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Augusta e Respeitável Loja de Pesquisa e Iniciática Segredos da Pirâmide no. 16 – Jurisdicionada ao Grande Oriente da Paraíba (GOPB/COMAB) Ciclo de Estudos – Gênese I. Introdução – História Profana & História Sagrada i (história oculta) A história do povo hebreu pode ser contada em duas perspectivas complementares: a) a religião e a revelação, da qual são personagens os profetas e sacerdotes, os mais importantes, Moisés e Aarão e b) a política, que diz respeito aos reis, sendo os mais ilustres, Davi e Salomão. Não nos restringiremos a eles, contudo. Do conteúdo da aliança do primeiro homem, Adão, com Deus, a herança da terra e tudo quanto nela há. O processo das gerações sucessivas remonta a Abraão, que é a raiz genealógica da qual descende todo o povo de Israel, e também, do povo de Ismael, filho de Abraão e Agar. Desde que a terra prometida de Canaã foi dada como herança à descendência de Abraão a partir do concerto com Deus, renovado sempre a partir dos patriarcas, Isaque e Jacó (Gênese, 12-33), a história desse povo tem sido contada pela busca dessa terra e pelo fato de errarem em direção a ela. Muitos entraves impediram que isso ocorresse. Entre eles: a servidão no Egito que finda com a libertação do povo por Moisés, e o cativeiro das casas de Israel e Judá. O problema político sempre esteve relacionado com a liderança e a contestação do poder pelas partes envolvidas, o que instaura o problema da legitimidade. Salomão enfrenta esse tipo de questão (Reis, 3-4). Até chegar a questão política devemos seguir a narrativa bíblica que é linear e inicia pela origem do cosmo e do homem e a descendência de Abraão, em Gênese 1 , porquanto é dito que: “Na Gênese Deus (Elohim) formou (Briah) os céus (Ha´Shamayim) e a terra (Ha´Eretz)”. A tradição é unânime em atribuir os cinco livros, exatamente o que quer dizer Pentateuco a Moisés 2 . Moisés, que foi criado na casa de faraó, no Egito, descobre sua origem e é levado a cumprir seu papel na história de seu povo, libertando-o da servidão. 1 O termo Gênese (Bereschit), não figura como primeiro livro que compõe o Pentateuco, por acaso, e quer dizer ao mesmo tempo: princípio (no tempo), origem (gênese), geração (como nascimento e as gerações que descendem dos patriarcas) e criação (no plano físico e intelectual). 2 Outros textos canônicos que aceita a tradição e são muito importantes para a cultura hebraica são o Talmud e o Zohar, ou livro dos esplendores. Falaremos neles em momento oportuno.

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Grupo de Estudos Gênese

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Augusta e Respeitável Loja de Pesquisa e Iniciática Segredos da Pirâmide no. 16

– Jurisdicionada ao Grande Oriente da Paraíba (GOPB/COMAB)

Ciclo de Estudos – Gênese

I. Introdução – História Profana & História Sagradai (história oculta)

A história do povo hebreu pode ser contada em duas perspectivas

complementares: a) a religião e a revelação, da qual são personagens os profetas e sacerdotes, os mais importantes, Moisés e Aarão e b) a política, que diz respeito aos reis, sendo os mais ilustres, Davi e Salomão. Não nos restringiremos a eles, contudo.

Do conteúdo da aliança do primeiro homem, Adão, com Deus, a herança da terra e tudo quanto nela há. O processo das gerações sucessivas remonta a Abraão, que é a raiz genealógica da qual descende todo o povo de Israel, e também, do povo de Ismael, filho de Abraão e Agar.

Desde que a terra prometida de Canaã foi dada como herança à descendência de Abraão a partir do concerto com Deus, renovado sempre a partir dos patriarcas, Isaque e Jacó (Gênese, 12-33), a história desse povo tem sido contada pela busca dessa terra e pelo fato de errarem em direção a ela.

