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Isoporização em cana com marcos landell

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2 Outubro · 2014

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Clivonei Roberto [email protected]

Luciana [email protected]

CÁ ENTRE NÓS

Dizem que a principal diferença en-

tre o proprietário e o empresário,

é que o proprietário faz o que é

bom para ele, e o empresário faz o que é

bom para a empresa. Esse posicionamen-

to, muitas vezes, é a razão da derrocada

ou do sucesso.

Governar um país é o mesmo que

governar uma grande empresa. Nos dois

casos, o gestor precisa agir como empre-

sário. Mas, com raríssimas exceções, não é

o que acontece, principalmente nas ges-

tões públicas. Os governantes se posicio-

nam como proprietários da cidade, esta-

do ou país. Agem como se tudo e todos

fossem seus. Impõem sua vontade, sem se

importarem se é viável e justa.

Deixam-se levar por antagonismos

e retaliações contra aqueles que não con-

cordam com suas decisões. E pelo simples

fato de não gostarem de alguém, algo

ou segmento, rompem as regras do jogo,

mesmo que isso prejudique o país.

É que o governante proprietário age

como criança mimada, se sente o dono da

bola e, se não seguirem suas regras para

o jogo, toma a bola, coloca-a embaixo do

braço e anuncia: “não jogo mais.”

O governante proprietário abala

mercados, desestimula investidores, tira a

tranquilidade dos que trabalham e cria um

clima de tensão.

É o que a presidente Dilma tem feito

com o setor sucroenergético. Por não gos-

tar dos usineiros, deu-lhes cartão verme-

lho. Durante a campanha presidencial, ao

ser questionada por Marina Silva e Aécio

Neves sobre o descaso com o etanol, ficou

sem argumentos, e mudou de assunto.

Agora reeleita, torcemos para que

Dilma se torne uma governante empresá-

ria. Que reconheça os benefícios da cana,

recoloque a bola em campo e deixe o jogo

ser jogado.

O que é bom para o país

Presidente Dilma, coloque a bola

no campo!

Capa

Deu Dilma! E como fica a cana?

?Tendências

- O funcionamento do

mercado de soja certificada

Mecanização

- Com a ajuda

das máquinas

Coluna Datagro

- Exportações na Tailândia

continuam em ritmo desacelerado

e produção da safra 2014/15

deverá ser menor que 2013/14

ÍNDICE

Especial RH

- Cuidando

de gente

Economia

- Por que deixar a

mudança para depois???

Herbishow

- Aumentado o ATR e

diminuindo o florescimento

Editores: Luciana [email protected]

Clivonei Roberto [email protected]

Redação: Alexandre [email protected]

Leonardo RuizEstagiário de [email protected]

MarketingRegina Baldin

ComercialAnderson [email protected]

Editor gráficoThiago Gallo

Tecnologia Agrícola

- O Uso de tecnologias

encurta a distância

entre o campo

e o escritório

Soluções Integradas

- Novo canavial exige

novas tecnologias

Insectshow

- Enegrecendo o canavial

Indústria

- Especialista destaca

importância do controle

microbiológico nas usinas

Tecnologia

- Gestão de Implantação e

Engenharia do Proprietário (EP)

Cana Substantivo

Feminino

- Centro Cana IAC

receberá IV Encontro

Cana Substantivo

Feminino

Caderno Relax

Fora do Trabalho

- Paixão pelo trabalho

Aproveite melhor suanavegação clicando em:

Áudio LinkFotosVídeo

Entre em contato:Opiniões, dúvidas e sugestões sobre a re-vista CanaOnline serão muito bem-vindas:Redação: Rua João Pasqualin, 248, cj 22Cep 14090-420 – Ribeirão Preto, SPTelefones: (16) 36274502 – 34219074Email: [email protected]

www.canaonline.com.br

CanaOnline é uma publicaçãodigital da Paiva& Baldin Editora

6 Outubro · 2014

A soja é uma das culturas agríco-

las brasileiras cuja produção mais

cresceu nas últimas décadas, em

torno de 240% nos últimos 20 anos, res-

pondendo hoje por mais de 50% da área

plantada com grãos no país, segundo a

Companhia Nacional de Abastecimento

(Conab). É também o produto agrícola que

mais representatividade possui na balança

comercial. O complexo soja (grão, farelo e

óleo) é o segundo mais importante item

na pauta de exportações do Brasil, ficando

atrás apenas do minério de ferro, de acor-

do com o Ministério de Desenvolvimento,

Indústria e Comércio Exterior (Mdic).

Além do volume de produção, a soja

Ana Malvestio1 e Lara Moraes2

O funcionamento do mercado de soja certificada

TENDÊNCIAS

7

brasileira se destaca também pela alta

qualidade. O grão produzido no Brasil e

seus subprodutos possuem elevado teor

de proteína e padrão de qualidade pre-

mium, o que permite a sua entrada em

mercados extremamente exigentes, como

a União Europeia e o Japão.

Nestes mercados, crescem cada vez

mais as pressões e exigências para que

os produtores se adequem aos parâme-

tros internacionais de sustentabilidade. É

neste contexto que se insere a certificação

da cultura da soja, representada, sobretu-

do, pela RTRS (Round Table on Responsib-

le Soy), instituição criada na Holanda, em

2006, para assegurar o cultivo da soja de

maneira sustentável.

Para obter o certificado da RTRS é

preciso obedecer a cinco princípios bá-

sicos: cumprimento legal e boas práticas

empresariais, condições de trabalho res-

ponsáveis, relações comunitárias respon-

sáveis, responsabilidade ambiental e prá-

ticas agrícolas adequadas. O pagamento

que o produtor recebe pela soja certifi-

cada entra como crédito em uma plata-

forma de comercialização e fica disponí-

vel para os produtores de soja o utilizarem

em negociações com os demais players

do mercado.

Segundo representantes da RTRS, o

Brasil tem grande potencial de adequa-

ção às normas de sustentabilidade nas fa-

zendas produtoras de soja, uma vez que

apenas 2% da produção nacional é certi-

ficada. O Brasil é o país com maior volu-

PRODUÇÃO DE SOJA CERTIFICADA (MIL TONELADAS)

* Até maio de 2014

Fonte: RTRS (2014). Adaptado por PwC Agribusiness Research and Knowledge Center.

8 Outubro · 2014

me de soja certificada pela RTRS, cerca de

1,5 milhão de toneladas, 60% da produ-

ção mundial, e a previsão é chegar a 2 mi-

lhões até o fim do ano. No mundo, são 2,5

milhões de toneladas de soja certificada, o

que comprova a capacidade do produtor

brasileiro em se adequar aos critérios de

certificação.

Mesmo com a importância do Bra-

sil neste cenário, existem alguns desafios

para a adequação às normas de certifica-

ção, a começar pelos custos para certificar

uma propriedade rural, que são elevados

e podem variar de uma propriedade para

outra. O retorno financeiro para quem ob-

tém a certificação também não é muito

maior do que o da soja não certificada.

A maior parte da soja certificada no

Brasil é produzida por grandes grupos

agrícolas. Por atuar ao longo de toda a ca-

deia, da produção à comercialização, eles

se beneficiam da possibilidade de sepa-

rar o grão certificado do não certificado

no momento da armazenagem e também

diluir os custos inerentes à obtenção da

certificação.

Apesar dos desafios, os benefícios

da certificação são significativos e não se

limitam ao valor adicional na comerciali-

O Brasil é o país com maior volume de soja certificada pela RTRS,

cerca de 1,5 milhão de toneladas, 60% da produção mundial

TENDÊNCIAS

9

zação. Uma propriedade certificada, além

de garantir mercado premium para o seu

produto, atinge maior nível de profissio-

nalização, o que se reverte em eficiência

operacional e financeira, permitindo uma

gestão com foco em desempenho e ali-

nhando práticas de respeito ao meio am-

biente e às gerações futuras, com melhor

retorno financeiro.

2Analista sênior do Centro PwCde Inteligência em Agronegócio

1Sócia da PwC Brasil e líder de Agribusiness para o Brasil e Américas

10 Outubro · 2014

MECANIZAÇÃO

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USINA DA MATA INVESTE NA INTEGRAÇÃO DE

MÁQUINAS, SISTEMATIZAÇÃO DO SOLO E ALTA

TECNOLOGIA PARA AUMENTAR A EFICIÊNCIA

Com a ajuda das máquinas

Time de equipamentos para sistematização de solo, colheita e

transporte na Usina Da Mata

12 Outubro · 2014

MECANIZAÇÃO

A Usina Da Mata, localizada em Val-

paraíso, SP, deve fechar a safra

2014/15 com uma moagem de

2,4 milhões de toneladas de cana. O volu-

me será suficiente para produção de 83,2

milhões de litros de etanol anidro e 37,1

milhões de litros de hidratado. Com um

mix de 50% nesta temporada, a produ-

ção de açúcar VHP deve alcançar 176,5 mil

toneladas. A energia gerada neste ciclo

pode chegar a 130,56 MWh. A estimativa

é do superintendente da unidade, Newton

Chucri.

O clima seco na região derrubou a

estimativa de moagem inicial que era de

2,75 milhões de toneladas. Mesmo as-

sim, a usina tem ampliado sua capacida-

de de produção, ano-a-ano. Na safra pas-

sada, a indústria processou 2,16 milhões

de toneladas. Esta escalada de crescimen-

to começou no ciclo 2011/12, com 1,27

milhões de toneladas, que aumentou para

1,61 milhões na temporada seguinte. Com

um projeto de ampliação em andamen-

to, a Da Mata estima moer entre 3,1 mi-

lhões e 3,2 milhões de toneladas na safra

2015/16, com mix 40% para açúcar e 60%

para etanol.

“Nosso plano de ampliação prevê

uma capacidade total de 4 milhões de to-

neladas”, afirma Newton. A usina, que re-

centemente teve aprovada a contratação

de até R$ 40 milhões para renovação de

canaviais por meio da linha Pró-Renova,

Texto e fotos: Alexandre Carolo, de Valparaíso, SP

Newton Chucri, superintendente da Usina da Mata

13

do Banco Nacional de Desenvolvimen-

to Econômico e Social (BNDES), também

está investindo em moendas, turbogera-

dores e em uma nova caldeira, fabricada

pela HPB-SIMISA (250 TVH - 67 kgf/cm²).

O conjunto de equipamentos vai operar a

partir da próxima safra.

A Usina Da Mata, localizada a 565

quilômetros da capital paulista e a apro-

ximadamente 100 quilômetros da divisa

com o Mato Grosso do Sul, foi fundada em

2006, fruto da união entre o Grupo AGP e

a Brasif. A primeira safra foi em 2007/08.

Seu parque industrial está inserido em um

espaço de 920 mil m². A indústria pro-

duz açúcar, etanol hidratado, etanol ani-

dro, óleo fúsel, levedura seca e energia

elétrica. A unidade investiu em uma linha

de transmissão de 16,5 km que está liga-

da ao sistema nacional de energia contro-

lado pelo ONS (Operador Nacional do Sis-

tema Elétrico).

100% mecanizada

A colheita de cana da Da Mata é

100% mecanizada, de acordo com as dire-

trizes técnicas do Protocolo Agroambiental

Paulista. As atividades no campo são mo-

nitoradas pelo Departamento de Controle

Agrícola através de softwares e painéis in-

dicadores. A usina também conta com um

Controle de Tráfego, responsável por toda

logística da frota, cuja manutenção é feita

em uma oficina mecânica própria.

Máquinas agrícolas, de construção e

transporte de cargas. Esta composição é a

aposta da CNH Industrial, que atua no se-

tor de bens de capital para garantir maior

sinergia no campo. Especificamente para

o segmento canavieiro, a companhia tem

demonstrado que o processo de mecani-

zação pode ganhar maior eficiência a par-

tir do uso integrado de equipamentos

específicos para a atividade, na sistemati-

zação do solo, na colheita da cana e no

Usina Da Mata, em Valparaíso, SP, possui 29 mil hectares de área agrícola total, sendo 24,3 mil ha plantados

14 Outubro · 2014

transporte da matéria-prima à indústria.

A integração das máquinas foi de-

monstrada na Usina Da Mata, que conta

com 52 equipamentos da CNH Industrial,

entre máquinas agrícolas da Case IH, equi-

pamentos de construção da Case Cons-

truction e caminhões Iveco. A demons-

tração começou com a sistematização do

solo, feita por motoniveladoras, escava-

deiras hidráulicas e pás-carregadeiras. Os

três modelos de máquinas trabalham na

usina no regime de três turnos.

De acordo com o gerente agrícola da

usina, José Luiz Vieira, a sistematização do

solo é uma etapa fundamental na forma-

ção do canavial, especialmente por conta

da mecanização. A colheita feita por má-

Operador do trator que leva os transbordos é orientado a se posicionar ao lado do caminhão que vai transportar a cana colhida à usina

MECANIZAÇÃO

15

A colheita é 100% mecanizada na Usina da Mata

quinas depende de um conjunto de ações

cuidadosas na sistematização da área de

plantio, como nivelamento de terreno, de-

finição do tamanho de talhões, retirada de

materiais estranhos, planejamento da sul-

cação, entre outros cuidados. A Usina Da

Mata atingiu 100% da colheita mecaniza-

da na safra 2014/15.

Tecnologia de ponta

Para a etapa de colheita, a Da Mata

utiliza máquinas da Case IH, com desta-

que para o modelo A8800 MultiRow, que

permite a colheita em vários espaçamen-

tos, como duas linhas de 1,4m ou de 1,5m,

por meio de um sistema de divisores de li-

nha e alimentação. O equipamento con-

Transbordo carrega o caminhão de transporte automaticamente. Operação leva alguns segundos

16 Outubro · 2014

ta com um sistema chamado Smart Cruise,

que controla automaticamente a rotação

do motor, gerando, de acordo com a em-

presa, uma economia de até 25% no con-

sumo de combustível.

A colhedora trabalha em conjunto

com o transbordo puxado por trator. Os

tratores da Case IH contam com o siste-

ma APM (Gerenciamento Automático de

Produtividade), que controla a relação de

transmissão e a velocidade para cada tipo

de terreno, o que permite economia de até

20% de combustível, segundo o fabricante.

Depois de completo com a cana picada, o

transbordo transfere a matéria-prima para

o caminhão da Iveco, modelo Trakker, que

transporta a cana para alimentar a usina.

Todo o processo é automatizado.

A Usina Da Mata conta hoje com 20

caminhões Iveco, nas versões

Trakker 6x4 de 440 e 480 ca-

valos. Os modelos têm trans-

missão ZF de 16 marchas, ma-

nual e automática, com motor

Ecoline FTP Cursor 13 com

tecnologia SCR, com 17% a

mais de torque que a versão

Euro III. Marluz Cariani, res-

ponsável pelas vendas de of-

f-road da Iveco no Brasil, des-

taca a parceria com a Da Mata.

“São clientes muito técnicos, que enten-

dem do produto e exigem qualidade. Em

alguns casos, é preciso fazer modificações

no veículo para melhorar o desempenho

em ambientes específicos”, observa.

