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Isolamentos Térmicos e Revestimentos de Pavimento Classificação do seu Grau de Procura de Sustentabilidade Inês Nobre Gomes Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia do Ambiente Júri Presidente: Professor Doutor José Manuel de Saldanha Gonçalves Matos Orientador: Professor Doutor Manuel Guilherme Caras Altas Duarte Pinheiro Vogal: Professor Doutor João Miguel Dias Joanaz de Melo Dezembro 2012

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Isolamentos Térmicos e Revestimentos de Pavimento –

Classificação do seu Grau de Procura de Sustentabilidade

Inês Nobre Gomes

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia do Ambiente

Júri

Presidente: Professor Doutor José Manuel de Saldanha Gonçalves Matos

Orientador: Professor Doutor Manuel Guilherme Caras Altas Duarte Pinheiro

Vogal: Professor Doutor João Miguel Dias Joanaz de Melo

Dezembro 2012

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar gostaria de agradecer ao Professor Doutor Manuel Duarte Pinheiro por ter

possibilitado todo este trabalho e me ter orientado ao longo do período de desenvolvimento do

mesmo.

Ao Eng.º José Silvestre que contribuiu em muito para resolução de problemas que foram surgindo ao

longo da concretização do trabalho.

Ao Eng.º Manuel Messias por todo o apoio e frontalidade demonstrados ao longo da fase de

conclusão do estudo.

A todos os meus amigos que incentivaram à realização do estudo, quer através da motivação dada,

quer através da partilha de momentos que tornaram todo o percurso mais fácil. De entre todos eles,

devo um especial agradecimento a Susana Freire, Inês Soares, Gonçalo Correia e Joana Silva.

À minha família por toda a paciência e apoio, mais especificamente à minha irmã que foi a pessoa

que mais me encorajou para o desenvolvimento e conclusão do presente trabalho.

Por fim, a todas as pessoas que de alguma forma deram um contributo positivo para todo o trabalho

desenvolvido.

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RESUMO

O desempenho dos edifícios é atualmente uma preocupação entre os vários intervenientes do

sector da construção. Face à influência que os produtos de construção apresentam no

desempenho do meio edificado, torna-se fundamental o desenvolvimento de uma metodologia de

classificação do grau de procura de sustentabilidade dos produtos, auxiliando ao mesmo tempo

as escolhas dos diversos intervenientes que aspiram a fazer progressos no caminho para a

construção sustentável.

O trabalho desenvolvido teve como objetivo a construção de uma metodologia para duas famílias

de produtos de construção: isolamentos térmicos e revestimentos de pavimento. A metodologia

baseia-se num conjunto de critérios de sistemas de certificação existentes quer ao nível nacional,

como o Sistema LiderA, quer internacional, como Rótulos Ecológicos e Declarações Ambientais

de Produto.

A partir da metodologia desenvolvida pretendeu avaliar-se o desempenho de produtos de

mercado das famílias referidas, através de escalas de desempenho construídas para cada

critério, com base na metodologia do LiderA.

Por forma a verificar a influência da ponderação dos critérios na classificação final dos produtos,

em ambas as famílias foram admitidos cenários, com pesos distintos para os critérios, tendo em

conta a dimensão de sustentabilidade onde foram inseridos.

De acordo com a metodologia do LiderA foi possível comparar o desempenho de

sustentabilidade de produtos pertencentes a categorias distintas. Para os isolamentos térmicos, a

categoria com melhor desempenho de sustentabilidade é a dos produtos derivados de

combustíveis fósseis, sendo as fibras minerais inorgânicos a categoria com mais baixo

desempenho. A escassa informação disponibilizada para os revestimentos de pavimento não

permitiu fazer uma análise comparativa de produtos de diferentes categorias.

Por fim, foi possível concluir que a metodologia é um bom ponto de partida para avaliar produtos

de construção. Contudo, a disponibilização de informação, quer para a construção dos critérios,

quer para a avaliação propriamente dita dos produtos de construção condicionou os resultados

obtidos, na medida em que não foi possível desenvolver escalas de desempenho para todas as

categorias de produto em estudo e o número de produtos classificados foi reduzido.

PALAVRAS-CHAVE

Desempenho de sustentabilidade, LiderA, rótulo ecológico, declaração ambiental de produto,

isolamento térmico e revestimento de pavimento.

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ABSTRACT

Environmental and sustainable building performance is now a major concern of all actors playing in

the construction industry. Due to the influence that building products have on building performance, it

is essential to develop a methodology to assess the product sustainability, helping, at the same time,

all actors who aspire to make progress on the path to sustainable construction.

The current research aimed to develop a simplified classification methodology for two families of

building products: thermal insulation and floor coverings. The methodology focus on a set of criteria

included in certification programs, not only at national level, as LiderA System, but also international

level, such as Eco-Labels and Environmental Product Declarations.

With the developed methodology, it was intended to assess the performance of some market

products through performance scales developed and based on LiderA methodology.

In order to verify the influence of the criteria weighting in the product final classification, for both family

products scenarios were admitted, with different weights for the criteria, depending on which

sustainability dimension they were inserted.

Taking into account the LiderA methodology, it was possible to compare the sustainability

performance of products of different categories. For thermal insulation products, the category that

performs best is the organic oil/coal derived. On the other hand, the inorganic mineral fibers category

presents the lowest performance of sustainability. The limited information available for floor covering

products did not allow a comparison between different product categories.

Finally, it was considered that the developed methodology is a good starting point for assessing

building products. However, the availability of information required for the criteria development and for

the assessment of building products conditioned the results, in a way that it was not possible to

develop performance scales for all product categories and there was a limited number of assessed

products.

KEYWORDS

Sustainability performance, LiderA, Eco-Label, environmental product declaration, thermal insulation

and floor covering.

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ACRÓNIMOS

ACV Análise de Ciclo de Vida

APA Agência Portuguesa do Ambiente

APICER Associação Portuguesa da Indústria da Cerâmica

ANCP Agência Nacional de Compras Públicas

BRE Building Research Establishment

CENDES Centro para o Desenvolvimento Empresarial Sustentável

CO2 Dióxido de carbono

CPE Compras Públicas Ecológicas (em inglês, Green Public Procurement)

CSI Construction Specification Institute

CTCV Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro

DGAE Direção Geral das Atividades Económicas

DH Documentos de Homologação

DPC Diretiva dos Produtos de Construção

EPBD Energy Performance in Buildings Directive

EN European Norm

EPD Environmental Product Declaration

EPLF European Producers of Laminate Flooring

EPS Poliestireno Expandido

ETA European Technical Assessment

ETICS External Thermal Insulation Composite Systems

GECA Good Environmental Choice Australia

GEE Gases com Efeito de Estufa

Green-It Green Initiative for energy efficient eco-products in the construction industry

IBU Institut Bauen und Umwelt e. V.

IPAC Instituto Português de Acreditação

IPQ Instituto Português de Qualidade

ISO International Standard Organization

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ACRÓNIMOS

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LNEC Laboratório Nacional de Engenharia Civil

PA Potencial de Acidificação

PAG Potencial de Aquecimento Global

PCR Product Category Rules

PDO Potencial de Destruição do Ozono

PE Potencial de Eutrofização

PFCO Potencial Fotoquímico de Criação de Ozono (Smog de Verão)

PIP Política Integrada de Produto

PUR Espuma rígida de poliuretano

RCCTE Regulamento das Caraterísticas de Comportamento Térmico dos Edifícios

RE Rótulo Ecológico

ReUe Rótulo Ecológico da União Europeia

RPC Regulamento dos Produtos de Construção

RSECE Regulamento dos Sistemas Energéticos e de Climatização dos Edifícios

RT Regulamentação Térmica

SCE Sistema de Certificação Energética de Edifícios

SGA Sistemas de Gestão Ambiental

UF Unidade funcional

WFD Waste Framework Directive

XPS Poliestireno Extrudido

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GLOSSÁRIO

Compostos Orgânicos Voláteis (COV) - um composto orgânico de origem antropogénica e

biogénica, com exclusão do metano, que possa produzir oxidantes fotoquímicos por reação com

óxidos de azoto na presença da luz solar.

Espuma de Poliuretano (PUR) – polímero termoendurecido com estrutura celular fechada, que pode

ser aplicado como espuma rígida produzida com vaporização de Clorofluorcarbonetos (CFCs) ou

como produto prefabricado que foi moldado com diversas formas, por exemplo, em placa.

Formaldeído – é o aldeído mais simples, cujas aplicações principais passam pela produção de

resinas, sendo matéria-prima para diversos produtos químicos.

Lã de Rocha – à base de minerais naturais, tipicamente basalto ou dolomite, e resíduos reciclados

que são fundidos, transformados em fibras e posteriormente misturados com um ligante.

Lã de Vidro – à base de areia e soda cáustica, com grande proporção de vidro reciclado e outros

minerais. Estes materiais são fundidos, transformados em fibras e misturados com resinas orgânicas.

Poliestireno expandido (EPS) – forma celular rígida do poliestireno, com uma estrutura celular

aberta. É um polímero termoplástico que pode, portanto, ser reprocessado e reciclado mais

facilmente que os polímeros termoendurecidos.

Poliestireno extrudido (XPS) - Polímero termoplástico, com estrutura celular fechada que é

normalmente mais forte, com elevado desempenho mecânico, quando comparado ao EPS.

Potencial de Acidificação (PA) - Quando os dióxidos de enxofre e de azoto reagem com o vapor de

água atmosférico dão origem aos ácidos sulfúrico e nítrico, que são essencialmente ácidos que

provocam as chuvas ácidas e que, juntamente com a queda de partículas contendo sais de azoto e

enxofre, provocam a deposição ácida. O PA é expresso relativamente ao efeito de acidificação do

SO2.

Potencial de Aquecimento Global (PAG) - reflete a contribuição de determinada substância para o

efeito de estufa. O efeito de estufa é provocado por gases (GEE) que absorvem a radiação

infravermelha (energia radiada pela superfície da terra), impedindo-a de abandonar a atmosfera,

provocando o seu aquecimento. Estes gases são, por exemplo, o dióxido de carbono, o vapor de

água, o metano ou os clorofluorcarbonetos. O CO2 é adotado como substância de referência.

Potencial de Destruição do Ozono (PDO) - Efeito que cada substância tem em termos de redução

da camada de ozono estratosférico. Os valores desta grandeza foram estabelecidos essencialmente

para os hidrocarbonetos que contêm flúor e cloro (CFC), sendo estes considerados a referência.

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GLOSSÁRIO

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Potencial de Eutrofização (PE) - A eutrofização consiste no processo pelo qual um meio aquático é

alvo de concentrações excessivas de nutrientes, em especial fosfatos e nitratos, promovendo o

crescimento de algas. O PE de uma substância tem o valor de referência para o fosfato (PO42-

).

Potencial Fotoquímico de Criação de Ozono (Smog de Verão) (PFCO) - O smog de Verão ou

fotoquímico ocorre em áreas com forte insolação e com tendência para inversões atmosféricas de

temperatura, onde se verifiquem significativas emissões de hidrocarbonetos e de óxidos de azoto

para a atmosfera, provenientes de emissões automóveis ou industriais. O PFCO é uma medida da

capacidade potencial apresentada por uma substância orgânica volátil para produzir ozono, sendo o

valor para o etileno (C2H4) considerado como referência.

Revestimento de pavimento duros naturais - Fragmentos de rocha que ocorrem na natureza,

como por exemplo granito e mármore.

Revestimento de pavimento duros transformados: mosaicos – Produto devidamente

compactado com forma e espessura uniformes, com requisitos específicos geométricos e que podem

apresentar uma camada simples (embebidos em cinza, cimento branco e água) ou dupla camada

(constituídos por uma camada superficial de desgaste e por outra camada conhecida por cama de

suporte de betão.

Revestimento de pavimento duros transformados: ladrilhos de cerâmica – Placas finas de argila

e/ou outras matérias-primas inorgânicas, tais como feldspato e quartzo. Normalmente moldados por

extrusão ou prensagem à temperatura ambiente, sendo posteriormente secas e cozidas. Pode ainda

ser aplicado um esmalte de forma a envidraçar o produto.

Revestimento de pavimento em madeira - caracterizados por uma única peça sólida de madeira

com extremidades macho e fêmea ou podem também ser revestimentos de pavimentos construídos

à base de camadas de madeira diversa que são coladas, constituindo um painel de múltiplas

camadas.

Revestimento de pavimento laminado - formado por lâminas com ligação macho-fêmea de aspeto

similar ao parquet flutuante e constituídas por uma camada base, geralmente de painéis derivados

da madeira, e uma camada de desgaste realizada com um laminado plástico estratificado ou um

recobrimento melamínico (resina).

Revestimento de pavimento têxteis – geralmente em tecido ou malha instalado com grampos ou

através de adesivos.

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ÍNDICE DO CONTEÚDO

1 Introdução ....................................................................................................................................... 1

1.1 Enquadramento ....................................................................................................................... 1

1.2 Âmbito e Objetivos .................................................................................................................. 3

1.3 Metodologia ............................................................................................................................. 4

1.4 Organização da dissertação ................................................................................................... 5

2 Revisão do Estado da Arte ............................................................................................................. 7

2.1 Conceito de produto sustentável............................................................................................. 7

2.2 Isolamentos térmicos e revestimentos de pavimento: função, possibilidade de utilização e

tendências de mercado ....................................................................................................................... 7

2.2.1 Isolamentos térmicos ...................................................................................................... 7

2.2.2 Revestimentos de pavimento ........................................................................................ 10

2.3 Legislação relevante ............................................................................................................. 12

2.3.1 Sector da construção .................................................................................................... 12

2.3.2 Produtos de construção ................................................................................................ 13

2.4 Normas e outras ferramentas relevantes .............................................................................. 15

2.4.1 Compras Públicas Ecológicas ....................................................................................... 15

2.4.2 Declarações ambientais ................................................................................................ 16

2.5 Sistema de certificação de edifícios ...................................................................................... 21

2.5.1 Sistema LiderA .............................................................................................................. 21

2.6 Omniclass .............................................................................................................................. 22

3 Produtos Sustentáveis: Isolamentos Térmicos e Revestimentos de Pavimento .......................... 25

3.1 Categorias de produtos ......................................................................................................... 25

3.2 Estudo de mercado ............................................................................................................... 26

3.3 Impactes ambientais no ciclo de vida ................................................................................... 26

4 Proposta metodológica ................................................................................................................. 29

4.1 Conteúdos relevantes da investigação realizada ................................................................. 29

4.1.1 Sistema LiderA .............................................................................................................. 29

4.1.2 Declarações ambientais do tipo I .................................................................................. 31

4.1.3 Declarações do Tipo III ................................................................................................. 32

4.1.4 Fronteiras do sistema e unidade funcional consideradas ............................................. 34

4.2 Conjunto de critérios a considerar para a classificação dos produtos.................................. 38

4.2.1 Consumo de energia ..................................................................................................... 39

4.2.2 Produção e gestão de resíduos .................................................................................... 43

4.2.3 Consumo de água potável ............................................................................................ 49

4.2.4 Produtos de baixo impacte ............................................................................................ 52

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ÍNDICE DO CONTEÚDO

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4.2.5 Durabilidade .................................................................................................................. 58

4.2.6 Níveis de qualidade do ar – Fase Utilização ................................................................. 61

4.2.7 Conforto térmico ............................................................................................................ 63

4.2.8 Produtos locais .............................................................................................................. 64

4.2.9 Custo de aquisição ........................................................................................................ 65

5 Avaliação de produtos sustentáveis ............................................................................................. 69

5.1 Catálogo de produtos sustentáveis do LiderA ...................................................................... 69

5.2 Metodologia de avaliação segundo o Sistema LiderA .......................................................... 70

5.3 Aplicação da metodologia aos produtos ............................................................................... 71

5.3.1 Coretech ........................................................................................................................ 71

5.3.2 EPS 60 .......................................................................................................................... 73

5.3.3 Grés porcelânico ........................................................................................................... 74

5.4 Análise de sensibilidade ........................................................................................................ 75

6 Discussão de resultados ............................................................................................................... 77

7 Conclusões .................................................................................................................................... 81

7.1 Síntese conclusiva ................................................................................................................ 81

7.2 Linhas futuras de pesquisa ................................................................................................... 85

Referências ........................................................................................................................................... 87

Diretivas e Regulamento ............................................................................................................... 90

Anexos .................................................................................................................................................. 91

A. Evolução cronológica e sistemas de certificação mais relevantes ........................................... 91

B. Tabelas síntese Tipo I ............................................................................................................... 94

C. Tabelas síntese Tipo III ............................................................................................................. 96

D. Critério Consumo energia ......................................................................................................... 97

E. Critério Produção de resíduos .................................................................................................. 99

F. Critério Consumo de água potável ......................................................................................... 102

G. Critério Produtos de baixo impacte ......................................................................................... 104

H. Critério Custos de aquisição ................................................................................................... 114

I. Classificação Final de Produtos de Mercado .......................................................................... 116

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Emissões de CO2 evitadas consoante o tipo de aplicação de isolamento térmico .............. 3

Tabela 2 - Poupança obtida consoante o tipo de aplicação de isolamento térmico .............................. 9

Tabela 3 - Tipo de uso dos revestimentos de pavimento ..................................................................... 12

Tabela 4 - Critérios do Sistema LiderA com relevância para o estudo ................................................ 30

Tabela 5 - Sistemas de rotulagem ecológica utilizados ........................................................................ 31

Tabela 6 - Sistemas de declaração ambiental do tipo III (EPD) ........................................................... 32

Tabela 7 – Escala de desempenho: Consumo de Energia (MJ/UF) para a fronteira produção e família

dos isolamentos térmicos (fibras minerais inorgânicas) ....................................................................... 40

Tabela 8 - Escala de desempenho: Consumo de Energia (MJ/UF) para a fronteira produção e família

dos isolamentos térmicos (derivados de combustíveis fósseis) ........................................................... 40

Tabela 9 - Escala de desempenho: Consumo de Energia (MJ/UF) para a fronteira cradle-to-gate e

família dos isolamentos térmicos (fibras minerais inorgânica) ............................................................. 41

Tabela 10 - Escala de desempenho: Consumo de Energia (MJ/UF) para a fronteira cradle-to-gate e

família dos isolamentos térmicos (derivados de combustíveis fósseis) ............................................... 41

Tabela 11 - Escala de desempenho: Consumo de Energia (MJ/UF) para a fronteira cradle-to-gate e

família dos isolamentos térmicos (derivados orgânicos de plantas ou animais) .................................. 41

Tabela 12 - Escala de desempenho: Consumo de Energia (MJ/UF) para a fronteira produção e

família dos revestimentos de pavimento (madeira) .............................................................................. 42

Tabela 13 - Escala de desempenho: Consumo de Energia (MJ/UF) para a fronteira produção e

família dos revestimentos de pavimento (duros transformados) .......................................................... 42

Tabela 14 - Escala de desempenho: Consumo de Energia (MJ/UF) para a fronteira cradle-to-gate e

família dos revestimentos de pavimento (madeira) .............................................................................. 42

Tabela 15 - Escala de desempenho: Consumo de Energia (MJ/UF) para a fronteira cradle-to-gate e

família dos revestimentos de pavimento (têxteis) ................................................................................. 42

Tabela 16 MJ/UF - Escala de desempenho: Consumo de Energia (MJ/UF) para a fronteira cradle-to-

gate e família dos revestimentos de pavimento (duros transformados) ............................................... 43

Tabela 17 - Escala de desempenho: Produção e Gestão de Resíduos (kgresíduos/UF) para a

fronteira produção e família dos isolamentos térmicos (fibras minerais inorgânica) ............................ 45

Tabela 18 - Escala de desempenho: Produção e Gestão de Resíduos (kgresíduos/UF) para a

fronteira produção e família dos isolamentos térmicos (derivados de combustíveis fósseis) .............. 45

Tabela 19 - Escala de desempenho: Produção e Gestão de Resíduos (kgresíduos/UF) para a

fronteira cradle-to-gate e família dos isolamentos térmicos (fibras minerais inorgânica) .................... 45

Tabela 20 - Escala de desempenho: Produção e Gestão de Resíduos (kgresíduos/UF) para a

fronteira cradle-to-gate e família dos isolamentos térmicos (derivados de combustíveis fósseis) ....... 46

Tabela 21 - Escala de desempenho: Produção e Gestão de Resíduos (kgresíduos/UF) para a

fronteira cradle-to-gate e família dos isolamentos térmicos (derivados orgânicos de plantas ou

animais) ................................................................................................................................................. 46

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LISTA DE TABELAS

xiv

Tabela 22 - Escala de desempenho: Produção e Gestão de Resíduos (kgresíduos/UF) para a

fronteira Produção e família dos revestimentos de pavimento (têxteis) ............................................... 46

Tabela 23 - Escala de desempenho: Produção e Gestão de Resíduos (kgresíduos/UF) para a

fronteira Produção e família dos revestimentos de pavimento (Duros transformados)........................ 47

Tabela 24 - Escala de desempenho: Produção e Gestão de Resíduos (kgresíduos/UF) para a

fronteira Cradle-to-gate e família dos revestimentos de pavimento (Madeira) ..................................... 47

Tabela 25 - Escala de desempenho: Produção e Gestão de Resíduos (kgresíduos/UF) para a

fronteira Cradle-to-gate e família dos revestimentos de pavimento (Têxteis) ...................................... 47

Tabela 26 - Escala de desempenho: Produção e Gestão de Resíduos (kgresíduos/UF) para a

fronteira Cradle-to-gate e família dos revestimentos de pavimento (Duros transformados) ................ 47

Tabela 27 - Escala de desempenho para o critério Gestão de Resíduos (Parte 2) ............................. 49

Tabela 28 - Escala de desempenho: Consumo de Água Potável (Litroságua/UF) para a fronteira

Produção e família dos isolamentos térmicos (fibras minerais inorgânica) .......................................... 50

Tabela 29 - Escala de desempenho: Consumo de Água Potável (Litroságua/UF) para a fronteira

Produção e família dos isolamentos térmicos (derivados de combustíveis fósseis) ............................ 50

Tabela 30 - Escala de desempenho: Consumo de Água Potável (Litroságua/UF) para a fronteira

Cradle-to-gate e família dos isolamentos térmicos (fibras minerais inorgânica) .................................. 50

Tabela 31 - Escala de desempenho: Consumo de Água Potável (Litroságua/UF) para a fronteira

Cradle-to-gate e família dos isolamentos térmicos (derivados de combustíveis fósseis) .................... 50

Tabela 32 - Escala de desempenho: Consumo de Água Potável (Litroságua/UF) para a fronteira

Produção e família dos revestimentos de pavimento (duros transformados) ...................................... 51

Tabela 33 - Escala de desempenho: Consumo de Água Potável (Litroságua/UF) para a fronteira

Cradle-to-gate e família dos revestimentos de pavimento (madeira) ................................................... 51

Tabela 34 - Escala de desempenho: Consumo de Água Potável (Litroságua/UF) para a fronteira

Cradle-to-gate e família dos revestimentos de pavimento (têxteis)...................................................... 51

Tabela 35 - Escala de desempenho: Consumo de Água Potável (Litroságua/UF) para a fronteira

Cradle-to-gate e família dos revestimentos de pavimento (duros transformados) ............................... 52

Tabela 36 - Escala de desempenho: critério Produtos de Baixo Impacte (Parte 1) (kg/UF) para a

fronteira Produção e família dos isolamentos térmicos (fibras minerais inorgânica) ........................... 53

Tabela 37 - Escala de desempenho: critério Produtos de Baixo Impacte (Parte 1) (kg/UF) para a

fronteira Produção e família dos isolamentos térmicos (derivados de combustíveis fósseis) ............. 54

Tabela 38 - Escala de desempenho: critério Produtos de Baixo Impacte (Parte 1) (kg/UF) para a

fronteira Cradle-to-gate e família dos isolamentos térmicos (fibras minerais inorgânica) .................... 54

Tabela 39 - Escala de desempenho: critério Produtos de Baixo Impacte (Parte 1) (kg/UF) para a

fronteira Cradle-to-gate e família dos isolamentos térmicos (derivados de combustíveis fósseis) ...... 54

Tabela 40 - Escala de desempenho: critério Produtos de Baixo Impacte (Parte 1) (kg/UF) para a

fronteira Cradle-to-gate e família dos isolamentos térmicos (derivados orgânicos de plantas ou

animais) ................................................................................................................................................. 55

Tabela 41 - Escala de desempenho: critério Produtos de Baixo Impacte (Parte 1) (kg/UF) para a

fronteira Produção e família dos revestimentos de pavimento (madeira) ............................................ 55

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LISTA DE TABELAS

xv

Tabela 42 - Escala de desempenho: critério Produtos de Baixo Impacte (Parte 1) (kg/UF) para a

fronteira Produção e família dos revestimentos de pavimento (duros transformados) ........................ 56

Tabela 43 - Escala de desempenho: critério Produtos de Baixo Impacte (Parte 1) (kg/UF) para a

fronteira Cradle-to-gate e família dos revestimentos de pavimento (madeira) ..................................... 56

Tabela 44 - Escala de desempenho: critério Produtos de Baixo Impacte (Parte 1) (kg/UF) para a

fronteira Cradle-to-gate e família dos revestimentos de pavimento (têxteis) ....................................... 56

Tabela 45 - Escala de desempenho: critério Produtos de Baixo Impacte (Parte 1) (kg/UF) para a

fronteira Cradle-to-gate e família dos revestimentos de pavimento (duros transformados) ................ 57

Tabela 46 - Escala de desempenho do critério Produtos de baixo impacte (Parte 2) ......................... 58

Tabela 47 - Escala de desempenho: critério Durabilidade para a família dos isolamentos térmico

(anos) .................................................................................................................................................... 59

Tabela 48 - Escala de desempenho: critério Durabilidade para a família dos revestimentos de

pavimento (madeira) (anos) .................................................................................................................. 60

Tabela 49 – Escala de desempenho: critério Durabilidade para a família dos revestimentos de

pavimento (têxteis) ................................................................................................................................ 61

Tabela 50 Escala de desempenho: critério Durabilidade para a familia dos revestimentos de

pavimento (duros transformados) ......................................................................................................... 61

Tabela 51 - Escala de desempenho: critério Níveis de Qualidade do Ar Interior ................................. 63

Tabela 52 - Escala de desempenho: Critério Conforto Térmico (W/m.K) ............................................ 64

Tabela 53 - Escala de desempenho: critério Produtos Locais (km) ..................................................... 65

Tabela 54 - Escala de desempenho: critério Custo de Aquisição (€/UF) para a família dos

isolamentos térmicos (fibras minerais inorgânica) ................................................................................ 67

Tabela 55 - Escala de desempenho: critério Custo de Aquisição (€/UF) para a família dos

isolamentos térmicos (derivados de combustíveis fósseis) .................................................................. 67

Tabela 56 - Escala de desempenho: critério Custo de Aquisição (€/UF) para a família dos

isolamentos térmicos (derivados orgânicos de plantas ou animais) .................................................... 67

Tabela 57 – Escala de desempenho: critério Custo de Aquisição para a família dos revestimentos de

pavimento .............................................................................................................................................. 68

Tabela 58 – Custos de Aquisição por categoria de produto de revestimento de pavimento ............... 68

Tabela 59 Cenário LiderA: Peso dos critérios ...................................................................................... 70

Tabela 60- Fatores de Desempenho considerados para cada nível de classificação de acordo com a

metodologia do Sistema LiderA ............................................................................................................ 71

Tabela 61 - Ponderação sugerida dos critérios para as três dimensões da sustentabilidade ............. 75

Tabela 62 – Classificação de produtos segundo a metodologia do sistema LiderA e dos três cenários:

Dimensão Ambiental, Dimensão Económica e Dimensão Social......................................................... 76

Tabela 63- Sistemas de certificação existentes por ordem cronológica .............................................. 91

Tabela 64 - Critérios abrangidos pelos sistemas de rotulagem ecológica (tipo I) para os isolamentos

térmicos ................................................................................................................................................. 94

Tabela 65 - Critérios abrangidos pelos sistemas de rotulagem ecológica (tipo I) para os revestimentos

de pavimento ......................................................................................................................................... 95

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LISTA DE TABELAS

xvi

Tabela 66 - Critérios abrangidos pelos sistemas de EPDs para os isolamentos térmicos .................. 96

Tabela 67 - Critérios abrangidos pelos sistemas de EPDs para os revestimentos de pavimento ....... 96

Tabela 68 - Consumo de energia relativo à família dos isolamentos térmicos (Produção) ................. 97

Tabela 69 - Consumo de energia relativo à família dos isolamentos térmicos (Cradle-to-gate) .......... 97

Tabela 70 - Consumo de energia relativo à família dos revestimentos de pavimento (Produção) ...... 98

Tabela 71 - Consumo de energia relativo à família dos revestimentos de pavimento (Cradle-to-gate)

.............................................................................................................................................................. 98

Tabela 72 – Produção de resíduos relativos à família dos isolamentos térmicos (Produção) ............. 99

Tabela 73 - Produção de resíduos relativos à família dos isolamentos térmicos (Cradle-to-gate) .... 100

Tabela 74 - Produção de resíduos relativos à família dos revestimentos de pavimento (Produção) 101

Tabela 75 - Produção de resíduos relativos à família dos revestimentos de pavimento (Cradle-to-

gate) .................................................................................................................................................... 101

Tabela 76 – Consumo de água potável relativo à família dos isolamentos térmicos (Produção) ...... 102

Tabela 77 - Consumo de água potável relativo à família dos isolamentos térmicos (Cradle-to-gate)102

Tabela 78 - Consumo de água potável relativo à família dos revestimentos de pavimento (Produção)

............................................................................................................................................................ 102

Tabela 79 - Consumo de água potável relativo à família dos revestimentos de pavimento (Cradle-to-

gate) .................................................................................................................................................... 103

Tabela 80 - Categorias de impacte ambiental relativas à família dos isolamentos térmicos (Produção)

............................................................................................................................................................ 104

Tabela 81 - Categorias de impacte ambiental relativas à família dos isolamentos térmicos (Cradle-to-

gate) .................................................................................................................................................... 106

Tabela 82 - Categorias de impacte ambiental relativas à família dos revestimentos de pavimento

(Produção)........................................................................................................................................... 109

Tabela 83 - Categorias de impacte ambiental relativas à família dos revestimentos de pavimento

(Cradle-to-gate) ................................................................................................................................... 110

Tabela 84 - Preços de aquisição relativos à família dos isolamentos térmicos ................................. 114

Tabela 85 - Preços de aquisição relativos à família dos revestimentos de pavimento ...................... 115

Tabela 86 - Classificação de sustentabilidade de produtos de mercado ........................................... 116

Tabela 87 - Informação relativa aos produtos de mercado classificados ........................................... 117

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xvii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Exemplos de classes de uso dos revestimentos de pavimento ........................................... 11

Figura 2 - Níveis de desempenho global do Sistema LiderA V2.0 ....................................................... 22

Figura 3 – Aspetos e impactes ambientais ao longo do ciclo de vida dos produtos ............................ 27

Figura 4 - LiderA: determinação dos níveis de desempenho ............................................................... 29

Figura 5 - Sistema LiderA: Vertentes e Áreas ...................................................................................... 30

Figura 6 – Número de EPDs por categoria de produtos de Isolamento térmico .................................. 33

Figura 7 – Número de EPDs por categoria de revestimentos de Pavimento ....................................... 33

Figura 8 - Condutibilidade térmica vs. densidade ................................................................................. 36

Figura 9 - Condutibilidade térmica para o material fibra de vidro para as condições de referência .... 36

Figura 10 - Fatores de desempenho dos níveis de desempenho de acordo com a metodologia LiderA

(%) ......................................................................................................................................................... 38

Figura 11 - Hierarquia de resíduos ....................................................................................................... 43

Figura 12 - Pontuação atribuída às operações de gestão dos resíduos da hierarquia dos resíduos .. 48

Figura 13 - Estrutura do critério Produtos de baixo impacte ................................................................ 53

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1

1 Introdução

No presente capítulo os produtos de isolamento térmico e revestimento de pavimento são

enquadrados na temática das alterações climáticas, sendo apresentados os seus possíveis

contributos para o cumprimento das metas estipuladas aos Estados Membros da Europa.

