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JESUS E VOCÊ, HOJE Pr. Davi Freitas de Carvalho Revista de Jovens e Adultos da Convenção Batista Fluminense Ano 14- n° 53 - Abril / Maio / Junho - 2017

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JESUS E VOCÊ, HOJEPr. Davi Freitas de Carvalho

Revista de Jovens e Adultos da Convenção Batista Fluminense

Ano

14- n

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017

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LIÇÕESSUMÁRIO LIÇÕES

02 PLANO COOPERATIVO

03 PRIMEIRAS PALAVRAS... ONDE DEUS QUISER...

05 VIRA CRIANÇA27 DE MAIO DE 2017

06PALAVRA DO REDATORESCOLA BÍBLICA DOMINICAL

07 30 DIAS DE ORAÇÃOCOM MISSÕES ESTADUAIS

10 30 DIAS DE ORAÇÃOCOM MISSÕES ESTADUAIS

11 APRESENTAÇÃODAVI FREITAS DE CARVALHO

JESUS, O VERBO QUE

VOCÊ REPRESENTA12JESUS, O PÃO COM O QUAL

VOCÊ SE ALIMENTA16JESUS, A ÁGUA QUE VOCÊ

BEBE E SERVE20JESUS, A LUZ QUE FAZ VOCÊ

ENXERGAR E BRILHAR24JESUS, O PASTOR BOM QUE

VOCÊ OUVE E SEGUE28JESUS, O CAMINHO QUE

VOCÊ TRILHA PARA VIVER32JESUS, A VERDADE QUE VOCÊ

CONHECE E PREGA36JESUS, A VIDA QUE VOCÊ

RECEBE E USUFRUI40JESUS, A VIDEIRA NA QUAL

VOCÊ PERMANECE E FRUTIFICA44JESUS, O MESTRE QUE VOCÊ IMITA48

JESUS, O REI QUE VOCÊ

ENTRONIZA E OBEDECE52JESUS, O SENHOR QUE VOCÊ

TEME E ADORA56JESUS, O MEMORIAL QUE

VOCÊ CELEBRA60

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PRIMEIRAS PALAVRAS

... ONDE DEUS QUISER...Ter a visão do caminho que o

Senhor traçou para nós é impres-cindível e necessário: Qual é a nossa missão? O que faremos em nossa vida? Quais são os objeti-vos que almejamos?

O desafio missionário do Se-nhor para nós precisa ser pas-sado para o singular: Onde será o meu lugar? O MEU LUGAR SERÁ ONDE DEUS QUISER ME LEVAR. Com esse tema, o Departamento de Evangelismo e Missões nos conclama a viver essa ênfase de modo ativo e dinâ-mico, como Isaías fez, vide cap. 6, versos 1 a 8... ”Eis-me aqui, en-via-me a mim.”

Às vezes tentamos encontrar desculpas para justificar a nos-sa “inadequação” ao responder ao chamado de Deus, mas nada pode impedir o querer de Deus sobre nossas vidas. Com o profe-ta Isaías não foi diferente: apesar de suas limitações, ele passou por experiências que também podem e devem ser as nossas, e assim Deus nos usará em sua obra poderosamente.

Para estar onde Deus deseja, à semelhança do profeta Isaías, eu preciso:

Ter uma visão de Deus e da Sua glória.

Mesmo sentindo-se inadequa-do, ele testemunha da visão que teve, dizendo: “eu vi o Senhor assentado sobre um alto e su-blime trono”. Quando estamos diante de Deus, nossos referen-ciais mudam, pois é impossível deixar de perceber a Sua glória e o quanto Ele é Santo, adorando-o na beleza de Sua santidade.

Para atender ao chamado de Deus e estar no lugar que Ele mesmo estabeleceu para que es-tivéssemos, precisamos ser ado-radores do Deus Vivo, Eterno e Soberano Senhor do universo, e

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isso decorre da visão que temos desse Senhor.

Isaías teve uma visão transfor-madora de sua própria vida. Foi uma visão celestial e uma expe-riência intrapsíquica, que embora não se tratasse de algo concreto e real, era de profundo significa-do espiritual e refletia a genuína adoração que nós, pecadores, de-vemos lhe dedicar. Qual é a visão que você tem de Deus?

Ter uma visão de mim mes-mo e da minha real condição.

A visão de Deus e de Sua gló-ria levou Isaías a reconhecer não apenas a santidade de Deus, mas também reconhecer a sua própria condição de pecador.

Nossos referenciais não po-dem ser os piores da sociedade. Alguns dizem: – eu nunca matei, nunca roubei, não desejo mal a ninguém, sou trabalhador, etc. E daí? Isso é dever de todas as pessoas... Quem sou eu diante de Deus e diante do seu padrão de santidade? Quem é você? Reco-nhecendo nossa real condição e dependência de Deus, não pode-mos deixar de ver que embora pe-cador, ele pode nos purificar e nos aperfeiçoar para toda boa obra. À semelhança de Isaías, que naque-la visão sobrenatural foi purificado, nós também devemos ser trans-formados pelo poder do Senhor. Ele já transformou a sua vida?

Ter prontidão para respon-der ao chamado do Senhor.

Após ter a visão do Senhor, ser perdoados, purificados e transfor-mados pelo Senhor, precisamos reverter o quadro da fé omissiva e sem obras, pois precisamos ter disposição para obedecer a von-tade de Deus e estar no lugar que Ele determinar. Devemos fazer como o profeta Isaías, que de-clarou: “Eis-me aqui, envia-me a mim” (Is 6.8c).

O chamado e a pergunta do Senhor têm ecoado em muitos corações: “Quem?”. Isso nem sempre é respondido ou, muitas vezes, tem uma resposta negati-va – o que é trágico, pois enquan-to não atendermos ao chamado e à vocação que o Senhor nos deu, fracassaremos sempre e ha-verá uma sensação de vazio, por mais que prosperemos e tenha-mos uma carreira de sucesso em quaisquer outras áreas, sempre haverá a sensação de que falta alguma coisa. “A quem envia-rei, e quem há de ir?” (Is 6.8b) Como você responderá? Deixe o Senhor conduzi-lo em seus san-tos e retos caminhos e você será bem-aventurado!

Pr. Amilton VargasDiretor Executivo da CBF

Membro da PIB Universitária

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Conhecer ao Senhor é um estímulo dirigi-do a todos os crentes, porém muitos não têm descoberto o ma rav i l hoso motivo desta ordem divina, e não desfru-tam das rique-

zas e tesouros a nós oferecidos por Deus através da sua Palavra.

À medida que a Palavra de Deus crescia e prevalecia, a Igreja Primi-tiva se multiplicava. Hoje, podemos até experimentar um crescimento nu-mérico da Igreja sem a incontestável superioridade da Palavra, mas não um crescimento saudável. A Igreja do Pentecostes começou com a Palavra. No dia de Pentecostes Pedro pregou um sermão cristocêntrico e cerca de três mil pessoas foram convertidas. Todo o registro de crescimento da Igreja Primitiva no Livro de Atos está diretamente ligado à proclamação da Palavra de Deus.

O Pr. Wanderlei C. da Silva apre-senta sete razões1, como uma forma de encorajamento e estímulo a pro-fessores e alunos no aprendizado da Palavra de Deus, através da Escola Bíblica Dominical:

1 - Publicado no portal (http://www.ejesus.com.br/)

1 - POR AMARMOS A JESUS. Je-sus disse: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, este é o que me ama.” (Jo 14.21)

2 - PARA NÃO ERRARMOS. Je-sus disse: “Errais não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus.” (Mt 22.29)

3 - PARA SERMOS LIMPOS. Jesus disse: “Vós já estais limpos pela pa-lavra que vos tenho falado.” (Jo 15.3)

4 - PARA APRENDERMOS. Jesus disse: “Aprendei de mim.” (Mt 11.29)

5 - PARA SERMOS SANTOS. Je-sus orou: “Santifica-os na verdade. A tua palavra é a verdade.” (Jo 17.17)

6 - PARA SERMOS AMIGOS DE JESUS. Jesus disse: “Vós sereis meus amigos se fizerdes o que eu vos mando.” (Jo 15.14)

7 - PARA SERMOS BEM AVENTU-RADOS. “Bem aventurados os que leem, ouvem e guardam a sua pala-vra.” (Ap 1.3)

A Igreja cresce à medida que a Palavra de Deus cresce. Portanto, invista no crescimento da sua Igreja através da Escola Bíblica Dominical!

Pr. Marcos Zumpichiatte MirandaRedator da Revista P&V

Diretor do Departamento de Educação Religiosa da CBF

PALAVRA DO REDATOR

ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL“Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor;

a sua saída, como a alva, é certa; e ele a nós virá como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra”. Oséias 6.3

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Davi Freitas de Carvalho – 51 anos, casado com Maria Celeste Ferreira de Carvalho e pai de dois filhos: Arthur Davis (25) e Kariny Davis (23). Formado em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, RJ, graduando em Filosofia (UFRRJ), exerce o pasto-rado há 25 anos. Foi o escritor das revistas Palavra e Vida do 2T2013 - Gálatas: libertos para servir e 4T2014 – 1 e 2Tessalonicenses: A Igreja Modelo. Tem servido a Deus como professor em seminários teológicos e como palestrante em treinamentos e congressos ligados à Escola Bíblica Dominical. Atual-mente, pastoreia a Igreja Batista em Vila Jaguaribe, Piabetá, Magé, RJ e coordena o Departamento de Educação da ABM.

QUEM ESCREVEUUm amigo pastor, há alguns

anos, passou pela experiência da perda temporária de memó-ria, em função de um acidente vascular cerebral. Não reco-nhecia nem os seus familiares. Quando fui visitá-lo e percebi que ele não sabia quem eu era, lágrimas escorreram no meu rosto. Foi, então, que ele co-meçou a me consolar e expôs o plano de salvação, falando do amor de Jesus por mim. Aquela cena marcou minha vida e mi-nistério, pois cheguei à conclu-são: Jesus não pode ser apa-gado de nossa memória.

Neste trimestre, Ele será o único assunto de nossos estu-dos. Nossa tese é que uma re-lação viva com o Cristo vivo nos possibilita, hoje, ser vitoriosos e harmônicos na família, na Igreja e na sociedade em geral.

O Evangelho de João, com suas ricas imagens descritivas do Mestre, nos oferecerá exce-lentes recursos para refletir e agir em prol do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo.

Bons estudos!

APRESENTAÇÃO

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12•12

LIÇÃO 1DATA DO ESTUDO

Texto Bíblico: João 1.1-5,14

JESUS, O VERBO QUE VOCÊ REPRESENTA

Você costuma refletir sobre a sua relação de discípulo com o Mestre Jesus? Relaciona esta reflexão pessoal com aquela que Jesus mantinha com seus discí-pulos, a de ser Senhor de servos e amigos? Nesta lição, começa-remos uma análise neste sentido, destacando a temática JESUS E SEUS SEGUIDORES, HOJE.

Iniciaremos nossos estudos no Evangelho de João analisan-do alguns versículos do prólogo joanino, João 1.1-18. Em particu-lar, buscaremos esclarecer a de-finição que se dá a Cristo, cha-mando-o de “Verbo”, termo que se pode traduzir por palavra, sentido, razão. Qual a nossa relação com o Verbo de Deus? Ele ainda fala

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conosco? Faz sentido ser cristão? Qual a razão da nossa fé?

O VERBO ERA / ESTAVA João inicia seu Evangelho com

uma afirmação marcante: “No prin-cípio era o Verbo, e o Verbo esta-va com Deus, e o Verbo era Deus” (Jo 1.1). Ele traça um paralelo inte-ressante com a afirmação inicial da Bíblia: “No princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). É o mesmo que dizer: Deus e o Verbo se afir-mam sinônimos. Deus e o Verbo se afirmam antecedentes, causais.

Além disso, se Cristo é o Verbo (conforme João revelou), seguem-se duas conclusões: Deus e Jesus são sinônimos. Deus e Jesus são ante-cedentes, causais. Logo, você e eu somos consequências do agir divino. Em outras palavras: Jesus é o Verbo que nós, cristãos, representamos.

Vamos explorar essa relação de causa-consequência durante esta primeira lição.

O SIGNIFICADO DO VERBOÉ preciso entender a grande

diferença existente entre o pensamento grego sobre o Verbo (gr. Logos) e o de João. No con-texto da filosofia grega, a tradução de “Logos” por “Verbo” não é usual. Também não o é primariamente o sentido de “pesquisa, estudo”, o qual ocorrerá posteriormente no diálogo socrático-platônico que pode ser ilustrado no processo formador de palavras em nosso idioma, pela

união do “logos” – estudo – com outros termos, como por exemplo, Psicologia – estudo do comporta-mento ou Antropologia – estudo do homem, etc.

As possibilidades de sentido para o “Logos” grego são um di-zer revelador, um dizer que dei-xa algo aparecer assim como é. Já no Evangelho de João, vemos surgir uma variedade de senti-dos para a palavra grega “Logos” (Verbo), conforme lemos nos exem-plos seguintes:- “Logos” (Verbo) como sinônimo de ditado, discurso enunciado: João 4.37; 6.60; 8.37.- “Logos” (Verbo) como a mensa-gem daquele que se revela, isto é, do Cristo: João 5.24; 12.48; 14.24.- “Logos” (Verbo) como o conteúdo da revelação na boca do profeta: João 12.38.- “Logos” (Verbo) como Verdade de Deus revelada na Palavra: João 17.17.

Mas o diferencial proposto na abertura do Evangelho de João, que vai marcar a separação radi-cal entre o “Verbo” no Evangelho de João e o conceito grego de “Logos”, é que, para o apóstolo, o Verbo é uma pessoa, Cristo, a expressão sensível do próprio Deus no mundo. João vai afirmar que por meio do Logos de Deus encarnado, pode-se, finalmente, ver a glória de Deus (Jo 1.14), e re-ceber, em toda a graça, a máxima expressão da Verdade divina reve-lada ao mundo (Jo 1.16).

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Quais as implicações fundamen-tais desta compreensão para a fé cristã? Queremos apresentar, neste estudo, pelo menos três propostas:

1 - Jesus, o Verbo que precede o mundo (e também o meu mun-do particular)

João afirma que o Verbo “estava no princípio com Deus”, isto é, Je-sus pré-existia na forma de Deus antes de existir na forma humana (Cl 1.17; Jo 8.58). Por essa razão, Ele pode ser a causa criadora do mundo: “Todas as coisas foram fei-tas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.” (Jo 1.3).

Sabemos que a Bíblia não é um tratado científico da criação do mun-do, mas não podemos abrir mão do lugar central que o Verbo de Deus tem no ato criador (Gn 2.4). Cris-tãos que se mantêm tendenciosos a aceitar a teoria darwiniana da evolu-ção das espécies, a qual contradiz diretamente a afirmação criacionis-ta que se encontra tanto no prólogo quanto no Gênesis, não percebem o mal preconizado na racionalidade científica da vida: tirar Jesus deste papel causal criativo e negar a pree-minência dEle sobre a criação.

O relato criacional de Gêne-sis é muito claro quando afirma que a terra era sem forma e vazia até Deus “falar” e, assim, “criar” (Gn 1.3,6,9,11,14,20,24,26). O pro-duto da criação foi algo “bom”, ou, no caso do ser humano, “muito bom”. De fato, não há possibilidade de o Criador perfeito, santo, justo e bom criar algo imperfeito, dissoluto, in-justo e mau. Como explicar então a afirmativa do profeta Isaías, ao dizer

as seguintes palavras, sendo a boca de Deus: “Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o SENHOR, faço todas estas coisas”. (Is 45.7) Isaías referia-se às conse-quências que adviriam sobre a na-ção israelita, como ato disciplinar de Deus, aos desobedientes à aliança. O escritor de Eclesiastes esclarece: “Eis o que tão-somente achei: que Deus fez o homem reto, mas ele se meteu em muitas astúcias” (Ec 7.29).

Em minha opinião, o comentário mais esclarecedor acerca de Jesus, o Verbo de Deus, ocorre na Carta de Paulo aos Colossenses 1.15,16. Ali se afirmam duas verdades acer-ca do Verbo criador: primeiro, que o Verbo é a imagem do Deus invisível (um dizer que deixa algo aparecer assim como é), o primogênito de toda a criação. A segunda verdade ensinada ali é que tudo o que foi criado o foi por meio dEle e com a finalidade de viver numa relação de submissão a Ele.

2 - Jesus, o Verbo que encar-na no mundo (e também no meu mundo particular)

A doutrina bíblica da encar-nação é anunciada nas profecias messiânicas arraigadas na religiosi-dade israelita, na afirmação da vin-da do Messias Salvador (Is 56.1).

João afirma que Deus humani-zou-se na pessoa de Jesus, o Justo Salvador, revelando-se visivelmen-te ao homem. Isso significa que Cristo experimentou nossas do-res, resistiu às mesmas tentações que nós, que teve uma experiên-cia de primeira mão na existência humana, sem conhecer pecado:

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“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós...” (Jo 1.14a).

A encarnação (o fato de o Verbo divino revelar-se como homem) é, essencialmente, a mensagem cen-tral do “Evangelho”, um termo grego que significa “boa notícia”. No Novo Testamento, essa “novidade” era que Deus havia cumprido sua pro-messa de salvação, pela vinda de Jesus Cristo a este mundo.

