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w . s. , ¦* y . ', ,9:I H^B ASSIGNATURA ANNUAL *ap 6-5000 PAGAMENTO ADIANTADO PUBLICA-SE NOS DIAS 1 E 15 DE CADA MEZ Ti PERÍODÍCO EVOLÜCÍONÍSTA ORGÁO FEDERAÇÃO SPIRITA BRÂZILEIRA ASSIGNATURA ANNUAL Estrangeiro . . 70000 PAGAMENTO ADIANTADO PUBLICA-SE NOS DIAS 1 E 15 DE CADA MEZ UfffA ioda correspondênciadeve ser dirigida a PEDRO RiriíAiíh t> a r> ¦ ,,, , , i(ffr„, '""&-¦- Oio..x d i luiuj muiAKD -— Rua do Rosário n, 141, sobrado \ ¦ \ ÜWOUqa \>H Anno XV11I 0- ili da evolnçüQ XII Vimos que o ensino dado a Rous- taing, tornando o espirito, no inicio de sua evolução consciente c livre, absolutamente isento de todos os ves- tigios da animalidade, por cujas series acabara de passar, e na ultima das quaes deixara todos os seus instinetos, para ser restituido ao primitivo cs- tadò de simplicidade, ignorância c relativa pureza que o caracterisava no estado inicial de gérmen espiritua], antes de toda a evolução, deixa de pé, irresoluvcl c imperiosa, essa questão das causas que podem determinar o ser a se desviar do scu destino supe- rior e procurar, em logar do austero cumprimenio dos seus deveres mo- raes, a satisfação de condemnaveis paixões, que o rebaixam ao nivcl das * incar.náçõés materiaes. Assignalámos anteriormente que a essa solução de continuidade entre o espiritoe os seus estados inferiores, sob formas animaes, e a esse despo- jumento do perispirito em que se ha- viam gravado essas formas que elle, a cada nova incarnação na humani- dade, vem de novo affectar no seio materno, nas primeiras semanas da gestação, se oppòem os dados da observação e os esclarecimentos da physiologia psvchologica que, parti- cülarmenté no ponto de vista do conhecimento do perispito, projecta uma abundante luz sobre estes estudos, e procurámos demonstrar que á con- servação do invólucro perispirital, identicamente o mesmo que com elle evoluirá em todas as series inferio- res da animalidade, é que devia o espirito essa reprodiicção,em escorço, de todas essas formas inferiores que anteriormente revestira. Essa des- coberta trouxe comsigo uma conse- quencia de muito maisextenso alcance, c vem a ser que, se o espirito, che- gado á condição de humanidade, conserva esses vestígios exteriores da sua passagem na animalidade, tanto que os reproduz inconscientemente á cada reincarnação, nenhuma razão de ordem moral ou scientifica se oppõe a que, com a forma, tenha elle con- servado a essência que a caracterizava, isto é, as paixões, as aptidões, as tendências, os sentimentos, bons ou maus, que adquirira em tal passagem e que se constituíram a sua herança viva e necessária, mescla de superior ede inferior.dedelicado e degrosseiro, em uma palavra, de bem c de mal, cuja distineção lhe iam permittindo Mruzil Itio do Janeiro ÍMM» Janeiro 1 V^j^ftASÍGl^ - J as suas novas faculdades, no estado espiritual livre e consciente. D'ahi a razão das preferencias dadas pelo espirito a taes ou quaes arrastamentos, as más ou boas suggestões, que não vinham exclusivamente de fora, mas que tinham a sede no seu próprio toro intimo. Toda a sua tarefa nobre e santa tarefa, consistiria assim, estimulado pelos seus guias, cm se despojar pouco a pouco, c cada ve/ mais, dos appetites da matéria, que o inferiprizam e obscurecem, para dar maior c mais accentuada prepon- derancia ás solicitações moraes que o elevam lentamente, de felicidade em felicidade espiritual, ás culminancias illuminadas do seu esplendido des- tino. Difficil devera ser a lueta nos pri- meiros tempos : um longo contacto, infinitas vezessecular,estabelecera en- tre elle e a matéria condições de affini- dade que lh'a tornavam, por assim dizer, indispensável ; por isso mesmo era mais solicita e constante a assis- tencia dos seus guias. Como a creança, precisava ser conduzido pela mão. A' medida que, porem, de depuração em depuração, nos meios materiaes humanos, compatíveis com a sua fraqueza e ignorância, se fosse forro- lecendo e, propriamente, espiiituali- zando, a vigilância afrouxaria, e os seus passos, firmes c.seguros, se iriam effectuando, com uma independência cada vez maior, na via do progresso. Aquelles que, entretanto, surdos aos conselhos dos seus guias, se comprou- vesscmnaexclusividadedassolicitações d'essa matéria, necessária como meio depurativo, pedra de toque ao mesmo tempo para elles, e por esse modo se identificassem com essas condições retardariam consciente o voluntária- mente a sua ascenção aos meios espi- rituaes superiores. Livre—deixamol-o assigna.lado—não se pode contestar ao espirito a ampla applicaçáo d'esse at- tributo, e pois, como o dissemos, em que pese á exclusividade da formula adoptada, é lógico admittir que haja espíritos que,desde o inicio de sua evo- lução, se norteiem sempre pelo bem ou pelo mal—sabemos a significação que têm estas expressões.-— como os haverá que, em sua marcha, ten- dam ora num ora noutro sentido tal como a creança ainda, que não en- saia os primeiros passos, sem a expe- riencia de suecessivas quedas. D'estes nos parece que se deve compor a ge- ncralidade. E' esta a nossa opinião aqui emit- tida, calcada sobre as revelações dadas _.___„_._I IV 4L04 ao nosso mestre Allan Kardec, e so- bre os dados da sciencia e da obser- vação, e que tivemos necessidade de reproduzir em synthese, para cia- reza da argumentação que nos pro- puzemos desenvolver. Por esse modo, a solução do problema, assente sobre sólidas bases, se esclarece e se torna facilmente dcmonstravel. Vimos, porem, que o ensino dado a Ròtístaing contradiz es as conclusões e, como o dissemos no começo, deixa de pé, irresoluvcl e imperiosa, a quês- tão do movei das acções do espirito. Se este, penetrando no estado verda- deiramente espiritual, volta ás primi- tivas condições, tendo perdido tudo o que, pelo seu esforço, contribuirá para o individualizar^ não tem pai- xões nem sentimentos maus, e o que começa a adquirir reflecte a pureza d'esse ambiente sideral cm que, nos diz esse ensino, é considerado digno de viver exclusivamente, como pode elle ceder ás suggestões do mal, que não existe n'esse meio ? « Com a ambição nobre de aprender e de subir, aílirma a Revelação da Revelação, se insinua quasi sem- pre o orgulho ou a inveja.» Donde, porem, podem provir taes sentimentos? Se não se reflectem do exterior sobre o espirito, é claro que se geram no seu intimo, Como e porque? Não repetiremos as observações que esse ensino nos suggeriu no final do nosso ultimo escripto, mas sempre diremos, visto como, pelo que ex- puzemos sobre o livre arbitrio e que suppomos difficilmente refutavel, é necessário procurar sempre a razão, a causa de toda acção individual, que, se esses sentimentos se manifestam, é que elles existem no próprio ser, em estado de germen, que no momento propicio desabrochou e adquiriu uma existência real e definida. Quem os depositou dentro do ser?— Necessa- riamente o Creador. Ora, se quasi sempre esses germens maus adquirem sobre as deliberações do espirito üma acção preponderativa, irresistível, por assim dizer, c que assim aprouve ao Creador dotar as suas creaturas, fa- zendo que quasi todas tenham maior aptidão para o mal do que para o bem pois que, segundo esse mesmo ensino, raros são os espi ritos que, desde o inicio de sua evolução, seguem sim- pies e gradualmente a via do progres- so, sem nunca terem necessidade das incarnações materiaes. Não exageramos; respeitamos, ao contrario, religiosamente os textos da revelação citada, que muitos dos nos- sos confrades conhecem, para alguns dos quaes cila chega a ser inviolável e indiscutível. As nossas citações, como a que passamos a fazer, sem prejuízo da publicação que d'essa obra estamos fazendo integralmente n'esta folha, para sobre ella provocar o estudo e a meditação de que é digna, visam apenas orientar os nossos argumentos. Eis aqui, pois, o que adiante do trecho ja citado, e a propósito da divergência suscitada e das objecções oppostas, se nos não enganamos, no centro de estudos dirigido pelo nosso me.,tre Allan Kardec, disse o revelador de- taes ensinos: «Não; Deus é grande, justo, bom, paterna]; seus filhos nascem na sim- plicidade do seu coração: foi Deus quem o quiz; elles têm a liberdade de acção: é Deus quem lh'a concede; d ella fazem elles quasi sempre (o destaque da expressão em lettra maius- cuia é do próprio revelador) um mau uso : é que Deus, deixando ao espiri- to o uso do livre arbitrio, se retira, de alguma sorte, d'elle, para o abando- nar as suas próprias impressões» etc. Acatamos respeitosamente a eleva- ção dos ensinos dados a Roustaing sobre 0.9 4 Evangelhos, nos quaes tanta luz se vai encontrar para escla- recimento do estudo a que se reporta, como em geral da nossa doutrina^ em pontos essenciaes, e aqui mesmo consignámos o tributo da nossa ve- neração a essas revelações superiores. Mas, se nos é licita a franqueza, se o uso da razão em todas as investiga- Ções que reclamam taes estudos, con- tinua a ser, como o proclamou o nos- so mestre, um attributo indispensável dos spiritas imparciaes, tomaremos a liberdade de dizer que as não reputa- mos isentas dos vestígios da interven- ção humana. Temos mesmo para isso motivos que um dia talvez, mas a seu tempo, virão a lume. 5 No ensino que vimos de reprodu- zir, quem, de animo sereno e á luz \, do raciocínio, não sente toda a exten- são de uma monstruosidade attribui- da ao Creador?- Pois que o livre arbítrio não é uma causa, como pre- tendemos haver, posto que imperfei- tamente, demonstrado, pois que não passa de um attributo de opção, como pretender que no uso exclusivo do seu livre arbitrio tenham os espíritos um sufticiente- motivo deliberativo? Somos, pois, forçados a voltar ao argumento acima enunciado. Nin- guem age senão em virtude de um motivo interno, que diz respeito ao próprio fôro intimo, ou por uma so- licitação exterior de qualquer nature* za. Se, por conseguinte, os espiritos

Itio do Janeiro — ÍMM» — Janeiro 1 I IV 4L04 0- ili da ... · pois que, segundo esse mesmo ensino, raros são os espi ritos que, desde o ... de outri s mund.»s. Não julgamos,

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H^B

ASSIGNATURA ANNUAL*ap 6-5000

PAGAMENTO ADIANTADOPUBLICA-SE NOS DIAS 1 E 15 DE

CADA MEZ

Ti

PERÍODÍCO EVOLÜCÍONÍSTA

ORGÁO DÂ FEDERAÇÃO SPIRITA BRÂZILEIRA

ASSIGNATURA ANNUALEstrangeiro . . 70000

PAGAMENTO ADIANTADOPUBLICA-SE NOS DIAS 1 E 15 DE

CADA MEZUfffA

ioda correspondênciadeve ser dirigida a PEDRO RiriíAiíh t> a r> ¦ ,,, , , i(ffr„, '""&-¦-

Oio..x d i luiuj muiAKD -— Rua do Rosário n, 141, sobrado \ ¦ \ ÜWOUqa \>H

Anno XV11I

0- ili da evolnçüQXII

Vimos que o ensino dado a Rous-taing, tornando o espirito, no iniciode sua evolução consciente c livre,absolutamente isento de todos os ves-tigios da animalidade, por cujas seriesacabara de passar, e na ultima dasquaes deixara todos os seus instinetos,para ser restituido ao primitivo cs-tadò de simplicidade, ignorância crelativa pureza que o caracterisava noestado inicial de gérmen espiritua],antes de toda a evolução, deixa de pé,irresoluvcl c imperiosa, essa questãodas causas que podem determinar oser a se desviar do scu destino supe-rior e procurar, em logar do austerocumprimenio dos seus deveres mo-raes, a satisfação de condemnaveispaixões, que o rebaixam ao nivcl das

