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Experiências pedagógicas
sobre território nas escolas de
arquitetura
Ivo Oliveira, Marta Labastida (eds.)
Lab2PT / EAUM
O livro reúne as comunicações
apresentadas no encontro Experiências Pedagógicas sobre Território nas Escolas de Arquitetura realizado na
Escola de Arquitetura da Universidade
do Minho em novembro de 2016.
O encontro, enquadrado do projeto
de investigação «On Being With-it:
Experiências Pedagógicas sobre
Território na EAUM», reuniu docentes de
unidades curriculares da área da Cidade
e Território de nove escolas constituindo
uma oportunidade para — entre pares
— questionar e refletir sobre aquilo
que têm sido os objetivos e opções
programáticas e metodológicas dos
desafios lançados aos alunos.
Esta publicação faz parte de um projeto
de investigação mais alargado, intitulado
«On Being With-it: Experiências
Pedagógicas sobre Território na EAUM»,
que visa reunir, refletir e divulgar o
trabalho que estudantes e professores
têm feito desde 2001 no âmbito
de Cidade e Território, na Escola de
Arquitetura da Universidade do Minho.
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EXPERIÊNCIAS PEDAGÓGICAS SOBRE TERRITÓRIO
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Experiências pedagógicas
sobre território nas escolas de
arquitetura
Experiências pedagógicas
sobre território nas escolas de
arquitetura
Ivo Oliveira, Marta Labastida (eds.)
Lab2PT / EAUM
Livro publicado no âmbito do
projeto de investigação
On Being With-it:
Experiências Pedagógicas
sobre Território na EAUM,
do Lab2PT/EAUM.
PROJETO DE INVESTIGAÇÃO
On Being With-it: Experiências Pedagógicas Sobre Território na EAUMLab2PT/EAUM
CoordenaçãoCidália Ferreira Silva
Grupo Cidade e Território da Lab2PT/EAUMCidália Ferreira SilvaMarta LabastidaIvo OliveiraRute CarlosVincenzo Riso
Bolseiro de investigação Daniel Duarte Pereira
LIVRO
Experiências pedagógicas sobre território nas escolas de arquitetura
Publicado em dezembro 2017 porUniversidade do Minho. Laboratório de Paisagens, Património e Território – Lab2PT
EdiçãoIvo OliveiraMarta Labastida
Paginação e capaManuel Granja
RevisãoConceição Candeias & Rui Centeno
Impressão e acabamentoSerSilito, Empresa Gráfica, Lda.
© Universidade do Minho. Laboratório de Paisagens, Património e Território – Lab2PT© Os autores / Escola de Arquitetura da Universidade do Minho
ISBN ebook978–989–54027–3–1
ISBN printed version978–989–54027–3–1
On being with-it
Escola de Arquitetura da Universidade do Minho
Em prol da transdisciplinaridade na prática do Território.
O Ensino em questão
Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Fernando Pessoa
Comentários sobre a experiência
do Projeto Final I e II do MA–IST
Departamento de Engenharia Civil e Arquitetura do Instituto superior Técnico
O Projeto 5 na FAUP: os objetivos, a didática e os
desafios essenciais à experimentação sobre o Território
Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto
Apontamentos sobre Território e Arquitetura
no ensino do DAU ISCTE-IUL
Escola de Tecnologias e Arquitetura do Instituto Universitário de Lisboa
Projeto Urbano como exercício político (da Polis)
Departamento de Arquitetura da Faculdade de Ciências e Tecnologia
da Universidade de Coimbra
A experiência pedagógica em torno do território
na EAUM: Duas oportunidades
Escola de Arquitetura da Universidade do Minho
Aproximações interdisciplinares sobre território no
Curso de Mestrado Integrado em Arquitetura da ESAP
Escola Superior Artística do Porto
Ensino e Experimentação: Arquitetura sobre o Território
Departamento de Arquitetura da Universidade Autónoma de Lisboa
e Departamento de Arquitetura da Universidade de Évora
Aproximações na produção de conhecimento
sobre as coisas do território
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Cidália Ferreira Silva
Sara Sucena
António Barreiros Ferreira
António Ricardo da Costa
Teresa Heitor
Teresa Calix
Pedro Mendes
Pedro Botelho
Nuno Grande
Nuno Grande
Rute Carlos
Paolo Marcolin
Rui Mendes
Conceição Melo
Filipe Fontes
Ivo Oliveira
Marta Labastida
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Daí que estas intervenções mais amplas e
complexas, e, sobretudo, em que os diferentes
níveis não são simultâneos, mas têm em regra
grandes incertezas, exija um ensino de projectação
especifíco, que prepare os futuros Arquitectos
(…) em todos os campos de intervenção em que
o tempo e a incerteza, quanto aos actores e aos
programas impõe problematizações e métodos
diferentes dos da concepção de edificações ou
conjuntos destinados a obra em prazo à vista.
