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R$ 9,90 GIOVANNA ANTONELLI FAZ FESTA DE 1 ANO PARA AS GêMEAS ANTôNIA E SOFIA JUSTIN BIEBER OS BASTIDORES DA PASSAGEM DO FENôMENO POP PELO BRASIL 9 7 7 1 5 1 6 8 2 0 0 0 0 1 3 6 0 0 ISSN 1516 -8204 17/OUT/2011 ANO 13 N° 631 SUPERSENSUAL, GRAZI MASSAFERA ROUBA A CENA NA NOITE DE ABERTURA DO FESTIVAL DO RIO CANTORA MARIA RITA CHORA AO FALAR DA MãE, ELIS REGINA, EM ENTREVISTA: "É UMA SAUDADE DO QUE EU NãO VIVI" "Ser livre tem um custo altíssimo" Sucesso como a vilã da novela Fina Estampa, a atriz viaja à Itália, brilha em jantar de gala para empresários brasileiros e, solteira aos 54 anos, diz não ter medo da solidão EXCLUSIVO CHRISTIANE TORLONI EM ROMA A atriz diante do Coliseu, em Roma, na manhã do sábado 8

ISTOE Gente 631

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R$ 9,90

giovanna antonelli faz festa de 1 ano

para as gêmeas antônia e Sofia

juStin bieberos bastidores da

passagem do fenômeno pop

peLo brasiL

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17/out/2011ano 13 n° 631

supersensuaL,grazi maSSaferarouba a cena na noite de abertura do festivaL do rio

cantora maria rita chora ao faLar da mãe, eLis regina, em entrevista: "É uma saudade do que eu não vivi"

"Ser livre tem um custo altíssimo"Sucesso como a vilã da novela Fina Estampa, a atriz viaja à Itália, brilha em jantar de gala para empresários brasileiros e, solteira aos 54 anos, diz não ter medo da solidão

eXCluSivo

ChriStiane torloni em roma

A atriz diante do Coliseu, em Roma, na

manhã do sábado 8

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Cores de todos os tons e intensida-des estão presentes nas fachadas das casas coloniais, no azul-turquesa do mar do Caribe e no sol, que brilha na maioria dos dias do ano. o espetáculo paradisíaco de Cartagena, na Colômbia, foi o cenário esco-lhido para ambientar as primeiras cenas de Aquele Beijo, próxima novela das 19h da tV Globo. e foi esse panorama de contrastes que encantou ricardo Pereira, o protagonis-ta da trama. “sempre tive a curiosidade de conhecer a cidade. só de imaginar toda a história da colonização, dos piratas nave-gando por esses mares... É uma história muito antiga que sempre me motivou. recomendo muito essa viagem”, contou.

no paraísotropical

RicaRdo PeReiRa ficou deslumbrado com a beleza de cartagena, na colômbia, onde passou 17 dias para as gravações da próxima novela das 19 horas da TV Globo, aquele Beijo

Um gajo

Foto

s E

STE

VA

M A

VE

LL

AR

/ T

V g

Lob

o

Ricardo Pereira passeia pelas ruas

de Cartagena: cidade encantou o ator, que pretende passar o Réveillon

de 2012 por lá

Bruna Narcizo

O ator, descontraído e

falando ao telefone com a mulher, Francisca, que ficou no Brasil.

Acima, ele e Giovanna Antonelli nos bastidores das gravações. No alto,

a fachada colonial de um prédio no centro da cidade

Bastidores

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Cores de todos os tons e intensida-des estão presentes nas fachadas das casas coloniais, no azul-turquesa do mar do Caribe e no sol, que brilha na maioria dos dias do ano. o espetáculo paradisíaco de Cartagena, na Colômbia, foi o cenário esco-lhido para ambientar as primeiras cenas de Aquele Beijo, próxima novela das 19h da tV Globo. e foi esse panorama de contrastes que encantou ricardo Pereira, o protagonis-ta da trama. “sempre tive a curiosidade de conhecer a cidade. só de imaginar toda a história da colonização, dos piratas nave-gando por esses mares... É uma história muito antiga que sempre me motivou. recomendo muito essa viagem”, contou.

no paraísotropical

RicaRdo PeReiRa ficou deslumbrado com a beleza de cartagena, na colômbia, onde passou 17 dias para as gravações da próxima novela das 19 horas da TV Globo, aquele Beijo

Um gajo

Foto

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Lob

o

Ricardo Pereira passeia pelas ruas

de Cartagena: cidade encantou o ator, que pretende passar o Réveillon

de 2012 por lá

Bruna Narcizo

O ator, descontraído e

falando ao telefone com a mulher, Francisca, que ficou no Brasil.

Acima, ele e Giovanna Antonelli nos bastidores das gravações. No alto,

a fachada colonial de um prédio no centro da cidade

Bastidores

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Bastidores

Foram 17 dias de gravação ao lado de Giovanna Antonelli, Grazi Massafera e outros integrantes do elenco. “Conheci pessoas hilá-rias. Fazíamos todas as refeições juntos, fica-mos muito unidos. A cidade nos recebeu superbem. Pessoas de todas as nações que-rendo tirar fotos com a gente, brasileiros que nos reconheciam. Foi tudo perfeito!”, lem-brou. A viagem foi de muito trabalho, mas a equipe sempre dava um jeitinho para se divertir. As famosas casas de salsa e rumba se tornaram ponto de encontro nas noites calientes do Caribe. “todo mundo dançou porque é contagiante. durante as gravações tinham cenas de dança e a gente já ficava envolvido”, disse. Para ele a cidade emana “paz e amor”. “em muitos cantinhos tem uma galera na rua tocando e dançando, é uma energia muito bacana”, completou.

A única falta sentida foi a da mulher, Francisca, grávida de oito meses, que ficou no Brasil. o casal chegou a um acordo que seria melhor para ela ficar no rio. “depois que ela viu as fotos e ouviu tudo que eu contei, ficou louca para conhecer. Já marca-mos! o réveillon de 2012 para 2013 passa-remos lá”, anunciou. o que o tranquilizou foi saber que os sogros vieram de Portugal para ficar com a filha, além da tecnologia, que “encurtou” a distância entre ele e a amada. “nos falávamos o dia inteiro, via celular e skype. Quando você passa por essa fase de esperar um filho, você fica muito focado na pessoa. A mulher grávida precisa de muito cuidado e atenção”, declarou.

o Melhor de cartagenao ator português dá quatro dicas preciosas de programas para quem for visitar a cidade

Restaurante Don Juan: “É maravilhoso! Me deliciei com um risoto com peixe que estava incrível. O chef é ótimo e o ambiente é moderno e despojado. Foi uma dica do ator que trabalhou com a gente e é de lá. É ótimo!”

Hotel Santa Clara: “Foi onde a equipe ficou. Vale experimentar o SPA do hotel, ir à sauna e fazer as massagens vendo o mar do Caribe. E detalhe: ninguém de fora consegue ver você. É demais.”

As Ilhas do Rosário: “Ficam a apenas 30 minutos de barco da cidade. É um cenário que deixa qualquer um de boca aberta. A água é cristalina para mergulhar e ver os peixes. É o paraíso! Têm vários barcos para turistas que custam R$ 100 o dia inteiro, com almoço incluído.”

Dançar salsa no Quebra Canto ou Havana: “São as duas melhores casas de Cartagena. Nos dois lugares você pode tomar a aguardente colombiana e rum. Sem contar os professores que ensinam a dançar. Você se sente em um filme.”