* incar.náçõés materiaes.Assignalámos já anteriormente que

a essa solução de continuidade entreo espiritoe os seus estados inferiores,sob formas animaes, e a esse despo-jumento do perispirito em que se ha-viam gravado essas formas que elle,a cada nova incarnação na humani-dade, vem de novo affectar no seiomaterno, nas primeiras semanas dagestação, se oppòem os dados daobservação e os esclarecimentos daphysiologia psvchologica que, parti-cülarmenté no ponto de vista doconhecimento do perispito, projectauma abundante luz sobre estes estudos,e procurámos demonstrar que á con-servação do invólucro perispirital,identicamente o mesmo que com elleevoluirá em todas as series inferio-res da animalidade, é que devia oespirito essa reprodiicção,em escorço,de todas essas formas inferiores queanteriormente revestira. Essa des-coberta trouxe comsigo uma conse-quencia de muito maisextenso alcance,c vem a ser que, se o espirito, che-gado á condição de humanidade,conserva esses vestígios exteriores dasua passagem na animalidade, tantoque os reproduz inconscientemente ácada reincarnação, nenhuma razão deordem moral ou scientifica se oppõea que, com a forma, tenha elle con-servado a essência que a caracterizava,isto é, as paixões, as aptidões, astendências, os sentimentos, bons oumaus, que adquirira em tal passageme que se constituíram a sua herançaviva e necessária, mescla de superiorede inferior.dedelicado e degrosseiro,em uma palavra, de bem c de mal,cuja distineção lhe iam permittindo

Mruzil — Itio do Janeiro — ÍMM» — Janeiro 1

V^j^ftASÍGl^ -J

as suas novas faculdades, no estadoespiritual livre e consciente. D'ahia razão das preferencias dadas peloespirito a taes ou quaes arrastamentos,as más ou boas suggestões, que nãovinham exclusivamente de fora, masque tinham a sede no seu própriotoro intimo. Toda a sua tarefa —nobre e santa tarefa, — consistiriaassim, estimulado pelos seus guias,cm se despojar pouco a pouco, c cadave/ mais, dos appetites da matéria,que o inferiprizam e obscurecem, paradar maior c mais accentuada prepon-derancia ás solicitações moraes que oelevam lentamente, de felicidade emfelicidade espiritual, ás culminanciasilluminadas do seu esplendido des-tino.

Difficil devera ser a lueta nos pri-meiros tempos : um longo contacto,infinitas vezessecular,estabelecera en-tre elle e a matéria condições de affini-dade que lh'a tornavam, por assimdizer, indispensável ; por isso mesmoera mais solicita e constante a assis-tencia dos seus guias. Como a creança,precisava ser conduzido pela mão. A'medida que, porem, de depuraçãoem depuração, nos meios materiaeshumanos, compatíveis com a suafraqueza e ignorância, se fosse forro-lecendo e, propriamente, espiiituali-zando, a vigilância afrouxaria, e osseus passos, firmes c.seguros, se iriameffectuando, com uma independênciacada vez maior, na via do progresso.Aquelles que, entretanto, surdos aosconselhos dos seus guias, se comprou-vesscmnaexclusividadedassolicitaçõesd'essa matéria, necessária como meiodepurativo, pedra de toque ao mesmotempo para elles, e por esse modo seidentificassem com essas condiçõesretardariam consciente o voluntária-mente a sua ascenção aos meios espi-rituaes superiores. Livre—deixamol-oassigna.lado—não se pode contestar aoespirito a ampla applicaçáo d'esse at-tributo, e pois, como o dissemos, emque pese á exclusividade da formulaadoptada, é lógico admittir que hajaespíritos que,desde o inicio de sua evo-lução, se norteiem sempre pelo bemou pelo mal—sabemos a significaçãoque têm estas expressões.-— comoos haverá que, em sua marcha, ten-dam ora num ora noutro sentidotal como a creança ainda, que não en-saia os primeiros passos, sem a expe-riencia de suecessivas quedas. D'estesnos parece que se deve compor a ge-ncralidade.

E' esta a nossa opinião já aqui emit-tida, calcada sobre as revelações dadas

_. ___„_._ I IV 4L04

ao nosso mestre Allan Kardec, e so-bre os dados da sciencia e da obser-vação, e que tivemos necessidade dereproduzir em synthese, para cia-reza da argumentação que nos pro-puzemos desenvolver. Por esse modo,a solução do problema, assente sobresólidas bases, se esclarece e se tornafacilmente dcmonstravel.

Vimos, porem, que o ensino dado aRòtístaing contradiz es as conclusõese, como o dissemos no começo, deixade pé, irresoluvcl e imperiosa, a quês-tão do movei das acções do espirito.Se este, penetrando no estado verda-deiramente espiritual, volta ás primi-tivas condições, tendo perdido tudoo que, pelo seu esforço, contribuirápara o individualizar^ já não tem pai-xões nem sentimentos maus, e o quecomeça a adquirir reflecte a purezad'esse ambiente sideral cm que, nosdiz esse ensino, é considerado dignode viver exclusivamente, como podeelle ceder ás suggestões do mal, quenão existe n'esse meio ?

« Com a ambição nobre de aprendere de subir, aílirma a Revelação daRevelação, se insinua quasi sem-

pre o orgulho ou a inveja.» Donde,porem, podem provir taes sentimentos?Se não se reflectem do exterior sobreo espirito, é claro que se geram no seuintimo, Como e porque?

Não repetiremos as observaçõesque esse ensino nos suggeriu no finaldo nosso ultimo escripto, mas semprediremos, visto como, pelo que já ex-puzemos sobre o livre arbitrio e quesuppomos difficilmente refutavel, énecessário procurar sempre a razão, acausa de toda acção individual, que,se esses sentimentos se manifestam, éque elles existem no próprio ser, emestado de germen, que no momentopropicio desabrochou e adquiriu umaexistência real e definida. Quem osdepositou dentro do ser?— Necessa-riamente o Creador. Ora, se quasisempre esses germens maus adquiremsobre as deliberações do espirito ümaacção preponderativa, irresistível, porassim dizer, c que assim aprouve aoCreador dotar as suas creaturas, fa-zendo que quasi todas tenham maioraptidão para o mal do que para o bempois que, segundo esse mesmo ensino,raros são os espi ritos que, desde oinicio de sua evolução, seguem sim-pies e gradualmente a via do progres-so, sem nunca terem necessidade dasincarnações materiaes.

Não exageramos; respeitamos, aocontrario, religiosamente os textos darevelação citada, que muitos dos nos-

sos confrades conhecem, para algunsdos quaes cila chega a ser inviolávele indiscutível. As nossas citações,como a que passamos a fazer, semprejuízo da publicação que d'essa obraestamos fazendo integralmente n'estafolha, para sobre ella provocar o estudoe a meditação de que é digna, visamapenas orientar os nossos argumentos.Eis aqui, pois, o que adiante do trechoja citado, e a propósito da divergênciasuscitada e das objecções oppostas,se nos não enganamos, no centro deestudos dirigido pelo nosso me.,treAllan Kardec, disse o revelador de-taes ensinos:

«Não; Deus é grande, justo, bom,paterna]; seus filhos nascem na sim-plicidade do seu coração: foi Deusquem o quiz; — elles têm a liberdadede acção: é Deus quem lh'a concede;— d ella fazem elles quasi sempre (odestaque da expressão em lettra maius-cuia é do próprio revelador) um mauuso : é que Deus, deixando ao espiri-to o uso do livre arbitrio, se retira, dealguma sorte, d'elle, para o abando-nar as suas próprias impressões» etc.

Acatamos respeitosamente a eleva-ção dos ensinos dados a Roustaingsobre 0.9 4 Evangelhos, nos quaestanta luz se vai encontrar para escla-recimento do estudo a que se reporta,como em geral da nossa doutrina^em pontos essenciaes, e aqui mesmojá consignámos o tributo da nossa ve-neração a essas revelações superiores.Mas, se nos é licita a franqueza, se ouso da razão em todas as investiga-Ções que reclamam taes estudos, con-tinua a ser, como o proclamou o nos-so mestre, um attributo indispensáveldos spiritas imparciaes, tomaremos aliberdade de dizer que as não reputa-mos isentas dos vestígios da interven-ção humana. Temos mesmo paraisso motivos que um dia talvez, masa seu tempo, virão a lume.

5 No ensino que vimos de reprodu-zir, quem, de animo sereno e á luz \,do raciocínio, não sente toda a exten-são de uma monstruosidade attribui-da ao Creador?- Pois que o livrearbítrio não é uma causa, como pre-tendemos haver, posto que imperfei-tamente, demonstrado, pois que nãopassa de um attributo de opção, comopretender que no uso exclusivo doseu livre arbitrio tenham os espíritosum sufticiente- motivo deliberativo?Somos, pois, forçados a voltar aoargumento acima enunciado. Nin-guem age senão em virtude de ummotivo interno, que diz respeito aopróprio fôro intimo, ou por uma so-licitação exterior de qualquer nature*za. Se, por conseguinte, os espiritos

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delinqticm quasi sempre, é porque culadaé a elevação dos seus, ensinos,Deus cs dotou, em geral, de inaisac- cuja vitalidade sc acha consagradacentuadás aptidões para o mal do que I pela resistência, dezenove vezes secu-para o bem, pelo qual só se definemalguns, raros, eleitos, os quaes, porsua vez, se assim sc revelam é, emvirtude da applicação do mesmo prin-

nelles a propoi ção d'es-t -

-.*¦"¦, a Gissoluçao das Orgias sa cer cio-taes, é que vamos fortalecer o nossoanimo e haurir inspirações o forçaspara ai Ironia r a travessia asperrimá davicia.

"lodo esse amor, porem, toda essasas aptidões se acha invertida, c elles

foram creados mais aptos para o bem veneração, ungida de respeito edido que para o mal. Que culpa terão admiração, não nus deve conduzir tientão aquelles desgraçados de que | esses extremos condemnaveis dosa Sabedoria e a Omnipotencia lhes clL1c, não podendo de,fical-o uma sc-

- 1900 —Janeiro 1mt«JaiBlt__tiu/it une1 'MtmlilitiilujtMjEMiZ/âiii

! ti mos igualmente sem reluctancia que| presidiu, como espirito puro que já

j então era, preposto a essa missa»., tal

I como o terão feito e farão mu.tos mi-

j tros nas mesmas condições, a respeitode outri s mund.»s. Não julgamos,porem, duvev adiuiltir, ;t vista de

s^wmsBãmmimaasrjismssisiiBTsm

tenha armado ;i própria l;aqum laço de que só poucos privilegia-dos, pelo motivo apontado. con'se

gunda vez, sc comprazem cm apre-sental-o, ao lado de raros outros ei.i-' >s,como umfavoritodo aniòr-doOm-

guem escapar? A esses privilegi; dos j nipotente, sem se lemorarem cie qi.concede esse Deus parcial, como! saltando o tilho portal modo é -prêmio da sua preferencia na d itaçâo j ' ae c\uc cni seus attributos cheam -tde taes aptidões, a bemaventurança e ie|-)aixar, creando odiosas excepçõesa felicidade cm plena luz, desde o ini- j

' ll'clue—repetimol-o— retirar aos es-cio da existência, ao passo que ;u >s j P-ritos -' das as acquisições anterioresoutros, que não tèmculpa de terem I restituil.-os ao estado de simplicidade' ignorância primitivas e fazel-os en-

gir exclusivamente por livre ar-

tudo o que expüzémos, que sejamrarqs taes espirit s, nem que ;i suaopção, dedo o começo, sc tenha dadodo modo fortuito por que o preteri-dem. Segundo a concepção que temosda bondade o da justiça infinitas deDeus, pensamos, ao contrario, que,sc elle fosse susceptível de influenciar

os espiritos, porlhes conferir maioreso. o

taobitrio, e coJlocal-os, quanto ás sua,opções, na exclusiva dependem Ja dal™i< i'Qu menor extensão das aptidõesd." que pelo Creador foram dotados.

teremsido tão mal aquinhoados, reservarudes provações, para chegar decertoás mesmas culminancias, mas atravezdos dolorosos soffrimentos das incar-nações materiaes. Será isto compati-vel com o conceito que temos daEquidade e da Justiça por excclleri- | p.c >eíUL' ° Iivrc arbítrio—-seja-nos li-cia? Não será.mais unia vez, reeditar j Clt0 °liíGr aíncfa uma vez—não é em si

mesmo uma causa determiriativa. Oraessas aptidões, no prisma da justiçaabsoluta que devemos attribuir aoCreador. não podem deixar de ser per-leitámente igtiaes cm todas as creatu-ras. A selecção, como o expuzemòs no

a velha theoria do Jchovah cioso

.1.

parei aMas julgamos perceber as sugges

tões em que taes ensinos sc inspi-rapam.

