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INDICADORES DE DESEMPENHO COM
O CONCEITO DO TRIPLE BOTTOM
LINE E A METODOLOGIA DO
BALANCED SCORECARD
Raphael Talayer da Silva Lages (UFF)
Rosamaria Talayer da Silva Lages (FGV)
Sergio Luiz Braga França (UFF)
Este artigo tem como objetivo propor metodologia para
definição e análise de indicadores de
desempenho adotando conceitos ligados ao Triple Bottom Line e a
metodologia do Balanced ScoreCard, representando um diferenciall
competitivo às organizações que pretendem
conciliar as três dimensões básicas da
sustentabilidade: econômica, ambiental e social. Trata-se de
uma pesquisa exploratória, desenvolvida com base em
pesquisa bibliográfica e de campo, a experiência dos
autores e entrevistas com especialistas. Por fim, os autores apresentam
as ações identificadas como necessárias,
possíveis dificuldades e sugestões para facilitar a
implementação e gestão dos indicadores de
desempenho.
Palavras-chaves: Indicadores, Desenvolvimento Sustentável,
Triple Bottom Line, Balanced ScoreCard
5, 6 e 7 de Agosto de 2010 ISSN 1984-9354
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
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1. INTRODUÇÃO
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A clássica preocupação com os aspectos econômicos e financeiros como a obtenção de
lucro, expansão de mercado, fixação da marca, e a distribuição de dividendos, já não
garantem necessariamente que a gestão da organização é eficiente e perece. A forte demanda
mundial pela sistematização da gestão da qualidade, do meio ambiente, da saúde e segurança
ocupacional e pela responsabilidade social demonstra às organizações o que a sociedade está
demandando (LIMA, 2007).
A utilização de indicadores de desempenho permite o estabelecimento de padrões,
assim como o acompanhamento de sua evolução com o passar do tempo. Embora o uso de um
único indicador isoladamente não permita o conhecimento da complexidade da realidade
sistêmica da organização, a associação de vários deles, e a comparação entre diferentes
indicadores, facilita a sua interpretação e compreensão.
As organizações que adotaram o conceito e as práticas do Triple Bottom Line tendem a
ter uma gestão mais consciente e uma maior clareza quanto à própria missão. Além disso, as
organizações conseguem um melhor ambiente de trabalho com maior comprometimento de
seus colaboradores, o estabelecimento de relações mais consistentes com seus fornecedores e
clientes, e uma melhor imagem na comunidade. Todos esses fatores contribuem para sua
permanência e seu crescimento no mercado, diminuindo o risco da mortalidade da
organização (LIMA et al, 2007).
As práticas organizacionais socialmente responsáveis e o respeito ao meio ambiente
por parte da organização dão credibilidade à gestão do negócio que é muito valorizado por
grandes empresas e a sociedade quando decidem com quem farão negócios.
Para Norman e MacDonald (2003), a utilização do Triple Bottom Line é feita através
do cumprimento integral das obrigações para a sociedade, os funcionários, clientes, e
fornecedores que devem ser medidas, calculadas, auditadas e reportadas, assim como as
informações financeiras que já passam por esse processos há mais de um século.
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Soma-se aos conceitos da Sustentabilidade, a metodologia do Balanced Scorecard
(BSC), que permite aos executivos associar os objetivos organizacionais com as ações
concretas a serem realizadas, para o atingimento do planejamento estratégico.
1.2 FORMULAÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA
A questão que os autores buscam responder nesta pesquisa é; Como viabilizar a
implantação e análise de indicadores com os conceitos do Triple Bottom Line associado com a
metodologia do Balanced ScoreCard?
1.3 OBJETIVOS
O objetivo principal é propor metodologia para definição e análise de indicadores de
desempenho adotando conceitos ligados ao Triple Bottom Line, que utiliza as dimensões
econômica, ambiental e social e a metodologia do Balanced ScoreCard.
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1 INDICADORES
De acordo com Juran (2000), o planejamento estratégico de negócios é,
essencialmente, um processo estruturado para definir a visão, a missão e as metas estratégicas
para a organização e, a seguir, determinar os meios que devem ser utilizados para se atingir
aquelas metas. No setor privado, as metas estratégicas são fortemente orientadas para rendas,
incluindo, portanto metas financeiras como vendas, renda líquida e retorno sobre o
investimento. No setor público, as metas estratégicas são fortemente orientadas para missões:
defesa nacional, administração de justiça, arrecadação de impostos.