No encontro foram apresentadas experiências pedagó-
gicas sobre território desenvolvidas nas escolas de arqui-
tetura que em conjunto dão corpo ao objetivo comum de
capacitar para ler, analisar, interpretar, propor e justificar,
cinco fases inquestionáveis de um processo de transfor-
mação territorial. Também nas temáticas e metodologias
adotadas se identificam aproximações entre escolas que
fazem evoluir opções pedagógicas até então apoiadas
no desenvolvimento de modelos mais genéricos e deter-
ministas, decorrentes de uma visão expansionista do
Aproximações na produção de conhecimento sobre as coisas do território
Conceição Melo1
Filipe Fontes2
Ivo Oliveira3
Marta Labastida4
1 Diretora Municipal do Município de Santo Tirso
2 Diretor do Departamento de Urbanismo do Município de Guimarães
3 Escola de Arquitetura da Universidade do Minho
4 Escola de Arquitetura da Universidade do Minho
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espaço urbano. Uma evolução que se reflete em programas
intencionalmente deixados em aberto, na valorização da
experienciação e permanência prolongada nos lugares em
estudo, em estratégias fortemente vinculadas a oportuni-
dades locais e à manipulação positiva dos seus efeitos, na
aproximação pouco hierarquizada aos atores locais e no
reconhecimento dos contributos das mais diversas áreas
disciplinares. Transformações processuais e instrumen-
tais, nomeadamente no âmbito da representação, que
suportam um pensamento transdisciplinar, transescalar,
estratégico e, inevitavelmente, complexo. Como conse-
quência assiste-se à diluição dos tradicionais contornos do
projeto e a uma crescente separação entre o projeto e a
obra construída, entre o espaço simulado e o espaço real.
Uma separação essencial sem a qual não podem ser consi-
derados fatores relativos ao tempo e à indeterminação.
O afastamento entre projeto e obra construída contribui
para a diluição da dimensão autoral que, por sua vez,
perante o domínio de exercícios realizados em grupos
de alunos se acentua. Na área da cidade e do território
o trabalho em grupo domina e é essencial para o esta-
belecimento de rotinas e de plataformas de discussão,
negociação e entendimento. É no interior desses grupos
que se desenvolvem estratégias especificas, adaptadas ao
objeto do estudo, que exigem confrontar um olhar próximo
com a grande escala bem como o permanente teste das
escolhas possíveis e a sua reexaminação em função do
que essas mesmas escolhas começam a produzir. Nas
escolas de arquitetura manipulam-se as complexidades
do território contemporâneo colocando os alunos numa
intencionada zona de desconforto.
Apesar de tudo o que é partilhável e comum às expe-
riencias pedagógicas que as escolas desenvolvem existem
diferenças que provêm de um vasto conjunto de fatores
sendo três particularmente relevantes, a saber:
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• as qualidades do território que cada escola privilegia
para as suas experiencias pedagógicas e que são
indissociáveis da maturidade dos protocolos estabe-
lecidos com as entidades implicadas na sua transfor-
mação e no acesso ao conhecimento já produzido;
• o momento em que esses exercícios surgem no
plano de estudo das escolas e consequentemente
a consistência do corpo teórico e instrumental que
confere ao aluno capacidade para representar e
interrogar o real;
• o tempo de investigação e de contacto com o terri-
tório preconizado para cada exercício, sendo indis-
sociável da estrutura semestral ou anual, do maior
ou menor vínculo ao corpo das unidades curriculares
de projeto e, consequentemente, da carga horária e
relevância pedagógica e institucional atribuída.
