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2. o o i? Joana Catarina Moreira de Matos Estudo da Síntese de derivados dipeptídicos como potenciais sistemas de cedência biorreversível de fármacos contendo o grupo amida/imida t PORTO FACULDADE DE CIÊNCIAS UNIVERSIDADE DO PORTO DEPARTAMENTO DE QUÍMICA FACULDADE DE CIÊNCIAS DA UNIVERSIDADE DO PORTO SETEMBRO 2007/2008

Joana Catarina Moreira de Matos - Repositório Aberto · 2017. 5. 10. · Joana Catarina Moreira de Matos ... Ana, Liliana, Tânia e Vânia. Vocês foram e são sempre essenciais

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Joana Catarina Moreira de Matos

Estudo da Síntese de derivados dipeptídicos como potenciais sistemas de cedência biorreversível de fármacos

contendo o grupo amida/imida

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DEPARTAMENTO DE QUÍMICA FACULDADE DE CIÊNCIAS DA UNIVERSIDADE DO PORTO

SETEMBRO 2007/2008

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Joana Catarina Moreira de Matos

Estudo da Síntese de derivados dipeptídicos como potencias sistemas de

cedência biorreversível de fármacos contendo o grupo amida/imida

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Depart. Química

Tese Submetida à Faculdade de Ciências da Universidade do Porto para obtenção do grau de Mestre em Química

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À Minha Família

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Agradecimentos À Professora Paula Gomes, por todo o apoio, incentivos, ensinamentos e opiniões fornecidos no decorrer deste trabalho de investigação. Contar com um sorriso, mesmo quando as coisas não correm como esperado, é uma mais-valia para que o trabalho decorra da maneira mais proveitosa possível, e uma ajuda para mantermos o optimismo e o interesse no trabalho desempenhado. Obrigada! ! !

Ao Nuno Vale, por ter sempre uma palavra amiga, incentivos e bons palpites. São estes que nos fazem acreditar que depois da tempestade vem sempre a bonança. Obrigada por todo o apoio e amizade que me dispensaste ao longo deste ano. Eu às vezes até consigo ser chata!!!!!!!!!!

À Joana, que embora esteja do outro lado da janela, está sempre pronta com uma

palavra amiga quando mais precisamos.

Às Marias, Ana, Liliana, Tânia e Vânia. Vocês foram e são sempre essenciais para manter uma boa auto-estima. Obrigada pela vossa boa disposição, e pelo interesse que sempre demonstraram por este trabalho, mesmo não percebendo nada do que estava a ser feito.

Aos colegas com quem compartilhei horas de trabalho, em especial à Sílvia, com quem dividi maior parte do meu tempo de trabalho, partilhando sucessos e insucessos. Obrigada a todos pois grande parte do sucesso de um trabalho está no bom ambiente de trabalho criado.

Aos meus pais, irmãos, tios, primos e avós, é de vocês que parte o primeiro incentivo, que nos faz acreditar que tudo é possível de alcançar. Obrigada por estarem presentes com uma palavra amiga sempre que necessário.

"É nas adversidades que nos conhecemos e nos revelamos."

A todos Obrigada!

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Resumo O desenvolvimento de pró-fármacos tem permitido melhorar o índice terapêutico

de diversos fármacos, por alteração das suas propriedades físico-químicas. Os pró-

fármacos por si só são inactivos, mas originam in vivo um ou mais metabolitos activos,

entre os quais o fármaco parental, através de activação enzimática ou química. A

maioria dos pró-fármacos são ésteres derivados de fármacos contendo grupos carboxilo

ou hidroxilo e sofrem essencialmente activação por via enzimática. Contudo, a

activação enzimática é afectada pela variabilidade biológica, o que justifica a procura de

estruturas activáveis exclusiva ou preferencialmente por via química.

O nosso grupo de investigação tem vindo a trabalhar com derivados dipeptídicos

de fármacos hidroxilados e aminados, activáveis através de uma reacção de ciclização-

eliminação que envolve a libertação do fármaco parental e da dicetopiperazina derivada

do transportador dipeptídico, tendo-se observado que a facilidade com que ocorre esta

activação química depende do pKa do fármaco enquanto grupo abandonante. O trabalho

descrito na presente dissertação incidiu no estudo da aplicação desta estratégia a

fármacos contendo o grupo amida ou imida, nomeadamente, a valpromida, a

etossuximida e a fenacetina. A aplicação de métodos clássicos de condensação

peptídica, desde o uso de agentes de condensação, de anidridos mistos, ou mesmo de

ésteres activos na presença de hidreto de sódio ou LiHMDS, permitiu demonstrar que a

baixa reactividade dos fármacos requer a utilização de condições reaccionais drásticas

para obtenção dos produtos-alvo. De todas as aproximações sintéticas testadas, aquela

que se baseou na catálise básica, usando LiHMDS como base, e ésteres de

pentafluorofenol como agentes acilantes, foi a que apresentou resultados mais

promissores.

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Abstract

The development of prodrugs has allowed the improvement of the therapeutic index of many drugs, by modulation of their physico-chemical properties. Prodrugs are pharmacologically inert chemical derivatives that, by chemical or enzymatic activation, are converted in vivo into one or more active metabolites, one of them the parent drug. Most of the prodrugs are ester derivatives of drugs containig carboxyl or hydroxyl groups, which are readily converted into the parent drug through enzymatic pathways. However, the development of prodrugs that can regenerate the parent drug through non-enzymatic pathways has emerged as an alternative approach in which prodrug activation is not influenced by biological variability.

Our research group has been working on drug modification with dipeptide carriers that can release the parent drug through a cyclization-elimination reaction that also yields the 2,5-diketopiperazine dipeptide cyclization product. The easiness with which this cyclization-elimination drug release pathway takes place has been found to depend on the drug's pK* that influences its leaving group ability. The work described in the present thesis was targeted at the application of a similar strategy to the synthesis of prodrugs of therapeutically active compounds containing either the amide or the imide functions, namely, valpromide, etossuximide and fenacetin. The aplication of classic peptide coupling procedures, as use of condensation agents, mixed anhydrides, or even active esters in the presence of sodium hydride or LiHMDS, showed that the low reactivity of the chosen drugs require drastic conditions to reach the target produis. Of all the synthetic approaches tested, the one based on basic catalysis using LiHMDS and pentafluorophenol esters as acylating agents presented the most promising results.

V

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Resume

Le développement des propharmaciens a permis d'améliorer l'indice thérapeutique de plusieurs produits pharmaciens, a travers le changement de leurs propriétés. Les propharmaciens en soi sont inactifs, mais ils provoquent m vivo un ou plusieurs metabolites actifs, parmis les quels le pharmacien parental à travers 1'activation enzimathique ou chimique. La plupart des propharmaciens sont esters dérivés de pharmaciens contenant des groupes carboxile ou hidroxile et ils sont activiés essentiellement par voie enzimatique. Cependant, l'activation enzimathique est influencé par la variabilité biologique, ce que justifie la recherche de structures activables exclusive ou preferablement par voie chimique.

Notre groupe de recherche travaille depuis longtemps avec des dérivés dipeptidiques de pharmaciens hydroxylés et aminés, activables a travers une réaction de ciclization-elimination qui suppose la liberation du pharmacien parental et d'une dicetopipérazine dérivé du transporteur peptidique, ayant été observé que la facilité avec laquelle cette activation chimique arrive dépend du pKa du pharmacien en tanta que groupe abandonnant. Le travail exposé dans cet essai se refere à l'étude de l'application de cette stratégie a des pharmaciens contenant le groupe amide, notamment, la valpromide, la, etossuccimide et la fenacetine. L'application de méthodes classiques de condensation peptidique y compris l'usage d'agents de condensation, d'anidrides mixtes ou mêmes d'esters actifs en presence d'hydrure de sodium ou LiHMDS a permis de démontrer que la faible reactivité des pharmaciens choisis exige l'utilisation de conditions de réactions drastiques pour l'obtention des produits-cibles. De toutes les expériences synthétiques essayées, celle qui s'est basée sur la catalyse basique, utilisant LiHMDS comme base, et des esters de pentafluorophénol comme des agents acilants, a présenté des résultats plus encourageants.

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índice Geral

Resumo IV

Abstract V

Resume VI

índice Geral VII

índice de Esquemas X

índices de Figuras XII

índice de Tabelas XIV

Lista de Abreviaturas XV

1. Introdução 1

1.1. Pró-Fármacos e sua Activação 1

1.2. Interesse dos Pró-Fármacos 3

1.3. Activação de pró-fármacos por ciclização intramolecular 5

1.4. Contextualização da Presente Dissertação 9

2. Âmbito e Objectivos do Projecto 12

3. Plano de Trabalho 15

4. Resultados e Discussão 17

4.0. Considerações iniciais sobre a JV-acilação de amidas 17

4.0.1. Recurso a carbodiimidas como agentes de condensação 17

4.0.2. Recurso a anidridos como agentes acilantes 18

4.0.3. 7V-acilação de amidas usando cloretos de ácido 20

4.0.4. Uso de ésteres activos como agentes acilantes 22

4.1. Estudo da N-acilação da Valpromida 24

4.1.1. Preparação da Valpromida 24

4.2. Aproximações sintéticas à JV-acilação da Valpromida 27

4.2.1. Condensação directa do dipéptido A^-protegido

(Boc.Phe.Gly.OH) 27

Vil

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4.2.2. Abordagens sintéticas baseadas no emprego de anidridos

mistos 36

4.2.3. Aproximação sintética com base no uso de ésteres activos 39

4.3. Estudo da iV-acilação da Etossuximida e da Fenacetina 45

4.3.1. Tentativas de iV-acilação da Etossuximida 45

4.3.2. JV-acilação da Fenacetina 46

4.4. Desprotecção do composto FNCT.GIy.Boc por acidólise 51

4.5. Condensação do amminoácido Boc.Phe.OH ao composto

FNCT-Gly (30) 55

5. Recurso a um reactor de síntese assistida por microondas 59

6. Considerações finais e Perspectivas Futuras 65

7. Procedimentos Experimentais 67

7.0. Notas Gerais 67

7.1. Preparação da valpromida a partir do valproato de sódio 69

7.2. Protecção da VPD com o grupo terc-butiloxicarbonilo (Boc) 70

7.3. Esterificação de Boc-AA-OH com pentafluorofenol (PFP) 71

7.4. Esterificação do Boc.Gly.OH com A/-hidroxissuccinimida (HOSu) 72

7.5. Metodologias de síntese testadas para a iV-acilação dos fármacos 73

7.5.1. Condensação do aminoácido ou dipéptido N-Boc protegido

via activação in situ promovida por carbodiimidas 73

a. Tentativa de condensação do aminoácido ou dipéptido à VPD

usando DCCI 73

b. Tentativa de condensação da Boc.Gly.OH à VPD, a baixa

temperatura e em atmosfera de árgon, usando DIPCDI 75

7.5.2. Uso de anidridos mistos como agentes acilantes: Tentativas

de condensação do aminoácido ou dipéptido à VPD usando o

anidrido benzóico na presença de ZnCb 77

7.5.3. Uso de ésteres activos como agentes acilantes 79

7.5.3.1. Tentativa de Af-acilação dos fármacos usando o éster

succinimídico da A^-Boc Glicina (Boc.Gly.OSu) 79

a. Usando K2CO3 como base 79

VIII

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b. Usando NaH como base 80 7.5.3.2. JV-acilação da FNCT usando ésteres

pentafluorofenólicos da iV -Boc Glicina (Boc.Gly.OPFP) 83 7.6. Desprotecção de FNCT.GIy.Boc: Remoção do grupo Boc por 85

acidólise com TFA 7.7. Tentativa de condensação do dipéptido A^-Boc fenilalanina ao 86

derivado FNCT.Gly 8 6

a. Com activação in situ promovida por carbodiimidas 86 b. Usando ésteres activos como agentes acilantes 87 c. Com activação in situ promovida pelo agente de condensação HCTU 88

8. Bibliografia

IX

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índice de Esquemas

Esquema 1: Representação esquemática do conceito de pró-fármaco. 1

Esquema 2: Representação esquemática de pró-fármacos por ciclização-

eliminação. 2

Esquema 3: Reacção de activação de um pró-fármaco por ciclização-

eliminação. 6

Esquema 4: O anião carboxilato na activação intramolecular de pró-

fármacos de fenóis. 6

Esquema 5: Estrutura química do fármaco KNI-727 e seus pró-fármacos. 7

Esquema 6: Activação dos pró-fármacos do KNI-727 por ciclização-

eliminação. 8

Esquema 7: Activação por ciclização-eliminação de derivados dipeptídicos

de um fármaco HX. 10

Esquema 8: Reacção de condensação do dipéptido Boc.Phe.Gly.OH aos

fármacos VPD (6), ESM (7) e FNCT (8) para obtenção dos derivados

dipeptídicos 13, 14 e 15. 15

Esquema 9:7V-acilação de amidas via carbodiimidas (A). 16

Esquema 10:/V-acilação de amidas via anidridos mistos (B). 16

Esquema 11: JV-acilação de amidas via ésteres activos com catálise básica

(C). 16

Esquema 12: Mecanismo da eventual JV-acilação de um fármaco amídico

com o dipéptido Boc.Phe.Gly.OH por activação in situ com carbodiimidas. 18

Esquema 13: Activação do anidrido por parte do MgBr2.OEt2. 19

Esquema 14: Reacção representativa da iV-acilação de uma sulfonamida

pelo método dos anidridos simétricos. 19

Esquema 15: Reacção representativa da 7V-acilação de uma sulfonamida

pelo método dos anidridos mistos descrito por Reddy et ai. 20

Esquema 16: Reacção de 7V-acilação de amidas usando cloretos de ácido. 21

Esquema 17: Reacção representativa da 7V-acilação de amidas, via

formação de um anidrido misto, usando cloretos de ácido. 21

Esquema 18: Reacção representativa da iV-acilação de amidas usando

ésteres activos com catálise básica. 23

X

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Esquema 19: Mecanismo da reacção de preparação da VPD a partir do valproate de sódio. 24 Esquema 20: Mecanismo hipotético da reacção de condensação do Boc.Phe.Gly.OH à VPD via carbodiimidas. 27 Esquema 21: Mecanismo da reacção de formação do éster etílico do dipéptido Boc.Phe.Gly.OH. 30 Esquema 22: Formação da JV-acilureia 21. 33 Esquema 23: Mecanismo hipotético para a iV-acilação da VPD via ésteres activos. 39 Esquema 24: Mecanismo da reacção projectada para a acilação da Boc-VPD a um éster activo e subsequente desprotecção para obtenção do composto pretendido. 41

Esquema 25: Esquema representativo da hipotética remoção de um H" da glicina no composto 30, gerando-se um enolato porventura capaz de atacar nucleofílicamente outra molécula de 30, conduzindo à formação de uma estrutura dimérica. 57 Esquema 26: Métodos testados em microondas usando a VPD, ESM e FNCT. 6 1

XI

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índice de Figuras

Figura 1: O anti-convulsionante Fenitoína e o seu pró-fármaco fosfenitoína. 4

Figura 2: Estrutura química do aciclovir e do seu pró-fármaco valaciclovir. 4

Figura 3: Derivados dipeptídicos do AZT (5a-h). 10

Figura 4: Derivados mono-substituídos da VPD. 13

Figuras 5: Espectros de massa (ESI-MS) da VPD: m/z (MH+) = 144,40

(esperado, 144,24). 25

Figura 6: Espectro de RMN^H (CDC13; 300 MHz) do composto VPD. 26

Figura 7: Espectros de massa (ESI-MS) do produto isolado na reacção A.l

(20). 28

Figura 8: Espectro de RMN^H (CDC13; 300MHz) do composto 20. 29

Figura 9: Espectro de massa (ESI-MS) do composto 21, isolado da reacção

A.2. 31

Figura 10: Espectros de fragmentação MS2 e MS3 do composto 21. 31

Figura 11: Espectros de RMN^H (CDC13; 300 MHz) do composto 21. 32

Figura 12: Espectro de massa (ESI-MS) dos compostos 22 (M') e 23 (M). 34

Figura 13: Estudos de fragmentação MS2 e MS3 do composto 23

(M-composto 23 e M'-composto 22). 34

Figura 14: Espectro de RMN-!H (CDC13; 300 MHz) do composto 22. 35

Figura 15: Espectro de massa (ESI-MS) e fragmentação MS2 do composto

isolado na reacção B.2. 37

Figura 16: Espectro de massa (ESI-MS) do composto isolado na reacção

C l (25). 40

Figura 17: Espectro de massa (ESI-MS) do composto isolado na reacção

D.l (27). 43

Figura 18: Estudo de fragmentação MS2, MS3 e MS4 do produto isolado na

reacção D.l (provavelmente apresentando a estrutura 27). 43

Figura 19: Espectro de massa (ESI-MS) do composto FNCT.Gly.Boc (29). 46

Figura 20: Espectro de RMN-'H (CDC13; 400 MHz) do composto

FNCT.Gly.Boc (29). 47

Figura 21: Espectro de RMN-13C (CDC13; 400 MHz) do composto

FNCT.Gly.Boc (29). 48

XII

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Figura 22: Espectro de DEPT (CDC13; 400 MHz) do composto