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Não é de agora que Maria rita é uma estrela. ela come-çou a querer cantar aos 14 anos, iniciou sua carreira profis-sional aos 24 e completou 34 anos em setembro já entroniza-da no posto de uma das maiores cantoras do Brasil de todos os tempos. está no olimpo ao qual pertence sua mãe, elis regina (1945 – 1982), cuja morte vai completar 30 anos em 2012. a maior homenagem pode vir a ser um show em que Maria rita canta os sucessos de elis. Mas tudo depende ainda do preparo emocional da filha que, aos poucos, soube se desvincular das comparações com a mãe para marcar sua própria identidade. “achava que estava pronta para fazer um show com as músicas de minha mãe, mas vi que ainda não estou”, diz Maria rita à Gente, reiterando que a realização do espetáculo vai depender do acerto de contas com seu passado. “é uma dor, uma saudade do que eu não vivi”, diz a cantora com a voz embargada e os olhos marejados. o choro espontâneo da cantora ao falar de elis quebra o protocolo da entrevista agendada para promover o quarto disco, Elo. a reação surpreedente a entourage a seu redor – produtores, assessora de imprensa e uma funcionária da gravadora Warner Music acompanharam a entrevista.

originado de show intimista concebido para pequenas plateias, o disco confirma que a cantora se tornou grande como o show, que acabou percorrendo o Brasil e ocupando palcos de dimensões bem maiores do que o pequeno espa-ço do Tom Jazz, a casa paulista onde rita estreou o show em junho de 2010. Elo junta dez músicas que fizeram parte de seu repertório em algum momento de seus quase dez anos de carreira – a serem completados no início de 2012 – mas que nunca haviam ganhado um registro da artista. “o disco representa o fim de um ciclo”, contextualiza a intérprete, mãe de antonio, hoje com 7 anos.

“Tanta coisa aconteceu na

minha vida profissional que o fim desse show se

caracteriza intimamente para

mim, como o fim de um ciclo”

Samba, suor e lágrimas

Mauro Ferreira foTos Felipe Varanda/Ag. IstoÉ

Maria rita lança ElO E EncErra uM ExaustivO ciclO dE 10 anOs dE carrEira. a cantOra

quEr dEscansar E cuidar dO filhO EM 2012, Mas nãO dEscarta fazEr uM shOw EM

hOMEnagEM aOs 30 anOs da MOrtE da MãE, Elis rEgina: “prEcisO Estar prEparada

EspiritualMEntE”, diz Ela, EMOciOnada

En

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Não é de agora que Maria rita é uma estrela. ela come-çou a querer cantar aos 14 anos, iniciou sua carreira profis-sional aos 24 e completou 34 anos em setembro já entroniza-da no posto de uma das maiores cantoras do Brasil de todos os tempos. está no olimpo ao qual pertence sua mãe, elis regina (1945 – 1982), cuja morte vai completar 30 anos em 2012. a maior homenagem pode vir a ser um show em que Maria rita canta os sucessos de elis. Mas tudo depende ainda do preparo emocional da filha que, aos poucos, soube se desvincular das comparações com a mãe para marcar sua própria identidade. “achava que estava pronta para fazer um show com as músicas de minha mãe, mas vi que ainda não estou”, diz Maria rita à Gente, reiterando que a realização do espetáculo vai depender do acerto de contas com seu passado. “é uma dor, uma saudade do que eu não vivi”, diz a cantora com a voz embargada e os olhos marejados. o choro espontâneo da cantora ao falar de elis quebra o protocolo da entrevista agendada para promover o quarto disco, Elo. a reação surpreedente a entourage a seu redor – produtores, assessora de imprensa e uma funcionária da gravadora Warner Music acompanharam a entrevista.

originado de show intimista concebido para pequenas plateias, o disco confirma que a cantora se tornou grande como o show, que acabou percorrendo o Brasil e ocupando palcos de dimensões bem maiores do que o pequeno espa-ço do Tom Jazz, a casa paulista onde rita estreou o show em junho de 2010. Elo junta dez músicas que fizeram parte de seu repertório em algum momento de seus quase dez anos de carreira – a serem completados no início de 2012 – mas que nunca haviam ganhado um registro da artista. “o disco representa o fim de um ciclo”, contextualiza a intérprete, mãe de antonio, hoje com 7 anos.

“Tanta coisa aconteceu na

minha vida profissional que o fim desse show se

caracteriza intimamente para

mim, como o fim de um ciclo”

Samba, suor e lágrimas

Mauro Ferreira foTos Felipe Varanda/Ag. IstoÉ

Maria rita lança ElO E EncErra uM ExaustivO ciclO dE 10 anOs dE carrEira. a cantOra

quEr dEscansar E cuidar dO filhO EM 2012, Mas nãO dEscarta fazEr uM shOw EM

hOMEnagEM aOs 30 anOs da MOrtE da MãE, Elis rEgina: “prEcisO Estar prEparada

EspiritualMEntE”, diz Ela, EMOciOnada

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Maria Rita diz não ter certeza de que fará o

show em homenagem à mãe: “Cantar o repertório

da Elis é muito complicado para mim”

Eu me lembro de você me dizer no camarim do Tom Jazz, numa das pri-meiras apresentações do show que resultou nesse CD, que não estava com vontade de gravar um disco. E aí surge Elo. O que a levou a esse disco foi a necessidade de fazer um projeto ou foi a cobrança para registrar essas músicas?foi muito mais simples do que isso. a grava-dora estava pedindo um disco, eu estava há um ano e meio com esse show na estrada. Tinha pedido de fã para eu gravar essas músicas. eu sou meio antiga, fico nervosa com aquelas imagens de YouTube, aquele som horroroso. aí, eu pensei: ‘Por que não?’. Poderia até ser prepotente e dizer que esse não é um disco de carreira. só que ele repre-senta o fim de um ciclo. Por quê?é porque eu vou ficar com esse show até dezembro e, depois, dar uma desacelerada. eu estou muito, muito cansada. Já são quase dez anos de “trampo” sem parar um minuto. agora meu filho está um pouco maior, pre-ciso dar uma atençãozinha a mais para ele. Vou ficar maluca, porque ficar longe do palco para mim é um problema. é uma necessidade minha estar no palco cantando. Mas preciso focar mais na minha vida pes-soal. Tanta coisa aconteceu na minha vida profissional, tanto desafio, que o fim desse show se caracteriza intimamente para mim como o fim de um ciclo.

‘‘Minha mãe não foi somente uma grande cantora, não. Foi uma puta mulher, à frente do tempo dela, politizada, inteligente, uma cantora envolvida ideológica, política e socialmente. Uma cantora do tipo que não existe mais’’

Como tem conciliado a maternidade com o fato de estar na estrada de uma forma tão frequente, fazendo shows no Brasil e na Europa?Não sou eu que concilio. Quem concilia, na verdade, é ele, meu filho. é ele que tem sido parceiro, que compreende o meu trabalho. é ele que tem a maturidade de perceber a satisfação que eu tenho com o que eu faço. ele entendeu que não é um problema trabalhar com o que a gente ama. ele se diverte, às vezes negocia. Mas ele é flexível. Tudo deu certo porque ele é centrado, tem uma cabeça bem boa. Mas não bate aquela culpa típica de mãe que trabalha fora?Claro que bate! Mas nada que uma boa terapia não ajude e não resolva. E seu filho já manifesta preferência com alguma fase de seu trabalho?sim, claro. ele ficou muito triste com o fim do Samba Meu. ele gosta desse trabalho. Cantava todas as músicas do disco. foi uma época muito saudável de relação dele com o meu trabalho. ele se divertia muito.

