Jardins de Helena

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    NARRATIVA ESTTICO-PEDAGGICA

    JARDINS DE HELENA: UM DILOGO ENTRE ARTE

    CONTEMPORNEA E A MEMRIA ANTIPOFFIANAMarilene Oliveira Almeida - Mestranda em Educao pela linha de pesquisa: Psicologia

    Psicanlise e Educao, Faculdade de Educao, UFMG.

    Ana Maria do Esprito Santo Oliveira - Especialista em Arte Educao/UEMG - Professorade Arte Educao do Curso de Pedagogia do Instituto Superior de educao Ansio

    Teixeira/Fundao Helena Antipoff

    Universidade Federal de Minas GeraisFundao Helena Antipoff

    Resumo: Este texto relata uma experincia esttico-pedaggica realizada no XXIX Encontro Anual HelenaAntipoff, na Fundao Helena Antipoff/Ibirit, MG, cujos objetivos eram o de vivncia em arte e de reflexoacerca da prtica docente e o ensino de Arte. Apresenta uma reflexo sobre a arte na formao de professores,baseada nas contribuies scio-culturais de Lev Vigotski, a partir de seu livro Psicologia da Arte, em dilogocom a arte contempornea e a memria educacional de Helena Antipoff. Buscou-se como proposta conceitual aconstruo de uma instalao, a partir da idia de se plantar um jardim com flores artificiais confeccionadascom resduos reciclveis, como caixas Tetra Pack, e memrias de Helena Antipoff, trazidas em forma de frasesdeixadas pela educadora que aludissem aos seus ideais educacionais. Como abordagem metodolgicafundamentou-se na proposta triangular de Ana Mae Barbosa para o desenvolvimento do trabalho. Buscou-se nahistria da arte, por meio do uso do vdeo Isto Arte? de Celso Favaretto, argumentos para o debate

    pedaggico entorno do ensino da Arte, j que a maioria do grupo constituia-se de licenciandos dos cursos dePedagogia, Cincias Biolgicas e Letras. A reflexo e a vivncia em arte experimentada na oficina, pelo vis damemria e da arte contempornea, comprovou-se importante no sentido de que suscitou aos envolvidos aseguinte questo: como as memrias de Helena Antipoff aliada aos conceitos de arte contempornea podemconstituir-se proposies e ainda mediar abordagens metodolgicas de ensino da arte na formao deprofessores? O pensamento vigotskinano: a arte o social em ns colabora para pensarmos a importante tarefado professor de viabilizar o ato criador nas escolas.

    PALAVRAS-CHAVE: Ensino de arte; Arte contempornea; Helena Antipoff.

    1. INTRODUO

    Na inteno de discutir o ensino de arte na formao de professores, o texto apresenta o relatode uma experincia esttico-pedaggica sob o enfoque da arte contempornea e da memriaeducacional de Helena Antipoff realizada nos cursos de licenciatura do Instituto Superior deEducao Ansio Teixeira, da Fundao Helena Antipoff/Ibirit- MG em dilogo com as

    contribuies scio-culturais de Lev Vigotski sobre a arte, baseadas em seu livro Psicologiada Arte.

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    O ensino de Arte nas escolas vem sofrendo intensas transformaes desde que se tornouobrigatrio, pela reforma educacional de 1971, Lei de Diretrizes e Bases da EducaoNacional (LDBEN) - Lei n.5.692/71. Na nova LDBN 9394/96 de 1996, a Arte passa a comporo currculo escolar obrigatrio como disciplina e no mais Educao Artstica, elencada nos

    Parmetros Curriculares NacionaisPCNs - em quatro campos: artes visuais, dana, msica eteatro. Entretanto, embora a legislao aponte a obrigatoriedade do ensino de Arte naeducao bsica, no exige que o profissional, para atuar nas sries iniciais, seja habilitado, oque justifica sobremaneira a discusso do tema no curso de Pedagogia, j que as licenciandasdevero atuar tambm como professoras de Arte.