FNCT.Gly.Boc (29). 49

Figura 23: Espectro de massa (ESI-MS) do composto FNCT.Gly (30). 51

Figura 24: Espectro de RMN^H (MeOH; 400 MHz) do composto

FNCT.Gly (30). 52

Figura 25: Espectro de RMN-13C (MeOH; 400 MHz) do composto

FNCT.Gly (30). 53

Figura 26: Espectro de DEPT (MeOH; 400 MHz) do composto FNCT.Gly

(30). 54

Figura 27: Espectro de massa (ESI-MS) dos produtos (A e B) isolados na

reacção de condensação do aminoácido Boc.Phe.OH ao composto 30. 56

Figura 28: Aparelho de síntese assistida por microondas Discover

LabMate, com sistema de controlo de pressão IntelliVeni™. 60

XIII

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índice de Tabelas

Tabela 1: Reagentes e temperaturas de reacção usadas nas reações B1-3. 36 Tabela 2: Condições e Observações experimentais relativas às tentativas de

JV-acilação da VPD assistidas por microondas. 62 Tabela 3: Condições e Observações experimentais relativas às tentativas de iV-acilação da ESM assistidas por microondas. 63 Tabela4: Condições e Observações relativas às tentativas de iV-acilação da FNCT assistidas por microondas. 64 Tabela 5: Sistema de eluentes usados nas técnicas de cromatografia. 67 Tabela 6: Condições reaccionais usadas nas reacções de iV-acilação usando carbodiimidas. 76 Tabela 7: Condições gerais das reacções B.1-B.3. 78 Tabela 8: Reagentes e quantidades usadas nas reacções C.1-C.9. 81

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Lista de Abreviaturas

LiHMDS: bis(trimetilsilil)amida de lítio

DKP: dicetopiperazina

VPD: Valpromida

ESM: Etossuximida

FNCT: Fenacetina

VCD: Valnoctamida

VPA: ácido valpróico

DCCI: A^A^'-diciclohexilcarbodiimida

DIPCDI: JV.iV'-diisopropilcarbodiimida

DMAP: 4-(JV,Af'-dimetil)aminopiridina

HOSu: hidroxisuccinimida

PFP: pentafluorofenol

TF A: ácido trifluoroacético

DCM: diclorometano

DMF: dimetilformamida

DD2A: JV-etildisopropilamina

HO lit: 1-hidroxibenzotriazole

HBTU: hexafluorofosfato de 2-(1 H-

benzotriazol- l-il)-l,l,3,3 -tetrametilamínio

HCTU: hexafluorofosfato de 2-(6-cloro-

1 -hidroxibenzotriazol-1 -il)-1,1,3,3-

tetrametilamínio

Boc: férc-butiloxicarbonilo

eq.: equivalentes molares

Tami,: Temperatura ambiente

TLC: cromatografia de camada fina

ESI-MS: Espectroscopia de massa com

ionização por electro-spray

RMN-'H: Ressonância magnética nuclear

de protão

RMN-13C: Ressonância magnética

nuclear de carbono 13

DEPT: Distortionless Enhnacement by

polarization transfer

TMS: tetrametilsilano

TEA: trietilamina

DCU: N, W-diciclohexilureia

THF: tetrahidrofurano

si: singleto largo

m: multipleto

t: tripleto

s: singleto

d: dupleto

q: quarteto

ô: desvio químico

J: constante de acoplamento

XV

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1. Introdução

l.l.Pró-Fármacos e sua Activação

Muitos agentes terapêuticos apresentam propriedades farmacêuticas, farmacológicas e farmacocinéticas indesejáveis, que constituem barreiras à aplicação clínica desses agentes. O desenvolvimento de pró-fármacos é, actualmente, uma das mais importantes estratégias de melhoramento do índice terapêutico de diversos fármacos e da vectorização destes para libertação no local de acção (Esquema 1).[1"7'

Entrada no local de acção do fármaco

Fármaco

Esquema 1: Representação esquemática do conceito de pró-fármaco [4]

Activação (Química ou Enzimática)

unidade + ^transportadora

Os pró-fármacos são por si só inactivos, mas originam m vivo um ou mais derivados ou metabolitos activos, entre os quais o fármaco parental, através de activação química ou enzimática.[3"5'8) Os pró-fármacos podem ser considerados como sistemas bipartidos ou tripartidos (Esquema 2 - A e B, respectivamente). Os pró-fármacos bipartidos têm a unidade transportadora directamente ligada ao fármaco, ocorrendo a sua libertação aquando da activação do pró-fármaco. Este tipo de pró-fármaco é conseguido quando se logra estabelecer uma ligação entre o fármaco e a unidade transportadora, a qual seja depois quebrada por meio enzimático ou químico. Contudo, quando não é possível estabelecer este tipo de ligação directamente entre fármaco e transportador, pode utilizar-se um espaçador, que após activação e consequente libertação da unidade transportadora, se liberta por decomposição espontânea.'91

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B) Fármaco

Fármaco + Decomposição

Espontânea

Fármaco

Esquema 2: Representação esquemática de pró-fármacos bipartidos e tripartidos.

Pode-se efectuar uma discriminação entre os pró-fármacos obtidos intencional

ou fortuitamente. Como o nome indica, os pró-fármacos intencionais são obtidos por

derivatização ou modificação de um princípio activo conhecido. A maioria dos pró-

fármacos em uso clínico cai nesta categoria. No entanto, os pró-fármacos fortuitos,

ainda que em menor número relativamente aos intencionais, são importantes pois a

descoberta do princípio activo por eles libertado contribui significativamente para a

compreensão do mecanismo de acção do mesmo, descobrindo-se muitas vezes novas

classes terapêuticas.181

No que diz respeito à concepção de pró-fármacos, os químicos e bioquímicos

deparam-se muitas vezes com a dificuldade de prever ou alcançar a estrutura ideal ou

óptima, principalmente devido a dois factores: (i) a variabilidade biológica, resultado

das diferenças intra e inter-espécies na natureza das diferentes enzimas e dos diferentes

transportadores envolvidos no metabolismo de xenobióticos, e (ii) a potencial

toxicidade do pró-fármaco, que pode resultar da formação de um metabolito tóxico ou

reactivo, por decomposição metabólica do próprio pró-fármaco.[81 No âmbito da

optimização de pró-fármacos como sistemas de libertação de fármacos em locais

específicos, Stella e Himmelstein sugerem três factores: rápido transporte do pró-

fármaco até ao local de acção, activação selectiva e rápida absorção do fármaco. ]

Contudo, a activação selectiva de um pró-fármaco em determinado local do organismo

só é possível quando a enzima-alvo ou o transportador membranar específico são únicos

nesse tecido, ou pelo menos se encontram em maior quantidade relativamente à sua

expressão noutros tecidos. Os estudos desenvolvidos têm focado principalmente o

desenvolvimento de pró-fármacos compatíveis com transportadores membranares,

devido ao problema da variabilidade biológica associado à activação enzimática.

o ICTJ O-

o

1 O 2

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De entre todos os transportadores transmembranares, os transportadores de aminoácidos e oligopéptidos são os que suscitam maior interesse. Teoricamente, podem-se obter centenas de dipéptidos e tripéptidos pela combinação de 20 aminoácidos química e estruturalmente diversos, o que nos permite desenvolver substratos com maior especificidade para com o transportador em causa.[7]

O mecanismo de activação de um pró-fármaco é um ponto de interesse devido às vantagens e desvantagens apresentadas pelas duas vias principais de activação, química ou enzimática, já referidas. Embora a activação por via enzimática tenha a vantagem de o tempo e local de activação serem conhecidos, a variabilidade biológica a que esta está sujeita compromete a previsibilidade do sistema terapêutico, tornando-o pouco atractivo. Ainda assim, a maioria dos pró-fármacos em uso clínico é activada por via enzimática, sendo tipicamente ésteres derivados de fármacos contendo o grupo carboxilo ou hidroxilo.t5] O desenvolvimento de pró-fármacos activáveis exclusiva ou preferencialmente por via química surge como uma alternativa atractiva.15'101 Um caso particular de activação por via química, que tem atraído a atenção dos químicos nas últimas três décadas, é a ciclização intramolecular, que se descreve com maior detalhe na secção 1.3.

1.2.Interesse dos Pró-Fármacos

As razões que levam os cientistas a optarem pelo desenvolvimento de pró-fármacos são variadas, destacando-se como as mais importantes:

a) Biodisponibilidade - existe uma variedade de factores a ter em conta quando se pretende melhorar a biodisponibilidade de um determinado fármaco:

(i) solubilidade, que sendo muitas vezes baixa no fármaco, pode ser substancialmente aumentada por introdução de grupos hidrofilicos, como é o caso do fosfato; exemplo disso é o da fosfenitoína (b - Figura 1) um pró-fármaco do anti-convulsionante Fenitoína (a - Figura 1) que resulta da introdução de um grupo fosfato nesta última.

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OH

(b)

Figura 1: O anti-convulsionante Fenitoína e o seu pró-fármaco fosfenitoína.

Um potencial problema do uso de grupos solubilizantes é que estes podem originar metabolitos tóxicos. Por exemplo, apesar da introdução do grupo fosfato na fenitoína contribuir para o aumento da solubilidade deste fármaco para administração intravenosa, uma elevada concentração de fosfato, resultante da activação do pró-fármaco, poderá levar a problemas como falha do sistema renal e desordens do foro neurológico (comichões e alucinações sensoriais)1 ,

(ii) Absorção intestinal - a conjugação de fármacos com aminoácidos ou nucleósidos é uma das formas correntes de melhoramento da absorção intestinal, uma vez que é aumentada e melhorada a compatibilidade entre xenobiótico e transportadores intestinais. O valaciclovir (b - Figura 2) é um exemplo desta estratégia: é um pró-fármaco do aciclovir (a - Figura 2) que resulta da condensação deste ao aminoácido L-valina (Figura 2). O valaciclovir apresenta uma biodisponibilidde oral 5 vezes superior à do próprio aciclovir, como consequência da maior compatibilidade do pró-

fármaco com os transportadores oligopeptídicos epiteliais, como é o caso do hPeptl e do hPept2.[10]

o» EfeN N

(a) (b) Figura 2: Estrutura química do aciclovir e do seu pró-fármaco valaciclovir.

o id o

■ê O

o 3

■ f i -

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(iii) protecção dos fármacos contra degradação metabólica prematura/inactivante - a modificação dos fármacos pode também visar torná-los menos susceptíveis a sofrer degradação metabólica indesejada. Assim, procura-se que a acção terapêutica do fármaco no organismo seja mais prolongada, o que pode significar, em muitos casos, uma diminuição da dose e/ou número de doses que têm que ser administradas para se obter o efeito terapêutico desejado.1101

b) Distribuição Selectiva do Fármaco - este é um aspecto chave no desenvolvimento de pró-fármacos. Para isso, é necessário estipular os alvos concretos de acção do próprio princípio activo, como sejam transportadores ou enzimas específicas dos tecidos. Hoje em dia, muitos são os estudos desenvolvidos a pensar na especificidade de determinado agente terapêutico para com os receptores-alvo, principalmente no que diz respeito a agentes anti-neoplásicos.[101 O desenvolvimento de pró-fármacos dirigidos a alvos bem definidos requer um conhecimento sólido dos sistemas envolvidos, incluindo as suas características moleculares e funcionais. Recentemente, os avanços na clonagem genética permitem conhecer melhor a natureza molecular das enzimas e das proteínas constituintes dos transportadores, tornando possível o desenvolvimento mais eficaz de pró-fármacos dirigidos a um receptor específico.1101

O.Activação de pró-fármacos por ciclização intramolecular

De entre as várias reacções de activação não enzimática, a activação intramolecular (Esquema 3) é aquela que tem suscitado um maior interesse por parte dos investigadores.15'61 Classicamente, podem considerar-se duas estratégias para este tipo de activação, sendo a primeira baseada numa catálise intramolecular, enquanto que na segunda a activação dá-se por substituição nucleófila intramolecular.

A primeira estratégia, embora não se conheça nenhum pró-fármaco cuja activação ocorra intencionalmente segundo este mecanismo, resulta da existência de um catalisador intramolecular, como o caso de um grupo amino básico, que promove a hidrólise do fármaco.[6] « |

a A segunda estratégia corresponde a uma activação do pró-fármaco através de "«

U uma reacção de ciclização-eliminação, cujo princípio químico está demonstrado no £

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Esquema 5. Neste tipo de activação podemos considerar três vias de libertação do fármaco:

1) este corresponde ao grupo abandonante (HX) na reacção do Esquema 3; 2) este corresponde ao produto cíclico formado na reacção do Esquema 3; 3) o passo de ciclização-eliminação conducente à libertação do fármaco só ocorre após uma primeira reacção de pré-activação (geralmente enzimática) onde se gera a espécie activável por ciclização intramolecular (two-step prodrugs);

HX

X=RCT; RS"; RNH; ROOMÍ; Nu=lSr; COQ; CHouNbásico

Esquema 3: Reacção de activação de um pró-fármaco por ciclização-eliminação.[5]

A maioria dos pró-fármacos activáveis por ciclização intramolecular, proposta na literatura, segue a primeira via acima referida, isto é, o fármaco é o grupo abandonante da reacção. Dentro desta categoria, a grande maioria dos pró-fármacos possui um azoto (de um grupo amida ou amino) como agente nucleófilo. Begtrup et ai. propuseram o anião carboxilato como um agente nucleófilo alternativo, útil por exemplo na activação de pró-fármacos de fenóis (Esquema 4).[5]

COOH

© -II

i I I

+ H

CU / / W \

Esquema 4: O anião carboxilato na activação intramolecular de pró-fármacos de fenóis.[5)

Nos estudos desenvolvidos por estes autores verificou-se que a presença de um grupo carregado negativamente, perto da ligação éster, bem como o grau de ramificação da

o ft

1 O

3 1 U o

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cadeia alifática do substrato, toma estes pró-fármacos menos susceptíveis à degradação

enzimática. Demonstrou-se, também, que os hemiésteres alifáticos de fármacos

fenólicos se decompõem preferencialmente por ciclização intramolecular, a pH

fisiológico e em plasma humano, sendo a velocidade desta reacção influenciada pelo

pATa do fármaco, pelo tamanho da cadeia alifática do substrato e pelo grau de

ramificação da mesma. Todavia, os resultados obtidos para a degradação em fígado de

ratinhos demonstraram que a activação por catálise enzimática se torna bastante

significativa neste meio. Assim, apesar dos bons resultados apresentados em plasma

humano, é provável que o anião carboxilato não desempenhe um bom papel na

prevenção da activação por via enzimática ao nível do fígado.[7]

As amidas acídicas podem desempenhar o mesmo papel que um azoto

nucleofílico (de amina) e promover a reacção de ciclização intramolecular. Thomsen e

Bundgaard foram pioneiros nesta aproximação, mas mais recentemente Sohma et ai.

têm-na aplicado na síntese de pró-fármacos do KNI-727, um inibidor da protease do

HIV-1 (Esquema 5). Esta aproximação visou o aumento da solubilidade do inibidor em

condições fisiológicas.111'1 '

K M - 7 2 7

n = 2ou3

R = R-

- ( f f l i i — N

- (o%-

O -o IK1

— ( C H ^ — N O . H O

—(CH,) ,—N O I-CJ

lif'1

IK1

■N

-CHj- N. 1*1

Esquema 5: Estrutura química do fármaco KNI-727 e seus pró-fármacos. (a laranja está representado o espaçador e a verde o solubilizante).'141

1 o 5 O 7

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Utilizando-se a conversão por via química, em condições fisiológicas, a

activação do pró-fármaco poderá ocorrer em qualquer altura ou lugar desde que

reunidas as condições adequadas (por ex. pH). Portanto, este tipo de pró-fármaco deverá

apresentar um tempo de meia-vida adequado em condições fisiológicas, para além de

uma boa solubilidade que maximize a absorção intestinal do mesmo. Esta preocupação

está também patente no trabalho de Sohma et al., onde se caracterizaram diferentes

pró-fármacos do KNI-727 obtidos por modificações ao nível quer do espaçador

(n, Esquema 5), quer do grupo solubilizante (R, Esquema 5). [1U2] Dos diferentes

pró-fármacos estudados verificou-se que a libertação do fármaco parental ocorre

exclusivamente por quebra da ligação fármaco-substrato, através de uma reacção de

ciclização-eliminação, com formação de uma imida (Esquema 6).[11'121

Fármaco Parental

Fármaco Parental

OH k y ^ ^ N ( R >

Espaçador \ v.

