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IT 503 – Fundamentos de Hidráulica Novembro/2008 Profs. Daniel Fonseca de Carvalho e Leonardo Duarte Batista da Silva 74 8. INSTALAÇÕES ELEVATÓRIAS 8.1 Máquinas São transformadores de energia (absorvem energia em uma forma e restituem em outra). 8.1.1 Classificação das Máquinas Hidráulicas Entre os diversos tipos de máquinas, as máquinas fluidas são aquelas que promovem um intercâmbio entre a energia do fluido e a energia mecânica. Dentre elas, as máquinas hidráulicas se classificam em motora e geradora. - máquina hidráulica motora : transforma a energia hidráulica em energia mecânica (ex.: turbinas hidráulicas e rodas d’água); e - máquina hidráulica geradora : transforma a energia mecânica em energia hidráulica. 8.1.2 Classificação das Bombas Hidráulicas - Bombas volumétricas : o órgão fornece energia ao fluido em forma de pressão. São as bombas de êmbulo ou pistão e as bombas diafragma. O intercâmbio de energia é estático e o movimento é alternativo. - TurboBombas ou Bombas Hidrodinâmicas : o órgão (rotor) fornece energia ao fluido em forma de energia cinética. O rotor se move sempre com movimento rotativo. 8.2 Principais Componentes de uma Bomba Hidrodinâmica Rotor : órgão móvel que fornece energia ao fluido. É responsável pela formação de uma depressão no seu centro para aspirar o fluido e de uma sobrepressão na periferia para recalcá-lo (Figura 46).

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    74

    8. INSTALAES ELEVATRIAS

    8.1 Mquinas

    So transformadores de energia (absorvem energia em uma forma e

    restituem em outra).

    8.1.1 Classificao das Mquinas Hidrulicas

    Entre os diversos tipos de mquinas, as mquinas fluidas so aquelas que

    promovem um intercmbio entre a energia do fluido e a energia mecnica.

    Dentre elas, as mquinas hidrulicas se classificam em motora e geradora.

    - mquina hidrulica motora: transforma a energia hidrulica em energia

    mecnica (ex.: turbinas hidrulicas e rodas dgua); e

    - mquina hidrulica geradora: transforma a energia mecnica em

    energia hidrulica.

    8.1.2 Classificao das Bombas Hidrulicas

    - Bombas volumtricas: o rgo fornece energia ao fluido em forma de presso.

    So as bombas de mbulo ou pisto e as bombas diafragma. O intercmbio de

    energia esttico e o movimento alternativo.

    - TurboBombas ou Bombas Hidrodinmicas: o rgo (rotor) fornece energia ao

    fluido em forma de energia cintica. O rotor se move sempre com movimento

    rotativo.

    8.2 Principais Componentes de uma Bomba Hidrodinmica

    Rotor: rgo mvel que fornece energia ao fluido. responsvel pela formao

    de uma depresso no seu centro para aspirar o fluido e de uma sobrepresso na

    periferia para recalc-lo (Figura 46).

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    75

    Difusor: canal de seo crescente que recebe o fluido vindo do rotor e o

    encaminha tubulao de recalque. Possui seo crescente no sentido do

    escoamento com a finalidade de transformar a energia cintica em energia de

    presso (Figura 46).

    Figura 46 Corte do rotor e difusor.

    8.3 Classificao das Turbobombas

    8.3.1 Quanto trajetria do fluido dentro do rotor

    a) Bombas radiais ou centrfugas: o fluido entra no rotor na direo axial e sai

    na direo radial. Caracterizam-se pelo recalque de pequenas vazes em

    grandes alturas. A fora predominante a centrfuga.

    b) Bombas axiais: o fluido entra no rotor na direo axial e sai tambm na

    direo axial. Caracterizam-se pelo recalque de grandes vazes em

    pequenas alturas. A fora predominante a de sustentao.

    (Difusor)

    rotor

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    76

    a b

    Figura 47 Bomba com rotores radial (a) e axial (b).

    8.3.2 Quanto ao nmero de entradas para a aspirao e suco

    a) Bombas de suco simples ou de entrada unilateral: a entrada do lquido se

    faz atravs de uma nica boca de suco.

    b) Bombas de dupla suco: a entrada do lquido se faz por duas bocas de

    suco, paralelamente ao eixo de rotao. Esta configurao equivale a dois

    rotores simples montados em paralelo. O rotor de dupla suco apresenta a

    vantagem de proporcionar o equilbrio dos empuxos axiais, o que acarreta

    uma melhoria no rendimento da bomba, eliminando a necessidade de

    rolamento de grandes dimenses para suporte axial sobre o eixo.

    8.3.3 Quanto ao nmero de rotores dentro da carcaa

    a) Bombas de simples estgio ou unicelular: a bomba possui um nico rotor

    dentro da carcaa. Teoricamente possvel projetar uma bomba com um

    nico estgio para qualquer situao de altura manomtrica e de vazo. As

    dimenses excessivas e o baixo rendimento fazem com que os fabricantes

    limitem a altura manomtrica para 100 m.