3 - Jesus, o Verbo que presen-teia o mundo (e também o meu mundo particular)

O Verbo de Deus se encarnou com objetivos específicos em men-te. Acompanhando os escritos do Evangelho, e as epístolas joaninas, percebemos essas dádivas eternas do Cristo-Verbo facilmente.

O Verbo de Deus se encarnou para se identificar conosco. Agiu assim ao amar sem preconceitos (Jo 4), ao curar (Jo 5), ao alimentar multidões (Jo 6), ao perdoar peca-dos (Jo 8), ao oferecer a sua compa-nhia e instrução (Jo 14). O Verbo de Deus identifica-se conosco também ao sentir a dor da perda, ao chorar (Jo 11.35,36), ao sentir fome, E na comunhão da ceia (Jo 12), ao lavar os pés dos discípulos, dando-lhes exemplo servil (Jo 13), ao orar e sentir o peso da sua missão (Jo 19).

Para pensar e agir:Em conclusão, reforçamos que

Jesus é o Verbo que cada um de nós representa. Ele é o sentido pri-meiro de nossa existência, a razão por trás da nossa fé, Aquele por meio do qual fomos salvos. A ideia da identificação de Deus conosco é

a de uma relação: Jesus e nós, hoje. Pela fé, nos tornamos filhos ama-dos. Pela fé, nos esforçamos para agir como Jesus. No Evangelho de João, é a compaixão de Jesus pe-los que o circundam que revela isso.

João 1.4 – “A vida estava nele e a vida era a luz dos homens.” – Para o apóstolo do amor, o Verbo de Deus é o eterno “princípio” que rege a nossa experiência de vida. A proposta do Cristo-Verbo é parti-cipar da vida do homem, numa mo-radia interior, num diálogo amoroso e constante (Jo 14.23).

1João 3.5 – “Sabeis também que ele se manifestou para tirar os pecados, e nele não existe peca-do.” – Jesus se encarnou para nos substituir, tornando-se o sacrifício perfeito capaz de satisfazer as con-dições da salvação. Ao morrer na cruz, embora não tivesse culpa al-guma, Ele se ofereceu em lugar do pecador como oferta sacrificial.

Ao dirigirmos a Ele a nossa fé, nós não somos mais escravos do pecado. Você já parou para pensar nisso? Durante cada uma das ima-gens de João que estudaremos nas próximas lições, estudaremos as implicações práticas da encarna-ção do Verbo de Deus.

Leitu

ra Di

ária

Segunda-feira: Gênesis 1

Terça-feira: Isaías 56.1-12

Quarta-feira: Gálatas 4.4,5

Quinta-feira: Filipenses 2.5-11

Sexta-feira: Colossenses 1.9-20

Sábado: João 1.1-5

Domingo: João 1.14-18

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LIÇÃO 2DATA DO ESTUDO

Texto Bíblico: João 6.35, 48, 51

JESUS, O PÃO COM O QUAL VOCÊ SE ALIMENTA

Os dias atuais têm sido mar-cados pelo acesso de multidões aos movimentos religiosos e aos templos em busca de pão mate-rial. É forte também nas lideranças eclesiásticas atuais uma corrente teológica de cunho materialista, recheada de frases de efeito como “não adianta salvar a alma e dei-xar o corpo doente”, “tome posse”, “Deus vai te restituir”, etc.

É evidente que não podemos deixar de lado essa questão, uma vez que também somos constituídos de matéria e temos necessidades materiais, mas nossas reflexões têm a proposta de responder questões cruciais ao entendimento da figura de Jesus, o Pão da vida.

Neste estudo, procuraremos responder às questões: Qual o simbolismo representado na figura do Pão? Em que sentido Jesus se diferencia do alimento material? Como se alimentar deste Pão que é Jesus? Qual o reflexo da

alimentação espiritual para a saúde em geral?

UM CONTEXTO ATUALDentre as figuras usadas no

Evangelho de João para descre-ver Jesus, muitas são facilmente identificadas pela fórmula “EU SOU” que as antecede (embora nem sempre ocorra dessa ma-neira). Em João 6, Jesus afirma: EU SOU “o Pão” que alimenta o mundo, um mundo faminto.

A realidade da fome no mun-do não mudou muito do tempo de Jesus para os nossos dias. Dados do relatório FAO (Organização das Nações  Unidas para a Ali-mentação e a Agricultura) sobre o Estado da Insegurança Alimentar no Mundo em 2015 mostram que a fome é um desafio a ser ven-cido, atualmente. Segundo essa Organização, os esforços políti-cos do Brasil nos últimos anos, ainda que tenham sido por meio

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de uma política de assistencialis-mo, tiveram resultados positivos, como se pode observar nos dados do relatório FAO, afirmando que

dentre os países mais populosos, o Brasil teve a maior redução relativa de subalimentados, especialmente a partir de 2002.

Na tabela abaixo, a variação do número de subalimentados no período:1990 a 2014 1990 a 2002 2002 a 2014

Mundo -21,4% -8,0% -14,5% América Latina -48,1% -8,8% -43,1% China -53,7% -26,9% -36,6%Índia -7,4% -11,7% 4,9% Brasil -84,9% -15,6% -82,1% Nigéria -38,0% -46,2% 15,2% Paquistão 44,3% 19,9% 20,3% Indonésia -46,0% 6,7% -49,3%

Essa fome aqui descrita é si-nônima de “fome de pão material”.

Em João 6, pode-se perceber facilmente que era a necessidade deste pão material que motivava muitas pessoas a irem ao encontro de Jesus. E o Mestre sabia disso. Ele se preocupava com os famintos e manifestava profunda compaixão por estes. No entanto, ao se reve-lar como o Pão de Deus, Jesus se apresentava como um alimento um tanto diferente, como veremos nes-ta lição.

DOIS TIPOS DE PÃESJesus e a multidão são retratados

pelo escritor do Evangelho de João em diálogos fortes e provocativos (Jo 6.60). Quando se dirigiu àquela multidão que o buscava continua-mente com o fim de ter suas ne-cessidades saciadas, Jesus usou um tom de repreensão: “...vós me buscastes, não porque vistes si-

nais, mas porque comestes do pão e vos saciastes.” (Jo 6.26b)

Ressalte-se que a multidão não recuou diante de sua necessidade básica e insistiu com o Mestre acer-ca da sua fome de pão material. Ela foi buscar uma memória histórica: a da experiência israelita no deser-to, quando o povo recebeu o maná direto dos céus (Ex 16; Dt 8). Para eles, entrava em foco a figura de Moisés, o legislador e líder duran-te aquele evento. Era o mesmo que propor a Jesus o seguinte: “Moisés fez isso. Por que você não pode fa-zer também?”

Em lugar de ceder à argumen-tação daquelas pessoas, Jesus se distanciou da figura de Moi-sés, ao afirmar-se o Maná que vem de Deus, mas com uma di-ferença: Ele não é alimento que perece, um pão material, mas o Pão que permanece eficazmente naquele que crê, e que também resulta na vida eterna (Jo 6.27).

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A IMPORTÂNCIA DO PÃO MATERIALPão é carboidrato, que é a pri-

meira fonte de energia do corpo, e a principal, também. Sabe por quê? Porque precisamos de carboidratos para ter energia. Sua falta na ali-mentação faz com que as fontes de reserva do organismo comecem a se esgotar.

Sem pão material, aguça-se a vontade de comer e recebe-se um alerta do cérebro ao corpo de que há falta de energia. Se o indivíduo não se alimentar, os sentidos ficam aguçados, como um radar. “Não sa-ciada a fome intensa no tempo de 10 dias, um indivíduo emagrece na proporção de até 10% do total de seu peso (...) Os batimentos car-díacos caem em taxa ainda maior — de 74 para 61 por minuto — e a própria temperatura do corpo pode oscilar de alguns décimos de grau.”¹1 A partir daí, a tendência de corpo e mente é debilitarem-se e sofrerem consequências irreversí-veis para, no fim, ocorrer a morte.

A SUPERIORIDADE DO PÃO DE DEUS No Evangelho de João, Jesus

afirma que pode saciar a fome do mundo: “Eu sou o pão da vida; aque-le que vem a mim de modo algum terá fome...” (Jo 6.35). Obviamente, Ele não se referia à fome material.

Mas, e no caso da privação do alimento espiritual (o qual João iden-tifica como sendo Jesus! – ver Jo 6.48), o que ocorre? E se o homem não vier a Jesus? Certamente, ainda que os efeitos sejam de outra ordem, parecem-nos os sintomas bastante semelhantes. Logo, uma narrativa 1 - Revista Superinteressante, número 6, ano 3.

reveladora dos efeitos da inanição espiritual teria a seguinte descrição: • Sem o Pão espiritual, aguça-se a vontade da carne de satisfazer suas necessidades (Rm 6.19). • Sem o Pão espiritual, esfria-se o coração e a fé, tornando o homem um ser oscilante (Gl 5.7). • Sem o Pão espiritual, a mente é fraca para resistir ao pecado (Mc 14.38). • Sem o Pão espiritual, o resultado é a morte espiritual (Jo 6.57).

ALMAS FAMINTAS QUE VEEM O PÃO, MAS NEM SEMPRE SE ALI-MENTAM

Uma situação cotidiana: alguém com fome, olhando para a estufa de salgadinhos ao passar por uma lan-chonete. A vontade de comer é uma pulsão. Mas, será que olhar um salgado quando se está com fome é uma condição suficiente para se sentir alimentado? Não, não é. A gente nem sempre se alimenta do que os nossos olhos veem.

O subtítulo que nomeia essa parte da lição descreve perfeitamen-te a condição de “morte em vida” (Rm 5.12; 6.23a; 7.5), ou seja, al-mas famintas de Deus, pessoas que veem sinais da presença do Reino de Deus e sua justiça, mas se recusam a crer.

No sentido espiritual, deixar de se alimentar é o mesmo que deixar de crer. Para Jesus, era essa a situa-ção ocorrendo naquele momento. Depois dos sinais que Ele realizara, e que evidenciavam sua condição de afirmar-se o Pão vivo que desceu do céu, o povo recusava-se a crer.

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O resultado da incredulidade é a “condenação”. Esta tem um as-pecto “presente” (gente que anda “morta em delitos e pecados” – Ef 2.1,2) e, também, um aspecto “eterno” (a perdição).

NÓS, OS QUE CREMOS, CELE-BRAMOS O PÃO DA VIDA

Em conclusão, podemos afirmar que há muito mais na vida do que o pão material (Mt 4.4). Graças ao Pão espiritual que nos foi oferecido na cruz, isto é, na expiação realiza-da por Cristo, o nosso Deus pode suprir todas as nossas necessida-des segundo as riquezas da sua glória (Fp 4.19).

A figura de Jesus como o Pão da vida, serve-nos de memorial do ato Salvador, durante a celebração da Ceia do Senhor. A afirmação que atesta isso é: “... o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha car-ne” (Jo 6.51b). Nosso Senhor refe-ria-se à sua crucificação em favor dos pecadores, que estava prestes a ocorrer. O fato de os judeus in-terpretarem erradamente essa fra-se, entendendo-a de forma literal, teve resultados drásticos. Além de não crerem, eles fundamentaram a acusação de “canibalismo” dirigida aos cristãos pelas cortes romanas, durante as perseguições religiosas que se seguiram nos primeiros sé-culos do cristianismo.

Graças à fé que depositamos naquele em quem “Deus, o Pai, imprimiu o seu selo” (Jo 6.27b), que é Jesus, o Filho do Homem, não sofremos de inanição espiri-

tual. Nesse caso, opera em nós o poder do Espírito de Deus, poder vivificador (Jo 6.33b). A realidade experimentada pelo poder de Deus naqueles que creem é a constante companhia e proteção do Salvador (Jo 6.37; Rm 8.2).

Para pensar e agir:Algumas reflexões importantes:

• Como você descreveria a expe-riência de ser alimentado pelo Pão da vida? Escolha sua resposta, dentre as possibilidades abaixo, e justifique-a, diante da classe. (__) Fé saudável e robusta. (__) Dinamismo para fazer as obras de Deus.(__) Caráter renovado por ter uma nova mentalidade. • Na sua oração pelo pão nosso de cada dia (Mt 6.11) está envol-vido apenas o aspecto material? Por quê?• Quais são as suas memórias mais fortes da presença de Cristo em sua vida? Depois de responder a essa questão, em classe, faça de sua missão pessoal, durante a se-mana seguinte, dar esse testemu-nho a um amigo não crente.

Leitu

ra Di

ária

Segunda-feira: Êxodo 16.1-18

Terça-feira: Êxodo 16.19-36

Quarta-feira: João 6.1-9

Quinta-feira: João 6.10-15

Sexta-feira: João 6.16-24

Sábado: João 6.25-40

Domingo: João 6.41-59

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LIÇÃO 3DATA DO ESTUDO

Texto Bíblico: João 4.13,14

JESUS, A ÁGUA QUE VOCÊ BEBE E SERVE

Nas lições anteriores, vimos que Jesus, o Verbo da vida, tornou-se o Pão que nos alimenta diariamente. Neste estudo, abordaremos outra importante afirmação de Jesus que, numa conversa com uma mulher samaritana, disse: “Se co-nheceras o dom de Deus e quem é o que te pede: dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva” (Jo 4.10).

Nas reflexões que faremos, a partir de João 4, procuraremos descobrir as propriedades dessa

Água oferecida por Jesus. Tam-bém, como fizemos com o “Pão”, diferenciaremos essa Água Viva da água celebrada no dia 22 de março – Dia Mundial da Água. Je-sus é “fonte a jorrar para a vida eterna” (Jo 4.14).

O DESERTO: UMA IMAGEM DA CONDIÇÃO HUMANA

Imaginemos a seguinte situa-ção: você é deixado num deserto com 1 litro de água, uma bússola, um pano, dois gravetos e uma por-ção de alimento. Certamente, se

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você pretende sair vivo dessa ex-periência não poderá fazer uma ca-bana e ficar parado no meio de um deserto. Não poderá também beber toda a água de uma vez. Não po-derá andar a esmo, pois o fará em círculos. Também não poderá andar sem descansar.

No seu caso, a melhor estraté-gia seria mover-se, mas sempre em uma mesma direção (para tal, usar a bússola, que é um objeto de orien-tação geográfica desenvolvida em 2000 a.C., cuja agulha magnetiza-da sempre aponta para o Polo Nor-te da Terra). Deve também racionar a água e o alimento, descansar nos momentos mais quentes do dia, lo-comovendo-se com maior velocida-de à noite. Agindo assim, você terá muitas chances de sobreviver, pois nenhum deserto é infinito. Você há de chegar a algum oásis, onde es-tará seguro.

O POÇO DE JACÓ: SÍMBOLO DA NOSSA NECESSIDADE MATE-RIAL DE ÁGUA

70% do planeta é coberto por água. Destes, 97% são de água salgada, e os 3% restantes de água doce. Desse reservatório de água doce, 2,325% estão em geleiras e icebergs, e os 0,675% restantes estão em rios, lagos, no subsolo e na atmosfera. No entanto, somente 0,0091% estão disponíveis para o consumo humano.

Mais dados: o corpo humano é composto por 72% de água. En-

tão, ao não beber água, o corpo de um indivíduo começa a roubar água dos órgãos para suprir essa necessidade dos tecidos. São necessários 2 litros de água por dia, para evitar a desidratação. Beber água ajuda até mesmo no controle da pressão sanguínea.

Esses dados mostram porque houve necessidade de Jesus (um judeu) e a mulher samaritana (uma samaritana e mulher) superarem suas diferenças, a fim de satisfazer suas necessidades fisiológicas pri-márias. Eis a situação que ocorria ali: duas pessoas diferentes, com vozes e entonações diferentes, com éticas diferentes e sentidos de vida diferentes, mas unidas por uma necessidade básica: parte dos 0,675% da água disponível no pla-neta estava naquele poço.

Segundo o Dicionário da Bíblia John D. Davis (p. 297), a água do poço de Jacó era boa, mas difícil de ser retirada. Sua parte superior era revestida de alvenaria de pedra, e daí, para baixo, cortada em rocha calcária muito mole, o que levava a constantes quedas de suas pa-redes. Um pouco a oeste, existia uma linda fonte, e muitas outras es-palhadas pelo vale. O artigo afirma que aquele poço foi aberto, talvez, porque essas fontes eram de pro-priedade particular.

O conflito entre samaritanos e judeus coloca Jesus no centro do problema. No artigo “Samaritanos, Samaria”¹, lemos que os judeus

1- BROWN, Colin e COENEN, Lothar (Ed.) Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, São Paulo: ida Nova, 2ª ed., 2000.

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demonstravam certo desprezo com essa população, colocando-a em pé de igualdade com os gentios e como um povo néscio, religiosa-mente falando. Por outro lado, o cre-do samaritano, em sua quarta dou-trina, afirmava ser o monte Gerizim o único local de adoração. A mulher que conversa com Jesus apelava para essa tradição, firmada por an-tepassados históricos (figuras ilus-tres, de Adão a José). Sua fala es-tava em oposição à prática israelita de fazer da cidade de Jerusalém o centro da vida religiosa (Jo 4.20).

No texto, afirma-se que Jesus ti-nha sede e não tinha com que tirar a água do poço. Já a mulher, que era marginalizada pela sociedade local, precisava esperar que todos já tivessem ido ao poço (nas primei-ras horas da manhã) para, ao meio dia, satisfazer suas necessidades. João 4 registra a notável entrevista que se seguiu, quando Jesus ini-ciou o contato com aquela mulher, surpreendendo-a.