Solubilizante

Esquema 6: Activação dos pró-fármaco do KNI-727 por ciclização-eliminação.[11]

De todos os grupos funcionais que podem ser utilizados como agentes

nucleófilos para a activação intramolecular de pró-fármacos, o grupo amino é o que tem

suscitado maior interesse por parte dos cientistas. Neste âmbito, os péptidos têm sido

propostos e largamente usados como unidades transportadoras biocompatíveis que

fornecem o grupo amino necessário para a activação do pró-fármaco. ' O uso de

péptidos na concepção de pró-fármacos activáveis intramolecularmente pode ter duas

finalidades: (i) o péptido actua como um pró-fármaco de um péptido cíclico bioactivo

que é formado no processo de activação por ciclização; (ii) o péptido corresponde ao

transportador ligado ao fármaco, que é o grupo abandonante no processo de ciclização

do péptido. É, no entanto, difícil conseguir uma ciclização espontânea de um

oligopéptido sem que haja intervenção de enzimas específicas, com excepção do caso

dos dipéptidos, que facilmente ciclizam dando origem a 2,5-dicetopiperazinas (DKP,

Esquema 7). De facto, quando o fármaco é o grupo abandonante numa reacção de

o -O O

o 3 f

s

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cichzação-eliminação envolvendo um transportador dipeptídico, este sofre aminóhse intramolecular pelo grupo amino do aminoácido W-terminal, da qual resulta, simultaneamente, a libertação da DKP e do fármaco parental.'51 Muitos são os trabalhos publicados nesta área, que podem ser facilmente revistos em diversos artigos de revisão existentes sobre o assunto.11'31

1.4.Contextualização da Presente Dissertação

No âmbito desta Dissertação, torna-se relevante focar o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido no grupo de investigação onde a investigação aqui descrita foi realizada. O grupo tem vindo a trabalhar neste campo, nomeadamente ao nível da concepção de pró-fármacos dipeptídicos de sulfonamidas (l)'31, paracetamol (2)[12131, AZT (3)[14] e Aciclovir (4).[15]

Assim, vários foram os derivados dipeptídicos desenvolvidos por Gomes e colaboradores, potencialmente activáveis segundo uma reacção de ciclização-eliminação, envolvendo a libertação do fármaco parental (HX) e da DKP derivada do transportador dipeptídico (Esquema 7).

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+ HX

X = R O ; R S ; R M Ï ; R C 0 N H EKP

Esquema 7: Activação por ciclizacão-eliminação de derivados dipeptídicos de um fármaco HX.

De todas as famílias de pró-fármacos desenvolvidas no grupo, a que se centrou

no AZT (3), o agente anti-HIV com maior aplicação clínica, foi a que apresentou

características mais promissoras. Assim, Santos et ai. desenvolveram uma família de

oito derivados dipeptídicos do AZT (5a-h, Figura 3) com o intuito de minimizar ou

eliminar os conhecidos efeitos perniciosos do AZT para o fígado e para a medula, ao

mesmo tempo contribuindo para o aumento de biodisponib il idade oral deste fármaco.'14)

A concepção de pró-fármacos dipeptídicos do AZT teve por base a busca de um

reconhecimento selectivo dos compostos por parte do transportador peptídico intestinal

hPeptl e a capacidade dos compostos libertarem o princípio activo por

ciclizacão-eliminação.

CFjCOj 1I,IN

a:R1=R2=H

b: R,= /Rr,R2= H

0 : 1 ^ = 0 ¾ ¾ ¾ ^ H

d: R==H;R2= ;1¥

f:R,=R2=/Tlr

g:R1=sBu;R2=7Pr

h R ^ F t R ^ C H j P h

Figura 3: Derivados dipeptídicos do AZT (5a-h)

Dos estudos efectuados com os derivados 5a-h, concluiu-se que estes são

activados por amino e diaminopeptidases, o que leva a uma libertação lenta e

quantitativa de 3, com a vantagem adicional dos substratos (pró-fármacos) serem menos

tóxicos que o fármaco parental.'141 Todos os derivados estudados apresentavam

afinidade significativa para com o transportador hPeptl, afinidade essa manifestamente

superior para os compostos que possuíam um aminoácido A'-terminal P-ramificado (Vai,

lie).'141 Em suma, os resultados demonstraram que, ainda que a sua activação não

ocorresse preferencialmente por via exclusivamente química, os derivados dipeptídicos

o «tf o | O

10

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podem ser uma solução viável para diminuir os problemas associados ao uso clínico do AZT, mediante uma escolha apropriada do transportador dipeptídico.1141

Os mesmos autores já haviam aplicado uma estratégia semelhante com o fármaco 2 (paracetamol), logrando diminuir a hepatoxicidade deste fármaco em ratos e comprovando que a libertação do princípio activo ocorria quase exclusivamente por ciclização-eliminação em tampão ao pH fisiológico, a velocidades que dependiam da estrutura do dipéptido.[5'12'13] Contudo, a velocidade de libertação em plasma humano revelou-se bastante elevada, indicando uma activação enzimática neste meio.15'12'131

Estes dois exemplos reforçam o elevado potencial que os transportadores dipeptídicos têm no desenvolvimento de pró-fármacos. Assim, no trabalho desenvolvido no âmbito da presente Dissertação, pretendeu-se aplicar a mesma estratégia a fármacos contendo o grupo funcional amida ou imida, de que são exemplos a valpromida, a etossuximida e a fenacetina.

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2. Âmbito e Objectivos do Projecto

O trabalho experimental a seguir apresentado está inserido num projecto de investigação que envolve o estudo da síntese de derivados dipeptídicos como potenciais sistemas de cedência biorreversível de fármacos contendo o grupo amida. Este projecto é levado a cabo no Grupo de Investigação de Síntese Orgânica de Compostos Biocompatíveis (Gisocb), do Centro de Investigação em Química da Universidade do Porto, sob a orientação da Professora Doutora Paula Gomes.

O principal objectivo do trabalho foi a síntese de potenciais pró-fármacos da valpromida (VPD, 6), etossuximida (ESM, 7) e fenacetina (FNCT, 8), que possuem o grupo funcional amida ou imida.

6 7 8

Os dois primeiros fármacos têm propriedades anti-convulsionantes notórias, mas estão associados a efeitos adversos que convirá eliminar ou minimizar num futuro próximo, visando abordagens mais seguras ao tratamento da epilepsia.

A valpromida, tal como a valnoctamida (VCD, 9) são carboxamidas derivadas do ácido valpróico (VPA, 10), um dos anti-convulsionantes mais utilizados em todo o mundo.[16] O ácido valpróico começou por ser utilizado como excipiente até que, em 1962, foi utilizado como solvente de potenciais agentes anti-convulsionantes, sendo descoberta a sua actividade farmacológica. Infelizmente, o VPA apresenta actividade teratogénica no Homem, para além de efeitos tóxicos para o fígado e pâncreas.[1720]

NH2 OH

O

'cT H O -o t/1 o >

-O

o 2

I o 3 EL

\'l

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O primeiro registo dos efeitos teratogénicos do VPA foi publicado em 1982.

Vários estudos in vitro foram desenvolvidos desde então para determinar a origem da

teratogenicidade deste fármaco, identifícando-se que este possuí um efeito

anti-proliferativo no crescimento celular. Curiosamente, esta descoberta abriu novas

perspectivas ao nível do uso do VPA para o tratamento de neoplasias.'19'211

Os efeitos adversos associados ao VPA originaram uma intensa procura de

derivados com maior/igual actividade terapêutica, mas com níveis de toxicidade

substancialmente inferiores.[1819J Estudos toxicológicos demonstraram que a presença

do grupo carboxílico na molécula do VPA é essencial para a sua actividade

teratogénica, o que conduziu ao desenvolvimento de amidas derivadas do VPA

caracterizadas por uma maior actividade anti-convulsionante e, potencialmente, menor

toxicidade.[22'23] A VPD é uma dessas amidas, sendo actualmente utilizada como

anti-epiléptico e anti-psicótico.p41 A VPD não apresenta actividade teratogénica e

possui uma maior actividade anti-convulsionante relativamente ao VPA.[18] Contudo,

coloca-se a questão de, no organismo, a VPD ser biotransformada em VPA.[24'25' Tal

não será inteiramente verdade se forem efectuadas modificações estruturais ao nível do

grupo amida, que irão certamente alterar os mecanismos de biotransformação da VPD.

Esta hipótese é sustentada pelos estudos farmacocinéticos de Tasso et ai. com vários

derivados mono e di-substituídos da VPD, demonstrando que estes actuam como

entidades intactas das quais apenas 4% é metabolizado a VPA.[25]

M i

HN O

11 12

Figura 4: Derivados mono-substituídos da VPD.

Neste contexto, o derivado 11 (Figura 4) foi o que apresentou resultados mais

promissores, sendo mais activo e menos tóxico que a estrutura parental.[25)

No âmbito desta Dissertação visou-se desenvolver derivados dipeptídicos da

VPD (12, Figura 4), tendo por finalidade a obtenção de potenciais pró-fármacos com

o CD

■5"

o -a m O >

CU

O

O

O

13

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índices terapêuticos melhorados face aos derivados do VPA actualmente disponíveis. A

aplicação de dipéptidos transportadores visou ir de encontro a uma provável activação

por ciclização intramolecular, na sequência de trabalhos que têm vindo a ser

desenvolvidos pelo grupo nesta área (já antes referidos).113'141

Pensou-se aplicar a mesma estratégia ao outro agente anti-convulsionante, a

ESM, em virtude deste fármaco estar associado a alguns efeitos hemato-, nefro- e

hepato-tóxicos. Na verdade, sendo a ESM o princípio activo de dois fármacos

largamente usados em casos clínicos de epilepsia, o Zarontin e o Emeside, é de todo o

interesse que se minimizem tais efeitos indesejáveis, permitindo a administração deste

princípio activo a pacientes que tenham deficiências funcionais a nível hepático ou

renal.'26"291

Já a inclusão da FNCT neste estudo foi feita com base em dois aspectos: em

primeiro lugar, porque este analgésico e anti-pirético derivado do paracetamol surge

como uma "evolução natural" do trabalho de investigação anterior do grupo sobre este

último fármaco e, em segundo lugar, porque existem evidências de uma certa

nefrotoxicidade associada a este fármaco.[30"351

Globalmente, a concepção dos pró-fármacos dipeptídicos aqui propostos visa em

última instância a minimização indirecta da toxicidade dos princípios activos, através de

um possível aumento da sua biodisponibilidade, com consequente diminuição das

dosagens necessárias para atingir um mesmo efeito terapêutico.

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3. Plano de Trabalho

Para atingir os objectivos sintéticos do presente trabalho, e devido à reconhecida

baixa reactividade das amidas face a agentes adiantes,l36] planeou-se levar a cabo um

extenso estudo metodológico visando a condensação dos três fármacos com o precursor

7V-Boc-protegido do dipéptido fenilalanilglicina (Esquema 8). Na prática, geralmente

optou-se por uma estratégia de condensação em dois passos, acilando-se o fármaco em

primeiro lugar com a A^-Boc-glicina e, após remoção do grupo protector do produto de

acilação, atilar este último com a A^-Boc-fenilalanina (Esquemas 9,10 e 11).

r 6 - - ^ A - V i T

■ <

BA O

vw V M F i/l

Ml

13

14

15

Esquema 8: Reacção de condensação do dipéptido Boc.Phe.Gly.OH aos fármacos VPD (6), ESM (7) e FNCT (8) para obtenção dos derivados dipeptídicos 13,14 e 15.

Considerando as estruturas dos fármacos em estudo, planeou-se iniciar o trabalho

focado nas reacções de JV-acilação da VPD (6). Sendo esta a única amida primária,

esperar-se-ia maior facilidade de Af-acilação neste caso, em comparação com os dois

outros fármacos. Projectaram-se três métodos diferentes de JV-acilação, nomeadamente:

A) activação in situ via carbodiimidas (Esquema 9);

B) activação in situ via anidridos mistos (Esquema 10);

C) activação via ésteres activos com catálise básica (Esquema 11);

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Etapa 1

a) Boc.Gly. KjCO, DCCI/DMAP 0 *€ ; t ambiente

b) Boc.Gly.OH DIP/DMAP -10 ° C ; t ambiente Argon

Boc.Phe.Gly.OH DCCI/DMAP

DIEA

DCM/TFA70% Na2C03 30%

Esquema 9: JV-acilacão de amidas via carbodiimidas (A) [49-50]

Boc.Phe.Gly.OH (PhCO)20

Etapa 1:

a) Boc.Gly. (PhCO)20 ZnCL

b) Boc.Gly.OH (PhCOJ20 ZnCl2

-5 °C

Esquema 10: /V-acilação de amidas via anidridos mistos (B).t40]

TEA ; DMAP ; Boc20 ; árgon VPD I >

Etapa 1:

a) Boc.Gly.OSu NaH 0 "C ; t. ambiente

b) Boc.Gly.PFP LiHMDS -78 °C

O Boc.Gly.OSu K.CO,

Esquema 11: iV-acilação de amidas via ésteres activos com catálise básica (C).[42,431

o 13

H (D

T3

H o B

Id

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4. Resultados e Discussão

4.0. Considerações iniciais sobre a JV-acilação de amidas

Tendo em vista os objectivos sintéticos acima referidos, procedeu-se a uma

pesquisa bibliográfica exaustiva sobre condições de acilação de amidas. Embora a

literatura existente sobre o assunto seja bastante escassa, e a maioria datada de meados

do século passado, foi possível encontrar alguns estudos recentes nesta áreaJ37"4 ' Regra

geral, as reacções relevantes, tal com estão descritas na literatura, diferem umas das

outras na forma de activação do agente acilante, para que se torne mais susceptível a

sofrer um ataque nucleófílo por parte do azoto amídico. Alguns dos métodos de acilação

mais relevantes, aplicados ou eventualmente aplicáveis a amidas, são apresentados de

seguida.

4.0.1. Recurso a carbodiimidas como agentes de condensação

As carbodiimidas são os agentes de condensação in situ por excelência. São

eficazes em síntese peptídica quer em solução, quer em fase sólida144"461, sendo também

aplicadas com sucesso na condensação de aminoácidos e outros componentes acilo a

fármacos hidroxilados e aminadosJ3'13'14'47"501

Gomes et ai. aplicaram com sucesso o método das carbodiimidas na

condensação de aminoácidos e dipéptidos A^-protegidos a sulfanilamidas. No entanto, a

iV-acilação destes fármacos ocorreu quase sempre exclusivamente no azoto anilínico,

havendo apenas casos pontuais em que o grupo sulfonamida se apresentou ligeiramente

reactivo face à acilação por aminoácidos. [3'49]

Ainda assim, considerou-se que seria relevante testar este método como via de o

JV-acilação das amidas em estudo, esperando-se um mecanismo reaccional como o g C/5

ilustrado no Esquema 12. ;/> O

T3

I 2 u 17

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Boc:

Boc

1)/1

N

H 1 NH

R" R.» C 3

R= -CH(C3H7)(C3H7) ; R'= -H R= -CH3 ; R'= -Ph-0-C2H5

R—R - -C(CH3)(C2H5)-CH2-CO-

Esquema 12: Mecanismo da eventual iV-acilação de um fármaco amídico com o dipcptido Boc.Phe.Gly.OH, por activação in situ com carbodiimidas.

4.0.2. Recurso a anidridos como agentes acilantes

Os anidridos são reconhecidamente mais electrófilos relativamente aos

correspondentes ácidos carboxílicos, sendo por isso muitas vezes utilizados como

agentes adiantes.139'40'51] No que diz respeito à JV-acilação de amidas, Yamada et ai.

utilizaram anidridos na presença de MgBr2.OEí2, obtendo resultados bastante

satisfatórios.í39] O MgBr2.0Et2 proporciona uma dupla activação, tanto do anidrido

como da amida, favorecendo a JV-acilação desta última (Esquema 13).

o id en

3

to O -o

1 > o s 1 U IS

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+ (R,00)20 ^ ¾ 0 ^ ° ¾

Esquema 13: Activação de anidridos e amidas por parte do MgBr2.OEt2.

No caso particular do uso de um dipéptido como componente acilo, este método

provavelmente conduziria à activação da própria ligação peptídica, devido à utilização

do MgBr2.0Et2I39] Tal poderia ser contornado por acoplamento passo a passo de cada

um dos aminoácidos ou, preferencialmente, por aplicação das condições propostas por

Reddy et al.[401 para a N-acilação de sulfonamidas. Estes autores sugerem o uso de um

ácido de Lewis, como catalisador, na reacção entre o anidrido e a sulfonamida

(Esquema 14).

XnCI, °\ P V HOs.

Esquema 14: Reacção representativa da JV-acilação de uma sulfonamida pelo método do anidrido simétrico.

