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ANO 7 - Número 1513 Brasília-DF, quinta-feira, 15 de setembro de 2005 www.camara.gov.br [email protected] Fone: (61) 3216-1666 Fax: (61) 3216-1653 5 7 Impresso Especial 11204/2002-DR/BSB CÂMARA DOS DEPUTADOS CORREIOS Por 313 votos contra 156, o Plenário aprovou, ontem, a perda do mandato do deputa- do Roberto Jefferson por que- bra de decoro parlamentar. O relator do processo, deputado Jairo Carneiro, afirmou ter convicção de que Jefferson não forneceu elementos suficientes para comprovar o suposto es- quema de mensalão e a parti- cipação de todos os deputados do PP e do PL. “Buscava de- Jefferson perde mandato por 313 votos fender interesse privado seu ao apresentar tais denúncias, pre- tendendo apenas tirar de si mesmo, principal personagem envolvido no escândalo de cor- rupção dos Correios, o foco das atenções públicas, direcionado para outros políticos e parla- mentares”, disse o relator. Carneiro destacou que, como se comprovou durante o processo, o deputado sabia, desde 2003, do esquema e só o denunciou no momento em que isso passou a ser favorável a seus “próprios interesses”. Durante seu discurso de defesa, Jefferson acusou o Governo Federal de ter reali- zado “o mais escandaloso pro- cesso de aluguel do Parlamen- to” e de ter criado o conflito que hoje atinge a Câmara. “Es- tamos em uma guerra fratrici- da, quando a corrupção está do outro lado da praça”, disse. Jefferson não acusou o pre- sidente da República de parti- cipar das irregularidades, mas criticou o que considerou “omissão” de Luiz Inácio Lula da Silva ao delegar poderes para seus ministros. “Para mim, o Lula é o Genoino do Planal- to. Não sabe o que lê, o que assina, o que faz. Depositou nas mãos erradas a confiança que o povo brasileiro deposi- tou nele”, afirmou. página 3 Em depoimento, on- tem, à CPMI da Compra de Votos, o presidente do PP, deputado Pedro Cor- rêa, negou a existência do mensalão e disse que o ex-ministro e deputado José Dirceu nunca ofe- receu dinheiro em troca do apoio do partido ao Governo. Corrêa negou que o PP tenha recebido R$ 4,5 milhões do PT por meio das contas do empresário Marcos Valério de Souza, acusado de ser o opera- dor do mensalão. Segun- do ele, o ex-assessor do PP João Cláudio Genu sa- cou, com autorização do partido, R$ 700 mil em três parcelas, dinheiro que foi usado para pagar os honorários do advoga- do Paulo Goiás, que de- fendia o deputado Roni- von Santiago de proces- so de perda do mandato no TRE. Pedro Corrêa confirma que PP recebeu R$ 700 mil A situação do presiden- te da Câmara, Severino Ca- valcanti, foi avaliada ontem em plenário por deputados de vários partidos, após o empresário Sebastião Buani - que acusou Severino de ter Parlamentares comentam prova apresentada contra Severino pedido dinheiro para reno- var a concessão do restau- rante do Anexo IV da Câ- mara – ter apresentado um cheque de R$ 7,5 mil, saca- do no banco pela secretária do presidente. Página 8 A Comissão de Constituição e Justiça aprovou a admissibilida- de da PEC 446/05, do deputado Ney Lopes, que prorroga até 31 de dezembro o prazo para que al- terações na legislação eleitoral se- jam válidas já no pleito de 2006. Comissão de Justiça aprova prazo maior para mudanças na legislação eleitoral Página 5 A proposta concede mais tempo ao Congresso para apro- var a Reforma Política, já que o prazo atual é 31 de setembro e será encaminhada ao exame de uma comissão especial e posteri- ormente, ao Plenário. Luiz Gushiken nega qualquer ingerência da Secom nas estatais e nos fundos de pensão Página 8 Supremo Tribunal Federal suspende tramitação de processo contra seis deputados do PT Página 4 Vignatti quer novo modelo partidário e financiamento público de campanha Sessão solene homenageia 15 anos do Código de Defesa do Consumidor REFORMA POLÍTICA PLENÁRIO Roberto Jefferson discursa em defesa própria, durante a sessão, presidida pelo primeiro-vice-presidente da Câmara, José Thomaz Nonô LAYCER TOMAZ 2 COMPRA DE VOTOS

Jefferson perde mandato por 313 votos · “omissão” de Luiz Inácio Lula da Silva ao delegar poderes para seus ministros. “Para mim, o Lula é o Genoino do Planal-to. Não sabe

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Page 1: Jefferson perde mandato por 313 votos · “omissão” de Luiz Inácio Lula da Silva ao delegar poderes para seus ministros. “Para mim, o Lula é o Genoino do Planal-to. Não sabe

ANO 7 - Número 1513Brasília-DF, quinta-feira, 15 de setembro de 2005 www.camara.gov.br • [email protected] • Fone: (61) 3216-1666 • Fax: (61) 3216-1653

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ImpressoEspecial

11204/2002-DR/BSBCÂMARA DOS

DEPUTADOS

CORREIOS

Por 313 votos contra 156,o Plenário aprovou, ontem, aperda do mandato do deputa-do Roberto Jefferson por que-bra de decoro parlamentar. Orelator do processo, deputadoJairo Carneiro, afirmou terconvicção de que Jefferson nãoforneceu elementos suficientespara comprovar o suposto es-quema de mensalão e a parti-cipação de todos os deputadosdo PP e do PL. “Buscava de-

Jefferson perde mandato por 313 votos

fender interesse privado seu aoapresentar tais denúncias, pre-tendendo apenas tirar de simesmo, principal personagemenvolvido no escândalo de cor-rupção dos Correios, o foco dasatenções públicas, direcionadopara outros políticos e parla-mentares”, disse o relator.

Carneiro destacou que,como se comprovou durante oprocesso, o deputado sabia,desde 2003, do esquema e só o

denunciou no momento emque isso passou a ser favorávela seus “próprios interesses”.

Durante seu discurso dedefesa, Jefferson acusou oGoverno Federal de ter reali-zado “o mais escandaloso pro-cesso de aluguel do Parlamen-to” e de ter criado o conflitoque hoje atinge a Câmara. “Es-tamos em uma guerra fratrici-da, quando a corrupção está dooutro lado da praça”, disse.

Jefferson não acusou o pre-sidente da República de parti-cipar das irregularidades, mascriticou o que considerou“omissão” de Luiz Inácio Lulada Silva ao delegar poderespara seus ministros. “Para mim,o Lula é o Genoino do Planal-to. Não sabe o que lê, o queassina, o que faz. Depositounas mãos erradas a confiançaque o povo brasileiro deposi-tou nele”, afirmou. página 3

Em depoimento, on-tem, à CPMI da Comprade Votos, o presidente doPP, deputado Pedro Cor-rêa, negou a existênciado mensalão e disse queo ex-ministro e deputadoJosé Dirceu nunca ofe-receu dinheiro em trocado apoio do partido aoGoverno.

Corrêa negou que oPP tenha recebido R$ 4,5milhões do PT por meiodas contas do empresárioMarcos Valério de Souza,acusado de ser o opera-dor do mensalão. Segun-do ele, o ex-assessor doPP João Cláudio Genu sa-cou, com autorização dopartido, R$ 700 mil emtrês parcelas, dinheiroque foi usado para pagaros honorários do advoga-do Paulo Goiás, que de-fendia o deputado Roni-von Santiago de proces-so de perda do mandatono TRE.

Pedro Corrêaconfirma que PP

recebeu R$ 700 mil

A situação do presiden-te da Câmara, Severino Ca-valcanti, foi avaliada ontemem plenário por deputadosde vários partidos, após oempresário Sebastião Buani- que acusou Severino de ter

Parlamentares comentam provaapresentada contra Severino

pedido dinheiro para reno-var a concessão do restau-rante do Anexo IV da Câ-mara – ter apresentado umcheque de R$ 7,5 mil, saca-do no banco pela secretáriado presidente. Página 8

A Comissão de Constituiçãoe Justiça aprovou a admissibilida-de da PEC 446/05, do deputadoNey Lopes, que prorroga até 31de dezembro o prazo para que al-terações na legislação eleitoral se-jam válidas já no pleito de 2006.

Comissão de Justiça aprova prazo maiorpara mudanças na legislação eleitoral

Página 5

A proposta concede maistempo ao Congresso para apro-var a Reforma Política, já que oprazo atual é 31 de setembro eserá encaminhada ao exame deuma comissão especial e posteri-ormente, ao Plenário.

