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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS JESSICA SORIA PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA ÁREA DA EDUCAÇÃO INFANTIL SOBRE A DANÇA NO DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS São Paulo 2015

Jessica Soria PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA …

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Page 1: Jessica Soria PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA …

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

JESSICA SORIA

PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA ÁREA DA

EDUCAÇÃO INFANTIL SOBRE A DANÇA NO DESENVOLVIMENTO

DE CRIANÇAS

São Paulo

2015

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

JESSICA SORIA

PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA ÁREA DA

EDUCAÇÃO INFANTIL SOBRE A DANÇA NO DESENVOLVIMENTO

DE CRIANÇAS

Monografia apresentada ao Centro de Ciências

Biológicas e da Saúde, da Universidade

Presbiteriana Mackenzie, como parte dos

requisitos exigidos para a conclusão do Curso de

Ciências Biológicas, modalidade Bacharelado.

Orientadora: Profª Drª Esther Ricci Adari Camargo

São Paulo

2015

Page 3: Jessica Soria PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA …

Á minha filha Heloisa Soria Boscovich

Page 4: Jessica Soria PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA …

Agradecimentos

Agradeço à Professora Drª Esther Ricci Adari Camargo por me orientar e sugerir o

tema deste trabalho, o que me proporcionou muito entusiasmo pois se trata de um

assunto do qual me sinto muito íntima. Agradeço também aos Professores Drs.

Adriano Monteiro de Castro e Camila Sacchelli Ramos que além de aceitarem

gentilmente fazerem parte da minha banca, contribuíram de forma decisiva para minha

formação.

À minha família por sempre me apoiar e acreditar no meu potencial, em especial à

minha mãe Marli Vaz que sempre teve muita paciência comigo nos meus momentos

de estresse acadêmico, estando sempre ao meu lado nos momentos difíceis e,

juntamente com a minha avó Carmelinda Augusto Vaz, ajudou a cuidar da minha filha

durante toda a minha graduação.

Ao meu irmão Oliver Soria que em diversos momentos me ajudou a discutir os

aspectos relacionados ao tema deste trabalho.

Agradeço ao meu namorado e amigo Alan Gomes Souza, pela paciência e

companheirismo.

Por fim, agradeço a todos os entrevistados, que possibilitaram que este trabalho

tivesse uma rica coleta de informações.

Page 5: Jessica Soria PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA …

Resumo

A dança é utilizada como arte de expressão corporal desde o Paleolítico.

Na atualidade, representa liberdade e aumento da força de expressão. A dança

permite ao indivíduo representar o movimento da vida, adquirindo aspectos, ritmos e

intensidades diferentes, conforme a época e as influências culturais. Traz ao público

uma nova forma de ver a vida, o mundo real e irreal, sendo capaz de criar um mundo

diferente, representando em movimentos o que as palavras não são capazes de

transmitir. Se praticada desde a infância, a dança promove o desenvolvimento da

inteligência, dos sentimentos e do desempenho corporal. A criança irá adquirir melhor

percepção de seu corpo, aprenderá com maior eficiência a ter noção do espaço e do

tempo. Além disso, sabe-se que a dança auxilia na socialização, no combate à

depressão, aumento da autoestima e desenvolve a criatividade. Portanto, este

trabalho teve como objetivo apontar as contribuições da dança no desenvolvimento

social, cognitivo, emocional e motor de crianças e também os possíveis malefícios.

Foram realizadas entrevistas com profissionais da educação infantil: 2 professoras de

dança, 2 educadores físicos, 2 pedagogas, 1 psicóloga e 1 professora de teatro-

dança. Também foram realizadas pesquisas com mães de crianças que praticam

dança e mães de crianças que nunca praticaram dança, para análise quantitativa e

qualitativa. A partir dos resultados foi possível constatar os benefícios que a dança

proporciona no desenvolvimento global de crianças tais como: emocionais, cognitivos,

motores e sociais, melhora o desempenho da postura, expressividade, criatividade,

flexibilidade, ritmo, coordenação motora e lateralidade. Contribui na socialização e nas

relações intrapessoais. No contexto escolar a dança deve ser abordada de maneira

integral, interdisciplinar, explorando o processo criativo e a inclusão social. Ainda se

faz necessário algumas melhorias nas redes de ensino, pois falta estrutura adequada

para ministrar aulas de dança, tanto pela falta de espaço como falta de capacitação e

conhecimento suficiente por parte dos professores.

Palavras-chaves: ensino de dança; desenvolvimento; crianças; sistema motor;

criatividade.

Page 6: Jessica Soria PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA …

Abstract

The art of dancing has been used as a form of expression of the body since

the Paleolithic age. Nowadays it represents liberty and form of expression. Dancing

allows the individual to represent the movement of life, acquiring different aspects,

rhythms and intensities, according the period in time and its cultural influences. It brings

a new way of seeing life, the real and unreal world, being able to create movements

that words cannot transmit. If practiced since childhood, dancing promotes the

development of intelligence, feelings and body performance. The child will acquire

better perception of their body and will learn to have a better notion of time and space.

Furthermore, dancing is known to help with socialization, fighting depression,

increasing self confidence and develops creativity. Therefore, the objective of this

research is to highlight the contributions of dancing in social development, cognitive,

emotional and early childhood development, as well as show the possible harm it can

have. Interviews have been conducted with professionals of childhood education: 2

dance teachers, 2 physical education, 2 pedagogues, 1 psychologists and 1 dance-

theatre teacher. Both mothers of children that practice dancing as well as those with

children not practicing have been researched for quantitative and qualitative analysis.

The results made it possible to find out the benefits of dancing in a child’s general

development, such as: emotional, cognitive, physical and social, better posture,

expression, creativity, flexibility, rhythm, coordination and laterality, helping with

socializing and interpersonal relations. In the context of schooling, dancing must be

covered in a comprehensive, interdisciplinary way, exploring the creative process and

social inclusion. There is a necessity for improvement in the school system, as there

is a lack of adequate structure necessary to teach dance, both for the lack of space,

as the lack of training and sufficient knowledge on the teacher’s behalf.

Keywords: dance education; development; children; motor system; creativity

Page 7: Jessica Soria PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA …

Sumário

1. Introdução..........................................................................1

2. Objetivos............................................................................9

3. Materiais e Métodos..........................................................10

4. Resultados........................................................................12

5. Discussão..........................................................................21

6. Conclusão.........................................................................37

7. Referências Bibliográficas................................................38

8. Anexos..............................................................................42

Page 8: Jessica Soria PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA …

1

1.Introdução

A dança é utilizada como arte de expressão corporal desde o Paleolítico,

quando já se registrava as manifestações coreográficas criadas pelo homem. Neste

período, a dança passou a ser usada para cultuar deuses, fazendo parte de

cerimônias realizadas pelos magos, xamãs e sacerdotes (MOREIRA; OLIVEIRA,

2009).

Na antiguidade os homens utilizavam a dança para se aproximar dos

deuses e assim se consagravam “semideuses”. Era considerada um ritual de

comunicação e consagração entre os homens e os deuses. Os homens acreditavam

que essa comunicação através de movimentos corporais poderia combater os

possíveis problemas nas suas vidas. Na Grécia essa arte era acessível a todos os

cidadãos e constituía parte importante no ritual religioso, da educação e do

divertimento, enquanto que em Roma era considerado um ritual pecaminoso diante

da igreja (MOREIRA; OLIVEIRA, 2009).

Na Idade Média a dança era praticada de forma recreativa pelas três

classes sociais da época: campestre, nobreza e mouriscas. As Campestres eram as

danças populares realizadas nas aldeias, geralmente alegres e saltitantes. As danças

praticadas pela Nobreza eram dotadas de ritmos mais lentos e eram mais

disciplinadas, sendo desenvolvidas pelos nobres dos castelos. As danças Mouriscas

eram a representação da luta dos cristãos contra os mouros, eram mais populares e

dançadas em público e foi difundida por toda a Europa (MOREIRA; OLIVEIRA, 2009).

A dança na Renascença era lúdica realizada em aldeias, praças, salões e

castelos. Nesse período, com o surgimento de novas civilizações a dança foi variando

e criando novos ritmos (MOREIRA; OLIVEIRA, 2009).

Na atualidade, a dança representa liberdade e aumento da força de

expressão corporal. A dança permite ao indivíduo representar o movimento da vida,

adquirindo aspectos, ritmos e intensidades diferentes, conforme a época e as

influências culturais. Traz ao público uma nova forma de ver a vida, o mundo real e

irreal, sendo capaz de criar um mundo diferente, representando em movimentos o que

as palavras não são capazes de transmitir (MOREIRA; OLIVEIRA, 2009).

Page 9: Jessica Soria PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA …

2

A dança é usada como uma das formas de linguagem mais antigas da

humanidade, como forma de demonstração dos sentimentos. A criança pode

conseguir expressar por meio da dança sentimentos que muitas vezes não

conseguem expressar em palavras (FINKENAUER; CENTENO, 2013).

Se praticada desde a infância, a dança promove o desenvolvimento da

inteligência, dos sentimentos e do desempenho corporal da criança. A criança irá

adquirir melhor percepção de seu corpo, aprenderá com maior eficiência a ter noção

do espaço e do tempo. Além disso, sabe-se que essa arte auxilia na socialização, no

combate à depressão, aumento da autoestima e desenvolve a criatividade

(LONDERO, 2011).

A dança praticada por crianças pode apresentar efeitos terapêuticos, pois

lhes permite lidar melhor com seus problemas e próprios sentimentos, além de

proporcionar benefícios à saúde tais como melhorar a capacidade respiratória,

promover a perda calórica, fortalecer os músculos, melhorar a postura, etc.

(LONDERO, 2011).

Segundo Achcar (1988, apud LONDERO, 2011) a dança é de suma

importância na vida das crianças, pois desenvolve os estímulos: tátil (sentir os

movimentos), visual (ver os movimentos e transformá-los em atos), auditivo (dominar

o seu ritmo ao ouvir a música), afetivo (sentimentos e emoções transpostos na

coreografia), cognitivo (raciocínio, lógica e coordenação) e motor (trabalho corporal).

A criatividade, musicalidade, socialização e o conhecimento da dança em si também

são trabalhados nessa atividade física.

Jean Piaget (1983)1, filósofo suíço considerado um dos maiores teóricos do

desenvolvimento infantil, acreditava que as crianças vivem e interpretam a realidade

através das sensações físicas e não do pensamento.

O desenvolvimento é composto por graduações sucessivas, para que um

novo instrumento lógico seja construído é necessário que se tenha passado por

1 Coleção “Os Pensadores”. Reúne obras dos filósofos ocidentais desde os pré-socráticos aos pós-modernos.

Page 10: Jessica Soria PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA …

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instrumentos lógicos preliminares, ou seja, a construção de um novo conhecimento se

dá, tendo antes uma base menos complexa (PIAGET, 1983).

