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.-/** f».a. ' j&jsíàr: / Ov \ \ V -, 1 •'->; '•<¦¦ .*¦ Dae de graça o que de r/raça \ recebestes. (S. Matheus, cap. x, v. S). Órgão do Espiritismo Religioso f PUBLICAÇÃO MENSAL DISTRIBUIÇÃO GRATUITA . Não colloqueie) a Lâmpada de- baixo do alqueire. (S. Matheus, cap. v, v. 15 f. Redactor-chefe, L. DA ROCHA BARROS.—Coi.laboradores diversos—Da tjskra e do espaço ANNO I CIDADE DO RIO DE JANEIRO-25 DE JUNHO DE 1898 NUM. 7 EXPEDIENTE Tocia a corjreispoiicleii- cia eleve ser dirigi cia ao Kedactor-Chefe, rua do Conselheiro Barros n. 9- PEDRO Joao Baptista No mez corrente em que a hunia- nidade cliristã commemora a pas- sagem sobre a Terra d'esses tres vultos do christianisino, a Reli- gião Espirita cheia de veneração por esses luminosos espíritos que vieram representar em nosso pia- neta as tres grandiosas virtudes da fé, esperança e caridade, vem tributar a cada um d' elles o seu -reéonbeeimento pelas provas de amor que lhe hão dado profuga- mente. Pedro representa para o espiri- tismo a verdadeira fé, pois syin- bolisa a pedra sobre a qual o Di- vino Mestre escolheo para funda- mentar os alicerces da sua a*ercla- cleira Egreja, que é hoje o Conso- lador promettido. .... João Baptista continua para o espiritismo a ser a voz do deserto chamando á penitencia, e como outi'ora elle aimuneiava a vinda do Messias como esperança de re- deinpção para a humanidade, hoje não cessa de anuunciar a aproximação dos tempos em que deverá reinar para sempre sobre a Terra a religião do bem e da vir- tude, o Consolador promettido pelo Divino Mestre. Antônio de Padua por suas acrisoladas virtudes das quaes fez sobresahir a caridade, por seus exemplos de abnegação pela hu- manidade sonrèdóra e por sua pa- lavra vibrante de verdadesespan- cando as trevas da ignorância e do erro, é sem contradição o sym- bolo mais sympathico da cari- dade. A Religião Espiri (a por seu humilde reclactor, em testemunho das graças innumeras que ha re- cebido d'esses luzeiros do verda- deiro espiritismo religioso, e em nome dos que crêem e confiam nos ensinamentos d'essa sacratissinia religião, beija espiritual e revê ren tem ente os pés d'esses após- tolos do bem, como a mais hu- ínilde prova de amor e gratidão. Gloria a Pedro ! Gloria a João Baptista ! Gloria a Antônio de Padua ! CARIDADE A caridade a estrada luiyi- nosa apontada por Jesus aos ho- meus e que conduz a felicidade eterna ; é a chave que está ao alcance de todos, com a qual se abre as portas do céu e o cofre das graças do Senhor.%, Toda a felicidade encerra-se neste grande preceito Amar a Deus e ao próximo pois o cuiu- primento desse mandamento iho- duz o maior ^contentamento, para a alma. A caridade resume em si todas as virtudes, porque todos os meios de patentearmos amor a Deus e ao nosso próximo, são reflexos dessa luz divina que é o pharól que nos guia ao porto de salva- mento. A perfeição da alma depende da verdadeira comprehensão da caridade, e a felicidade perfeita, da pratica absoluta dessa sublime virtude. A caridade prbduz um duplo beneficio quando ella se mani- festa; satisfaz aquelle que a pra- tica, prodigalisando-lhe gosos inefáveis e consola e alegra aquel- le que recebe a prova de amor de seu semelhante. Mas a caridade para ser per feita deve ser despida do mais tênue vislumbre de egoísmo e brilhar com todo o desinteresse. Quantos nao praticam a cari- dade por ostentarão e vaidade para se tornarem agradáveis aos olhos dos homens, parecendo bons e virtuosos ! Esses recebem da Terra o galardão e nada mais te- rão a receber no dia da prestação de coutas. Quantos não entram para asso- ciações beneficentes e humanita- rias pela lembrança de que um dia a sorte adversa possa leval-os á condição de precisarem do au- xilio que elles offerecem então aos necessitados \ E? uma obra meritoria, não ha duvida, mas longe está da puríssima caridade, pois em seu intimo esse acto en- cerra uma parcella de interesse pessoal filho da ignorância do futuro e da desconfiança do amor de Deus. Si eu nao pudesse a vir preci- sar do beneficio, dizem elles em seu intimo, nao concorreria para elle. A caridade perfeita deve des- cançar e fortificar-se na bondade infinita de Deus, na confiança de seu amor, sem idéas preconcebi- das de vir a precisar daquillo qne se dá. E' o caso de não saber a mão direita o que faz a esquerda, nem apreciar uma o procedimento ge- neroso da outra. E o que se diria daquillo que dominado pela vaidade busca aparentar caridade!Esse, coitado, é digno de verdadeira lastima, pois dia virá de sincero arrependi- mento, porque não ha mais dolo- rosa decepção do que seguir o caminho do mal que conduz ás trevas, julgando que segue o da luz. Uma das maiores bellezas da caridade é a de poder, ser prati- cada por todos e sempre com tanto mais mérito quanto maior for a difíiculdade que encontra aquelle que a deseja praticar.Lem- bremo-nos sempre nos actos de caridade do dinheiro da viuva, que deu tudo quanto possuía e por isso tornou-se mais meritoria aos olhos de Jesus a caridade que fazia, do que a daquelles ricaços que deram do supérfluo de suas riquezas. O mérito dessa sublime virtude para quem a pratica está em saber dar com a mais pura intenção; não é pois relativo á quantidade do que se dá, más á qualidade do beneficio qne se outorga. Muitos julgam que por não te- rem fortuna em dinheiro ou em bens materiaes que lhes permitia o supérfluo, estão impossibilitados de praticar a caridade, esqueceu- do-sc de que nem sempre o di- uheiro é o instrumento mais ap.ro- priado para a cultura dessa subli- me virtude. Oh, quantas vezes um exemplo vivilicante, uni conselho salutar dado a tempo, a esmola de unia lagrima aljòfrada em olhos de piedade e amor, não são verdadeiras obras de caridade ! E, quem não terá um exemplo bom a dar ao mais poderoso da Terra, um conselho a offerecer a um remediado de fortuna, ou uma. lagrima de conforto e de esperança ao misero desgraçado que se sente desalentado ! Olhai para baixo sempre, oh almas caridosas, e en- contrareis males sem conta a re- mediar c obras de caridade a pra- ti car. E que obras de caridade pode- mos nós fazer mais úteis a nós mesmos do que vencer as nossas paixões dominando os Ímpetos do nosso orgulho e os interesses de nosso egoísmo % E'rotearmos a terra safara de nossos corações para plantarmos semente de boas acções de que colheremos nós mesmos os sazona- dos-fruetos. pela humildade e pela cari- dade obteremos esses resultados ; e como não ha victoria maior do que aquelia que obtemos sobre nós mesmos, transformando um inimigo em um amigo, a justiça seja a directriz de todas as nossas acções, e quando ella nos indicar pela voz da consciência qualquer falta coinmettida contra um nosso semelhante, ergamo-nos pela con- fissão de nossas faltas, e assim teremos praticado a maior das caridades comuosco mesmos. A caridade é sernpre benevo- lente, tudo espera, tudo soffre. Oh, quantos que se dizem es- piritas por terem conheeimento-dar*^ doutrina, mas, eivados de orgulho e de vaidade, até mesmo de faze- rem proselifos, não buscam plan- tar suas idéas á força de censuras e de criticas mordazes, procu- randó violentar o arbitrio de seus semelhantes em questão tão me- liudrosa como de crenças intimas, que dependem de convicções sin- ceras, esquecendo-se de que Jesus nunca impoz sua doutrina a nin- guem, para não tirar o mérito áquelles que a seguissem volunta- riamente, recebendo os conselhos de suas palavras, e mais ainda, de seus puríssimos exemplos! Não são poucas as x>assagens dos Evangelhos em que Elle cia- mava em arestos da mais pura benevolência quem tiver olhos para ver, que veja; quem tiver ouvidos para ouvir, que ouça.— Oh, esses taes seriam verdadeiros inquisidores mores, se a nossa civilisação actual perniittisse ain- da autos de fé. Elles se arrogam o direito de censura áspera e mordaz aos seus adversários, porque Jesus encho- tou os mercenários do templo, e João Baptista censurou a Herodes o seu procedimento immoral. Coi- fados, na sua louca vaidade e or- gulhO, e na faina de tudo dominar por seu presumido saber, compa- ram-se em igualdade de poderes ao Divino Mesíre e ao glorioso seu Precursor, ignorando os ter- mos dessas censuras, cheias sem duvida de benevolência e amor. Contundem o—clama, não cesses, de Izaias, levanta como trombeta a tua voz e anmmeia ao Povo as