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É importante ressaltar que a qualidade do sistema de medição, pois os resultados de
seus indicadores devem reportar à alta administração as informações com a maior
confiabilidade possível, e que possa fornecer subsídios para a tomada de ações e
acompanhamento do planejamento estratégico vigente na organização. Dada a complexidade
para a obtenção de dados e processamento das informações fica concentrado, principalmente
em grandes organizações, o número de empresas que tem condições de investir em uma
estrutura que possa atender a todos os seus requisitos.
Caridade (2006) define os indicadores como dados ou informações, preferencialmente
numéricos, que representam um determinado fenômeno e que são utilizados para medir um
processo ou seus resultados que podem ser obtidos durante a realização de um processo /
atividade ou ao seu término. Os seus principais objetos para definição de indicadores de
desempenho organizacional são voltados para:
Desempenho dos Produtos / Serviços – refere-se às características de desempenho do
produto / serviço que determinam a resposta às necessidades dos clientes: demonstração
da confiabilidade e transparência dos serviços prestados frente à sociedade;
Competitividade em Qualidade – baseada na qualidade dos serviços prestados pelo
mercado. A tendência para trazer a competitividade em qualidade entre instituições e
dentro de uma mesma ao longo do tempo para o plano de negócios é irreversível;
Melhoria Contínua dos Processos – Visa um melhor desempenho das atividades exercidas,
o aumento das vendas, e a redução do custo em conseqüência da má qualidade. Seu
desdobramento resulta em uma lista de projetos de melhorias, com a correspondente
atribuição de responsabilidades;
Redução do custo da má qualidade – a meta de melhoramento da Qualidade usualmente
inclui uma meta de redução dos custos devidos à má qualidade. Esses custos não são
conhecidos com precisão, mas sabe-se que são muito altos. A despeito da falta de cifras
completas, e possível, através de estimativas, trazer essa meta para o plano estratégico de
negócios e desdobrá-la com sucesso até os níveis inferiores;
Desempenho de Macroprocessos – refere-se ao desempenho de processos importantes que
são multifuncionais por natureza, por exemplo, lançamento de novos produtos,
processamento de pedidos de clientes, faturamento.
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2.2 TRIPLE BOTTOM LINE
O termo “Triple Bottom Line” surgiu na década de 1990 e tornou-se de conhecimento
do grande público em 1997, com a publicação do livro Cannibals With Forks: The Triple
Bottom Line of 21st Century Business de John Elkington, e desde então organizações como o
GRI (Global Reporting Initiative) e a AA (AccountAbility) vêm promovendo o conceito do
Triple Bottom Line e o seu uso em corporações de todo o mundo, que refletem um conjunto
de valores, objetivos e processos que uma organização deve focar para criar valor em três
dimensões: econômica, social e ambiental.
Figura 1: Triple Bottom Line / Fonte: Dreosvg, 2009
A figura 1 ilustra a relação entre as três dimensões para a sustentabilidade, onde temos
a relação “suportável” (bearable) entre o Meio Ambiente (environment) e a Sociedade
(social), a relação “equitativa” (equitable) entre a Sociedade e a Economia (economic), e a
relação “viável” (viable) entre a Economia e o Meio Ambiente. O conceito da
sustentabilidade está justamente no centro das três dimensões, onde é possível observar a
convergência entre Meio Ambiente, Sociedade e Economia.
O alinhamento com stakeholders e a inovação em soluções sustentáveis promovem
um diferencial competitivo, onde cada vez as grandes empresas estão cobrando um
comportamento desse tipo de seus fornecedores, que em muitos momentos são de pequenas e
médias organizações. Os consumidores também estão ficando cada vez mais conscientes e
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atuantes, cobrando das organizações explicações e ações responsáveis pelos impactos nas três
dimensões discutidas suas compras ocasionam.
Atualmente existem grandes organizações de contabilidade que estão utilizando o
conceito e oferecendo serviços para as empresas que também desejam medir, reportar e
auditar suas ações relacionadas ao meio ambiente e a área social.
