que ela cega os olhos de seu vizinho. O deus de toda religio exotrica,

    incluindo o Cristianismo, no obstante as suas pretenses ao mistrio, um dolo, uma fico, e no pode

    ser outra coisa. Moiss, cuidadosamente velado, fala s multides obstinadas de Jehovah, a divindade cruel,

    antropomrfica, como do altssimo Deus, que oculta no fundo de seu corao a Verdade que "no pode ser

    dita ou revelada". Kapila golpeia com a espada afiada de seu sarcasmo os iogues bramnicos que em suas

    vises msticas pretendiam ver o ALTSSIMO. Gautama Buddha oculta, sob um manto impenetrvel de

    sutilezas metafsicas, a Verdade, e visto pela posteridade como um ateu. Pitgoras, com seus misticismo

    alegrico e sua metempsicose, tido como um hbil impostor, e outros filsofos tm essa mesma reputao,

    como Apolnio e Plotino, dos quais se diz geralmente que so visionrios, seno charlates. Plato, muito

    provavelmente porque diz, no que toca ao Supremo, que "um assunto dessa espcie no pode ser expresso

    em palavras, como as outras coisas que podem ser aprendias"; e porque faz Protgoras exagerar o uso dos

    "vus". A caraterstica mais importante deste mistrio aparentemente incompreensvel reside talvez no

    hbito inveterado da maioria dos leitores de julgar uma obra por suas palavras e pelas idias

    insuficientemente expressas, deixando seu esprito fora de questo. Como os milhares de raios divergentes

    de nosso globo de fogo, em que cada um deles conduz, no obstante, ao ponto central, assim todo filsofo

    mstico, seja ele um entusiasta devotadamente piedoso como Henry More; um irascvel alquimista que use

    expresses vulgares, como seu adversrio, Eugnio Filaletes; ou um ateu (?) como Spinoza, todos tm um

    nico e mesmo objetivo em vista - o HOMEM. Spinoza, contudo, quem talvez fornea a chave mais certa

    para uma poro desse segredo no revelado. Enquanto Moiss probe "imagens esculpidas" DELE, cujo

    nome no deve ser tomado em vo, Spinoza vai mais longe. Ele infere claramente que Deus no deve ser

    descrito. A linguagem humana totalmente insuficiente para dar uma idia deste "SER" que

    absolutamente nico. Deixamos para o leitor julgar por si se Spinoza ou a teologia crist o que est mais

    certo em suas premissas e concluses. Toda tentativa em contrrio conduz uma nao a antropomorfizar a

    divindade em que acredita, e o resultado aquele indicado por Swedenborg. Em lugar de estabelecer que

    Deus faz o homem segundo a sua prpria imagem, deveramos em verdade dizer que "o homem imagina

    Deus de acordo com a sua imagem", esquecendo que ele erigiu o seu prprio reflexo para adorao.

    OS ELEMENTAIS DECRITOS PORMENORIZADAMENTE. (L. 2. pg. 23).

  • As criaturas inferiores na escala dos seres so as criaturas invisveis que os cabalistas chamam de

    "elementares". Existem trs classes distintas de tais seres. A mais elevada, em inteligncia e em

    discernimento, a dos chamados espritos terrestres. Basta dizer, por enquanto, que eles so as larvas, as

    sombras dos que viveram sobre a Terra, recusaram toda luz espiritual, permaneceram e morreram

    profundamente imersos no barro da matria, e de cujas almas pecaminosas o esprito imortal gradualmente

    se afastou. A segunda classe composta dos antitipos invisveis dos homens a nascer. Nenhuma forma

    pode vir existncia objetiva - da mais alta mais baixa - antes que o ideal abstrato desta forma - ou, como

    Aristteles a chamaria, a privao desta forma - seja evocado. Antes que um artista pinte um quadro, todos

    os traos deste j esto em sua imaginao; e para que sejam capazes de discernir um relgio, este relgio

    particular deve ter existido em sua forma abstrata na mente do relojoeiro. D-se o mesmo com os futuros

    homens. Segundo a doutrina aristotlica, existem trs princpios de corpos naturais; privao, matria e

    forma. Estes princpios podem aplicar-se neste caso particular. A ideao da criana que vai nascer localiza-

    se na mente individual do grande Arquiteto do universo - pois na doutrina aristotlica no se considera a

    ideao como um princpio na composio dos corpos, mas como uma propriedade externa em sua

    produo; pois a produo uma modificao pela qual a matria passa da forma que no tem para aquela

    que assume. Embora a ideao da forma futura de um relgio ainda no construdo no seja uma substncia,

    nem uma extenso, nem uma qualidade, nem qualquer espcie de existncia, mesmo assim algo que ,

    embora seus contornos, para existir, devam adquirir uma forma objetiva - em suma, o abstrato deve tornar-

    se concreto. Assim, logo que esta ideao da matria transmitida pela energia ao ter universal, ela se

    torna uma forma material, ainda que sublimada. Se a cincia moderna ensina que o pensamento humano

    "afeta simultaneamente outro universo simultneo a este", como pode aquele que acredita numa Causa

    Primria Inteligente negar que o pensamento divino seja igualmente transmitido, pela mesma lei da energia,

    ao nosso mediador comum, o ter universal - a alma do mundo? E, sendo assim, segue-se que, uma vez l,

    o pensamento divino se manifesta objetivamente, com a energia reproduzindo fielmente os contornos

    daquilo cuja "ideao" nasceu em primeiro lugar na mente divina. Apenas no se deve entender que este

    pensamento cria matria. No; ele cria apenas o

    plano da forma futura, uma vez que a matria que serve para fazer este plano sempre existiu, e foi preparado

    para formar um corpo humano, atravs de uma srie de transformaes progressivas, com os resultado da

    evoluo. As formas passam; as idias que as criaram e o material que lhe deu objetividade ficam. Estes

    modelos, ainda desprovidos de espritos imortais, so "elementais" - embrio psquicos, propriamente dito

    - que, quando chega seu tempo, morrem no mundo invisvel, e nascem no mundo visvel como crianas

    humanas, recebendo in transitu o sopro Divino chamado Esprito que completa o homem perfeito. Esta

    classe no pode comunicar-se objetivamente com os homens.

    A terceira classe so os "elementais", que jamais se transformam em seres humanos, mas ocupam um grau

    especfico na escala de seres, e, em comparao com os outros, podem ser justamente chamados de espritos

    da Natureza, ou agentes csmicos da Natureza, uma vez que cada ser se acha confinado ao seu prprio

    elemento e nuca transgride os limites dos outros. So aqueles que Tertuliano chamava de "prncipes das

    potestades do ar".

    Cr-se que esta classe possui apenas um dos trs atributos do homem. No tem espritos imortais nem

    corpos tangveis; apenas formas astrais, que participam, num grau notvel, do elemento ao qual pertencem

    e tambm do ter. Eles so uma combinao da matria sublimada e de uma mente rudimentar. Alguns so

    imutveis, mas ainda no tm individualidade distinta, agindo coletivamente, por assim dizer. Outros, de

    alguns elementos e espcies, alteram-se sob uma lei fixa que os cabalistas explicam. O mais slido de seus

    corpos imortal o bastante para escapar percepo de nossa viso fsica, mas no to insubstancial que

    no possa ser perfeitamente reconhecido pela nossa viso interna ou clarividente. Eles no apenas existem

    e podem viver no ter, mas podem maneja-lo e dirigi-lo para a produo de efeitos fsicos, to facilmente

    quanto podemos comprimir o ar ou a gua para o mesmo propsito com aparelhos pneumticos e

    hidrulicos; e nessa ocupao eles so de bom grado ajudados pelos "elementares humanos". Mais do que

    isso; eles podem condens-lo ao ponto de fazer corpos tangveis para si, que, pelos seus poderes proticos,

    podem fazer assumir a forma que desejarem, tomando como modelo os retratos que encontraram

    estampados na memria das pessoas presentes. No necessrio que o circundante esteja pensando no

    momento na pessoa cujo retrato apresentado. Sua imagem pode ter desaparecido muitos anos antes. A

    mente recebe impresses indelveis mesmo de relaes causais ou de pessoas encontradas apenas uma vez.