O Divino Mestre foi portador deuma doutrina tão santa, tão cheia degrandeza e de sabedoria, a sua vidainteira,desde o nascimento, encerrai!-do um eloqüente exemplo de humil-dade, ale á agonia despedaçadora noCalvário, com o perdão nos lábios eo espirito puríssimo em comum-nhão perfeita com o Pae, a ampa-ral-o do alto dos esplendores celestes,é de tal modo um evangelho vivo debondade e doçura, como jamais pre-sehciara a torra, que a humanidadecrente, na distancia de dois mil an-nos em que o contempla, aureoladode luz no pântano da terra, que nãoo conspurcou, não se [iode conformarcom a idea de n'elle, no Christo, nomeigo e divino pastor, ver uma crea-

aptidões cm um ou outro sentaifaria ames no do bem do que no domal. e então o inverso se daria da pro-posição contida n'aquelle ensino, istoé,rar s seriam os espiritos que, comonósyse desviariam da sénda da verdadee do amor e se tornariam passíveisd-estas provações que nos acabrtinhame que conscientementeattrahimossò-bre as nossas cabeças, pelo nosso cri-minoso procedimento no passado.

Qual das duas theorias honrarámais o Creador, nos seus attributosinfinitos ?

Leopoldo Cl RN}

começo, sc fará depois, no estadoconsciente e livre, effectuado o tra-balho anterior de individualizarão nasseries naturaes inferiores.

O que parece realmente extraordi-narioéque os que admittem para oChristo, como para todos o.s espiritos,sem cxccpçâo de um só, a necessida-de d'essa evolução nos mais inferio-'"es remos chi creação, sc òppõnham-> continuidade da evolução no seioda humanidade, como um trabalhonecessário e depurativo dos vestígiosadi adquiridos. Quizeram estabellcer, entre esse passado humilde e oestado de verdadeiro espirito, umabarreira de esquecimento e de ausen-cia de toda affinidade, para asism me-

NOVO ANNO

tura idêntica a nó., a iodos o.s respei- I lhor dignificarem a personalidadeimtos, um homem sujeito ás mesmas ! rissima do Divino Mestre e não re-vicissitudes e á mesma lei de eterna , pararam em cpie, por esse modo"e pe-cidade. |

las conseqüências que d'ahi decor-Certo, como spirita e crente, não rem. rebaixavam Deus nos seus altri-butose.se encurralavam n'uma hypo-these, contra a qual mijitam pondero-

podemos deixar de experimentar poiJesus es>e amor reconhecido, cpie'orça

quasi pela adoração, essa admi- sas razões de ordem moral e >cicnii-ração, esse aífecto, que sentem todos j fica.os que, de animo simples, uma vez | Que os que perfilham taes idéasanalysaram a sua obra c cfclla, por as- | sem lhes medir o alcance, nos não in-sim dizer, viram resaltar, como de um | cíepem de desrespeito íVeste modo denymbtts luminoso, a sua peregrina ; falar, nem nos attnbüam injustamen-figura ; jamais nos subtrahimos a | te, a respeito de Jesus, intuitos depri-uma certa impressão de extasis, toda j mentes que seriam um Oppobrio e umvez que o nosso pensamento, attri- eterno remorso para nós. Não.bulado ou satisfeito, o procura em Admittido, como o íizemos, cm boaespirito nas regiões immateriaes, de lógica, a variedade de applicação daonde a sua caridade sem limites jor- j

liberdade pelo espirito, desde o iniciora de continuo sobre as ovelhas dos- de sua evolução espiritual, apenas comgarradas do rebanho que elle asse- as restricções compatíveis com a suagurou ao Pae conduzir integral- condição ignorante e fraca, não ternosmente ao promettido aprisco. Nos a menor duvida em concordar em quemomentos de amargura, como nos demeditação e de recolhimento, são osseus Evangelhos que collocamos sobos olhos, e ahi, rememorando os ai-tissimos exemplos da sua vida imma-

) Christo c um dos espiritos que desdeo seu inicio sc nortearam sempre pelosseus deveres moraes e pelo bem,n'uma época certamente anterior aonosso globo, á cuja formação admil-

Não é do nós que deveremos aqui nosoecupar. Nem merecem os obscuros ser-viços que, n'esta humilde tenda, nos es-forçamos por prestar á causa superior dapropaganda spirita, a mais ligeira refe-renda. Dezeseto annos de um labor con-tinuo... Que vale isso, pelos exíguosfruetos produzidos, em relação a tudo oque nos resta investigar o esclarecer?Quo sabemos nós c o que podemos nósfazer para tornar conhecida o, sobretudo,amada esta doutrina (pie um dia assumi-mos o grave compromisso de levar, naevidencia documental dos seus ensinos ona doçura consoladora das suas revela-ções, prestigiada e engrandecida, no cora-ção do povo o a todos os espiritos traba-lliados pela incerteza ou ignorância dosmysterios da immortalidãde? Pregamosao menus como exemplo? Os que nos'titulamos apóstolos da nova revelação,todos os que publicamente nos apresen-tamoscomo representantes o/liciaes dospiritismo, procuramos ao menos, comoo Christo, pôr os nossos actos de accordocom os ensinos que pregamos?

Desgraçados de nós, que, demasiadoconfiados na nossa fragilidade, expomoso sagrado deposito ao fracasso da nossaP.ropria incapacidade! Onde estão osapóstolos? Onde o.s missionários? Vohm-tarios Promethous, tiveram um dia em*eu seio a palavra libertadora, a chaveda grandeza actual da sua missão e dasua felicidade futura, chegaram a realizarprodígios, tiveram um momento em suasmãos o segredo da victoria aceelerada dacausa que esposaram, c, criminosos, re-pudiaram 0 seu apostoladp o se acorreu-taram conscientemente ao Caucaso desuas paixões, do suas fraquezas condem-naveis.

Prega-se com a palavra. . .Onde estãoas obras quc ediflquem os corações ?Porventura não terão sido os actos daigreja e do.s seus sacerdotes, em contra-dicção COUl n<? nnc'..,^. a tos ensinos do Jesus, ape-nas, como um sarcasmo, ,10s seus la-bios, a causa da sua decadência e da es-

lerilidade dos seus dezenove séculos dodominio?-- ,\ hvnnnnici- «ir. .o,; ¦ ,-v uypoçiisia, eis alu o po-

j "go.Emquanto não collocarmos acima-do

egoistno o das paixões que nos amesquhnham o austero cumprimento dos deveres

I Para com a humanidade, nossa irmã;ooicfüantp o amor, o verdadeirò^amorquegera os manyros o 0s santos', não passar1,;||,;- Pó:s de-uma palavra sem sentido ;omquanto formos iudifíbrentes ás mise-nas, aos soffri mentos physicos ou moraesdos nossos semelhantes, csquivàndomosperlidamente com capeiosos e Iiypocritàspretextos ; emquanto nâo soubermos tera caridade activa e diligente, que se des-pqja até do necessário para acudir aosinfelizes; emquanto formos tolerantes ecriminosamente indulgentes para as nos-sas misérias moraes,o cruéis e inílexiveispara as alheias fraquezas; emquanto,n-üma palavra, tivermos, antes-de tudo,o culto do egoísmo o do orgulho, o formosavarentos, sensuaos, vaidosos, cheios deambição e, não raro, mercantis, com queautoridade nos apresentaremos a evan-gelizarás multidões?Como poderá a nos-saahna. envolta em trevas, desprender-se até ás longínquas alturas de onde jorraa luz, que é sabedoria ?

Purifiquemos, pois, o nosso espirito,déspojcmol-o do todos os attributos degrosseira materialidade que o obscure-cem, e, senão sentimos as necessáriastorças para ser verdadeiramente os ími-tadores de Jesus, façamos ao menos comoos contemplativos do Oriente que, á forcade se subtrahirem aos attractivos da ma-teria, pela meditação das coisas santas,chegam a remontar aos estados espiri-tuaes dos exfasis.isto é, chegam até ápe-netraçâo do divino c ao conhecimento dasverdades superiores, as quaes, para seremcomprchendidas, reclamam condições depureza que tanto negiicenciamos.

Estas dolorosas verdades, (pio por igualse podem ápplicar aos que caminhamosna vanguarda, em todos os núcleos arre-gimenlados, e aos mais humildes traba-lhadores desta seara, em que haoccupaçãopara todas as aptidões,são uma advertemcia necessária no actual momento, em quoo predomínio do ufililarismo, invadindotodos os espiritos, ameaça destruir a obraque tamanhos sacrifícios reclamou doseu abnegado fundador.

A época é decisiva—nâo nos illudamos.Graves são as responsabilidades dos quehypothecaram os seus serviços á reno-vação moral que se vai operando o quoha muito começou. Um anno mais acabado findar. _\'elle pecorreram factos deimportância, dentre os quaes avulta arealização do congresso espiritualista deLoiidrès, cujos resultados é cedo aindapara que possam ser verificados, masque não poderão deixar de redundar emincremento e beneficio das idéas o dosproblemas espiritualistas que em seu seioh 'ram agitados.

Começa o derradeiro anno do séculode que somos filhos : mais alguns mezes,e estaremos cm pleno alvorecer do séculoXX. ]']', pois, uma nova era que vaicomeçar. De resto, tudo nos indica que oactual momento é de crise c de renova-ção. Revoluções parciaes sc produzem nooutro continente. As velhas sociedades,desmoralizadas nos seus preconceitos onas suas prerogativas absurdas, come-çam a sc inquietar com o ruído que cmtorno do seu fausto produzem os famin-tos o os expoliados. Uma poderosa nação

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REFORMADOR— 1900 — Janeiro 1

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sento vacillar o sceptro do seu orgulhosodomínio. E' a África conquistada o op-primida, em cujas florestas echòa o es-trepito do canhoneio, o instrumento visi-vel dessa humilhação providencial, «por-que os que so exaltam serão humilhados.»Uma nova ordem de coisas se prepara.Do mesmo modo que na natureza physicaa renovação se opera em phases periòdi-cas, a sim também na ordem moral asépocas de recònsti.tuição vem succecler ásde decadência e desprestigio. Do modoque, com a divulgação do spiritismo o coma sua rápida diíFusiío, por assim dizer,no mundo inteiro, pareci; deverem coin-cidir calaclysmos sociacs que, subverteu-do a odiosa ordem existente, virão favo-recer o seu estabelecimento. E' tempo jádequocosseo predomínio das mentiras,impostas criminosamente á sombra ou árevelia do Evangelho, e do qúe. definiu-vãmente, depois de dezenove séculos debanimento, elle possa vir a ser o códigodos povos.

Um congresso spirita so prepara paraa capital da França, por oceasião da ex-posição universal que so vai inaugurar.Importantes são as questões que deverãoalli ser debatidas, c ocioso é encarecer asua significação.

