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itorial d e · 2011. 11. 18. · legais, assim como a busca pelo perfil de crianças entre 0 e dois anos de idade é o nosso grande obstáculo. O tempo de espera na fila para adoção

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É com muito prazer e satisfação pessoal que, depois de 24 anos trabalhando para melhorar a vida de inúmeras crianças e adolescentes, com apoio das Forças Armadas, em especial da Força Aérea Brasileira (FAB), o Instituto Pró-Menor lança a primeira edição de sua revista: Pró-Menor Responsabilidade Social, com apoio de diversos parceiros sociais, que muito têm somado ao nosso instituto.

O ano de 2010 marca uma nova trajetória na nossa história. Cuidamos, com muita dedicação e carinho, dos nossos jovens, além de implantar, junto com a Associação Evangélica de Recu-peração Morada Cristã, uma parceria de apoio a jovens e adultos dependentes químicos, para que todos tenham um futuro promissor e sejam cidadãos de bem.

O Instituto Pró-Menor, que é civil, de caráter sócio-educativo e prioriza a inclusão social de jovens na sociedade, junto com seus parceiros de responsabilidade social, têm a honra de apre-sentar a primeira edição de sua revista.

Boa leitura.

Atenciosamente,

Carlos Roberto dos Santos (“Carlinhos Pró-Menor”)

Presidente do Instituto Pró-Menor

Conheça mais sobre nosso trabalho através do site www.institutopromenor.org.Ajude o Instituto Pró-Menor a continuar sempre atuante nas causas sociais dos menores do nosso país.

Banco ItaúAgência: 8327Conta corrente: 16372-4

Entre em contato conosco:Endereço: Rua Colina, 60 / Gr.206 – Ilha do Governador – Rio de JaneiroTelefone: (21) 2462-0829 E-mail: [email protected].: @promenorAgradecemos a sua colaboração.

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PresidenteCarlos Roberto dos Santos (“Carlinhos Pró-Menor”)

Vice-PresidenteDenise Braziliense de Barros

Departamento ComercialElias Antonio de Oliveira

AdministrativoTatiane dos Santos Barros

ReportagemBruno LimaMTB: 28.678

ColunistasAlexandre NetoEduardo BuysDenise BarrosElio Raymundo Moreira

Produção GráficaIngrafoto Produções Gráficaswww.ingrafoto.com.br

Tiragem2.000 exemplares

expedienteÍndice

Morada Cristã

Referência na inclusão social

Marcelino D’Almeida

Modernizando o sitema de adoção no Rio

elio Raymundo

Uma fundação comunitária no Brasil

McDia Feliz

Sucesso revertido em prol das crianças

eduardo Buys

Micronegócio: o milagre dos pães

Marcelo Sereno

A importância das ONGs no Brasil

Carlão

Da FUNABEM para o mundo

Joabsves

Subtitulo

Alexandre Neto

A polícia judiciária fluminense e o ECA

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Associação evangélica de Recuperação Morada Cristã é referência na inclusão social por Bruno Lima

Com sólido tratamento na cura de adictos, a Morada Cristã se torna uma grande aliada na recuperação social

o combate contra os males causados pelo vício, a Associação Evangélica de Recuperação Morada

Cristã contribui com a restauração e libertação de jovens e adultos adictos, mesmo sem ajuda governamental.

Há 22 anos, o Pastor Eli Neves está à frente da Associa-ção Evangélica de Recuperação Morada Cristã, contando com 4 bases: Jacarepaguá, Mauá, Mendes e Paraty, no Rio de Janeiro. Com uma estrutura modesta, mas muito limpa e organizada, a Morada se mantém por meio de doações dos irmãos mantenedores e com muita fé no Senhor Jesus, por parte dos seus líderes.

Em parceria com o Instituto Pró-Menor e outros mante-nedores, a Morada Cristã busca reintegrar os adictos na sociedade de um modo eficaz. Todos que ali estão pre-cisam seguir regras comportamentais e obedecer para o sucesso do tratamento, que é feito sem nenhum tipo de medicamento. Independente de denominação, os adictos participam das orações, têm aula na Escola Bíblica, jeju-am e realizam atividades agregadoras que mudam seus atos e costumes.“É muito trabalho, mas, ao mesmo tempo, gratificante poder ajudar esses amados. Com muita dificuldade por motivos financeiros, nos mantemos por intermédio da ajuda e doações espontâneas dos nossos irmãos e man-tenedores que acreditam na recuperação, pela fé, por meio do Espírito Santo de Deus e no trabalho da diretoria da Morada Cristã”, disse o pastor Eli Neves.

Com intuito de somar ao trabalho da Morada, o presidente da Rádio Man-chete Am 760, Miguel Nasseh, cedeu um horário na grade da rádio, das 6h às 8h, todos os sábados, para divulgar o trabalho realizado, por intermédio do programa Morada do Pai (Morada Cristã).

“Precisamos muito da ajuda espiritual e material para mantermos esse projeto que nasceu no coração de Deus. Temos várias carências tais como: mantimentos, produtos de higiene pessoal, limpeza, vestuário, material de construção e também de médicos e dentistas, psicólogos, nutricionis-tas que sejam voluntários e nos abençoem com seu dízimo de tempo para esta grande obra de compaixão”, contou Carlos Alberto Ferreira, um dos coordenadores do projeto.

Constantemente, é comum, após o período de internação, que algumas empresas contratem quem passou pela internação para se recolocarem na sociedade com dignidade e autoestima elevada. Atualmente, a Mo-rada Cristã está construindo um novo espaço na sede, em Jacarepaguá.

Agradecemos muito a Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo, ao presidente, Pastor Eli Neves, à missionária Ana Regina, ao apóstolo Wilson Campos, a Carlos Roberto dos Santos ( Carlinhos Pró-Menor), aos sócios mantenedores, a todos os cooperadores da Morada Cristã, às nossas famílias, todos dignos de nossos agradecimentos por tudo que fazem em prol da Associação Evangélica Morada Cristã”, ressaltou Carlos Alberto.