Para Piaget (1983) o desenvolvimento da criança é um processo temporal

por excelência, o papel do tempo no círculo vital tanto psicológico como biológico é

imprescindível. O desenvolvimento intelectual da criança apresenta dois aspectos: o

psico-social e o espontâneo. O desenvolvimento psico-social é aquele que a criança

recebe através do exterior, é o conhecimento transmitido pela família, pela escola,

pela educação em geral. O desenvolvimento espontâneo é o desenvolvimento da

inteligência onde a criança aprende por si mesma, aquilo que não lhe foi ensinado,

mas que ela é capaz de descobrir sozinha.

Gardner (2002) identificou alguns tipos de inteligências múltiplas, sendo

elas: linguística, lógico-matemática, espacial, musical, corporal-cinestésica,

interpessoal e intrapessoal. Ele acredita que a Inteligência humana pode ser

estimulada através de um educador, de tal modo que se determinado tipo de

inteligência não se manifesta pode ser por falta de estímulo adequado.

Tendo em vista os tipos de inteligências identificadas por Gardner,

podemos associar a arte da dança como um estímulo dessas inteligências, em

diversos aspectos:

• Inteligência linguística: Envolve a capacidade de lidar com as

palavras de forma criativa e efetiva, facilidade com a leitura e a escrita,

facilidade em utilizar as palavras para atingir objetivos e convencer, facilidade

em explicar com palavras (GARDNER, 2002).

Se a dança ajuda a desenvolver a criatividade e a expressividade e, ainda,

o corpo pode ser usado como uma forma de comunicação, certamente a dança ajuda

a desenvolver a inteligência linguística.

• Lógico-matemática: Envolve a capacidade de utilizar números, de

uma forma geral, para raciocinar. Envolve categorização, classificação, cálculo

e testagem de hipóteses, elaboração de conceitos realizar operações

matemáticas (GARDNER, 2002).

Page 11: Jessica Soria PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA …

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A dança pode contribuir no sentido lógico- matemático quando, por

exemplo, estimula os alunos a contar o número de movimentos, as sequências de

uma dança coreografada e as formas geométricas utilizadas nos movimentos, o

número de participantes da dança, etc.

• Espacial: Envolve a capacidade de manipular e reconhecer os

padrões do espaço com precisão, de representar graficamente ideias visuais

ou espaciais, orientar-se apropriadamente em uma matriz espacial, boa

memória visual, facilidade em reconhecer lugares (GARDNER, 2002).

A dança pode contribuir no aspecto espacial pois há deslocamento através

do espaço em que se situa, adquirindo percepção das diversas direções. Há a

representação visual espacial, por exemplo, quando a criança está habituada a dançar

em um determinado ambiente, quando troca esse ambiente ela tem que se adequar

ao novo espaço- da sala de aula ao palco do teatro.

• Musical: envolve a sensibilidade ao ritmo, tom ou melodia, permite

a percepção de sons de forma harmoniosa e criativa (GARDNER, 2002).

A dança contribui para o desenvolvimento da inteligência musical pois a

música e o ritmo estão diretamente ligadas com a dança.

A música e a linguagem corporal ou gestual se encontram intimamente

ligadas, sendo reconhecidas até mesmo por muitos compositores. Stravinsky

mencionou que a música deve ser vista através da dança, para que possa ser

adequadamente assimilada. As crianças naturalmente assimilam a música e o

movimento corporal, sendo praticamente certo que ao cantarem as veremos

praticando algum gesto físico que acompanhe o som (GARDNER, 2002).

• Corporal- cinestésica: Envolve a habilidade de controlar os

movimentos do próprio corpo para expressar ideias e sentimentos (GARDNER,

2002).

A dança está diretamente ligada a inteligência corporal- cinestésica, pois

possibilita a expressão dos sentimentos e desenvolve as habilidades motoras.

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• Interpessoal: envolve a capacidade de entender as intenções,

motivações e desejos do próximo, capacidade de relacionar com as pessoas

(GARDNER, 2002).

A dança contribui com as relações interpessoais pois pode ser trabalhada

em grupo, exige colaboração e respeito aos parceiros de dança e ao professor,

contribui com a socialização.

• Intrapessoal: Envolve a capacidade da pessoa conhecer a si

mesma, capacidade de perceber os próprios sentimentos (GARDNER, 2002).

A dança contribui para que a criança conheça o próprio corpo, se veja

através dos próprios movimentos e sinta sensações diferentes quando dança.

Os sentimentos ocupam um papel central nas inteligências pessoais,

universalmente é possível reconhecer a conexão entre a música e a vida sentimental

dos indivíduos, sendo que a música pode servir como um meio de capturar

sentimentos e o entender os diversos tipos (GARDNER, 2002).

O ensino de dança pode contribuir para o autoconhecimento e para a

interação entre os alunos aprendendo a respeitar as diferenças. Contribui para uma

reflexão crítica da sociedade e do mundo no qual a criança está inserida (GUALDA;

SADALLA, 2008).

A criança na fase pré-escolar, que participa de aulas de dança, adquire

maior facilidade na alfabetização (LONDERO, 2011).

É recente a atribuição do uso do corpo, como uma forma de inteligência

(inteligência corporal), pois em nossa cultura houve separação do “mental” e o “físico”,

sendo considerado que o que fazemos com nosso corpo é menos privilegiado e

valorizado do que a resolução de problemas cotidianos através da linguagem e da

lógica. Atualmente psicólogos enfatizam que o uso do corpo tem forte ligação com o

desenvolvimento de outros aspectos cognitivos que não seja apenas a inteligência

corporal-cinestésica (GARDNER, 2002).

A dança pode contribuir na educação escolar como um meio de integração.

Um programa de dança/educação escolar deve ser bem planejado, com progressões

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pedagógicas, enfatizando e respeitando os movimentos naturais do corpo, de forma

lúdica, e também abordando aspectos culturais. É através do conhecimento do próprio

corpo que a criança passa a ter conhecimento do mundo que a cerca (CAMARGO;

FINCK, 2009).

A dança ainda é vista pela sociedade somente como meio de recreação,

vaidade ou modismo, no entanto essa visão simplista deve ser revista, pois a dança

quando inserida no contexto escolar contribui para o desenvolvimento e aprendizagem

da criança (CAMARGO; FINCK, 2009).

Em um aspecto interdisciplinar, a dança é capaz de estimular a criatividade,

a autonomia e a liberdade do indivíduo, possibilitando ao educando correlacionar o

homem à natureza, criando intimidade entre eles através da observação. Os

fenômenos da natureza e os animais fazem parte do mundo infantil despertando

curiosidade, dessa forma, estimular a imaginação delas é pertinente, fazendo

comparativos entre os movimentos e as coisas que fazem parte do mundo delas, como

por exemplo, pedir a elas que derretam-se no chão como um sorvete, ou que voem

como uma borboleta (LONDERO, 2011).

A psicomotricidade estuda os movimentos humanos relacionando-os com

aspectos afetivos, motores e cognitivos. É uma ciência que contribui no processo de

ensino e aprendizagem das crianças através do uso de atividades que estimulam a

coordenação, a lateralidade, o desenvolvimento da percepção musical e o

desenvolvimento da percepção corporal (FINKENAUER; CENTENO, 2013;

GASPARI, 2002).

A abordagem psicomotricista é recomendada principalmente durante o

processo de desenvolvimento da criança até os 7 anos de idade, quando trabalhada

desde cedo na fase infantil contribui para o processo de desenvolvimento e

comunicação da criança com o seu mundo (FINKENAUER; CENTENO, 2013;

GASPARI, 2002).

Os movimentos psicomotores resultam de ações planejadas pela mente,

com determinado objetivo, dessa forma o corpo e a mente estão em conexão, assim

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7

o corpo traduz o que a mente quer que seja expressado (FINKENAUER; CENTENO,

2013).

A dança é um excelente instrumento para trabalhar a psicomotricidade,

principalmente se for abordada de forma lúdica.

A ação física é a primeira forma de aprendizagem e as experiências

motoras devem estar presentes no cotidiano da criança, seja em qualquer ambiente,

através da atividade e expressão corporal (LONDERO, 2011).

Até pouco tempo atrás as crianças tinham mais acesso a áreas abertas de

lazer, como quintal, praça e rua que eram explorados e utilizados para brincar e assim

desenvolver e aprimorar a coordenação motora. Essas simples e espontâneas

experiências motoras eram suficientes para que formasse uma base para o

aprendizado de habilidades motoras mais complexas. No entanto, os processos de

urbanização e modernização que vem se desenvolvendo nas últimas décadas tem

oferecido às crianças mudanças de hábitos, pois com o surgimento de brinquedos em

sua maioria eletrônicos e a diminuição dos espaços das áreas de lazer acabam

limitando a aventura lúdica e a exploração dos movimentos corporais (LONDERO,

2011).

O controle motor (equilíbrio e coordenação) é importante no início da

infância, quando a criança está adquirindo coordenação de suas habilidades motoras

fundamentais (FINKENAUER; CENTENO, 2013).

A coordenação motora é classificada em dois grupos: grossa e fina. A

coordenação grossa se refere ao movimento como um todo, envolve o trabalho de

grandes grupos musculares com capacidade de execução de diferentes movimentos

em diversos segmentos corpóreos ao mesmo tempo, controla os movimentos mais

rudes, tais como andar, correr, saltitar, pular, subir/descer escadas, etc. Enquanto a

coordenação motora fina é responsável pelos movimentos mais precisos, articulando

os pequenos músculos responsáveis por movimentos mais delicados e específicos

como escrever, desenhar, pintar, costurar, encaixar/montar, etc. (FINKENAUER;

CENTENO, 2013; LONDERO, 2011).

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8

A dança e atividades de acompanhamento musical requerem auxilio dos

ritmos motores, que são manifestações voluntárias e podem englobar diversas tarefas

envolvendo coordenação complexa que é o caso de quem dança ou executa

atividades de acompanhamento musical (OLIVEIRA, 1998).

Em muitos casos as dificuldades motoras podem ser diagnosticadas como

consequência de desordens psicológica ou neurológica, no entanto há casos em que

essas dificuldades se manifestam de maneira isolada. Na ausência desses distúrbios

há prejuízo evidente no desenvolvimento da coordenação motora, o desempenho é

relativamente abaixo do que se espera para uma criança naquela determinada idade

cronológica e nível cognitivo da criança nas atividades diárias. Normalmente essas

crianças são vistas como “desajeitadas” ou “atrapalhadas”. No final da década de 80

essa condição passou a ser reconhecida pela Associação de Psiquiatria Americana

(APA) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e sua denominação técnica

passou a ser Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (TDC) (SANTOS;

DANTAS; OLIVEIRA, 2004; LONDERO, 2011).