Todos os ácidos de Lewis testados por Reddy et al.(ZnCl2, TiCL», BF3.Et20, MOCI5,

B(CÓF5)3 e Sc(OTf)3) apresentaram resultados bastante satisfatórios, pelo que os

mesmos autores testaram idênticas condições para a JV-acilação de sulfonamidas via

anidridos mistos. Para isso, fizeram reagir a sulfonamida directamente com o ácido

carboxílico desejado, na presença de anidrido benzóico (Esquema 15).[40'51]

o ÍCTJ in

3

in O -a

u 19

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ZnOL R OH

O O ° t o V R N R

H O

Esquema 15: Reacção representativa da Af-acilaçâo de uma sulfonamida pelo método dos anidridos mistos descrito por Reddy et al.[40]

O uso do anidrido benzóico prende-se com a baixa reactividade do componente

benzoílo relativamente ao outro componente acilo do anidrido misto formado in situ.

Desta forma, o ataque nucleófilo ocorrerá preferencialmente no grupo carbonilo do

ácido carboxílico usado, pois o grupo carbonilo do componente benzoílo encontra-se

estabilizado por ressonância.fM1

Face aos bons resultados deste método para a JV-acilação de sulfonamidas,

considerou-se como uma via sintética atractiva para alcançar os objectivos sintéticos da

presente Dissertação, com a vantagem adicional de envolver condições reaccionais

suaves e o uso de reagentes disponíveis comercialmente e de fácil manuseamento.'401

4.0.3. JV-Acilação de amidas usando cloretos de ácido

O uso de cloretos de ácido como agentes acilantes é muitas vezes preferido

relativamente ao uso dos correspondentes ácidos, devido à elevada reactividade dos

primeiros.

Bao et ai. efectuaram estudos de comparação entre o uso de cloretos de ácido e

anidridos, relativamente à sua eficácia na acilação de sulfonamidas. Das reacções

realizadas por Bao, verificou-se que aquelas que utilizavam os cloretos de ácido a

baixas temperaturas (T= 0 °C ou -20 °C), na presença de piridina, apresentavam maior

rendimento.1411

Geralmente, as reacções entre amidas e cloretos de ácido podem originar: a) uma

monoacilação, b) uma diacilação, e c) a formação de um nitrilo, sendo as condições

o íctf c/i o

O -a

1 I 3

20

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reaccionais, e muitas vezes a estrutura das amidas usadas, que determinam qual ou quais

das reacções ocorrerá em maior extensão.[52J A N-acilamida forma-se fazendo reagir o

cloreto de ácido directamente com a amida, na presença de uma base não nucleófila

para evitar a formação de sais não reactivos (Esquema 16), podendo esta reacção ser

catalisada por piridina ou 4-(Af,7V'-dimetil)aminopiridina (DMAP).l53]

o o líase

+ HO

R"

Esquema 16: Reacção de A/-acilação de amidas usando cloretos de ácido.

Porém, nem sempre o recurso a cloretos de ácido é eficaz para a N-acilação de

amidas, por reacção directa daqueles com estas. Ho et ai. desenvolveram um método

alternativo onde fazem reagir o cloreto de ácido com um ácido carboxílico, como

exemplificado no Esquema 17.

+ HCl

O O o

K"

Esquema 17: Reacção representativa da N-acilação de amidas, via formação de um anidrido misto, usando cloretos de ácido.

Ao fazer reagir o ácido carboxílico com o cloreto de ácido, a baixa temperatura, forma-

se um anidrido misto, que reagirá depois com a amida, originando o composto

desejado.[561 Adicionalmente, o uso de cloretos de ácido apresenta algumas

o ici C/5 c/l

3 c/l

CL»

c/l O

l á

I o 3 S. O 21

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desvantagens, pois estes agentes podem provocar a hidrólise de vários compostos,

promover a remoção de grupos protectores, ou ainda favorecer a racemização de

aminoácidos.^3"55' Para além disso, quando os cloretos de ácido não se encontram

comercialmente disponíveis, é necessário proceder à sua preparação, através de métodos

que envolvem riscos de segurança e técnicas menos triviais de manuseamento dos

reagentes.

4.0.4. Uso de ésteres activos como agentes acilantes

Os ésteres activos, ou reactivos, constituem também um exemplo clássico de

agentes acilantes. [42'43] Neste âmbito, Andrus et ai. desenvolveram um método de

jV-acilação de amidas baseado na reacção de um éster pentafluorofenólico (PFP, 18)

com a amida desprotonada, a baixa temperatura (T = -78 °C), na presença de uma base

forte como o bis(trimetilsilil)amida de lítio (LiHMDS).[42] Posteriormente, Tomasini et

ai.'43' aplicaram este mesmo método na acilação de amidas cíclicas, mas realizando as

reacções a temperaturas mais altas (T = 0 °C) e fazendo um estudo sistemático para

determinar qual a melhor base a usar neste tipo de reacções: 7V-etildisopropilamina

(DIEA), hidreto de sódio (NaH), LiHMDS, carbonato de césio (Cs2C03) e, 1,8-

diazobiciclo[5.4.0]undec-7-eno (DBU). Este estudo permitiu verificar que o uso de

DIEA, misturas DIEA/DMAP, ou CS2CO3 não conduziam a bons resultados. Em

contrapartida, os melhores resultados foram obtidos quando se utilizou LiHMDS,

embora o uso de NaH também tenha conduzido a resultados bastante satisfatórios.142'43'

Face aos resultados positivos destes autores, considerou-se relevante avaliar

também a viabilidade desta aproximação sintética para alcançar os objectivos do

trabalho. Devido, respectivamente, à sua disponibilidade comercial ou à facilidade da

sua preparação, optou-se por utilizar ésteres da glicina com hidroxisuccinimida (HOSu,

19) e com pentafluorofenol, para condensação deste aos fármacos amídicos em estudo, *gj M

como se ilustra no Esquema 18. Sendo esta aproximação eficaz, bastaria depois £

remover-se o grupo A^-protector e proceder ao subsequente acoplamento de ^ A^-Boc-fenilalanina.

c/l O

O

a

22

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1] NaH; BOC.GK.OSLI; (TC

Boc

R= -Cl\CJ I7XÇÎH7) ; R'= -H R= -0¾ ; R'= -n>OC,I-I3

R-R = -QQ I3XC,II,K3i-CX> 2] LiHMDS; Boc.ay.OPFP; -78PC

Esquema 18: Reacção representativa da AZ-acilação de arrudas usando ésteres activos com catálise básica.

Outros ésteres activos poderiam ser considerados para levar a cabo as

iV-acilações desejadas, como por exemplo, ésteres de 1-hidroxibenzotriazole (HOBt, 16)

ou de /?ara-nitrofenol (PNP, 17), mas não foram encontrados na literatura exemplos de

sucesso na aplicação destes ésteres à iV-acilação de amidas.

K « ^ ^ ^

/ \ HO F£> / \

16 17 F

18

O

C/Í

3

U c/> O

-O

1 Pi

u 23

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4.1.Estudo da A-Àcilação da Valpromida

4.1.1. Preparação da Valpromida

Foi necessário proceder à preparação da VPD a partir do valproato de sódio, na medida que apenas este e o VPA estão disponíveis comercialmente.

A síntese foi levada a cabo conforme descrito na Parte Experimental, tendo sido realizado um total de 23 reacções (R1-23), em que a VPD se obteve como um sólido branco, com rendimentos entre 60 e 80 %. Como se ilustra no Esquema 19, na reacção de preparação da VPD é utilizado um nucleófilo auxiliar, hexafluorofosfato de 2-(lH-bezotriazol-l-il)-l,l,3,3-tetrametilamínio (HBTU), que activará o grupo carboxilo do valproato de sódio, para que este sofra ataque nucleófilo por parte do cloreto de amónio (NH4CI), formando-se assim o composto desejado.

e œ s e O ]Sfe + NHj ca

NH,+ N Í C I

O t/í

o

C/5 O

T3 c3 +3

cu

> o 3 u 24

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NH,

Esquema 19: Mecanismo da reacção de preparação da VPD a partir do valproate de sódio.

Apenas o composto obtido na primeira reacção foi analisado por espectrometria

de massa (ESI-MS, Figura 5) e ressonância magnética nuclear de protão (RMN-'H,

Figura 6), para confirmação da sua identidade como sendo a VPD. Nas restantes 22

reacções, a identificação do produto foi feita por análise cromatográfica (TLC)

comparativa, usando-se uma porção da VPD sintetizada na primeira reacção como

padrão.

664.67

pgjmpal #44 RT: 1.22 AV: 1 NL: 4.80E5 T: + p ESlFullms [50.00-2000.00]

iooq 1 4 4 4 0 M ] H +

90

8 0 -

7 0 -

I 6

° 1 50 S

1 40

30

2 0 -

10

0

pgmpa1MeCH#41 RT: 0.73 AV: 1 NL 6WE5 T: ♦ p ESI Full ms [ 50 00-250 00)

rr

306.60 444 87 593.53

737.47

"" . "i"', ff-.T-f, ■?" , W r L t Á * * T ^ 100 120 MO 160 18C 200 220 240

808.40 1044.87

968.27 1191 27

164293 1429.40

1570.47 1736.47

1200 1400 200 400 600 800

Figura 5: Espectro de massa (ESI-MS) da VPD: m/z (MIT"): 144,40 (esperado, 144,24).

1000 m/z

1800 2000

O ici

3 l * >

<L> </) O

T3 B 3

> O

| 3,

2S

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Como se pode constatar da análise dos espectros de ESI-MS e RMN- H da VPD

sintetizada, esta apresentou a estrutura esperada.

Assim, o espectro de massa apresentou o pico-base a m/z = 144,40,

correspondente ao pico de ião quasi-molecular MET da VPD (m/z calculado de 144,24).

De referir que o elevado ruído registado no espectro resultou da baixa concentração da

amostra analisada.

1

Ippm(tl) ;n

2 S

/

JVA_

un 5.0 4.0 ~r ; i

.11! i i

Figura 6: Espectro de RMN-1 H (CDC13,300 MHz) do composto VPD.

0.0

Da análise do espectro de RMN-1!! foi possível confirmar a estrutura do

composto obtido. Observaram-se dois picos a cerca de 6 ppm correspondentes aos

protões do grupo amida (H^) , bem como os protões correspondentes aos grupos

metileno (Hkcbv) e aos grupos metilo (Ha,a-) nas respectivas zonas características

(respectivamente, 1,2 a 1,7 ppm e 0,91 ppm). O sinal do protão ligado ao carbono a

(H<i) foi também observado a 2,1 ppm.

o

S

1 I

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4.2. Aproximações sintéticas à JV-acilação da Valpromida

4.2.1. Condensação directa do dipéptido A^-protegido (Boc.Phe.Gly.OH)

com activação in situ mediada por carbodiimidas

A primeira abordagem à N-acilação da VPD com um dipéptido baseou-se na

condensação directa deste à VPD, usando a /V,/V'-diciclohexilcarbodiimida (DCCI) para

activação in situ do componente carboxílico (Esquema 20).

N -H H

Esquema 20: Mecanismo hipotético da reacção de condensação do Boc.Phe.Gly.OH à VPD via carbodiimidas.

o t/í

3

O

"2

I o B

27

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O seguimento da reacção (secção 7.5.1, reacção A.l) por TLC permitiu observar

a formação de um produto, que se isolou sob a forma de um sólido branco. Este sólido

foi analisado por ESI-MS (Figura 7) e RMN-'H (Figura 8), concluindo-se que o

composto obtido era o éster etílico do dipéptido A^-Boc protegido (20,

Boc.Phe.Gly.OEt).

20

pgma01aMeOH#6 RT: 0.15 AV: 1 N_: 6.44E6 T: + p ESI FUI ms [50.00-2000.00]

ioo 3 7 3 7 3 M l N a + pjna01**CH«130 Kf. 1.67 AV: 1 H.:2«E6 T: +p ESI RJ ms2 373 O0@280ni 1(1140-2000.00]

1Bh "«•» M-'BuINa*

Figura 7: Espectros de massa (ESI-MS e MS2) do produto isolado na reacção A.1 (20).

O espectro de massa apresentou-se compatível com o valor esperado para o

composto 20, tendo o pico-base m/z - 373,93, correspondente ao aducto de sódio MNa+

(m/z esperado de 373,18). A fragmentação adicional (MS2) do ião do pico base

conduziu a dois iões cujos valores de m/z eram compatíveis, respectivamente, com a

perda de um grupo terc-butilo e de um grupo Boc. Tal permitiu concluir que o

composto isolado seria derivado do dipéptido A^-Boc protegido usado na reacção.

o (03

3

O

M

I

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Figura 8: Espectro de RMN-'H (CDC13; 300 MHz) do composto 20.

A análise de RMN-'H do produto permitiu confirmar que o composto

apresentava a estrutura 20. Assim, para além da observação dos picos correspondentes

aos protões do dipéptido (H^'^J^J), nas suas zonas características, foi possível

verificar o aparecimento dos picos correspondentes aos protões dos grupos metileno

(Hb) e metilo (H.) a cerca de 4,1 ppm (quarteto, J = 7,14 Hz) e 1,2 ppm (tripleto,

J = 7,14 Hz), respectivamente.

Apesar de, à partida, parecer uma hipótese algo remota, pensa-se que devido à

baixa reactividade da amida (VPD) como nucleófilo, o próprio dipéptido possa ter

funcionado como nucleófilo atacando o grupo etilo da base usada na reacção

(JV-etildisopropilamina, DIEA), ocorrendo uma substituição nucleófila, como se ilustra

no Esquema 21.

o | 55

3 S en O

"S B

O

3 1 V

~7$~

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Esquema 21: Mecanismo da reacção de formação do éster etílico do dipéptido Boc.Phe.Gly.OH.

Partindo desta permissa, repetiu-se a tentativa de TV-acilação da VPD, mediada por carbodiimida, mas desta vez na presença de uma base inorgânica (K2CO3) e usando-se o aminoácido Boc.Gly.OH como agente acilante (secção 7.5.1, reacção A.2)

A reacção A.2 deu lugar à formação de um composto novo, que se isolou como um sólido branco. Este sólido foi analisado por ESI-MS (Figura 9) e RMN^H (Figura 11), verificando tratar-se de uma 7V-acilureia derivada do aminoácido (21).

o ictí

O m O -o S 1

O

3 1 o

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pgma11aMeOH#4 RT: 0.10 AV: 1 NL: 2.14E7 T: + p ESI Full ms [ 50.00-2000.00]

90

8 0 -

7 0 -

I 6

° | 50

I 40H

30

20

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cc

337.67 304.73 I

200 400

998.00

785.87

503.80 61187

^■Mf i^UMUiJ^t i^JpNi . 938.73 1066.33

600 800 1000

m/z

i I . . l l 1260.93 1567.73 l|M^>4Ji|l^M|ii»l|*l>i|nii|in>;»lil| •>..

1802.80

1200 1400 1600 1800 2000

Figura 9: Espectro de massa (ESI-MS) do composto 21, isolado da reacção A.2.

O espectro de ESI-MS evidenciou um pico-base a m/z = 404,40, compatível com

o aducto de sódio do composto 21 (m/z esperado de 404,51). Tal como no caso do

produto da reacção anterior (20), também estudos adicionais de fragmentação (MS 2 e

MS 3 ) permitiram avançar com alguma segurança que a estrutura do composto isolado

correspondia a 2 1 , pois na fragmentação M S 2 ocorreu a perda do grupo Boc, seguida da

perda da JV-ciclo-hexil-2-aminoetanamida, na fragmentação M S 3 (F igu ra 10).

MINa+

pgrrHl1aMO<75 RT 131 H/. 1 I t 28165 t+pE3Rim2«)«mg»oo[iioooeooa)|

3 0 1 1 9 M-BocJ*+

I O T » I W * » » I 5 7 m217 / v i tízna T. +pE9Hlma«iai@BG03U00eCB0O|8D0OaQ0C|

Figura 10: Espectros das fragmentações MS2 e MS3 do composto 21.

c/1

Q

> o ã & o 31

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O espectro de RMN-1!! veio corroborar a estrutura já deduzida através da análise

de massa. Neste espectro foi possível identificar o pico correspondente ao NH da

N-acilureia (Hd) e os picos devidos aos protões dos dois grupos ciclo-hexilo (Hf,g,g'jh4,i' e

Hejjy^m')^ P3™ atém dos picos característicos do aminoácido Boc-protegido.

b 1 e f

wu.

g i g ' + i n j i j

41111

111 I 111 I 1 I 1

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inn

6.0 I ' ' ' ' I

2.0 10 0.0 ppm(tl)

Figura 11: Espectro de RMN-'H (CDC13; 300 MHz) do composto 21.

A formação do composto 21 surgiu como mais uma consequência do modesto

carácter nucleófilo da VPD. De acordo com o mecanismo de activação via DDCI,

ilustrado no Esquema 20, a activação do aminoácido passa pela formação de uma

O-acilisoureia, como intermediário reactivo, em que o grupo carbonilo do aminoácido

está mais electrófilo, logo, mais propenso a sofrer um ataque nucleófilo. No entanto, se

a reactividade do agente nucleófilo for baixa, ou seja, o ataque deste ao aminoácido

activado for muito lento, favorecer-se-á o ataque intramolecular evidenciado no

Esquema 22, formando-se uma JV-acilureia (21), estável e não reactiva.

o «a in

3

tsi O

-O S <->

I

O. O

32

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Oacilisoureia

Esquema 22: Formação da Af-acilureia 21.

