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14/11/2014 João Cerqueira Lima http://itaunaemdecadas.blogspot.com.br/2014/01/joao-cerqueira-lima.html 1/9 Cel. João de Cerqueira Lima (1870/1942) Fundador da Cia. Industrial Itaunense (1º Maio de 1911) 1ª BIOGRAFIA LINCOLN NOGUEIRA "Ontem , à tarde, ao sol posto, Passei junto à tua porta, E vi com grande desgosto Que minha esp'rança era morta" Ele escreveu esp'rança à portuguesa e não esperança , sonoramente à brasileira. São versos da Revista " Cigarra do Sertão", que João Lima, Mário Matos e eu escrevemos , já la vai um punhado de anos . Basta o esp'rança para se descobrir que a quadra saiu da pena lírica de João de Cerqueira Lima. João Cerqueira Lima

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Fundador da Cia. Industrial Itaunense.

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Cel. João de Cerqueira Lima (1870/1942)

Fundador da Cia. Industrial Itaunense(1º Maio de 1911)

1ª BIOGRAFIA

LINCOLN NOGUEIRA

"Ontem , à tarde, ao sol posto,Passei junto à tua porta,E vi com grande desgostoQue minha esp'rança era morta"

Ele escreveu esp'rança à portuguesa e não esperança , sonoramente àbrasileira. São versos da Revista " Cigarra do Sertão", que João Lima, MárioMatos e eu escrevemos , já la vai um punhado de anos .Basta o esp'rança para se descobrir que a quadra saiu da pena lírica de Joãode Cerqueira Lima.

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Posto que tinha vindo bem pequeno para o Brasil, a linguagem revela desdelogo a origem. Mamou o leite materno em Portugal, na Beira, emCastanheira de Pêra , onde viu a luz pela primeira vez, no dia 21 de abrilde 1870. Menino e não moço ainda, levou-o o destino pra longes terras.Seus pais, Antônio de Cerqueira Lima e Maria Júlia de Cerqueira Lima,resolveram abandonar a pátria e emigrar , com os filhos, para o Brasil.A imaginação de sonhador, o espírito de aventuras, a alma de romântico, aânsia do desconhecido, o desejo de viagens fantásticas, a ilusão de mundosnovos, virgens e ignotos em remate, os mares de D.Afonso Henriques, aalma portuguesa enfim, sonhadora e romântica, lírica e aventureira,insôfrega e destemerosa , irrequieta e angustiada não permitiram que olusitano Antônio de Cerqueira Lima envelhecesse calmamente ,mansamente, na pátria amada.Por isso , com a família , atravessou o Atlântico, rumo ao Brasil, isto é aodesconhecido, em viagem perigosa, que todas eram , naquela época.Chegado que foi ao Rio de Janeiro mete-se com a família pelo interior , ejunto com os tropeiros, cavalgando ásperos burros de cela, afundou 600léguas sertão bruto a dentro, atravessando a perigosíssima serra daMantiqueira, onde tinha seu quartel bem organizada quadrilha de gatunos,que para roubar, matavam os viajantes desprevenidos.E veio com a família terminar viagem no centro, no coração de MinasGerais, instalando-se na cidade de Bonfim, onde se estabeleceu com umacasa comercial. Seu filho, o nosso João de Cerqueira Lima , contava apenas10 anos de idade, e, para fazer a viagem, acompanhando os pais,interrompera os estudos primários que frequentou apenas durante 6 meses.O menino João de Cerqueira Lima, ajudava o pai, por todos os meios aosseu alcance, não rejeitando serviço por duro ou pesado , indo de serventede pedreiro a caixeiro do pai, da casa de comércio. As compras parasortimento de negócio, eram feitas em Sant'Anna de São João Acima , nacasa de comércio de Manoel Gonçalves de Souza Moreira.Nota-se, de passagem, a força, o poder deste arraial de Sant'Anna , a futuracidade de Itaúna. Era o arraial grande e poderoso empório comercial , ondehavia dois estabelecimentos notáveis , a casa de Manoel Gonçalves deSouza Moreira e a casa de Josias Nogueira Machado. Assombroso , pornumerosíssimo , era o movimento de tropas e tropeiros , que de Sant'Annade São João Acima partiam em todas as direções . O pequeno e modestoarraial supria de tudo, fornecendo, quaisquer mercadoria, não só a muitosarraiais como ainda a várias cidades.Antônio de Cerqueira Lima , porém, não prosperou. Ou porque fosse muito