Luiz Gushiken nega qualqueringerência da Secom nas estatais

e nos fundos de pensãoPágina 8

Supremo Tribunal Federalsuspende tramitação de processo

contra seis deputados do PTPágina 4

Vignatti quer novomodelo partidário e

financiamentopúblico de campanha

Sessão solenehomenageia 15 anosdo Código de Defesa

do Consumidor

REFORMA POLÍTICA

PLENÁRIO

Roberto Jefferson discursa em defesa própria, durante a sessão, presidida pelo primeiro-vice-presidente da Câmara, José Thomaz Nonô

LAYCER TOMAZ

2COMPRA DE VOTOS

Page 2: Jefferson perde mandato por 313 votos · “omissão” de Luiz Inácio Lula da Silva ao delegar poderes para seus ministros. “Para mim, o Lula é o Genoino do Planal-to. Não sabe

Brasília, 15 de setembro de 200522

Mesa da Câmara dos Deputados - 52a Legislatura

Diretor: Ademir Malavazi (61) 3216-1500 - Fax: (61) 3216-1505

Editores: (61) 3216-1666Luís Castro, Renata Torres,Roberto Seabra e RosalvaNunes

SECOM - Secretaria de Comunicação Social

Endereço: Câmara dos Deputados - Anexo I - Sala 1508 - CEP: 70160-900 Brasília - DF

Diretora:Amneres Pereira(61) 3216-1651Editor-chefe:Marcondes Sampaio

Jornal da Câmara

Diagramadores: (61) 3216-1667Guilherme Rangel Barros, JoséAntonio Filho , José Alberto eRoselene Guedes de Figueiredo

Presidente:Severino Cavalcanti (PP-PE)1º Vice-Presidente:José Thomaz Nonô (PFL-AL)2º Vice-Presidente:Ciro Nogueira (PP-PI)1º Secretário:Inocêncio Oliveira (PMDB-PE)2º Secretário:Nilton Capixaba (PTB-RO)

3º Secretário:Eduardo Gomes (PSDB-TO)4º Secretário:João Caldas (PL-AL)Suplentes:Givaldo Carimbão (PSB-AL),Jorge Alberto (PMDB-SE),Geraldo Resende (PPS-MS)e Mário Heringer (PDT-MG)

Procuradoria Parlamentar:Ney Lopes (PFL-RN)

Ouvidoria Parlamentar:Custódio Mattos (PSDB-MG)

Diretor-Geral:Sérgio Sampaiode Almeida

Secretário-Geral da Mesa:Mozart Vianna de Paiva

AGENDA

A pauta completa do plenário e das comissões pode ser consultada no endereçoeletrônico www2.camara.gov.br/agendacd

Em depoimento ontemà CPMI da Compra de Vo-tos, o presidente do PP, de-putado Pedro Corrêa (PE),negou a existência do supos-to esquema de mensalão edisse que o ex-ministro e de-putado José Dirceu (PT-SP) nunca ofereceu dinhei-ro em troca do apoio do par-tido ao Governo. “A garan-tia que o Governo dava erade participação do PP noscargos de indicação do pre-sidente da República”, expli-cou, ressaltando que ia comfreqüência à Casa Civil paraconversar sobre a necessida-de de o Governo Federalconseguir maioria para votarprojetos de interesse do Exe-cutivo. Corrêa negou ainda queo PP tenha recebido R$ 4,5 mi-lhões do PT por meio das con-tas do empresário Marcos Va-lério de Souza, acusado de sero operador do mensalão.

De acordo com o deputado, oex-assessor do PP João CláudioGenu sacou, com autorização dopartido, R$ 700 mil em três par-celas. Dois saques, de R$ 300 milcada, teriam sido feitos no BancoRural. Os outros R$ 100 mil teri-am sido entregues a Genu por Si-mone Vasconcelos, diretora finan-ceira da SMP&B, uma das empre-sas de Marcos Valério. Genu foicitado pelo empresário MarcosValério como o sacador de ummontante bem maior, de R$ 4,1milhões. O dinheiro retirado porGenu, segundo Pedro Corrêa,teria sido usado para pagar oshonorários do advogado Pau-lo Goiás, que defendia o de-putado Ronivon Santiago(PP-AC) de processo de per-da de mandato no TribunalRegional Eleitoral (TER) porcompra de votos em seu esta-do. A negociação do pagamen-to foi feita com o ex-tesourei-ro do PT Delúbio Soares, afir-mou Corrêa, negando conhe-cer o fato de o dinheiro vir dascontas de Marcos Valério e ga-rantindo que nunca recebeu ourepassou dinheiro do empresário.

Disputa políticaNo relato de Pedro Corrêa,

Roberto Jefferson citou nomesde deputados do PP como che-fes do mensalão por causa dedisputas políticas. O PTB, expli-cou, travou uma disputa inten-sa com o PP no início deste ano,quando os partidos tentavamaumentar suas bancadas paragarantir presidências de ummaior número de comissões.Corrêa lembrou que seu nomenão está em nenhuma lista desaques em contas das empresasde Valério e que pesam contraele apenas as primeiras declara-ções de Jefferson sobre um en-volvimento com o suposto es-quema do mensalão. As infor-mações, acrescentou, foram de-pois desmentidas pelo próprioJefferson em depoimento à co-missão de sindicância da Corre-gedoria da Câmara. “Nunca en-trou um tostão nas contas dopartido nem nas minhas con-tas”, afirmou.

Saques de GenuOs deputados João Correia

(PMDB-AC) e Zulaiê Cobra(PSDB-SP) questionaram asinformações dadas por PedroCorrêa de que João CláudioGenu teria sido autorizado a re-tirar na agência do Banco Ruralem Brasília apenas R$ 700 mildas contas de Marcos Valério,

em três saques, enquanto,em depoimento à PolíciaFederal, Genu declarou terido várias vezes ao bancosacar dinheiro sem saber odestino dos recursos. Cor-rêa respondeu que, seGenu foi mais vezes aobanco, não tinha autoriza-ção do partido, e deixouclaro que a ligação do as-sessor era mais forte com olíder do PP na Câmara,José Janene (PR).

O presidente da CPMI,senador Amir Lando, afir-mou no final do depoimen-to que ainda é cedo parajulgar as declarações dopresidente do PP. “Agora

teremos que confrontar as de-clarações do deputado PedroCorrêa com as declarações dosenhor Genu, já dadas à PolíciaFederal, para depois analisar odepoimento e comparar com aprova material”, avaliou.

Quebra de sigiloPedro Corrêa entregou à

CPMI documentos relativosaos sigilos telefônicos das suascasas em Brasília e em Recife,dos seus gabinetes na Câmarae de 17 celulares, além de abriros sigilos de 9 contas bancári-as e 6 cartões de crédito e terapresentado a prestação desuas contas eleitorais desde1994. O presidente do PPabriu ainda seu sigilo fiscal, o

Pedro Corrêa admite repasse de Valério ao PPdas empresas das quais é sócioe o de membros de sua famí-lia, assim como as declaraçõesde Imposto de Renda dos últi-mos cincos anos. Foram entre-gues também certidões nega-tivas de todas as instâncias ju-diciais militares e civis, da Se-rasa e do Banco Central – estaúltima comprovando que Cor-rêa não tem conta no exteriornem fez remessas para fora doPaís. A atitude foi elogiada pelorelator da CPMI, deputadoIbrahim Abi-ackel (PP-MG),ao dizer que Corrêa foi o únicodos depoentes da comissão aapresentar uma prova “cabal”do que fez tanto na vida públi-ca quanto na particular.