Apesar de não estar relacionado com nenhum distúrbio neurológico, o TDC

consiste em atraso da coordenação motora ao longo do ciclo vital. Crianças com TDC

possuem dificuldades em executar movimentos intermembros e coordenar

ritmicamente as diversas partes do seu corpo, sendo essas tarefas exigidas em

diversas atividades motoras. Desempenham muitas tarefas motoras simples,

cotidianas, com dificuldade. Em atividades que envolvem locomoção, estas crianças

tropeçam e se esbarram continuamente; tem dificuldades em segurar talheres, lápis

ou escova de dente corretamente, não conseguem controlar a força necessária para

segurá-los, deixando-os cair ou apertando-os com muita força e, em uma dança, não

conseguem manter os movimentos do corpo de forma cadenciada. Alguns exercícios

podem ajudar no desenvolvimento motor dessas crianças (FERRACIOLI, 2009).

O TDC tem se tornado mais comum em virtude do sedentarismo, dos novos

brinquedos e das mudanças que acompanham a contemporaneidade (LONDERO,

2011).

Praticar a dança de forma que trabalhe a psicomotricidade pode ser um

meio de contribuir para uma melhor coordenação e ritmo dessas crianças.

Page 16: Jessica Soria PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA …

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2. Objetivos:

Analisar através da percepção das mães e profissionais da área da

educação infantil os efeitos da dança no desenvolvimento de crianças.

2.1. Objetivos específicos:

Analisar os efeitos da dança através da percepção das mães e profissionais da

área da educação infantil, no desenvolvimento motor, emocional, cognitivo e

social de crianças e, também, investigar possíveis malefícios da dança para

crianças.

Page 17: Jessica Soria PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA …

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3. Material e métodos:

Este trabalho teve aprovação da Comissão Interna de Ética em Pesquisa

do Centro de Ciências Biológicas da Saúde da Universidade Presbiteriana Mackenzie

com o processo CIEP nºTBB003/05/15.

Foram realizadas coletas de dados para análise qualitativa através de um

questionário aplicado no seguinte público:

• 10 mães de crianças entre 3-6 anos de idade que praticam dança em um período entre 3-12 meses (Anexo 1).

• 10 mães de crianças entre 3-6 anos de idade que não praticam dança (Anexo 2).

As mães das crianças que não praticam a dança avaliaram alguns atributos

de acordo com o que observavam em seus filhos.

As mães das crianças que praticam a dança avaliaram os atributos de

acordo com o que observavam quando as crianças ainda não praticavam a dança e,

após terem iniciado a prática.

Esses atributos eram: coordenação motora/ facilidade em executar

movimentos complexos, facilidade em interagir em grupo/ socialização, boa

memorização, ritmo musical, postura, afetividade, noções de espaço/ lateralidade,

expressividade, criatividade, controle emocional/ relação intrapessoal, flexibilidade e

aproveitamento interdisciplinar. Deveriam ser classificados em: ausente, baixa,

moderada e alta.

Perguntamos às mães das crianças que não praticavam a dança, se elas

colocariam seus filhos para praticarem. Caso a resposta fosse sim perguntamos por

que colocariam para praticar dança e em quais modalidades de dança.

Para as mães das crianças que praticam e que não praticam dança

perguntamos de que forma elas acham que a dança contribui para o desenvolvimento

da criança.

As entrevistas com as mães de crianças que dançam foram coletadas em

duas escolas de ballet localizadas na grande São Paulo.

Page 18: Jessica Soria PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA …

11

Também foram coletadas opiniões do seguinte público:

• 2 professoras de dança • 2 educadores físicos • 2 pedagogas • 1 psicóloga • 1 professora de teatro-dança

Foram realizadas perguntas abertas nas quais o entrevistado pode discutir

de um modo geral quais os benefícios que a dança pode trazer à criança e também

os possíveis malefícios existentes (Anexo 3).

Com base nos resultados do questionário o do levantamento bibliográfico

foi realizada a análise do estudo em questão.

Para a realização das entrevistas, foram apresentadas às Instituições de

ensino de dança, às mães das crianças e aos profissionais da área da educação a

Carta de Informação e o Termo de Consentimento (anexo 4).

Page 19: Jessica Soria PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA …

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4. Resultados

4.1 Gráficos

Figura 1: Percentual de coordenação motora/ facilidade

em executar movimentos complexos. Desempenho das

crianças antes de iniciarem a prática da dança, depois de

iniciarem a prática da dança e que nunca praticaram dança.

Figura 2: Percentual de facilidade em interagir em

grupo/socialização. Desempenho das crianças antes de

iniciarem a prática da dança, depois de iniciarem a prática

da dança e que nunca praticaram dança.

Figura 3: Percentual de boa memorização. Desempenho

das crianças antes de iniciarem a prática da dança, depois

de iniciarem a prática da dança e que nunca praticaram

dança.

Figura 4: Percentual de ritmo musical. Desempenho das

crianças antes de iniciarem prática da dança, depois de

iniciarem a prática da dança e que nunca praticaram dança.

0%10%20%30%40%50%60%

Baixa

Mo

derad

a

Alta

Baixa

Mo

derad

a

Alta

Baixa

Mo

derad

a

Alta

ANTES DEPRATICAR

DANÇA

DEPOIS DEINICIAR A

PRÁTICA DADANÇA

NÃOPRATICAM

DANÇA

20%

40%40% 40%

60% 60%

40%

Po

rce

nta

gem

.

Coordenação Motora/ Facilidade em executarmovimentos complexos

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

Bai

xa

Mo

der

ada

Alt

a

Bai

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Mo

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Mo

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ada

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ANTES DEPRATICAR

DANÇA

DEPOIS DEINICIAR A

PRÁTICA DADANÇA

NÃOPRATICAM

DANÇA

20%

80%

10%

90%

10%20%

70%

Po

rce

nta

gem

.

Facilidade em interagir em grupo/ socialização

0%10%20%30%40%50%60%70%80%

Bai

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Alt

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Bai

xa

Mo

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ANTES DEPRATICAR

DANÇA

DEPOIS DEINICIAR A

PRÁTICA DADANÇA

NÃOPRATICAM

DANÇA

10%

30%

60%

20%

80%

20%

80%

Po

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nta

gem

.

Boa memorização

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

Bai

xa

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der

ada

Alt

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Bai

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Bai

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ANTES DEPRATICAR

DANÇA

DEPOIS DEINICIAR A

PRÁTICA DADANÇA

NÃOPRATICAM

DANÇA

10%

30%

60%

100%

70%

30%

Po

rce

nta

gem

.

Ritmo musical

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Figura 5: Percentual de postura. Desempenho das crianças

antes de iniciarem a prática da dança, depois de iniciarem

a prática da dança e que nunca praticaram dança.

Figura 7: Percentual de noções de espaço/ lateralidade.

Desempenho das crianças antes de iniciarem a prática da

dança, depois de iniciarem a prática da dança e que nunca

praticaram dança.

Figura 6: Percentual de afetividade. Desempenho das

crianças antes de iniciarem a prática da dança, depois de

iniciarem a prática da dança e que nunca praticaram dança.

Figura 8: Percentual de expressividade. Desempenho das

crianças antes de iniciarem a prática da dança, depois de

iniciarem a prática da dança e que nunca praticaram dança.

0%10%20%30%40%50%60%70%80%

Bai

xa

Mo

der

ada

Alt

a

Bai

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ada

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Bai

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ANTES DEPRATICAR

DANÇA

DEPOIS DEINICIAR A

PRÁTICA DADANÇA

NÃOPRATICAM

DANÇA

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10%

60%

30%

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.

Postura

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DEPOIS DEINICIAR A

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Noções de espaço/ lateralidade

0%10%20%30%40%50%60%70%80%

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ANTES DEPRATICAR

DANÇA

DEPOIS DEINICIAR A

PRÁTICA DADANÇA

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DANÇA

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Afetividade

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Bai

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ANTES DEPRATICAR

DANÇA

DEPOIS DEINICIAR A

PRÁTICA DADANÇA

NÃOPRATICAM

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10%

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20%

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.

Expressividade

Page 21: Jessica Soria PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA …

14

Figura 9: Percentual de criatividade. Desempenho das

crianças antes de iniciarem a prática da dança, depois de

iniciarem a prática da dança e que nunca praticaram dança.

Figura 11: Percentual de flexibilidade. Desempenho das

crianças antes de iniciarem a prática da dança, depois de

iniciarem a prática da dança e que nunca praticaram dança.

Figura 10: Percentual de controle emocional/relação

intrapessoal. Desempenho das crianças antes de iniciarem

a prática da dança, depois de iniciarem a prática da dança

e que nunca praticaram dança.

Figura 12: Percentual de aproveitamento interdisciplinar.

Desempenho das crianças antes de iniciarem a prática da

dança, depois de iniciarem a prática da dança e que nunca

praticaram dança.

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

Bai

xa

Mo

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Bai

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DANÇA

DEPOIS DEINICIAR A

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Criatividade

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DANÇA

DEPOIS DEINICIAR A

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Flexibilidade

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DANÇA

DEPOIS DEINICIAR A

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DANÇA

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Controle Emocional/ relação intrapessoal

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ANTES DEPRATICAR

DANÇA

DEPOIS DEINICIAR A

PRÁTICA DADANÇA

NÃOPRATICAM

DANÇA

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.

Aproveitamentro Interdisciplinar

Page 22: Jessica Soria PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA …

15

4.2. Respostas dos questionários

• Em relação as mães de crianças que praticam dança:

Todas as 10 mães entrevistadas eram de meninas e não havia meninos

praticando a dança em nenhuma das turmas.

As mães das crianças que praticam dança acham que a dança contribui

para o desenvolvimento da criança das seguintes formas: a criança pode se exercitar;

evita a ociosidade e diminui a ansiedade; ajuda a disciplinar e a ter dedicação às

tarefas; aumenta a criatividade; ajuda na educação; aprende a ter respeito ao próximo;

adquire responsabilidade; aprende a ter comprometimento; ajuda na socialização;

colabora com a saúde mental e emocional; faz com que a criança se sinta mais calma

e confiante; melhora a qualidade do sono; contribui com a saúde, ajuda no controle e

manutenção do peso; melhora a concentração; melhora o desenvolvimento motor;

aprende a conhecer o próprio corpo; adquire noção do próprio corpo no espaço;

melhora a postura; evita lesões; aprende a respeitar regras; adquire maior

desenvoltura; ajuda na manutenção do crescimento.

Uma das mães criticou a forma como a professora se relaciona com as

alunas, pois as trata como se fossem adultas, exigindo treino e dedicação

exageradamente e muitas vezes acaba sendo indelicada e que, por serem crianças

isso pode fazer com que se sintam desmotivadas a prosseguir com as aulas de dança.

Outra mãe colocou a filha para praticar ballet porque a criança tinha o hábito

de andar nas pontas dos pés e era muito “estabanada”, esbarrava frequentemente

nos móveis e objetos da casa. Depois que começou a praticar a dança obteve melhora

significativa em seu equilíbrio e coordenação motora.

• Em relação as mães de crianças que não praticam dança:

Ao todo foram entrevistadas 5 mães de meninas e 5 mães de meninos.