Joao Baptista CARIDADE€¦ · A caridade resume em si todas as virtudes, porque todos os meios de patentearmos amor a Deus e ao nosso próximo, são reflexos dessa luz divina que

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Page 1: Joao Baptista CARIDADE€¦ · A caridade resume em si todas as virtudes, porque todos os meios de patentearmos amor a Deus e ao nosso próximo, são reflexos dessa luz divina que

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Dae de graça o que de r/raça \recebestes.

(S. Matheus, cap. x, v. S).

Órgão do Espiritismo Religiosof PUBLICAÇÃO MENSAL — DISTRIBUIÇÃO GRATUITA .

Não colloqueie) a Lâmpada de-baixo do alqueire.

(S. Matheus, cap. v, v. 15 f.

Redactor-chefe, L. DA ROCHA BARROS.—Coi.laboradores diversos—Da tjskra e do espaço

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ANNO I CIDADE DO RIO DE JANEIRO-25 DE JUNHO DE 1898 NUM. 7

EXPEDIENTE

Tocia a corjreispoiicleii-cia eleve ser dirigi cia aoKedactor-Chefe, rua doConselheiro Barros n. 9-

PEDRO

Joao Baptista

No mez corrente em que a hunia-nidade cliristã commemora a pas-sagem sobre a Terra d'esses tresvultos do christianisino, a Reli-gião Espirita cheia de veneraçãopor esses luminosos espíritos quevieram representar em nosso pia-neta as tres grandiosas virtudesda fé, esperança e caridade, vemtributar a cada um d' elles o seu-reéonbeeimento pelas provas deamor que lhe hão dado profuga-mente.

Pedro representa para o espiri-tismo a verdadeira fé, pois syin-bolisa a pedra sobre a qual o Di-vino Mestre escolheo para funda-mentar os alicerces da sua a*ercla-cleira Egreja, que é hoje o Conso-lador promettido..... João Baptista continua para oespiritismo a ser a voz do desertochamando á penitencia, e comoouti'ora elle aimuneiava a vindado Messias como esperança de re-deinpção para a humanidade,hoje não cessa de anuunciar aaproximação dos tempos em quedeverá reinar para sempre sobrea Terra a religião do bem e da vir-tude, o Consolador promettidopelo Divino Mestre.

Antônio de Padua por suasacrisoladas virtudes das quaes fezsobresahir a caridade, por seusexemplos de abnegação pela hu-manidade sonrèdóra e por sua pa-lavra vibrante de verdadesespan-cando as trevas da ignorância edo erro, é sem contradição o sym-bolo mais sympathico da cari-dade.

A Religião Espiri (a por seuhumilde reclactor, em testemunhodas graças innumeras que ha re-cebido d'esses luzeiros do verda-

deiro espiritismo religioso, e emnome dos que crêem e confiam nosensinamentos d'essa sacratissiniareligião, beija espiritual e revêren tem ente os pés d'esses após-tolos do bem, como a mais hu-ínilde prova de amor e gratidão.

Gloria a Pedro !Gloria a João Baptista !Gloria a Antônio de Padua !

CARIDADEA caridade *é a estrada luiyi-

nosa apontada por Jesus aos ho-meus e que conduz a felicidadeeterna ; é a chave que está aoalcance de todos, com a qual seabre as portas do céu e o cofredas graças do Senhor. %,

Toda a felicidade encerra-seneste grande preceito — Amar aDeus e ao próximo — pois o cuiu-primento desse mandamento iho-duz o maior ^contentamento, paraa alma.

A caridade resume em si todasas virtudes, porque todos os meiosde patentearmos amor a Deus eao nosso próximo, são reflexosdessa luz divina que é o pharólque nos guia ao porto de salva-mento.

A perfeição da alma dependeda verdadeira comprehensão dacaridade, e a felicidade perfeita,da pratica absoluta dessa sublimevirtude.

A caridade prbduz um duplobeneficio quando ella se mani-festa; satisfaz aquelle que a pra-tica, prodigalisando-lhe gososinefáveis e consola e alegra aquel-le que recebe a prova de amor deseu semelhante.

Mas a caridade para ser perfeita deve ser despida do maistênue vislumbre de egoísmo ebrilhar com todo o desinteresse.

Quantos nao praticam a cari-dade por ostentarão e vaidadepara se tornarem agradáveis aosolhos dos homens, parecendo bonse virtuosos ! Esses recebem daTerra o galardão e nada mais te-rão a receber no dia da prestaçãode coutas.