SAIBA MAIS

Quinta-feira 15/9/2005

Substâncias tóxicasA contaminação por substâncias tóxicas será de-

batida, às 9h30, em reunião conjunta das comissõesde Direitos Humanos e do Meio Ambiente. Quatro me-sas de debates discutirão o Amianto; os Organofosfo-rados; o Césio; e a Leucopenia. Plenário 09

Programação oficialA Comissão de Ciência e Tecnologia promo-

ve, às 9h30, debate em torno do PL 595/03, quetrata da obrigatoriedade de emissoras de radiodi-fusão transmitirem o programa oficial dos Pode-res da República. Entre os convidados, o presi-dente da Associação Brasileira de Emissoras deRádio e Televisão, Roberto Wagner. Plenário 13

Operadoras de celularO presidente da Anatel, Elifas Chaves Gur-

gel do Amaral, participa da audiência pública quea Comissão de Defesa do Consumidor realiza,às 10 horas. A reunião vai discutir os prejuízoscausados por problemas operacionais para osconsumidores das operadoras de telefonia celu-lar Oi e Brasil Telecom GSM. Plenário 08

Tráfico de ArmasO comerciante Paulo Roberto Monteiro de-

põe, às 10 horas, na CPI do Tráfico de Armas.Ele foi preso no mês passado, em Piracaia(SP), com grande quantidade de armas e pi-nos supostamente usados para remarcar nu-merações de armas. Também será ouvido odelegado Fábio Guimarães que está investi-gando o caso. Plenário 10

Missões e AlagoasO Dia Internacional de Missões Transcul-

turais será comemorado, às 9 horas, no Ple-nário Ulysses Guimarães. A sessão foi reque-rida pelos deputados Adelor Vieira (PMDB-SC) e Pastor Pedro Ribeiro (PMDB-CE). Às11 horas, sessão solene em homenagem aodia da emancipação do estado de Alagoas,atendendo solicitação do deputado GivaldoCarimbão (PSB-AL).

Conselho ouve José GenoinoO ex-presidente do PT José Genoino será

ouvido, às 13 horas, pelo Conselho de Ética.Plenário 3

Pedro Corrêa

ARQUIVO SECOM

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Page 3: Jefferson perde mandato por 313 votos · “omissão” de Luiz Inácio Lula da Silva ao delegar poderes para seus ministros. “Para mim, o Lula é o Genoino do Planal-to. Não sabe

Brasília, 15 de setembro de 2005 3

O plenário aprovou ontem,por 313 votos a favor, 156 contra,13 abstenções e 5 votos em bran-co, o parecer favorável à perda demandato do deputado RobertoJefferson (PTB-RJ). Durante seudiscurso de defesa em plenário,antes do início da votação, Jeffer-son acusou o Governo Federalde ter realizado “o mais escanda-loso processo de aluguel do Par-lamento”. Na opinião de Jeffer-son, o Governo criou o conflitoque hoje atinge a Câmara. “Esta-mos em uma guerra fratricida,quando a corrupção está do ou-tro lado da praça”, destacou.

Jefferson não acusou o pre-sidente da República de parti-cipar das irregularidades, mascriticou o que considerou“omissão” de Luiz Inácio Lulada Silva ao delegar poderes paraseus ministros. “Para mim, o

Aprovada perda de mandato de Jefferson

Lula é o Genoino (ex-presiden-te do PT José Genoino) do Pla-nalto. Não sabe o que lê, o queassina, o que faz. Depositou nasmãos erradas a confiança que o

povo brasileiro depositou nele”.O deputado comparou a cúpula

do PT aos “fariseus que jogam sem-pre a culpa em seus adversários”. ParaJefferson, a política econômica,

que antes era criticada pelo PTno Governo Fernando HenriqueCardoso, hoje é a base da estabi-lidade do Governo Lula. “O pre-sidente Lula é preguiçoso, o ne-gócio dele é passear de avião – degovernar ele não gosta”, acusou.

Jefferson condenou o compor-tamento de jornais que recorrema manchetes escandalosas. “Jor-nal que vive de manchete escan-dalosa, de libelo, quer acertarsempre com o governo”, disse Je-fferson, que citou, em diferentespontos do seu pronunciamento,veículos das Organizações Globo– jornal e TV. “Só de INSS, O Glo-bo deve mais de R$ 1,2 bilhão (...).R$ 2,8 bilhões já levou do BNDES,às custas do Brasil, para não fe-char”, exemplificou.

Jefferson contestou os pon-tos principais do parecer do de-putado Jairo Carneiro (PFL-BA), relator do processo con-

tra ele no Conselho de Ética eDecoro Parlamentar. Ele disseque o povo julgará a argumen-tação do relator quanto à supos-ta falta de comprovação do esque-ma do mensalão. Já sobre a alega-ção de que teria feito a denúnciapara tirar o foco das acusações decorrupção que pesavam contraele, disse que se trata de uma “co-locação mesquinha”.

Em sua defesa, Jeffersoncitou depoimento do agenteEdgar Lange, da Agência Bra-sileira de Inteligência (Abin),para apontar irregularidadesna área de operações dosCorreios. O deputado afir-mou ainda que o Governotentou jogar no PTB a culpapelas i r regular idades nosCorreios, mas somente Mar-cos Valério teria ligado maisde 150 vezes para a estatal.

O relator do processocontra o deputado RobertoJefferson (PTB-RJ) no Con-selho de Ética, deputado JairoCarneiro (PFL-BA), afirmouter convicção de que Jeffersonnão forneceu elementos sufi-cientes para comprovar o su-posto esquema de mensalão ea participação de todos osdeputados do PP e do PL.

“Buscava defender inte-resse privado seu ao apresen-tar tais denúncias, preten-dendo apenas tirar de si mes-mo, principal personagemenvolvido no escândalo decorrupção dos Correios, ofoco das atenções públicas,direcionado para outros po-líticos e parlamentares”, dis-se o relator. Carneiro desta-cou que, como se comprovoudurante o processo, o depu-tado sabia, desde 2003, do es-quema e só o denunciou nomomento em que isso passoua ser favorável a seus “pró-prios interesses”.

Em seu parecer, Carneiroconsiderou que a conduta deJefferson foi incompatível

com o decoro parlamentar.Para ele, o deputado teria abu-sado da prerrogativa constitu-cional da inviolabilidade, porfazer considerações ofensivasà honra de parlamentares devariados partidos políticos e àimagem e à reputação da Câ-mara dos Deputados.

Carneiro ressaltou, no en-tanto, que é inquestionávelque os fatos denunciados fo-ram importantes para abertu-ra dos processos de apuraçãode desvio de dinheiro públi-co, porém isso não o isenta deculpa. Para o relator, o proces-so de perda de mandato deRoberto Jefferson é um mo-mento em que os deputadosdevem fazer um mea-culpa.“Acima de tudo, é um mo-mento de julgamento para aNação do papel que cumpreesta instituição perante à Na-ção e à sociedade. O que esta-mos julgando é a democracia.Estamos julgando o Poder Le-gislativo, que está com sua ima-gem combalida perante a opi-nião pública deste País.”, afir-mou o relator, Jairo Carneiro.

Carneiro diz que parlamentar nãoapresentou provas do mensalão

Os advogados do deputadoRoberto Jefferson (PTB-RJ),Itapuã Prestes de Messias e LuizFrancisco Correa Barbosa, base-aram a defesa na tese de que odeputado não quebrou o decoroao denunciar a existência do su-posto mensalão, pois estava noexercício da imunidade parlamen-

Para advogados, não houve quebra de decorotar. Eles argumentaram, também,que Jefferson não teve direito aampla defesa do Conselho de Éti-ca e Decoro Parlamentar.

“Na verdade, o deputado pres-tou um grande serviço à Nação,pois o mensalão foi comprovadodo início ao fim”, alegou Messias.Ele recordou que, a partir da de-

Antes da votação, deputados revezam-se contra e a favorNa fase de discussão da re-

presentação contra o deputadoRoberto Jefferson em plenário,o deputado Luiz Antonio Fleu-ry (PTB-SP) afirmou que o par-lamentar não poderia perder omandato por não apresentarprovas quanto ao pagamentodo suposto mensalão a depu-tados da base aliada. Ele argu-mentou que Jefferson possuiimunidade em relação a suasopiniões e palavras. Fleuryquestionou o que aconteceriaquando um deputado denunci-asse irregularidades no Gover-no sem ter provas concretas doocorrido.O deputado José Mú-cio Monteiro (PTB-PE) afir-mou que discutir o caixa 2 é“discutir a hipocrisia”, pois diver-sos setores da sociedade exer-cem essa prática, consideradapor ele como “filha da carga tri-butária”. Múcio afirmou que Je-fferson teve a coragem de co-locar o tema em discussão naCasa.Já o deputado Marcon-

des Gadelha (PTB-PB) questio-nou se o colega deveria ser puni-do por ter exposto a verdade “comtodas as forças da alma”. Ele elo-giou Jefferson por sua iniciativa dedenunciar casos de corrupção, elembrou que o problema é endê-mico no Brasil. Para Gadelha, pelaprimeira vez na história uma gera-ção tem a possibilidade de “pas-sar o País a limpo”.