Preparemo-nos, pois, moral o iiitello-cttiálmonte, para quo possamos partilhardos fruetos dessa larga sementeira, quenão aguarda senão o amanho dos nossosesforços, eque por toda a parto so espa-lha providencial mente.

Ai dos descuidosos e dos negligentesquo se deixarem surprehcndor quandosoar a hora, que vem próxima e que porgrande prenuncios já se vem assigna-ando.

O armo que findou não foi de todo es-teril, graças aos trabalhos no sou do-curso eflectuados e, também, certamente,ao impulso quen'csses doze mezes a nossadoutrina adquiriu ; mas o que hoje prin-cipia se nos afigura promissor de suecos-sos maiores e de maior fertilidade. Que,pois, os trabalhadores de boa vontade es-tejam vigilantes. Sirvam-lhes as suaspróprias fraquezas, na porniciosidadodosseus fruetos, de estimulo a mais nobrescommettimcntos, e seja esse o seu corre-ctivo salutar.

Unidos n'um mesmo espirito do sonda-riedade, identificados em um objectivocomrnun, pela verdade o pelo bom, estrei-temo-nos fraternalmente as mãos n'estedia solemne, e permutando o oscnlo dapaz, todos os que constituímos a grandefamilia spirita universal, tomemos o com-promisso de abominar definitivamente emnós o erro o a maldade, e dora cm dian-to, pelo monos, não trabalhar senão pelajustiça, pela frafernidadado e pelo amor.

NOTICIASREFORMADOR

Fieis á nossa promessa, começamos aimprimir cm melhor papel a nossa fo-lha, e damos a edição de bojo om G pagi-nas, as quaes ainda foram insuílicientespara agasalhar toda a matéria originalque Unhamos em nosso poder á espera donecessário espaço, do sorte que fomosobrigados a retirar vários artigos de col-laboração, entre outros a narrativa deum caso notável de cura de obsessão me-diante o spiritismo, o qual teve por thea-tro um dos Estados da America do Norte,narrativa que nos foi enviada, devida-mente traduzida, por um prestimoso con-frade.

A' parto essa lacuna involuntária,procuramos tornar a presente edição danossa folha'provida de abundante o varia-da leitura, contendo,alem das soeções ha-bituaes, vários trabalhos dignos de es tu-do, como a narração do curiosos o ex-traordinarios phónomenOs óccorridos re-centemente n'esta capital, no bairro doAndarahy, os quaes se tornam credores deinteira Io, sobretudo pela insuspeiçào donarrador que, ao critério e hõnorabi-lidade que o distinguem, ai lia a qualidade,preciosa em casos taes, de ser completa-mento alheio ás cogitações do spiritismo.

A'atteii(;ão dos nossos confrades e leito-res cremos desnecessaiio recommendaressas interessantes publicações.

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JESUSJulgamos sulliciente, como epigraphe

a esta noticia, a enimeiaçáo simples doseu nome. Na brevidade das duas syllabasque o compõem, encerra tanta doçura, sócomparável á da doutrina com quo, a pardos mais peregrinos exemplos da suavida immaculada, ello felicitou o mundo,indicando-lho seguro o norte da felicidade,quo declinal-o, não como um simples ap-pellativo convencional, mas com toda aeííusào d'alina,ungida de aílectoe de gra-tidão, ó tudo quanto se Iho podo consa-grar om oblaçòes e como panegyrico, ro-memorando a data em que a torra se co-briu do galas para o receber, e o ether,povoado dos grandes espiritos meiisa-geiros da luz, vibrou unisono n'um Ire-mito amoroso,polo advento do enviado doAltíssimo, quo vinha evangelizar a ver-dade o a fraternidade humana.

A Federação Spirita Brázileira,que on-tre as suas datas solemncs incluiu a donascimento do Redemptor, não podia sesubtrahir ao cumpriineuto d'esse grátis-simo dever, e pois, no dia 25 de dozem-bro findo, á 1 hora da tardo,so reuniu emsessão extraordinária, para essa comme-moraçáo.

Presidiu-a o nosso querido chefe Dr.Bezerra de Menezes que, depois de longaausência, por enfermidade, reassumiu oseu indisputável posto,e o que foi a suaora-ção, na espontaneidade e na elevação dosconceitos, coque foi essa magestosa so-lemnidadé por elle dirigida,não é a nossainhabil penna que poderá descrever.

Os que a ella assistiram guardam-lhe ainolvidavcl reininisconcia, como a de uniafesta verdadeiramente christã, ú que oconcurso de senhoras, notável pelo seunumero, trouxe esse encanto e esse pre-stigio quea alma da mulher sabe em tornode si irradiar. De resto, a sala regorgita-va do assistentes, que se apinliavam atétora das bancadas,sendo de notar o reco-lhimento o a intima satisfação que, n'essacompacta multidão, se refleetia em todosos semblantes.

Elle, o Divino Mestre, era digno d'essahomenagem de tantos corações reconheci-dos, que lh'a renderam espontânea, sinco-ra o emocional.

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Na importante obra do Dr. Peebles,notável propagandista e philantropoamericano, intitulado Tres viagens uoredor do mundo, so encontram variascommunicações do mundo espiritual, quoderramam muita luz sobre pontos con-Irovcrsos da historia e da doutrina quoprofessamos. Entre ellas vem a seguinte,dada pelo espirito de Aarão Knigt, umdos elevados guias dos seus trabalhos :

«Nós não podemos traçar uma linhadivisória entre a matéria physica e a sub-staiicia espiritual; ellas se cntrecruzaine confundem. Ila átomos e partículasmoleculares da matéria physica que, emsua mais alta sublimaçáo, são talvezmais ethereos do quo qualquer porção dasubstancia espiritual. Ella ó instável osobo om todos os sentidos.

Ua possibilidade do um gorilla se mos-trar mais intelligcnte do que o homemdas mais baixas tribus ; mas notaiquo o gorilla attingiu a meta da sua in-lelligcncia, ao passo que o homem dasmais baixas tribus está na linha das pos-sibilidades humanas.

Todos os inseefos, os repus venenososo os brutos, são esfrueturas vacillantese imperfeitas, o nâo é lógico pregar-se aimmortalidade da imperfeição.

A abôbada não será estável sem a suachave arcliitectoriica.»

Parecerá primeira vista, que o espiritonega a immortalidade aos quo chamamosivracionaes ; mas não são essas as suasideas. Ello nega que os seres pertenceu-tos a essa classe continuem a pertencer adia indefinidamente. Elles morrem paraa classe, entrando em outra superior.

A uma outra pergunta do Dr. Peebles,o mesmo espirito respondeu :

«Como pediste, indaguei do João (oEvangelista) quem era a dama eleita aquem elle so referiu na sua segunda epis-tola. A resposta foi quo era unia expres-sao symbolica, referindo-se á religiãochristã em sua pureza. Era a dama desua fé, a religião mais espiritual daquelletempo.»

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A ATLANT1DADiversos espiritos, cujo saber so pa-tenteia cm lúcidas mensagens, c en-tre elles o do Aarão Knigt, deram aomesmo citado dr. Peebles informações

sobre a sudmersão do continente NovaAllan/.ida, a que todos nós nos referi-mos em termos vagos, como sose tratassede uma lenda.Dizem elles que, no local onde hojedescobrimos os innumeros arctíipelagòs

da Polinesia o da Mycronesia, existiu emtempos já muito distantes um vasto con-tinento, onde se desenvolveu uma altacivilização attestada pelas grandiosas rui-nas que apparcccm ainda cm muitasdessas ilhas ; que esses munumentosremontam a um periodo que teve seuinicio cerca de cincoonta mil annos antesda era christã ; que esses povos, cm suaslendas attribuiam a seus paes uma an-tiguidado superior ainda a cincoenta milannos, o finalmente quo nas proximida-des do anno nove mil antes da nossa oradeu-se a tremenda catastrophe emque grande parte do continente desappa-receu.

Quanto aos povos quo ahi viviam, osmesmos sábios espiritos dizem que já ahielles apresentavam osgermens das idéase instituições quo depois se desenvolve-ram no seio das diversas ramificações dafamilia aryana ; ao passo que os restosdispersos das construcções nessas ilhasnos indicam quo ahi também nasceu a ei-vilização dos amarellos.

Quando Platão viajou pelo Egypto, ossacerdotes lhe disseram que seus paes ti-nhamsido contemporâneos dessa enormecatastrophe; o quo fica justificado pelacommunicação recebida.

Federação Spirita BrázileiraNa próxima sexta-feira 5, devem se

reunir om assemblèa geral os membrosda Federação, para procederem á ciei-ção da nova directoria, á qual ficarãoconfiados os destinos da sociedade no cor-rente anno, c para prestação das contasda thesouraria.

Ocioso nos parece encarecer os mo ti-vos d/essa reunião, pois que se tratados interesses fuiidamcntaes da sociedadeque tem ligada a sua existência á própriacausa da propaganda spirita no Brazil,c não precisamos recordar aos nossos ir-mãos, que a ella pertencem, que a au-sencia de qualquer d'ellcs significa a re-nuncia de um incontestável direito dovigilância c, mais do que isso, a pôster-gação de um dever, imprcscriptivel paratodos.

A reunião se cllectuará ás 6 1/2 horasda tardo em poiito.

ASSOCIAÇÕESEm assemblèa gorai, efíectuada a 19

de novembro passado, elegeram os mem-bros do grupo spirita ((Allan Kardec»,do Rio Grande, a seguinte directoria,para o segundo anno social, iniciado nadata mencionada :

Presidente, Francisco Vieira PaimPamplona; vice-presidente. Theòphilq doAzevedo Junior ; exhortador, RodolphoJosé Gomes; 1." secretario, Antônio Go-mos R. Goutinho ; 2." secretario, JoãoIgnacio do Mello ; thesoureiro, Lino Au-relio T. Porto ; directores, Paulo de Ma-galhães, Adelda Fonseca Torres, AntônioDias da Silva e Júlio Monteiro da Rocha.

Com os nossos agradecimentos pelacoininiinicaçào que gentilmente nos fize-ram os operosos confrades, que tão de-dicadamento so collocaram na vanguardado movimento spirita no Rio Grande doSul, d'aqui lhes enviamos as nossas feli-citações pela prova de alta confiança quomerecidamente lhes foi conferida, coma investidora de taes cargos que,estamos certos, saberão honrar como unisagrado ministério, promovendo, a pardo desenvolvimento e prosperidade dogrupo, em boa hora confiado á sua com-petencia, a vulgarização bem orientadados princípios básicos da nova revelação,sem vistas exclusivas c tão integralmente,no seu triplico ponto do vista philosophi-co, moral e scientifico, como a funda-montou sobro sólidas bases o nosso ve-nerando mostre Allan Kardec.

Assim estamos certos de que agirãoos nossos irmãos do Rio Grande, em bemda unificação de vistas c da hoinogenei-dade entro todos os religionarios da mo-derna doutrina, para o que não lhes faltam,nem aptidão, nem o critério necessário.

O grupo spirita «João Baptista,» haonze annos fundado no Amparo, municipiodo Bom Jardim, estado do Rio de Janeiro,acaba do nos obsequiar com a remessade uma photographia collectiva de suadirectoria, composta dos sogunites con-frades :

Presidente moralizador, Eugênio Gripp;presidente annual, Jorge G. Kermesdoríí;vice-presidente, Pedro A. Gripp ; 1.°secretario, (vago); 2.° secretario Gudher-me L. Gripp; 3: ° secretario, Antônio Fran-cisco Lugan ; thesoureiro, Jorge A.Gripp;bibliothecario, João G. Frossard ; mem-bros da commissão, Manoel A. Monteiro,Jeronymo A. Frossard, João Lambelet ellermenegildo J. Gripp; íiscaes, FranciscoM. Gripp o João J. Maximiano Gripp.

Segundo a communicação que nos foiendereçada com a referida photographia,o prestigioso grupo já dispõe de um pre-dio de sua propriedade, onde funeciona,inaugurado a 24 do junho de 1898, oquo constituo evidente symptoma daprosperidade quo desfrueta.

