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 Presidência da República Casa Civil Secretaria de Administração Diretoria de Gestão de Pessoas Coordenação – Geral de Documentação e Informação Coordenação de Biblioteca

Joao Goulart - Mensagem Ao Congresso Nacional 1964

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 Presidência da RepúblicaCasa CivilSecretaria de AdministraçãoDiretoria de Gestão de PessoasCoordenação – Geral de Documentação e InformaçãoCoordenação de Biblioteca

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J O Ã O G O U L A R T

MENSAGEM

AO

CONGRESSO NACIONAL

1964

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J O Ã O G O U L A R T

MENSAGEM

AOCONGRESSO NACIONAL

REMETIDA PELO PRESIDENTE DA R E P Ú B L I C A

N A A B E R T U R A D A S E S S Ã O L E G I S L A T I V A DE 1964

B R A S Í L I A

BRASIL

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Senhores Membros do Congresso Nacional:

Ao inaugurarem-se os trabalhos da sessão legislativa

de 1964, tenho a honra de dirigir-me a Vossas Excelên-cias, no exercício da prerrogativa que me confere o artigo

87, inciso XVIII, da Constituição da República, a fim

de dar-lhes conta da situação do País e solicitar-lhes as

providências que julgo necessárias ao seu desenvolvi-

mento, à preservação da tranqüilidade e da segurança dopovo brasileiro e à definitiva erradicação dos obstáculos

institucionais e estruturais que impedem a aceleração, e

a consolidação do nosso progresso.

Desejo, entretanto, que esta Mensagem ao Poder

Legislativo seja, por igual, uma conclamação a todos osbrasileiros lúcidos e progressistas, para que, cada vez maisunidos e determinados, nos coloquemos à altura do

privilégio, que a história nos reservou, de realizar a nobretarefa da transformação de uma sociedade arcaica em umanação moderna, verdadeiramente democrática e livre.i

O MOMENTO NACIONAL\

Dia a dia mais se fortalece em cada brasileiro aconvicção de que nada sofreará o nosso avanço e de que

força alguma, interna ou externa, será capaz de conter o

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V I —

ímpeto criador de um povo, consciente, afinal, de suascondições de atraso e, por isso mesmo, inconformado com

a ignorância e a miséria e, mais do que nunca, deliberadoa progredir.

Os contrastes mais agudos que a sociedade brasileiraapresenta, na fase atual do seu. desenvolvimento, são denatureza estrutural, e, em virtude deles, a imensa maioriada nossa população ê sacrificada, que.r no relativo à justa

e equânime distribuição da renda nacional, quer noreferente à sua participação na vida política do País e nasoportunidades de trabalho e de educação que o desen-volvimento a todos deve e pode oferecer. Por issomesmo que estruturais, estas contradições só poderãoser resolvidas mediante reformas capazes de substituir asestruturas existentes por outras compatíveis com o pro-

gresso realizado e com a conquista dos novos níveis dedesenvolvimento e bem~estar.

A solução de tais problemas, que se avolumam e se

agravam, exige de todos os brasileiros lúcidos persistênciae confiança e, da parte dos podêres públicos, novospadrões de ação em harmonia com a rápida ascensão das

aspirações populares.Consciente das distorções verificadas ao longo donosso processo de transformação social e da necessidadeimperiosa de reformas estruturais e institucionais, assumia responsabilidade de comandar a luta pela renovaçãopacífica da sociedade brasileira, como encargo primeiroe responsabilidade mais alta da investidura com que me

honrou a vontade dos meus concidadãos.Optei pelo combate aos privilégios e pela iniciativa

das reformas de base, por força da3 quais se realizará a

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— V H

substituição de estruturas e instituições inadequadas \àtranqüila continuidade do nosso progresso e à instauração

de uma convivência democrática plena e efetiva.

Senhores Membros do Congresso Nacional:

Aceitando o desafio que lhe propõe a realidadebrasileira, tem o meu Governo procurado orientar a suaação por meio de programas objetivos, cuidadosamenteplanejados, que visam, a par da estabilidade econômicae financeira, à ampliação do mercado do trabalho capazde assegurar ao Pais os níveis de vida mais altos a quetodos aspiramos.

Sem preconceitos ou discriminações, tenho convo-cado, para colaborarem em todos os setores da adminis-

tração, técnicos e especialistas de competência e espiritopúblico acima de qualquer dúvida, A introdução doplanejamento, como norma de ação governamental, quepermite a distribuição de esforços c meios, segundo ,amagnitude dos problemas, e a fixação de,critérios racionaisna disciplina da ação administrativa, demonstram aprevidência e a exação com que tem procedido o Poder

Executivo. Na busca de soluções convenientes paraesses problemas, anima-me o propósito de consolidar asconquistas já alcançadas no processo do nosso desenvol-vimento e, ao mesmo tempo, abrir frentes de trabalhoreprodutivo que se constituam em novas fontes de

progresso e de riqueza.Entretanto, a nossa atual estrutura econômica e

política reduz, quando não anula, a eficácia dast provi-dências, pois o anacronismo dos padrões que a sustentam

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VI I I —

e a constelação de podêres em que ela se apoia, perpetuamas crises e agravam os problemas, eliminando as possibi-

lidades de sua solução.

Senhores Membros do Congresso Nacional:

Como cidadão ou como Presidente da República,jamais concorrerei, por ação ou por omissãof para legitimatdiscriminações e injustiças, por meio da conservação de

estruturas envelhecidas que desqualificam o trabalho e oconvertem em instrumento de opressão e desigualdade.Entendo que ao Chefe do Governo de um país em

desenvolvimento cumpre estimular a criação de meios e

oportunidades para que o trabalho seja, precisamente, aarma pacifica da eliminação de privilégios e desníveis.

É imperioso fazer dele a dimensão nova de uma sociedadeque reformula o seu projeto de existência, para promovera libertação de classes sociais inferiorizadas pela situaçãoque ocupam no processo geral da produção.

Não é possível admitir-se continuem em vigornormas, padrões e valores que, em nosso meio, principal-mente nas áreas rurais, perpetuam formas de relações de

trabalho inspiradas nos resíduos de uma concepçãoaristocrática e feudal da vida e do mundo ou alicerçadasnas falsas premissas e nas hierarquizações injustas de umliberalismo econômico adverso aos encargos e às exigên-cias do Estado Moderno.

Entendo, por tudo isso, que a formação e o aperfei-

çoamento educacional e técnico e a assistência maiscompleta à força de trabalho de uma nação, sobretudoquando ela empreende a luta pelo seu desenvolvimento,

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— IX

devem constituir a preocupação fundamental dos podêrespúblicos, pois uma força de trabalho altamente qualifi-

cada é fator elementar da auto-determinação, da segu-rança -es da consolidação da soberania nacional. ;

Ao formular os planos do meu Governo, bem comoao traduzi-los em atos, jamais deixei de atender ao

compromisso, originário da minha formação política,1'detudo fazer pela valorização e dignificação do trabalhocontra todas as formas de exploração e de considerar

sempre a ampliação do mercado de trabalho como ' < u m

dos objetivos primaciais do poder público para que as

ofertas de emprego pelo menos se aproximem do incre-mento demográfico. !

Senhores Membros do Congresso Nacional:

O grande problema do nosso tempo não reside ape-nas na desigualdade entre países ricos e pobres, que tão

flagrantemente caracteriza o cenário mundial, mas no fatode que o fosso entre uns e outros tende a aprofundar-seprogressivamente, por força da maior velocidade de capi-talização das nações industrializadas.

Assim, se o desnível entre os dois mundos — indus-trializados e em vias de desenvolvimento — já é dê siinsuportável, tende a assumir proporções explosivas senão forem retificadas as condições atuais da economiainternacional. Os países em desenvolvimento, como oBrasil, basicamente exportadores de produtos primários,não mais podem assistir impassíveis ao continuado avilta-

mento dos preços de suas exportações, no processo resi-dual de um sistema colonialista já ultrapassado e repelido.

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X —

Essa constante deterioração das condições do comér-cio mundial, em prejuízo dos países em vias de desenvol-

vimento, não podia deixar de despertar a consciênciauniversal para um esforço coletivo destinado a asseguraràqueles países melhores perspectivas de justa remuneraçãopara o seu trabalho e possibilidade de aceleração de seudesenvolvimento econômico.

A política externa independente do Brasil, nainterpretação e na projeção do exclusivo interesse nacional

não poderia, conseqüentemente, deixar de prestigiar portodos os meios essa cruzada histórica em prol daeliminação das desigualdades que violentam o próprioconceito de soberania nacional.

A nação incapaz de repelir as tentativas de tutelaque contra ela se armem, e destituída de energia bastante

para impedir a alienação do produto do seu trabalho edas suas riquezas naturais, compromete irremediavelmentea sua própria segurança e submete-se a um processo dedominação, em que é sacrificada a liberdade de opção,que deve ser um dos seus apanágios.

Eis porque o Governo imprime às suas relações como exterior orientação que se caracteriza pela obediência

a princípios cuja sustentação considera imperativa: não-intervenção no processo político das demais nações, auto-determinação dos povos, igualdade jurídica dos Estados,solução pacífica das controvérsias, respeito aos direitoshumanos e fidelidade aos compromissos internacionais.

A ação da diplomacia brasileira, integrada no pro-cesso do desenvolvimento do País como um de seusinstrumentos indispensáveis, encontfa a sua autenticidadena fiel interpretação dos objetivos nacionais e fundamenta

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— , X I

a sua autoridade na perfeita identificação com os legítimosanseios populares.

Por isso mesm o, preocupa-se predominantemen tecom a intensificação do ritmo de progresso das grandesáreas subdesenvolvidas do mundo ainda não beneficiadaspela incorporação das conquistas científicas e tecnológicasda nossa era. Assim é que nossa política externa se regepelo esforço de conduzir as nações capitalistas e socia-listas, plenamente industrializadas, bem como a ONU e

demais organismos internacionais, a assumirem maioresresponsabilidades na área do financiamento e da assis-tência técnica mediante a reestruturação do comérciointernacional e a liberação de recursos, aplicados nacorrida armamentista, para as grandes tarefas da paz eda prosperidade de todos os povos.

A OBRA ADMINISTRATIVA

Senhores Membros do Congresso Nacional: iNa satisfação dos reclamos populares e na defesa

dos interesses do Pais, não m e limitei a esperar as me didaslegislativas necessárias à implantação das reformas estru-

turais com a profundidade que a Nação exige.Uma série de providências e realizações marcaramo esforço do Poder Executivo para assegurar a continui-dade do desenvolvimento e conquistar melhores níveis] devida para as nossas populações.

Atenção especial foi concedida às obras de infra-estrutura, das quais depende a expansão e a acelera-

ção do ritmo de nosso crescimento econômico. Paratanto, não permitiu o Governo a pulverização de recursos

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X II —

nem o seu desperdício em obras süntuárias. Antes,concentrou-os na construção e ampliação de usinas hidre-

létricas e termelétricas, de rodovias e ferrovias, noreequipamento de portos, na disseminação de escolas ehospitais.

Posso afirmar que todos os recursos disponíveisforam mobilizados para as obras de edificação de umaInfra-estrutura sólida, capaz de sustentar o dinamismode um rápido processo de industrialização.

Finanças

Apesar dos obsoletos instrumentos de que dispõe no

setor financeiro, pôde o Governo controlar, de modopositivo, a execução orçamentária do exercício de 1963,reduzindo em cerca de 40% o d é f i c i t potencial.

As despesas de caixa, registradas por intermédio doBanco do Brasil, ascenderam a Cr$ l. 415 bilhões,enquanto o montante líquido da arrecadação atingiu a

importância de Cr$ 915 bilhões. Infere-se dai que o

desequilíbrio, em 1963, correspondeu a um déf i c i t de caixade Cr$ 500 bilhões. As emissões de papel-moeda eleva-

ram-se, no período, a Cr$ 351,1 bilhões.Mediante o estabelecimento de um orçamento mone-

tário, procurou o Governo conter, dentro de limites razoá-veis, a expansão monetária global e a despesa pública,adequando o crescimento dos gastos públicos e privadosà estrutura da produção, com o que foram evitadasdistorções em alguns setores.

No que concerne ao comércio exterior, registrou-seem 1963 um a receita de exportação da ordem de

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— XI I I

US$ 1.370 milhões, cerca de 155 milhões de dólares a

mais do que a obtida em 1962, enquanto as importações

se situaram em torno de US$ l. 250 milhões. rAs estimativas preliminares do Balanço de Paga-

mentos indicam, para 1963, um déf i c i t de cerca de 284

milhões de dólares. Comparativamente a '1962, o períodorevela resultado menos desfavorável, pois naquele ano o

d é f i c i t atingiu US$ 343 milhões.

As dificuldades financeiras não impediram, todavia,a ação do Governo, dedicada à promoção do desenvolvi-

mento nacional.

Siderurgia

No ano de 1963, tive o privilégio de inaugurar duas

novas usinas siderúrgicas, que se incorporam ao parqueindustrial brasileiro, com importante participação derecursos e investimentos do Governo Federal. A Usina de

Cariacica, da Companhia de Ferro e Aço de Vitória, e aUsina da COSIPA, no Estado de São Paulo, constituemnovos marcos que assinalam a marcha empreendida 'tlü

rumo da auto-suficiência. da produção de aço.O total dos créditos autorizados em 1963 pelo Banco

Nacional do Desenvolvimento Econômico para a indús-tria siderúrgica elevou-se a 53,8 bilhões de cruzeiros.

Prosseguem os trabalhos de ampliação do parquesiderúrgico de Volta Redonda f prevendo-se no plano de

expansão da Usina Presidente Vargas, da CompanhiaSiderúrgica Nacional, o aumento da produção a nívelduas vezes superior ao atual.

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XIV —

Energia Elétrica

Vultosos investimentos públicos federais foram

também concentrados no setor da energia elétrica, com

aplicação em Furnas, Tires Manas, 'Paulo Afonso, Uru-bupungá, Charqueadas, Cachoeira Dourada e Capivari,

entre muitas outras. E, assim, a capacidade de geração

de energia elétrica já cresceu de mais de 23%, durante omeu Governo, passando de 5,2 milhões de kw, em 1961, a

6,4 milhões de kw, em 1963.As aplicações federais no setor da energia elétrica,

em 1963, somaram Cr$ 55,4 bilhões, dos quais poucomenos de metade foram aplicados pela ELETROBRÁS,entidade estatal especializada, com que passou a contar

o Governo a partir de junho de 1962, para execução dosgrandes empreendimentos e coordenação das políticas de

geração e distribuição de eletricidade.

Para 1964, a previsão dos investimentos, neste campo,

é da ordem de Cr$ 130 bilhões. Com isso, visa-se a darprosseguimento ininterrupto às obras projetadas, cujasrealizações elevarão a potência instalada a 8,4 milhões

de kw, em 1965, e a cercade 13,9 milhões de kw, em1970.

Transportes c Comunicações

Consciente de que no setor dos transportes seencontra um dos pontos de estrangulamento da economia,nacional, não tenho poupado esforços para a expansão eo melhoramento de nossos sistemas ferroviário, rodoviá-

rio,marítimo e aéreo. Ao mesmo tempo, dentro das

possibilidades financeiras, venho procurando atender avelhas e insistentes reclamações regionais contra a falta

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— XV

de meios de comunicação modernos, que realizem a

integração de importantes áreas e populações do País nos

centros mais dinâmicos da economia nacional.A profunda modificação que a estrutura dos trans-

portes vem sofrendo desde o decênio passado e que; setraduz na maior procura do transporte rodoviário, acen-tua-se nos últimos anos, em face dos reclamos de nossaetapa de crescimento econômico e, particularmente, daevolução da indústria automobilística do País. Tal fato

exige a construção de novas rodovias federais, em condi-ções técnicas mais aprimoradas.