MECANIZAÇÃO

José Luiz Vieira, gerente agrícola

da Usina da Mata

Após ser completo com cana picada, o transbordo é levado pelo trator até o

caminhão. Todo o processo é automatizado

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18 Outubro · 2014

COLUNA DATAGRO

Exportações na Tailândia continuam em ritmo desacelerado e produção da safra 2014/15 deverá ser menor que 2013/14

Datagro reduz projeção para a produção de açúcar na Tailândia

A safra 2013/14 de cana-de-açúcar

na Tailândia terminou no último

dia 9 de maio com moagem tota-

lizando 103,67 milhões de toneladas, 3,7%

a mais que na safra anterior, das quais

37,92 milhões de toneladas foram colhi-

das por meio de máquinas. Um incremen-

to de 10,8% em relação ao ciclo anterior.

Como resultado também da melhor

concentração de sacarose na cana, fruto do

clima mais seco nesta temporada, foram

produzidas 11,29 milhões de toneladas de

açúcar, contra 10,03 milhões de toneladas

na safra passada - aumento de 12,6%.

19

Apesar do recorde de produção, a

Tailândia diminuiu os embarques de açú-

car em reflexo à retração da demanda ex-

terna, devido à incapacidade do merca-

do em absorver o produto. Tanto que no

somatório da safra, de novembro a ju-

lho, a exportação de açúcar teve queda de

16,7% e totalizou 4,14 milhões de tonela-

das, contra 4,83 milhões em igual período

de 2012/13.

Já no mês de julho, a exportação de

açúcar atingiu 571.686 toneladas, 2,4% a

menos que no mês anterior, porém 12,34%

acima do volume exportado em julho de

2013.

Considerando as exportações acu-

muladas de janeiro a julho desse ano, a In-

donésia foi o principal destino do açúcar

tailandês, recebendo 1,06 milhões de to-

neladas de açúcar ou 49,5% do total ex-

portado pela Tailândia no acumulado de

2014, seguida pelo Japão, com 460.692

toneladas (21,4%), e Coreia do Sul, com

233.781 toneladas (10,9%).

Para dar fôlego às exportações de

açúcar nos próximos meses, o governo tai-

landês decidiu reduzir a quota da produ-

ção destinada ao consumo interno. Com

a medida, a Tailândia espera exportar 8,8

milhões em 2014, contra 5,91 milhões de

toneladas em 2013. Mas a depender do

atual ritmo dos embarques, há certo ceti-

cismo quanto a esta possibilidade.

Datagro reduz projeção

para o açúcar da Tailândia

Embora o clima seco tenha benefi-

ciado a produção de açúcar na safra atu-

al, a falta de chuvas deverá comprometer

o próximao ciclo (2014/15) devido ao fra-

co desenvolvimento dos canaviais colhi-

dos no período anterior. Desde novem-

bro, as chuvas diminuíram nas principais

regiões produtoras de cana-de-açúcar da

Tailândia.

Entre janeiro e fevereiro, as chuvas fi-

caram 90% abaixo da normal nas principais

regiões canavieiras do País, enquanto em

março a precipitação ficou 33,5% abaixo

da média histórica. No mês de abril, houve

uma melhora, com chuvas 41,2% acima do

esperado, porém em volume ainda insufi-

ciente para compensar os três meses ante-

riores de estiagem. Não colaborando com

o quadro de seca, em maio as chuvas nas

principais regiões canavieiras da Tailândia

estiveram 16,5% abaixo do que era espe-

rado para o mês.

Diante desse cenário, a Datagro Con-

sultoria reduziu sua projeção para a produ-

ção de açúcar na Tailândia na safra 2014/15:

de 11,29 milhões de toneladas para 10,85

milhões de toneladas, queda de 3,9% ante

o observado no ciclo anterior. A projeção

revisada com recuo deve-se à perspectiva

de uma menor quantidade de cana para ser

processada.

20 Outubro · 2014

Deu Dilma!E como fica a cana?

CAPA

SETOR VIVE A EXPECTATIVA DE QUE A PRESIDENTE DILMA, EM SEU SEGUNDO

MANDATO, ADOTE POLÍTICAS PÚBLICAS DE VALORIZAÇÃO DA AGROENERGIA

21

O setor sucroenergético foi um

dos segmentos econômicos que

mais sofreu com o rali dessas

eleições presidenciais. Sentindo-se aban-

donados pelo governo Dilma, os empre-

sários da agroindústria canavieira se ape-

garam aos candidatos que defendiam as

energias renováveis e abertos à adoção de

medidas que tirem o setor desse cenário

caótico: dívidas, recuperação judicial, fe-

chamento de unidades e estagnação.

O pessoal da cana começou timida-

mente apoiando Aécio Neves (PSDB). Com

a subida de Marina Silva (PSB), as atenções

se voltaram para a candidata, mas com a

ascensão de Aécio e a real possibilidade

de vitória o setor se animou e muitos de

seus integrantes e alguns de seus líderes

ousaram apoiar abertamente o candidato

tucano.

O não apoio à candidata Dilma Rou-

sseff (PT) tinha razões claras, com raízes

que começaram por volta de 2004: emba-

ladas pela crescente demanda por etanol

para atender o mercado interno de car-

ros flex e motivadas pela campanha do ex

-presidente Lula de que o etanol da cana

ia abastecer o mundo, até 2008, as usinas

Luciana Paiva

Em seu auge na campanha presidencial, Marina Silva visitou a Fenasucro e cativou o setor

22 Outubro · 2014

se endividaram com empréstimos para

expandir a produção e implantar novas

unidades.

Mas o mercado externo não se abriu

e, pior, com o pré-sal, o foco do governo

federal deixou de ser os combustíveis re-

nováveis. Assim, o etanol, que em 2010

chegou a ser o combustível preferido dos

brasileiros, ultrapassando o consumo de

gasolina, foi declinando a partir de 2011.

Sem reajustes de preços da gasolina, o

etanol perdeu competitividade. Outro fa-

tor que o enfraqueceu foi o fim da cobran-

ça da Cide (Contribuição de Intervenção

no Domínio Econômico) sobre a gasoli-

na, para impedir o aumento de preço do

produto. A CIDE foi reduzida gradualmen-

te de R$0.28/L em maio de 2008 para zero

em junho de 2012. Segundo levantamento

do Itaú BBA, essa redução gradual da CIDE

desde maio de 2008 representa uma per-

da para o setor de R$ 16 bilhões.

O quadro, já feio, se agravou com

a crise financeira internacional em 2008,

com intempéries climáticas, mecanização

nos canaviais e gestões equivocadas. Com

tudo isso, muitas empresas não consegui-

ram honrar os compromissos, e fecharam

as portas, mudaram de mãos ou estão em

recuperação judicial.

De acordo com a União da Indús-

tria da Cana-de-Açúcar (Unica), as usinas

em todo o país devem encerrar a safra

2014/2015 devendo 110% de seu fatura-

mento. Apenas nos últimos dois anos, fo-

ram cortados 60 mil empregos diretos no

Aécio: o preferido do setor sucroenergético

CAPA

23

24 Outubro · 2014

setor produtivo, de acordo com dados da

entidade. A receita para o ciclo foi estima-

da em cerca de R$ 70 bilhões, e a dívida é

de R$ 77 bilhões. De 2008 para cá, 66 usi-

nas fecharam as portas e 58 estão em re-

cuperação judicial, segundo a MB&F Agri-

business. E mais 30 estão prestes a pedir

recuperação judicial. Juntas, as dívidas so-

mam R$ 11 bilhões, de acordo com levan-

tamento da RPA Consultoria.

Polos canavieiros respondem

à crise da cana e votam Aécio

Considerado como responsável di-

reto pela crise sucroenergética, o governo

Dilma foi reprovado nos principais muni-

cípios canavieiros. No estado de São Pau-

lo, responsável por 60% da produção na-

cional de cana-de-açúcar, Aécio obteve

64,31%, contra 35,69% de Dilma, enquan-

to que em Sertãozinho, maior polo su-

ESTA FOI A ELEIÇÃO PRESIDENCIAL MAIS DISPUTADA DA HISTÓRIA

3 pontos percentuais de diferença

CAPA

25

croenergético do mundo, Aécio chegou a

73,15%. Em Ribeirão Preto, terra do petis-

ta Palocci, Aécio cravou 69,89%.

Ainda no estado paulista, em Ca-

tanduva, Aécio conquistou 76,31%; em

Araçatuba, 69,05%; São José do Rio Pre-

to, 70,52%; Piracicaba, 76,25%; Capiva-

ri 78,24%; Orlândia, 70,55%; Jaboticabal,

76,31%, Lençóis Paulista 78,92%; e Maca-

tuba, 73,23%.

Em Goiás, segundo maior produtor

de cana, em Rio Verde, Aécio chegou a

64,90%. Em Mato Grosso do Sul, em Dou-

rados, Aécio obteve 61,87%. No Paraná, o

tucano conquistou 65,94% em Maringá, e

71,18 em Cianorte.

Em Alagoas, maior produtor de cana

do Nordeste, Dilma obteve 62,12%, mas

perdeu em Coruripe, município sede da

maior unidade sucroenergética do Nor-

26 Outubro · 2014

te/Nordeste, a Usina Coruripe, onde Aé-

cio conquistou 54,53%. E em São Miguel

dos Campos, terra da Caeté e da maior

unidade de etanol 2G do Hemisfério Sul, a

Granbio, Aécio obteve 62,59%.

Mas, realmente, Minas Gerais não

ajudou. Em Uberaba, no triângulo-minei-

ro, maior polo canavieiro do estado, Aé-

cio obteve 42,40%; em João Pinheiro, Dil-

ma chegou a 63,86%. Em Minas, a exceção

ficou por conta da pequena Araporã, onde

fica a usina Alvorada. Lá deu Aécio, com

51,67%.

Mas deu Dilma e

como fica a cana?

O setor sucroenergético sentiu na

pele um dos lados negativos da personali-

dade da presidente Dilma: retaliar seus de-

safetos, mesmo que isso preju-

dique o país.

Deixou claro que

não gostava de usinei-

ros e que não confiava neles. Assim, o di-

álogo entre as partes foi conturbado e a

tomada de decisão a favor da agroener-

gia foi pífia.

Sabe-se que mais usinas fecharão

caso o governo não altere sua política

para o setor do etanol. Segundo a Unica,

ainda não se pode prever quantas plan-

tas poderão parar em 2015. Mas consul-

torias apontam que ao menos dez usinas

deixarão de processar por dificuldades fi-

nanceiras na próxima safra e que, das 346

em atividade, 60% correm o risco de fe-

char as portas ou mudar de dono em dois

ou três anos. Por isso, a incerteza paira so-

bre os canaviais e os integrantes do mun-

do da cana perguntam:

Dilma aumentará a retaliação ao setor, após o

apoio a Aécio?

OU

Mudará sua conduta em

relação ao setor sucroenergético?

Elizabeth Farina espera que a

Dilma cumpra o que anunciou

em seu primeiro pronunciamento

após eleita

CAPA

27

A opinião da Unica

Em seu primeiro pronunciamento

após ser reeleita, Dilma disse que “será a

Presidente do diálogo, da mudança e que

apoiará setores produtivos e, em especial,

a indústria.” Elizabeth Farina, presiden-

te-executiva da Unica, espera que Dilma

cumpra o que anunciou. Farina enfatiza

que o diálogo direto e recorrente é uma

demanda antiga do setor sucroenergético

que está pronto para iniciá-lo. “Sempre ti-

vemos interlocução com diferentes minis-

térios, mas o que precisamos é olhar para

frente, manter um diálogo direto com a

Presidente e saber o que vai mudar em re-

lação à política energética do governo, em

particular o etanol e a bioeletricidade.”

“O governo precisa mudar já”

Celso Torquato Junqueira Franco,

presidente da União dos Produtores de

Bioenergia (Udop) diz que o resultado das

eleições Presidenciais, dão claros sinais de

necessidade de correção de rumos pelo

governo. “O Brasil que produz deixou cla-

ro o desejo por mudanças”, afirma Franco,

salientando que espera que Dilma cumpra

o que se propôs. “As primeiras declarações

da Presidente indicam abertura para diá-

logos, mudanças nos Ministérios e efeti-

vo combate à corrupção”, relembra o Pre-

sidente da Udop.

Para ele, é necessário que o gover-

no recupere imediatamente a credibilida-

de, nomeando o novo Ministro da Fazen-

da, com esclarecimento para a sociedade,

da correção de rumos da política fiscal e

econômica. E que a mudança aconteça

não só em relação ao setor sucroenergéti-

co. “O governo deve pressionar as institui-

ções para dar celeridade às investigações,

julgamentos e condenações de todos os

envolvidos na operação Lava-jato, garan-

tindo independência e isenção política no

processo, reduzindo o período de gran-

de instabilidade política e de credibilida-

de das instituições e principalmente do

governo.”

Franco diz que o segundo manda-

to já começou dia 27 de outubro, pois a

sociedade já espera ações imediatas, no

sentido das mudanças propostas pela Pre-

sidente e desejadas pela sociedade. “O

tempo joga contra o Governo, que precisa

aliviar a pressão, com o devido senso de

urgência. Caso contrário, poderá perder o

“O segundo mandato já começou”, diz Celso Junqueira Franco

28 Outubro · 2014

controle da situação.”

Certamente haverá tentativa de apro-

ximação com lideranças de seguimentos

importantes da economia brasileira, o que

pode sempre ser positivo, comenta Fran-

co. Mas, segundo ele, o êxito vai depen-

der das pessoas nomeadas para esta inter-

locução, bem como a estrutura funcional

dos ministérios, que devem ter autonomia

e agilidade para tomar atitudes imedia-

tas, senão rapidamente também cairá no

descrédito.

“O governo vai mudar

seu posicionamento

em relação ao setor”

Esta é a opinião de Plínio Nasta-

ri, presidente da Datagro Consultoria. Se-

gundo ele, está ficando evidente a gran-

de contribuição que este setor dá para o

balanço de pagamentos, no momento em

que o déficit em conta corrente atinge ní-

veis preocupantes. “No discurso de vitó-

ria, a presidente Dilma deixou claro que

pretende unir o país num projeto único de

desenvolvimento. O setor da cana é um

dos maiores vetores de desenvolvimento

no interior, além de contribuir para o meio

ambiente e o aumento da renda do setor

agrícola.”

“A retaliação já foi, acho

que agora vem a conciliação”

Maurílio Biagi Filho, presidente do

Grupo Maubisa, já integrou o Conselho

de Desenvolvimento Econômico e Social

da Presidência da República, criado pelo

ex-presidente Lula. Maurilio continuou in-

tegrando o Conselho no governo Dilma,

mas como ouvir conselhos não é o for-

te da Presidente, Maurilio não sentiu mais

utilidade na sua permanência.

Para ele, a retaliação ao setor já foi.

“Acho que agora vem a conciliação. A pre-

sidente reeleita chegou até a usar o se-

tor em sua propaganda”, comenta. Em sua

opinião, o setor deve ter pessoas (do se-

tor ou contratadas) com liderança for-

te, que tenham bom trânsito e a empatia

do governo. “E além dos temas tradicio-

nais pelos quais lutamos, é preciso apre-

“No discurso de vitória, a presidente Dilma deixou claro que pretende unir o país num projeto único de desenvolvimento”, diz Nastari

CAPA

29

sentar propostas com ideias novas e que

sejam viáveis ao governo e ao setor priva-

do”, orienta.