Você falou em dar uma desacelerada, mas como ficaria o projeto de homenagear Elis Regina em janeiro, quando se completam 30 anos da morte de sua mãe, com um show em que você cantaria o repertório dela?esse projeto não seria para janeiro. Tudo isso ainda está muito no ar. Cantar o repertório de elis ainda é muito com-plicado para mim. Há uma série de fatores em jogo no pro-jeto, tem de saber se o show vai virar Cd, se vai virar dVd. Mas, fundamentalmente, requer uma preparação espiritual e emocional para eu poder lidar com esse mergulho que eu nunca fiz (já emocionada, com a voz embargada). é algo muito sagrado para mim. eu fico emocionada só de falar. é uma dor, uma saudade de algo que eu não vivi, que eu não tive (com a voz embargada e os olhos marejados, Maria Rita faz uma pausa, para em seguida retomar o tom habitual). No começo, eu estava achando tudo legal. Pensei: “Já estou com quase dez anos de carreira, quem gosta de mim gosta, quem me odeia me odeia.” estava tudo bem, eu estava alegre. Mas aí começaram a pipocar umas coisas na imprensa eu fiquei um pouco chocada com a reação. foi uma avalanche, muito maior do que eu imaginava. Por essa dificuldade de eu lidar com isso, eu não tenho como garantir agora que o show vai acontecer, por causa do tamanho que (o projeto) é e, espe-cialmente, por causa do meu emocional. Mas não há nenhum contrato assinado que a obrigue a fazer o show?e eu lá sou louca? (de assinar o contrato. Risos). Nunca foi segredo para ninguém que, quando eu sentisse que é o momento certo de fazer uma homenagem para minha mãe, eu faria. até como uma forma de cuidar do legado, como um filho que tem que cuidar da herança deixada pelos pais. Minha mãe tem um nome! é fundamental que essa artista continue viva para as gerações que vêm por aí. e não é papi-nho, não. é de verdade: o que eu tiver de fazer para que essa artista continue viva, eu vou fazer. Nem que seja um show para o meu público, que é jovem, entrar em contato com a obra dessa mulher que não foi somente uma grande cantora, não. foi uma puta mulher, à frente do tempo dela, politiza-da, inteligente, uma cantora envolvida ideológica, política e socialmente. Uma cantora do tipo que não existe mais.

Entrev

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Maria Rita diz não ter certeza de que fará o

show em homenagem à mãe: “Cantar o repertório

da Elis é muito complicado para mim”

Eu me lembro de você me dizer no camarim do Tom Jazz, numa das pri-meiras apresentações do show que resultou nesse CD, que não estava com vontade de gravar um disco. E aí surge Elo. O que a levou a esse disco foi a necessidade de fazer um projeto ou foi a cobrança para registrar essas músicas?foi muito mais simples do que isso. a grava-dora estava pedindo um disco, eu estava há um ano e meio com esse show na estrada. Tinha pedido de fã para eu gravar essas músicas. eu sou meio antiga, fico nervosa com aquelas imagens de YouTube, aquele som horroroso. aí, eu pensei: ‘Por que não?’. Poderia até ser prepotente e dizer que esse não é um disco de carreira. só que ele repre-senta o fim de um ciclo. Por quê?é porque eu vou ficar com esse show até dezembro e, depois, dar uma desacelerada. eu estou muito, muito cansada. Já são quase dez anos de “trampo” sem parar um minuto. agora meu filho está um pouco maior, pre-ciso dar uma atençãozinha a mais para ele. Vou ficar maluca, porque ficar longe do palco para mim é um problema. é uma necessidade minha estar no palco cantando. Mas preciso focar mais na minha vida pes-soal. Tanta coisa aconteceu na minha vida profissional, tanto desafio, que o fim desse show se caracteriza intimamente para mim como o fim de um ciclo.

‘‘Minha mãe não foi somente uma grande cantora, não. Foi uma puta mulher, à frente do tempo dela, politizada, inteligente, uma cantora envolvida ideológica, política e socialmente. Uma cantora do tipo que não existe mais’’

Como tem conciliado a maternidade com o fato de estar na estrada de uma forma tão frequente, fazendo shows no Brasil e na Europa?Não sou eu que concilio. Quem concilia, na verdade, é ele, meu filho. é ele que tem sido parceiro, que compreende o meu trabalho. é ele que tem a maturidade de perceber a satisfação que eu tenho com o que eu faço. ele entendeu que não é um problema trabalhar com o que a gente ama. ele se diverte, às vezes negocia. Mas ele é flexível. Tudo deu certo porque ele é centrado, tem uma cabeça bem boa. Mas não bate aquela culpa típica de mãe que trabalha fora?Claro que bate! Mas nada que uma boa terapia não ajude e não resolva. E seu filho já manifesta preferência com alguma fase de seu trabalho?sim, claro. ele ficou muito triste com o fim do Samba Meu. ele gosta desse trabalho. Cantava todas as músicas do disco. foi uma época muito saudável de relação dele com o meu trabalho. ele se divertia muito.

Você falou em dar uma desacelerada, mas como ficaria o projeto de homenagear Elis Regina em janeiro, quando se completam 30 anos da morte de sua mãe, com um show em que você cantaria o repertório dela?esse projeto não seria para janeiro. Tudo isso ainda está muito no ar. Cantar o repertório de elis ainda é muito com-plicado para mim. Há uma série de fatores em jogo no pro-jeto, tem de saber se o show vai virar Cd, se vai virar dVd. Mas, fundamentalmente, requer uma preparação espiritual e emocional para eu poder lidar com esse mergulho que eu nunca fiz (já emocionada, com a voz embargada). é algo muito sagrado para mim. eu fico emocionada só de falar. é uma dor, uma saudade de algo que eu não vivi, que eu não tive (com a voz embargada e os olhos marejados, Maria Rita faz uma pausa, para em seguida retomar o tom habitual). No começo, eu estava achando tudo legal. Pensei: “Já estou com quase dez anos de carreira, quem gosta de mim gosta, quem me odeia me odeia.” estava tudo bem, eu estava alegre. Mas aí começaram a pipocar umas coisas na imprensa eu fiquei um pouco chocada com a reação. foi uma avalanche, muito maior do que eu imaginava. Por essa dificuldade de eu lidar com isso, eu não tenho como garantir agora que o show vai acontecer, por causa do tamanho que (o projeto) é e, espe-cialmente, por causa do meu emocional. Mas não há nenhum contrato assinado que a obrigue a fazer o show?e eu lá sou louca? (de assinar o contrato. Risos). Nunca foi segredo para ninguém que, quando eu sentisse que é o momento certo de fazer uma homenagem para minha mãe, eu faria. até como uma forma de cuidar do legado, como um filho que tem que cuidar da herança deixada pelos pais. Minha mãe tem um nome! é fundamental que essa artista continue viva para as gerações que vêm por aí. e não é papi-nho, não. é de verdade: o que eu tiver de fazer para que essa artista continue viva, eu vou fazer. Nem que seja um show para o meu público, que é jovem, entrar em contato com a obra dessa mulher que não foi somente uma grande cantora, não. foi uma puta mulher, à frente do tempo dela, politiza-da, inteligente, uma cantora envolvida ideológica, política e socialmente. Uma cantora do tipo que não existe mais.

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e que foi uma puta mãe! o que eu tiver de fazer para trazer esse modelo de mulher para o meu público, eu vou fazer. e eu já faço, autorizando discos, shows, peças, filmes. se o que eu puder fazer é o show, vou fazer. Porque ela merece e por-que as novas gerações também merecem.

É correta a percepção de que o peso do público em cima de você por ser “a filha de Elis” começou a diminuir no Segundo e acabou por completo no Samba Meu?eu discordo um pouco. acho que isso começou a acabar já no show do primeiro disco, o Maria rita, de 2003. eu per-cebia semanalmente a mudança. Não sei como começou esse processo. acho que foi uma questão de linguagem. a geração da minha mãe a cristalizou de uma forma dramáti-ca. Mas ela era muito irreverente, também. Todos nós, filhos dela, trazemos um pouco desse senso de humor ácido. eu via o choque (do público). Na música “Pagu”, por exemplo, eu sentia isso quando cantava o verso “Não sou freira nem sou puta”. acho que, já ali, começou a modificar. No Segundo, já tinha rappa, Marcelo Camelo, (Jorge) drexler...