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    Foto: Schneider Moto bombas

    Figura 48 Corte de uma bomba monoestgio.

    b) Bombas de mltiplo estgio: a bomba possui dois ou mais rotores dentro da

    carcaa. o resultado da associao de rotores em srie dentro da carcaa.

    Essa associao permite a elevao do lquido a grandes alturas (> 100 m),

    sendo o rotor radial o indicado para esta associao.

    Figura 49 Corte de uma bomba de mltiplo estgio.

    8.3.4 Quanto ao posicionamento do eixo

    a) Bomba de eixo horizontal: a concepo construtiva mais comum.

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    Figura 50 Bomba de eixo horizontal.

    b) Bomba de eixo vertical: usada na extrao de gua de poos profundos.

    Figura 51 Corte de uma bomba de eixo horizontal.

    8.3.5 Quanto ao tipo de rotor

    a) Rotor aberto: usada para bombas de pequenas dimenses. Possui pequena

    resistncia estrutural. Baixo rendimento. Dificulta o entupimento, podendo ser

    usado para bombeamento de lquidos sujos.

    b) Rotor semi-aberto ou semi-fechado: possui apenas um disco onde so

    afixadas as palhetas.

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    79

    c) Rotor fechado: usado no bombeamento de lquidos limpos. Possui discos

    dianteiros com as palhetas fixas em ambos. Evita a recirculao da gua, ou

    seja, o retorno da gua boca de suco.

    Foto: Schneider Moto bombas

    Figura 52 Esquemas de rotores fechado, semi-aberto e aberto,

    respectivamente.

    8.3.6 Quanto posio do eixo da bomba em relao ao nvel da gua.

    a) Bomba de suco positiva: o eixo da bomba situa-se acima do nvel dgua

    do reservatrio de suco (Figura 53a).

    b) Bomba de suco negativa ou afogada: o eixo da bomba situa-se abaixo do

    nvel dgua do reservatrio de suco (Figura 53b).

    8.4 Princpio de funcionamento de uma bomba centrfuga ou radial

    Se imaginarmos um vaso cilndrico aberto, parcialmente cheio de gua e

    submetido a uma fora externa que promova o seu giro em torno do eixo de

    simetria, teremos uma situao mostrada na Figura 54.

    Atingido o equilbrio, a gua sobe pelas pareces do vaso, compondo uma

    superfcie livre chamada de parabolide de revoluo. Quando a velocidade

    angular for suficientemente grande, a gua subir nas paredes do vaso a ponto

    de descobrir sua regio central (Figura 55).

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    80

    a b

    Figura 53 Instalao com bomba de suco positiva (a) e afogada (b).

    Figura 54 Vaso girante e o parabolide de revoluo.

    Figura 55 Depresso e sobrepresso em um vaso girante.

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    81

    Assim, consideremos um vaso cilndrico fechado e totalmente cheio de

    gua, e interligado por tubulaes a dois reservatrios: um inferior e ao qual se

    liga pelo centro, e outro superior e ao qual se liga pela periferia. Ao acionarmos

    o rotor, a depresso central aspira o fluido que, sob ao da fora centrfuga,

    ganha na periferia a sobreposio que o recalca para o reservatrio superior

    (Figura 56). Dessa forma, ter sido criada uma bomba centrfuga.

    Figura 56 Princpio de funcionamento da bomba centrfuga.

    8.5 Altura Manomtrica da Instalao

    A altura manomtrica (Hm) de uma instalao de bombeamento

    representa a energia (por unidade de peso) que o equipamento ir transferir

    para o fluido, a fim de satisfazer s necessidades do projeto, ou seja, a sua

    demanda. Existem duas maneiras de calcular Hm:

    - Primeira expresso da Altura Manomtrica

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    Utilizada para o caso da bomba em funcionamento (j instalada). A

    equao de Bernoulli aplicada entre a entrada (e) e a sada (s) de uma bomba

    (Figura 57), fornece:

    s

    2ss

    e

    2ee Z

    g2

    vpHmZ

    g2

    vp++

    =+++

    ou

    )ZZ(g2

    vvppHm es

    2e

    2ses +

    +

    =

    Figura 57 Instalao tpica com manmetro sada da bomba e vacumetro

    entrada.

    Pela figura tem-se:

    =

    VMpp es

    )nulooupequenomuito(0g2

    vv 2e2s

    0)ZZ(y es =

    Portanto:

    =VM

    Hm (primeira expresso da altura manomtrica)

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    83

    Obs: para as bombas de suco positiva, o valor lido no vacumetro negativo

    e para as bombas de suco negativa ou afogada, o valor lido no vacumetro

    positivo.

    - Segunda expresso da altura manomtrica

    A equao da energia aplicada entre os pontos 1 e 2 da figura anterior

    fornece:

    )21(2

    222

    1

    211 htZ

    g2

    vpHmZ

    g2

    vp+++

    =+++

    sendo ht a perda de carga total.