Quantos não entram para asso-ciações beneficentes e humanita-rias pela lembrança de que umdia a sorte adversa possa leval-osá condição de precisarem do au-xilio que elles offerecem entãoaos necessitados \ E? uma obrameritoria, não ha duvida, maslonge está da puríssima caridade,pois em seu intimo esse acto en-cerra uma parcella de interesse

pessoal filho da ignorância dofuturo e da desconfiança do amorde Deus.

Si eu nao pudesse a vir preci-sar do beneficio, dizem elles emseu intimo, nao concorreria paraelle.

A caridade perfeita deve des-cançar e fortificar-se na bondadeinfinita de Deus, na confiança deseu amor, sem idéas preconcebi-das de vir a precisar daquillo qnese dá.

E' o caso de não saber a mãodireita o que faz a esquerda, nemapreciar uma o procedimento ge-neroso da outra.

E o que se diria daquillo quedominado pela vaidade buscaaparentar caridade!Esse, coitado,é digno de verdadeira lastima,pois dia virá de sincero arrependi-mento, porque não ha mais dolo-rosa decepção do que seguir ocaminho do mal que conduz ástrevas, julgando que segue o daluz.

Uma das maiores bellezas dacaridade é a de poder, ser prati-cada por todos e sempre comtanto mais mérito quanto maiorfor a difíiculdade que encontraaquelle que a deseja praticar.Lem-bremo-nos sempre nos actos decaridade do dinheiro da viuva,que deu tudo quanto possuía epor isso tornou-se mais meritoriaaos olhos de Jesus a caridade quefazia, do que a daquelles ricaçosque deram do supérfluo de suasriquezas.

O mérito dessa sublime virtudepara quem a pratica está em saberdar com a mais pura intenção; nãoé pois relativo á quantidade doque se dá, más á qualidade dobeneficio qne se outorga.

Muitos julgam que por não te-rem fortuna em dinheiro ou embens materiaes que lhes permitiao supérfluo, estão impossibilitadosde praticar a caridade, esqueceu-do-sc de que nem sempre o di-uheiro é o instrumento mais ap.ro-priado para a cultura dessa subli-me virtude. Oh, quantas vezes umexemplo vivilicante, uni conselhosalutar dado a tempo, a esmolade unia lagrima aljòfrada emolhos de piedade e amor, não sãoverdadeiras obras de caridade !

E, quem não terá um exemplobom a dar ao mais poderoso daTerra, um conselho a offerecer aum remediado de fortuna, ou uma.lagrima de conforto e de esperançaao misero desgraçado que se sentedesalentado ! Olhai para baixosempre, oh almas caridosas, e en-contrareis males sem conta a re-mediar c obras de caridade a pra-ti car.

E que obras de caridade pode-mos nós fazer mais úteis a nósmesmos do que vencer as nossaspaixões dominando os Ímpetos donosso orgulho e os interesses denosso egoísmo %

E'rotearmos a terra safara denossos corações para plantarmossemente de boas acções de quecolheremos nós mesmos os sazona-dos-fruetos.

Só pela humildade e pela cari-dade obteremos esses resultados ;e como não ha victoria maior doque aquelia que obtemos sobrenós mesmos, transformando uminimigo em um amigo, a justiçaseja a directriz de todas as nossasacções, e quando ella nos indicarpela voz da consciência qualquerfalta coinmettida contra um nossosemelhante, ergamo-nos pela con-fissão de nossas faltas, e assimteremos praticado a maior dascaridades comuosco mesmos.

A caridade é sernpre benevo-lente, tudo espera, tudo soffre.

Oh, quantos que se dizem es-piritas por terem conheeimento-dar*^doutrina, mas, eivados de orgulhoe de vaidade, até mesmo de faze-rem proselifos, não buscam plan-tar suas idéas á força de censurase de criticas mordazes, procu-randó violentar o arbitrio de seussemelhantes em questão tão me-liudrosa como de crenças intimas,que dependem de convicções sin-ceras, esquecendo-se de que Jesusnunca impoz sua doutrina a nin-guem, para não tirar o méritoáquelles que a seguissem volunta-riamente, recebendo os conselhosde suas palavras, e mais ainda,de seus puríssimos exemplos!

Não são poucas as x>assagensdos Evangelhos em que Elle cia-mava em arestos da mais purabenevolência — quem tiver olhospara ver, que veja; quem tiverouvidos para ouvir, que ouça.—Oh, esses taes seriam verdadeirosinquisidores — mores, se a nossacivilisação actual perniittisse ain-da autos de fé.

Elles se arrogam o direito decensura áspera e mordaz aos seusadversários, porque Jesus encho-tou os mercenários do templo, eJoão Baptista censurou a Herodeso seu procedimento immoral. Coi-fados, na sua louca vaidade e or-gulhO, e na faina de tudo dominarpor seu presumido saber, compa-ram-se em igualdade de poderesao Divino Mesíre e ao gloriososeu Precursor, ignorando os ter-mos dessas censuras, cheias semduvida de benevolência e amor.Contundem o—clama, não cesses,de Izaias, levanta como trombetaa tua voz e anmmeia ao Povo as

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BELIGIÃO ESPiRITA-25 DE JUNHO DE 1898

suas maldades,— como latego da Diante na necessidade, como opalavra vibrante e offensiva áquel- ¦ de vencermos todos os nossos pre-les'qne não cominungam com suasidéas.

Éão lia caridade sem benevo-lencia, e sem caridade não liasalvação ; ella tudo tolera, tudoespera, tudo soffre.

Fazei armas de vossa doçura,de vossa fé, disse o glorioso espi-rito de Vicente de Paula ; tendemais persuação, mais constânciana propagação de vossa doutrina,o que viemos dar é apenas nmaanimação.

Se isso diz um dos luminososmensageiros do Divino Mestre,como usarmos de violência de lin-guagem que só denuncia faltaabsoluta de caridade í

Devemos pois ser commedidose sempre na pratica com os nos-sos semelhantes,para testemunhara doçura da doutrina que proles-samos e o seu jugo leve, paravencermos pela brandura aquellesque se dizem fortes e sábios c quenão são mais que orgulhosos eignorantes.

Se o mais leve resaibo de vai-dade e orgulho embacia o brilhoda caridade, que é a jóia maisbella do coração de Jesus, a os-tentação da caridade mata-lhecompletamente o fulgor transfor-mando-a em negra escoria.

Muitos confundem a esmolacom a caridade, suppondo quepraticar a caridade é dar sempreesmolas, e no entanto ha entreellas grande difíerença como dizsabiamente Carita. A esmola éalgumas vezes util, porque ellaallivia os pobres ; porem ella équasi sempre humilhante paraaquelle que a faz e para o que arecebe. A caridade pelo cantrario,liga o bemfeitor e o beneficiado,e de mais,ella se disfarça por tan-tos modos!