    Desse modo, discutir o ensino de arte um importante mecanismo para despertar aconscincia pedaggica nesse campo que exige do professor criatividade metodolgica epesquisa sobre o vasto campo da rea, quer seja especialista ou no na disciplina referida e apercepo da dimenso cultural da arte e do pblico com o qual ir trabalhar.

    Concordando com Vigotski (1999, p.315) quando afirma que a arte o social em ns, essetexto vem apontar para a constatao de que a dimenso social das expresses artsticas dasdiversas culturas reveladora das diferentes relaes entre os indivduos na sociedade. Assim,o conhecimento em arte, e em conseqncia o ensino de Arte, pode abrir possibilidades aoseducandos de conhecer a si e de melhor compreender o mundo a sua volta.

    Nesse sentido, o estudo apresenta-se como uma proposta esttico-pedaggica de reflexo naformao de licenciandos, sob o enfoque das idias de Vigotski sobre a psicologia da arte emdilogo com a arte contempornea e as memrias educacionais de Helena Antipoff,personagem importante de nossa histria da educao.

    2. FUNDAMENTAO TERICA

    2.1. Helena antipoff: perspectivas de uma proposta de ensino de arte

    Helena Antipoff, psicloga e professora russa, veio para Minas Gerais, em 1929, atuar naEscola de Aperfeioamento, sob a iniciativa do governo Antnio Carlos para implementarmudanas no ensino bsico e na formao de professores, fundamentadas na ReformaFrancisco Campos, iniciada em 1927. Essa Escola de Formao de Professores, localizada emBelo Horizonte, era parte desse projeto de reforma educacional que acontecia em todo o pas.

    O trabalho da educadora estendeu-se para a educao popular quando fundou em Ibirit, Mg,a Fazenda do Rosrio, na dcada de 1940, dando incio a uma experincia mpar de inovaespedaggicas e de incluso social. Seu empreendimento educacional dedicou-se aosexcepcionais, os abaixo da faixa da normalidade, nome dado por ela aos considerados

    retardados; aos bem-dotados; considerados acima da normalidade, formao de

    professores rurais, criando a Escola Normal Rural e tinha especial preocupao com acomunidade local, rural ainda naquela poca.

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    Repensar a arte e a vivncia em arte na formao dos professores hoje, nos faz rever aperspectiva de Helena Antipoff em relao ao ensino de arte. Antipoff acreditava na escolarural como meio de fixar o homem do campo e melhorar as suas condies de vida, portantoapostava na qualidade da formao do professor. Para a psicloga russa, o homem do campo

    poderia encontrar no artesanato fonte de renda e de aproveitando da matria-prima local.Valorizava o fazer com as mos na aliana com as atividades intelectuais, considerava a

    arte a via de acesso ao seu projeto de melhoria das condies de vida da comunidaderosariana. Para isso encarregou-se de trazer para a fazenda muitos artesos e artistas

    professores a fim de promover uma educao em arte como processo de formao tanto dos

    alunos como dos professores.

    A educadora trabalhou pela incluso da arte na educao quer seja na formao dosexcepcionais, considerados infradotados, na formao dos professores, da criana dita

    normal e tambm na dita supranormal, tambm denominados bem-dotados. Trabalhouativamente at o fim de sua vida, inclusive criando a Associao Associao Milton Campos

    para Desenvolvimento e Assistncia de Vocaes de Bem Dotados ADAV, em 1972,entidade em prol do desenvolvimento das potencialidades dos jovens talentosos, projeto queprivilegiou fortemente a presena da arte na formao humana (ANTIPOFF, C., 2010).