_ Fazemos votos por que, no ponto devista moral da propaganda, correspon-dam os seus benelicios ao grau d'essaprosperidade, por assim dizer, material,do que, aliás, é uma garantia a honora-bilidade dos confrades depositários dosseus destinos, justamente empenhadosom tornar a benemérita instituição cadavez mais forte e mais fecunda, no terrenoda divulgação dos ensinos fundamon-taes do spiritismo.

Isto que deixamos dito, com ser a si-gnilicação do conceito em que temos osnossos confrades, representa tarnbem osnossos votos pessoaos.

No importante trabalho do Sr DaleOwen—Debalablc Land, vem o se-guinte facto, digno de seria investigação :«Um distineto cavalheiro de New-York,cujo nome nos escapa, e quo, por isso'chamaremos o Dr. S., adepto da novadoutrina, mas não devotado á sua pro-paganda activa, foi em um domingo áigreja ouvir uma pratica. Chegando cedo,o quando o templo se achava deserto,ajoelhou-se para fazer sua oração. A essetempo viu ello vir do fundo da igreja umgrupo do tres senhoras que o fixavamcom ar risonho; passou por perto d'elle e

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REFORMADOR — 1900— Janeiro 1EaaHnmranBunramnaai

foi parar junto á porta, ondo duas dellasdesappareccram, ao passo quo -'t terceirapermaneceu no logar o só so retirou de-pois do o haver cumprimentado com umainclinação de cabeça.

Seu assombro privou-o até de se moverdo legar onde se achava, pois reconhece-ra perfeitamente n'essa dama,sua nião.nasegunda, sua mulher já fallecida, e na ter-ceira via unia moça.(pie podia terdezeseteannos, a qual vinha com o braço passadopela cintura do sua mãe. Essa moça lheera totalmente estranha. Sen typo eracm tudo diverso do de sua família. Muitointrigado, procurou elle um médium denota rio logar, afim de saber quem era essamoça. Pela escripta directa e por outroprocesso, obteve elle a resposta de soroespírito de sua irmã Isabel.

—lia por força engano, disse elle ; eununca tive irmã com esse nome. Umairmãzinha, quemorreu aos ires annos deidade, se chamava Anua, e essa já apre-sentava o typo da familia.

Algum tempo depois, indo elle á resi-

Esse facto vem ao mesmo tempo tra-xér-iios ao conhecimento uma outra ver-dade, de ordem gorai, e que os grandesespiritos, encarregados de promover a(difusão dos novos ensinos pela ferra, náocessam de proclamar por toda parte:«os tempos são chegados.» Qne outracoisa, offectivãmente, será, senão um si-grial dos tempos, a prodigiosa revelação defaculdades medi nin nicas extraordináriasespecialmente curadoras, em indivíduosde Iodas as condições, o náo somenteriesta capital, mas eiíi outros pontos daRepublica, como na Europa c do outrolado daAmoriea, por toda parte, enitini !

Todos os dias, como nos primeirostempos do christianismo', surgem novosapóstolos e prophetas, e a sua muílipli-cidade e a variedade de suas aptidões, atémesmo a inlrtijiee de alguns que se apre-sentam falsamente a prophetizar,—

deneia de tuna velha tia sua, (pie residia para nos Sürvjrnios ja expressão dosfora da cidade, e examinando a bíblia defamília que pertencera á sua mãe, aopercorrer a lista das dauis dos nascimen-tose óbitos dos membros de sua familia,achou entre os nomes de seus irmãos odo Isabel, nascida em setembro efallecida tres mezes depois. Era no tem-po da guerra de secessão, e elle compre-hendou logo que, por causa da desordemque então reinava, tinha-se extraviado acarta que lhe dava noticia do aconleci-mento.»)

Eis agora para nós unia fonte de mui-tas questões : •

Porque motivo o espirito d'essa me-nina de tres annos se apresenta coma figura de unia moça de dezeseto annos ,;

Poderá o espirito, para se manifestar vi-sivelmente, adoptar indifferefitementeuma forma qualquer ? Se assim ó, porque motivo o espirito de Isabel se apre-sentou com um typo tão diverso do com •muin á sua familia ?

Isós sabemos que os espiritos que seincarnam se reúnem geralmente em gru-pos sympathicos, dominados pelos mos-mos .sentimentos o pensamentos, e queos sentimentos se reflectem na pliy-sionomia e na conformação do craneo.Dá-se o mesmo com os espiritos que semanifestam visivelmente, em cujas phy-sionomias se pode, mais ou menos, ler assuas inclinações.

Então, que forma era essa que o espi-rito apresentava? A nosso ver, era a for-ma da sua incarnação precedente á últi-ma, em que tivera o nome de Isabel. Di-rão que ella nãop.diairicarnar-se no seiod'aquella familia. Nós responderíamosentão quo, muitas vezes, espiritos (piesentem diversamente se incarnam juntospara concorrerem para o progresso, unsdos outros. Alem disso, a incciniação doIsabel era tão curta,—apenas de ire.-anilQS—que nada ha de admirar om queo espirito tivesse conservado a sua for-ma anterior, á que fora restitnido, umavez liberto do derradeiro revestimento.por assim dizer, embryonario, com oqual não tivera tempo de se identificar.

Será, todavia, esta a explicação deli-nitiva do facto ?

Aos estudiosos de boa vontade entrega-mos a sua investigação.

CTTIR^é-. NOTÁVEL

De Cachoeiras de Macaca recebemosuma communicação devidamente aiitheii-ticadaecom a (irmã do signatário reco-nhecida pelo tabellião publico do logar,em que nos é relatado um caso de curade cegueira;'verdadeiramente notável,d'esses que a sciencia materialista, que tãopouco sabe das forças da natureza e dasverdades oceultas, não hesitaria em de-clarar impossivel, o qne, como tantos ou-tros, será apenas impossível de ser com-prehendido pela sua ignorância, obsti-nada no espirito de sysleinatismo que aobscurece.

Evangelhos,—tudo isso não é senão areproducção daquella phase inicial, e in-dica que se opera, uma renovação e qae,com o século que chega, vamos entrarem uma nova ora de reconstituição doideal religioso desapparecido.

Demos, porem; :• palavra ao narrador,nosso irmão João Rodrigues Pereira que,pela sua honorabilidade, teria o direitode ser acreditado sob palavra, quandooutros testemunhos não houvesse—queos ha—do fado em questão.

Foi if estes termos que elle nos fez asua narrativa :

Sr. redactor do Reformador.—Hadezeseis annos que minha mulher, D.Antonia Rosa Bastos Pereira, se achavacompletamente cega, não tendo conse-guido a mais pequena melhora. Com dif-ficuldadc andava dentro da pequenacasa em que moramos. A cegueira veiucompleta o brusca, em conseqüência deuma constipaçáo.

Agora,, com 05 annos de idade, lém-brei-me de recorrer ao Sr. Antônio Joséda Silva, artista ferreiro, nas oíiicinasd'este povoado, o em quem se vai desen-volvendo a faculdade de médium cura-dor, e logo, com applicação dágua magne-tizada,ou antes fluidificádá.em quinze diascomeçou a ger, achando-se actuahnenteboa e podendo mesmo ler lettras graudaso assignar, apezar de escrever mal. Eporque essas misericórdias de Deus nãodevem ficar em silencio, porque a luznão se fez para ser posta debaixo doai-queire, peço-lhe se sirva publicar ofacto em seu jornal. Posso asseverar que Idiversas pessoas tem sido instantânea- jmente curadas pelo Sr. Silva, só com a |imposição das mãos. Devo declarar-vosque o Sr. Silva não recebe reinune-ração alguma pelas curas (pie faz.—Ca-choeiras do Macacii, 20 de noveni-bro de 1S99;--João Rodrigues Pi:-REUIÁ.

GOELA BORAÇAOA voz da razão

Sabemos qüe no seu livro, O Êxodo,Moysés disse aos hebreüs que Dons puniaa, iniqüidade dos pães nos filhos, atéá terceira o quarta gerações daqüelles querepellisscm seus preceitos, e recompcil-saria até á sua millesima geração os quelhe fossem lieis. Os hebreüs, não procn-rando o espirito d'esse ensino, nem a suaharmonização com o que lhe dá o próprioMoj-sés no Deuteronomio, quando dizque Deus não punirá os pães pelasiniqüidade- dos lilhos, nem os filhospelas dos pães, mas que cada um res-pondera somente pelos seus actos, apega-vam-se á lettra _'àqiielle ensino, o que,justo é que se diga, foi de grande van ta-gem para contel-os, pelo temor de veremseus filhos soífrendopor causa d'ellos.

Mas o progresso é nina lei universal ;cessa interpretação primitiva do ensinomosaico, chocando os ânimos, foi sendoaos poucos repellida nas predicas dosprophetas que vieram depois, -lá naépoca do cáptiveirp de Babylonia, a vozdivina diz pelos órgãos de Jeremias eEzeqiiiei :

«Não sei em que se fundaram paraadoptar-se como mu provérbio emIsrael que os paos pagarão pelos filhose os filhos pelos pães. Mas isso não serámais assim ; de ora om diante será ado-piado corno um provérbio em Israel quocada um só responderá pelo seu peccado.• ) íilho virtuoso de um pao culpadonão soíirerá pelas faltas deste; nem opae virtuoso responderá pelas culpas deseu filho criminoso. As virtudes de cadaum delles náo podem trazer uma recom-pensa parao outro. Cada um só será re-compensado ou punido por seu própriomérito ou demérito.»

Eis o que encontramos no Velho Tos-lamento, que Jesus náo veiu destruir,mas explicar e completar. Eis o quo arazão esclarecida admitte como justo einteiramente conforme com os sublimesattributos da Divindade.

\ òjamos agora o que está ensinandoe praticando a igreja romana,nas fronfei-ras do século XX, quando as scienciascaminham desassómbradas em busca daverdade, quando tudo se prepara paratirmar-se no planeta o domínio da féesclarecida pela razão, quando o inale-rialismo pretencioso tem ifolla os olhosfitos, buscando um ponto ¦ fraco paraferil-a.

Diariamente vemos nos jornaes: oSanto Padre concedeu sua benção após-tdlica ao cidadão F., até á sua terceirageração.

Mas o quo quer dizer isso? Ha doismil o trezentos annos, a voz divina disse,pòr intermédio de Ezoquiol, cujas pro-phecias são adopladas como canonicaspela. igreja : «Deora em diante se deveráensinar quecadaum será recompensadoou punido por suas obras.»

A razão esclarecida dobra-se reverenteante a grandeza e a justiça desse ensino ;esõo pontifico romano julga que devepor de lado tudo isso e impor .unia opi-nião absurda que, se fôr acceila, desmo-ralizará a igreja e virá banir da mentedos crentes a idéa da justiça divina,elemento indispensável para o progressohumano.

Se o chefe da igreja romana acreditaque Deus saneciona todos os seus actos,se elle crê que pode dispor á vontadeda benção e da protecção do alto, deveser muito comedido na distribuição d'os-ses favores, e náo ir atropeládatrieritèjpelo facto de um homem ter prestadoserviços á igreja, concedendo essa gra-ça a individuos que ainda não vieram aomundo o (pie ninguém sabe o que serão.

O barateamento descriterioso da ex-communhào innulilizou essa arma, quooutrora tanto aterrou o mundo, ao pontode hoje so provocar o riso. 0 mesmo sevai dar com essas concessões do bonçáoso favores a gerações que ainda não viveme, portanto, nada fizeram por merecel-as.

Nao se creia que, pelo facto de nãoprotestar publicamente contra cilas, omundo dé o seu assentimento a essasconcessões.

fim todo homem que pensa, a razãose revolta contra essa injustiça, a féamortecee aidéa.sè desperta de buscaruma religião mais conforme com ajustiça, a bondade e a misericórdia doCreador.