Você também já estava um pouco mais leve no Segundo como intérprete, não?foi efeito da maternidade, talvez. a maternidade dá um cha-coalhão. Leve, eu juro que não sei se é a palavra. Mas eu estava mais confortável comigo mesma. e, depois daqueles dois anos e meio de carreira, eu senti necessidade de uma aproximação com a fé, com o não palpável, e isso se traduzia nas letras de algumas canções, no figurino do show, nas flores no chão do palco e na imagem do divino espírito santo no cenário.

Você segue alguma religião?Não, ainda estou na busca. Leio muito. Mas nada muito fixo, por enquanto, para falar a verdade

A foto da capa do Elo exala uma sensualidade que não havia em sua imagem inicial. Como foi esse processo? Você descobriu essa sensualidade como mulher e a transpôs para o seu trabalho?essa sensualidade não é pensada, não. Tem uma coisa de me sentir à vontade. eu aprendi a me encontrar dentro das minhas possibilidades, digamos assim. é uma coisa de maturidade mesmo, de conforto comigo mesma.

Qual o balanço desses quase dez anos de carreira?Não sei... Já acho quase um milagre que eu tenha consegui-do viver de música nesses dez anos. é uma bênção. Cantar é o meu lugar no mundo. Não consigo me imaginar fora desse universo de cantoria, da música como arte. Minha relação é muito visceral. Não caiu a ficha ainda dos dez anos. é um tempão, não?

‘‘Quem concilia (os cuidados com o filho e a profissão), na verdade, é ele, meu filho. (...) É ele que tem a maturidade de perceber a satisfação que eu tenho com que eu faço’’

“Cantar é o meu lugar no mundo”,

diz Maria Rita, que completa dez

anos de carreiraEn

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e que foi uma puta mãe! o que eu tiver de fazer para trazer esse modelo de mulher para o meu público, eu vou fazer. e eu já faço, autorizando discos, shows, peças, filmes. se o que eu puder fazer é o show, vou fazer. Porque ela merece e por-que as novas gerações também merecem.

É correta a percepção de que o peso do público em cima de você por ser “a filha de Elis” começou a diminuir no Segundo e acabou por completo no Samba Meu?eu discordo um pouco. acho que isso começou a acabar já no show do primeiro disco, o Maria rita, de 2003. eu per-cebia semanalmente a mudança. Não sei como começou esse processo. acho que foi uma questão de linguagem. a geração da minha mãe a cristalizou de uma forma dramáti-ca. Mas ela era muito irreverente, também. Todos nós, filhos dela, trazemos um pouco desse senso de humor ácido. eu via o choque (do público). Na música “Pagu”, por exemplo, eu sentia isso quando cantava o verso “Não sou freira nem sou puta”. acho que, já ali, começou a modificar. No Segundo, já tinha rappa, Marcelo Camelo, (Jorge) drexler...

Você também já estava um pouco mais leve no Segundo como intérprete, não?foi efeito da maternidade, talvez. a maternidade dá um cha-coalhão. Leve, eu juro que não sei se é a palavra. Mas eu estava mais confortável comigo mesma. e, depois daqueles dois anos e meio de carreira, eu senti necessidade de uma aproximação com a fé, com o não palpável, e isso se traduzia nas letras de algumas canções, no figurino do show, nas flores no chão do palco e na imagem do divino espírito santo no cenário.

Você segue alguma religião?Não, ainda estou na busca. Leio muito. Mas nada muito fixo, por enquanto, para falar a verdade

A foto da capa do Elo exala uma sensualidade que não havia em sua imagem inicial. Como foi esse processo? Você descobriu essa sensualidade como mulher e a transpôs para o seu trabalho?essa sensualidade não é pensada, não. Tem uma coisa de me sentir à vontade. eu aprendi a me encontrar dentro das minhas possibilidades, digamos assim. é uma coisa de maturidade mesmo, de conforto comigo mesma.

Qual o balanço desses quase dez anos de carreira?Não sei... Já acho quase um milagre que eu tenha consegui-do viver de música nesses dez anos. é uma bênção. Cantar é o meu lugar no mundo. Não consigo me imaginar fora desse universo de cantoria, da música como arte. Minha relação é muito visceral. Não caiu a ficha ainda dos dez anos. é um tempão, não?

‘‘Quem concilia (os cuidados com o filho e a profissão), na verdade, é ele, meu filho. (...) É ele que tem a maturidade de perceber a satisfação que eu tenho com que eu faço’’

“Cantar é o meu lugar no mundo”,

diz Maria Rita, que completa dez

anos de carreiraEn

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7372 IstoÉGente 17/10/2011 – 631

voolivreTendo as montanhas como testemunhas,

é nesse apartamento, em Zurique, na Suíça, que o joalheiro paulistano Mario Pantalena

encontra a atmosfera perfeita para criar suas peças exclusivas e dar asas a outra

de suas paixões: a pintura

ESTILO CASApor Silviane Neno

Além do rúgbi, a pintura é um hobby do joalheiro. A varanda é o lugar preferido para desenhar e assistir ao pôr do sol

Acima, Mario brinca do lado de fora na sacada do apê. Ao fundo, a vista das montanhas

À dir., porcelanas

Delft trazidas das muitas

viagens à Holanda

fotos Silviane Neno

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7372 IstoÉGente 17/10/2011 – 631

voolivreTendo as montanhas como testemunhas,

é nesse apartamento, em Zurique, na Suíça, que o joalheiro paulistano Mario Pantalena

encontra a atmosfera perfeita para criar suas peças exclusivas e dar asas a outra

de suas paixões: a pintura

ESTILO CASApor Silviane Neno

Além do rúgbi, a pintura é um hobby do joalheiro. A varanda é o lugar preferido para desenhar e assistir ao pôr do sol

Acima, Mario brinca do lado de fora na sacada do apê. Ao fundo, a vista das montanhas

À dir., porcelanas

Delft trazidas das muitas

viagens à Holanda

fotos Silviane Neno

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7574 IstoÉGente 17/10/2011 – 631

ESTILO CASA

O living envidraçado privilegia a paisagem da região tranquila e totalmente

residencial. Os sofás foram comprados em Amsterdã, assim como a mesa de centro.

No canto, mesinha de acrílico da Kartell

Mario faz questão de cuidar das plantas da

varanda quando está na cidade. No último

Réveillon, ele hospedou um grupo de amigos de

São Paulo e a festa aconteceu ali, com a

neve caindo lá fora

o joalheiro Mario Pantalena nunca gos-tou do óbvio. É daqueles que preferem a con-tramão, os movimentos à margem dos modis-mos, o clássico criativo, o exclusivo, e se tiver que escolher entre o verão agitado em saint-tropez ou o sossego de uma praia da espanha, pode apostar que ficará com a segunda opção. foi assim em julho último quando passou dias de dolce far niente em Marbella, usando havaianas e comendo frutos do mar olhando a vista da varanda do hotel. Quando as férias terminaram ele rumou para Zurique, onde há um ano adquiriu seu pied-à-terre. Nada con-vencional, pois não!

ter um segundo endereço na europa não é exatamente uma novidade para Mario. filho e neto de italianos, ele cresceu passando as férias escolares na casa da família em Basilicata, pró-xima à Bari, ao sul, bem no salto da Bota. Quando acompanhava o pai em viagens de trabalho, a suíça era rota obrigatória. em Zurique eles sempre se hospedavam no ele-gante cinco-estrelas Baur au lac e Mario ado-rava espiar de longe o monte Pilatus, em lucerne. as lembranças dos dias felizes próxi-mo aos alpes pesaram na escolha de um novo endereço fora de são Paulo. De novo, ele lan-çou âncora contra a corrente. “Não tenho mais o menor interesse em Paris, por exemplo. É uma cidade decadente”, diz. “Quando quero o novo vou para Berlim e aqui em Zurique, há tranquilidade e anonimato.” Mario faz parte da terceira geração dos Pantalena joalheiros. Com a morte do pai, Mario, ele passou a ser o braço direito do avô francesco, e o principal desig-ner da marca que leva o nome do clã.