O empresário salienta que o governo

só precisa mostrar um gesto de boa von-

tade para indicar que inicia uma nova fase.

“O governo tem bala na agulha para mu-

dar o cenário do setor. Mas se não o fizer

logo, será um mal sinal.”

mente dependentes de políticas públicas

e que têm trazido grandes prejuízos ao se-

tor sucroenergético, à Petrobras e ao Bra-

sil. São razões mais que suficientes para

que o governo mude sua atuação. Rezo

para que haja bom-senso e as mudanças

ocorram”, diz Alexandre Figliolino, diretor-

comercial do Itaú BBA.

Figliolino salienta que parte dos ele-

vados gastos com importação de petróleo

e derivados nos últimos anos poderia ter

sido evitada se o ambiente para o inves-

timento no setor sucroenergético tivesse

sido mais atrativo, o que também teria con-

tribuído para a criação de empregos e ge-

ração de renda. De maneira semelhante, se

mais estímulos tivessem sido direcionados

à produção de energia a partir de bagaço,

um número menor de ineficientes termelé-

tricas estaria atualmente em operação.

De acordo com o executivo do Itaú

BBA, investimentos em cogeração pode-

rão se acelerar se: forem realizados lei-

lões de energia por região e por fonte, e o

preço teto aumentar, iniciando em R$200/

MWh. O aumento da cogeração também

contribuiria para a elevação da competiti-

vidade do etanol dada a sinergia existente

na produção dos dois produtos.

Governo de Minas

será o interlocutor

com o Governo Federal

Entre os principais estados cana-

vieiros, Minas Gerais foi o único que não

“Rezo para que

haja mudanças”

“Vivemos hoje uma situação de enor-

me ‘perde-perde’ no que tange à situa-

ção energética brasileira, seja na área dos

combustíveis líquidos, seja no setor elétri-

co; dois segmentos regulados, extrema-

“Há muitas razões para que o governo mude sua atuação”, salienta Figliolino

30 Outubro · 2014

deu Aécio. Além disso, o governador elei-

to por Minas, Fernando Pimentel, é do PT,

e considerado uma força atuante dentro

do partido. Fato que, segundo Mário Cam-

pos Filho, presidente da Associação das

Indústrias Sucroenergéticas de Minas Ge-

rais (Siamig), credencia Pimentel como um

interlocutor do setor junto à presidente

Dilma.

Campos conta que o futuro governa-

dor de Minas é um político técnico, preo-

cupado com o desenvolvimento regional

e que vê o etanol com bons olhos. “Além

dele, Dilma foi muito bem votada no triân-

gulo-mineiro – principal região canaviei-

ra do estado. Os prefeitos da região têm

bom acesso ao governo federal e deve-

rão somar esforços com Pimentel em prol

do setor. Renan Filho, eleito governador

de Alagoas, é outra voz que poderá se le-

vantar em apoio ao etanol”, complemen-

ta Campos.

O presidente da Siamig observa que

as articulações entre os integrantes do se-

tor já começaram e Minas atua como um

bombeiro, apagando os conflitos entre se-

tor e governo, agravados após o posicio-

namento a favor de Aécio. Para Campos,

durante uma eleição, as entidades de clas-

se devem optar pela neutralidade. Como

bom mineiro, prega a prudência e que o

melhor é não se posicionar, para não so-

frer consequências.

Primeiro passo:

a volta da CIDE

O primeiro sinal que o governo po-

derá dar em direção à retomada do setor

é promover o retorno da CIDE. “A valori-

zação da energia limpa e renovável pode

ser obtida pela taxação do combustível

e energia fóssil e poluente. A CIDE sobre

a gasolina pode assumir esse papel”, diz

Farina.

CAPA

Mário: “Minas atua como bombeiro”

“Frente Parlamentar se mobiliza para a volta da CIDE”, diz Arnaldo Jardim

31

Para Plínio Nastari, o governo deve

recuperar o valor da CIDE, e promover um

reajuste no preço da gasolina para que

a Petrobras retome sua geração de cai-

xa a fim de cumprir o seu programa de

investimentos.

Mário Campos e Alexandre Figliolino

também defendem a volta da CIDE como

um reconhecimento das externalidades

positivas do etanol.

O deputado federal Arnaldo Jardim,

O que é preciso para

a retomada do setor

Mas não basta o retorno da CIDE, au-

mento no peço da gasolina, ou a elevação

momentânea da mistura de etanol à gaso-

lina para que voltem os investimentos. Para

Farina, é preciso que o governo dê clare-

za para o setor, definindo o papel reserva-

do ao etanol e à bioeletricidade na matriz

energética brasileira, de forma a pro-

por ações consistentes que estimulem os

investimentos.

Figl iol ino

também salien-

ta a importân-

cia da definição

do papel do

etanol hidrata-

do na matriz de

combustíveis lí-

quidos no Bra-

sil. “Regras mais

previsíveis são

imprescindíveis

para o retorno

do investimento

ao setor”, diz. Segundo ele, o primeiro mo-

vimento em relação ao crescimento será de

pequenas ampliações e otimização nas uni-

dades já existentes, aliando algum cresci-

mento horizontal com crescimento vertical,

tais como cogeração e outros agregadores

de valor que aumentem a competitivida-

de das empresas em relação aos produtos

principais, o açúcar e o etanol.

O setor preferia Aécio, mas os grandes grupos sucroenergéticos também doaram para a campanha da Dilma

líder da Frente Parlamentar pela Valori-

zação do Setor Sucroenergético, diz que

a volta da CIDE é o assunto número 1 na

pauta da Frente e que a articulação por

parte de seus integrantes é intensa junto

ao governo para que isso ocorra.

32 Outubro · 2014

ESPECIAL RH

Condições sanitárias

dignas aos rurícolas

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O setor sucroenergético nacio-

nal passou por muitas transfor-

mações ao longo dos séculos.

Os engenhos do período colonial deram

lugar às usinas de açúcar e álcool. Estas,

por sua vez, se tornaram as atuais indús-

trias sucroenergéticas. A evolução não se

deu apenas no ponto tecnológico, mas

também nas relações de trabalho: come-

çou com a escravidão e, hoje, o setor figu-

ra como um dos segmentos econômicos

mais avançados no quesito de boas práti-

cas de trabalho.

Segundo o diretor executivo do Gru-

po de Estudos em Recursos Humanos na

Agroindústria (Gerhai), José Darciso Rui,

durante o período de expansão da cul-

tura, ocorrido principalmente a partir da

Leonardo Ruiz

BOAS PRÁTICAS NO AMBIENTE DE TRABALHO GERAM SATISFAÇÃO DOS

PROFISSIONAIS, ENGAJAMENTO COM A EMPRESA E MAIOR PRODUTIVIDADE

Cuidando de gente

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O setor sucroenergético passou a ser exemplo de empresa socialmente responsável

34 Outubro · 2014

década de 1970, quando foi criado Pro-

grama Nacional do Álcool (Proálcool), a

maioria das usinas possuía uma gestão fa-

miliar bastante arcaica. Ele conta que elas

entendiam que pagar um processo traba-

lhista era mais barato do que cumprir a lei.

“Aos poucos, as empresas foram se pro-

fissionalizando e percebendo que o ideal

era não ter problema trabalhista, pois esse

tipo de ação poderia, até mesmo, gerar

uma eventual paralisação.” Rui afirma que,

a partir dos anos 90, as empresas passa-

ram a ter outra visão do mundo trabalhis-

ta. “Desde então, elas se preocupam em

ESPECIAL RH

A Greve dos cortadores de cana de Guariba, ocorrida em 1984 e que exigia melhores condições de trabalho, entrou para a história e estimulou mudanças

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Na Usina Santa Isabel, monitoramento para o uso correto da utilização dos equipamentos de proteção individual (EPIs)

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cumprir as leis e manter uma boa relação

de trabalho.”

A gerente de RH da Usina Santa Isa-

bel, Márcia Eligia Marques Ferreira, con-

ta que a situação dos cortadores de cana

não era modificada, em parte, devido à re-

sistência dos próprios trabalhadores. Se-

gundo ela, quando a jornada de trabalho

começou a ser reduzida, houve diversos

ras extras de trabalho. Além disso, todas

as condições de trabalho no canavial são

monitoradas, como a utilização dos equi-

pamentos de proteção individual (EPIs) e o

cumprimento da jornada de trabalho”.

Um ponto fundamental nessa evo-

lução é o Compromisso Nacional para

Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na

Cana-de-Açúcar, firmado entre o Gover-

José Darciso Rui: “A partir dos anos 90, as empresas passaram a se preocupar em cumprir as leis e manter uma boa relação de trabalho”

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protestos porque os profissionais queriam

fazer mais horas extras.

Segundo Márcia, aos poucos, o Mi-

nistério do Trabalho e Emprego foi fazen-

do suas exigências e a empresa, sem ceder

à pressão dos trabalhadores, se adequou

à legislação. “Hoje, por exemplo, procu-

ramos não fazer mais do que duas ho-

no Federal, entidades de trabalhadores e

os empresários do setor sucroenergético

em 25 de junho de 2009. O Compromis-

so é resultado de uma experiência inédita,

no Brasil, e construiu um acordo históri-

co para valorizar e disseminar as melhores

práticas trabalhistas na lavoura da cana-

de-açúcar e promover a reinserção ocupa-

36 Outubro · 2014

cional dos trabalhadores desempregados

pelo avanço da mecanização da colheita.

Salário não é tudo

Independente da criação de Com-

promissos e do cumprimento de leis, para

a consultora Beatriz Rossi Resende de Oli-

veira as empresas entenderam que pro-

porcionar condições básicas de trabalho

é essencial para que as pessoas tenham

boa produtividade e rendimento, e pos-

sam sentir que estão sendo cuidadas pela

organização.

Estão percebendo também que ofe-

recer um salário atrativo é bom, mas não

é tudo. É preciso promover políticas de re-

conhecimento de competências, oportu-

nidades de desenvolvimento educacional

e profissional, ambiente de trabalho agra-

dável, além de benefícios adequados às

práticas de mercado. Para Beatriz, a alian-

ça desses fatores irá fazer com que o fun-

cionário permaneça fiel à empresa que

trabalha, mesmo diante de ofertas tenta-

doras, e produza ainda mais. “A equação é

simples. Se somarmos um profissional ca-

pacitado e estimulado, com desafios, boas

condições de trabalho, reconhecimento e

liderança, o resultado será maior produti-

vidade”, afirma Beatriz.

A consultora salienta ainda que se vê

hoje programas diferenciados para que as

ESPECIAL RH

Além de salários atrativos, as empresas devem oferecer atrativos e valorização profissional

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38 Outubro · 2014

pessoas se sintam capacitadas, entrosadas,

comprometidas, engajadas e felizes. Diver-

sas usinas, por exemplo, contam com pro-

gramas educacionais para os funcionários.

Outras contam, até mesmo, com corais, gru-

pos de dança, transmissão de programas

internos de rádio, além de outros projetos

específicos. Com relação a outros benefí-

cios, como assistência médica e odontoló-

gica e auxílio farmácia, Beatriz afirma que

estes funcionam como um complemento

ao salário, agindo, também, como um item

de retenção. E mostram que o setor sucro-

energético faz muito mais que atender às

normas regulamentadoras (NRs).

Quanto mais valorizado,

mais o colaborador se engaja

A Usina Nardini, localizada em Vis-

ta Alegre do Alto, SP, conta com um gran-

de leque de benefícios para seus funcio-

nários, que vão desde previdência privada,

e assistência médica e odontológica, até

restaurantes e ticket alimentação. “O que

vemos é que, quanto mais você valoriza,

mais o colaborador produz e se engaja

com o projeto e os objetivos da empresa”,

conta o gerente de RH da Usina Nardini,

Gilmar Miranda.

A Nardini possui, também, diversos

projetos e programas que visam ajudar,

ESPECIAL RH

Gilmar Miranda, da Usina Nardini, conta que a empresa possui um grande leque de benefícios

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não só os colaboradores da empresa, mas

também a comunidade em que está inse-

rida. Desenvolvimento de lideranças para

o grupo, programas de saúde ocupacional,

prevenção a doenças, e eventos relaciona-

dos à segurança do trabalho e conscien-

tização do meio ambiente são constantes

no calendário da companhia.

Uma das iniciativas que ganhou des-

taque nos últimos anos e que teve seu

encerramento em setembro de 2014 foi

o Projeto de Inclusão, iniciado em 2007.

O objetivo foi oferecer auxílio para que

os professores da rede pública de ensino

possam atuar junto ao público com defici-

ência nas cidades vizinhas à empresa. Fo-

ram oferecidas também atividades espe-

cíficas de qualificação profissional para os

PcD’s, que incluíam cursos de almoxarife,

auxiliar de logística e assistente adminis-

trativo. Ao todo, durante o projeto, foram

capacitados 300 professores e 150 pesso-

as com deficiência. Entre eles, colaborado-

res da Nardini Agroindustrial.

É fundamental reter talentos

Para o gerente de RH do Grupo San-

ta Terezinha, Waldomiro Baddini, o cola-

borar, estando satisfeito com a empresa

em que trabalha e tendo uma boa condi-

ção em seu seio familiar, irá produzir mais.

“Nos dias de hoje, a retenção é fundamen-

tal. É nesse momento, portanto, que entra

a questão dos benefícios ofertados. Eles

Atualmente, muitas empresas contam com farmácias próprias em suas unidades, que disponibilizam medicamentos a custos mais baixos

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40 Outubro · 2014

fazem com que se tenha uma fidelidade

maior.”

Preocupação com a saúde de seus

colaboradores é uma das características

do grupo Santa Terezinha, que possui oito

unidades de produção no Estado do Para-

ná. Além de oferecer planos de saúde de

ponta a seus funcionários e contar com

farmácias próprias em todas as unidades,

que disponibilizam medicamentos a cus-

tos mais baixos, o Grupo desenvolve pro-

gramas que visam melhorar a saúde dos

colaboradores.

Um deles é o Programa Nacional de

Tratamento e Controle do Tabagismo –

Pare de Fumar. Desenvolvido pela Secre-

taria de Saúde de Rondon, PR, em parce-

ria com a Usina Santa Terezinha, Unidade

Rondon, o programa consiste na reali-

zação de encontros na unidade coman-

dados por profissionais de enfermagem,

medicina e odontologia. Para participar,

o colaborador precisa apenas ter vonta-

de e disposição para deixar o tabaco. O

grupo formado em 2014 possui 18 ins-

critos, sendo que destes, nove já larga-

ram definitivamente a dependência do

tabaco.

O Grupo Santa Terezinha realiza,

também, campanhas de vacinação con-

tra gripe. Além de imunizar os colabora-

dores interessados, chama a atenção so-

ESPECIAL RH

Márcia Benassi afirma que ofertar plano de saúde ao funcionário acaba por fidelizá-lo na empresa

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42 Outubro · 2014

bre os cuidados com a saúde e prevenção

de doenças, além de palestras sobre de-

pendência química. Ainda relacionado ao

bem-estar de seu pessoal, a empresa ofe-

rece, em seus refeitórios, uma alimentação

saudável e realiza campanhas de combate

à obesidade e outras doenças por meio da

alimentação.