    2.2. Contribuies de Vigotski para a discusso do ensino de arte nacontemporaneidade

    Para Vigotski (1999), arte fenmeno humano, o resultado da relao do homem com omundo fsico, social e cultural, seja de forma direta ou mediata, a via de construo emanifestao das diversas formas com que pode apresentar-se como integrante do seu meiosocial. De acordo com Paulo Bezerra que prefacia Psicologia da Arte, edio brasileira deVigotski (1999, XVII.): Essa dialtica do individual e do social em arte leva-o a concluir queo sentimento representado na arte no se torna social mas individual na medida em que apessoa que frui a arte converte-se em indivduo sem deixar de ser social. De acordo comMonteiro (2010, p.51), para Vigotski:

    as artes no poderiam ser explicadas tendo como referncia a vida privada; pelo contrrio, acompreenso exige uma interpretao que envolve a esfera da vida social. Sua crtica se volta paraa psicologia emprica e experimental, que concebe a mentalidade humana isolada de seu processohistrico cultural. Seus estudos demonstraram um entendimento do homem como um ser que temcomo base a dimenso biolgica e sobre ela se imbricam as dimenses socioculturais e histricasno processo de formao do indivduo.

    E nesse sentido, as ideias de Vigotski sobre a pedagogia da arte provocam-nos, pois, ensinaro ato criador da arte impossvel; entretanto isto no significa, em absoluto, que o educadorno pode contribuir para a sua formao e manifestao (VIGOTSKI, 1999, p.325).

    Pensar a formao de professores, especialmente para o ensino de Arte nas sries iniciais,tambm pensar o professor como esse ser histrico-cultural que ensina seres histrico-

    culturais. Buscar parmetros tericos que revelem formas de refletir sobre o ensino de Artepode suscitar importante debate para formao de licenciandos que vo atuar neste ensino.Debates baseados nos ensinamentos de Helena Antipoff sobre a educao, sobretudo sobre o

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    ensino de arte, na perspectiva histrico-cultural de Vigotski no que se refere aos preceitospedaggicos, aliados a proposies de experincias em arte, especialmente em artecontempornea. Nesse sentido, reforar ainda mais a idia de ensino de arte comoexperimentao e vivncia, dando s crianas a oportunidade de conhecer e expressar

    simbolicamente o mundo social que as cerca.

    A formao do professor para atuar no ensino de Arte carece de discusses sobre a psicologiada arte, de considerar os educandos seres sociais, com histrias particulares, comaprendizados anteriores aos escolares, com desejos e expectativas singulares. Nessa

    perspectiva, a experincia de se vivenciar arte em um curso de licenciatura se faz

    importante instrumento de reflexo da importncia de se considerar, nas aulas de Arte, esseselementos que compem cada indivduo para alm dos contedos e prticas a seremimplementadas.

    2.3. A oficina de arte como possibilidade de reflexo na formao de professores

    A oficina de arte Jardins de Helena foi realizada no XXIX Encontro Anual HelenaAntipoff/Educao Inclusiva: Histria e Atualidade, em maro de 2011, na Fundao HelenaAntipoff/Ibirit, MG. Buscou discutir com os participantes, a maioria alunos dos cursos dePedagogia, Letras e Cincias Biolgicas do Instituto Superior de Educao AnsioTeixeira/FHA, alguns conceitos que usualmente nomeiam as expresses artsticasdesenvolvidas a partir da dcada de 1960 como instalao1, performance2, happening3 etambm a dimenso esttica4 da arte contempornea.

    1Uma instalao (krafts) uma manifestao artstica onde a obra composta de elementos organizados em um

    ambiente . A disposio de elementos no espao tem a inteno de criar uma relao com o espectador. umaobra de arte que s "existe" na hora da exposio, montada na hora, e aps isto desmontada, sendo que delembrana da mesma s ficam fotos e recordaes.

    2Aart performance ou performance artstica uma modalidade de manifestao artstica interdisciplinar que -

    assim como o happening - pode combinar teatro, msica, poesia ou vdeo. caracterstica da segunda metadedo sculo XX, mas suas origens esto ligadas aos movimentos de vanguarda (dadasmo, futurismo, Bauhaus,etc.) do incio do sculo passado.