    Assim como alguns segundos de exposio de uma chapa fotogrfica sensvel bastam para preservar

    indefinidamente a imagem do circunstante, o mesmo ocorre com a mente.

    De acordo com a doutrina de Proclo, as regies superiores, do znite do universo Lua, pertenciam aos

    deuses ou aos espritos planetrios, segundo suas hierarquias e classes. Os mais elevados dentre eles eram

  • os doze hyper-ouranioi, ou deuses celestiais, que tm legies internas de demnios subordinados aos seu

    comando. Eles so seguidos em ordem e poder pelos egkosmioi, os deuses intercsmicos, cada um dos quais

    preside um grande nmero de demnios, aos quais comunicam seu poder, transformando-o de um a outro

    vontade. So evidentemente as foras personificadas da Natureza em sua correlao mtua, e estas ltimas

    so representadas pela terceira classe ou os elementais que descrevemos.

    Mais adiante ele mostra, de acordo como o princpio do axioma hermtico dos tipos e prottipos, que as

    esferas tm suas subdivises e classes de seres como as esferas celestiais superiores, as primeiras estando

    sempre subordinadas s ltimas. Ele afirma que os quatro elementos esto repletos de demnios,

    sustentando com Aristteles que o universo pleno e que no existe vcuo na Natureza. Os demnios da

    Terra, do ar, do fogo e da gua so de uma essncia fluda, etrea, semicorprea. So estas classes que

    atuam como agentes intermedirios entre os deuses e os homens. Embora inferiores em inteligncia sexta

    ordem dos demnios mais elevados, estes seres governam diretamente sobre os elementais e a vida orgnica.

    Eles dirigem o crescimento, o florescimento, as propriedades e as diversas transformaes das plantas. Eles

    so as idias ou virtudes personificadas derramadas do hyl celeste na matria inorgnica; e, como o reino

    vegetal um grau mais elevado que o reino mineral, estas emanaes dos deuses celestiais tomam forma e

    existncia na planta, e tornam-se sua alma. Isto o que a doutrina aristotlica chama de forma nos trs

    princpios dos corpos naturais, classificados por ele como privao, matria e forma. Sua filosofia ensina

    que, alm da matria original, outro princpio necessrio para completar a natureza trina de toda partcula,

    e esse a forma; um ser invisvel, mas ainda, no sentido antolgico da palavra, substancial, realmente

    distinto da matria propriamente dita. Portanto, num animal ou numa planta, alm dos ossos, a carne, os

    nervos, o crebro e o sangue no primeiro, e alm da matria polposa, tecidos, fibras e seiva no segundo,

    sangue e seiva que, circulando pelas veias e fibras, nutrem todas as partes do animal e da planta; e alm dos

    espritos animais, que so os princpios de movimento; e da energia qumica que se transforma em fora

    vital na folha verde, deve haver uma forma substancial, que Aristteles chamava, no cavalo, a alma do

    cavalo, Proclo, o demnio de todo mineral, planta ou animal, e os filsofos medievais, os espritos

    elementares dos quatro reinos.

    Tudo isso tido em nosso sculo como Metafsica e grosseira superstio. No entanto, segundo princpio

    estritamente ontolgicos, h, nestas antigas hipteses, alguma sombra de possibilidade, algum ndice para

    os desconcertantes "elos perdidos" da cincia exata.

    No Panteo hindu h nada menos do que 330.000.000 de vrias espcies de espritos, incluindo os

    elementais, que os brmanes chamavam de daityas. Sabem os adeptos que estes seres so atrados a certos

    quadrantes dos cus por algo dessa mesma propriedade misteriosa que faz a agulha magntica orientar-se

    para o norte, e certas plantas a obedecer mesma atrao. Acredita-se tambm que as diversas raas tm

    uma simpatia especial por certos temperamentos humanos, e que exercem mais facilmente o poder sobre

    uns do que sobre outros. Assim, uma pessoa biliosa, linftica, nervosa ou sangnea afetada

    favoravelmente ou no pelas condies da luz astral, que resulta de diferentes aspectos dos corpos

    planetrios.

    AS IDIAS DOS ANTIGOS CABALISTAS SOBRE O ESPRITO HUMANO. (L. 2. Pg. 27.).

    Quanto ao esprito humano, as idias dos mais antigos filsofos e cabalistas medievais, mesmo divergindo

    em alguns aspetos, concordam no conjunto; de modo que a doutrina de um pode ser considerada como a

    doutrina de outro. A diferena mais importante consiste na localizao do esprito divino ou imortal do

    homem. Enquanto os antigos neoplatnicos sustentavam que o Augoeides (Eu luminoso Ego Superior)

    jamais desce hipostaticamente at o homem vivo, mas apenas projeta mais ou menos o seu fulgor sobre o

    homem interno - a alma astral -, os cabalistas medievais afirmavam que o esprito, desligando-se do oceano

    de luz e do esprito, entrava na alma humana, onde permanecia durante a vida aprisionado na cpsula astral.

    Esta diferena resultou da crena maior ou menor dos cabalistas cristos na letra morta da alegoria da queda

    do homem. A alma, disseram eles, devido queda de Ado, contaminou-se com o mundo da matria ou

    Sat. Antes que ela pudesse comparecer com o esprito divino aprisionado presena do Eterno, era preciso

    que ela se purificasse da impureza das trevas. Eles comparavam "o esprito aprisionado na alma a uma gota

    d'gua encerrada numa cpsula de gelatina e lanada ao oceano; enquanto a cpsula permanece intacta, a

    gota d'gua permanece isolada; destruindo o invlucro, a gota torna-se uma parte do oceano - sua existncia

    individual cessou. Ocorre o mesmo com o esprito. Enquanto est encerrado em seu mediador plstico, a

    alma, ele tem uma existncia individual. Destruda a cpsula, o que pode ocorrer devido s agonias de uma

    conscincia atormentada, ao crime e doena moral, o esprito retorna sua morada original. A sua

    individualidade cessou de existir".

  • A QUEDA NA GERAO EXPLICADA PELOS ANTIGOS FILSOFOS. (L. 2. pg. 28). Por

    outro lado, os filsofos que explicavam, sua maneira, a "queda da gerao", encaravam o esprito como

    algo totalmente distinto da alma. Eles admitiam a sua presena na cpsula astral exclusivamente no que

    concerne s emanaes ou aos raios espirituais do "ser luminoso". O homem e a alma deviam conquistar a

    imortalidade acendendo unidade como a qual, em caso de sucesso, ambos finalmente se unem, e na qual

    se absolvem, por assim dizer. A individualizao do homem aps a morte dependia do esprito e no da

    alma e do corpo. Embora a palavra "personalidade", no sentido que se lhe d comumente, seja um disparate,

    se aplicada literalmente nossa essncia imortal, esta, no entanto, 'e uma entidade distinta, imortal e eterna

    per se; e, como no caso dos criminosos sem remisso, em que o fio luminoso que une o Esprito Alma

    desde o instante do nascimento de uma criana violentamente cortado, e a entidade desencarnada

    condenada a partilhar do destino dos animais inferiores, a dissolver-se gradualmente no ter, e a ter a sua

    individualidade aniquilada - mesmo assim o esprito permanece um ser distinto. Ele se torna um esprito

    planetrio, um anjo, pois os deuses dos pagos ou os arcanjos dos cristos, emanaes da Causa primeira,

    no obstante a afirmao arriscada de Swedenborg, jamais foram ou sero homens, pelo menos em nosso

    planeta.

    Essa questo foi, em todos os tempos, o tropeo dos metafsicos. Todo o esoterismo da Filosofia Budista

    baseia-se neste misterioso ensinamento, compreendido por to poucas pessoas e deturpado, completamente,

    por muitos dos mais sbios eruditos. Mesmo os metafsicos esto por demais propensos a confundir o efeito

    com a causa. Uma pessoa pode ter conquistado a sua vida imortal, e permanecer o mesmo Eu Interior que

    era sobre a Terra, por toda a eternidade; mas isto no implica necessariamente que ela deve permanecer o

    Sr. Fulano ou Beltrano que era na Terra, ou perder a sua individualidade. Portanto, a alma e o corpo terrestre

    do homem podem, no sombrio Alm, ser absolvidos no oceano csmico dos elementos sublimados, e cessar

    de sentir o seu Ego, se este Ego no mereceu elevar-se mais alto; e o esprito divino permanecer ainda uma

    entidade inalterada, embora a experincia terrestre de sua emanaes possa ser totalmente obliterada no

    instante da separao de um veculo indigno.