Posteriormente é definido o âmbito e os objetivos da investigação realizada, assim como a

metodologia associada à condução da mesma.

Um resumo dos pontos desenvolvidos em cada capítulo é apresentado na organização da

dissertação.

1.1 Enquadramento

A crescente pressão das atividades humanas sobre o ambiente ao longo das últimas décadas é um

resultado do crescimento demográfico e consequente crescimento do consumo de recursos. O

conjunto de conceitos e práticas de desenvolvimento em que a humanidade se tem baseado começa

a não dar respostas aos problemas que têm vindo a surgir, tais como o esgotamento de recursos

naturais, deterioração dos ecossistemas e problemas relacionados com a saúde humana (Vogtländer

et al. 2010).

Assim, está-se numa fase de interrupção do atual paradigma de desenvolvimento, na medida em que

há a procura de novas visões, conceitos e condutas, para o estabelecimento de novas estratégias e

objetivos, no sentido de mudar de atitude em relação à sustentabilidade das nossas ações (Ferrão

2009).

Um desenvolvimento mais sustentável é um desafio para alterar os padrões de vida, para que o

crescimento baseado na produção e consumo de bens, que se carateriza negativamente pela falta

de respeito pelo ambiente, seja abandonado. Um novo crescimento, harmonizador da relação entre a

qualidade de vida das pessoas e a atividade económica deve ser adotado, de forma a ser preservado

o direito das gerações futuras ao património natural existente.

Por todo o mundo, especialistas defendem que só com o conceito de desenvolvimento sustentável se

pode garantir, a longo prazo, o bem-estar dos cidadãos e das nações (Pere et al. 2008).

O desenvolvimento sustentável tem passado por várias etapas. Um dos desafios estipulados diz

respeito à adoção do Protocolo de Quioto por parte dos países industrializados, em 1997. O

Protocolo centra-se na redução, em 5%, das emissões totais de gases com efeito de estufa (GEE)

em relação a 1990 e durante o período 2008-2012.

Com o Protocolo a expirar este ano, o problema das alterações climáticas continua na ordem do dia.

De facto, a necessidade de travar o crescimento das emissões de GEE tornou-se mais imperativa,

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INTRODUÇÃO

2

pois, a manterem-se as tendências globais, haverá um aumento de 45% nas emissões de CO2 em

2030 (Martins 2011).

Na sequência do Protocolo de Quioto, o Parlamento Europeu aprovou em 2008 o Pacote Energia-

Clima, que define objetivos a concretizar até 2020, na União Europeia. Os seus Estados Membros

deverão: reduzir, em 20%, as emissões de GEE, relativamente aos níveis registados em 1990;

garantir 20% das necessidades energéticas, a partir de fontes renováveis; atingir um aumento de

20% de eficiência energética (Parlamento Europeu 2008).

Na legislação aprovada ficou assumido o compromisso dos Estados Membros reunirem esforços no

sentido de reduzirem os GEE, em diversos sectores da economia. Num deles, no da construção de

edifícios, foram impostas medidas para a melhoria do seu desempenho energético, e sistemas de

avaliação do comportamento ambiental dos produtos que os incorporam, nomeadamente a sua

rotulagem ecológica (Martins 2011).

A indústria da construção tem uma obrigação especial de agir proactivamente, visto ser responsável

por um enorme consumo de energia, em grande parte despendida com o funcionamento do que

edifica. A longa duração da vida útil dos edifícios faz da atividade um sector relevante, não só no

balanço energético de um país, como também nas emissões de dióxido de carbono (CO2) para a

atmosfera (Ardente et al. 2008). Em todo o mundo, 30-40% de toda a energia primária é utilizada

para o sector dos edifícios, sendo responsável por 40-50% das emissões de GEE (Ramesh et al.

2010).

Em termos do seu desempenho ambiental, os produtos de construção apresentam um papel muito

importante no cumprimento das metas estipuladas pelo Pacote Energia-Clima. Além da influência

que apresentam no desempenho ambiental dos edifícios, a sua dinâmica do ciclo de vida apresenta

diversas fases com impactes ambientais que contribuem de forma significativa para as AC.

Para se poderem tomar medidas relevantes quanto ao comportamento ambiental dos edifícios,

através do uso de produtos de construção mais convenientes, é necessário identificar: as famílias de

produtos mais utilizados no sector; os produtos, sobre os quais, o consumidor tenha a possibilidade

de influenciar o mercado; os produtos com um considerável impacte no ambiente (Bratt et al. 2011).

Entre os produtos usados na construção, os isolamentos térmicos são os que mais influenciam o

consumo energético. Na Europa, onde o sector dos edifícios representa cerca de 40% das

necessidades globais de energia, uma parte significativa é destinada para o controlo da temperatura

(aquecimento e arrefecimento) (Maldonado 2011). Apesar do isolamento térmico evitar a perda de

calor dos edifícios, permitindo poupar energia e dinheiro, pensa-se que a percentagem dos edifícios

europeus não isolados se aproxima dos 50% (Comissão Europeia 2010b).

A redução do consumo de energia em edifícios, mediante a escolha de técnicas de isolamento de

elevada eficiência, com boa resistência térmica, é muito importante. A minimização das perdas de

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INTRODUÇÃO

3

calor e a redução da sua indesejada absorção, pelo uso de isolamentos térmicos, diminui os custos

energéticos associados à utilização de sistemas de climatização durante toda a vida útil dos edifícios

(Comissão Europeia 2010b), (Ardente et al. 2008).

De facto, importa realçar a influência que os isolamentos térmicos têm na redução de emissões de

CO2, através da poupança energética que proporcionam nos edifícios, consoante o tipo de aplicação

adotado. A Tabela 1 apresenta as emissões evitadas para um edifício residencial em Inglaterra

(Comissão Europeia 2010b).

Tabela 1 - Emissões de CO2 evitadas consoante o tipo de aplicação de isolamento térmico

Tipo de aplicação Emissões de CO2 evitadas (kg)

Cavidade entre parede dupla 750 - 880

Pelo interior da parede 560 - 690

Pelo exterior da parede 690 - 1 060

Pavimentos 60 - 190

Neste trabalho, além dos isolamentos térmicos, são estudados outros produtos de construção: os

revestimentos de pavimento. Tal deve-se ao facto de serem uma família de produtos com diversas

oportunidades de melhoria em termos de impactes ambientais no ciclo de vida, aliando o facto de

serem muito utilizados, uma vez que em todas as divisões de uma habitação são aplicados

revestimentos de pavimento.

Ao mesmo tempo influenciam, mesmo que indiretamente, o desempenho ambiental global dos

edifícios que os incorporam. Uma vez que são parte integrante dos mesmos, se forem produtos

sustentáveis, contribuem para um balanço global mais positivo do desempenho ambiental do edifício.

1.2 Âmbito e Objetivos

Este trabalho insere-se num dos recentes desenvolvimentos de um sistema voluntário, português, de

avaliação de sustentabilidade dos ambientes construídos, o LiderA. Este sistema, cujo nome é um

acrónimo de Liderar pelo Ambiente para a construção sustentável, visa avaliar e certificar ambientes

construídos.

Recentemente, no âmbito dos produtos de construção, o Sistema LiderA tem-se desenvolvido

através da elaboração de um catálogo, que engloba variadas famílias de produtos. O objetivo do

catálogo consiste na apresentação do desempenho de sustentabilidade dos produtos de construção,

que é avaliado por vários estudos de investigação realizados. O contributo do presente trabalho, para

o catálogo pretendido, é dado no sector das famílias de produtos de isolamento térmico e de

revestimentos de pavimento.

Para, mais facilmente, avaliar e comparar os produtos de construção, é necessário desenvolver um

estudo no sentido de identificar os que causam menores impactes ambientais. Dado o processo de

certificação ambiental de produtos de construção ser quase inexistente em Portugal (Silvestre et al.

2010), torna-se importante desenvolver uma metodologia de avaliação do desempenho ambiental

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INTRODUÇÃO

4

dos produtos, englobando igualmente as dimensões económica e social da sustentabilidade. A

metodologia contribuirá para tornar o mercado mais competitivo, facilitando a tomada de decisão por

parte dos consumidores.

A tese apresentada insere-se, portanto, numa perspetiva de classificação expedita do desempenho

de sustentabilidade de produtos de construção, no âmbito do Sistema LiderA de avaliação ambiental

de edifícios.

Contribuir para a tomada de decisões acertadas, por parte dos envolvidos no processo de seleção

dos produtos de construção, constitui um dos objetivos do estudo. Sendo a análise dos produtos

usados no sector da construção, sob uma perspetiva de sustentabilidade, uma área de estudo pouco

desenvolvida em Portugal, é importante contribuir para o seu crescimento.

1.3 Metodologia

Para a concretização dos objetivos definidos, o trabalho de investigação iniciou-se com uma

pesquisa e revisão bibliográfica. Os principais aspetos alvo de investigação foram os sistemas de

certificação ambiental de produtos de construção existentes a nível internacional, assim como as

normas e legislação relevantes para o desenvolvimento do estudo.

Um estudo de mercado foi conduzido com o intuito de identificar os produtos comercializados em

Portugal, dentro das duas famílias de produtos em estudo.

De seguida estabeleceu-se a metodologia através da seleção dos critérios incluídos na metodologia

do Sistema LiderA, considerando o âmbito do estudo. Os sistemas de certificação ambiental foram

também considerados não só em relação aos critérios que abrangem, como também à informação

que disponibilizam.

Para cada critério selecionado foi desenvolvida uma escala de desempenho, por categoria de

produto. As escalas de desempenho consideram os limiares do Sistema LiderA que variam entre

A++, limiar a que corresponde o melhor desempenho, e G, a que está associado o pior desempenho

de sustentabilidade.

Através do estudo de mercado foram selecionados produtos de forma a ser aplicada a proposta

metodológica desenvolvida. Cada produto foi confrontado com os critérios, tendo obtido um limiar

consoante o seu desempenho. Para tal, foi estabelecido o contacto com entidades envolvidas no

ciclo de vida dos produtos, obtendo-se informação que permitiu avaliar os mesmos.

De forma a facilitar a escolha por parte do consumidor, a classificação final de sustentabilidade foi

obtida de acordo com a ponderação dos critérios do Sistema LiderA. Ainda, uma análise de

sensibilidade foi desenvolvida, variando as ponderações de cada critério, verificando-se a sua

influência na classificação final de sustentabilidade dos produtos.

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INTRODUÇÃO

5

1.4 Organização da dissertação

A dissertação é organizada em sete capítulos:

Capítulo 1 – Introdução: os produtos de isolamento térmico e revestimento de pavimento são

enquadrados na temática das alterações climáticas, sendo apresentados os seus possíveis

contributos para o cumprimento das metas estipuladas aos Estados Membros da Europa. O âmbito e

os objetivos do trabalho são definidos, assim como a metodologia seguida para a realização do

mesmo. A organização da dissertação é ainda apresentada.

Capítulo 2 – Estado da Arte: é definido o conceito de Produto sustentável e feita a revisão da

literatura em termos das duas famílias de produtos em estudo – isolamentos térmicos e

revestimentos de pavimento – e da legislação e normas que fornecem as bases necessárias para a

compreensão de aspetos considerados no desenvolvimento da metodologia. Alguns exemplos são

os sistemas de certificação ambiental de produtos e de edifícios – Sistema LiderA. O sistema de

classificação da informação do sector da construção – Omniclasse - é igualmente apresentado.

Capítulo 3 – Produtos Sustentáveis: Isolamentos Térmicos e Revestimentos de Pavimento: são

apresentadas as diferentes categorias de produtos, assim como o estudo de mercado efetuado e os

impactes ambientais associados às diversas fases do ciclo de vida dos produtos em questão.

Capítulo 4 – Proposta metodológica: são identificados os sistemas de certificação incluídos no

estudo, assim como os critérios relevantes para o desenvolvimento da metodologia. A definição e

escolha das fronteiras do sistema utilizadas, assim como a unidade funcional das duas famílias de

produtos são realizadas. Todos os critérios que estão na base da metodologia são individualmente

explicados.

Capítulo 5 – Avaliação de produtos sustentáveis: é explicada a dinâmica relativa aos novos

desenvolvimentos do Sistema LiderA: catálogo online 4Rs. A metodologia de avaliação segundo o

sistema LiderA é apresentada, com as respetivas ponderações dos critérios selecionados. De forma

a aplicar a proposta metodológica desenvolvida, três produtos são avaliados, sendo explicado o

procedimento tomado para a obtenção dos níveis de desempenho por critério. É ainda conduzida

uma análise de sensibilidade, através da variação das ponderações dos critérios.

Capítulo 6 – Discussão de resultados: os resultados obtidos quanto às escalas de desempenho são

abordados, assim como os resultados da análise de sensibilidade realizada e os níveis de

desempenho obtidos pelos produtos de mercado avaliados, segundo a metodologia do Sistema

LiderA.

Capítulo 7 – Conclusões: é feita uma síntese conclusiva de todo o trabalho e são apresentadas

linhas futuras de pesquisa de forma a complementar o trabalho desenvolvido.

O documento termina com os capítulos relativos às Referências e aos Anexos.

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7

2 Revisão do Estado da Arte

Para além da definição de produto sustentável, são apresentados os resultados da revisão da

literatura efetuada em termos das duas famílias de produtos em estudo, da legislação e normas

utilizadas no estudo.

São igualmente apresentados o Sistema LiderA e o sistema de classificação da informação do setor

da construção – Omniclass – que serve de base à organização do catálogo 4Rs.

2.1 Conceito de produto sustentável

Existe uma crescente pressão para aumentar a sustentabilidade na conceção dos produtos de

construção. Em consequência, as exigências no desenvolvimento de produtos e serviços

sustentáveis constituem um dos principais desafios que a indústria da construção enfrenta no século

XXI (Maxwell 2003).

A definição de produto sustentável assenta no equilíbrio dos três pilares (conceito “Triple Bottom

Line”), os aspetos económicos, ambientais e sociais. O conceito traduz o objetivo de alcançar um

equilíbrio ótimo entre a proteção ambiental, a equidade social e a prosperidade económica, sem

prescindir dos requisitos mínimos dos produtos tradicionais, isto é, de qualidade, mercado, questões

técnicas e custos associados (Maxwell 2003).

Os produtos sustentáveis desempenham as funções a que se destinam, apresentando menores

prejuízos ambientais, num balanço onde são igualmente considerados os efeitos sociais e

económicos. O conceito remete para o desenvolvimento de novas técnicas, de novos produtos e de

novos serviços, melhores, ou pelo menos tão bons como os anteriores. As vantagens são a utilização

eficiente de recursos (energia, água e materiais) e a geração de menos poluição e resíduos para o

ambiente (Roy 2000).

2.2 Isolamentos térmicos e revestimentos de pavimento: função, possibilidade de

utilização e tendências de mercado

2.2.1 Isolamentos térmicos

Os isolamentos térmicos são utilizados para manter o interior de uma habitação dentro do intervalo

de temperaturas de conforto, garantindo o bem-estar dos ocupantes. Destinam-se a conservar os

edifícios mais frescos no Verão e mais quentes no Inverno, o que é conseguido com a redução do

fluxo de calor através das suas superfícies (Comissão Europeia 2010b).

Em Portugal, o isolamento térmico é usado na construção de edifícios, desde a década de 1950.

Componente essencial para o bom desempenho energético dos edifícios, tornou-se obrigatório no

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ESTADO DA ARTE

8

sector da construção desde 1991, com a entrada em vigor do primeiro Regulamento das

Características de Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE) (Tirone & Nunes 2007).

A poupança energética resultante da utilização de isolamento térmico varia não só com as

caraterísticas do edifício e as condições climáticas da região onde está localizado, como também

com o tipo de isolamento e a sua espessura, com as técnicas de construção, entre outros (Al-

Homoud 2005), (Comissão Europeia 2010b).

Existe uma série de soluções que podem ser adotadas em termos de aplicação de isolamentos

térmicos numa habitação, considerando que é necessário a aplicação dos produtos de forma

integrada para que todos os elementos aplicados contribuam para um desempenho energético global

do edifício (Energuia 2012).

O isolamento térmico tanto pode ser aplicado pelo interior das paredes da envolvente de um edifício,

como colocado na caixa-de-ar entre paredes duplas, como ainda ser assente pelo exterior de um

edifício (Tirone & Nunes 2007). Pode ainda apresentar funções de isolamento em coberturas, em

pavimentos e em tubagens e condutas (Comissão Europeia 2010b).

A aplicação do material isolante pelo interior protege-o das agressões climatéricas, mas tem

inconvenientes. Uma das desvantagens é a da estrutura do edifício ficar mais sujeita à temperatura

do exterior, com um maior número de pontes térmicas (Al-Homoud 2005). Este tipo de aplicação é

uma opção menos frequente que é utilizada quando não é possível a aplicação do isolamento pelo

exterior ou entre paredes duplas. Por exemplo, no caso da reabilitação onde não é possível alterar a

fachada pelo seu valor histórico, a aplicação do isolamento térmico pode ser feita através de placas

de gesso com isolamento incorporado, como o XPS, cortiça ou EPS (Energuia 2012).

A colocação do isolamento pelo exterior facilita o arrefecimento por convecção no verão e o

aquecimento solar passivo no inverno, permitindo ainda o armazenamento de ganhos, solares e

internos, excessivos. Este tipo de aplicação tem a desvantagem da reduzir a durabilidade do

material, dada a sua sujeição às condições do ambiente exterior (Al-Homoud 2005).

Alguns autores defendem que a maior eficácia do isolamento se obtém com a sua instalação pelo

exterior do edifício. Nesta opção, se for aplicado de forma contínua, (sistema ETICS – External

Thermal Insulation Composite Systems), contribui para a otimização do desempenho energético dos

edifícios (Tirone & Nunes 2007). Este sistema tem sido o sistema mais utilizado na reabilitação

energética dos edifícios porque, para além de corrigir pequenas patologias da fachada, produz um

excelente resultado no isolamento térmico do edifício, podendo reduzir até 30% os desperdícios de

energia. É aplicado pelo exterior e de forma contínua (Energuia 2012).

A colocação do isolamento térmico nas cavidades das paredes, permitindo a sua distribuição

uniforme, usufrui dos benefícios dos dois tipos de aplicação anteriormente referidos (Al-Homoud

2005).

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ESTADO DA ARTE

9

As coberturas inclinadas e planas são as superfícies que contribuem mais para as perdas de calor de

um edifício, sendo prioritária a aplicação de isolamento térmico nas coberturas em termos de

eficiência energética, constituindo uma das medidas mais simples e mais acessíveis

economicamente (Energuia 2012).

Por fim, o isolamento térmico aplicado como sub-pavimento é também importante, na medida em

que, nos edifícios, as perdas de calor através dos pavimentos podem atingir os 20% das perdas

totais (Energuia 2012).

O melhor desempenho consegue-se com a colocação isolamento térmico perto do ponto de saída,

ou de entrada, do fluxo de calor: no lado interior da parede, em regiões de clima frio no inverno; no

lado exterior da parede, quando a preocupação dominante é conseguir o arrefecimento no verão.

Na Tabela 2 apresenta-se, para uma habitação em Inglaterra, a poupança associada a alguns tipos

de aplicação de isolamento térmico (Comissão Europeia 2010b).

Tabela 2 - Poupança obtida consoante o tipo de aplicação de isolamento térmico

Tipo de aplicação Poupança (€/ano)

Cavidade entre parede dupla 132

Pelo interior da parede 438

Pelo exterior da parede 462

Pavimentos 60

O resultado da aplicação dos produtos depende da quantidade (espessura e densidade) de material

aplicado, do seu tempo de vida útil e sobretudo das propriedades térmicas do material, para a

obtenção de um determinado nível de isolamento (Comissão Europeia 2010b).

Das várias caraterísticas que descrevem um material de isolamento térmico, as que apresentam

maior importância são as propriedades térmicas do mesmo:

a. Condutibilidade térmica (λ, expressa em [W/(m.K)] ou [W/(m.ºC)]): propriedade que carateriza

os materiais ou produtos termicamente homogéneos, e que representa a quantidade de calor

por unidade de área (expressa em [W/m2]) que atravessa uma espessura unitária ([m]) de um

material, devido a uma diferença de temperatura unitária entre as duas faces do material (1

°C ou 1 K) (Santos & Matias 2006). Quanto mais baixo o valor de λ do material, maior a

capacidade do mesmo em resistir à transferência de calor e, portanto, mais elevada a sua

eficiência (Comissão Europeia 2010b).

b. Resistência térmica (R, expressa em [(m2.K)/W]): é o fluxo de calor ([W]) transferido através

de uma área unitária de material ([m2]), multiplicada pela diferença de temperatura unitária

que se faz sentir entre as duas faces do material (1 °C ou 1 K) (Comissão Europeia 2010b).

Quanto mais elevado for o valor de R, mais eficaz é o isolante e, ainda, R é função de λ, da

espessura e densidade do material (Al-Homoud 2005).

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ESTADO DA ARTE

10

c. Coeficiente de transmissão térmica (U, expresso em [W/(m2.K)]): descreve a facilidade com

que o material conduz o calor. É o quociente entre fluxo de calor ([W]) transferido através de

uma área unitária de material ([m2]) e a diferença de temperatura unitária que se faz sentir

entre as duas faces do material (1 °C ou 1 K). O U é o inverso de R, e quanto mais baixo for

o seu valor, melhor o isolamento (Comissão Europeia 2010b).

A existência de formas de transferência de calor através dos materiais de isolamento térmico,

nomeadamente através de condução, radiação e convecção, resulta na variação de propriedades do

material consoante, por exemplo, a sua espessura. Desta forma, o termo condutibilidade térmica

aparente (λAparente) do isolamento térmico é utilizada, de forma a ter em conta que não existe um

modo de condução puro que descreva de forma universal a transferência de calor existente no

material (Al-Homoud 2005).

No âmbito da marcação CE, os valores de λ que são declarados pelos fabricantes representam

valores expectáveis de condutibilidade para condições de referência de temperatura e humidade,

bem como para um certo nível de confiança e representativo de uma vida útil aceitável em condições

normais de utilização.

Por outro lado, os valores de λ podem ser calculados especificamente para determinadas condições

atmosféricas, que correspondem ao desempenho típico de determinado produto incorporado no

edificado. Um determinado produto pode apresentar mais do que um valor de λ calculado, de acordo

com as diferentes aplicações e condições atmosféricas a que for sujeito. Ainda, estes valores

calculados podem ser determinados a partir do respetivo valor declarado e do conhecimento das

condições de utilização previstas (Santos & Matias 2006).

Por fim, as categorias de materiais que predominam no mercado europeu são as fibras minerais

inorgânicas e os produtos derivados de combustíveis fósseis, que respondem por 60% e 30% do

mercado, respetivamente. Especificamente dentro destas categorias são os materiais à base de lã

mineral, poliestireno extrudido (XPS), poliestireno expandido (EPS) e poliuretano (PUR) os mais

populares (Ardente et al. 2008), (Anastaselos et al. 2009). As duas restantes categorias, ou seja os

produtos derivados animais/vegetais e outros, respondem por apenas 10% da procura de mercado.

2.2.2 Revestimentos de pavimento

Os revestimentos de pavimento são utilizados tanto no interior, como no exterior dos edifícios. Devido

à existência de uma grande variedade de revestimentos, no interior dos edifícios estes podem ser

utilizados em escritórios, escolas, hospitais, aeroportos, centros comerciais, edifícios residenciais,

entre outros locais (Comissão Europeia 2010a).

Externamente empregam-se para revestir os mais diversos tipos de pavimentos. A calçada das ruas

e os diversos revestimentos de pavimento que rodeiam uma piscinas são exemplos do uso externo

dos revestimentos de pavimento.

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Para as muitas aplicações existentes, o mercado disponibiliza variados tipos de revestimentos de

pavimento. Estes podem apresentar na sua constituição materiais à base de madeira, sendo ela

bambu, cortiça, ou outra. Para aplicação interior, os revestimentos têxteis e resilientes são uma

opção bastante utilizada em escritórios, e materiais cerâmicos utilizados maioritariamente em

edifícios residenciais. Sobretudo para aplicação exterior, usam-se os revestimentos duros, à base de

pedras naturais.

Os revestimentos de pavimento são expostos a diversas agressões que dependem do tipo de

atividade existente no local de aplicação. Mesmo em edifícios residenciais, onde as atividades

decorrentes não são tão agressivas, estes produtos acabam por ter uma durabilidade bastante

inferior à do edifício.

Para os revestimentos de pavimento têxteis, laminados e resilientes, a escolha dos produtos deve

ser feita de acordo com as condições de uso a que o produto vai ser sujeito, considerando a norma

EN 685: 2007 (Resilient, textile and laminate floor coverings - Classification) (Goerke 2008), que foi

posteriormente substituída pela norma EN ISO 10874:2009.

Após a revisão da última, atualmente é a norma EN ISO 10874:2012 que se encontra em vigor. Esta

estabelece um sistema de classificação de revestimentos de pavimento resilientes, têxteis e

laminados baseado em requisitos práticos para áreas e intensidade de uso, considerando os

requisitos específicos das normas internacionais relevantes para cada tipo de revestimentos de

pavimento.

Assim, orientações são fornecidas aos fabricantes e consumidores, para que possam escolher o

revestimento de pavimento adequado para o tipo e intensidade de uso (Figura 1).

Figura 1 - Exemplos de classes de uso dos revestimentos de pavimento

Todo o conjunto de símbolos está de acordo com as normas técnicas europeias e pode ser verificado

na página da internet do sistema de normalização dos revestimentos de pavimento: Floor Covering

Standard Symbols (Symbols Floor Covering Standard n.d.).

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A cada tipo de uso está associada uma classe que corresponde a diferentes áreas de utilização dos

produtos (Tabela 3).

Tabela 3 - Tipo de uso dos revestimentos de pavimento

Tipo de uso Classes Áreas de aplicação Residencial moderado 21 Quartos

Residencial geral 22 Salas de estar e de jantar

Residencial elevado 23 Pequenos escritórios

Comercial moderado 31 Pequenos escritórios, quartos de hotel

Comercial geral 32 Escritórios mais movimentados

Comercial elevado 33 Lojas e restaurantes

Comercial muito elevado 34 Edifícios públicos (escolas, hospitais, etc)

Cada produto é então avaliado segundo determinados testes de forma a verificar a resistência dos

produtos a diversas situações, nomeadamente à abrasão, ao impacto, a manchas, a queimaduras

por cigarro, entre outras, sendo depois atribuídas as classes de uso para as quais o produto cumpre

com os requisitos.

A evolução do mercado, ditada pela procura, levou a que, entre os revestimentos de pavimento

duros, nomeadamente as pedras naturais e os produtos cerâmicos se tornassem os mais utilizados.

A Itália e a Espanha, com 41% e 34%, respetivamente, da produção europeia de pedras naturais,

são também os maiores produtores de aglomerados de pedra na Europa. Os produtos cerâmicos

representam o revestimento de pavimento duro com maior importância em termos monetários, sendo

a produção também dominada pela Itália e a Espanha, contudo a Alemanha, Portugal e França

também apresentam uma atividade relevante (Comissão Europeia 2010a).

Com toda a probabilidade, a procura dos revestimentos cerâmicos e das pedras naturais irá

aumentar. Para a sua crescente popularidade, contribui o facto de praticamente não serem afetados

por inundações, contrariamente ao que acontece com os revestimentos de pavimento à base de

madeira e têxteis (Comissão Europeia 2010a).

De acordo com um estudo realizado, o mercado dos revestimentos à base de madeira, devido à sua

grande aplicação no sector residencial, está muito desenvolvido. Os revestimentos têxteis, apesar de

apresentarem menor variedade, têm uma procura significativa no sector comercial. Devido à sua

diversidade, em termos de cores, de texturas e de imitações de outros materiais, os revestimentos

vinílicos têm vindo a tornar-se cada vez mais populares.

2.3 Legislação relevante

2.3.1 Sector da construção

O setor da construção é uma área onde existem grandes possibilidades de melhoria, não só em

termos de redução do consumo de energia, como também em relação às alterações climáticas,

sendo os edifícios um ponto-chave na nova estratégia europeia (Wallhagen et al. 2011).

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O motivo é o facto de os edifícios serem responsáveis por 40-50% da energia utilizada na Europa, na

sua maior parte gasta com os sistemas de aquecimento (Comissão Europeia 2010b). Isto equivale a

emitir cerca de 10,6 mil milhões de toneladas de CO2 por ano, o correspondente a 8% das emissões

globais de GEE (Climatização - Edifícios & Energia 2011). Admite-se que o potencial de melhoria

existente no sector permita uma redução de 90% das emissões em 2050 (Cardoso 2011).