    3Ohappening(do ingls, acontecimento) uma forma de expresso das artes visuais que, de certa maneira,

    apresenta caractersticas dasartes cnicas. Neste tipo de obra, quase sempre planejada, incorpora-se algumelemento de espontaniedade ou improvisao, que nunca se repete da mesma maneira a cada nova apresentao.

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    Esttica (do grego ou aisthsis: percepo, sensao) um ramo da filosofia que tem por objeto oestudo da natureza do belo e dos fundamentos da arte. Ela estuda o julgamento e a percepo do que considerado belo, a produo das emoes pelos fenmenos estticos, bem como: as diferentes formas de arte eda tcnica artstica; a idia de obra de arte e de criao; a relao entre matrias e formas nas artes. Por outro

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Artehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Artes_visuaishttp://pt.wikipedia.org/wiki/Happeninghttp://pt.wikipedia.org/wiki/Teatrohttp://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%BAsicahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Poesiahttp://pt.wikipedia.org/wiki/V%C3%ADdeohttp://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XXhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Vanguardahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Dada%C3%ADsmohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Futurismohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Bauhaushttp://pt.wikipedia.org/wiki/Artes_visuaishttp://pt.wikipedia.org/wiki/Artes_c%C3%AAnicashttp://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_gregahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofiahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Belezahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Artehttp://pt.wikipedia.org/wiki/T%C3%A9cnicahttp://pt.wikipedia.org/wiki/T%C3%A9cnicahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Artehttp://pt.wikipedia.org/wiki/Belezahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofiahttp://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_gregahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Artes_c%C3%AAnicashttp://pt.wikipedia.org/wiki/Artes_visuaishttp://pt.wikipedia.org/wiki/Bauhaushttp://pt.wikipedia.org/wiki/Futurismohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Dada%C3%ADsmohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Vanguardahttp://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XXhttp://pt.wikipedia.org/wiki/V%C3%ADdeohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Poesiahttp://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%BAsicahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Teatrohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Happeninghttp://pt.wikipedia.org/wiki/Artes_visuaishttp://pt.wikipedia.org/wiki/Arte
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    A oficina teve como proposta conceitual a construo de uma instalao, a partir da idia dese plantar um jardim com flores artificiais confeccionadas com resduos reciclveis, caixas

    Tetra Pack e memrias de Helena Antipoff, trazidas em forma de frases deixadas pelaeducadora que aludissem aos seus ideais educacionais.

    Como abordagem metodolgica fundamentou-se na proposta triangular de Ana Mae Barbosapara o desenvolvimento do trabalho, onde estiveram presentes o fazer, o fruir e ocontextualizar. O fazer englobou todo o processo de montagem da instalao, desde os diasanteriores ao evento, vividos nas aulas de arte do curso de Pedagogia, para construrem-se asnoventa flores de caixas TP e no decorrer do processo de montagem da instalao, ocorridono encontro Helena Antipoff. Envolveu ainda o trazer as flores da sala de aula para ogramado, no dia da instalao dos jardins, cantando-se a msica folclrica predileta deHelena Antipoff, Alecrim Dourado, uma oportunidade de se vivenciar uma performance.Contemplou tambm a marcao do espao do gramado para compor o designer do jardim,em forma da letra h; o plantio simblico das flores, com a insero das essncias, os

    cheiros (perfumes) e as frases dos pensamentos e ideais educacionais de Helena Antipofftranscritos em tiras acrlicas transparentes, envolvidas nas ptalas das flores. O fruir, fez partedesse fazer, o tempo todo, envolvendo os sentidos, viso, tato, audio, a vivncia da

    performance, da montagem da instalao em todos os seus processos e movimentos. Ocontextualizar envolveu a prpria histria da arte, onde empregamos o vdeo como recursopedaggico para situar o surgimento das manifestaes artsticas contemporneas e parasuscitar o debate em torno das ideias inovadoras e atuais ainda de Helena Antipoff sobre aeducao e sobre ensino de arte.