Torna-se, também, imperativa a pavimentação dasestradas de rodagem mais importantes do ponto-de-vistaeconômico e social. Vale salientar que estrada como aRio—Bahia, concluída no meu Governo, com l. 275 km \de

extensão, totalmente pavimentada e dotada dos mais altospadrões técnicos, responde a antiga aspiração de vastasregiões, cujos habitantes lutaram por ela, erguendoverdadeiro clamor público. Além da Rio—Bahia, cabeassinalar ainda a conclusão do Anel Rodoviário de BeloHorizonte e do trecho Porto Alegre—Pelotas, com 224 kminteiramente pavimentados.

No setor rodoviário, a União investiu, o ano passado,80,5 bilhões de cruzeiros que permitiram ao DNERconstruir l. 100 metros de obras de arte especiais, mantertrabalhos de conservação em 37.580 km, além de desin-cumbir-se de outras tarefas.

No setor ferroviário, estão programados investimen-

tos da ordem de Cr$ 413 bilhões, durante o triênio 1963a 1965, para a expansão e modernização de nosso sistemade ferrovias,

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XVI —

No ano decorrido, foram realizados em treze dife-rentes trechos do Nordeste, Leste, Centro e Sul, serviços

de implantação de tinhas, construção de ramais e variantesque, em conjunto, absorveram recursos superiores a. 19bilhões de cruzeiros. Acelerou-se a construção do TroncoPrincipal Sul, que fará a ligação ferroviária da Capitalda República a Porto Alegre, já se achando entreguesao tráfego 235 quilômetros, correspondentes ao trechoMafra— Ponte Alta do Sul.

No Nordeste, a Rede Ferroviária Federal S.A. deuinício aos trabalhos de reconstituição da linha férrea queliga Macau a Natal, no Rio Grande do Norte, e apare-lhou-a para o transporte de l .000 toneladas diárias desal a granel. Essa medida possibilitará a redução de cercade 50% no preço do transporte do produto.

Nos trabalhos de remodelação e unificação das linhasque servem aos subúrbios da cidade do Rio de Janeiro,foram aplicados pelo meu Governo 4 bilhões de cruzeiros,com o fim de resolver o problema de saturação do tráfegosuburbano, que tanto angustia a massa trabalhadoradaquele centro industrial.

Quanto ao transporte hidroviário, propôs-se esta

administração aumentar a tonelagem de nossa frota mer-cante de mais 576.300 tdw. até fins de 1965, prevendo-set

para tanto, um dispêndio de 180 bilhões de cruzeiros.

Em 1963, os estaleiros nacionais construíram e entre-garam ao tráfego sete navios para carga geral e graneissólidos, totalizando 46.595 tdw., quase todos incorpora-dos ao

Lóide Brasileiro,Para a Frota Nacional de Petroleiros foram adqui-ridas quatro novas unidades, num total de 37.600 tdw.t

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— XVIÍ

e para a SNAPP mais uma unidade construída especial-mente para transporte fluvial na Amazônia.

Resultados significativos obtiveram-se, também, narecuperação e consertos de embarcações, com o reapare~lhamento das oficinas e instalações de doeagem. Foramrecuperados, em 1963, cinco navios de longo curso, do'zeembarcações para transporte fluvial e vários petroleirosdaFRONAPE.

Não descuidou o Governo, ao mesmo tempo, do

sistema portuário, que está a reclamar sério esforço parapôr-se em condições de enfrentar as crescentes exigênciasda expansão do comércio exterior e do intercâmtíiointerno.

Estão sendo melhorados os portos de Salvador eIlhéus na Bahia, enquanto prossegue a construção do

porto de Campinho, no mesmo Estado, para facilitariaexportação do minério de ferro. No porto do Rio deJaneiro foram aplicados recursos substanciais na constru-cão do parque de minério e carvão, com capacidade paraexportação de 7 milhões de toneladas anuais. No portode Santos aplicou-se quantia superior a um bilhão decruzeiros. ' •

O Governo prestou, também, considerável ajuda àexpansão da aeronáutica civil, contribuindo com auxíliosdiretos, tanto às empresas que funcionam em linhasinternas, quanto às que exploram linhas internacionais.Para possibilitar a renovação de equipamento e podermanter a exploração das linhas consideradas comercial-mente deficitárias, recebeu a aviação comercial, em 1963,

uma ajuda de 18 bilhões de cruzeiros. Realizou-se,também, nesse ano, notável esforço para o melhoramentoe a ampliação da infra-estrutura aeronáutica, isto é, dos

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XVII! —

campos de pouso, aeroportos e serviços de proteção ao

vôo. As obras contratadas pelo Ministério da Aeronáutica,

em 54 aeroportos, atingiram a soma de 4 bilhões decruzeiros.

A par disso, tem-se esforçado o Governo por

reaparelhar o Correio Aéreo Nacional, para que possa

ampliar os relevantes serviços prestados a todo o interior

brasileiro.

Ainda temos de pôr em relevo os êxitos alcançados,

em 1963, no setor das comunicações, que bem revelam

os esforços do Governo para superar as deficiênciascrônicas do País, nesse particular. Instalaram-se, nesse

lapso, 844 novas agências postais em vários pontos doterritório nacional, enquanto se expandia a Rede Nacionalde Telex, com ampliação das centrais de Brasília, Rio de

Janeiro e São Paulo, aumentando-se o número de canaisde ligação.

Recursos Minerais

Meu Governo prosseguiu no esforço de levantamento

e exploração dos recursos do subsolo, em busca da melhor

utilização de nossas reservas minerais, tanto para atender

às necessidades da indústria nacional quanto para aprodução de divisas.

Assim, concedeu-se atenção especial à pesquisa deminerais não*ferrososf principalmente nos Estados do

Nordeste, de Minas e Goiásr tendo-se em vista adependência em que se encontra o País dessas matérias-

primas, as quais tem de buscar no exterior.

Também se intensificou a pesquisa 'de mineraisfísseis, havendo os estudos realizados no Planalto 'dePoços de Caldas indicado que o Brasil poderá contar

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— X IX

com jazidas riquíssimas de nióbio, urânio, zircônio, molib-dênio, fluorita e pinta, da ordem de dezenas de milhões

de toneladas.Com o propósito de fomentar as exportações, o Go-

verno orientou a política de exploração do 'minério de ferrono sentido de concorrer vigorosamente no mercado interna-cional, sem prejuízo do suprimento de nossa indústriasiderúrgica. Assim, a exportação brasileira desse minériosofreu sensível incremento, passando de 6.237 mil

toneladas em 1961 para 8.246 mil toneladas no anopassado. Contudo, a receita obtida em moeda estrangeiranão correspondeu ao aumento do volume exportado, pelofato de vir decrescendo o preço unitário da matéria-primano mercado internacional.

Ainda no setor dos minérios, o Governo vem pondo

em prática uma série de medidas para o melhor aprovei-tamento do carvão nacional, que visam à sua mais intensautilização em diversos ramos da indústria brasileira.Dessa forma, empenha-se na construção de váriascentrais termelétricas nos Estados salinos, para o

aproveitamento dos resíduos resultantes do tratamentodo carvão metalúrgico. Também incentiva o estudo e a

pesquisa das características do carvão nacional, com ofim de assegurar o aproveitamento dos resíduos pirítosospara a implantação e o desenvolvimento de importanteindústria química.

Petróleo

No setor do petróleo, a ação 'governamental tem-sepautado pela decisão de fortalecer a PETROBRÁS, quevem aumentando gradativamente a sua capacidade de

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X X —

refino, com a construção de novas refinarias, como a"Alberto Pasqualini", em Porto Alegre, e a "Gabriel

Passos", em Belo Horizonte, e, também, com o aumentode capacidade das refinarias "Landulfo Alues", "Duquede Caxias" e "Artur Bemardes".

Construindo novos oleodutos, como os de BeloHorizonte e. Porto Alegre, novas fábricas de asfalto ede borracha sintética, terminais oceânicas e unidades

industriais destinados à implantação de petroquímicaautenticamente nacional, a PETROBRÁS expande-se e

consolida o regime do monopólio estatal do petróleo,satisfazendo exigência patriótica do povo brasileiro.

Embora a produção de óleo não haja aumentado, em

1963, o quanto era de esperar, a descoberta de novasbacias sedimentares extremamente promissoras, a concen-

tração de recursos para a aquisição de equipamentos depesquisa e extração, o aperfeiçoamento e retificaçãotécnicos na exploração dos poços, abrem largas perspec-tivas de rápida elevação na produção nacional de petróleo.

A PETROBRÁS, que constitui, hoje, o maiorconjunto industrial da América Latina e integra nos seus

quadros um dedicado exército de trabalhadores e detécnicos, tem diante de si, ainda, vasto programa porcumprir para a concretização de seus objetivos, indissolu*velmente vinculados à emancipação econômica do Pais.'Dai a atenção desvelada do meu Governo para com osproblemas que enfrenta a grande empresa de petróleo, afim de, mediante providências de ordem administrativae assistência de técnicos do mais alto nível, remover osobstáculos que entravam a sua expansão e o melhoramentode sua rentabilidade.

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— XX I

Educação

Orgulha-se este Governo, Seríhores Congressistas, dehaver desencadeado, com o propósito de integrar na

comunidade brasileira largas faixas marginais da nossapopulação, um movimento, hoje irreversível, no sentidoda democratização do ensino e da adequação de nossosistema educacional 'às exigências do desenvolvimentodo Pais.

Impressiona saber que somente 46% 'das criançasbrasileiras freqüentam escolas e que menos de doismilhões de adolescentes, ou seja, apenas 10% dos maioresde 12 anos, conseguem ingressar nas escolas de graumédio. ;

'A ação do Governo, para. a mudança desse quadroaviltante, exercesse, fundamentalmente, para efeito de

tornar o ensino primário efetivamente obrigatório euniversal e abrir a um número sempre crescente de jovenso acesso à escola média, que deve transformar-se emcentro de educação para o trabalho.

Com tal propósito, vem a União atribuindo aosEstados e aos Municípios somas sempre maiores derecursos para que se possa proporcionar o ensino primário,de 4 anos, a toda a população em idade escolar. Porintermédio de convênios com os Estados e os Municípios,o Ministério da Educação está executando um programade construção de 5.800 salas de aula e reequipamento demais de 10.000 e de suplementação dos salários da

professora primária. Espera o Governo, com essas e

outras providências, assegurar, este ano, um incrementode mais de dois milhões de vagas,em nossa rede de escolasprimárias.

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XXI I —

Simultaneamente, promove'sef com amplitude jamaisatingida, intensa campanha de alfabetização de adultos,

à qual estão sendo convocados professores, estudantes,todas as pessoas, entidades e instituições que possamcontribuir com uma parcela de. seu esforço, para a erradi-cação do analfabetismo.

Extenso programa para a democratização da escolade grau médio e sua adaptação às necessidades de

habilitação da juventude para as tarefas do desenvolvi*mento, foi elaborado pelo Ministério da Educação eencontra-se em fase executiva. Seu objetivo inicial é

possibilitar a instalação, em todos os municípios brasi-leiros, de escolas de ensino de grau médio, voltadas todasno sentido da educação para o trabalho.

Quanto ao ensino superior, o esforço governamental

destina-se a transformá-lo, efetivamente, em meio paraa formação de técnicos de alto nível e que atendam àsnecessidades do progresso industrial. Mediante re/ormu-lação dos currículos universitários e pela duplicação dematrículas no primeiro ano dos cursos de nível superior,estamos dando os primeiros passos para, efetivamente,integrar a Universidade no processo nacional de emanci-pação econômica e cultural e para abrir-lhe maislargamente as portas ao maior número de jovens aptosa receber preparo científico e treinamento técnico moderno.

Ê justo pôr em relevo o papel pioneiro da Universi-dade de Brasília, novo modelo de universidade, inspirado,não só na experiência das mais avançadas organizações

mundiais de ensino superior, como também nos reclamos'da sociedade brasileira nessa fase decisiva de transfor-mação sócio-cultural.

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l— XXIII

Saúde

Na mesma linha de valorização do homem brasileiro

e de sua integração na comunidade nacional, o Governo

vem procurando formular e executar umai política de

saúde pública que, ainda quando não chegue à solução

dos graves problemas médico-sanitários do País, pelo

menos impeça que se agravem.A solução adequada somente seria possível após

ampla reestruturação econômico'social, responsável pela"fome crônica" em que vivem massas imensa^ da.

população, pelas precárias condições de habitação, tanto

nos centros urbanos quanto no meio rural, assim comopelo atraso em que se encontra a maioria esmagadora dos

municípios brasileiros, sem os mínimos recursos para

manter serviços sanitários indispensáveis.

Contudo, tem o Governo procurado evitar que oquadro se torne mais dramático, buscando & integração

gradativa e sistematizada da ação dos diversos órgãos e

entidades que prestam serviços médico-sanitários.

Parte considerável ldos serviços da assistência

médíco-hospitalar prestada pelo Governo federal está sob

"a responsabilidade das autarquias da Previdência Social,que ampliaram largamente, em 1963, suas atividades

nesse setor. No ano passado, foi posto em funcionamento

o Hospital dos Bancários, no Rio de Janeiro, unidade

hospitalar do mais alto padrão e incrementou-se a organi-

zação dos serviços médicos em regime de comunidade,para levar ao interior do País os benefícios dá assistência

médica. Para o período de 1964/65, está previsto pelosórgãos da Previdência Social o aumento de 5.000 leitos

cirúrgicos, l. 700 leitos para tuberculosos, 800 leitos

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X X I V —

neuropsiqaiátricos e de 50% do quadro médico e auxiliar

existente.

Assinale-se, ainda, a expressiva contribuição dasForças Armadas no campo da assistência médico-hospitalar, que atinge não apenas os seus efetivos, mas

também os dependentes de oficiais e praças. Em 1963,

fo i iniciada a construção do Hospital de Brasília e da

Policlínica de Porto Alegre, ambos para instalação dos

serviços médicos das Forças Armadas.

Também participaram do esforço de ampliação dos

serviços médico-sanitânos a Comissão do Vale do São

Francisco, que aplicou 21 % de suas verbas em programas

de saúde, e a Superintendência do Plano de Valorização

Econômica da Amazônia, que mantém extensa rede dehospitais e postos de higiene naquela região, realizando,

ainda, serviços básicos de saneamento, esgotos e combateàs doenças transmissíveis.

Habitação

O problema habitacional, que constitui, também, umdos aspectos do problema geral da saúde e do melhora-

mento das condições de existência do povo brasileiro, vemsendo objeto de constante atenção e estudo.

Além de estudos a que mandou proceder para acriação do Conselho de Política Urbana, órgão subordi-nado diretamente à Presidência da República, a atual

administração procurou, na medida dos recursos dispo-níveis, estimular a construção de habitações, principal'

mente as de tipo popular, e propiciar ao maior número defamílias a aquisição de casa própria. Para os empreendi-mentos de construção ou de financiamento para t:

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— X X V

aquisição de casa própria, os vários órgãos federaisrealizaram, e/n 1963, vultosas inversões de capital. Foram

concedidos 4.759 financiamentos pela Caixa EconômicaFederal, entre eles o destinado à Estrada de FerroCentral do Brasil para a construção do Conjunto dosFerroviários, no Engenho de Dentro, na Guanabara,composto de mais de 3.000 unidades residenciais.