SEDE DE BEBER, SEDE DE VIVERHá necessidades que vão além

das fisiológicas, não é mesmo? Po-demos falar, por exemplo, da teoria da hierarquia das necessidades de Maslow, que sustenta que as neces-sidades fisiológicas estão na base das nossas carências e, acima de-las, as necessidades de segurança, de associação, de estima; no topo, a necessidade de autorrealização.

Outro importante teórico da mo-tivação, Clayton Alderfer, a partir de

Maslow, prefere uma divisão mais simples: todos nós temos necessi-dades de existência, de relação e de crescimento. A essas necessida-des Jesus atende, prontamente.

Tendo como ponto de partida a água no poço, nosso Senhor aponta para a Água da Vida que está eter-namente transbordando no coração de quem tem fé (Jo 4.13,14). Em outras palavras, diz-lhe: “Eu o sou (o Messias que você espera), eu que falo contigo” (Jo 4.26). Ao usar esse simbolismo, nosso Senhor transcende ambas as tradições reli-giosas citadas por aquela mulher (o Credo Samaritano e a centralidade do templo de Jerusalém), e pede que ela acredite nEle, se quiser ter outras necessidades atendidas, além daquela primária e fisiológica.

SEDE SACIADA, HORA DE SERVIRJesus disse àquela mulher:

“aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna” (Jo 4.14).

Como jorra a Água da Vida em nosso viver? Essa pergunta é crucial para o entendimento do agir divino.

A descrição do apóstolo João acerca das atitudes que se segui-ram diante da nova realidade per-cebida pela mulher samaritana é de impressionar. Em João 4.42, lê-se sobre o impacto causado pelo tes-temunho dela às pessoas que lhe eram próximas. Fica perceptível

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que aquela mulher adquirira uma motivação para viver, que pôde apreciar-se, restabelecer laços so-ciais, falar com Deus e sobre Ele aos demais, enfim, testemunhar da mudança realizada por Cristo, o Messias de Deus, em seu viver.

O TEMPO DE SACIAR A SEDE É AGORA!

Em conclusão, ressaltamos que o mais importante acerca das pos-sibilidades que são abertas para nós, pecadores, a partir da “Água Viva” que é Jesus, não é “onde” beber (percepção da mulher, pen-sando na fonte material do precioso líquido), mas “quando” fazê-lo (per-cepção de Jesus, acerca da urgên-cia dela de salvação), isto é, agora!

O termo água também pode ser traduzido por “fonte”. Na frase de Je-sus que se segue, entendemos que ela é uma referência ao Espírito Santo: “Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva” (Jo 7.38). Assim como se deu com o Pão da Vida, em que comer significa crer, dá-se com a Água Viva: beber significa crer. Graças a Deus que Jesus nos salvou do deserto simbólico que era a nossa condição pecaminosa, quando cremos (Ap 21.6; 22.17).

Nenhum deserto é infinito! O Senhor providenciou os instrumen-tos para a viagem do pecador ao oásis, que é Cristo. Pela palavra, nossa bússola, somos direcionados ao Salvador. Pelo Espírito Santo, o rio de Água Viva a jorrar em nossos

corações, temos o refrigério divino. Descansando em Deus, podemos lutar contra as hostes espirituais da maldade, em busca da santificação, até o fim almejado, “a salvação de nossas almas” (1Pe 1.3-9).

Para pensar e agir:Devemos responder às ques-

tões que seguem e compartilhar esses resultados com as demais pessoas:

– Que tipo de fonte tem satisfeito sua sede de viver? É uma fonte ma-terial ou espiritual? (Cl 3.16)

– Que tipo de água você está servindo aos demais, com sua fé e seu testemunho? (Tg 3.10-12).

Lembremo-nos disto: a mesma fonte não deve produzir água potá-vel e amarga, ao mesmo tempo.

Atravessemos o deserto das necessidades e provações e ajude-mos outros a atravessar também, a fim de todos chegarmos ao oásis de segurança, que é o Cristo morto e ressurreto (Rm 6.1-13). Será lindo o momento em que Ele irá ao vosso encontro, dizendo: “Vinde benditos do meu pai” (Mt 25.34). É um con-vite à vida, e vida eterna!.

Leitu

ra Di

ária

Segunda-feira: João 4.1-6

Terça-feira: João 4.7-14

Quarta-feira: João 4.15-23

Quinta-feira: João 4.24-26

Sexta-feira: João 4.27-30

Sábado: João 4.31-38

Domingo: João 4.39-42

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LIÇÃO 4DATA DO ESTUDO

Texto Bíblico: João 1.4,5; 3.19; 8.12. 12.36,46

JESUS, A LUZ QUE FAZ VOCÊ ENXERGAR E BRILHAR

É noite. Você está caminhando pela rua. De repente, falta energia e tudo fica um breu. Que sensação desconfortável, não é mesmo?! Não enxergar o caminho, andar sem segurança... Seus olhos en-xergam, mas você não consegue ver. Quando a energia é restabe-lecida, alguns momentos depois, ouvem-se gritos por todos os la-dos, saudando o restabelecimento da luz. Ela traz a alegria de volta.

É dia. Você está caminhando na rua. De repente, você tropeça

numa pessoa deitada na calçada, maltrapilha e suja. Você não sente nada, a não ser incômodo. Você se ajeita e segue seu caminho. Seus olhos veem, mas você está cego. Não há pessoas gritando por todos os lados, pedindo ajuda para aquele ser. Não há alegria de viver.

Neste estudo, ficará evidente que esses dois tipos de escuridão caracterizam a sociedade huma-na. A primeira cegueira é objetiva, a segunda, subjetiva. A primeira é natural, a segunda, espiritual.

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JOÃO NÃO ERA “A” LUZ, MAS ERA LUZ

Todo e qualquer cristão é luz, mas não “a” Luz. Sempre que leio a afirmação de João 1.7,8 (o fato de João o Batista não ser “a” Luz) e a comparo com a descrição que Jesus faz dos discípulos, chaman-do-os de “luz do mundo” (Mt 5.14) acende um alerta. Analisemos:

Em João 1, descreve-se uma resposta do precursor de Jesus à pergunta pela sua identidade. João, o Batista, declara objetiva-mente que ele não era o Messias esperado, em nenhum dos aspec-tos aguardados: sacerdotal, proféti-co ou político. João, o Batista, era alguém que tinha a função de tes-temunhar do Messias e Salvador. Ele não chamava a atenção para si mesmo, não saía anunciando que o poder, a autoridade e os milagres de Deus estavam incorporados nele, como vemos nos religiosos midiáticos destes dias em que vive-mos. O brilho de João, o Batista, era reconhecer, humildemente, que ser luz é anunciar Jesus, para que os pecadores possam crer (Jo 1.7). Ou seja, ele brilhava ao testemunhar da verdadeira Luz.

Mateus 5.14, por sua vez, afir-ma que somos convocados para dar continuidade ao testemunho de João, o Batista. Não precisamos chamar a atenção para nós mes-mos. Em termos simples, nosso trabalho é anunciar que a Luz de Deus brilha no mundo, na pessoa do Salvador.

ASSIM COMO A VIDA É A LUZ DOS HOMENS, A MORTE É

ANDAR EM TREVASEm João 1.4-7 há uma relação

direta entre Jesus e a luz. Onde Jesus chega, as trevas espirituais se dissipam. Ele ocupa o espaço da compreensão que o pecador pode alcançar acerca de Deus e sua vontade. Jesus ilumina os pe-cadores para um viver diferente, em que os olhos enxergam, na-quele sentido subjetivo.

À luz desse prólogo, segue-se o entendimento de que: NÃO VIR PARA A LUZ DE CRIS-TO, ISTO É, NÃO CRER NELE, SIGNIFICA AMAR AS TREVAS E AGIR SEM DEUS (Jo 3.19-21). Nesse sentido, andar em trevas significará o estado mental em que se nega as boas vindas à Luz, ou, nas palavras de João: “...a luz res-plandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam” (Jo 1.5).

Um episódio interessante, e que explica bastante o estado mental daqueles que não dão lugar à Luz, ocorre em João 9 – a narrativa em que Jesus cura um cego de nas-cença, restituindo-lhe a visão.

Milagres, no Novo Testamen-to, são sinais de que a presença do Reino irrompeu. Atestam a ve-racidade da proposta do Filho de Deus, de estar cumprindo o plano de salvação proposto pelo Pai. Os milagres testificam quem Jesus afir-ma ser: “Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que não veem vejam, e os que veem se tornem cegos” (Jo 9.39).

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Situação complicada a daquele homem. A facção farisaica do ju-daísmo o culpava por ter nascido cego. Diziam os fariseus que sua doença era consequência do peca-do (Jo 9.2). Logo, o sistema religio-so mais acirrado e apegado à Lei de Moisés não o enxergava.

O que Jesus faz? Primeiro, Ele traz o deficiente visual à luz, eviden-cia-o. Torna-o perceptível, aos olhos de Deus e dos homens. Depois, Je-sus age sobre ele, instruindo-o. Por fim, por ter dado crédito a Jesus, aquele homem é curado, ou seja, Jesus traz a Luz até ele.

A confusão que se segue àquela cura mostra um grupo perplexo de fariseus divididos entre dar crédito ou não ao milagre, entre confirmar ou não o testemunho daquele que fora curado. Infelizmente, eles deci-diram continuar na posição de juí-zes daquele homem, questionando o milagre e o realizador do mesmo. Culparam o homem por crer e reafir-maram sua fé apenas na Lei de Moi-sés (que proibia realizar a cura num sábado). Enfim, expulsaram-no.

Em outras palavras, milagres são suficientes para afirmar a presença do Reino de Deus. Mas se Deus não reina nos corações, nenhum milagre irá produzir fé. Todavia, em virtude da graça de Deus, nem to-dos os homens preferem as trevas.

Jesus trouxe luz objetiva para a experiência daquele homem, mas também acendeu a candeia do seu coração.

SEGUIR A LUZ DE CRIS-TO, ISTO É, CRER NELE, SIG-NIFICA VIVER PLENAMENTE A PROPOSTA DE DEUS (Jo 8.12).

Diante dos religiosos fariseus, o homem curado ousou refutar a acusação de que Jesus era peca-dor: “Se (Jesus) é pecador, não sei; uma coisa sei: eu era cego, e agora vejo” (Jo 9.25). Evidenciava-se ali, a fé corajosa (2Tm 1.7).

Jesus está interessado em le-var os pecadores a enxergarem-no, pela fé, como o Filho de Deus e Sal-vador. Ele pergunta: “Crês tu no Fi-lho do homem?” (Jo 9.35b) Diante do desconhecimento da identidade do Filho do homem, Jesus identifi-ca-se como tal. E ouve a resposta de uma consciência iluminada pelo Espírito de Deus: “Creio, Senhor! E o adorou” (Jo 9.38).

Assim, quando o Senhor Jesus foi ao encontro do homem depois de sua expulsão pela turba legalis-ta, podemos afirmar que a Luz de Cristo suplantou a chegada da luz para os sentidos físicos.

ILUMINADOS PELA FÉ PARA AS-SUMIR AS PROPRIEDADES DA LUZ DE CRISTO

Dentre as propriedades da luz, destacamos três, para nossa refle-xão acerca desse papel iluminador que o cristão possui:

Primeiro, sua velocidade absolu-ta (300.000 km/s). A velocidade da luz é absoluta, independente do am-biente que a cerca. Assim devemos

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ser em nosso testemunho: não nos deixar apagar pelas dificuldades e tribulações. Permanecer alegres diante da aflição e com o foco na missão (Rm 12.12).

A segunda propriedade da luz que damos destaque é sua propaga-ção retilínea, como afirma Moretto: “em meios transparentes e homo-gêneos, a luz se propaga em linha reta.”1 Da mesma forma, não deve-mos nos desviar, nem para a direita, nem para a esquerda, mas andar em todos os caminhos que o Senhor nos ordenou, para que sejamos feli-zes e bem-sucedidos em nossa ta-refa missionária (Dt 5.32,33).

A terceira propriedade da luz que nos interessa é a independên-cia dos raios, isto é, quando dois raios de luz se cruzam no espaço ocorre interferência pontual, porém os raios seguem seus caminhos como se nada tivesse ocorrido. Ou seja, sua luz (testemunho) não pode apagar a luz do outro. Não há espaço para competição e disputas quando o assunto é brilhar. Jesus precisa emanar de nós por meio de um testemunho fiel à Palavra de Deus e à sua vontade.

Para pensar e agir:Concluindo, podemos afirmar

uma realidade inexorável: há luz e há ausência de luz (trevas). Há vida (onde há luz) e há morte (onde a luz está ausente).

João descreve Jesus como a Luz da vida (portanto, espiritual)

para todo o mundo; e os seus se-guidores, como gente que enxerga, pela fé, e que brilha, iluminando os corações (em ambos os sentidos, natural e espiritual).

Iluminados por Cristo, deve-mos brilhar (2Co 4.6). No Evange-lho de João, o brilho cristão está no ato testemunhal. Assim, bus-quemos formas de brilhar, a partir da Luz de Cristo. Isso inclui as si-tuações seguintes:- Crermos e nos tornarmos filhos da Luz (Jo 12.36; Ef 5.8);- Praticarmos a verdade (Jo 3.21);- Andarmos de dia, sem tropeçar (Jo 12.35; 1Ts 5.5, sentido ético);- Amarmos e vivermos em comu-nhão (1Jo 2.7-10);- Lutarmos a batalha da fé (Rm 13.12).

A importância da luz reside es-sencialmente no fato de ela ser res-ponsável pelo fenômeno da visão. Oremos a Deus para que Ele nos permita ver com os olhos espirituais (Jo 4.35). E que sejamos luz no Se-nhor, para que o mundo creia e seja resgatado da sua vã maneira de vi-ver alheia à Luz de Deus.

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ária

Segunda-feira: João 3.16-21

Terça-feira: João 8.1-12

Quarta-feira: João 12.35-47

Quinta-feira: João 9.1-12

Sexta-feira: João 9.13-25

Sábado: João 9.26-34

Domingo: João 9.35-41

1 - MORETTO, Vasco Pedro. Óptica, Ondas, Calor. SP: Ática, 1980, p.18

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LIÇÃO 5DATA DO ESTUDO

Texto Bíblico: João 10.1-29

JESUS, O BOM PASTOR QUE VOCÊ OUVE E SEGUE

O teólogo alemão Rudolf Bult-mann1 nos oferece rica sugestão literária ao rearranjar a narrativa do Bom Pastor. Em sua opinião, a melhor ordem de leitura seria João10.22-26; 10.11-13; 10.1-10; 10.14-18; 10.27-30.

É nossa pretensão seguir o caminho por ele indicado, com as proposições seguintes:- Contexto da passagem (10.22-26);- Contraste entre o Bom Pastor e os mercenários (10.11-13);- A parábola do Bom Pastor (10.1-10);- O rebanho a ser formado, isto é, os que vierem a crer (10.14-18);- A segurança eterna do rebanho de Cristo (10.27-30).

O CONTEXTO DA PASSAGEMJoão 10 situa Jesus num tour

pelo Templo de Jerusalém. É de-zembro. Faz frio. Nessa época, a temperatura costuma girar em tor-no de 8 a 15 graus. Era a semana do “Chanukah”, a Festa da Dedi-cação. Nathan Ausubel narra que esta celebração judaica rememo-rava o triunfo contra a perseguição de Antíoco IV Epifânio, durante a revolta dos Macabeus, em busca de liberdade e da afirmação da identidade judaica.2

Antíoco foi um rei da dinastia Selêucida que governou a Síria entre 175 a.C e 164 a.C. Ele que-ria erradicar o separatismo religio-so radical dos judeus, helenizar a

1 - Citado por GRANT, Robert M. A historical introduction to the New Testament. Cap. 11. In: http://www.ntslibrary.com. Acesso em 08 de outubro de 2016, às 10h00.2 - AUSUBEL, Natan. Conhecimento Judaico. Rio de Janeiro : KOOGAN, 1989, Vol. 1, pp. 145-148.

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Judeia e promover o politeísmo gre-go, preparando o terreno para a sua governabilidade. Seus métodos de terror incluíram proibir a observân-cia dos costumes religiosos judeus (guarda do sábado, circuncisão, leis de saúde) e a profanação do Tem-plo em 168 a.C., onde colocou uma gigantesca imagem de Zeus.

Quando, finalmente, os judeus insurretos conseguiram a vitória e destruíram aquele ídolo, eles lim-param os escombros do Templo e purificaram o santuário. No décimo quinto dia de dezembro, Judas, o Macabeu, reconsagrou o Templo, acendendo as lâmpadas da grande Menorah. Foi esse cerimonial que se tornou parte da tradição religiosa judaica que está ocorrendo nessa passagem. Por essa razão, a festa também ficou conhecida como a Festa das Luzes.

Com esse contexto, fica bem evidente o questionamento que se faz a Cristo, perguntando-lhe se Ele era ou não o Messias libertador (Jo 10.24), ou seja, queriam saber se Ele era o “novo Macabeu” a li-bertar o povo das garras do Impé-rio Romano. Também, torna-se es-clarecedor o questionamento que Jesus faz dos pastores “estranhos” que vieram antes dEle (Jo 10.8), isto é, os da tradição religiosa judaica, que pretendem guiar o rebanho de Israel, mas que na verdade pensam apenas em si mesmos (Jo 10.12,13 – comparar com Judas 1.4,12).