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bondoso ou porque o estabelecimento não rendesse o suficiente parasustentar a família , o certo é que fracassou o empreendimento comercial ,falindo . Como consequência, ficou devendo a Manoel Gonçalves de SouzaMoreira a importância que montava a um cento e tanto. Sempre foi oportuguês Antônio de Cerqueira Lima homem e correto , e , no descalabrode seu negócio, tomou as providências necessárias para saldar todas asdívidas. Não encontrou , porém jeito de fazer o pagamento, a ManoelGonçalves de Souza Moreira , e o recurso foi mandar o filho João trabalhar como caixeiro, até que fosse feito pagamento total, aos poucos, medianteum minguado ordenado que recebia.E João de Cerqueira Lima, quando veio para Sant'Anna de São João Acima,trabalhar para pagar a dívida paterna , contava apenas11 anos. Umacriança que precisava de brinquedos, ia lutar duramente, com a graveresponsabilidade de saldar a dívida contraída pelo progenitor. Deixou o paiamado, e a mãe idolatrada, os irmãos queridos e, montado num burricoqualquer, partiu pra o arraial bravo, cheio de lutas e ambições , de genteaventureira , que surgia de todas as bandas, sem freios e nem policiada,onde todas as noites havia rixas e desavenças, tiros e facadas, feridos emortos. Partiu com 11 anos de idade, mal sabendo ler e fazer contas paratrabalhar para um patrão severo e rigoroso. Conseguiu com paciência etenacidade pagar a dívida, tendo mais resignação que o Jacó da Bíblia, poislevou 11 anos trabalhando para pagar tudo. Entrou para a casa com 11anos de idade e a deixou com 22 anos, recebendo, após o acerto de contas,a importância de uma pataca.Bendita a hora, em que chegou a Sant'Anna de São João Acima o meninoJoão de Cerqueira Lima! Bendita dívida, que obrigou o menino João deCerqueira Lima a permanecer em Sant'Anna.Por que João de Cerqueira lima veio a ser um dos maiores vultos de Itaúna?Porque foi ele quem consolidou a Fábrica de Tecidos Santanense, naiminência de um geral fracasso. Porque foi ele que ergueu , junto com Dr.Augusto Gonçalves de Souza a Cia. Industrial Itaunense , de que foi a alma.Porque Itaúna deve a João de Cerqueira Lima a riqueza que possui, agrandeza que ostenta , o progresso que causa admiração, a força industrialque a anima.Sim, porque, se não fossem criadas as duas poderosas as duas poderosasindústrias de tecidos, que se devem em última análise , a João de CerqueiraLima, Itaúna estaria hoje modorrando ao sol, como cidade morta. Mas,continuemos a seguir a vida do lutador.O trabalho de caixeiro lhe dava poucas horas de folga, que era, porém bemaproveitadas pela criança inteligente e séria. E só podia dispor desses raros