Póde-se ser caridoso mesmocom os parentes, com os amigos,sendo-se indulgente uns paracom os outros, -perdoando-se suasfraquesas, tendo-se o cuidado denão irritar o amor próprio de nin-guem.

Quanto a vós espiritas, emvosso modo de obrar para comos que não pensam como vós, le-vando os menos intelligentes acrer, e isso sem os chocar, sem

conceitos, paixões e vícios e perdoar as ofíensas recebidas. Poreste acto estabelecemos sobre osfundamentos da humildade o maisprimoroso cdiíicio da caridade, e jo auxilio que por ventura offere-1cernios ao nosso adversário oujinimigo em occasião critica, pro-duzirâ- in continente os fructos sa-borosos da generosidade sincera,que só podem ser apreciados semostentação por aquelles que foramum dia generosos. Perdoemos poisas ofíensas recebidas, nao setevezes, mas, setenta vezes setevezes como disse a Pedro o Di-vino Mestre, e lembremo-nossempre do fecho brilhaute da sa-cratíssima missão de Jesus, per-doando aos seus algozes por nãosaberem o que faziam.

Eis o mais puro e divinal exem-pio de caridade.

A verdadeira felicidade paraa alma depende da maior com-prehensão da caridade, e sua per-feição depende da pratica dessasublime virtude.

de fé e de amor d'este, abre-se a portade entrada, apenas cerrada por pre-caução, e entra uma irmã adulta,acompanhada de uma creança de 5 a6 annos; e essa cireiimstaneia loi bas-tante para interromper a concentra-ção em que todos estavam, e por ou-tros motivos sem duvida dignos tam-bem de consideração, o médium som-nambulico que trabalhava desperta,e nada mais se obteve ; nem mesmouma communicação por escripto, ha-vendo vários médiuns psycographi-cos na reunião. Foi necessário hu-milde e respeitosamente encerrar-se asessão.

Talvez digam alguns que esse des-astre foi-mais devido a predicados dairmã do que aos da creança, mas,quem sabe d'isso ao certo? Que me-diumnidades tinha essa creança, quepudessem ser aproveitadas por mãosespiritos presentes á sessão, para lhecausarem damno, e seiente d'ellas edo que lhe poderia sueceder, seu anjoda guarda a salvou pela resolução su-bitamente tomaefa por graça supe-ri or,. o

romper de prompto com suas con-vicções, porem conduzindo-os pou-co a pouco ás nossas reuniõesonde elles poderão nos ouvir, eonde poderemos descobrir a bre-cha do coração pela qual devere-mos penetrar. Eis aqui um doslados da caridade.

E eis também um conselho, comonão o rjoderiamos encontrar me-lhor, para não serdespresadoparaa propagação da verdadeira dou-trinado espiritismo religioso.

Se a humildade é a virtude fim-damental que sustenta o edifíciode todas as virtudes, esse edifíciosó por si constitue a caridade,poisnão ha virtude que não esteja aella unida pelos laços de amor,que é a mais pura emanação doPae Celestial.

O maior acto de caridade quepodemos praticar, não ó tanto o(le ampararmos o nosso seme-

SESSÕES J5SP1RITASSe é sempre prejudicial aos bons re-

sultados que se almeja nas reuniõesespiritas religiosas em que se buscapraticar a caridade, a introducção depessoas descrentes, sem preparo algumda doutrina pela leitura previa dosbons livros que d'ella tratem, princi-palmente das obrais do mestre AlkinKardec, e do conhecimento ao menosperfunetorio dos santos evangelhos, eque são levados a essas reuniões maispela curiosidade do que n'ellas sepassa, do que pelo ensinamento que lápossam colher para seu adiantamentomoral, também prejudicial e perigosomesmo e consentir-se n'esses centrosou grupos a admissão de creanças in-nocentes e mesmo aquellas já cresci-das, mas que não tenham ainda o gráosufficiente de intelligencia para bemcomprehenderem o papel que lá vãorepresentar, e que ignorem as me-diuumidades que possuam e de quepossam se utilisar espiritos malévolospor uma falta mesmo rápida e acci-dental de concentração geral, paraas prejudicarem em seu organismoincompletamente desenvolvido.

A responsabilidade do mal que possasueceder a esses irniãosinhos por essasfaltas e imprevidencias, recae tantosobre o presidente das sessões, comotambém e mais directamente sobre ospães d'esses menores, que não reflec-tem nos males que lhes podem advirpor culposa simplicidade de não da-rem importância ás cousas mais san-tas e respeitáveis.

Assistíamos a unia sessão presididapor um dos mais fervorosos e conspi-cuos espiritas de nossa sociedade flu-minense, e, exactamente na occasiãoem que o espirito,.infeliz que se mani-fostava prestes estava a arrepender-sede suas faltas pela renhida discussão

que estabelecera com o presidente, ediante da lógica e doutrinação cheia

E' de presumir q*ue a innocenciamerecesse mai6- contemplação do queum descuido de um adulto, e em todoo caso a inconveniência se patenteouda entrada da creança.

Constantemente nas sessões espiritasestão se dando factos dignos de todaa cautela, de romperem máos espiri-tos o circulo de concentração dos assis-tentes pela fisga da desconcentraçãode um só irmão desattento, c umacreança não deixa de ser por seu orga-nismo ainda cm crescimento, um es-pirito verdadeiramente completo e in-dependente de um nosso irmão.

Alguns pães costumam antepor ásreflexões que se lhes faz sobre a en-trada de creanças em sessões espiritas,a circumstancia de estarem estas jáacostumadas a freqüentai-as, e se mos-tram disgostosos de corregirem umafalta que se lhes aponta como prejudi-ciai aos trabalhos*e á própria creança,e tomam assim o peso de uma g-a :deresponsabilidade. Só temos a aconse-lhar aos presidentes novatos de fu-girem da cooparticipaçâo de tal res-

ponsabilidade. Outros pães deseul-pam-se dizendo que receberam licençade conduzir os filhos ás sessões; licitoé desconfiar da veracidade d'essasauthorisações, que quasi sempre nãopassam de conselhos de máos espiritos,levianos e mystificadores com o llmmaldoso de prejudicarem por todas asformas os trabalhos espiriticos, e se di-vertirem á custa dos incautos e dos

presumidos.Felizmente isso só se dá geralmente

nas sessões cleípropagáiida e não ii'à-quellas em que o rigor da concentra-ção é elemento indispensável para to-dos os seus trabalhos.

Conitudo, ha casos especialissimose raros em que creanças podem seradmittidas em sessões espiritas verda-deiramente homogêneas, com formalpermissão dos guias espirituaes dosgrupos e sciencia do presidente, e

então as razões d'essa admissão sãocabalmente justificáveis perante,todosos assistentes e por espiritos bons decuja identidade não é licito duvidar.