O CONTRASTE ENTRE O BOM PASTOR E OS MERCENÁRIOS

No intuito de levantar dados para a preparação desta lição, deparei-me com um vídeo muito interessante, em que um rebanho de ovelhas foi filmado movendo--se pelas pradarias da palestina, a partir de tomadas aéreas. É uma imagem muito reveladora, descriti-va de um animal gregário, uma co-letividade movendo-se como uma unidade, a partir de um comando dado por pastores e com a ajuda de cães pastores.3

O vídeo revela que as ovelhas devem ser guiadas até as pastagens certas por um pastor hábil, para que possam sobreviver. Mostra que elas têm necessidade de proteção. Evi-dencia que sem a orientação de um pastor (ou cão pastor, no caso do vídeo), o rebanho fica disperso. Indo em seu próprio caminho, des-garradas do rebanho, as ovelhas tornam-se vítimas dos perigos e se arriscam a morrer.

Em João 10, Jesus acusa os falsos pastores de Israel de serem estranhos, ladrões, salteadores e mercenários em relação às pes-soas que deviam proteger. Ele de-nuncia que entre seus compatriotas têm aqueles que se propõem serem guias espirituais, mas esses, entre-tanto, não agem como bons pasto-res. Para Jesus, a forma de guiar dos que se apoiam na lei de Moisés contradiz o legítimo pastoreio de Deus, que se fundamenta no cuida-

3 - In: https://www.youtube.com/watch?v=eEeircs8HQE. Acesso em 08 de outubro de 2016, às 11h00

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do e na proteção, na orientação e na segurança.

Parece-nos, essa parábola de Cristo, uma viva descrição do uni-verso religioso de nossos dias, não é? O que mais temos presencia-do é a autoafirmação de homens (e mulheres) que se dizem pastores (e pastoras), mas que servem ape-nas a si mesmos, e são incapazes de doarem-se, por meio da atitude servil. Líderes religiosos que agem como os reis ímpios denunciados por Jeremias como pastores malig-nos (Jr 10.21; 23.1,2).

A PARÁBOLA DO BOM PASTORNo Salmo 119.176, o poeta refle-

te sobre a própria experiência como uma “ovelha perdida”. Lendo essa descrição, entendemos que, des-garrada de um rebanho, uma ove-lha está destinada a perecer, a não ser que um pastor possa intervir. No Evangelho de João, que estamos estudando, Jesus se afirma este Pastor que veio “buscar e salvar o perdido” (Lc 19.10).

Jesus é mais que um pastor. É o Bom Pastor (gr. ho poimèn ho ka-los). O adjetivo “bom”, do grego ka-los, refere-se à legitimidade de sua tarefa messiânica. Em oposição aos que somente tomam das ovelhas, o Bom Pastor disponibiliza sua pró-pria vida. Na crucificação, o Bom Pastor é ferido por Deus (Mt 26.31). Mostra-se disposto a morrer para salvar as suas ovelhas.

Três são as atividades descritas em João 10.1-10, para o Bom Pastor:

1) Em primeiro lugar, o Bom Pastor chama suas ovelhas para vi-rem ao seu encontro.

2) A seguir, o Bom Pastor as conduz para fora do aprisco, em di-reção aos pastos.

3) Finalmente, o Bom Pastor vai adiante das ovelhas, que o seguem, para guiá-las e protegê-las.

O REBANHO A SER FORMADO, ISTO É, OS QUE VIEREM A CRER

A afirmação de Jesus, em João 10.16, de que ainda tem outras ove-lhas a serem trazidas para o seu aprisco, apresenta estreita relação com o fato de que Deus está a bus-car as ovelhas perdidas da casa de Israel para reuni-las em Cristo (Ez 34.12-16). A salvação de Deus é para todos os que creem, inde-pendentemente de cor, raça, ou status quo. Quando os gentios fos-sem reunidos aos judeus numa só Igreja, com um só Senhor, então se cumpriria o propósito da obra salví-fica de Cristo.

Logo, um sentido possível para a expressão “conduzir as ovelhas para fora” (Jo 10.3b) é traçar um paralelo com a ordem de Jesus de “enviar os trabalhadores para os campos”, que foi movida pela per-cepção de que as multidões an-davam desgarradas como ovelhas que não têm pastor (Mt 9.36-38).

É no diálogo que vai ocorrer em João 21.15-19, entre o Cristo

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ressurreto e Pedro, que essa ideia marcará para sempre o processo de evangelização que tem como resultado a adesão de pessoas ao rebanho de Cristo. Se todos os que ouvem a voz de Cristo tornam-se seu rebanho, o pastoreio mútuo deve ser a meta. Precisamos seguir o exemplo do Bom Pastor: oferecer a vida para seu serviço.

A SEGURANÇA ETERNA DO RE-BANHO DE CRISTO

Jesus, o Bom Pastor, está dis-ponível aqui e agora, bem como disponível está o eterno bem da re-denção que seu pastoreio oferece.

A declaração que se faz a Cris-to, em 1Pedro 2.25, declarando-o “pastor e bispo de nossas almas” deve nos trazer essa paz e ampla segurança4. Como um protetor e cuidador, nosso Senhor expressa seu zelo por nós (Tt 2.11-14).

Para pensar e agir:Nesta lição, vimos que Jesus

é o verdadeiro Pastor e Guia das nossas almas, e o exemplo vivo de pastoreio deixado para a Igreja, que se formou pelo processo de disci-pulado com os seus ensinos.

Eu e você, que cremos em Je-sus, ouvimos a sua voz, mansa e suave, como um convite à vida e nos tornamos suas ovelhas. Jesus deseja que todos ouçam sua voz e, crendo, sejam salvos (Jo 10.16).

Eu e você, que cremos em Je-sus, fomos conduzidos para fora do domínio mortal do pecado (Lc 4.18,19). Libertos desse poder escravizador, e alimentados por sua Palavra, devemos permanecer firmes (Gl 5.1).

Eu e você, que cremos em Je-sus, temos nEle o exemplo maior de uma conduta pastoral, em rela-ção ao demais. Ele e seu exemplo de renúncia e serviço sofredor vão à nossa frente, oferecendo os parâ-metros para o nosso viver.

ALGUMAS REFLEXÕES AO FINAL DESTE ESTUDO:

Estamos cientes da importân-cia de fazer parte do rebanho de Cristo? Quais seriam os valores de pertencer a esse rebanho e em que momento da vida eles podem ser aplicados? Certamente, dis-cipulado, vida, segurança, comu-nhão e paz.

Em todo o tempo o Pastor é bom, o Pastor é bom o tempo todo (Se o pastor é Jesus!). Amém!

Leitu

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ária

Segunda-feira: João 10.1-6

Terça-feira: João 10.7-13

Quarta-feira: João 10.14,15

Quinta-feira: João 10.16-21

Sexta-feira: João 10.22-30

Sábado: João 10.31-39

Domingo: João 10.40-42

4 - Conferir o artigo « Bispo » em BROWN, Colin (Ed.) O Novo Dicionário internacional do NT. São Paulo: Vida Nova, p. 222-223.

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LIÇÃO 6DATA DO ESTUDO

Texto Bíblico: João 14.1-6

JESUS, O CAMINHO QUE VOCÊ TRILHA PARA VIVER

Nos anos que se seguiram à ressurreição de Jesus, os discí-pulos de Cristo foram perseguidos com a acusação de sectarismo (a ideia de que pregavam uma here-sia)1. Eles eram conhecidos como “seguidores do Caminho”.

Naquela época, uma maneira de determinar a instrumentalida-de missionária era afirmar que um 1 - A razão pela qual algumas versões traduzem “do caminho” por “daquela seita”, em Atos 9.2 (p.ex. ARC, ACF) é a explicação dada em Atos 24.14, onde Paulo explicita a acusação.

discípulo era “instruído no cami-nho do Senhor” (At 18.25), e que expunha pela pregação “o cami-nho de Deus” (At 18.26).

Era comum o choque com as religiões politeístas, e isso levava grande perigo para esses primei-ros cristãos, como podemos ler em Atos 19, no alvoroço que os adora-dores da deusa Diana dos efésios

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causam na vida de Paulo e seus companheiros. Pertencer ao Cami-nho não era fácil naquele tempo e continua não sendo nada fácil hoje.

No texto que analisaremos hoje, João 14, encontramos a gênese dessa ideia – a de que os discípulos são seguidores do Caminho. Nesse diálogo em tom grave que o Mestre tem com os discípulos, Jesus reflete acerca dos momentos que antece-dem a seu martírio na cruz em prol dos pecadores.

Quais as consequências de se-guir o Caminho que é Cristo. O que Jesus queria dizer quando se afir-mou o Caminho? Direção a seguir? Exemplo a imitar? Escape a usufruir?

“Não sabemos para onde vais; e como podemos saber o cami-nho?” (Tomé)

W. Hall Harris III afirma que, nessa conversa com os discípulos narrada aqui, “Jesus focaliza os eventos por acontecer na tarde do dia seguinte: sua prisão, julgamen-to, crucificação e morte, os quais vão afetar emocionalmente tanto o corpo quanto a mente deles.”2.

A pergunta de Tomé, no versícu-lo 5, revela o peso do coração dos discípulos diante do iminente e trá-gico futuro do Salvador e, também, o próprio futuro deles, após a morte de Jesus. Para o Mestre, a resposta para esse dilema é a fé (Jo 14.1). “A fé é a chave para a manutenção da realidade de nossa experiência cris-2 - Em https://bible.org/seriespage/exegetical-commentary-john-14. Acesso em 10 de outubro, às 13h00.3 - LITTLE, Paul E. Como compartilhar sua fé. São Paulo: ABU/Vida Nova, p. 127.4 - CRIM, Keith (ed). The interpreter’s dictionary of the bible. Nashville: Abingdom Press, 1982, p. 332.

tã”3. Quem crê, sabe. Quem sabe para onde ir, conhece o caminho.

QUAL É O CAMINHO?No início do trimestre, vimos

que João, o Batista, veio preparar o caminho do Messias. E que esse caminho é o de uma salvação po-derosa (Lc 1.69), que atua na re-missão de pecados (Lc 1.77) e que deve ser testemunhada a todas as pessoas (Lc 3.6).

Jesus faz duas afirmações so-bre o caminho da salvação:

Vós conheceis o caminho (refe-rindo-se ao conteúdo de seus ensi-nos aos discípulos).

Eu sou o Caminho (referindo-se a si mesmo como mediador que conduz o fiel a Deus).

Trilhar o caminho da salvação (isto é, crer em Jesus, aderir ao ca-minho por Ele proposto) é tanto uma questão existencial e ética quanto uma questão de nosso destino. Por um lado, implica uma maneira de ser e de viver, uma maneira de agir. Por outro, aponta para uma direção e um sentido final: a morada eterna do salvo com Deus.

Jesus espera que seus discípu-los entendam que o caminho a ser seguido por Ele até a cruz revela sua submissão ao senhorio, ao po-der, à provisão e à justiça de Deus.4 Posteriormente, os discípulos deve-riam assumir essa mesma atitude, na hora da evangelização.

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QUE SIGNIFICA ESCOLHER O CAMINHO QUE É JESUS?

Num dos momentos do ser-mão da montanha, Jesus explicita um dilema: dois são os caminhos (Mt 7.13,14). Há o caminho mais fá-cil e o outro, que é o de Deus. Todos têm o direito de escolher. Escolhido o caminho, arca-se com sua conse-quência: o caminho mais fácil con-duz à perdição e o de Deus conduz à vida. Não há a menor possibilida-de de ambos os caminhos resulta-rem na mesma consequência, pois opostos são. Embora a vida esteja disponível a todos, a maioria pre-fere o caminho mais fácil. Somente alguns optam pelo difícil e vivo ca-minho da fé.

Quando Jesus se identifica como esse único e difícil caminho (Jo 14.6a), Ele nos leva a refle-tir em, pelo menos, três verdades fundamentais:

Primeiro, devemos reconhecer que Ele cumpre cabalmente em sua vida e obra a salvação proposta por Deus.

Segundo, que por meio de uma relação com Ele pode-se conhecer a Deus e pertencer-lhe, assegurando com isso a morada eterna nos céus.

Terceiro, que seu exemplo de abnegação e serviço em prol dos pecadores se tornará o padrão para os seus seguidores.

Tendo crido em Jesus, sabemos o caminho. Identificado o caminho, podemos trilhá-lo. Mas isso não será uma tarefa fácil. Exemplos des-sa realidade podem ser encontra-5 - Revista Portas Abertas. Volume 34, número 10, p. 7.

dos nas Cartas de Paulo, onde se lê que, para alguns que estão na linha de frente da batalha pela construção do Reino de Deus, a escolha pelo Caminho da fé pode ser um duro teste (confira o texto de 1Coríntios 4.9-15 e tire suas conclusões).

Devemos orar a Deus por todos os que escolheram o caminho difí-cil da fé. Um exemplo da dificulda-de a enfrentar, em relação à nova identidade de seguidores do Ca-minho, que é Cristo, pode ser lido no testemunho seguinte: “Por todo o Oriente Médio e Norte da África, muçulmanos que se converteram ao cristianismo lutam com sua nova identidade em Cristo. Abandonar o islã leva à exclusão, isolamento e, às vezes, a situações de violência e risco de morte. Para eles, seguir a Cristo, pode custar cinco coisas: família, amigos, igreja, país e vida”5.

O que tem significado a escolha do Caminho que é Jesus para cada um de nós? O que tem nos custado? O que resultou essa vital decisão?

CARACTERÍSTICAS DO CAMINHO QUE É JESUS

Tomar o Caminho escolhido pelo Pai para irmos ao seu encontro significa, pelo menos, as seguintes realidades:

Direção e sentido para a fé. O caminho nos impulsiona para fren-te, para o futuro, que, desse modo, é-nos antecipado (Hb 12.22,23). Mas, como estamos aguardando aquele dia em que estaremos nas

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mansões eternas, devemos viver a experiência cristã a partir de atos conscientes e de autoafirma-ção hoje, sem fanatismo religioso (1Jo 4.16,17). Fé e ética andam juntas, quando se sabe o caminho. Passamos a expressar um espírito voluntário e de renúncia, alimen-tado por um relacionamento vivo com o Senhor.

Novidade e ânimo para vi-ver e servir. O fato de pertencer a Cristo é revitalizante. Precisa-mos aprender a confiar no poder de Deus aqui e agora, diante de cada dificuldade e aflição, sabendo que cumprimos nosso papel anun-ciando o caminho da salvação em meio a uma grande tribulação (um exemplo disso, a experiência de Paulo em 2Coríntios 7.5-7).

Paz e reconciliação com Deus. Somente quem aderiu ao Caminho, que é Cristo, em arrependimento e fé, pode experimentar a remis-são de pecados e consequente reconciliação, que traz paz interior (Rm 5.11). Livres da culpa e da dor, podemos avançar, confiantes, pois o ministério da pregação do Evan-gelho que leva o pecador à reconci-liação está sobre os nossos ombros (2Co 5.18,19).

Para pensar e agir:Em conclusão, podemos citar o

belíssimo Salmo 18.30-32, que an-tecipa o Caminho que é Jesus em forma de uma promessa garantida pelo próprio Deus. Jesus é o Cami-nho perfeito e totalmente eficaz. Se-guir por este Caminho, isto é, crer,

resulta em vida, a despeito de todas as consequências materiais, emo-cionais ou culturais que se seguem a esta decisão.

Analise sua própria experiência cristã e escolha um dos conceitos seguintes, refletindo com os demais participantes da classe sobre suas descobertas:• O quanto estou “instruído no cami-nho do Senhor” (At 18.25):( ) pouco ( ) o suficiente ( ) o necessário ( ) bastante

• O quanto exponho pela prega-ção ou testemunho “o caminho de Deus” (At 18.26):( ) pouco ( ) o suficiente ( ) o necessário ( ) bastante

• O quanto celebro a vida de Deus, que resultou de minha escolha pelo caminho que é Cristo:( ) pouco ( ) o suficiente ( ) o necessário ( ) bastante

Nossas respostas apontam para as mudanças que precisamos fazer para viver com plenitude a proposta de Deus para a nossa salvação. Afi-nal, “...para quem iremos nós” se e somente se Jesus tem as palavras da vida eterna? (Jo 6.68).

Leitu

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ária

Segunda-feira: Salmo 25.4-13

Terça-feira: Salmo 67.1-7

Quarta-feira: João 1.19-23

Quinta-feira: João 14.1-4

Sexta-feira: João 14.5-11

Sábado: João 14.12-15

Domingo: Mateus 7.13,14

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LIÇÃO 7DATA DO ESTUDO

Texto Bíblico: João 8.31,32; 14.6b; 18.28-38

JESUS, A VERDADE QUE VOCÊ CONHECE E PREGA

No Evangelho de João, narra--se um encontro decisivo que cul-minou na morte de Jesus na cruz. É uma conversa entre Pôncio Pila-tos, o governador romano na Ju-deia, e Jesus. Nosso Salvador fora trazido por seus compatriotas para aquela audiência sob a acusação de ser “um malfeitor” e por se de-clarar “Filho de Deus”. Os judeus o queriam julgado e condenado à pena capital (Jo 18.19-ss).

Naquela época, apenas os go-vernantes romanos podiam aplicar a pena de morte (Jo 18.31). Por isso, Pilatos acaba entrando para a história com seu gesto de “lavar as mãos” diante do caso. Não vê moti-

vos para tão grave punição, mas é indiferente a ela (Jo 18.38; 19.4,6).