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momentos de fazer, pois aos domingos e dias santos. O trabalho eradobrado. Em geral, as populações das roças, fazendeiros e lavradores,preferiam os domingos e dias santificados para as compras. Vinham àmissa , passavam e faziam compras necessárias. havia, assim, nos diasdestinados ao descanso, desusado movimento, verdadeira azafama , quepunham os pobres caixeiros numa roda viva.O menino , cujo caráter a dureza da vida amoldara rijamente, nas horasvagas, ao invés de brincar ou passear, tratava de estudar, procurandocompreender consigo mesmo o que não pode fazer na escola, por a terfrequentado somente seis meses.Formoso exemplo de autodidata . E não foi o único que apareceu emSant'Anna. Mais dois pelos menos merecem ser citados e foram AurelianoNogueira Machado, cujo diploma de farmacêutico trazia a assinatura de D.Pedro II e Joaquim Marra da Silva , o jornalista de linguagem correta ecatiça, foram mais ou menos contemporâneos, ainda que João de CerqueiraLima fosse bem mais moço. O fato exato é que João de Cerqueira Lima, empouco tempo, sem professor e sem guia, fazia a escrita da cassa, comperícia e perfeição como competente contabilista. isto , aos 16 anos deidade, isto é, cinco anos depois que bons ventos o trouxeram paraSant'Anna . Quando contava 20 anos, teve que assumir a direção da casa,porque Manoel Gonçalves de Souza adoecera de reumatismo e ficara presoao leito, entrevado, durante quase 2 anos.Entreou o povo de Sant'Anna a murmurar que o negócio iria por águaabaixo , porque o jovem João de Cerqueira Lima não daria conta do recado,e, faltando o chefe, que sempre esteve à frente, tudo iria mal. E muita genteboa antegozava o fracasso do negócio, numa satisfação mal dissimulada. Afim de estimular o rapaz e dar-lhes mais ânimo. Manoel Gonçalves deSouza Moreira prometeu-lhe dez por cento sobre os lucros, se os houvesse.Curado o patrão, tornou a assumir a direção de seu estabelecimentocomercial, e, foi quando houve a desavença , que os separou. A casa deramais lucros sob a direção do moço do que antes. Parece que o patrão nãogostou, e, no acerto de contas, houve atrito e discussão,e, como resultado, omoço João de Cerqueira Lima deixou a casa, onde trabalhou 11 anosseguidamente. Por esse tempo já andava de namoro com a senhorita Ana,na intimidade Aninha, filha do Coronel Manoel José de Souza Moreira. Naigreja, que foi mais tarde demolida, situada no largo da Matriz, durante amissa , é que ele via a namorava o brotinho Aninha. Como a semanademorava a passar, para que chegasse o abençoado domingo! E era uminstante apenas, pois tão pouco lhe parecia a meia hora da missa, finda aqual corria para o balcão, a atender o povo das roças, que queria fazer

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compras. A moça Ana ficou verdadeiramente apaixonada pelo rapaz, que eraelegante, de boas falas e já perito na metrificação. Com certeza, compôs-lhemuitos madrigais apaixonados, poeta que era, mas possível não foi obtersequer uma poesia a esse respeito. Manoel José de Souza Moreira, via onamoro com bons olhos, pois adivinhava no moço, honesto, sério etrabalhador, um homem de futuro. Não pensava, assim, o filho de ManoelGonçalves de Souza Moreira, o Manoelzinho ou o Moreira , como erachamado. Com o amparo do pai e do irmão da jovem, Jovino Gonçalves deSouza, o namoro progredia, para em breve chegar ao noivado. Dizem queManoel Gonçalves de Souza Moreira , o Manoelzinho, fizera grandeoposição, chegando a ponto de oferecer à mana a quantidade de cemcontos de reis, fortuna imensa naquele tempo, para que ela abandonasse oJoão Lima, não se casando com ele. Parece lenda, porque a importância émesmo fabulosa. O fato é que a menina Aninha não quis saber do dinheiro,porque estava doidinha para se casar com o João. Pelo menos diz, umantigo jornalzinho, que se publicou em Itaúna : - "A menina Aninha queria porque queria casar com o João, e , quandoescutava o sino da Matriz, era assim que o sino falava: Casa com o João queo João é bom! Casa com o João que o João é bom! Ouviu o conselho do sinoe casou mesmo com o João".Já nesse tempo de namoro, negociava João de Cerqueira Lima de sociedadecom Jovino Gonçalves de Souza, seu futuro cunhado, de quem era muitoamigo. O casamento de João de Cerqueira Lima e Ana Gonçalves de Souzafoi celebrado no ano de 1894, na mesma Matriz, onde começaram onamoro.Tratava-se por esse tempo, da construção da Fábrica de TecidosSantanense, empresa gigantesca para aqueles tempos remotos. Manoel Joséde Souza Moreira com seus irmãos José Gonçalves de Souza , FranciscoGonçalves de Souza e Vicente Gonçalves de Souza, e, também, seu filhoManoel Gonçalves de Souza Moreira estavam edificando ou construindo aFábrica, cujo capital inicial era de seiscentos contos, um capital muitoelevado, considerada para a época. As dificuldades eram imensas, bastalembrar que , desde o Rio de Janeiro até Sant'Anna de São João Acima, todasas máquinas, e muitas eram pesadíssimas, tiveram que ser transportadasnos lombos dos burros ou em carros de bois, numa viagem lenta quedurava meses .E as dificuldades foram sempre subindo de ponto, de tal jeitoque a turma desanimou e estava resolvida a liquidar a incipiente Fábrica. Aturma, não. É preciso explicar bem. Manoel José de Souza Moreira nãodesanimou nem concordou ou consentiu que se liquidasse a empresa.