Se esses nossos irniãosinhos, só pelasua falta principal de concentração,tantas decepções e males podem trazera si próprios e ás sessões em queousam comparecer, o que diremosd'essas ereaturas irracionaes comocães, gatos, passarinhos, &, que ino-fienshos, podem servir cie instrumen-to aos máos espiritos para despresti-

giareni os trabalhos de espiritismo?Sem duvida (pie jamais esses peque-nos seres devem ser conservados nocentro das sessões espiritas comodiurnou-se de nos aconselhar o nossobondoso protector Romualdo, ao ter-minar-se uma sessão verdadeiramenteimportante, em que por descuido, umairmã assistente tinha conservado juntoa si um cã os in li o de estimação, obri-sando assim a irreverência de um és-m

pirito adiantado e cheio de bondade,ter sob sua guarda esse animalsinho

para que a sessão, toda de intuitos ai-tamente benéficos, não pudesse ser

perturbada por algum maldoso es-

pirito dos que a rodeavam.E' preciso não esquecer que o.j espi-

ritos máos, contrários á doutrina deJesus,não cessam de perseguir aquelles

que seguem os ensinamentos do Di-vino Mestre, e que em phalangos nu-merosas buscam todos os meios e muitomenos esperdiçam aquelles que anossa própria fraqueza ou ignorâncialhes proporciona, para se collocaremem posição favorável de nos fazeremmal e prejudicar a sacratissima dou-trina.

Ha ei rcuinstâncias que parecemde somenos importância, que podemmesmo passar desapercebidas por pes-soas que não as saibam pesar conve-nienteniente, e no entanto são sugge-ridas pelos máos espiritos e por ellesaproveitadas para desenvolvimento desuas más fenções.

Entre muitos factos que constante-mente estamos apreciando em sessõesespiritas, referiremos um para bem

poder-se avaliar dos recursos e artifi-cios de que os máos espiritos lançammão para nos desviarem de nosso de-ver pela desconcentração. Tiuhamosem nossa vizinhança uma distinctacantora,médium somnambulico inconsciente, que, ás qualidades de umaesmerada educação moral, junta essedote musical; pois bem, exactamenteás horas em que celebrávamos as nos-sas sessões, ora mais, ora menoscedo proposital mente, essa cantora iapara o piano tocar e cantar, sugges-tionada sem o saber, por um espiritoque então era um infeliz, para rom-per assim a nossa concentração.

Esse espirito, que assim procurava,felizmente sem proveito algum, nos

perturbar, finalmente foi trazido aonosso seio e converteu-se.

No dia mesmo em que elle compa-receu, animava com palmas e bravosá distincta cantora, interrompendo adoutrinação, e depois do arrependi-*

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EELIGIÃO ESPIRITA-25 DE JUNHO DE 1898

motivava e o seu intento antes de re--ceber a luz. Hoje, esse espirito 6 unibom amigo nosso e camarada a quemdevemos relevantes serviços.

Não sao raras as vezes em que nascriticas occasiões em que um infelizendurecido se acha em caminho dearrependimento, principalmente sepor esse mesmo endurecimento echefe de quadrilha no espaço e temadeptos comsigo para malfeitorias, ai-guma matilka de cães adventicios réu-nidos aos da vizinhança levantamdescommunal alarido sem motivo ma-teria! apparcnte, mas assanhados porespiritos nulos que procuram dessaforma perturbar as sessões.

Outras vezes; são as próprias çriaii-ças da casa, que, já dormindo, sãodespertadas sem motivo plausível,para desviarem a áttenção das mãesque se acham em sessão e interrom-perem dessa forma a concentraçãogerai.

Sobre esse assumpto oecorre-nosdarum bom conselho ás mães ou pessoasque cuidam de crianças infantes quan-do choram sem motivo justificado desoffrimentos physicos, escondendo orosto no eólio das pessoas que as car-regam como para livrarem-se de uniavisão que as enconmioda.

Tendo todas as crianças de tenra

mento confessou as suggestões que t para instruecão dos crentes e ínfceres-sados em progredir na pratica da dou-tri na.

E' necessário reagir contra todosesses artifícios empregados pelos mãosespiritos para perturbarem os traba-llios das sessões, e o meio efíieaz eprompto é nenhum dos assistenteslhes prestar áttenção, conservando aconcentração indispensável ; desani-mados por não sortirem eífeito osseus estratagemas, elles se retirarãoabandonando a malévola empreza.Mas, ai da sessão em que um de seusmembros prestar áttenção a esses ar-ti liei os, abrindo a porta ã desconcen-tração, e tudo estará perdido. A maiorenergia da parte do presidente seráprecisa, e o auxilio dos guias tornar-se-ha indispensável para o restabeleci-mento da concentração, se por ven-tura a sessão houver corrido com onecessário respeito e religiosidade.

Presidiamos urna sessão de verda-cleiros crentes na qual comtudo haviauma irmã, médium inconsciente, semnunca ter traballuido apezar de já terassistido a varias sessões, e, repentina-mente, quando «era doutrinado um in-feliz, ella soltou involuntariamenteuma risada por um gracejo de some-nos importância que elle arriscara,produzindo assim uni sobrcsalto emtodos os assistentes; felizmente havia

grupos espiritas religiosos, reeommendamos, a leitura cie nos-sos artigos sobre sessões espiritasea ultima parte do livro dos me-çlivims dp Sr. Allan Kardec.

Também áquellas da mesmaprocedência que nos teem iuqui-rido sobre pontos de doutrina es-pirita perfeitamente elucidadosnas obras do mesmo mestre, e quenão hajam recebido correspon-dencia nossa especial, igualmen-te as recommendanios, pedindodesculpa por falta de tempo denão apontar-lhes os logares pre-cisos onde eucontrarão resp<ás perguntas formuladas.

vontade do Pae, vêm dizer a seus fi-'Mios :-— IVeparae-vos pura a írrande

tempos são che-

idade bastante desenvolvida a me- na sessão um médium somnambulico

diumnidade da videncia, como pro-vani os risos que desabrocham em seusrostos repentinamente, e os niovimen-tos convulsos de alegria, pelo que vêeme lhes agrada no espaço, muita cousamá também vêem e as desgosta, pro-voeadas por espiritos niáos. A historiade bichos que lhes mettem medo, nãoÒ* ummytho para ellas, mas sim umarealidade que nós não vemos, que asobriga a chorar e dar todos os signaesde descontentamento e aíTlicção. Poisbem, todas as vezes que as criançaschorarem, denunciando repentina-mente esse medo ou máo estar, semjustificativa de soíliimentos physicos,recommendanios ás mães verdadeira-mente crentes da religião espirita, deconcentrarem-se por alguns niomen-tos erguendo uma pi\ce em intençãodo infeliz espirito que otíende acriaii-ça, pedindo a intervenção do anjo daguarda desta para fazer o infeliz afãs-tar-se em nome de Jesus ; e terão oprazer de ver a criança voltar inime-diatamente á sua alegria habitual ;acontecendo o inverso, se em vez dapaciência que sempre devem ter, semostrarem iradas contra a criança,dando entrada e prazer ao infeliz queassim satisfaz os seus malévolos inten-tos as perturbando por intervenção dacriança.