O IPASE aplicou vultosos recursos na construçãode habitações para os seus segurados, tendo concluído a

edificação de 200 residências e iniciado a de 758.Os Institutos de Aposentadoria e Pensões incluíram

nos seus orçamentos do ano passado dotações de quase49 bilhões de cruzeiros para investimentos imobiliários.

Mediante convênio já firmado entre a CompanhiaSiderúrgica Nacional e o IAPI, serão empregados, 6

bilhões de cruzeiros na construção de habitações em VoltaRedonda. A primeira f ase'do programa compreende aedificação de 6.000 residênciast número que na segundafase crescerá para 13.000,

Agricultura c Abastecimento

Sempre pugnando pela remoção dos obstáculos que

se opõem ao bem-estar dos brasileiros e mais violenta-mente se manifestam na opressão das massas operáriasatingidas pelo processo inflacionário, empenhei'me naminoração dos efeitos nefastos da carência de gênerosalimentícios e nas soluções possíveis das crises de abasteci-mento, enquanto se esperam as grandes medidas legisla-tivas que, pela abolição da ociosidade de nossas terras

férteis, darão à agricultura a capacidade de produçãoreclamada para a abundância desejável.

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X X V I —

Em 1961, o cômputo global da expansão da agricul-

tura revelava a taxa de 5,1% em relação ao ano anterior,

pouco inferior à taxa média verificada no decênio 1950a 1960, que se situou em torno de 5,3%, A produçãodo ano de 1962 assinala um crescimento de 3,3%.

A consideração 'de alguns dados preliminares sobre

as safras de 1963 leva a crer que também nesse ano

não houve incremento significativo na produção agro*pecuária,

O Governo tem intensificado por todos os meios osestímulos ao setor agrícola. Durante o ano de 1963,

somente a Carteira de Crédito Agrícola e Industrial do

Banco do Brasil concedeu 407.651 empréstimos à agro-

pecuária no valor de cerca de 285 bilhões de cruzeiros.A Comissão de Financiamento da Produção 'garantiu o"preço mínimo" a cerca de um bilhão de quilos de pro-

dutos agrícolas, no valor de 40 bilhões de cruzeiros,atendendo a 30 mil solicitantes.

Não obstante, reconhece-se a pouca eficácia 'dosesforços desenvolvidos. A agricultura nacional mostra-se

cada vez menos capaz de corresponder aos estímulos

recebidos, caminhando rapidamente para a estagnação

que lhe impõe uma estrutura fundiária obsoleta. Entende

o Governo, porém, ser necessário manter, de qualquer

modo, o abastecimento dos grandes centros consumidores,

em condições e a custos suportáveis pelo povo. Porisso, usando de prerrogativas legais e no intuito depreservar a paz social e coibir os abusos especulativos,

resolveu intervir com decidida energia no setor do abas-

tecimento, para regularizar a oferta de alimentos, me-

diante combate à sonegação, ao açambarcamento e àintermediação onerosa; organização da distribuição dos

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— XXVII

produtos básicos, pela manutenção de estoques reguladoresnos grandes centros de consumo; e concessão de subsídios

diretos, que assegurem preços acessíveis ao consumidor,sem sacrifício da justa remuneração dos gêneros nas

fontes produtoras.

Saneamento

As obras de saneamento, por sua vez, têm merecidotambém no meu Governo tratamento prioritário. Descri-volvesse, sob a coordenação do Departamento Nacionalde Obras e Saneamento (DNOS), um plano de integraçãodos múltiplos órgãos governamentais que atuam nessesetor, visando à melhoria de rendimento dos respectivosserviços, Considerando a importância que assumem (oabastecimento dágua e a instalação de esgotos como

medidas básicas de profilaxia e combate a diversas enfer-midades que grassam no País, nestes serviços tem o Go-verno concentrado a maior soma de meios possível. Os

investimentos básicos, neste setor, alcançaram em 1963a cifra de Cr$ 28 bilhões, enquanto em 30 anos anteriores(1933/1961) apenas somaram Cr$ 11,6 bilhões, o que dáa justa medida da alta prioridade atribuída pelo Governo

à obra do saneamento.i

Desenvolvimento Regional

Ao encarar 'osinvestimentos que, nos diversos setoresda conjuntura nacional, estavam a merecer, preferencial-mente, a atenção do Governo, tive a preocupação deconsiderá-los do ponto-de-vista regional, orientando-osno sentido da correção dos desequilíbrios sócio-econômi-cos que distanciam as diversas regiões do País.

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XXV I I I —

Dediquei especial cuidado aos problemas que angus*fiam as regiões menos desenvolvidas, acompanhando, com

o maior interesse, o prosseguimento dos programas desoerguimento econômico e melhoria do nível de vida daspopulações dessas áreas.

Do início de 1962 até fins de 1963, o meu Governoliberou verbas para aplicação na Amazônia, por intermédiodo programa da SPVEA, no montante de 23,5 bilhõesde cruzeiros, havendo sido projetados, para os próximos

dois anos, investimentos que ascendem à ordem de 105bilhões.

No Centro-JQeste, no Vale do São Francisco e na

Fronteira Sudoeste, pelos respectivos órgãos federais de

desenvolvimento, o Governo incrementou as aplicações derecursos para melhoria da infra-estrutura regional eapressou a eliminação dos principais óbices que entravam

o progresso dessas áreas.No Nordeste, a atuação do Governo se fez sentir

com particular eficácia no último ano. Uma análise das

atividades da SUDENE evidencia que 1963 foi, segu-ramente, o ano de consolidação desse órgão de desenvol-vimento no terreno das realizações concretas. O grandeesforço de planejamento nos seus primeiros anos encon-trou, no exercício de 1963, condições que permitiramalcançar, em ritmo acelerado, as metas estabelecidas.Apesar de ter a segunda, etapa do Plano Diretor sidoaprovada no mês de junho e de haver-se verificado apenasno último quadrimestre a entrega dos recursos, apreciávelsoma de realizações pode ser apresentada em abono daeficácia da ação planejada do Governo com o fito decorrigir distorções na economia, como é o caso do dese-quilíbrio no crescimento de diferentes regiões.

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— XXIX

O volume de desembolsos efetuados em~1963revela,

e m termos reais, um incremento de 100% em relação

a 1962.'A significação dos trabalhos empreendidos na região

avulta mais ainda ao considerar-se o volume dos recursosr

comprometidos, em 1963, para investimentos no Nordeste,e assegurados por convênios, projetos e acordos interna-cionais, no montante de Cr$ 114,7 bilhões, • * • • '

Brasília

A consoíkíação administrativa da nova Capital vemsendo objeto de constante preocupação do Governofederal. A experiência demonstrou ser, não só imprati-

cável, senão também desnecessária, a mudança da totali-

dade dos órgãos do Poder Executivo, com todos os seusservidores, pelo sistema do voluntariado, como original-

mente se planejara. Entretanto, torna-se inadiável concen-

trar em torno dos podêres da República os serviços deassessoria indispensáveis ao comando das atividades

políticas e administrativas da Nação. jO caminho 'racional será a completação 'da transfe-

rência, de acordo com uma escala prioritária, que tenhacomo objetivo central trazer, inicialmente, os órgãos de

coordenação do comando de cada Ministério ou serviço.Cumpre, ainda, assisti-los com a instalação de um centronacional de computação numérica, articulado com umarede auxiliar capaz de abranger todo o País e dotado detodos os requisitos modernos para assegurar ao Governo

os elementos essenciais de informação e controle sobretoda a vida econômica nacional e toda a administração.

O cumprimento dessa magna tarefa terá de ser

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XXX —

antecedido por sensível melhoramento das condições de

oferta de habitações em Brasília e pela expansão de seus

atuais serviços públicos. Pára isso vem o Governo dandoprosseguimento, com a maior intensidade, ao programa

de edificação de residências. Assim é que, neste momento,

o Grupo de 'Trabalho de Brasília, os Institutos de

Previdência, os Ministérios Militares, a Universidade de

Brasília, a Prefeitura e a NOVACAP, numa conjunção

de esforços sem precedentes, têm em construção nada

menos de nove mil unidades residenciais, entre casas eapartamentos. Por sua vez, os fundos especiais dos

recursos provenientes da venda dos imóveis, já existentes

e por concluir, asseguram o reinvestimento de apreciávelimportância em novas edificações.

Por outro lado, as obras de urbanização e, princi-

palmente, os serviços de energia elétrica e telefone,elementos básicos para a consolidação da cidade-capital,

estão sendo desenvolvidos com o máximo empenho.

'Ao arrojo urbanístico e arquitetônico de Brasília

devem corresponder novos métodos e processos de traba*lho que assegurem maior rendimento administrativo, de

modo que a carência numérica 'de servidores -seja suprida,

com vantagem, por sua alta qualificação, fortalecendo-seassim os órgãos de comando e tornando possível a

tão necessária descentralização dos serviços públicos daUnião.

'A consolidação de ^Brasília — cuja instalação foilevada a efeito para atender a imperativo constitucional

e, ao mesmo tempo, a generalizado anseio do povo brasi*leiro — constitui tarefa e dever aos quais não faltou, nemfaltará, em momento algum, o Governo, consciente do que

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— XXXI

representa, para o progresso e o prestígio do País, aimplantação definitiva e perfeita de sua nova capital.

A DELIBERAÇÃO DE PROGREDIR

Senhores Membros do Congresso Nacional:

Em 1963, o Poder Executivo preocupou-se intensa-

mente com alguns problemas básicos, oferecendo-lhes assoluções que, dentro do quadro geral das graves dificul-dades nacionais, se lhe afiguraram as melhores, e pró-curando, para esse efeito, utilizar todas as suas atribuiçõeslegais, ainda quando providências definitivas ou maiseficazes ficassem a depender de cooperação do PoderLegislativo.

'Assim, um a série de procedimentos, cujo efeito sefará sentir de modo sensível em várias esferas da vidanacional, marcou o esforço do Governo para assegurar a

continuidade do desenvolvimento sócio-político e econô-mico do País. Entre elas, cito as relacionadas com areformulação da ordem jurídica e os estudos consubs-

tanciadosnas

mensagens encaminhadasao

Congresso,com o intuito 'de promover a reorganização do sistemaadministrativo federal.

Planejamento como Norma de Governo

Preocupou-se também a Administração em imprimir

seqüência à atividade pública, com o que foi obtido melhoraproveitamento dos recursos disponíveis. Esse pensa-mento é que levou o Governo, em seguida ã aprovação

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X X X I I —

do Plano de Desenvolvimento Econômico e Social, àcriação de um sistema de planejamento, com estrutura

adequada à ordem institucional vigente, o que fez porintermédio do Decreto n" 52.256, de 11 de julho de 1963,

que criou a Coordenação do Planejamento Nacional.

Existe, agora, um órgão aparelhado para orientar as

providências governamentais e estabelecer os critérios que

devem ser observados na execução de projetos prioritá-

rios, possibilitando, assim, correto desdobramento do

Plano de Desenvolvimento.

 racionalizaçãodos gastos públicos vêm-se opondo,

porém, como óbice intransponível os graves defeitos de

nosso tradicional sistema de elaboração orçamentária. Aonegar sanção ao 'Orçamento de 1964, tive precisamente

em vista aproveitar a oportunidade a fim de atrair a

atenção de Vossas Excelências para o irrealismo da nossaLei de Meios, que não atende os requisitos de unidade e

universalidade que lhe são próprios, em conseqüência da

inadequação de seu processo de elaboraçãot votação eexecução, Basta notar que a proposta orçamentária deste

ano previa um d é f i c i t de Cr$ 287,8 bilhões, d é f i c i t elevado,

no curso da votação legislativa, para Cr$ 631,5 bilhões

e que potencialmente ascende a Cr$ 1,6 trilhão.O projeto sobre, matéria financeira, recentemente

votado pelo Congresso Nacional, constitui lei quepossibilita sanar algumas falhas na sistemática da elabo*ração e execução do orçamento.

Reescalonamento da Dívida Externa

Quando assumi a Presidência da República, sabem

iVossas 'Excelências, Senhores Congressistas, eram vulto-

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— XXXIII

sos e de liquidação penosa os encargos do País no exterior*As sucessivas prorrogações de vencimento vinham com"

prometendo o nosso crédito, ao mesmo tempo em que seacumulavam as obrigações externas, as quais atingiam

um total de 3,8 bilhões de dólares. Com vencimentos

previstos para o biênio de ,1964/65, esses compromissos

elevavam-se a quantia superior a um bilhão e trezentos

milhões de dólares, para a quitação dos quais estaríamos

obrigados a reservar a maior parcela da receita de nossas

exportações.

Empenhou~se, pois, o Governo, no propósito de obtermelhor compreensão internacional para recompor o

processo de resgate dos compromissos no exterior, nãosó para o desafogo financeiro interno, mas também, e

sobretudo, para a elevação do nível de intercâmbio, de

benefícios recíprocos, com áreas que sempre mantiveramconosco intensas relações comerciais.,

Tive recentemente a satisfação de prestar contas ao

povo brasileiro das gestões, conduzidas com êxito, que,

como Presidente da República, promovi para o reescalo-

namento da nossa dívida externa. 'Tenho agora o orgulho

de anunciar ao Congresso Nacional a concordância denossos principais credores com os elevados termos pro-

postos pelo meu Governo, que ajustaram os vencimentosdos débitos do País à sua efetiva capacidade de paga-

mento, sem a menor lesão de nossa soberania e sementravar o. nosso desenvolvimento emancipador, já que

os acordos financeiros, em vias de conclusão, permitirão

ao Governo, que disporá de maior soma de divisas paraas importações essenciais, liberar, mais recursos para

acelerar o crescimento da economia nacional.

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xxxiv — ; , : ; !

Remessa de Lucros

Obtivemos o reescalonamento da dívida externa doPaís pouco tempo após regulamentar a execução da leide remessa de lucros, medida destinada a pôr cobro àsangria ilimitada e indiscriminada dos ganhos aqui havidospelo capital alienígena e ao extorsivo sistema de paga-mento de royalties.

Ninguém ignora tampouco o vulto das lesões que

vimos sofrendo em razão das manipulações contábeist

que proporcionam rendimentos e lucros ilícitos, e das

fraudes que são praticadas nos super e nos sub~fatura~m e n f o s , especialmente quando envolvem negociações entreempresas estrangeiras, aqui localizadas, e suas matrizesno exterior.

Todo esse processo de espoliação será, de agora em

diante, combatido, com a aplicação das medidas previstasna regulamentação que baixei sobre a remessa de lucros.

Defesa do Patrimônio Mineral

Travamos, também, e levaremos até o fim, o combateem prol da defesa das nossas riquezas minerais, contra a

usurpaçao sofrida pela economia nacional, de que sãoagentes empresas e consórcios nacionais e estrangeiros,à sombra de equívocas interpretações de textos da Cons-tituição e do Código de Minas. Enfrentamos, perante oPoder Judiciário, a luta pela manutenção de atos govef~namentais, que determinaram a recuperação de depósitosminerais ilicitamente concedidos e explorados, e havere-

mos de prossegui-la sem desfalecimentos.No mês de dezembro do ano findo, coube-me a honra

de, ainda uma vez, amparar e defender, com energia, os

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— XXXV

interesses do povo brasileiro ligados à exploração dasriquezas do nosso subsolo.