Talvez digam que o chefe da igreja ro-mana. obra por inspiração de cima ; nósresponderemos, como Evangelista João,sem fazer selecção alguma : «Estudai asinspirações que receberdes, para verdesse são de Deus.»

Do Deus só podem vir a verdade e ajustiça ; e quem pode julgar da veraci-dade c justiça de unia inspiração, é a ra-zão e a consciência.

Freq.

FACTOSEscripta Espontânea

No dia 20 de junho de 1889, pelas 7horas da noite, tendo sabido o Sr. Jan-guito para uma sessão que se realizavana rua Borges deMacedo, ficou sua esposa,D. Josepllina, em casa com suas filhas.

Cerca de 8 horas, passou o carteiro,deitando por baixo da porta os jornaesA Luz c a Revista Spirita, do RioGrande do Sul. Como era, o é, de costu-me, o entregador da Gazela do Povodeitar lambem o jornal por baixo daporta, foi D. Josepllina buscal-o, trazen-do ao mesmo tempo os jornaes spiritas.

Começava ella a ler a Gazeta, quandoouviu nitidamente o ruido de passos, co-mo de quem descesse uma escada o, vol-tando-se, viu distinetamente o vulto deuma mulher que, chogaiido-se a ella, lhetirou das mãos a Gazela, entregando-lhe ao mesmo tempo a. Revista Spiritae apontando para o artigo de fundo P/ie-nomenos Spiritas, maio de 1899—-n. 9.Convém notar quê a essa hora já todasas pessoas da casa se achavam a gaza-lhadas, estando apenas D. Josepllina es-porando o Janguito. Retirou-se o espirito.

Quando chegou o Janguito referiu-lhesua esposa o caso, ficando ello sentidode não ter podido presencial-o.

Alta noite, quando já se achavam ac-commodàdos, o Janguito acordou sobre-saltado e viu junto ao leito o vulto deuma mulher. Perguntou-lhe quem era eo que queria, ao que respondeu aappàri-ção—que lhe desejava a felicidade, e quevinha dar-lhe nina prova de estima, bemcomo um facto que servisse de prova aosque procuram o seu adiantamento.

'Estava tudo ás escuras. O Janguito,preparando-se para receber qualquercoisa, ficouimmoyel, observando tudo.D. Josepllina dormia profundamente. OJanguito ouviu o ruido de um lápis sobrepapel, mas nada via. Quando o espiritoterminou, disse;

Adeus; aqui vos deixo uma provada minha amizade para comvosco, e umaprova para convencer aqueiles quo aindaduvidam dos phenomenos spiritas. São 2horas e 22 minutos, o alguém está pen-sando em vossa esposa.

Quando acabava de falar, ouviu o Jan-guito bater duas fortes pancadas na salade jantar.

O espirito lhe disse:Ouvistes ? Aquelle signal foi dado

pela minha companheira que ha poucashoras aqui esteve com vossa esposa.

Quando se retirava, depositou nas mãosdo Janguito uma folha de papel, toda cs-cripta, e um lápis ainda poraparar.

O papel continha uma coinmimicaçãoda mãe de Janguito, o o lápis estava fe-chado em uma gaveta!

Como o Janguito não tinha phosphorosá mão, para acrender de prompto, espe-ron o final, despertando D. Josepllinaque, procurando phosphoros eaccciidondouma vela, poude verificar que realmentetinham em seu poder uma communicação.

A lettra era bem diflerente da que"lheé pessoal, quer como médium,quer quan-do escreve por si mesma. Lia-se perfeita-mente.

Quando, pela manha, D. Josepllinasahiti a visitar alguns doentes e se dirigiuá casa do Sr. Constante Pinto, a senhorad'esfe, i|ue se achava em estado interes-santo, lhe disse :

—Ah! D. Josepllina ! Esta noite penseimuito na senhora, julgando que iria aParanaguá, como projecta, e me deixavasem me assistir...

Em outras casas a quo so dirigiu deu-seo mesmo caso.

Em sessão, consultando nós os guiassobreesso facto, nos foi dada a explicaçãode que se tinha produzido um phenomenodo videncia, escripta directa o transporte.

Nas sessões de phenomenos de trans-porte, que agora se realizam aos sabba-dos, têm-se obtido phenomenos extraor-dinarjos, como o abrir e fechar de portas,o ruido de pancadas fortese distinctas, etc.

Serri to—Paraná.

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REFORMADOR — 1900 — Janeiro l9U.T-1 F.IÍ?*.V.J5VWllSI,Si

Effeítos physicos. --TransportesA nossa habitação ficava situada na

encostada serra do Andarahy, perto dascachoeiras que abastecem a zona com-prohendida entre os bairros de Yilla-isa-boi, S. Francisco Xavier o AndarahyGrande. A' rua tia Serra, estreito caini-nbo que vai ao alto da Tijuca o Jacaré-paguá, por entre o matto, fértil deextraordinárias arvores e de rara boi-le/.a, no numero 6, ahi morávamos, ha-via três annos, sem que nenhuma con-trariedado mais forte nos aborrecesse,a não ser o estado doentio de. uma idola-trada filhinha e a perda do um outrofflhò, de sete mezes, victima do entero-col i te.

Alli, n'àquelle canto, longe do meioruidoso, quem diria que, depois de tan-tos annos de apparente tranquillidade,a nossa casa seria theatro cie scenasque jamais tínhamos observado?!...

Começou o. nosso desassocego com avinda para a nossa casa de um pequeno,afilhado de uma parenta nossa, o Nelson.

Orpbão de mãe, Nelson Gonçalves,'rapaz do côr, de constituição fraca, deonze annos de idade e natural de Itagua-hy, Estado do Rio, precisava da pro-tecção da madrinha, que, de facto, oagasalhou, tratando-o como filho, nadaabsolutamente faltando de confortável,para que deixasse de ser considerado umaereança feliz.

Notávamos, ou e minha mulher, que oNelson exercia sobre a nossa filhinhauma acção poderosa; o que elle queriaque a menina fizesse, ella fazia, obede-cendo humildemente.

Os mezes de maio e junho foram, en-tão, para nós do uma crueldade atroz.A 24 de maio, commemoração do feitobrilhante de armas nos campos do Pa-raguay, Tuyuty, estava minha mulherdando leite á filhinha, na sala dejantar, quando lho atiraram uma bolade barro, nas costas. Nào tardou muitoque lançassem outra, depois outra, esuecessivamente foram cahindo bolas emminha mulher, em minha filhinha, emminha tia, no chão, nos moveis, etc.

(42)

E MORTALHAPOK

Segunda Parte

I

A's 5 ij4 da manhã tomei o trem, cha-mado o mineiro, com destino a S. Joãod'El Rei, onde ia tentar a virtude dasÁguas Santas, para o que dispuz da esta-ção cálmósa, cá na corte.

Encantadora viagem !Na rapidez quasi vertiginosa do «cavallo

de fogo», passavam-me pelos olhos, comosombras fugitivas, os objectos mais proxi-mos; lá, ao longe, porém, onde o céo sedesprende das alturas e vem tocar a terra,como se esmaltava de verde e azul, cam-biantes, o horizonte que se descortinava áminha vista !

Eram campos e planícies, a que não pu-nham limites meus raios visuaes, cobertosdé fina pennugem.aloirada aos raios do sol,ou da grossa cabelleira esmeraldina, dou-de, por imaginação, firmada na associaçãode idéas, me assaltavam os ouvidos docesaccordes dessa harmonia deliciosa que sobeda terra ao céo, em singelos hymnos en-toados pelos mimosos filhos de Deus, vo-lateis habitantes das florestas.

Eram, de outro lado, gigantescas monta-nhas, ainda cingidas do azulado véo comque se nos apresentam de longe, por enco-brir-nos a feia catadura de seu corpo malconformado e brutalmente composto de ro-cha e terra, com reentrancias e saliênciaspavorosas.

Nós caminhávamos acceleradamentepara um daquelles monstros que pareciaquererem tolher-nos a passagem tão alto,tão Íngreme se erguia diante do nossotrem.

Foi ousadia, igual á dos Titães, lembrar-

A principio suppuz que viessem dosterrenos fronteiros á casa. Fechei asjanellas, portas, etc. • mas continuavamas bolas de barro a aftingir-nos. .Muda-mos de sala. fomos para a de recepção, econtinuámos a ser alvo das bolas. MinhaÍilhinlia, muito nervosa, impressionadaque estava, custou a conciliar o somno,vindo dormir pelas oito horas, hora emquo, felizmente;, acalmou e, como porencanto, socegou de lodo o que vimos denarrar.

O tempo estava humido. No dia se-guinle, fazendo as minhas observações,fiquei certo do que aquellas bolas eramdevidas aos ínaribondos, que construíamsuas casas nas paredes, de modo quedesprendendo-so o barro, determinavamaquelle acontecimento. E não se faloumais no caso, nas nossas conversas.

A nossa creação de gallinhas passavapor ser uma das mais bonitas do logar.Andavam soltas e, de facto, admirava-nos não ser o nosso gallinheiro victimade algum animal do matto, porquanto anossa casa ficava perto da floresta.

Não posso precisar a data. Ao chegará casa, em uni dia de sol quente, soubeque uma irára, bracaiá, ou outro animal,tinha matado seis gallinhas, sem, com-tudo, carregai as.

O Nelson tinha visto o animal; nin-guem o vira. Um caçador chamado paraver se, de facto, seria bracaiá, o Sr.João do Amaral, nosso, visinho, ficoucerca de duas hora<, escondido, esprei-tando, do espingarda á mão, e nada viu.Apenas o Nelson ficava sósinho, gritava«que o bicho lá estava». E nada viamos :tudo calmo ; o menino parecia mentir.

No dia seguinte continuou a mesmabalburdia. Ora corria eu, ora corria ou-tra. pessoa da familia, distribuíamos vi-gias pelo matto próximo, nada se obser-vava; somente Nelson, quando deixa-vamos os postos de observação, via umbicho malhado de branco e preto e caudacurta.

A nossa creação desapparecia. Era uminferno!. . . Era do mais, não tínhamossocego, vivíamos perseguidos, a alegriatinha dcsapparecido de nossa casa, urgiadeliberar. . .

se o homem de investir contra aqueila tre-menda barreira, posta alli pela mão deDeus, para quebrar-lhe os ímpetos, ou paraprovocar-lhe maior esforço !

Foi para isto. sim; porque, do contrario,elle jamais poderia superal-a.

Mas como fazer subir a tão desmedida ai-tura, um comboio de enorme peso. pucha-do por força dynamica, descoberta do nossoséculo ?

Vamos ver o prodígio. Estamos emBelém, e a montanha ergue-se diante dosnossos olhos, a dois passos de nós.

Tomámos mais possante locomotiva e aí-frontámos o impossivel.

O impossivel começa a desconfiar de seuvalor, vendo a locomotiva, com sua longacauda, enfiar triumphalmente pelas primei-ras linhas de suas eternas trincheiras.

E'o trem que, por curvas, quebradas ezig-zags, vai conquistando a encosta, a pa-recer uma lagartixa escalando alta parede.

Já se vêem as planícies do sopé tão dealto, que o homem parece uma ereança láembaixo; mas, não canteis o triumpho ohvós,que tentais o impossivel.

Ahi se eleva, em frente a nós, uma escar-pada fortaleza, que não é das que podereisgalgar pelo methodo seguido até aqui.

Mas o trem, a locomotha, avança semse perturbar, e o impossivel treme. A natu-reza lueta com o homem 1

() que pretende o homem ? Levar a loco-motiva entre a massa granitica, fendel-a,abrir caminho e passar ?

Oh! loucura ! loucura ! Serás esmagadopela força bruta ! O impossivel, a nature-za, triumphará 1

Mas a locomotiva avança sem se pertur-bar, e o impossivel treme até o grande seioda natureza e, n'um momento, as trevasnão nos permittem ver o que se passa ; epoucos minutos após estávamos em plenaluz, estávamos além da muralha, que a na-tureza levantou, como orgulhosa pretençãode ser eternamente inexpugnável !