    0pp 12 =

    (reservatrios sujeitos presso atmosfrica)

    g2

    v

    g2

    vv 22122

    (perda na sada computada em ht)

    Portanto: )21(G htHHm += (segunda expresso da altura manomtrica)

    Exerccio: Em uma instalao de bombeamento, as leituras do manmetro e do

    vacumetro indicam, respectivamente, 3,0 kgf cm-2 e -0,7 kgf cm-2. Encontre a

    altura manomtrica da bomba nessa condio.

    8.6 Escolha da Bomba e Potncia Necessria ao seu Funcionamento

    Basicamente a seleo de uma bomba para uma determinada situao,

    funo de:

    - vazo a ser recalcada (Q); e

    - altura manomtrica da instalao (Hm).

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    84

    - Vazo a ser recalcada

    A vazo a ser recalcada depende essencialmente de trs elementos:

    consumo dirio da instalao, jornada de trabalho da bomba e do nmero de

    bombas em funcionamento (bombas em paralelo).

    Para o dimensionamento de um sistema de irrigao, o consumo de gua

    funo, basicamente, da demanda evapotranspiromtrica, do tipo e do estdio

    de desenvolvimento da cultura e da eficincia do sistema de irrigao. Esse

    assunto ser abordado na disciplina IT 157 (Irrigao).

    - Altura manomtrica da instalao

    O levantamento topogrfico do perfil do terreno permite determinar: o

    desnvel geomtrico da instalao (HG), o comprimento das tubulaes de

    suco e de recalque e o nmero de peas especiais dessas tubulaes. Com

    os comprimentos das tubulaes e o nmero de peas especiais, a perda de

    carga facilmente calculada pelo conhecimento dos dimetros de suco e de

    recalque. A Figura 58 ajuda a entender melhor o problema:

    Figura 58 Altura manomtrica de uma instalao com reservatrios abertos.

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    A altura manomtrica ser calculada por:

    Hman = Ho + H ou Hm = HG + ht

    - Clculo dos dimetros de suco e de recalque

    - Dimetro de recalque

    a) Frmula de Bresse

    Recomendada para funcionamento contnuo, ou seja: 24 h dia-1.

    QKDR =

    em que:

    DR = dimetro de recalque, em m;

    Q = vazo em m3 s-1; e

    K = coeficiente econmico {balano entre os gastos com tubulao

    (investimento) e os gastos com a operao da instalao (custo

    operacional - 0,8 a 1,3)}.

    O valor de K est tambm relacionado com a velocidade, ou seja:

    2

    2R

    2R

    2R K

    1 4

    K

    D

    D .

    4

    D

    Q 4v

    pi=

    pi=

    pi=

    b) Frmula da ABNT (NB 92/66)

    Recomendada para funcionamento intermitente ou no contnuo:

    Q 24

    T 3,1D

    25,0

    R

    =

    em que T o nmero de horas de funcionamento da bomba por dia.

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    - Dimetro de suco (Ds)

    o dimetro comercial imediatamente superior ao dimetro de recalque

    calculado pelas frmulas anteriores.

    Observaes importantes:

    a) O correto fazer um balano econmico entre o custo da tubulao e o custo

    da manuteno do sistema. A manuteno do sistema envolve gastos com

    energia eltrica (ou combustvel), lubrificantes, mo-de-obra, etc. (Figura 59).

    Recomenda-se a anlise de cinco dimetros comerciais, sendo o

    intermedirio calculado pela frmula de Bresse, para K = 1.

    b) Quando o dimetro calculado pela frmula de Bresse ou da ABNT no

    coincidir com o dimetro comercial, procedimento usual admitir o dimetro

    comercial imediatamente superior ao calculado para a suco e o

    imediatamente inferior par o recalque.

    Figura 59 Avaliao entre o custo da tubulao e manuteno.

    c) Alm das frmulas vistas anteriormente para clculo dos dimetros, pode-se

    adotar o critrio das chamadas velocidades econmicas, cujos limites so:

    - na suco: vs < 1,5 m s-1 (no mximo 2,0 m s-1)

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    87

    - no recalque: vr < 2,5 m s-1 (no mximo 3,0 m s-1)

    Como valores mdios pode-se adotar vs = 1,0 m s-1 e vr = 2,0 m s-1.

    Adotadas as velocidades, o clculo dos dimetros facilmente determinado pela

    equao da continuidade (Q = A V), j que se conhece a vazo, ou seja:

    sV

    Q4Ds

    pi= e

    rV

    Q4Dr

    pi=

    Exerccio: Considere os seguintes dados de um sistema de bombeamento:

    - Dotao de rega (supondo 24h de bombeamento): 0,65 L s-1 ha-1

    - rea irrigada: 20 ha

    - Jornada diria de trabalho: 8 h dia-1

    Para estas condies, encontre os dimetros das tubulaes.