Por outro lado, os deputadosJoão Fontes (PDT-SE), ChicoAlencar (PT-RJ), Babá (PA) e Lu-ciana Genro (RS) defenderam aperda do mandato do parlamentar.“Roberto Jefferson não é nenhummocinho”, disse Fontes, ao afirmarque o petebista fluminense impe-diu a punição de outros parlamen-tares, por não revelar os nomesdos deputados que receberam osuposto mensalão.Já Chico Alen-car ressaltou que o objetivo da ses-são de ontem não era discutir a ve-racidade ou a falsidade das denún-cias de Jefferson, mas “a faláciade que não houve direito de defe-

núncia de Jefferson, houve a que-da de ministros e da cúpula doPT, o que seria uma prova daveracidade do mensalão. “Adenúncia de Jefferson gerouuma comissão parlamentar mis-ta de inquérito (CPMI dos Cor-reios) que já acusou 18 depu-tados”, reforçou Barbosa.

sa”. Alencar acrescentou que oacusado teve amplo direito dedefesa, inclusive ontem, “quan-do teve quase o dobro do tem-po da relatoria”.O deputadoBabá também defendeu a per-da do mandato, “não pelas de-núncias do mensalão, mas pelaauto-incriminação”. Para Babá,se a Câmara votasse contra aperda do mandato de Jefferson,estaria votando contra a popu-lação brasileira”. Ele lembrouainda que existem outros depu-tados que merecem punição edefendeu que seja realizado umplebiscito para consultar a po-pulação sobre a continuidadedo Governo do presidente Lula,“que sempre apoiou Jefferson”.A deputada Luciana Genro de-fendeu a punição de Jeffersone de todos os envolvidos emdenúncias de corrupção. Paraela, é necessário refundar a de-mocracia brasileira e “acabarcom a fraude e a falácia políti-ca que se instalaram no País”.

O plenário e as galerias ficaram lotados durante o discurso de Roberto Jefferson

LAYCER TOMAZ

Page 4: Jefferson perde mandato por 313 votos · “omissão” de Luiz Inácio Lula da Silva ao delegar poderes para seus ministros. “Para mim, o Lula é o Genoino do Planal-to. Não sabe

Brasília, 15 de setembro de 20054

O jornalista e escri-tor Fernando Moraisdisse ontem que, ao ne-gociar com o PT o apoiodo PMDB paulista aLuiz Inácio Lula da Sil-va, no segundo turnodas eleições de 2002,em nenhum momentoteve conhecimento deoferta material do PTcomo contrapartida.Morais depõe como tes-temunha de defesa dodeputado José Dirceu

O presidente do SupremoTribunal Federal, ministro Nel-son Jobim, deferiu ontem limi-nar em mandado de segurançaimpetrado por seis deputados fe-derais. Jobim determinou a ime-diata suspensão da tramitação eprocessamento de medida disci-plinar contra os parlamentares,encaminhado pela Mesa Direto-ra da Câmara dos Deputados aoConselho de Ética e Decoro Par-lamentar da Câmara, até o jul-gamento final (mérito) do man-dado de segurança.

Os deputados petistas JoãoPaulo Cunha (SP), Josias Go-mes (BA), Professor Luizinho(SP), Paulo Rocha (PA), JoséMentor (PT) e João Magno(MG, autores do mandado, ale-garam que a instauração de pro-

Liminar suspende processo contra deputadosquestão ao Conselho deÉtica (Código de Ética,Resolução 25/01, arti-go 14).

Os deputados afir-maram, ainda, não setratar de questão inter-na corporis a impedir ainterferência do Judi-ciário, argumento aco-

lhido por Jobim. “O controle ju-risdicional de tais atos não ofen-de o princípio da separação dosPoderes”, escreveu o ministro nodespacho, citando entendimen-to do ministro Celso de Mello.

Jobim afirmou, ainda, que,“ao que tudo indica, não foramobservadas as disposições regi-mentais relativas ao devido pro-cesso legal” e que o procedimen-to previsto no Ato 17/03 tem a

Izar acata liminar e abriráprocesso contra deputadosFernando Morais diz que

Dirceu é homem de caráter

cedimento discipli-nar contra eles con-trariou os princípi-os da ampla defesa,do devido processolegal e da presunçãode inocência, “jáque, ao não funda-mentar o envio derepresentação semoitiva das partes, pressupôs-se aculpa”.

Os peticionários argumenta-ram que o Ato 17/03,da MesaDiretora da Câmara, ao discipli-nar esses casos, instituiu contra-ditório preliminar, após o qualcabe ao corregedor propor àMesa as providências ou medidasdisciplinares cabíveis. Tal mani-festação do corregedor precede adecisão da Mesa sobre o envio da

O deputado Babá (PA) considera lamentável o mandado desegurança concedido pelo Supremo Tribunal Federal para seisparlamentares petistas acusados de quebra de decoro. Os de-putados respondem a processo disciplinar no Conselho de Éti-ca. O parlamentar alertou que a decisão do STF não significa queos parlamentares estão livres da cassação. O deputado paraensecita que a lista de cassações começou com o ex-presidente do PTBRoberto Jefferson que teve a perda de mandato aprovada ontempelo Plenário. Na visão do parlamentar, a população está indigna-da com a Câmara dos Deputados e com a Presidência da Repúbli-ca pelos escândalos recentes. Babá apresentou seu protesto contraa suspensão do processo até o julgamento do mérito do mandadode segurança.

Babá critica mandado do STF

para deputados petistas

mesma natureza do previsto naLei 80.038/90, “que institui pro-cedimento prévio, com contra-

ditório, que é requisito para otribunal deliberar sobre o rece-bimento da denúncia”.

entrevista que Dirceu concedeua Morais recentemente sobresua participação na organizaçãode esquerda dos anos 70 Movi-mento de Libertação Popular(Molipo). Segundo Morais, Dir-ceu, que é um dos três sobrevi-ventes do movimento, detalhouentão a vida em Cuba como exi-lado e sua atuação na resistên-cia ao regime militar no Brasil.

“Ele me fez ter a convicção deque é um homem de caráter. Al-guém que dedicou sua vida a umaidéia não iria se enxovalhar comdinheiro público”, disse Morais. Ojornalista ressaltou ainda quecompareceu ao Conselho comotestemunha de defesa de Dirceu

Por causa da liminar conce-dida pelo Supremo Tribunal Fe-deral (STF), o presidente doConselho de Ética e DecoroParlamentar, deputado RicardoIzar (PTB-SP), disse que vaisuspender a representação con-tra os seis deputados do PT be-neficiados pela medida. Comisso, o processo dos requeren-tes petistas será devolvido paraa Corregedoria.

Izar informou que abriráamanhã o processo contra setedeputados: José Borba(PMDB-PR), José Janene(PP-PR), Pedro Corrêa (PP-PE), Pedro Henry (PP-MT),Roberto Brant (PFL-MG),Vadão Gomes (PP-SP) e Wan-derval Santos (PL-SP). Essesparlamentares não entraramcom liminar no STF.

Divergência no PTA liminar obtida no STF pe-

los parlamentares do PT suspei-tos de recebimento de recursosdas contas do empresário Mar-cos Valério Fernandes de Souzacausou divergência no própriopartido. O deputado OrlandoFantazzini (PT-SP) disse que aliminar é um direito dos parla-mentares. Já o deputado ChicoAlencar (PT-RJ) considera o atouma interferência do Judiciáriosobre o Legislativo.

apenas “com base nessa con-vicção, nada mais”.

IngerênciaDurante o depoimento, o

relator do processo de quebrade decoro contra Dirceu, de-putado Júlio Delgado (PSB-MG), protestou contra a con-cessão de liminar pelo Supre-mo Tribunal Federal (STF) aseis deputados do PT, para asuspensão do processo disci-plinar na Câmara.

A liminar concedida peloministro Nelson Jobim foiconsiderada por Júlio Del-gado como uma “ingerên-cia” do Judiciário sobre oPoder Legislativo.

Outros processosO Conselho de Ética já

abriu processo contra quatrodeputados citados nos relatóri-os da Corregedoria e das co-missões parlamentares mistasde inquérito dos Correios e daCompra de Votos - José Dir-ceu (PT-SP), Sandro Mabel(PL-GO), Romeu Queiroz(PTB-MG) e Roberto Jeffer-son (PTB-RJ).

Outros dois parlamentaresinvestigados pelas CPMIs e pelaCorregedoria já renunciaram aomandato - Carlos Rodrigues(PL-RJ) e o presidente do PL,Valdemar Costa Neto.