É na varanda que circunda o aparta-mento de 120 metros quadrados, com vista para as montanhas, em Zurique, que ele faz os últimos acertos do livro que contará os 70 anos de história da família com as joias no Brasil. “Quando estou aqui consigo dar

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ESTILO CASA

O living envidraçado privilegia a paisagem da região tranquila e totalmente

residencial. Os sofás foram comprados em Amsterdã, assim como a mesa de centro.

No canto, mesinha de acrílico da Kartell

Mario faz questão de cuidar das plantas da

varanda quando está na cidade. No último

Réveillon, ele hospedou um grupo de amigos de

São Paulo e a festa aconteceu ali, com a

neve caindo lá fora

o joalheiro Mario Pantalena nunca gos-tou do óbvio. É daqueles que preferem a con-tramão, os movimentos à margem dos modis-mos, o clássico criativo, o exclusivo, e se tiver que escolher entre o verão agitado em saint-tropez ou o sossego de uma praia da espanha, pode apostar que ficará com a segunda opção. foi assim em julho último quando passou dias de dolce far niente em Marbella, usando havaianas e comendo frutos do mar olhando a vista da varanda do hotel. Quando as férias terminaram ele rumou para Zurique, onde há um ano adquiriu seu pied-à-terre. Nada con-vencional, pois não!

ter um segundo endereço na europa não é exatamente uma novidade para Mario. filho e neto de italianos, ele cresceu passando as férias escolares na casa da família em Basilicata, pró-xima à Bari, ao sul, bem no salto da Bota. Quando acompanhava o pai em viagens de trabalho, a suíça era rota obrigatória. em Zurique eles sempre se hospedavam no ele-gante cinco-estrelas Baur au lac e Mario ado-rava espiar de longe o monte Pilatus, em lucerne. as lembranças dos dias felizes próxi-mo aos alpes pesaram na escolha de um novo endereço fora de são Paulo. De novo, ele lan-çou âncora contra a corrente. “Não tenho mais o menor interesse em Paris, por exemplo. É uma cidade decadente”, diz. “Quando quero o novo vou para Berlim e aqui em Zurique, há tranquilidade e anonimato.” Mario faz parte da terceira geração dos Pantalena joalheiros. Com a morte do pai, Mario, ele passou a ser o braço direito do avô francesco, e o principal desig-ner da marca que leva o nome do clã.

É na varanda que circunda o aparta-mento de 120 metros quadrados, com vista para as montanhas, em Zurique, que ele faz os últimos acertos do livro que contará os 70 anos de história da família com as joias no Brasil. “Quando estou aqui consigo dar

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um off total, as ideias vêm”, conta ele sentado na chaise sob a luz do fim de tarde. o décor segue muito do estilo suíço, quase austero, onde a madeira é recorrente. “os invernos são muito rigorosos e a madeira dá esse aconchego”, afir-ma. “as peles conferem conforto.” Parte dos móveis foi trazida da casa da itália e foram misturadas às peças com-pradas em brechós em Zurique e também na Praça Benedito Calixto, em são Paulo. a arquiteta e amiga Bernadeth Pasqua ajudou na seleção do mobiliário e deu boas soluções de aproveitamento do espaço.

o prédio tem algumas peculiaridades, comuns na suíça e totalmente impensadas no Brasil, como o sistema de calefação no piso e um abrigo nuclear no subsolo. todos os moradores são obrigados a fazer treinamento para saber como usar. “em caso de alguma catástrofe, temos água e comida desidratada por três meses no abrigo”, diz ele, com a naturalidade de quem explica a existência de um hidrante na área de serviço.

Na suíça, como os suíços, quando as ruas estão cobertas de neve, Mario vai a pé para a academia e se acostumou a separar o lixo reciclável. a empregada doméstica vem três vezes por semana. Quando está em Zurique poucas coisas o tiram de casa. Uma delas é... o trabalho. em pouco tempo ele formou uma clientela fiel. Mario atende somente com hora marcada e mostra suas joias num espaço reservado em um hotel de luxo, o Zurichberg. tudo muito discreto.

Naquela tarde de outono em Zurique o céu estava espe-cialmente azul. Na Banhofstrasse, a rua onde se concen-tram as maisons de marcas como hermès e Bulgari e os chocolates são exibidos em vitrines, ele para diante de uma pequena loja. há 50 anos é o endereço de Gilbert albert, o designer preferido de Maria Callas e farah Diba “É o maior joalheiro do mundo e a minha principal inspiração”, diz Mario. No meio do caminho entre o centro da cidade e a volta para casa, paramos diante de uma imensa área, junto a estrada, coberta de flores. Mario desce do carro e diz que vai colher algumas. Põe moedas numa maquininha solitá-ria na frente do terreno. ele explica que é um “self-service” de flores. as pessoas colocam as moedas e colhem as flores que querem. “Mas quem controla?”, pergunto. “Ninguém”, ele responde. Mas e se alguém resolver decorar um casa-mento e deixar a floricultura quase pelada? Como um suíço, Mario responde: “Ninguém faz isso aqui”.

ESTILO CASAAo lado, Mario posa em frente a mesinha comprada num brechó de Zurique. A tela foi pintada por ele. Os quadrinhos ao lado do quarto também vieram da Holanda

A manta de pele está em todos os cômodos, embeleza e aquece. A mesinha é de Alvar Aalto, ícone do design escandinavo

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um off total, as ideias vêm”, conta ele sentado na chaise sob a luz do fim de tarde. o décor segue muito do estilo suíço, quase austero, onde a madeira é recorrente. “os invernos são muito rigorosos e a madeira dá esse aconchego”, afir-ma. “as peles conferem conforto.” Parte dos móveis foi trazida da casa da itália e foram misturadas às peças com-pradas em brechós em Zurique e também na Praça Benedito Calixto, em são Paulo. a arquiteta e amiga Bernadeth Pasqua ajudou na seleção do mobiliário e deu boas soluções de aproveitamento do espaço.

o prédio tem algumas peculiaridades, comuns na suíça e totalmente impensadas no Brasil, como o sistema de calefação no piso e um abrigo nuclear no subsolo. todos os moradores são obrigados a fazer treinamento para saber como usar. “em caso de alguma catástrofe, temos água e comida desidratada por três meses no abrigo”, diz ele, com a naturalidade de quem explica a existência de um hidrante na área de serviço.

Na suíça, como os suíços, quando as ruas estão cobertas de neve, Mario vai a pé para a academia e se acostumou a separar o lixo reciclável. a empregada doméstica vem três vezes por semana. Quando está em Zurique poucas coisas o tiram de casa. Uma delas é... o trabalho. em pouco tempo ele formou uma clientela fiel. Mario atende somente com hora marcada e mostra suas joias num espaço reservado em um hotel de luxo, o Zurichberg. tudo muito discreto.

Naquela tarde de outono em Zurique o céu estava espe-cialmente azul. Na Banhofstrasse, a rua onde se concen-tram as maisons de marcas como hermès e Bulgari e os chocolates são exibidos em vitrines, ele para diante de uma pequena loja. há 50 anos é o endereço de Gilbert albert, o designer preferido de Maria Callas e farah Diba “É o maior joalheiro do mundo e a minha principal inspiração”, diz Mario. No meio do caminho entre o centro da cidade e a volta para casa, paramos diante de uma imensa área, junto a estrada, coberta de flores. Mario desce do carro e diz que vai colher algumas. Põe moedas numa maquininha solitá-ria na frente do terreno. ele explica que é um “self-service” de flores. as pessoas colocam as moedas e colhem as flores que querem. “Mas quem controla?”, pergunto. “Ninguém”, ele responde. Mas e se alguém resolver decorar um casa-mento e deixar a floricultura quase pelada? Como um suíço, Mario responde: “Ninguém faz isso aqui”.