Dada a importância dos edifícios, na concretização das metas relativas às alterações climáticas e à

eficiência energética, a Comissão Europeia considera fundamental o cumprimento do imposto na

revisão da Diretiva Europeia para o Desempenho Energético dos Edifícios, (EPBD - Energy

Performance in Buildings Directive), relativamente aos edifícios, cujas necessidades de energia

sejam quase nulas (Cardoso 2011).

A primeira EPBD (Diretiva 2002/91/EC) determinou a obrigatoriedade, a partir de 2006/2009, da

Certificação Energética de todos os edifícios que entrem no mercado desde essa data (Maldonado

2011). Foi transposta para o Direito Nacional Português através de um pacote legislativo composto

pelo Decreto-Lei n.º 78/2006 de 4 de Abril (Sistema Nacional de Certificação Energética e da

Qualidade do Ar Interior nos Edifícios - SCE), Decreto-Lei n.º 79/2006 de 4 de Abril (Regulamento

dos Sistemas Energéticos e de Climatização dos Edifícios - RSECE) e Decreto-Lei n.º 80/2006 de 4

de Abril (Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios - RCCTE)

(IDEAL - EPBD n.d.).

Em 2010, surgiu nova EPBD, a Diretiva 2010/31/EU, obrigando os estados membros da União

Europeia a implementar regulamentações nacionais de eficiência energética para os edifícios. Na

imposta metodologia de cálculo do seu desempenho energético, devem ser considerados

determinados aspetos, nomeadamente, as suas características térmicas. A Diretiva pretende, por

parte dos EM, a tomada das medidas necessárias para assegurar o estabelecimento de requisitos

mínimos de desempenho energético para os elementos construtivos dos edifícios, que façam parte

das suas envolventes e tenham um impacto significativo no desempenho das edificações.

2.3.2 Produtos de construção

A sustentabilidade do sector da construção obriga à tomada de medidas sobre os produtos usados

nesta indústria. Algumas preocupações começaram a surgir há já algum tempo, visto que a partir de

1963 para se poderem empregar novos produtos ou processos de construção, acerca dos quais não

existissem especificações oficiais nem suficiente prática de utilização, tornou-se necessária a

existência de pareceres favoráveis de apreciação técnica, traduzindo-se na emissão de Documentos

de Homologação (DH) (Cunha 2011).

A emissão de DH sobre produtos ou sistemas inovadores pressupõe a sua aprovação por uma

entidade independente, que em Portugal é o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC). Este,

analisando o fabrico, e o respetivo controlo, do produto ou sistema, assim como a aplicação em obra,

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só o deve aprovar se as suas características, comprovadas experimentalmente, forem adequadas à

utilização prevista, e explicitamente definida nos DH.

Posteriormente, em consequência do esforço de harmonização técnica dos produtos e sistemas de

construção na União Europeia, a atividade de homologação desenvolvida pelo LNEC teve um novo

enquadramento legal. Em 1989, entrou em vigor a Diretiva Comunitária 89/106/CEE de 21 de

Dezembro (Diretiva dos Produtos de Construção - DPC) relativa aos produtos de construção.

A DPC visa a criação de um mercado único de produtos de construção, pela utilização da marcação

CE num produto, desde que se verifique a sua conformidade com as especificações técnicas

aplicáveis, as Normas Europeias harmonizadas ou as Aprovações Técnicas Europeias (ETA -

European Technical Assessment).

Passados alguns anos, a revisão da DPC fez surgir o Regulamento de Produtos de Construção

(RPC) n.º 305/2011 do Parlamento Europeu e do Conselho da Europa, que revoga a Diretiva

89/106/CEE e estabelece condições harmonizadas para a comercialização dos produtos de

construção. Contudo, segundo o artigo 66º do RPC, relativo às disposições transitórias: “os produtos

de construção colocados no mercado nos termos da Diretiva 89/106/CEE, antes de 1 de Julho de

2013, estão conformes ao presente regulamento”.

Para os produtos de construção, a economia de energia, o isolamento térmico, a utilização

sustentável dos recursos naturais, a higiene, a saúde e o ambiente, entre outras especificidades,

tanto a DPC como o RPC definem um conjunto de requisitos essenciais (Cunha 2011).

Em geral, a aposição da marcação CE a um dado produto de construção não corresponde à

existência de uma certificação por terceira parte.

De acordo com o RPC, os procedimentos destinados a garantir a conformidade dos produtos com as

especificações técnicas aplicáveis e, em consequência, a aposição da marcação CE, traduzem-se

numa hierarquia de sistemas de avaliação, e de verificação da regularidade do desempenho.

Relativamente aos produtos de construção, o LNEC atua como organismo de certificação da

marcação CE, com base em normas europeias harmonizadas (Cunha 2011).

A introdução da Certificação Energética dos edifícios elevou, para um novo patamar de exigência, a

qualidade térmica das edificações no país (Maldonado 2011). Nela, os isolamentos térmicos têm um

importante papel a desempenhar.

Em geral, a Diretiva 92/75/CEE orientava a disponibilização da informação relativa ao consumo de

energia nos eletrodomésticos e noutros equipamentos, para a sua indicação na rotulagem. A Diretiva

2010/30/EU, reformulando a anterior, visou melhorar o desempenho ambiental de todos os produtos

relacionados com a energia. Para o conseguir estendeu a sua aplicação a qualquer material, direta

ou indiretamente, consumidor de energia, incluindo os de construção (Comissão Europeia 2010b).

Na nova diretiva, foram ainda criadas potenciais sinergias com a Diretiva 2009/125/CE, que

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estabelece requisitos para a conceção ecológica (ecodesign) de produtos relacionados com a

energia.

O ecodesign, conceito baseado na combinação de estratégias para minimizar os impactes

ambientais ao longo do ciclo de vida dos produtos (Roy 2000), surgiu na década de noventa. Uma

diretiva, adotada em 2005, contempla o ecodesign, estabelecendo requisitos para produtos

consumidores de energia. Posteriormente, a Diretiva 2009/125/CE alargou o âmbito da anterior a

todos os produtos relacionados com energia (Comissão Europeia 2010b).

Ainda, a fim de definir medidas de proteção do ambiente e da saúde humana, através da prevenção

e redução dos impactes decorrentes da geração e gestão de resíduos, e, ao mesmo tempo, de

diminuir os impactes da utilização dos recursos, o Parlamento Europeu e o Conselho da Europa

assinaram, em 2008, a revisão da Diretiva Quadro dos Resíduos 2008/98/CE, (Waste Framework

Directive – WFD), revogando a Diretiva Quadro dos Resíduos 2006/12/CE, a Diretiva dos Resíduos

Perigosos 91/689/CE e a Diretiva dos Óleos Usados 75/439/CEE (Comissão Europeia 2010a).

2.4 Normas e outras ferramentas relevantes

Em 2003, a CE apresentou a estratégia de Política Integrada de Produto – PIP (Integrated Product

Policy - IPP) uma integração de políticas em diversos domínios, no sentido de desenvolver um

mercado para produtos com menores impactes ambientais.

Nela, através de critérios e sistemas de avaliação, exigia-se a redução dos impactes ambientais e a

extensão da responsabilidade do produtor a todo o ciclo de vida do produto, “do berço ao túmulo”,

além da disponibilização ao consumidor de informação sobre a performance ambiental dos produtos

(Silvestre et al. 2010).

A integração do ambiente nas políticas sectoriais, a criação de condições para uma política da

empresa para a sustentabilidade, a eco-eficiência, a promoção da alteração de padrões de produção

e consumo, através da proposta e incentivo a uma política pública e privada de compras ecológicas,

assim como o apoio às entidades que pretendam aderir aos Sistemas Voluntários de Gestão

Ambiental (EMAS, ISO 14001 e Rótulos Ambientais) constituem instrumentos que materializam a PIP

(European Comission 2012).

2.4.1 Compras Públicas Ecológicas

Na União Europeia a grande dimensão das aquisições públicas, superior a 16% do Produto Interno

Bruto, confere à contratação pública ecológica um papel extremamente relevante no

desenvolvimento sustentável, pois permite conciliar crescimento económico com proteção ambiental

(Agência Portuguesa do Ambiente 2012).

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A fim de apoiar de forma ativa o consumo e a produção sustentáveis, a União Europeia criou um

grupo de trabalho para o desenvolvimento de uma estratégia de estímulo às entidades públicas, na

adoção de políticas de compras ecológicas (Agência Portuguesa do Ambiente 2012).

A ferramenta criada, de caráter voluntário, está não só a contribuir para um consumo e produção

mais sustentáveis no seio dos maiores consumidores europeus, como também a influenciar os

mercados, no respeitante à aquisição de tecnologias mais limpas por parte das indústrias (European

Comission 2012).

A Estratégia Nacional para as compras públicas ecológicas (CPE) é acompanhada e monitorizada

pela Agência Nacional de Compras Públicas (ANCP) em articulação com a Agência Portuguesa do

Ambiente (APA).

Este instrumento voluntário orienta o Estado para a aquisição de bens e serviços com reduzido

impacte ambiental ao longo do ciclo de vida, face ao de outros com as mesmas funções, que seriam

adquiridos se não existisse esta definição de prioridades (European Comission 2012).

Na página da internet sobre os CPE da União Europeia podem ser encontrados critérios e relatórios

técnicos de referência, em vários idiomas, que abrangem diversas famílias de produtos e serviços

frequentemente adquiridos pelos organismos públicos. Os isolamentos térmicos e os revestimentos

de pavimento duros estão entre estas famílias. Os critérios apresentados para os revestimentos de

pavimento duros são baseados no rótulo ecológico europeu, pois este expõe os principais impactes

ambientais causados pelos produtos ao longo do seu ciclo de vida.

2.4.2 Declarações ambientais

Inicialmente, os sistemas de gestão centravam-se na garantia da qualidade dos produtos e serviços,

mas, ao longo das duas últimas décadas, foram evoluindo velozmente para outras áreas. Hoje, estão

presentes em todas as vertentes da sustentabilidade: económica, social e ambiental (Leitão 2011).

Atualmente, os sistemas de informação ambiental de produtos estão muito desenvolvidos, sendo

particularmente relevante o trabalho realizado pela Organização Internacional de Normalização,

(International Standard Organization – ISO). Em 1993, a ISO formou a Comissão Técnica 207,

(ISO/TC 207), responsável pelo conjunto de normas ISO 14000, e pela documentação de orientação

que lhes está associada.

Relativamente aos produtos de construção, a referida comissão desenvolveu as estruturas dos

sistemas de certificação ambiental. Nestes, destacam-se as declarações ambientais, classificadas

com várias tipologias, os tipos I, II e III. (International Organization for Standardization n.d.).

Os programas de certificação de produtos de construção têm-se tornado um instrumento muito

procurado com o objetivo de preencher as necessidades de comunicação eficaz à volta do consumo

sustentável. Esta comunicação relaciona o direito não só do consumidor em conhecer as

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caraterísticas dos produtos, mas também do produtor ter a possibilidade de transmitir o seu esforço

em direção a uma produção mais sustentável (Bratt et al. 2011).

Na Norma NP EN ISO 14020:2005 (Rótulos e declarações ambientais. Princípios gerais)

estabelecem-se os princípios orientadores para o desenvolvimento e utilização de rótulos e

declarações ambientais. Contudo, não tem a finalidade de ser utilizada como especificação para

efeitos de certificação ou registo. (Instituto Português da Qualidade n.d.). Segundo a norma, o

desempenho ambiental de um produto de construção pode ser avaliado através de declarações

ambientais de três tipos, que seguidamente se descrevem (Allione et al. 2011).

Declarações Ambientais do Tipo I

As declarações ambientais do tipo I centram-se na identificação do melhor produto dentro de uma

categoria de produto, com base num conjunto de critérios ambientais relativos ao ciclo de vida do

mesmo, não sendo necessariamente uma análise de ciclo de vida (ACV).

Segundo a Norma NP EN ISO 14024:2006 (Rótulos e declarações ambientais. Rotulagem ambiental

Tipo I. Princípios e procedimentos), este tipo de declarações não são uma certificação obrigatória.

Esta é atribuída após verificação por parte de uma entidade externa independente que concede uma

licença, autorizando a utilização do rótulo ambiental nos produtos com determinados padrões de

desempenho ambiental.

Este tipo de declaração, também conhecido como Rótulo Ecológico (RE) baseia-se em critérios

maioritariamente qualitativos, que são desenvolvidos tendo em conta o estudo de ACV dos produtos.

Um especto importante deste tipo de declaração ambiental é o da informação, relativa ao

desempenho ambiental dos produtos, ser apresentada resumidamente, permitindo que os

consumidores possam tomar decisões rápidas. Por esta razão, e por a informação prestada ser

fiável, este tipo de certificação ambiental tem uma procura crescente. Ajuda não só os consumidores,

mas também os produtores, que são orientados nas opções por uma produção mais sustentável.

Enquadrada na PIP, a rotulagem ecológica é um instrumento que pretende estimular a oferta e a

procura de produtos com impacte ambiental reduzido, contribuindo para o desenvolvimento

sustentável. O fabricante, ou vendedor, tem a possibilidade de comunicar o bom desempenho

ambiental dos seus produtos; o comprador, informado sobre o existente no mercado, pode escolher

os materiais menos agressivos para o ambiente (Agência Portuguesa do Ambiente 2012).

Na dinâmica de PIP salienta-se o Rótulo Ecológico da União Europeia (ReUe), que promove os

produtos com impacte ambiental reduzido durante o seu ciclo de vida e orienta os consumidores em

relação a estes produtos, fornecendo-lhes informações simples, precisas e cientificamente

estabelecidas sobre as caraterísticas ambientais dos produtos (Agência Portuguesa do Ambiente

2012).

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18

Em Portugal, compete à Direção Geral das Atividades Económicas (DGAE) a atribuição do ReUe

(Silvestre et al. 2010). Os materiais de construção que podem obter ReUe incluem apenas as tintas e

vernizes para o interior e exterior, os revestimentos de pavimento (de pedras naturais lajes de betão,

mosaicos, ladrilhos de cerâmica, tijolos, têxteis e de madeira) e os revestimentos cerâmicos de

parede.

Consultando a página da internet relativa ao ReUe constata-se apenas existirem no mercado

português produtos pertencentes aos grupos das tintas, vernizes e revestimentos de pavimento, na

sua maior parte, não fabricados no país. As tecnologias de fabrico utilizadas em Portugal, e o

elevado grau de exigência dos critérios aplicados ao desempenho ambiental dos produtos, são

alguns dos possíveis motivos para tal facto (Silvestre et al. 2010).

A história dos programas voluntários de certificação, com mais de três décadas, começou com o RE

alemão Blue Angel, na década de 70. Passados alguns anos, iniciou-se a proliferação de sistemas

de RE, existindo atualmente um número considerável deste tipo de programas, nacionais, europeus

e mundiais (Bratt et al. 2011).

A multiplicação dos programas fez surgir a necessidade de os harmonizar, tendo sido criado um

sistema de administração dos RE a nível global, o Global Eco-labelling Network (GEN). O GEN é

uma associação sem fins lucrativos, fundada em 1994, que melhora, promove e desenvolve a

rotulagem ecológica de produtos e serviços, assim como a sua credibilidade em todo o mundo (GEN

2012).

O projeto europeu Green-It - Green Initiative for energy efficient eco-products in the construction

industry, com a participação do Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação (INETI,

atualmente, Laboratório Nacional de Energia e Geologia), realizado entre 2006 e 2008, teve como

principais objetivos: o aumento e desenvolvimento de esquemas de rotulagem energética e

ambiental de materiais de construção e de edifícios; o incentivo à produção e à utilização de produtos

energeticamente mais eficientes, a preços competitivos.

Do projeto, resultou a proposta de um sistema de rotulagem, energética e ambiental, de produtos de

construção. Em Portugal, estudou-se o tijolo cerâmico para alvenaria, tendo-se realizado a ACV da

fase produtiva deste material em várias fábricas nacionais (Silvestre et al. 2010).

A nível nacional, têm-se realizado estudos de investigação para indústrias e para produtos

específicos, como materiais cerâmicos e betão com agregados reciclados. Além do LiderA, vários

outros trabalhos relativos à classificação do desempenho de materiais de construção, no âmbito de

sistemas de avaliação ambiental de edifícios, têm sido levados a cabo (Silvestre et al. 2010).

O nível de consciência e, portanto, o potencial impacto dos RE no mercado, varia consoante os

países. É geralmente considerado que os Países Nórdicos, a Alemanha e o Japão estão na origem

dos primeiros RE, apresentando ainda um avanço considerável quando comparados a outros países

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desenvolvidos. Contudo, nota-se um crescente interesse pela sustentabilidade ambiental em toda a

Europa (Houe & Grabot, 2009).

Declarações Ambientais do Tipo II – Auto Declaração

As declarações ambientais do tipo II (NP EN ISO 14021:2008 - Rótulos e declarações ambientais.

Auto declarações ambientais) são declarações do próprio fabricante, do importador ou do

distribuidor, a dar informação sobre os aspetos ambientais dos seus produtos ou serviços, numa fase

específica do ciclo de vida.

Este tipo de declarações ambientais não é submetido a avaliação por parte de um organismo externo

independente, podendo ter a forma de explicação, sucinta ou detalhada, ou limitar-se a símbolos e

gráficos nas embalagens dos produtos. Alguns exemplos, por mera intenção publicitária, são as auto

declarações “degradável” ou “reciclável” (Frazão 2011).

A elevada flexibilidade que apresenta para a indústria é uma vantagem associada a este tipo de

declaração. No entanto, a falta de credibilidade que transmite é um forte inconveniente, na medida

em que qualquer produtor, importador ou distribuidor pode beneficiar da auto declaração, mesmo que

o produto ou serviço não apresente as caraterísticas ambientais declaradas. O facto do declarante

ser responsável pelas afirmações feitas, e obrigado a fornecer os dados necessários à sua

verificação, não atenua grandemente este aspeto negativo (Frazão 2011).

Este tipo de rotulagem é frequentemente utilizado em produtos de consumo, e por isso alvo de

avaliações efetuadas por associações de consumidores. É comum encontrarem-se auto declarações

vagas e imprecisas, que, muitas vezes, são enganosas ou não significam coisa alguma (Frazão

2011). Contudo, a norma estabelece condições de utilização, que não permitem o uso de

declarações vagas ou imprecisas.

Declarações Ambientais do Tipo III

Segundo a Norma NP EN ISO 14025:2009 (Rótulos e declarações ambientais. Declarações

ambientais tipo III. Princípios e procedimentos), este tipo de declarações, também chamadas

Declarações Ambientais de Produto e maioritariamente conhecidas por Environmental Product

Declaration, (EPD), providenciam um perfil ambiental quantificado do desempenho do produto ao

longo do ciclo de vida, permitindo comparar produtos que desempenhem a mesma função. Não se

trata de uma certificação obrigatória e a sua veracidade é verificada por uma entidade independente,

interna ou externa.

São declarações baseadas em estudos de ACV, realizados com base nas normas NP EN ISO

14040:2008 (Gestão ambiental. Avaliação do ciclo de vida. Princípios e enquadramento) e NP EN

ISO 14044:2010 (Gestão ambiental. Avaliação do ciclo de vida. Requisitos e linhas de orientação).

Obrigatoriamente, uma EPD deve incluir acerca do produto: o conteúdo de material reciclado e/ou a

taxa de reciclabilidade; tempo de vida útil e condições de utilização; operações de transporte entre as

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ESTADO DA ARTE

20

diversas fases do ciclo de vida; construção; uso e operação; manutenção e substituição; definição do

fim de vida e conteúdo energético que pode ser recuperado (Silvestre et al. 2010).

Uma EPD não contém informação sobre valores limite ou critérios de avaliação a serem atingidos.

Baseia-se em Regras para Categorias de Produtos, mais conhecidas pelo termo em inglês, Product

Category Rules (PCR), que são um conjunto de regras específicas, requisitos e diretrizes para o

desenvolvimento das declarações de famílias de produtos.

A elaboração de PCR, ao harmonizar a informação obtida e a metodologia de ACV utilizada, permite

a comparação de resultados entre produtos com funções ou aplicações semelhantes, assim como a

obtenção de resultados verificáveis e consistentes (Silvestre et al. 2010).

A Comissão Europeia deu destaque à metodologia de ACV, considerando-a uma importante

ferramenta de suporte à PIP, e definiu uma EPD como um meio de apresentar informação

quantitativa relativa ao ciclo de vida de um produto de um modo normalizado (Silvestre et al. 2010).

As EPDs apresentam desvantagens quanto à transparência dos resultados, dado serem declarações

feitas maioritariamente para comunicação entre empresas (business-to-business) e, portanto, de

difícil interpretação por parte do público em geral. Apesar disso, tem-se notado um crescente esforço

na construção de bases de dados de EPD e na sua divulgação ao público (Silvestre et al. 2010).

A nível internacional existe um sistema que apoia o desenvolvimento e disseminação de EPDs, o

International EPD System. O sistema suporta programas nacionais de EPD, dando ainda acesso a

informação atualizada sobre PCR, já concluídas ou em desenvolvimento, para os vários tipos de

produtos e de EPDs, registadas e certificadas. Sem fins lucrativos, a organização internacional

responsável pelo sistema é financiada pelo Conselho Sueco para a Gestão Ambiental (The

International EPD System 2012).

Em Portugal, apesar do desenvolvimento das atividade relativas à elaboração de EPDs ainda ser

reduzido, existem alguns projetos já concluídos (Silvestre et al. 2010):

a. Projeto europeu “STEPWISE EPD”. Consistiu na estruturação de um método de elaboração

de declarações ambientais de produtos de forma faseada, para pequenas e médias

empresas. Resultou no desenvolvimento, pelo Centro para o Desenvolvimento Empresarial

Sustentável, CENDES, do INETI, de uma EPD para o betão produzido pela empresa

“Concretope – Fábrica de Betão – Pronto S.A.”.

b. Programa de desenvolvimento de EPD e PCR no sector industrial da cerâmica, pelo Centro

Tecnológico da Cerâmica e do Vidro, em colaboração com a Associação Portuguesa da

Indústria da Cerâmica. O projeto começou por elaborar um modelo de EPD e PCR, para

cada subsector da indústria, acabando por produzir uma ACV do “berço ao portão” (cradle-to-

gate).

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21

Uma diferença importante entre Declarações Ambientais de Produto e os Rótulos Ecológicos

consiste no facto de todos os produtos poderem ter uma EPD, enquanto um RE se destina apenas

aos produtos cujo desempenho está de acordo com requisitos mínimos predefinidos (Silvestre et al.

2010). Interessa, ainda, referir que uma EPD não garante um determinado nível de desempenho

ambiental, limitando-se a disponibilizar um conjunto de informação suficiente para o inferir, mas

apenas por um especialista na área (Torgal 2012).

No Anexo A, Tabela 63 apresenta-se um quadro da evolução cronológica dos vários tipos de

certificação do tipo II e III, sendo mostrados outros tipos de sistemas de certificação, como sendo os

do domínio dos edifícios, gestão de florestas e qualidade do ar interior (ECOLABELINDEX 2012),

(Silvestre et al. 2010).

2.5 Sistema de certificação de edifícios

No início do desenvolvimento das metodologias de avaliação do desempenho ambiental dos

edifícios, uma grande parte dos métodos baseava-se num único critério. A partir dele, que poderia

ser o consumo de energia, o conforto interior ou a qualidade do ar interior, indicava-se o

desempenho geral do edifício (Ding 2008).

Progressivamente, a fim de tentar responder às crescentes preocupações com o ambiente,

começaram a ser desenvolvidos outros métodos, sustentados numa ampla gama de critérios

ambientais.

Como os produtos de construção são elementos integrantes de um edifício, alguns princípios das

metodologias dos sistemas de certificação de edifícios são importantes para a área dos produtos de

construção. Em consequência, e visto que o estudo se insere no âmbito do Sistema LiderA, torna-se

necessária uma breve descrição do sistema, para que seguidamente possa ser explicada a aplicação

de alguns dos seus princípios.

2.5.1 Sistema LiderA

O Sistema LiderA foi desenvolvido por Manuel Duarte Pinheiro, Engenheiro do Ambiente e docente

do Instituto Superior Técnico, como fruto de diversos trabalhos de investigação sobre construção

sustentável e ambientes construídos. A primeira versão do Sistema LiderA foi publicada em 2005,

estando atualmente já disponível a versão 2.0. As primeiras certificações realizaram-se em 2007

(LiderA 2012).

Especificamente numa perspetiva de procura da sustentabilidade, o Sistema LiderA destina-se a:

apoiar o desenvolvimento de planos e projetos, avaliando e posicionando o seu desempenho nas

fases de conceção, de obra e de operação; suportar a gestão de projetos nas fases de construção e

de operação; atribuir a certificação, por marca registada, após verificação por uma entidade

independente; servir como instrumento de mercado, distintivo para os empreendimentos e para os

clientes.

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ESTADO DA ARTE

22

Através de um sistema de avaliação voluntária do desempenho ambiental dos edifícios, o LiderA

promove a construção sustentável, apoiando a procura, a avaliação e certificação da sustentabilidade

dos ambientes construído (Pinheiro 2011a). O conjunto de orientações adotado pelo sistema

contribui para selecionar as soluções que melhoram de forma significativa o desempenho existente.

No entanto, estas orientações pretendem ajudar a selecionar, não a melhor solução existente para

um critério em particular, mas a solução que melhore de forma significativa, o desempenho existente

na perspetiva dos três pilares da sustentabilidade: ambiente, sociedade e economia (Pinheiro

2011a).

Os edifícios são avaliados com base num conjunto de critérios que dispõem de diferentes níveis de

desempenho ou limiares (

Figura 2). Os limiares variam entre A+++ e G, sendo o nível E considerado o de referência, o da

prática usual. O nível de desempenho A+++ corresponde ao nível regenerativo e o nível G

corresponde à prática com menor eficiência.

Figura 2 - Níveis de desempenho global do Sistema LiderA V2.0

A elaboração de um catálogo de produtos de construção, englobando várias famílias de produtos, é

um dos recentes desenvolvimentos na metodologia dos Sistema LiderA. No catálogo, resultante da

realização de vários estudos, a cada produto está atribuída a sua classe de desempenho de

sustentabilidade. Uma ferramenta, a Omniclass, que permite a gestão da informação no sector da

construção, facilita a pesquisa.

2.6 Omniclass

Na indústria da construção, o desenvolvimento e a implementação de taxonomias tem vindo a

melhorar a organização do conhecimento. Na sua gestão, o contributo das tecnologias de

informação, desenvolvidas para diversos sectores de atividade, tem sido muito importante, podendo-

se considerá-las responsáveis pela atual relevância dada ao tema (Costa 2010).

O desenvolvimento e o aperfeiçoamento de vários standards, para uma gestão eficiente da

informação e do conhecimento tem vindo a convergir para um novo paradigma, o BIM (Building

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ESTADO DA ARTE

23

Information Modelling). Entre os standards existentes, estão o Uniclass, o Omniclass, o Uniformat e o

Masterformat (Costa 2010).

O standard Omniclass surgiu em 2006 e o principal responsável pelo seu desenvolvimento é o CSI

(Construction Specification Institute). Este standard, que pretende integrar toda a informação do

sector da construção, e as várias fases do ciclo de vida dos projetos, orienta a sua estrutura para o

BIM (Costa 2010).

O standard apresenta quinze tabelas, que dividem o ambiente de construção em tipos distintos de

informação. A tabela 23, relativa aos produtos de construção, abrange quase 7 000 produtos usados

na construção e operação dos edifícios (Brodt 2011).

Na página da internet do Sistema LiderA, o catálogo possibilita a pesquisa por áreas, que descrevem

a principal função do produto. Aos isolamentos térmicos e aos revestimentos de pavimento estão

atribuídos, respetivamente, os códigos (LiderA 2011):

- Estrutura e envolvente exterior (23-13) Isolamentos e impermeabilizações (23-13 25);

- Revestimentos e divisórias interiores (23-15) Revestimentos para pavimento (23-15 17).

Nesta área, o desafio está na estruturação e definição de um conjunto integrado de classes de

informação, relacionadas entre si e capazes de cobrir um espectro alargado de informação (Costa

2010).

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25

3 Produtos Sustentáveis: Isolamentos Térmicos e Revestimentos

de Pavimento

As categorias de isolamentos térmicos e revestimentos de pavimento existentes, o estudo de

mercado efetuado e os impactes ambientais associados ao ciclo de vida dos produtos são

apresentados neste capítulo.

3.1 Categorias de produtos

Tendo em conta que cada produto pode ser constituído por diversos tipos de material, e devido à

diversidade existente, torna-se necessária a divisão dos produtos por categorias, de forma a agrupar

aqueles que apresentam características semelhantes.

A apresentação dos critérios dos sistemas de RE considera a divisão por categorias de materiais.

Contudo, de entre os sistemas de rotulagem estudados, não há uma divisão linear entre eles. Por

esta razão a divisão do tipo de material por categorias de produto dentro da família dos isolamentos

térmicos vai considerar a divisão proposta pelas Compras Públicas Ecológicas (CPE):

a. Fibras minerais inorgânicas: lã de rocha, lã de vidro e lã de escória,

b. Derivados de combustíveis fósseis: PUR, PIR, espumas fenólicas, EPS e XPS,

c. Derivados orgânicos de plantas ou animais: celulose, cortiça, fibra de madeira, lã de ovelha,

algodão e fibras de cânhamo,

d. Outros: espuma de vidro (vidro celular), vidro areado, aglomerados de argila expandida,

vermiculite, produtos de folha, entre outros.

Por sua vez, as CPE apresentam informação apenas para uma categoria de revestimentos de

pavimento e, portanto, a divisão dos materiais por categoria de produtos vai considerar o ReUe e o

RE alemão (The Blue Angel), respetivamente para as primeiras quatro categorias e para a última

categoria:

a. Revestimentos à base de materiais derivados de madeira ou de origem vegetal: madeira

maciça (por exemplo carvalho), bambu, cortiça e laminados.

b. Revestimentos duros naturais: compreende as pedras naturais que são peças de material

rochoso natural, incluindo mármore, granito e outras pedras naturais.

c. Revestimentos duros transformados: podem ser divididos em produtos cimentados como os

mosaicos, e produtos cozidos como os ladrilhos de cerâmica.

d. Revestimentos têxteis.

e. Resilientes, que abrange produtos constituídos por borracha natural e sintética, plástico e

cortiça, estando a cortiça já atribuída às categorias dos revestimentos de pavimento de

madeira.