    1311-1 sm 039,0sL398

    24ha20 hasL 65,0Q ===

    Q 24

    T 3,1D

    25,0

    R

    = mm195m195,0039,0 24

    8 3,1D

    25,0

    R ==

    =

    Dimetros comerciais disponveis: 0,150 m e 0,200 m

    )sm5,2(sm20,2

    4

    )150,0(

    039,0

    A

    Qv 1-1-

    2R

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    - Potncia necessria ao funcionamento da bomba (Pot)

    A potncia absorvida pela bomba calculada por:

    (kw) 75

    H Q 735,0Pot ou (cv)

    75

    H Q Pot mm

    =

    =

    - Potncia instalada (N) ou potncia do motor

    O motor que aciona a bomba dever trabalhar sempre com uma folga ou

    margem de segurana a qual evitar que o mesmo venha, por uma razo

    qualquer, operar com sobrecarga. Portanto, recomenda-se que a potncia

    necessria ao funcionamento da bomba (Pot) seja acrescida de uma folga,

    conforme especificao a seguir (para motores eltricos):

    Potncia exigida pela Bomba (Pot) Margem de segurana recomendada (%)

    At 2 cv 50%

    De 2 a 5 cv 30%

    De 5 a 10 cv 20%

    De 10 a 20 cv 15%

    Acima de 20 cv 10%

    Para motores a leo diesel recomenda-se uma margem de segurana de

    25% e a gasolina, de 50% independente da potncia calculada.

    Finalmente para a determinao da potncia instalada (N), deve-se

    observar que os motores eltricos nacionais so fabricados com as seguintes

    potncias comerciais, em cv (Motores Kohlbach 1200 rpm 60 Hz):

    1/4 1/3 1/2 3/4 1 1 2 3 4 5 7 10 12 15 20 25

    30 40 50 60 75 100 125

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    89

    8.7 Peas Especiais numa Instalao Tpica de Bombeamento

    A Figura 60 mostra as peas especiais utilizadas numa instalao de

    bombeamento.

    Fonte: Schneider Moto bombas

    Figura 60 Esquema tpico de instalao de uma motobomba centrfuga.

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    90

    8.7.1 Na linha de suco

    1) Vlvula de p com crivo

    Instalada na extremidade inferior da tubulao de suco. uma vlvula

    unidirecional, isto , s permite a passagem do lquido no sentido ascendente.

    Com o desligamento do motor de acionamento da bomba, esta vlvula mantm

    a carcaa ou corpo da bomba e a tubulao de suco cheia do lquido

    recalcado, impedindo o seu retorno ao reservatrio de suco ou captao.

    Nestas circunstncias, diz-se que a vlvula de p com crivo mantm a bomba

    escorvada (a funo da carcaa e tubulao desta vlvula a de impedir a

    entrada de partculas slidas ou corpos estranhos como: folhas, galhos, etc). A

    vlvula deve estar mergulhada a uma altura mnima de:

    )metrosemDeh(1,0D 5,2h ss +=

    para evitar a entrada de ar e formao de vrtices.

    2) Curva de 90o

    Imposta pelo traado da linha de suco.

    3) Reduo Excntrica

    Liga o final da tubulao entrada da bomba, de dimetro geralmente

    menor. Essa excentricidade visa evitar a formao de bolsas de ar entrada da

    bomba. So aconselhveis sempre que a tubulao de suco tiver um dimetro

    superior a 4 (100 mm).

    8.7.2 Na linha de recalque

    1) Ampliao concntrica

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    91

    Liga a sada da bomba de dimetro geralmente menor tubulao de

    recalque.

    2) Vlvula de reteno

    unidirecional e instalada sada da bomba, antes da vlvula de gaveta.

    Suas funes so:

    - impedir que o peso da coluna de gua do recalque seja sustentado

    pela bomba o que poderia desalinh-la ou provocar vazamentos na

    mesma;

    - impedir que, com o defeito da vlvula de p e estando a sada da

    tubulao de recalque afogada (no fundo do reservatrio superior), haja

    um refluxo do lquido, fazendo a bomba funcionar como turbina, o que

    viria a provocar danos mesma;

    - possibilitar, atravs de um dispositivo chamado by-pass, a escorva da

    bomba.

    3) Vlvula de gaveta

    Instalada aps a vlvula de reteno. Suas funes so de regular a

    vazo e permitir reparos na vlvula de reteno.

    Observao: a bomba centrfuga deve ser sempre ligada e desligada com a

    vlvula de gaveta fechada, devendo-se proceder de modo contrrio nas bombas

    axiais.

    Exerccio: Continuando o exerccio anterior, calcular a altura manomtrica da

    instalao considerando os seguintes dados:

    - Altura de suco: 4,0m;

    - Altura de recalque: 53,0m;

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    92

    - Comprimento de suco: 6,0m;

    - Comprimento de recalque: 210,0m;

    - Material: PVC;

    - Peas:

    - Suco:

    1 vlvula de p; 1 curva de 90o; 1 reduo excntrica;

    - Recalque:

    1 vlvula de reteno; 1 vlvula de gaveta; 6 curvas de 90o ; 1 ampliao.