No diálogo, Pilatos está atrás dos fatos. Quer comprovações. Ele faz perguntas sobre a identidade real de Jesus, embora estivesse preocupado apenas com o as-pecto político dessa acusação (os romanos não toleravam nenhuma autoridade política que não fosse designada por eles). Jesus res-ponde a acusação com outra per-gunta. Mesmo ali o Mestre tem a ensinar. No vai e vem da conversa, entra em cena a verdade sobre Je-sus, a verdade sobre seu Reino, a verdade sobre sua realeza divina, a verdade sobre sua missão.

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Que é a verdade? Melhor: Quem é a Verdade? O que significa per-tencer à Verdade? Quais as conse-quências de pertencer à Verdade que é Cristo?

“QUE É A VERDADE?” (Jo 18.38a)A pergunta de Pilatos tem res-

posta. E é uma resposta objetiva: Jesus de Nazaré é a Verdade.

“Se os homens podem ver a realidade de Deus em algum lu-gar, é em Cristo.”1 Logo, a verdade espiritual está intimamente rela-cionada à sua pessoa e missão. O Filho de Deus é o testemunho fidedigno da Verdade de Deus aos homens (Jo 8.12-ss).

Crer na Verdade nada tem a ver com fanatismo religioso. Não é re-ligião cega. Não é seguir alguém que “supostamente” recebera auto-ridade para falar sobre Deus. Não é apenas fazer parte de um rol de membros de uma igreja. Crer na Verdade é, inevitavelmente, acei-tar e enfatizar o fato de que Jesus Cristo é o Filho de Deus, e que Ele veio e morreu na cruz pelos nossos pecados, e que ressuscitou dentre os mortos (Jo 8.23-ss).

QUE FAZ A VERDADE? 

Há uma ameaça rondando o destino de quem não crê na Ver-dade revelada. Jesus afirma esse perigo a alguns fariseus, durante uma de suas preleções no Tem-plo: “...se não creres que eu sou, 1 - BROWN, Colin e COENEN, Lothar (Ed.) Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, São Paulo: Vida Nova, 2ª ed., 2000, p. 2617

morrereis em vossos pecados” (Jo 8.24b). Ele também disse que os pecadores são escravos do pe-cado (Jo 8.34). Se compararmos essas sentenças com a primeira carta de João, descobriremos que permanecer nessa condição de morte espiritual significa não prati-car a Verdade. E mais: que tal pes-soa vive uma mentira (1Jo 1.6,8). Como resolver esse problema es-piritual no cerne da existência hu-mana? A seguir, responderemos a essa importante questão.

VERDADE E LIBERDADESegundo afirma Jesus, prover li-

berdade aos cativos do pecado é a mais importante função da verdade: • “e conhecereis a verdade, e a ver-dade vos libertará.” (Jo 8.32) • “se, pois, o Filho vos libertar, verda-deiramente sereis livres.” (Jo 8.36)

Esses textos determinam dois agentes diferentes de duas ações diferentes. De um lado, os que creem na Verdade. Do outro, o liber-tador dos que creem na Verdade.

SÃO LIVRES OS QUE CREEM. OS QUE CREEM SÃO LIVRES.

Somente se crermos na Verda-de, que é Cristo, estaremos livres das amarras do pecado e de suas consequências nefastas. Somente pela fé vivemos na santidade da Palavra (Jo 8.32; 17.17,19).

Uma observação que não pode ser esquecida: no Novo Testamen-to, veem-se níveis de crença na Ver-

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dade. Por exemplo, nesse discurso de Jesus no Templo, afirma-se que muitos “creram” nEle (Jo 8.30). Nes-se versículo, a expressão pode sig-nificar pelo menos dois posiciona-mentos. O primeiro envolve o saber e o agir em função do sabido: abri-ram mão de suas próprias verdades para aceitar a Verdade de Cristo, passando a segui-lo; a segunda en-volve o saber sem agir em função do sabido: meramente assentiram à veracidade das palavras ditas por Jesus, sem passar a segui-lo. A esses relutantes, Jesus dirige a palavra, quando diz: “...Se vós per-manecerdes na minha palavra, ver-dadeiramente sois meus discípu-los” (Jo 8.31). Em outras palavras, Jesus pede correspondência entre a verdade e o ato. Crer na Verdade deve levar à ação de segui-lo.

MANIFESTAÇÕES DA VERDADE LIBERTADORA

Na conversa com os discípulos, pouco antes de sua crucificação, Jesus solidificou sua identidade como o único Caminho (mediação) para Deus, a única Verdade de Deus, o único capaz de vivificar o pecador (Jo 14.6).

A seguir, vamos analisar dois as-pectos da liberdade que foi conquis-tada para nós pelo Filho de Deus.

JESUS, A VERDADE QUE DÁ

SENTIDO À EXISTÊNCIAEm João 8, Jesus testemunha

que revela ao mundo a palavra do

Pai, a vontade do Pai, os ensinos do Pai, os quais culminam na Ver-dade que deve ser crida: sua mor-te de cruz em prol dos pecadores (Jo 8.28). Assim, permanecer na Palavra de Cristo é tornar-se segui-dor da Verdade. Crer é conhecer a Verdade (Jo 8.31,32).

A partir dessas afirmações, João traça íntima conexão entre a Verdade e a Luz, entre a Verdade e o Verbo que se fez carne, entre a Verdade e o chamado do Bom Pastor. Para entender esse sentido existencial da verdade, precisamos manter os ouvidos atentos para escutar o testemunho de Jesus: “...todo aquele que é da verdade ouve a minha voz” (Jo 18.37b).

Nas palavras de Cristo, isto é, no padrão ético da graça e da ver-dade que está proposto por Deus no Evangelho salvador (Jo 1.14), encontramos o sentido para a vida, seja no âmbito eclesiástico ou no secular. As ovelhas de Cristo ouvem a sua voz e o seguem (Jo 10.27).

JESUS, UM PRINCÍPIO DE PERTENCIMENTO

A mais linda declaração de fé que conheço é “somos da verdade” (1Jo 3.19). No Evangelho de João, ser da Verdade implica ter comunhão com a graça e a verdade de Deus e reconhecer que este Deus está ple-namente revelado em Jesus de Na-zaré (Jo 1.14). Também, confiar que por meio deste é que podemos ter uma existência autêntica! (Jo 14.6).

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A existência fidedigna a essa afir-mação do Evangelho possui, dentre outras, as seguintes características:• Jesus é a Luz verdadeira a brilhar em nossos corações e em nosso testemunho (Jo 8.12). • Conosco habita o Espírito da Ver-dade a nos instruir e confirmar na fé (Jo 14.17; 15.26; 16.13; 1Jo 2.27). • Discernimos a verdade do erro, e prosseguimos vigilantes emba-sados na Verdade, que é Cristo, a despeito de todas as tribulações e aflições que esse posicionamento nos traz, principalmente, diante da inimizade do mundo (1Pe 5.8-12).

Para pensar e agir:Nessa lição, vimos que não é a

nossa fé que torna Jesus a Verdade objetiva de Deus. “A fé tem o valor do objeto que ela tem por alvo”2. Nem os religiosos judeus, nem Pôn-cio Pilatos perceberam que diante deles estava a Verdade de Deus. Ainda assim, a Verdade não deixou de ser proclamada: “Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verda-de. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.” (Jo 18.37b)

Devemos aplicar as leis do pen-samento à afirmação que João faz em seu Evangelho de que Jesus é a Verdade. Primeiro, o princípio de identidade: a verdade é igual a ela mesma. Segundo, o princípio da não-contradição: a verdade não pode ser verdade e não-verdade ao mesmo tempo. Terceiro, o princípio

2 - LITTLE, Paul E. Como compartilhar sua fé. São Paulo: ABU, p. 85.

do terceiro excluído: ou a verdade é a verdade ou não é a verdade, não podendo haver uma terceira opção.

Assim, responda, com sinceridade: - Creio que Jesus é a Verdade?( ) Sim ( ) não- Reconheço que a Verdade divina está plenamente revelada na pes-soa de Cristo? ( ) Sim ( ) não- Confio que o testemunho dado por Jesus é verdadeiro?( ) Sim ( ) não

O que vale é agir de acordo com o sabido. Responder sim é afirmar-se discípulo, um seguidor de Jesus. Não se pode relativizar a afirmação de fé de que Jesus é a Verdade sem cair em contradição. Ou Jesus é ou não é. Ou você crê ou você não crê. Não há meio termo (1Jo 2.21; 5.20).

Jesus é a Verdade que eu e você conhecemos e pregamos. Deus conta conosco, Igreja viva, para sermos coluna e esteio da Verdade (1Tm 3.15). Ao agir assim, torna-mo-nos cooperadores da Verdade (3Jo 1.3-8). Topa o desafio?

Leitu

ra Di

ária

Segunda-feira: João 18.28-38

Terça-feira: João 5.31-40

Quarta-feira: João 8.13-20

Quinta-feira: João 8.21-30

Sexta-feira: João 8.31-36

Sábado: 1 João 3.19-24

Domingo: 3 João 1.3-8

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LIÇÃO 8DATA DO ESTUDO

Texto Bíblico: João 10.10; 11.17-27; 14.6c

JESUS, A VIDA QUE VOCÊ RECEBE E USUFRUI

Em nossa própria experiência, ou pertinho da gente, sabemos de pessoas antes isoladas e insegu-ras, antes derrotadas e desanima-das, antes maltratadas e margina-lizadas, mas que agora encontra-ram na fé cristã esperança e força para viver.

Um acontecimento recente da história dos batistas que nos enche de orgulho é a Missão Cristolândia, “um programa permanente de pre-venção, recuperação e assistência

1 - Disponível em: http://www.cristolandia.org/quemsomos. Acesso em 27 de outubro de 2016, às 10h30

a dependentes químicos e co-dependentes, que busca a trans-formação destas vidas por meio do Evangelho de Jesus Cristo”1. A expressão-chave aqui é “vidas transformadas”. E este é apenas um exemplo institucional recente de como a Igreja pode, por meio do Evangelho, proclamar vida.

A passagem da morte para a vida, efetivada no ato de crer, e os resultados dessa escolha, com-põem o conteúdo desta lição.

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A PASSAGEM DA VIDA À MORTE E DA MORTE À VIDA

Na construção de uma antropo-logia teológica (doutrina acerca do homem à luz da criação divina), de-vemos destacar três tempos:

O homem na criação – Seu va-lor e dignidade resultam primaria-mente de ter sido criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1.26). Isso significa que o “humano” que nos diferencia das demais criaturas não é apenas a vida biológica. Em nós há uma ligação com o Criador, uma conexão, um deslumbramen-to diante de sua glória, perfeição e santidade. Em outras palavras, na conexão com Deus, a vida flui em toda a sua plenitude (Sl 25.1; 42.1).

O homem depois da queda – Passa da vida à morte, mas continua com valor e dignidade intrínsecos à imagem de Deus nele. Vive dentro do universo natural, e é capaz de ter êxito no mundo, isto é, progredir cultural e socialmente. Mas perdeu a conexão com o Criador. Todos os esforços humanos passam a ser por uma vida “sem Deus” e, por isso, sem a direção e o sentido inicial que foram propostos pelo Criador, a saber, o prazer de glorificar, ado-rar e servir a Ele. O resultado dessa existência é uma vida que não flui, imersa em impureza, inimizade, in-justiça e medo. É o estado de morte espiritual (Rm 1.18-32).

O homem restaurado – Passa da morte (espiritual) à vida, pela fé na pessoa de Cristo. Na frase de Je-sus “Eu vim para que tenham vida”

(Jo 10.10), o Mestre apresenta o projeto de restauração da condição de vida abundante, da vida que flui. Significa dizer que em Cristo, isto é, crendo nEle, continuamos viven-do no mundo natural, continuamos parte essencial da humanidade em toda a sua complexidade, flutuação, crise, movimento, variedade, etc., mas retomamos à direção e ao sen-tido inicial. Retornamos para Deus! Essa é a razão de a vida abundante seguir-se à escolha do caminho e da verdade (Jo 14.6).

Importante: a vida de Deus não nos faz mais dignos que os de-mais, que estão mortos em delitos e pecados, isto é, espiritualmente mortos. Também não nos faz mais inteligentes, como num passe de mágica. Para Deus, todos os seres humanos têm seu valor e dignidade intrínsecos à Imagem divina neles.

Outro dado relevante: a vida de Deus infundida no homem não o impede de morrer fisicamente (Rm 5.12). Lázaro e o próprio Cris-to experimentaram a morte. Láza-ro a vencera por um breve tempo. O Mestre, por sua vez, derrotou--a para sempre, na ressurreição (Jo 12.32,33; Rm 1.4).

O CASO LÁZARO: TEORIA POSTA À PROVA

No centro da discussão da dádi-va da vida eterna, isto é, a infusão de vida espiritual aos que antes es-tavam mortos espiritualmente, está a seguinte afirmação de Cristo: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem

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crê em mim, ainda que morra, viverá” (Jo 11.25). O dito fora concebido dian-te de uma tragédia familiar de gran-de relevância para o Mestre (Jo 11.5, 33-35): seu amigo Lázaro morrera.

Jesus, que recebera a notícia antes de o fato realmente ocorrer, aguardou para ir à Judeia em apoio àquela família tão querida (Jo 11.6). Afirma o texto que o ambiente na região era extremamente perigo-so para idas e vindas com Jesus (Jo 11.8,16b). Jesus aguardou nas cercanias da aldeia, conversou com Marta e, depois, com Maria. Na conversa com Marta, ocorre o dito. Na conversa com Maria, o homem Jesus sentiu o peso da compaixão e derramou suas lágrimas.

Nos versículos que se seguem à frase em que Cristo afirmou ser o autor da ressurreição, ficam eviden-tes, entre outras, três verdades:• Jesus realizou o milagre de trazer Lázaro da morte à vida para que sua missão de Filho de Deus fosse reco-nhecida pelas pessoas, a fim de que estas viessem a crer nEle e a glori-ficar a Deus pelo envio da salvação.• Alguns judeus são retratados em atitude de desdém para com Je-sus. Insinuam que Ele não se im-portava ao ponto de curar Lázaro “antes” de morrer.• No milagre, Jesus mostrou que tem o poder de vencer a morte, an-tes que ela aconteça (oferecendo a vida espiritual aos que creem) ou mesmo depois (trazendo Lázaro de volta à vida).

2 - DAVIS, John D. Dicionário da Bíblia. Rio de Janeiro: JUERP, p. 510.

A morte física continuou no ho-rizonte existencial de Lázaro, as-sim como está em nosso horizonte. Mas, pela conquista realizada na ressurreição, o “primogênito dentre os mortos” abriu o caminho para a vida de qualidade eterna. O di-cionário Davis assevera que “Foi Jesus, com a sua própria ressurrei-ção e a glorificação do seu corpo, e ainda por sua obra redentora, ‘aquele que trouxe à luz a vida e a imortalidade’ (2Tm 1.10), isto é, foi quem elucidou, esclareceu, evidenciou e certificou definitiva-mente o fato da vida eterna e da imortalidade da pessoa humana”.2

RECEBER A VIDA E DEIXÁ-LA FLUIREis algumas considerações sobre

o nosso viver, no tempo presente: - não se dá de maneira monótona; - para nós, o tempo de vida é dura-tivo e contínuo, pois rumamos para um fim determinado por Deus; - existimos para além deste tempo, isto é, para a eternidade; - daremos conta de todo o tempo vi-vido aqui, por ocasião do juízo final.

Usufruir a vida é deleitar-se com ela e desfrutar sua fluidez. Mas você já notou que, em vários mo-mentos, temos a sensação de que o tempo vivido e o tempo cronológico não estão juntos. As horas e os dias muitas vezes indicam haver certo descompasso entre a marcação dos relógios e os nossos sentimen-tos. Isso indica ser o tempo pessoal regido por humores e sensações

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subjetivas. A alegria e o prazer são geralmente acompanhados pela sensação de passagem rápida do tempo; enquanto a tristeza, o medo e a espera parecem fazer de cada minuto um século.

O exemplo dado esclarece a “morte em vida” da qual Jesus vem nos resgatar. Ele faz a proposta: “...vem a hora e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem viverão” (Jo 5.25b). Jesus se coloca como o método para uma existência cujo resultado é uma vida com sentido e paz interior.

Para pensar e agir:Jesus evidencia no Evangelho

de João que cabe ao pecador esco-lher: ou conduz sua própria vida, o que resulta na morte espiritual, que é a consequência natural de um viver alheio à proposta de direção divina para suas criaturas; ou deixa--se guiar pelo Santo Espírito, o que conduz para a vida eterna. Significa fazer com que Cristo seja O cabeça e que seu Evangelho do amor seja a lei áurea. Dada a escolha, eu es-colhi viver! E você?

Em conclusão, podemos citar Richard O. Lawrence: “É a vida que diferencia um cristão. É a vida que diferencia a igreja. E deve ser um enfoque na vida que diferencie a educação cristã”. Com essas pala-vras, ele termina o capítulo “Vida: o que a igreja é”3.

Na ressurreição de Lázaro, a teoria foi posta à prova e comprova-3 - Na obra “Teologia da educação cristã. 2ª ed. São Paulo: Vida Nova, 1986, p.14.

da por multidões que acompanha-ram o acontecido. Muitos creram (e viveram!). Outros, preocupados com as repercussões políticas e sociais, preferiram refutar o milagre e tra-mar a morte de Jesus (Jo 11.45-ss) e, por isso, permaneceram espiri-tualmente mortos.