Para quem quiser conhecer ou colaborar com a Morada Cristã:

Endereço: Estrada dos Teixeiras nº 1.890 – Jacarepaguá Telefones: 21 2446-2823 ou 21 9981-5803E-mail: [email protected]

Os internos durante o momento de alimentaçãoBruno Lima

Pastor Eli Neves (esq.) e Carlos Albero (dir.)Bruno Lima

A deputada estadual Graça Pereira em visita à Morada Cristã /Bruno Lima

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Deputado Marcelino D’Almeida pretende modernizar sistema de adoção no Rio

Atuante há muitos anos no lado social, o parlamentar vê a necessidade de mu-danças na lei de adoção no Rio e no Brasil

riundo de família simples, cumprindo seu primeiro mandato na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ),o deputado Marcelino D’Almeida, do Partido do

Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), trabalha, há mui-tos anos, em prol das classes menos favorecidas. Criou diver-sos centros sociais, com atividades e atendimentos voltados para crianças, jovens e idosos, onde faz questão de estar à frente, independente do momento eleitoral.

Católico praticante, o deputado, que faz parte da *Frente Par-lamentar Pró-Adoção, é um defensor da família e seus prin-cipais valores, pois conhece, de perto, os problemas sociais e sabe que um núcleo familiar sólido só traz benefícios para a população.Ciente desse fato, Marcelino, junto com o atual presidente da ALERJ, Jorge Picciani (PMDB) e do deputado Alcebíades Sabino, do Partido Social Cristão (PSC), regulamentou a nova cartilha de adoção, criada pela iniciativa civil e por pro-fissionais das Varas da infância e adolescência. Inicialmente, os três parlamentares foram solícitos com o projeto na ALERJ, que, hoje conta com o apoio de outros políticos.

Atualmente a frente Parlamentar também tem a contribuição dos deputados Sula do Carmo, Noel de Carvalho, e Dica, todos do PMDB; Tucalo (PSC); Rodrigo Neves e Inês Pandeló, ambos do PT; Luiz Paulo e Gerson Bergher, ambos do PSDB, e Dionísio Lins (PP).

“A nova cartilha de adoção foi um passo importante, mas ainda precisamos melhorar todo o processo de adoção no Rio e em todo o Brasil, porque nem tudo que a iniciativa civil solicitou foi colocado na cartilha. Ainda tem muita burocracia, o que dificulta para todos os lados: para quem quer adotar e quem quer ser adotado. Precisamos, também, de uma campanha que informe melhor sobre o tema adoção, que ainda é motivo de preconceito e tabu na nossa sociedade”, afirmou o deputado.

Segundo Marcelino, é necessário mudar o conceito cultural de adoção no Brasil. Essa mudança só se tornará realidade

por Bruno Lima

quando a sociedade, de um modo geral, se mobilizar com essa causa tão importante para o bem das famílias. De acordo com o último Censo, somente o Rio conta com 80 mil crianças e adoles-centes que esperam ser adotados, número este que, atualmente, deve ser bem superior. Membro da Pastoral dos Católicos nas Ações Políticas, o deputado acha que a Igreja Católica pode ser uma grande aliada no controle prudente da taxa de natalidade, por meio do planejamento familiar, a valorização da família e da ética cristã.

“Orientar a sociedade quanto a um consciente Planejamento Familiar é fundamental no nosso país. Vemos famílias sem ne-nhuma condição de ter filhos, tendo 3, 4 e isso não pode acontecer, pois acabarão abandonados e indo para os abrigos, sem ter uma formação familiar digna. A igreja é uma forte aliada nessa mis-são, e nós, na qualidade de representantes da população junto ao governo, buscamos fazer sempre a nossa contribuição”, contou.

Grupos de adoção tentam ajudar neste processo Grupos de adoção tentam ajudar neste processo, na tentativa de somar para que este seja menos burocrático, porém sempre prezando pela responsabilidade e o melhor interesse da criança e do adolescente. O Rio, atualmente, conta com oito grupos, que buscam, junto às varas da Infância e Juventude, colaborar com quem deseja adotar de uma maneira correta e, principal-mente, estimulando a adoção tardia.

Coordenadora de um desses grupos, o Ana Gonzaga II, em Cas-cadura, a advogada e mãe adotiva, Rosimar Milanês, ressalta que a burocracia assusta a quem deseja fazer uma adoção.

“A burocracia, morosidade do judiciário e as novas exigências legais, assim como a busca pelo perfil de crianças entre 0 e dois anos de idade é o nosso grande obstáculo. O tempo de espera na fila para adoção é grande, e os custos com as certidões (re-quisito da nova lei 2010/2009) são altos, o que acaba fazendo com que muitas pessoas e casais desistam de adotar”, disse Rosimar.

De acordo com a coordenadora, a falta de informação e a forma preconceituosa como a população brasileira lida com a adoção dificulta ainda mais esse contexto.

“Infelizmente, nossa sociedade ainda é preconceituosa com o tema adoção. Grande parte dos candidatos desejam um bebê entre zero e dois anos de idade, com traços físicos similares aos seus, ao contrário da adoção internacional, onde a maioria dos candidatos não faz exigência com idade ou características físicas”, explicou.

Marcelino em seu gabinete, na ALERJ

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Rosimar Milanes

PRÓ-MENORwww.institutopromenor.org

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do em conta esses indicadores e o fato de que um apoio direcionado e sistemático para uma região específica pode provocar mudanças significativas, o Instituto Rio optou por esta região geográfica e por um público prio-ritário, constituído pelos segmentos sociais compostos por crianças, adolescentes, jovens, idosos e mulheres para implantação da primeira fundação comunitária do Brasil.

A mediação de relações entre investidores sociais e or-ganizações da região e o desenvolvimento de parcerias locais a partir de uma metodologia participativa e ho-rizontalizada, com visitas às organizações e reuniões constantes entre elas, tendo como base o diálogo inter- institucional e a presença permanente, no cotidiano, de 60 organizações sociais da Zona Oeste, tem contribuído efetivamente para a mobilização de recursos locais. Exemplos disso são as inúmeras empresas que fazem doação de materiais e equipamentos, além do intercâm-bio e troca de informação entre as próprias organiza-ções parceiras.