    Clculo da Altura Manomtrica:

    htHHm G += RSG HHH += RS hththt +=

    a) Perda de carga contnua calculada por Hazen-Williams e localizada calculada

    pelo mtodo dos dimetros equivalentes:

    RS hththt +=

    LfLLv +=

    Comprimento fictcio: Suco (250 + 30 + 6 = 286 x 0,200)

    Lf = 57,2 m 2,632,576LvS =+= m

    ( )( ) ( )

    m42,02,63 20,0 145

    039,0 641,10hts

    87,485,1

    85,1

    == ;

    Comprimento fictcio: Recalque (100 + 8 + 180 + 12 = 300 x 0,150)

    Lf = 45,0 m 25545210LvR =+= m

    ( )( ) ( )

    m93,6255 150,0 145

    039,0 641,10htr

    87,485,1

    85,1

    ==

    m35,793,642,0ht =+=

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    93

    ( ) m0,65m35,6435,70,530,4Hm =++=

    b) Perda de carga contnua calculada por Darcy-Weisbach e localizada

    calculada pelo Borda-Belanger:

    b.1) Tubulao de suco:

    137.2431002,1

    24,12,0NR

    6=

    =

    0003,0

    200

    06,0

    D

    e== 0175,0f =

    LDg

    Qfhf

    52pi=

    28 m04,06

    )2,0(81,9

    (hf

    52=

    pi=

    20,039

    0,0175

    )8

    Perda de carga localizada (h)

    g2

    VKh

    2

    = m18,0)81,9(2

    )24,1(3,2h

    2

    ==

    m22,018,004,0htS =+= b.2) Tubulao de recalque:

    529.3231002,1

    2,215,0NR

    6=

    =

    0004,0

    150

    06,0

    D

    e== f = 0,0176

    m12,6210)15,0(81,9

    (hf

    52=

    pi=

    20,039

    )

    0,0176

    8

    Perda de carga localizada (h)

    m33,1)81,9(2

    2,24,5h

    2

    ==

    m45,733,112,6htR =+=

    Pea K 1 vlvula de p 1,75 1 curva de 90 0,40 1 reduo excntrica 0,15 TOTAL 2,30

    Pea K 1 vlvula de reteno 2,50 1 vlvula de gaveta 0,20 6 curvas de 90 2,40 1 ampliao 0,30 TOTAL 5,40

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    94

    m67,745,722,0ht =+=

    ( ) m0,65m67,6467,70,530,4Hm =++=

    8.8 Curvas Caractersticas das Bombas

    Constituem-se numa relao entre a vazo recalcada com a altura

    manomtrica, com a potncia absorvida, com o rendimento e s vezes com a

    altura mxima de suco. Pode-se dizer que as curvas caractersticas

    constituem-se no retrato de funcionamento das bombas nas mais diversas

    situaes.

    Estas curvas so obtidas nas bancadas de ensaio dos fabricantes. As

    mais comuns so:

    Hm = f (Q); Pot = f (Q); = f (Q).

    Obs: o aspecto das curvas Hm = f (Q) e Pot = f (Q) refere-se apenas regio de

    rendimento aceitvel ( > 40%).

    a b

    Figura 61 Curvas caractersticas de bombas centrfugas (a) e axiais (b).

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    95

    8.8.1 Algumas concluses tiradas das curvas caractersticas das bombas

    a) o aspecto achatado das curvas de rendimento das bombas centrfugas

    mostra que tal tipo de bomba mais adequado onde h necessidade

    de variar vazo. A vazo pode ser variada sem afetar

    significativamente o rendimento da bomba;

    b) a potncia necessria ao funcionamento das bombas centrfugas

    cresce com o aumento da vazo e decresce nas axiais. Isto mostra

    que, as bombas radiais devem ser ligadas com a vlvula de gaveta

    fechada, pois nesta situao, a potncia necessria para acion-las

    mnima. O contrrio ocorre com as bombas axiais; e

    c) Para bombas radiais, o crescimento da altura manomtrica no causa

    sobrecarga no motor; especial ateno deve ser dada quando a altura

    manomtrica diminui. Quando Hm diminui, aumenta a vazo, o que

    poder causar sobrecarga no motor.

    8.9 Curvas Caractersticas do Sistema ou da Tubulao

    A segunda expresso da altura manomtrica fornece:

    tGm hHH += (para reservatrios abertos)

    aft hhh +=

    As perdas de carga acidentais podem ser includas nas perdas de carga

    distribudas, desde que se use o mtodo dos comprimentos equivalentes (Le).

    Ento, pode-se escrever que:

    242

    2

    t Q KD . g 2

    Q 16

    D

    Le fh =

    pi= , onde Le o comprimento normal da

    canalizao somado ao comprimento correspondente s peas especiais.

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    96

    52 D g 2

    16 f LeK

    pi= = constante para uma determinada instalao.

    Se fosse utilizada a equao de Hazen-Williams, teramos:

    852,1

    63,2t D C 335,0

    Q4 LeLe Jh

    pi==

    852,1852,1852,1

    63,2tQ 'KQ

    D C 335,0

    4 LeLe Jh =

    pi==

    Ento Hm do sistema :

    2G Q KHHm += (Eq. de Darcy)

    852,1G Q 'KHHm += (Eq de H.W)

    Essas equaes, quando representadas graficamente, tem o seguinte aspecto:

    Figura 62 Curva caracterstica da tubulao.