Face a estes resultados constatou-se, portanto, que não será possível recorrer a carbodiimidas para a activação do aminoácido que acilaria a VPD, pois a reacção de formação de 21 é a mais favorecida. Ainda assim, antes de se afastar definitivamente este método de condensação, realizou-se novamente a reacção (secção 7.5.1, reacção A.3) na presença de uma outra carbodiimida (/V.iV-diisopropilcarbodiimida, DIPCDI), a baixas temperaturas (T= -10 °C).

O seguimento da reacção A.3 por TLC permitiu verificar a formação de dois produtos que foram isolados e analisados por ESI-MS (Figura 12) e RMN-'H (Figura 14). Destas análises constatou-se que a estrutura do produto maioritário correspondia a 22, ao passo que o produto minoritário teria a estrutura 23.

o co CO

3 CO

4> co O

1 > O 3 ex CTS

O 33

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P9-nc01am1#10 RT: 0,28 AS/: 1 NL 3.09E7 T: ♦ p ESI Full ms [ 50,00-2000,00]

100-, ^1 6 0 M]N«*

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pjnc01am2l*OHíl2 RT: 0,03 AV: 1 NL: 8.86E6 T: ♦ p ESI Full ms [ 100,00-2000,00]

325,53 I,).,

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VTJNa*

481,93 M]Na»

44< «uUk jkMdmfm»ÍH if. 1000 1IXE

1641,07 1B5487 •0M ? . . , , , , . . 1 , ,

Figura 12: Espectro de massa (ESI-MS) dos compostos 22 (NT) e 23 (M).

No espectro de massa do produto 22 (B, Figura 12) o pico-base apresentou-se a

m/z = 324,23, compatível com o aducto de sódio MNa+ (m/z esperado de 324,27). Já no

espectro do composto 23 (A, Figura 12), o pico-base surgiu a m/z = 481,53, compatível

com o aducto de sódio MNa+ (m/z esperado de 481,55). No caso deste último composto,

foram também realizados estudos adicionais de fragmentação MS e MS , que

contribuíram para a confirmação da estrutura atribuída. Assim, na fragmentação MS

verificou-se a perda de um grupo Boc, enquanto que na fragmentação MS houve a

perda adicional de um dos aminoácidos, seguida da perda de mais um grupo Boc.

Paralelamente, foi também registada a fragmentação MS3 correspondente à perda dos

dois grupos Boc da estrutura 23 (Figura 13).

Nf*+

P9Tc01aTHUCHI52 RT: 0,97 AV 1 M: 0,570 T:+pE3FJnB24ei,[email protected])[13a0O2I»00|

3BW MBuc]Na+

M? 1

i*

395,40

M?

" " I " " 150)

pg™01m1MO-*85 RT. 1.25 AV 1 H: 1.ME7 T: + p ES FUI ms34BI ,0088000 381,0080000 [ 100,00-2)00,00]

i eo-I S , asj4

281,20 MŒte]N3+

Figura 13: Estudos de fragmentação MS2 e MS3 do composto 23 (M - composto 23 e M' - composto 22).

o tas t/5

3 c/1

t / l O

-o

ã I o 3 u 34

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O produto maioritário (22) foi analisado por RMN-'H, verificando-se, tal como

no composto 21, o aparecimento de picos relativos ao protão NH da W-acilureia (¾) e a

grupos zso-propilo (Hf^g^jg,').

Em suma, esta terceira reacção permitiu reforçar a inviabilidade do recurso a

carbodiimidas como agentes de condensação de aminoácidos ou dipéptidos A/"-Boc

protegidos à valpromida.

ppm(tl)

o i —• cr* ■o ^ t g Ï J o c l c ^ ^ r ° i o o o T O J O . 01 n n n n - • o o o» o> ■ ^ ^ ^ í ^ ^ f ^ ^ r c i r n

l l - l í

_J

g 'g

\k

Figura 14: Espectro de RMN-'H (CDC13; 300 MHz) do composto 22.

-1000

:JJOO

O C/5

3 c/1

<L> <*> O

-O

1 l 3 o 35

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4.2.2. Abordagens sintéticas baseadas no emprego de anidridos mistos

Face aos resultados apresentados na secção anterior, optou-se por recorrer à formação de um anidrido misto in situ para a activação do aminoácido ou dipéptido. Para tal, foram realizadas três reacções (B1.3) com vista à obtenção do composto-alvo. Na Tabela 1 encontram-se descritos os reagentes e as temperaturas de reacção utilizadas em cada uma das três reacções.

Tabela 1: Reagentes e temperaturas de reacção usadas nas reacções B u .

Reacção Reagentes T reacção/°C

B.l

Boc.Phe.Gly.OH ZnCl2

(PhCO)20 DCM

T„k

B.2

Boc.Gly.OH ZnCl2

(PhCO)20 DMF

T„

B.3

Boc.Gly.OH ZnCl2

(PhCO)20 DMF

-5 °C (2 h iniciais) —► Tmb

No seguimento da reacção B.1 por TLC, observou-se a formação de um produto que apresentava um Rf idêntico ao do produto formado na reacção A.1, isto é, ao composto 20 (secção 4.2.1, página 28). Após isolamento do produto da reacção B.1 e sua análise por ESI-MS (Figura 15), constatou-se que, efectivamente, o produto apresentava características compatíveis com a estrutura 20. M

«3

3 un

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pbmb01aMeOH#38 RT: 0.89 AV: 1 NL: 2.84E6 T: + p ESI Full m s [ 100.00-2000.00]

3 7 3 9 3 M]Na+ P b m b 0 1 a M c O H # 2 5 R T : 0 .5 9 A V : 1 N L : 4 2 6 E B T : * p E S I F u l l m s 2 3 7 4 . 0 0 ® 3 0 . 0 0 [ 1 0 0 . 0 0 - 2 0 0 0 . 0 0 ]

100^ , 3 W ° ° M-'Bu]Na+

M-Boc]Na+

200 400 600

2 0 0 4 0 0 6 0 0 1035.53

933.33,, | 1213.40 1348 47 , E < C , - , . , . . ( . i*r°r' 151533 166253 1844.73

jWHIMt^ l , ,>|Wrt|IU| 1,,<,,,',,' | 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000

mfe

8 0 0

Figura 15: Espectro de massa (ESI-MS) e fragmentação MS2 do composto isolado na reacção B.2.

Assim, o espectro de massa (Figura 15) apresentou o pico-base a m/z = 373,93,

compatível com o aducto de sódio, MNa+, do composto 20 (m/z esperado de 373,18).

Para além disso, o subsequente estudo de fragmentação MS2 mostrou a perda de grupos

'Bu e Boc, factos novamente compatíveis com a estrutura 20 e concordantes com

anteriores observações relativas ao produto da reacção A.1 (Figura 7, página 28). No

entanto, a origem do hipotético grupo etilo para formar o éster 20 não parece óbvia

neste caso, atendendo aos reagentes usados. Uma alternativa seria a interpretação do

pico-base observado como devido ao ião quasi-molecular do éster clorometílico do

dipéptido A^-Boc protegido (24), cujo valor de m/z para o ião mais abundante é de

370,83, sendo o grupo clorometilo proveniente do solvente (diclorometano).

24

Ainda assim, não só o valor de m/z registado se desvia quase quatro unidades

deste valor, como seria de esperar que o espectro de massa apresentasse também picos

importantes a m/z 372,13 e 371,13 atendendo à distribuição isotópica do cloro.

o na cn t/i 3 O t/l

cn O

CU P4

o

I O 37

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Infelizmente, não foi possível traçar um espectro de RMN- H do produto isolado, que permitisse confirmar (ou não) as hipóteses atrás levantadas.

Na eventualidade do solvente ter um papel relevante no curso da reacção B.l, optou-se por realizar nova reacção (B.2), usando-se DMF como solvente. Nesta reacção verificou-se a formação de uma mancha nova, que se isolou e analisou por ESI-MS. Desta análise constatou-se que não havia ocorrido a formação do composto pretendido. O subsequente estudo de fragmentação MS2 e MS3 do composto isolado não forneceu informação suficiente para uma identificação inequívoca do produto.

Atendendo a que, nas reacções anteriores, não se havia comprovado a formação do anidrido misto, a espécie reactiva requerida para a ocorrência da acilação desejada, optou-se por realizar uma nova reacção (B.3), mas que se manteve a baixa temperatura durante as primeiras duas horas, de acordo com procedimentos descritos na literatura'57'581. Durante essas duas horas de reacção, não se verificou a formação de qualquer produto. Mesmo assim, decidiu-se adicionar o fármaco após essas duas horas, o que conduziu à formação de um produto que se isolou como um sólido branco (m = 5,0 mg) e se analisou por ESI-MS e RMN-'H. Destas análises concluiu-se que, pese embora não identificada a sua estrutura, o produto isolado não correspondia ao composto-alvo.

Não se sabendo se o insucesso registado na aplicação do método dos anidridos mistos se deveu à não formação destes ou à baixa reactividade da VPD como nucleófilo, decidiu-se de qualquer forma abandonar esta via de síntese.

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4.2.3. Aproximação sintética com base no uso de ésteres activos

Em virtude das observações experimentais descritas nas secções anteriores,

decidiu-se abordar a JV-acilação da VPD mediante emprego de ésteres activos do

aminoácido (glicina) AT-Boc protegido (Esquema 23).

Começou-se por utilizar o éster de iV-hidroxisuccinimida da Boc.Gly.OH

(Boc.Gly.OSu), que se fez reagir com a VPD conforme se descreve na secção 7.5.3.1

(a). O acompanhamento da reacção por TLC permitiu detectar a formação de um

produto que se isolou por cromatografia em coluna sob a forma de um sólido branco

(m = 2,1 mg). Porém, as análises de ESI-MS e RMN-'H do produto isolado, ainda que

inconclusivas quanto à estrutura do mesmo, mostraram não tratar-se do composto-alvo.

Esquema 23: Mecanismo de reacção esperado para a iV-acilação da VPD via éster de HOSu.

Perante o insucesso obtido, e face a descrições na literatura em que se apontava

para a catálise básica por hidretos como um aspecto crucial para o sucesso na 7V-acilação

de amidas,142'431 decidiu-se repetir a reacção em condições idênticas, mas na presença de

hidreto de sódio. Da reacção realizada nestas condições (C.2) resultou um produto que

se isolou como um óleo amarelo (m = 15,2 mg) e cuja análise de ESI-MS (Figura 16)

revelou tratar-se, provavelmente, do produto de N.AT-diacilação da VPD (25).

o fed C/5 </> 3 c«

CD m O

T3 S

1 <L>

o 3 1 o 39

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H

/ XN/*\* 25

pg m dO1 a T: + p ES

M e O H # 1 7 9 R T : 3 , 1 0 A V : 1 N L : 7 , 6 1 E I I Fu l l m s [ 1 30 , 0 0 - 2 0 0 0 , 0 0 ]

4 8 0 , 8 0

I 50

40

3 0 -

20

1 0

0

3 2 3 , 6 0M]Na+

2 6 7 , 8 7

^

.XJ Na-

ÀI..^IAÀÙ ^Utll(U i iL^u 1 0 9 5 , 0 0 1 4 5 6 , 2 7

1000 1200 - i — r - " — i — i — i

1800 2000

Figura 16: Espectro de massa (ESI-MS) do composto isolado na reacção Cl (25).

Assim, o espectro de massa apresenta o pico-base a m/z = 480,80, compatível

com o aducto de sódio, MNa+, do composto 25 (m/z esperado de 480,56). No mesmo

espectro é também possível observar o pico a m/z = 323,60, compatível com o valor

esperado para o aducto de sódio do derivado mono-acilado da VPD (26), ou seja do

composto-alvo (m/z esperado de 323,39).

Boc

O

3

O c/> O

T3 c3

3

a, S3

O 40

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Se, por um lado, o produto predominante resultou da di-acilação da VPD, por

outro, não se podia garantir que o pico a m/z = 323,39 se devia à presença do composto

26, ou à formação deste último por fragmentação do composto 25 na fonte. Assim,

optou-se por realizar uma série de reacções (C.2 - C.5), nas quais se foram variando

diversos parâmetros experimentais, com a base usada, a proporção relativa dos

reagentes ou a sua ordem/forma de adição, como descrito na secção 7.5.3.1, Tabela 8,

sempre com o intuito de se favorecer a formação do derivado mono-acilado (26) em

detrimento do di-acilado (25). Contudo, nenhuma destas reacções conduziu à formação

de qualquer destes dois compostos.

Neste ponto, decidiu-se testar novamente a acilação nas condições de C.2, mas

utilizando VPD JV-Boc protegida, para garantir a entrada de apenas uma molécula de

aminoácido, segundo o esquema reaccional proposto no Esquema 24.

Esquema 24: Mecanismo de reacção projectado para a acilação da Boc-VPD com um éster activo e í> subsequente desprotecção para obtenção do composto pretendido. o

|

41

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Após, /V-protecção da VPD, segundo métodos descritos na literatura[ ' e fornecidos de forma detalhada na secção 7.5.3.1 (b), efectuaram-se duas reacções utilizando-se Boc-VPD (C.6 e C.7), mas em nenhuma se logrou detectar a formação do produto de TV-acilação desejado (27).

Em virtude dos resultados negativos obtidos com ésteres de /V-hidroxisuccinimida, mesmo na presença de hidretos, decidiu-se aplicar o método descrito por Andrus et al.,[42] usando-se LiHMDS como base, e ésteres de pentafluorofenol (PFP) como agentes acilantes, a -20 °C. Testou-se estas condições reaccionais com a Boc-VPD, isolando-se um produto que foi analisado por ESI-MS (Figura 17), RMN^H, RMN-13C e DEPT.

o o

Das análises espectroscópicas por massa logrou-se confirmar que se havia isolado o produto de /V-acilação esperado (27). Assim, o espectro de massa apresentou o pico-base a m/z = 423,27, compatível com o aducto de sódio, MNa+, do composto 27 (m/z esperado de 423,51).

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pgdv3b1 MeOH #28 R T : 0 , 8 5 AV : 1 N L : 1 , 9 1 E 7 T: + p ESI Full m s [85 ,00-2 000,0 0]

1 0 0 ^ 423,27 MNf

90

80

70-

I 6° | 5 0 -

I 1 40H a.

30

20

10

0

rvfflxJNÍ 3 2 3,27

267,13 24 0.07 j

823,20

740,20 580,33

uUi ^uv kyi. WL 9 7 9 5 3 1 1 8 3 , 0 7 1 3 5 5 , 1 3 1 5 8 5 , 1 3 1 8 5 1 , 3 3

500 1 0 0 0 m/z

1500 2000

Figura 17: Espectro de massa (ESI-MS) do composto isolado na reacção D.l (27).

O subsequente estudo de fragmentação MS2 (Figura 18) evidenciou a perda de

um grupo Boc. Fragmentações adicionais MS3 e MS4 conduziram à perda de um grupo

'Bu, seguida da perda de CO2, observação mais uma vez compatível com uma estrutura

original possuidora de dois grupos Boc, como é o caso de 27.

M]Na+

[ v ; , ^ h i r ^ PT 1.5S AV 1 NL 1.19E6 T: * p ESI F Jl ms2 423,[email protected],00-2000,00]

m-m M-Boc]Na+

MS2

I I 40-

MSJ

200 4M) 600 1000 1200 1400 1603 1800 2000

pgct*3b1*63 RT 1.71 AV: 1 W_: 2.80E5 T: * p E3 FUI ms3423.00@30 nn 323,00000.00 [ 35 002003,03]

, „ _ 267.X ,

| « 0 Í _§ j - ^ .

Ï 50:

1 M*u]Na*

M ^

T: >pi : -J l : i i l rmi iv.i'iv.n'Jii'n v u , w v n m *,7.oogp0.00[ 70002000.00]

too-, ^^tvf-BocJNa*

s «o;

Loi

Figura 18: Estudos de Fragmentação MS2, MS3 e MS4 do produto isolado na reacção D.l (provavelmente apresentando a estrutura 27).

o ryi

3

<D m O

-O

1

O

1 u - l i

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Todavia, as análises de RMN-'H, RMN- C e DEPT foram inconclusivas, no sentido de comprovar a estrutura do composto de uma forma inequívoca, uma vez que a quantidade de composto isolada foi demasiado baixa para obtenção de espectros com qualidade suficiente.

Na tentativa de aumentar a quantidade de produto foram realizadas mais três reacções, tendo-se igualmente isolado compostos que apresentavam Rf idêntico ao do produto da reacção anterior. No entanto, inesperadamente, os espectros de massa traçados para estes produtos não reproduziram o primeiro resultado, nem apresentaram informação útil no sentido de se identificar a estrutura dos produtos isolados nestas três reacções.