2.3 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
O modelo atual de crescimento econômico gerou enormes desequilíbrios globais, pois
apesar da abundante riqueza no mundo, também há miséria, degradação ambiental e poluição
em crescimento. Em face desta constatação, o princípio do desenvolvimento sustentável busca
conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental e a erradicação da
pobreza no mundo.
O termo desenvolvimento sustentável nasceu durante a Comissão Mundial sobre o
Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pela ONU em dezembro de 1983, e a publicação
do relatório final – conhecido como Relatório de Brundtland – em 1987. Esse relatório
apontava a incompatibilidade entre o desenvolvimento sustentável e os padrões de produção e
consumo vigentes à época e propunha que o desenvolvimento ocorresse de forma sensata,
assegurando que os benefícios do desenvolvimento sejam duradouros e não comprometam as
necessidades das gerações futuras, priorizando a qualidade e não a quantidade, com redução
da utilização de matérias-primas e produtos e o aumento da reutilização e reciclagem.
De acordo com Ferreira et al (2009), o desenvolvimento sustentável estabelece
objetivos tríplices multidimensionais ao considerar três aspectos essenciais: (i) a dimensão
Econômica, que procura avaliar o impacto da organização sobre as condições econômicas dos
stakeholders, sob todos os aspectos das interações econômicas que podem existir. A
organização deve ser capaz de produzir produtos e serviços continuamente, manter níveis de
dívidas gerenciáveis, evitar desequilíbrios setoriais que possam prejudicar o segmento; (ii) a
dimensão Ambiental procura reduzir as agressões ao meio ambiente, promover a melhoria das
condições ambientais e evitar o desperdício de seus insumos – diretos ou indiretos. A
organização deve manter uma base estável de recursos não renováveis somente na extensão
em que investimentos forem feitos em substitutos adequados, inclui-se a manutenção da
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biodiversidade, estabilidade da atmosfera e outras funções ecossistêmicas não comumente
classificadas como recursos econômicos, e (iii) a dimensão Social que busca avaliar o impacto
do negócio da organização no sistema social onde ela atua e a sua performance por meio da
análise do impacto da organização sobre seus stakeholders, identificando a análise por cada
uma das partes interessadas. A organização deve obter justiça na distribuição de renda e
oportunidades, provisão adequada de serviços sociais, incluindo saúde e educação, tratamento
igualitários dos gêneros e participação e assunção de responsabilidades.
Segundo Caridade (2006), podemos afirmar que configura-se um novo paradigma à
procura de um novo pressuposto para o processo de desenvolvimento: a limitação da escala
econômica à capacidade do capital natural, as taxas de colheitas de recursos naturais devem
estar limitadas às taxas de recuperação destes recursos, a emissão de detritos não deverá
exceder a capacidade do ambiente, e recursos não renováveis devem ser explorados a uma
proporção igual à de criação de substitutos renováveis.
2.4 BALANCED SCORECARD
O Balanced ScoreCard é uma abordagem voltada para a administração estratégica,
desenvolvida por Robert Kaplan e David Norton em meados em 1990. Reconhecendo
algumas fraquezas e incertezas da abordagem prévia da administração, o Balanced ScoreCard
provê uma prescrição clara sobre o que as organizações deveriam medir para equilibrar a
perspectiva financeira.
A abordagem do Balanced ScoreCard preservou as mensurações do desempenho
financeiro, mas as completou com a mensuração de outros vetores de desempenho que
conduziriam por trajetórias estratégicas mais adequadas, isso faz com que todos os objetivos e
indicadores – financeiros e não financeiros – estejam alinhados com a visão estratégica
organizacional.
Sua estrutura é formada por quatro perspectivas: Financeira, Cliente, Processos
Internos, e Aprendizado e Crescimento. A metodologia sugere que a organização seja vista a
partir dessas perspectivas e, para desenvolver medidas, colete dados e os analise sobre o foco
de cada uma dessas perspectivas.