Assim é que, por decreto baixado na Pasta das Minase Energia, determinei a cassação de todas as concessões

de pesquisa e lavra de minérios, que ínfrinjam as expres-sas disposições do Código de Minas e da Constituição.

Determinei, igualmente, a cassação de todas as autoriza"ÇÕes outorgadas a sociedades mercantis para funcionarem

como empresas de mineração, nos casos em que taisempresas não se ajustem às exigências da legislação,

especialmente no que concerne à nacionalidade brasileirados seus dirigentes, sócios ou acionistas. Tais medidas

de resguardo da lei e dos interesses nacionais serão inte-

gralmente executadas, ainda quando contra ela se arregi-

mentem e mobilizem instrumentos de pressão e veículos de

publicidade para divulgar inverdades e falsas informações,que confundam a opinião pública.

Monopólio de Importação

Esta é uma luta que não envolve apenas o Governo.Ê uma reivindicação a que não renunciam o povo brasi-

leiro, as Forças Armadas, os trabalhadores, os estudantes,os governos estaduais lesados, as mais vivas e conscientesforças do Congresso Nacional. Para ela está preparado

o meu Governo e leva-la-á a termo, pois não cabem tran-

sigências e vacilações, quando a Nação está em causa.

Prosseguindo nessa política autenticamente naciona-

lista, o Governo baixou dois atos da maior significaçãopara o fortalecimento da Petrobrás e a consolidação do

monopólio estatal do petróleo.

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X X X V I —

Pe/o Decreto n" 53.337, de dezembro do ano findo,

instituí o monopólio da importação de petróleo, que

passou a ser exercido por aquela empresa estatal, comrepercussão imediata na poupança de divisas, já que asaquisições, em larga escala, feitas diretamente, implicam

significativa redução de preços. Nos primeiros dias de

vigência desse decreto, já as ofertas de petróleo eram

feitas à Petrobras a preços que importaram numa econo-

m ia de mais de 6 milhões de dólares.

Por meio da Instrução n" 263 da SUMOC, o meu

Governo assegurou ainda à Petrobrás o benefício de uma

taxa especial de câmbio para a importação de petróleo e

derivados, de equipamentos, peças e sobressalentes, Isso

permitirá que a empresa estatal execute seu amplo pro-grama de investimentos, sobretudo no campo da explo-

ração petrolífera.Convém salientar que a mesma Instrução da Supe-

rintendência da Moeda e do Crédito, além de significarmaior estímulo às exportações, colocou a Companhia Vale

do Rio 'Doce em situação de permanecer, em condições

competitivas, no mercado internacional de minérios deferro.

Supra c Refino

A deliberação de progredir, que caracteriza osbrasileiros de nossos dias, traduz-se, no Poder Executivo,pelo esforço permanente em esgotar todas as suas

potencialidades de ação, visando a atender aos anseios

nacionais por novas e mais amplas perspectivas de'desenvolvimento. Assim é que o Governo, no dia 13 de.março em curso, acrescentou aos atos já firmados da

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— X X X V I I

regulamentação de remessa de lucros, da decretação domonopólio de importação de óleo e derivados e da defesa

do patrimônio mineral do País, dois novos decretos ' \ deimportância capital para o povo brasileiro.

O primeiro deles declara de interesse social, para

fins de desapropriação, uma faixa de dez quilômetros ao

longo das rodovias e ferrovias, bem como das áreas

beneficiadas por obras federais, como os açudes. Por este

ato, áreas inexploradas e sob o domínio de latifundiários,

que não as cultivam nem permitem que outros a cultivem,

serão desapropriadas e divididas em lotes para entrega

aos camponeses que as queiram cultivar. Esta é a primeiraampla porta que se abre para uma reforma agrária que se

realizará pacificamente, regida pelos preceitos democrá-

ticos e com fidelidade às tradições cristãs do nosso pov.o.

Convênios de assistência técnica, assinados entre

as Forças Armadas e a Superintendência de Política

Agrária, complementam este ato e esgotam, também, noâmbito das relações do homem com a terra, todas as

possibilidades de ação normativa do Poder Executivo.

O segundo ato, firmado na mesma data, salda umdos compromissos indeclináveis do Governo com a

execução e o fortalecimento da política de monopólioestatal do petróleo, estabelecida já na Lei n° 2.004\ e

tantas vezes defendida pelo Presidente Vargas.

Por intermédio desse ato, foram desapropriadas, emfavor da Petrobrás, todas as ações de propriedade de

particulares em empresas de refino de petróleo. Com-

pleta-se, assim, o embasamento nacional e estatal da

Petrobrás, qu-eao monopólio de importação, já decretado,vê acrescentar-se o monopólio total do refino, assegu*

rando~se, deste modo, à grande empresa '-— objeto do

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XXXVIII —

orgulho de todos os nacionalistas brasileiros — plenas

condições de consolidação e expansão como o maior

parque industrial da América Latina.

Mensagens do Poder Executivo

Senhores Membros do Congresso Nacional:

Meu Governo esteve sempre empenhado em obter a

colaboração do Poder Legislativo, quer para a reestrutu-ração institucional que há de permitir as transformações

necessárias à continuidade do nosso desenvolvimento

econômico e social', quer para o encaminhamento de ques-

tões específicas que atendam os justos Teclamos populares.

À sábia apreciação de Vossas Excelências apresentei,durante a sessão legislativa de 1963, uma série de

proposições para as quais me permito, uma vez mais,

solicitar a patriótica atenção da Câmara e do Senado.

Reforma Bancária

Entre outras, figura a Reforma 'Bancária, reclamada

pelas exigências do crescimento da economia nacional epela necessidade da execução de uma política financeira

que nela encontre um dos instrumentos para a contenção

do processo inflacionário.

De há muito o País reivindica, por intermédio de suas

forças econômicas, a implantação de um órgão autêntico

e centralizado, com autonomia de decisões, para a direção

da política monetária e bancária, que disponha de maiorforça coercitiva para o controle de processos inflacioná-

rios. Foi o que visou atender a proposta do Poder

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— XXXIX

Executivo enviada ao Congresso, ao mesmo tempo em

que procura dotar o Govêfno de condições que melhor

lhe permitam selecionar o crédito para o impulso das

verdadeiras forças de produção.Confio em que os princípios básicos que nortearam

o projeto governamental de reforma bancária, recebendo

de Vossas Excelências contribuição que os aprimorem,

sejam mantidos em suas linhas mestras.

Sonegação Fiscal

Outro projeto do Poder Executivo para o qual

aguardo, com justa esperança, um rápido pronunciamento

dos Senhores Congressistas é o que procura combater,decididamente, a sonegação fiscal, já transformada num

dos maiores escândalos deste País e que defrauda o

Tesouro Nacional de quantias que atingem níveis clamo-TOSOS.Com essa proposição, constante da Mensagem

enviada ao Parlamento em março de 1963, relaciona-se

também o projeto remetido em dezembro do mesmo ano,

que institui normas sobre a cobrança do imposto de renda

e estabelece medidas para a modernização do aparelho

arrecadador.

Reforma Administrativa

Encaminhei ainda ao Congresso Nacional, durante a

última sessão legislativa, para seu alto exame, os projetos

fundamentais da Reforma Administrativa, em número de

quatro. Estou certo de que a Câmara e o Senado, de

onde têm partido insistentes críticas ao caráter obsoleto

de nosso atual sistema administrativo, fará do estudo e

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X L —

da aprovação desses projetos, com as modificações quejulgarem oportunas, uma das metas de seu programa de

trabalho na atual sessão legislativa.Os Códigos

Com o mesm o o bjetivo de reestruturação institucional.entregou o Governo à consideração de Vossas Excelên~cias, durante a sessão legislativa de 1963, os projetos deCódigo de Contabilidade e de Processo do Trabalho, os

dois primeiros da série de códigos com os quais seprocura alcançar um ordenamento de nossas instituiçõesjurídicas consentâneo com o novo estádio histórico em queingressa a sociedade brasileira.

Salário Móvel

Finalmente, causou-me especial prazer a receptivi~dade que encontrou, no Co ngresso, a Me nsagem a elepor mim enviada, ao fim da última sessão legislativa, paraa instituição da escala-móvel de salário, extensiva aofuncionalismo civil e militar da União. Na conjunturainflacionária em que se encontra o País, a qual não podeser debelada com providências a curto prazo nem exclu-sivamente com providências financeiras, a preservação dopoder aquisitivo

dossalários

eordenados

êquestão

deimportância vital para a própria ordem pública,De Vossas Excelências, Senhores Deputados e Sena~

dores, espero, e, mais do que eu, espera o povo, a concre-tização dessas e de outras medidas que tenho proposto evirei ainda a propor ao Congresso Nacional com a exclu-siva preoc upação de assegurar a marc ha ininterrupta deste

País no sentido de sua com pleta eman cipação econ ômicae de permitir às nossas populações os civilizados níveisde vida a que têm o direito de aspirar.

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— XL I

AS TAREFAS DO FUTURO

Senhores Membros do Congresso Nacional:

O próprio avanço do processo de industrializaçãoverificado nos dois últimos decênios evidenciou a extrema

precariedade da nossa in/ra-esírufura para suportar novo

estádio do desenvolvimento brasileiro, caracterizado pelaprodução em larga escala e altamente diversificada, para

um mercado em expansão e de âmbito nacional. Esse

novo surto produtivo, por sua natureza e amplitude, exigeintensa movimentação de mercadorias e pessoas, energiaabundante e utilização de novos tipos de matérias-

primas.Atender a esses pré-requisitos da infra-estrutura

econômica desse novo estádio do pleno desenvolvimento

brasileiro importa levar avante um a tarefa histórica,

expressa em investimentos e obras de vulto inéditos emnossa história.

Consciente do papel que o Estado deve desempenhar

nessa tarefa de significação vital para o futuro do Brasil,o Governo se propôs um conjunto de trabalhos de grandeporte que visam à criação de poderosa infra-estrutura,capaz de permitir a ascensão da nossa economia\ anovos níveis, abrindo ao Brasil as portas do plenodesenvolvimento.

Hidrelétrica de Sete Quedas

O aproveitamento do potencial energético do Saltode Sete Quedas, no rio Paraná, é obra que, por seuvulto e suas repercussões, justifica todos os trabalhos esacrifícios que teremos de empreender para levá-la a cabo.

Prevista para alcançar uma potência total de 10milhões de kw — a maior central hidrelétrica do mundo

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X L I I —

— essa obra representará um acréscimo no potencialelétrico do país superior ao total que existirá até fins de

1965, Os trabalhos preliminares, inclusive a construçãode uma usina-pilôto, implicarão um investimento, em

moeda estrangeira, de cerca de 162 milhões de dólarese o seu custo ascenderá a um bilhão de dólares. Entre-tanto, construindo Sete Quedas, estaremos assegurando,mediante a ligação com outros sistemas, a expansãoeconômica de todo o Centro~Sult caracterizado pelo seu

rápido incremento industrial e, portanto, por crescentenecessidade de energia.O prazo previsto para a construção da usina é

relativamente breve: 55 meses para início da produção e

100 meses para o término da obra, que possibilitarásolução racional à navegação no fio Paraná e à criaçãode hidrovias destinadas ao escoamento da produção

agro-industrial de toda a área do Planalto Central aoOceano \Atlantico.

Por outro lado, o empreendimento terá significativasimplicações internacionais, pois reforçará os liames entreo Brasil e o Paraguai, bem como entre o nosso País e aArgentina e o Uruguai.

Dentro dos próximos trinta dias terei a oportunidadede inaugurar na região do Guaíra o campo de pouso,primeiro passo para a instalação do canteiro de obras dabarragem de Sete Quedas.

Plano Nacional de Telecomunicações

Não poderíamos suportar por mais tempo ostranstornos causados à nossa vida econômica pelo

precário sistema de comunicações em funcionamento noPaís. Por isso mesmo, o Governo não poupa esforços paratornar realidade o Plano Nacional de Telecomunicações,

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— XLIII

cujo instrumento será a Empresa Brasileira de Teleco-municações (EMBRATEL), que entrará em atividade

dentro em breve.A EMBRATEL representa a solução correta para• o problema da modernização urgente do nosso sistema•de comunicações, pois propiciará a construção das linhas-troncos entre os principais centros do País. São quinzecircuitos principais que implicarão um investimento daordem de l bilhão de. dólares e de cuja instalação trata

o Governo com o maior empenho, tendo em vista atenderàs prementes necessidades da vida nacional, a fim depermitir que dentro de dois a três anos ligaçõespor telefone possam ser quase instantâneas, de PortoAlegre a Fortaleza ou a Belém do Pará, tal como hoje•entre Brasília e São Paulo ou Guanabara.

Complexo de São FélixOuíro projeto de vulto, também intimamente rela-

-cionado com a solução de um dos problemas da nossaindústria básica, é o aproveitamento do potencial do rioTocantins, por meio da construção da barragem e dausina de São Félix. A usina terá uma potência total de-500.000 kw, dos quais 100.000 kw na primeira etapa,

A obra rasgará novas possibilidades à exploração dasriquezas do vasto Centro-Oeste e, notadamente, permitiráa exploração de níquel em larga escala, nas jazidas do

.Município de Niquelándia, avaliadas em 16 milhões de

toneladas.Expansão da Petrobrás

Objetivo central do governo, ligado à própria•emancipação da economia nacional e à consolidação de-sua independência, a produção de petróleo, graças às

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XLIV. —

medidas já adotadas, deverá atingir cerca de 70-80milhões de barris anuais em 1966/67 e 140'ÍSO milhões

de barris no período imediatamente posterior.Para lograra-se tal objetivo, que exigirá investimentosda ordem de 500 milhões de dólares, todo um programaterá die ser levado a cabo, abrangendo a utilização denovo equipamento técnico, remodelação de métodos de-trabalho, formação de pessoal especializado e desenvol-vimento da pesquisa mediante a criação do Centro de-

Pesquisas de Petróleo.Reaparelhamento de Portos

O Governo vem~se ocupando, com o maior interesse,.da solução do problema do reaparelhamento dos portos,transformado, hoje, num dos mais sérios entraves ao

desenvolvimento da economia nacional e, em particular,ao incremento do nosso comércio exterior. O sistema

portuário nacional não se coaduna com o vulto damovimentação de mercadorias hoje exigida pela crescenteampliação e diversificação do nosso comércio. Basta ainformação de que o principal porto de exportação,Santos, apresentou, em 1963, um índice de utilização decarga seca, por metro de cais, igual a- 740 toneladas, aopasso que o índice recomendado, internacionalmente, é

de 500 toneladas. Não são menos desfavoráveis ascondições de congestionamento do Rio de Janeiro eoutros portos menores. Aliás, essas condições obsoletas-de operação constituem a causa básica do encarecimento-dos transportes marítimos.

São graves as perdas, diretas e indiretas, que essasituação provoca. Em 1963, em Santos, os prejuízos-

oriundos da [alta de espaço e de equipamento técnico»montaram a cerca de 327 bilhões de cruzeiros.