Todas as mães das crianças que não praticam dança disseram que

colocariam seus filhos para praticar dança em diversas modalidades, tais como dança

de rua (“street dance”), sapateado, dança gaúcha, danças nordestinas, jazz, dança

aeróbica e “pop”. Todas as mães citaram o ballet como opção, exceto uma que disse

Page 23: Jessica Soria PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA …

16

que só não deixaria o filho fazer ballet por se tratar de uma dança muito feminina, mas

deixaria praticar outros tipos de dança.

As mães disseram que seus filhos não praticavam dança por falta de

dinheiro, tempo, vagas no bairro ou município quando se trata de aulas gratuitas ou

ainda pela distância entre suas residências e a escola de dança.

Os motivos pelos quais as mães colocariam seus filhos para praticarem

alguma modalidade de dança foram: a criança se sentiria feliz; a criança já gostar de

dançar; melhoraria a qualidade do sono; evitaria o sedentarismo; prática de exercício

físico; interação social e desenvolvimento motor; ajudaria a trabalhar a postura e

flexibilidade.

As mães acham que a dança contribui para o desenvolvimento da criança

das seguintes formas: ajuda no desenvolvimento da coordenação motora; ensina a

criança a ter disciplina, a respeitar regras; ajuda a enfrentar desafios, a ter motivação

e persistência; é bom para a saúde física e mental; ajuda no emocional pois a criança

se sente feliz; contribui para a socialização; perder a timidez; melhora a flexibilidade e

a postura.

• Em relação aos professores de dança:

Os profissionais da área de dança acreditam que a dança contribui para o

desenvolvimento da criança na fase pré-escolar nos seguintes aspectos:

desenvolvimento motor, físico e emocional; melhora a flexibilidade; agilidade;

expansão do repertório de movimentos; melhora a convivência em grupo; aprende a

fazer novas amizades, respeitar os colegas e a ter disciplina (por exemplo esperar a

sua vez quando estiver numa fila); melhora a autoestima; estimula a capacidade de

pensar e decorar uma coreografia.

Afirmaram ser possível trabalhar a parte lúdica que é tão importante nessa

fase do desenvolvimento, trabalhar a parte postural, a consciência sobre o próprio

corpo, a postura correta, coordenação motora, lateralidade (por exemplo, identificar

direita e esquerda), musicalidade, a expressão e, de uma maneira gostosa e lúdica

para que a criança se sinta interessada e motivada.

Page 24: Jessica Soria PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA …

17

Mencionaram também os possíveis malefícios, que são quando a criança

se sente obrigada a fazer, quando é uma exigência, em algumas escolas dependendo

de qual é o enfoque muitas vezes a criança pode adquirir um trauma causado por

essa exigência e não querer mais dançar. A criança deve ser corrigida, deve ser

ensinada, mas de uma maneira agradável. Outro aspecto negativo é quando há

profissionais não capacitados que ensinam para a criança movimentos que não estão

adequados com a idade, ou posições que a criança não está fisicamente fortalecida,

seja os tendões, a estruturas ósseas, a postura. Alguns passos são apresentados

muitas vezes de uma maneira inadequada. A dança deve ser ensinada por etapas,

dos movimentos mais simples até que se chega aos movimentos mais complexos e

isso ajuda a fortalecer o corpo.

• Em relação aos educadores físicos

Os profissionais da área de educação física acreditam que a dança

contribui para o desenvolvimento da criança na fase pré-escolar nos seguintes

aspectos: a criança praticante adquire melhor noção de espaço, localização e

lateralidade, ajuda a criança a desenvolver a coordenação motora e coordenação

rítmica, além de combater a obesidade e o sedentarismo que podem acarretar

diversas outras doenças. Educadores físicos acreditam que desde cedo a criança

pode iniciar a dança, sem passos muito complexos, fazendo movimentos naturais que

irão ajudar no seu desenvolvimento motor. A música é regida por ritmos, frases e

tempos musicais e isso é utilizado em todos os esportes. Um dos educadores

mencionou que qualquer esporte ou tudo que envolva movimento segue uma

cadência. Quando caminhamos ou quando corremos seguimos um certo ritmo e uma

cadência. Quando se explora bastante a dança e a música, naturalmente trabalha

seguindo uma certa cadência, um certo ritmo, um determinado número de movimentos

por número de tempo musical, isso ajuda a desenvolver um senso para caminhar,

correr, chutar, arremessar, parar (uma parada abrupta por exemplo, quando se está

correndo), tudo isso depende de ritmo, qualquer movimento que fazemos na vida é

cadenciado. É importante explorar o senso rítmico com a música pois ajuda no

desenvolvimento cognitivo e motor. É bom explorar a flexibilidade já que

principalmente nessa fase a criança possui maior flexibilidade, melhor do que os

adultos, naturalmente. Se começar desde cedo a explorá-la vai se tornar um adulto

mais flexível tornando as atividades do dia a dia mais fáceis de serem desenvolvidas,

Page 25: Jessica Soria PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA …

18

como o simples movimento de abaixar para pegar algo que está no chão, isso previne

que se tenha dores nas articulações devido a não ter uma limitação na musculatura

quanto ao grau de flexibilidade.

Os possíveis prejuízos apontados por estes profissionais são quando a

criança tem que fazer por obrigação e não como uma forma de lazer, ela deve fazer

porque gosta. A música também deve ser de acordo com a idade, tem músicas que

não são adequadas para a criança já que traz muita sensualidade envolvida.

No caso de algumas danças que são praticadas como uma profissão, como

o caso do ballet clássico, por exemplo, quando a criança não pratica como uma forma

de lazer, a criança é obrigada a cumprir um número de horas/aulas semanais em que

ela faz um “treinamento”, isso pode causar um estresse físico e psicológico. O lazer

começa na hora que a criança tem vontade e termina na hora que decidir que não

quer mais praticar, a partir do momento que a criança começa a ficar entediada ela

simplesmente cessa a atividade. Muitas vezes os pais ou os treinadores acabam

submetendo a criança a um esforço físico, não importando se ela está cansada ou

entediada, de forma que ela tenha que treinar para ser a melhor. Quando se trata de

utilizar a música para criança como forma de lazer, poderá ser uma ótima estratégia.

Se obrigá-la a praticar não necessariamente ela terá prazer em fazê-lo sempre.

O esforço físico em excesso pode resultar em um prejuízo a saúde, por

exemplo no ballet tem bastante saltos, então se perde o contato com o solo e tem

muita retomada abrupta, um excesso de impacto é prejudicial, independentemente da

idade, visto que o peso do seu corpo é multiplicado em muitas vezes quando se trata

de saltos, quando perde o contato com o solo e o retoma. O impacto excessivo,

principalmente para a criança que está constantemente em formação pode ser

prejudicial, prejudicando as articulações, desenvolvendo artrose, artrite, hérnia de

disco, à longo prazo.

• Em relação a psicóloga

A profissional da área de psicologia acredita que a dança contribui para o

desenvolvimento da criança na fase pré-escolar nos seguintes aspectos: no

desenvolvimento da coordenação motora; na vida social pois ajuda a se relacionar

Page 26: Jessica Soria PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA …

19

melhor com as pessoas; contribui para que a criança mantenha um peso adequado.

Se ela gostar de dançar contribui para o lado emocional-afetivo.

Os possíveis prejuízos serão caso a criança não goste de dançar e for

obrigada a praticá-la, ainda mais se for muito tímida isso pode causar prejuízos

emocionais, embora a dança possa contribuir com a diminuição da timidez, desde que

ela não seja forçada a fazer. Se ela não se relacionar bem com o professor ou se o

professor for muito bravo a criança pode associar a postura do professor com a dança

e querer se afastar, ou até mesmo pode trazer algum dano psicológico emocional.

• Em relação as pedagogas

As profissionais da área de pedagogia acreditam que a dança contribui para

o desenvolvimento da criança na fase pré-escolar nos seguintes aspectos: Como uma

forma de expressão das diferentes formas artísticas, deve permear todo o currículo e

não somente como uma atividade não planejada. Por meio da dança a criança utiliza-

se da linguagem corporal e expressa sentimentos, comunica ideias, interage com o

meio e vivencia diferentes identidades culturais representadas na própria música e no

próprio movimento. Mas isso depende da forma como o professor vai conduzir a

atividade com dança, pois deve ser uma atividade planejada, organizada para que a

criança consiga por meio da dança desenvolver todas as suas potencialidades,

desenvolver integralmente. A dança é um instrumento para que a criança conheça o

patrimônio cultural da humanidade porque essa arte faz parte do mesmo, dessa forma

a atividade com dança deve ser intencional, mas não com o intuito de antecipar a

escolarização, a educação infantil tem suas etapas e características próprias de

acordo com a idade da criança em geral.

Os malefícios apontados pelas pedagogas foram quando a dança é usada

como imitação da erotização adulta, no entanto isso ocorre muitas vezes no contexto

social e não escolar.

• Em relação a professora de teatro-dança

A profissional da área do teatro-dança mencionou que se trabalha um

aspecto importante nessa fase do desenvolvimento tendo como benefício o

aprimoramento da expressão corporal que explora os movimentos livres e naturais do

corpo. Independentemente do biótipo da criança, se a criança tem alguma

Page 27: Jessica Soria PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA …

20

necessidade especial a dança deve se adaptar a ela. As crianças devem se sentir à

vontade, dançarem descalças, como se estivessem brincando na rua, fazer

brincadeiras de “roda”, cantar cantigas e pular corda. Trabalhar de forma lúdica

contribui para que a criança se solte, perca a timidez aos poucos e apesar das

crianças serem naturalmente desinibidas o fato de que estamos vivenciando um

mundo onde a tecnologia predomina, então trabalhar de forma lúdica é um dos pontos

principais para despertar na criança o brincar e o movimentar-se, fazendo com que

ela desapegue um pouco dessa tecnologia e volte a brincar com os pés no chão, se

suje e seja uma criança saudável e feliz. Após a criança despertar o interesse, através

dessa forma lúdica, é importante ensiná-la também a parte mais técnica, como ter

postura, colocação de palco, colocação do corpo em cena, a respeitar a atuação do

colega. Mas de forma branda pois não é obrigação da criança, nessa fase, se tornar

ator mirim, mas sim libertar seu corpo para brincar e dançar.

Os malefícios mencionados por esta profissional foram aqueles que podem ser

causados caso o profissional não seja qualificado, podendo causar lesões

gravíssimas. Muitas dançarinas de ballet clássico, por exemplo, que iniciam desde

muito pequenas muitas vezes chegam na adolescência precisando fazer algum tipo

de cirurgia devido às lesões que podem ser causadas pelo exercício exagerado ou

executado de forma incorreta e, principalmente pelo uso de sapatilhas de ponta.

A criança deve fazer porque gosta, quando se sentir à vontade para dançar e

interpretar. Caso o profissional exija que a criança faça contra sua vontade, pode fazer

com que a criança perca o gosto pela atuação, possivelmente perdendo sua

capacidade e força de expressão.