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O Mapa Estratégico descreve o processo de transformação de ativos intangíveis
(aprendizado e crescimento, e processos internos) em resultados tangíveis para os clientes e,
por conseguinte, em resultados financeiros, conforme abaixo:
Perspectiva Financeira – Retorno sobre o capital empregado – O valor dessa medida
pode ser a repetição e a ampliação das vendas aos clientes;
Perspectiva do Cliente – Pontualidade da entrega / Lealdade do cliente – Em razão do
alto grau de lealdade que esses clientes passam a adquirir;
Perspectiva dos Processos Internos – Qualificação dos processos / Ciclo dos processos
– Face à pontualidade da entrega, pela melhoria dos processos internos;
Perspectiva do Aprendizado e Crescimento – Capacidade do Funcionário – Oriunda
do treinamento dos funcionários.
Figura 2 – As Perspectivas do Balanced ScoreCard / Fonte: KAPLAN, NORTON (2000)
Ao estabelecer seus objetivos estratégicos com suas respectivas metas, a organização
deve evidenciar, na sua matriz de indicadores, como serão alcançados os objetivos
pretendidos e quais serão as ações a serem implementadas. Durante a implementação das
ações associadas a cada meta, será feito um monitoramento, utilizando-se indicadores, de
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forma a possibilitar uma análise sobre seu desdobramento que permita a tomada de ações
corretivas ou mesmo uma revisão das próprias.
3. METODOLOGIA
O desenvolvimento desse estudo foi realizado através de um seqüenciamento lógico
da pesquisa bibliográfica e de campo, considerando a experiência dos autores em
implementação e análise de indicadores, e conceitos do Triple Bottom Line, de Balanced
ScoreCard e de sustentabilidade.
De acordo com Gil (1999), quanto aos objetivos as pesquisas são classificadas em três
grupos: exploratórias, descritivas e explicativas que verificam hipóteses causais.
Pesquisa exploratória: tem como objetivo primordial desenvolver, esclarecer e
modificar conceitos e idéias, com base na formulação do problema ou hipóteses
pesquisáveis para estudos posteriores;
Pesquisa descritiva: tem como finalidade a descrição das características de
determinada população, ou fenômenos, ou o estabelecimento de relações entre
variáveis;
Pesquisa explicativa: são caracterizadas pela preocupação em identificar as causas
que contribuem para a ocorrência do fenômeno.
Do ponto de vista de seus objetivos (Gil, 1999), este artigo é classificado como
pesquisa exploratória, pois visa proporcionar uma elucidação na proposta de metodologia para
definição e análise de indicadores com os conceitos de sustentabilidade apresentados pelo
Triple Bottom Line e a metodologia do Balanced ScoreCard.
Com vistas a alcançar os objetivos da pesquisa, a coleta de dados foi desenvolvida por
meio de pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo.
A pesquisa bibliográfica permitiu coleta de dados gerais, pertinentes aos temas em
questão, disponibilizados em artigos científicos, livros, teses, dissertações, sites e normas
técnicas. A pesquisa bibliográfica se justifica na medida em que contribui para fundamentar o
desenvolvimento e o resultado da pesquisa.
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As informações descritas a partir da pesquisa bibliográfica deram subsídio para a
consolidação do conhecimento dos autores sobre como obter uma melhor gestão de
indicadores utilizando os conceitos do Triple Bottom Line e como traçar uma melhor
estratégia organizacional utilizando a metodologia do Balanced ScoreCard. As informações
geradas a partir da pesquisa de campo foram analisadas, agrupadas e estruturadas para a
elaboração das ações necessárias para a definição e análise de indicadores aplicando os
conceitos de sustentabilidade ligados ao Triple Bottom Line e a metodologia do Balanced
ScoreCard.
4. PROPOSTA DE METODOLOGIA PARA ANÁLISE E DEFINIÇÃO
DE INDICADORES DE DESEMPENHO COM FOCO NO TRIPLE
BOTTOM LINE E NO BALANCED SCORECARD.
A metodologia proposta para definição e análise de indicadores de desempenho com
os conceitos do Triple Bottom Line, está dividida em três fases: a primeira apresenta as
premissas de indicadores de desempenho, a segunda fase apresenta as premissas do Triple
Bottom Line, a terceira fase apresenta as premissas do Balanced ScoreCard para
implementação do modelo proposto, e por fim a quarta fase apresenta A implementação do
modelo proposto através do ciclo PDCA.
A metodologia foi elaborada a partir da utilização dos conceitos do ciclo PDCA (Plan,
Do, Check, Act = Planejar, Executar, Checar e Agir) para uma melhor compreensão na sua
implementação.