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PRODUTOS SUSTENTENTÁVEIS

26

Das categorias mencionadas, apenas algumas foram estudadas. As categorias escolhidas estão

indicadas na seção 4.1.3.

3.2 Estudo de mercado

De forma a identificar as categorias de produto que se destacam no mercado português foi realizado

um estudo de mercado.

O estudo de mercado envolveu diversos estabelecimentos da zona de Lisboa e arredores, assim

como produtores/revendedores de diversas marcas com catálogos disponibilizados nas respetivas

páginas da internet.

A visita realizada a estabelecimentos como AKI®1

, Leroy Merlin®2

e Majordir®3

revelaram-se de pouco

contributo na medida em que, para os isolamentos térmicos, há uma variedade muito reduzida de

produtos. Contudo, para os revestimentos de pavimento estes estabelecimentos de comercialização

apresentam imensos produtos de revestimentos de pavimento, mais especificamente para os

laminados, têxteis e duros transformados em geral (Tabela 84 e Tabela 85 do anexo H).

Assim, devido à escassa variedade de isolamentos térmicos no mercado, outros revendedores de

produtos de construção como SIPER®, Imperalum

®, Sotecnisol

® e ISOLAR

® contribuíram em grande

escala para os resultados obtidos para esta família de produtos (Orçamentos e Orçamentação na

Construção Civil 2012).

Em traços gerais, os produtos mais comercializados em termos de isolamento térmico são os à base

de lã de rocha, lã de vidro, XPS e aglomerado de cortiça expandida. Ainda, dentro de cada tipo de

material, é notória a comercialização das mesmas marcas nos diferentes estabelecimentos e

revendedores pesquisados online: Termolan®/Rocterm

® e Rockwool

® para a lã de rocha, Isover

® para

a lã de vidro, Dow® para o XPS e Isocor® para o aglomerado de cortiça expandida.

Os revestimentos de pavimento comercializados são maioritariamente importados, quando

considerados os laminados e têxteis. Por sua vez, os revestimentos de pavimento duros

transformados, na grande maioria são produtos nacionais, estando associadas marcas como a

Gresco®

e Revigrés®.

3.3 Impactes ambientais no ciclo de vida

Ao longo do ciclo de vida dos produtos em estudo existem diversos impactes ambientais relevantes

que é necessário identificar, para que a metodologia a desenvolver assente em critérios específicos

que permitam não só identificar as oportunidades de melhoria, como também incentivar o

desenvolvimento de medidas para a diminuição das fragilidades encontradas.

1 AKI

® - Av. de Berlim, Lisboa (Última visita: Setembro de 2012)

2 Leroy Merlin

® - Avenida José Garcês, Amadora (Última visita: Maio de 2012)

3 Majordir

® - Av. das Forças Armadas - Bº Miratejo, Catujal, Loures (Última visita: Outubro de 2012)

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PRODUTOS SUSTENTENTÁVEIS

27

A identificação dos impactes ambientais é realizada para as duas famílias de produtos em

simultâneo. Esta identificação é realizada com base nos diversos aspetos ambientais, ou seja

elementos das atividades e produtos que interagem com o ambiente (Figura 3) que, ao longo do ciclo

de vida dos produtos, provocam alterações adversas no mesmo (impacte ambiental negativo)

(Comissão Europeia 2010b), (Comissão Europeia 2010a).

Figura 3 – Aspetos e impactes ambientais ao longo do ciclo de vida dos produtos

Em primeiro lugar, é de realçar o impacte produzido em termos de consumo de combustíveis fósseis

e da emissão de GEE para a atmosfera, provenientes do transporte associado às fases do ciclo de

vida.

Ao consumo de energia está associado não só o consumo de recursos, que é na grande maioria dos

casos, não renováveis, como também emissões de GEE.

A produção de resíduos, tanto na fase de extração de matérias-primas e na produção, como na

produção e eliminação das embalagens e eliminação dos produtos, acaba por constituir impactes

ambientais consideráveis em termos da sua eliminação, através da contaminação do ar

(incineração), água e do solo (deposição em aterros) determinada pelo fim de vida atribuído.

O consumo de água nas fases identificadas associa-se à produção de águas residuais que, ou têm

de ser tratadas, ou são simplesmente devolvidas ao ambiente nas condições em que se encontram,

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PRODUTOS SUSTENTENTÁVEIS

28

provocando alterações nos ecossistemas. Para além disto, deve ser considerado o consumo de água

potável para as diversas atividades na medida em que a água é um bem essencial à vida, cada vez

mais escasso.

Na fase de utilização dos produtos, a emissão de substâncias perigosas é mais relevante para os

revestimentos de pavimento, uma vez que estão em contacto direto com o ar interior da habitação,

prejudicando não só o ambiente, como também apresenta, obviamente, efeitos prejudiciais para a

saúde humana.

Quanto ao final de vida a atribuir aos produtos, os impactes ambientais vão depender da opção

escolhida, sendo semelhantes aos indicados para a eliminação dos resíduos.

A apresentação, em traços gerais, dos impactes ambientais associados ao ciclo de vida dos

isolamentos térmicos e revestimentos de pavimento contribuiu para a identificação dos critérios

considerados importantes para a avaliação dos produtos de mercado.

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29

4 Proposta metodológica

Neste capítulo são abordados os conteúdos relevantes da investigação, como os sistemas de

certificação que estão na base da construção da metodologia proposta, assim como as fronteiras do

sistema consideradas e a unidade funcional de cada família de produtos.

Os critérios nos quais a metodologia é baseada são descritos individualmente.

4.1 Conteúdos relevantes da investigação realizada

A proposta metodológica desenvolvida diz respeito a um conjunto de critérios que abrangem aspetos

importantes a considerar quando é efetuada uma avaliação do desempenho de sustentabilidade de

um produto.

Cada critério é caraterizado por uma escala de desempenho que varia entre A++ (desempenho

ambiental mais elevado) e G, construída com base na metodologia do Sistema LiderA.

Para além disto, cada uma das escalas foi construída com base em informação disponibilizada em

sistemas de classificação de produtos de construção, mais especificamente RE, EPDs e CPE.

4.1.1 Sistema LiderA

O LiderA é um sistema voluntário que avalia a sustentabilidade de ambientes construídos, atribuindo

uma certificação pela marca portuguesa LiderA - Sistema de Avaliação da Sustentabilidade.

Após um processo de verificação independente pelo LiderA, a certificação e o reconhecimento são

válidos para os casos onde se comprovar o desempenho na procura da sustentabilidade respetivo à

classe C ou superior (Figura 4) (Pinheiro 2010).

Figura 4 - LiderA: determinação dos níveis de desempenho

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PROPOSTA METODOLÓGICA

30

De acordo com a Figura 4, os ambientes construídos são avaliados segundo níveis de desempenho

ou limiares que variam entre A+++ e G, sendo que o nível E é considerado o nível de referência ou

prática usual.

Através da prática usual caraterizam-se os restantes níveis de desempenho de forma decrescente,

com a percentagem respetiva superior à prática usual: A+++ corresponde ao Nível Regenerativo,

superior em 90%; A++ com desempenho cerca de 90% superior (fator de melhoria 10); A+ cerca de

75% superior (fator melhoria 4), A cerca de 50% superior (Fator melhoria 2), B cerca de 37,5%

superior, C cerca de 25% superior e, por fim, nível de desempenho D superior em 12,5% à prática

usual. O LiderA adota um conjunto de orientações que contribuem para selecionar as soluções que

melhoram de forma significativa o desempenho existente, traduzindo-se em seis vertentes que

englobam áreas específicas de intervenção (Figura 5).

Figura 5 - Sistema LiderA: Vertentes e Áreas

De forma a orientar e avaliar o desempenho, e o seu nível de procura de sustentabilidade, para cada

uma das vinte e duas áreas acima apresentadas existem critérios, que operacionalizam os vários

aspetos a considerar. A metodologia do LiderA compreende quarenta e três critérios.

Alguns critérios do Sistema LiderA, inseridos na vertente dos recursos e na área dos materiais de

construção, têm interesse para este trabalho. Especificamente interessam os relativos à durabilidade

(C12), aos materiais locais (C13) e aos materiais de baixo impacte (C14). Além destes, alguns outros

critérios foram considerados, sendo referidos na Tabela 4.

Tabela 4 - Critérios do Sistema LiderA com relevância para o estudo

Vertente Área Critério

Recursos

Energia Eficiência nos consumos e certificação energética (C7)

Água Consumo de água potável (C10)

Materiais

Durabilidade (C12)

Materiais locais (C13)

Materiais de baixo impacte (C14)

Cargas Ambientais Resíduos

Produção de resíduos (C19)

Gestão de resíduos perigosos (C20)

Valorização de resíduos (C21)

Conforto Ambiental Qualidade do Ar Níveis de qualidade do ar (C24)

Conforto térmico Conforto térmico (C25)

Vivência Sócio-Económica

Custos no ciclo de Vida

Baixos custos no ciclo de vida (C40)

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PROPOSTA METODOLÓGICA

31

O critério C24 (Níveis de qualidade do ar) foi apenas considerado para os revestimentos de

pavimento e o critério C25 (Conforto térmico) para os isolamentos térmicos.

4.1.2 Declarações ambientais do tipo I

Para possibilitar o estudo, e evitar que ele se torne excessivamente exaustivo pela necessidade de

contemplar todos os sistemas de rotulagem ecológica existentes, interessa considerar aqueles que

apresentam um abrangente conjunto de critérios. A Tabela 5 indica aqueles que, nesta perspetiva,

são mais relevantes, indicando as famílias de produtos que abrangem.

Tabela 5 - Sistemas de rotulagem ecológica utilizados

Nome Família de Produtos (categorias e/ou materiais)

Der Blau Engel (Alemanha)

Isolamentos Térmicos: ETICS (isolamentos pelo exterior) e isolamento pelo interior (não especifica materiais, abrangendo os produtos como um todo para a apresentação dos critérios) Revestimentos de Pavimentos: derivados de madeira ou de origem vegetal (madeira, cortiça, laminados, têxteis e resilientes (borracha natural e sintética, plástico e cortiça)

Ecologo (Canadá)

Isolamentos Térmicos: Celulose, fibra de vidro, lã mineral, poliestireno expandido (EPS), poliestireno extrudido (XPS) e poliisocianurato (PIR) Revestimentos de Pavimentos: Madeira: bambu e outros substitutos da madeira, têxteis e resilientes (cortiça)

The Nordic Ecolabel: The Swan

(Países Nórdicos)

Revestimentos de Pavimentos: Madeira, bambu, laminados, parquet, têxteis e linóleo (sem diferenciação de categorias)

European Ecolabel (União Europeia)

Revestimentos de Pavimentos: derivados de madeira ou de origem vegetal (madeira, bambu, cortiça, laminados), têxteis e duros (naturais e transformados)

Good Environmental

Choice Australia (Austrália)

Isolamentos Térmicos: Sem categorias e subcategorias de produtos específicas, abrangendo os produtos como um todo aquando da apresentação dos critérios Revestimentos de Pavimentos: Madeira, bambu, cortiça, laminados, parquet, linóleo, borracha e vinil

Environmental Choice New

Zealand (Nova Zelândia)

Isolamentos Térmicos: Lã mineral, lã de vidro, celulose, poliestireno expandido (EPS), poliestireno extrudido (XPS), poliisocianurato e poliuretano (PUR) Revestimentos de Pavimentos: Laminados e resilientes

Face à necessidade de os clarificar, os critérios por eles abrangidos são indicados na Tabela 64 e

Tabela 65 do anexo B, com os respetivos critérios que a cada metodologia abrange, para as duas

famílias de produtos em estudo.

É de salientar que os sistemas de rotulagem ecológica são ferramentas de carácter

predominantemente qualitativo que oferecem informação geral ou especifica relativa aos produtos e

os seus processos de produção. Podem ainda sugerir ‘melhores práticas’ que podem ser seguidas

na conceção dos produtos, de forma a minimizar os seus impactes ambientais ao longo do ciclo de

vida ou numa fase específica deste, nomeadamente fase de fim de vida (Allione et al. 2011).

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PROPOSTA METODOLÓGICA

32

4.1.3 Declarações do Tipo III

As declarações ambientais do tipo III (EPD) são os sistemas de classificação que apresentam

informação quantitativa mais completa, por estarem assentes na metodologia de análise do ciclo

vida, que é um processo pelo qual os fluxos de materiais e energia de um sistema são quantificados

e avaliados.

Fornecendo informação quantitativa sobre um produto nas diferentes fases do ciclo de vida, uma

EPD constitui, como já foi referido, uma importante fonte de conhecimento a seu respeito. Uma fonte

de informação que permitiu o desenvolvimento do presente trabalho foram as EPDs relativas a

produtos de isolamento térmico e revestimentos de pavimento. A Tabela 6 apresenta os sistemas de

EPD que contemplam estes materiais de construção.

Tabela 6 - Sistemas de declaração ambiental do tipo III (EPD)

Nome Fronteira do

sistema Família de Produtos

(categorias e/ou materiais)

RT Environmental Declaration (Finlândia)

Cradle-to-gate

Isolamentos Térmicos: Fibras de madeira e celulose, Revestimentos de Pavimentos: cerâmicos

IBU: Institut Bauen und Umwelt e.V.

(Alemanha)

Cradle-to-gate e

Cradle to Grave

Isolamentos Térmicos: lá mineral, poliuretano (PUR), fibra de madeira e vidro reciclado (areia, dolomite, calcário) Revestimentos de Pavimentos: madeira, laminados, resilientes, têxteis

BRE Global Certified Environmental

Profile (Inglaterra)

Cradle-to-grave

Isolamentos Térmicos: Lã de vidro, lã de rocha, lã de ovelha, EPS, XPS, cortiça Revestimentos de Pavimentos:Mosaicos cerâmicos, aglomerados de pedra, laminados e madeira

The Norwegian EPD Foundation (Noruega)

Cradle-to-grave

Isolamentos Térmicos: Lã de vidro e lã de rocha

Sistema EPDc®

(Espanha) Cradle-to-

grave

Isolamentos Térmicos: Lã mineral, lã de rocha e lã de vidro Revestimentos de Pavimentos: Cerâmicos e porcelânicos

Green Standard (EUA)

Cradle-to-grave

Revestimentos de Pavimentos: Vidro reciclado e têxteis

Os critérios abrangidos por cada sistema de EPD são indicados no anexo C (Tabela 66 e Tabela 67).

De entre as categorias de produto já identificadas para cada família em estudo, algumas foram

excluídas tendo em conta o número de EPDs existente. Esta exclusão deveu-se ao facto das EPDs

serem a fonte de informação quantitativa utilizada e, portanto, considerou-se sem sentido estudar

categorias de produto para as quais não havia informação disponível.

Desta forma, foi importante relacionar o número de EPDs desenvolvidas internacionalmente, para

que juntamente com os resultados obtidos do estudo de mercado realizado, pudessem ser

escolhidas as categorias de produto a considerar no estudo (Figura 6 e Figura 7). Os produtos

comercializados no mercado nacional estão assinalados com um traço preto nos gráficos seguintes.

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PROPOSTA METODOLÓGICA

33

Figura 6 – Número de EPDs por categoria de produtos de Isolamento térmico

Todas as categorias de isolamentos térmicos foram consideradas no estudo com exceção da

categoria “Outros”. Isto porque considerou-se não viável a construção de uma metodologia para uma

categoria de produtos com um número tão reduzido de EPDs, onde a sua distribuição corresponde a

uma EPD por tipo de material, que nem é sequer comercializado em Portugal. Para além de que os

produtos desta categoria foram agrupados por não apresentarem características típicas das

restantes, resultando numa categoria constituída por produtos distintos.

Figura 7 – Número de EPDs por categoria de revestimentos de Pavimento

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PROPOSTA METODOLÓGICA

34

Todas as categorias de revestimentos de pavimento foram consideradas no estudo, com exceção

das categorias “Pedras naturais” e “Resilientes”. Esta exclusão deveu-se ao facto de, para a primeira

categoria, não existirem quaisquer EPDs para o estudo ser baseado.

Quanto aos revestimentos resilientes, considerou-se não ser viável o desenvolvimento da

metodologia com base num número tão reduzido de EPDs só para um tipo de material (borracha),

sabendo que no mercado são os materiais vinílicos que sobressaem. Para além disto, e apesar de

numa mesma categoria, os seus revestimentos apresentam características muito distintas.

Na categoria dos revestimentos de madeira, apenas existem EPDs para os laminados. Por esta

razão, esta categoria foi estudada excluindo os produtos à base de madeira maciça, bambu e cortiça.

4.1.4 Fronteiras do sistema e unidade funcional consideradas

Em todos os estudos de ACV são definidas as fronteiras do sistema e a unidade funcional, de forma

a quantificar todos os fluxos (energia e materiais) relativos aos processos que constituem cada fase

do ciclo de vida.

Sendo baseadas em estudos de ACV, as EPDs apresentam informação relativa a determinadas

fases do ciclo de vida do produto, que constituem a fronteira do sistema considerada, podendo variar

de declaração para declaração:

a. Produção: a avaliação dos produtos diz apenas respeito à fase de produção, que

corresponde a um conjunto de etapas que ocorrem dentro da fábrica e que se destinam

somente à produção do produto.

b. Cradle-to-gate: compreende as fases desde a extração das matérias-primas até ao

embalamento do produto dentro da fábrica, incluindo o transporte das matérias-primas até à

fábrica e o processo de produção propriamente dito.

c. Cradle-to-grave: ciclo de vida dos produtos, desde a extração das matérias-primas, passando

pelo processo produtivo e pela fase de utilização do produto, até ao fim-de-vida do mesmo,

abrangendo ainda as deslocações necessárias entre estas fases.

Tornou-se importante definir as fronteiras do sistema a abranger no estudo, para que o levantamento

da informação necessária fosse apenas respetiva às suas fases, evitando a comparação de dados

entre fronteiras distintas.

Quando as EPDs abrangem todo o ciclo de vida do produto, a fase de fim-de-vida pode não

corresponder necessariamente ao que acontece ao mesmo após a sua vida útil, constituindo apenas

uma hipótese para a obtenção de resultados de acordo com a fronteira cradle-to-grave.

Por esta razão, os cenários relativos a esta fase não devem ser comparados entre si, visto que existe

uma panóplia de hipóteses que pode ser tida em conta, para um mesmo produto, e que depende da

escolha de quem elabora o estudo.

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PROPOSTA METODOLÓGICA

35

Com base nestas considerações, as fronteiras escolhidas para o desenvolvimento da metodologia

foram a fase de produção e cradle-to-gate, já que a fase seguinte depende não do produtor mas do

utilizador.

Unidade Funcional

De forma a quantificar a função dos produtos foi necessário definir a unidade funcional (UF), que

possibilita a caraterização do seu desempenho em relação aos vários processos que constituem as

fases do ciclo de vida.

A UF representa uma referência para a padronização da informação relativa às entradas e saídas do

sistema, sendo coerente com o objetivo do estudo. Deve ser definida como um serviço para o

utilizador ou para um processo, isto é, deve descrever uma função relacionada com uma utilização e

tem de ser mensurável (Ferrão 2009).

Toda a informação recolhida das fontes utilizadas para a construção dos critérios foi adaptada

consoante a UF associada às duas famílias de produtos em estudo, de forma a tornar possível

comparar e gerir toda a informação.

De seguida apresenta-se o raciocínio seguido para a definição da UF para as duas famílias de

produtos.

Isolamentos térmicos

À primeira vista, a UF que melhor reflete a função desempenhada pelos isolamentos térmico é uma

das propriedades térmicas indicadas anteriormente: condutibilidade térmica (λ), resistência térmica

(R) ou transmissão térmica (U).

Porém, estudando com mais pormenor todas as varáveis em jogo, o desempenho térmico destes

produtos é influenciado consoante a densidade e a espessura do material, sem contar com as

condições ambientais do local, que não foram consideradas no estudo.

Através de um estudo desenvolvido quanto à estimativa do grau de incerteza esperado em termos de

condutibilidade térmica aquando da falta de medições experimentais específicas, foi possível analisar

a forma como este parâmetro varia com a densidade (Domínguez-Muñoz et al. 2010).

Os resultados obtidos deste estudo permitem obter valores de condutibilidade térmica específicos

para diversos tipos de materiais e grupos de materiais, como resultado de um elevado número de

medições (8 300 medições), para condições fixas de temperatura e de teor de humidade:

temperatura média de 10°C e teor de humidade igual a zero.

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PROPOSTA METODOLÓGICA

36

Figura 8 - Condutibilidade térmica vs. densidade

De acordo com a Figura 8 (Domínguez-Muñoz et al. 2010), para valores de densidade mais baixos, a

condutibilidade térmica aumenta com o decréscimo da densidade, devido ao efeito da troca de

radiação dentro dos poros do material isolante. Por outro lado, para valores de densidade mais

elevados, a condutibilidade térmica aumenta mais acentuadamente com o aumento da densidade,

uma vez que a porosidade diminui. Os valores de condutibilidade térmica mais baixos encontram-se

entre os valores de densidade 30 a 60 kg/m3 (Domínguez-Muñoz et al. 2010).

A Figura 9 demonstra, através da dispersão existente em redor da curva, através de pontos amarelos

(valores médios de condutibilidade térmica), que existe incerteza associada à definição de um valor

de condutibilidade térmica para um determinado valor de densidade e que a densidade não é o único

fator a influenciar este parâmetro (Domínguez-Muñoz et al. 2010).

Figura 9 - Condutibilidade térmica para o material fibra de vidro para as condições de referência

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PROPOSTA METODOLÓGICA

37

Através dos gráficos anteriores foi possível concluir que a definição da UF com base apenas na

condutibilidade térmica não é viável, na medida em que a sua variação em relação à densidade não

apresenta uma tendência específica, não permitindo encontrar uma relação entre ambas.

De forma a contornar este facto, a Equação (1), proposta pelo Conselho Europeu de Produtores de

Materiais de Construção, permitiu relacionar não só a condutibilidade térmica e a densidade, como

também a resistência térmica do produto (Ardente et al. 2008):

UF – Unidade funcional [kg]

R – Resistência térmica [m2.K)/W]

λ – Condutibilidade térmica [W/(m.K)]

ρ – Densidade [kg/m3]

A – Área [m2]

Assim a UF passa a ser definida como a massa [kg] necessária para que um isolamento térmico

apresente uma resistência térmica de 1 (m2.K)/W, com uma área de 1 m

2, sendo a condutibilidade

térmica e a densidade específicas do produto.

Através da Equação (1) foi possível não só resolver a questão da relação da condutibilidade térmica

com a densidade, como também a comparação da informação quantitativa levantada para o

desenvolvimento dos critérios. Isto porque, na maioria dos casos, os dados levantados para uma

mesma categoria de produtos apresentavam unidades que não permitiam comparação entre si.

Para tornar toda a informação recolhida comparável entre si, foi necessário admitir o seguinte

procedimento:

1. Identificar a UF e as unidades (X) do respetivo critério indicadas na EPD;

2. Utilizar a Equação (1) para calcular a massa necessária do produto para que este apresente um

desempenho térmico de R=1 (m2.K)/W e A = 1 m

2, completando o resto da expressão com os

dados específicos do produto. O resultado deste cálculo apresenta as unidades de kg/UF, sendo

a UF já referente a R=1 (m2.K)/W e A = 1 m

2;

3. Consoante as unidades (X/UFEPD) do critério, transformá-las para as unidades de X/kg, através

das caraterísticas do produto, nomeadamente a densidade e espessura;

4. Por fim, multiplicar os dois valores obtidos nos passos 2 e 3, resultando, consoante o critério,

num valor nas unidades de X/UF, onde UF corresponde a um produto que tenha um

desempenho térmico igual a R=1 (m2.K)/W.

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PROPOSTA METODOLÓGICA

38

Revestimentos de pavimento

Tendo em conta que os revestimentos de pavimento não apresentam tantas variáveis associadas ao

seu desempenho, a UF relativa a esta família de produtos corresponde à função que os mesmos

desempenham, ou seja, o revestimento de um metro quadrado (1 m2) de pavimento.

4.2 Conjunto de critérios a considerar para a classificação dos produtos

Os critérios foram escolhidos com base no Sistema LiderA, tendo sido complementados com alguns

requisitos dos critérios identificados nos sistemas de rotulagem ecológica (anexo B, Tabela 64 e

Tabela 65) e EPDs (anexo C, Tabela 66 e Tabela 67).

Através da informação recolhida foi possível desenvolver um conjunto de critérios que correspondem

às componentes consideradas fundamentais para a avaliação do desempenho de sustentabilidade

dos produtos.

Para cada critério foi necessário construir uma escala de valores que possibilitou identificar o grau de

desempenho dos produtos em cada um dos critérios, com base nos níveis de desempenho do

Sistema LiderA apresentados anteriormente (Figura 4).

Figura 10 - Fatores de desempenho dos níveis de desempenho de acordo com a metodologia LiderA (%)

Para os critérios de caráter quantitativo, as escalas de desempenho foram construídas com base na

média dos valores recolhidos das EPDs, por categoria de produto. Posteriormente, foram atribuídos

ao nível de desempenho C, calculando-se os restantes níveis através dos fatores apresentados na

Figura 10.

Esta atribuição baseou-se no facto do nível C corresponder ao nível para o qual o desempenho na

procura da sustentabilidade é reconhecido e certificado pelo LiderA, para além de que a informação

disponibilizada nas EPDs é uma fonte credível, e verificada por entidades externas.

Contudo, os produtos com EPD não são necessariamente produtos com desempenho superior a

outros com funções idênticas e sem EPD. Este facto foi também uma das razão para a qual a

atribuição das médias dos valores não ter sido a níveis superiores de desempenho da escala.

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PROPOSTA METODOLÓGICA

39

Para alguns critérios quantitativos, a construção da escala de desempenho não seguiu as

considerações feitas quanto à média dos valores e à atribuir ao nível de desempenho C. Sempre que

este facto se verifique, todos os pormenores são explicados na secção específica.

Para os critérios qualitativos, a explicação da atribuição dos requisitos a cada nível de desempenho é

explicada posteriormente, na seção respetiva do critério.

A informação seguinte diz respeito a uma proposta de critérios para a avaliação do desempenho de

sustentabilidade dos produtos.

4.2.1 Consumo de energia

A todas as fases de ciclo de vida dos produtos de construção há consumo de energia associado.

A energia incorporada de um produto de construção pode ser definida como a energia que é obtida

através da quantificação do total de energia primária (EP) consumida em fases do ciclo de vida como

a extração de matérias-primas, produção e transporte. É conhecido como cradle-to-gate e inclui a EP

consumida até o produto sair do portão da fábrica (Saghafi et al. 2011).

Contudo, o termo energia incorporada é alvo de diversas interpretações, variando consoante o autor

que o define e os limites do sistema considerados. Por esta razão, é dito que a determinação da

energia incorporada é difícil, não existindo uma metodologia padrão disponível para estimar o nível

de energia de materiais de construção (Dixit et al. 2010).

Por sua vez, a EP é a verdadeira fonte energética que se encontra disponível na natureza e que

pode assumir a forma de energia renovável, energia fóssil e mineral, ou ainda ser disponibilizada

diretamente aos consumidores, como sendo o caso do gás natural e da lenha (Águas 2009).

O critério 7 do Sistema LiderA – eficiência nos consumos e certificação energética – está associado

diretamente ao consumo energético, analisando as necessidades de energia dos edifícios para as

condições normais de conforto. A adaptação para a dinâmica dos produtos de construção associa o

consumo de energia necessário para os diversos processos que ocorrem ao longo do ciclo de vida

dos produtos, considerando apenas as duas fronteiras do sistema escolhidas.

O consumo de energia é abrangido tanto nos sistemas de RE, como nas EPDs. Os RE que

abrangem o consumo de energia são o da Nova Zelândia para os isolamentos térmicos e o dos

países nórdicos e o europeu para os revestimentos de pavimento.

O RE da Nova Zelândia apresenta apenas requisitos quanto à apresentação dos consumos de

energia por parte do fabricante, nomeadamente através da divisão dos consumos por fonte de

energia. Os RE nórdico e europeu apresentam uma fórmula de cálculo do consumo de energia,

consoante as categorias de produtos. Esta fórmula não foi considerada no estudo.

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PROPOSTA METODOLÓGICA

40

As EPDs apresentam valores de consumo energético em termos de EP, dividida entre renovável e

não renovável, em unidades de MJ por UF, sendo que a UF depende da EPD. A construção da

escala de desempenho baseou-se nos dois tipos de energia, porque considerou-se que o objetivo

era comparar os consumos de energia totais para a produção dos produtos.

Isolamentos térmicos

O objetivo focou-se na obtenção de valores de consumo de energia com base na UF que é calculada

através da Equação (1), considerando as fronteiras do sistema respetivas à fase de produção e

cradle-to-gate. A construção das escalas de desempenho para o presente critério seguiu o

procedimento apresentado na seção 0.

Segundo a Tabela 68 e Tabela 69 do anexo D, de seguida encontram-se as escalas de desempenho

para o consumo de energia para cada uma das categorias de isolamento térmico e para as duas

fronteiras do sistema consideradas.

Fronteira do sistema: Produção

Categoria: Fibras minerais inorgânica

Tabela 7 – Escala de desempenho: Consumo de Energia (MJ/UF) para a fronteira produção e família dos isolamentos térmicos (fibras minerais inorgânicas)

A++ A+ A B C D E F G

Consumo de energia igual ou inferior a

2,25

]2,25 – 5,63]

]5,63 – 11,27]

]11,27 -14,09]

]14,09 – 16,90]

]16,90 -19,72]

]19,72 -22,24]

]22,54 - 25,36]

Consumo de energia superior

a 25,36

Categoria: Produtos derivados de combustíveis fósseis

Tabela 8 - Escala de desempenho: Consumo de Energia (MJ/UF) para a fronteira produção e família dos isolamentos térmicos (derivados de combustíveis fósseis)

A++ A+ A B C D E F G Consumo de energia igual ou inferior a

6,23

]6,23 – 15,58]

]15,58 – 31,16]

]31,16 -38,95]

]38,95 – 46,74]

]46,74 -54,53]

]54,53 -62,32]

]62,32 – 70,11]

Consumo de energia superior a

70,11

Categoria: Produtos derivados orgânicos de plantas ou animais

Não existem valores de consumo de energia para a presente fronteira do sistema e categoria de

isolamentos térmicos.