ESTILO CASAAo lado, Mario posa em frente a mesinha comprada num brechó de Zurique. A tela foi pintada por ele. Os quadrinhos ao lado do quarto também vieram da Holanda

A manta de pele está em todos os cômodos, embeleza e aquece. A mesinha é de Alvar Aalto, ícone do design escandinavo

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Ensaio

Um anoinesquecívelO ano de 2011 ficará marcado na vida do ator ERIBERTO LEÃO como aquele em

que viveu duas grandes alegrias – o protagonista de uma novela das oito na Globo e o nascimento de seu primeiro

filho, João –, e a maior de todas as tristezas: a morte de seu pai

54 IstoÉGente 17/10/2011 – 631

Terno Emporio Armani, camisa Paul Smith para Avec

Nuance, gravata Ricardo Almeida, com cinto Armani

Exchange e sapatos Swains

Samia Mazzucco

Fotos e beleza Alê de Souza

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Ensaio

Um anoinesquecívelO ano de 2011 ficará marcado na vida do ator ERIBERTO LEÃO como aquele em

que viveu duas grandes alegrias – o protagonista de uma novela das oito na Globo e o nascimento de seu primeiro

filho, João –, e a maior de todas as tristezas: a morte de seu pai

54 IstoÉGente 17/10/2011 – 631

Terno Emporio Armani, camisa Paul Smith para Avec

Nuance, gravata Ricardo Almeida, com cinto Armani

Exchange e sapatos Swains

Samia Mazzucco

Fotos e beleza Alê de Souza

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Um ar denso dominava o semblante do ator eriberto leão desde os primeiros minutos da sessão de fotos que ilustra este ensaio especial para Gente. Feito em meados de setembro, no rio, o trabalho coincidia com a dor de um luto. o ator perdeu o pai, o empresário eriberto monteiro, de 66 anos, em abril, mas só agora, terminada a novela Insensato Coração, é que, como ele mesmo diz, a ficha caiu. “ele não era só meu pai. era meu amigo e meu grande con-selheiro”, declarou, secando algumas lágrimas que insistiam em lhe cair pelo rosto.

Uma dor que nem eriberto consegue dimensionar. a ligação entre os dois era tamanha que o ator lembra per-feitamente do dia em que, com o pai já internado na Uti em são Paulo, após uma complicação decorrente de uma cirurgia de ponte de safena, pressentiu que ele não resisti-ria. “Foi muito difícil. eu gravei o dia inteiro, mas sabia que não poderia fazer nada. só ouvia a voz dele me dizendo para ser profissional. sabia que ele ia embora”, diz. o ator ainda conseguiu embarcar para são Paulo após as grava-ções da novela, em que vivia o protagonista Pedro, e chegar a tempo para um último abraço. “Óbvio que fiquei com o psicológico muito abalado. tive só um dia de folga porque novela é muito frenético. não tem possibilidade de parar um tempo, viver o luto, então eu não vivi, a ficha até hoje não caiu direito”, conta.

ele lembrou do apoio que recebeu da equipe da trama, principalmente do autor ricardo linhares. “Conversei com ele para dar um abraço de apoio e carinho. mas não houve alteração no ritmo das gravações. eriberto foi profissional o tempo todo”, lembra o novelista. Passados seis meses, o ator diz estar aprendendo a viver sem seu grande amigo, que acompanhava sua carreira de perto. “Éramos sempre uma dupla. não tinha um texto que chegasse para mim que ele não lesse também.”

Alegria, alegriamas nem só de drama viveu o ano do ator. em 2011, ele

viu sua carreira se consolidar. Com dez novelas, dez peças no teatro e cinco filmes no currículo, eriberto retornou à tv Globo em 2009 e agora ganhou a chance de exercer seu pri-meiro protagonista no horário nobre da emissora – com a qual tem quatro anos de contrato. o resultado agradou e seu dueto no folhetim com a atriz Paola oliveira recebeu críticas positivas. “não sei se imaginava que poderia chegar a ser pro-

‘‘Não sei se imaginava que poderia chegar

a ser protagonista de uma novela, mas sabia que

estaria em algum lugar bacana’’

Ensaio

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Um ar denso dominava o semblante do ator eriberto leão desde os primeiros minutos da sessão de fotos que ilustra este ensaio especial para Gente. Feito em meados de setembro, no rio, o trabalho coincidia com a dor de um luto. o ator perdeu o pai, o empresário eriberto monteiro, de 66 anos, em abril, mas só agora, terminada a novela Insensato Coração, é que, como ele mesmo diz, a ficha caiu. “ele não era só meu pai. era meu amigo e meu grande con-selheiro”, declarou, secando algumas lágrimas que insistiam em lhe cair pelo rosto.

Uma dor que nem eriberto consegue dimensionar. a ligação entre os dois era tamanha que o ator lembra per-feitamente do dia em que, com o pai já internado na Uti em são Paulo, após uma complicação decorrente de uma cirurgia de ponte de safena, pressentiu que ele não resisti-ria. “Foi muito difícil. eu gravei o dia inteiro, mas sabia que não poderia fazer nada. só ouvia a voz dele me dizendo para ser profissional. sabia que ele ia embora”, diz. o ator ainda conseguiu embarcar para são Paulo após as grava-ções da novela, em que vivia o protagonista Pedro, e chegar a tempo para um último abraço. “Óbvio que fiquei com o psicológico muito abalado. tive só um dia de folga porque novela é muito frenético. não tem possibilidade de parar um tempo, viver o luto, então eu não vivi, a ficha até hoje não caiu direito”, conta.

ele lembrou do apoio que recebeu da equipe da trama, principalmente do autor ricardo linhares. “Conversei com ele para dar um abraço de apoio e carinho. mas não houve alteração no ritmo das gravações. eriberto foi profissional o tempo todo”, lembra o novelista. Passados seis meses, o ator diz estar aprendendo a viver sem seu grande amigo, que acompanhava sua carreira de perto. “Éramos sempre uma dupla. não tinha um texto que chegasse para mim que ele não lesse também.”

Alegria, alegriamas nem só de drama viveu o ano do ator. em 2011, ele

viu sua carreira se consolidar. Com dez novelas, dez peças no teatro e cinco filmes no currículo, eriberto retornou à tv Globo em 2009 e agora ganhou a chance de exercer seu pri-meiro protagonista no horário nobre da emissora – com a qual tem quatro anos de contrato. o resultado agradou e seu dueto no folhetim com a atriz Paola oliveira recebeu críticas positivas. “não sei se imaginava que poderia chegar a ser pro-

‘‘Não sei se imaginava que poderia chegar

a ser protagonista de uma novela, mas sabia que

estaria em algum lugar bacana’’

Ensaio

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tagonista de uma novela, mas sabia que estaria em algum lugar bacana”, conta ele que, de férias da tevê, se prepara para voltar aos palcos com a montagem Mecânica das Borboletas, que estreia em janeiro no CCbb do rio.

Fora isso, eriberto curte o outro, e mais importante, momento de sua vida neste ano: a paternidade. em fevereiro nasceu João, seu primeiro filho, com a mulher, andréa leal. ela também é atriz e se casou com ele há cinco anos. o menino tem sido sua alegria. É falar em João e o sorriso volta a habitar seu rosto. os olhos verdes se iluminam. “lembro de quando ajudei a dar a primeira papinha para ele. segurei-o no colo e a andréa deu. Foi demais”, recorda.

o casal preferiu não ter babá para não perder um instante sequer de convivência com o bebê. nem mesmo durante o ritmo intenso de gravações da novela eriberto fugiu da responsabilidade. “acordava à noite

na hora de mamar, trocava fraldas.” Cantar e dançar para fazer o bebê rir também estão entre suas... habilidades, além de dar banho. “no começo ele não ria, não. agora, sim. e João adora água, vai até começar natação”, afirmou.