O Instituto Rio também investe no desenvolvimento institucional, possibilitando o aprimoramento das or-ganizações sociais parceiras. Oferece capacitações em temas diversos, tais como: gestão, gerenciamento de voluntariado, planejamento, avaliação, elaboração de projetos, mobilização de recursos, legislação do terceiro setor e resultados em projetos sociais, beneficiando, dire-tamente, 210 técnicos, sendo 53 homens e 157 mulheres.

Organizações que incorporem o modelo de fundação comunitária, certamente, terão um relevante papel a desempenhar no futuro do trabalho social no Brasil. Serão um elemento a mais para o incremento do inves-timento social privado numa determinada área, contri-buindo, assim, para o desenvolvimento local.

Elio Raymundo MoreiraDiretor Executivo – Instituto Rio

Uma fundação comunitária no BrasilUtilizando o modelo de

fundação comunitá-ria, o Instituto Rio busca

implantar um novo conceito de filantropia, expressando o permanente diálogo com a sociedade, tendo em vista possibilitar o real exercício da responsabilidade social. Atende não apenas às necessidades básicas da comuni-dade, mas também aos desejos e anseios da maioria dos cidadãos, vontade de mudança e participação em uma sociedade mais justa e democrática.

Um dos desafios mais importantes das fundações comu-nitárias é a criação de fundos permanentes. Parte dos rendimentos financeiros desse tipo de fundo é direcio-nada para projetos sociais que são selecionados, aten-dendo a critérios previamente estabelecidos e baseados em prioridades definidas a partir de diagnósticos locais. A participação dos atores locais no desenvolvimento dos projetos garante que os recursos sejam destinados a ser-vir aos reais interesses e prioridades da comunidade.

O Instituto Rio foi responsável pela criação do Fundo Vera Pacheco Jordão, o primeiro fundo permanente do Brasil, que vai se multiplicando ao longo do tempo e está perenemente à disposição das comunidades da região onde atua. Por meio deste fundo, foi possível apoiar 176 projetos sociais, beneficiando mais de 45 mil pessoas.

A proposta do Instituto Rio é promover o protagonismo das comunidades situadas na Zona Oeste do Rio de Ja-neiro, alavancando seus recursos, envolvendo os diversos atores locais, construindo um patrimônio social comum. Mapea, monitora e fortalece, institucionalmente, orga-nizações locais, contribuindo para uma cultura dinâmica de filantropia e investimento social privado.

A Zona Oeste da cidade tem a maior taxa de indicadores sociais negativos da região metropolitana. É a região de maior carência do município quanto à infraestrutura ur-bana e de serviços (saúde, educação etc.). Apresentando ainda localidades tipicamente rurais, é a região do Rio de Janeiro que mais cresce, pelo aumento das atividades da indústria e do comércio. É caracterizada pelo número expressivo de crianças e jovens sem acesso a oportuni-dades de atendimento à saúde, educação e lazer. Levan-

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McDia Feliz é sucesso em todo BrasilRealizado anualmente, todo valor adquirido com a venda do Big Mac é revertido em prol das crianças com câncer, do instituto Ronald McDonald

A 22º edição do McDia Feliz foi um sucesso. Realizada no último dia 28 de agosto em todo país, mais uma vez a

campanha foi motivo de orgulho para seus organizadores, que, com muito trabalho, conseguiram promover um espetá-culo digno da grandeza de sua causa, que é ajudar as crianças com câncer, sob os cuidados da Casa Ronald McDonald, na compra de um Big Mac (isolado ou na Mc oferta).

No ano passado, 1,3 milhões de sanduíches foram vendidos, o que gerou um total de R$ 11,7 milhões. A expectativa de seus organizadores é que esse valor seja superado neste ano, onde os resultados serão divulgados em outubro. O McDia Fe-liz sempre é realizado com total apoio dos funcionários, fran-queados e dos fornecedores, além dos voluntários, que muito somam nessa causa.

Com apoio do Instituto Pró-Menor, o McDia Feliz, na Ilha do Governador contou com a presença de políticos e artistas, que abraçaram a causa e ajudaram a fazer, dessa campanha, uma referência no combate ao câncer infantil.

“O Instituto Pró-Menor tem o prazer de contribuir com o McDia Feliz e, certamente, essa festa linda vai crescer a cada ano, para que possamos ajudar nossas crianças e adolescentes a ficar curados dessa doença”, afirmou Carlinhos “Pró-Menor”, presidente do Instituto Pró-Menor.

Dentre os músicos, a banda Antiquarius, Jhonny e Érika e as Mc’s Bruninha e Sabrina divertiram a plateia com seus shows. O delegado de polícia civil, Alexandre Neto, também marcou pre-sença no McDia.

“É um prazer poder organizar um evento que tenha o objetivo de ajudar na cura dessas crianças e adolescentes. Esperamos poder sempre apoiar a Casa Ronald McDonald. Aqui na Ilha, o McDia foi um grande sucesso”, falou Thonni Delarue, produtor do McDia Feliz, na Ilha do Governador, Rio de Janeiro.

por Bruno Lima

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Micronegócio: o milagre dos pães

Tudo é possível, espe-cialmente no mundo

dos negócios. Com uma boa ideia, preparo pessoal, inteligência e criatividade, é possível até reprisar o “milagre dos pães” em pleno século XXI. Para os mais incrédulos, nada melhor do que histórias reais, verídicas, comprováveis, os famosos cases de sucesso. Muhamed Yun-nus é o inspirador desta constatação. Professor de Economia, em uma Universidade da Índia, para ensinar sobre transações bancárias aos seus alunos, fez uma espécie de “laboratório”, onde simulava empréstimos bancários. Com pouco dinheiro para levantar seu projeto, convidou alunos e amigos a juntar uma pequena quantia e emprestá-la a membros de uma co-munidade pobre, mulheres que trabalhavam artesanalmente.

Estas mulheres emprestavam material para confecção de peças em argila, vendiam as peças prontas, pagavam ao fornecedor – que ficava com a maior parte do resultado – e com o res-tante, sobreviviam. E o ciclo vinha se repetindo por gerações. O que faltava para estas valorosas mulheres empreendedoras, que agregavam valor ao barro, e daí sustentavam suas famílias, para prosperarem? A resposta é simples. Não tinham capital de giro para bancarem, de antemão, a matéria-prima.