Áquellas pessoas que estudarem to-dos esses factos com a devida atten-ção, reconhecerão a veracidade doque afiançamos e terão a prova maistarde ou mais cedo pela confirmaçãodos próprios autores desses malefíciosdepois de arrependidos, ou por expli-cação de bons espiritos familiaresacostumados a desvendar essas cousas

educado ria doutrina, e com toda apromptidão o glorioso espirito deAgostinho, guiado infeliz que se dou-trinava, toma esse médium,e com todaa energia manda retirar-se o desgra-çado irmão que actuára sobre a me-dium c auxilia o presidente avoecandoa si a doutrinação para o seu guiado,até a sua conversão completa ; dandoposteriormente instrucções a todos so-bre a necessidade de se conservaremrespeitosos e acima das suggestões dequalquer natureza de espiritos máosou levianos.

Por conveniência mesma da concen-fiação, as sessões qspiritás devem serrealizadas em aposentos desprovidosde quadros, artefactos luxuosos e maisobjectos provocadores de especialáttenção. A maior simplicidade devereinar no recinto; as janellas quepermitiam olhos indiscretos devassa-rem o que se passa no interior doaposento como deste para o exteriorprovocando a desattenção, devem serfechadas de modo a não interceptaremo ar nem a luz por meio de cortinaspela fôrma mais conveniente; aportadeve ser cerrada sem cunho de myste-rio e de maneira a impedir pelo sim-pies respeito e civilidade, a entradainconveniente de intrusos e descreu-tes. Quando quizeres orar, disse Jesus,entra no teu aposento, fecha a portac ora a teu Pae em secreto, e teu Paeque vê o que se passa em secreto tedará a paga, (S. Matheus, cap. VI).

ooiiitiieiçõisRecebida no grupo.religioso—Os íi-

IliOs de Mrígdalen.i—em sessão do dia13 de Maio de 1891

Meus irmãos-Paz.Gloria áJtziis, o primeiro propugiu-

dor da liberdade !A data de hoje representa para este

povo uma data gloriosa, porque c ummarco de elevação a que chegou, reconh condo todos os homens como seusiguaes sem distincç.ão de cores-

Entretanto, quão longe esião aindada Verdadeira comprehcnsão do que éa Liberdade. O homem vive ainda n'esteplaneta immerso cm densa escuridão,e, de seus pulsos pendem feros grilhões;pois que não ha maior captiveiro do(pie o das imperfeições ; não ha maiorliberdade do que aquella que eleva ohomem acima do lodo social que sechama política, vaidade, orgulho, ava-reza, ambição, ódio, inveja c todas aspaixões suas iguaes.

Quando a humanidade puder liber-tar se dc uma vez para sempre de todasessas cousas, então reinará a verda-deira liberdade, e os homens não selembrarão de construir mais fortale-zas. nem instrumentos de destruição.

Todos trabalharão para um únicofim—o Progresso—qne se resume if es-

CORRESPONDÊNCIAÁs pessoas de fora da Capital

Federal que nos teem pedido in-strucções para organisayão de

tas tão simples quão sublimes palavras—Amor a Deus sobre todas ascoutas e ao próximo como a si mesmo.

Ah, pobre humanidade ! Quando che-gará odiado entoardes um hymno uni-sono, que repercutindo no èllier vá aospés de Deus bemdizer o seu Nome e onome d'aquelle que plantou primeirosobre a Terra a arvore frondosa da Li-lerdade?!

Porque, o que foi essa liberdade en-tre vós ? Um simulacro de liberdade !

Porque, se tirastes as algemas dospulsos de vossos irmãos, foi para osarnesquinhar cada vez mais com o vos-so sarcasmo lembrando-lhes o que fo-ram.

Foi para cuspir-lhes nas faces as.fezes dc vosso ódio á sua raça dizendo:— Fostcs um e.-eravo— Quando Deusnão col locou sobre a Terra um só deseus tiIlios escravisado.

O homem se escravisa por si mesmoás suas paixões e á ellas se vê sujeitoaté o dia em que esíorça-se por liber-tar-se porque a Liberdade está cmsuas mãos.

Bu^cae por toda a parte a Liberdadee não a encontrareis, porque cila nãoexiste sobre a Terra. Aquelles que sedizem povos civilisados, bilo os primei-ros a escravisarem seus irmãos.

Yède vossos irmãos d'além como pra-ticam, como se batem contra a Liber-dade ! O que quer isso dizer, meus ir-mãos, quando tudo progride ; quandovêm sobre a Terra o Gonsolador pro-mettido pelo Divino Mestre, para mos-ti ar á humanidade o caminho a se-

'j i

Quando os espirites interpretes daguir

jornada, porque osgados? !

Ali, meus irmão1?, orae e orae muitopor todos os escravisados sobre a Terrae trabtdhae por libertar-vos do jugo devossas imperfeições.

Um vosso protector e amigoLuiz Gama.

Eeeebida no grupo—José—emsessão do clia 2,3 de Junho cieLS9G. em homenagem ao gloriosoespirito de João Baptista o Pre-cursor.

Ecce agnns Dei.Este é o meu filho muito amado

no qual tenho posto toda minhacomplacência.

Foram estas as palavras ouvi-das por João, o Precursor, quan-do no rio Jordão cedia aos de-sejos do Mestre de ser por ellebaptisado.

Por estas palavras, meus íi-lhos, podeis comprehender queJezus, o ungido do Senhor, quizser baptizaçlp por João afim dercalisar-se o que se achava escri-ptò nas Escripturas.

João o Precursor, nascido deZaeharlas e de Izabel, era o mes-mo Elias annunciado antes queJezus viesse á Terra.

No entanto, Jezus, referindo seá vinda de Elias, disse : « Na ver-dade vos digo que Elias já veio,e elles não o conheceram, antes,fizeram d'elle o que quizeram. »E affirmou que dos homens uas-cidos de mulher ninguém se le-vantou mais alto que João.

Ora, meus filhos, deveis bemcomprehender que, se João nas-cendo de mulher ninguém se le-vantara mais alto do que elle,Jezus, pelo qual eram proferidasestas palavras, não tinha nascidode Maria e de José o carpinteiro.

Estudae pois, afim de compre-henderdes todas essas cousas. Asciencia espirita veio para quetodas essas cousas sejam estuda-das e comprehendidas.