Page 28: Jessica Soria PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA …

21

5. Discussão

A dança é utilizada como arte de expressão corporal pelo homem desde a

pré-história. Atualmente a dança além de ser um instrumento de expressividade

contribui no desenvolvimento de crianças, principalmente na fase pré-escolar.

Podemos constatar que todas as crianças que praticam dança tiveram melhora em

todos os desempenhos após o início da prática (Figs. 1-12).

As crianças que dançam apresentaram melhora significativa na postura

após iniciarem a prática da dança (Fig.5). Quando comparadas às crianças que não

dançam, também apresentaram melhor desempenho na postura (Fig.5).

Através da movimentação e da experimentação, o indivíduo procura seu

eixo corporal, dessa forma vai se adaptando até alcançar o equilíbrio postural mais

refinado. Este equilíbrio está associado às sensações proprioceptivas cinestésicas e

labirínticas. Conforme a criança passa por esse processo de experimentação, seus

movimentos vão se tornando mais coordenados e ela toma uma consciência melhor

do seu próprio corpo e da sua postura (OLIVEIRA, 1998).

A dança possibilita essa experimentação e uma exploração dos

movimentos, contribuindo para o equilíbrio postural da criança.

A afetividade é expressa através da postura e do comportamento

(OLIVEIRA, 1998).

As crianças que dançam apresentaram melhor desempenho da

expressividade após iniciarem as aulas de dança. Segundo Oliveira (1998) através da

linguagem corporal podemos transmitir todo o nosso estado interior sem que

tenhamos que utilizar palavras, transmitimos dor, medo, alegria, tristeza e também o

conceito que temos sobre nós mesmos, como por exemplo uma criança que não

acredita muito em si tem a tendência de curvar-se, “envolvendo-se” em si mesma,

mantendo seu corpo em estado de tensão quando se sente ameaçada.

As crianças que dançam apresentaram melhora significativa no ritmo

musical após iniciarem a prática da dança (Fig.4) e, comparadas às crianças que não

Page 29: Jessica Soria PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA …

22

dançam, apresentaram desempenho ainda mais elevado sendo essa diferença de

70%, de acordo com a leitura dos gráficos (Fig. 4).

O ritmo faz parte da vida, do cotidiano e da natureza de todo ser vivo e o

acompanha em todos os momentos. São os batimentos cardíacos, o crescimento das

plantas, o caminhar, o sono, a alimentação, etc. Desde o útero da mãe a criança já

tem os primeiros contatos com o ritmo por meio das pulsações do coração e, já desde

muito pequenas, as crianças são atraídas pelo barulho dos objetos ou por

instrumentos musicais (MULLER; TAFNER, 2007).

O som da música desperta na criança o desejo de bater palmas,

movimentar-se e cantar. O aspecto rítmico se manifesta intuitiva e espontaneamente

(MULLER; TAFNER, 2007).

Como foi citado pelos profissionais de educação física, qualquer esporte ou

tudo que envolva movimento segue uma cadência e um certo ritmo. Muller e Tafner

(2007) apontam que é importante explorar e trabalhar o ritmo na idade pré-escolar,

pois prepara a criança para realizar as atividades escolares e atividades cotidianas,

nessa idade, apesar de cada criança ter seu próprio ritmo de aprendizagem, elas

aprendem e assimilam os exercícios muito mais rápido. Para o ser humano é

importante desenvolver o ritmo pois ele está presente no seu dia a dia quando fala,

dirige, escreve, anda de bicicleta, lava a louça, etc.

Para a psicomotricidade o ritmo é um elemento importante e trabalha na

orientação temporal. É importante para perceber a duração do tempo, noções de

aceleração e freada, diferenciação entre corrida e andar, movimentar o próprio corpo

em volta de objetos no espaço (MULLER; TAFNER, 2007).

A dança, acompanhada da música e/ou sons diversos é uma grande aliada

para ajudar a desenvolver o ritmo. Desenvolver o ritmo contribui também para diversos

fatores fisiológicos como na adaptação do ouvido a compassos e ritmos diferentes,

memorização e reprodução de um determinado som, regularizando o gesto impulsivo

e coordenando-o. Ativa o sistema neuromuscular, solicitando movimentos

respiratórios mais amplos, auxilia o crescimento, aprimora os movimentos (MULLER;

TAFNER, 2007).

Page 30: Jessica Soria PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA …

23

A percepção musical pode ser estimulada através da música e da dança.

Estimulando o aprimoramento da audição, a fim de executar os passos dentro do ritmo

musical, acaba por desenvolver melhor a fala da criança (FINKENAUER; CENTENO,

2013).

As atividades que envolvem ritmos, como a dança e a música, estimulam

nas crianças a coordenação motora, o equilíbrio e a flexibilidade. Ajudam na

concentração e atenção, oferecem segurança rítmica e educação sensorial, levam à

obtenção do relaxamento muscular, da postura e da percepção auditiva e visual,

estimula a criatividade e trabalha a expressão corporal (MULLER; TAFNER, 2007).

As crianças que dançam apresentaram melhora significativa no

desempenho da flexibilidade, após o início da prática das aulas de dança e, também

quando comparadas às crianças que não praticam dança (Fig. 11).

A flexibilidade apresenta grandes benefícios para um bom desempenho

motor, aprimorando a execução de movimentos simples ou complexos, até mesmo

para o desempenho das funções diárias e preservação da saúde (SILVA; RABELO,

2006).

Para ampliar a qualidade e quantidade do repertório de movimentos se

exige a capacidade de flexibilidade na mobilidade articular do corpo. Nas aulas de

dança são utilizadas inúmeras técnicas visando à melhora e amplitude do movimento

(DINIZ et.al., 2012).

As crianças que dançam apresentaram melhora significativa na noção

espacial e lateralidade após iniciarem a prática da dança e em relação às crianças

que não dançam, também apresentaram desempenho mais elevado (Fig.7).

A noção espacial é essencial na convivência em sociedade, pois é através

do espaço que nos situamos no meio em que vivemos, fazemos observações

comparando as coisas, observando suas semelhanças e diferenças, realizamos um

trabalho mental muito importante selecionando e comparando os diferentes objetos,

extraímos agrupamos e os classificamos em nossas mentes (OLIVEIRA, 1998).

Page 31: Jessica Soria PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA …

24

Uma das mães relatou que sua filha era “estabanada” e esbarrava

constantemente nos objetos e móveis da casa. Através da dança a criança apresentou

melhora, o que nos mostra que a dança contribuiu para que a criança adquirisse

melhor noção do espaço.

A estrutura espacial não nasce com a criança, faz parte de um processo de

maturação e aprendizagem, é uma elaboração e construção mental que se concretiza

através da experimentação dos movimentos em relação aos objetos que estão em

seu meio. Para que a criança perceba a posição dos objetos é fundamental que,

primeiramente, ela possua um domínio de seu corpo utilizando-o como ponto de

referência. Ela aprende o espaço através de sua movimentação e é a partir de si

mesma que se situa em relação ao mundo que a cerca (OLIVEIRA, 1998).

As professoras de dança e os educadores físicos disseram que a dança

contribui para o desenvolvimento da lateralidade na criança. Oliveira (1998) cita que

é importante que a criança tenha uma lateralidade bem definida para que consiga

assimilar os conceitos espaciais, isso se dá por volta dos 6 anos de idade. Os

conceitos de direita e esquerda passam a ter valor para ela a partir do momento em

que ela tenta se situar no espaço e esses conceitos passam a ser úteis para comparar

e assimilar os objetos ao redor.

Para Oliveira (1998) lateralidade é o predomínio motor que o ser humano

possui em utilizar um dos lados do corpo mais do que o outro em três aspectos: mão,

olho e pé. O lado dominante apresenta maior força muscular, mais precisão e rapidez

e geralmente é ele que inicia a ação principal. O outro lado não deixa de ser importante

pois auxilia o lado dominante, por mais que ambos funcionem isoladamente um

complementa o outro.

Para Finkenauer e Centeno (2013) a lateralidade se refere a capacidade

que a criança tem de se direcionar, olhar para várias direções tendo uma ideia de

espaço e coordenação.

A lateralidade pode ser estimulada através da dança de forma que através

dos comandos (direita, esquerda, frente, trás, etc.) ajude a criança a identificá-los e

também a definir melhor sua lateralidade.

Page 32: Jessica Soria PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA …

25

Algumas mães disseram que a dança pode ajudar a criança a conhecer o

próprio corpo e adquirir noção do próprio corpo no espaço.

Através do próprio corpo a criança estabelece contato com as

individualidades do mundo, ou seja, conhecendo-o melhor ela terá maior habilidade

para se diferenciar, passa a distingui-lo através do contato com os objetos do mundo

que a cerca. Todo indivíduo tem seu mundo construído a partir das próprias

experiências corporais, o corpo é sua maneira de ser (OLIVEIRA, 1998).

A percepção que cada indivíduo faz de seu corpo é diferente. As aulas de

dança podem contribuir de forma lúdica para que as crianças façam descobertas

sobre seu próprio corpo, observando seus movimentos, até mesmo através do

espelho (FINKENAUER; CENTENO, 2013).

É importante fazê-las centrarem sua atenção sobre si mesmas, pois a

interiorização é um fator importante para que a criança possa tomar consciência sobre

seu esquema corporal. O corpo é o ponto de referência que o ser humano possui para

interagir com o mundo. Essa referência servirá como base para auxiliar no

desenvolvimento cognitivo, para compreender os elementos do mundo, para a

aprendizagem de conceitos essenciais para a alfabetização e os conceitos de espaço,

por exemplo: em cima, em baixo, ao lado, etc. (OLIVEIRA, 1998).

Após iniciarem a prática da dança as crianças apresentaram melhora na

expressividade (Fig. 8). Arce e Dácio (2007) citam que através da percepção do seu

corpo, a criança descobre a capacidade de comunicação e expressão de emoções e

sentimentos através de seus movimentos que é uma parte essencial na vida dela. A

dança pode ser um elemento fundamental para sua formação artística, além de

contribuir para um desenvolvimento saudável, biopsico-social da criança.

As crianças que dançam apresentaram melhor desempenho na criatividade

após iniciarem a prática da dança.

A criatividade é uma qualidade que todo ser humano possui, através dela

o homem se expressa, modela parcelas de realidade do universo das infinitas

possibilidades humanas e, foi através da criatividade que o homem evoluiu. É possível

Page 33: Jessica Soria PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA …

26

aumentar a criatividade da maioria dos indivíduos por meio de incentivos através da

arte, como a dança (ARCE; DÁCIO, 2007).

O potencial criativo tem início na infância e, quando as crianças têm suas

iniciativas criativas elogiadas e incentivadas tendem a se tornarem adultos ousados e

agirem de forma inovadora (ARCE; DÁCIO, 2007).