Atento, Yunnus verificou que US$ 100 ou US$ 200 para cada mulher, deste universo empreendedor, seriam suficientes para quebrar este ciclo vicioso. Decidiu, então, sem levantar barreiras burocráticas e exigências em garantias, emprestar o dinheiro ne-cessário. Muito em seguida, constatou que a inadimplência era quase zero, e que os juros, assim, poderiam ser ainda mais bai-xos. O negócio virou uma “bola de neve” do bem, se retroalimen-tou, expandiu e teve seu alcance ampliado em milhares de vezes.

Esta é uma história que, além de verdadeira, é muito bonita, trata da libertação, transformadora, de uma realidade mile-nar de miséria, passada de geração a geração. Então, “fechando o pano” e abrindo-se para o ato final, o dia de hoje:

- Yunnus conseguiu 2 vezes o que o Brasil até hoje, em mais de 500 anos, não alcançou.

1) Quebrou um modelo de pobreza, onde muitos trabalha-vam e poucos prosperavam.

2) Ganhou o Prêmio Nobel de Economia.

Como se não bastasse, é o feliz proprietário de um banco multinacional que vale mais de US$ 1 bilhão. E o melhor, não abandonou a escada de sucesso. Yunnus continua emprestando aos desvalidos e ajudando seu país a construir uma potência BRIC, por onde circulam vacas sagradas – literalmente – e elefantes em plenas vias públicas.CQD – como queríamos demonstrar! (como diriam os ma-temáticos).

Se elevarmos a ideia de Yunnus para o patamar seguinte, de microempréstimo, partiremos para o micronegócio. E pode-ríamos afirmar, em alto e bom tom:

- Se Yunnus acreditou no MICROCRÉDITO, nós acreditamos no MICRONEGÓCIO.

Eduardo BuysEngenheiro, empresário e Editor do Blog do Varejo(www.varejototal.zip.net )[email protected]

Rua Conde de Leopoldina 644São Cristóvão CEP 20930.460

Rio de Janeiro RJ Brasilt. 55 21 3878.8700

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sEduardo Buy

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Foto 1: A multidão compareceu em peso, para curtir as atrações musicais do evento Foto 2: Carlinhos “Pró-Menor” (um dos apoiadores do evento) junto com seu filho, João Pedro, e o professor Carlos Ernani

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registrou taxas de crescimento absurdas, mas não distribuiu renda para a população. Atualmente, o Brasil ainda vive uma realidade bastante inusitada. É um dos maiores produtores de alimentos do mundo, mas o desperdício de comida contrasta com a quantidade de pessoas famintas. O índice de qualidade de vida (IDH) melhorou nos últimos oito anos porque o governo federal privilegiou os mais pobres com o programa Bolsa Família. Com isso, 12 milhões de famílias saíram da pobreza extrema por meio da transferência de renda direta. A classe média também saiu fortalecida com a geração de emprego. O sistema capitalista requer medidas de inclusão social para evitar anomalias. A res-ponsabilidade social de preservação ambiental são resultados dos apelos por sustentabilidade – uma das respostas para o problema da exclusão. O desafio é conquistar o apoio de mais parceiros da iniciativa privada. As empresas privadas que investem no capi-tal social precisam de mais desoneração fiscal para manter os

incentivos em projetos inovadores de assistência. Somente as empresas capitalizadas mantêm grandes projetos. E isso é pés-simo para o país, levando-se em conta que 90% das empresas são de pequeno porte. Essas medidas são importantes já que o sistema tributário arrecada muito da iniciativa privada. À me-dida que esse estímulo aumenta, a responsabilidade passa a ser enraizada culturalmente.

Pró-Menor - Na sua opinião, projetos como o Instituto Pró Menor, que cuidam dos menores necessitados, têm o apoio merecido por parte dos nossos governantes, da for-ma como necessitam?Marcelo Sereno - As organizações não governamentais (ONGs) e as entidades filantrópicas têm um papel de suma importância na redução das desigualdades. O poder público não é autossu-ficiente e deve reservar mais recursos do orçamento municipal, estadual e da União para financiar entidades sérias e compro-metidas. Projetos que envolvam reforço escolar, cursos técnicos e profissionalizantes para qualificar o jovem ao mercado de trabalho, serviços na área odontológica e de consultas médicas precisam ser abraçados, prioritariamente.

O brasileiro é um povo bastante solidário. Quando se faz cam-panha para ajudar necessitados, a arrecadação de mantimentos sempre surpreende. Se o poder público intermedia a distribui-ção, é necessária a fiscalização. Essa função deve ser exercida pelo parlamentar, representante legítimo do povo. A praxe é o cidadão doar por conta da comoção, em casos de calamidade

ascido no Rio de Janeiro, no bairro do Rio Comprido, Marcelo Sereno é um renomado economista com uma

trajetória política muito engajada, que começou ainda nos tempos de faculdade. Formado pela Universidade Cândido Mendes, Sereno ingressou no PT (Partido dos Trabalhadores) em 1981, por defender seus ideais de democracia.

Além de ter sido vice-presidente da Associação dos Emprega-dos da Vale do Rio Doce, onde ingressou por concurso público, secretário-geral do Sindicato dos Economistas e membro da Executiva Estadual da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Sereno também possui um histórico de grandes realizações junto ao PT. Em 2002, participou do governo de Benedita da Silva; em 2003, quando o presidente Lula assumiu a Presidên-cia da República, Sereno foi chefe de gabinete da Casa Civil. Além disso, ele já foi secretário nacional de Comunicação do PT.

Até o último ano, esteve à frente da Grandiflorum Participações, holding controladora da refinaria de Manguinhos. A experiência política e o conhecimento sobre as necessidades e carências da “Cidade Maravilhosa” fazem de Sereno um dos melhores profis-sionais nessa área.

Entrevistado pela revista Pró-Menor, Marcelo Sereno analisa a questão da responsabilidade social e dos menores carentes dentro da sociedade atual.

Pró-Menor - Como o senhor analisa a responsabilidade so-cial no Brasil, nos dias de hoje?Marcelo Sereno - O conceito de responsabilidade social é re-lativamente novo, tanto para o governo quanto para as em-presas. Antigamente, a prática deste conceito estava restrita a movimentos da Igreja. No período da ditadura militar, o país

Para Sereno, organizações desta natureza ajudam ao poder público na redução das desigualdades.

pública. No mundo moderno, onde as pessoas cada vez es-tão mais atarefadas e sobra pouco tempo para as atividades voluntárias, a atuação dessas entidades é fundamental para manter o equilíbrio e a preservação do bem-estar social.