Fronteira do sistema: Cradle-to-gate

Categoria: Fibras minerais inorgânica

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PROPOSTA METODOLÓGICA

41

Tabela 9 - Escala de desempenho: Consumo de Energia (MJ/UF) para a fronteira cradle-to-gate e família dos isolamentos térmicos (fibras minerais inorgânica)

A++ A+ A B C D E F G Consumo de energia

igual ou inferior a

3,14

]3,14 – 7,84]

]7,84 – 15,69]

]15,69 -19,61]

]19,61 – 23,53]

]23,53 -27,45]

]27,45 -31,37]

]31,37 – 35,29]

Consumo de

energia superior a 35,29

Categoria: Produtos derivados de combustíveis fósseis

Tabela 10 - Escala de desempenho: Consumo de Energia (MJ/UF) para a fronteira cradle-to-gate e família dos isolamentos térmicos (derivados de combustíveis fósseis)

A++ A+ A B C D E F G Consumo de energia

igual ou inferior a

10,42

]10,42 – 26,06]

]26,06 – 52,12]

]52,12 -65,14]

]65,14 – 78,17]

]78,17 -91,20]

]91,20 -104,23]

]104,23 – 117,26]

Consumo de

energia superior a 117,26

Categoria: Produtos derivados orgânicos de plantas ou animais

Tabela 11 - Escala de desempenho: Consumo de Energia (MJ/UF) para a fronteira cradle-to-gate e família dos isolamentos térmicos (derivados orgânicos de plantas ou animais)

A++ A+ A B C D E F G Consumo de energia

igual ou inferior a

20,31

]20,31 – 50,77]

]50,77 – 101,54]

]101,54 -126,93]

]126,93 – 152,31]

]152,31 -177,70]

]177,70 -203,08]

]203,08 – 228,47]

Consumo de

energia superior a 228,47

Através das escalas de desempenho é notório que a categoria de produtos que mais consume

energia é a categoria dos produtos derivados orgânicos de plantas ou animais. O seu consumo é

praticamente o dobro do consumo dos produtos derivados de combustíveis fósseis, para a fonteira

Produção. As fibras minerais inorgânicas são a categoria com menor consumo de energia nas duas

fronteiras consideradas.

Revestimentos de pavimento

O cálculo do consumo de energia para os revestimentos de pavimento foi bastante mais simples na

medida em que as EPDs consideram a mesma UF, ou seja, um metro quadrado (1 m2).

Segundo a Tabela 70 e Tabela 71 do anexo D, de seguida encontram-se as escalas de desempenho

para o consumo de energia para cada uma das categorias de revestimentos de pavimento e para as

duas fronteiras em estudo.

Fronteira do sistema: Produção

Categoria: Madeira

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PROPOSTA METODOLÓGICA

42

Tabela 12 - Escala de desempenho: Consumo de Energia (MJ/UF) para a fronteira produção e família dos revestimentos de pavimento (madeira)

A++ A+ A B C D E F G Consumo de energia igual ou inferior a

21,64

]21,64 – 54,10]

]54,10 – 108,21]

]108,21 -135,26]

]135,26 – 162,31]

]162,31 -189,37]

]189,37 -216,42]

]216,42 – 243,47]

Consumo de energia superior a

243,47

Categoria: Têxteis

Não existem valores de consumo de energia para a presente fronteira do sistema e categoria de

revestimentos de pavimento.

Categoria: Duros transformados

Tabela 13 - Escala de desempenho: Consumo de Energia (MJ/UF) para a fronteira produção e família dos revestimentos de pavimento (duros transformados)

A++ A+ A B C D E F G Consumo de energia

igual ou inferior a

17,16

]17,16 – 42,90]

]42,90 – 85,80]

] 85,80 -107,25]

]107,25 – 128,70]

]128,70 -150,15]

]150,15 -171,60]

]171,60 – 193,05]

Consumo de

energia superior a 193,05

Fronteira do sistema: Cradle-to-gate

Categoria: Madeira

Tabela 14 - Escala de desempenho: Consumo de Energia (MJ/UF) para a fronteira cradle-to-gate e família dos revestimentos de pavimento (madeira)

A++ A+ A B C D E F G Consumo de energia

igual ou inferior a

36,50

]36,50 – 91,24]

]91,24 – 182,49]

]182,49 -228,11]

]228,11 – 273,73]

]273,73 -319,35]

]319,35 -364,97]

]364,97 – 410,59]

Consumo de

energia superior a 410,59

Categoria: Têxteis

Tabela 15 - Escala de desempenho: Consumo de Energia (MJ/UF) para a fronteira cradle-to-gate e família dos revestimentos de pavimento (têxteis)

A++ A+ A B C D E F G Consumo de energia

igual ou inferior a

28,33

]28,33 – 70,83]

]70,83 – 141,67]

]141,67 -177,08]

]177,08 – 212,50]

]212,50 -247,92]

]247,92 -283,33]

]283,33 – 318,75]

Consumo de

energia superior a 318,75

Categoria: Duros transformados

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PROPOSTA METODOLÓGICA

43

Tabela 16 MJ/UF - Escala de desempenho: Consumo de Energia (MJ/UF) para a fronteira cradle-to-gate e família dos revestimentos de pavimento (duros transformados)

A++ A+ A B C D E F G Consumo de energia

igual ou inferior a

34,41

]34,41 – 86,03]

]86,03 – 172,06]

]172,06 -215,07]

]215,07 – 258,09]

]258,09 -301,10]

]301,10 -344,11]

]344,11 – 387,13]

Consumo de

energia superior a 387,13

As escalas de desempenho demonstram que a categoria de produtos que mais consume energia é a

categoria dos produtos de madeira, seguida da dos revestimentos de pavimento duros

transformados, sendo a dos têxteis a categoria que consume menos energia.

4.2.2 Produção e gestão de resíduos

O presente critério pretende incentivar à redução da produção de resíduos nas várias fases do ciclo

de vida dos produtos, devendo ser encarada como uma meta a atingir, definindo, desde logo, as

técnicas, soluções e materiais que permitam não só produzir menores quantidades de resíduos,

como também reincorporá-los noutros processos (Pinheiro 2011a).

Para tal, o critério foi dividido em duas partes:

1. Produção de resíduos relativamente às duas fronteiras do sistema escolhidas

2. Gestão dos resíduos aquando da fase de produção do produto

A Diretiva 2008/98/CE menciona que “o objetivo principal de qualquer política em matéria de

resíduos deverá consistir em minimizar o impacto negativo da produção e gestão de resíduos na

saúde humana e no ambiente. A política no domínio dos resíduos deverá igualmente ter por objetivo

reduzir a utilização de recursos e propiciar a aplicação prática da hierarquia de resíduos”.

Figura 11 - Hierarquia de resíduos

Segundo a Diretiva 2008/98/CE, a hierarquia dos resíduos (Figura 11) estabelece uma ordem de

prioridades, de forma a incentivar a tomada de decisões direcionada para os melhores resultados

ambientais, com a finalidade de atingir os objetivos propostos pela Comissão Europeia até 2020, em

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PROPOSTA METODOLÓGICA

44

termos de produção e gestão de resíduos. As metas a atingir dizem respeito a um nível global de

reciclagem e reutilização de, pelo menos, 70% para os resíduos de construção e demolição não

perigosos.

De acordo com a Diretiva 2008/98/CE, as operações que constituem a hierarquia dos resíduos são:

Prevenção: conjunto de medidas tomadas antes de uma substância, material ou produto se

ter transformado em resíduo. Estas medidas destinam-se a reduzir a quantidade de resíduos,

nomeadamente através da adoção de processos produtivos mais eficientes.

Reutilização: qualquer operação mediante a qual, produtos ou componentes que não sejam

resíduos, são utilizados novamente de forma a desempenharem funções idênticas para que

foram concebidos.

Reciclagem: valorização através da qual os materiais constituintes dos resíduos são

novamente transformados em produtos, materiais ou substâncias para o seu fim original ou

para outros fins, não incluindo valorização energética.

Recuperação: qualquer operação cujo resultado principal seja a transformação dos resíduos

de modo a servirem um fim útil, substituindo outros materiais que, caso contrário, teriam sido

utilizados para um fim específico. A utilização principal dos resíduos como combustível ou

outro meio de produção de energia é um bom exemplo de uma operação de recuperação.

Eliminação: qualquer operação que não seja de valorização, mesmo que tenha como

consequência secundária a recuperação de substâncias ou de energia, considerando todas

as opções existentes e que melhor se ajustam a cada situação.

Segundo a hierarquia dos resíduos, a prevenção da geração de resíduos constitui uma prioridade

face às restantes operações de gestão dos mesmos. Desta forma, considerou-se que a produção de

resíduos devia apresentar maior peso para a avaliação do desempenho dos produtos, de forma a

incentivar a tomada de medidas de prevenção e redução de resíduos. Assim, propõe-se a atribuição

de 70% do critério à produção de resíduos, sendo que à gestão dos mesmos corresponde os

restantes 30%.

Parte 1 - Produção

Através do critério 19 do Sistema LiderA – produção de resíduos – pretende reduzir-se a produção

de resíduos nas fases de construção/vida do empreendimento, constituindo uma meta a atingir

através da implementação de técnicas e soluções de forma a gerar menores quantidades de

resíduos (Pinheiro 2011a).

A produção de resíduos é abordada nas EPDs, nomeadamente nos sistemas alemão (IBU), inglês

(BRE), espanhol (DAPc) para os isolamentos térmicos e nos sistemas alemão (IBU), inglês (BRE) e

americano (The Green Standard) para os revestimentos de pavimento.

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PROPOSTA METODOLÓGICA

45

Isolamentos térmicos

De forma a tornar comparável o valor entre produtos de uma mesma categoria utilizou-se a Equação

(1) para a construção das escalas de desempenho, que segue o procedimento apresentado na seção

4.1.4.2 Unidade Funcional.

Segundo a Tabela 72 e Tabela 73 do anexo E, de seguida encontram-se as escalas de desempenho

para a produção de resíduos, para cada uma das categorias de isolamento térmico e para as duas

fronteiras do sistema escolhidas para o estudo.

Fronteira do sistema: Produção

Categoria: Fibras minerais inorgânica

Tabela 17 - Escala de desempenho: Produção e Gestão de Resíduos (kgresíduos/UF) para a fronteira produção e família dos isolamentos térmicos (fibras minerais inorgânica)

A++ A+ A B C D E F G

Produção de resíduos igual ou inferior a

0,01

]0,01 – 0,02]

]0,02 – 0,04]

]0,04 -0,05]

]0,05 – 0,06]

]0,06 -0,07]

]0,07 -0,09]

]0,09 – 0,10]

Produção de

resíduos superior a 0,10

Categoria: Produtos derivados de combustíveis fósseis

Tabela 18 - Escala de desempenho: Produção e Gestão de Resíduos (kgresíduos/UF) para a fronteira produção e família dos isolamentos térmicos (derivados de combustíveis fósseis)

A++ A+ A B C D E F G

Produção de resíduos igual ou inferior a

0,22

]0,22 – 0,56]

]0,56 – 1,11]

]1,11 -1,39]

]1,39 – 1,67]

]1,67 -1,95]

]1,95 -2,23]

]2,23 – 2,51]

Produção de

resíduos superior a 2,51

Categoria: Produtos derivados orgânicos de plantas ou animais

Não existem valores de produção de resíduos para a presente fronteira do sistema e categoria de

isolamentos térmicos.

Fronteira do sistema: Cradle-to-gate

Categoria: Fibras minerais inorgânica

Tabela 19 - Escala de desempenho: Produção e Gestão de Resíduos (kgresíduos/UF) para a fronteira cradle-to-gate e família dos isolamentos térmicos (fibras minerais inorgânica)

A++ A+ A B C D E F G Produção de resíduos igual ou inferior a

0,39

]0,39 – 0,98]

]0,98 – 1,96]

]1,96 -2,45]

]2,45 – 2,94]

]2,94 -3,43]

]3,43 -3,92]

]3,92 – 4,41]

Produção de resíduos superior a

4,41

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PROPOSTA METODOLÓGICA

46

Categoria: Produtos derivados de combustíveis fósseis

Tabela 20 - Escala de desempenho: Produção e Gestão de Resíduos (kgresíduos/UF) para a fronteira cradle-to-gate e família dos isolamentos térmicos (derivados de combustíveis fósseis)

A++ A+ A B C D E F G

Produção de resíduos igual ou inferior a

0,25

]0,25 – 0,63]

]0,63 – 1,26]

]1,26 -1,57]

]1,57 – 1,88]

]1,88 -2,20]

]2,20 -2,51]

]2,51 – 2,83]

Produção de resíduos

superior a 2,83

Categoria: Produtos derivados orgânicos de plantas ou animais

Tabela 21 - Escala de desempenho: Produção e Gestão de Resíduos (kgresíduos/UF) para a fronteira cradle-to-gate e família dos isolamentos térmicos (derivados orgânicos de plantas ou animais)

A++ A+ A B C D E F G

Produção de resíduos igual ou inferior a

1,30

]1,30 – 3,24]

]3,24 – 6,48]

]6,48 -8,10]

]8,10 – 9,73]

]9,73 -11,35]

]11,35 -12,97]

]12,97 – 14,59]

Produção de resíduos

superior a 14,59

Para a fronteira relativa à fase de produção, os produtos derivados de combustíveis fósseis são a

categoria que mais produz resíduos. Contudo, se também forem consideradas as fases a montante,

então às fibras minerais inorgânicas está associada uma maior produção de resíduos. A última

categoria apresentada destaca-se pela negativa, devido à elevada produção de resíduos, quando

comparada com as restantes categorias.

Revestimentos de pavimento

Segundo a Tabela 74 e a Tabela 75 do anexo E, de seguida encontram-se as escalas de

desempenho para a produção de resíduos para cada uma das categorias de revestimentos de

pavimento e para as duas fronteiras do sistema em estudo.

Fronteira do sistema: Produção

Categoria: Madeira

Não existem valores de produção de resíduos para a presente fronteira do sistema e categoria de

revestimentos de pavimento.

Categoria: Têxteis

Tabela 22 - Escala de desempenho: Produção e Gestão de Resíduos (kgresíduos/UF) para a fronteira Produção e família dos revestimentos de pavimento (têxteis)

A++ A+ A B C D E F G Produção de

resíduos igual ou inferior a

0,58

]0,58 – 1,46]

]1,46 – 2,92]

]2,92 -3,65]

]3,65 – 4,38]

]4,38 -5,10]

]5,10 -5,83]

]5,83 – 6,56]

Produção de resíduos

superior a 6,56

Categoria: Duros transformados

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PROPOSTA METODOLÓGICA

47

Tabela 23 - Escala de desempenho: Produção e Gestão de Resíduos (kgresíduos/UF) para a fronteira Produção e família dos revestimentos de pavimento (Duros transformados)

Fronteira do sistema: Cradle-to-gate

Categoria: Madeira

Tabela 24 - Escala de desempenho: Produção e Gestão de Resíduos (kgresíduos/UF) para a fronteira Cradle-to-gate e família dos revestimentos de pavimento (Madeira)

A++ A+ A B C D E F G Produção de resíduos igual ou inferior a

2,19

]2,19 – 5,49]

]5,49 – 10,97]

]10,97 -13,71]

]13,71 – 16,46]

]16,46 -19,20]

]19,20 -21,94]

]21,94 – 24,69]

Produção de resíduos

superior a 24,69

Categoria: Têxteis

Tabela 25 - Escala de desempenho: Produção e Gestão de Resíduos (kgresíduos/UF) para a fronteira Cradle-to-gate e família dos revestimentos de pavimento (Têxteis)

A++ A+ A B C D E F G Produção de resíduos igual ou inferior a

0,71

]0,71 – 1,77]

]1,77 – 3,54]

]3,54 -4,42]

]4,42 – 5,31]

]5,31 -6,19]

]6,19 -7,07]

]7,07 – 7,96]

Produção de resíduos

superior a 7,96

Categoria: Duros transformados

Tabela 26 - Escala de desempenho: Produção e Gestão de Resíduos (kgresíduos/UF) para a fronteira Cradle-to-gate e família dos revestimentos de pavimento (Duros transformados)

A++ A+ A B C D E F G Produção de resíduos igual ou inferior a

1,46

]1,46 – 3,64]

]3,64 – 7,28]

]7,28 -9,10]

]9,10 – 10,91]

]10,91 -12,73]

]12,73 -14,55]

]14,55 – 16,37]

Produção de resíduos

superior a 16,37

Para a fronteira relativa à fase de produção, os produtos duros transformados são a categoria que

mais produz resíduos comparativamente à categoria dos produtos têxteis. Contudo, se também

forem consideradas as fases a montante da fase de produção, então aos revestimentos à base de

madeira está associada a maior produção de resíduos.

Parte 2 - Gestão

O Sistema LiderA apresenta dois critérios relativamente à gestão de resíduos. O critério 20 (C20) diz

respeito aos resíduos perigosos e o critério 21 (C21) à valorização de resíduos.

A++ A+ A B C D E F G Produção de resíduos igual ou inferior a

1,19

]1,19 – 2,98]

]2,98 – 5,96]

]5,96 -7,45]

]7,45 – 8,94]

]8,94 -10,43]

]10,43 -11,92]

]11,92 – 13,41]

Produção de resíduos

superior a 13,41

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PROPOSTA METODOLÓGICA

48

O C20 remete para a produção reduzida de resíduos perigosos, considerando as condições para o

seu armazenamento e destino final adequado (Pinheiro 2011a). Este critério não foi considerado no

estudo.

Por sua vez, o C21 indica que é necessário aumentar a percentagem de resíduos valorizados

(reciclados), quer na construção, quer na operação e demolição dos empreendimentos (Pinheiro

2011a).

Os sistemas de RE da Nova Zelândia e da Austrália (GECA) apresentam requisitos a cumprir quanto

à gestão dos resíduos para que o RE possa ser atribuído aos produtos de isolamento térmico.

Quanto aos revestimentos de pavimento, são os RE da Nova Zelândia, da Austrália, da Europa e dos

países nórdicos que apresentam requisitos quanto à gestão de resíduos.

Estes requisitos passam pela existência de mecanismos de separação dos resíduos, reciclagem dos

resíduos a partir do momento em que estes atinjam uma energia incorporada estipulada, assim como

a gestão cuidada de resíduos perigosos.

Quanto às EPDs, apenas o sistema finlandês apresenta requisitos quanto a esta parte do critério,

tanto para os isolamentos térmicos, como para os revestimentos de pavimento, contabilizando as

medidas tomadas para a gestão dos resíduos.

Para a construção da escala de desempenho foram atribuídas pontuações às cinco operações

possíveis de gestão, na fase de produção dos produtos, apresentadas na hierarquia dos resíduos

(Figura 12).

Figura 12 - Pontuação atribuída às operações de gestão dos resíduos da hierarquia dos resíduos

Quando um processo produtivo gera mais do que um tipo de resíduo, a pontuação final é calculada

através da média das pontuações correspondentes às medidas de gestão tomadas para cada tipo de

resíduo gerado.

A escala de desempenho é indicada na Tabela 27, sendo considerado que a eliminação (7pontos)

dos resíduos é a prática usual e é, portanto, atribuída ao nível de desempenho E. A pontuação

máxima é naturalmente atribuída ao nível de desempenho A++, na medida em que são tomadas

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PROPOSTA METODOLÓGICA

49

medidas de prevenção onde, na melhor das hipóteses, não são gerados resíduos. Esta metodologia

foi adotada para as duas famílias de produto em estudo.

Tabela 27 - Escala de desempenho para o critério Gestão de Resíduos (Parte 2)

A++ A+ A B C D E F G

1 ponto

2 pontos

3 pontos

4 pontos

5 pontos

6 pontos

7 pontos

Eliminação dos resíduos de

forma incorreta

Não existem referências quanto às

medidas tomadas

4.2.3 Consumo de água potável

Não há dúvida que a utilização racional de água potável é um tema bastante conhecido, na medida

em que este recurso existe em quantidade ínfima no planeta. No contexto da construção sustentável,

existem medidas que podem ser tomadas para a utilizar racional deste recurso, numa perspetiva de

otimização do seu uso e da produção de água secundária para satisfazer os usos que não

necessitam de água potável (Tirone & Nunes 2007), (Pinheiro 2011a).

O Sistema LiderA indica que a utilização sustentável de água pressupõe uma estratégia não só em

relação à redução dos consumos, como também à eficácia da utilização da água e à implementação

de mecanismos de reutilização da água para fins que não necessitam de água potável (Critério 10)

(Pinheiro 2011a).

Os requisitos deste critério dizem respeito ao consumo de água, não contemplando, portanto,

medidas de gestão.

Apenas o ReUe apresenta requisitos quanto ao consumo de água potável para os revestimentos de

pavimento, apresentando uma fórmula para o cálculo de água reciclada, consoante o consumo de

água total.

Em relação a esta família de produtos, existem EPDs provenientes dos Estados Unidas da América

(The Green Standard) e de Inglaterra (BRE) a abrangerem este requisito. Os sistemas de EPD inglês

(BRE) e espanhol (DAPc) apresentam valores de consumo de água para os isolamentos térmicos.

Isolamentos Térmicos

Mais uma vez, utilizou-se a Equação (1), respeitando o mesmo procedimento tomado na seção 0

Unidade Funcional.

De acordo com os valores finais, e apresentados na Tabela 76 e Tabela 77, do anexo F, relativos ao

consumo de água para as duas fronteiras, de seguida encontram-se propostas de escalas de

desempenho para as quatro categorias de isolamento térmico.

Fronteira do sistema: Produção

Categoria: Fibras minerais inorgânica

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PROPOSTA METODOLÓGICA

50

Tabela 28 - Escala de desempenho: Consumo de Água Potável (Litroságua/UF) para a fronteira Produção e família dos isolamentos térmicos (fibras minerais inorgânica)

A++ A+ A B C D E F G

Consumo de água igual ou inferior a 0,04

]0,04 – 0,11]

]0,11 – 0,22]

]0,22 -0,28]

]0,28 – 0,33]

]0,33 -0,39]

]0,39 -0,44]

]0,44 – 0,50]

Consumo de água superior a

0,50

Categoria: Produtos derivados de combustíveis fósseis

Tabela 29 - Escala de desempenho: Consumo de Água Potável (Litroságua/UF) para a fronteira Produção e família dos isolamentos térmicos (derivados de combustíveis fósseis)

A++ A+ A B C D E F G

Consumo de água igual ou inferior a 0,66

]0,66 – 1,64]

]1,64 – 3,29]

]3,29 -4,11]

]4,11 – 4,93]

]4,93 -5,75]

]5,75 -6,58]

]6,58 – 7,40]

Consumo de água superior a

7,40

Categoria: Produtos derivados Orgânicos de plantas ou animais

Não existem valores de consumo de água potável para a presente fronteira do sistema e categoria

de isolamentos térmicos.

Fronteira do sistema: Cradle-to-gate

Categoria: Fibras minerais inorgânica

Tabela 30 - Escala de desempenho: Consumo de Água Potável (Litroságua/UF) para a fronteira Cradle-to-gate e família dos isolamentos térmicos (fibras minerais inorgânica)

A++ A+ A B C D E F G

Consumo de água igual ou inferior a 1,44

]1,44 – 3,59]

]3,59 – 7,18]

]7,18 -8,97]

]8,97 – 10,77]

]10,77 -12,56]

]12,56 -14,35]

]14,35 – 16,15]

Consumo de água superior

a 16,15

Categoria: Produtos derivados de combustíveis fósseis

Tabela 31 - Escala de desempenho: Consumo de Água Potável (Litroságua/UF) para a fronteira Cradle-to-gate e família dos isolamentos térmicos (derivados de combustíveis fósseis)

A++ A+ A B C D E F G

Consumo de água igual ou inferior a

16,73

]16,73 – 41,82]

]41,82 – 83,65]

]83,65 -104,56]

]104,56 – 125,47]

]125,47 -146,39]

]146,39 -167,30]

]167,30 – 188,21]

Consumo de água superior a 188,21

Categoria: Produtos derivados Orgânicos de plantas ou animais

Não existem valores de consumo de água potável para a presente fronteira do sistema e categoria

de isolamentos térmicos.

Os produtos derivados de combustíveis fósseis são a categoria que mais consome água na sua

produção, em relação à categoria das fibras minerais inorgânicas. Quando se considera a fonteira

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PROPOSTA METODOLÓGICA

51

cradle-to-gate, os derivados de combustíveis fósseis apresentam igualmente um maior consumo de

água, contudo a diferença é muito relevante quanto à categoria das fibras minerais inorgânicas.

Revestimentos de pavimento

Segundo a Tabela 78 e a Tabela 79, do anexo F, de seguida encontram-se as escalas de

desempenho para o consumo de água potável para cada uma das categorias de revestimentos de

pavimento e para as duas fronteiras em estudo.

Fronteira do sistema: Produção

Categoria: Madeira

Não existem valores de consumo de água potável para a presente fronteira do sistema e categoria

de revestimentos de pavimento.

Categoria: Têxteis

Não existem valores de consumo de água potável para a presente fronteira do sistema e categoria

de revestimentos de pavimento.

Categoria: Duros transformados

Tabela 32 - Escala de desempenho: Consumo de Água Potável (Litroságua/UF) para a fronteira Produção e família dos revestimentos de pavimento (duros transformados)

A++ A+ A B C D E F G

Consumo de água igual ou inferior a 4,04

]4,04 – 10,10]

]10,10 – 20,20]

]20,20 -25,25]

]25,25 – 30,30]

]30,30 -35,35]

]35,35 -40,40]

]40,40 – 45,45]

Consumo de água superior

a 45,45

Fronteira do sistema: Cradle-to-gate

Categoria: Madeira

Tabela 33 - Escala de desempenho: Consumo de Água Potável (Litroságua/UF) para a fronteira Cradle-to-gate e família dos revestimentos de pavimento (madeira)

A++ A+ A B C D E F G Consumo de água igual ou inferior a 6,42

]6,42 – 16,05]

]16,05 – 32,11]

]32,11 -40,14]

]40,14 – 48,16]

]48,16 -56,19]

]56,19 -64,22]

]64,22 – 72,25]

Consumo de água superior

a 72,25

Categoria: Têxteis

Tabela 34 - Escala de desempenho: Consumo de Água Potável (Litroságua/UF) para a fronteira Cradle-to-gate e família dos revestimentos de pavimento (têxteis)

A++ A+ A B C D E F G Consumo de água igual

ou inferior a 40,74

]40,74 – 101,84]

]101,84 – 203,68]

]203,68 -254,60]

]254,60 – 305,52]

]305,52 -356,44]

]356,44 -407,37]

]407,37 – 458,29]

Consumo de água superior a 458,29

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PROPOSTA METODOLÓGICA

52

Categoria: Duros transformados

Tabela 35 - Escala de desempenho: Consumo de Água Potável (Litroságua/UF) para a fronteira Cradle-to-gate e família dos revestimentos de pavimento (duros transformados)

A++ A+ A B C D E F G Consumo de água igual ou inferior a

9,27

]9,27 – 23,18]

]23,18 – 46,36]

]46,36 -57,94]

]57,94 – 69,53]

]69,53 -81,12]

]81,12 -92,71]

]92,71 – 104,30]

Consumo de água

superior a 104,30

Para a fronteira cradle-to-gate, os produtos têxteis são a categoria que mais consome água, seguida

dos produtos duros transformados e, por fim, os revestimentos de madeira. A discrepância de valores

entre os consumos de água dos produtos têxteis em relação às restantes categorias é muito

significativa.

4.2.4 Produtos de baixo impacte

O presente critério poderia ser o resultado da fusão dos restantes critérios, uma vez que o objetivo

destes é estimular a produção e escolha de produtos de construção com melhor desempenho

ambiental e, portanto, com menores impactes ambientais associados ao ciclo de vida.

Visto que alguns requisitos não são abrangidos pelos restantes critérios, este torna-se importante

uma vez que permite avaliar o desempenho ambiental dos produtos em termos, por exemplo, da

utilização de matérias-primas recicladas ou da apresentação de RE.

Outro requisito importante, e que está presente em praticamente todas as EPDs estudadas, são as

categorias de impacte ambiental (Ferrão 2009): Potencial de Aquecimento Global (PAG), Potencial

de Destruição do Ozono (PDO), Potencial de Acidificação (PA), Potencial de Eutrofização (PE):

Potencial Fotoquímico de Criação de Ozono (Smog de Verão) (PFCO).

O Sistema LiderA apresenta um critério relativo aos materiais de baixo impacte que pretende

fomentar o uso de materiais com reduzido impacte ambiental, através do recurso a materiais

certificados ambientalmente, a materiais reciclados ou materiais com melhor desempenho ambiental

(Critério 14) (Pinheiro 2011a).

Os sistemas de RE apresentam requisitos como a utilização de matérias-primas renováveis e/ou

recicláveis e/ou recicladas, nomeadamente os sistema do Canadá, da Nova Zelândia e da Austrália

para os isolamento térmico e os sistemas do Canadá, da Nova Zelândia e dos países nórdicos para

os revestimentos de pavimento.

Todos os sistemas de EPD apresentam categorias de impacte ambiental, com exceção do sistema

finlandês para as duas famílias de produtos e do sistema espanhol para os revestimentos de

pavimento.

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PROPOSTA METODOLÓGICA

53

Figura 13 - Estrutura do critério Produtos de baixo impacte

O critério foi dividido em duas partes, sendo que a primeira diz respeito às categorias de impacte

ambiental (60%) e a segunda (40%) à escolha de matérias-primas recicladas, ao nível do produto e

embalagem, e a certificação ambiental dos produtos (RE e EPD) (Figura 13).

Parte 1 - Categorias de impacte ambiental

Nesta seção são abordadas as categorias de impacte ambiental identificadas anteriormente para as

duas famílias de produtos em estudo e para as duas fronteiras do sistema escolhidas. Cada

categoria de impacte ambiental apresenta o mesmo peso relativamente à parte 1 do critério.

Isolamentos Térmicos

A Equação (1) foi utilizada, respeitando o mesmo procedimento tomado na seção 0 Unidade

Funcional.

De acordo com os valores recolhidos das EPDs (Tabela 80 e Tabela 81 do anexo G), de seguida

encontram-se propostas de escalas de desempenho para as duas fronteiras do sistema em estudo.