—Meu Deus ! meu Deus! foi o brado queirrompeu de meu peito,vendo o impossivelda natureza estendido e exangue aos pésdo homem 1 Meu Deus ! pèrdôa aos queacreditam que esta centelha divina, quesubjuga as forças da natureza, não passade feitura da própria que ella domina edirige. Creatura superior ao Creador !

Foi o que fizemos. Separámo-nos daspoucas cabeças quo nos restava e, então,pudemos gozar um pouco de tranquilli-dade.

Treze de junho, dia de Santo Antônio,dia frio.Chego á casa ás D horas da*tarde.Minha mulher abi não so achava. Recebo i11,11 bilhete seu, dizendo que se retirava icom a lilhinha, porquereapparncido com maissidüidade.

Vou jantar.á mesa da sal

A uni te

as bolas tinhamforça o mais as-

leio A Noticia.

commodas,na casa eum primo

Sinto que álgümà coisamo cai nas costas: uma bola de barro caisobre o jornal.Levanto-me, fecho a casa,quero observar.

Abro os guarda-roupas,dou uma busca minuciosaprendo-me com minha tia eem um pequeno quarto.

Que horror ! As bolas cabem de on-contro aos vidros da porta, suecedem-secom força. Saio e examino-as: são amas-sadas com feijão o arroz, comida dosgatos, que estava nacosinha. Prendo-menovamente. Continua o bombardeio, vejoluzes, abro a porta e deparo com umbra/.eiro, um grupo de brázás quo tinhamsido arremessadas do fogão.

ImmediaVãmente dou ordem para queseja apagado o fogo.

Tive uma desconfiança. Aüribui áAmancia, a empregada, e ao Nelson oque se passava na minha casa.

Comecei a observal-os. Fil-os sentar,de modo quo os visse (4 e 5). Colloquei-mena extremidade da mesa (1), tendo aomeu lado direito (2) minha tia e do ladoesquerdo (3) meu primo Pericles, con-forme o seguinte desenho :

11

10

Quando chegámos ao alto da serra, eutive ímpetos de soltar aos ventos um bradode louco, louco de enthusiasmo, procla-mando a grandeza do engenheiro brazi-leiro !

E a locomotiva, Cum fleugma verdadeira-mente britannica, continua, serena,sua mar-cha, como marcha, pelo meio das selvas opossante e intemerato leão, terror dos bos-quês.

Lá adiante, corre o comboio margeandoo formoso Parahyba, que aqui nem delonge se parece com aquelle que admireicm Campos, magestoso como um sultãopercorrendo os paços das suas odaliscas.

Encanta, assim mesmo; ao menos eu mesentia alegre de vel-o, em suas fúrias in-fantis, talvez porque não ha para mim qua-dro mais encantador do que o de águas cor-rentes.

A' sua margem descortinam-se, espalha-das pelos campos ribeirinhos, habitaçõesruraes, cujos rústicos typos servem deagradável diversão a quem vai da corte.

O typo das casas se harmoniza perfeita-mente com a moldura que lhe empresta anatureza campestre.

O homem tem mais viva do que outroqualquer animal a faculdade de assimilaros elementos que o cercam e de se afazer áscondições do meio em que vive.

E' por isso que,nos grandes centros civi-lizados, onde impera a arte, elle constroeartisticamente seu ninho,e nos desertos ser-toes, onde não se conhece arte, elle o pre-para ao gosto da natureza local.

Embora rústicas.eu amo aquellas habita-ções, (pie condizem com o solo accidenta-do em que assentam, com a desordem nadistribuição dos montes e valles, dos bos-quês e clareiras, dos rios e lagos", de tudoemfim, que a natureza espalha, sem cuida-do de preparar harmonia, mas que. noemtanto, concorre para a harmonia univer-sal.

Aquelles quadros bucólicos me arreba-tam a alma, enojada d'esse viver da corte,comparável ao Mar Morto, onde nada ve-geta e nada vive, porque suas águas, comoos sentimentos dos nossos homens, são be-tuminosas.

Aqui, nestes campos que percorro com avista, tudo c risonho e fecundo ; porque anatureza ainda impera sobre o coração hu-

Da cosinha (6) atiraram n'esse momeu-to uma panei Ia de barro á sala de jantar(li). Logo em seguida, sobre a mesa (10)lançaram uma caneca cheia dágua, de-pois outra caneca cheia de milho o umpunhado do guando, que ia servir para oalmoço do dia seguinte e que estava so-bre a mesa da cosinha.

Do outro lado, do meu quarto, (8) ar-remessarani uma bota de biscuit, queadornava o meu lavatorio, vindo ellaquebrar-se na sala, e, cm seguida, umaboneca de louça de minha íilhinlia.

Dá esquerda (7) veiu uma cestinha decostura, a tampa e outra cesta, grande,também de costura.

Então, como fosse a primeira vez quopresenciava aquelle mystorioso facto, tivemedo, senti a verdade do que, em con-versa, amigos de outras crenças narra-vam.

Tudo varejavam : panellas, louça, umagarrafa que veiu quebrar-se aos meuspés, um alguidar de ferro, cisco do de-posito, facas, pedras, etc, etc.

A's onze horas foi minha tia fazer acama para o Pericles. Das sandálias queestavam no quarto, uma pulou no corti-nado, a outra no Loilefte. Corro para vermais osso phenomeno, quando da sala (9)atiraram uma laranja ao meu quarto, (8)uma penca de bananas e, por fim, a trem-pe de ferro, onde se aquecia o leite paraminha filha. Vendo que não podia dor-mir, estando a casa n'aquellc estado, de-cidi-me a me plantar novamente ondees tivera (1) antes.

Novos objectos são jogados, novasbolas de feijão, de arroz, são arremessa-das, isto até á meia noite, quando fomospara a varanda da casa, fugindo aoshorrores da lueta travada com os desço-nhecidos. Chovia fortemente, lá fora;mesmo assim aílrontámos o tempo in-grato c permanecemos na varanda, prote-gidos com cobertores, julgando que fica-riamos livros dos nossos perseguidores.

Enganados que estávamos !Não sabíamos por onde, pois tínhamos

cerrado aporta, passavam laranjas, ba-nanas, e as arremessavam contra nós.Causa admiração o apparecimento da ces-ta grande de costuras na varanda.Foipreciso prendel-a para deixar-nos tran-quillos. A' uma hora fizemos um reco-

mano, e o homem ainda vive abraçado comella.

Vede aqueila singela habitação, situadan'uma bella collina, cercada de fructeiras,deroseiras e jasmineiros, tendo, além do cam-po, uma larga cortina de matta virgem.

A' porta dorme o cão fiel, emquanto seusenhor está acordado, para vigiar emquantoelle dormir.

E' melhor policia do que a nossa, quemais nos ameaça do que nos defende.No campo, um rebanho de mansas ove-

lhas, cujos filhinhos ensaiam forças, emcarreiras e corcovos, e voltam ao seio ma-ternal, para desbancarem do esforço que fi-zeram.

Ao lado, bois de carro, deitados a remoe-rem, cogitando, porventura, no pesado tra-balho a que os obriga o homem, que iiãopode, aliás, medir forças com qualquerd'elles.

E' a representação da eterna scena : deum homem submetter á sua vontade umanação, um povo, muitos milhões de seus se-melhanles.Além, muitas vaccas de leite, tosquiandoa relva e chamando de vez em quando osternos filhos,por que se não afastem muito,com zelo que nem todas as mães sabemter.E, no meio de tudo isto, um grupo de ca-britinhos, a saltarem de pedra em pedrafazendo artes gymnasticas, que pare-ciam impossíveis.De carreira, mal pude apanhar os traços

geraes daquella moldura do quadro vivoque representa os habitantes daquelle meioparaíso.

Ah ! se eu pudesse! Mas o homem,apezarívre e como o vento : obedece ás con-

i

dedições da vida, como este ás da atmosph&ra; nao vive onde quer e como quer, comoo vento não sopra indifferentemente nestaou naquella direcção.

O nosso destino nos arrasta. Os des-equihbnosde temperatura arrastam os ven-tos.São 2 i t/2 horas da tarde. A locomotivadeve estar fatigada da lueta homerica quesustentou.Eil-a que pára. Onde parou ? Estamosestação do Sitio, termo de nossa

pela estrada de ferro D. Pedro II

naviagem

Continua).

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REFORMADOR — 1900 — Janeiro 1

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nhecimen to ; tivemos que voltar. Só ás2 1/2 da madrugada é que conseguimospassar por uma ligeira modorra, nosnossas saudosas camas.

A's seis horas do dia seguinte, I -1, leveiminha tia o o Pericles para a casa deum parente. Chovia torrencialmcnte.

Dopois do almoço, ás 9 horas, dirigi-me para o meu emprego. Em caminhoencontrei-me com a Amancia, que disse,-me ser impossível permanecer por maistempo om casa.

Chovia pedras! 0 tinleiro linha-lhe sido atirado sobre os vestidos.

Realmente, a rapariga achava se sujade tinta do escrever.

A' noite fui buscar um tio meu parafazer-mo companhia e assumir a direcçãoda casa na minha ausência.

Muito medroso, meu lio reveste-sesempre do ar corajoso nas oceasiõescriticas. Por isso dizia elle (pio tudoaquillo havia de ser obra do algum gaia-to, quo devia achar-se escondido no forroda casa.

Coitado!... Apenas entrou, á noite,em casa, foi victima de um castiçal debronze, que lhe atiraram nas pernas, delaranjas, de bananas, etc. Sontámo-nosno ponto do observação (1 o 2), e então,mais ou menos, reproduziu-se o que outinha observado na véspera.

Meu tio, mais tarde, chamou-me a ai-tenção para o Nelson. 0 Nelson atiravaáquelles objeçtos, desconfiava ello.

Mostrei-lho a improcodencia das suasdesconfianças o fiz-lhe ver que o Nelsonnão podia praticar tudo aquillo, atten-dendo ás direcções diversas que tomavamos objeçtos arremessados.

Entretanto, aproveitando-me das des-confianças de meu tio, fui fazendo des-cobertas importantes.

Assim, observei que, quando o Nelsondormia, socegãvam os objeçtos ; quandoo mandávamos fora, a casa ficava tran-quilla. Nào havia duvida, o Nelson exer-cia influencia em tudo aquillo que se pas-sava cm casa. Tivemos uma prova vorda-deira mais tarde.

Nos dias que so seguiram, novos acon-tecimentos foram presenciados: uma com-moda guarda-roupa, por duas vozes,tombou, sem que ninguém a derrubasse.

Verdade é que a três metros d'essomovei se achava o Nelson.

Umfaqueirodo cristoíle foi arremessa-do da sala do jantar á sala dc recepção,uma tesoura voou e ficou prosa cm umportal, perto do forro da casa, uma me-nina de 12 annos foi perseguida, da casaá uma distancia de cerca de cem metros,por fezes que lhe atiravam, ficando assuas vestes completamente nojentas. Pe-dras, laranjas, bolos, ovos, cisco, louça,tudo, omfim, varejavam, quebrando vi-dros e, o que é mais, pondo em riscoa nossa vida.

Tendo encontrado casa para mudar-me, determinei a mudança para umaterça feira. Minha sogra, precisando au-xiliar-me, foi para o Andarahy.

Ao amanhecer do dia 18, cila viu aspedras que cabiam. Teve a boa idéa doafastar o Nelson.

Houve calmaria, coisa inexplicável,até o dia da mudança.

Dormimos ahi, eu e meu tio, para nodia seguinte eífectuarmos o resto da mu-dança. Nada houve de anormal, dormi-mos socegados.

Na casa nova, entretanto, minha fa-milia, que para ella tinha ido, não dormira bem.

Os moveis como que andavam, comoque eram arrastados; uma pedra, pelamanhã, foi arremessada. Foi, novamen-te, o Nelson afastado.

Socego completo, socego que, graçasa Deus, tem-se prolongado até hoje.