Muitos entraves impediram que isso ocorresse. Entre eles: a servidão no Egito que finda com a libertação do povo por Moisés, e o cativeiro das casas de Israel e Judá. O problema político sempre esteve relacionado com a liderança e a contestação do poder pelas partes envolvidas, o que instaura o problema da legitimidade. Salomão enfrenta esse tipo de questão (Reis, 3-4).

Até chegar a questão política devemos seguir a narrativa bíblica que é linear e inicia pela origem do cosmo e do homem e a descendência de Abraão, em Gênese1, porquanto é dito que: “Na Gênese Deus (Elohim) formou (Briah) os céus (Ha´Shamayim) e a terra (Ha´Eretz)”.

A tradição é unânime em atribuir os cinco livros, exatamente o que quer dizer Pentateuco a Moisés2. Moisés, que foi criado na casa de faraó, no Egito, descobre sua origem e é levado a cumprir seu papel na história de seu povo, libertando-o da servidão.

1 O termo Gênese (Bereschit), não figura como primeiro livro que compõe o Pentateuco, por acaso, e quer dizer ao mesmo tempo: princípio (no tempo), origem (gênese), geração (como nascimento e as gerações que descendem dos patriarcas) e criação (no plano físico e intelectual). 2 Outros textos canônicos que aceita a tradição e são muito importantes para a cultura hebraica são o Talmud e o Zohar, ou livro dos esplendores. Falaremos neles em momento oportuno.

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Após liberto, o povo hebreu erra pelo deserto, durante aproximadamente três gerações, guiados por Moisés e Aarão, profeta e sacerdote, e é essa, em resumo, a história contada em Êxodo.

Moisés é também o primeiro legislador, desde que recebe a revelação de Deus e seu acordo nas tábuas da Lei. O poder sacerdotal de ministrar os mistérios cabe a Aarão, tendo sido escolhido por Deus e que passa para os seus filhos e assim subseqüentemente. Reconhecendo o regime onde a lei passa da mão do profeta para a classe de sacerdotes e os reconhecidos maiorais de cada tribo, Levítico.

São doze as tribos reconhecidas do povo hebraico. De Moisés a liderança política do povo foi passada a Josué (Deuteronômio3, 31, 14). Vemo-las nomeadas e descritas no Deuteronômio e contadas, somadas, em suma recenseadas em Números.

Como foi dito acima, pode-se contar a história do povo hebreu a partir de seus reis, e o mais famoso e mais importante, é sem dúvida Salomão, seu reino se estende de 975 a 935 antes de Cristo. É longo e o mais próspero e antecede a divisão do povo hebreu4 entre as denominações de Israel e Judá5 que ocorre em 930, cinco anos após a sua morte.

Salomão assume o poder após a morte do rei Davi, que tinha muita simpatia do povo (I Reis, 1-2). Devemos situar o pacto entre os reis Salomão e Hirão, o justo rei da Fenícia no período posterior a 950. Esse acordo visava cumprir a promessa de Davi feita ao Senhor, a construção do templo em seu louvor; o que não houvera feito em virtude de guerras.

Os trabalhos em prol da edificação do tempo tiveram a supervisão de Hirão e tinha Adonirão, como chefe dos obreiros (I Reis, 5, 14-18). Salomão edifica o Templo6 e o palácio, dedica o templo ao Senhor e fala ao povo e a Deus que lhe aparece pela segunda vez (I Reis, 6-9). Todos os detalhes da construção são dados aí e interessa e muito a simbologia maçônica, como por exemplo, na primeira instrução do Rito York o que diz respeito à construção do Templo.