Fronteira do sistema: Produção

Categoria: Fibras minerais inorgânica

Tabela 36 - Escala de desempenho: critério Produtos de Baixo Impacte (Parte 1) (kg/UF) para a fronteira Produção e família dos isolamentos térmicos (fibras minerais inorgânica)

Categoria: Produtos derivados de combustíveis fósseis

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PROPOSTA METODOLÓGICA

54

Tabela 37 - Escala de desempenho: critério Produtos de Baixo Impacte (Parte 1) (kg/UF) para a fronteira Produção e família dos isolamentos térmicos (derivados de combustíveis fósseis)

Categoria: Produtos derivados orgânicos de plantas ou animais

Não existem valores relativos às categorias de impacte ambiental para a presente fronteira do

sistema e categoria de isolamentos térmicos.

Fronteira do sistema: Cradle-to-gate

Categoria: Fibras minerais inorgânica

Tabela 38 - Escala de desempenho: critério Produtos de Baixo Impacte (Parte 1) (kg/UF) para a fronteira Cradle-to-gate e família dos isolamentos térmicos (fibras minerais inorgânica)

Categoria: Produtos derivados de combustíveis fósseis

Tabela 39 - Escala de desempenho: critério Produtos de Baixo Impacte (Parte 1) (kg/UF) para a fronteira Cradle-to-gate e família dos isolamentos térmicos (derivados de combustíveis fósseis)

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PROPOSTA METODOLÓGICA

55

Categoria: Derivados orgânicos de plantas ou animais

Tabela 40 - Escala de desempenho: critério Produtos de Baixo Impacte (Parte 1) (kg/UF) para a fronteira Cradle-to-gate e família dos isolamentos térmicos (derivados orgânicos de plantas ou animais)

Regra geral, para a fronteira Produção, as fibras minerais inorgânicas e os derivados de

combustíveis fósseis apresentam valores muito semelhantes. As diferenças mais evidentes são

relativas ao PAG e o PFCO que são mais elevados para a segunda categoria.

Para a fronteira Cradle-to-gate, os derivados combustíveis fósseis apresentam valores de PAG

superiores aos das restantes categorias, sendo a diferença significativa para com os derivados

orgânicos minerais/vegetais. Para as restantes categorias de impacte ambiental, as fibras minerais

inorgânicas apresentam os valores mais baixos, sendo que nas categorias de impacte ambiental

PDO, AP e EP, são os derivados orgânicos minerais/vegetais a apresentar os valores mais elevados.

Revestimentos de pavimento

Segundo a Tabela 82 e a Tabela 83, do anexo G, de seguida encontram-se as escalas de

desempenho para cada uma das categorias de revestimentos de pavimento e para as duas fronteiras

do sistema em estudo.

Fronteira do sistema: Produção

Categoria: Madeira

Tabela 41 - Escala de desempenho: critério Produtos de Baixo Impacte (Parte 1) (kg/UF) para a fronteira Produção e família dos revestimentos de pavimento (madeira)

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PROPOSTA METODOLÓGICA

56

Categoria: Têxteis

Não existem valores relativos às categorias de impacte ambiental para a presente fronteira do

sistema e categoria de revestimentos de pavimento.

Categoria: Duros transformados

Tabela 42 - Escala de desempenho: critério Produtos de Baixo Impacte (Parte 1) (kg/UF) para a fronteira Produção e família dos revestimentos de pavimento (duros transformados)

Fronteira do sistema: Cradle-to-gate

Categoria: Madeira

Tabela 43 - Escala de desempenho: critério Produtos de Baixo Impacte (Parte 1) (kg/UF) para a fronteira Cradle-to-gate e família dos revestimentos de pavimento (madeira)

Categoria: Têxteis

Tabela 44 - Escala de desempenho: critério Produtos de Baixo Impacte (Parte 1) (kg/UF) para a fronteira Cradle-to-gate e família dos revestimentos de pavimento (têxteis)

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PROPOSTA METODOLÓGICA

57

Categoria: Duros transformados

Tabela 45 - Escala de desempenho: critério Produtos de Baixo Impacte (Parte 1) (kg/UF) para a fronteira Cradle-to-gate e família dos revestimentos de pavimento (duros transformados)

Para a fronteira Produção, os revestimentos de madeira apresentam os valores mais elevados nas

categorias de impacte ambiental PA, PE e PFCO, comparativamente aos revestimentos duros

transformados. A diferença mais significativa (superior a 2 kgCO2eq/UF) ocorre na categoria de

impacte ambiental PAG, onde os produtos duros transformados apresentam o valor mais elevado.

Para a fronteira Cradle-to-gate, os produtos à base de madeira apresentam o valor mais baixo

relativamente às categorias de impacte ambiental PAG, PDO e PFCO. Os revestimentos duros

transformados apresentam maior impacte ambiental em relação ao PA e os revestimentos têxteis em

relação ao PE.

Parte 2 - Certificação ambiental e matérias-primas

Os requisitos da segunda parte do critério foram divididos em três partes que dizem respeito às

matérias-primas que constituem o produto e a embalagem dos mesmos, e à certificação ambiental

dos produtos (Figura 13).

1. Produto constituído por materiais reciclados

Para este requisito apenas importa saber se o produto é composto, ou não, por matérias-primas

recicladas.

De facto, interessa promover a seleção de produtos que contribuem para o fecho do ciclo de

materiais, de forma a reduzir os impactes ambientais da indústria da construção, uma vez que,

anualmente, mais de três mil milhões de toneladas de matérias-primas são utilizadas para a

produção de materiais de construção, e outros produtos por todos o mundo (Saghafi et al. 2011).

2. Embalagem do produto com materiais reciclados

A Diretiva 94/62/EC do Parlamento Europeu e do Conselho, de 20 de Dezembro de 2004, relativa às

embalagens e resíduos de embalagens destina-se a assegurar que os resíduos das embalagens são

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PROPOSTA METODOLÓGICA

58

geridos de forma eficaz, definindo um conjunto de metas para os Estados Membros em relação à

recuperação e reciclagem das embalagens.

Estas metas foram revistas pela Diretiva 2004/12/EC do Parlamento Europeu e do Conselho, de 11

de Fevereiro de 2004, que visam a prevenção da produção de resíduos, a reutilização das

embalagens, a reciclagem e outras formas de valorização destes resíduos, com consequente

redução da sua eliminação, assegurando um elevado nível de proteção do ambiente.

Com um objetivo de contribuir para o cumprimento das metas impostas pela Diretiva 2004/12/EC, o

requisito avalia se as embalagens dos produtos são constituídas, ou não, por materiais reciclados.

3. Sistema de Certificação

Em termos de certificação dos produtos, este requisito considera dois tipos de certificação: rótulo

ecológico e Declaração ambiental de produto, com igual grau de importância.

O facto de um produto apresentar uma EPD não significa que apresenta melhor desempenho

ambiental face a produtos com funções idênticas e sem EPD. De qualquer forma, considerou-se

importante incentivar o desenvolvimento de estudos de ACV, para que possam ser identificados e

corrigidos os impactes ambientais dos produtos ao longo das fases do ciclo de vida.

Consideram-se por ordem de importância decrescente os seguintes requisitos: produtos constituídos

por matérias-primas recicladas (MP), embalagem constituída por matérias-primas recicladas (EMB) e

certificação ambiental (CA).

Para a classificação dos produtos para a segunda parte do critério foi considerada a escala de

desempenho apresentada da Tabela 46.

Tabela 46 - Escala de desempenho do critério Produtos de baixo impacte (Parte 2)

A++ A+ A B C D E F G MP,

EMB, CA MP e EMB

MP e CA

EMB e CA

MP EMB CA Nenhum requisito

cumprido Informação não

disponível

É de salientar a importância atribuída à componente de certificação, relativamente aos outros

requisitos, a importância atribuída a este requisito é mais reduzida, uma vez que mesmo que um

produto tenha certificação por parte de um organismo credível, esta certificação pode não abranger

requisitos considerados importantes e abrangidos na metodologia desenvolvida no estudo.

Além disso, considerou-se com mais sentido confrontar o desempenho ambiental do produto com RE

com o desempenho obtido através da metodologia desenvolvida neste trabalho.

4.2.5 Durabilidade

O Sistema LiderA, através do critério 12 – durabilidade, refere que o consumo de materiais está

diretamente ligado à durabilidade dos materiais e ambientes construídos e que, numa estratégia de

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PROPOSTA METODOLÓGICA

59

sustentabilidade, a durabilidade deve ser aumentada, já que desta forma se minimiza o consumo de

materiais de construção (Pinheiro 2011a).

O aumento da durabilidade dos produtos só faz sentido se estes mantiverem as suas caraterísticas

ao longo do tempo, de forma a garantir que desempenham as funções para as quais foram

produzidos. Assim, um produto durável tem de resistir ao desgaste, stress e deterioração ambiental

ao longo da sua vida útil, para garantir a sua funcionalidade (Allione et al. 2011).

Além disto, numa perspetiva de ciclo de vida, o impacte relativo dos produtos diminui quando estes

desempenham as suas funções por um período de tempo mais longo, uma vez que os impactes

ambientais são distribuídos uniformemente pelo tempo de vida do produto (Wallhagen et al. 2011).

Isolamentos térmicos

Ao longo do tempo de vida útil de um isolamento térmico, a sua condutibilidade térmica deve manter-

se inalterada, para que o seu desempenho térmico corresponda ao desempenho para o qual o

produto foi adquirido pelo consumidor final.

Contudo, dependendo da deterioração física e química a que estão sujeitos no local de aplicação, o

desempenho térmico pode diminui consideravelmente. Quer seja entre paredes duplas, quer seja

aplicado pelo exterior ou interior de uma parede simples, a substituição do isolamento térmico é

muito pouco provável.

Por esta razão, a durabilidade dos produtos deve ser tão longa quanto a durabilidade do edifício,

para que não seja necessário recorrer a medidas que impliquem gastos económicos e de recursos,

como, por exemplo, a aplicação do isolamento térmico pelo exterior para compensar a perda de

desempenho. Tendo em conta que o tempo de vida útil de um edifício ronda os 50 anos (Pinheiro

2011a), a escala de desempenho foi construída com base neste valor (Tabela 47).

Contrariamente ao que aconteceu nos critérios anteriores, o valor escolhido foi atribuído ao nível de

desempenho A++, na medida em que um produto com durabilidade de 50 anos acompanha a fase de

operação do edifício, evitando o consumo de recursos e gastos económicos associados a novas

aplicações de isolamento térmico.

Tabela 47 - Escala de desempenho: critério Durabilidade para a família dos isolamentos térmico (anos)

A++ A+ A B C D E F G

Igual ou superior a 50 anos

[20 - 50[ [10 - 20[ [8 - 10[ [7 -8[ [6 -7[ [5 – 6[ [4 - 5[ Inferior a 4 anos

Revestimentos de pavimento

O tempo de vida útil típico de um revestimento de pavimento varia consoante as especificações do

edifício onde foi aplicado e o desgaste associado ao tipo de uso a que está sujeito.

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PROPOSTA METODOLÓGICA

60

Devido às agressões a que são sujeitos, provenientes das atividade desenvolvidas no edifício onde

são aplicados, os revestimentos de pavimento podem ser substituídos devido à diminuição do seu

desempenho, sendo, no entanto, muitas vezes substituídos por questões de moda.

Para o desenvolvimento da escala de desempenho foram consideradas as classes de uso

identificadas na Secção 2.2.2, juntamente com a informação apresentada nas EPDs em termos das

classes de uso e durabilidade.

Segundo a informação que consta na EPD de um produto específico, existe uma durabilidade

mínima esperada, considerando os vários tipos de uso que o produto pode apresentar, não sendo,

contudo, possível obter valores de durabilidade por tipo de uso.

Assim sendo, atribuiu-se à classe de uso que corresponde maior desgaste dos produtos (comercial

muito elevado) (ver Tabela 3, Secção 2.2.2) a durabilidade mínima encontrada nas EPDs. Para as

restantes, atribuiu-se mais 2 anos de tempo de vida útil aos produtos, relativamente à classe de uso

anterior. Trata-se de uma aproximação considerada razoável para contabilizar uma maior

durabilidade face à exposição decrescente de agressões físicas relativas ao tipo de uso.

Assim, foram construídas sete escalas de desempenho por casa nível de uso e para cada categoria

de produto em estudo, sendo os valores de durabilidade atribuídos ao nível de desempenho C.

Para os revestimentos duros transformados, tendo em conta que a durabilidade mínima encontrada

nas EPDs é de 50 anos, a escala de desempenho foi construída tal como para os isolamentos

térmicos. A atribuição ao nível de desempenho A++ seguiu o mesmo raciocínio apresentado para os

isolamentos térmicos, relativamente ao tempo de vida útil de um edifício.

As tabelas seguintes (Tabela 48, Tabela 49 e Tabela 50) apresentam as escalas de desempenho

para as categorias de madeira, têxteis e revestimentos de pavimento duros transformados.

Categoria: Madeira

Tabela 48 - Escala de desempenho: critério Durabilidade para a família dos revestimentos de pavimento (madeira) (anos)

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PROPOSTA METODOLÓGICA

61

Categoria: Têxteis

Tabela 49 – Escala de desempenho: critério Durabilidade para a família dos revestimentos de pavimento (têxteis)

Categoria: Duros transformados

Tabela 50 Escala de desempenho: critério Durabilidade para a familia dos revestimentos de pavimento (duros transformados)

A++ A+ A B C D E F G

Igual ou superior a 50 anos

[20 - 50[

[10 - 20[

[8 - 10[

[7 -8[ [6 -7[ [5 – 6[ [4 - 5[ Inferior a 4 anos

Sem dúvida que a categoria com maior durabilidade associada é a dos produtos duros

transformados. Para as restantes categorias, através das durabilidades mínimas identificadas nas

EPDs, os revestimentos à base de madeira apresentam uma durabilidade superior.

4.2.6 Níveis de qualidade do ar – Fase Utilização

As substâncias químicas presentes nos produtos de construção, produtos domésticos e mobiliário

desencadeiam reações químicas nos materiais, nas suas superfícies e na atmosfera envolvente

(Uhde & Salthamme 2007), sujeitando os seus habitantes à exposição de poluentes ao longo da fase

de ocupação dos edifícios.

Tendo em conta que a maior parte das pessoas passa cerca de 90% do seu tempo em espaços

confinados (Fernandes & Ventura n.d.), tem havido uma crescente preocupação relativamente ao

controlo das emissões por parte dos produtos para bem, não só do ambiente em geral, como

também da saúde humana, visto que são poluentes que alteram de forma negativa a qualidade do ar

interior (QAI).

Como resultado desta preocupação, ao longo do tempo têm vindo a surgir na Europa diversos

sistemas de rotulagem de carácter voluntário. Contudo, devido ao facto da maioria dos sistemas de

rotulagem serem sobretudo centrados nos mercados nacionais, requerendo, muitas vezes, testes

específicos, não existe uma tendência para a harmonização europeia desta temática (Kephalopoulos

et al. 2005).

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PROPOSTA METODOLÓGICA

62

Em termos nacionais, existe a referência aos materiais ecologicamente limpos no Regulamento dos

Sistemas Energéticos de Climatização em Edifícios (RSECE). São definidas condições de

manutenção, monitorização e auditoria de QAI, não definindo valores limite de emissões. Existe

ainda o Laboratório da Qualidade do Ar Interior (LQAI) que é um projeto pioneiro em Portugal desde

1996.

O LQAI é um dos 11 laboratórios europeus, e o único a nível nacional, a ser reconhecido pelo seu

sistema de rotulagem – LQAI Scheme. Este reconhecimento foi feito por uma iniciativa europeia

(European Collaborative Action - ECA), através de um relatório desenvolvido sobre a harmonização

dos sistemas de rotulagem de emissões por parte dos materiais em ambientes interiores, fazendo um

inventário dos sistemas existentes (Kephalopoulos et al. 2005).

Desde 2000 que o LQAI avalia os materiais de construção relativamente às emissões de poluentes

de acordo com os critérios recomendados pela ECA, sendo os critérios apresentados no Relatório 18

desta iniciativa europeia (Evaluation of VOC emissions from building products: solid flooring

materials) (Kephalopoulos et al. 2005).

De entre as atividades do laboratório, o LQAI avalia os produtos de revestimento de pavimento

quanto às emissões de Compostos Orgânicos Voláteis (COVs) e formaldeído. Estas emissões são

quantificadas através da exposição dos materiais a condições de referência dentro de uma câmara

de teste, contemplando as emissões após 3 dias e 28 dias de exposição. A câmara de teste

possibilita a simulação das condições ambientais que ocorrem dentro de uma habitação para a

avaliação do comportamento dos materiais de construção.

O presente critério baseou-se no sistema de rotulagem nacional, uma vez que os sistemas

apresentados internacionalmente (Kephalopoulos et al. 2005) apresentam metodologias muito

próprias e que tornam impossível harmonizar toda a informação para a construção da escala de

desempenho.

Só os produtos de revestimentos de pavimento foram avaliados segundo este critério, porque, salvo

raras exceções, os isolamentos térmico não estão em contacto direto com o ar interior da habitação.

Assim, considerou-se incoerente a avaliação das suas emissões através desta metodologia, quando

o efeito na QAI não é comparável ao efeito das emissões dos revestimentos de pavimento.

Alguns estudos sugeriram a aplicação de coeficientes aos valores das emissões de materiais de

isolamento térmico, considerando o tipo de exposição do produto (Fernandes & Ventura n.d.):

Material não coberto (100% exposto) associado um fator de conversão 1; Cobertura semipermeável

associado um fator de conversão 0,8; Cobertura quase impermeável associado um fator de

conversão 0,2. Contudo estes estudos ainda não foram suficientemente desenvolvidos.

A construção da escala de desempenho considerou os valores-limite mínimos estipulados no LQAI

Scheme, para os períodos de tempo relativos a 3 e 28 dias para os Compostos Orgânicos Voláteis

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PROPOSTA METODOLÓGICA

63

Totais (COVT), sendo que usualmente para os formaldeídos apenas são consideradas as medições

após 28 dias. Estes valores foram atribuídos ao nível de desempenho C.

Tabela 51 - Escala de desempenho: critério Níveis de Qualidade do Ar Interior

Cada produto é avaliado apenas por uma escala de desempenho (3 dias ou 28 dias) consoante o

teste apresentado para a quantificação das emissões, sendo o peso total do critério divido de igual

forma para os COVT e formaldeído.

Na verdade, um material só deve ser aplicado em ambiente real se os valores-limite dos 28 dias

forem cumpridos, uma vez que na fase inicial as emissões variam muito, decaindo muito

rapidamente. Um material que exceda os valores-limite logo aos 3 dias não chega a completar o

teste por apresentar uma avaliação negativa (Fernandes & Ventura n.d.).

O critério 24 do Sistema LiderA – níveis de qualidade do ar – refere que é necessário avaliar os

vários elementos suscetíveis de influenciar a qualidade do ar, quer a nível do interior do edificado,

através, por exemplo, da emissão de COVs, quer a nível do exterior, através, por exemplo, das

condições de vento (Pinheiro 2011a).

A grande maioria dos sistemas de certificação estudados contempla a QAI como um requisito a ter

em conta para o desempenho sustentável dos produtos. Dos que apresentam requisitos para os

revestimentos de pavimento destacam-se os sistemas da Alemanha, da Nova Zelândia, do Canadá,

dos países nórdicos, da Austrália e europeu, que apresentam metodologias de contabilização das

emissões bastante distintas. Em termos de EPDs, apenas o sistema finlandês e alemão apresentam

os valores de emissões específicas dos respetivos produtos.

4.2.7 Conforto térmico

Os isolamentos térmicos contribuem para que as condições de conforto prevaleçam no interior de

uma habitação, permitindo uma poupança energética considerável devido à menor utilização de

sistemas de climatização.

Com base em diversas investigações nesta área, especialistas concluíram não só que o conforto

térmico não é assim tão linear, porque depende da sensação de cada pessoa a diferentes condições

térmicas, como também que esta sensação é tão mais adaptativa quanto mais natural for o clima a

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PROPOSTA METODOLÓGICA

64

que as pessoas são sujeitas, ou seja, com menor interferência de sistemas artificiais para criar as

condições de conforto (Tirone & Nunes 2007).

O Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE) apresenta o

conforto térmico como um direito das pessoas, estabelecendo um patamar mínimo que deve ser

atingido em todos os edifícios habitacionais.

É com base no desempenho pretendido para o sector da construção, no âmbito da Diretiva EPBD,

relativa ao desempenho energético dos edifícios, que a escala de desempenho foi construída (Tabela

52). O desempenho pretendido foi quantificado de acordo com a condutibilidade térmica máxima que

um produto de isolamento térmico deve apresentar e que é igual a 0,044 W/m.K (Comissão Europeia

2010b).

Tabela 52 - Escala de desempenho: Critério Conforto Térmico (W/m.K)

A++ A+ A B C D E F G

Valores iguais ou inferiores

0,006

]0,006 – 0,015]

]0,015 – 0,029]

]0,029 – 0,037]

]0,037 – 0,044]

]0,044 – 0,051]

]0,051 – 0,059]

]0,059 – 0,066]

Valores superiores

a 0,066

O critério do Sistema LiderA relativo ao conforto térmico (C25) refere que este é fundamental no

edificado, pretendendo atingir-se, pelo menos, de forma passiva bons níveis de temperatura, de

humidade e de velocidade do vento (Pinheiro 2011a).

Os sistemas de rotulagem ecológica da Alemanha e da Nova Zelândia são os únicos, de entre os

estudados, a apresentar requisitos quanto ao desempenho térmico dos produtos, sendo que as

EPDs indicam os valores de condutibilidade térmica e/ou resistência térmica dos mesmos.

4.2.8 Produtos locais

A promoção de uma cadeia de distribuição curta através da escolha de materiais disponíveis

localmente é essencial para minimizar o consumo de recursos naturais e a emissão de GEE,

provenientes do transporte de matérias-primas e produtos.

Para além dos aspetos ambientais, o presente critério pretende destacar os produtos que promovem

a economia nacional, através da utilização de matérias-primas e da produção nacionais. Desta forma

é necessário dinamizar a economia, através do desenvolvimento sustentável das empresas, para a

criação de emprego, mobilizando, ao mesmo tempo, os consumidores a preferirem produtos e

marcas que geram valor acrescentado em Portugal.

Com base nestas considerações, o presente critério baseou-se em três fases do ciclo de vida dos

produtos, nomeadamente a extração das matérias-primas, a produção e a comercialização, sendo

considerada a comercialização apenas em Portugal.

Desta forma, a avaliação dos produtos segundo este critério teve em conta os países onde ocorrem a

extração das matérias-primas e a fase produtiva, em termos do número de quilómetros percorridos.

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PROPOSTA METODOLÓGICA

65

Um produto obtém a classificação máxima no critério (A++) caso as três fases ocorram em território

nacional.

De forma a considerar os produtos cujas fases de extração das matérias-primas e de produção

ocorrem fora de Portugal, foi necessário estabelecer uma distância de referência para a construção

da escala de desempenho.

O Sistema LiderA refere que a disponibilidade e a utilização de materiais locais até um máximo de

100 km podem contribuir para a atenuação das necessidades de transporte, promovendo ao mesmo

tempo a dinâmica da economia local (Pinheiro 2011a). Contudo, para a construção da escala, esta

distância é muito reduzida uma vez que é igualmente necessário contabilizar distâncias para além da

fronteira de Portugal.

Assim, considerou-se que distâncias entre Portugal e países fora da Europa são demasiado elevadas

para serem consideradas válidas para níveis de desempenho compreendidos entre a prática usual

(E) e A+. Assim, para a construção da escala de desempenho considerou-se a distância entre os

dois países da europa mais afastados. Através do Google maps foi possível verificar que o país mais

afastado de Portugal é a Finlândia, com cerca de 4 000 quilómetro a separá-los. Este valor foi

atribuído à classe E.

Tabela 53 - Escala de desempenho: critério Produtos Locais (km)

A++ A+ A B C D E F G

Três fases elaboradas em Portugal

] Três fases elaboradas em

Portugal – 1 000]

]1 000 – 2 000]

]2 000 – 2 500]

]2 500 – 3 000]

]3 000 – 3 500]

]3 500 – 4 000]

Países da Ásia e de

África

Países da América e

da Austrália

Os valores que constituem a escala de desempenho correspondem à distância entre o país

estrangeiro e a fronteira de Portugal.

Para cada produto a distância total considerada é a soma das distâncias percorridas entre as três

fases do ciclo de vida consideradas.

A escala de desempenho apresentada é válida para as duas famílias de produtos em estudo.

4.2.9 Custo de aquisição

Os custos no ciclo de vida constituem um parâmetro essencial e importante, na medida em que são

uma forma de maximizar a rentabilidade do edificado, minimizando simultaneamente a sua

manutenção (Pinheiro 2011a).

É frequente associar custos mais elevados aos produtos mais sustentáveis, o que não constitui uma

conclusão necessariamente verdadeira. De facto, frequentemente os preços de aquisição destes

produtos são mais elevados, mas se todo o ciclo de vida do produto for considerado, esta conclusão

pode ser facilmente desvalorizada (ICLEI 2008).

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PROPOSTA METODOLÓGICA

66

No caso dos isolamentos térmicos, ao examinar os custos evitados associados à menor utilização de

sistemas de climatização para manter as temperaturas de conforto dentro de uma habitação,

facilmente se chega a conclusão que, ao longo do ciclo de vida de um edifício, o preço de aquisição

é compensado. Estes custos evitados não serão calculados no estudo.

Para os revestimentos de pavimento, considerando que aos produtos sustentáveis é associada uma

durabilidade superior, os custos associados à aquisição dos produtos sustentáveis são compensados

e repartidos por um número maior de anos de utilização do produto. Isto para além de que quanto

mais durável for o produto, menos substituições serão necessárias ao longo da fase de utilização do

edifício, implicando poupança.

Considerar os custos no ciclo de vida significa também contabilizar os custos associados não só à

compra do produto, mas também os custos futuros. Isto é, os custos associados à utilização dos

produtos (consumo de água, energia, entre outros), assim como os custos de manutenção e de fim

de vida que variam consoante o destino final do produto (ICLEI 2008).

Para o desenvolvimento do presente critério apenas os custos de aquisição foram contabilizados.

Esta escolha é justificada através do facto de, em termos dos custos de utilização dos produtos, os

isolamentos térmicos não serem sujeitos, na grande maioria das vezes, a manutenção pelas razões

já identificadas no critério da durabilidade.

Quanto aos revestimentos de pavimento, a sua manutenção em termos de limpeza realmente

acarreta custos a nível de consumo de água e de produtos de limpeza. Contudo, esta componente é

de difícil contabilização aquando da posterior avaliação dos produtos de mercado. Para além disto,

os custos relativos à fase de utilização fazem mais sentido quando considerados produtos como, por

exemplo, os sistemas de climatização.

Relativamente aos custos de fim de vida, estes são igualmente difíceis de quantificar uma vez que,

para além das diversas hipóteses de fim de vida que um produto pode apresentar, a informação

disponibilizada pelos fabricantes dos produtos classificados é reduzida o suficiente para não

contabilizar, nem de perto, este tipo de custos.

Por sua vez, os custos de aquisição foram facilmente levantados através do estudo de mercado

anteriormente referido.

Isolamentos térmicos

A escala de desempenho foi construída utilizando-se a Equação (1), respeitando o mesmo

procedimento tomado na seção 4.1.4.1 Unidade Funcional, para cada produto do estudo do

mercado. Posteriormente calculou-se o custo médio associado aos produtos de mercado, por

categoria de produto.

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PROPOSTA METODOLÓGICA

67

Após aplicar este procedimento a cada produto do mercado, a média aplicou-se ao nível de

desempenho C (Tabela 54, Tabela 55 e Tabela 56).

Categoria: Produtos derivados orgânicos de plantas ou animais

Tabela 54 - Escala de desempenho: critério Custo de Aquisição (€/UF) para a família dos isolamentos térmicos (fibras minerais inorgânica)

Categoria: Produtos derivados de combustíveis fósseis

Tabela 55 - Escala de desempenho: critério Custo de Aquisição (€/UF) para a família dos isolamentos térmicos (derivados de combustíveis fósseis)

Categoria: Fibras minerais inorgânica

Tabela 56 - Escala de desempenho: critério Custo de Aquisição (€/UF) para a família dos isolamentos térmicos (derivados orgânicos de plantas ou animais)

Os custos de aquisição associados aos produtos classificados contribuem também para as médias

calculadas. Desta forma, alguns ajustamentos foram feitos de forma a garantir que os custos máximo

e mínimo se encontravam nos extremos das escalas de desempenho. O objetivo é situar cada

produto classificado no intervalo de custos de aquisição construído com o estudo de mercado.

Revestimentos de pavimento

Os custos de aquisição foram considerados juntamente com a durabilidade dos produtos, utilizando

os preços obtidos do estudo de mercado e a durabilidade dos produtos apresentada nas EPDs, na

medida em que a maioria dos produtos de mercado não apresenta uma durabilidade associada.

Com estes dados, o objetivo foi calcular o custo médio por metro quadrado e dividir pelo valor da

durabilidade apresentada nas EPDs (valores médios), ambos por categoria de produto.

Para a construção da escala de desempenho considerou-se o seguinte:

A++ A+ A B C D E F G

1,64 ]1,64 – 2,39]

]2,39 – 4,77]

]4,77 – 5,97]

]5,97 – 7,16]

]7,16 – 8,35]

]8,35 – 10,55]

]10,55 – 20,74]

]20,74 – 31,51]

A++ A+ A B C D E F G

3,24 ]3,24 – 4] ]4 – 4,92]

]4,92 – 6,16]

]6,16 – 7,39]

]7,39 – 8,62]

]8,62 – 9,85]

]9,85 – 11,08]

]11,08 – 17,82]

A++ A+ A B C D E F G

12,05 ]12,05 –

13] ]13 –

13,50] ]13,50 – 13,94]

]13,94 – 16,73]

]16,73 – 19,52]

]19,52 – 22,31]

]22,31 – 25,10]

]25,10 – 2620]

(2)

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PROPOSTA METODOLÓGICA

68

Se X=1, então o custo do produto a classificar é igual ao custo médio do mercado para a

categoria de produto em questão. Por outro lado, caso X>1, isto significa que o produto a classificar

apresenta um custo superior à média do mercado. E se X<1, então o produto a classificar

apresenta um custo inferior à média do mercado.

A Tabela 57 apresenta a escala de desempenho desenvolvida para o critério Custo de Aquisição,

para os revestimentos de pavimento.

Tabela 57 – Escala de desempenho: critério Custo de Aquisição para a família dos revestimentos de pavimento

Os valores apresentados tabela seguinte dizem respeito ao denominador da Equação (2), para cada

categoria de produto.