Corpo em movimento

Logo às 7 horas da manhã, 150 cor-

tadores de cana da Usina Diana, localiza-

da no município paulista de Avanhanda-

va, fazem o aquecimento do corpo. Todas

as manhãs, antes do início da jornada de

trabalho, estes trabalhadores participam

de uma sessão de ginástica laboral. Com

duração de 10 a 20 minutos, o exercí-

ESPECIAL RH

Nas unidades do Grupo Santa Terezinha existem diversos programas que visam melhorar a saúde dos colaboradores

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É importante que as empresas possuam refeitórios em suas unidades, disponibilizando alimentação saudável aos colaboradores

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cio visa melhorar a qualidade de vida dos

colaboradores.

Segundo o coordenador de RH da

unidade, Wesley Monteiro Martinez, esse

projeto teve início no final de 2012 e tem

se mostrado muito eficiente, no sentido de

preparar os colaboradores para suas tare-

fas diárias, além de prevenir possíveis le-

sões causadas pelo processo de trabalho.

Entre os benefícios alcançados pela

ginástica laboral, que teve seu início di-

fundido a partir da Revolução Industrial,

estão a redução na fadiga muscular, me-

lhora geral da condição física e da dispo-

sição do trabalhador, reeducação da pos-

tura corporal, combate ao sedentarismo

e redução dos níveis de estresse e tensão

geral.

Martinez ressalta que a prática ajuda

também a tornar o ambiente de trabalho

mais descontraído, pois os trabalhadores

interagem uns com os outros. “Isto contri-

bui para que o dia fique mais harmonio-

so.” O objetivo agora, segundo o coorde-

nador de RH, é expandir a atividade para

outras áreas da usina, como a industrial,

por exemplo.

Áreas de vivência

com excelência

Por trabalharem muitas vezes em lo-

cais distantes das unidades industriais, os

44 Outubro · 2014

trabalhadores do campo, como operado-

res de tratores e colhedoras, motoristas,

cortadores e plantadores de cana, acabam

sem muitas opções de locais para descan-

sar, comer e realizar higienização adequa-

da. A saída encontrada por muitas usinas

é a instalação de tendas ou ônibus adap-

tados. Mas não na Usinas Itamarati, sedia-

da no Sudoeste do Mato Grosso, na cida-

de de Nova Olímpia, a 200 km de Cuiabá.

A empresa decidiu que era hora de

garantir mais conforto e bem-estar para

esses colaboradores. Adaptadas a par-

tir de reboques, as chamadas “áreas de

vivência” possuem dois sanitários cada,

além de bebedouros, duchas, macas de

ESPECIAL RH

45

emergência, caixas de primeiros socorros,

armários para objetos pessoais e espaços

para guardar os materiais de sinalização

no campo. E o respeito não é só ao traba-

lhador, mas também ao meio ambiente, já

que a energia consumida por elas é prove-

niente de placas solares.

Segundo o supervisor de carrega-

mento e transporte da empresa, Thiago da

Cunha Lopes, cerca de 700 pessoas circu-

lam diariamente pelas sete áreas de con-

vivência em funcionamento. “A Usinas Ita-

marati realmente se preocupa com o seu

trabalhador. Além de proporcionar mais

conforto, essas áreas melhoraram, inclusi-

ve, a convivência entre os colaboradores,

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Atualmente, a prática da Ginástica Laboral é muito utilizada pelas

unidades sucroenergéticas

46 Outubro · 2014

ESPECIAL RH

que passaram a se entrosar melhor, pois

agora possuem local adequado para isso”,

afirma Lopes.

“Condomínio” Agro Serra

Já pensou morar em um local onde, a

poucos passos, você pode ter à sua dispo-

sição salão de cabelereiro, manicure, pedi-

cure, costureira, central de telefone públi-

co com cabines individuais climatizadas,

amplo refeitório supervisionado por nutri-

cionistas, ambulatório médico totalmen-

te equipado, além de áreas de lazer com

mesas de jogos e imensas TVs? Provavel-

mente sua resposta foi afirmativa, porém,

se acha que falo de um condomínio resi-

dencial de luxo ou de uma colônia de fé-

rias, está enganado. Essas são apenas al-

gumas das características de uma espécie

de “vila“ disponibilizada aos funcionários

Na Usinas Itamarati, as “áreas de vivência” são top

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do Complexo Agro Industrial da Agro Ser-

ra, localizado em São Raimundo das Man-

gabeiras, MA.

Os alojamentos são ofertados gra-

tuitamente aos colaboradores no momen-

to em que são contratos pela empresa.

Construída no ano de 1997, esta vila tem

atualmente mais de 2.500 pessoas residin-

do durante o período do trabalho. A maio-

ria, cerca de 98%, é proveniente do Estado

do Maranhão, vinda de cidades circunvizi-

nhas, como Fortaleza dos Nogueiras, Nova

Colinas, Loreto, São Raimundo das Man-

gabeiras, Sucupira do Norte, Balsas, For-

mosa da Serra Negra, Colinas e Mirador.

Os alojamentos são compostos de

quartos de duas, quatro, seis ou oito be-

liches cada. Todos contam com colchões,

ventiladores, armários individuais e tra-

vesseiros. Bebedouros de água elétricos

podem ser encontrados nos corredores

dos alojamentos, disponibilizando água

de boa qualidade e gelada. O diretor-pre-

sidente da Agro Serra, Pedro Augusto Ti-

cianel, ressalta as principais características

do local. “Os alojamentos ainda possuem

amplos banheiros com duchas individuais,

e cabines telefônicas individuais, fechadas

e totalmente climatizadas para oferecer

melhor conforto e privacidade aos fun-

cionários quando estão falando com seus

familiares.”

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Na Itamarati, proteção com a pele do colaborador

48 Outubro · 2014

Para a lavagem de roupas, a empresa

oferece amplas lavanderias manuais e in-

dustriais totalmente sem custo. “Nós pos-

suíamos, ainda, uma lavanderia especifica

para lavagem de roupas de aplicadores de

defensivos totalmente isolada, com pesso-

al capacitado na operação, evitando, des-

ta forma, que outros funcionários tenham

acesso ou contato. Tudo isso é feito pen-

sando no bem-estar de nossos colabora-

dores”, conta o diretor.

O refeitório, segundo ele, possui ca-

pacidade para fornecer cerca de 1.300 re-

feições por hora. “Diariamente, são servi-

das mais de oito mil refeições, sendo todas

elas preparadas por cozinheiros experien-

tes, supervisionadas por dois nutricio-

nistas. Além disso, o refeitório é equipa-

do com câmaras frias para estocagem de

alimentos, fábrica de produção de gelo e

reservatórios de água potável”, afirma Ti-

cianel. O local possui ainda açougue, além

de uma ampla panificadora, que produz

pães, bolos, salgados, doces, tortas, entre

outros quitutes.

E não é só isso. Todos os colaborares

são atendidos, sem custos, por uma exten-

sa equipe médica, composta por dois mé-

dicos do trabalho, dois dentistas, um fisio-

terapeuta do trabalho, quatro enfermeiros

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Na Agro Serra, o lazer faz parte do pacote

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Os alojamentos da Agro Serra são interligados por passarelas para proteger os colaboradores do sol e da chuva

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50 Outubro · 2014

do trabalho e oito técnicos de enferma-

gem do trabalho, além de duas ambulân-

cias para atendimentos de emergência.

Já para as horas de descanso, o des-

taque fica por conta das áreas de lazer, lo-

calizadas entre os blocos de alojamentos,

que contêm mesas de jogos e TVs de 52’.

Estas, equipadas com uma extensa grade

de canais à disposição dos colaborado-

res. “Realizamos, ainda, eventos semanais,

como festas de datas comemorativas, gin-

canas, campeonatos, churrascos, banhos

no Clube de Campo, torneios de futebol,

shows com bandas regionais, além da tra-

dicional Festa Junina ‘Arraiá da Agro Ser-

ra’”, conta o diretor-presidente.

O local onde se concentram os aloja-

mentos possui uma estação de tratamento

de água que faz a captação e tratamento

desse bem para o consumo humano, além

de outras aplicações no espaço.

A Agro Serra também promove, por

meio de Multiplicadores/Facilitadores, gi-

nástica laboral para mais de mil trabalha-

dores rurais que têm como principal ati-

vidade o corte de cana, além de outros

1.500 trabalhadores distribuídos nas áreas

Agrícola, Industrial e Administrativa.

Plano de saúde: dos

benefícios que mais agradam

Um dos benefícios mais importantes

que uma empresa pode oferecer a seus

funcionários é o plano de saúde. É que,

por um valor bem mais em conta, abrange

não somente o colaborador, mas também

toda a família. As vantagens desses pla-

nos empresariais, segundo Márcia Benassi,

coordenadora comercial de bioenergia da

São Francisco Saúde, são muitas. “O que

fazemos é oferecer ao funcionário um pro-

duto que muito dificilmente ele teria aces-

so se não tivesse envolvido em um grupo

empresarial.”

Para a coordenadora, é importan-

te, porém, que as empresas se atentem

à questão da gestão compartilhada en-

tre a operadora e a empresa, tratando, re-

almente, da saúde do funcionário. “Sem-

pre alertamos que não é apenas oferecer

uma carteirinha de plano de saúde. É ne-

cessária, também, a realização de progra-

mas de conscientização a fim de ensinar

essas pessoas como utilizar corretamente

essa assistência médica.”

Segundo Márcia, a empresa deve tra-

balhar, junto a seu pessoal, a questão da

prevenção, pois, muitas vezes, a pessoa

busca assistência médica quando está do-

ente, quando, na verdade, deveria buscar

essa assistência para prevenir um possível

adoecimento.

A São Francisco Saúde trabalha, atu-

almente, com 65 unidades sucroenergéti-

cas, com diversos projetos voltados para

a promoção da saúde dos colaborado-

res. “Além de eventos de prevenção, dis-

ponibilizamos funcionários para ajudar na

prestação de informações e esclarecimen-

to de dúvidas”, informa Márcia.

ESPECIAL RH

51

AS NORMAS REGULAMENTADORAS NR’S

Elaboradas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, as Normas Regulamentado-

ras, conhecidas como NR’s, são de observância obrigatória de toda empresa ou

instituição que admite empregados regidos pela Consolidação das Leis do Traba-

lho (CLT).

Entre as principais NR’s que envolvem ao setor estão:

NR 5 - Comissão Interna de Prevenção de acidentes (CIPA): estabelece a criação de

uma Comissão Interna de Prevenção de Acidentes em cada empresa, cujo objetivo

é a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar

compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção

da saúde do trabalhador;

NR 12 - Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos: o empregador deve

adotar medidas de proteção para o trabalho em máquinas e equipamentos, capa-

zes de garantir a saúde e a integridade física dos trabalhadores, como a demarca-

ção de áreas de circulação, instalação de travas em máquinas móveis e armazena-

mento correto das ferramentas;

NR 31 - Segurança e saúde do trabalho na agricultura, pecuária, silvicultura, explo-

ração florestal e aquicultura: determina ao empregador garantir adequadas condi-

ções de trabalho, higiene e conforto; realizar avaliações dos riscos para a segurança

e saúde dos trabalhadores e, com base nos resultados, adotar medidas de preven-

ção e proteção; promover melhorias nos ambientes e nas condições de trabalho e

analisar, com a participação da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes no Tra-

balho Rural (CIPATR), as causas dos acidentes e das doenças decorrentes do traba-

lho, buscando prevenir e eliminar as possibilidades de novas ocorrências;

NR 33 - Segurança e saúde do trabalho em espaços confinados: cabe ao empre-

gador identificar os espaços confinados e seus riscos, garantir a capacitação conti-

nuada dos trabalhadores sobre os riscos, as medidas de controle, de emergência e

salvamento nesses espaços, além de garantir que o acesso ao espaço confinado so-

mente ocorra após a emissão, por escrito, da Permissão de Entrada e Trabalho.

52 Outubro · 2014

Por que deixar a mudança para depois???

ECONOMIA

53

Que em 2015 aconteçam as mudanças que o setor tanto pediu em 2014

Nos aproximamos do final do ano

e, sem dúvida, você leitor irá pro-

meter a si mesmo coisas que de-

vem mudar para o ano seguinte. Certa-

mente essa é uma prática que acomete a

todos durante o período de Festas. Pro-

metemos ser melhores, fazer coisas dife-

rentes, mudar a nossa rotina e construir

uma nova vida, deixando para trás hábi-

tos, erros, dificuldades e problemas.

Qualquer semelhança com candida-

tos em ano de eleição não é mera coinci-

dência. As promessas de “governo novo”,

de “governo melhor” e de “mudanças” são

os principais motes eleitorais de quem

concorre pelo nosso voto.

Mas aí me pergunto: “Por que espe-

rar sempre para o próximo ano o que po-

demos ou devemos fazer hoje?” Se temos

algo para fazer, que então seja logo feito

para que possa, mais cedo, começar a dar

resultados.

Pensando sobre o setor sucroener-

gético, passamos o mandato inteiro da

presidente Dilma solicitando diversas mu-

danças, a começar pela criação de uma

*Marcos Françóia

54 Outubro · 2014

ECONOMIA

Ao longo das campanhas, os candi-

datos sinalizaram positivamente ao setor,

mostrando que desejam proximidade com

ele. E tal como no “Ano Novo”, as espe-

ranças dos canavieiros se renovam com a

chegada do novo governo.

Por mais que no curto prazo ainda

haja dificuldades e sabendo que a situa-

ção não será fácil para muitas empresas,

devido ao alto grau de endividamento,

outras logo estarão colhendo os frutos de

suas ações e terão a rentabilidade de vol-

ta mais rapidamente.

Quem está no setor há tempos e

quem o conhece de perto sabe de todos

os problemas históricos já superados e

continuam acreditando, mesmo após tan-

tas intempéries, no potencial da cana-de

-açúcar e do Brasil como produtor e ex-

portador de açúcar e etanol. E para essas

pessoas, dessa vez não será diferente. O

setor irá ressurgir, tal como o sol do pri-

meiro dia do novo ano.

*Marcos Françóia, diretor da MBF Agribusiness

política energética de longo prazo, con-

sistente, que daria mais segurança aos in-

vestidores estrangeiros para colocar nova-

mente seus recursos no setor. Além disso,

há anos reivindica-se um marco regulató-

rio para o segmento.

Fora isso, o setor insiste há bastante

tempo pela elevação do preço da gasoli-

na, para que o etanol pudesse voltar a ser

competitivo.

Vimos, durante os últimos tempos,

cidades inteiras, como Sertãozinho (SP),

sofrendo as consequências da falta de um

diálogo amplo e de medidas eficazes para

o setor canavieiro. O desemprego bate

não somente à porta de quem está inti-

mamente ligado a este negócio, mas de

toda população. Sem empregos na indús-

tria da cana, que sustenta a cidade, as pes-

soas deixam de comprar e de usufruir de

serviços, afetando também o número de

postos nessas áreas. As empresas, sozi-

nhas, tomaram a iniciativa de se reorga-

nizar, se reestruturar para poder enfrentar

toda essa crise.

Quando este artigo for publicado

já conheceremos quem será presidente

do Brasil pelos próximos quatro anos, e é

preciso que não fiquem somente nas pro-

messas. É preciso agir rapidamente, reali-

zar mudanças e criar políticas condizentes

com a realidade, para que o País não con-

tinue perdendo, uma vez que a indústria

canavieira gera parte importante do Pro-

duto Interno Bruto.