Perante a sucessão de resultados negativos nas diversas tentativas de 7V-acilação da VPD, mas tendo em conta o resultado aparentemente promissor da reacção, decidiu-se abandonar este fármaco e testar a aplicação das condições desta reacção para a JV-acilação dos outros dois fármacos considerados no plano de trabalho, nomeadamente a Etossuximida e a Fenacetina. Estas abordagens sintéticas são alvo de discussão na secção seguinte.

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4.3.Estudo da TV-acilação da Etossuximida e da Fenacetina

Perante as grandes dificuldades experimentais nas diversas tentativas de Af-acilação da VPD, mas ainda assim com resultados aparentemente promissores quando se recorreu ao uso de ésteres activos como agentes acilantes, na presença de bases fortes (Secção 4.2.3), decidiu-se aplicar este método para a tentativa de A -acilação da Etossuximida (ESM) e da Fenacetina (FNCT).

4.3.1. Tentativas de JV-acilação da Etossuximida

Começou-se por testar a viabilidade da TV-acilação da ESM usando Boc.Gly.OSu como espécie acilante, na presença de hidreto de sódio, como se descreve na secção 7.5.3.1 (b). No entanto, não se logrou detectar a formação do produto de acilação (28) esperado, detectando-se apenas a formação de quantidades mínimas de um composto cujo espectro de massa era incompatível com a estrutura 28.

28

Assim, passou a testar-se o emprego de um éster activo de pentafluorofenol (PFP), na presença de LiHMDS, de acordo com o método descrito por Andrus et al.,,42]

seguindo o procedimento apresentado na secção 7.6. Foram realizadas duas reacções (D.4 e D.5), de cada uma das quais sendo isolado um produto cujo espectro de ES1-MS (g

t/>

não se apresentou compatível com a estrutura do produto de g

JV-acilação pretendido (28). c/)

c/l O

B 3 v i I o 3 cl U

~45~

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4.3.2. /V-acilacão da Fenacetina

Apesar dos consecutivos resultados negativos, descritos nas secções anteriores,

decidiu-se fazer uma última tentativa de aplicação do método de Andrus et ai. para a

JV-acilação da fenacetina, como se descreve na secção 7.6.

Assim, realizou-se uma reacção, da qual se isolou um produto que se apresentou

como um sólido branco (m = 0,3353 g) cuja análise por ESI-MS (Figura 19), RMN-'H

(Figura 20), RMN-13C (Figura 21) e DEPT (Figura 22) mostrou

tratar-se do produto de A/-acilação desejado (29).

29 Boc

/ NH

p g d f e n 2 a # 2 3 R T : 0 , 6 1 A V : 1 N L: 1 , 05E 7 T: + p E S l F u l l m s [ 5 0 , 0 0 - 2 0 0 0 , 0 0 ]

1 0 0 3 5 9 . 2 7 l ^ h+

9 0 ^

8 0 ^

7 0 -

i '>»

I 50^| S 1 40 O.

3 0

20

1 0 -

o '. .-H

7.4 0 I

6 9 5.0 02

^

4 7 4 ,1 3

5 2 4 , 1 3

uiiLUui, t i,,4**»MÍm*í.ilã4MÀ« 1 1 3 6 , 6 0

1 4 0 0 . 6 7 1 5 1 4 , 8 0

1 7 3 5 , 8 7

1 851 ,27

1 000 m /z

JtH 11^11. .^ .1.11^1,1^1)- . .1^,1, . ,»,!<!<.,., W l H . . , ^ , ,4 L Figura 19: Espectro de massa (ESI-MS) do composto FNCT.Gly.Boc (29).

O espectro de massa apresentou o pico-base a m/z = 359,27, compatível com o

aducto de sódio, MNa+, do composto 29 (m/z esperado de 359,38).

,§ c/1 c/l

3 C/l

c/1 O

-o a ■*->

I

46

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ï j - v-i oo o en "Õ 0\ C W3 "tf ^ o> o . o> O; ^ r n en M c i

. ^

d+d' I c+c'

LI J L J L i ' ' ' ' i

8 0 7.0 ppm(tl)

6.0 :, n I ' ' ' ' I

4.0 3 0 11 ' ' i

0 0

Figura 20: Espectro de RMN-'H (CDC13; 400 MHz) do composto FNCT.Gly.Boc (29).

Relativamente à análise do espectro de RMN- H do composto 29, observaram-se, para além dos picos característicos do fármaco (H,-He), os picos correspondentes ao protão NH do grupo uretano (Hg) do aminoácido protegido, os dois protões do grupo metileno do aminoácido (Hf) e os protões relativos ao ferc-butilo do grupo Boc (Hh).

o I 3 t «

S <u cn O

"S B

I o a s. 0 47

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1.1

5+5' 4+4' i i

12 Kl I

l l l l

Figura 21: Espectro de RMN-13C (CDC13; 400 MHz) do composto FNCT.Gly.Boc (29).

O espectro de RMN-13C também se apresentou compatível com a estrutura do

composto 29, observando-se, para além dos picos devidos a carbonos do fármaco

(Ci-Cs), o aparecimento de dois picos na zona dos 160-180 ppm correspondentes aos

dois grupos carbonilo do aminoácido (C9) e do grupo Boc (Cu), e ainda os picos

correspondentes aos carbonos C12 e C13, relativos ao grupo Boc, e Cio, do grupo

metileno da glicina.

A atribuição dos picos observados neste espectro (Figura 21) aos carbonos

referidos veio a ser confirmada através de uma análise DEPT (Figura 22).

u ça I 1 I > o 3 S. a

48

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[3

4+4' 5+5'

10

200 180 160 140 120 100 80 60 40 20

Figura 22: Espectro de DEPT (CDC13; 400 MHz) do composto FNCT.Gly.Boc (29).

ppnr

Este resultado conduziu à constatação de que a aplicação do método descrito por

Andrus et al.[421 é viável para a #-acilação da FNCT com um aminoácido A^-protegido.

Globalmente, o trabalho descrito até aqui permite salientar o relativo sucesso ou

insucesso destas abordagens sintéticas, estando este bastante dependente, não só do

método de JV-acilação escolhido mas também da própria natureza da amida (ou imida)

como agente nucleófilo.

De salientar que, na planificação inicial do trabalho, se pensou que seria a VPD que

apresentaria características nucleófilas mais favoráveis, dado ser aquela em que o grupo

amida, primário, se apresentava estereoquimicamente mais desimpedido, não estando

ligado a grupos electroatractores. Em contraste, a ESM, pela sua rigidez estrutural e

pelo facto do seu azoto ser imídico, logo, vizinho de dois carbonilos que contribuem

para torná-lo menos nucleofílico, foi considerado como o menos promissor dos três

fármacos. À FNCT coube um lugar intermédio, em que um maior impedimento

estereoquímico (relativamente à VPD) faria antever algumas dificuldades.

Como se pode comprovar, a experimentação evoluiu em certa medida de forma distinta

do esperado, tendo-se maior sucesso na N-acilação deste último fármaco, porventura

<*> o O)

S O O) O -a a +-•

3 3

49

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fruto do efeito electrodoador (+M) do substituante etoxilo em posição para, que tenha contribuído para a maior nucleofílicidade do azoto.

O c/1

!

o B "ft

50

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4.4.Desprotecção do composto 29 por acidólise

Uma vez produzido, com sucesso, o composto 29 procedeu-se à remoção

acidolítica do seu grupo JV-protector, Boc. Obteve-se o composto desprotegido sob a

forma de um trifluoroacetato que, após neutralização com NaîC03 e extracção com

acetato de etilo, originou a respectiva base livre, 30. O composto 30 apresentou-se como

um sólido branco, sendo isolado com um rendimento de 70% e caracterizado por

ESI-MS (Figura 23), RMN-'H (Figura 24), RMN-13C (Figura 25) e DEPT (Figura

26).

p g r f 2 _ 0 8 0 5 2 1 1 0 1 0 1 4 # 4 6 R T : 0,79 A V : 1 N L : 1 . 1 2 E 7 T : + p E S l F u l l m s [ 5 0 , 0 0 - 4 0 0 , 0 0 ]

2 3 7 , 1 3 Kff-

290 ,80 279 ,07

1 00

326 ,87 J 342 ,87 3 9 9 ° °

300 350 400

Figura 23: Espectro de massa (ESI-MS) do composto FNCT.Gly (30).

O espectro de massa apresenta-se compatível com a estrutura do composto 30,

tendo pico-base a m/z = 237,13, correspondente ao ião quasi-molecular MH+

(m/z esperado de 237,28).

o iça

C/5

3 5 <u is> O

&

8 > i—<

o

a u 51

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f

- 1 5 0 0 C

Figura 24: Espectro de RMN-'H (MeOD; 400MHz) do composto FNCT.Gry (30).

Da análise do espectro de RMN-!H do produto desprotegido, constata-se o

desaparecimento do pico correspondente aos protões do grupo Boc e, ainda, do pico

correspondente ao protão NH do grupo uretano, agora convertido num grupo amino

primário (não detectado no espectro obtido de uma solução de 30 em MeOD). Todos os

restantes picos, referentes quer à glicina (Hf), quer ao fármaco (Ha-He), foram registados

com os desvios químicos, intensidades e multiplicidades esperados.

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Figura 25: Espectro de RMN-13C (MeOD; 400 MHz) do composto FNCT.Gly (30).

Também o espectro de RMN-13C do produto desprotegido permitiu confirmar o

sucesso da clivagem acidolítica do grupo Boc, verificando-se o desaparecimento dos

picos correspondentes a este grupo protector. Por sua vez, o espectro de DEPT atestou a

atribuição dos picos do espectro de RMN-13C, apresentado na Figura 25.

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Figura 26: Especro de DEFT (MeOD; 400 MHz) do composto FNCT.Gly (30).

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4.5. Condensação do aminoácido Boc.Phe.OH ao composto

FNCT.Gly (30)

Com vista à obtenção do composto-alvo (15), procedeu-se à condensação do

aminoácido Boc.Phe.OH ao composto 30 por activação in situ utilizando-se

carbodiimidas. Atendendo a que este método é geralmente aplicado com sucesso na

condensação entre aminoácidos ou destes a grupos nucleófilos (amino, hidroxilo)

presentes noutras moléculas, considerou-se adequado para o fim em vista.

No entanto, a reacção realizada tal como descrito na secção 7.8 (a) não conduziu

à formação do composto-alvo. Decidiu-se repeti-la a baixa temperatura

(7 = -10°C) e em atmosfera de árgon (secção 7.8 (a)), mas também neste caso os

produtos formados não apresentavam dados espectroscópicos compatíveis com a

estrutura esperada.

Decidiu-se, então, substituir a carbodiimida por um agente de condensação

derivado do 1-hidroxibenzotriazole, o hexafluorofosfato de 2-(6-cloro-l-

hidroxibenzotriazol-l-il)-l,l,3,3-tetrametilamínio (HCTU), conhecido por promover

condensações difíceis em síntese peptídica.[60,61] A utilização desta via de activação in

situ, como se descreve na secção 7.8 (c), não conduziu a resultados melhores que os o

anteriores. « 3 Perante o insucesso da activação in situ, optou-se por recorrer novamente a <g PÉ!

condensação via ésteres activos na presença de uma base (secção 7.8 (b)), o que c;

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conduziu à formação de dois produtos que, após isolamento, foram analisados por

ESI-MS (Figura 27).

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471,40 100n

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Figura 27: Espectros de massa (ESI-MS) dos produtos (A e B) isolados na reacção de condensação do aminoácido Boc.Phe.OH ao composto 30.

O espectro de massa do produto A (óleo amarelo) apresentou o pico a

m/z = 471,40, eventualmente compatível com um dímero desidrogenado do composto

30 (o valor de m/z esperado para M2-2H, sendo M a molécula 30, é de 470,54). Este

resultado poderá indiciar que o uso do hidreto conduziu à remoção de um Ha da glicina

no composto 30, gerando-se um enolato que atacaria outra molécula de 30,

obtendo-se um dímero deste mesmo produto (Esquema 25).

De facto, o LiHMDS é uma base muito forte frequentemente usada para gerar

enolatos para diversos fins sintéticos.160*621

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+ B-H

Esquema 25: Esquema representativo da hipotética remoção de um H" da glicina no composto 30, gerando-se um enolato porventura capaz de atacar nucleofílicamente outra molécula 30, conduzindo à formação de uma estrutura dimérica.

O segundo pico mais relevante do espectro de massa do produto A apresenta

um valor de m/z compatível com o aducto de sódio do produto esperado, 15 (m/z

esperado de 506,56), sugerindo que pelo menos uma parte dos reagentes foi consumida

na reacção desejada. Infelizmente, a pequena quantidade de "Produto A" e o insucesso

das subsequentes tentativas de separação dos dois componentes principais, impediram a

realização de análises espectroscópicas adicionais (RMN) que confirmassem esta

hipótese de forma inequívoca.

No que diz respeito ao segundo produto da mesma reacção (B), o respectivo

espectro de massa apresentou o pico-base a m/z = 287,13, compatível com o aducto de

sódio da ^/"-Boc-fenilalanina, muito provavelmente formada por hidrólise parcial do

éster activo de pentafluorofenol utilizado na reacção.

Em suma, pode-se concluir desta parte do trabalho que a condensação de um

aminoácido (e, provavelmente de um qualquer componente acilo) a uma

A/-aminoacil-fenacetina não é um processo trivial, na medida em que apenas houve

indícios de algum sucesso quando se recorreu a ésteres activos na presença de hidretos.

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Tal método, por seu turno, parece ter estado na base da ocorrência de uma reacção indesejada como evento principal, provavelmente catalisada por hidretos.

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5. Recurso a um reactor de síntese assistida por microondas

Hoje em dia, as reacções assistidas por micro-ondas são utilizadas como forma

de simplificar as condições reaccionais e melhorar os resultados de muitas reacções de

síntese. Regra geral, as sínteses assistidas por microondas desenrolam-se mais

rapidamente, com menos reacções laterais, com melhores rendimentos e com maior

reprodutibilidade, relativamente às reacções realizadas em condições normais.'52'64'6

Estudos realizados por Hellal et ai. demonstraram que reacções de síntese de

pseudo-péptidos desenvolvidas nas mesmas condições (tempo e temperatura), mas sem

micro-ondas, apresentaram rendimentos bastante inferiores aos daquelas realizadas sob

irradiação com microondas. Assim, para que se conseguisse um rendimento idêntico, o

tempo de reacção teria que ser 10 vezes superior, relativamente ao procedimento com

micro-ondas.t66]

A aplicação da síntese assistida por microondas é bastante alargada na

preparação de péptidos e outros compostos orgânicos,163'671 sendo que o seu emprego em

reacções "secas" (sem solvente) tem atraído o interesse da indústria química, pelas

vantagens inerentes à ausência do recurso a solventes em termos económicos,

processuais e ambientais.1681

Face aos bons resultados de outros grupos de investigação em síntese assistida

por microondas (MW), optou-se por testar esta abordagem, aplicando-a aos métodos de

síntese atrás descritos. Para tal, utilizou-se um aparelho Discover LabMate da CEM

com IntelliVent™ Pressure Control System (Figura 28), realizando-se experiências

piloto em vasos reaccionais de volume máximo 10 mL, nas seguintes condições:

Potência (MW): 150 W; g -a

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Temperatura: 80 - 120 °C; . | i o.

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%^mw>i0i^ Figura 28: Aparelho de síntese assistida por microondas Discover LabMate, com sistema de controlo de pressão IntelliVenP4.

No Esquema 26, apresenta-se um diagrama ilustrativo de todas as reacções

testadas com irradiação por microondas, cujas condições e observações experimentais

se compilam nas Tabelas 2 a 4.

A : Boc.Gly.OH, Boc.Phe Gly.OH ou Boc.AlaGly OH (1,1 cq); DMAP(1.1 eq); K2CO,(].l cq); DIPCD1 (1.1 cq); DMF;

B : Boc.Gly.OH (1,2 eq); ZnCl2 (0,05 eq); (PhCO)20 (1,2 eq); DCM;

C : Boc.Gly.PFP (2 eq); LiHMDS (2 eq); THF;

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D : Boc.Phe.Gly.OH (1,1 eq);DMAP (1,1 eq); K2CO, (1,1 eq); DIPCDI (1.1 cq); DMF;

E : Boc.Gly.PFP (2 eq); LiHMDS (2 eq); THF;

F : Boc.Phe.Gly.OH (1,1 eq); DMAP (1,1 eq); KjCO, (1,1 eq); DIPCDI (1,1 eq); DMF;

G : Boc.Phe.OH (1,1 eq); HOBt ( 1,2 eq); DIPCDI (1,2 eq); TEA (4 ai); DMF;

I : Boc.Gly.PFP (2 eq); LiHMDS (2 eq); THF;

: este passo reaccional foi realizado por síntese convencional, isto e. na ausência de irradiação

por microondas (secção 4.3.2 e 4.4);

Esquema 26: Métodos testados em microondas usando a VPD, a ESM e a FNCT.