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Desanimado, o filho Manoel não quis mais continuar à frente doempreendimento. Nesse ponto, foi lembrado João de Cerqueira Lima e osogro o levou para a direção da Fábrica. Deixou assim, o comércio, no anode 1895, para assumir a gerência da Fábrica de Tecidos Santanense.Em pouco tempo , reergueu a empresa, evitando que se perdesse tantoesforço e tanto capital. Não pode , porém continuar muito tempo, poishouve grave atrito e desavença com o cunhado Manoel Gonçalves de SouzaMoreira, que, afinal, voltou a dirigir a indústria de tecidos.João lima retornou ao comércio, estabelecendo-se com nova casacomercial, à rua Silva Jardim, esquina com Artur Bernardes, onde hoje estáa casa de seu filho João de Cerqueira Lima Júnior. A primeira casacomercial de sociedade com Jovino Gonçalves de Souza estava situada namesma rua, porém, mais abaixo, mais ou menos onde está hoje a casa do Sr.Francisco Francisco Guimarães , à praça Luiz Ribeiro. Ai , na rua SilvaJardim, negociou até o ano de 1911 quando se deram dois fatos auspiciosospara Itaúna : - A chegada da Estrada Oeste de Minas e a Fundação daCompanhia Industrial Itaunense.João Lima vendeu a casa comercial e foi ser diretor gerente da Cia.Industrial Itaunense, que dirigiu, administrando, com muito tino e argúcia,até o ano de 1938, em que já doente passou a cargo a seu filho José deCerqueira Lima, que é o atual diretor gerente. Itaunense notável entre osmais notáveis, ainda que nascido em Portugal, João de Cerqueira Limapassou toda a vida em Itaúna, desde a infância à velhice, dedicou toda aexistência a este torrão bendito de Sant'Anna de São João Acima. Por estaterra lutou, empenhando todas as forças e recursos em todos os setores,quer no social e político que no econômico ou industrial. Não se indigitacometimento de vulto em Itaúna que não traga a marca do lutadorresoluto, não há fato de importância que não ostente algum sinal de suapresença. Entretanto, não quis o destino que, assim como não nascesse emSant'Anna , viesse, também, a falecer na cidade que ajudara eficientementea edificar e amava tanto.Grave enfermidade o levara ao Rio de Janeiro, na intenção não só de lheminorar os padecimentos, como, e principalmente, de prolongar aexistência.Nascera esse grande itaunense (seja -se permitido dizer assim, que forasempre, como os maiores , de toda a alma e coração) em Portugal e falecera, no Rio de Janeiro. Caprichos do destino. Falecido na Capital Federal, a 11de setembro de 1942, foi o corpo conduzido para Itaúna, em cujo cemitériomunicipal , foi inumado no dia 12. No dia da chegada do corpo em Itaúna ,imensa multidão encheu o largo da Matriz, havendo encomendação