    Se o "esprito", ou a parte divina da alma, preexiste como um ser distinto por toda a eternidade, como

    Orgenes, Sinsio e outros padres cristos ensinaram, e se idntico alma metafisicamente objetiva, como

    poderia ele no ser eterno? Assim sendo, o que importa um homem levar uma vida animal ou uma vida

    pura se, faa o que fizer, nunca pode perder a sua individualidade? Esta doutrina to perniciosa em suas

    conseqncias como a da expiao vicria. Tivesse este ltimo dogma sido demonstrado ao mundo sob a

    sua verdadeira luz, juntamente com a falsa idia de que somos todos imortais, e a Humanidade tornar-se-ia

    melhor com a sua propagao. O crime e o pecado teriam sido evitados, no por medo ao castigo da Terra,

    ou a um inferno ridculo, mas em considerao quilo que est enraizado profundamente em nossa natureza

    interior - o desejo de uma vida individual e distinta no Alm, a certeza positiva de que no podemos

    alcanla se no nos "aproximamos do reino do cu pela fora", e a convico de que nem as preces

    humanas nem o sangue de um outro homem nos salvaro de destruio individual aps a morte, a menos

    que estejamos firmemente unidos durante a nossa vida terrestre com o nosso prprio esprito imortal - nosso

    DEUS.

    Pitgoras, Plato, Timeu de Locris e toda a escola alexandrina derivavam a alma da alma do mundo, e esta

    era, segundo os seus prprios ensinamentos - o ter; algo de uma natureza to pura que s podia ser

    percebido pela nossa viso interior. Portanto, ela no pode ser a essncia da Mnada, ou a causa, pois a

    anima mundi apenas o efeito, a emanao objetiva daquela. O esprito humano e a alma so ambos

    preexistentes. Mas, enquanto o primeiro existe como uma entidade distinta, uma individualizao, a alma

    existe como matria preexistente, uma parte insciente de um todo inteligente. Ambos foram formados

    originalmente a partir do oceano eterno de Luz; mas, como j o disseram os tesofos, h no fogo tanto um

    esprito visvel como um invisvel. Eles faziam uma distino entre a anima bruta e a anima divina.

    Empdocles acreditava firmemente que todos os homens e animais possuem duas almas; e em Aristteles

    descobrimos que ele chama uma de alma raciocinante, e a outra de alma animal. De acordo com esses

    filsofos, a alma raciocinante provm de fora da alma universal, e a outra, de dentro. Essa regio divina e

    superior, na qual localizaram a divindade suprema e invisvel, consideravam-na eles (o prprio Aristteles,

    inclusive) como um quinto elemento, puramente espiritual e divino, ao passo que anima mundi

    propriamente dita como composta de uma natureza pura, gnea e etrea difundida por todo o universo, em

    suma - o ter. Os esticos, os maiores materialistas da Antigidade, excetuavam o Deus Invisvel e a Alma

    Divina (Esprito) de uma tal natureza corprea. Epicuro, cuja doutrina, militando diretamente contra a

    interveno de um Ser Supremo e dos deuses na formao ou governo do mundo, o colocava muito acima

    dos esticos no que respeita ao atesmo e ao materialismo, ensinava, no obstante, que a alma de essncia

    pura e sensvel, formada dos tomos mais suaves, mais refinados e mais puros, cuja descrio ainda nos

  • conduz ao mesmo ter sublimado. Arnbio, Tertuliano, Irineu e Orgenes, no obstante suas crenas crist,

    acreditavam, com os mais modernos Spinoza e Hobbes, que a alma era corprea, embora de uma natureza

    muito pura.

    Essa doutrina da possibilidade de se perder a alma e, em conseqncia, a individualidade, contrria s

    teorias ideais e s idias progressivas de alguns espiritualistas, embora Swedenborg a aceite plenamente.

    Eles jamais aceitaro a doutrina cabalista que ensina que apenas pela observncia da lei da harmonia essa

    vida individual futura pode ser obtida; e que quando mais o homem interior e exterior se desvia desta fonte

    de harmonia, cujo manancial reside em nosso esprito divino, mais difcil para ele retomar o terreno

    perdido.

    Mas, enquanto os espiritistas e outros partidrios do Cristianismo tm pouca ou nenhuma idia dessa

    possvel morte e obliterao da personalidade humana, devido separao da parte imortal da perecvel, os

    swedenborguianos a compreendem plenamente.

    Pitgoras ensinava que todo o universo um vasto sistema de combinaes matematicamente corretas.

    Plato mostra a divindade geometrizando. O mundo sustentado pela mesma lei de equilbrio e de harmonia

    sobre a qual foi erigido. A fora centrpeta no se poderia manifestar sem a fora centrfuga nas revolues

    harmoniosa das esferas; todas as formas so o produto dessa fora dual da Natureza. Assim, para ilustrar o

    nosso exemplo, podemos designar o esprito como a fora centrfuga, e a alma como as energias centrpetas

    e espirituais. Quando em movimento centrpeto da alma terrestre que tende para o centro que a atrai; impedi-

    lhe a marcha bloqueando-a com uma quantidade de matria mais pesada do que a que ela pode suportar, e

    a harmonia do todo, que era a sua vida, se destri. A vida individual s pode prosseguir quando sustentada

    por esta fora dupla. O menor desvio da harmonia a prejudica; quando ela est irremediavelmente destruda,

    as foras se separam e a forma gradualmente se aniquila. Aps a morte do depravado e do perverso, chega

    o momento crtico. Se, durante a vida, o ltimo e desesperado esforo do eu interior para reunir-se com o

    raio debilmente bruxuleante de seu pai divino negligenciado; se esse raio mais e mais ocultado pela

    espessa crosta da matria, a alma, uma vez livre do corpo, segue as suas atraes terrestres, e

    magneticamente atrada e retida pelo denso nevoeiro da atmosfera material. Ela comea, ento, a cair cada

    vez mais baixo, at se encontrar, voltando conscincia, no que os antigos chamavam de Hades (O Reino

    das Sombras). A aniquilao de uma tal alma nunca instantnea; pode durar sculos, talvez, pois a

    Natureza nunca age aos saltos e arrancos, e, visto que a alma astral formada de elementos, a lei da evoluo

    deve seguir seu curso. Comea ento a terrvel lei da compensao, o Yin-yuan dos budistas.

    Esta categoria de espritos chama-se "elementar terrestre" ou "material", em oposio s outras classes. No

    Oriente, eles so conhecidos como os "Irmos das Trevas". Velhacos, abjetos, vingativos e desejosos de

    desforrar os seus sofrimentos sobre a Humanidade, eles se transformam, at a aniquilao final, em

    vampiros, em espritos necrfagos e em refinados atores. Eles so as "estrelas" principais no grande palco

    espiritual da "materializao", cujos fenmenos eles desempenham com a ajuda das criaturas genunas

    "elementais" mais inteligentes, que flutuam em redor e os acolhem com prazer em suas prprias esferas.

    Henry Khunrath, o grande cabalista alemo, representa, numa gravura de sua rara obra Amphitheatrum

    Sapientiae Aeternae, as quatro classes desses "espritos elementares" humanos. Uma vez transposto o limiar

    do santurio de iniciao, uma vez que um adepto tenha erguido o "Vu de sis", a deusa misteriosa

    ciumenta, ele nada deve temer; mas saber que estar em constante perigo.

    Embora o prprio Aristteles, antecipando os fisilogos modernos, considerasse a mente humana como

    uma substncia material, e ridicularizasse os hilozostas, ele acreditava plenamente na existncia de uma

    alma "dupla", ou esprito e alma.