55

HERBISHOW

CADA VEZ MAIS UTILIZADOS PELAS USINAS BRASILEIRAS, OS

MATURADORES SE TORNARAM UMA FERRAMENTA INDISPENSÁVEL

PARA AUMENTAR O RETORNO FINANCEIRO DA EMPRESA

Aumentado o ATR e diminuindo o florescimento

Os maturadores possibilitam precocidade de maturação (aumentando, dessa forma, os teores de sacarose) e redução do florescimento

TAN

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56 Outubro · 2014

Aumentar o teor de sacarose é um

objetivo almejado por todas as

usinas. Sejam elas de onde for.

Uma das ferramentas que estão à dispo-

sição dos produtores para que esse sonho

se torne realidade é o maturador, produto

cada vez mais presente no cotidiano das

empresas. Com ele, é possível obter um

manejo mais adequado da cultura, de ma-

neira a se conseguir precocidade de matu-

ração e redução do florescimento.

Os maturadores são compostos quí-

micos capazes de modificar a morfologia

e a fisiologia vegetal, paralisar ou retar-

dar o desenvolvimento vegetativo, indu-

zir a translocação e o armazenamento dos

açúcares, principalmente sacarose, além

de atuarem sobre as enzimas invertases,

podendo ocasionar modificações qualita-

tivas e quantitativas na produção.

Para o coordenador de marketing

em cana-de-açúcar da DuPont, Jedir Fio-

relli, o maturador deve ser usado por di-

versos motivos, como para explorar o má-

ximo potencial produtivo do canavial,

obter excelente retorno financeiro e para

aumentar o rendimento operacional da fá-

brica. “Atualmente, cerca de 15% da área

total de cana-de-açúcar no Brasil recebe

aplicação de maturadores”.

VIT

OR

RA

MO

S

HERBISHOW

Leonardo Ruiz

Os maturadores são, majoritariamente, aplicados no início de safra, quando o

nível de ATR é mais baixo

57

58 Outubro · 2014

Esta aplicação acontece, majorita-

riamente, no início de safra, de fevereiro

a maio no Centro-Sul, quando o nível de

ATR (Açúcar Total Recuperável) é mais bai-

xo. Nessa hora, o produto provoca uma

espécie de estresse na cana, fazendo com

que seja possível colhê-la mais cedo e

com melhores taxas de ATR por tonelada.

Já nas aplicações em final de safra,

o produto age inversamente, ou seja, faz

com que o nível de açúcar caia mais deva-

gar, já que nessa época o ATR tende a re-

cuar, pois a cana vem de um período com

boas taxas de açúcar para, então, entrar

em um período chuvoso, que é o de final

de ano.

Além dessas, existem também apli-

cações de meio de safra, que exploram ao

máximo o potencial de variedades alta-

mente produtivas em caso de chuvas de

inverno, que derrubam rapidamente a ma-

turação do canavial.

Atualmente, o maior mercado de

maturadores é o de inicio de safra, che-

gando a 80% das aplicações do produto.

Benefícios

Uma das vantagens decorrentes da

utilização desse produto é a obtenção de

uma matéria-prima com maior teor de sa-

carose entregue nas pontas da safra, o que

resulta em maior produtividade industrial.

Além disso, ele possibilita estender a du-

ração da safra com consequente aumento

da quantidade de cana moída.

Segundo o professor titular da Esco-

ALE

CA

RO

LO

Jedir Fiorelli: “Atualmente, cerca de 15% da área total de cana-de-açúcar no Brasil recebe aplicação de maturadores”

HERBISHOW

59

la Superior de Agricultura “Luiz de Quei-

roz” (ESALQ), da Universidade de São Pau-

lo (USP), Paulo Roberto de Camargo e

Castro, entre os benefícios decorrentes

da utilização dos maturadores estão o es-

tabelecimento de uma estratégia para a

produção agrícola e para a logística, de

maneira a maximizar o fornecimento de

material para a indústria com pontualida-

de e qualidade adequadas.

Com relação aos ganhos em logís-

tica, Fiorelli, da DuPont, conta que se os

custos forem colocados na ponta do lá-

pis, é possível constatar que os ganhos fi-

nais são exponencialmente maiores. “Se

aumentarmos o ATR, o custo por quilo de

açúcar transportado é menor, pois trans-

portamos menos água para a usina”.

O coordenador de marketing ressal-

ta, ainda, que o modelo atual de colheita

acaba por levar mais pontas para a indús-

tria, fazendo com que o ATR seja pressio-

nado para baixo. “Existem trabalhos que

mostram que a concentração do que nos

interessa está nos colmos e não nas pon-

tas. É importante que o maturador ajude a

diminuir este problema, contribuindo para

o ganho de ATR também no ponteiro.”

Na Usinas Itamarati, de Nova Olím-

pia, MT, em 2014 quase 2.500 hectares re-

ceberam a aplicação de maturador no

sentido de buscar uma melhora de ATR

no início da safra. O gerente de desenvol-

vimento tecnológico da empresa, Rogé-

rio Pontes Xavier, afirma que, neste caso,

geralmente a aplicação é realizada com

o intuito de promover um melhor ge-

renciamento da colheita, sendo aplicado

principalmente nas variedades precoces e

médias.

Ganhos de ATR durante a safra

DU

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60 Outubro · 2014

Rogério Pontes Xavier conta que a aplicação dos inibidores de florescimento é realizada nas variedades a serem colhidas do meio para o final de safra e que apresentam uma forte tendência ao florescimento/isoporização

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Xavier conta que o uso de maturador

vem sendo utilizado há vários anos na em-

presa. Porém, a aplicação desta tecnologia

tem sido intensificada nos últimos anos.

Variedades

As perdas ocasionadas pelo manejo

inadequado de variedades são enormes.

Desta forma, é importante que o manejo

com os maturadores esteja atrelado à cur-

va de maturação das variedades. As canas

precoces, por exemplo, respondem me-

lhor à aplicação de maturadores no início

da safra do que as médias e tardias.

Segundo o professor da USP, as dife-

rentes variedades de cana-de-açúcar po-

dem responder aos agroquímicos de for-

ma eficiente ou se mostrarem indiferentes

à aplicação do maturador. “Mas devemos

considerar que temos, pelo menos, três

boas opções de fitoquímicos disponíveis

no mercado com diferentes modos de

ação e que as variedades respondem dife-

rentemente em função do clima e do solo

em que são cultivadas”, afirma Castro.

Na Usina Jalles Machado, localizada

no município de Goianésia, na Região do

Vale do São Patrício, GO, as canas que re-

HERBISHOW

61

62 Outubro · 2014

cebem aplicação de maturadores são as

canas precoces e médias, que serão colhi-

das até o final de maio, e com idade mé-

dia de 12 meses acima, e as canas médias,

que estão em pivôs e que são colhidas de

junho a agosto.

A gestora de planejamento, pesquisa

e desenvolvimento da empresa, Karoline

Fernandes Rodrigues, conta que a unida-

de utiliza maturadores desde 2007. “Neste

ano, 23% da nossa área recebeu a aplica-

ção do produto.”

Inibindo o florescimento

O maturador age, também, como

um importante aliado das usinas na hora

de inibir o florescimento da cana, proces-

so muito comum que implica em diver-

sas alterações morfofisiológicas na planta,

gerando impactos desfavoráveis na área

agrícola e industrial. As perdas provocadas

pelo florescimento fazem com que todas

as práticas investidas em tratos culturais,

equipamentos de ponta e outras tecnolo-

gias utilizadas no sistema produtivo, se-

jam perdidas por meio dos baixos rendi-

mentos, tanto em peso de colmos, quanto

em eficiência de recuperação industrial.

Estima-se que, em variedades florífe-

ras colhidas em meio e final de safra que

não sejam inibidas, as perdas podem che-

gar a 30% (tha). Aumento do teor de fi-

bra e decréscimo da umidade dos colmos

também são prejuízos decorrentes des-

se processo. O florescimento causa tam-

bém a isoporização – ou chochamento –,

que se caracteriza pelo secamento do in-

terior do colmo e da perda de peso final,

por conta da redução do volume de caldo.

Os inibidores têm como função pau-

sar o crescimento da planta que, desta for-

ma, não emitem folhas novas, diminuindo

o numero de células de cloroplasto e, con-

sequentemente, de citocromos. Estes, em

menor número, não são capazes de pro-

duzir os estímulos necessários para o flo-

rescimento, mesmo se todos os fatores,

como clima e temperatura, induzirem a

isto.

Somente neste ano, a Usinas Ita-

marati aplicou o inibidor de florescimen-

to em 3.000 hectares. Neste caso, a apli-

cação é realizada nas variedades a serem

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HERBISHOW

63

colhidas do meio para o final de safra e

que apresentam uma forte tendência ao

florescimento/isoporização.

Segundo o gerente de desenvolvi-

mento tecnológico, Rogério Pontes Xa-

vier, no caso do inibidor de florescimento

para a região do Mato Grosso, a aplicação

acompanha o período de indução do flo-

rescimento, que geralmente acontece no

período de 5 de fevereiro a 5 de março.

Cuidados com a aplicação

Existem certos fatores determinantes

que influenciam na eficiência do produto.

Como a aplicação é, normalmente, efetua-

da através de pulverização aérea, é neces-

sário que seja conduzida por um piloto ex-

periente e com o auxílio de um pessoal de

solo promovendo sinalização correta das

áreas a serem tratadas. Ter cuidados com

deriva, efeito de asa ou de cauda da aero-

nave também são fatores de extrema im-

portância para o sucesso da operação.

Paulo Roberto de Camargo e Castro,

da USP, afirma que a aplicação deve ser re-

alizada preferencialmente pela manhã, a

partir do nascer-do-sol, quando as plantas

se encontram mais túrgidas e aptas a ab-

sorver o agroquímico de forma mais efi-

ciente. “Além disso, neste horário, geral-

mente se tem ausência de ventos e maior

umidade relativa do ar, fatores também fa-

voráveis à pulverização”.

Lembrando que esses fatores devem

sempre estar dentro das recomendações

técnicas, como umidade do ar acima de

55%, temperatura abaixo de 30°C e velo-

cidade do vento variando de 3 a 15 km/h.

Ele conta, ainda, que o ideal é que

haja umidade no solo por ocasião do pro-

cesso. Porém, em caso de previsão de chu-

vas ao longo do dia, o produtor deve adiar

o procedimento, pois forte precipitação

até seis horas após a pulverização geral-

mente causa lixiviação do maturador e

perda da aplicação.

Estima-se que, em variedades floríferas colhidas em meio e final de safra que não sejam inibidas, as perdas podem chegar a 30% (t/ha)

64 Outubro · 2014

Para a gestora de planejamento, pes-

quisa e desenvolvimento da Jalles Macha-

do, antes da aplicação, deve ser feito um

planejamento de todas as áreas que re-

ceberão o produto, onde serão confec-

cionados os mapas de aplicação e con-

sideradas as faixas de distância de APPs

(Áreas de Preservação Permanente), cida-

des e culturas vizinhas e tanques de pei-

xe. “No momento do preparo da calda,

deve-se utilizar todos os EPIs (Equipamen-

tos de Proteção Individual), e fazer isola-

mento da área a ser aplicada, checando se

não há nenhuma atividade próxima”, rela-

ta Karoline.

Ela afirma, ainda, que a usina deve

possuir pistas de pouso adequadas, se-

guras e bem distribuídas, além de contar

com GPS para mapear as áreas aplicadas.

“Ao final do procedimento, deve ser feita a

limpeza do tanque e dos bicos de aplica-

ção e uma conferência das áreas aplicadas

no escritório, verificando os mapas gera-

dos”, finaliza.

Recomenda-se que a aplicação de maturadores seja realizada

preferencialmente pela manhã, a partir do nascer-do-sol, quando as

plantas se encontram mais túrgidas e aptas a absorver o agroquímico

de forma mais eficiente

VIT

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HERBISHOW

65

TECNOLOGIA AGRÍCOLA

O Uso de tecnologias encurta a distância entre o campo e o escritório

COM A UTILIZAÇÃO DE SOFTWARES, TOPOGRAFIA E AGRICULTURA

DE PRECISÃO, É POSSÍVEL REDUZIR CUSTOS, TER UM MAIOR

CONTROLE DAS OPERAÇÕES, MINIMIZAR FALHAS DE APLICAÇÃO

E ALCANÇAR MELHORES RESULTADOS NO CANAVIAL

Centro de Operações da Irrigação (COI): acompanha em tempo real as atividades

Daniela Rodrigues – Usina Jalles Machado Fotos: Comunicação Jalles Machado

Para aumentar a produtividade da

cana, a Unidade Otávio Lage, que

integra o Grupo Jalles Machado, de

Goiás, investe em irrigação e fertirrigação

com o uso das mais modernas tecnologias.

Além de reduzir custos com mão de obra,

a empresa consegue ter maior controle das

operações e alcançar melhores resultados.

66 Outubro · 2014

“Estamos em uma das regiões mais

secas do País, por isso, um bom manejo

de irrigação e investimentos em tecnolo-

gia são fundamentais para se ter uma boa

produtividade”, ressalta o gestor de irriga-

ção, Patrick Francino.

O uso de tecnologias encurtou a dis-

tância entre o campo e o escritório. O Cen-

tro de Operações da Irrigação (COI) é uma

sala com monitores e computadores onde,

com a utilização de softwares, é possível

acompanhar, em tempo real, o andamen-

to das atividades.

Um destes sistemas permite rastrear

os pivôs e, com o auxílio de um segundo

software, ter total acesso e controle sobre

os equipamentos. Também foi possível eli-

minar os acidentes com os pivôs que, ape-

sar de poucos, geravam custo para a em-

presa, e reduzir a mão de obra, passando

de 130 operadores para 77.

Apontamentos que antes eram feitos

no campo também passaram a ser realiza-

dos no COI, via rádio. “Nesta sala, é possí-

vel fazer toda a gestão do processo e toda

a informação que precisamos é de lá que

retiramos. Com isso, ganhamos mais agili-

dade e temos um maior controle e confia-

bilidade nos dados”, explica o coordena-

dor de Irrigação, José Neto.

No COI, também é feito o monito-

ramento das atividades de fertirrigação

com vinhaça. Pelo computador, são feitos

o acionamento e o controle do nível de

Com o uso de software, foi possível eliminar os acidentes com os pivôs

TECNOLOGIA AGRÍCOLA

67

cada tanque de vinhaça.

Mas a tecnologia não está apenas no

COI. Para garantir uma irrigação eficiente,

os equipamentos de campo foram auto-

matizados. Os pivôs rebocáveis possuem

um sistema propulsor próprio, que se auto

-reboca, não necessitando de trator, o que

téis, por exemplo, são esticados de forma

paralela, por um trator que utiliza dados

georreferenciados (GPS).

Treinamento

A utilização de novas tecnologias

requer uma mão de obra qualificada. A

permitiu a retirada de dez tratores mé-

dios da frota e de 36 operadores de má-

quinas do processo, gerando uma grande

economia.