O encontro revelou um crescente número de experiências
pedagógicas desenvolvidas no âmbito de protocolos com
entidades públicas e privadas que estabelece um impor-
tante sistema de vasos comunicantes. Dos protocolos
estabelecidos já não se espera obter visões pret-a-porter
fixas e plenamente sincronizáveis com os ciclos da polí-
tica, com a fugacidade da economia ou até mesmo com
interpretações rígidas dos instrumentos de ordenamento.
São protocolos que têm um âmbito territorial reduzido,
mas com um tempo de execução cada vez mais alargado.
Eles cumprem um papel determinante na disseminação
de conhecimento e permitem destacar um conjunto de
entidades que reconhecem que, na definição de projeto,
está implícita uma dimensão laboratorial e prospetiva da
qual não se quer abdicar. São protocolos que fortalecem a
experimentação na cidade e no território e que contribuem
para a erradicação de automatismos na forma de lidar com
as coisas do território.
A visibilidade que as experiências alcançam é muito
variável. Ela depende de estratégias de comunicação e
sistemas de representação que estão muito para lá dos
desenvolvidos no âmbito da morfologia urbana mais
convencional, da mais comum progressão de escalas ou
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de um sistema baseado em estratégias de delimitação e
zoneamento. O encontro diz-nos que, à pergunta “Como
se representa hoje as questões do território?” a resposta
convoca cada vez mais à esfera das ferramentas digitais
e das artes visuais, mas também das humanidades e de
uma iconografia plural (colectiva ou participativa). Ferra-
mentas que para não contribuírem para a virtualização
do território, têm que permanecer direcionadas para um
exercício fortemente baseado na construção de narrativas
partilhadas a partir das escolhas e problemáticas identifi-
cadas pelos alunos nos territórios em estudo.
Refletir sobre a presença e a importância dos temas do
território nas escolas de arquitetura não é tarefa fácil nem
consensual. O potencial reunido nas experiencias peda-
gógicas, as suas maiores virtudes, não devem ocultar as
fragilidades que nos espaços de ensino persistem e que se
estendem para o lado da profissão. No entanto, acredita-se
que o caminho de uma especialização baseada em redu-
ções, ruturas, separações ou simplificações disciplinares
pode ser evitado. Basta que o arquiteto lide com as coisas
do território, reconhecendo e questionando a sua comple-
xidade, abrindo os horizontes e imaginando inesperadas
transversalidades, para que assim possa continuar a ser
aquele especialista em não ser especialista.
Enquanto suporte de toda atividade o território perma-
necerá presença incontornável. O encontro contribuiu para
o reconhecimento da arquitetura enquanto bem público e
não enquanto mero produto económico e, consequente-
mente, pouco livre. Revelaram-se aproximações e forta-
leceu-se o património das ideias urbanas que ambicionam
outros futuros e que vão participar na definição dos desíg-
nios e das encomendas que visam um novo território.
Filiação
Lab2PT, Escola de Arquitetura,
Universidade do Minho.
Campus de Azurém
4800–058 Guimarães
Este trabalho tem o apoio financeiro do Projeto Lab2PT – Laboratório
de Paisagens, Património e Território – AUR/04509 com o apoio
financeiro da FCT/MCTES através de fundos nacionais (PIDDAC), e o
cofinanciamento do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional
(FEDER), ref.ª POCI-01-0145-FEDER-007528, no âmbito do novo
acordo de parceria PT2020, através do COMPETE 2020 – Programa
Operacional Competitividade e Internacionalização (POCI).
University of MinhoSchool of Architecture