    O desenvolvimento do debate pedaggico se deu por meio do uso do vdeo Isto Arte? deCelso Favaretto, divulgado para os participantes no dia da montagem da instalao, na sala deArte para o curso de Pedagogia, onde colhemos argumentos para o dilogo entorno de queensino da Arte queremos propor para nossos alunos nas escolas que estamos atuando? Odebate iniciou-se com discusses do que hoje consideramos arte, aps a exposio do vdeocom a provocao j no ttulo. Buscou-se no contedo exposto pelo filsofo alguns elementospara uma discusso em que o percurso da arte e suas transformaes, principalmente a partirda dcada de 1960, pudessem ser melhor compreendidos. A arte contempornea, envolvidaem seus vrios conceitos, traz para a reflexo empreendida na proposta da oficina, uma novaforma de sentir/pensar/fazer arte. Discutiu-se com o grupo como trazer novas formas deensino de Arte para as escolas que pudessem propiciar aos alunos experincias enriquecedorasde sentir, de pensar, de fazer, de conhecer arte.

    A instalao foi construda pelo grupo, fundamentada nas discusses sobre o prprioconceito do que seria essa manifestao e como constru-la, associando ao debate asmemrias e ensinamentos deixados para a educao, por Helena Antipoff. A perspectivahistrico-cultural de Vigotski concebe o desenvolvimento humano a partir das interaessociais que os sujeitos estabelecem ao longo da vida, a relao ensino aprendizagem seconstitui nessas interaes, o que eleva a sala de aula um privilegiado locus de sistematizaode conhecimentos. Assim, o professor pode configurar o ensino de arte como precioso meiode difuso de interaes e descobertas, um processo dinmico de construo deconhecimento, onde todos tero possibilidade de falar, levantar suas hipteses e nasnegociaes, chegar a concluses que ajudem o aluno a se perceber parte de um processo.

    lado, a esttica tambm pode ocupar-se do sublime, ou da privao da beleza, ou seja, o que pode serconsiderado feio, ou at mesmo ridculo.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Sublime_(est%C3%A9tica)http://pt.wikipedia.org/wiki/Feiohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Feiohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Sublime_(est%C3%A9tica)
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    3. RESULTADOS E AVALIAO DA EXPERINCIA

    Archer (2001) considera que hoje poucas so as tcnicas e mtodos de trabalho dos artistasque possam garantir ao objeto acabado sua aceitao como arte, anteriormente classificadosem duas amplas categorias: pintura e escultura. Depois de 1960 houve uma decomposio

    das certezas quanto a este sistema de classificao (Archer, 2001, p.1). O autor consideraainda que:

    Quem examinar com ateno a arte dos dias atuais ser confrontado com uma desconcertanteprofuso de estilos, formas, prticas e programas. De incio, parece que, quanto mais olhamos,menos certeza podemos ter quanto quilo que, afinal, permite que as obras sejam qualificadascomo arte, pelo menos de um ponto de vista tradicional. Por outro lado, no parece haver maisnenhum material particular que desfrute do privilgio de ser imediatamente reconhecvel comomaterial da arte: a arte recente tem utilizado no apenas tinta, metal e pedra, mas tambm ar, luz,som, palavras, pessoas, comida e muitas outras coisas (ARCHER, 2001, p. IX).

    Na experincia da oficina, alguns conceitos puderam ser traduzidos no fazer artstico aliconfigurado nas flores, na performance para se chegar ao gramado levando-se as flores ecantando-se a msica preferida de Helena Antipoff, Alecrim Dourado, e na materializaoda instalao ao se plantar as flores acompanhadas das essncias (cheiros) e das essncias(frases) da educadora. A contextualizao dos fundamentos do conceitual na trajetria da arte,da desmaterializao da obra de arte foi apresentada no vdeo e depois discutida e nofruir/apreciar/vivenciar arte ali envolvidos.