Jornalista Fernando Morais defende José Dirceu no Conselho de Ética

LAYCER TOMAZ

Ricardo Izar

SALÚ PARENTE

(PT-SP) no Conselho de Éti-ca e Decoro Parlamentar.

Após fazer um relato sobrecomo conheceu Dirceu nosanos 60, ainda quando o ex-mi-nistro da Casa Civil era líder es-tudantil, Morais lembrou queos dois estiveram em ladosopostos nos anos 80. O jorna-lista era então secretário esta-dual de Cultura do governoOrestes Quércia (PMDB) eJosé Dirceu fazia oposição“dura e sistemática” a Quérciacomo líder do PT na Assem-bléia Legislativa de São Paulo.

ConvicçãoEncontros esporádicos

ocorreram depois, até uma

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

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Brasília, 15 de setembro de 2005 5

Proposta estendeprazo para mudançasna legislação eleitoral

O deputado Vignatti (PT-SC) cobrou a aprovação deuma reforma política que con-temple um novo modelo parti-dário e o financiamento públi-co de campanhas como soluçãopara a onda de denúncias queparalisam o Congresso Nacio-nal. “No momento de crise porque passa a Câmara dos Depu-tados, não conseguimos votarnada”, indignou-se.

Para o deputado, punir os cul-pados faz-se necessário, mas issoapenas não vai resolver. “Não adi-anta só punir e cassar os deputa-dos, precisamos fazer a reformapara mudar esse modelo político”,disse. Vignatti avalia que a essên-cia dessa reforma é o fortaleci-mento dos partidos políticos.“Precisamos de partidos fortes quediscutam e apresentem projetosque transformem a realidade eco-nômica e social brasileira, que le-vem as pessoas a votarem no par-tido e nas propostas, e não nosmais bonitos, ou nos que falemmelhor na televisão, ou naqueles

que produzem o melhor progra-ma eleitoral”, completou.

Vignatti defendeu a institui-ção da fidelidade partidária, quepara ele é um instrumento impor-tante para construir um novomodelo partidário no País. “Até odia de hoje, 165 deputados troca-ram de partido, houve 268 mu-danças. Nesse modelo político issoé compreensível, embora seja ina-ceitável”, avaliou.

Para o deputado o financia-

mento público das campanhaseleitorais vai reduzir a cooptaçãode políticos pelo setor privado,que em sua visão é fonte da cor-rupção que se alastra pelo País.“Em todas as prefeituras brasilei-ras há propostas absurdas, e mui-tos passam a financiar partidos ousuas ações partidárias de forma ilí-cita”. Segundo o parlamentar,“setores privados já se viciaramnesse processo de corrupção”, quealcança o tratamento de lixo, li-citações de transporte coletivo, ofornecimento de medicamentos,“que constantemente não sãoentregues”, e fraudes na distribui-ção de material escolar ou envol-vendo compra de combustível porprefeituras e estados. O deputa-do concluiu que “o financiamen-to público não vai acabar com essaprática, mas vai criar uma novaordem sobre como financiar cam-panha e estabelecer uma perspec-tiva diferente, um cenário diferen-te no qual se elejam políticos ho-nestos e se construa uma novarealidade social”.

Eleições no PTVignatti considera que a rea-

lidade social do Brasil só pode sertransformada por um projeto deesquerda, “que construa uma al-ternativa de inclusão de milharesde trabalhadores, que acreditamna figura do presidente Lula comoseu porta-voz”. O deputado afir-mou que o Governo liderado peloPT é “muito contraditório em al-guns aspectos”, mas ainda assimtransformou a realidade social noBrasil. “Jamais se gerou tanto em-prego, jamais se investiu tanto naagricultura familiar, jamais se as-sentou tanta gente, jamais seabriu tantas universidades fede-rais, jamais se investiu tanto naeducação”, exemplificou.

O deputado pediu apoio parao candidato Walter Pomar, quedisputa a presidência nacional doPT em eleições internas no pró-ximo domingo. Para Vignatti,Pomar é a melhor alternativa parareforçar o partido e alavancar asmudanças requeridas pela atualconjuntura do País.

Vignatti quer partidos fortespara superar a crise política

Na avaliação do deputadoIvan Valente (PT-SP), ainda épossível resgatar a credibilidadedo Partido dos Trabalhadores,mas, para isso, são necessáriasmudanças radicais e imediatas.No seu entendimento, há trêspressupostos para o PT mudar eretomar suas propostas e sua cre-dibilidade popular. A primeira “éuma firme demonstração à soci-edade da decisão de investigartodos os que fizeram o partidoficar com sua credibilidade aba-lada”, disse. A segunda alterna-tiva, a seu ver, seria modificar apolítica de alianças partidárias.“Aliança deve ser feita somentecom o povo e para o povo”, afir-mou. A terceira seriam altera-ções na política econômica dogoverno, criando uma alterna-tiva para que o partido retomeseu ideal de defender uma soci-edade justa e igualitária, pauta-da pela inclusão social.

Valente comunicou seu apoioà candidatura de Plínio de Arru-da Sampaio, um dos fundadoresdo PT, nas eleições do partido,que serão realizadas no próximodomingo, dia 18 de setembro,“pois trata-se de um homem co-erente e capacitado para imple-mentar essas mudanças”, refor-çou. Ele argumentou ainda quenão basta defender princípioséticos e morais, pois “honestida-de e ética na política não devemfazer parte de programas de go-verno, mas devem ser obrigaçãodos governantes”, declarou.

As mudanças do PT nas últi-mas eleições, em sua opinião,“produziram um efeito de não-mudança” e as alianças feitas emnome da governabilidade contri-buíram para fragilizar os ideais dopartido, que “acabou se tornan-do refém dos conservadores eimpossibilitado de executar seuprograma original de governo,

construído ao longo de décadasde debates e lutas populares”. Elereivindicou mudanças nas cam-panhas políticas do partido, pois“o programa político deve ser dopartido e não dos realizadores decampanha”, afirmou.

O representante do PT pau-lista defendeu ainda a retomada

de propostas do PT, como a uni-versalização do ensino básico,dos direitos dos trabalhadores,do reaparelhamento do sistemade saúde, renegociação da dívi-da pública, combate à pobreza,organização popular, reformaagrária, soberania nacional epráticas políticas transparentese democráticas.

No atual contexto de crise, odeputado avaliou de forma posi-tiva os trabalhos das comissõesparlamentares mistas de inqué-rito, as quais, a seu ver, têm sidoeficientes e já indicam resultadosconcretos. “Apesar do clima deoportunismo e casuísmo políticoque tomou conta de partidos ede parlamentares, é notório oesforço para esclarecer todas asdenúncias”, reforçou. No meioda crise, o deputado destacou oesforço do Partido dos Trabalha-dores para se reerguer de formaestruturada e transparente.

Ivan Valente defende mudanças noPT e pede apoio a Arruda Sampaio

Ivan Valente

Vignatti

REFORMA POLÍTICA

GILBERTO NASCIMENTO

GILBERTO NASCIMENTO

A Comissão de Constitui-ção e Justiça e de Cidadania(CCJC) da Câmara aprovouna terça-feira (13) a admissi-bi l idade da Proposta deEmenda à Const i tu ição(PEC) 446/05, do deputadoNey Lopes (PFL-RN), queprorroga até o dia 31 de de-zembro o prazo para quealterações na legislaçãoeleitoral sejam válidas já nopleito de 2006. A propostaconcede mais tempo aoCongresso para aprovar aReforma Política porque,pela Constituição, o prazopara qualquer mudança aser adotada nas eleiçõesdo ano que vem acaba em30 de setembro.

O relator da propostana CCJC, deputado DarciCoelho (PP-TO), acreditaque, devido à apuraçãoque o Congresso vem fa-zendo de uma série de de-núncias, dificilmente have-ria tempo para votar a Re-forma Polít ica dentro doprazo constitucional.

PlenárioO deputado Ronaldo

Caiado (PFL-GO), relator daproposta de Reforma Políti-ca na comissão especial daCâmara, está otimista com oaumento do prazo para a vo-tação da matéria. Ele disseter conversado com o minis-tro de Relações Institucio-nais, Jaques Wagner, paraque seja fechado um acordopara a votação da PEC emplenário o mais rapidamentepossível.