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6. Considerações Finais e Perspectivas Futuras

Analisando globalmente as observações experimentais e resultados registados no

decurso do trabalho de investigação aqui descrito, conclui-se que a A/-acilação de

amidas/imidas é uma reacção extraordinariamente difícil, mesmo quando se recorre a

condições mais fortes como o uso de hidretosfàases fortes para a catálise básica ou o

recurso a síntese assistida por microondas. Ainda assim, e apesar da quase total

impossibilidade de fazer reagir os fármacos da forma desejada, em grande parte devido

ao seu carácter nucleófílo fraco ou mesmo nulo, logrou-se observar a N-acilação da

fenacetina por recurso a um éster pentafluorofenólico da A^-Boc-Glicina e a uma base

muito forte, o LiHMDS. O produto de iV-acilação foi obtido com um rendimento

aceitável (24%) e mostrou-se resistente às condições acidolíticas de remoção do grupo

A^-protector (Boc). Porém, não reagiu da forma esperada nas subsequentes tentativas de

condensação do segundo aminoácido, revelando-se aparentemente não reactivo face à

condensação com activação in situ mediada quer por carbodiimida, quer por sal de

amínio. Em contrapartida, novamente o recurso a ésteres activos e à catálise por base

forte foi a única via que mostrou resultados aparentemente promissores, se bem que

com indícios da promoção de reacção indesejada por parte da base.

Relativamente aos outros dois fármacos, verifícou-se uma quase ausência de

reactividade por parte da etossuximida, independentemente do método usado, ao passo

que a JV-acilação da valpromida foi detectada aquando do recurso a um éster activo

(JV-pentafluorofenólico) na presença de LiHMDS. *3

Por tudo o acima exposto, parece razoável concluir que a JV-acilação destes três

fármacos, ou pelo menos da fenacetina e da valpromida, terá sempre que passar pelo

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recurso a ésteres activos como espécies acilantes e a hidretos ou LiHMDS como g-<L>

catalisadores básicos. Provavelmente, o binómio éster pentafluorofenólico/LiHMDS ^

será um factor-chave para o sucesso, requerendo este último uma optimização cuidadosa a

das condições reaccionais. c c«

Atendendo a que o recurso a síntese assistida por microondas em nada melhorou 'o-t-H

os resultados obtidos pela via convencional, uma futura abordagem aos objectivos TÍ

sintéticos aqui apresentados poderá passar pela preparação do éster pentafluorofenólico o

do dipéptido A^-Boc protegido e sua posterior condensação, na presença de LiHMDS, £! o

quer à fenacetina, quer à iV-Boc-valpromida. Uma outra aproximação para a obtenção de 3 í 65

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./V-acil-valpromidas poderá passar pelo uso de ácido valpróico como agente acilante e do derivado amídico do aminoácido ou dipéptido como agente nucleófilo.

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7. Procedimentos Experimentais

7.0. Notas Gerais

Nas reacções realizadas neste trabalho experimental foram utilizados

aminoácidos e dipéptidos A^-protegidos da NovaBiochem e da Bachem,

respectivamente. Todos os solventes usados eram de qualidade pró-análise e, quando

necessário, os solventes foram previamente secos com filtros moleculares (4 À)

pré-activados.

Para o seguimento das reacções, e para confirmação da homogeneidade dos

compostos isolados, recorreu-se à técnica de cromatografia em camada fina (TLC). Para

execução desta técnica utilizaram-se placas de alumínio recobertas com gel-sílica 60

F254 (0,25 mm) da Merck, sensíveis à luz ultravioleta de comprimento de onda 254 nm.

A revelação dos cromatogramas fez-se por irradiação com luz ultravioleta 254 nm e,

adicionalmente, por pulverização com uma solução de dicarboxidina, após exposição

das placas a atmosfera de cloro.

Na purificação dos compostos sintetizados foram utilizadas técnicas como a

extracção líquido-líquido, e a cromatografia líquida de adsorção em coluna. Para

execução desta última utilizou-se uma suspensão de gel-sílica 60 (70-230 mesh ASTM)

da Merck, num eluente adequado, como fase estacionária. O sistema de eluentes

utilizados em cromatografia, quer em placa, quer em coluna, encontram-se indicados na

Tabela 5

Tabela 5: Sistemas de eluentes usados nas técnicas de cromatografia. Sistema de Eluentes Composição

A DCM/Me2CO(l:l)

B AcOEt/n-Hexano(l:4)

C DCM/Me2CO(3:l)

D DCM/Me2CO(6:l)

E AcOEt/n-Hexano(3:l)

A evaporação dos solventes foi sempre realizada sob pressão reduzida

evaporador rotativo Heidolph Laborota 4001. em

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A análise dos compostos isolados por espectrometria de massa foi realizada em espectrómetro de massa Finnigan Surveyor LCQ DEÇA XP MAX. Todos os espectros foram obtidos no modo positivo, sendo as amostras preparadas em metanol (Sigma-Aldrich).

Os espectros de RMN^H e RMN-13C de alguns compostos foram traçados em espectrómetro Bruker AMX (300 MHz), na Universidade de Santiago de Compostela. Para outros compostos, os espectros de RMN^H, RMN-13C e DEPT foram traçados em espectrómetro Bruker Ultrashield 400 Plus (400 MHz), na Universidade do Porto. Os desvios químicos observados foram registados relativamente ao padrão interno tetrametilsilano (TMS) em soluções dos compostos em clorofórmio deuterado ou metanol deuterado.

As reacções assistidas por micro-ondas foram realizadas no aparelho Discover LabMate com IntelliVent™ Pressure Control System da CEM.

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[33] 7.1.Preparação da Valpromida a partir do valproato de sódio

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Dissolveu-se o valproato de sódio (0,5439 g; 3,273 mmol) e 1,5 equivalentes

molares (eq.) de HBTU em 12 mL de DMF. A mistura foi deixada em agitação

magnética durante 5 minutos, ao fim dos quais se adicionou à mistura 2 eq. de NH4CI e

de DIEA. A mistura permaneceu em agitação magnética por mais 30 minutos.

Finda a reacção, procedeu-se à filtração da solução obtida e à posterior remoção

do solvente por evaporação. O resíduo daí obtido apresentou-se como um sólido

amarelado que, por TLC, se verificou tratar de uma mistura.

Procedeu-se, então, a uma extracção ácido-base para remoção das impurezas,

dissolvendo-se a mistura em 50 mL de solução aquosa saturada de NaCl e extraindo-se

com 3 porções de 25 mL de acetato de etilo (AcOEt). A fase orgânica resultante foi

lavada com duas porções de 20 mL de solução aquosa de HC1 a 2M, seguida de 2

porções de 20 mL de H20, 2 porções de 20 mL de solução aquosa saturada de NaHCC>3

e 2 porções de 20 mL de H20. A fase orgânica foi seca com Na2SC>4 anidro durante 10

minutos, sendo o sólido removido por filtração por gravidade e o filtrado levado à

secura por evaporação.

Obteve-se um sólido branco (0,3231 g; 68,9%) que, por TLC, se verificou estar

cromatograficamente homogéneo: Rf (A)= 0,39. A análise do sólido por RMN- H

permitiu confirmar que se tratava da valpromida pretendida. . |

RMN-1!! (CDCb; 300 MHz) S

5,92 (si; IH, -CO-N#(H)); 5,55 (si; IH, -CO-NH(//)); 2,20 a 2,08 (m; IH, >C//-CO-); g cx,

1,66 a 1,22 (m; 8H, [ C ^ O L » ) ; 0,91 (t, J= 6,95 Hz; 6H, [C//KCH2)2]2-); £ m/z (MH+) = 144,40 (esperado 144,23)

(Si

O |

1 As restantes reacções de síntese da valpromida, R2-23, foram realizadas de modo g

(S idêntico, confirmando-se a identidade dos respectivos produtos por TLC comparativa, - • usando o composto obtido na primeira reacção (Ri) como padrão. 0 I

Î 69

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7.2. Protecção da VPD com o grupo terc-butiloxicarbonilo (Boc) [59]

o o o o

NB, + o-

(BccfeO

N ' ^ + C a + 'HuOM H

A uma solução de VPD (0,4690 g; 3,274 mmol) em 20,0 inL de DCM seco,

adicionou-se 1 eq. de TEA, 2 eq. de (Boc)20 e 1 eq. de DMAP. A mistura foi mantida

em agitação magnética e à temperatura ambiente por 4 horas.

Terminada a reacção, evaporou-se o solvente sob vácuo, e o resíduo daí

resultante foi purificado por cromatografia em coluna, usando-se o eluente B (Tabela

5). Após combinação de todas as fracções que continham o produto puro, e evaporação

do solvente, obteve-se o composto final como um sólido branco em forma de agulhas

(0,1125 g; 14,1%) que, por TLC, se verificou estar cromatograficamente homogéneo,

Rf (B) = 0,34. A análise estrutural do produto isolado (RMN-'H, RMN-13C e ESI-MS)

permitiu confirmar que se tratava do composto desejado.

RMN-*H (CDCb; 400 MHz)

7,28 (si; IH, -N//-CO-); 1,67 a 1,60 (m; IH, >C//-CO-); 1,50 (s; 9H, -C(CH3)s), 1,45 a

1,27 (m; 8H, 2x(-(C#2)rCH3)); 0,89 (t, J = 7,30 Hz; 6H, 2x(-(CH2)2-C#J)).

RMN-13C (CDCb; 100 MHz) 149,89 (-CO-NH-); 148,84 (-NH-CO-0-); 82,33 (-0-C(CH3)3); 45,20 (>CH-CO-);

34,45 (-CH2-CH2-CH3 e -CH2-CH2-CH3); 27,66 (-C(CH3)j); 20,43 (CH3-CH2- e

CH3-CH2-); 14,10 (CH3-CH2- e CH3-CH2-).

m/z (MNa+) = 266,93 (esperado 266,24).

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7.3.Esterifícação de Boc-AA-OH com Pentafluorofenol (PFP) [69]

F F O Fv , F

3oc y R

R=-H,a - CH2Ph, b

N. A„. V°>cFtIÍ F F

Uma solução contendo Boc-AA-OH (1,0175 g; 5,8082 mmol) e 1,1 eq. de PFP,

em 20,0 mL de AcOEt, foi arrefecida num banho de gelo, adicionando-se de seguida 1,1

eq. de DCCI sob agitação magnética. A mistura permaneceu em agitação e banho de

gelo durante 1 hora, após o que se removeu a ureia precipitada (DCU) por filtração sob

vácuo e evaporou-se o solvente do filtrado. Obteve-se um resíduo impuro que se

recristalizou de hexano, resultando um sólido branco que apresentou um valor de m/z

compatível com a estrutura esperada.

a. Boc.Gly.PFP (a):

1,5278 g;

Rf (C) = 0,69

m/z (MNa+) = 364,20 (esperado 364,23).

b. Boc.Phe.PFP (b):

1,5155 g;

Rf(C) = 0,72

m/z (MNa+) = 511,27 (esperado 511,40).

Os rendimentos dos produtos isolados não foram calculados devido à utilização

imediata destes produtos após a sua obtenção. Por isso, estes não se encontravam

devidamente secos para que se pudesse calcular o seu rendimento. S c S S O H S

W en O

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7.4.Esterificação do Boc-Gly-OH com A-hidroxissuccinimida

(HOSu)[70]

O OH H

H J, EÎPŒÏ NL A .

- N ^ A ^ + ° v y ° ()->c '

o °

ftxr ^ OH + o y y o o-H I - H2O

A uma solução de Boc-Gly-OH (1,1017 g; 6,2889 mmol) e 1 eq. de HOSu, em

30,0 mL de dioxano seco e em banho de gelo, adicionou-se 1 eq. de DIPCDI com

agitação. A mistura reaccional foi mantida no frigorífico (T = -4 °C) durante a noite,

após o que, se removeu a ureia precipitada por filtração sob vácuo e se levou o filtrado à

secura por evaporação.

A mistura resultante foi purificada por cromatografia em coluna, utilizando-se o

eluente C (Tabela 5). Após combinação de todas as fracções que continham o produto

puro, e evaporação do solvente sob vácuo, obteve-se o composto final como um sólido

branco granuloso (1,5901 g) que, por TLC, se verificou estar cromatograficamente

homogéneo. Rf (C) = 0,56. A identidade do composto foi confirmada por TLC

comparativo, usando-se uma amostra de Boc.Gly.OSu comercial existente no

laboratório.

O rendimento do produto isolado não foi calculado devido à utilização imediata

deste produto após a sua obtenção. Por isso, este não se encontrava devidamente seco

para que se pudesse calcular o seu rendimento.

2 G S •g ex x W en O C u E

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Metodologias de Síntese testadas para a /V-acilacfio dos fármacos

7.5.1. Condensação do aminoácido ou dipéptido N-Boc-protegido via

activação in situ promovida por carbodiimidas.

A l

OH

R2 = -CH2-NH-Boc, -Cl í - M + C O - a KCT l2Pli>N»Boc

Chex : dclivliexilo

- * íxrtnrivVixviAP

Boc, A 2

o EH

^ V S r Boc

o o

Chex

° HN

A.3 Boc,

Chex

N , ^O

O HN,

20

21

slY -

a. Tentativa de condensação do aminoácido ou dipéptido à VPD usando DCCI.[49]

Foram realizadas várias tentativas de iV-acilação segundo este método,

variando-se solventes, agente acilante e base, conforme se especifica na Tabela 6. De

um modo geral, o procedimento foi idêntico para todas elas, como se descreve de

seguida.

A uma suspensão de VPD, em 20 mL de solvente seco, adicionou-se 1 eq. de

base e deixou-se a mistura reaccional em banho de gelo e agitação magnética, durante

30 minutos. Adicionou-se 1,1 eq. do reagente dador de acilo (aminoácido ou dipéptido),

0,1 eq. de DMAP e 1,2 eq. de DCCI, dissolvida em 10 mL de solvente seco. A reacção

decorreu a 0 °C durante 2 horas, prosseguindo depois à temperatura ambiente. A

evolução da reacção foi controlada por TLC. Quando se observou que a reacção não

1

a, x m c/1 O (D B

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evoluía de forma detectável, extraiu-se a mistura reaccional com solução aquosa de HC1

a 1% (3x15 mL) e solução aquosa de NaHC03 a 30% (3x15 mL). A fase orgânica

resultante foi seca com Na2S04 anidro, sendo o sólido removido por filtração por

gravidade e o solvente do filtrado evaporado sob vácuo.

Os compostos obtidos em todas as reacções realizadas foram purificados por

cromatografia em coluna e analisados por ESI-MS e RMN- H, como abaixo

descriminado.

/V-fm>butiloxicarbonilglicilfeniIalaninato de etilo (reacção A.l)

0,1794 g (TI = 22,3%); Rf (D) = 0,56.

RMN-*H (CDCfe; 300 MHz)

7,25 a 7,12 (m; 5H,-CH2- /VÍ); 6,42 (bs; IH, >CH-N//-CO-); 4,97 (bs; IH,

-CH2-N#-CO-); 4,42 a 4,25 (m; IH, -CO-C//<); 4,12 (q, J = 5,08 Hz; 2H, CH3-C#2-);

3,92 (d, J= 5,38 Hz; IH, -CO-C77(H)-NH-); 3,88 (d, J= 5,08 Hz; IH, -CO-CH(//)-NH-);

3,09 a 2,03 (m; 2H, -C//^-Ph); 1,32 (s; 9H, -0-C(CH3)3); 1,20 (t, J= 7,14 Hz; 3H,

C/6-CH2-).

m/z (MNa+) = 373,18 (esperado 373,41).

V'-ci(l()-hexil-A'-cicIo-hcxilcíirbaiiioiI-A,-/(T(-bii(il()xi(;irl)(>iiil»lMÍii;ii)ii(l;i

(reacção A.2)

0,0976 g (TI - 17,7%); Rf (D) - 0,53.

RMN-*H (CDC13; 300 MHz)

7,41 (si; IH, -NH-CH2-), 5,34 (si; IH, -N//-Ph); 4,01 (d, J= 5,14 Hz; 2H, -NH-C77^);

3,89 a 3,76 (m; IH, -CO-NH-C#<); 3,74 a 3,61 (m; IH, >N-C//<); 2,05 a 1,53

(m; 12H, -NH-(ciclo-hexano: H2,4,Ó); >N-(ciclo-hexano: H2,4,0); 1,45 (s; 9H,

-0-C(CH3)3); 1,41 a 1,09 (m; 8H, -NH-(Chex H3,s); >N-(Chex: H3,5)).

m/z (MNa+) - 404,40 (esperado 404,26).