Se crermos, estaremos mais unidos com outros da família da fé e nosso comportamento entre esses será mais prudente. Se crermos, a salvação graciosa de Deus tornar--se-á o padrão de um viver alegre e esperançoso.

Se crermos, pensaremos nos demais também, e não apenas em nós mesmos, pois a vida deve fluir para todos. Se crermos, sere-mos ensinados a ser modelos de fé para essas pessoas, pois elas precisam de parâmetros espirituais para que a vida possa fluir em toda a sua plenitude.

Jesus é uma preciosidade. As-sim é também a vida que resulta do convívio dos que creem nEle, como afirma o estribilho do hino 546 do HCC: “Precioso é Jesus para mim! Precioso é Jesus para mim! Celeste prazer é Jesus conhecer! Precioso é Jesus para mim!”

Leitu

ra Di

ária

Segunda-feira: 1João 1.1-4

Terça-feira: 1João 5.11,12

Quarta-feira: João 11.1-6

Quinta-feira: João 11.7-16

Sexta-feira: João 11.17-27

Sábado: João 11.28-37

Domingo: João 11.38-44

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LIÇÃO 9DATA DO ESTUDO

Texto Bíblico: João 15.1-5

JESUS, A VIDEIRA NA QUAL VOCÊ PERMANECE E FRUTIFICA

As parábolas de Jesus retra-tavam o cotidiano com maestria, bem como a riqueza e a beleza da natureza, das estações do ano, dos hábitos dos animais e do cultivo de plantações, como é o caso da lição de hoje, quando Ele se identifica como a Videira Verdadeira.

A imagem dos discípulos de Cristo como “varas” (ramos) liga-das à Videira apresenta notável riqueza de sentido. Vamos explo-rar esses significados, procurando responder às questões sobre a qualidade do fruto da vide, sobre a importância de permanecer unido a Cristo e sobre os resultados des-sa união salvadora.

A VIDEIRA E O AGRICULTORPara melhor entender o símbolo

da videira (Jo 15.1), precisamos rever o conceito do povo de Israel como vide de Deus: “Trouxeste uma videira do Egito, expulsaste as nações e a plantaste.” (Sl 80.8). Logo, no Antigo Testamento, Deus é o Agricultor e Israel, a videira.

Infelizmente, essa videira trans-grediu a aliança com Deus, voltan-do-se para a idolatria: “ISRAEL é uma vide ESTÉRIL que dá fruto para si mesmo; conforme a abun-dância do seu fruto, multiplicou também os altares; conforme a bondade da sua terra, assim, fize-ram boas as estátuas” (Os 10.1).

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A palavra hebraica para “estéril” tem também um homônimo que sig-nifica o oposto: “luxuriante” (ARA). Eis a riqueza da poesia hebraica: Israel é vide “viçosa” para si mes-ma, mas “estéril” para Deus.

A videira de Israel teve seu destino selado pela destruição. E o fogo é o símbolo do juízo divino sobre eles (Ez 19.10-12). A vide se-ria destruída, mas não totalmente: “Subi aos seus muros, e destruí-os (porém não façais uma destruição final); tirai os seus ramos, porque não são do SENHOR” (Jr 5.10).

Dentro dessa realidade de dor e lamento, explicita-se já no Antigo Testamento uma esperança para Israel. Deus permitiu um remanes-cente. Há esperança para Israel! (Is 10.22) Logo, entendemos por que Jesus faz ressurgir a imagem da videira, agora, diferentemente do simbolismo errático de Israel. Em João, Ele se coloca como a “verdadeira” videira, a Videira que produz “salvação”!

UM OLHAR SOBRE A VIDEIRA VERDADEIRA

Ao lermos os Evangelhos, per-cebemos que Cristo Jesus nada faz que não esteja em consonância com o Pai. É assim porque Jesus repre-senta o cumprimento cabal da pro-posta de Deus apresentada na pro-fecia dirigida à vide de Israel: “Num bom campo, junto a muitas águas, estava ela plantada, para produzir ramos, e para dar fruto, a fim de que fosse videira excelente” (Ez 17.8).

Em sua Primeira Carta, João afirma: “...o Filho de Deus é vin-do e nos tem dado entendimento para reconhecermos o Verdadei-ro...” (1Jo 5.20a). Ao crermos em Jesus com todo o coração e en-tendimento, tornando-o, também, Senhor de nossa vida, chegamos ao conhecimento da Verdade: “...no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna.” (1Jo 5.20b).

A excelência da verdade de Cristo em realizar a redenção, está no fato de Ele ser o Messias enviado por Deus. Em obediên-cia ao Pai, sua luz é verdadeira (Jo 1.9), seu alimento é verdadeiro (Jo 6.32), seu testemunho é verda-deiro (Jo 8.14), seu juízo é verda-deiro (Jo 8.16), sua missão é justa e verdadeira (Ap 15.3).

UMA “EXORTAÇÃO” AOS RAMOS DA VIDEIRA

“Todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda.” (Jo 15.2).

A imagem deixada por Cristo em João 15.2 tem provocado mui-tas discussões teológicas. Quem seriam os cortados? Podem os dis-cípulos que estão em Cristo não se-rem frutíferos? Discípulos não frutí-feros perdem a salvação? O que é “estar em Cristo”?

Primeiro, precisamos entender as limitações da imagem em si. Re-

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tirar a fala de Jesus do contexto real de onde ela procede, tem efeitos perigosos. Por exemplo, na cultura da videira “‘podar’ não é simples-mente suprimir galhos, mas sim es-colher e deixar na planta, e na po-sição adequada, as gemas férteis que são fundamentais para a frutifi-cação, qualidade e manutenção da estrutura da videira.”¹

Seguindo a lógica da imagem de João 15, quanto mais o ramo se aproximar da posição vertical, maior será o seu vigor! À luz do que ocor-reu com Israel, na antiga dispensa-ção, fica evidente de que a chave de interpretação dessa passagem está na permanência do fiel na Videira Verdadeira, que é Cristo, e não em algum sistema religioso existente.

A explicação de Paulo em Ro-manos 11, especialmente os versí-culos 19 e 20, de que houve a poda dos ramos da videira de Israel, por causa da incredulidade, para que os gentios fossem enxertados, me-diante a fé, aponta uma direção teológica: permanecer em Cristo é somente pela graça, mediante a fé. Não vem de obras, para que nin-guém se glorie diante de Deus.

DEPOIS DA PODA, A FRUTIFICAÇÃO

O site da EMPRAPA traz infor-mações sobre a poda da frutifica-ção: “tem por objetivo preparar a videira para a produção da pró-1 - DOS SANTOS, Henrique Pessoa. É época de podar as videiras? Em: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noti-cia/14811079/artigo---e-epoca-de-podar-as-videiras. Acesso em 31 de outubro de 2016, às 15h45. 2 - Disponível em https://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Uva/UvaAmericanaHibridaClimaTemperado/poda.htm. Acesso em 1 de novembro de 2016, às 17h.

xima safra. Deve ser feita através da eliminação de sarmentos mal localizados ou fracos e de ladrões, a fim de que permaneçam na plan-ta somente as varas e/ou esporões desejados.”2

A graça é a provisão para estar/permanecer em Cristo. Arrependi-mento sincero e fé em Jesus como Salvador e Senhor, são as condi-ções. A partir daí, o ramo ligado à videira frutifica, mas os frutos são de Deus. Obviamente, ninguém pode forçar a mão de Deus e enxer-tar-se por conta própria na videira. Tampouco pode alguém comprar esse direito. Judas 1.12 descreve esses homens ímpios. Estão nesse triste estado por converterem em dissolução a graça de Deus e nega-rem Jesus Cristo.

Deve ficar claro que os infrutífe-ros não foram cortados da videira verdadeira, que é Cristo. Aliás, nun-ca foram nela unidos. Se a história bíblica for levada em conta, estes podem ter sido partícipes da videi-ra Israel, com seu apego legalista e de autojustificação (salvação por obras), mas não de Cristo.

UMA “AFIRMAÇÃO” AOS RAMOS DA VIDEIRA

“Vós já estais limpos pela pala-vra que vos tenho falado;” (Jo 15.3).

O termo grego para “limpos” (ka-taroi) aparece aqui nesta passagem

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e também em Mateus 5.8 (os lim-pos de coração) e no cerimonial do lava-pés, em que Jesus identifica entre os discípulos a vara fora da vi-deira (Judas, o traidor). Os que es-tão em Cristo podem frutificar por-que foram justificados pela Palavra da Verdade.

Hebreus 10.16-23 nos leva a perceber o novo e vivo caminho da nova aliança com Cristo: a comple-ta remissão de pecados do salvo, a coragem para estar e andar na pre-sença de Deus. Esse é o fruto de justiça, isto é, o resultado inerente ao modo de viver dos que estão unidos a Cristo (ler Filipenses 1.11).

QUEM É QUEM NA PLANTAÇÃOSe no versículo primeiro de

João 15, Jesus se apresenta a Vi-deira que atua verdadeiramente em consonância com o Pai, que é o La-vrador da salvação, no versículo 5, Jesus distingue bem quem é quem na videira: “Eu sou a videira, vós, os ramos”.

Prepotência e orgulho não com-binam com o Evangelho. Sabemos que a finalidade do ramo é frutificar e que, depois de podado, e depois de limpo, ele o fará, se e somente se estiver unido à videira. No fim das contas, é da videira que proce-dem, por meio da raiz, os nutrientes para fazer o ramo frutificar.

Assim, não chamamos os frutos que produzimos de “nossos”, e sim, frutos “do Senhor”, através de nós e por nós (2Co 9.9-11). 3 - Em : http://roneiandre.dominiotemporario.com/doc/ESALQ-cultivo_videira.pdf. Acesso em 11 de novembro, às 16h.

Para pensar e agir:Cremos e estamos na Videira

verdadeira? Amém. Logo, frutificar é o natural.

Mas que tipo de fruto esperar? Escolha um dos exemplos abaixo e compartilhe suas experiências com os demais participantes:- João 4.36 (Fruto para a vida eterna);- João 15.16 (Fruto permanente);- Romanos 6.22 (Fruto para a san-tificação);- Filipenses 1.1 (“Fruto” de justiça – termo grego no singular, nesse sen-tido, colhemos o resultado da obra justificadora de Cristo);- Hebreus 13.15 (Fruto de louvor, adoração e fé).

No cultivo da uva, o clima tem forte influência, bem como a topo-grafia e o solo. Depois da poda, vêm a brotação, o florescimento e a fru-tificação.3 Assim somos nós, cora-ções cujo solo fértil viu a semente do Evangelho nascer. Deus cuida do clima, produz os brotos e nos faz florescer onde estivermos planta-dos, para a sua glória!

Leitu

ra Di

ária

Segunda-feira: Salmo 80.8-19

Terça-feira: Oséias 10.1,2

Quarta-feira: Zacarias 3.8-10

Quinta-feira: João 15.1-4

Sexta-feira: João 15.5-8

Sábado: João 15.9-17

Domingo: João 15.18-27

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LIÇÃO 10DATA DO ESTUDO

Texto Bíblico: João 13.13-15

JESUS, O MESTRE QUE VOCÊ IMITA

Jesus era um educador inigua-lável, nas investidas que fazia para a formação do caráter de seus discípulos. Ele demonstrava notá-vel percepção da realidade à sua volta, quando se propunha a en-siná-los acerca do Reino de Deus.

Ele se autodesignou o Mes-tre por excelência, enquanto es-tava junto de seus discípulos (Mt 23.8). Posteriormente, du-rante a formação das Igrejas do Novo Testamento, alguns dentre os praticantes de seu ensino fo-ram chamados “mestres” da Igreja (At 13.1; 1Co 12.28; Ef 4.11). Nes-

te ato, todos entendiam haver sido revestidos de grande responsabili-dade (Tg 3.1).

Mas não demorou muito para a Igreja perceber distorções da mensagem original, por causa de “mestres segundo as suas próprias cobiças...” (2Tm 4.3), cheios de heresias destruidoras (2Pe 2.1). Nos dias atuais, estes se proliferam. Percebemos isso nas inúmeras tentativas humanas de gestão da Educação Religiosa, às vezes, sem nem mesmo fun-damentar-se na Palavra de Deus. E em Igrejas que se veem como

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mediadoras da salvação. Também, naqueles que andam ensinando es-quemas reprodutores, de formatos apostilares.

Neste estudo, vamos analisar o conceito autoaplicado por Jesus – o “Mestre”. Vamos perguntar pelo seu método de ensino. Enfim, vamos destacar as consequências na vida de quem faz de Cristo seu Educa-dor principal.

QUANDO O MESTRE NÃO É JESUSDesde muito cedo, a Igreja Cris-

tã teve que lutar para preservar sua identidade, num mundo dominado pela idolatria e pela dissolução mo-ral. Ela o fazia pela “apologia” (defe-sa) da mensagem evangélica.

Muitas vezes, o inimigo era ex-terno. Nesse caso, provinha das forças político-culturais da socie-dade gentílica. Entretanto, a Igreja também enfrentou inimigos inter-nos. Nesse caso, eram os falsos mestres, de orientação legalista, que deturpavam a principal doutri-na bíblica: a salvação pela graça, mediante a fé no Salvador e Senhor Jesus Cristo.

Algumas vezes, a Igreja cedia terreno. É o caso dos textos a seguir:- “Vós corríeis bem; quem vos im-pediu de continuardes a obedecer à verdade?” (Gl 5.7).- “E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós ha-verá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente here-sias de perdição e negarão o Se-nhor que os resgatou...” (2Pe 2.1).1 - BROWN, Colin (Ed.) O Novo Dicionário internacional do NT. São Paulo: Vida Nova, p. 637.

- “... certos indivíduos se introduzi-ram com dissimulação (...) homens ímpios, que transformam em liber-tinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo” (Judas v.4).

Hoje, mais do que nunca, preci-samos lutar para preservar nossa identidade cristã, pois o domínio do pecado estende-se, cada dia mais, na idolatria e dissolução desta era. Se formos fiéis, entretanto, resistire-mos. Nossa apologia é permanecer fundados e firmes na fé e não nos movermos da esperança do Evan-gelho, custe o que custar, até o fim!

A única maneira de fazer isso é permanecendo sob a autoridade do Mestre dos mestres, e sendo fiéis ao seu ensino, o Evangelho da nos-sa Salvação.

NO MESTRE, O MODELO A SEGUIRA palavra grega “didaskalos”

traduz “professor”, “tutor”, “mestre”. É usada no Novo Testamento para designar Jesus em 41 ocasiões.

O uso vocativo, dirigido a Je-sus, é meramente a tradução do hebraico “rabbi”, “rabboni” que sugere o contexto do “ensinador da lei”. Isso se evidencia nas si-tuações em que esses termos “consistem em discussões da lei, de palavras de sabedoria e de proclamações quanto à proximi-dade de Deus, isto é, exortações vinculadas com mandamentos”1.

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Nesse sentido, Jesus ultrapassou o ensino legalístico, vinculando o verbo “didasko” (ensinar) com a proclamação da salvação.

Que faz o Mestre Jesus, quando ensina? Como podemos definir seu ensino? Eis algumas possibilidades:

No exemplo de Jesus, perce-bemos que ensinar é sinônimo de “dar”, “ofertar”. Obviamente, ninguém pode fazê-lo sem “posses”. Todo e qualquer mestre somente pode ofe-recer aquilo que, em tese, tem, isto é, apropriou-se. Neste caso, oferta--se o Evangelho da Salvação.

No exemplo de Jesus, perce-bemos que ensinar é sinônimo de “celebrar”. Obviamente, ninguém pode fazê-lo sem ânimo (do latim “anima”: alma, fôlego de vida). O Mestre mostrava dinamismo e ale-gria e impulsionava seus discípulos a esse frescor (Jo 16.33).

No exemplo de Jesus, perce-bemos que ensinar é sinônimo de “vivificar”, “fortalecer”, “alimentar”. Obviamente, não se pode evitar o caráter sinonímico desses três ter-mos. No caso do ensino proposto por Jesus, vivifica-se no presente, mas, também, para a eternidade.

Somos convidados a imitar o Mestre. Se o fizermos, vamos “dar” (pelo ensino) aquilo que possuí-mos: a salvação outorgada por Cris-to. Vamos celebrar a vida que nos alcançou e, por nosso intermédio, alcançou outros, fazendo da alegria do Senhor a nossa força. Vamos atuar para a transformação, isto é,

para a construção de si e do outro “em Cristo”. A ação é terrena, isto é, começa imediatamente, mas tem propósito eterno. Nas palavras do Mestre: “Quem crê em mim tem a vida eterna” (Jo 6.47).

ENSINO NO CONTEXTO DA VIDA: O LAVA-PÉS

Em João 13, ocorre um encon-tro inusitado. Jesus estava na imi-nência de sua crucificação. Tem consciência total do que está para ocorrer e, depois da refeição co-mum, chama seus discípulos para si, começando a lavar os seus pés.

O lava-pés é um gesto educativo e orientador, por parte do Senhor Jesus. Esse gesto tem aplicação simbólica. Será entendido plena-mente depois de realizado, a partir da pergunta do Messias: “Com-preendeis o que vos fiz?”. Jesus o faz para que os discípulos enten-dam o que significa ter parte com Ele, o Mestre e Senhor, e também com seu ministério.