Pró-Menor - Qual a melhor forma de incluir os me-nores carentes na nossa sociedade, de um modo igua-litário? Marcelo Sereno - Países de primeiro mundo já prova-ram que o desenvolvimento social está baseado na saúde e educação de qualidade, no incentivo à pesquisa para o desenvolvimento de tecnologia e inovação. A criação do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e as metas para elevar a qualidade de ensino passam pela valorização de professores, investimentos em infraestru-tura e atividades recreativas como esporte, lazer e cultura. O tempo que o cidadão passa nas salas de aula influencia diretamente no salário que vai receber no futuro. A vio-lência, o consumo e o tráfico de drogas são o termômetro para perceber o quanto as coisas estão mal. É um proble-ma que foi se acumulando ao longo do tempo. A criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que ins-tituiu os conselhos tutelares, há 20 anos, foi um marco. Como se pode perceber, o que falta não é a criação de leis, mas a aplicação e o aperfeiçoamento da fiscalização, além de investimentos do poder público para que os abrigos de ressocialização para o menor funcionem.

Pró-Menor - Qual sua expectativa para a nossa juven-tude no futuro? Marcelo Sereno - A cada geração, os jovens estão mais inteligentes e antenados com o mundo. A velocidade da informação, proporcionada pela internet, contribui para a construção de uma sociedade mais justa na circulação do conhecimento. Ainda é preciso democratizar o acesso para as camadas mais populares. Após 20 anos de promessas, o Brasil caminha para ser o país do futuro. Está no caminho certo para atingir o grau de maturidade. A estabilidade econômica foi alcançada, inflação controlada, 15 milhões de empregos foram criados em oito anos, e os empresários estão otimistas. Com o tempo, as histórias de superação de meninos pobres, sem perspectivas de futuro, serão um capítulo negro na história brasileira porque não haverá discrepâncias sociais alarmantes.

Marcelo Sereno ressalta importância das ONGs no Brasil

por Bruno Lima

Entrevista

Marcelo Sereno Bruno Lima

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ada pessoa vem ao mundo com uma missão maravilhosa a cumprir, mas poucas descobrem isso a tempo. As condi-

ções podem ser diferentes no início de nossas vidas, mas estamos cheios de exemplos de pessoas que vencem situações adversas e hoje contam histórias de sucesso.

Assim pode ser definida a história de vida de Carlos Augusto Felipe, ou simplesmente Carlão, um grande exemplo de garra e determinação, mostrando que todos nascem para vencer. Nós que decidimos se vamos perder.

Interno durante sete anos na extinta Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (FUNABEM), atualmente , Fundação da Infância e Adolescência (FIA), Carlão fala com carinho, deste período de sua vida. Ele reconhece que a rigidez da instituição foi fundamental para que ele se tornasse um cidadão de bem, lamentando o atual descaso com crianças e jovens, principais personagens do futuro de nosso país.

Pró-Menor – Que resumo o senhor faz de sua passagem pela FUNABEM?Carlão – Como toda criança, eu achava a vida de interno da ins-tituição muito rigorosa. Tudo tinha regra e hora, ou seja, muita disciplina. Fui internado com sete anos de idade, acompanhado por meu irmão mais velho. Meus pais não tinham como cuidar de quatro filhos homens. Lá, tínhamos estudos, diversas atividades esportivas, aulas de artesanato e, como recreação, alguns pas-seios. Tudo era baseado na disciplina e muita rigidez. Hoje reco-nheço a importância da FUNABEM na minha vida e na dos muitos amigos que fiz lá. Muitos se tornaram médicos, militares de alta patente, juízes, entre outras profissões. Assim como eu, todos reconhecem que o rigor com que fomos educados nos remeteu a um futuro melhor. A educação, com base na disciplina rígida, também traz benefícios.

Carlão transforma sua história em um exemplo de vida para crianças e jovens

Pró-Menor – Como o senhor classifica o processo de so-cialização da FUNABEM ?Carlão – Era tudo muito simples. Lá ninguém era melhor do que ninguém. Esse era o principal meio de socialização. Ninguém era discriminado ou tratado com indiferença. Atualmente, podemos dizer que é comum e já se tornou rotina indiferenças no processo de educação de muitos brasileiros, infelizmente. O desequilíbrio educacional, que o poder público vem desenvolvendo ao longo do tempo, só serve para excluir as camadas menos favorecidas da sociedade, onde os mesmos não terão chances iguais aos que tiveram a oportunidade de estudar em uma boa escola. O sistema marginaliza quem teve uma formação educacional ruim.

Pró-Menor – Como se desenvolveu sua formação escolar e acadêmica?Carlão – Sempre fui muito dedicado aos estudos. Estudei na Es-cola Estadual Ruy Barbosa, em Bonsucesso, no Colégio Gama e Souza, onde era bolsista e, no colégio Católico São Sebastião. Sempre fui muito disciplinado e focado para com meus estudos, isto foi fruto da minha educação na FUNABEM. Posteriormente, entrei para o Exército, na Brigada Paraquedista, 27º Batalhão de Infantaria. Focado, nessa época, em me dedicar aos estudos, pois já estudava Direito na própria SUAM, larguei o Exército. Para me sustentar e custear a faculdade, tornei-me guardador de carros na porta da Sociedade Universitária Augusto Motta (SUAM).