Para Gualda e Sadalla (2008) o ensino de dança no desenvolvimento

infantil deve ter como foco principal a busca pelo desenvolvimento da criatividade e

expressividade da criança. Dessa forma o professor deve se atentar de que o ensino,

exclusivamente técnico dos movimentos, pode acabar não contribuindo para esses

objetivos e, dependendo da abordagem do professor, esse tipo de ensino pode acabar

fazendo com que o aluno perca o interesse pela dança.

A professora de teatro-dança mencionou que é importante trabalhar a

expressão corporal e os movimentos livres e naturais do corpo. Após a criança

despertar o interesse, através da ludicidade, é importante ensiná-la a parte técnica

para que ela adquira postura, saiba se posicionar no palco, etc. Porém a técnica deve

ser aplicada de forma branda pois o objetivo é que a criança liberte seu corpo, brinque

e dance.

Para Gualda e Sadalla (2008) o ensino exclusivamente técnico limita a

capacidade que o aluno tem de soltar a imaginação e a criatividade. Não são

estimulados a criar novos movimentos, mas sim a reproduzir àqueles determinados

pela sequência que o professor determina. Há então uma preocupação com o produto

final que, é determinada pela estética do método, e não com o processo como um

todo.

Muitos fazem dos alunos apenas reprodutores de coreografias criadas

pelos professores, e acabam desperdiçando a oportunidade de aprimorar suas

capacidades motoras, cognitivas e socioafetivas (SOUZA; BERLEZE; VALENTINI,

2008).

Uma das desvantagens do ensino exclusivamente de técnicas é a

mecanização dos movimentos que faz com que o aluno não consiga se desprender

Page 34: Jessica Soria PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA …

27

dela para dançar, sua capacidade criativa se torna limitada, a dança pode perder o

sentido expressivo (GUALDA; SADALLA, 2008).

Gualda e Sadalla (2008) relatam que a sequência de passos utilizadas pelo

professor também proporciona o conhecimento de mais uma possibilidade de

movimento, é muito importante para que o aluno entenda a linguagem e a

expressividade corporal. Também é um desafio para o aluno conseguir reproduzir a

sequência, há uma expectativa por parte dos próprios alunos em executar

coreografias pois faz parte do imaginário deles que dançar significa executar

sequências de movimentos.

Os autores ainda afirmam que alguns profissionais propõem um ensino de

dança no qual o corpo é visto como uma rica fonte de conhecimento, desvinculando a

rigidez técnica criando uma libertação na dança e aprendendo a respeitar a

diversidade dos corpos. Esse tipo de ensino possibilita o enriquecimento das

qualidades críticas, morais e criativas dos alunos.

É importante ressaltar que mesmo para explorar movimentos novos os

alunos devem estar fortalecidos fisicamente e o uso das técnicas de dança contribuem

para esse fortalecimento que se torna um subsídio para a criação e não para simples

reprodução, além de trabalhar a concentração e atenção para o movimento. A

importância de conhecer a técnica não é de executá-la com perfeição, mas sim

conhecer e vivenciar a linguagem corporal (GUALDA; SADALLA, 2008).

A professora de teatro-dança citou que independente se a criança é obesa

ou magra, ou portadora de alguma necessidade especial a dança deve se adaptar a

ela.

Arce e Dácio (2007) enfatizam que apesar dos estereótipos que diversas

danças e suas técnicas apresentam, há a possibilidade de prática da “Dança Criativa”.

A Dança Criativa se trata de um método de trabalho com enfoque na educação

psicomotora, que foge de determinadas regras estereotipadas, valoriza o processo

criativo e espontâneo, estimulando o aluno à novas explorações e o professor a

renovar sempre.

Page 35: Jessica Soria PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA …

28

Alves et al. (2012) em um estudo através da dança para crianças com

deficiência intelectual constataram que a dança pode ser muito útil para o

desenvolvimento dessas crianças.

A deficiência intelectual é detectada através de testes psicométricos e o

indivíduo apresenta dois desvios padrões abaixo da média de sua população

correspondente, apresentando quociente de inteligência (QI) inferior a 70, tais

pessoas apresentam problemas motores como: mais lentidão, com significativa perda

de força, resistência, agilidade, equilíbrio, velocidade, flexibilidade e tempo de reação

que derivam de fatores externos e de ordem maturacional que estão diretamente

ligados ao organismo e às suas mudanças (ALVES, 2012).

Através desse estudo Alves et. al. (2012) puderam demonstrar que a dança

proporcionou vários benefícios às crianças e adolescentes, que apresentavam

deficiência intelectual. Logo nos primeiros meses de estudo observaram melhora na

estabilidade emocional passando a demonstrar menos agressividade, maior confiança

em suas habilidades e mais iniciativa em suas atitudes, aumento da criatividade,

podendo perceber criações de movimentos próprios, demonstraram mais

expressividade emocional e corporal. Também observaram desenvolvimento das

habilidades motoras básicas como correr, saltar e girar.

Alves et. al. (2012) enfatizam que é preciso quebrar algumas regras e

padrões de forma que a dança esteja ao alcance de qualquer indivíduo que queira e

goste de praticá-la. Dessa forma a dança pode contribuir com a inclusão social desses

indivíduos que apresentam algum tipo de deficiência, de forma que a dança se adapte

a ele ao invés dele ter que se adaptar à dança.

Dentre os aspectos mais citados, tanto pelos pais como pelos profissionais

foi a coordenação motora no desenvolvimento da criança através da dança.

A coordenação motora global se refere ao movimento do corpo como um

todo, envolve o trabalho de grandes grupos musculares com capacidade de execução

de diferentes movimentos em diversos segmentos corpóreos ao mesmo tempo, tais

como pular corda, entre outras brincadeiras (FINKENAUER; CENTENO, 2013).

Page 36: Jessica Soria PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA …

29

O movimento pode ser dividido em 3 aspectos: voluntário, reflexo e

automático. O movimento voluntário depende da vontade do indivíduo em executá-lo,

é intencional e consciente, como por exemplo caminhar em direção a um objeto. O

movimento reflexo é involuntário, independe da vontade do indivíduo em executá-lo e

só depois de executado que se toma conhecimento dele. O movimento automático

depende da aprendizagem, das experiências e da história de vida do indivíduo,

depende principalmente da prática e da repetição de execução de determinado

movimento (OLIVEIRA, 1998).

O movimento automático pode ser adquirido e, é muito importante pois

propicia diversas formas de adaptação ao meio, fazendo com que economizemos

tempo e esforço pois não exige muito trabalho mental. Alguns dos movimentos

automáticos são desenvolvidos através do processo de aprendizagem, se iniciam

normalmente de forma voluntária até que se tornam mais aprimorados e então se

tornam automáticos, como por exemplo quando caminhamos e não pensamos no

balançar dos braços, tocar piano, andar de bicicleta, etc. A intenção de executá-los é

voluntária, mas a execução do movimento torna-se automática (OLIVEIRA, 1998).

Praticar algum tipo de dança na fase do desenvolvimento da criança até os

6 anos de idade auxilia na automatização de movimentos, tornando-os mais refinados.

O desenvolvimento da criança não depende só da nutrição. A estimulação

do ambiente também é importante, quanto mais estimulamos a criança, mais

provocamos respostas que são traduzidas em uma maior quantidade de sinapses. A

sinapse é a comunicação entre um neurônio e outro. Um neurônio estimula o seguinte,

e assim por diante, através da liberação de substâncias neurotransmissoras,

propagando impulsos nervosos, transmitindo informações tais como lembranças,

temperatura, intensidade de dor, conhecimentos, etc. (OLIVEIRA, 1998).

O sistema nervoso seleciona e processa informações que serão

canalizadas para as regiões motoras correspondentes do cérebro e emite respostas

adequadas de acordo com a experiência e vivência de cada indivíduo (OLIVEIRA,

1998).

Page 37: Jessica Soria PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA …

30

Algumas sinapses que não trabalham em certas pessoas guardam um

potencial funcional, ou seja, podem começar a entrar em atividade dependendo do

aprendizado. Aprender, neurologicamente, significa usar sinapses que normalmente

não eram usadas. Um educador ao estimular seu aluno estará ajudando a diferenciar

seu sistema nervoso, ampliando a quantidade de sinapses (OLIVEIRA, 1998).

O sistema nervoso se desenvolve progressivamente obedecendo uma

sequência no processo de maturação, levando isso em consideração, não devemos

exigir que a criança realize uma sequência de movimentos que ela ainda não está

física e fisiologicamente apta a executar. Devemos respeitar e levar em consideração

o seu processo de maturação (OLIVEIRA, 1998).

Tivemos o argumento de uma mãe que achava que o modo como a

professora tratava as crianças não correspondia de maneira adequada para a idade

delas, exigindo um grau de maturidade mais avançado da criança.

Oliveira (1988) diz que embora a estimulação do ambiente seja

fundamental, é importante salientar que devemos tomar cuidado para não

excedermos e exigir demais da criança, pois podemos lhes causar uma ansiedade

desnecessária, além de que isso não irá apressar o processo de maturação do seu

sistema nervoso.

Parte dos profissionais entrevistados, disseram que a criança não deve

praticar a dança por obrigação e sim quando sente vontade, de forma que aquilo seja

prazeroso para ela.

Para Oliveira (1998) é importante que a criança ou o aluno reflita e analise

os seus movimentos interiorizando-os, somente dessa forma irá adquirir uma

aprendizagem mais significativa de si mesmo e suas capacidades. Deve haver o

desejo de realizar um movimento, pois não se consegue educar ninguém contra sua

própria vontade.

O prazer pela dança e o bem-estar emocional foram uns dos motivos que

as mães das crianças que não praticam dança colocariam seus filhos para praticá-la.

Dias (2006) diz que além dos benefícios estéticos, a dança também proporciona um

Page 38: Jessica Soria PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA …

31

bem-estar emocional elevando a auto-estima, a auto-confiança, ou seja, a dança pode

proporcionar um equilíbrio entre o corpo e a mente.

Parte dos pais citaram que a dança pode contribuir, no desenvolvimento da

criança, com a regulação e melhora da qualidade do sono.

A atividade física, tal como a dança, está diretamente ligada ao sono, pois

o aumento da temperatura corporal decorrente da prática de atividade física, facilita o

disparo de mecanismos do sono e, o aumento do gasto energético durante a vigília

aumenta a necessidade de sono para alcançar um balanço energético positivo

(SILVA; COSTA, 2011).

Todas as danças possuem em sua essência a prática do exercício físico

que vale para todas as idades, isso traz muitos benefícios à saúde, trabalhando

flexibilidade, desenhando um corpo mais alongado, tornando a musculatura rígida

(DIAS, 2006).

Algumas mães e alguns dos profissionais da área do desenvolvimento

infantil, disseram que a dança contribui para que a criança aprenda a ter disciplina.

Dias (2006) afirma que a dança pode ajudar a disciplinar pois exige uma

organização do aluno, como por exemplo deve ter comprometimento com o horário,

não se atrasar para não perder o aquecimento que é fundamental na prática de

qualquer atividade física, manter os cabelos presos para não atrapalhar o

desempenho, manter a concentração no professor, não entrar no meio da aula sem

pedir licença, etc.