3 O quarto livro do Pentateuco é rico em descrições de como deveriam ser ministrados os mistérios, bem como o que diz respeito à Arca da Aliança. 4 Até então se sentava à mesa juntos Israel e Judá, como é dito em I Reis 4, 20 – “Eram, pois os de Judá e Israel muitos, como a areia que está ao pé do mar em multidão, comendo, e bebendo, e alegrando-se”. 5 Os que se dirigem para o sul constituem o Reino de Judá, a partir da casa homônima. O norte é constituído como Reino de Israel. O nome das casas dá origem às denominações: “judeu” e “israelita”. 6 Desde a servidão no Egito até a construção do Templo, sucederam quatrocentos e oitenta anos, e isso se deu no quarto ano de reinado de Salomão (Reis, 6, 1).

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“E edificava-se a casa com pedras preparadas, como as traziam se edificava; de maneira que nem martelo, nem machado, nem nenhum outro instrumento de ferro7 se ouvia na casa quando a edificavam (I Reis, 6, 7).”

O povo hebreu, desde sua origem esteve fadado a errar sobre a terra, e desse fato advém o seu nome, também teve que cuidar de suas posses, como um povo de pastores, de seu gado, de sua língua e do culto a Deus. Podemos dizer que os problemas que enfrentou estiveram relacionados a esses elementos citados acima.

O problema da liberdade de um povo, bem como a sua fé, a perseverança e a legitimação da autoridade estiveram sempre em destaque. Ao sair do Egito levou o seu gado consigo e junto com o povo as famílias foram distinguidas e a severa lei mosaica deveria garantir a ordem.

Forçados no Egito a trabalhos pesados contínuos, a sua língua, o hebraico, o seu culto e rituais, estiveram ameaçados, e foram recuperados ou reformulados por Moisés que lhes conferiu novamente unidade8.

A sobrevivência de sua cultura é atestada e salvaguardada pela antiguidade do Livro da Lei, fonte inesgotável de sabedoria que preside aos trabalhos maçônicos, em vários ritos, especialmente no York. Além de seus símbolos que são igualmente extraídos das Sagradas Escrituras.

Uma das especificidades do Rito de York é inspirar-se em seu simbolismo na Torá, que é considerado o livro das imagens de Deus, e no Novo Testamento, que deve ser lido como a Boa Nova, ou o Evangelho. É afirmado pelo Ritual que aí devemos encontrar sabedoria e os códigos de conduta que devem pautar a vida de todos os maçons livres e de bons costumes.

Podemos dizer que o projeto de constituição da tradição expandiu-se pelo mundo, e a antiga luz que veio do Leste veio a marcar todo o Oeste. No seio da tradição, as palavras foram passadas de boca a ouvido, e isso constitui a tradição oral ou a vida do texto, que se manteve intacto, pelo menos no que diz respeito ao Pentateuco, e constitui a tradição escrita. O estudo deve ser complementado por ambas as tradições, que não são, em verdade, mais que uma.

A ordem arquitetônica que alia geometria e potencial humano dá-nos em grande monta a noção da grandiosidade do empreendimento erigido em glória do Nome, que se convencionou chamar Grande Arquiteto do Universo. Empresa essa

7 Isso poderia explicar a ausência de espadas no Rito York, pois no Templo não se ouviam barulho de metal. 8 Refere-se ao fato de Moisés ter fundido a tradição (Kabbalah), isto é, as Cabalas Egípcias à Hebraica, fazendo uso dos seus simbolismos em uma unidade que conferiu ao culto e à religião. Não nos esqueçamos que Moisés era versado em todas as artes sacerdotais egípcias, e, ainda teria tido contato com a cultura e o simbolismo dos Caldeus (Fenícios) de onde obtivera conhecimento de seu alfabeto e sistema numeral, que incluía o zero, e que era desconhecido dos Egípcios até então.

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que leva os maçons operativos e especulativos à grande obra social e moral a que são chamados para dar a sua contribuição.

i Comunicação proferida por Francisco de Assis Vale Cavalcante Filho em março de 2009 para as atividades do Ciclo de Pesquisas Gênese da Loja de Pesquisas da ARLPI Segredos da Pirâmide no. 16.