Topografia e Agricultura de Precisão

são muito utilizadas para reduzir possíveis

falhas de aplicação de vinhaça. Os carre-

empresa criou um departamento para

promover cursos de capacitação e qualifi-

cação na área agrícola e, em parceria com

o SESI, o SENAI e o SENAR, oferece treina-

mentos para os colaboradores.

No primeiro semestre deste ano, já

foram treinados 192 colaboradores do Se-

O Grupo Jalles Machado investe em irrigação e fertirrigação com o uso das mais modernas tecnologias

68 Outubro · 2014

TECNOLOGIA AGRÍCOLA

tor de Irrigação e Fertirrigação da Unidade

Otávio Lage para operar pivô, motobom-

ba, trator e GPS Barra de Luz, num total de

3.712 horas de treinamento.

O instrutor Bento Paulino explica a

importância desse trabalho. “Buscamos

sempre a segurança da aplicação da mão

de obra no campo com operações bem

feitas. Os treinamentos também contri-

buem muito nos resultados finais de cus-

tos, com maior disponibilidade de traba-

lho do equipamento em campo e até nas

medições de consumo de combustível”,

ressalta.

Mulheres no campo

A utilização de todas essas tecnolo-

gias também favoreceu o trabalho das mu-

lheres no campo. Hoje, dos 173 colabora-

dores da irrigação e fertirrigação, 44 são

mulheres. “Elas estão em todas as funções

do processo, desde a operação de moto-

bombas, máquinas agrícolas e até cargos

de liderança. São muito responsáveis, de-

dicadas e extremamente cuidadosas com

os equipamentos”, ressalta o coordena-

dor de Fertirrigação e Irrigação, João Car-

los Amorim.

Jandira Alves de Brito Chaves, 47

anos, é um exemplo. Ela iniciou na Unida-

de Otávio Lage em 2010, como operado-

ra de motobomba. Em 2011, fez o curso de

operador de máquinas. Em 2013, foi pro-

movida a líder de frente e hoje tem uma

equipe de 30 pessoas.

“Eu era dona de casa e resolvi traba-

Os carretéis são esticados de forma paralela, por um trator que utiliza dados georreferenciados (GPS)

69

70 Outubro · 2014

lhar na Unidade Otávio Lage. Voltei a es-

tudar em 2011, fazendo o curso do EJA

(Educação de Jovens e Adultos), e conclui

o Ensino Médio em outubro de 2013, ofe-

recido também pela empresa. E me deram

oportunidade e eu me dediquei. Não ima-

ginava que pudesse chegar tão longe a

essa altura da vida”, ressalta.

A líder de frente também faz planos

No primeiro semestre deste ano, já foram treinados 192 colaboradores do Setor de

Irrigação e Fertirrigação da Unidade Otávio Lage

A ex-dona de casa Jandira iniciou como operadora

de motobomba, fez o curso de operador de

máquinas e hoje lidera uma equipe de 30 pessoas

para o futuro. “Tudo o que eu sei agradeço

à empresa e não vou parar por aqui. Que-

ro fazer o curso Técnico em Agricultura”,

completa.

TECNOLOGIA AGRÍCOLA

71

SOLUÇÕES INTEGRADAS

Novo canavial exige novas tecnologias

O CANAVIAL GANHA HEAT®, NOVO HERBICIDA QUE PROMETE UM GOLPE

FULMINANTE NAS PLANTAS DANINHAS DE FOLHAS LARGAS DE DIFÍCIL

CONTROLE, PARA USO EM CANA-PLANTA ATÉ O QUEBRA-LOMBO, ASSOCIADO A

GRAMINICIDAS. MAIS UM REFORÇO PARA O PACOTE DE SOLUÇÕES INTEGRADAS

O produtor pode contar com novas tecnologias para

produzir um canavial com alta concentração de biomassa

72 Outubro · 2014

O canavial mudou. Cada vez me-

nos o fogo faz parte do cená-

rio. A cana crua ocupa o lugar da

cana queimada. Na hora do corte, os fa-

cões foram trocados pelas colhedoras e a

palhada da cana passou a cobrir o solo. A

palha trouxe ganhos agronômicos – como

fornecimento de nutrientes – e ganhos

econômicos ao servir como matéria-pri-

ma para a produção de energia e etanol

celulósico.

No entanto, segundo Pedro Jacob

Christoffoleti, pesquisador e professor da

Esalq/USP (Escola Superior de Agricultu-

ra Luiz de Queiroz), a extinção do fogo

e a extensa camada de palha proporcio-

nam alterações no microclima dos ca-

naviais, como mudanças na intensidade

de luz, na temperatura e na umidade do

solo. Essas características alteraram a flo-

ra infestante dos canaviais. Nos últimos

anos, foi notado um aumento bastante

expressivo de certas espécies de plantas

daninhas que, até o início dos anos 2000,

não eram facilmente encontradas, como

Mamona, Mucuna, Merremias, Melão-de-

são-caetano e Ipomeias.

Chamadas de 4MI’s, essas daninhas

de folhas largas tornaram-se um dos prin-

cipais problemas desse novo canavial, que

passou a existir com a mecanização da co-

lheita de cana crua. Essas plantas, além de

provocarem competição por água, luz e

nutrientes, podem acarretar sérios proble-

mas à colheita mecanizada, já que “embu-

cham” as máquinas e impedem que a co-

lheita seja normal.

Para o consultor Weber Valério, só-

SOLUÇÕES INTEGRADAS

Luciana Paiva

73

cio da Consult Agro e AgroAnalítica, quem

passa sufoco para controlar gramíne-

as deve rever seus métodos, pois não fal-

tam boas opções de controle. Atualmente,

para o consultor, o problema está em con-

ter a disseminação das folhas largas.

Chegou Heat® para o

controle das folhas largas

Ao encontro dessa necessidade do

setor, a BASF lançou, neste mês de outu-

bro, para a cultura de cana-de-açúcar o

herbicida Heat®. Carulina Oliveira, geren-

te de Marketing de Cana, Citros e Amen-

doim da Unidade de Proteção de Cultivos

da BASF, explica que o Heat® age de ma-

neira rápida, tem alta absorção sem dei-

xar de ser altamente seletivo para cultura.

É direcionado para controle das principais

plantas daninhas de difícil controle, para

uso em cana-planta até o quebra-lombo,

associado a graminicidas.

A molécula Saflufenacil é um novo

herbicida da classe química das pirimidi-

nadionas (uracila), sendo um potente ini-

bidor da enzima protoporfirinogene oxi-

dase (Protox). Este herbicida foi aprovado

para uso nos Estados Unidos em 2011.

No Brasil, o Saflufenacil teve seu registro

aprovado e foi lançado como produto co-

mercial em 2013 com a marca comercial

Heat®. O lançamento inicial foi para cere-

ais e, agora para cana.

Desde 2006, a BASF realiza estudos

de uso do Heat® na cultura de cana, foram

40 áreas testadas com o acompanhamen-

to e respaldo de profissionais de usinas,

produtores, pesquisadores e consultores,

segundo Daniel Medeiros, da área de de-

senvolvimento de mercado da BASF.

Entre os que realizam estudos com

o Heat® está o pesquisador Christoffole-

74 Outubro · 2014

SOLUÇÕES INTEGRADAS

ti, que desenvolve o trabalho em parceria

com a Agrocon Assessoria Agronômica.

O resultado dos estudos apontou

que Heat® tem ação pós e pré-emergente;

a aplicação na cana-planta tem ação resi-

dual até a operação de quebra-lombo; ex-

celente custo-benefício, controle eficaz de

folhas largas, entre 95% a 100%; tem ação

rápida; seletivo para todas as variedades

de cana; apresenta a menor pressão de va-

por do mercado, sem os riscos para cultu-

ras vizinhas na aplicação aérea e pode ser

rotacionado com outros ingredientes.

Marcelo Nicolai, gerente técnico da

75

76 Outubro · 2014

Agrocon, está muito animado com os resul-

tados apresentados por Heat®. “Realmente

é uma molécula nova, não é algo adaptado.

Ficamos impressionados com a eficácia do

produto. E se alguém encontrar um produ-

to mais eficiente que o Heat® para contro-

le de corda-de-viola, me apresente, porque

não conheço”, afirma Nicolai.

Heat® também agradou muito o

consultor Weber Valério. “Achei essa nova

molécula excelente. É um produto extre-

mamente equilibrado, que atende as no-

vas exigências do setor, além de controlar

com eficácia as folhas largas, possibili-

ta a retirada da prática de aplicação cos-

tal no campo. Vamos continuar estudan-

do o produto para levantar todo o seu

potencial. Se essa ferramenta que a BASF

está trazendo fizer 20% do que propõe, já

é fantástico, vai ajudar muito.” Weber sa-

lienta que para resolver os novos desafios

que nasceram com esse “novo canavial, é

fundamental que os profissionais e as tec-

nologias se reinventem. “Não dá mais para

ficar no ‘bê-a-bá’, é preciso que as práticas

evoluam e que haja investimento em tec-

nologia embarcada. E não adianta adqui-

rir produto mais barato achando que está

reduzindo custo, o importante é a eficá-

cia. No caso de controle de daninhas, por

exemplo, o produto ineficaz não vai con-

trolar, o que leva à reaplicação, e qual é o

custo disso?”, pergunta Valério.

Olhos de águia no canavial

Além das plantas daninhas, a ausên-

cia do fogo e a palhada de cana também

se tornaram ambientes férteis para a dis-

seminação de pragas e doenças. E a im-

plantação de canaviais com mudas sem

sanidade contribui para propagar a in-

festação. Soma-se a este quadro, o piso-

SOLUÇÕES INTEGRADAS

77

teio nas soqueiras e as falhas no plantio.

Tudo isso, resulta em canavial com baixa

presença ou sem biomassa, justamente o

contrário que o setor precisa: reduzir cus-

tos e aumentar a produtividade.

Carulina Oliveira salienta que a BASF

oferece um pacote de soluções integradas

para o setor sucroenergético aumentar a

competitividade. Utilizando, inclusive, tec-

nologia de ponta, como o sistema Harpia

que com o auxílio de satélites colhe ima-

gens do canavial, que são convertidas em

um mapa georreferenciado, que oferece

informações de toda a área analisada, de

forma ampla e completa, permitindo um

monitoramento mais eficiente dos cana-

viais. O serviço possibilita quantificar as

áreas com falhas, sem a presença de plan-

tas, auxiliando nas estratégias para mane-

jos futuros, na melhoria do gerenciamento

do uso de fertilizantes, defensivos agríco-

las, de mão de obra e dos insumos em ge-

ral. “Harpia integra-se à estratégia da BASF

de fornecer não só produtos fitossanitá-

rios eficientes, mas uma gama completa

de serviços que tenham como objetivo o

aumento de produtividade, rentabilidade

e, consequentemente, da sustentabilidade

das lavouras”, diz Carulina.

Canaoeste: primeira

entidade de fornecedores de

cana a contar com o Harpia

A tecnologia já está em uso em gran-

des grupos sucroenergéticos, mas o obje-

tivo da BASF é disseminar o sistema no se-

tor como um todo, por isso, em agosto de

2013, firmou uma parceria com a Asso-

78 Outubro · 2014

ciação dos Plantadores de Cana do Oes-

te Paulista (Canaoeste). Gustavo Nogueira,

gerente técnico da entidade e Alessan-

dra Durigan, gestora técnica, contam que,

na época, trabalhavam para montar uma

equipe de técnicos para o levantamento

e monitoramento de pragas e a parceria

com a BASF facilitou a implantação e via-

bilizou o trabalho da equipe, que foi trei-

nada pela multinacional.

O monitoramento iniciou em setem-

bro de 2013 e terminou em junho de 2014,

foram mapeados 29 mil hectares, contem-

plando 200 produtores (pequenos, médios

e grandes) em mais de 50 municípios das

12 sedes da Canaoeste. Os mapas apre-

sentados indicavam os pontos de baixa ou

ausência de biomassa, a equipe, munida

com GPS, ia até essas áreas (normalmen-

te acompanhada do produtor), realizava as

Equipe da Canaoeste vai até ponto indicado pelo Harpia, com presença de baixa biomassa, e realiza trincheira para constatação de pragas

79

Gustavo Nogueira e Alessandra Durigan: muitos satisfeitos com o Harpia

amostras e depois os produtores recebiam

o diagnóstico da razão da falta de biomas-

sa, se fosse praga, havia a identificação e

a orientação para o controle, pois no caso

da Canaoeste o objetivo do monitoramen-

to era controle de pragas.

Todo o processo é georreferenciado, as informações anotadas e passadas ao produtor. A equipe da Canaoeste já treinou inúmeras equipes dos associados

80 Outubro · 2014

Gustavo salienta que a tecnologia

oferece ganho de tempo, redução de cus-

tos e uso racional de insumos, pois identi-

fica quais as áreas problemas no talhão e,

com isso, o produtor só aplica defensivo

no local certo. Alessandra diz que a eco-

nomia começa na amostragem para iden-

tificação da praga, e deu como exemplo

uma área de um produtor com 42 hecta-

res, mas que o Harpia mostrou que o pro-

blema estava em 17 hectares. A recomen-

dação é fazer duas trincheiras por hectare,

com o Harpia, as trincheiras foram feitas

apenas nas áreas indicadas.

“O sistema é muito assertivo. Se indi-

ca que há baixo índice de biomassa, pode

ir conferir que realmente há. Uma vez de-

tectada a área, define-se o problema e a

solução”, diz Gustavo. Mesmo sem o Har-

pia, a equipe de monitoramento de pragas

continua em ação e há planos para a for-

mação de novas equipes, pois a demanda

é grande pelo serviço prestado.

O resultado do emprego da tecnolo-

gia foi muito bem aceito pelo pessoal da Ca-

naoeste. Para eles, foi a oportunidade de ofe-

recer aos associados uma ferramenta muito

importante e valiosa, focada no aumento de

produtividade agrícola, redução de custos de

produção e ambientalmente correta.

A entidade anseia em renovar a par-

ceria com a BASF, permitindo a volta do

Harpia e que, dessa vez, o mapeamen-

to seja realizado nos 150 mil hectares de

SOLUÇÕES INTEGRADAS

81

Os locais indicados no mapa com as cores azuis, são os pontos georreferenciados onde a equipe irá focar os levantamentos, sendo que pelas imagens, são os locais de baixo índice de biomassa, que podem indicar os possíveis problemas como, por exemplo, ataque de pragas

O controle de pragas é focado

apenas nas áreas mais críticas,

isso facilita na possível decisão

de reforma de um talhão ou

no controle das pragas apenas

onde houver necessidade, auxiliando o

planejamento e o manejo

agronômico e sustentável das

propriedades

abrangência dos associados.

Eles conheceram os benefícios do

Harpia, a tecnologia que vê o canavial por

cima e aponta onde estão as falhas, encur-

tando caminho para que o setor sucroe-

nergético volte a ser competitivo.

82 Outubro · 2014

INSECTSHOW

O “chicote” é o sintoma mais característico

da doença

83

A região Sudeste do Brasil, princi-

palmente o Estado de São Paulo,

vem passando por uma das maio-

res estiagens de sua história. O último ve-

rão, normalmente um período caracteriza-

do por muitas chuvas, chegou e foi embora

como um dos mais secos e quentes já re-

gistrados. Essa severa estiagem permane-

ceu nos meses seguintes, inclusive em se-

tembro e outubro, quando, praticamente,

não houve chuva.