Deveis tirar a illação de queJezus servio-se de José e Maria,espiritos puros, para sua mani-festação tangível ante os povosda Judéa, pois sendo aquellespovos muito atrazados, não for-neciam elementos homogêneospara sua appariçao; e foi o quepela sabia omnisciencia deN^ssoBom Pae ficou determinado, queviessem á Terra espiritos adian-tados encarnarem-se para auxi-liarem o seu Filho na missão im-portanto da regeneração da hu-jiiaiiidade.

Foi assim, que vieram os após-tolos disfarçados em pescadores,mas, espiritos ja prepostos paraaquelle fim.

O estudo, meus filhos, é muitonecessário para se comprehendertodas estas cousas. Buscae nossantos Evangelhos tirar o véo daletra e encontrareis todas as ver-dades contidas n'elles.

Filies foram, são e serão eterna-mente a fonte de todas as scien-cias e de todas as virtudes.

As gerações vindouras hão dedescobrir ri'elles muitas cousasgue passam hoje despercebidas.

Aquelle que se entrega aoYapèx-

Page 4: Joao Baptista CARIDADE€¦ · A caridade resume em si todas as virtudes, porque todos os meios de patentearmos amor a Deus e ao nosso próximo, são reflexos dessa luz divina que

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RELIGIÃO ESPIRITA—25 DE JUNHO DE 1898

feiçoauiento de seu eu, e aquelleque os busca, encontra sempren'elles um amigo para todos ospassos de sua vida, uni guia parao futuro e uni pharol para trans-por-se âs elevadas espheras do in-imito.

Estudae-os pois.Vosso protector.

José de Nieodemiiü.

Recebida no grupo—José—emsessão do dia 23 de Junho de 1896em homenagem ao glorioso, es-pirito de João Baptista o Precursor.

Paz seja comvosco.O íiin a que me propuz hoje

vindo ao vosso seio, é fallar-vosd'esse grande vulto que na Terraem sua ultima existência teve onome de João.—João, aquelle queveio aimunciar ás turbas a vindado Messias preparando-lhe o ca-minho.

Sabeis já por que fôrma foi elleannunciado, mas vou repétil opor uma satisfação que tenho defallar-vos de cousas de tal na-tureza.

Achando-se Zacliarias no tem-pio, pois era encarregado de apre-sentar o incenso como um dossantos varões d'aquelle tempo,quando, ápproxiinando-se do altarpara depor o que levava, vio jun-to a um angulo do mesmo, umpersonagem de vestes alvas comoa neve que, se dirigindo a ellefaltou-lhe nestes termos: Zacha-rias, tivestes graça ante a face doSenhor e vossa esposa sendo este-ril, hade conceber um filho a quedareis o nome de—João,—ao queZacharias duvidou.

O anjo que a elle se dirigia,percebendo a duvida no seu es-pirito, a repetio acerescentando .«e porque o duvidaes, ficareismudo desde este instante até quese effectue o que acabo de vosannunciar; » e o deixando surpre-so desapparece.

E desde aquelle momento Za-charias emudeceu.

E o povo que se achava ásportas do templo á espera que seabrissem as portas, vendo que ellese demorava, í aliava entre sisobre a causa que isso determi-nava.

E vindo Zacharias abrir-lhe asportas o inquiriam e elle nadarespondeu porque estava mudo.

Então diziam que elle haviaperdido o espirito ou estava pos-sesso do demônio ; e apoz a cere-monia se retirou para sua casa,triste por haver duvidado das pa-lavras d'aquelle enviado.

Decorreram os tempos necessa-rios para o desenvolvimento dofeto, e, quando chegou o nasci-mento, as pessoas parentas de Za-charias e de lzabel que pressuro-sas correram a ver o grande acon-tecimento, pois lzabel se achavaem idade mui avançada e era con-siderada estéril, vendo nascido omenino, disputavam na escolhado nome que se lhe deveria dar 5foi então que Zacharias, vendorealisadas as palavras do anjo,recordára-se do nome que ouvirae recuperando a falia, respondeuaos assistentes que o nome que

seria dado ao menino era o de—João.

D'ahi em diante começou o quevós todos conheceis da vida doPrecursor até a sua decapitação,que é caso extraordinário paraáquelles que não estudam em es-pirito e verdade as sagradas letrasdo Evangelho.

Conto1, dizem uns, conciliar-se ajustiça de um Deus, vendo-sefactos d'estes. João, que diffe-rindo dos outros homens, fora an-nunciado como Jesus e os prophe-tas escreveram dizendo : « Vozdo que clama no deserto: appare-lhae o caminho para a passagemdo Messias.» Este homem tão ex-traordinario, que vivia pelos cam-pos alimentando-se de gafanhotose mel silvestre, que nunca fez mala ninguém, que teve a graça debaptisar o Christo, como pois foidecapitado a mando de um ho-mem tão impuro, e a instânciasde uma muilier tão vil, a Hero-diades, que abandonando seu ma-rido, fora ligar-se com seu eu-nhado!... E esse Deus, se exis-tisse, porque o não salvou depassar por esse tranze .

São esses os commentarios d'a-quelles que não teem ouvidos deouvir nem olhos de ver.

Mas, a vós outros é muito diífe-rente: João, espirito elevado,vindo cumprir uma missão, vinhatambém resgatar uma falta quehavia commettido quando Elias,decapitando reprobos de seus en-sinamentos, e eis a razão porquesendo a lei de Deus expressa paratodos, e tendo elle delinquido,veio soífrer a pena do delicto.

Por esse exemplo podeis vervos outros a razão de vossos sof-frimentos aqui na Terra. Ellessão as conseqüências do que íizestes a outros em existências pas-sadas. Cumpre que as supporteiscom amor e resignação a exemplode João Baptista, que humilde-mente se curvou sobre o cepo en-tregando a cabeça ao cutello deHerodes antipater, o tetrarcha daGalliléa.

Ahi fico, meus filhos. Não queroabusar de vossa bôa vontade nemda passividade do apparelho queme serve n'este momento. Eu vol-tarei se tiver occasião de vos en-contrar m estado em que vosachn hoje, dar-vos mais algumacousa.

Que Deus vos abençoe e queJoão Baptista vos cubra com seum.mto.

Eicae na Paz do Sonhor.André (o apóstolo).

Acta da sessão do grupo—José—110dia 17 de Julho de 1896.

A's 8 horas da noite presente.. 03membros do grupo e os médiuns L.M. R. e C. P., o presidente depois deerguida a prece inicial, abre a sessãoem nome de Deus.

Ao começar-se a prece pelos espiri-tos soffredores o médium C. P. som-nambulisado recebe um espirito quedenuncia grande commoçâo pelossuspiros que exhalava durante amesma prece.

