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Jamilla Barroso - Implantes e Ortodontia

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Jamilla Barroso - Implantes e Ortodontia

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A Opinião da Doutora Jamillasobre Implantes e Ortodontia

C APÍTULO 18

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Cap. 18 - Implantes e Ortodontia

Os Implantes

A Implantodontia firma-se a cada dia, como uma das especialidades que surgiram para modificar o quadro, de maneira forte e significativa, na vida dos profissionais da Odontologia, já que podemos lançar mão de uma ferramenta a mais em nossos planejamentos, fato esse que até meados da década de 1980 ainda engatinhava, e a segurança para o uso dos implantes parecia remota. Para os pacientes, o ganho foi muito grande. Essa especialidade vem contribuir com benefícios muito significativos.

Não posso esconder que demorei muito a inserir aos meus planejamentos reabilitadores, a técnica dos implantes. É uma especialidade nova, podemos dizer assim, como uma das últimas es-pecialidades que surgiram. As tentativas e estudos, para substituir elementos perdidos, iniciou-se de maneira pouco confiável. Graças a um ortopedista sue-co, qua batiza o nome da técnica, Dr. Per Ingmar Branemark, o cenário mu-dou. E a partir daí, comecei a confiar na Implantodontia.

Não resta dúvida que é uma espe-cialidade onde o profissional que a exe-cuta precisa possuir rigorosos critérios e uma gama enorme de investigações, para chegar com sucesso aos objetivos do planejamento.

Há de se ter uma equipe multidis-ciplinar atuando, analisando e planejando cada caso. Os recursos que a Implanto-dontia oferece são amplos. No entanto, para trabalhar com segurança, determi-nadas regras precisam ser criteriosamente respeitadas. Reabilitador e implantodon-tista precisam estar absolutamente afina-dos. O caso clínico discutido em conjunto, e um roteiro traçado. As duas especialida-des deverão apreciar desde o perfil psico-lógico do paciente até os exames de rotina, para chegarem à finalização do projeto.

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A manobra cirúrgica de execução do implante é pura e simplesmente, um proto-colo que requer profundo conhecimento da região anatômica em questão para o ato ci-rúrgico. No entanto, jamais o implantodon-tista poderá estar ancorado apenas em sua habilidade cirúrgica ou no trânsito seguro da região anatômica em questão.

Um levantamento rígido das con-dições do paciente para receber um im-plante se faz necessário. Saúde periodon-tal; estrutura óssea adequada, qualitativa e quantitativamente, para receber o im-plante escolhido; obedecendo ao planeja-mento protético, tendo em mente sempre a carga que esse vai suportar. Será neces-sário lançar mão de enxertos ósseos? Ou ainda, levantamento de seios? O paciente está suficientemente preparado para as distintas fases, manobras ou técnicas às quais será submetido?

A preparação psicológica é muito importante, assim como a discussão das escolhas com o próprio paciente, este deverá estar adequadamente esclarecido sobre todos os aspectos do procedimento. Após o protocolo cirúrgico e até a finaliza-ção do caso, reabilitador e implantodontis-ta deverão trabalhar juntos.

Durante a manipulação dos com-ponentes provisórios e moldagens dos implantes, na minha opinião, faz-se necessária a presença do implantodon-tista. Nesses momentos do trabalho ele é muito importante, já que é o especia-lista. O torque final também deverá ser dado por ele. Fica de inteira respon-sabilidade do reabilitador as provas e ajustes de oclusão, ajustes de distribui-ção de força, posicionamento das coro-as ou próteses definitivas para a solu-ção de cada caso. A fase de laboratório deverá ser inteiramente monitorada pelo reabilitador. Não é compreensível que após as transferências dos compo-nentes, o trabalho fique nas mãos do técnico. Os componentes deverão ser ajustados pelo reabilitador, para a cons-trução da estrutura metálica.

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A Ortodontia

Como as demais especialidades e recursos de que a Odontologia dispõe, a Or-todontia ocupa posição importante quando eleita de forma prudente e absolutamente indicada para determinada solução, com diagnóstico prévio e seguro.

Nos pacientes, na sua fase adulta e, que apresentam comprometimento nos teci-dos de sustentação, faz-se necessário aplicar forças de maneira suave, para que a movi-mentação aconteça muito lentamente, ao mesmo tempo monitorando as interferên-cias do trabalho e das relações cuspídeas.

Coloco essa posição, levando em con-sideração o uso da Ortodontia, praticada em larga escala. A meu ver, se assim os procedi-mentos forem executados, as chances de su-cesso surgirão. Contudo, não é minha esco-lha para solucionar os males da má oclusão. Os problemas funcionais, indiscutivelmente, serão resolvidos em todos os ângulos com os recursos protéticos, objetivando a correção dos males da oclusão, direcionando o nosso ponto de trabalho sempre na Articulação Temporomandibular (ATM).

Minha proposta será a recuperação do sistema fazendo correções e reabilitan-do com os recursos de dentisteria; logo, a Ortodontia ficará em segundo plano.