    8.10 Ponto de Operao do Sistema

    A interseco da curva caracterstica da bomba com a curva caracterstica

    da tubulao define o ponto de trabalho ou ponto de operao da bomba, ou

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    97

    seja: para a vazo de projeto da bomba, a altura manomtrica da bomba igual

    quela exigida pelo sistema.

    A curva caracterstica da bomba associada curva caracterstica do

    sistema tem o seguinte aspecto:

    Figura 63 Ponto de funcionamento do sistema.

    Continuando o exerccio, encontre a bomba em catlogo do fabricante e

    calcule a potncia instalada

    - Escolha da bomba (Figura a seguir catlogo do fabricante)

    13113 hm4,140hs3600 sm039,0Q == ; m0,65Hm =

    rpm3500GM

    17GMmm185rotorD =

    - Potncia instalada considerando que a bomba ir trabalhar fora do ponto de

    projeto

    m0,65Hm = ; m0,57HG = ; 13 h.m4,140Q =

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    98

    Equao de H.W

    85,1' Q KHGHm += 85,1' 4,140 K5765 += 000852,0K ' =

    85,1Q000852,057Hm += (Q em m3.h-1)

    Atribuindo-se valores a Q, na equao anterior, teremos os seguintes

    valores para Hm:

    Q 0 50 80 110 130 140,4 170 200 230

    Hm 57,0 58,18 59,83 62,09 63,94 65,00 68,40 72,39 76,94

    Com os pontos desse quadro, traa-se a curva caracterstica da

    tubulao. Onde essa curva cortar a curva caracterstica da bomba, ficar

    definido o ponto de operao ou de trabalho da bomba.

    13 hm175Q = m0,69Hm = 3,80= %

    CV69,55803,0753600

    0,691751000

    753600

    HmQPot ==

    =

    A potncia necessria ao motor ser:

    Folga = 10%

    N = 1,10 (55,69) = 61,26 CV

    O motor eltrico comercial que atende o caso o de 60 CV.

    Obs.: a vazo inicial (Q = 140,4 m3 h-1) poder ser obtida fechando-se o registro

    de gaveta, at que a altura manomtrica corresponda a essa vazo. A manobra

    do registro de gaveta introduz uma perda de carga acidental, fazendo mudar a

    curva caracterstica da tubulao para uma posio mais inclinada.

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    99

    . . . . . . . .

    Ponto de projeto

    .

    Curva do sistema

    3

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    100

    8.11 Cavitao Altura da Instalao das Bombas

    8.11.1 Introduo

    Convm salientar que a cavitao um fenmeno observvel em lquidos,

    no ocorrendo sob quaisquer condies normais em slidos ou gases.

    Pode-se comparativamente associar a cavitao ebulio em um liquido:

    Ebulio: um lquido "ferve" ao elevar-se a sua temperatura, com a

    presso sendo mantida constante. Sob condies normais de presso (760mm

    Hg), a gua ferve a 100o C.

    Cavitao: um lquido "ferve" ao diminuir sua presso, com a temperatura

    sendo mantida constante. temperatura de 20o C a gua ferve presso

    absoluta de 0,24 m.c.a = 17,4 mm Hg. A presso com que o lquido comea a

    ferver chama-se presso de vapor ou tenso de vapor. A tenso de vapor

    funo da temperatura (diminu com a diminuio da temperatura).

    Um lquido ao atingir a presso de vapor libera bolhas de ar (bolhas de

    vapor), dentro das quais o lquido se vaporiza.

    8.11.2 Ocorrncia da Cavitao

    O aparecimento de uma presso absoluta entrada da bomba, menor ou

    igual a presso de vapor do lquido, na temperatura em que este se encontra,

    poder ocasionar os seguintes efeitos (Figura 64):

    - Se a presso absoluta do lquido na entrada da bomba for menor ou igual

    presso de vapor e se ela (a presso) se estender a toda a seo do

    escoamento, poder formar-se uma bolha de vapor capaz de interromper o

    escoamento.

    - Se esta presso for localizada a alguns pontos da entrada da bomba, as bolhas

    de vapor liberadas sero levadas pelo escoamento para regies de altas

    presses (regio de sada do rotor). Em razo da presso externa maior que a

    presso interna ocorre a imploso das bolhas (colapso das bolhas), responsvel

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    101

    pelos seguintes efeitos distintos da cavitao (ocorrem simultaneamente esses

    efeitos):

    Figura 64 Ilustrao de bomba com cavitao.

    a) Efeito qumico - com as imploses das bolhas so liberados ons livres de

    oxignio que atacam as superfcies metlicas (corroso qumica dessas

    superfcies).

    b) Efeito mecnico - atingindo a bolha regio de alta presso, seu dimetro ser

    reduzido (inicia-se o processo de condensao da bolha), sendo a gua

    circundante acelerada no sentido centrpeto. Com o desaparecimento da

    bolha, ou seja: com a condensao da bolha as partculas de gua

    aceleradas se chocam cortando umas o fluxo das outras, provocando o

    chamado golpe de arete e com ele uma sobre presso que se propaga em

    sentido contrrio, golpeando com violncia as paredes mais prximas do

    rotor e da carcaa, danificando-as (Figura 65).