    DUAS IMPORTANTES VERDADES SOBRE O PODER MAGICO. (L. 2, pg. 32)

    O que dissemos no captulo introdutrio e alhures a respeito dos mdiuns e da tendncia de sua

    Mediunidade no se baseia em conjecturas, mas em experincias e observaes reais. Dificilmente haver

    uma fase da Mediunidade, de qualquer outra espcie, de que no tenhamos visto exemplos durante os

    ltimos vinte e cinco anos, em vrios pases. ndia, Tibete, Bornu, Sio, Egito, sia Menor, Amrica

    (Norte e Sul) e outras partes do mundo mostraram-nos as suas fases peculiares de fenmenos Medinicos

    e de poder mgico. Nossas variadas experincias ensinaram-nos duas importantes verdades, a saber, que

    para o exerccio do poder mgico a pureza pessoal e o adestramento de uma fora de vontade treinada e

    indmita so indispensveis; e que os espiritistas jamais se podem assegurar da realidade das manifestaes

    medinicas, a menos que elas se produzam luz do dia e sob condies de controle tais que toda tentativa

    de fraude seja imediatamente descoberta.

    A PRODUO DOS FENMENOS FSICOS. (L. 2. pg. 33).

  • Devido ao medo de sermos malcompreendidos, assinalaremos que enquanto, em regra, os fenmenos

    fsicos so produzidos pelos espritos da Natureza, por seu prprio movimento e para satisfazer a sua prpria

    fantasia, alguns bons espritos humanos desencarnados podem, no obstante, sob circunstncias

    excepcionais, como a aspirao de um corao puro a ocorrncia de alguma emergncia favorvel,

    manifestar a sua presena por qualquer um dos fenmenos, exceto a materializao pessoal. Mas preciso

    que haja uma atrao deveras poderosa para arrancar um esprito puro e desencarnado de sua morada

    radiante e arroj-lo na atmosfera viciada de que escapou ao deixar o corpo terreno.

    Os magos e os filsofos tergicos opunham-se energicamente "evocao das almas". "No a evoqueis [

    alma], para que ao partir ela no retenha alguma coisa", diz Pselo.

    "Cumpre -vos no olh-lo antes que o vosso corpo iniciado,

    pois, sempre encantando, elas seduzem a alma do [no] iniciado",

    diz outro filsofo.

    Eles se opunham por vrias e boas razes. 1) " extremamente difcil distinguir um bom demnio de um

    mau", diz Jmblico, 2) Se uma alma humana consegue penetrar a densidade da atmosfera terrestre - sempre

    opressiva para ela e muitas vezes odiosa -, no pode ela, contudo, evitar incorrer num perigo que resulta da

    proximidade do mundo material; "ao partir, ela retm alguma coisa", vale dizer, contamina a sua pureza, o

    que a far sofrer mais ou menos aps a sua partida. Por isso, o verdadeiro teurgista evitar causar qualquer

    sofrimento a esse puro cidado da esfera superior que no seja absolutamente necessrio aos interesses da

    Humanidade. Somente o praticante da magia negra compele a presena, mediante os poderosos

    encantamentos da necromancia, das almas maculadas daqueles que levaram ms vidas e esto prontos a

    secundar-lhes os objetivos egostas. Os teurgistas empregavam substncias qumicas e minerais para

    afugentar os maus espritos.

    "Quando vires um demnio terrestre aproximando-se,

    Gritai, sacrificai a pedra Mnzourin",

    exclama um orculo zoroastrino.

    SOBRE AS MESAS GIRANTES. (L. 2 pg. 33)

    No Journal de magntisme do Dr. Morin, publicado h poucos anos em Paris, quando as "mesas girantes"

    faziam furor na Frana, uma curiosa carta foi publicada.

    "Acreditai-me, senhor," escrevia o correspondente annimo, "que no existem espritos, fantasmas, anjos

    ou demnios encerrados numa mesa; mas todos esses podem nela se encontrar, pois isso depende de nossa

    prpria vontade e imaginao. (...) Tal MENSAbulismo um antigo fenmeno (...) malcompreendido por

    ns modernos, mas natural, e que diz respeito Fsica e Psicologia; infelizmente, ele teve que permanecer

    incompreensvel at a descoberta da eletricidade e da heliografia, pois, para explicar um fato de natureza

    espiritual, somos obrigados a nos basear num fato correspondente de ordem material. (...)

    "Como todos sabemos, a chapa daguerretipa deve ser impressionada no apenas pelos objetos mas

    tambm por seus reflexos. Ora, o fenmeno em questo que se poderia chamar de fotografia mental, produz,

    alm das realidades, os sonhos de nossa imaginao, com tal fidelidade que com muita freqncia somos

    incapazes de distinguir uma cpia tirada de algum presente, de um negativo obtido de uma imagem. (...)

    A magnetizao de uma mesa ou de uma pessoa absolutamente idntica em seus resultados; a saturao

    de um corpo estranho pela eletricidade vital inteligente pelo pensamento do magnetizador e dos presentes."

    Nada pode dar uma melhor ou mais justa idia do que a bateria eltrica que acumula o fludo e seus

    condutores para obter uma fora bruta que se manifesta em centelhas de luz, etc. Assim, a eletricidade

    acumulada num corpo isolado adquire um poder de reao igual ao, seja para carregar, magnetizar,

    decompor, inflamar ou descarregar as suas vibraes a grande distncia. Tais so os efeitos visveis de

    eletricidade cega ou rude produzida por elementos cegos - empregando-se a palavra cega pela prpria mesa,

    por oposio eletricidade inteligente. Mas existe evidentemente uma eletricidade correspondente

    produzida pela pilha cerebral do homem; esta eletricidade da alma, este ter universal e espiritual que a

    natureza ambiente, intermediria do universo metafsico, ou antes do universo incorpreo, dever ser

    estudada antes de ser admitida pela cincia, que, nada sabendo sobre ela, jamais conhecer qualquer coisa

    do grande fenmeno da vida antes que o faa.

  • "Parece que, para manifestar-se, a eletricidade cerebral requer a ajuda da eletricidade esttica ordinria;

    quando esta ltima est ausente da atmosfera - quando o ar est muito mido, por exemplo - obtmse muito

    pouco ou nada, seja das mesas, seja dos mdiuns. (...)

    "Ns, que conhecemos bem o valor do fenmeno (...) estamos perfeitamente seguros de que, aps ter

    carregado a mesa com o nosso efluxo magntico, chamamos vida, ou criamos, uma inteligncia anloga

    nossa, que como ns dotada de uma vontade livre, pode falar e discutir conosco, com um grau de lucidez

    superior, considerando-se que a resultante mais forte que os componentes, ou antes, o todo maior que

    uma de suas partes. (...) No devemos acusar Herdoto de nos contar mentiras quando lembra os fatos mais

    extraordinrios, pois devemos consider-los como to verdadeiros e corretos quanto os demais fatos

    histricos que se encontram em todos os escritores pagos da Antigidade. (...)

    "O fenmeno to velho quanto o mundo. (...) Os sacerdotes da ndia e da China praticavam-no antes dos

    egpcios e gregos. Os selvagens e os esquims conhecem-no bem. Trata-se do fenmeno da f, a nica fonte

    de todo prodgio. `Servos- concedido de acordo com a vossa f' Aquele que enunciou esta profunda

    doutrina era verdadeiramente o verbo encarnado da Verdade; ele no se enganava, nem procurava enganar

    os demais; ele expunha um axioma que hoje repetimos, sem muita esperana de v-lo aceito.

    "O homem um microcosmos, ou um pequeno mundo: ele carrega consigo um fragmento do grande Todo,

    um estado catico. A tarefa de nossos semideuses desembaraar dele a parte que lhes pertence por um

    incessante trabalho mental e material. Eles tm sua tarefa a cumprir, a inveno perptua de novos produtos,

    de novas moralidades, e o arranjo conveniente do material rude e informe fornecido a eles pelo Criador,

    que os criou Sua Imagem, para que eles o criassem por sua vez e assim completassem aqui a Obra da

    Criao; um imenso trabalho que s terminar quando o Todo estiver to perfeito que ser como o Prprio

    Deus, e assim capaz de sobreviver-lhe. Estamos muito longe ainda desse momento final, pois poderemos

    dizer que tudo ainda est por fazer, por desfazer e por aperfeioar em nosso globo, instituies, maquinaria

    e produtos.

    `Mens non solum agitat sed creat molem.'

    A DUPLICIDADE DO UNIVERSO. (L. 2. pg. 35).