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— XLV

O Governo pretende encetar, de imediato, as obras

imprescindíveis ao reaparelhamcnto dos portos do Rio

de Janeiro e de Santos, cujo custo, nos próximos 'doisanos, exigirá grandes investimentos. Recife será, também,objeto de providências especiais. Em conjunto, esteprograma demandará vultosos recursos em cruzeiros e

em moeda estrangeira,

Renovação Tecnológica das Forças Armadas

Nação tradicionalmente pacífica e ciosa da suaindependência, o Brasil não pode deixar de preocupar-seconstantemente com o aperfeiçoamento e a modernização

das suas Forças Armadas.Para esse efeito, o Governo vem adotando todas as

providências a fim de manter e elevar o nível de eficáciados órgãos de Defesa Nacional, cuidando de acompanhar

os progressos tecnológicos alcançados pelos países alta-mente industrializados, especialmente no setor dosmísseis e da energia nuclear. As Forças Armadas vêm

dedicando~se, há tempos, à execução de projetos para aconstrução de protótipos de foguetes e já existem ascondições básicas para satisfazer, rapidamente, os pré-

requisitos dessa importante realização.Graças à formação de pessoal qualificado nas nossas

duas maiores escolas de engenharia, ambas mantidaspelas Forças Armadas, e em associação com novos centrosde pesquisas — tal como o que ora se instala na Universi-dade de Brasília — tornar-se-á possível, em futuro

próximo, o acesso do País ao domínio das ciências funda-

mentais e da tecnologia mais avançada, que são ospressupostos indispensáveis dos empreendimentos dessaenvergadura.

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XLVI —

A execução dos programas de foguetes das ForçasArmadas dependerá de investimentos vultosos que,

correspondendo a exigências imperativas da SegurançaNacional, devem ser enfrentados, mediante a garantia de

indispensável prioridade por parte dos podêres públicos.

No cumprimento desse programa, as Forças Arma-das mais amadurecerão para o exercício da sua missãofundamental de manter a segurança nacional e, por essa

forma, ainda mais poderão contribuir para o desenvolvi-mento da Nação.

Além de tudo, tornar-se-ão cada vez mais aptas a

ampliar, conjuntamente, como poderosa unidade, o altopapel, que exercem em todos os níveis, de grandeeducadora da Nação: desde a alfabetização maciça das

praças até à formação de numerosos contingentes deespecialistas altamente qualificados e, por igual, à prepa~ração dos quadros superiores de cientistas e tecnólogos.

Pela execução desse programa de sua instrumentaçãotecnológica, as Forças Armadas poderão trazer tambémconcurso ainda mais eficaz às tarefas do desenvolvimentoindustrial, dos transportes e das comunicações.

Companhia Vale do Paraopeba

Com o propósito de aumentar a exportação deminérios de ferro, trata o Governo da constituição de novaempresa mista para a exploração das jazidas no Vale doParaopeba, além de imediata expansão da CompanhiaVale do J?ío Doce.

A empresa do Vale do Paraopeba, localizada numaárea produtiva da maior expressão, estará capacitada,em breve prazo, a alcançar os níveis da Companhia Vale

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, —XLVII

do Rio Doce e constituir com esta os dois centros capitais

da exportação de minérios.

Por outro lado, a construção de uma grande usinasiderúrgica no Paraopeba, já planejada, tornará possível,

não só atender as necessidades internas, como tambémtransformar a própria estrutura das exportações, que

passará a incluir produtos acabados, matérias-primas e

artigos semi-elaborados,Sistema Ferroviário Nacional

No que respeita ao transporte por ferrovias, torna-seindispensável empreender extenso programa de remode-lação e reaparelhamento. A etapa do pleno desenvolvi-

mento que almejamos implica transportes de grandes

massas de matérias-primas e produtos elaborados que

precisam ser intercambiados eníre os principais centros

industriais e de consumo, inclusive os produtos agrícolas

para abastecimento dos maiores centros urbanos. São

'necessidades que impõem a revisão de traçados ferro-

viários, em condições técnicas -capazes de suportar o

transporte de cargas pesadas a longas distâncias,

utilizando grandes composições que trafeguem a veloci*dades médias condizentes com a moderna engenharia

ferroviária.O conjunto de projetos necessários a provocar

alteração tão profunda na estrutura dos transportes

pesados por via terrestre exigirá, para os próximos anos,recursos avaliados em alguns bilhões de dólares.

Universidade de Brasília

Outra magna tarefa a que se devota o Governo é aimplantação, em Brasília, de uma universidade moderna

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XLVIII —

capaz de, além de cumprir as tarefas correntes de ensino

e pesquisa, completar a cidade-capítal com o núcleo

cientifico e cultural que não lhe pode faltar e, ainda,proporcionar aos podêres públicos a indispensável asses-soría no campo do planejamento e da assistência técnica

e cientifica. A Universidade de Brasília concentra seus

esforços na edificação, equipamento e operação de umconjunto de institutos de ciências fundamentais, montadosespecialmente para ministrar cursos de nível pós-graduado;

de um sistema de escolas de engenharia devotado àformação das novas modalidades de tecnologistas alta-mente qualificados, necessários ao comando do desenvol-

vimento econômico do País; e de diversos centros de

pesquisa e experimentação que cubram as áreas do

planejamento geral e educacional, da tecnologia do

cerrado, de edificação e de outros campos.

Obra. dessa envergadura exige, além de investi-mentos em moeda nacional, gastos vultosos em moedas

estrangeiras para custeio do equipamento científicoindispensável, aquisição do acervo das bibliotecas e

pagamento do pessoal docente e técnico que deverá vir

de outros países. Graças à magnitude do empreendimento,

à qualidade do plano estrutural e à confiança que inspiram

A Ç U S dirigentes, a Universidade de Brasília já conta,

para custear esses gastos, com recursos que em 7964

deverão alcançar dez milhões de dólares, obtidos, na

sua maior parte, como doação de organismos internacio-

nais e fundações ou mediante programas bilaterais de

assistência,

Financiamento do ProgramaO esforço sem precedentes consubstanciado neste

complexo de tarefas que abrirão ao Brasil as portas do

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— X L I X

futuro, é indispensável para reforçar e modernizar ainfra-estrutura de nossa economia. Importa, é certo, em

gastos extremamente pesados — inclusive em moedaestrangeira — que o País não poderia suportar naspresentes condições, em conseqüência do acúmulo dedívidas a curto prazo contraídas no Exterior.

Entretanto •, graças ao reescalonamento dos nossoscompromissos externos e à consolidação da posição doBrasil junto aos seus credores, como resultado das

negociações levadas a efeito pelo meu Governo, abrem-seperspectivas de eliminação dessas dificuldades e de levaravante os grandes cometimentos planejados.

Acresce que o próprio revigoramento da nossainfra-estrutura terá repercussões positivas imediatas nanossa capacidade de exportar com substancial aumentoda receita cambial, o que permitirá, além de saldar mais

rapidamente as dívidas reescalonadas, atender a novoscompromissos. Estes deverão distribuir-se por diferentesáreas monetárias e terão preferencialmente a forma decontratos que vinculem a nossa crescente capacidadeexportadora ao f inanciamento dos diversos projetos. Aexecução deste programa propiciará, de um lado, areativação do ritmo do nosso desenvolvimen to e, de outrolado, a ampliação das oportunidades de trabalho mediantea exploração, em benefício do País, do imenso patrimôniode recursos naturais de que somos detentores,

O CAMINHO BRASILEIRO

Senhores Membros do Congresso Nacional:

No reiterado esforço pelo cumprimento da missãoque me impus de presidir à luta pela renovação da soc/e-

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ÍJ * ™

cfacíe brasileira, com o propósito de conduzi-la, mediante aconvocação e o congraçamento de todas as forças políticas

progressistas, permito~me encarecer, mais uma vez, aoCongresso Nacional a necessidade imperiosa de atender-mos aos anseios e reclamos da Nação pelas Reformasde Base.

Sabem os nobres congressistas do empenho com que

m eu Governo se tem devotado à procura de uma soluçãoharmônica e pacífica para o problema da renovação insti-tucional de nossa Pátria.

Logo depois de restaurado o regime presidencialista,por meio de um plebiscito histórico em cuja campanha asReformas de Base constituíram o meu compromisso fun-damental, entrei em entendimento com todas as forçaspolíticas da Nação, num esforço ingente por encontrar a

fórmula mais adequada para a sua consecução demo-crática .Participaram desse esforço os Presidentes das duas

Casas do Congresso Nacional e as diversas chefiaspartidárias, tanto no exame acurado de fórmulas que me

foram propostas, como na análise de sugestões que tivea oportunidade de apresentar. Assim ê que, mais uma

vez, me sinto no dever de expressar meu pensamento, numato de colaboração com o Congresso Nacional, chamadoao cumprimento de sua mais nobre tarefa, que é a adoçãode uma reforma constitucional capaz de superar os óbicesao pleno desenvolvimento de nossa Pátria, à democrati-zação de nossa sociedade e à felicidade de nosso povo.

Se nos colocarmos todos à altura das nobres tradiçõesde nossos maiores, que tiveram a grandeza de, cmmomentos históricos semelhantes ao que enfrentamos,conter o egoísmo dos privilegiados para atender aos impe-

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— L I

rativos do progresso nacional, a emancipação do País

e a elevação do padrão de vida do nosso povo poderão,

mais uma vez, ser alcançadas, sem o risco da convulsãosocial e, portanto, com a preservação da ordem, com a

salvaguarda das garantias democráticas e com a fidelidade

que todos devemos às tradições cristãs do povo brasileiro.No cumprimento desta missão de paz é que coloco

diante dos nobres representantes do povo, para a sua

alta apreciação, o corpo de princípios que se me afigu,ram

como o caminho brasileiro do desenvolvimento pacíficoe da 'maturidade da nossa democracia. Faço-o com inteira

consciência de minhas responsabilidades e para que jamais

se diga que o Presidente da República não definiu comsuficiente clareza o seu pensamento e a sua interpretação

dos anseios nacionais, deixando de contribuir, por sua

omissão, para o equacionamento e a solução do grande

problema nacional do nosso tempo.Reforma Agrária

Senhores Membros do Congresso Nacional:

No quadro das reformas básicas que o Brasil de hojenos impõe, a de maior alcance social e econômico, porque

corrige um descompasso histórico, a mais justa e humana,

porque irá beneficiar direta e imediatamente milhões ciecamponeses brasileiros, é, sem dúvida, a Reforma Agrária,

O Brasil dos nossos dias não mais admite que seprolongue o doloroso processo de espoliação que, durante

mais de quatro séculos, reduziu e condenou milhões debrasileiros a condições sab-humanas de existência.

Esses milhões de patrícios nossos, que até um passado

recente, por força das próprias condições de atraso aque estavam submetidos, guardavam resignação diante da

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L II —

ignorância e da penúria em que viviam, despertam agora,debatem seus próprios problemas, organizam-se e rebelam-

se, reclamando nova posição no quadro nacional. Exigem.em compensação pelo que sempre deram e continuamdando à Nação — como principal contingente que são

da força nacional de trabalho — que se lhes asseguremais justa participação na riqueza nacional, melhorescondições de vida e perspectivas mais concretas de sebeneficiarem com as conquistas sociais alcançadas pelos

trabalhadores urbanos.Para atender velhas e justas aspirações populares,

ora em maré 'montante que ameaça conduzir o País a umaconvulsão talvez sangrenta, sinto-me no grave dever de

propor ao exame do Congresso Nacional um conjuntode providências a meu ver indispensáveis e já agora ína-diáveis, para serem, afinal, satisfeitas as reivindicaçõesde 40 milhões de brasileiros.

Assim ê que submeto à apreciação de Vossas Exce-lências, a quem cabe privativamente a reformulação daConstituição da República, a sugestão dos seguintes prin~cípios básicos para a consecução da Reforma Agrária:

— A ninguém é lícito manter a terra improdutiva por

força do direito de propriedade.— Poderão ser desapropriadas, mediante pagamentoem títulos públicos de valor reajustável, na forma que alei determinar:

a) todas as propriedades não exploradas;b) as parcelas não exploradas de propriedade par-

cialmente aproveitadas, quando excederem a metade da

área total.— Nos casos de desapropriações, por interesse social,

será sempre ressalvado ao proprietário o direito de escolher

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— L I I I

e demarcar, como de sua propriedade de uso lícito, áreacon tígua com dimensão igual à explorada.

— O Poder Executivo, mediante programas de colo-nização promoverá a desapropriação de áreas agrícolasnas condições das alíneas "a" e "b" por meio do depósitoem dinheiro de 50% da média dos valores tomados porbase para lançamento do imposto territorial nos últimos5 anos, sem prejuízo de ulterior indenização em títulos,mediante processo judicial.

— A produção de gêneros alimentícios para o mer-cado interno tem prioridade sobre qualquer outro empregoda terra e é obrigatória em todas as prop riedades agrícolasou pastoris, diretamente pelo proprietário ou mediantearrendamento.

I) O Poder Executivo fixará a proporção

mínima da área de cultivo agrícola de pró-dutos alimentícios para cada tipo de explo-ração agropecuária nas diferentes regiõesdo País.

II) Todas as áre as destinadas a cultivo sofrerãorodízio e a quarta cultura será obrigatoria-mente de gêneros alimentícios para o mer-

cado interno, de acordo com as normasfixadas pelo Poder Executivo.

— O preço da terra para arrendamento, aforamento.parceria ou qualquer outra forma de locação agrícola,jamais excederá o dízimo do valor das colheitas comerciaisobtidas.

— São prorrogados os contratos expressos ou tácitosde arrendamento e parceria agropecuários, cujos prazose condições serão regidos por lei especial.

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L I V —

Para a concretização da Reforma Agrária é tambémimprescindível reformar o § 16 do art. 141 e o art. 147

da Constituição Federal. Só por esse meio será possívelempreender a reorganização democrática da economiabrasileira, de modo que efetue a justa distribuição dapropriedade, segundo o interesse de todos e com o duplopropósito de alargar as bases da Nação, estendendo-seos benefícios da propriedade a todos os seus filhos, emultiplicar o número de proprietários, com o que será

melhor defendido o instituto da propriedade.Para alcançar esses altos objetivos seria recomen-

dável, a meu ver, incorporarem-se à nossa Carta Magna,os seguintes preceitos:

— Ficam supressas, no texto do § 16 do art. 141a palavra "prévia" e a expressão "em dinheiro".

— O art. 147 da Constituição Federal passa a ter

a seguinte redação:— O uso da propriedade é condicionado ao bem-

estar social.— A União promoverá a justa distribuição da pro-

priedade e o seu melhor aproveitamento, mediante desa-propriação por interesse social, segundo os critérios que a

le i estabelecer, Reforma PolíticaSenhores Membros do Congresso Nacional:

O amadurecimento da democracia brasileira está a

exigir que as nossas instituições políticas se fundem namaioria do povo e que o corpo eleitoral, raiz da legiti-midade de todos os mandatos, seja a própria Nação.

A Constituição de 1946, entre outros privilégios,consagrou, no campo eleitoral, normas discriminatóriasque já não podem ser mantidas, em razão da justa revolta

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— L V

•que provocam e da limitação numérica dos quadros elei-torais, que vem estimulando as atividades de órgãos 'de

-corrupção, os quais, por força do poderio econômico,procuram degradar a mais nobre das instituições demo-

cráticas: a representação popular.

São inadmissíveis, na composição do corpo eleitoral,.discriminações contra os militares, como as praças e ossargentos, chamados ao dever essencial de defend<er aPátria e assegurar a ordem constitucional, mas privados,

.uns, do elementar direito do voto, outros da elegebilidadepara qualquer mandato.