4.1 PREMISSAS DE INDICADORES DE DESEMPENHO
De acordo com Chiavenato (1999) os indicadores de desempenho são apreciações das
atividades desempenhadas pelos colaboradores, das metas e resultados a serem alcançados e
do seu potencial de desenvolvimento.
As metas são os índices arbitrados para os indicadores, que devem ser alcançados
pelos colaboradores dentro de um determinado período de tempo. Elas são compostas por três
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componentes: atividade a ser desempenhada, os valores de desempenho a serem atingidos e o
prazo para o atingimento de tal nível de desempenho.
Os indicadores de desempenho devem representar um alinhamento entre as ações dos
colaboradores e o planejamento estratégico organizacional.
O planejamento estratégico deve ser elaborado através da análise do ambiente interno
e externo, utilizando como base a matriz SWOT (Strength, Weakness, Opportunities, Threats
= Pontos Fortes, Pontos Francos, Oportunidades, Ameaças) da organização, a definição dos
conceitos do negócio, a Missão, Visão e Valores. Esse processo deve ser realizado já
prevendo as diretrizes de sustentabilidade e responsabilidade social. É importante garantir que
esse planejamento esteja condizente com os processos e que os indicadores estejam
representando as etapas que são consideradas críticas e importante de cada processo.
4.2 PREMISSAS DO TRIPLE BOTTOM LINE
As iniciativas do Triple Bottom Line devem estar alinhadas com as diretrizes
estratégicas da organização para garantir uma implementação eficaz nas três dimensões
básicas da sustentabilidade: econômica, ambiental e social.
A realização de uma abordagem a todas as partes interessadas é essencial para
identificar quais as áreas ambientais e sociais mais relacionadas com o negócio da
organização. A ocorrência de diálogos com os stakeholders passa a ser fundamental para que
a organização possa conhecer as expectativas de todos em relação às três dimensões do Triple
Bottom Line.
É apropriado realizar um cruzamento de respostas da organização com as dos
stakeholders, gerando uma visão fundamental da organização de como os demais vêem os
negócios da organização. Esta forma de atuação facilita a identificação de oportunidades e a
focalização de esforços nas dimensões econômicas, ambientais e sociais. O Triple Bottom
Line deve levar em consideração as responsabilidades social e ambiental, juntamente com as
financeiras.
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4.3 PREMISSAS DO BALANCED SCORECARD
A metodologia do Balanced ScoreCard deve estar alinhadas com as diretrizes
estratégicas da organização e os interesses dos stakeholders da organização.
Ao elaborar os indicadores, devem estar previstos todos os ajustes necessários para
que esses valores possam refletir a realidade.
Segundo Campos (1998), uma organização só deverá ser considerada no caminho do
sucesso, se os quatro conjuntos de indicadores estiverem devidamente “balanceados”, ou seja,
aplicados com graus de importância relativa, porém eqüitativa, para possibilitar um
desenvolvimento real e equilibrado.
Os sistemas de controle da maioria das organizações são elaborados ao redor de
objetivos e indicadores financeiros, que não estão relacionados com igual clareza os esforços,
progressos ou insucessos, que estão ocorrendo na tentativa de alcançar os objetivos a longo
prazo, criando assim uma lacuna entre o estabelecimento das estratégias e a sua
implementação.
4.4 IMPLEMENTAÇÃO DO MODELO PROPOSTO ATRAVÉS DO
CICLO PDCA
A metodologia proposta é baseada no Balanced ScoreCard através do ciclo PDCA
(Plan, Do, Check, Act = Planejar, Realizar, Checar e Agir), onde o Mapa Estratégico é
elaborado para planejar, priorizar e gerenciar os objetivos estratégicos e o resultados de
desempenho, visando melhorar continuamente os processos dentro de uma organização. As
macro-atividades estão apresentadas abaixo, e estão divididas nas etapas pertinentes ao do
PDCA, para uma melhor compreensão.