    Vivemos, nesta vida, num centro intelectual ambiente, que mantm entre os seres humanos e as coisas uma

    solidariedade necessria e perptua; todo crebro um gnglio, uma estao de um telgrafo neurolgico

    universal em constante relao com a estao central e as outras atravs das vibraes do pensamento.

    "O Sol Espiritual brilha para as almas assim como o Sol material brilha para os corpos, pois o

    Universo duplo e segue a lei dos pares. O operador ignorante interpreta erroneamente os despachos

    divinos, e os transmite, com freqncia, de maneira falsa e ridcula. Assim, apenas o estudo e a cincia pura

    podem destruir as supersties e os absurdos difundidos pelos interpretes ignorantes sediados nas estaes

    de ensino entre todos os povos deste mundo. Esses intrpretes cegos do Verbum, a PALAVRA, sempre

    tentaram impor aos seus pupilos a obrigao de afirmarem todas as coisas sem exame, in verba magistri.

    "Ai de ns! No desejaramos outra coisa do que v-los traduzir corretamente as vozes interiores, as

    quais nunca enganam seno aqueles que tm falsos espritos em si. ` nosso dever', dizem eles,

    `interpretar os orculos; somos ns que recebemos a misso exclusiva para isso, do cu, spiritus flat ubi

    vult, e s sobre ns ele sopra'.

    "Ele sopra sobre todos, e os raios da luz espiritual iluminam todas as conscincias (...) e, quando todos os

    corpos e todas as mentes refletirem igualmente essa luz, as pessoas vero muito mais claro do que agora."

    OS ESPRITOS DA NATUREZA. (L. 2. pg. 36).

    Embora os espiritistas procurem desacredit-los tanto quanto possvel, esses espritos da Natureza so

    realidades. Se os gnomos, silfos, salamandras e ondinas dos Rosa-cruzes existiram em seus dias, eles devem

    existir agora.

    Os cristos chamam-nos "demnios", "diabinhos de Sat" e outros nomes igualmente caractersticos. Eles

    no so nada do gnero, mas simplesmente criaturas de matria etrea, irresponsveis, nem bons nem maus,

    a no ser quando influenciados por uma inteligncia superior. realmente extraordinrio ouvir os devotos

    catlicos injuriarem e desfigurarem os espritos da Natureza, quando uma de suas maiores autoridades,

    Clemente de Alexandria, deles se serviu, descrevendo tais criaturas como elas realmente so.

    Clemente, que foi talvez tanto um teurgista quanto um neoplatnico, e que se apoiava portanto em boas

    autoridades, assinala que absurdo cham-los de demnios, pois eles no passam de anjos inferiores, "cujos

    poderes residem nos elementos, movem os ventos e distribuem as chuvas e como tais so os agentes e

  • sujeitos de Deus" Origines, que antes de se tornar um cristo pertenceu tambm escola platnica, da

    mesma opinio. Porfrio descreve esses demnios mais cuidadosamente do que qualquer outro.

    Quando a possvel natureza das inteligncias manifestantes, que a cincia acredita ser uma "fora psquica",

    e os espiritualistas acreditam ser os espritos anlogos dos mortos, for mais bem-conhecida, os acadmicos

    e os crentes voltar-se-o aos antigos filsofos em busca de informao.

    A TRINDADE DO HOMEM, E A DUALIDADE DOS ANIMAIS. (L. 2. pg. 37).

    As pessoas asseveram que no existem macacos no mundo, porque os macacos no tem "alma". Mas os

    macacos tm tant inteligncia, ao que parece, quanto muitos homens; por que, ento, teriam estes homens

    - de maneira alguma superiores aos macacos, espritos imortais - e os macacos, no? Os materialistas

    respondero que num um nem outro tm esprito, mas que a aniquilao alcana a todos na morte fsica.

    Mas os filsofos espiritistas de todos os tempos concordam em que o homem ocupa um lugar um degrau

    acima que o animal, e possui este algo que falta a este ltimo, seja ele o mais ignorante dos selvagens ou o

    mais sbio dos filsofos. Os antigos, como vimos, ensinavam que enquanto o homem uma trindade de

    corpo, esprito astral e alma animal, o animal apenas uma dualidade - um ser que tem um corpo fsico

    astral que o anima. Os cientistas no reconhecem qualquer diferena entre os elementos que compem os

    corpos dos homens e dos animais; e os cabalistas concordam com eles quando sustentam que os corpos

    astrais (ou, como os fsicos os chamariam, "o princpio de vida") dos animais e dos homens so idnticos

    em essncia. O homem fsico apenas o desenvolvimento mais elevado da vida animal. Se como nos dizem

    os cientistas, at mesmo o pensamento matria, e toda sensao de dor ou prazer, todo desejo transitrio

    acompanhado por uma perturbao do ter; e os profundos especuladores que escreveram The Unseen

    Universe acreditam que o pensamento concebido "para agir sobre a matria de outro universo

    simultaneamente a este"; por que, ento, o pensamento grosseiro e brutal de um orangotango, ou um co,

    imprimindo-se nas correntes etreas da luz astral, da mesma maneira que o do homem, no asseguraria ao

    animal uma continuidade da vida aps a morte, ou "um estado futuro"?

    Os cabalistas sustentavam e ainda sustentam que no filosfico admitir que o corpo astral do homem

    pode sobreviver morte corporal, e, ao mesmo tempo, afirmar que o corpo astral do macaco se dissolve em

    molculas independentes. O que sobrevive como uma personalidade aps a morte do corpo a Alma Astral,

    que Plato, no Timeu e no Grgias, chama de Alma mortal, pois de acordo com a doutrina hermtica, ela

    rejeita as suas partculas mais materiais a cada modificao progressiva para uma esfera superior. Scrates

    relata a Calicles que essa alma mortal conserva todas as caratersticas do corpo aps a morte deste; ao ponto

    que um homem marcado de chicotadas ter o seu corpo astral "cheio de marcas e cicatrizes". O esprito

    astral uma duplicata fiel do corpo, tanto no sentido fsico como no espiritual. O

    Divino, o esprito mais elevado e imortal, no pode ser punido nem recompensado. Sustentar uma tal

    doutrina seria, ao mesmo tempo, absurdo e blasfemo, pois o esprito no apenas uma chama alumiada na

    fonte central e inextinguvel de luz, mas, na verdade, uma parte dela, e da mesma essncia. Ele assegura a

    imortalidade do ser astral individual na proporo do grau de interesse que este ltimo tem em receb-la.

    Desde que o homem Duplo, i.e., o homem de carne e esprito, se mantm nos limites da lei da continuidade

    espiritual; desde que a centelha divina nele se conserva, ainda que fragilmente, ele est no caminho de uma

    imortalidade num estado futuro. Mas aqueles que se resignarem a uma existncia materialista, ocultando o

    fulgor divino irradiado por seus espritos, no incio da peregrinao terrestre, e emudecendo a voz

    acauteladora dessa sentinela fiel, a conscincia, que serve de foco para a luz na alma - seres como esses,

    que abandonaram a conscincia e o esprito, e cruzaram os limites da matria, devero naturalmente segui-

    lhe as leis.

    A MORADAS DAS ALMAS, APS A MORTE. (L. 2. pg. 38).

    A matria to indestrutvel e eterna quanto o prprio esprito imortal, mas apenas em suas partculas, e

    no em suas formas organizadas. O corpo de uma pessoa to grosseiramente materialista, tendo sido

    abandonado por seu esprito antes da morte fsica, quando este evento ocorre, a matria plstica, a alma

    astral, seguindo as leis da matria cega, conforma-se de acordo com o molde que o vcio gradualmente

    preparou para ela durante a vida terrena do indivduo. Ento, como diz Plato, ela assume a forma do

    "animal a que se assemelhou nos seus descaminho" durante a vida. " uma antiga mxima", diz-nos ele,

    "que as almas que deixam a Terra vivem no Hades e retornam novamente e so geradas dos mortos (...)

    Mas aqueles que levaram uma vida eminentemente santa, esses atingem uma MORADA superior e

    HABITAM AS PARTES MAIS ELEVADAS da Terra" (a regio etrea). No Fedro, novamente, ele diz

    que quando os homens terminam as suas primeiras vidas (sobre a Terra), alguns vo para lugares de castigo

  • sob a Terra. Essa regio abaixo da Terra, os cabalistas no a entendem como um lugar inferior da Terra,

    mas sustentam que ela uma esfera muito inferior em perfeio Terra, e muito mais material.