Pró-Menor – Por que o senhor preferiu estudar Direito e como foi o início de sua carreira profissional?Carlão – Eu sempre me interessei em estudar leis. O Direito foi uma questão de gosto pela profissão de advogado. Ainda durante a faculdade, trabalhei como entregador de jornal na Folha de São Paulo, durante alguns anos. Depois de solidificar áreas e equipes, fui convidado a coordenar toda distribuição deste jornal no mu-nicípio do Rio, liderando diariamente 260 funcionários, ao longo de seis anos. Em 1991, me formei Bacharel em Direito, passan-do a advogar durante certo tempo. Isto foi muito importante na minha trajetória de vida, entretanto, a vida me reservava outros rumos. Entre os anos de 1995 e 2002, trabalhei junto às Orga-nizações Globo, no setor de logística da empresa, atendendo ao jornal e à emissora de TV. Como empresário, fundei a empresa AM Express, pioneira no ramo de delivery no Rio de Janeiro, e a empresa Educargo, prestadora exclusiva de serviços de carga expressa para a companhia aérea Vasp, falida anos depois. Na administração destas empresas, sempre fiz questão de valorizar meus mais de 300 funcionários, a maioria motoqueiros. Além de cumprir remuneração justa e todos os benefícios, mantinha todos com carteira assinada. Também implementei um planeja-mento que tornou todos os meus motoqueiros, proprietários de motos zero km. Isto fez com que nossa produção aumentasse e que a equipe atuasse com mais incentivo e segurança. O sistema funcionava como uma participação nos lucros.

Pró-Menor – Quando a política passou a fazer parte da sua vida?Carlão - A partir do ano de 1986. Nesta época, fui convidado a

ser um dos coordenadores da campanha para deputada federal, pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), da en-tão presidenta da Legião Brasileira de Assistência (LBA), senhora Leia Leal. Eleita, a deputada foi convidada a as-sumir outro cargo político. Já envolvido na vida pública, participei da Eco 92, no Rio de Janeiro, como um dos co-ordenadores. Por ser um defensor fervoroso da educação de qualidade, especialmente para nossas crianças e jo-vens, passei a trabalhar focado em um futuro de oportu-nidades para estas gerações, usando-me como exemplo. Quero que eles possam mudar esse quadro de descaso com que o atual poder público trata essa realidade.

Pró-Menor – Como político e cidadão, como o senhor vê a realidade da criança e do jovem no Brasil?Carlão – A pior possível. Existem duas camadas sociais que são totalmente excluídas da nossa sociedade: a crian-ça até a adolescência e o idoso. Essas duas camadas, in-dependente se são ricos ou pobres, sofrem muita discrimi-

nação por parte da nossa sociedade. Parece que a nossa vida útil vai dos 20 aos 50 anos. Antes e depois dessa faixa etária, o preconceito é gritante. Precisamos implantar um conceito justo e igualitário para nossas crianças, jovens e adultos. Assim conseguiremos respeito e dignidade para nossa realidade social.

Pró-Menor – Ainda voltado para atendimento a crianças e jovens de famílias com baixa renda, o que o senhor pro-põe para que esta camada da população receba serviços de qualidade nas áreas de saúde e educação?Carlão – Acho fundamental a implantação de ações que unam os setores públicos e privados, alimentada por meio de incentivos fiscais. As empresas podem e querem partici-par. A parceria entre empresas e escolas, ligadas diretamente nesse contexto, funcionaria em processo de convênio. Uma empresa privada poderia mandar seus funcionários ou filhos, estudarem nas escolas públicas conveniadas. Em contrapar-tida, esta empresa receberia incentivos fiscais para investir em saúde e educação nesta instituição de ensino. É impor-tante ressaltar que precisar-se-ia ampliar e qualificar o corpo docente das escolas que prestariam também serviços de assistência social, médicos, nutricionistas, psicólogos e den-tistas, trabalhando conjuntamente em um só lugar. Está na Constituição Brasileira que todo cidadão tem, dentre outras

Entrevista

por Bruno Lima colaboração: Sebastião Paz

Da FUNABeM para o mundo: tudo é possível para quem acredita

Esperançoso em um futuro melhor, Carlão acredita na nossa juventude

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coisas, direito à saúde e educação. Esta seria uma maneira de estender es-tes serviços aos jovens, com mais qualidade e menos sacrifícios. Para isto, seria importante também haver mais união entre as esferas federal, esta-dual e municipal. Esta integração possibilitaria que as verbas destinadas à educação e saúde das cidades, chegassem efetivamente a quem precisa.

Pró-Menor – Sendo eleito deputado estadual, que projeto voltado para crianças e jovens o senhor pretende implementar para o Rio de Janeiro?Carlão – As crianças estudariam em horário integral, possibilitando às fa-mílias necessitadas de terem a tranquilidade de trabalhar e deixar os filhos nas escolas. Seus filhos estariam sob a tutela do estado e isso seria feito com total responsabilidade e comprometimento da nossa parte. Meu obje-tivo é dar assistência total à nossas crianças e jovens, da creche ao ensino médio. Iremos focar a formação profissional do indivíduo com cursos téc-nicos e profissionalizantes, finalizando com encaminhamento ao primeiro emprego. Vou lutar para que nossas crianças e nossos jovens não fiquem nas ruas, abandonados ao descaso, como, infelizmente, vemos atualmente.

Pró-Menor – Em sua opinião, o que representam as Organizações Não Governamentais (ONGs) para o nosso país?Carlão – Em todo o mundo, as ONGs têm tido uma participação muito importante na vida de milhares de pessoas. Elas são, em muitos casos, fundamentais até para a sobrevivência de uma camada da população em verdadeiro estado de abandono. Especificamente no Brasil, devemos ficar atentos à seriedade de algumas instituições. Não devemos generalizar, mas, infelizmente, ainda existem ONGs que abusam de suas prerrogativas para cometer desvios de conduta, não fazendo nada do que efetivamente defen-dem. É necessário que o poder público fiscalize, de forma contundente, todas essas organizações não governamentais, para que, somente as honestas sejam dignas de receber qualquer incentivo público. Em resumo, acho que elas, bem fiscalizadas, podem e prestam um grande serviço ao país.

Pró-Menor – Para encerrar, deixe uma mensagem para quem se en-contra numa fase difícil e anseia por um futuro melhor.Carlão – Determinação, fé, coragem e, principalmente, superação. Acreditar que é possível, ter a capacidade de entender, quando se é criança ou jovem, que algumas medidas rígidas na vida serão fundamentais no futuro, para construção do caráter de um cidadão honesto e de bem. Superação é saber que os objetivos traçados foram alcançados. É nossa obrigação e responsabi-lidade pregar e utilizar o respeito com todas as camadas sociais, valorizando sempre o ser humano e a vida. Problemas não são obstáculos, mas oportuni-dades ímpares de superação e evolução. Comece por fazer o que é necessário, depois, faça o que é possível e, em breve, estará fazendo o que é impossível.