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b. Tentativa de condensação da Boc.Gly.OH à VPD, a baixa temperatura e em atmosfera de árgon, usando DIPCDL[501

Dissolveu-se 5 eq. de Boc.Gly.OH, 5 eq. de DIPCDI e 0,5 eq. de DMAP em

10 mL de DMF seca, deixando-se a mistura reaccional durante 30 minutos em banho

refrigerado a -10 °C, sob atmosfera de árgon e agitação magnética. Adicionou-se, de

seguida, VPD dissolvida em 10 mL de DMF seca, deixando-se a reacção prosseguir a

-10 °C durante 12 horas, e deixando-se subir a temperatura do banho durante mais 5 dias

de reacção. Quando a reacção aparentou não evoluir mais (TLC), extraiu-se a mistura

reaccional com solução aquosa de NaHC03 a 10% (3x15 mL) e a fase orgânica

resultante foi seca com Na2SC>4 anidro, removendo-se a fase sólida por filtração por

gravidade e levando-se o filtrado à secura por evaporação.

Isolou-se o produto da reacção A.3 por cromatografia em coluna, utilizando o

eluente C (Tabela 5), o qual se apresentou como um sólido branco de Rf (C) = 0,45

(m= 0,1055 g; ti= 5,4%). Este sólido foi analisado por ESI-MS e RMN-'H, sendo

identificado como a iV-acilureia (22), resultante da reacção entre o aminoácido e a

carbodiimida, de acordo com os dados espectroscópicos abaixo indicados.

RMN^H (CDC13; 300 MHz)

7,68 (si; IH, -CO-N#-CH2-); 5,32 (si; IH, -CO-N//-CH<); 4,27 a 4,18 (m; IH, >N-

C//<); 4,03 (d, J= 4,81 Hz; 2H, -NH-C//2-); 3,99 a 3,92 (m; IH, -NH-C//<); 1,45

(s; 9H, -0-C(CH3)3), 1,41 (d, J= 6,76 Hz; 6H, >N-CH-(CH3)2); 1,21 (d, J= 6,50 Hz; 6H,

-mi-CH-(CH3)2). m/z(MNa+) = 324,87 (esperado 324,27).

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7.5.2. Uso de anidrídos mistos como agentes acilantes: Tentativas de

condensação do aminoácido ou dipéptido à VPD usando o anidrído

benzóico na presença de ZnCl2[40]

o

MU Boc / \ ^ a i (FhCO)bO

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B.1

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Une 24

O

Foram realizadas três reacções (B.1-B.3) nas condições dadas na Tabela 7, de

acordo com o procedimento geral seguinte.

A uma solução contendo 0,05 eq. de ZnCl2 em 15,0 mL de solvente seco,

adicionou-se 1,2 eq. de aminoácido ou dipéptido A^-Boc protegido e igual quantidade

molar de anidrido benzóico. A mistura permaneceu em agitação à temperatura ambiente

e em atmosfera de árgon durante 10 minutos, findos os quais se adicionou uma solução

de VPD em 10,0 mL de solvente seco. Deixou-se a reacção prosseguir nestas condições

por 24 horas.

No fim da reacção, extraiu-se a mistura reaccional com água (3><10 mL) e com

solução aquosa de NaaCCh a 10% (3*10 mL). As fases orgânicas foram combinadas e

secas com Na2SC>4 anidro, sendo o sólido removido por filtração por gravidade e o

filtrado levado à secura por evaporação sob vácuo.

O resíduo obtido foi submetido a cromatografia preparativa em coluna de gel de

sílica, isolando-se o produto que foi analisado por ESI-MS. Apenas no caso da reacção

B.l foi possível atribuir uma possível estrutura ao composto como sendo o éster

clorometílico do dipéptido:

m/z (MNa+)B.i = 373,93 (esperado 370,83).

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Tabela 7: Condições gerais das reacções B.1-B.3.

Reacção Acido

Carboxílico Solvente *■ reacção' *-- Composto obtido

B.1 Boc.Phe.Gly.OH DCM lamb

O ltel

o

B.2 Boc.Gly.OH DMF lamb ?

B.3 Boc.Gly.OH DMF -5°C ?

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7.5.3. Uso de ésteres activos como agentes acilantes

7.5.3.1. Tentativa de /V-acilação dos fármacos usando o éster succinimídico da /V- Boc glicina (Boc.Gly.OSu)

o o V.

K^COJÍDMF

-x-NaH THF

C2

^ V

N - ^ \ ^ - ^ , i x . + |»)Sii

26

O O

^sAAJ I t v

' ^ c£ 25

HN Boc

a. Usando K2CO3 como base

Dissolveu-se, em 20 mL de DMF seca, VPD (0,1241 g; 8,664 mmol) e 1,1 eq. de

K2CO3, deixando-se a mistura em banho de gelo e sob agitação magnética por 30

minutos. Adicionou-se, de seguida, 1,1 eq. de Boc.Gly.OSu, deixando-se a reacção

prosseguir nas mesmas condições por 2 horas, ao fim das quais se removeu o banho de

gelo e se deixou prosseguir a reacção à temperatura ambiente por 24 horas.

No fim da reacção (Cl ) , extraiu-se a mistura reaccional com solução aquosa de

HC1 a 1% (3x20 mL) e solução aquosa de NaHC03 a 10% (3x20 mL). A fase orgânica

foi seca com Na2SÛ4 anidro, removendo-se a fase sólida por filtração por gravidade e

levando-se o filtrado à secura por evaporação.

O resíduo obtido foi submetido a purificação por cromatografia em coluna,

usando o eluente C (Tabela 5), obtendo-se um produto que foi analisado por ESI-MS e

RMN^H. No entanto, ambas as análises foram inconclusivas no que diz respeito à

identificação inequívoca do produto isolado.

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b. Usando NaH como base1

A uma suspensão de fármaco em 20,0 mL de THF seco a 0°C, adicionou-se 1,2 eq. de NaH. A mistura permaneceu em agitação e sob atmosfera de árgon por 20 minutos, e depois por mais 20 minutos à temperatura ambiente. De seguida, adicionou-se uma mistura de 1,2 eq. de Boc.Gly.OSu em 10,0 mL de THF seco, deixando-se a reagir a 0 °C durante 20 minutos, prosseguindo por mais 3 horas à temperatura ambiente.

No fim da reacção, adicionou-se 10 mL de H2O e removeu-se o solvente orgânico por evaporação sob vácuo. A mistura resultante foi extraída com AcOEt (3x15 mL) e a fase orgânica seca com NaaSCu anidro, removendo-se o sólido por filtração por gravidade e levando-se o filtrado à secura por evaporação.

O resíduo resultante foi purificado por cromatografia em coluna usando o eluente E (Tabela 5), não sendo possível isolar qualquer fracção cromatograficamente homogénea. Contudo, optou-se por analisar a mistura isolada por ESI-MS, verificando-se que o pico maioritário correspondia à VPD di-substituída, m/z (M'Na+) = 480,80 (esperado 480,39), e o pico minoritário ao composto pretendido, m/z (MNa+) = 323,60 (esperado 323,39).

Na tentativa de se obter o composto pretendido como produto maioritário e cromatograficamente homogéneo, realizaram-se mais 5 reacções onde se alteraram algumas condições reaccionais, como indicado na Tabela 8. No entanto, em nenhuma destas reacções foi possível reproduzir o resultado obtido na reacção C.2.

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7.5.3.2. 7V-aciIação da FNCT usando o éster

pentafluorofenólico da A^-Boc glicina (Boc.Gly.OPFP)'421

F F

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O H ^

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■ * - ' í

LiHMDç-^iQárgai

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LÍHMDK-20 jargon

- * -

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Roc

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A uma solução de FNCT (0,7379 g; 4,117 mmol) em 7,0 mL de THF anidro

adicionou-se 2 eq. de LiHMDS, mantendo-se a mistura em agitação magnética, sob

atmosfera de árgon e a -20 °C durante 30 minutos. Adicionou-se uma solução de 2 eq.

de Boc.Gly.OPFP em 7,0 mL de THF anidro, deixando-se a reacção prosseguir nas

mesmas condições por mais 3 horas.

No fim da reacção, evaporou-se o solvente sob vácuo e dissolveu-se o resíduo

resultante em 15 mL de água. Extraiu-se a fase aquosa com AcOEt (3x15,0 mL),

secando-se a fase orgânica resultante com Na2SC«4 anidro. Removeu-se o sólido por

filtração por gravidade e levou-se o filtrado à secura por evaporação.

O resíduo foi submetido a purificação por cromatografia em coluna, usando o

eluente C (Tabela 5), isolando-se o produto como um sólido branco (0,3353 g;

TI = 24,2%) de Rf (C) = 0,64, cuja análise (ESI-MS, RMN-'H, RMN-13C e DEPT)

permitiu confirmar que se tratava do derivado iV-acilado pretendido.

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RMN^H (CDCb; 400 MHz)

7,77 (si; 1H, -CH2-N#-CO-); 7,34 (d, J= 8,94 Hz; 2H, >N-C(C//-)(C//-)); 6,78 (d,

J= 8,93 Hz; 2H, -0-C(CH-)(CH-)); 4,46 (s; 2H, -CO-C//2-NH-); 3,97 (q, J= 6,98 Hz;

2H, CH3-C//2-O-); 2,56 (s; 3¾ -CO-Ci^); 1,50 (s; 9¾ -0-C(CH3)3), 1,38 (t,

J= 6,97 Hz; 3H, CH3-CH2-O-).

RMN-13C (CDCb; 100 MHz)

173,38 (>N-CO-CH3); 166,08 (-CO-CH2-); 155,72 (-NH-CO-O-); 152,35 (-0-C<);

130,46 (>C-N<); 121,71 (-C(CH-)(CH-)); 114,64 (-0-C(CH-)(CH-));

84,06 (-0-C(CH3)3); 63,58 (CH3-CH2-); 47,40 (-CO-CH2-NH-); 27,85 (-C(CH3)3),

26,40 (-CO-CH3); 14,76 (CH3-CH2-).

DEPT (CDC13; 100 MHz)

121,75 (-C(CH-XCH-)); 114,68 (-0-C(CH-)(CH-)); 63,62 (CH3-CH2-);

47,44 (-CO-OÍ2-NH-); 27,89 (-C(CH3)j); 26,44 (-CO-CH3); 14,80 (CH3-CH2-).

m/z ((2M)Na+) = 695,20 (esperado 695,76); m/z (MNa+) = 359,27 (esperado 359,38).

De salientar que, perante o sucesso desta aproximação sintética, aplicou-se o

mesmo procedimento nas tentativas de JV-acilação da JV-Boc-VPD e da ESM. No

entanto, não se logrou reproduzir os bons resultados obtidos com a FNCT.

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7.6.Desprotecção de 29: remoção do grupo Boc por acidólise com T F A [ 5 0 ]

O O

^ \ > L .N TFA/DCM30% / s . / ~ ~ \ J"V ^ N , I 2 "O—(\ / V - N ^ - ^ Hoc ► / \ ) (\ /)—N X*> /

x ' \ \ Na2CO3 30% ^—

29 30

Dissolveu-se o composto 29 em cerca de 3,0 mL de solução de TFA com DCM

a 30%, deixando-se a solução em agitação magnética durante 1,5 horas. Adicionou-se,

de seguida, solução aquosa de Na2C03 a 30%, até se atingir o pH de 9, deixando-se a

mistura em agitação magnética por mais 30 minutos.

No fim da reacção, extraiu-se a mistura reaccional com 6 fracções de 5,0 mL de

AcOEt, secando-se a fase orgânica resultante com Na2S04 anidro, removendo-se o

sólido por filtração por gravidade e levando-se o filtrado à secura por evaporação a

pressão reduzida.

Obteve-se um sólido branco (0,1505 g; rj = 70,1%) que, por TLC, se verificou

estar cromatograficamente homogéneo: Rf (C) = 0,14. A análise espectroscópica deste

produto permitiu identificá-lo como o composto desejado (30).

RMN-JH (CDC13; 400 MHz)

7,42 (d, J= 9,12 Hz; 2H, -N-C(C#-)(C#-)); 6,86 (d, J= 9,11 Hz; 2¾ -0-C(CH-)(CH-)),

4,00 (q, J= 6,99 Hz; 2H, -0-CH2-CH3), 3,96 (s; 2H, -C//2-NH2); 2,03 (s; 3H, -CO-CH3),

1,37 (t, J= 6,98 Hz; 3H, -0-CH2-C#j).

RMN-13C (CDC13; 100 MHz) |

173,94 (-CO-CH3); 169,55 (-CO-CH2-NH2); 157,31 (-0-C(CH-)(CH-)); 132,50 J

(-N-C(CH-)(CH-)); 123,15 (-N-C(CH-)(CH-)); 115,57 (-0-C(CH-)(CH-)); 64,67 |

(CH3-CH2-0-); 43,96 (-CO-CH2-NH2); 22,47 (-CO-CH3); 15,19 (CH3-CH2-0-). g

DEPT (CDCb; 100 MHz) | 123,14 (-N-C(CH-XCH-)); 115,56 (-0-C(CH-)(CH-)); 64,66 (CH3-CH2-0-); 43,95 |

(-CO-CH2-NH2); 22,46 (-CO-CH,); 15,19 (CH3-CH2-0-). £

m/z (MH+) = 237,13 (esperado 237,28). j j o ã o 85

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7.7.Tentativa de condensação do dipéptido A^-Boc fenilalanina ao

derivado 30

a. Com activação in situ promovida por carbodiimidas

I3PCD1; DMAP1, MEA

O X-> — ' >—<••> r*/i I í ^ 1 x—' fcro o

O Ifcl

. l í < v N

O ' DÍPCDI ; D M A P , I S E A

w -10 "C; árgon „

Iniciou-se o estudo de JV-acilação do aminoácido fenilalanina ao derivado

FNCT-Gly segundo o método de activação in situ mediado por carbodiimidas.

Seguiu-se o mesmo procedimento já anteriormente descrito na secção 7.5.1 (a). O

composto, isolado após várias etapas de purificação, foi analisado por ESI-MS,

mostrando-se esta análise espectroscópica inconclusiva no que diz respeito à

identificação inequívoca do produto isolado.

Face aos resultados obtidos na primeira reacção, tentou-se novamente a

JV-acilação do derivado 30 com o aminoácido, modificando algumas condições

reaccionais. O procedimento seguido, nesta segunda tentativa, foi o mesmo que o

anteriormente descrito na secção 7.5.1 (b). Também nesta reacção o produto isolado foi

analisado por ESI-MS, contudo a análise foi novamente inconclusiva quanto à

identificação inequívoca do produto isolado.

b. Usando ésteres activos como agentes acilantes "3 a u S •c

O IW £ w

/ 1 II H M \—( LiHMDs -20 "Q árgon / = \ ' ' ,,

r F F r s 30 IS S

8 Na tentativa de obter o derivado dipeptídico do fármaco FNCT, testou-se mais &

H-i

um método de condensação. Desta vez usando um éster activo (Boc.Phe.OPFP) como |> o

agente acilante e LiHMDS como base catalítica. O procedimento seguido encontra-se "|j

U

86

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descrito na secção 7.6. O produto isolado nesta reacção foi analisado por ESI-MS e

RMN-'H, mas tais análises não foram conclusiva quanto à estrutura do produto isolado.

c. Com activação in situ promovida por HCTU

° - 9 IKTUDŒA 9. „ Va

Boc

O O

M H M 1 K . 1 U O H A l i I

x — ' to 1¾) N — ' t= ' ï

30 15

Numa última tentativa de /V-acilação do aminoácido fenilalanina ao derivado 30,

realizou-se mais uma reacção segundo o procedimento descrito de seguida.

Dissolveu-se 1 eq. de Boc.Phe.OH, 1 eq. de HCTU e 2 eq. de DIEA em

10 mL de DMF seca, deixando-se a mistura reaccional durante 10 minutos em banho de

gelo e agitação magnética. Adicionou-se, de seguida, FNCT.Gly dissolvida em 10 mL

de DMF seca, deixando-se a reacção prosseguir em banho de gelo por 2h, e à

temperatura ambiente durante mais 3 horas. Quando a reacção não aparentou mais

evolução (TLC), extraiu-se a mistura reaccional com solução aquosa de KHSO4 a 30%

(3x15 mL) e com solução aquosa de Na2C03 a 30% (3><15 mL). A fase orgânica

resultante foi seca com Na2SC>4 anidro, removendo-se a fase sólida por filtração por

gravidade e levando-se o fdtrado à secura por evaporação.

O resíduo foi submetido a purificação por cromatografia em coluna, usando-se o

eluente C (Tabela 5). Isolou-se o produto como um sólido branco de Rf (C) = 0,71, cuja

análise espectrocópica (ESI-MS e R M N - ' H ) não foi conclusiva quanto à sua estrutura.

ã <u s o. y,

W CO

O

s

> o 3 Ï 0 87

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.2

PQ

X i—i

o B Q, cd

o

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