    De todos os especuladores que se ocuparam das aparncias incongruncias do Novo Testamento, apenas os

    autores de The Unseen Universe parecem ter entrevisto as suas verdades cabalistas, a respeito do Geheenna

    do universo. O Geheenna, que os ocultistas chamam de Oitava esfera (contando ao contrrio), apenas um

    planeta como o nosso, que se vincula a este e que o segue em sua penumbra; uma espcie de urna funerria,

    um "lugar em que todas as suas sujeiras e imundcies se consomem", para emprestar uma expresso dos

    autores acima mencionados, e em que todas os refugos da matria csmica que pertence ao nosso planeta

    esto num contnuo estado de remodelagem.

    A IMORTALIDADE DO HOMEM. (L. 2 pg. 39). A Doutrina secreta ensina que se o homem atinge a imortalidade, permanecer para sempre a trindade que em vida, e assim

    continuar por todas as esferas. O corpo astral, que nesta vida est recoberto por um grosseiro invlucro fsico, torna-se -

    quando se livra dessa cobertura pelo processo da morte corporal - por sua vez o invlucro de um outro corpo mais etreo. Este

    comea a se desenvolver a partir do instante da morte, e torna-se perfeito quando o corpo astral da forma terrestre finalmente

    se separa dele. Este processo, dizem eles, repete-se a cada nova transio de uma esfera a outra. Mas a alma imortal, a centelha

    prateada, observada pelo Dr. Fenwick no crebro de Margrave, e no encontrada por ele nos animais, jamais se modifica,

    mas permanece indestrutvel pelo que quer que seja que vem bater ao seu tabernculo. As descries que Porfrio, Jmblico

    e outros fazem dos espritos dos animais, que habitam a luz astral, so corroborada pelas de muitos dos mais fidedignos e

    inteligentes clarividentes. s vezes, as formas animais se tornam menos visveis s pessoas presentes num crculo espiritual,

    materializando-se. Se, aps a morte corporal, existe uma outra existncia no mundo espiritual, ela deve ocorrer de acordo com a lei de

    evoluo. Ela toma o homem de seu lugar no pice da pirmide de matria, e o deixa numa esfera de existncia em que a

    mesma lei inexorvel o acompanha. E se ela o acompanha, por que no o fariam todas as coisas da Natureza? Por que no os

    animais e plantas, que tm um princpio de vida, e cujas formas grosseiras se decompem como a sua, quando esse princpio

    de vida os abandona? E se o seu corpo astral se torna mais etreo ao chegar a outra esfera, por que no o deles? Eles, tanto

    quanto o homem, evoluram da matria csmica condensada, e nossos fsicos no vem a menor diferena entre as molculas

    dos quatro reinos da Natureza, que so assim especificado pelo Prof. Lenenhuma Conte:

    4. Reino Animal.

    3. Reino Vegetal.

    2. Reino Mineral.

    1. Elementos.

    O processo da matria de cada um desses planos ao plano superior contnuo; e, segundo Lenenhuma Conte, no h

    nenhuma fora na Natureza capaz de elevar a matria de um s golpe do n. 1 ao n. 3, ou do n. 2 ao n. 4, sem se deter e

    receber um suplemento de fora, de uma espcie diferente, no plano intermedirio.

    Ora, arriscar algum dizer que de um dado nmero de molculas, original e constantemente homogneas,

    e todas energizadas pelo mesmo princpio de evoluo, uma certa parte pode ser transportada atravs desses

    quatro reinos at o resultado final de um homem imortal que evolui, e as demais partes no podem progredir

    alm dos planos 1, 2 e 3? Por que no teriam todas essas molculas um futuro igual de si; o mineral

    tornando-se planta, a planta animal, e o animal homem - se no nesta Terra, pelo menos em alguma parte

    dos incontveis reinos do espao? A harmonia que a Geometria e a Matemtica - as nicas cincias exatas

    - demostram ser a lei do universo, seria destruda se a lei da evoluo s se exemplificasse perfeitamente

    no homem, e se detivesse nos reinos secundrios. O que a lgica sugere, a psicometria prova; e, como

    dissemos antes, no impossvel que um monumento seja um dia erigido pelos cientistas a Joseph R.

    Buchanan, o seu descobridor moderno. Se um fragmento de mineral, uma planta fossilizada ou uma forma

    animal d ao psicrmetro retratos to vvidos e precisos de seus estados anteriores, assim como um

    fragmento de osso humano d os do indivduo a qual pertenceu, isto parece indicar que o mesmo esprito

    sutil penetrou por toda a Natureza e que inseparvel das substncias orgnicas e inorgnicas. Se o

    antroplogo, os fisilogos e os psiclogos esto igualmente perplexos com as causas primeiras e ltimas, e

    por descobrirem na matria tantas semelhanas em todas as suas formas, e no esprito, abismos to

    profundos de diferenas, isto se deve, talvez, ao fato de que suas indagaes se limitam ao nosso globo

    visvel, e eles no podem, ou no ousam, ir alm. O esprito de um mineral, de uma planta ou de um animal

    pode comear a se formar aqui, e atingir o seu desenvolvimento final milhes de sculos depois, em outros

    planetas, conhecidos ou desconhecidos, visveis ou invisveis aos astrnomos. Pois, quem capaz de

    contradizer a teoria acima sugerida de que a prpria Terra, como as outras criaturas vivas a que deu origem,

    se tornar, ao final, e depois de passar por todos os seus estgios de morte e dissoluo, um planeta astral

    eterificado? Em cima como embaixo; a harmonia a grande lei da Natureza.

    A harmonia no mundo fsico e matemtico dos sentidos justia no mundo espiritual. A justia produz

    harmonia, e a injustia, discrdia; e a discrdia, na escala csmica, significa caos - aniquilao.

  • Se h um esprito imortal desenvolvido no homem, deve haver um em todas as coisas, pelo menos em

    estado latente ou germinal, e apenas uma questo de tempo que todos esses germes se desenvolvam

    completamente. No seria uma grosseira injustia um criminoso impenitente, que perpetrou um assassnio

    brutal no exerccio de seu livre-arbtrio, possuir um esprito imortal que, com o tempo, poder purificar-se

    do pecado e gozar de uma perfeita felicidade, e um pobre cavalo, inocente de qualquer crime, trabalhar e

    sofrer sob as torturas impiedosas do chicote de seu dono durante toda a vida e ento aniquilar-se com a

    morte? Uma tal crena implica uma brutal injustia, e s possvel entre as pessoas educadas no dogma de

    que tudo criado para o homem, e de que s ele soberano do universo; um soberano to poderoso que

    para salv-lo das conseqncias de suas ms aes o Deus do universo precisou morrer para aplacar a sua

    prpria clera.

    O USO DA PSICOMETRIA PARA PESQUISAS, SEU USO PELOS ANTIGOS. (L. 2. pg. 41).

    Diz o Prof. Denton, ao falar do futuro da psicometria: "A Astronomia no desdenhar do concurso desse poder. Assim como

    novas formas de seres orgnicos se revelam, quando remontamos aos primeiros perodos geolgicos, novos agrupamentos de

    estrelas, novas constelaes sero descobertas, quando os cus desses perodos primitivos forem examinados pela viso

    penetrante dos futuros psicrmetros. Um mapa acurado do firmamento durante o perodo siluriano pode revelar-nos muitos

    segredos que temos sido incapazes de descobri. (...) Por que no seramos capazes de ler a histria dos diversos corpos celestes

    (...) a sua histria geolgica, natural e, porventura, humana? (...) Tenho boas razes para crer que psicrmetros treinados

    sero capazes de viajar de planeta em planeta, e verificar minuciosamente a sua condio atual e a sua histria passada."

    Herdoto conta-nos que na oitava das torres de Belo, na Babilnia, utilizada pelos sacerdotes astrlogos,

    havia uma cmara superior, um santurio, em que as sacerdotisas profetizantes dormiam para receber

    comunicaes do deus. Ao lado do leito ficava uma mesa de ouro, sobre a qual se colocavam vrias pedras,

    que Maneto nos informa terem sido todas aerlitos. As sacerdotisas desenvolviam a viso proftica

    pressionando uma dessas pedras sagradas contra a cabea e os seios. O mesmo ocorria em Tebas, e em

    Patara, na Lcia.