    8.11.3 Altura Mxima de Suco das Bombas

    Para que uma bomba trabalhe sem cavitar, torna-se necessrio que a

    presso absoluta do lquido na entrada da bomba, seja superior presso de

    vapor, temperatura de escoamento do lquido. A equao de Bernoulli

    desenvolvida entre o nvel da gua no reservatrio (0) e a entrada da bomba (1)

    pode ser apresentada por (fazendo p1 = pv (presso de vapor)):

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    102

    Figura 65 Efeito da cavitao no interior da bomba.

    hs g2

    vvppHs

    21

    2ovatm

    +

    (1)

    Pode-se notar que pv, v1 e hs agem desfavoravelmente, ou seja, quanto

    maiores, menor dever ser a altura de suco. Os valores de v1 e hs podero

    ser reduzidos, utilizando-se tubulaes de suco com dimetros grandes. O

    valor de pv pode ser reduzido operando com lquidos baixa temperatura.

    Na expresso (1), patm e pv so tabelados. Na falta de tabela, a presso

    atmosfrica poder ser calculada por:

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    103

    A 0012,010patm =

    ; em que A = altitude em metros.

    Presso de Vapor e densidade da gua.

    Temperatura (oC) Tenso de Vapor

    mm Hg kgf.cm-2 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100 105 110 115 120

    12,7 17,4 23,6 31,5 41,8 54,9 71,4 92,0 117,5 148,8 136,9 233,1 288,5 354,6 433,0 525,4 633,7 760,0 906,0 1075,0 1269,0 1491,0

    0,0174 0,0238 0,0322 0,0429 0,0572 0,0750 0,0974 0,1255 0,1602 0,2028 0,2547 0,3175 0,3929 0,4828 0,5894 0,7149 0,8620 1,0333 1,2320 1,4609 1,7260 2,0270

    Na expresso 1, foi levada em conta apenas a perda de carga existente

    at entrada da bomba. Considerando-se que as bolsas de vapor sero levadas

    para a sada do rotor, devemos adicionar referida expresso a perda de carga

    H* que leva em conta a perda existente entre a entrada da bomba e a sada do

    rotor (porque na sada que ocorre o colapso das bolhas). Essa perda no

    calculada pelas expresses usuais de perda de carga.

    Sendo assim, a expresso (1) pode ser rescrita como:

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    104

    *Hhsg2

    vvppHs

    21

    2ovatm

    +

    (2)

    H* tem muita importncia no clculo da Hsmax; juntamente com g2

    v 21 constituem

    as grandezas relacionadas com a bomba.

    8.11.4 NPSH disponvel na instalao e NPSH requerido pela bomba

    NPSH Net positive suction Head.

    APLS Altura positiva lquida de suco.

    Pela equao (3), separando o primeiro membro as grandezas que

    dependem das condies locais da instalao (condies ambientais) e no

    segundo membro as grandezas relacionadas com a bomba (desprezando-se vo),

    tem-se:

    g2

    v*Hhs

    ppmaxHs

    21vatm +

    +

    , ou

    4342144444 344444 21

    )bombapela(requeridoNPSH

    21

    )instalaona(disponvelNPSH

    vatm

    g2

    v*H hs

    pmaxHs

    p+

    +

    +

    NPSHd NPSHr

    NPSHd uma preocupao do tcnico de campo.

    NPSHr geralmente fornecido pelo fabricante.

    8.11.5 Medidas destinadas a dificultar o aparecimento da cavitao, por

    parte do usurio

    a) trabalhar com lquidos frios (menor temperatura, menor pv);

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    105

    b) tornar a linha de suco a mais curta e reta possvel (diminui a perda de

    carga); e

    c) selecionar o dimetro da tubulao de suco de modo que a velocidade no

    ultrapasse a 2 m s-1 (diminui a perda de carga).

    Ainda com relao ao projeto proposto, verificar se a bomba escolhida

    correr risco de cavitar:

    Estudo quanto cavitao.

    m0,6Ls;mm200Ds;m0,69Hm;hm175Q 13 ====

    m0,3NPSHr = (retirado do catlogo do fabricante valor em destaque)

    m400Altitude =

    C25T o=

    m52,9100

    400 12,00,10

    patm=

    =

    mca322,0pv

    =

    (Tabelado)

    m2,63Lvs =

    ( )( ) ( )

    m6362,0 2,63 200,0 145

    04861,0 641,10hts

    87,485,1

    85,1==

    ( ) m56,46362,00,4322,052,9htsHspvpatmNPSHd =++=

    ++

    =

    Como rd NPSHNPSH > , a bomba no cavitar.

    8.12 Associao de Bombas

    Razes de naturezas diversas levam necessidade de se associar

    bombas:

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    106

    a) inexistncia no mercado de bombas que possam, isoladamente, atender a

    vazo de demanda;

    b) inexistncia no mercado de bombas que possam, isoladamente, atender a

    altura manomtrica de projeto;

    c) aumento da demanda com o decorrer do tempo.