Outra discriminação inaceitável atinge milhões de-cidadãos que, embora investidos de todas as responsabili-dades civis, obrigados, portanto, a conhecer e a cumprir- a lei e integrados na força de trabalho com seu contingente

mais numeroso, são impedidos de votar, por serem anal-

fabetos . Considerando'Se que mais da metade da popula-ção brasileira é constituída de iletrados, pode-se avaliaro peso dessa injustiça, que leva à conclusão irrecusável de

que o atual quadro d*e eleitores já não representa aNação, urgindo sua ampliação para salvaguarda dademocracia brasileira.

Acresce, ainda, a vizinhança cultural entre o analfa'beto e o simples alfabetizado, nesta era em que a divul-gação radiofônica estendeu a área de informações.

A essas .razões aliam-se também as discriminaçõespolíticas, que impedem — por mero arbítrio policial • —concorram a quaisquer eleições ou se diplomem candidatos^legíveis ou que alcançaram as mais expressivas votações.

A verdade, já agora irrecusável, é que o nossoprocesso democrático só se tornará realmente nacional elivre quando estiver integrado por todos os brasileiros e

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LVI —

aberto a todas as correntes de pensamento político, sem'quaisquer discriminações ideológicas, filosóficas ou reli'

glosas, pata que o povo tenha a liberdade de examinaros caminhos que se abrem a sua frente, no comando do-seu próprio destino.

Para esse passo essencial e inadiável, é, a meu ver,imprescindível que se altere a Constituição da República,a fim de mia Incorporar, caso nisto aquiesça o CongressoNacional, no exercício de sua atribuição privativa, como

princípios básicos de nossa vida política, as seguintesnormas:

— São alistáveis os brasileiros que saibam expri-mir-se na língua nacional e não hajam incorridonos casos do art. 135 da Constituição.

— São elegíveis os alistáveis.

Reforma Universitária

Senhores Membros do Congresso Nacional:

Ê também imperativa a reforma dos dispositivosconstitucionais, disciplinadores da educação nacional, afim de ampliarem-se as garantias da liberdade do docentee redefinir-se o instituto da cátedra, retirando-lhe o

caráterde

domínio arbitrárioe

irresponsávelde um

campo do saber, para possibilitar ao ensino superior arenovação de seus quadros, o domínio da ciência e da'técnica e maior eficácia na transmissão do conhecimento.

Para esse efeito, sugiro seja estudada pelo Congresso'Nacional a conveniência de integrar no texto constitucio-nal os seguintes princípios:

— É assegurada ao professor de qualquer dos níveisde ensino plena liberdade docente no exercício do>magistério.

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— LVII

— É abolida a vitaliciedade da cátedra, asseguradaaos seus titulares a estabilidade, na forma da lei.

— A lei ordinária regulamentará a carreira do ma-gistério, estabelecendo os processos de seleção e

provimento do pessoal docente de todas as cate-gorias e organizará a docência, subordinando osprofessores aos respectivos departamentos.

— As Universidades, no exercício de sua autonomia,caberá regulamentar os processos de seleção, pro-

vimento e acesso do seu pessoal docente, bemcomo o sistema departamental, ad referendum do

Conselho Federal de Educação.

Delegação Legislativa

.Senhores Membros do Congresso Nacional:

O cumprimento dos deveres do Estado moderno não

se concilia com uma ação legislativa morosa e tarda. Sãoincompatíveis, sobretudo nos instantes de crise social, apresença atuante e responsável do poder público e asnormas anacrônicas de uma ação legislativa que são frutode um sistema econômico ultrapassado e ainda se vinculam.a uma concepção abstencionista do Estado, apenas

-espectador do desenvolvimento e das atividades sociais.Em nossos dias e em todas as nações, o poderpúblico não pode restringir-se à atitude cômoda de sim"plesmente manter a ordem e administrar a justiça, indife-.rente ao destino do povo e desatento ao esforço de cons-trução de um país próspero.

A rapidez das mudanças e transformações que a

sociedade experimenta, em virtude da força incoercível•das tensões sociais e das inovações geradas pela ciência• e pela tecnologia, exige do Estado, sobretudo em países

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LVIII —

que travam a luta pelo progresso, procedimentos legisla-^tívos que o habilitem a agir rápida, eficaz e corajosamente.

Assim, à semelhança do que já fez a maioria dasnações, impõe-se também ao Brasil suprimir o princípio

da indelegabilidade dos podêres, cuja presença no textoconstitucional só se deve aos arroubos de fidelidade dos

ilustres constituintes de 1946 a preceitos liberais do

século XVIII.

A emenda poderia ter, caso assim o decida o Con-

gresso Nacional, a seguinte redação:— Fica revogado o § 2° do art. 36 da Constituição-

Federal.

Soberania Popular

Senhores Membros do Congresso Nacional:

Momentos há do desenvolvimento histórico de umpovo em que sua própria sobrevivência e a autonomia no

comando do seu destino se podem pôr em risco, caso se

deixe abrir uma brecha entre as aspirações populares e

as instituições responsáveis pela ordenação da vidanacional. Para fazer face a esse risco, permito-me sugerir

a Vossas Excelências, Senhores Congressistas, se julga-

do necessário para a aprovação das Reformas de Baseindispensáveis ao nosso desenvolvimento, a utilização de

um instrumento da vida democrática, jurídico e eficaz, que

torne possível salvaguardá-la mediante consulta à fonte

mesma de todo poder legítimo que é a vontade popular.

Assim, peço a Vossas Excelências que também

estudem a conveniência de realizar-se essa consulta-popular para a apuração da vontade nacional, mediante o

voto de todos os brasileiros maiores de 18 anos para o

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— L IX

pronunciamento majoritário a respeito das Reformasde Base.

Nossa Missão

Senhores Membros do Congresso Nacional:

Atribuo a mais alta importância, para os destinos danossa Pátria, à alteração dos textos constitucionais, à luzdeste corpo de sugestões. Permitam-me os nobres Con-gressistas assinalar que, a meu juízo, esses princípios,traduzidos em atos, contribuirão decisivamente paralibertar as energias nacionais juguladas pela estreíteza deuma estrutura econômica ínatual, cuja perpetuação sòmen*te serve a grupos privilegiados e já é incapaz de abrirperspectivas de progresso a uma Nação de 80 milhões dehabitantes, que cresce num ritmo acelerado. Tais precei-

tos, se acolhidos pelo Congresso Nacional na reformu-lação de nossa Carta Magna, haverão de emancipar ópovo brasileiro das petas institucionais que o aviltam, poiso mantêm dividido em dois grupos que se extremam pelocontraste: um, o reduzido núcleo dos privilegiados; outro,a imensa massa dos deserdados dos quais tudo se exige,sem assegurar-lhes sequer o calor da certeza de um futuro

melhor.É, pois, com o mais alto apreço que me dirijo ao

Congresso Nacional a fim de pedir-lhe o exame desapai-xonado das diretrizes aqui formuladas para as modifica-ções do texto constitucional, visando à consecução pacíficae democrática das Reformas de Base.

Estou certo de que os nobres Parlamentares do

Brasil deste ano de 1964, guardam fidelidade às honrosastradições dos nossos antepassados, que, em conjunturassemelhantes da vida nacional, como a Independência, a

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L X —

Abolição da Escravatura, a Proclamação da República ea Promulgação da Legislação Trabalhista, tiveram a

sabedoria e a grandeza de renovar instituições básicas daNação, que se haviam tornado obsoletas, assim salvaguar-dando o desenvolvimento pacífico do povo brasileiro.

O desafio histórico repete-se outra vez. Agora,nossa geração é que está convocada para cumprir a altamissão de ampliar as estruturas sócio~econômicas erenovar as instituições jurídicas, a fim de preservar a paz

da família brasileira e abrir à Nação novas perspectivasde progresso e de integração de milhões de patríciosnossos numa vida mais compatível com a dignidadehumana.

Brasíl ia, 15 de março d e 1964.

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I _ SITUAÇÃO POLITICCMNSTITUCIONAL

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A _ PLANEJAMENTO E ADMINISTRAÇÃO

Cônsc io d e q u e o p l a n e j a m e n t o — ordenação racional d e pro-c e d i m e n t o s que as se g u ram a propriedade e a coerência das ativi-dades adminis t ra t ivas — é condição essenc ia l para o bom êxito d e

qua lquer t ipo d e adminis t ração, o Go v e rn o s e n t iu a n e c e s s idadede e s tabe l e c e r u m s i s t e ma de p l an e jame n to ade q u ado à e s t ru tu raa d mi ni s t ra t i va d o País.

O d e s c o n h e c i m e n t o d a dis t inção n í t ida en tre p lano e plane ja-m e n t o te m contribuído para q u e s e e mpre s t e maio r impo r tâ n c ia àelaboração d e planos do que ao e s t a b e l e c i m e n t o d e u m s i s t e ma id ep l a n e j a m e n t o .

Ora , o plano é ape n as fase inicial , representada pe la anál i se

d e u m a s i tuação estática.Po r in t e rmé d io da an á l i s e d a c o n ju n t u r a de m ográf i ca , econô-

m ica e social e d o e x a m e d os problemas e pela aval iação d os me io sdisponíveis, é po ss ív e l o b te re m-se imag e n s c r í t i c a s d a re a l idadc i e ,n e l a , aspectos d a s i tuação e m q u e s e p r e t e n d e i n t e r v i r para o e f e i t od e m o d i f i c á - l a .

E' o que se de n o m in a p lan o, p r ime i ra fa se d a ação planif icadapro pr iame n te d i ta , à qual deve seguir - se um processo c o n t i n u o d e

atual ização e d e comple tação por me io d e outras providências.A s s i m , e dando seqüência à aprovação d o Plano d e Desenvol -

v i m e n t o Econômico e Social, o Governo criou, pelo Decreto n ú-m e r o 52,256, d e 1 1 d e ju l h o d e 1963, a Coordenação d o Plane ja-m e n t o Nacional, para orientar as providências governamentais ee s tabe l e c e r os critérios para a f ix ação d e prioridades , por formaque s e torne possível o d e s d o b r a m e n t o e x e c u t i v o d o Pl an o .

Foram criados , igualmente , Grupos d e Pl an e jame n to , nos

Minis tér ios e de mai s órg ão s d a A d m i n i s t r a ç ã o F e d e r a l , c o m af u n ç ã o d e s e l e c io n ar pre l imin arme n te , os mais impo r tan t e s p ro je to sd e suas re spec t ivas áreas d e c o m p e t ê n c i a .

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Esse processo d e de t e rmin ação d e prioridades , por m e i o d af i l t ragem sucessiva d os programas d e trabalho, através d os diver-

s os escalões d e dec isão t e m o méri to d e re du z i r os riscos d e u m avisão parcial e a v a n t a g e m d e envolver no p l a n e j a m e n t o a part i -c ipação e c o n se q üe n te c o - re spo n sab i l idade d os órgãos executores .

Visando à n e c e s s i d a d e d e correlação e coerência n a a tu ação d osdiversos órgãos que assessoram o G o v e r n o ou para e le promoveme s t u d o s , os Grupos de Trabalho, criados por decre to para a e x e -cução d e t a r e f a s e s p e c í f i c a s , e a Secre tar ia -Geral d o Co n se l ho d eDes envolv i ment o ficaram subordinados à Coordenação d o P l a n e j a -

me n to N ac io n a l . A esse órg ão foi ainda subordinada a SecretariaTécnica d a Comissão Nacional d o P l a n e j a m e n t o ( C O P L A N ) ,e n c arre g ada do controle das obras e e m p r e e n d i m e n t o s da União,d o l e v a n t a m e n t o e e laboração d e dados para a rea l ização d as pe s -quisas e d o s es tudos necessár ios ao a p e r f e i ç o a m e n t o d as polít icase dos programas de ação do G o v e r n o Federal.

Parale lamente , a Comissão Coordenadora da "Al ian ça para oProgresso" ( C O C A P ) , v i n c u l a d a à Assessoria Técnica, conti -

nuará d i sc ip l inando toda a ass i s tênc ia ex terna, pres tada ao Paísnos t e rmo s de s s e p ro g rama in t e rn ac io n a l , d e m o d o que os recur-sos da í oriundos possam s e r apl icados e m pro je to s d e e f e t i v oin t e re s s e para o desenvolvimento nac ional .

Esse conjunto d e órgãos v inculados , s e m d e f o r m a ç ã od o r e g i m e d e su bo rd in ação a que o b e d e c e m por força d a organi-zação d os respec t ivos se tores adminis t ra t ivos , forma o s i s t e m a d e

plane jamento do Governo. Sua c ú pu l a é a Coordenação do Pla-n e j a m e n t o Nacional ass i s t ida pe la Assessoria Técnica d a Pres i -dênc ia d a R e p ú b l i c a que lhe serve d e Se c re ta r ia Ex e c u t iv a .

D u r a n t e o s e g u n do s e me s t re de 1963, a Coordenação do Pla-n e j a m e n t o Nacional , real izou, por três vezes, reuniões em Brasíl iacom o obje t ivo de o rde n ar as dec isões governamentais para a dis -ciplina d os in v e s t ime n to s pú bl i c o s e privados , mediante a de f in i -

•ção d os planos priori tários.

À rac ional ização dos gas tos públ icos vem-se opondo, porém,como d i f i c u ld a d e das mais notórias , o s i s t ema t radic ional da nos-sa elaboração orçamentária. É de esperar que o recente projeto

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de le i, votado peío Congresso, que estabelece norm as gerais dedire i to f inance iro para e laboração e controle dos O rçam e ntos , con-tr ibua para p o d e r m o s , já em 1965, contar com uma Lei de Meios

m ais fav oráv e l ao r e n d i m e n t o da a t iv idade públ i ca .

Para l e l am e nte ao di s c ip l inam e nto das inv e r s õe s , ou t ras m e d i -das estão em c u r s o , v i s a n d o à r e f o r m u l a ç ã o dos i n s t r u m e n t o s da

A d m i n i s t r a ç ã o P ú b l i c a , para adaptá- los às e x igênc ias do desen-v o l v i m en t o sócio-econômico do País.

B — O R D E N A M E N T O JURÍDICO

É s e ns í v e l a todos a c o n t r a d i ç ã o h o j e e x i s t e n t e e n t r e o d i n a -m i s m o d a s oc i e dade nac ional , e m f a s e a c e l e r a d a d e i n d u s t r i a l i z a -ç ã o e d e s e n v o l v i m e n t o , e o o r d e n a m e n t o j u r í d i c o i n s t i t u c i o n a l vi-

g e n t e , que c o n t e m p l a v a um a r e a l i d a d e e c o n ô m i c a e social qual i ta-t i v a m e n t e diversa d a e m q u e e s t a m o s v i v e n d o .

A com e çar pe l a pró pr ia C ons t i tu ição , e l aborada an t e s q ue s ef i z e s s e s e n t i r o i m p a c t o do processo de i n d u s t r i a l i z a ç ã o e urbani -zação q u e v e m apontando novos obje t ivos à c o m u n i d a d e b r a s i l e i -ra e i n t e g r a n d o , na vida pol í t ica, novas e vastas c a m a d a s da po-

pul ação , todas as l e i s bás i cas do País r e c l a m a m , na v e r d a d e , a ne-

cessária revisão e atual ização.