    Isto parece indicar que a psicometria era conhecida e grandemente praticada pelos Antigos. Lemos em

    algum lugar que o profundo conhecimento que, segundo Draper, os Antigos Astrlogos Caldeus possuam

    sobre os planetas e as suas relaes, foi obtido mais pela adivinhao com o betylos, a pedra meterica, do

    que pelos instrumentos astronmicos. Estrabo, Plnio e Helnico - todos falam do poder eltrico ou

    eletromagntico dos betyli. Eles eram reverenciados desde a mais remota Antigidade no Egito e na

    Samotrcia, como pedras magnticas "que continham almas que caram do cu"; e os sacerdotes de Cibele

    usavam um pequeno betylos sobre seus corpos.

    OS ELEMENTARES SEGUNDO OS FILSOFOS ANTIGOS. (L 2, pg. 41.)

    Falando sobre os elementares, diz Porfrio: "Estes seres recebem honras dos homens como se fossem deuses

    (...) uma crena universal torna-os capazes de se tornar deveras malvolos: isto mostra que sua clera se

    dirige contra aqueles que negligenciaram oferecer-lhes um culto legtimo".

    Homero descreve-os nos seguintes termos: "Nossos deuses nos aparecem quando lhes oferecemos

    sacrifcio (...) sentando-se em nossas mesas, eles partilham de nossos repastos festivos. Sempre que

    encontram um solitrio fencio em viagem, eles lhes servem como guias, e manifestam a sua presena de

    outras maneiras. Podemos dizer que nossa piedade nos aproxima deles, assim como o crime e o

    derramamento de sangue unem os ciclopes e a feroz raa de gigantes". Isto prova que esses deuses eram

    afveis e benficos, e que fossem eles espritos desencarnados ou seres elementares, no eram diabos.

    A linguagem de Porfrio, que era um discpulo direto de Plotino, ainda mais explcita no que toca

    natureza desses espritos. "Os demnios", diz ele, "so invisveis; mas eles sabem como vestir-se com

    formas e configuraes sujeitas a numerosas variaes, que podem ser explicadas pelo fato de que sua

    natureza tem muitos elementos corporais em si. Sua morada est nas cercanias da Terra (...) e, quando

    escapam vigilncia dos bons demnios, no h nenhuma maldade que no ousem cometer. Um dia eles

    empregaro a fora bruta; no outro, a astcia". Mais adiante, ele comenta:: "Para eles um jogo infantil

    excitar em ns as paixes desprezveis, inculcar doutrinas turbulentas s sociedades e s naes, provocar

    guerras, sedies e outras calamidades pblicas, e dizer-nos em seguida `que tudo isso obra dos deuses'.

    (...) Esses espritos passam o tempo enganando e iludindo os mortais, criando iluses e prodgios ao seu

    redor; a sua maior ambio fazer as vezes de deuses e almas [espritos desencarnados]".

    Jmblico, o grande teurgista da escola neoplatnica, um homem versado na Magia sagrada, ensina que "os

    bons demnios nos aparecem realmente, ao passo que os maus demnios se manifestam apenas sob as

    formas ilusrias de fantasmas". Mais adiante, ele corrobora Porfrio, e afirma que "(...) os demnios bons

    no temem a luz, ao passo que os perversos necessitam das trevas. (...) As sensaes que eles excitam em

  • ns fazem-nos acreditar na presena e na realidade das coisas que eles mostram, embora estas coisas no

    existam".

    Mesmo os teurgistas mais prticos encontraram, s vezes, algum perigo em suas relaes com certos

    elementos, e Jmblico afirma que "Os deuses, os anjos e os demnios, assim como as almas, podem ser

    convocados atravs da evocao e das preces. (...) Mas quando, durante as opresses teurgistas, um erro

    cometido, cuidado! No imagineis que estais em comunicao com divindades benficas, que respondem

    vossa fervorosa prece; no, pois eles so maus demnios, apenas sob a forma de bons! Pois os elementos

    freqentemente se apresentam com a aparncia de bons, e assumem uma posio muitssimo superior quela

    que realmente ocupam. Suas fanfarronices os traem".

    ************

    ***

    CAPTULO X FENMENOS CCLICOS

  • A EXISTNCIA E FORMAO DO UNIVERSO. (L. 2. pg. 51).

    O primeiro era o princpio intelectual vivificador de todas as coisas; o caos, um princpio lquido informe, sem "forma ou sentido"; da unio desses dois princpios veio a existir o universo, ou antes o mundo

    universal, a primeira divindade andrgina - cujo corpo formado de matria catica - e a alma, feita de ter.

    De acordo com a fraseologia de um Fragmento de Hermias, "o caos, com esta unio com o esprito,

    dotandose de sentido, resplandeceu com prazer, e assim produziu a luz Protogonos (que-nasceu-primeiro)".

    Esta a trindade universal, baseada nas concepes metafsicas dos antigos, que, raciocinando por analogia,

    fizeram do homem, que um composto de intelecto e de matria, o microcosmo do macrocosmo, ou o

    grande universo.

    Este universo visvel de esprito e de matria, apenas imagem concreta da abstrao ideal; foi construdo

    com base no modelo da primeira IDIA divina. Assim, o nosso universo existiu desde a eternidade em

    estado latente. A alma que anima esse universo puramente espiritual o Sol Central, a mais elevada

    Divindade em si mesma. No foi esta Divindade que construiu a forma concreta da idia, mas o Seu

    primognito; e, assim como ela foi construda com base na figura geomtrica do dodecaedro, o primognito

    "agradou-se em empregar doze mil anos na sua criao". Este nmero est indicado na cosmogonia tirrena,

    que mostra que o homem foi criado no sexto milnio. Isto est de acordo com a teoria egpcia de 6.000

    "anos" (O leitor compreender que com "anos" se pretende dizer "eras", no meros perodos de 30 meses

    lunares cada um), e com o cmputo hebraico. Sanchoniathon, na sua Cosmogonia, afirma que quando o

    vento (esprito) se torna enamorado dos seus prprios princpios (o caos), uma unio ntima se estabelece,

    cuja conexo foi chamada Pothos, e da qual surgiu a semente de todas as coisas. E o caos no conheceu a

    sua prpria produo, pois era desprovido de sentido; mas de seu abrao com o vento foi engendrado Mt,

    ou o Ilus (o lodo). dele que procedem os esporos da criao e da gerao do universo.

    Os antigos, que contavam apenas quatro elementos, fizeram do ter o quinto. Em virtude de a sua essncia

    ter-se tornado divina pela presena inobservada, foi ele considerado um intermedirio entre este mundo e o

    prximo.

    MANIFESTAES DA ALMA. (L. 2. pg. 53).

    Tudo o que h de organizado neste mundo, as coisas visveis como as invisveis, tem um elemento que lhe

    prprio. O peixe vive e respira na gua; a planta consome o gs carbnico, que nos animais e nos homens

    produz a morte; alguns seres foram feitos para viver em camadas rarefeitas de ar, outros existem apenas nas

    mais densas. A vida, para alguns, depende da luz do Sol; para outros, da escurido; e assim que a sbia

    economia da Natureza adapta uma forma viva a cada condio de existncia. Essas analogias permitem

    concluir no s que no existe uma poro desocupada na Natureza universal, mas tambm que para cada

    coisa que tem vida so fornecidas condies especiais, e, tendo sido fornecidas, elas so necessrias. Assim,

    admitindo-se que h um lado invisvel, as condies fixas da Natureza autorizam a concluso de que essa

    metade est ocupada, como tambm a outra; e de que cada grupo de seus ocupantes est provido das

    condies indispensveis de existncia. O fato de que h espritos implica que haja uma diversidade de

    espritos; pois os homens diferem, e os espritos humanos so apenas homens desencarnados.