Fiquei convencido da influencia doNelson nos factos que acabo de narrar.

Disseram-me ser aquella creança ir-responsável do que se passara, dos pre-juizos que tive, o ser possuidor da me-diumnidade de effeitos physicos.

Nào sei, ignoro completamente o que-existe no spiritismo, jamais me dediqueia essa sciencia. Sei (pio, uma vez trans-portado para Itaguahy o Nelson, tem-seobservado em casa do seu parente, ondeelle so acha, factos semelhantes aos quese passaram em minha casa. Os seusparentes nào () querem om sua companhia.

Tal é, em resumo, a serie mysteriosade factos por mini apreciados o observa-dos por muitaspessoas cujos nomes esta-rei pronipto a citarem qualquer oceasià".

Eduardo Peixoto.Julho de ISO'.).

Experiências do Oi'. Paul tiibici'v

9;1 ESPERIENCIA

Nào refereriamos a presente exporien-cia, que so produziu em ardosia quo nãonos pertencia, se não estivesse revestidadi-uma. certa originalidade. Para nóstem ella o mesmo valor das precedentes,mas não é do nós que so trata: o (pu-convém é evitar tudo quanto possa offc-recer azo á critica, pois os factos sãode tal modo inesperados quo o primeiromovimento do quem nào está prove-nido é pól-os em duvida, dá passámospor isso, o ainda hoje, ao escrever estaslinhas, som as ardosiás que temos dean-to dos olhos, perguntaríamos se nào ti-nhamos sonhado.

Seja, porém, como fòr, ahi está ofacto:

A 2 de julho do 1886, ás 5 horas datarde, antes dc fazer uma experiênciacom as minhas ardosiás, Slade, conformesou costume, fez um ensaio com unia ou-tra, delle mesmo.

Essa propriedade, que Slade parecepossuir, de provocar o phenomeno daescripta espontânea, assim como as ou-trás manifestações da «força psychica»,nào é permanente; ao contrario, ellaestá sujeita a numerosas variantes. Majá um momento que nossas mãos estãosobre a mesa c nenhuma manifestaçãodo phenomeno ordinário so produz. Sla-de collocou a ardosia sobre a mesa; apro-veito o ensejo para escutal-a e examinai-a de novo; está muito limpa, parecendonunca haver servido; em voz de emqua-drada om madeira dura (pereira ou cas-tanheiro), seu quadro é de pinho. Em umadas faces o quadro tem a marca A. —W. — Faher n. 7 e tem uma mancha dctinta bom patente.

Slade retoma a ardosia e deita umapontinha de lápis sobro a face correspon-dente a ossa marca; colloca-a sob o an-guio da mesa, diante da qual me achosentado. A escripta faz-se esperar umpouco; Slade lira a ardosia de sob a me-sa, impellindo-a para o meu lado portresvezes e ou constato que nada os tá traça-do em sua superfície. Entretanto, logodepois dc haver retirado pela terceira veza ardosia quo eu não perco de vista, Sla-de diz sentir uma «corrente» no braço.(O facto so renova cada vez que trabalha).Bom depressa também ouço escrever.Vejo diante do mim a mão direita deSlade e dois lados do quadro da pedraquo nào estão completamente embaixoda, mesa, ifum dos quaes se distingue amarca e a. mancha do tinta de que acimafalei. Nada de anormal.

Então disse eu a Slade :—Se ó em inglez que estão escrevendo,

pode pedir a intercalação dc uma pala-vra qualquer em allémão?

Minha pergunta foi reproduzida porSlade num tom polido mas scmaffectação.

Immèdiatamente ouvimos a escriptamudar de rytluno, e o ruído dc uma es-pecie de riscos se fez ouvir.

Quasi dois minutos depois, a ardosiafoi retirada de sob a mesa; puz-lho a mãocm cima logo que foi annunciada a ter-minação da «mensagem». Vi, então, nãosem espanto, uma phrase escripta emespiral; estava em inglez e, cm vez deuma palavra em al/emão que ou haviapedido, continha uma expressão alie-mã em ires palavras. No centro estavao nome do «escrevente» do costume.

A photogravura reproduziu exacta-mente essa curiosa inscripçào, em que se

trata ainda das ardosiás sedadas; nãopodendo, porôm, aqui aprcsenlal-a, limi-tamo-nos a dar os seus termos o traduc-ção, como segue:

«My friends, There U someihing aboutyour enclosed slates thatprevonts us fromusing thenh, but whatyou liave already[mein teuer liem-) roceived be thepròof of our presence and power to wri-to. 1 ain. — William Clark,

(Meus- amigos, ha alguma coisa emtorno das vossas ardosiás selludas, quenos impede do nos utilizarmos d'ellas.Que isso que já tendes [meu caro se-nlior) obtido, seja a prova da nossa pre-sençá c do nosso poder de escrever. Eusou — William Clark. [Continua).

Oi.1. B RüUSTAING

Ü1TR0Explicados om espirito e verdade pelos

evangelistas assistidos pelos apóstolos.Evangelhos scgUDilo Matas, Marcos e Lucas

REUNIDOS E 'POSTOS

EM CONCOIUJANCIA«E' o espirita que viuijica ; a

carne de nada serve :us palavras que vos digo são

espirito e vida.»(João, VI, v. G4).

«.1 lettra mata, e o espirito vivilica.»

(Paulo, 2a epístola aos Gòrinthios, c. III v. (5).Genealogia de Jesus (aos olhos dos

homens)(Continuação)

d Os espiritos que, dóceis a seusguias, seguem simples e gradual men to ofirocinio que lhes é indicado para pro-gredirom, cílbctuam esse tirocinio gra-dual na via do progresso, om espherasíluidicas suecessivamente ceada vez maiselevadas, onde tudo está em relação comas intelligencias que as habitam.»

«Permanecendo dóceis a seus guias,elevam-se assim, atravez das oternida-des, depois de terem soffrido todas asphases de existência e de provas neces-sarias para lá chegarem, até á perfeição;então a influencia da matéria sobre ellestem-se tornado nullá ; dizemos da ma-teria., porque os fluidos do perispirito eos que ello se assimila são, para o espi-rito, matéria.»

« Para atfiiigirom essa perfeição, pu-ros no estado de infância e dc instrucçâo,e permanecendo sempre puros na via doprogresso, devem também, dirigidos pe-los espiritos encarregados de os conduzire desenvolver, percorrer na medida esegundo a condição de sua elevação, massempre no estado do espirito, porque osseus estudos so fazem, no espaço, nogrande livro do universo,— todas as os-pheras, as terras primitivas, os mundosinferiores e superiores cm todos os grause que são as iniuimeras moradas dos es-piritos que, tendo fallido, sofirem as in-carnações e reincarnaçõos suecessivas,quer materiaes, quer cada voz menosmateriaes, quer íluidicas e cada vez maisíluidicas, até que, tendo-se tornado riullasobro elles a influencia da matéria, sotenham tornado puros espiritos.»

«Os espiritos quo fálliram, são tam-bom obrigados, para chegarem á períei-ção, a percorrer, na medida o segundo ascondições de sua elevação, todos os mun-dos habitados pelos espíritos quo perma-nocoram puros, como os habitados pelosincarnados, o em todos os graus da os-cala spirita.»

«Para os mundos habitados pelos in-carnados, os sous estudos humanos bas-tam ; para os outros, os seus estudos sefazem no estado errante, no intervallòdc cada incarnação; no estado errante,devem percorrer todas as camadas de aro do mundos que íluetuam no espaço,aprendendo por um lado o instruindo poroutro, o elovaiído-se sempre para as re-giões superiores.»

«Jesus é um d'osses espiritos qué; purono estado do innoccncia o de ignorância,no estado do infância e de instrucçâo, esempre dócil aos espiritos que foram on-carregados de o conduzir e desenvolver,seguiu simples o gradualmente o tirocinioque lhe era indicado para progredir, cque, jamais tendo fallido, tendo assimficado puro, chegou á perfeição sideral,tornou-se puro espirito, espirito de pu-reza perfeita e immaculada.»

«Jesus, já vol-o dissemos, é a maioressência espiritual'depois de Deus, masnão é a única ; é uni dos espiritos quo sopoderiam, para nos servirmos de vossasexpressões humanas, chamar «guardasdo honra do rei do céo» ; Deus o insti-tuiu espirito protector e governador dovosso planeta, á formação do qual pre-sidiu o que governa do alto cios osplen-dores celestes, ello, espirito do purezaprimitiva, perfeita o iinmaculada, infal-lido o infallivel, como estando em rela-ção directa com Dous,— vosso o nossomestre, que dirige a phalangc sagrada einnumoravol do espiritos propostos, soba sua direcção, ao progresso do vossoplaneta o de sua humanidade, e que vosdevo conduzirá perfeição.»

«Comprehendeis agora o sentido e oALCANCE D'ESTAS PALAVRAS : cAcroaçàodo primeiro homem e' uma figura ch;-vida á necessidade do apropriar os ensi-nos á intelligencia humana; » «Agenea-logia do Jesus, espirito do pureza per-feita o immaculada,remonta a Adão porfigura, como a creação do corpo do ho-mem formado do limo remonta a Deus.Segui a sua genealogia espiritual, e re-montareis a Deus, creador immediàto oúnico de tudo o que é puro e perfeito ?»

«Tudo, rcpetimol-o, tem nina orig-cmcommum ; tudo procede do infinitamentepequeno ao infinitamente grande, atéDous, ponto do partida o de reunião ;tudo provém de Deus o volvo a Deus.»

«Notai como tudo so encadeia u'essagrande natureza quo o Senhor doscor-tina aos vossos olhares ; notai como emtodos os reinos ha espécies interino-diárias, ligando entro si todas as espo-cios, participando umas do mineral e dovegetal, da pedra o da planta, outras dovegetal e do animal, da planta e do ani-mal, outras finalmente do animal o dohomem ; — elos preciosos, que ligamtudo, que tudo encadeiam, o pelos quaespassa o espirito, no estado de formação,passando suecessivamente por todos osreinos epor essas espécies intermediárias,para chegar assim, de essência espiritualoriginaria, e por um desenvolvimentosuecessivo c continuo, ao estado do es-pirito formado, á vida conscicute,livre eresponsável, da creatura, ao homem ; —elos preciosos que ligam tudo, prendemtodas as coisas, uma á outra, afim doque o homem possa comprehender maisfacilmente a unidade d'essa creação tãogrande, tão grande, que a intelligenciahumana é incapaz de a apprchonder ecujos mysterios muitas vezes não queradmittir, porque os seus olhos de tou-peira são impotentes para os descobrir.»

«Não falamos desses orgulhosos queesta revelação devo fazer descer de soupedestal.»

«0 rei da creação, o homem, vindo douma nascente, tendo uma tal origem !»

«Já o primeiro marco posto no ca-minho levantou muitas zombarias,muitascriticas; obra incompleta, foi mescladade mentiras o do verdades, afim de dei-xar á boa semente o tempo de germinar;é sempre tempo de queimar o joio.»

«Quo o oscarneo da ignorância, ten-laudo a-sustar o atordoar áquelles quo omestre nos deu, segundo a vontade deDeus, a missão do esclarecer, não digaque o homem conduz assim ao mata-douro o espirito destinado a animar ocorpo de seu íilho ou do seu pae.»

«Escóa-se um bom.longo decurso dotempo, cuja duração nào é calculavelpara vós, para que a essência espiri-tual no estado de intelligencia relativa,de animal, tenha adquirido, no reinoanimal, o desenvolvi mérito necessáriopara passar ao estado intermediário,depois para que passe pelas espécies in-termediarias que participam do animal e

| do homem ; o, depois de ter passado poressas espécies intermediárias, fica porI um longo decurso ainda, cuja duraçãoj não é tampouco, de modo algum,j calculavel para vós, no período prepa-[ ratorio para a humanidade, o do qual! sai, pela vontade do Senhor, o graças d

unia transformação completa, o es-| pirito formado, intelligencia indepen-I dente, livre e responsável.» (Continua)