O médium L,, recebe á seguintecommunicação escripta :

Meus filhos,Que Deus vos acompanhe e pro-

teja.

Nós aqui juntos de vos estamospara vos amparar e ajudar.—José.—João.—Romualdo.—Jusius.— Pauto.— Clara.— Maria.— André.— Anto-nio de Pàdaa.

Eu soífro muito, diz o infelizespirito pelo médium C. P., mas,tenho vergonha de me manifestar.

Não quero, (como respondendo aalguém do espaço) vou-me embora;orem por mim.

Passado um instante, diz o espiritodo médium :

Coitada de minha pobre irmã !Quanto soffre! Orae, orae, por ella.

O presidente ergue uma prece aoPae Amantissimo, pedindo compaixãopára esse pobre espirito.

Durante essa supplica mais cresceainda a commoçâo d'esse espirito,soltando soluços de verdadeira dôr.

Depois, como que encontrando ali-vio em expandir as dores do seu co-ração, manifesta-se esse infeliz espi-rito de Firmina Pacheco, dizendo-seenvergonhada dos passos mãos quedera na vida terrestre, nunca se jul-gandò assaz castigada por haver des-prezado os conselhos do seu bom paeque tanto a amara.

Depois de muito relutar para contara sua historia, parecendo receber doespaço conselhos péira isso, e na luctaentre a humildade de dizer o quetora e a vergonha de confessar assuas faltas, foi a poifco e pouco ga-nhando confiança entre tis pessoaspresentes, pela amabilidacle e carinhocom que a tratava o presidente, dan-do-lhe conforto nos conselhos de tudoesperar cia misericórdia de Deus e doamor infinito de Jesus, e julgando-seentão captiva, como disse, d'essa con-fiança que lhe inspirava um terno co-ração de pae também extremoso, prin-cipioua contar a sua desgraçada vida,pedindo desde logo perdão a Deus.

O presidente supplica da Mãe San-tissima a protecção para essa nossainfeliz irmã, e ao Senhor um raio deluz de seu divino amor.

Fortalecida por essa supplica, Firmi-na desenrola então a sua commove-dora historia; descortinando por umafranqueza filha de inteira confiança,as suas faltas que a tornavam dignade toda compaixão.

Compunge a todos relatar os soffri-mentos por que passa, vendo agora,os seus três filhos passando miséria,e torna-se finalmente* merecedora desanta piedade, contando por palavrasentrecortadas de soluços, que morreraem um hospital, desprezando por malentendida vergonha, o amparo de suafamilia oílerecido pelo braço generosode um irmão.

Renascido o verdadeiro amor n'essedolorido coração, Firmina dá saluta-res conselhos ás filhas do presidente,presentes á sessão, exhortando as aouvirem e attenderem sempre aosconselhos de seus pães, mesmo quandonão fossem elles amantissimos, pães,porque aquillo (pie por elles é repro-vado, não deve ser seguido, sob penados maiores infortúnios.

O presidente agradece a Firminaos bons conselhos que dá ás suas filhase ergue uma supplica ao Senhorpedindo a graça de permittir a essairmã ver o seu anjo da guarda.Firmina commove-se vendo juntoa si Thereza de Jesus, cujo nome pro-nuncia cheia de veneração e amor.

O presidente offerece á guarda eamantissimo coração de Thereza deJesus essa sua guiada, que despertaraem todos nós por seus soffrmientos,os mais fundos e sinceros sentimentosde piedade. Pede a Thereza de Jesusã graça de receber as nossas precescomo amparo . e fortaleza pela suaguiada e os nossos agradecimentospelos dous actos de caridade obtidospor sua intervenção, ajudando por umlado a essa irmã a humilhar-se pe-

rante o infortúnio, e por outro, pro-movendo tão caridosos conselhos ásirmãs encarnadas ás quaes Firminase dirigira.

Pouco depois de retirada Firmina,o mesmo médium O. P., recebe The-reza de Jesus que assim se mani-festa: í;

— Paz seja comvosco.Minhas filhas.Acabaes de assistir á manifestação

de uma infeliz. Ella sirva para vós de.um espelho onde vos mireis sempreantes de dar qualquer passo na vidamaterial. .

Como ella, tantas outras existem11'este mundo que se deixam levarpelos primeiros arrebatamentos da,alma, sem medirem o abysmo ondeteem de cahir.

O amor, minhas filhas, é um senti-mento nobre, sublime e grandioso,mas é preciso qne elle parta de cima.

Não se deve amar a ninguém maisdo que a Deus. Depois de nos termosentregado a Elle de todo o nosso cora-ção, de toda a nossa alma, devemosentão amar alguém.

Partindo d'este principio, este sen-timènto toma proporções gigantescase faz prodígios, mas sempre de mãosdadas com as virtudes. Mas, não par-tindo d'ahi, elle é arrebatado e cego;segue uma carreira vertiginosa, em-brenha-se por estradas tortuosas atéchegar ao fim. E- então, que depoisde se ter cabido no abysmo insonda-vel do vicio e da corrupção, procura-se medir a sua profundidade. E' tarde;para a triste só lhe resta a estradaruinosa, cheia de escombros e de es-pinhos por onde tem que marchar, evae, caminha, e mais tarde, tem porgloria uma vida de aventuras e a en-xerga de um hospital.

E' triste esta historia, mas ella vosfalia tanto á razão, que eu sinto-a,haveis de perdoar, é uma parte doamor que vos tenho que me faz fallarassim.

Oh, religião bemdita de emanaçõesdivinas, se não foras tu, como poderiatrazer hoje ao vosso centro esse gran-de exemplo ?!

Estudae-o bem e tomae para vó*.essas lições que nunca são de mais.

Sirva-vos elle de um facho luminosopara vos guiar na estrada pedregosad'essa vida.

Que a Puríssima Virgem, Mãe Pro-tectora de todos os infelizes, deixecahir sobre vós uma ponta de seu es-trellado manto.

Vossa irmã Thereza vos abençoa.Erguido o agradecimento ao Senhor,

a Jesus, a Maria Santissima e aos bonsespiritos nossos guias e protectores,encerra-se a sessão.

PENSAMENTOSA doutrina dos insensatos é fatui-

dade.

0 coração do sábio instruirá a suaboca, e acerescentará graça aos seuslábios.

Coroa de dignidade é a velhice quan-do se acha nos caminhos da justiça.

Aquelle que despreza ao pobre, in-sulta ao seu Creador. e o que se alegracom a ruina d'outrem, não ficará impu-nido.

Os filhos dos filhos são a coroa dosvelhos, e a gloria dos filhos sâo os pãesd'elles.

Ao homem prudente serve-lhe maisuma reprehensão, do que ao insensatoum cento de golpes.

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Offic. de obras do Jornal do Brasilfi