Essa seca interminável é extrema-

O agente causador do carvão está presente em todas as regiões do Brasil, sendo que sua primeira constatação foi em 1946

Leonardo Ruiz

PRESENTE EM TODAS AS REGIÕES DO BRASIL, O CARVÃO PODE

CAUSAR DIVERSOS DANOS À CANA-DE-AÇÚCAR, SENDO QUE AS

PERDAS PODEM CHEGAR A 100% EM VARIEDADES SUSCETÍVEIS

Enegrecendo o canavial

DIV

ULG

ÃO

84 Outubro · 2014

mente prejudicial para a cana-de-açú-

car, que tem seu desenvolvimento afeta-

do. Nessa safra, a estiagem deve provocar

uma quebra de 50 milhões de toneladas.

Outro fator negativo decorrente de um

período seco é o aparecimento de pragas

e doenças, que encontram condições mais

favoráveis para suas incidências. Uma des-

sas doenças é o carvão, causada pelo fun-

go Sporisorium scitamineum, cujo período

Roberto Chapola: “sob condições de estresse, mesmo variedades resistentes ao fungo podem apresentar sintomas da doença”

DIV

ULG

ÃO

CTC

Enrico De Beni Arrigoni: “O carvão é uma doença sistêmica, ou seja, uma vez que a planta é infectada, ele estará presente na touceira toda, inclusive nos perfilhos”

INSECTSHOW

85

seco favorece a disseminação, a penetra-

ção e a infecção dos esporos pela lavoura.

Roberto Chapola, pesquisador cien-

tífico da Ridesa/UfSCar, ressalta que sob

condições de estresse, mesmo varieda-

des resistentes ao fungo podem apresen-

tar sintomas da doença, pois estão menos

resistentes e não conseguem desenvolver

todo o seu potencial. As perdas relaciona-

das ao carvão são mais visíveis sobre as

soqueiras do que na cana-planta e a ma-

nifestação é mais pronunciada no perío-

do do perfilhamento, com picos de carvão

bem pronunciados.

Histórico

O Carvão da cana-de-açúcar tem

provocado muitos prejuízos ao longo das

últimas décadas, sendo temido devido aos

altos níveis de danos. Segundo o pesqui-

sador do Instituto Agronômico (IAC), de

Campinas, da Secretaria de Agricultura

e Abastecimento do Estado de São Pau-

lo, Pery Figueiredo, essa doença foi cons-

tatada no Brasil em 1946. Naquela época,

a prática de controle adotada era radical,

e consistia na exclusão total da doença.

“Naquela oportunidade, só era permiti-

do o plantio de variedades altamente re-

sistentes (AR). Além disso, a Comissão do

Carvão da Cana mantinha vigilância cons-

tante nos canaviais, eliminando qualquer

foco de carvão que aparecia nas lavouras”.

Esta ação radical, explica Pery, dei-

“Em certas regiões do Brasil, o nível de infestação é muito alto, favorecido pela disseminação dos esporos pelo vento”, diz Figueiredo

86 Outubro · 2014

xou o melhoramento genético de cana-de

-açúcar no Estado de São Paulo em situa-

ção muito difícil, pois os programas tinham

de obter variedades com boas caracterís-

ticas agroindustriais e imunes ao carvão,

sem esquecer-se da resistência às outras

doenças importantes da cana-de-açúcar.

Na década de 1970, um grupo de fi-

topatologistas estabeleceu uma nova me-

todologia de controle e conceitos sobre

resistência ao carvão. “Porém, isso só foi

possível depois de anos de experimenta-

ções de campo em quatro estados: São

Paulo, Paraná, Minas Gerais e Rio de Janei-

ro, que permitiram a adoção de um gra-

diente de resistência para agrupar as va-

riedades cultivadas comerciais em três

grupos: altamente resistentes (AR), resis-

tentes (R) e resistentes intermediárias (RI)

que sempre exigem práticas de manejos

direcionadas para o controle dessa doen-

ça”, afirma Figueiredo.

Antonio Ribeiro: “não existe

variedade imune ao carvão”

Estima-se que, a cada 1% de touceiras infectadas, há redução de 0,89% na produção de cana (TCH)

INSECTSHOW

DIV

ULG

ÃO

CTC

87

88 Outubro · 2014

Características

O fungo causador da doença infec-

ta tecidos não diferenciados, como os me-

ristemáticos, e a base das escamas das

gemas, colonizando, desta forma, toda a

planta. “O carvão é uma doença sistêmi-

ca, ou seja, uma vez que a planta é infec-

tada, ele estará presente na touceira toda,

inclusive nos perfilhos, o que implica di-

retamente na necessidade de controle da

doença”, conta o gerente de qualidade e

fitossanidade do CTC (Centro de Tecnolo-

gia Canavieira), Enrico De Beni Arrigoni.

Uma vez infectada, a planta pode

apresentar um comportamento diferen-

ciado, como limbo foliar estreito e cur-

to, colmos mais finos e, ocasionalmente,

superbrotamento da touceira. Figueire-

do, do IAC, afirma que o fungo modifica o

meristema apical da cana, liberando o sin-

toma mais característico da doença, deno-

minado “chicote”, de tamanhos diferentes,

que surge, inicialmente, coberto com uma

capa prateada e que depois se rompe, li-

berando estruturas reprodutivas do fungo,

chamadas de teliósporos, de coloração

preta e semelhante a um pó fino, lembran-

do pó de carvão. “Além do meristema api-

cal, os chicotes podem aparecer nas bro-

tações laterais, pela planta já infectada, ou

por teliósporos vindos do ar que realizam

novas infecções nas gemas do colmo”.

Segundo ele, em certas regiões do

Brasil, o nível de infestação é muito alto,

favorecido pela disseminação dos espo-

ros pelo vento, principalmente em regi-

ões de solos arenosos e com baixa re-

tenção de água, de fraca fertilidade e

reforçado pelo longo período de seca.

“Nestas condições, esse patógeno pode

até quebrar a resistência de muitas varie-

dades comerciais importantes para o se-

tor, consideradas, até então, como resis-

INSECTSHOW

É importante que as mudas para o plantio sejam oriundas de viveiros com alta

sanidade, em que se pratica o Roguing

89

tentes”, afirma Figueiredo.

Com relação aos prejuízos econômi-

cos causados pela doença, o pesquisador

do IAC afirma que há casos de perdas ele-

vadas de até 60% da produção e, em ou-

tras ocasiões, os danos são bem menores.

“A manifestação do carvão em uma mes-

ma variedade difere muito em função da

qualidade da muda. As originárias de vi-

veiros com tratamento térmico, rogadas,

geralmente são isentas da doença quando

seguido o plantio em solos bem prepara-

dos e desinfestados de focos da doença”.

Para Arrigoni, do CTC, em variedades

suscetíveis podem ocorrer perdas médias

de 40% na produção agrícola. “Determi-

nou-se que cada 1% de touceiras infecta-

das resulta em 0,89% de redução na pro-

dução de cana (TCH)”.

Prevenção

O engenheiro agrônomo e pesqui-

sador da Ridesa/UFSCar, Antonio Ribeiro

Fernandes Junior, salienta que não existe

variedade de cana imune ao carvão. Por

isso, a indicação é o plantio de variedades

90 Outubro · 2014

altamente resistentes. Porém, só isso não

basta, é preciso ter viveiros sadios e mu-

das de qualidade.

Chapola complementa salientando

que é preciso reforçar com aplicação de

fungicida nas mudas por meio do trata-

mento térmico.

Arrigoni reforça os cuidados: por se

tratar de um fungo com poder de disse-

minação pelo vento, é importante que se

elimine fontes de inóculo, ou seja, que se

substitua variedades suscetíveis que pos-

sam estar portando o fungo. “O contro-

le genético com uso de variedades resis-

tentes e intermediárias ainda é o controle

menos oneroso. Além disso, é imprescin-

dível a realização do controle cultural com

o plantio de mudas oriundas de viveiros

com alta sanidade, onde se pratica o Ro-

guing, técnica que elimina plantas indese-

jadas dos viveiros, como as doentes com

carvão, pois isto evita o plantio de mate-

rial já doente em áreas comerciais e a dis-

seminação de fontes de inóculo”.

O gerente conta que, atualmente, os

programas de melhoramento somente li-

beram variedades resistentes e intermedi-

árias ao carvão, contribuindo no controle

e reduzindo a possibilidade de perdas na

cultura em função desta doença. Entre as

variedades altamente resistente ao carvão,

INSECTSHOW

A forma mais eficiente para controlar a doença é através do

uso de variedades resistentes

91

estão: IACSP 95-5000, IACSP 95-5094, IA-

CSP 97-4039, CTC 4 e RB 92-579.

“Todas as variedades RB são alta-

mente resistentes ao carvão, mas se forem

cultivadas em ambientes propícios e em

condições para a disseminação da doen-

ça, correm o risco de apresentar carvão”,

diz Antonio Ribeiro. Segundo ele, o apa-

recimento da doença está acorrendo até

mesmo com a RB-867515, a mais planta-

da no Brasil por causa de sua rusticidade.

Além do uso de variedades resisten-

tes, ressalta-se a necessidade de um reco-

nhecimento prévio do ambiente de pro-

dução, tipo de solo, fertilidade, clima da

região e se a área em questão foi cultiva-

da com variedades suscetíveis ao carvão.

Nessa questão, é recomendável, portanto,

a rotação de cultura ou deixar o terreno

em pousio por uns meses antes do plan-

tio, complementando com a retirada de

canas remanescentes e de um bom pre-

paro do solo. É aconselhável, também, o

tratamento dos toletes com fungicidas, vi-

sando proteção contra a ação de fungos

do solo, principalmente em plantios de

inverno.

A seca e os incêndios nos canaviais,

inclusive em áreas de mudas de cana, mar-

cam um cenário de falta de material ade-

quado para a renovação dos canaviais.

Chapola destaca que isso é preocupante,

pois levará ao plantio de canas comerciais,

muitas vezes com pragas e doenças, como

o carvão. Será necessária muita atenção.

DIV

ULG

ÃO

CTC

92 Outubro · 2014

Especialista destaca importância do controle microbiológico nas usinas

INDÚSTRIA

Alexandre Colione durante treinamento sobre microbiologia em parceria com o Gegis

Texto e fotos: Alexandre Carolo

Falta de controle microbiológico em

usinas pode causar sérias consequ-

ências, como a redução de rendimen-

tos fermentativos, aumento da floculação

e do índice de contaminantes (levedu-

ras e bactérias), instabilidade no proces-

so e queda de produção. O alerta é do mi-

crobiologista Alexandre Donizete Colione,

que defende a aplicação de um contro-

le preventivo eficiente, desde a cana a ser

processada até o produto final.

Alexandre coordena os treinamentos

da Alcolina Química e Derivados, localizada

em Cravinhos, SP. Em suas apresentações,

o microbiologista fala sobre a importância

do controle microbiológico no setor sucro-

energético. O último treinamento, realiza-

do em julho, contou com parceria com o

Gegis (Grupo de Estudos em Gestão Indus-

trial do Setor Sucroalcooleiro), em Sertão-

zinho, SP, e em Dourados, MS.

Na oportunidade, o especialista da

Alcolina destacou que o controle preventi-

vo deve ser feito em várias etapas do pro-

cesso, especialmente em relação à quali-

dade da matéria-prima que chega à usina,

93

além do monitoramento da cana no pá-

tio ou barracão, local onde pode haver a

deterioração, e em etapas como a extra-

ção nas moendas, tratamento térmico, fer-

mentação e controle do açúcar.

“Esse monitoramento microbiológi-

co do processo favorece a obtenção de

melhores rendimentos fermentativos e

maior produção. Além disso, a microbio-

logia pode ajudar na redução de custos de

produção, pois apresenta resultados con-

fiáveis. Os colaboradores podem, a par-

tir do monitoramento correto, avisar seus

supervisores sobre o momento certo de

combater os microrganismos indesejáveis

no processo”, conta.

O especialista afirma que as usinas já

estão mais atentas à importância do con-

trole microbiológico, ao aumentar os in-

vestimentos nesta área e direcionar co-

laboradores qualificados para cuidar do

monitoramento. “É importante que a usi-

na conte com bons profissionais para atu-

ar nesta área, além de parceiros capazes

de oferecer respaldos necessários em con-

fiabilidade, transparência e comprometi-

mento”, diz.

Sobre os treinamentos, Alexandre afir-

ma que são ações que permitem à Alcoli-

na se aproximar cada vez mais dos profis-

sionais que atuam na área de microbiologia

das usinas, ouvindo os principais problemas

que enfrentam durante o processo, no dia

-a-dia da indústria. “É, também, a oportuni-

dade de apresentar toda a estrutura que a

empresa disponibiliza”, observa.

Microbiologista Alexandre Colione defende a aplicação de um controle preventivo eficiente, desde a cana a ser processada até o produto final

94 Outubro · 2014

TECNOLOGIA

*Jorge Luiz Scaff

Gestão de Implantação e Engenharia do Proprietário (EP)

Obras inacabadas: planejamento de um projeto são essenciais para que estes fracassos sejam superados

Na semana estivemos reunidos

com o Grupo GEGIS em Doura-

dos, MS, discutindo aspectos re-

lacionados a engenharia de custos, gestão

de projetos e gestão de implantação.

Em determinado momento da pa-

lestra, discutimos os eventuais motivos de

insucesso na implantação de um projeto,

que achamos oportuno mencioná-los e

abordá-los aqui.

Veja abaixo alguns pontos levantados:

• o produto do projeto não estava

bem definido;

• várias mudanças de esco-

po ao longo do projeto e sua

implantação;

• não foi dedicado tempo suficien-

te para o planejamento;

• comunicação mal conduzida;

• conflitos mal resolvidos;

• objetivos e metas mal estabeleci-

dos ou não compreendidos;

95

• pojeto baseado em informações

insuficientes ou inadequadas;

• excesso de retrabalhos;

• as expectativas não estavam ali-

nhadas com a realidade do

projeto;

• não foram considerados even-

tos (riscos) que impactaram o

projeto;

• as mudanças não foram

controladas;

• não foram consideradas as ques-

tões políticas e culturais existen-

tes, ou até mesmo ambiente polí-

tico desfavorável.

Numa certa altura da abordagem, ti-

vemos que parar de relacionar as possíveis

causas, pois daria um livro!

O PMSurvey, em estudo de 2013, es-

tima que 58% dos projetos que contam

com alguma estrutura de gerenciamen-

to dos projetos falham em atender os or-

çamentos planejados. Imaginam aqueles

projetos que não possuem nenhuma es-

trutura e que é, infelizmente, a maioria

dos projetos no nosso setor.

O PMI (Project Management Institu-

te), instituição internacional sem fins lu-

crativos que associa e estimula profissio-

nais em gestão de projetos para levantar

as Melhores Práticas em Gerenciamento de

Projetos, considera que o gerenciamento

de projetos é realizado pela execução de

Scaff durante palestra na reunião do Gegis em Dourados

96 Outubro · 2014

TECNOLOGIA

processos que podem ser agrupados em

iniciação, planejamento, execução, moni-

toramento e controle e encerramento, dis-

tribuídos em nove áreas de conhecimento.