A maioria dos pais disseram que colocariam seus filhos para praticar balé.

Em contrapartida alguns profissionais criticaram o balé alegando que poderia ser

prejudicial às crianças em diversos aspectos.

O balé se trata de uma das danças mais admiradas e preferencial quando

se trata de iniciar aulas de dança. O balé clássico é uma dança tradicional que teve

origem na Europa no século XVI, depois expandiu-se pelo mundo e deu origem a

diversas outras modalidades de dança. É uma dança dotada de regras e métodos pré-

estabelecidos e antigos com movimentos árduos que podem exceder os limites físicos

Page 39: Jessica Soria PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA …

32

do corpo para que se possa alcançar o equilíbrio e a harmonia em grupo. Parte desse

esforço demasiado se deve ao método de sapatilhas de ponta, pois é esta que irá

sustentar todo o peso do corpo nas pontas dos pés e, por esse motivo há uma

tendência a desenvolver problemas osteomusculares (SANTOS; OTANI, 2010).

As bailarinas de balé clássico utilizam em seus treinos e apresentações

calçados que são sapatilhas específicas para a prática da dança, que podem ser de

“ponta” e “meia-ponta” (Fig.13), que são confeccionadas em couro, lona, cetim, papéis

especiais, palmilhas flexíveis e cola (PICON; FRANCHI, 2007).

As lesões mais frequentes que o balé pode ocasionar são as de pé e

tornozelo, seguido de joelho e quadril devido ao excesso de repetições e ao uso

incorreto e precoce da sapatilha de ponta. Também pode ocasionar problemas

posturais como hiperlordoses lombares, tronco inclinado e cifose cervical, não só

ocasionado pelos mesmos motivos anteriores, mas pela execução incorreta dos

movimentos, por isso é necessário um profissional qualificado para ensinar os

métodos corretamente (SANTOS; OTANI, 2010).

A ciência do movimento humano tem contribuído com a arte, ajudando

bailarinos a evitarem lesões, através do estudo de movimentos seguros e eficazes

(GREGO et al., 1999).

Page 40: Jessica Soria PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA …

33

Bailarinas que utilizam sapatilhas de pontas estão mais suscetíveis a

lesionar-se do que bailarinas que não as utilizam. Manter-se na ponta, gera uma

sobrecarga correspondente a aproximadamente uma vez e meia o peso do próprio

corpo, gerando um torque muito elevado, sendo desaconselhável o uso da sapatilha

de ponta em crianças ou em adultos que não possuem preparo adequado da

musculatura envolvida (GREGO et al., 1999).

Devido as lesões decorrentes do uso de sapatilhas de ponta, alguns

profissionais estão condenando o seu uso e, realizam os movimentos apenas em meia

ponta para prevenir lesões (SANTOS; OTANI, 2010).

Crianças estão em constante mudanças físicas, psicológicas e

psicossociais que geram consequências para as atividades corporais e para a

capacidade de suportar cargas, estão muito mais expostas aos danos causados pela

sobrecarga de trabalho corporal que os adultos (GREGO et al., 1999).

Contudo, não há razão para as crianças não participarem de aulas de

ballet, desde que haja um profissional qualificado. Os professores devem estar

preparados para trabalhar sob um ponto de vista anatômico e ortopédico, para

determinar e discernir as maiores dificuldades encontradas por cada aluno (GREGO

et al., 1999).

Todas as mães das crianças que não praticam dança disseram que

gostariam que seus filhos a praticassem, porém havia alguns obstáculos como a falta

de dinheiro, falta de tempo ou a distância. Esse problema poderia ser solucionado se

as escolas implementassem no currículo escolar a dança como parte do plano

pedagógico, dessa forma, todos teriam acesso aos benefícios que ela traz.

As pedagogas enfatizaram que a atividade com dança deve ser uma

atividade planejada, organizada para que a criança consiga por meio da dança

desenvolver todas as suas potencialidades e desenvolver integralmente, deve ser

uma forma de fazer com que a criança conheça um patrimônio cultural da

humanidade.

Page 41: Jessica Soria PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA …

34

A dança pode contribuir na educação escolar como um meio de integração.

Um programa de dança-educação escolar deve ser bem planejado, com progressões

pedagógicas, sob a perspectiva de movimento, enfatizando e respeitando os

movimentos naturais do corpo, pois é através do conhecimento do próprio corpo que

a criança passa a ter conhecimento do mundo que a cerca. Deve-se visar o

desenvolvimento das capacidades motoras, imaginativas e criativas, de forma lúdica,

levar em consideração os valores culturais da comunidade escolar por serem parte

integral do cotidiano dos alunos, incentivando e proporcionando aos alunos um maior

interesse pela prática da dança. (CAMARGO; FINCK, 2009; GUALDA; SADALLA,

2008).

Foi citado por parte dos profissionais o uso inadequado de músicas na

prática da dança por apresentar conteúdo com conotação sexual, de forma que a

dança perde o seu significado no desenvolvimento infantil.

Muitas músicas e danças midiáticas são produzidas com intuito de atender

às demandas de mercado, sendo reproduzidas de forma acrítica no contexto

educativo. As danças folclóricas e populares são deixadas de lado e as midiáticas

recebem preferência, reproduzindo indefinidamente o ciclo de exaltação de

determinados grupos em detrimento de outros (SBORQUIA; NEIRA, 2008).

No âmbito escolar o uso da dança deve ser tematizado, abordar algumas

das infinitas possibilidades que podem emergir das leituras e interpretações da prática

social de uma determinada manifestação cultural (SBORQUIA; NEIRA, 2008).

A dança na escola pode servir para resgatar a cultura e tradição.

Em algumas escolas a dança já vem sendo usada como atividade física

para crianças, porém a maioria dos professores apesar de serem bailarinos, não tem

formação em Educação Física e não compreendem a importância significativa em

trabalhar com o desenvolvimento das habilidades motoras nas crianças (SOUZA;

BERLEZE; VALENTINI, 2008).

Muitos profissionais da área de Educação Física já tiveram alguma

experiência prática com dança durante a sua formação acadêmica e reconhecem a

Page 42: Jessica Soria PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA …

35

dança como sendo importante no desenvolvimento da criança, pois objetiva o

desenvolvimento da consciência das possibilidades corporais dos alunos e a

exploração das possibilidades de movimento, porém ainda sentem dificuldades para

trabalhar dentro desse aspecto pois alegam não terem conhecimento suficiente além

da falta de materiais e instalações necessários para desenvolver esse conteúdo nas

escolas (PERES; RIBEIRO; JUNIOR, 2001).

O ensino de dança na escola encontra muitos obstáculos, sendo eles a falta

de espaço adequado, a não valorização desta atividade pelos professores e diretores,

o preconceito pelos meninos devido a cultura machista, etc. (GUALDA; SADALLA,

2008).

Pudemos observar a falta de meninos nas aulas de dança. Também houve

a declaração de uma das mães que disse que não deixaria seu filho praticar balé pois

se trata de uma dança muito feminina.

A dança é associada ao gênero feminino pelos seus movimentos serem

julgados finos e leves. Para nossa sociedade os homens que dançam são vistos como

homossexuais, da mesma forma para mulheres que praticam certos tipos de esportes

que exijam mais força. Normalmente a generificação da dança está mais relacionada

com danças que exigem mais delicadeza e leveza, como é o caso do balé, do que

danças que apresentam movimentos mais bruscos e fortes como o hip hop ou danças

tradicionais como as gaúchas. De acordo com os tipos de movimentos, mais bruscos

ou mais delicados, algumas danças acabam sendo separadas na nossa sociedade

pelos gêneros femininos e/ou masculinos. A cultura acaba, dessa forma, interferindo

na nossa forma de agir, fazendo com que atitudes naturais sejam vistas como

anormais na visão da sociedade (ANDREOLI, 2010).

Devido ao tabu cultural em relação a homens que dançam, no Ocidente o

interesse pela dança por parte dos homens pode surgir mais tarde, já na adolescência,

quando podemos observar uma quantidade maior de homens praticando dança

(GARDNER, 2002).

Um outro problema da prática da dança nas escolas é que muitos dos

professores de dança não estão aptos a atuarem em um contexto escolar em um

Page 43: Jessica Soria PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA …

36

aspecto reflexivo, estão mais acostumados a trabalharem em academia onde se exige

mais conceito técnico e reprodução de coreografias. A maioria dos alunos do curso

de dança preferem dançar profissionalmente do que realizarem formação de professor

(GUALDA; SADALLA, 2008).

Embora o ensino de arte faça parte do componente curricular escolar,

raramente a dança ou expressão corporal é abordada (GUALDA; SADALLA, 2008).

Segundo Gualda e Sadalla (2008), por mais que no Brasil tenha cursos

superiores de licenciatura de dança, apesar de serem poucos os profissionais de

dança que possuem curso de licenciatura, esses professores não conseguem um

ingresso formal nas redes de ensino, pois os concursos públicos exigem o

bacharelado em educação artística.

Ainda é muito recente a interação entre dança e prática pedagógica, o que

justifica a falta de estruturação dessa prática como componente curricular no plano

pedagógico.

Page 44: Jessica Soria PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA …

37

6. Conclusão

A prática da dança para crianças contribui com o desenvolvimento de

habilidades motoras, emocionais e cognitivas. Melhora o desempenho da postura,

expressividade, criatividade, flexibilidade, ritmo, coordenação motora e lateralidade.

Assim como, contribui na socialização e nas relações intrapessoais.

O processo criativo e livre do uso do corpo deve estar aliado às técnicas

da dança de forma alternada, dessa forma contribuirá para o desenvolvimento

psicomotor, criativo e expressivo da criança, além de tornar as aulas mais agradáveis.

A dança deve ser um processo que contribua com a inclusão social, deve

ser trabalhada para todos biótipos, sem distinção de etnia, religião e gênero.

A dança na Educação Infantil, no aspecto escolar, deve ser abordada de

forma integral, interdisciplinar, cultural, explorando o processo criativo e

proporcionando à criança um melhor contato consigo mesma e melhor interação com

os colegas.

Por ser recente a interação entre a dança e a prática pedagógica, ainda

encontramos falta de estrutura adequada e falta de profissionais qualificados na rede

escolar para ministrar aulas de dança. Há a necessidade da ampliação da formação

dos professores de Educação Física e Artes em relação à dança, pois muitas vezes

não possuem conhecimento suficiente para o ensino de dança nas escolas. Por outro

lado, professores de dança licenciados não conseguem ingressar nas redes públicas

de ensino pois os concursos públicos exigem o bacharelado em Educação Artística.

Nesse contexto seria necessária uma reformulação no plano pedagógico para que

seja inserida a dança de maneira adequada.

Page 45: Jessica Soria PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA …

38

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Page 49: Jessica Soria PERCEPÇÃO DAS MÃES E PROFISSIONAIS DA …

42

(ANEXO 1)

Aplicar em mães/pais de crianças, entre 3 a 6 anos de idade, que praticam dança.