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assistida por toda a população, que contrita, ou em prantos ou em precesfervorosas, assim homenageava o grande homem, tão estimado de todos , jádos ricos, a quem, sempre, amparou ou antes ajudou a enriquecer, já dospobres e da engrandecida mole de operários, a quem amenizou a dureza daexistência, oferecendo trabalho, propiciando meios dignos de subsistência.Itaúna precisava de render uma homenagem de relevo ao grande filho, nãosó num preito de gratidão, mas principalmente num elegante gesto dejustiça. É verdade que a rua onde se localizou a Fábrica de Tecidos quefundou, consolidou e dirigiu, com competência , brilho e dignidade,recebeu seu nome, conforme decreto do Prefeito de então. Além da rua Joãode Cerqueira Lima, que lembra o nome do imorredouro itaunense, hánecessidade outra homenagem maior, de imponência e de cultocondizentes com a grandeza rebrilhante do homenageado .Deixou os seguintes filhos, que seguem o exemplo paterno , na honradez,no trabalho, na dignidade e na inteligência : José , João, Afonso, ManoelMaria e Alice . havia o sétimo , Ana moça prendada, que adoecendo degripe pulmonar, no Colégio de Mariana, onde estudava como alunainterna, partiu ainda gravemente enferma para Itaúna, onde veio a falecerpoucos dias depois. Morrera na flor da idade , quando contava 18 anos.Além desses filhos, houve mais três, que faleceram, quando pequenos : O 1ºJosé, a 1ª Ana, a 1ª Maria . Houve, pois, dois filhos com os nomes José, Anae Maria.Em memória, aqui ficam estas palavras, como singela homenagem deItaúna agradecida a João de Cerqueira Lima.

2ª BIOGRAFIA

Torres do Vale

Célebre personagem que se fez dentro de nossa terra e que aqui chegaraaos 10 anos de idade , vindo antes das Plagas Lusitanas , natural deCastanheira de Pêra bem ao pé de Coimbra, onde nascera a 21 de abril de1870, filho de Antônio de Cerqueira Lima e de Maria Júlia Baeta Neves. Jáentão Mária Júlia de Cerqueira Lima, nome registrado em Portugal deconformidade com a herança matrimonial, era irmã do velho CaetanoBaeta neves, de muitos anos antes, radicado em nossa vizinha cidade deBonfim.Em 1879 Antônio de Cerqueira Lima viera ao Brasil preparar ambiente de