O gesto não se refere à pureza exterior de quem se lava ou é lava-do, mas, simbolicamente, ao ato de prestar-se ao serviço de lavar (ou de dar a própria vida). Ou seja, para quem deseja seguir a Jesus, humil-dade, renúncia sacrificial, amor e serviço são essenciais. Discípulos de Cristo não são passivos, mas ati-vos no Reino de Deus (Jo 13.15-17).

“EU VOS DEI O EXEMPLO”Podemos citar exemplos do en-

sino de Jesus aos seus discípulos?

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Lendo os Evangelhos, fica fácil perceber que sim. Por meio de pa-rábolas, conversações e atitudes, Jesus lhes mostrou como agir em obediência à Palavra de Deus e em prol do seu Reino.

São memoráveis as propostas seguintes (à parte dos estudos do trimestre, em João):- A parábola da ovelha perdida (Lc 15.1-7), que relata a alegria da salvação, na terra e no céu.- A parábola do bom samaritano, que revela o caráter inclusivo da proposta da graça (Lc 10.25-37). Je-sus vem para os doentes, mas cura--os para que sejam inclusos. Todos os pecadores inclusos foram trans-formados, limpos, justificados, para, assim, serem unidos ao Salvador.- O sermão da montanha (Mt 5-7), que chama a atenção deles para enxergar os pecadores, trabalhan-do para a sua bem-aventurança, na segurança da redenção; anun-cia-lhes o dever de ser sal e luz; o primado do amor nas motivações cristãs; a santificação da vida e das relações humanas; o valor da ora-ção; a confiança absoluta no cuida-do e na providência divina; o cami-nho da vida.

E há tantos outros exemplos do ensino maravilhoso de Jesus. Esses bastam, no escopo deste estudo, para mostrar o impacto do Mestre na vida de seus discípulos. Depois de sua partida, tornou-se missão do Santo Espírito dar continuidade às instruções do Mestre (Jo 14.26; 15.26; 16.13).

Para pensar e agir:Em conclusão, reverberamos a

sentença afirmativa do Mestre Je-sus, depois de os ensinar: “Se sa-beis essas coisas, bem-aventura-dos sois se as fizerdes” (Jo 13.17). Logo, se desejamos ser discípulos felizes do Senhor, cumpre-nos imitar Jesus e seguir seus ensinamentos.

Quanto ao estilo dos discípulos, sejamos: - Discípulos com Cristo: (na compa-nhia dEle);- Discípulos para Cristo: (com a fi-nalidade de servi-lO);- Discípulos conforme Cristo: (em conformidade com os seus ensinos);- Discípulos de Cristo: (valor semân-tico de posse, que pertence a Ele).

Jesus é como um maestro vir-tuoso, a reger a música da graça divina. Sua condução é perfeita e seus ensaios conosco nos aper-feiçoam, tudo com vistas à música celestial: “Mas todos nós, com ros-to descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Es-pírito do Senhor” (2Co 3.18).

Leitu

ra Di

ária

Segunda-feira: Mateus 23.8-12

Terça-feira: Efésios 5.1-11

Quarta-feira: 1 Tessalonicenses 1.6-10

Quinta-feira: Hebreus 13.8,9,15

Sexta-feira: João 13.1-5

Sábado: João 13.6-11

Domingo: João 13.12-17

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LIÇÃO 11DATA DO ESTUDO

Texto Bíblico: João 1.49; 12.12-16; 19.19

JESUS, O REI QUE VOCÊ ENTRONIZA E OBEDECE

Durante o primeiro século, em que seu deu a vida e o ministério de Jesus, havia entre os judeus piedosos uma expectativa muito grande pela chegada de um Mes-sias prometido no Antigo Testa-mento para reinstaurar a liberda-de, a independência e a prosperi-dade vivida nos dias de Davi.

Em 40 a.C., o Senado romano havia apontado na Judeia um rei “estrangeiro” sobre a comunidade judaica: Herodes, o Grande. De-pois da morte deste, pouco depois do nascimento de Jesus, movi-mentos messiânicos de libertação nacional surgiram. Para pacificar a região, governadores provinciais foram nomeados. Durante o mi-nistério público de Jesus, Pôncio Pilatos ocupava este cargo.1 1 - Uma lista completa e sequencial pode ser encontrada em: DAVIS, John D. Dicionário da Bíblia. Rio de Janeiro: JUERP, pp.140-141.

Uma vez que os judeus com-preendiam a missão do rei prometi-do como um messianismo político, buscava-se um novo tempo para a nação, ou seja, a liberdade daque-le domínio opressor. Embora Jesus fosse esse Messias prometido, Ele procurou desvencilhar-se da inter-pretação tipicamente judaica de um reino político. Em João 6.15, por exemplo, ele evita a multidão que desejava proclamá-lo rei político e uma espécie de libertador nacional.

Neste estudo, procuraremos analisar a natureza do Reino de Cristo. Faremos menção do en-contro de Jesus com Natanael, a entrada triunfal do Rei em Jerusa-lém, e a inscrição de Pilatos, na cruz, na qual o Nazareno é deno-minado Rei dos judeus.

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Que tipo de Rei é Jesus? Qual é a natureza de seu Reino? Que Car-ta Magna rege seu reinado? Quem são seus súditos?

AQUELE DE QUEM ESCREVERAMNo primeiro capítulo de João,

versículos 35 a 51, lemos sobre o testemunho dos primeiros discípu-los. Dentre eles, dois chamam a nossa atenção: Filipe e um israelita estudioso da lei, Natanael.

Jesus havia deixado a região da Judeia e se dirigido à Galileia (literalmente, “distrito dos estrangei-ros”). Seu convite aos primeiros se-guidores ocorreu dentro do contexto da pregação de João, o Batista, que o havia identificado (Jo 1.34-37). Em tom de conversa, o discipulado começou. Cada seguidor levava a novidade adiante: “Conheci o Mes-sias, vem e veja com seus próprios olhos” – anunciavam.

Depois de obedecer à ordem simples e direta “Segue-me”, e por causa da natureza testemunhal deste chamado, Filipe assim se referiu a Jesus: “...Achamos aque-le de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram os pro-fetas...” (Jo 1.45).

Jesus não é um rei aleatório, que surge num momento de oportu-nismo. Antes, é o Rei-profeta anun-ciado por Moisés (Dt 18.18,19) e o cumprimento de todas as profecias messiânicas do Antigo Testamento. Natanael parece inicialmente incré-dulo, por causa da origem humilde do filho de um carpinteiro, na cida-

de de Nazaré. Mas, eventualmente, cedeu à força do testemunho do Cristo, exclamando: “...Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Is-rael!” (Jo 1.49).

“HOSANA” AO REI!O segundo texto a considerar

é João 12.12-19, quando ocorre a entrada triunfal de Jesus em Jeru-salém. A multidão, com ramos de palmeiras em suas mãos, saudava Jesus como “Bendito é o que vem em nome do Senhor”. Esses ramos lembravam as façanhas do Período Macabeu (167-63 a.C.), quando os revolucionários libertaram a cidade de Jerusalém dos conquistadores sírios e realizaram a rededicação do Templo.

John Davis informa que “Hosa-na” é um cântico que significava “Salva-nos (liberta-nos) agora!”. Isso mostra uma situação que me-rece nossa reflexão: pode-se sau-dar Jesus sem que Ele seja, de fato, crido de uma maneira correta. Je-sus era um Rei oposto ao desejado pelos que o saudavam. Não era um militar incitando guerras políticas, nem tinha pretensões de uma mo-narquia materialista.

Ao montar num jumentinho, Je-sus parece cumprir o texto de Zaca-rias 9.9, que anuncia a vinda de um rei triunfante e humilde, ao mesmo tempo, o Senhor Jesus ressalta a diferença entre seu reinado interior e espiritual daquele exterior e políti-co pretendido pela multidão.

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JESUS, O NAZARENO, O REI DOS JUDEUS

Em João 19.19, lemos sobre a inscrição em hebraico, latim e gre-go que identificava o crucificado como “O NAZARENO, REI DOS JUDEUS”. Pilatos pretendia, com ela, ridicularizar os judeus. O que ele não imaginava era que sua ten-tativa resultou numa proclamação de caráter universal. Materializou--se, assim, o testemunho oficial de que Deus governa a humanidade a partir de uma cruz.

SIMBOLOGIA EM TORNO DO REI JESUS

Como afirma Alderi de Souza Matos, “Os evangelhos deixam cla-ro que há uma relação indissolúvel entre Jesus e o Reino. Ele não so-mente anuncia o Reino, mas a sua pessoa e obra são elementos es-senciais do Reino.”2

Na enorme riqueza de signifi-cados dos ornamentos reais mais comuns, quando o Rei é Jesus, po-demos citar três:

Sua coroa – de espinhos, sim-bolizando sua entrega total em prol dos súditos do Reino.

Seu cetro – de justiça, simboli-zando a eficácia da justificação re-dentora, que oferece na cruz.

Seu trono – de poder, simbolizan-do a esfera de seu domínio absoluto.

Eu e você nos relacionamos com o Rei que Jesus é, quando cremos. 2 - MATOS, Alderi de Souza. A igreja como agente do reino de Deus. In: http://www.mackenzie.br/7135.html. Acesso em 8 de dezembro de 2016.

Ele é o Filho de Deus que vem para instaurar o Reino de justiça e paz nos corações humanos (Sl 2.6,7 – conferir João 1.34). Entronizar o Senhor, isto é, conceder-lhe o trono (a autoridade) sobre a nossa vida é o dever de seus súditos leais. Para tal, precisamos obedecer aos seus estatutos e mandamentos.

A CARTA MAGNA DO REINOTodo governo requer uma Cons-

tituição, uma Carta Magna. No caso do Reino de Deus, essa legislação que ordena a vida é o amor. Logo, o Evangelho de Cristo é o evange-lho do amor: “Como o Pai me amou, também eu vos amei a vós; perma-necei no meu amor.” (Jo 15.9).

Nas Escrituras, o amor “é” uma pes-soa: “...Deus é amor!” (1 João 4.8b). E por nos amar tanto, o projeto de Deus foi plantar a semente do amor em nosso coração, pela fé.

Se amarmos, seremos como um agricultor, a lançar a semente do Evangelho no solo do coração hu-mano e a vê-la ali germinar. Podere-mos, assim, alimentar o mundo com os melhores e mais puros frutos.

Se amarmos, seremos como um engenheiro de pontes, a religar pes-soas antes separadas de Deus, por causa da inimizade do pecado.

Se amarmos, seremos como um artista, a usar todo o nosso poten-cial criativo para colorir o mundo e torná-lo mais belo e desejável.

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Se amarmos, seremos como um médico, fazendo de nossa prio-ridade a missão de cooperar com Deus para curar a alma enferma pelo pecado e suas devastadoras consequências, pela inoculação do Evangelho da Salvação.

PENSANDO O REI(NO) HOJEO Reino de Deus tem caráter

pessoal e subjetivo. Diz respeito à ordem e progresso da vida interior, em toda a sua plenitude e quali-dades espirituais instauradas pela nossa obediência ao Rei Jesus.

Se cada cristão atentar para os ideais do Reino em sua própria existência, a Igreja poderá ofere-cer, sim, um exemplo de sociedade transformada pelos princípios do Rei Jesus. Aí começa a verdadeira revolução: no coração do pecador que, arrependido, crê no Rei e sub-mete-se a Ele.

Você consegue imaginar como seria uma sociedade regida pela Carta Magna do Reino de Deus, o amor? Compartilhe com os demais sua opinião.

Para pensar e agir:Não podemos deixar de salientar

que, em relação à instauração do Reino de Deus na terra, ocorre uma grande tensão entre a perspectiva ideal e o que ocorre na realidade. É ingênuo pressupor que a instaura-ção do Reino de Deus para a trans-formação da sociedade como um todo dependa unicamente de o pe-cador aceitar Jesus como Salvador. A coisa não é tão simples assim.

O Reino de Deus é edificado em duas premissas em relação ao Rei Jesus: devemos crer nEle como “Salvador” e submeter-nos a Ele como “Senhor”.

Assim, ao entronizar o Rei Je-sus, teremos que, entre outras ati-tudes:

1) Priorizar e privilegiar a vonta-de de Deus sobre a nossa própria vontade. O Rei Jesus o fez e espera que seus súditos também ajam as-sim (Jo 5.30; 1Jo 2.17).

2) Buscar com todas as nossas forças a instauração do Reino como a proposta cristã de revolução: jus-tiça, paz e alegria no Espírito Santo (Mt 6.33; Rm 14.17).

3) Assumir, a partir do novo nas-cimento, as exigências éticas do Rei Jesus, que se constituem em si-nais da presença do Reino de Deus na terra. Dentre elas, destacamos a humildade, a dependência de Deus e a confiança nEle (ricos e pobres), a solidariedade com os so-fredores e a vigilância.

Temos entronizado Jesus e obe-decido à sua ordem? Temos sido súditos leais ao teor amoroso de sua orientação? Se nossa resposta é “sim”, temos sido, verdadeiramen-te, súditos do Rei.

Leitu

ra Di

ária

Segunda-feira: Salmo 2.6,7

Terça-feira: Lucas 1.26-33

Quarta-feira: Mateus 2.1-6

Quinta-feira: João 1.35-51

Sexta-feira: João 12.12-19

Sábado: João 18.33-37

Domingo: João 19.19-22

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LIÇÃO 12DATA DO ESTUDO

Texto Bíblico: João 9.35-38

JESUS, O SENHOR QUE VOCÊ TEME E ADORA

Muitas vezes, somos chama-dos a explicar a dura realidade da ineficácia do testemunho e da ação cristã nos dias atuais. Qualquer possibilidade de resposta passa pela questão do senhorio de Jesus.

Tudo o que vimos neste trimes-tre sobre o Verbo de Deus que nos alimenta, que mata a nossa sede espiritual, que ilumina nos-sas consciências, que nos prote-ge, que torna nossos caminhos autênticos, que nos ensina com a autoridade do Pai, enfim, sobre as competências de Jesus, tudo tem aplicação prática para nós se e somente se o Salvador tornar-se, também, Senhor de nossas vidas.

A partir da leitura de Romanos 1.1-7, entendemos que após sua ressurreição e exaltação, o status de Jesus como Soberano Senhor se estabelece como realidade so-1 - Ver também o importante testemunho de Romanos 14.9: “Porque foi para isto que Cristo morreu e tornou a viver, para ser Senhor tanto de mortos como de vivos”.

bre os que creem (1.4)1. Também, é a partir deste senhorio que se fundamentam as ordens e comis-sões para pregar o seu Reino sal-vífico no mundo (1.1,5). Do mesmo modo, é na esfera deste conceito que se originam as palavras chave do movimento cristão: graça e paz (1.7). Portanto, a chave para a vida frutífera tem a ver com a vontade de o crente ceder o controle de sua vida Àquele que ressurreto se fez Senhor (Rm 1.4).

Neste estudo, pretendemos responder às questões seguintes: qual o principal termo grego usado para designar Jesus como Senhor e o que significa? Ter Jesus como Senhor implica num choque com a ordem política e cultural existente? Quais as consequências de um estado de submissão ao senhorio de Jesus pelos que nEle creem?

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TERMINOLOGIA BÍBLICA PARA O SENHORIO DE JESUS

O principal termo para denotar o Senhor Jesus é “kurios” (do gre-go: “senhor”, “amo”, “dono”.). Este termo apresenta estreita corre-lação com os conceitos de Rei e Mestre, ambos aplicados a Jesus em conjunto com seu senhorio (Jo 12.13b; Jo 13.13).

Ter Jesus como Senhor signifi-ca, principalmente, a submissão do fiel à autoridade de Cristo, a qual é exercida pelo Espírito Santo em cada expressão da vida individual (o crente) e coletiva (a Igreja).

“Kurios” (Senhor) é um termo da predileção dos escritores Lucas (210 vezes) e Paulo (275 vezes), que tinham em sua maioria des-tinatários de origem gentílica. No Evangelho de João, o termo ocor-re em 52 casos, alguns dos quais denotam uma forma cortês de tra-to, ainda que subentendendo que a pessoa reconhece a posição exal-tada de Jesus, e demonstra dispo-sição para a obedecê-lo. Exemplos imediatos seriam os tratamentos a Jesus pela mulher samaritana (Jo 4.7-9), pelo oficial da nobreza ro-mana (Jo 4.49), pelo enfermo cura-do no tanque de Betesda (Jo 5.7) e pela mulher acusada de adultério (Jo 8.11), só para ficar com alguns.

Em outros casos do Evange-lho de João, a declaração vocati-va “Senhor” parece apresentar um sentido mais intenso do que mera cortesia de tratamento. É assim porque a pessoa que o usa é for-

temente impactada pela ação do Cristo e, por isso reage com fé e adoração, como é o caso do cego de nascença (já estudado em lição anterior – estudo 4) para exemplifi-car a resposta esperada por Deus ao senhorio de Jesus.

Outra possibilidade de um em-prego de “Senhor” mais intenso é o que ocorre em pessoas que man-têm um relacionamento vivo com o Cristo. E isso faz toda a diferença na hora de conversar com Deus. Exem-plos imediatos são as falas dos dis-cípulos de Cristo, dentre os quais Pedro se destaca (Jo 6.68), das irmãs de Lázaro (Jo 11.21,27,32), e o importante testemunho do Cristo ressurreto dado por Maria Madale-na (Jo 20.18). O que torna esses encontros tão especiais é o fato de os falantes terem um relacionamen-to vivo de fé com o Senhor, a quem se dirigem. Você concorda?