    Dizer que todos os espritos so semelhantes, ou foram feitos para viver na mesma atmosfera, ou que

    possuem poderes iguais, ou so governados pelas mesmas atraes - eltricas, magnticas, dicas, astrais,

    no importa quais -, to absurdo quanto dizer que todos os planetas tm a mesma natureza, ou que todos

    os animais so anfbios, ou que todos os homens podem ser alimentados com a mesma comida. Muitssimo

    mais razovel supor que, dentre os espritos, as naturezas mais grosseiras descero s alturas mais

    profundas da atmosfera espiritual - em outras palavras, estaro mais prximas da Terra. Ao contrrio, as

    mais puras estaro mais longe.

    Porfrio apresenta-nos alguns fatos repugnantes cuja veracidade est consubstanciada na experincia de

    todo estudioso de Magia. "Tendo a alma", diz ele, "mesmo aps a morte, uma certa afeio pelo seu corpo,

    uma afinidade proporcional violncia com que a sua unio foi rompida, vemos muitos espritos errando

    em desespero em torno dos seus restos terrestres; vemo-los at mesmo procurando ansiosamente os restos

    ptridos de outros cadveres e se recreiam no sangue recentemente vertido que parece infundir-lhes, por

    um momento, vida material.

    "Os deuses e os anjos", diz Jmblico, "aparecem-nos na paz e na harmonia; os demnios maus fazem com

    que tudo se agite em confuso. (...) Quando s almas comuns, nos aparecem mais raramente, etc."

  • "A alma humana (o corpo astral) um demnio que a nossa linguagem pode chamar gnio", diz Apuleio.

    "E um deus imortal, embora, em certo sentido, tenha nascido ao mesmo tempo que o corpo em que ela se

    encontra. Em conseqncia, podemos dizer que morre no mesmo sentido que dizemos que nasce".

    "A alma nasce neste mundo depois de deixar outro mundo (anima mundi), em que a sua existncia precede

    aquela que conhecemos (na Terra). Assim, os deuses que consideram a sua conduta em todas as fases das

    vrias existncias e em seu conjunto punem-na s vezes por pecados cometidos durante uma vida anterior.

    Ela morre quando se separa de um corpo em que atravessou a sua vida como num barco frgil. E este , se

    no me engano, o significado secreto da inscrio tumular, to simples para o iniciado: `Aos deuses manes

    que viveram'. Mas essa espcie de morte no aniquila a alma; apenas a transforma num lmure. Os lmures

    so os manes ou fantasmas, que conhecemos sob o nome de lares. Quando eles se distanciam e nos

    propiciam uma proteo benfica, ns honramos nelas as divindades protetoras do fogo domstico; mas,

    se os seus crimes as sentenciam a errar, chamamo-los esto larvas. Eles se tornam uma praga para o perverso

    e o vo terror dos bons."

    Seria difcil tachar de ambigidade essa linguagem, e, apesar disso, os reencarnacionistas citam Apuleio

    em apoio de sua teoria de que o homem passa por uma sucesso de nascimentos humanos fsicos nesse

    planeta at que finalmente seja purgado das impurezas da sua natureza. Mas Apuleio diz muito claramente

    que chegamos a este mundo vindo de um outro, onde tivemos uma existncia cuja lembrana perdemos. Da

    mesma maneira que um relgio passa de mo em mo e de sala em sala da fbrica, uma parte sendo

    acrescentada aqui e outra ali, at que a delicada mquina esteja perfeita, de acordo com o plano concebido

    na mente do mestre antes que a obra fosse iniciada - assim tambm, de acordo com a Filosofia antiga, a

    primeira concepo divina do homem toma forma pouco a pouco, nos muitos departamentos do ateli

    universal, e o ser humano perfeito finalmente aparece em nossa paisagem.

    Esta filosofia ensina a Natureza nunca deixa inacabada a sua obra; se frustra na primeira tentativa, ela tenta

    novamente. Quando ela faz evoluir um embrio humano, a inteno que o homem se torne perfeito - fsica,

    intelectual e espiritualmente. O seu corpo deve crescer, amadurecer, desgastar-se e morrer; a sua mente

    deve expandir-se, amadurecer e ser harmoniosamente equilibrada; o seu esprito divino deve iluminar e

    confundir-se facilmente com o homem interior. Nenhum ser humano completa o seu grande crculo, ou o

    "crculo da necessidade", at que tudo isso no tenha sido feito. Assim como os retardatrios de uma corrida

    lutam e se fatigam logo no incio enquanto o vitorioso atinge o seu objetivo, assim tambm, na corrida da

    imortalidade, algumas almas ultrapassam em velocidade todas as outras e chegam ao fim, enquanto as

    mirades de seus competidores lutam sob o fardo da matria, prximo da reta de partida. Algumas,

    desafortunadas, caem, abandonam a corrida e perdem toda oportunidade de ganhar o prmio; outras

    levantamse e empenham-se de novo na corrida. isso o que o hindu teme sobre todas as coisas - a

    transmigrao e a reencarnao em formas inferiores, mas contra esta contingncia lhes deu Buddha

    remdio no menosprezo dos bens terrenos, a restrio dos sentidos, o domnio das paixes e a contemplao

    espiritual ou freqente comunho com tman ou a alma.

    A ANTIGA DOUTRINA DA TRANSMIGRAO DA ALMA. A CAUSA DA

    REENCARNAO. O MUNDO DO NIRVANA. (L. 2. pg .55). A causa da reencarnao a concupiscncia e a iluso que nos leva a ter como reais as coisas do mundo. Dos sentidos provm

    a "alucinao", que chamamos contato; "do contato, a sensao (tambm ilusria) da sensao, a concupiscncia e da

    concupiscncia a enfermidade, a decrepitude e a morte".

    "Assim, como as voltas de uma roda, h uma sucesso regular de mortes e nascimentos, cuja causa moral

    o apego aos objetos existente, enquanto a causa instrumental o karma [o poder que controla o Universo,

    imprimindo-lhe atividade, mrito e demrito]. Portanto, o grande objeto de todos os seres que se querem

    desembaraar dos sofrimentos do nascimento sucessivos encontrar a destruio da causa moral (...) o

    apego aos objetos existentes, ou o desejo do mal.(...) Aqueles em quem o desejo do mal est completamente

    destrudo so chamados Arhats, que, em virtude de uma libertao, possuem faculdades taumatrgicas. Em

    sua morte, o Arhat no se reencarna e invariavelmente atinge o Nirvana". Nirvana o mundo das causas,

    em que todos os efeitos enganadores ou as iluses de nossos sentidos desaparecem. Nirvana a esfera mais

    elevada que se pode atingir. Os Pitris (os espritos pr-admicos) so considerados como reencarnados,

    pelo filsofo budista, se bem que num grau superior ao do homem da terra. Eles no morrem, por sua vez?

    Os seus corpos astrais no sofrem nem gozam, e no sentem a mesma maldio dos sentimentos ilusrios,

    como durante a encarnao?

    Aquilo que o Buddha ensinou no sculo VI a.C., na ndia, foi ensinado por Pitgoras depois na Grcia e na

    Itlia. Gibbon mostra quo profundamente os fariseus estavam impressionados com essa crena na

    transmigrao das almas. O crculo de necessidade egpcio est gravado de maneira indelvel nos vetustos

  • monumentos da Antiguidade. E Jesus, quando curava um doente, invariavelmente utilizava a seguinte

    expresso: "Teus pecados te so perdoados". Isso pura doutrina budista. "Os judeus disseram ao cego: `Tu

    nasceste completamente no pecado, e queres nos instruir'. A doutrina dos discpulos [de Cristo] anloga

    do `Mrito e Demrito' dos budistas; pois os doentes se curavam se os seus pecados fossem perdoados."

    Mas essa vida anterior em que os budistas acreditavam no uma vida neste planeta, (Citao corrida pela

    prpria H. P. B. (...) no uma vida no mesmo ciclo e na mesma personalidade.) pois, mais do que

    qualquer outra pessoa, o filsofo budista apreciava a grande doutrina dos ciclos.

    A SIGNIFICAO SECRETA DOS CICLOS E KALPAS. A MANIFESTAO DE

    BRAHM. (L. 2. pg. 55).

    As especulaes de Dupuis, Volney e Godfrey Higgins sobre a significao secreta dos ciclos, ou dos

    kalpas e dos yugas dos bramnicos e dos budistas, pouco significaram, pois no possuam a chave da

    doutrina espiritual esotrica neles contida. Nenhuma filosofia especulou sobre Deus como uma ab