    As associaes podem ser em paralelo ou em srie (Figura 66). As razes

    (a) e (c) requerem a associao em paralelo e a razo (b), associao em srie.

    Figura 66 Associao de bombas em paralelo (a) e em srie (b).

    8.12.1 Associao em Paralelo

    Para a obteno da curva caracterstica das bombas associadas em

    paralelo as vazes se somam para uma mesma altura manomtrica. Esta

    associao muito utilizada em abastecimento de gua de cidades e em

    indstrias.

    Uma bomba de dupla suco possui dois rotores em paralelo, onde as

    vazes se somam para a mesma altura manomtrica ( um caso particular de

    associao em paralelo).

    a b

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    107

    A interseo entre a curva caracterstica da associao e a curva

    caracterstica do sistema indica o ponto de trabalho da associao em paralelo.

    A seguir apresentando um esquema da associao em paralelo:

    Figura 67 Curvas caractersticas de uma associao em paralelo.

    8.12.2 Associao em Srie

    Para traado da curva caractersticas das bombas associadas em srie,

    as alturas manomtricas se somam para uma mesma vazo. Nas bombas de

    mltiplos estgios os rotores esto associados em srie numa mesma carcaa.

    Na associao em srie, deve se ter o cuidado de verificar se a flange da suco

    e a carcaa a partir da segunda bomba suportam as presses desenvolvidas.

    Observando a Figura 68, se a bomba B for desligada, a bomba A no

    conseguir vencer a altura manomtrica (curva caracterstica do sistema se situa

    acima da curva da bomba A). Haver recirculao do lquido e sobre

    aquecimento do mesmo (situao perigosa).

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    108

    Figura 68 Curvas caractersticas de uma associao em srie.

    8.13 Bombas com dispositivos especiais

    8.13.1 Bomba centrfuga com injetor

    Esta bomba permite que o motor e o corpo da bomba sejam localizados

    na superfcie do terreno. A bomba , geralmente, de eixo horizontal que tem

    como princpio bsico, o retorno de uma certa quantidade de gua do tubo de

    elevao que desce at o injetor mergulhado na gua (Figura 69). Esta

    quantidade de gua cria, pelo princpio dos tubos Venturi, um vcuo acima do

    injetor, que somado alta velocidade da gua, faz com que o lquido se eleve

    at o limite de suco da bomba. Com isso, uma bomba centrfuga comum que

    s consegue aspirar uma coluna de 5 a 6 m, pode passar a ter uma altura de

    suco muito maior, havendo casos de suces a 60 metros.

    A simplicidade de instalao da bomba injetora nem sempre

    compensada pelo seu baixo rendimento mecnico, causado pela perda por atrito

    na tubulao de retorno da gua e no tubo Venturi, alm das perdas comuns a

    outros tipos de Bombas. Da seu uso no muito generalizado.

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    109

    Figura 69 Bomba centrfuga com injetor.

    8.13.2 Bomba centrfuga auto-escorvante ou auto-aspirante

    Especialmente usadas em pequenos trabalhos de irrigao, as bombas

    centrfugas auto-escorvante apresentam a vantagem de no necessitar do uso

    de vlvula de p no tubo de suco e de no exigir que este esteja cheio de

    gua para dar incio ao funcionamento da bomba.

    Fazendo parte do corpo da bomba h uma ampla cmara, que recebe a

    gua enquanto vai ocorrendo a escorva automtica do conjunto. Aps o

    enchimento do corpo da bomba e posto o motor a funcionar, a gua dentro do

    rotor impelida para a cmara (Figura 70 a). Este movimento cria,

    instantaneamente, um vcuo no centro do rotor, que aspira ar do tubo de suco

    e gua de dentro da cmara. Estes se misturam na periferia do rotor e so

    impelidos para a cmara, onde o ar se separa da gua por diferena de

    densidade. Esta, pela fora da gravidade, desce para o rotor e, ao ser

    novamente impelida para a cmara, nova quantidade de ar do tubo de suco

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    110

    aspirada, repetindo-se o ciclo, at a chegada da gua de suco, isto , at a

    escorva da bomba.

    Uma vez completada a escorva e, conseqentemente, eliminado todo o

    ar, as passagens 1 e 2 (Figura 70 b) se transformam em uma passagem comum,

    sem circulao interna, e o bombeamento se processa normalmente. Uma

    vlvula de reteno interna, semelhante vlvula de p, situada na ligao do

    tubo de suco com a bomba, fechando-se automaticamente, quando a bomba

    pra de funcionar, mantm a coluna lquida nos tubos e na bomba, pois retm a

    gua do tubo de elevao e, por no permitir a passagem de gua ou ar, segura

    tambm, por suco, a coluna do tubo de aspirao da bomba, deixando todo o

    conjunto escorvado e pronto para funcionar normalmente.

    Figura 70 Corte esquemtico de uma bomba centrfuga auto-escorvante.

    a b