Claro, eriberto e andréa sofrem, como qualquer casal com filho pequeno, para preservar o lado marido e mulher da história. mas nada que uma ajuda dos avós maternos não tenha resolvido. no último rock in rio, no final de setem-bro, os dois foram curtir o show de stevie Wonder e aprovei-taram para namorar. no começo do mesmo mês, eles deram uma escapadinha e passaram uma semana em nova York, de folga das mamadeiras.

mas alguns hábitos do galã, de 39 anos, realmente mudaram depois da chegada do guri. andar de moto, por exemplo, deixou de ser uma prática diária. “estou saindo menos. Filho não pode ficar sem o pai. É uma pessoa que só depende de você”, diz. e se o menino decidir, mais para frente, seguir na mesma carreira do pai? ou ainda desen-volver essa vontade de querer pilotar motos? eriberto res-ponde. “vou permitir que ele descubra qual é a paixão dele e vou apoiá-lo do jeito que meu pai me apoiou.”

‘‘Vou permitir que ele (o filho, João) descubra qual é a paixão dele e vou apoiá-lo do jeito que meu pai me apoiou’’

Ensaio

edição de moda Ale Duprat (Ar Consultoria de Imagem)

ProdUção de moda Renato Telles

assistente de FotoGraFia Rômulo Soares

assistente de beleza Felipe Rodrigues

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tagonista de uma novela, mas sabia que estaria em algum lugar bacana”, conta ele que, de férias da tevê, se prepara para voltar aos palcos com a montagem Mecânica das Borboletas, que estreia em janeiro no CCbb do rio.

Fora isso, eriberto curte o outro, e mais importante, momento de sua vida neste ano: a paternidade. em fevereiro nasceu João, seu primeiro filho, com a mulher, andréa leal. ela também é atriz e se casou com ele há cinco anos. o menino tem sido sua alegria. É falar em João e o sorriso volta a habitar seu rosto. os olhos verdes se iluminam. “lembro de quando ajudei a dar a primeira papinha para ele. segurei-o no colo e a andréa deu. Foi demais”, recorda.

o casal preferiu não ter babá para não perder um instante sequer de convivência com o bebê. nem mesmo durante o ritmo intenso de gravações da novela eriberto fugiu da responsabilidade. “acordava à noite

na hora de mamar, trocava fraldas.” Cantar e dançar para fazer o bebê rir também estão entre suas... habilidades, além de dar banho. “no começo ele não ria, não. agora, sim. e João adora água, vai até começar natação”, afirmou.

Claro, eriberto e andréa sofrem, como qualquer casal com filho pequeno, para preservar o lado marido e mulher da história. mas nada que uma ajuda dos avós maternos não tenha resolvido. no último rock in rio, no final de setem-bro, os dois foram curtir o show de stevie Wonder e aprovei-taram para namorar. no começo do mesmo mês, eles deram uma escapadinha e passaram uma semana em nova York, de folga das mamadeiras.

mas alguns hábitos do galã, de 39 anos, realmente mudaram depois da chegada do guri. andar de moto, por exemplo, deixou de ser uma prática diária. “estou saindo menos. Filho não pode ficar sem o pai. É uma pessoa que só depende de você”, diz. e se o menino decidir, mais para frente, seguir na mesma carreira do pai? ou ainda desen-volver essa vontade de querer pilotar motos? eriberto res-ponde. “vou permitir que ele descubra qual é a paixão dele e vou apoiá-lo do jeito que meu pai me apoiou.”

‘‘Vou permitir que ele (o filho, João) descubra qual é a paixão dele e vou apoiá-lo do jeito que meu pai me apoiou’’

Ensaio

edição de moda Ale Duprat (Ar Consultoria de Imagem)

ProdUção de moda Renato Telles

assistente de FotoGraFia Rômulo Soares

assistente de beleza Felipe Rodrigues

Page 24: ISTOE Gente 631

Diversão & Arteavalia

★★★★★ indispensável

★★★★ muito bom

★★★ bom

★★ RegulaR

• fRaco

an

de

Rso

n b

oR

de

/ a

g. n

ew

s

cinema

na pág. ao lado, a atriz caracterizada

como a personagem

Paola oliveira fala com a mesma doçura de Cate, sua personagem em Uma Professora Muito Maluquinha, adaptação da obra de Ziraldo em car-taz nos cinemas. o autor teve realmente uma professora especial nos seus dias de escola em Minas Gerais, e foi a semelhança de Paola com a verdadeira que chamou a atenção do criador do também emblemático Menino Maluquinho. a atriz conta que adorou filmar em São João Del rei e usar os figurinos dos anos 40. o difícil, ela diz, foi dosar a ousadia da protagonista, a professora que escandaliza a cidadezinha com seus méto-dos heterodoxos de ensino. No elenco, está Joaquim lopes, que, à época, ainda não era seu namorado. ela garante, contudo, que não havia nada por trás dos olhares ternos que seus personagens trocam em cena.

Como se preparou para a personagem?Li o livro do Ziraldo e pude notar as diferenças do roteiro, porque sempre há uma licença poética. Ouvi muitas histórias do próprio escritor, que fala daquela época com carinho e emoção. Não queria que o sota-que passasse à frente da personagem, porque o sota-que mineiro corre grande risco de ficar caricato. Busquei mais a musicalidade, uma tranquilidade no jeito de falar. Tudo isso me ajudou a compor a Cate.

Ela vai contra as regras da escola, propõe outra forma de educação. Cate esta à frente de seu tempo. O que ela tem de maluquinha é isso, essa ousadia, um pensamento que não é compreendido. O Padre Beto (Joaquim Lopes) diz para ela que sua forma de educar ainda será entendida, mas não naquela época. Parece um filme puramente infantil, mas lança um olhar adulto acerca da educação construtivista, que é a base da pedagogia atual. Cate tentou introduzir o método na década de 40, mas foi repudiada.

Você parece gostar desse tema. Acredito muito na educação. Meu pai veio do inte-rior do Nordeste, minha mãe do interior de São Paulo. Minha família é humilde e construiu coisas com muito esforço. Meu pai sempre dizia que podía-mos fazer o que quiséssemos no futuro, mas que até lá a educação estaria em primeiro lugar. Só pedia boas notas. É o que eu ouço desde pequena e o que continuo ouvindo hoje: a educação é a única coisa que pode transformar o mundo em um lugar melhor. Fazer um filme que transmita essa mensa-gem é muito gratificante.

Teve uma professora maluquinha na sua vida? Lembro de uma em especial, a Samira. Ela entrava na sala sorridente e disposta. Lançava questões para pensarmos em casa e discutirmos em aula no dia seguinte. Era uma espécie de confidente, com quem conversávamos sobre coisas que não faláva-mos com os pais.

Que tipo de aluna você era? Supercaxias. E tinha sérios problemas de timidez. Ficava envergonhada até quando diziam meu nome na chamada. Passava dos limites, me enfiava embai-xo da cadeira. Como era boa aluna, sempre era cha-mada para ser a ajudante da classe, e odiava, pois tinha de falar com as pessoas.

E como foi virar atriz?Pois é. Lembro que os professores me ajudaram a vencer a timidez, a ter autoconfiança. Mas só na faculdade fiquei mais confortável ao apresen-tar trabalho na frente da classe, por exemplo. Me descobri atriz com a ajuda de professores e meu grande desejo é que eles sintam-se lisonjea-dos com o filme, que vejam que a importância que têm na vida de uma criança vai muito além das matérias tradicionais.