Ficou claro para todos que as eta-

pas de Planejamento de um projeto são

essenciais para que estes fracassos sejam

superados.

Surge um novo conceito em gestão

de implantação, fundamentada para dimi-

nuir estes problemas. É a Engenharia do

Proprietário.

A Engenharia do Proprietário (EP)

faz parte do processo de Planejamen-

to, Monitoramento e Controle, em que

o EP se torna parte da equipe do clien-

te, auxiliando-o desde a etapa de proje-

to até fornecimento, construção, mon-

tagem, comissionamento e start up do

empreendimento.

Esta é uma maneira inovadora de

viabilizar os novos negócios através da re-

dução de riscos e atendimento aos objeti-

vos de todas as partes interessadas. O EP

passa a ser “o olho do dono”, tendo como

filosofia os seguintes objetivos: “OBSER-

VAR, REPORTAR E ATUAR”.

No final da apresentação, chegamos

à conclusão que Nada é tão urgente que

não possa ser planejado!

Seguem abaixo algumas conclusões

importantes.

• O sucesso depende da defini-

ção de metas de prazo, custo, es-

copo e qualidade, definidas no

planejamento;

• Qualidade de uma implantação

e planejamento segue de mãos

dadas;

• Um bom planejamento por si só

não garante ganhos em qualida-

de para um projeto, mas aumenta

significativamente as chances de

haver alta qualidade;

• O trabalho de gestão, iniciando

no projeto e finalizando na im-

plantação, resulta entre outros,

na diminuição do ciclo de vida do

projeto, redução de custos e au-

mento da confiança e satisfação

do cliente.

Estão aí algumas boas dicas antes

de começar um novo projeto. Sucesso a

todos.

*Jorge Luiz Scaff, engenheiro e diretor da Reunion Engenharia

97

CANA SUBSTANTIVO FEMININO

Centro Cana IAC receberáIV Encontro Cana Substantivo Feminino

O ENCONTRO ACONTECERÁ EM 12 DE MARÇO

DE 2015 E AS INSCRIÇÕES SÃO GRATUITAS

Para abrir as atividades do ano cana-

vieiro de 2015, nada como um en-

contro de amigos. Então, coloquem

na agenda o IV Encontro Cana Substantivo

Feminino, que acontecerá em 12 de mar-

ço no Centro de Convenções Cana do IAC.

A cana-de-açúcar é um substantivo

feminino, é a mãe, a geradora de todos

os produtos da agroindústria canavieira.

A associação desse fator com o incentivo

para a maior presença feminina no setor

No primeiro Encontro, realizado em março de 2012, a participação feminina dominou: quase 200 mulheres e apenas 10 homens

deu origem ao Encontro Cana Substantivo

Feminino, promovido pela Paiva & Baldin

Editora e pela Revista CanaOnline.

O Encontro, explica a jornalista Lu-

ciana Paiva, idealizadora do evento, não

debate apenas a situação das mulheres

no segmento cana e nos demais segmen-

tos. Abre espaço também para a discussão

sobre o cenário sucroenergético e suas

vertentes, pois esse é o dia-a-dia dessas

profissionais. Assim, elas devem ficar in-

98 Outubro · 2014

CANA SUBSTANTIVO FEMININO

teiradas sobre o que acontece no mun-

do da cana-de-açúcar e mostrar que estão

contribuindo para melhorá-lo.

E o melhor caminho para a susten-

tabilidade da cana é unir as características

masculinas e femininas. Por isso, no En-

contro Cana Substantivo Feminino, os ho-

mens são bem-vindos. Inclusive, no IV En-

contro, um dos painéis será exclusivo para

ELES: executivos de grandes empresas se-

rão sabatinados por Ana Paulo Malves-

tio, Líder Global de Agronegócio e Sócia

da PwC, sobre a participação feminina em

cargos de lideranças em suas empresas.

Cuidar de pessoas é uma atividade

que envolve muito as características. Por

isso, o tema precisa será abordado pela óti-

ca dos participantes do Cana Substantivo

Já no II Encontro, a participação

masculina cresceu: eram quase 50 homens

O Cana Substantivo Feminino também tem espaço para o debate do cenário sucroernergético

“A cana-de-açúcar é um substantivo feminino”, lembra a jornalista Luciana Paiva

99

INSCRIÇÕES GRÁTIS E ANTECIPADAS PELO SITE

www.canasubstantivofeminino.com.br

8h00 às 8h45 - entrega do material

8h45 - abertura

9h00 às 10h30 – ‘Cuidando de gente”

Da trajetória do social à sustentabilidade

– e seus reflexos: agrega valor à marca; é

diferencial na comercialização dos produ-

tos; empresa desejada pelos profissionais;

imagem valorizada pela comunidade

10h30 - Café

10h50 às 12h40 – “A cana pode mais”

As mulheres falam sobre práticas corretas,

inovações, profissionalismo e criatividade

- da pesquisa ao mercado -, para aumen-

tar a competitividade do setor

12h40 às 13h30 – Brunch

13h30 às 13h50 – Visita ao jardim varie-

tal do IAC

14h00 às 15h30 – “Grandes executivos falam

sobre as mulheres em funções de liderança “

As mulheres já são 40% da força do traba-

lho no mundo, mas apenas 24% delas che-

garam à liderança

PRÉ-PROGRAMAÇÃO IV ENCONTRO CANA SUBSTANTIVO FEMININO

Virou marca registrada do Encontro o executivo Pedro Mizutani cantar em homenagem às mulheres

Feminino femininas no painel Cuidando de

gente.

O objetivo do setor como um todo é

ser mais competitivo. Para isso, é preciso

aumentar a produtividade, reduzir custos

e elevar os ganhos. As profissionais do se-

tor vão falar como cada área pode coope-

rar para que a Cana possa mais.

O último painel do dia irá analisar a

atuação feminina no agronegócio e quais

as oportunidades de trabalho para as mu-

lheres nas diversas áreas desse setor, que é

o principal segmento econômico do Brasil.

Não perca o IV Encontro Cana Substan-

tivo Feminino. Além de ser um Encontro com

muita qualidade, as inscrições são grátis.

100 Outubro · 2014

CANA SUBSTANTIVO FEMININO

Ismael Perina, produtor rural e presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Açúcar e do Álcool

Maria Luiza Barbosa, diretora da Ecológica ID e consultora de Responsabilidade Social da UNICA

Márcia Cubas, diretora de Recursos Humanos e Sustentabilidade do Grupo São Martinho

Ana Paula Malvestio, Líder Global de Agronegócio e Sócia da PwC

Celso Torquato Junqueira Franco, presidente da UDOP

Cristiane Pigatto, gerente Financeira do Grupo São Martinho

Monalisa Sampaio, vice-coordenadora da pós-graduação em Produção Vegetal e Bioprocessos Associados da UFSCar

Patrícia Fontoura, supervisora de Planejamento e Desenvolvimento agrícola da SJC Bioenergia, Quirinópolis, GO

Raffaella Rossetto, doutora em Solos e Nutrição de Plantas, diretora Técnica da Divisão APTA

Pedro Mizutani, vice-presidente executivo de Etanol, Açúcar e Bioenergia da Raízen

Rui Chammas,diretor-presidente da Biosev

Tereza Cristina Teixeira, diretora-agrícola da Biosev

Luis Carlos Veguin, diretor de Recursos Humanos para o segmento de Energia, Açúcar e Etanol da Raízen

Sueli Aguiar, gerente de Serviço Social e Comunicação da Pedra Agroindustrial

www.facebook.com/cana.substantivo.feminino

Debatedores que já confirmaram presença

FIQUE POR DENTRONotícias sobre o Encontro Cana Substantivo Feminino

www.canasubstantivofeminino.com.br

15h50 às 17h30 – “A atuação e as

oportunidades para as mulheres no

agronegócio”

Apenas no Brasil, mais de 3,5 milhões de

mulheres atuam no agronegócio. Mas esse

principal segmento econômico do País

tem muito mais espaço para a participa-

ção feminina.

17h30 – Pedro Mizutani canta em ho-

menagem às mulheres

101

102 Outubro · 2014102 Outubro · 2014

Paixão pelo trabalhoCLUBE DA CANA FMC REÚNE MAIS DE 450 PESSOAS NO GUARUJÁ (SP)

E UTILIZA UMA RECEITA CONSAGRADA, QUE ALIA TRABALHO E LAZER

“Nossa Cultura é a Nossa Paixão”, disse Zem no jantar de abertura em comemoração aos 40 anos da FMC no Brasil

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CAqueles que amam o que fazem,

são apaixonados pelo trabalho.

Por isso, não se esquecem dele

até mesmo nos momentos de lazer. Aí,

quando surge a oportunidade de unir tra-

balho e lazer, a satisfação é completa. Esse

é um dos segredos do sucesso do Clube

da Cana FMC, evento que reúne por qua-

tro dias profissionais sucroenergéticos

para debater os principais temas do setor

e desfrutar momentos agradáveis com os

amigos e também com suas esposas.

O 19º Clube da Cana FMC aconte-

ceu no hotel Sofitel Jequitimar, no Gura-

rujá, nos dias 16 a 19 de outubro, e reuniu

mais de 450 pessoas.

Fernanda Teixeira, gerente de comu-

nicação da FMC, salienta que o objetivo do

evento foi cumprido: conhecimento com

especialistas renomados, troca de experi-

ências com os influenciadores e represen-

tantes do setor e a expectativa da presença

FORA DO TRABALHO

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de mais de 450 pessoas no evento com os

principais grupos e usinas de cana do País.

O presidente da FMC Corporation

América Latina, Antonio Carlos Zem, no

jantar de abertura (dia 16), reforçou o

tema central do evento “Paixão – Nos-

sa Cultura é a Nossa Paixão”. Ele falou so-

bre a comemoração dos 40 anos da FMC

no Brasil e comentou sobre o mercado e

de toda a programação do evento. “O Clu-

be da Cana debate sobre soluções para

fortalecer, produzir cana de três dígitos

e reduzir o custo da produção”. Zem co-

mentou sobre o momento do setor. “Te-

mos que reconhecer que a cana tem sofri-

do, mas essa fase vai passar e conte com

a FMC para contribuir nessa empreitada,

junto com serviços e tecnologias inovado-

ras para incremento de produtividade nas

lavouras”, explicou otimista Zem.

Painéis

O novo diretor de Cana e H&F Brasil da FMC, Marcos Gaio, se apresentou contando sua

experiência no mercado e deu as boas-vindas na abertura oficial do evento (17), convo-

cando os presentes a fazerem a diferença no segmento de cana-de-açúcar no País. “Te-

mos paixão pela cana, assim como vocês que estão aqui, e precisamos de comprometi-

mento mútuo para vencer os desafios do setor”, destaca o novo diretor da FMC.

104 Outubro · 2014104 Outubro · 2014

FORA DO TRABALHO

O encontro contou com o apoio da Case IH fabricante de equipamentos para mecaniza-

ção agrícola. O vice-presidente da Case IH América Latina, Mirco Romagnoli, abordou so-

bre soluções de equipamentos e serviços para o setor canavieiro, bem como as novida-

des no portfólio de produtos. Um deles é a pesquisa de motor pesado movido a etanol.

“Os estudos continuam para chegar a uma alternativa competitiva”, explicou Romagnoli.

O diretor de marketing

da FMC, Marcio Farah,

falou sobre a cultura

FMC e seus valores e

ressaltou o investimen-

to contínuo no desen-

volvimento de novos

produtos e serviços

para os clientes. “Que-

remos uma linha de

produtos mais equili-

brada entre o biológi-

co e o químico”, ressal-

tou Farah.

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Com o tema “Foco na Área Agrícola”, o primeiro painel foi coordenado pelo engenhei-

ro agrônomo e empresário agrícola Paulo Rodrigues e com os palestrantes Victor Cam-

panelli, da Agro Pastoril Paschoal Campanelli, e o produtor José Paulo Artioli. Campanelli

comentou sobre a alta produtividade com mecanização e apresentou dados sobre a im-

portância da agricultura de precisão. Já Artioli explicou a questão do plantio alternado e

o que muda na aplicação do defensivo.

O Painel 2 “Eficiência & Gestão – Gargalos de Recursos Humanos e Performance Ope-

racional” foi coordenado pelo professor do Departamento de Política Científica e Tec-

nológica do Instituto de Geociências Cana Unicamp, Sérgio Salles Filho e contou com

Luis Francisco da Silva, diretor de operações (COO) da Biomass Energy Research Institute

(BENRI), e sócio líder mundial de Agribusiness da consultoria PWC, José Rezende. O pai-

nel foi marcado por panoramas e índices operacionais do setor e a sobre a importância

da gestão de processos no negócio. “Conhecer e promover melhorias no nível de eficiên-

cia de seus processos é vital para uma empresa buscar crescimento estruturado e de lon-

go prazo”, destaca Rezende, da PWC. O Deputado Federal Arnaldo Jardim (PPS) também

106 Outubro · 2014106 Outubro · 2014

participou desse painel, comentando sobre o momento do setor e sobre o investimento

necessário no segmento para retomar a competitividade.

No último painel do dia 17, “Nova Genética: o que vem por aí” foi o assunto abordado

pelo gerente de marketing Cana Brasil FMC, Roberto Puzzo, que foi o moderador, e pelos

palestrantes William Burnquist, do CTC, Marcos Landell, coordenador do Centro de cana

FORA DO TRABALHO

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108 Outubro · 2014108 Outubro · 2014

do IAC – Ribeirão Preto, e Hermann Hoffmann, coordenador do Programa de Melhora-

mento Genético de Cana-de-açúcar da RIDESA/ UFSCar. Foram apresentadas as novas va-

riedades de cana adaptadas à nova realidade do setor, e as vantagens e desafios das mu-

das pré-brotadas.

Abrindo o dia 18 com painel 4 “Mercado: por que investir?”, os participantes contaram

com a presença do ex-diretor Executivo da International Sugar Organization (ISO), Peter

Baron (moderador), do diretor da Datagro, Guilherme Nastari e do diretor executivo da

ISO, José Orive. O atual mercado da cana-de-açúcar, as perspectivas globais e desafios

para investimentos no setor foram os destaques das palestras.

O último painel “Brasil: Perspec-

tivas políticas e Econômicas -

2014/2018” teve o economista

Mailson da Nóbrega, a presidente

da Unica, Elizabeth Farina, e o ex-

Ministro da Agricultura, Roberto

Rodrigues. O economista apresen-

tou as projeções econômicas para

2015/2018, considerando a vitória

de Aécio ou de Dilma para a presi-

dência da República.

FORA DO TRABALHO

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110 Outubro · 2014110 Outubro · 2014

FORA DO TRABALHO

Além de conhecimento, o Clube da Cana proporcionou também momentos de descon-

tração com shows da Marina Elali

Os integrantes do Clube da Cana curtiram Sabadão Sertanejo com a dupla Marlon e Maicon

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As esposas dos profissionais da cana tiveram programação feminina: destaque para pa-

lestra da jornalista, escritora e consultora de etiqueta e moda Claudia Matarazzo

Momento beleza

112 Outubro · 2014112 Outubro · 2014

FORA DO TRABALHO

Cirurgiã plástica, Katia Haranaka deu dicas importantes sobre beleza, saúde e estética

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