Tabela 58 – Custos de Aquisição por categoria de produto de revestimento de pavimento

Madeira

(Laminados) Têxteis

Duros transformados

Máximo (€/m2) 34,95 20,45 309,31

Mínimo (€/m2) 4,95 1,99 4,95

Média (€/m2) 13,88 10,88 32,88

Durabilidade média (anos) 15 10 50

Nível desempenho C 0,93 1,09 0,66

Em relação ao preço máximo de mercado, os revestimentos duros transformados destacam-se

visivelmente pelo superior custo por metro quadrado, seguidos dos à base de madeira (laminados) e

por fim os têxteis.

A atribuição dos valores médios ao nível de desempenho C (isolamentos térmico) e do quociente

calculado através da Equação (2) (revestimentos de pavimento) permitiu, aquando da classificação

de alguns produtos de mercado, verificar se o preço associado aos mesmos estava acima ou abaixo

da média do mercado. Isto porque os produtos a classificar contribuíram para a média calculada e

utilizada para construir as escalas de desempenho.

Para os isolamentos térmicos foram necessários ajustamentos aos valores da escala de

desempenho de forma a garantir que os preços máximo e mínimo se encontravam nos extremos da

escala.

A++ A+ A B C D E F G

Inferior a 0,13

]0,13 –0,33]

]0,33 – 0,67]

]0,67 – 0,83]

]0,83 – 1,00]

]1,00 – 1,17]

]1,17 – 1,33]

]1,33 – 1,50]

Superior a 1,50

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69

5 Avaliação de produtos sustentáveis

A classificação do grau de sustentabilidade dos produtos considera os critérios desenvolvidos no

capítulo anterior e as ponderações dos mesmos, consoante a metodologia do Sistema LiderA, que

são apresentadas neste capítulo.

Alguns exemplos são dados quanto à aplicação da metodologia a produtos de mercado, sendo

explicado o procedimento tomado para cada um deles.

Por fim, são construídos cenários relativamente aos pesos a atribuir a cada um dos critérios

desenvolvidos.

5.1 Catálogo de produtos sustentáveis do LiderA

Apesar da atual multiplicidade de sistemas de certificação de produtos, em 2010 o Sistema LiderA

deu início ao desenvolvimento de um projeto de referenciação e sistematização de produtos de

construção que procuram a sustentabilidade. O projeto pretendeu dar resposta à necessidade de

suportar a decisão de escolha das soluções, para os ambientes construídos e as atividades

existentes (Pinheiro 2011b).

O projeto consiste na apresentação de um catálogo de produtos com várias aplicações,

disponibilizado online, onde a classificação de sustentabilidade é determinada com base numa

metodologia própria (LiderA, 2011). O catálogo permite ao cliente/consumidor tomar decisões

segundo alternativas sustentáveis, ao mesmo tempo que contribui para a divulgação e exportação de

produtos nacionais com perfil sustentável (Pinheiro 2011b).

Para serem integrados no catálogo, os produtos têm de ser sujeitos a uma avaliação, que conduz à

atribuição de uma classe de desempenho, entre E e A++. A sistematização pode ser feita por

equiparação a rótulos ecológicos e outras classificações ambientais existentes, verificadas por

entidades externas, ou resultar de classificação e verificação, efetuadas pelo LiderA.

A equiparação a sistemas de rotulagem (tipo I) ou a outra declaração ambiental credível, enquadra

diretamente o produto entre as classes C a A++. Por exemplo, a equiparação ao rótulo ecológico

justifica pelo menos um A+ (Pinheiro 2011b).

Este estudo, especificamente dirigido a duas categorias de materiais de construção, isolamentos

térmicos e revestimentos de pavimento, é um exemplo de classificações e verificações efetuadas

pelo LiderA. Nele, a atribuição da classificação final resulta de uma avaliação baseada num conjunto

de critérios, que abrangem as três dimensões da sustentabilidade.

A certificação e o reconhecimento, pelo Sistema LiderA, apenas válidos para as classes de

desempenho entre C e A++, como já foi referido, têm como principais interessados: projetistas,

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AVALIAÇÃO DE PRODUTOS SUSTENTÁVEIS

70

construtores, responsáveis pelas aquisições, entidades ambientais, produtores e fornecedores.

Ficam com a possibilidade de escolher os produtos para os quais as suas necessidades são

cumpridas, ao mesmo tempo considerando o seu desempenho de sustentabilidade (Pinheiro 2011b).

5.2 Metodologia de avaliação segundo o Sistema LiderA

A avaliação final dos produtos, resultante da sua apreciação em cada critério desenvolvido, vai

enquadrá-los numa das classes existentes do Sistema LiderA, de G a A++. Para a concretizar, é

necessário atribuir pesos aos critérios, de forma a ponderar a sua importância na avaliação final. Na

atribuição de pesos aos critérios, são consideradas as vertentes e as áreas do LiderA onde estão

inseridos.

No trabalho, começou por se calcular o peso dos critérios, fazendo o produto dos pesos das

respetivas vertentes e áreas. Como o estudo abrange apenas algumas das vertentes e áreas do

LiderA, o somatório dos pesos calculados não perfez 100%. Para ajustar os pesos apenas às

vertentes e áreas consideradas, considerando a sua proporção na globalidade das existentes no

LiderA, calcularam-se novos pesos.

A Tabela 59 mostra a ligação entre os critérios, e respetivos pesos, usados no trabalho e existentes

no Sistema LiderA.

Tabela 59 Cenário LiderA: Peso dos critérios

Critérios do estudo

Sistema LiderA Novos pesos

isolamentos térmicos

(%)

Novos pesos revestimentos de pavimento

(%) Vertente Área Critério

Peso (%)

Consumo de energia

Recursos (32%)

Energia (17%)

Eficiência nos consumos e

eficiência energética (C7)

5,44 35,57 35,57

Consumo de água potável

Água (8%)

Consumo de água potável (C10)

2,56 17,68 17,68

Produtos locais

Materiais (5%)

Materiais locais (C13) 1,60 11,05 11,05

Produtos de baixo

impacte

Materiais de baixo impacte (C14)

1,60 11,05 11,05

Durabilidade Durabilidade (C12) 1,60 11,05 11,05

Conforto térmico Conforto

ambiental (15%)

Conforto térmico

(5%)

Conforto térmico (C25)

0,75 5,18 -

Níveis de qualidade do

ar interior

Qualidade do Ar (5%)

Níveis de qualidade do ar (C24)

0,75 - 5,18

Custo

Vivência Socio

económica (19%)

Custos no ciclo de

vida (3%)

Custos no ciclo de vida

0,57 3,94 3,94

Produção e gestão de resíduos

Cargas ambientais

(12%)

Resíduos (3%)

Produção de resíduos (C19), gestão de

resíduos perigosos (C20) e valorização de resíduos (C21)

0,36 2,49 2,49

TOTAL 14,48 100,00 100,00

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AVALIAÇÃO DE PRODUTOS SUSTENTÁVEIS

71

Atendendo a que os critérios Conforto Térmico e Níveis de Qualidade do Ar Interior são específicos,

respetivamente, para os isolamentos térmicos e revestimentos de pavimento, e que ambos

apresentam o mesmo peso segundo o LiderA, no somatório dos pesos (14,48%), os pesos destes

dois critérios foram contabilizados só uma vez.

Após a classificação de um produto relativamente a cada critério, a classificação final foi obtida

através do somatório dos produtos do peso ponderado do critério (Tabela 59) pelo peso do nível de

desempenho do LiderA. Os valores da Tabela 60 foram obtidos com base na Figura 4.

Tabela 60- Fatores de Desempenho considerados para cada nível de classificação de acordo com a metodologia do Sistema LiderA

A++ A+ A B C D E F G

1,900 1,750 1,500 1,375 1,250 1,125 1,000 0,875 0,750

5.3 Aplicação da metodologia aos produtos

A metodologia desenvolvida foi aplicada a alguns produtos de mercado, considerando a informação

disponibilizada, não só nas páginas da internet, como através do contacto, via email, com entidades

associadas aos produtos.

De seguida encontram-se exemplos de aplicação da metodologia a produtos das duas famílias em

estudo, de forma a tornar mais esclarecedor o procedimento tomado para a obtenção dos níveis de

desempenho de cada produto, consoante cada critério.

5.3.1 Coretech

O produto Coretech (Aguimóveis®) é um isolamento térmico à base de poliuretano (PUR), com fibras

de vidro e resinas fenólicas, pertencendo, portanto, à categoria dos produtos derivados de

combustíveis fósseis.

O procedimento tomado na seção 0 Unidade Funcional foi seguido. Primeiro, o valor disponibilizado

de consumo de energia (15 kWh/m2) foi adaptado de forma a ser possível obter o valor nas unidades

de megajoule por quilograma (MJ/kg). Sabendo que a espessura e a densidade do produto são,

respetivamente, 0,1 m e 650 kg/m3 e que 1kWh=3,6MJ, os cálculos resultaram num consumo de 0,83

MJ/kg.

Posteriormente, através da Equação (1) calculou-se a massa necessária correspondente a um

desempenho térmico de R = 1 (m2.K)/W, para A=1m

2, atribuindo a condutibilidade térmica (λ=0,088

W/(m.K)) e a densidade do Coretech aos respetivos parâmetros da equação, resultando em 57,2

kg/UF.

Por fim, multiplicaram-se os dois últimos valores, obtendo-se o consumo de energia de 47,48 MJ/UF.

Posteriormente este valor foi confrontado com a escala de desempenho respetiva à categoria a que o

produto pertence (Tabela 8), para a fronteira Produção, visto ter sido indicado que o consumo de

energia era apenas relativo à fase de produção do produto. O nível de desempenho atribuído foi o D.

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AVALIAÇÃO DE PRODUTOS SUSTENTÁVEIS

72

Em termos de consumo de água potável, foi indicado que não havia consumo na fase de produção e,

portanto, foi atribuído ao produto o nível de desempenho A++ para este critério.

As matérias-primas são provenientes de Itália e a produção é realizada em Espanha. Através do

Google maps, foi possível verificar que a distância associada ao percurso Itália-Espanha-Portugal é

de, aproximadamente, 2 394 quilómetros. Este resultado permitiu ao produto obter a classificação B

no critério Produtos Locais (Tabela 53).

Para a primeira parte do critério Produtos de Baixo Impacte, foi atribuído o nível de desempenho E,

uma vez que não há informação disponível relativa às categorias de impacte ambiental.

O produto não presenta RE nem EPD, e não houve indicação de que a sua embalagem seja

constituída por materiais reciclados. Contudo, o produto é constituído por materiais reciclados,

provenientes de outros processos de fabrico, nomeadamente da indústria automóvel. Assim sendo,

para a segunda parte do critério Produtos de Baixo Impacte, foi atribuído o nível de desempenho C

(Tabela 46).

Sabendo que a primeira parte constitui 60% do peso total do critério, e a segunda parte os restantes

40%, o desempenho final do produto para este critério é o E (0,6x1 + 0,4x1,125 = 1,05) (Tabela 60).

O Coretech apresenta uma durabilidade superior a 50 anos e uma condutibilidade térmica igual a

0,088 W/(m.K). Desta forma, os níveis de desempenho para cada um dos critérios, Durabilidade

(nível de desempenho A++) e Conforto Térmico (nível de desempenho G), foram obtidos através do

confronto direto dos mesmos com as respetivas escalas de desempenho.

Para a espessura e densidade indicadas, o preço do Coretech é igual a 6,86 €/m2. Tal como

procedido para o critério Consumo de Energia, em primeiro lugar adaptou-se o preço às unidades de

€/kg, através da espessura e densidade do produto, resultando em 0,11 €/kg. Posteriormente

multiplicou-se este valor pelo resultado obtido da Equação (1) (57,2 kg/UF), resultando num custo de

aquisição de 6,04€/UF. Através deste resultado confirmou-se que o produto apresenta um custo de

aquisição inferior à média do mercado, uma vez que o nível de desempenho obtido foi o B (Tabela

55).

Por fim, não foi disponibilizada informação quanto à produção de resíduos ao longo da fase

produtiva, pelo que foi atribuído o nível de desempenho E à primeira parte do critério Produção e

Gestão de Resíduos.

Os desperdícios de Coretech produzidos na fabricação, provenientes dos cortes de retificação das

placas, são encaminhados para os trituradores automaticamente, constituindo matéria-prima para a

produção de novo produto. Desta forma, tendo em conta a reciclagem, foram atribuídos três pontos,

a que corresponde o nível de desempenho A para a segunda parte do critério (Tabela 27).

A primeira parte constitui 70% do peso total do critério, e a segunda parte os restantes 30%. O

desempenho final do produto para este critério é o D (0,7x1 + 0,3x1,5 = 1,15) (Tabela 60).

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AVALIAÇÃO DE PRODUTOS SUSTENTÁVEIS

73

5.3.2 EPS 60

O produto EPS 60 (Plastimar®), sendo constituído por poliestireno expandido, insere-se na categoria

dos produtos derivados de combustíveis fósseis.

Através do procedimento tomado na seção 0 Unidade Funcional transformou-se o consumo de

energia do produto (0,2 kWh/kg) em unidades de megajoule por quilograma (MJ/kg), sabendo que

1kWh=3,6MJ. O resultado obtido foi um consumo de energia de 0,72 MJ/kg.

Posteriormente, utilizou-se a Equação (1) para calcular a massa necessária correspondente a um

desempenho térmico igual a R = 1 (m2.K)/W, para A=1m

2, atribuindo a condutibilidade térmica

(λ=0,038 W/(m.K)) e a densidade (ρ=15 kg/m3) do produto aos respetivos parâmetros da equação,

resultando em 0,57 kg/UF.

Multiplicaram-se os dois últimos valores, obtendo-se o consumo de energia de 0,41 MJ/UF. Através

da escala de desempenho da respetiva categoria (Tabela 8), e para a fronteira Produção, visto ter

sido o indicado, o nível de desempenho atribuído foi o A++ para o critério Consumo de Energia.

O mesmo procedimento foi realizado para o consumo de água (0,2 litros/m2). A única diferença

residiu na passagem deste consumo para as unidades de litros de água por quilograma, tendo sido

necessário dividir pela espessura (0,005 m) e densidade (ρ=15 kg/m3) do produto. O valor obtido foi

multiplicado pela massa do produto calculada pela Equação (1) (0,57 kg/UF), resultando num

consumo de água de 1,52 litros/UF. O nível de desempenho obtido para o critério Consumo de Água

Potável foi o A+ (Tabela 29).

Uma vez que o produto é 100% nacional, ao critério Produtos Locais foi-lhe atribuído o nível de

desempenho A++ (Tabela 53).

Para a primeira parte do critério Produtos de Baixo Impacte, foi atribuído o nível de desempenho E,

visto não ter sido disponibilizada informação relativa às categorias de impacte ambiental.

O produto não presenta RE nem EPD, e não foi disponibilizada informação quanto à presença de

materiais reciclados na sua embalagem. Contudo, uma vez que foi indicado que o produto apresenta

na sua constituição materiais reciclados, o nível de desempenho atribuído foi o C (Tabela 46).

Através dos pesos de cada uma das partes do critério, o desempenho final do produto é o E (0,6x1 +

0,4x1,125 = 1,05) (Tabela 60).

O produto apresenta uma durabilidade superior a 50 anos e uma condutibilidade térmica igual a

0,038 W/(m.K). Os níveis de desempenho para cada um dos critérios Durabilidade (nível de

desempenho A++) e Conforto Térmico (nível de desempenho C), foram obtidos através do confronto

direto dos mesmos com as respetivas escalas de desempenho.

O Custo de Aquisição do produto, para a espessura e densidade indicadas, é igual a 1,01 €/m2. Tal

como para os critérios Consumo de Energia e Consumo de Água Potável, em primeiro lugar adaptou-

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AVALIAÇÃO DE PRODUTOS SUSTENTÁVEIS

74

se o preço às unidades de €/kg, resultando em 0,11 €/kg. Posteriormente multiplicou-se este valor

pelo resultado obtido da Equação (1) (0,57 kg/UF), resultando num custo de aquisição de 3,83€/UF.

Assim, o EPS 60 encontra-se num grupo de produtos cujos custos de aquisição são dos mais baixos

do mercado - nível de desempenho A+ (Tabela 55).

Para a fase de produção foi indicado um valor quanto à produção de resíduos: 0,2 kg/m2. O

procedimento tomado para o critério Consumo de Energia foi seguido, obtendo-se o valor final de

1,52 kgresíduos/UF. De acordo com a escala de desempenho respetiva (Tabela 18), foi atribuída ao

produto a classe C.

Tendo em conta que os resíduos gerados são reciclados, foram atribuídos três pontos, a que

corresponde o nível de desempenho A (Tabela 27).

A primeira parte constitui 70% do peso total do critério, e a segunda parte os restantes 30%. O

desempenho final do produto para o critério Produção e Gestão de Resíduos é o C (0,7x1,25 +

0,3x1,5 = 1,33) (Tabela 60).

5.3.3 Grés porcelânico

O produto de revestimento de pavimento Grés Porcelânico da Margrés® está inserido na categoria

dos produtos duros transformados, por se tratar de um mosaico cerâmico.

Devido à escassa disponibilidade de informação, não foi possível obter resultados para os critérios:

Consumo de Energia, Consumo de Água potável, Durabilidade e Custo de Aquisição. Nestes casos,

o nível de desempenho atribuído foi o E, prática usual.

Relativamente ao critério Produtos Locais, devido ao facto do Grés Porcelânico ser produzido em

Portugal, assim como a extração das matérias-primas, foi atribuído o nível de maior desempenho:

A++.

Para a primeira parte do critério Produtos de Baixo Impacte, foi atribuído o nível de desempenho E,

uma vez que não há informação disponível relativa às categorias de impacte ambiental.

O produto apresenta certificação por parte de um organismo credível (LEED:Leadership in Energy

and Environmental Design), que comprova o desempenho ambiental do produto. Segundo esta

certificação foi possível verificar que o produto é constituído por matérias-primas recicladas. Contudo

não há indicação quanto à existência de materiais reciclados na embalagem. Assim sendo, à

segunda parte do critério Produtos de Baixo Impacte, foi atribuído o nível de desempenho A (Tabela

46).

A primeira parte constitui 60% do peso total do critério, e a segunda parte os restantes 40%, sendo,

portanto, o desempenho final do produto para o critério Produtos de Baixo Impacte é o D (0,6x1 +

0,4x1,5 = 1,2) (Tabela 60).

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AVALIAÇÃO DE PRODUTOS SUSTENTÁVEIS

75

No critério Qualidade do Ar Interior, foi atribuído o nível de desempenho A++, uma vez que é

comprovada a baixa emissão de COVT e formaldeído, através da certificação LEED.

Não foi obtida qualquer informação quanto à produção de resíduos ao longo da fase produtiva, tendo

sido atribuído o nível de desempenho E à primeira parte do critério Produção e Gestão de Resíduos.

Uma vez que 100% do caco cru é reutilizado e que 100% do caco cozido é reciclado externamente e

reincorporados como matéria-prima no sector da cerâmica estrutural, foram atribuídos 5 pontos ao

produto (2 pontos pela reutilização e 3 pontos pela reciclagem). Ao efetuar-se a média, o nível de

desempenho atribuído a esta parte do critério foi o nível A (Tabela 46).

Uma vez que a primeira parte constitui 70% do peso total do critério, e a segunda parte os restantes

30%, o desempenho final do produto para o critério Produção e Gestão de Resíduos é o D (0,7x1 +

0,3x1,5 = 1,15) (Tabela 60).

Todos os produtos avaliados segundo a proposta metodológica são indicados em anexo, com os

respetivos níveis de desempenho por critério e avaliação final (Tabela 86 e Tabela 87 do anexo I).

5.4 Análise de sensibilidade

Com o objetivo de verificar a influência que os pesos atribuídos a cada critério apresentam na

avaliação final dos produtos, foram construídos três cenários que representam as três dimensões de

sustentabilidade.

Destaque-se que a aplicação dos pesos é uma componente subjetiva, sendo utilizável já que alguns

dos utilizadores (por exemplo consumidores) muitas vezes preferem dispor de informação agregada

e simplificada.

Nos cenários, apresentados na Tabela 61, os pesos propostos salientam os critérios que caraterizam

a dimensão em causa, sendo uma base de referência para outras alternativas. Os critérios com

influência em cada dimensão estão destacados com a cor respetiva da mesma

Tabela 61 - Ponderação sugerida dos critérios para as três dimensões da sustentabilidade

Legenda: X – não aplicável

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AVALIAÇÃO DE PRODUTOS SUSTENTÁVEIS

76

Para cada cenário foram escolhidos produtos de isolamento térmico e revestimentos de pavimento

(Tabela 62), de forma a desenvolver uma análise comparativa em termos de desempenho de

sustentabilidade obtido para cada um dos cenários considerados, juntamente com a metodologia do

Sistema LiderA.

Tabela 62 – Classificação de produtos segundo a metodologia do sistema LiderA e dos três cenários: Dimensão Ambiental, Dimensão Económica e Dimensão Social

Legenda: X – não aplicável

Para os diferentes cenários, os resultados obtidos do Coretech são fruto do baixo desempenho do

produto em relação ao critério Conforto Térmico. Assim, como é evidente, a classificação mais baixa

do produto ocorre na dimensão social, onde o critério Conforto Térmico representa 50% da

ponderação total dos critérios.

A variação das ponderações entre os cenários das dimensões económica e ambiental altera a

classificação do Coretech, melhorando-a na última, onde ao critério Conforto Térmico foi atribuído um

peso baixo (2%).

Por sua vez, o isolamento térmico à base de EPS apresenta uma classificação mais uniforme, na

classificação segundo o LiderA e nos três cenários. A classificação mais baixa, obtida na dimensão

social, deve-se ao elevado peso atribuído ao critério Conforto Térmico (50%), que corresponde a um

critério onde o produto é pior classificado, comparativamente à maioria dos restantes critérios.

Os produtos Coretech e EPS 60 obtêm a classificação mais fraca no critério Produtos de Baixo

Impacte. Contudo, este não influencia tanto quanto o critério Conforto Térmico, uma vez que o seu

peso dilui-se no de outros critérios com igual peso.

O produto de revestimento de pavimento apresenta o melhor desempenho nos critérios Produtos

Locais e Qualidade do Ar Interior, que permitem que o produto atinja uma classificação mais elevada

na dimensão económica e social, respetivamente. Contudo, a classificação na dimensão económica

fica limitada devido ao facto dos critérios Durabilidade e Custo apresentarem níveis de desempenho

iguais à prática usual (Classe E), sendo os mais pesados da dimensão.

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77

6 Discussão de resultados

Os critérios desenvolvidos são uma proposta que permite a avaliação do desempenho de

sustentabilidade, de uma forma simplificada, para os produtos de construção considerados:

isolamentos térmicos e revestimentos de pavimento.

No seu conjunto, os critérios desenvolvidos permitem que o consumidor possa comparar materiais

com idênticas funções, avaliando não só a componente do custo, mas também o contributo para o

seu bem-estar, considerando, ainda, os impactes ambientais associados ao ciclo de vida dos

produtos.

Segundo os resultados obtidos para as escalas de desempenho, é necessário esclarecer alguns

aspetos:

Relativamente ao critério Consumo de Energia, para a fronteira Produção, os valores mostram

que a categoria de produtos de revestimentos de madeira é a que mais consume energia, quando

comparada aos revestimentos duros transformados. No entanto, atendendo ao processo

produtivo, é intuitivo serem os revestimentos duros transformados a apresentar um consumo de

energia superior, uma vez que são sujeitos a processos de secagem e cozedura em fornos

(Comissão Europeia 2010a). Os valores que constam nas escalas de desempenho podem ser

justificados pelo facto de apenas existir uma EPD respeitante aos revestimentos duros

transformados, para a fronteira Produção.

Para o critério Consumo de Água Potável, os produtos derivados de combustíveis fósseis são a

categoria que mais consome água, em relação à categoria das fibras minerais inorgânicas.

Quando se considera a fronteira cradle - to - gate, a diferença é ainda mais relevante. O elevado

consumo pode ser explicado pelo facto de incluir a utilização de água nas fases a montante da

fase de produção, nomeadamente para a produção de energia (por exemplo, evaporação de água

nos processos de arrefecimento) (Zabalza Bribián et al. 2010) (Institut Bauen und Umwelt

E.V.(IBU) 2010b). Para os revestimentos de pavimento, na fronteira cradle-to-gate, a discrepância

entre o consumo de água dos produtos têxteis e o das restantes categorias é muito significativa.

Este resultado deve-se à quantidade de água utilizada para o processamento das matérias-primas

têxteis, constituindo 96% a 97% do consumo total de água da fronteira do sistema em questão

(Institut Bauen und Umwelt E.V.(IBU) 2009).

Relativamente às categorias de impacte ambiental, para a fronteira cradle-to-gate, os derivados

combustíveis fósseis apresentam valores de PAG superiores aos das restantes categorias, sendo

a diferença significativa em relação aos derivados orgânicos minerais/vegetais. As emissões de

GEE são diretamente provenientes das matérias-primas utilizadas (polióis poliésters),

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DISCUSSÃO DE RESULTADOS

78

representando 98% das emissões totais na fronteira do sistema considerada (Institut Bauen und

Umwelt E.V.(IBU) 2010b) (Zabalza Bribián et al. 2010). Para a fronteira cradle-to-gate, os

produtos à base de madeira apresentam o valor mais baixo relativamente à categoria de impacte

ambiental PAG. Os valores negativos devem-se ao facto do dióxido de carbono, fixado através da

fotossíntese ao longo do crescimento das árvores, ficar armazenado no produto até este atingir o

seu final de vida (Institut Bauen und Umwelt E.V.(IBU) 2011).

Os resultados obtidos para o critério Produção e Gestão de Resíduos consideram-se coerentes,

pois os valores obtidos são resultado de um conjunto significativo de EPDs. Para a fronteira

cradle-to-gate, à categoria dos derivados orgânicos de plantas ou animais está associada a maior

geração de resíduos, face às restantes categorias. Isto deve-se ao facto das EPDs utilizadas

serem referentes a produtos constituídos por fibras de madeira e cortiça, a que estão associadas

grandes quantidades de resíduos na fase de extração das matérias-primas, constituindo cerca de

95% dos resíduos totais gerados na fronteira considerada (Institut Bauen und Umwelt E.V.(IBU)

2010a).

Os níveis de desempenho obtidos por cada produto, para cada critério e segundo a metodologia do

Sistema LiderA são apresentados no anexo I (Tabela 86 e Tabela 87).

Segundo o documento das Compras Públicas Ecológicas para os isolamentos térmicos, os produtos

à base de lã mineral, EPS e celulose de baixa densidade são produtos com muito bom desempenho,

uma vez que a energia de produção associada é baixa. Este facto é verificado pelos produtos EPS

60 e Isofloc (celulose), que apresentam o melhor desempenho quanto ao Consumo de Energia, com

bons valores de condutibilidade térmica (Classe C).

Por sua vez, os produtos à base de espuma rígida de poliuretano (PUR) e poliestireno extrudido

(XPS) apresentam processos produtivos bem mais elaborados. Ao apresentarem condutibilidades

térmicas mais baixas, faz com que menos material seja necessário para obter a semelhante

resistência térmica, resultando num melhor perfil ambiental (Comissão Europeia 2010b).

Para o produto Aglomex Accoustic esta afirmação é válida, uma vez que o produto apresenta um

bom desempenho quer para o citério Consumo de Energia (Classe A+), quer para o critério Conforto

Térmico (Classe B). Contudo, o Coretech é o produto com pior desempenho térmico (Classe G), e

com um dos desempenhos mais baixos no critério Consumo de Energia.

De facto, para além do seu desempenho térmico, o Coretech é dos produtos com níveis de

desempenho mais baixos nos critérios Produtos Locais, Custo de Aquisição e Produção e Gestão de

Resíduos, sem contar com os produtos para os quais não foi disponibilizada informação para os

critérios referidos.

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DISCUSSÃO DE RESULTADOS

79

Dos produtos com consumo de água disponível, a Lã Mineral é o isolamento térmico com pior, e

muito baixo, desempenho (Classe G), seguindo os isolamentos térmicos derivados de combustíveis

fósseis que apresentam desempenhos elevados: EPS 60 Classe A e o Coretech Classe A+. Mais

uma vez, o baixo desempenho da Lã Mineral pode ser explicado pelo facto de a escala de

desempenho ter sido construída com base em apenas um produto.

Os resultados do critério Produtos Locais mostraram todos os produtos com um elevado nível de

desempenho, sempre a partir da classe B. Contudo, atendendo a que o transporte é uma fase do

ciclo de vida com elevada influência em termos de impactes ambientais, os resultados parecem

demasiado otimistas, na medida em que alguns produtos apresentam a extração das matérias-

primas e/ou produção em países cuja distância a Portugal é significativa (produto Coretech).

No critério Produtos de Baixo Impacte, os resultados corresponderam ao esperado, pois as

categorias de impacte ambiental, como um dos requisitos a cumprir, só são obtidas através de um

estudo de ciclo de vida aos produtos, que em termos nacionais ainda não foi realizado. Apesar de o

produto alemão Lã Mineral da Knauf Insulation® apresentar EPD, em termos de categorias de

impacte ambiental o seu desempenho é baixo (Classe G). Este baixo desempenho pode dever-se ao

facto de que para a construção da escala de desempenho, para esta categoria de produtos

(categoria das fibras minerais inorgânicas), apenas foram contabilizadas duas EPDs.

Com exceção do Isofloc, para o qual não foi disponibilizada a durabilidade, todos os produtos

apresentam um bom desempenho neste critério, a variar entre A+ e A++. De facto, todos os produtos

apresentam uma durabilidade que permite-lhes desempenhem as suas funções ao longo do ciclo de

vida dos edifícios.

De entre os produtos classificados com custo de aquisição disponibilizado, o produto EPS 60

apresenta um custo de aquisição inferior, permitindo a mesma poupança energética que o Coretech,

ao longo da fase de ocupação do edifício (unidade funcional com R=1 [(m2.K)/W)]).

Para o critério Produção e Gestão de resíduos, os produtos com informação disponibilizada mais

completa são o Aglomex Accoustic e o EPS 60, ambos da categoria dos derivados orgânicos de

combustíveis fósseis. O último apresenta pior desempenho neste critério (Classe C), uma vez que há

maior geração de resíduos ao longo da fase produtiva, comparativamente ao Aglomex Accoustic que

apresenta um desempenho associado à Classe A.