Para a solução dos distintos tipos de desarmonias oclusais tais como: mordida cruzada, mordida aberta, mordida de topo,

falsa classe III, alguns tipos de apinha-mentos, minha escolha para os pacientes adultos será, invariavelmente, a pro-tética. Recortes para ajustes nas peças dentárias, com objetivo de alcançar uma nova maneira de se processar a articula-ção do novo padrão de oclusão que ire-mos construir.

A má oclusão, classe II de Angle, é um dos principais distúrbios da função. Esse desajuste normalmente ocorre por falhas na harmonia oclusal, provocando disfunção na ATM. Uma das principais causas é a diminuição do espaço entre as arcadas, projetando os côndilos para o fundo da cavidade glenóide.

Esse posicionamento provoca aparência ilusória de alongamento dos incisivos superiores, já que os dentes inferiores ocluem nos tecidos gengivais (Palato). As movimentações mecânicas apresentam-se com total incapacidade para a solução desses casos, uma vez que é necessária uma reconstituição total para a busca do novo padrão de distri-buição das peças dentárias e a criação de parâmetros novos nas dimensões faciais.

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É de suma importância salientar para a comunidade odontológica, que as movimentações mecânicas corrigem as peças dentárias mal posicionadas, api-nhamentos, forma dos arcos. Quando muito bem plane-jado o caso e na idade correta para o uso da técnica, ou seja, o paciente em fase de cresci-mento, corrige-se a maxila, expan-dindo a mesma e melhorando a os-satura craniofacial. No entanto, a di-mensão facial, as correções de dimensão vertical, ocorrem até mesmo em pacientes jovens por herança genética, a Ortodon-

tia não devolve ou proporciona a recupe-ração de uma perda de dimensão vertical.

Na minha opinião, esse fator é cru-cial para o insucesso dos protocolos de Ortodontia, já que, sabemos, o mais impor-

tante não é apresen-tar dentes absoluta-mente alinhados e com função deterio-rada ou, ainda, com prejuízo nas propor-ções craniofaciais – esse ponto de vista é mais acentuado em se tratando de pa-cientes adultos. Há um grande equívo-

co, mesmo no meio da comunidade odon-tológica, de procurar solucionar os males da má oclusão com a Ortodontia.

“Outra consideração importante é estarmos atentos para o fenômeno de que as sutu-ras craniofaciais possuem um suave coeficiente de movimentação. O trabalho conjunto do direcionamento de aplicação da força e o complexo muscular tornam-se cúmplices do nosso trabalho. Essa é a verdadeira correção. Fisiologicamente, não há idade para essa prática.”

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Abertura de Arco

Mordida Cruzada - Resultado obtido em 15 dias (movimentação fisiológica)

Morida de Topo

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Protrusão

Apinhamento

Linha Mediana

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Essas considerações são direcionadas à pacientes na fase adulta. As modificações mecâ-nicas são perfeitas para o trabalho com pacientes a partir da erupção dos caninos (precisamos con-siderar que o crescimento ósseo ocorre da linha mediana para trás, provocando a separação dos elementos dentários decíduos, que poderão ter comprometimento a partir da erupção citada). O profissional de Ortodontia pode corrigir comple-tamente os desajustes, pois sabemos, a raiz dos problemas está na formação óssea e acompanha a bagagem genética com raríssimas exceções.

Quando estamos diante de um caso que envolva, especificamente, apinhamentos, com de-feitos sem comprometer os movimentos oclusais, tão pouco causando interferência na qualidade de saúde do complexo articular, e ainda, estando a malha muscular perfeitamente posicionada, a Ortodontia atua muito bem.

Deve-se dedicar atenção especial aos tecidos de sustentação. Um periodonto com-prometido não suporta manobras mecânicas. Em peças com grau mínimo de mobilidade, ou mesmo aquelas adjacentes, que se apresentem com grau normal de mobilidade. Quando se faz necessário o uso dos recursos ortodônticos, de-vemos traçar um plano completo de tratamento

periodontal, para então, desenvolver o restante do nosso plano de trabalho.

Considero, muito ainda, as condições gerais do paciente em questão. Persistência aos nossos procedimentos, cooperação, dispo-nibilidade de tempo para o tratamento, classe social e sua profissão.

O dentista precisa analisar, com frieza, que método irá aplicar. Há outros caminhos? Devo abrir o leque para outras propostas?

À margem dessas considerações, não des-carto totalmente a conjugação das especialidades. Mantenho sempre meu gosto pessoal pelos pro-cedimentos de correções, através de preparos nas peças dentárias, quando em 100% dos casos é possível alcançar sucesso pleno.

Precisamos estabelecer determinadas normas e caminhar com firmeza, na diretriz escolhida; considerar com seriedade o eixo das raízes, aplicando forças direcionadas nas chaves e guias dos arcos. Desse modo, com minha ca-suística de abertura de arco, descruzamento de mordida, protrusão e desalinho das peças den-tárias, facilmente chego ao meu objetivo. Há que considerar um fato importante: o padrão oclusal modifica-se, constantemente, pelo trabalho e mo-vimentação da língua em todas as fases da vida.