Entrevista

ex-menino de rua, ex-aluno do Pró-Menor e atual sargento da AeronáuticaDa infância pobre na comunidade da Maré, até se tornar um respeitado militar, Joabs passou por muitas experiências

om 24 anos servindo a Aeronáutica, Joabs Alves Lima, mais conhecido como Sargento Joabs, tem uma história de vida

que muito incentiva quem se encontra em situação difícil, em fun-ção de não fazer parte de uma camada social privilegiada, mas tem vontade de superar essa barreira com dignidade.

Carioca, nascido na Maré, uma das comunidades mais violentas do Rio, Joabs, como a maioria das crianças ao seu redor, precisava tra-balhar para ajudar em casa, pois, além de seu pai e sua mãe, ainda tinha nove irmãos. Como ofício, ao nove anos, Joabs começou na função de engraxate no antigo Aeroporto Internacional do Galeão, hoje, Aeroporto Internacional Tom Jobim, na Ilha do Governador. Entre algumas internações na FUNABEM e a busca pelo sustento, Joabs conheceu um soldado que resolveu ajudá-lo, levando-o para engraxar no Comando Aerotático da Aeronáutica, começando, ali, a grande reviravolta na sua vida.

“Realmente foram momentos muito difíceis, trabalhando como engraxate. Às vezes, tinha que dormir na rua e, nem sempre, éra-mos bem tratados. Mas, com humildade, fé em Deus e honestida-de, apareceu uma pessoa para ajudar e não podemos nunca deixar uma grande chance na vida passar sem aproveitar da melhor ma-neira possível,” disse Joabs.

Sem abrir mão dos estudos, depois de trabalhar durante algum tempo no Comando Aerotático da Aeronáutica, Joabs foi engraxar na Escola de Comando do Estado Maior da Aeronáutica, na Base Aérea do Galeão, e no Parque de Material Aeronáutico do Galeão, sempre com uma bicicleta para locomoção.

“Foi muito gratificante poder trabalhar na Aeronáutica e ver que todo esforço valeria a pena. Parecia um sonho poder, um dia, estar ali como militar. Muitos colegas foram para o caminho errado e faleceram cedo. Por isso que é mais válido passar por algumas di-ficuldades e ir caminhando gradativamente na vida, sempre com honestidade,” contou.

Após nove anos engraxando, o sonho de Joabs começou a se tornar realidade. Assim que concluiu o segundo grau, hoje ensino médio, em 1986, se alistou na Base Aérea do Galeão. Ali recebeu uma carta de boa conduta das mãos do Major-Brigadeiro Moreira Lima, que, atualmente, é Ministro da Aeronáutica da reserva, a pedido do

então coronel João Felipe Sampaio, que hoje é Ministro do STM – Supremo Tribunal Militar.

A partir desse momento, dava-se início à grande trajetória na vida de Joabs, que, ao ingressar na Aeronáutica como recruta, um ano depois, foi promovido a soldado. Em 1988, realizou um concurso para taifeiro, onde foi aprovado e, desde então, foi subindo na hierarquia da respeitada força armada.

“Foi um sonho que se tornou realidade. Poder servir, ajudar em ações humanitárias desse nosso país é um prazer imenso, é algo que não tem preço,” afirmou Joabs, que hoje é 2º Sar-gento da Aeronáutica.

Aos 42 anos de idade e pai de dois filhos, daqui a seis anos, Joabs será nomeado Sub-Oficial da reserva e acredita que seu caminho na Aeronáutica estará coroado com chave de ouro.

“Realmente, foi e ainda está sendo uma trajetória muito bo-nita. Foram muitos países percorridos, culturas conhecidas, sabedoria adquirida e valores que ficam em nossas vidas. Devemos transmitir isso para as novas gerações. Gostaria de agradecer a todos: Comandante Luis Carlos da Silva Bueno, Ministro Lacerda, Tenente-Brigadeiro Rodolfo Becker Reichneider, Major-Brigadeiro-Aviador Marcio Callafange, à senhora Glainer Mambal Callafange, Coronel Wilton Tendente e Carlinhos Pró- Menor,”finalizou Joabs.

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A polícia judiciária fl uminense e o eCA

como mencionado anteriormente, posto que há que se indagar: como a autoridade da distrital autuaria posteriormente o maior sem a oitiva do adolescente, oitiva esta, na especializada e não na distrital comum, que foi, justamente, a ratio legis do disposi-tivo legal sub examine? Como a autoridade da distrital formaria, quer sua cognição pessoal, quer seu convencimento, sem a oi-tiva própria do adolescente? Tudo isso, sem falar que as partes seriam todas ouvidas na especializada, para, depois de horas, serem reconduzidas à distrital para novas esperas e novas oiti-vas no bojo do auto de prisão contra o maior. Com isso, haveria desgastes colossais, inclusive de policiais e viaturas que, neste interregno, deixariam de policiar as ruas, tudo para se duplicar, sem qualquer razão jurídica, um procedimento investigatório que deve ser unitário e célere.

Não nos deslembremos da regra de que o foro especial derroga o genérico! Não nos deslembremos de que uma mera norma administrativa interna não pode derrogar uma lei federal!

Denota-se, pois, que a existência de uma única Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente para todo o Estado do Rio de Janeiro se afigura numa forma de desrespeito e negligência para com as crianças e adolescentes fluminenses, cuja conduta é repudiada, com veemência, pela Constituição da República em seu art. 227, que assim preconiza:

“É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profis-sionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.”

Vê-se, assim, que o dispositivo constitucional supracitado guar-da perfeita consonância com os arts. 3º e 4º, ambos do ECA. Mas isso parece não se mostrar suficiente para sensibilizar os suces-sivos governos, sempre preocupados em aumentar o número de DEAM’s (Delegacias Especializadas no Atendimento da Mulher), visando, assim, a agradar considerável parcela do eleitorado feminino, em flagrante detrimento daqueles que ainda não podem sequer participar do pleito eleitoral. Enfim: preocupam-se com as mães, mas esquecem-se dos filhos, das crianças e dos adolescentes, que, em caso de desastres ou catástrofes, pos-suem absoluta primazia no salvamento.