Segundo Caiado, ele fica-ria responsável por falar comos partidos de oposição, e oministro, com os da base ali-ada ao Governo. “Também jáconversei com o presidentedo PPS, deputado RobertoFreire (PE), e com o presi-dente do PDT, Carlos Lupi,que sinalizaram positivamen-te; falei com vários integran-tes do PSDB, e o sinal quetive foi o de apoiar essa al-ternativa para não chegar-mos em 2006 com as mes-mas regras de 2002. Então,o sentimento tem sido favo-rável”, disse. A proposta seráencaminhada agora ao exa-me de uma comissão espe-cial de deputados, e depoisserá votada em dois turnospelo Plenário.

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PINGA-FOGO

Seca no NordesteB. Sá (PSB-PI) está preo-

cupado com os mais de 23 mi-lhões de brasileiros que vivemno semi-árido, onde padecemda falta de água, inclusive paraconsumo próprio. Ele criticoua utilização dos carros-pipasna Região Nordeste e apeloupara que o exemplo de SãoJosé do Piauí, que recebeu avazão de um poço com 710metros, seja seguido. Segun-do ele, o poço foi construídograças a uma emenda ao Or-çamento da União para 2005.B. Sá criticou setores da im-prensa que tratam as emen-das parlamentares de formapreconceituosa. Na sua opi-nião, esses brasileiros que vi-vem em regiões onde não háágua ou comida sabem da im-portância e dos benefíciosdessas medidas.

São FranciscoFernando Ferro (PT-PE)

apresentou relatório sobre aProposta de Emenda à Cons-tituição 524, que prevê a revi-talização hídrica e ambientalda bacia do Rio São Francis-co. Segundo ele, o relatório in-corporou fontes de financia-mento pelos próximos 20 anospara a revitalização. O depu-tado lembrou que os planos desustentabilidade para o semi-árido nordestino incluem apossibilidade de transposiçãodas bacias hidrográficas e rei-terou a importância dos estu-dos para combater as restri-ções ao abastecimento deágua no Nordeste.

Municípios e tributosÁtila Lins (PPS-AM) comu-

nicou que a bancada federal doAmazonas esteve reunida comos prefeitos que reivindicarammudanças na Reforma Tributá-ria, sobretudo com o aumentode 1% do Fundo de Participa-ção dos Municípios. Segundoele, há um impasse entre oGoverno e o Congresso, pois oMinistério da Fazenda só acei-ta aprovar esse item se o res-tante da reforma for votada.Outro problema está na ampli-ação do prazo para pagamen-to da dívida com o INSS para240 meses. Na opinião de ÁtilaLins, a maioria dos municípiosficará sem condições de admi-nistração se esse prazo não forampliado. Além disso, os pre-feitos querem a realização docenso pelo IBGE, pois podemperder verbas se os dados nãoforem atualizados.

A reforma universitáriadeve ser prioridade na agendapolítica do País. A opinião é dodeputado Osvaldo Biolchi(PMDB-RS), que afirmou quenão haverá avanços se a edu-cação, para ele, item essencialpara o desenvolvimento doBrasil, não for alçada a umaposição de destaque nos deba-te das grandes questões naci-onais.

De acordo com o deputa-do, a reforma universitáriadeve pautar-se pela “moderni-zação para a abertura demo-crática do ingresso das amplascamadas populares na univer-sidade pública e no ensino su-perior em geral”. Biolchi afir-mou que as políticas públicasdo Governo Federal para faci-litar o acesso de estudantes ca-rentes ao ensino universitáriosão insuficientes. “Só devo res-saltar e lamentar que o presi-dente Lula ainda não tenha

cumprido a promessa de tripli-car as vagas, das 163 mil exis-tentes hoje”, afirmou.

Para resolver o problema, oparlamentar propõe o fortale-cimento do Programa de Fi-nanciamento Estudantil (Fies)– que financia até 70% dasmensalidades de estudantes deinstituições de ensino superi-

or privadas – e do ProgramaUniversidade para Todos(ProUni) – que distribui bol-sas para cursos de nível supe-rior a estudantes carentes.

Juros altosPara Biolchi, os juros hoje

cobrados dos beneficiários doFies inviabilizam o programa.“Muitos jovens que chegam aomercado de trabalho não têmcondições de pagar sua dívida.Portanto, tornam-se inadim-plentes. São inadimplenteshoje e o serão no futuro, secontinuarmos a exigir 9% dejuros ao mês”, disse. O depu-tado propôs, por meio do Pro-jeto de Lei 370/03, que essataxa seja reduzida para 3% eque os estudantes possam qui-tar seus débitos com o dobrodo prazo que hoje é concedido– igual ao período que faltapara a conclusão do curso.Outra medida proposta é quesejam destinados para o pro-

grama 90% da receita líquidadas loterias federais, em vez de30% como é hoje. O deputa-do prevê que, com a mudan-ça, o recolhimento saltará deR$ 300 milhões para R$ 1 bi-lhão por ano.

Biolchi ainda defendeu quea União autorize os estados acanalizar 20% de suas dívidasfederais para a manutenção deuniversidades federais e esta-duais e para ampliação do nú-mero de contemplados peloFies. “O Rio Grande do Sul,deve R$ 120 milhões anuais edesta quantia seriam desti-nados R$ 24 milhões para au-xiliar a educação”, disse.

O deputado concluiu ,lembrando que os estudan-tes beneficiados pelo ProU-ni têm despesas com al i-mentação , ve s tuár io etransporte. “É melhor finan-ciar esses jovens através dasloterias federais”, sugeriu.

Biolchi defende mudanças nofinanciamento do ensino superior

O Brasil necessita de inves-timentos urgentes para melho-rar o sistema de transportes, afim de possibilitar o crescimen-to do setor, a geração de empre-gos, a capacidade competitiva eo desenvolvimento econômico,avaliou o deputado JurandirBoia (PDT-AL). “O Brasil estána contramão do desenvolvi-mento viário, com mais investi-mentos em estradas do que emhidrovias e ferrovias”, comen-tou. Além disso, no entender dodeputado, “é inaceitável que oGoverno use os recursos quedeveriam ser destinados à recu-peração e construção de novasestradas para a formação dosaltos montantes do superávitprimário”. Jurandir Boia referiu-se à Cide (Contribuição de In-tervenção sobre o Domínio Eco-nômico), criada em 2002 como fim específico de financiar ainfra-estrutura viária no Brasil.Segundo ele, dos mais de R$ 2

bilhões arrecadados até agora,somente R$ 70 milhões foramefetivamente aplicados no setor.

Este cenário, a seu ver, con-tribui para aumentar o custoBrasil e encarecer os produtosbrasileiros no mercado externo,“além de colocar em risco a se-gurança das pessoas que transi-tam pelas estradas esburacadas”,complementou. Ao citar dadosrecentes de pesquisa realizadapela Confederação Nacional dosTransportes (CNT) e pela Uni-versidade Federal do Rio de Ja-neiro (UFRJ), Jurandir Boia re-gistrou que cerca de 51% das es-tradas brasileiras estão em esta-do de quase completa degrada-ção. Além disso, a frota de veí-culos no Brasil está acima damédia recomendada pelos pa-drões internacionais. A pesqui-sa aponta ainda um prejuízo deaproximadamente R$ 120 bi-lhões em despesas com excessode estoque, devido à ineficiên-

cia do sistema de transportes noPaís, “o que afeta diretamenteas atividades produtivas noPaís”, enfatizou.

Como alternativa para mu-dar esse quadro, o deputadosugere a retomada da constru-ção e recuperação do sistemaferroviário, a exemplo da Fer-

rovia Transnordestina. Mas,em sua opinião, o meio maisadequado para o Brasil seriao do transporte hidroviário,sobretudo para o setor de car-gas. “Afinal, nosso País dispõede 43 mil quilômetros de riosnavegáveis”, frisou. Ele lem-brou ainda que as hidroviasconstituem alternativas maiseconômicas , inclus ive doponto de vista ambiental.Apesar das críticas, JurandirBoia ressaltou também osavanços dos últimos anos nosetor, sobretudo com o desen-volvimento da indústria ae-ronáutica, que se tornou umdiferencial para as relaçõescomerciais do Brasil. “É o in-vestimento em tecnologiasque poderá fazer o País avan-çar ainda mais, principalmen-te nas áreas que mais neces-sitam de fomento, como é ocaso da infra-estrutura viá-ria”, concluiu.