Fase 01: Planejar
o Identificar o posicionamento da organização através do mapeamento / atualização
da Matriz SWOT alinhada aos conceitos das dimensões e análise da sua operação,
natureza do negocio e como a sustentabilidade se aplica ao segmento;
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o Analisar criticamente os riscos e as oportunidades organizacionais visando
determinar quais são as ações consideradas prioritárias;
o Analisar criticamente as forças e as fraquezas em cada setor da organização para
identificar as ações de ganhos de curto prazo e os interesses dos stakeholders que
estão alinhados com os interesses da organização;
o Desenvolver um plano de engajamento com stakeholders;
o Revisar política, visão e missão organizacional para garantir que as questões
sociais, econômicas e de meio-ambiente estão alinhadas e contribuindo para os
objetivos do negócio;
o Identificar os fatores críticos (limitadores) de sustentabilidade;
Governança & Engajamento – Governança & Gestão, Engajamento de
partes interessadas;
Foco Ambiental – Melhoria do Processo Ambiental, Produtos e Serviços
Ambientais;
Desenvolvimento Sócio-Econômico – Crescimento econômico local,
Desenvolvimento da comunidade, Gestão de recursos humanos;
o Definir a estrutura de governança para a sustentabilidade através da força tarefas,
líderes departamentais, departamento de sustentabilidade;
Governo – Legislação, Infra-estrutura;
Sociedade – Cultura, Educação;
Fornecedores – Concentração, Matéria-prima, Tecnologia, Serviços,
Capital;
Organização – Recursos Humanos, Processos, Conhecimento, Gestão
Corporativa;
Clientes – Concentração, Cultura, Valores;
Concorrentes – Perfil da concorrência, Produtos substitutos, Novos
entrantes;
o Implementar o programa de sustentabilidade estabelecendo processos, indicadores
e metas;
o Elaborar do Mapa Estratégico alinhado ao Triple Bottom Line através de entrevista
com os gestores e os stakeholders para definição dos objetivos estratégicos;
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o Definir os indicadores estratégicos com seus respectivos indicadores de
desempenho e metas a serem alcançadas;
o Definir mecanismos de reporte que sejam capazes de apresentar o desempenho dos
indicadores;
o Elencar iniciativas de ações que conduzam a organização ao alcance dos valores
almejados, alinhados com a visão organizacional;
Fase 02: Realizar
o Executar as atividades previstas no cronograma dentro do intervalo definido,
tais como:
Analisar e determinar os fatores críticos de sucesso, internos e externos que
podem influenciar no cumprimento da missão e objetivos da organização;
Revisar a política, visão e missão que contemplem uma estratégia para a
sustentabilidade;
Elaborar Mapa Estratégico alinhado ao Triple Bottom Line;
Monitorar o desempenho da organização nas três dimensões;
Introduzir ações eficazes corretivas de desvios, quando identificados;
Acumular informações de desempenho em sustentabilidade que possam ser
comparadas ao longo do tempo;
Fase 03: Checar
o Avaliar os resultados da sustentabilidade: dimensão por dimensão e quanto a
seu equilíbrio recíproco;
o Medir e reportar avanços do desempenho em sustentabilidade;
o Revisar, quando apropriado, a estrutura dos indicadores. As metas dos
colaboradores dão suporte às metas dos processos internos, que por sua vez
irão garantir a satisfação dos clientes, e conseqüentemente possibilitarão
atingir as metas financeiras;
Fase 04: Agir
o Criar uma cultura para a sustentabilidade através de uma visão clara,
promovendo a liderança e pensamento de longo prazo;
o Fazer as correções necessárias para a implantação e análise dos indicadores,
prevenindo possíveis e eventuais desvios;
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o Alinhar, quando apropriado, os indicadores estratégicos de modo a garantir o
atingimento das metas.
A figura abaixo representa um modelo de Mapa Estratégico do Balanced ScoreCard
aplicando os conceitos do Triple Bottom Line.
Perspectiva de Processos Internos
Para satisfazer nossos investidores,
clientes e demais stakeholders, em
quais atividades devemos primar na
excelência?
Perspectiva Financeira
O que parece o sucesso para os
gestores, investidores ou credores?
Perspectiva de Clientes
Como podemos criar valor para
nossos clientes-alvo e atender às
necessidades dos demais
stakeholders?
Perspectiva de
Aprendizado e Crescimento
Quais habilidades e valores são
requeridos dos colaboradores no
nosso modelo de negócio?