Resta-nos a indignação e o inconformismo que deveria partir, primordialmente, das próprias mães que geraram essas crianças. Além de não contarem com a proteção materna, ainda perma-necem desfrutando do evidente descaso por parte do próprio Es-tado. Afinal, será que a tal Maria da Penha tem filhos? Se tiver, que faça uma lei para protegê-los de forma efetiva, até que eles cresçam e acabem legislando em causa própria.

Alexandre NetoDelegado de Polícia do Estado do Rio de Janeiro

No ano de 2010, o ECA (Estatuto da Criança e

do Adolescente) completou 20 anos. Os avanços foram

crescentes, tais como: a elevação da expectativa de vida em mais de seis anos, o decréscimo da mortalidade infantil em 58%, o aumento da taxa de escolarização e a retirada de mais de cinco milhões de crianças e adolescentes do tra-balho infantil, além da criação e efetiva implantação dos Conselhos Tutelares e dos Conselhos dos Direitos, hoje já implantados em 98% e 92% dos municípios nacionais, respectivamente. O relevante trabalho da Polícia Judiciária, entretanto, notadamente em nossa unidade federativa, ain-da claudica, pois o mais importante dispositivo legal atinente à atividade policial parece sepultado como letra morta.

Com efeito, dispõe o artigo 172, do ECA:

“O adolescente apreendido em flagrante de ato infracional será, desde logo, encaminhado à autoridade policial competente.

Parágrafo único - Havendo repartição policial especializada para atendimento de adolescente e em se tratando de ato infracional praticado em coautoria com maior, prevalecerá a atribuição da repartição especializada, que, após as pro-vidências necessárias e conforme o caso, encaminhará o adulto à repartição policial própria.”

Essa é a letra da lei. Por seu turno, a Constituição da Re-pública, assim como o próprio Estatuto, impõem, além das demais garantias a todo e qualquer preso, garantias protetivas especiais em se tratando de adolescente. Esta é, inequivo-camente, a ratio legis do art. 172, do ECA, pois visa a que o adolescente seja ouvido e autuado em órgão próprio e especializado na sua proteção, ainda que tal garantia venha a atingir, igualmente, ao maior coautor. Porém, a recíproca não se pode dar, sob pena de violação a direito subjetivo, especial do adolescente e, ipso facto, o maior não poderá ficar preso no mesmo órgão onde o adoles-cente ficar acautelado.

Daí que, uma vez autuado, sob proteções especiais, o ado-lescente e seu coautor maior, deverá este último ser leva-do à distrital, onde permanecerá acautelado à disposição das soberanas determinações do Poder Judiciário. Tudo isso na hipótese da delegacia distrital possuir carceragem para tanto, o que não é caso da maioria das distritais, cujas cir-cunstâncias fariam com que, nos casos concretos, o maior

fosse enviado pela DPCA (Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente) – que é a delegacia especializada para atender ao adolescente – à Polinter.

Esta é a regra de hermenêutica, aliás, geral: o foro especial atrai e sobrepõem-se ao foro do coautor que não detém tal prerrogativa. Qualquer exegese diversa que se queira dar ao Parágrafo único do art. 172, do ECA, com a devida vênia, atropelaria, a uma só vez, todo o Direito, eis que vulneraria o princípio de hermenêutica citado, ao mesmo tempo em que, ou prejudicaria a cognição de quem lavrasse o auto de prisão contra o maior, ou, ao contrário, tornaria inócua a especial proteção garantida ao adolescente. Em qualquer hipótese, bipartiria a investigação, quebrando sua unida-de, em prejuízo dos resultados e com maiores gastos ao erário estadual.

Isto se afirma em face das duas correntes interpretativas que se quer dar ao dispositivo legal em comento, sendo uma dada pela DPCA, e outra, pelas demais autoridades de todas as outras distritais no Estado do Rio de Janeiro.

A primeira corrente, capitaneada pela DPCA, afirma que a especializada autuaria o adolescente, remetendo o coautor maior, depois, para ser autuado pela distrital do fato. Se bem que, na prática, a DPCA tem imposto que as distritais procedam contra o maior junto com o adolescente, e, de-pois, remetam o adolescente, com cópia do auto contra o maior, para nova autuação do adolescente na DPCA, ilega-lidade esta que se estriba em lamentável resolução admi-nistrativa emitida pela Chefia da Polícia Civil, com vigência fática – jamais jurídica – há mais de dez anos, em flagrante vulneração ao § 7º, do art. 144, da CRFB (Confederação da República Federativa do Brasil). c/c art. 112, § 1º, II, d e art. 118, X, da Const. Estadual/RJ de 05.10.89.

A segunda corrente, majoritária entre as demais autorida-des policiais, interpreta o Parágrafo único do art. 172, do ECA de forma teleológica. Daí concluindo que, uma vez co-metido fato de relevância penal envolvendo, em coautoria, adolescente e maior, caberá à DPCA, como especializada com circunscrição e atuação concreta em todo o Estado do Rio de Janeiro, proceder contra o maior e o adolescente a um só tempo para, depois, remeter o maior à distrital, apenas para efeito de acautelamento.

Concessa venia, a única solução que se amolda ao Direito e, ao mesmo tempo, às razões pragmáticas, é a segunda,

Que a FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que visa a transformar o Brasil em uma grande potência econômica, nação próspera e socialmente justa, é uma das princi-pais parceiras do Instituto Pró-Menor? Que as ONGs, no Brasil, têm uma associação: a ABONG (Associação Brasileira de Organiza-ções Não Governamentais), reconhecida até no exterior, em função da seriedade de sua trajetória, ao longo dos 19 anos de existência? Que a Atitude Projetos Sociais tem, como ob-jetivo principal, qualifi car gestores de ONG’s, preparando-os para a mudança comportamen-tal e consciência crítica dos envolvidos? E, ainda, que o seu foco é a capacitação dos jovens e pro-fi ssionais de diversos segmentos no despertar de sua autoestima?

Alexandre Neto

Alexandre Neto

Você sabia?

Denise de Barros Vice-Presidente do Instituto Pró-Menor

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