Jurandir Boia cobra recursos da Cidee pede prioridade para hidrovias

Osvaldo Biolchi

Jurandir Boia

GILBERTO NASCIMENTO

ARQUIVO SECOM

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A Câmara realizou, ontem,sessão de homenagem aos 15anos de edição do Código deDefesa do Consumidor(CDC). Na solenidade, o ter-ceiro-secretário da Câmara,deputado Eduardo Gomes(PSDB-TO), afirmou que oCDC beneficiou o conjunto dosagentes que atuam no mercadoe não apenas o consumidor.

Na opinião do deputado, osavanços proporcionados pelocódigo melhoraram o desem-penho da economia, implican-do a redução do risco Brasil.Para Eduardo Gomes, o códi-go favorece até mesmo os for-necedores, porque os livra dosmaus concorrentes, já que asempresas que usam práticasque infringem os preceitos dalei são punidas e não se sus-tentam no mercado.

Opinião semelhante expres-sou a coordenadora do Institu-to Brasileiro de Defesa do Con-sumidor (Idec), Marilena Lazza-rini. Para ela, o código, por serinovador, por facilitar o acessoà Justiça e o ressarcimento doconsumidor diante de danosdecorrentes da relação de con-sumo, precisou superar resistên-cias – principalmente do setorempresarial – para ser aprova-do. “Na verdade, o código, nes-tes 15 anos, colocou o Brasilem um patamar adequado de

Câmara celebra 15º aniversário doCódigo de Defesa do Consumidor

Sessão solene homenageia os quinze anos do Código de Defesa do Consumidor

competitividade”, opinou.AperfeiçamentoA deputada Selma Schons

(PT-PR) declarou que o Códi-go de Defesa Consumidor trou-xe importantes avanços para oequilíbrio entre consumidores efornecedores, mas avaliou queainda precisa ser aperfeiçoado.Selma Schons lembrou que hámais de 100 projetos tramitan-do na Câmara com essa finali-dade e que um dos problemas ésubmeter fornecedores “que seacham acima da lei”. Uma daslutas mais importantes dos con-sumidores, segundo a parlamen-tar, é derrubar a cobrança de as-sinatura básica na área de tele-fonia, o que enfrenta resistên-cia ferrenha das operadoras.

Por sua vez, o deputado Cel-so Russomanno (PP-SP) ava-lia que o código resolve a maior

parte dos impasses e dos litígiosnas relações de consumo, masainda há ajustes a fazer. Em suaanálise, o sistema que atualmen-te protege o consumidor preci-sa de maior agilidade e menorburocracia, além de moderniza-ção tecnológica, de recursos hu-manos e materiais compatíveiscom as demandas.

O deputado Daniel Almei-da (PCdoB-BA) também vê anecessidade de aperfeiçoamen-tos no Código de Defesa doConsumidor. Para o parlamen-tar, é preciso continuar avan-çando na defesa dos direitos doconsumidor e que isso seria pos-sível se as entidades represen-tativas que atuam no setor atu-assem conjuntamente. “Infeliz-mente, não há um sistema noPaís que integre essas entida-des”, assinalou, revelando que

há cerca de 650 entidades quelutam pela defesa do consumi-dor, mas atuam em apenas 10%dos municípios do País.

Participação civilO presidente da Comissão de

Defesa do Consumidor, deputa-do Luiz Antonio Fleury (PTB-SP), afirmou que, mesmo sedesconsiderando todos os de-mais benefícios do Código deDefesa do Consumidor, ele jáse justifica por ter incentiva-do a organização da sociedadecivil. O deputado ressaltou osurgimento de associações dedefesa do consumidor “da maisalta seriedade”, por meio dasquais os cidadãos participam daampliação e concretização deseus próprios direitos.

O deputado Carlos Mota (PL-MG) disse que o Código de Defe-sa do Consumidor não apenascomprovou sua utilidade como fer-ramenta a serviço do consumidor,mas mostrou ser muito útil tam-bém para o setor produtivo, con-tribuindo para o aprimoramentodos produtos e serviços, dos atos epráticas comerciais.

Falaram por seus partidos osdeputados Márcio Fortes(PSDB-RJ); Ivan Paixão (PPS-SE); e Alceu Collares (PDT-RS). Participou da sessão aindao coordenador-geral do Procondo Rio Grande do Norte, Sér-gio Coelho de Melo de Lima.

Em audiênciapública realizada on-tem na Comissão deEducação e Cultura, oministro da Educação,Fernando Haddad,admitiu a possibilida-de de as creches se-rem incluídas na Pro-posta de Emenda àConstituição 415/05,que cria o Fundo deManutenção e De-senvolvimento daEducação Básica e deValorização dos Profissionais daEducação (Fundeb).

Haddad afirmou que as cre-ches — destinadas ao ensino decrianças de 0 a 3 anos — deve-rão ser incluídas na segunda eta-pa de implantação do Fundeb,mas ressalvou que essa decisão

Ministro admite inclusão de creches no Fundeb

poderá ser modificada no Con-gresso, se os parlamentares con-cluírem que as creches devemser atendidas na primeira eta-pa. O ministro pediu ainda acolaboração dos deputadospara a aprovação da PEC, queestá em tramitação na Casa.

Fernando Haddadafirmou que a verbaprevista para o fun-do, de R$ 4,3 bi-lhões, é suficientepara promover aeducação de quali-dade em todo o País.Em sua visão, os es-tados que mais des-tinam verbas para aeducação não sãonecessariamente osque promovem umaeducação de quali-

dade. A afirmação do ministrofoi feita em resposta à deputadaFátima Bezerra (PT-RN), quereivindicou a ampliação dos re-cursos destinados ao fundo.

Reforma universitáriaFernando Haddad também

abordou a reforma universitária,

que está em fase de elaboraçãopelo ministério e que, segundo oministro, permitirá a conquista daautonomia pelas universidades.

Representantes de universi-dades federais em greve tambémacompanharam a audiência.Eles reivindicam a implantaçãoda segunda etapa do plano decarreira dos cargos técnicos eadministrativos em Educação,a racionalização dos cargos e oincentivo à qualificação. Atu-almente, 38 instituições públi-cas de ensino superior estãocom suas atividades paralisadas.A deputada Fátima Bezerraanunciou que a paralisação dasuniversidades será debatida ain-da hoje por deputados da comis-são e representantes das insti-tuições em greve. O objetivoé tentar resolver o impasse.

Aprovada PEC queproíbe nepotismo

A Comissão Especial doNepotismo aprovou o substitu-tivo do relator, deputado Arnal-do Faria de Sá (PTB-SP), àProposta de Emenda à Cons-tituição (PEC) 334/96, conhe-cida como PEC do nepotismo.O texto será agora analisadopelo Plenário.

O substitutivo alterou aabrangência da proposta. Notexto original, a proibição valiaapenas para familiares até osegundo grau por consangüi-nidade, adoção ou afinidade (apartir do casamento), o que in-clui filhos, pais, avós, netos, ir-mãos, cunhados, sogros, gen-ros, noras e enteados. O rela-tório de Faria de Sá estendeua proibição para contratação defamiliares até o terceiro grau,o que proíbe a contratação pe-las autoridades de cônjuges,pais, filhos, irmãos, avós, ne-tos, bisavós, bisnetos, tios, so-brinhos, cunhados, sogros,genros, noras, enteados e so-brinhos dos cônjuges. O subs-titutivo proíbe ainda o nepotis-mo nas empresas prestadorasde serviços e para servidoresda administração pública.

Cargos de comissãoO novo texto também faz

referência aos titulares de car-gos públicos que tenham direi-to a nomear pessoas para car-gos relacionados direta ou in-diretamente à administraçãopública. Essas pessoas, quenão cumprem mandatos eleti-vos, também não poderão no-mear seus próprios parentes.Outros parágrafos proíbem ain-da a nomeação de parentesem reciprocidade entre agen-tes públicos, o chamado nepo-tismo cruzado; para empresasprestadoras de serviços da ad-ministração pública em qual-quer nível em todo o País; epara atender a necessidadetemporária de excepcional in-teresse público.

ExceçõesNo substitutivo, é aberta ex-

ceção para a nomeação de pa-rentes desde que seja servidorefetivo e atenda ao grau de es-colaridade e qualificação pro-fissional exigido. Também háexceção para o caso da rela-ção de parentesco vir a seconstituir após a nomeação nocargo em comissão.

O parágrafo reforça a ne-cessidade de se observar acompatibilidade entre o grau deescolaridade e a qualificaçãoprofissional do indicado; e onível hierárquico e a complexi-dade das atribuições do cargoa ser exercido.