    Poetizando a guisa de discusses, a aisthesis5 foi proposta como um chamado a umaexperincia esttica onde os cheiros, sabores, olhares, sensaes pudessem provocar novasformas de pensar a arte na formao dos futuros professores ali reunidos. Uma dasprovocaes lanadas ao grupo foi: qual seria o som das essncias (cheiros e frases) dosJardins de Helena Antipoff plantado no gramado da instituio e instalado pelo grupo?H que se constar que o olfato foi explorado por essncias de perfume deixadas nas flores queemolduraram o caminho em forma da letra hdesenhado pelo jardim.

    A avaliao do evento, considerada positiva pelos comentrios dos alunos do ISEAT, citoudiversas vezes a presena da arte como ponto de destaque no XXIX Encontro Anual HelenaAntipoff, tivemos alm da oficina Jardins de Helena, Oficina de Origami, Exposio defotografias, Exposio e performances de artistas especiais no hall da instituio. Como demonstraram alguns comentrios, a arte envolve os mais diversos sentidos, sejam asrepresentaes que cada um tem do que arte ou os sentidos psicofisiolgicos de nossacondio humana, e certamente pode promover as mais ricas interaes sociais. Assim, apresena da arte, em suas diferentes amostragens, e da instalao Jardins de Helena,incorporada ao cenrio do evento, despertou nos participantes novos olhares e indagaesnaquele espao de debates sobre educao inclusiva.

    5Do grego "aisthesis", significa "faculdade de sentir" ou "compreenso pelos sentidos": viso, audio, tato,

    olfato e paladar.

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    3.1. Um pouco sobre o processo de construo da instalao3.1.2. Costura e colagem das flores em TP

    3.1.3. Confeco das flores com alunas da pedagogia e montagem da instalao

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    3.1.4. Plantio das essncias (frases) e essncias (cheiros)

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    3.1.5. A instalao (no dia seguinte) com interferncia de origami

    3.1.6. As flores, frases, cheiros...

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    4. CONSIDERAES FINAIS

    A experincia Jardins de Helena provoca-nos a refletir: como as contribuies dasperspectivas educacionais de Helena Antioff poderiam trazer para ns, educadores do novosculo, novas formas de reinventar a docncia em Arte em consonncia com o nosso tempo?Como a memria histrica, deixada pelos escritos de Helena Antipoff, planejamentos,dvidas, inquietaes, ou seja, traos deixados pela vida pesquisadora que era, poderia nosajudar a congregar novos conhecimentos para a atuao em Arte que possa contribuir para anossa formao e de nossos alunos?

    Investigar a obra de Helena Antipoff e resgatar suas memrias, seja por aes que envolvam aarte, seja por pesquisas cientficas sobre as contribuies de seu pensamento sobre o ensino dearte ou mesmo sobre o seu papel na histria da arte-educao brasileira de extrema

    importncia, pois necessitamos consolidar a idia de arte como conhecimento construdohistrica e socialmente, que no pode ser sonegado pelo processo de educao escolar

    brasileiro (AZEVEDO, 2008, p.10).

    Pensar a arte e seu ensino sob a perspectiva histrico-cultural de Vigotski se faz importantecaminho nesse trilhar da educao em arte e as discusses sobre o ensino de Arte nas escolas,especialmente nas sries iniciais do ensino fundamental, revela-se uma via de acesso aogrande campo chamado Arte, repleto de possibilidades...

    5. REFERNCIAS

    ANTIPOFF, Ceclia Andrade. Uma Proposta Original na Educao de Bem-Dotados: ADAV Associao Milton Campos para Desenvolvimento e Assistncia De Vocaes de BemDotados em sua primeira dcada de funcionamento: 1973-1983, 2010, 241 f. Dissertao deMestrado. Faculdade de Educao da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte,2010.