Daí porque a ação do meu Governo tem c o m o tônica uma

cons tan t e pre ocupação r e form is ta para que possamos obte r , pa-

c i f i c a m e n t e , e d e n t r o das melhores t radições pol í t icas nacionais ,as t r a n s f o r m a ç õ e s c o n s t i t u c i o n a i s e e s t r u t u r a i s i n d i s p e n s á v e i s à

s u s t e n t a ç ã o de nosso progre s s o m ate r ia l e c u l t u r a l . E, a i n d a , para

que o de s e nv ol v im e nto e conô m ico se proce s s e de m a n e i r a e q u i l i -brada, r e d u z i n d o - s e ao m á x i m o os c h o c a n t e s d e s n í v e i s r e g i o n a i s e

as p r of u n d í s s i m a s d e s i g ua ld a d e s , h o je e x i s t e n t e s n a r e p a r t i ç ã oda r e nda nac ional .

Enq uanto aguarda do Legis lat ivo a iniciat iva, que só a elecabe , de r e v e r as i m p e r f e i ç õ e s e o m i s s õ e s da Carta C ons t i tuc ionale de r e g u l a m e n t a r , por i n t e r m é d i o de le i s c o m p l e m e n t a r e s , a l gu n s

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d e seus disposi t ivos , que a té agora n ã o p u d e r a m te r vigênc ia e fe -tiva, cuida o Governo d e d a r pr osseguimento , e m s u a área d e atri-

buições, ao t rabalho d e renovação d os d e m a i s i n s t i t u t o s jur ídicosbás icos , no tadamente , d os Códigos Civi l , d o Processo Civil , C o-mercial , Penal, d o Processo Penal, d o Trabalho, Judic iár io d oTrabalho e de Contabi l idade Públ ica.

Para ' e s sa ta r e fa , fo i a r r eg imentada a e l i t e e spec ia l izada doPaís e , com a sua imprescindível colaboração, já p ô d e e n c a m i -nh ar , ao e x a m e d o Congresso, os projetos d e Códigos d e Pro-cesso do Trabalho e do Código de Contabil idade Pública da

União, Foram também p u b l i c a d o s , para r ecebimento d e subsídiosd os juristas brasi le iros, os antepr o je tos d os Códigos Civil , d oTrabalho, Penal e das Execuções Penais , Penal Mil i tar e de Pro-cesso Penal Mil i tar , ass im como a Lei das Contravenções Penaise a Lei de I n t r odução ao Código das Obr igações , enquanto seconcluem as redações d os demais an tepr o je tos ,

C — REORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA

Reforma Administrativa

N a M e n s a g e m a n u a l que enviou a Vossas Excelências e m1963, o Governo assinalava a n e c e s s i d a d e u r g e n t e e indecl ináveld e r e e s t r u t u r a ç ã o d a m á q u i n a a d m i n i s t r a t i v a f e d e r a l , c u j o s d e f e i -tos en t r avam a e f ic iência e c o m p r o m e t e m o r e n d i m e n t o d a a d m i -

nistração ,Para a consecução desse propósito, foi n o m e a d o um Minis t r oExtraordinár io para a R e f o r m a A d m i n i s t r a t i v a , q u e , r e u n i n d otécnicos e e spec ia l i s ta s , e apó s acur ados e s tudos , formulou di r e -t r izes consubstanciadas e m quatro anteproje tos d e l e i que o Go-v e r n o s u b m e t e u à consideração d o Congresso, antes d o t é r m i n oda úl t ima sessão legislat iva. São eles:

— A n t e p r oj e t o d e L e i O r g ân ic a d o S i s te m a A d m i n i s t r a ti v oFederal;— A n t e p r o j e t o d e L e i q u e reorganiza o S i s t e m a d e Material

do Serviço Público;

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— A n t e p r o j e t o de Lei que dispõe sobre o Sis t ema de Mér i tono Serviço Civil Brasileiro; !

— A n t e p r o j e t o d e L e i q u e altera a L e i Or gânica d o Tribu-nal de Contas da União,

Também, e m decorrência d os es tudos promovidos pe lo M i-nistro Extraordinário d a R e f o r m a A d m i n i s t r a t i v a , foi submet ido,ao j u l g a m e n t o da Câmara e do Senado, importante anteproje toque dispõe sobre a organização adminis t rat iva do Distrito Federal,i n s t r u m e n t o impresc indível para a consolidação d e Brasí l ia, como

sede do Governo da União,

Outras medidas

E m 1963, o Governo providenciou a c o m p l e m e n t a ç ã o , no âm-bito de suas atr ibuições específicas, de várias leis do Congressopara cuja vigência s e impunh a cu idadosa r egulamentação . Adotou,também, um a série d e providências normativas , que ju lgou opor-

tunas , para discipl inar e , ao m e s m o t e m p o , d i n a m i z a r e vi ta l izarsetores essenciais da vida nacional, ou ainda, para acorrer em ' d e -f e s a dos interesses populares.

Pela s ua s ignif icação excepcional , pode encabeçar a relaçãodesses atos o decr e to que r e g u l a m e n t o u a lei s o b r e r e m e s s a d elucros, e q u e s e const i tui e m in s t r ume nto h ábi l para a disc ipl inação,de acordo com as neces s idades nac ionai s do r e g i m e , até agoraanárquico e l e s ivo ao P a í s , d e e n t r a d a e saída d os capi ta i s e s t r an-

geiros e d e s u a r e m u n e r a ç ã o ,A i n d a n o c a m p o d a s p r o v i d ê n c i a s d e o r d e m f inance ira , baixou

o Governo outros a tos des t inados ao f o r t a l e c i m e n t o d as f inançaspúbl icas . Ent r e e s t e s , va l e enumer ar : o d e c r e t o que dispõe sobreas atr ibuições do Serviço Federal de Pr evenção e R e p r e s s ã o dasIn f raçõ e s cont r a a Fazenda Nac ional ; o d e c r e t o que aprovou or e g u l a m e n t o para a cobrança d o em prés t imo compul só rio ins t i tu í d opelo ar t , 72 da Le i n° > 4 , 2 4 2 , de 1 7 de ju lho de 1963; o d e c r e t o<jue inst i tuiu comissão d e sindicância para apur ar denúnc ias d einfrações contra a Fazenda Nac ional ; o d e c r e t o que aprovou oregulamento para a cobrança e f i scal ização do i m p o s t o de r e n d a :

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o d ecre t o que i ns t a lou , a t í tulo provisório, a Procuradoria daFazenda Nacional no Distrito Federal, m e r e c e t a m b é m m e n ç ã o oanteprojeto d e lei , já r emet i d o ao Congresso, que capitula como

cr ime a sonegação f i s ca l .R e f l e x o s i m e d i a t o s e pos i t ivos na economia bras i le i ra t erão

a s d ec i s ões que o G overno a d ot ou, por i n te rmé d i o d o d ec re t o quedetermina providências para a declaração de nulidade ou cadu-c i dade d e autorizações d e pesquisa ou lavra d e jazidas minera i s ,co nced i das em d es a cord o com os disposi t ivos const i tucionais e como Có d i go d e M i na s . E , também o d e c r e t o q u e e s t a b e l e c e u o m o -nopólio da importação de óleo cru, pela PETROBRAS.

Destacam-se , a inda , por sua importância , os d ecre t os quee s tabe l e ce ram n o r m a s para o d e s e n v o l v i m e n t o d e nos s a i nd ús t r i aquímico- farmacéut i ca e ins t i tu iu o G r u p o E x e c u t i v o d a I n d ú s t r i aQu í mic o - F a r ma c é u t ic a ( G E I F A R ) e o que in s t i tu iu , no M i n i s t é r i od a Indús t r ia e Comércio, o Grupo E xecut i vo d a Indús t r ia d eFert i l izantes e Corretivos do Solo (GEIFERC).

M e d i a n t e atos d e s u a com pet ênc i a , cu i d ou o Execut ivo d e i m -por planif icação racional e obje t iva às suas a t ividades na área dos

t ransportes , ba ixando para i s so decre tos que aprovam os planospreferencia i s nos setores rodoviário e ferroviário e es tabelecemnormas especia i s para a sua e x e c u ç ã o . S i m u l t a n e a m e n t e , foramadotadas as providências iniciais para a i mpla nt a ção d o s i s t e m ad e t ra ns por t e f luvial , c o m a uti l ização d e nossas vias navegávei si n t e r i ore s . Nes s e s en t i d o , foi baixado o d e c r e t o que cria a Comissãode Estudos dos Rios e Canais Interiores Navegáveis (CERCIN),cujos t rabalhos s e encontram be m a v a n ç a d o s .

Providenc iou- se , t am b ém , a c o m p l e t a r e g u l a m e n t a ç ã o d oCódigo Brasi leiro d e T e lecomuni ca ções , com a aprovação, pordecreto, do seu R e g u l a m e n t o G e r a l e, ainda, dos R egula ment osd o s S e rviç os d e R a d i o d i f us ã o e d o F u n d o N a c i o n a l d e T e l e c o m u -n i c a ç õ e s . A o m e s m o passo, foram a d ot a d a s as n e c e s s á ri as m e d i d a spara a i m ed i a t a cons t i t u i ção d a Empresa Bras i le i ra d e T e l e c o m u -nicações — EMBRATEL —, que se encarregará dos serviços detelecomunicações reservados à exploração direta pela União. Sua

implantação def in i t iva ocorrerá d ent ro d e poucos d i a s .Tem e s t a d o c o n t i n u a m e n t e nas atenções do Governo, o pro-

b le ma da d e f e s a das massas trabalhadoras e populares , e da ele-

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vação d o s e u nível d e v i d a , d u r a m e n t e a t i n g i d a s pelo processo in -f lacionário. A ss im, para im pe dir a qu e d a do poder aquis i t ivo dásmassas assa lar iadas , baixou o Go v e rn o v á r io s de c re to s , e n t re êles-

o que ins t i tu iu o Conselho Nacional d e Política Salarial, o que apro-vou o R e g u l a m e n t o d o Salário-Família d o Trabalhador e , mai s ;r e c e n t e me n te , o que promoveu o re z o n e ame n to do País, rSlra efeitod e p a g a m e n t o d e sa l á r io -mín imo , há pouco r e a j u s t a d o d e acordocom os índices do custo de vida.

N a m e s m a o r d e m d e preocupações , foram t o m a d a s m e d i d a sd e s t i n a d a s a re g u l ar iz ar o abas t e c ime n to de g ê n e ro s de pr ime i ra

n e c e s s i d a d e , e m to do o País , e para coibir a e spe c u l ação a que see n t r e g a m grupos monopolistas e gananciosos , e m d e t r i m e n t o d abolsa do povo. Para t an to , ba ix aram-se o s de c re to s n e c e s sá r io s aoimedia to fu n c io n ame n to da Superintendência Nacional de Abaste-c i m en t o e das su as e mpre sa s su bs id iá r ia s — a C om panh ia Brasi-leira de A l i m e n t o s ( C O B A L ) e a Companhia Brasileira de Ar-m a z e n a m e n t o ( C I B R A Z E N ) .

P a r a l e l a m e n t e , várias disposições foram adotadas para maior

e s t í m u l o às a t iv idade s ag ro pe c u á r ia s , m e d i a n t e r e e s t r u t u r a ç ã o d oMinis tér io da Agricul tura, reorganizado pela Lei D e l e g ada n' 9,d e 1 1 d e outubro d e 1962. Através d e d e c r e t o s , o G o ve rn o apro v o uo n ov o R e g u lame n to G e ra l daqu e l e M in i s t é r io e os regimentos des e u s d iv e r so s órg ão s .

Ao me smo t e mpo , o Governo cuidava de instalar e regula-m e n t a r a C om i s s ã o A d m i n i s t r at i va d e D e f e s a E c on ôm i ca ( C A D Ê ) ,que se des t ina à repressão dos abusos do poder econômico, sem 1

d e s c u r ar , m a i s e s p e c i f ic a m e n t e , d a proteção à bolsa d o povo, parao que criou, por ato recente , o Comissariado de D e f e s a da Eco-nomia Po pu l ar .

Finalmente , para a proteção e d e f e s a do trabalho, o Governo-baixou o de cre to que aprova o R e gulam e nto da Previdência Socia l'Rural , tendo em vista a levar aos trabalhadores do campo, atéaqui marg in a l iz ado s e espol iados , benef íc ios de q u e d e s f r u t a m , hámui to, os t raba l hado re s u rban o s .

Es sa s , e n t re mui t a s outras d e re l e v â n c ia , as providências queo Go v e rn o ado to u , du ran te o ano decorr ido e q u e b e m e x p r e s s a mo e s forço do Poder Execut ivo no sent ido de ut i l izar suas prerro-

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.gativas const i tucionais , objet ivando sempre o a t end i m en t o às

.necessidades d o desenvolvimento nacional e às aspirações d e b e m -•es tar d o nosso povo.

D — SEGURANÇA NACIONAL

O verdadei ro conce i to de segurança nacional t ranscende o;plano mil i tar e situa-se n a própria es trutura d e u m co m plex o.social, polít ico e econômico, que r epr e s en t a r ea lm en t e o PoderN a c i o n a l .

O p o d e r mili tar , par te desse complexo, in t egra- se no todo,•que t em a sua m ai s e l ev ada f or m a d e coordenação e direção noC o ns e lho d e Segurança Nacional , compet indo ao Estado Maior

•das Forças A r m a d a s (EMFA) a t a r e f a de preparar o em pr eg o ,e m conjunto , d as três forças , as q u ai s t ê m , por sua vez, a sua

- ex pr e s s ã o ex ecu t i v a nos Minis tér ios d a Marinha, d a Guerra ed a A e r o n á u t i c a .

A l é m d e cumpri rem c om ex a t i dã o e f i de l i dade as altas egraves atr ibuições que lhes confere a Const i tuição, a Mar i nha , oExérci to e a Aer o ná u t i ca de s do br am a sua capacidade d e f a z e re s ervi r e m aç õ es m ú l t i p la s e v ar i adas , cu jo s e n t i d o e a m p l i t u d eas t o r n a m s u m a m e n t e b e n é f i c a s a t o do o País, c o m u n i c a n d od i n a m i s m o e ef icácia a es tabelec imentos fabr i s , arsenais , parquesmi l i tares , t ranspor tes t e r res t res , mar í t imos e aéreos ; l evando a

- e f e i t o pes q u i s as c ien t í f i cas , l e v a n t a m e n t o s g e o g rá fi c os , t o m b a m e n t o

d e r i q u ez as d o solo e d o subsolo, trabalhos d e e n g e n h a r i a eindus tr ia l ização; f o r m ando t écn i co s e e s pec i a l i s t a s ; a l f abe t i z ando•e di f und ind o conhecimentos ; aperfe içoando o nosso povo, inte-l ec tual e t ec n i cam e nt e ; v a lo ri z ando , a s s i m , o ho m e m bras i l e i r o em a n t e n d o - s e n a v ang u ar da d as forças que m a i s s e e m p e n h a m

-pela comple ta emancipação d a nossa Pátria.