COMISSÃO

Fernando Haddad, ministro da Educação; deputado Paulo Delgado,presidente da comissão; e Roberto Cláudio Bezerra, presidente da CNE

OTÁVIO PRAXEDES

ELTON BOMFIM

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Brasília, 15 de setembro de 20058

A situação do presidenteda Câmara, Severino Caval-canti, foi avaliada ontem emplenário por deputados de vá-rios partidos. O empresárioSebastião Buani, que acusouSeverino de ter pedido di-nheiro para renovar a con-cessão do restaurante doAnexo IV da Câmara, apre-sentou um cheque de R$ 7,5mil, sacado no banco pela se-cretária do presidente. O de-putado Paulo Rubem Santi-ago (PT-PE) exigiu, “emnome da ética”, a renúncia deSeverino Cavalcanti ao car-go na Mesa Diretora. “Nãopodemos aceitar que a Câma-ra esteja exposta à sociedadepor aquela pessoa que ocupao cargo mais relevante”, afir-mou, alertando para o riscode a opinião pública pensar

Parlamentares comentam provaapresentada contra Severino

que o “corporativismo dasbancadas” e o “interesse degrupos” prevalecem na Casa.

A opinião foi comparti-lhada pelo deputado Babá(PA), para quem Severinonão tem condições de presi-dir as sessões da Câmara.

Críticas à oposiçãoO deputado Adão Pretto

(PT-RS) criticou a oposiçãopor ter ajudado a eleger Se-verino Cavalcanti para a Pre-sidência da Câmara. “Severi-no derrotou o candidato doPT. Agora, a oposição quefaça o que bem entender comele”, afirmou. Afirmando quenão votou em Severino, o de-putado Paulo Feijó (PSDB-RJ) reconheceu um mérito naeleição do atual presidente.“Se ele não estivesse na Pre-sidência da Câmara, toda essapodridão não iria aparecer. Elecontribuiu muito, sim, paraque as evidências apareçam eos corruptos sejam punidos”.

Filiação de BuaniA deputada Vanessa

Grazziotin (PCdoB-AM)leu, na tribuna, um artigo em

Vanessa Grazziotin

que o jornalista Clóvis Rossi,da Folha de S. Paulo, informaque o empresário SebastiãoBuani teria recebido convitesde filiação de vários partidos.“Isso não pode acontecer, poisBuani é um corruptor confes-so”, af irmou a deputada,acrescentando que a Câmaratem maturidade para punirquem tiver de ser punido. Osdeputados Onyx Lorenzoni(PFL-RS), Sebastião Madei-ra (PSDB-MA) e Alceu Co-llares (PDT-RS) negaram queos seus partidos tenham feitoconvite de filiação a Buani.“O jornalista vai judicialmen-te informar à legenda do PDTquais as direções dos partidosdizem ter convidado esse cor-ruptor, que também tem desofrer a mesma pena do cor-rompido”, defendeu Collares.

Em depoimento ontem àCPMI dos Correios, o ex-mi-nistro da Secretaria de Comu-nicação e Gestão Estratégica ,Luiz Gushiken, negou qual-quer ingerência do ministérionas estatais e nos fundos depensão, mas admitiu relaçãode amizade com alguns diri-gentes dessas instituições,como Wagner Pinheiro, aquem indicou para a Eletros,fundo de pensão da Eletronor-te; e com Sérgio Rosa, do Pre-vi (Banco do Brasil). “Tenholigação antiga com esse tema”,afirmou, comentando já teratuado na capacitação de líde-res sindicais para que dirigis-sem essas instituições. O ex-ministro trouxe à CPMI um li-vro sobre previdência comple-mentar, que escreveu sob en-comenda do Ministério da Pre-vidência, no Governo Fernan-do Henrique Cardoso, e lem-brou ter prestado consultorianessa área entre 1998 e 2002.

Gushiken, que depôs nacondição de testemunha, dis-se ter interesse em saber detudo o que acontece com osfundos de pensão, “como umhomem de governo”, mas negouque tenha sugerido algum tipo

de investimento ao Previ. “Con-trataram a maior empresa de es-pionagem do mundo para inves-tigar minha vida privada; meuinteresse é natural”, justificou.O ex-ministro teria sido inves-tigado pela empresa Kroll porsua relação com os fundos.

Grupo OpportunityLuiz Gushiken revelou que

sugeriu ao comitê de campa-nha de Luiz Inácio Lula da Sil-va não ser recomendável acei-tar doações do banqueiro Da-niel Dantas, do Grupo Oppor-tunity, porque “a postura éti-ca do empresário poderia serrompida facilmente”, e apre-

sentou à CPMI uma série demanchetes de jornais e revis-tas mostrando acusações con-tra Dantas. Os fundos de pen-são da Caixa Econômica Fede-ral (Funcef), o Previ e o da Pe-trobras (Petrus) compraram doCitigroup ações da Brasil Te-lecom no valor de R$ 1,3 bi-lhão. O valor, acima do preçode mercado, garantiria o con-trole da empresa.

O Opportunity contesta osfundos pelo direito de controlara empresa. Além da Brasil Tele-com, o grupo controlava as em-presas Telemig Celular, Amazô-nia Celular e Brasil Telecom. As

três operadoras de telefonia de-positaram mais de R$ 40 milhõesnas contas da agência de publi-cidade DNA, de Marcos Valé-rio, no Banco do Brasil.

EspionagemO ex-ministro declarou

ainda não ter mais informa-ções sobre o caso de espiona-gem da Kroll Associations que,por meio de práticas ilícitas,teria fornecido à Brasil Tele-com dados reservados do Go-verno e sobre o andamento daconcorrência na área de tele-fonia. O esquema de espiona-gem foi denunciado à PolíciaFederal por Angelo Janonne,vice-presidente de Segurançada Telecom Itália. Em julho de2004, ele entregou à políciaprovas de que os trabalhos daKroll foram encomendadospela Brasil Telecom para ob-ter informações relativas à Te-lecom Itália.

A Kroll nega ter cometidoirregularidades.

PublicidadeEm resposta ao relator da

CPMI, deputado Osmar Ser-raglio (PMDB-PR), o ex-mi-nistro negou ingerência da Se-com nos contratos de publici-dade ou em contas de patrocí-

Gushiken nega influência em fundos de pensão

Luiz Gushiken defendeu-se na CPMI de acusaçõessobre ingerência nos fundos de pensão

JANE ARAÚJO-AGÊNCIA SENADO

nio das estatais e disse não terpoderes para interferir no pla-no de comunicação do BancoPopular, que gastou R$ 28 mi-lhões com publicidade institu-cional e liberou apenas R$ 24milhões em créditos para cli-entes de baixa renda.

Gushiken também respon-deu negativamente a pergun-ta de Serraglio sobre se os em-presários Duda Mendonça eMarcos Valério fariam partede um contexto cujo produ-to, a publicidade, serviriapara “alimentar o propinodu-to” para partidos e campa-nhas. “Repudio a insinuaçãode que houve esse jogo”, rea-giu o ex-ministro, ressaltan-do a lisura dos processos li-citatórios para justificar a vi-tória de Duda e Marcos Va-lério nas concorrências públi-cas: o primeiro ganhou trêsentre nove concorrências, eo segundo, duas entre sete.

Ao deputado MaurícioRands (PT-PE), o ex-mi-nistro afirmou que o esque-ma de repasse de dinheiroa parlamentares pelas con-tas de Marcos Valério fun-cionou apenas para finan-ciamento de campanha.

CORREIOS

CPMI faz balançodos trabalhos

O relator da CPMI dos Cor-reios, deputado Osmar Serra-glio (PMDB-PR), afirmou quehoje serão apresentados à co-missão os chamados relatóri-os gerenciais, que consistemem um balanço do que foi in-vestigado até agora.

Sub-relator de movimenta-ção financeira da comissão, odeputado Gustavo Fruet(PSDB-PR) explicou que ostécnicos do Tribunal de Con-tas da União (TCU) que auxili-am a CPMI vão mostrar emque fase estão as auditoriasnas contas dos Correios.

A CPMI fará, também ava-liação da movimentação finan-ceira do empresário MarcosValério de Souza, além deapresentar a primeira estatís-tica da movimentação telefô-nica analisada pela comissão.Os relatórios gerenciais nãoserão encaminhados a ne-nhum órgão, pois têm a fun-ção de alimentar a própriaCPMI com informações de di-versas áreas.

ARQUIVO SECOM