Melhorar
o capital humano
Empregado completar,
aptidões e
conhecimentos
Corresponder às
Tecnologias da
Informação para a
Estratégia
Sistema de Informações
com capacidade de medir
impactos sustentáveis
Reforçar a cultura da
Sustentabilidade
Gerenciar e empregar
valores, atitudes e
tomadas de decisões
práticas
Aumentar a Inovação
Aumenta a eco-eficiência
de novos produtos e
processos
Redução dos Impactos
do Ciclo de Vida dos
Produtos
Reduzir o desperdício e
poluição dos produtos,
distribuição e disposição
final
Melhorar parceriras
com stakeholders
Construir forte relação
de duas vias
Melhorar a
comercialização da
marca
Comunicar os valores de
forma pró-ativa e
valorizar os clientes
Melhor comunicação
com a sociedade
Relações mais fortes
com ONG’s as
comunidades impactadas
Melhorar relações com
o governo
Aumentar as
comunicações pró-ativas
com advogados e
reguladores
Aumentar o valor dos
clientes e as vendas
Atender as demandas dos
clientes, gerando
aumento das vendas
Reduzir custos
operacionais
Reduzir custos com
materiais, energia,
desperdício de água e
riscos para o negócio
Reduzir riscos
Melhor entendimento
dos impactos sociais e
ambientais e a melhoria
da relação com os
stakeholders
Aumento das vendas
Novas fontes de vendas
baseadas na marca
positiva e experiência do
consumidor
Sustentabilidade Financeira
Criação de sustentabilidade financeira
em longo prazo que reflete no valor das
ações
Figura 3 – Mapa Estratégico com Triple Bottom Line / Fonte: Montgomery, 2009.
5. RESULTADO
O objetivo deste artigo foi alcançado por meio de uma revisão bibliográfica e da
execução de uma pesquisa exploratória, apresentando como viabilizar a implantação e análise
de indicadores com os conceitos do Triple Bottom Line e a metodologia do Balanced
ScoreCard.
Foram apresentados os fundamentos dos indicadores de desempenho, do Triple
Bottom Line e da sustentabilidade, a metodologia do Balanced ScoreCard, e quais ações são
necessárias para viabilizar e analisar os indicadores de desempenho da organização.
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6. CONCLUSÕES
Hoje, as organizações reconhecem que a excelência nas práticas referentes às três
dimensões básicas da sustentabilidade: econômica, ambiental e social é um dos componentes
da estratégia de criação de valor duradouro. Isso é refletido no aumento em investimentos
relacionados com a questão sócio-ambiental, decorrentes das necessidades de mudanças
significativas nos padrões de produção, comercialização e consumo.
Na configuração desse cenário globalizado, as organizações que estão comprometidas
com um futuro sustentável, são aquelas que buscam mudanças culturais internas para
consolidar a sustentabilidade em sua estratégia.
Conforme analisado no estudo deste artigo, a metodologia proposta baseada no
Balanced ScoreCard através do ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Act = Planejar, Realizar,
Checar e Agir), teve como principal objetivo propor metodologia para definição e análise de
indicadores de desempenho adotando conceitos ligados ao Triple Bottom Line, e foram
apresentados os conceitos que validam a aplicação do Mapa Estratégico com os princípios da
sustentabilidade, destacando as etapas necessárias para a sua implementação de maneira
satisfatória.
Adicionalmente o GRI é uma organização multistakeholder, sem fins lucrativos, que
desenvolve uma Estrutura de Relatórios de Sustentabilidade adotada por mais de mil
organizações em todo o mundo. Essa Estrutura compõe-se de Diretrizes para Elaboração de
Relatórios de Sustentabilidade, Suplementos Setoriais, Protocolos Técnicos e de Indicadores,
tem visam superar as limitações de uma abordagem padronizada. Esses Suplementos são
considerados essenciais na elaboração do Relatório de Sustentabilidade, uma vez que ajudam
a retratar os riscos e as oportunidades dos setores de atuação das empresas.
Por fim, recomenda-se a criação de novos programas ou iniciativas que possam
contribuir para o aumento da conscientização da sustentabilidade entre os stakeholders.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAMPOS, José Antônio. Cenário Balanceado: painel de indicadores para a gestão
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