IDADE: SEXO:

P1- Vamos avaliar alguns aspectos do desenvolvimento do seu filho(a) de um modo geral, classifique os atributos

abaixo de acordo com o que você observava em seu filho antes de iniciar as aulas de dança e, após o início da prática

de dança:

Ausente Baixa Moderada Alta

Não sabe responder

ANTES

Coordenação motora/Facilidade em executar movimentos complexos

DEPOIS

Coordenação motora/Facilidade em executar movimentos complexos

Ausente Baixa Moderada Alta

Não sabe responder

ANTES

Facilidade em interagir em grupo/socialização

DEPOIS

Facilidade em interagir em grupo/socialização

Ausente Baixa Moderada Alta

Não sabe responder

ANTES Boa memorização

DEPOIS Boa memorização

Ausente Baixa Moderada Alta

Não sabe responder

ANTES Ritmo musical

DEPOIS Ritmo musical

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43

Ausente Baixa Moderada Alta

Não sabe responder

ANTES Postura

DEPOIS Postura

Ausente Baixa Moderada Alta

Não sabe responder

ANTES Afetividade

DEPOIS Afetividade

Ausente Baixa Moderada Alta

Não sabe responder

ANTES Noções de espaço/ lateralidade

DEPOIS Noções de espaço/ lateralidade

Ausente Baixa Moderada Alta

Não sabe responder

ANTES Expressividade

DEPOIS Expressividade

Ausente Baixa Moderada Alta

Não sabe responder

ANTES Criatividade

DEPOIS Criatividade

Ausente Baixa Moderada Alta

Não sabe responder

ANTES Controle emocional/ relação

intrapessoal

DEPOIS Controle emocional/ relação

intrapessoal

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44

Ausente Baixa Moderada Alta

Não sabe responder

ANTES Flexibilidade

DEPOIS Flexibilidade

Ausente Baixa Moderada Alta

Não sabe responder

ANTES Aproveitamento interdisciplinar

DEPOIS Aproveitamento interdisciplinar

P2. De que forma você acha que a dança contribui para o desenvolvimento da criança?

Muito obrigada pela sua colaboração. Sua opinião é muito importante para minha pesquisa.

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(ANEXO 2)

Aplicar em mães/pais de crianças, entre 3 a 6 anos de idade, que não praticam dança

IDADE: SEXO:

P1- Vamos avaliar alguns aspectos do desenvolvimento do seu filho(a) de um modo geral, para isso classifique os

atributos abaixo de acordo com o que você observa em seu filho:

Ausente Baixa Moderada Alta Não sabe responder

Coordenação motora/Facilidade em executar movimentos complexos

Facilidade em interagir em grupo/socialização

Boa memorização

Ritmo musical

Postura

Afetividade

Noções de espaço/ lateralidade

Expressividade

Criatividade

Controle emocional/ relação intrapessoal

Flexibilidade

Aproveitamento interdisciplinar

P2 - Você Colocaria seu filho(a) para praticar alguma modalidade de dança?

Sim

Não Pule para P4

Não sabe Pule para P5

P3- Qual?

P4 - Por quê?

P5. De que forma você acha que a dança contribui para o desenvolvimento da criança?

Muito obrigada pela sua colaboração. Sua opinião é muito importante para minha pesquisa.

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(Anexo 3)

1) Aborde os aspectos, dentro da sua área de conhecimento, que você acha importante na prática da dança no desenvolvimento de crianças na fase pré-escolar (entre 3 a 6 anos de idade). Quais os possíveis benefícios que a dança pode lhes causar?

2) Em sua opinião existe possíveis prejuízos/malefícios que a dança pode causar às crianças nessa fase do desenvolvimento? Por quê?

Muito obrigada pela sua colaboração. Sua opinião é muito importante para minha pesquisa.

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(Anexo 4)

CARTA DE INFORMAÇÃO À INSTITUIÇÃO

Esta pesquisa tem como intuito analisar os efeitos da dança no desenvolvimento motor,

emocional e cognitivo em crianças. Para tanto, realizaremos uma entrevista com mães/pais de

alunos (as) entre 3 a 6 anos de idade. Para tal solicitamos a autorização desta instituição para a

triagem de participantes, e para a realização dos procedimentos previstos. O contato

interpessoal e a realização dos procedimentos não oferecem riscos físicos e/ou psicológicos aos

participantes e à instituição. As pessoas não serão obrigadas a participar da pesquisa, podendo

desistir a qualquer momento. Em eventual situação de desconforto, os participantes poderão

cessar sua colaboração sem consequências negativas para si ou para a instituição. Todos os

assuntos abordados serão utilizados sem a identificação dos colaboradores e instituições

envolvidas. Quaisquer dúvidas que existirem agora ou a qualquer momento poderão ser

esclarecidas, bastando entrar em contato pelo telefone abaixo mencionado. Ressaltamos que se

trata de pesquisa com finalidade acadêmica, referida à Tese de Conclusão do Curso de Ciências

Biológicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie, que os resultados da mesma serão

divulgados em trabalho acadêmico obedecendo ao sigilo, sendo alterados quaisquer dados que

possibilitem a identificação de participantes, instituições ou locais que permitam identificação.

De acordo com estes termos, favor assinar abaixo. Uma cópia deste documento ficará com a

instituição e outra com o(s) pesquisador(es). Obrigada.

_______________________________ ______________________________________

Pesquisadora: Jessica Soria Orientadora: Profª Drª Esther L.R.A. Carmargo

Ciências Biológicas – CCB

Tel. (11) 96585 7547 Tel. (11) 21148233

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TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Pelo presente instrumento que atende às exigências legais, o(a) senhor (a)

____________________________________, representante da instituição, após a leitura da Carta de Informação à Instituição, ciente dos procedimentos propostos, não restando quaisquer dúvidas a respeito do lido e do explicado, firma seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO de concordância quanto à realização da pesquisa. Fica claro que a instituição, através de seu representante legal, pode, a qualquer momento, retirar seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO e deixar de participar do estudo alvo da pesquisa e fica ciente que todo trabalho realizado torna-se informação confidencial, guardada por força do sigilo profissional.

São Paulo,....... de ..............................de..................

_________________________________________

Assinatura do representante da instituição

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CARTA DE INFORMAÇÃO AO SUJEITO

Esta pesquisa tem como intuito analisar os efeitos da dança no desenvolvimento motor,

emocional e cognitivo em crianças. Para tanto, aplicaremos um questionário a profissionais da área

(professores de dança, educadores físicos, psicólogos, etc.). Para tal solicitamos sua autorização para

a realização dos procedimentos previstos. O contato interpessoal e a realização dos procedimentos

não oferecem riscos físicos e/ou psicológicos aos participantes. A pessoas não serão obrigadas a

participar da pesquisa, podendo desistir a qualquer momento. Em eventual situação de desconforto, os

participantes poderão cessar sua colaboração sem consequências negativas. Todos os assuntos

abordados serão utilizados sem a identificação dos participantes e instituições envolvidas. Quaisquer

dúvidas que existirem agora ou a qualquer momento poderão ser esclarecidas, bastando entrar em

contato pelo telefone abaixo mencionado. Ressaltamos que se trata de pesquisa com finalidade

acadêmica, referida à Tese de Conclusão do Curso de Ciências Biológicas da Universidade

Presbiteriana Mackenzie, que os resultados da mesma serão divulgados em trabalho acadêmico

obedecendo ao sigilo, sendo alterados quaisquer dados que possibilitem a identificação de

participantes, instituições ou locais que permitam identificação. De acordo com estes termos, favor

assinar abaixo. Uma cópia deste documento ficará com a instituição e outra com o(s) pesquisador(es).

Obrigada.

_______________________________ ______________________________________

Pesquisadora: Jessica Soria Orientadora: Profª Drª Esther L.R.A. Carmargo

Ciências Biológicas – CCB

Tel. (11) 96585 7547 Tel. (11) 21148233

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Pelo presente instrumento que atende às exigências legais, o(a) senhor (a)

____________________________________, após a leitura da Carta de Informação ao sujeito ciente dos procedimentos propostos, não restando quaisquer dúvidas a respeito do lido e do explicado, firma seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO de concordância quanto à realização da pesquisa. Fica claro que o(a) senhor(a), a qualquer momento, poderá retirar seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO e deixar de participar do estudo alvo da pesquisa e fica ciente que todo trabalho realizado torna-se informação confidencial, guardada por força do sigilo profissional. São Paulo,....... de ..............................de..................

_________________________________________

Assinatura do sujeito OU seu representante legal

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CARTA DE INFORMAÇÃO AO SUJEITO/ AO RESPONSÁVEL PELO SUJEITO

Esta pesquisa tem como intuito analisar os efeitos da dança no desenvolvimento motor,

emocional e cognitivo em crianças. Para tanto, aplicaremos um questionário em mães/pais de

alunos(as) de dança entre 3 à 6 anos de idade e, mães/pais de crianças entre 3 à 6 anos de idade que

não praticam a dança. Para tal solicitamos sua autorização para a realização dos procedimentos

previstos. O contato interpessoal e a realização dos procedimentos não oferecem riscos físicos e/ou

psicológicos aos participantes. As pessoas não serão obrigadas a participar da pesquisa, podendo

desistir a qualquer momento. Em eventual situação de desconforto, os participantes poderão cessar

sua colaboração sem consequências negativas. Todos os assuntos abordados serão utilizados sem a

identificação dos participantes e instituições envolvidas. Quaisquer dúvidas que existirem agora ou a

qualquer momento poderão ser esclarecidas, bastando entrar em contato pelo telefone abaixo

mencionado. Ressaltamos que se trata de pesquisa com finalidade acadêmica, referida à Tese de

Conclusão do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie, que os

resultados da mesma serão divulgados em trabalho acadêmico obedecendo ao sigilo, sendo alterados

quaisquer dados que possibilitem a identificação de participantes, instituições ou locais que permitam

identificação. De acordo com estes termos, favor assinar abaixo. Uma cópia deste documento ficará

com a instituição e outra com o(s) pesquisador(es). Obrigada.

_______________________________ ______________________________________

Pesquisadora: Jessica Soria Orientadora: Profª Drª Esther L.R.A. Carmargo

Ciências Biológicas – CCB

Tel. (11) 96585 7547 Tel. (11) 21148233

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Pelo presente instrumento que atende às exigências legais, o(a) senhor (a)

____________________________________, após a leitura da Carta de Informação ao sujeito ciente dos procedimentos propostos, não restando quaisquer dúvidas a respeito do lido e do explicado, firma seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO de concordância quanto à realização da pesquisa. Fica claro que o(a) senhor(a), a qualquer momento, poderá retirar seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO e deixar de participar do estudo alvo da pesquisa e fica ciente que todo trabalho realizado torna-se informação confidencial, guardada por força do sigilo profissional. São Paulo,....... de ..............................de..................

_________________________________________

Assinatura do sujeito OU seu representante legal