    ARCHER, Michel. Arte contempornea: uma histria concisa. Trad. Alexandre Krug. VaterLellis Siqueira. So Paulo: Martins Fontes, 2001.

    CAMPOS, Regina Helena de Freitas. Helena Antipoff (1892-1974) e a PerspectivaSociocultural em Psicologia e Educao, 2010. 269 f. Tese Professora Titular Faculdade deEducao da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2010.

    ______. Helena Antipoff: razo e sensibilidade na psicologia e na educao. Estud. av., SoPaulo, v. 17, n. 49, dez. 2003.

    Disponvel em: . Acesso em 20 maio 2011. doi: 10.1590/S0103-40142003000300013.

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    EMMERMACHER, Benedita Gomes; GUIMARES, Cleusa Telles; TORRES, Vicente deOliveira. ARTE E EDUCAO, aspecto fundamental da pedagogia de Helena Antipoff. In:

    Boletim Mensageiro Rural. Secretaria de Estado da Educao de Minas Gerais. FundaoHelena Antipoff: Ibirit, 1986. p.109-113

    ESTTICA. In: Wikipdia, a enciclopdia livre. Disponvel em:http://pt.wikipedia.org/wiki/Est%C3%A9ticaAcesso em 02/07/2011

    E s t t i c a, C o g n i o e t i c a. Disponvel em:http://www.philosophy.pro.br/estetica_cognicao_etica.htm Acesso em 02/07/2011.

    HAPPENING. Wikipdia, a enciclopdia livre. Disponvel em:http://pt.wikipedia.org/wiki/HappeningAcesso em 02/07/2011

    MONTEIRO, Adriana Torres Mximo. O que a criana desenha quando desenha casa? In:

    Paidia: revista do curso de pedagogia da Faculdade de Cincias Humanas, Sociais e da Sade Ano 7, no 9 (jul./dez. 2010) Belo Horizonte: Universidade Fumec. Faculdade CinciasHumanas, Sociais e da Sade, 2002. p. 43-58

    INSTALAO(ARTE). In: Wikipdia, a enciclopdia livre. Disponvel em:http://pt.wikipedia.org/wiki/Instala%C3%A7%C3%A3o_(arte) Acesso em 02/07/2011

    PEREIRA, Patrcia de Paula. Ensino de Arte nos Primrdios de Belo Horizonte: acontribuio de Jeanne Milde no incio do sculo XX. In: Ensino da Arte: Memria e

    Histria. Ana Mae Barbosa (org.). So Paulo: Perspectiva, 2008. Cap. 5, p. 117-134.

    PERFORMANCE. In: Wikipdia, a enciclopdia livre. Disponvel em:http://pt.wikipedia.org/wiki/Performance Acesso em 02/07/2011

    VIGOTSKI, Lev Semenovich. Psicologia da Arte. Trad. Paulo Bezerra. So Paulo: MartinsFontes, 1999.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Est%C3%A9ticahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Est%C3%A9ticahttp://www.philosophy.pro.br/estetica_cognicao_etica.htmhttp://www.philosophy.pro.br/estetica_cognicao_etica.htmhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Happeninghttp://pt.wikipedia.org/wiki/Happeninghttp://pt.wikipedia.org/wiki/Instala%C3%A7%C3%A3o_(arte)http://pt.wikipedia.org/wiki/Instala%C3%A7%C3%A3o_(arte)http://pt.wikipedia.org/wiki/Performance%20Acesso%20em%2002/07/2011http://pt.wikipedia.org/wiki/Performance%20Acesso%20em%2002/07/2011http://pt.wikipedia.org/wiki/Performance%20Acesso%20em%2002/07/2011http://pt.wikipedia.org/wiki/Instala%C3%A7%C3%A3o_(arte)http://pt.wikipedia.org/wiki/Happeninghttp://www.philosophy.pro.br/estetica_cognicao_etica.htmhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Est%C3%A9tica