Em termos de avaliação final, e para a família de isolamentos térmicos, a lã mineral da Knauf

Insulation® é o produto com pior desempenho, tendo obtido a classe D. Os restantes produtos

apresentam classificações que variam entre as classes B (Aglomex Accoustic) e C (Coretech e

Isofloc), sendo o EPs 60 o produto com maior procura de sustentabilidade (Classe A).

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DISCUSSÃO DE RESULTADOS

80

O revestimento de pavimento avaliado apresenta um desempenho de sustentabilidade baixo (Classe

D), na medida em que para metade dos critérios não foi disponibilizada informação. Os dois critérios,

para os quais o produto apresenta um desempenho muito bom (Classe A++), são Produtos Locais e

Qualidade do Ar Interior. Estes resultados são fruto do produto ser 100% nacional e de apresentar

certificação LEED, que comprova as suas baixas emissões de COVT e formaldeído.

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81

7 Conclusões

7.1 Síntese conclusiva

O sector da construção tem um papel determinante no cumprimento das metas estipuladas para

2020, relativamente à redução das emissões de GEE e ao aumento da eficiência energética, no

âmbito do Pacote Energia-Clima aprovado pelo Parlamento Europeu.

Refira-se que a maioria dos edifícios projetados na atualidade, tem um tempo de vida superior a 40

anos, e alguns dos edifícios e estruturas existentes podem ultrapassar, ou já ultrapassam, os 100

anos. Da longa durabilidade das estruturas construídas, pode concluir-se que os seus impactes são

muito prolongados no tempo, a nível dos consumos e de acumulação de materiais (Pinheiro 2006).

Os produtos de construção são uma componente fulcral do meio edificado, apresentando grande

potencialidade para a melhoria do desempenho energético e ambiental do mesmo, e

consequentemente para o bem-estar da sociedade.

Com o desenvolvimento do presente estudo pretendeu dinamizar-se a procura da sustentabilidade e

alargar as boas práticas na construção, possibilitando aos vários intervenientes, nomeadamente aos

responsáveis pelas aquisições, entidades ambientais, produtores e fornecedores, a opção por

produtos com melhor desempenho de sustentabilidade que satisfaçam as necessidades de utilização

pretendidas.

O desenvolvimento da metodologia assentou num conjunto de nove critérios que se inserem nas três

dimensões da sustentabilidade: consumo de energia, consumo de água potável, produtos locais,

produtos de baixo impacte, durabilidade, qualidade do ar interior (especifico para os revestimentos de

pavimento), conforto térmico (especifico para os isolamentos térmicos), custo de aquisição e

produção e gestão de resíduos.

Para todos os critérios, e por categoria de produto, foram desenvolvidas escalas de desempenho

segundo os limiares do Sistema LiderA, que variam entre A++ e G, sendo o nível de desempenho E

a prática usual. É a partir deste nível que são caracterizados os restantes níveis de desempenho (ou

limiares), existindo ainda um nível regenerativo que corresponde ao nível A+++.

Os produtos à base de EPS (EPS 60) e celulose (Isofloc) apresentam o melhor desempenho quanto

ao Consumo de Energia (Classe A++), pertencendo à categoria derivados orgânicos de combustíveis

fósseis e categoria derivados orgânicos animai/vegetais, respetivamente.

O produto Coretech apresenta o pior desempenho térmico (Classe G), com um dos consumos de

energia mais elevados. Para além disto, é dos produtos com níveis de desempenho mais baixos nos

critérios Produtos Locais, Custo de Aquisição e Produção e Gestão de Resíduos, sem contar os

produtos para os quais não foi disponibilizada informação para os critérios referidos.

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CONCLUSÕES

82

Contudo, para a produção do Coretech não há consumo de água (Classe A++); a Lã Mineral é o

produto a apresentar o pior, e muito baixo, desempenho neste critério.

Em termos de produtos de baixo impacte, todos os produtos estão localizados no nível de

desempenho E, visto que não há informação disponível para as categorias de impacte ambiental.

Com exceção encontra-se a Lã Mineral, que apesar de ter EPD, e portanto informação para as

categorias de impacte ambiental, neste requisito apresenta um desempenho muito baixo (Classe G).

Com exceção do Isofloc, onde não foi disponibilizado o seu tempo de vida útil, todos os produtos

apresentam um bom desempenho em termos de durabilidade, a variar entre A+ e A++. O mesmo se

conclui para o critério Produtos Locais com todos os produtos localizados acima da Classe C.

O critério Custos de Aquisição apenas contabiliza o custo de mercado dos produtos. Apesar de ser

relevante quantificar a poupança associada à utilização de isolamentos térmicos, pois diminuem a

necessidade de utilização de sistemas de climatização, este critério permite comparar produtos em

termos do seu custo em função do desempenho térmico associado, através da Equação (1). Assim, o

produto EPS 60 apresenta um custo inferior de aquisição, permitindo a mesma poupança energética,

ao longo da fase de ocupação do edifício, quando comparado ao Coretech. Estes produtos foram os

únicos para os quais o custo de aquisição foi disponibilizado.

Para os revestimentos de pavimento, a Equação (2) permite situar o produto no mercado, em termos

de custo e durabilidade. Em relação ao denominador da Equação (2), como os custos de aquisição

foram obtidos pelo estudo de mercado efetuado, faria sentido que as durabilidades fossem as

respetivas de cada produto, em vez de se ter considerado a durabilidade média apresentada nas

EPDs. Contudo, a durabilidade dos produtos de mercado não é disponibilizada na maioria dos casos.

Para o critério Produção e Gestão de resíduos, os produtos Aglomex Accoustic e o EPS 60

apresentam o melhor desempenho, respetivamente, Classe A e Classe C. À Lã Mineral foi-lhe

atribuída a classe F por não haver qualquer informação relativa ao critério.

Como resultado da atribuição das ponderações do sistema LiderA, os desempenhos de

sustentabilidade variam entre D (Grés Porcelânico e Lã Mineral) e A (EPS 60). Os produtos Coretech

e Aglomex Accoustic, constituídos por PUR, e Isofloc, à base de celulose, apresentam os níveis de

sustentabilidade C, B e C, respetivamente. A atribuição dos pesos aos critérios é uma componente

subjetiva, que permite aos consumidores dispor de informação agregada e simplificada.

O revestimento de pavimento avaliado apresenta um desempenho de sustentabilidade baixo (Classe

D), na medida em que para metade dos critérios não foi disponibilizada informação. De facto,

especialmente para esta família, alguns dos critérios desenvolvidos não puderam ser verificados,

dada à escassa informação disponibilizada por parte dos produtores/distribuidores das marcas

nacionais existentes.

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CONCLUSÕES

83

De acordo com os resultados obtidos, conclui-se que a metodologia do Sistema LiderA fornece uma

proposta de avaliação dos produtos, através de critérios essenciais para a classificação do grau de

procura de sustentabilidade.

Relativamente à disponibilização de informação, quer para a construção dos critérios, quer para a

avaliação propriamente dita dos produtos de construção, encontraram-se alguns obstáculos.

Não é demais salientar o papel dos sistemas de certificação ambiental, pois contribuíram, de forma

essencial, para complementar o estudo dos critérios selecionados no LiderA. Contudo, constatou-se

ser ainda reduzida a quantidade de produtos, das famílias em estudo, com certificação credível,

nomeadamente com rótulo ecológico e/ou EDP.

Como resultado, por categoria de produto, não foi possível desenvolver escalas de desempenho para

todos os critérios, e para as duas fronteiras de sistema. Daqui resultou que um produto avaliado não

obteve classificação final (Aglomerado de cortiça expandida).

O sistema de certificação que mais contribuiu para o conjunto de informação recolhida foi o sistema

desenvolvido pelo Instituto de Construção e Ambiente Alemão (IBU – Institut Bauen und Umwelt e.

V.). Este sistema de certificação desenvolve Declarações Ambientais do Tipo III (EPDs), com

informação quantitativa muito importante relativamente ao ciclo de vida dos produtos.

Apesar de um número considerável de EPDs recolhidas, verificou-se que a informação existente,

mais especificamente para o desenvolvimento dos critérios de caráter quantitativo, é escassa quando

consideradas as categorias de produtos separadamente. O facto das EPDs nem sempre

considerarem as duas fronteiras do sistema, resulta na obtenção de ainda menos informação, por

categoria de produto e por fronteira de sistema escolhida.

Desta forma, uma das fragilidades da metodologia desenvolvida é a do conjunto de informação, que

sustenta cada um dos critérios quantitativos, não representar, em alguns casos, uma amostra

suficientemente grande para garantir que é representativa de cada categoria de produto. Tal

acontece com os revestimentos de pavimento duros, para os critérios Consumo de Água Potável e

Produção e Gestão de Resíduos, ambos para a fronteira Produção.

As EPD são construídas com base em Regras para Categorias de Produtos, que definem um

conjunto de normas, requisitos e diretrizes a considerar no seu desenvolvimento. Apesar de

possibilitarem a harmonização de toda a informação, permitindo a comparação dos resultados

obtidos para diferentes produtos, estes documentos não garantem que os produtos apresentam um

nível de desempenho ambiental superior a produtos sem EPD. Além disso, nem todos os sistemas

de EPD apresentam Regras para Categorias de Produtos.

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CONCLUSÕES

84

Por esta razão, na construção de escalas, a atribuição dos valores recolhidos das EPD a um nível de

desempenho não foi realizada com base no grau de sustentabilidade dos produtos com EPD.

Torna-se cada vez mais importante a existência, a nível nacional, de produtores de materiais de

construção, que disponibilizem informação detalhada sobre o desempenho ambiental dos seus

produtos, a qual está certificada por um ou mais sistemas de certificação reconhecidos

internacionalmente, nomeadamente com rótulo ecológico. Este, destacando os produtos mais

sustentáveis, constitui uma referência para o desenvolvimento deste tipo de metodologias (Silvestre

et al. 2010).

Se por um lado, em alguns casos não houve retorno de uma resposta aos emails enviados, por outro

alguns produtores/distribuidores contactados demonstraram-se disponíveis para o fornecimento de

informação. Contudo, na grande maioria dos casos, eles próprios não tinham acesso a tal informação

por se tratar de produtos importados que simplesmente comercializam em Portugal. Para os

revestimentos de pavimento, esta situação foi bastante mais frequente.

De facto, a falta de informação resultou num número reduzido de produtos classificados. Como

consequência, não foi possível aplicar alguns critérios a produtos de mercado, além de não ter sido

possível verificar, em traços gerais, qual a tendência dos produtos em termos de impactes

associados aos diferentes critérios propostos.

O conjunto de produtos classificados com base na metodologia de avaliação do Sistema LiderA

reflete a disponibilização de informação das empresas nacionais, que se prontificaram a ceder

informação detalhada dos seus produtos.

Apesar dos obstáculos evidenciados, o desenvolvimento da metodologia para a classificação do

desempenho ambiental dos produtos revelou-se útil. Permitiu dar o primeiro passo para a avaliação

do desempenho de sustentabilidade de produtos de construção, possibilitando aos intervenientes a

opção por produtos que efetivamente contribuem para a sustentabilidade dos ambientes construídos.

Para que toda esta dinâmica dê os seus frutos, é necessário envolver todos os intervenientes,

sensibilizando-os para a importância da classificação do grau de sustentabilidade dos produtos. Este

foi um dos objetivos do estudo, já que possibilitou entrar em contacto com diversas

pessoas/entidades que intervêm no ciclo de vida dos produtos, envolvendo-as e dando-lhes a

conhecer minimamente a temática. De facto, algumas das pessoas contactadas demonstraram

interesse na Análise de Ciclo de Vida dos seus produtos, como forma de obterem informação

quantificada dos mesmos.

A disponibilização gratuita da informação dos produtos no catálogo online do Sistema LiderA

incentiva a disponibilização de informação sobre os mesmos, como resultado da comparação com

Page 105: Isolamentos Térmicos e Revestimentos de Pavimento ... · EN European Norm EPD Environmental Product Declaration ... Revestimento de pavimento laminado - formado por lâminas com

CONCLUSÕES

85

outros produtos existentes no catálogo, com melhor classificação de sustentabilidade. Desta forma

promove-se a competitividade, visto a certificação ser obtida de uma forma voluntária.

No contexto de competitividade, a conceção de produtos mais sustentáveis faz sentido se a empresa

apresentar convicções ambientais ou, mais frequentemente, se a empresa conseguir obter vantagem

deste envolvimento.

É necessário considerar que, sendo uma nova dinâmica, ainda a dar os primeiros passos no país, se

as empresas a considerarem mais uma fonte de constrangimentos, a sua integração pode não ser

tão rápida quanto seria desejável.

7.2 Linhas futuras de pesquisa

Face ao exposto na síntese conclusiva, considera-se importante complementar a informação, que

está na base dos critérios desenvolvidos, com mais estudos e novas Declarações Ambientais de

Produto. Estas deverão desenvolver as escalas de desempenho em falta, e dar mais consistência às

já existentes, para melhorar a avaliação do desempenho de sustentabilidade dos produtos.

Considera-se ainda importante encontrar uma referência em termos de produtos com bom

desempenho sustentável, com a respetiva informação associada, para que as escalas de

desempenho possam ser ajustadas a uma referência credível de bom desempenho.

É difícil definir o desempenho de um produto, pois, além do grau de importância dado a todos os

tipos de materiais e aplicações não ser o mesmo para diferentes critérios, estes apresentam

diferentes interesses e requisitos, consoante quem os estabelece. Para contornar esta dificuldade,

um caminho possível é o da realização de um inquérito aos diversos grupos intervenientes na

aquisição de produtos de construção.

Adaptar a metodologia às tendências de mercado é igualmente importante. No futuro, devido ao

desenvolvimento de sistemas de aquecimento instalados sob os revestimentos de pavimento,

espera-se a evolução do mercado para os revestimentos duros, nomeadamente para os ladrilhos

cerâmicos (Comissão Europeia 2010a).

Em relação aos isolamentos térmicos, existem produtos que são considerados as soluções com os

mais baixos valores de condutibilidade térmica da atualidade. Tal é o caso dos materiais com

estrutura homogénea, constituída por pequenos poros preenchidos com um gás de baixa

condutibilidade, como o Árgon (Ar), o Krípton (Kr) ou o Xénon (Xe), que permitem atingir uma

condutibilidade térmica de aproximadamente 0,004 W/(m.K) (Jelle 2011).

Relativamente ao critério Custo, considera-se que uma análise custo-benefício seria um bom

requisito a incorporar-lhe. Quantificando, para a aplicação de um dado isolamento térmico, o período

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CONCLUSÕES

86

e o potencial valor do seu retorno monetário, permitiria avaliar as suas vantagens económicas sobre

outros com semelhantes caraterísticas e desempenho.

A fim de ter em conta a avaliação dos produtos em todas as fases do ciclo de vida, o

desenvolvimento da metodologia deve considerar as fases posteriores ao fabrico. Embora a maioria

das Declarações Ambientais de Produto disponibilize informação relativa a todo o ciclo de vida dos

materiais, é necessário fazer um estudo mais aprofundado, pois um produto pode apresentar várias

opções de fim de vida, para além do descrito na respetiva EPD.

Por fim, torna-se importante e interessante, à medida que o mercado vai desenvolvendo em termos

de certificação e disponibilização de informação, complementar a metodologia com outros critérios

que avaliem os produtos segundo: contabilização dos impactes associados ao transporte entre as

diversas fases do ciclo de vida, a gestão do consumo de água e tratamento de águas residuais, o

destino final dado aos produtos, utilização de materiais perigosos, entre outros.

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87

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à criação de um quadro para definir os requisitos de concepção ecológica dos produtos

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(reformulação). Jornal Oficial da União Europeia. 153/1.

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desempenho energético dos edifícios (reformulação). Jornal Oficial da União Europeia. L

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Regulamento (UE) n.º 305/2011, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 9 de Março de 2011, que

estabelece condições harmonizadas para a comercialização dos produtos de construção e que

revoga a Diretiva 89/106/CEE do Conselho. Jornal Oficial da União Europeia. L 88/5.

Page 111: Isolamentos Térmicos e Revestimentos de Pavimento ... · EN European Norm EPD Environmental Product Declaration ... Revestimento de pavimento laminado - formado por lâminas com

91

Anexos

A. Evolução cronológica e sistemas de certificação mais relevantes

Tabela 63- Sistemas de certificação existentes por ordem cronológica

Ano Logotipo Descrição Tipo de Certificação (Produtos certificados)

1978

Der Blau Engel (O Anjo Azul, Alemanha)

Declaração Ambiental do Tipo I (Revestimentos de Pavimento, Isolamentos Térmicos,

Têxteis, Produtos de Limpeza, entre outros)

1986

AENOR – MEDIO AMBIENTE environmental mark

(Espanha)

Declaração Ambiental do Tipo I (Produtos de Limpeza, Equipamento Electrónico, Tintas

e Vernizes, entre outros)

1987

Eurofins: Indoor Air Comfort (União Europeia)

Revestimentos de Pavimento, Isolamentos Térmicos, Mobiliário, entre outros

1988

Environmental Choice Canada Ecologo

Declaração Ambiental do Tipo I (Revestimentos de Pavimento, Isolamentos Térmicos,

Mobiliário, Produtos de Limpeza, Cosmética, entre outros)

RT Environmental Declaration (Finlândia)

Declaração Ambiental do Tipo III (Revestimentos de Pavimento, Isolamentos Térmicos,

entre outros)

1989

The Nordic Ecolabel ou The Swan (O Cisne Branco dos Países

Nórdico: Noruega, Finlândia, Islândia, Suécia

e Dinamarca)

Declaração Ambiental do Tipo I (Revestimentos de Pavimento, Produtos de Limpeza,

Cosmética, entre outros)

NF Environment (França) Declaração Ambiental do Tipo I

(Produtos de Limpeza, Tintas e Vernizes, Mobiliário e Papel)

EcoMark (Japão)

Declaração Ambiental do Tipo I (Revestimentos de Pavimentos (mosaicos), Produtos de

Limpeza, Têxteis, Papel, Electrodomésticos, entre outros)

Green Seal (Estados Unidos da América)

Declaração Ambiental do Tipo I (Tintas e outros revestimentos de parede, Produtos de Limpeza, Cosmética, Electrodomésticos, entre outros)

1990

Breeam: BRE Environmental Assessment Method (Inglaterra)

Edifícios

Österreichisches Umweltzeichen (RE Austríaco)

Declaração Ambiental do Tipo I (Revestimentos de Pavimentos, Isolamentos Térmicos,

Tintas e Vernizes, Mobiliário, Turismo, Produtos de Limpeza, entre outros)

1992

European Ecolabel (RE Europeu – Programa

governamental)

Declaração Ambiental do Tipo I (Revestimentos de Pavimento, Electrodomésticos,

Produtos de Limpeza, Têxteis, Turismo, entre outros)

Energy Star (Canadá, Nova Zelândia e Estados

Unidos da América)

Declaração Ambiental do Tipo I Isolamentos Térmicos, Mobiliário, Electrodomésticos,

Equipamento Electrónico, entre outros

Environmental Choice New Zealand (Nova Zelândia)

Declaração Ambiental do Tipo I (Revestimentos de Pavimento, Isolamentos Térmicos, Mobiliário, Edifícios, Produtos de Limpeza, Cosmética,

Têxteis, entre outros)

EU Energy Label (REUE) Produtos de Construção, Electrodomésticos e

Equipamento Electrónico

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92

DfE: Design for Environment (Estados Unidos da América)

Produtos de Construção, Produtos de Limpeza, entre outros

SGLS: Singapore Green Label Scheme

(RE de Singapura)

Declaração Ambiental do Tipo I (Revestimentos de Pavimento (tiles, ceramic tiles e carpets), Tintas e outros revestimentos de parede,

Edifícios, Electrodomésticos, Turismo, entre outros)

Selo Ecológico Falcão Bauer (Instituto Falcão Bauer da

Qualidade, Brasil) www.seloecologico.com.br/

Declaração Ambiental do Tipo I (Produtos de Limpeza, Produtos para impermeabilizar o

solo, Empresas Recicladoras, entre outros)

1993

FSC: Forest Stewardship Council

(Estados Unidos da América – suportado por um conjunto de partes interessadas na gestão sustentável

das florestas)

Declaração Ambiental do Tipo I (Gestão Florestal:

Papel e outros produtos cujas matérias-primas sejam provenientes de floresta)

RE ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas (Brasil)

Declaração Ambiental do Tipo I: (Produtos de higiene pessoal, Papel, entre outros)

China Environmental Label (China)

Declaração Ambiental do Tipo I: (Produtos de limpeza, Electrodomésticos, Mobiliário, entre outros)

Environmentally Friendly Label (Croácia)

Declaração Ambiental do Tipo I: (Produtos de limpeza, Papel e outros produtos cujas matérias-primas sejam

provenientes de floresta, entre outros)

1994

IBU: Institut Bauen und Umwelt e.V. (Instituto de Construção e Ambiente

Alemão)

Declaração Ambiental do Tipo III: (Revestimentos de Pavimento, Isolamentos Térmicos, Produtos de

Iluminação, entre outros)

GEN: Global Ecolabelling Network (Países Membros por todo o mundo)

Rede Global de Declarações Ambientais do Tipo I dedicada a melhorar e promover a rotulagem ecológica

de produtos e serviços

Környezetbarát Termék Védjegy (RE Húngaro)

Declaração Ambiental do Tipo I (Mobiliário, Produtos de Limpeza, Cosmética,

Electrodomésticos, Turismo, entre outros)

SFI: Sustainable Forestry Initiative (Canadá)

Gestão Florestal (Embalagem, Papel e outros produtos cujas matérias-

primas sejam provenientes de floresta)

Distintiu de Garantia de Qualitat Ambiental (Espanha)

Produtos de Papel, de Cortiça e de Madeira, Turismo, entre outros

1995

MBDC: McDonough Braungart Design Chemistry

(Cradle-to-cradle) (Estados Unidos da América)

Revestimentos de Pavimento, Isolamentos Térmicos, Electrodomésticos, Produtos de Limpeza, Cosmética,

Têxteis, entre outros

1996

HQE: Haute Qualité Environnementale (França)

Edifícios

1997

International EPD (Environmental Product Declaration)

System (Suécia)

Organização internacional que apoia o desenvolvimento e disseminação das Declarações Ambientais do Tipo III

MRPI: Milieu Relevante Product Informatie (Holanda)

Declaração Ambiental do Tipo III (Produtos de Construção)

1998

Leadership in Energy and Environmental Design

(LEED) Green Building Rating System (Estados Unidos da América

)

Edifícios

1999

PEFC: Programme for the Endorsement of

Forest Certification (Países pelos cinco continentes)

Declaração Ambiental do Tipo I (Gestão Florestal

Embalagem, Papel e outros produtos cujas matérias-primas sejam provenientes de floresta)

Passivhaus (Canadá, Alemanha, Inglaterra e

Estados Unidos da América )

Produtos de Construção (Isolamentos Térmicos) e Edifícios

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2000

The Green Standard (Estados Unidos da América)

Declaração Ambiental do Tipo III (Produtos de construção: Revestimentos de

Pavimentos, revestimentos interiores com vidro reciclado aglutinado por resina, entre outros)

2001

GECA: Good Environmental Choice (Austrália)

Declaração Ambiental do Tipo I (Revestimentos de Pavimento, Isolamentos Térmicos,

Mobiliário, Produtos de Limpeza, entre outros)

Natureplus (Alemanha) (International Association for

Sustainable Building and Living e.V. Members)

Declaração Ambiental do Tipo I (Revestimentos de Pavimento, Isolamentos Térmicos,

Tintas e Vernizes, entre outros)

GEI: GREENGUARD Environmental Institute

(Organização Norte-Americana)

Revestimentos de Pavimentos, Isolamentos Térmicos, Mobiliário, Tintas e Vernizes, Produtos de Limpeza,

Têxteis, entre outros

BRE Global Certified Environmental Profile

(Inglaterra)

Declaração Ambiental do Tipo III (Produtos de Construção, nomadamente Revestimentos

de Pavimentos, Isolamentos Térmicos)

2002

The Norwegian EPD Foundation (Noruega)

Declaração Ambiental do Tipo III (Isolamentos Térmicos, Mobiliário, Embalagens, Serviço

de Energia, entre outros.)

EcoLeaf Type III environmental labeling program (Japão)

Declaração Ambiental do Tipo III (Revestimentos de Pavimento, Isolamentos Térmicos,

Equipamento Eletrónico, entre outros)

2004

SCS (Scientific Certification System) FloorScore

(Estados Unidos da América)

Revestimentos de Pavimento Duros comerciais, residenciais e adesivos; Mobiliário, Máquinas e

Equipamentos, entre outros.

GBM: Green Building Materials (Taiwan)

Declaração Ambiental do Tipo I (Certificação de Materiais de construção nas categorias de Saúde, Ecologia, Reciclagem e Alto Desempenho)

ICEA: Instituto per la Certificazione Etica e Ambientale (Certificação

Ecológica Italiana)

Declaração Ambiental do Tipo I (Produtos de Construção, Produtos de Limpeza,

Cosmética, Têxteis, Turismo, entre outros)

2005

LiderA (Portugal)

Certificação de Edifícios

CertiPUR (Bélgica)

Produtos de Construção, Mobiliário, entre outros.

2007

Carbon Reduction Label (Inglaterra)

Produtos de Construção, Produtos de Limpeza, Eletrodomésticos, Cosmética, Têxteis, Gestão de

Resíduos, Energia, entre outros.

2008

Sistema EPDc®: Declaració

Ambiental de Productes de Construcció (Espanha)

Declaração Ambiental do Tipo III (Produtos de Construção: Isolamentos Térmicos e

revestimentos)

2009

CentroHabitat (Portugal)

Plataforma para a construção sustentabilidade (Produtos de Construção, Construção Sustentável e

Reabilitação)

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ANEXOS

94

B. Tabelas síntese Tipo I

Tabela 64 - Critérios abrangidos pelos sistemas de rotulagem ecológica (tipo I) para os isolamentos térmicos

Rótulo Ecológico

Der Blau Engel

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Critérios

MATÉRIAS-PRIMAS

Proveniência das Matérias-Primas

X

Matérias-primas Renováveis e/ou recicláveis

Matérias-primas Recicladas

X X X

Utilização de substâncias e/ou

X

preparações químicas perigosas

PRODUÇÃO

Consumo de energia

X

Gestão de resíduos

X X

Substâncias perigosas X X X X X

UTILIZAÇÃO

Qualidade do ar interior X X

X

Requisitos da qualidade: manutenção X X

OUTROS

Desempenho térmico

X

X

Embalagem (sem substâncias Perigosas e capacidade de reutilização e reciclagem)

X X X

Indicações do final de vida a dar à embalagem e produto X

Fitness for Use

X

Informação sobre aplicação/utilização do produto X X X X X

Garantia do produto

X

Partes envolvidas e suas responsabilidades X X

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ANEXOS

95

Tabela 65 - Critérios abrangidos pelos sistemas de rotulagem ecológica (tipo I) para os revestimentos de pavimento

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ANEXOS

96

C. Tabelas síntese Tipo III

Tabela 66 - Critérios abrangidos pelos sistemas de EPDs para os isolamentos térmicos

Tabela 67 - Critérios abrangidos pelos sistemas de EPDs para os revestimentos de pavimento

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ANEXOS

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D. Critério Consumo energia

Tabela 68 - Consumo de energia relativo à família dos isolamentos térmicos (Produção)

Tabela 69 - Consumo de energia relativo à família dos isolamentos térmicos (Cradle-to-gate)

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ANEXOS

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Tabela 70 - Consumo de energia relativo à família dos revestimentos de pavimento (Produção)

Tabela 71 - Consumo de energia relativo à família dos revestimentos de pavimento (Cradle-to-gate)

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ANEXOS

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E. Critério Produção de resíduos

Tabela 72 – Produção de resíduos relativos à família dos isolamentos térmicos (Produção)

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ANEXOS

100

Tabela 73 - Produção de resíduos relativos à família dos isolamentos térmicos (Cradle-to-gate)

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ANEXOS

101

Tabela 74 - Produção de resíduos relativos à família dos revestimentos de pavimento (Produção)

Tabela 75 - Produção de resíduos relativos à família dos revestimentos de pavimento (Cradle-to-gate)

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ANEXOS

102

F. Critério Consumo de água potável

Tabela 76 – Consumo de água potável relativo à família dos isolamentos térmicos (Produção)

Tabela 77 - Consumo de água potável relativo à família dos isolamentos térmicos (Cradle-to-gate)

Tabela 78 - Consumo de água potável relativo à família dos revestimentos de pavimento (Produção)

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ANEXOS

103

Tabela 79 - Consumo de água potável relativo à família dos revestimentos de pavimento (Cradle-to-gate)

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ANEXOS

104

G. Critério Produtos de baixo impacte

Tabela 80 - Categorias de impacte ambiental relativas à família dos isolamentos térmicos (Produção)

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ANEXOS

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ANEXOS

106

Tabela 81 - Categorias de impacte ambiental relativas à família dos isolamentos térmicos (Cradle-to-gate)

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ANEXOS

107

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ANEXOS

108

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ANEXOS

109

Tabela 82 - Categorias de impacte ambiental relativas à família dos revestimentos de pavimento (Produção)

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ANEXOS

110

Tabela 83 - Categorias de impacte ambiental relativas à família dos revestimentos de pavimento (Cradle-to-gate)

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ANEXOS

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ANEXOS

112

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ANEXOS

113

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ANEXOS

114

H. Critério Custos de aquisição

Os custos encontrados nas tabelas seguintes dizem apenas respeito ao estudo de mercado efetuado

nos estabelecimentos anteriormente mencionados. Os custos de aquisição respetivos aos catálogos

online podem ser consultados em: http://orcamentos.eu/tabelas-de-precos-online/.

Tabela 84 - Preços de aquisição relativos à família dos isolamentos térmicos

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ANEXOS

115

Tabela 85 - Preços de aquisição relativos à família dos revestimentos de pavimento

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ANEXOS

116

I. Classificação Final de Produtos de Mercado

Tabela 86 - Classificação de sustentabilidade de produtos de mercado

Legenda:

N.A. Não aplicável

N.D. Não disponível

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ANEXOS

117

Tabela 87 - Informação relativa aos produtos de mercado classificados

Legenda:

N.A. Não aplicável

N.D. Não disponível