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trabalho para trazer mais tarde sua família, que havia deixado emPortugal. Dirigiu-se logo que chegou a Minas , para a cidade de Bonfim ,onde exercera a função de pedreiro, trabalhando na construção da Igrejadaquela localidade. Um ano depois , fim de 1880 , voltou a Portugal parabuscar a família. João de Cerqueira Lima que já trabalhava em Portugalcomo auxiliar de pedreiro caiu certo dia de um pinheiro e esteve prestes aamputar sua perna esquerda. mas , o destino reservou -lhe a cura doferimento e viu-se livre de perder a perna.Quando a família , pressurosa leu no jornal os nomes de passageiros donavio que levava de regresso Antônio de Cerqueira Lima, sentiu-se feliz ,porém já lhe falecido sua filha menor Maria Guilhermina, que falecera emterna idade . Seus filhos até então restantes eram : João de Cerqueira Lima ,Cristina de Cerqueira Lima e Fortunata de Cerqueira Lima, os quais foramaos cais do porto, assistir ao desembarque de seu pai Antônio de CerqueiraLima . Assim que viram surgir um senhor de fisionomia atraente e debarbas negras , correram - lhe ao encontro e perguntaram-lhe : É o senhor,nosso pai Antônio de Cerqueira Lima ? Acolhidos pelo papai, seguiramjuntos. Indescritível a euforia de todos em sua residência. Desde então ,prepararam a mudança e em janeiro de 1881 vieram para o Brasil.Chegados ao Rio de Janeiro em fevereiro de 1881, logo que obtiveram adevida licença para o desembarque, foram para a quinta dos Irmãos A.Bebiano, fortes comerciantes de secos e molhados , estabelecidos na rua 1ºde março, no Rio de Janeiro , e primos de Maria Júlia de Cerqueira Lima,onde permaneceram durante cinco dias e dali se transportaram comdestino a minas seguindo diretamente para a cidade de Bonfim, ondepassaram a residir.Quatro anos depois , em 1885 resolveu Antônio de Cerqueira Lima seguircom a família para o povoado de Papagaios de Pitangui, onde passaria acomerciar. Foi nessa ocasião que João de Cerqueira Lima que havia ficadoem Itaúna, para trabalhar como caixeiro junto à Firma Comercial Moreirae Filhos , assumir aos seus quinze anos de idade responsabilidade dopagamento de um débito de seu pai de trinta contos de reis (30:000$000)dinheiro que havia obtido por empréstimo, para abrir casa comercial emPapagaios MG. E foi com a máxima pontualidade que o filho cobriu-lhe odébito. Tais foram os dotes de atividade , horandez e inteligência do menorJoão de Cerqueira Lima, que três anos depois , aos seus dezoito anos deidade, elevava-se ao cargo de Guarda-Livros da firma e dois anos depois,aos vinte de idade , ao cargo de gerente da mesma firma. Na qualidade degerente da firma, casou-se com Dona Ana Gonçalves de Souza Moreira quepassou a assinar Ana Gonçalves Lima e estabeleceu-se por conta própria

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com uma pequena casa de comércio que lhe dera possibilidade de vencer.Capacitado para o comércio e para a indústria , foi escolhido para gerenteda Companhia de tecidos Santanense, que na ocasião estava em grandedificuldade . Ao lado de seu cunhado Dr.Augusto Gonçalves de Souza e deseu cunhado Cel. Antônio Pereira de Matos, fundou em 1911 a CompanhiaIndustrial Itaunense, que foi uma de suas maiores vitórias e como prêmiode seu alto espírito moral e empreendedor. Basta dizer que em 1912 areferida empresa esteve quase a abrir falência , tal era seu excesso deprodução , sem a satisfatória procura da mercadoria fabricada , em seuainda restrito mercado de consumo.Entretanto, sorria-lhe o destino, pois, em 1914 explodiu a Primeira GuerraMundial todo o estoque fabricado com o máximo de procura, foirapidamente vendido. E daí para diante, vemos à nossa frente a granderealização de João de Cerqueira Lima.Além de tudo isto, era João de Cerqueira Lima exímio poeta e escritor,porem só escrevia e manifestava suas produções literárias a amigosíntimos, pois, sua modéstia jamais permitiu que ele publicasse o queescrevia. Chegou a colaborar com Mário Matos e Lincoln NogueiraMachado em várias revistas ,sendo que , na última delas, fez trabalharcomo protagonistas , seu filho José de Cerqueira Lima e sua nora AdalgisaMatos.Mais tarde impossibilitado de continuar em Itaúna por motivo de falta desaúde transferiu-se com sua família para o Rio de Janeiro, onde faleceu a11 de setembro de 1942 aos setenta e dois anos de idade e recebeusepultura nesta cidade de Itaúna .

Fontes : 1ª Biografia : Revista Acaiaca (Celso Brant / Ano:1954)2ª Biografia : Arquivo Dr. Antônio Lima Coutinho / Torres do ValeRevisão Biográfica : Afonso Henrique da Silva LimaTextos digitados conforme originaisRealização:Charles Aquino, graduando em História pela Universidade do Estado de Minas Gerais /FUNEDI - Campus da Fundação Educacional De Divinópolis.