Quanto a Cate tem de você?O que ela mais tem de mim não está no filme, porque estive muito presente nas entrelinhas. Tive de aprender a reger aquelas crianças. Elas cansavam e eu me desdobrava em dez para deixá-las atentas. Mesmo quando a cena era só delas eu ficava cantando e dançando atrás, para que se animassem. A Paola é que virou mais Cate do qual-quer outra coisa. Eles até me chamavam de Cate nos bastidores e nem fiz questão de diferenciar. É um esforço que não aparece no filme, mas pode ter certeza de que estava fazendo alguma macaquice para a garotada fora das câmeras.

Como foi “voltar” aos anos 40? Já fiz outros trabalhos de época e chego a conclusão de que, quanto mais tento ser moderna, mais de época eu sou. Nesse filme especificamente, a preocupação maior foi retratar a personagem como uma pessoa avança-da, porém dentro daquela época.

Por algum momento imaginou que ali, a seu lado, estava seu futuro namorado, Joaquim Lopes?Ninguém pensou nisso. Na época, ele estava com outro foco e nem era alguém com quem já tivesse algum tipo de amizade. E isso foi há dois anos. Agora sim, quando assistimos ao filme juntos, achamos engraçado ver nossa relação nas telas. Suzana Uchôa itiberê

De voltaà sala deaula

‘‘Eu tinha sérios problemas de timidez. Ficava envergonhada até quando diziam meu nome na chamada. Passava dos limites, me enfiava embaixo da cadeira”

Estrela da versão para

a tela grande de Uma

Professora Muito

Maluquinha, a atriz

lembra da infância e diz que a obra de

Ziraldo é mais do que

um filme infantil

Paola Oliveira

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Diversão & Arteavalia

★★★★★ indispensável

★★★★ muito bom

★★★ bom

★★ RegulaR

• fRaco

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Rso

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oR

de

/ a

g. n

ew

s

cinema

na pág. ao lado, a atriz caracterizada

como a personagem

Paola oliveira fala com a mesma doçura de Cate, sua personagem em Uma Professora Muito Maluquinha, adaptação da obra de Ziraldo em car-taz nos cinemas. o autor teve realmente uma professora especial nos seus dias de escola em Minas Gerais, e foi a semelhança de Paola com a verdadeira que chamou a atenção do criador do também emblemático Menino Maluquinho. a atriz conta que adorou filmar em São João Del rei e usar os figurinos dos anos 40. o difícil, ela diz, foi dosar a ousadia da protagonista, a professora que escandaliza a cidadezinha com seus méto-dos heterodoxos de ensino. No elenco, está Joaquim lopes, que, à época, ainda não era seu namorado. ela garante, contudo, que não havia nada por trás dos olhares ternos que seus personagens trocam em cena.

Como se preparou para a personagem?Li o livro do Ziraldo e pude notar as diferenças do roteiro, porque sempre há uma licença poética. Ouvi muitas histórias do próprio escritor, que fala daquela época com carinho e emoção. Não queria que o sota-que passasse à frente da personagem, porque o sota-que mineiro corre grande risco de ficar caricato. Busquei mais a musicalidade, uma tranquilidade no jeito de falar. Tudo isso me ajudou a compor a Cate.

Ela vai contra as regras da escola, propõe outra forma de educação. Cate esta à frente de seu tempo. O que ela tem de maluquinha é isso, essa ousadia, um pensamento que não é compreendido. O Padre Beto (Joaquim Lopes) diz para ela que sua forma de educar ainda será entendida, mas não naquela época. Parece um filme puramente infantil, mas lança um olhar adulto acerca da educação construtivista, que é a base da pedagogia atual. Cate tentou introduzir o método na década de 40, mas foi repudiada.

Você parece gostar desse tema. Acredito muito na educação. Meu pai veio do inte-rior do Nordeste, minha mãe do interior de São Paulo. Minha família é humilde e construiu coisas com muito esforço. Meu pai sempre dizia que podía-mos fazer o que quiséssemos no futuro, mas que até lá a educação estaria em primeiro lugar. Só pedia boas notas. É o que eu ouço desde pequena e o que continuo ouvindo hoje: a educação é a única coisa que pode transformar o mundo em um lugar melhor. Fazer um filme que transmita essa mensa-gem é muito gratificante.

Teve uma professora maluquinha na sua vida? Lembro de uma em especial, a Samira. Ela entrava na sala sorridente e disposta. Lançava questões para pensarmos em casa e discutirmos em aula no dia seguinte. Era uma espécie de confidente, com quem conversávamos sobre coisas que não faláva-mos com os pais.

Que tipo de aluna você era? Supercaxias. E tinha sérios problemas de timidez. Ficava envergonhada até quando diziam meu nome na chamada. Passava dos limites, me enfiava embai-xo da cadeira. Como era boa aluna, sempre era cha-mada para ser a ajudante da classe, e odiava, pois tinha de falar com as pessoas.

E como foi virar atriz?Pois é. Lembro que os professores me ajudaram a vencer a timidez, a ter autoconfiança. Mas só na faculdade fiquei mais confortável ao apresen-tar trabalho na frente da classe, por exemplo. Me descobri atriz com a ajuda de professores e meu grande desejo é que eles sintam-se lisonjea-dos com o filme, que vejam que a importância que têm na vida de uma criança vai muito além das matérias tradicionais.

Quanto a Cate tem de você?O que ela mais tem de mim não está no filme, porque estive muito presente nas entrelinhas. Tive de aprender a reger aquelas crianças. Elas cansavam e eu me desdobrava em dez para deixá-las atentas. Mesmo quando a cena era só delas eu ficava cantando e dançando atrás, para que se animassem. A Paola é que virou mais Cate do qual-quer outra coisa. Eles até me chamavam de Cate nos bastidores e nem fiz questão de diferenciar. É um esforço que não aparece no filme, mas pode ter certeza de que estava fazendo alguma macaquice para a garotada fora das câmeras.

Como foi “voltar” aos anos 40? Já fiz outros trabalhos de época e chego a conclusão de que, quanto mais tento ser moderna, mais de época eu sou. Nesse filme especificamente, a preocupação maior foi retratar a personagem como uma pessoa avança-da, porém dentro daquela época.

Por algum momento imaginou que ali, a seu lado, estava seu futuro namorado, Joaquim Lopes?Ninguém pensou nisso. Na época, ele estava com outro foco e nem era alguém com quem já tivesse algum tipo de amizade. E isso foi há dois anos. Agora sim, quando assistimos ao filme juntos, achamos engraçado ver nossa relação nas telas. Suzana Uchôa itiberê

De voltaà sala deaula

‘‘Eu tinha sérios problemas de timidez. Ficava envergonhada até quando diziam meu nome na chamada. Passava dos limites, me enfiava embaixo da cadeira”

Estrela da versão para

a tela grande de Uma

Professora Muito

Maluquinha, a atriz

lembra da infância e diz que a obra de

Ziraldo é mais do que

um filme infantil

Paola Oliveira

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R$ 9,90

giovanna antonelli faz festa de 1 ano

para as gêmeas antônia e Sofia

juStin bieberos bastidores da

passagem do fenômeno pop

peLo brasiL

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17/out/2011ano 13 n° 631

supersensuaL,grazi maSSaferarouba a cena na noite de abertura do festivaL do rio

cantora maria rita chora ao faLar da mãe, eLis regina, em entrevista: "É uma saudade do que eu não vivi"

"Ser livre tem um custo altíssimo"Sucesso como a vilã da novela Fina Estampa, a atriz viaja à Itália, brilha em jantar de gala para empresários brasileiros e, solteira aos 54 anos, diz não ter medo da solidão

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ChriStiane torloni em roma

A atriz diante do Coliseu, em Roma, na

manhã do sábado 8

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