O CRISTÃO DOS DEUSES E SENHORES DO MUNDOParece correto afirmar que o ter-

mo “Senhor”, aplicado a Jesus, en-controu resistência imperial naquela época, apesar de ambos os impe-radores Augusto (31 a.C. - 14 d.C.) e Tibério (14-37 d.C.) rejeitarem o título para si. Na cunhagem das moedas, via-se a imagem do busto do imperador, detentor e símbolo do Estado. Evidentemente, qualquer outro senhorio haveria de entrar em choque direto com o opressor siste-ma de governo romano.

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Mas a questão se tornou um problema maior para a cristandade quando, a partir do imperador Calí-gula (37-41 d.C.), o título se tornou atraente. Com o imperador Nero (54-68 d.C.), em especial, que foi descrito como “Senhor de todo o Mundo”, a Igreja sofreu dura perse-guição. Famoso por sua crueldade, foi sob o domínio de Nero que a reivindicação cristã de Jesus como “Senhor” chocava-se com o apelo imperial (At 17.17), sendo conside-rada, portanto, desobediência civil e, por isso, passível de penalização.

Nesse duro período que se se-guiu à morte e à ressurreição de Jesus, os cristãos que defendiam o senhorio do seu Rei e Mestre eram delatados, presos, julgados e, no caso de manterem sua fé em Jesus, martirizados. Relatos de como algu-mas dessas mortes ocorreram po-dem ser lidas em Hebreus 11.36-40. Os mártires cristãos são exemplos de uma fé viva e verdadeira de quem vai até as últimas consequências de-fendendo Aquele a quem se subme-tem, seu Salvador e Senhor Jesus.

O exemplo deixado por tantos que perderam suas vidas, no pri-meiro século, mostra como a fé no Senhor acaba implicando com a ordem sociocultural de um mun-do em trevas. Logo, quem tem Je-sus como Senhor há de brilhar (Mt 5.14-ss), há de renunciar ao mundo (Jo 12.25), há de viver es-perançoso e em paz (Jo 14.27), há de “alvoroçar” o mundo pela prega-

2 - BROWN, Colin (Ed.) O Novo Dicionário internacional do NT. São Paulo: Vida Nova, artigo “Senhor”, p. 2319.

ção de um Evangelho de amor e paz (At 17.6). E isso sempre terá um custo!

DEUS É SENHOR! JESUS É DEUS! LOGO, JESUS É SENHOR!

No artigo “Senhor”, do Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, lemos: “O Novo Testa-mento, ao dirigir-se a Deus como kurios, reconhecendo-o como tal, ex-pressa especialmente Sua condição de Criador, Seu poder revelado na história, e Seu domínio justo sobre o universo, e, ao mesmo tempo, con-fessa a continuidade da sua crença com a fé vétero-testamentária”.2

Assim, compreendemos porque o testemunho do precursor de Jesus, João, o Batista, liga o Verbo Criador à profecia de Isaías, anunciando a chegada do Senhor: “...Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías” (Jo 1.23).

O cristianismo dos primeiros dias não teve nenhuma dificuldade de confirmar o senhorio do Verbo da vida, em sua confissão de fé: “para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós também, por ele” (1Co 8.6).

CONSEQUÊNCIAS DO SENHORIO DE JESUS

A tese desta lição é que Jesus Cristo é Senhor! Nessa soberana

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condição, Jesus torna-se a causa eficiente de toda a existência cris-tã. Não havendo possibilidade de destacar todas as consequências desta afirmação (por questões de espaço), com um exercício simples, propomos uma amostragem inten-cional delas dentre algumas epísto-las paulinas:- Ao cremos no Salvador Jesus e ao confessá-lo como Senhor, es-tamos inseparavelmente ligados a Ele (Rm 8.39). - Não pode haver duplicidade em nós quando o assunto é nossa submissão à autoridade de Deus, em e por Cristo, nosso Senhor (1Co 8.5,6).- Aos olhos do mundo, nossa sub-missão ao Cristo crucificado pode parecer pretexto de escárnio ou ver-gonha, mas, para nós, é motivo de glorificar a Deus (Gl 6.14).- Quando o assunto é salvação, nin-guém a terá se não confessar sua submissão ao senhorio de Cristo (Fp 2.11).- Ao receber a Cristo como Senhor, comprometemo-nos, também, a seguir seus passos, crescendo na graça que Ele oferece (Cl 2.6,7). - Cabe aos que se submetem ao senhorio de Cristo viver em santida-de, enquanto aguardam sua vinda (1Ts 3.13; 5.23).

Esses textos podem servir-nos como base para o testemunho neo-testamentário acerca dos efeitos do senhorio de Cristo.3 - Idem, p. 2323.

Para pensar e agir:Em conclusão, afirmamos que

Jesus é o Senhor que devemos temer e adorar. Isso significa “rei-vindicar o poder do Senhor glori-ficado para a vida da Igreja e do indivíduo”3. Também, que devemos reconhecer sua condição exaltada e sua autoridade total em matéria de fé, vivendo em observância das Escrituras Sagradas.

Leia a exortação do após-tolo Paulo ao pastor Timóteo (1Tm 6.14-16) e reflita sobre sua própria submissão a Cristo. Per-cebe-se aqui a proximidade dos conceitos Senhor-Rei: “...no tem-po próprio, manifestará o bem-a-venturado e único soberano, Rei dos reis e Senhor dos senhores” (v. 15). Como você se vê, quando o assunto é guardar o mandamento sem jamais o denegrir? Você tem sido um servo obediente e fiel? Você se sente preparado para este grande encontro com o Senhor?

Então, vamos viver fazendo de nossa obediência ao Senhor nosso Memorial! (próxima e derradeira lição)

Leitu

ra Di

ária

Segunda-feira: Romanos 1.1-7

Terça-feira: João 1.23

Quarta-feira: João 12.13

Quinta-feira: João 13.13,14

Sexta-feira: João 20.24-29

Sábado: 1 Coríntios 8.5,6

Domingo: Romanos 8.31-39

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LIÇÃO 13DATA DO ESTUDO

Texto Bíblico: João 20.30,31

JESUS, O MEMORIAL QUE VOCÊ CELEBRA

Em um dos sermões a que assisti pelo sítio de comparti-lhamento de vídeos YouTube, o pastor Ariovaldo Ramos deixou a seguinte definição de memorial: “Um memorial é a forma pela qual alguém quer ser lembrado”. Nes-ta lição, que focaliza textos do fim do Evangelho de João, traremos à memória tudo o que estudamos neste trimestre sobre Jesus Cris-to, nosso Salvador. É nosso dever confiar na fonte de sustento espiri-tual que emana do Cristo morto e ressurreto, em caráter memorial e permanente, até que Ele volte.

Nosso estudo percorrerá o seguinte trajeto: o viver memorial como estilo de vida, em ambos os Testamentos; a relação entre os “sinais” de Deus e o memorial a ser celebrado; um resumo de tudo o que vimos acerca do memorial que é Jesus; a palavra chave do memorial de Cristo; e, enfim, o tempo de celebrar este memorial.

O ESTILO MEMORIAL DE VIVERA ideia de viver de forma a re-

lembrar os atos de Deus na histó-ria pode ser facilmente percebida nos textos do Antigo Testamento. Neste sentido, o memorial usa vá-rios meios:- A revelação escrita: “Então disse o SENHOR a Moisés: Escreve isto para memória num livro, e relata-o aos ouvidos de Josué...” (Ex 17.14);- Objetos que simbolizam uma realidade revelada, como é o caso das pedras na estola sacerdotal que representavam as 12 tribos de Israel (Ex 39.7);- O tempo solene do encontro para a adoração coletiva (Lv 23.24);- As ofertas trazidas ao altar, confes-sando a Deus os pecados cometidos, em busca de perdão (Nm 5.15b);- As palavras e votos de confian-ça no Senhor e em sua vontade, como expressão de fé coletiva do povo de Deus (Ml 3.16,17).

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No Novo Testamento, a saga memorial continua na experiência pessoal de muitos, por exemplo: - O caso da mulher que, trazendo um vaso de alabastro cheio de va-lioso bálsamo, derramou o líquido precioso sobre a cabeça do Senhor Jesus, estando Ele à mesa, com seus discípulos. O gesto ficou eter-nizado nas Escrituras (Mt 26.7);- Nossas orações e atitudes tam-bém são relatadas como memoriais (At 10.4,31);- E nossa maior fonte memorial, a celebração da ceia, em que traze-mos à memória o sacrifício remidor, que é a causa eficiente de nossa salvação, seguindo a ordem de Je-sus (Lc 22.19; 1Co 11.24,25).

PARA QUE HAJA MEMÓRIA, HÁ DE HAVER SINAIS

Na história humana, Deus con-cede e opera sinais que acompa-nham a Sua palavra e testificam a sua validez e fidedignidade. Não são atos divinos incidentais, mas atos intencionais, visando obter da parte dos homens fé (Jo 2.11,23). O maior dos sinais de Deus é a vinda de seu Filho Unigênito, que passa a apontar o caminho da salvação profetizado no Antigo Testamento e cumprido em sua vida e missão.

Um sinal é uma “marca”, um “penhor”, um “milagre”. Este termo é predominante nos Evangelhos (48 vezes) e em Atos (13 vezes), mas também ocorre nos textos de Paulo (8 vezes), em Hebreus (uma vez) e no Apocalipse (7 vezes).

No texto que apreciamos, João 20.30, lemos que “...fez Jesus dian-te dos discípulos muitos outros si-nais que não estão escritos neste livro”. O propósito maior de Jesus com seus sinais é ser crido: “Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus...” (Jo 20.31a).

NEM TODO SINAL LEVA À FÉ, MAS A FÉ NO SINAL CONDUZ À

VIDA MEMORIALAlguns episódios narrados por

João evidenciam uma grande ver-dade, a saber, que apesar dos mui-tos sinais realizados por Jesus, a grande maioria permanecia incré-dula (Jo 12.37). Este é, certamen-te, o caso do indeciso Nicodemos (Jo 3). Também, o caso da multi-dão alimentada milagrosamente por Jesus, que estava unicamente interessada na satisfação de suas necessidades materiais e não per-cebia o Filho de Deus diante dela (Jo 6.26,30). E o caso dos religio-sos legalistas judeus, que se enfu-reciam a cada sinal praticado pelo Senhor (Jo 7.31,32; 11.47,48).

Entretanto, muitos que presen-ciaram os sinais realizados pelo Salvador creram nEle e, por isso, tornaram-se seus discípulos. Esta é uma verdade que muitos deixam de perceber: o sinal que é Cristo, em sua vida e missão, deve nos le-var a crer. Crer deve nos levar ao discipulado. O discipulado deve nos levar à vida memorial, em tes-temunho diário.

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A FORMA COMO JESUS QUER SER LEMBRADO

Se você crê no Filho de Deus, e o recebe como Senhor de sua vida, entenda uma coisa: é seu dever sa-grado viver para o testemunho de tudo o que Jesus representa. Isto significa que devemos viver pela fé, ou seja, trazer à memória quem Je-sus é e o que fez por nós.

À luz do que vimos neste trimes-tre de estudos em João, ressaltamos:- Jesus quer ser lembrado como o VERBO DA VIDA. Você se lem-brará dEle se o representar diante dos homens.- Jesus quer ser lembrado como o PÃO DA VIDA. Você se lembrará dEle se alimentar-se de sua Pa-lavra, que é viva e eficaz para te conduzir à boa, agradável e perfeita vontade de Deus. - Jesus quer ser lembrado como a ÁGUA DA VIDA. Você se lembrará dEle se permitir que essa fonte jor-re continuamente e mate sua sede de viver.- Jesus quer ser lembrado como a LUZ DA VIDA. Você se lembrará dEle se enxergar com os olhos da fé e se brilhar diante dos homens.- Jesus quer ser lembrado como o PASTOR DA VIDA. Você se lembra-rá dEle se ouvir seus bons ensina-mentos e segui-los, à risca, custe o que custar.- Jesus quer ser lembrado como o CAMINHO DA VIDA. Você se lem-brará dEle se trilhar a trajetória da renúncia, do serviço e da adoração.1 - RICHARDS, Lawrence O. Teologia da Educação Cristã. São Paulo: Vida Nova, 1986, p. 11.

- Jesus quer ser lembrado como a VERDADE DA VIDA. Você se lem-brará dEle se conhecê-lo e se pre-gar o resultado deste conhecimen-to: a liberdade dos filhos de Deus.- Jesus quer ser lembrado como a VIDEIRA DA VIDA. Você se lembra-rá dEle se, unido a Ele, frutificar.- Jesus quer ser lembrado como o MESTRE DA VIDA. Você se lembra-rá dEle se o imitar em seu caráter e atitudes.- Jesus quer ser lembrado como o REI DA VIDA. Você se lembrará dEle se submeter-se à sua autori-dade, que é absoluta em termos de fé, juntamente com a Palavra de Deus e o agir do Espírito Santo.- Jesus quer ser lembrado como SENHOR DA VIDA. Você se lem-brará dEle se for um discípulo te-mente a Deus, reverente e verda-deiro adorador.

Se Jesus for lembrado por nós, viveremos em constante atitude MEMORIAL.

A PALAVRA CHAVE DO MEMORIAL DE CRISTO

A palavra chave que se repete a cada representação da pessoa e da missão de Jesus Cristo no Evangelho de João é VIDA. Para os que creem, descortina-se a vida autêntica e responsável, isto é, a “vida sobrenatural que é a de Deus (Jo 5.21,26), que Deus, to-davia, reparte com a humanidade, através de Cristo”1

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No primeiro capítulo do seu livro Teologia da Educação Cristã2, Ri-chards descreve o viver memorial ao afirmar que a vida é o que a Igre-ja é. O propósito da vida é o que a Igreja faz. A comunicação da vida é a forma como a Igreja edifica. A di-nâmica da vida é o relacionamento “familiar” da Igreja. A transmissão da vida é a Igreja evangelizando. Con-cordamos, pois somos o corpo vivo de Cristo, a Igreja do Senhor Jesus.

HOJE É TEMPO DE CELEBRAR JESUS!

Em conclusão, afirmamos que Jesus é o memorial que eu e você, que nEle cremos, celebramos. Ele é a manifestação absoluta da graça salvadora de Deus (Tt 2.11).

Ao celebrar este memorial, de-vemos fazê-lo com zelo e fervor, mostrando ao mundo quem real-mente é Jesus. Diante do trágico quadro social em que vivemos, isso significa renegar a impiedade e as paixões mundanas, e viver, no presente século, de forma sensata, justa e piedosa, enquanto aguarda-mos o retorno do Salvador, com ar-dorosa esperança (Tt 2.12,13).

Para pensar e agir:No radical livro “Como comparti-

lhar sua fé”, Paul Little3 enumera vá-rias ponderações importantes para quem deseja viver de forma a cele-brar o memorial que é Jesus Cristo. Transformamos essas ponderações em perguntas, para nossa reflexão:2 - Idem, pp 11-48.3 - LITTLE, Paul E. Como compartilhar sua fé. São Paulo: ABU, 1993.

- Jesus Cristo é o fundamento de nosso viver?- Temos dado bom testemunho aos demais acerca do que Ele repre-senta para nós e para o mundo? Que seria esse “bom” testemunho em atitudes?- Preservamos em nossa men-sagem a essência do memorial de Cristo, a saber, a oferta de si mesmo como sacrifício agradável a Deus, em favor dos pecadores, e sua notável ressurreição, que o coloca na posição de Senhor e Rei? Como?- Se a fé é a chave da despensa da vida, temos abastecido os ce-leiros da alma com a Palavra da Verdade do Evangelho? Como fa-zê-lo com eficiência?

Ao terminar este estudo, con-vém relembrar o estribilho do hino 487 do Cantor Cristão: “Precioso é Jesus para mim! (bis) Celeste pra-zer é Jesus conhecer! Precioso é Jesus para mim!”

Celebremo-lo, pois, irmãos!

Leitu

ra Di

ária

Segunda-feira: Êxodo 3.13-15

Terça-feira: Números 10.10

Quarta-feira: Malaquias 3.16-18

Quinta-feira: Lucas 22.19,20

Sexta-feira: 1 Coríntios 11.23-29

Sábado: João 21.24,25

Domingo: Tito 2.11-13

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Revista da Convenção Batista Fluminense

Ano 14 - n° 53 - Abril / Maio / Junho - 2017

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Currículo 2017

Primeiro TrimestreMais que Vencedores!Vitórias de Deus Ao nosso AlcancePr. Noélio Duarte

Segundo TrimestreJesus e Você, HojeLivro do Evangelho de JoãoPr. Davi Freitas de Carvalho

Terceiro TrimestreJosué: revelações de Deus através da históriaPr. Jonas Vieira Lima

Quarto TrimestreVida CristãPrincípios eternos para tempos melhoresPr. Elildes Junio Macharete FonsecaPr. Matheus Dutra Rebello

Algumas Igrejas poderão estar recebendo mais revistas que o número de jovens e adultos

matriculados na EBD ou em outro grupo de estudo bíblico. Por favor, avise a Convenção

se for este o seu caso. Queremos investir seu dízimo também em outros projetos.

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