E n t r e essas a t i vi d a d e s m e r e c e m d e s t a q ue e s p e c i al : no Exérc i to— as operações as tronômicas e geodés icas e a preparação de cartas

geográf icas , inclus ive para vários órgãos estatais e autárquicos ; eos t rabalhos executados , tanto n o N o r des t e q u an t o n a região

•Centro-SuI , para implantação e m e l h o r a m e n t o d e rodovias e

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ferrovias; na Marin ha — as atividades de pesquisa c ien t í f ica ,não só no terreno da oceanografia, que visa ao melhor conheci-m e n t o d os m a r e s e d a s suas r iquezas naturais , como no c ampo d omater ia l , com que t ambé m se benef ic ia a indústria civil; e as obrasde cons trução e reparo navais , pr inc ipalmente ao longo da costa,onde é notória a carência de oficinas e d iques da indús tr ia pr ivada;na Aeronáutica — os programas de desenvolvimento da infra-estrutura aeroviária, com a e x pan são e me l ho rame n to das redesde aeroportos e de proteção, controle e in fo rmaçõ e s fundam e nta i sà real ização de vôos em todo o terri tório nacional ; e as m e d i d a stomadas com o obje t ivo de assegurar taxa jus ta para a expansãodas indústrias de transporte aéreo e de construção e manutençãode ae ro n av e s .

A participação das Forças A r m a d a s no desenvolvimento cul -tural e no se tor ass i s t enc ia l acha-se expl ic i tada na par t e de s taMe n sag e m r e f e r e n t e ao Progresso Social.

Todavia, para o exato cumprimento dessas missões, as ForçasArmadas Bras i l e i ras têm p r of un d a consc iênc ia das suas própriasd i f i cu ldades e m face d o obsole t i smo d a maior parte d e s e u smateriais , instalações, equipamentos e s e rv iço s .

Não obstante , procuram e l iminar e s se s óbices e sanar tais de-ficiências mediante a execução de um programa racional de mo-de rn iz ação e graças a um s i s t e ma que prevê, ao m e s m o t e m p o ,um a l inha normal d e a p er f e i ç o a m en t o e u m a outra , mais d i n â m i c a ,dotada de r i tmo mais in tens ivo e caracterizada por prioridades ab-so l u tame n te in d i spe n sá v e i s .

Consciente de tal v e r d a d e , o Governo não pode de ixar deconceder a tenção a esse p lano de modernização progress ivadas nossas Forças Armadas e t em sa t i s fação patr iót ica em regis t raros t e rmos em que está formulado e o severo espíri to de e c o n o miaque o a n i m a .

Durante o corrente ano, procurará o Governo atendê-lo, nãosó no relativo às prioridades cons ideradas impresc indíve i s à e s t ru -tura das Forças A r m a d a s , s e n ão t am b é m no tocante à modernização

•d o mater ia l a elas necessário, seguro de que se trata de invest imentoaltame nte reprodut ivo pe los bene f íc ios gerais que dele advirão parao País.

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II _ FINANÇAS

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À) FINANÇAS PUBLICAS

l. Execução Orçamentária

A Proposta O rçam e ntár ia para o. e x e rc íc io d e 1963 consig--

nava uma receita de Cr$ 590 bilhões e uma despesa de Cr$ 793,8bi lhões , de ixand o a de scoberto a importânc ia de Cr$ 203,8 bi -lhões. Cora as alterações f e i tas pe l a s du as Casas Legislativas,,por ocas ião d o e x a m e d a r e f e r i d a Proposta, o anteproje to ,t r a n s fo r ma d o e m lei. registrava os se guintes valores : rece i ta,Cr$ 737,3 bilhõe s e des pe sa, Cr$ 1.024,5 bilhõe s, daí re s ul tand o odéficit d e C r ? 287,2 bi lhões . A d i f e r e n ç a para m ais e n t re a rece i taprevista na Proposta e a e s t i m a d a na L* :. Orçamentária decorreu,

p r i n c i p a l m e n t e , d a m a j o r a ç ã o d os impostos d e re n da , c o n su mo ee n e r g i a e lé t r ica , cuja legislação fo i prom ul gada e m fins d e 1962.Isso n ã o impe d iu , c o n tu do , um desequi l íbr io , e n t re a propostae a Lei Orçame n tá r ia , su pe r io r a Cr$ 80 bilhões, pois a despesafoi a u m e n t a d a m a i s do que a r e c e i t a .

A i n d a a s s i m , não era essa a verdade ira s i tuação d as finanças-da União para o e x e rc íc io c o n s ide rado . O déficit potencial pre-nunciava-se maior, e m v i r t u d e d e despesas que deveriam incor-porar-se ã e x e c u ção f inance i ra , tais como:

a) , c ré d i to s e spe c ia i s t ran s fe r ido s d e 1962 para 1963;b) créditos que t e r iam d e s e r abertos e m 1963;c ) gastos por f a z e r s e m c ré d i to :d) d e s p e s a s i n a d i á v e i s ;e ) l iquidação de resíduos passivos;f) f i n a n c i a m e n t o s a En t idade s Pú bl ic a s ;

g) insuf ic iência d e v e r b a s c o n s t a n t e s d o O r ç a m e n t o ;h) r e a j u s t a m e n t o d e rubricas d e gas tos v inculados à rece i ta

e f e t i v a m e n t e recolhida.

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A l é m desses dispêndios, cujo valor ascenderia a várias cen-

tenas de bilhões de cruzeiros, havia ainda que considerar a não

: inclusão, na programação ordinária do exercício, da despesa pro-

v e n i e n t e d o reajustamente salarial d o f u n c i o n a l i s m o público civile mil i ta r , concedido pela Lei n9 4.242, de 17-7-63, para a qual

.s e a d m i t i r a um desembolso d e 2 1 0 bilhões. Assim, o déficit po-tencial acercar-se-ia dos 800 bilhões de cruzeiros.

Não se deve, pcrém, avaliar o Orçamento Público sob esse-único aspecto. Programa da atividade do Governo que é, o Orça-

m e n t o deveria constituir uma etapa do planejamento nacional.

'Todavia, embora no atual Governo se venha desenvolvendo reales forço para p l a n e j a r o desenvolvimento econômico e social do

País, p e r s i s t e m as imperfeições na elaboração, votação e execução

- d o Orçamento, sendo certo que o Executivo não tem contado,

neste particular, c o m u m instrumento razoável para condiciona-

m e n t o dos problemas por solucionar e coordenação de sua ativi-

•dade financeira.

Por outro lado, em pais no estádio de desenvolvimento em

• que se encontra o Brasil, espera-se d o Governo atuação decisiva

no setor das finanças.

O desenvolvimento brasileiro vem exigindo esforço governa-

. m e n t a l crescente no sentido de realizar, direta e indiretamente,

.investimentos de capital muito além do que permite a sua receita

• o r ç a m e n t á r i a atual. Só isso já explicaria um déficit apreciável

.no Orçamento. As conseqüências do déficit, porém, ainda são

agravadas pela pulverização d os meios disponíveis, e m virtude-d e modificações nas verbas da proposta original e inclusão de

novos gastos que, embora muitas vezes defensáveis, não se aius-

"tam a um plano prioritário de aplicação dos recursos, princi-

p a l m e n t e e m face d e situação d e f i c i t á r i a que já s e prenunciavam u i t o difícil.

Apesar de tudo, o Governo procurou, na medida do possível,. m a n t e r sob controle o desequilíbrio orçamentário.

Para esse e fe i to , baixou o Decreto n9 51.814, de 8-3-63,«que f ixou normas para a execução orçamentária, estabelecendo

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« r _ . - " • - • _ 1 7

um a redução inicial d e aproximadamente400 bilhões d e cruzeiros

para uma despesa prevista em cerca de 1,2 trilhão, do que resul-

taria a redução do déficit de caixa do exercício para 300 bilhões,consideradas as fontes de financiamento do Orçamento Monetário

elaborado para o mesmo período. Com o aparecimento de pres-

sões, provindas principalmente de setores da economia cuja assis-tênc ia f i n a n c e i r a por parte d o Governo s e fazia imperativa, tor-

nou-se necessária a reformulação do programa. No in íc io do se-

g u n d o semestre, admitia-se que a despesa e a receita se limita-

r i a m, e m seus grandes t o t a i s , ao seguinte:

l — Despesa Crf bilhões

a) orçamentária

b) re a j us ta men te salarial ,

c ) créditos e s pe c ia i s

d ) despesas setn crédito

Receita

Dcficit d e ca i xa c re s umiv e l

820

220

18

79

100

83

1 . 320

1.000

......... 320

No entanto, as despesas de caixa, registradas por intermédio

do Banco do Brasil, montaram a Cr$ 1.415 bilhões. Relativa'mente à arrecadação, o seu montante líquido atingiu a importância

de Cr$ 915 bilhões, contra uma estimativa de um trilhão. Do

c on f r on t o dessas c i f ras infere-se q u e o desequilíbrio, e m 1963,

correspondeu a um déficit de caixa de Cr$ 500 bilhões.

Conhecido o resultado do exercício, que importou na redução

de cerca de quarenta por cento do déficit potencial, pode-se afir-

mar que não foram vãos os esforços do Governo no sentido de,com os instrumentos obsoletos de que dispõe, controlar de modo

positivo a execução orçamentária.

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Algumas medidas, porém, revelaram-se ineficazes, princi-

p a l m e n t e porque assentavam em premissas que não condiziam

com a realidade brasileira. Certos efeitos da política de contençãom a n i f e s t a r a m - s e desnortcadores. A verdade é que o setor de in-

v e s t i m e n t o s privados do País ainda não é s u f i c i e n t e m e n t e vigoroso

e organizado para compensar uma diminuição muito grande das

inversões de capital do setor público. Ao contrário, sua rentabili-

dade depende, indiretamente, de investimentos governamentais, e

considerável parte das inversões privadas derivam, diretamente, das

despesas do Governo.

Assinalada tal situação, promoveu-se o aperfeiçoamento do

programa financeiro, a fim de adaptá-lo ao sistema econômico na-

cional .

2. Dívida Interna da União

O saldo da dívida consolidada evidenciou em 1963 aciéscimode 25 bilhões de cruzeiros, aproximadamente, atingindo, no fim

do exercício, 55 bilhões, isto traduz, principalmente,o lançamento

do e m p r é s t i m o de emergência de que trata a Lei n" 4.069, de

11-6-62, e do compulsório sobre que dispõe a Lei n9 4.242, de

17-7-63, além da e m i s s ã o de obrigações do Reaparelhamento Eco-

n ô m i co , resultantes das operações de crédito provenientes das con-

tribuições obrigatórias de pessoas físicas e jurídicas {adicional doimpos to cie renda destinado ao Banco Nacional do Desenvolvi-

m e n t o Econômico).. No relativo ao débito representado pelas

Apólices e Obrigações da União, seu saldo global permaneceu

p r á t i ca i n e n t e estável, em torno de Cr$ 11,1 bilhões.

A d í v i d a f l u t u a n t e acusou acentuada elevação, tanto em vir-

t u d e do d e s e q u i l í b r i o f i n a n c e i r o do exercício de 1963 como do

acú m u l o mais elevado de resíduos passivos (restos a pagar),f u n d o s e depósitos inscritos naquele ano, c u j o saldo líquido global

fora acrescido de pelo menos 150 bilhões de cruzeiros. Assim,

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l ev ando e m coma outras parcelas que a i n t eg r am , essa dívidaacusava os s eg u i n t e s v a lo r e s , e m dez em br o d e 1963:

DÍVIDA FLUTUANTE DA UNIÃO

Salda em fins do ano — Cr$ bilhões

Itens

Restos a pá gar e depositesB B F I C O S G -Correspondentes

Letras do Tesouro

Fundos .. .

1962219,45 407

45,0

. . 123

19634000 (*)9500 (*)

1006 {*)

1 5 0 ( * )

Total 817,4 1.465,6

( " ) E s t i m a t i v a .

B) MOEDA E CRÉDITO

l. Mercado Monetário

A pol í t i ca monetár ia adotada e m 1963, embora orientada aps e n t i d o d e r e s g u a r d a r a taxa d e cresc imento já alcançada pe laeconomia bras i le i ra , v i sou prec ipuamente a disciplinar os m ei o s d epag am ent o , inc lus ive m e d i a n t e a adoção d e rigorosos cri tériosse le t ivos para o crédi to bancár io .

D o i s p r o b l e m a s e x i g i a m s o l u ç ã o p r e f e r e n c i a l . O primeiro,

r e s u l t a n t e d a procuia exces s iva d e b e n s e serviços , te m o r i g emt an t o n o s e t o r g o v er nam ent a l co m o n o s e tor pr ivado. O s e g u n d o ,n ã o m e n o s i m p o r t a n t e q u e o pr i m e i r o , é oriundo d e al t erações n ae s t r u t u r a d a procura or i entadas pe lo mecani smo d e preços , nasf a s e s d e m u d a n ç a no r i tmo d a i n f laç ã o e na polí t ica cambial.Tanto as de f i c i ê nc i a s co m o os ex ce s s o s d os m ei o s d e p a g a m e n t os ão co ndená v e i s , q u ando não guardam corre lação c o m o níve ld e preços e o v o l u m e d os negócios . Por um lado, tal f e n ô m e n o

p r o d u z i n a d e q u a ç ã o ao em pr eg o t o t a l d a força d e t rabalho e àm e l h o r u t i l i z aç ã o d o e s t o q u e e x i s t e n t e d e bens d e capi tal ; poroutro lado, pode também exercer pres são sobre as f o n t e s d e s u -

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p r i m en t o s estrangeiros, acima das possibilidades do balanço de

p a g a m e n t o s do País.

Para enfrentar os problemas da procura excessiva, estabele-

ceu-se um Orçamento Monetário, na elaboração do qual procurou

o Governo conter, dentro de limites razoáveis, a expansão mone-

tária global e a despesa pública, sujeitando o crescimento de

gastos públicos e privados à estrutura da produção, com o que se

obviariam sérias distorções de alguns setores. As despesas pú-

blicas e as ampliações dos empréstimos do Banco do Brasil ao

setor privado foram condicionadas, respectivamente, ao aumento

previsto na receita públ ica e aos recursos não monetários absor-vidos pelo r e f e r i d o estabelecimento, de modo que se contivessem

as emissões de papel-moeda em níveis razoáveis. Por outro lado,

várias instruções baixadas pela Superintendência da Moeda e do

Crédito sobre matéria cambial e de comércio exterior voltaram-se

para o problema de correção do mecanismo de preços, utilizan-

do-se ainda, para o mesmo fim,os instrumentos d e política d ecrédito.

Pela Instrução n' 235, de 7-3-63, da SUMOC, foram ele-vados os tetos de recolhimento compulsório ã ordem daquele

órgão para 28% sobre os depósitos à vista e de aviso prévio

até 90 dias, e para 14% sobre o total dos demais depósitosr ec eb i d o s pelo sistema bancário. Esse documento, ao l imi tar a

expansão secundária do crédito pelo sistema bancário, instituiu

a i n d a fa ixas de prioridade para as aplicações dos estabelecimen-

tos de crédito, como condição de acesso ao redesconto.A distribuição do crédito em bases regionais, que beneficia-

vam as áreas menos desenvolvidas do País, continuou a merecer

especial atenção c ?o Governo. Ainda d e acordo c o m a Instrução

n° 235, manteve-se o princípio de favorecer os bancos que operam

e x c l u s i v a m e n t e nos Territórios Federais e nos Estados doAma-zonas, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte,

Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo,

Goiás e Mato Grosso, com menores recolhimentos compulsórios,ao passo que,mediante a Instrução n' 238, de 26-3-63, se revigo-

rava o preceito de 'avorecimento, em regiões menos assistidas,

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aos e s t a b e l e c i m e n t o que apl icassem no interior do País os re-

c u r s o s l o c a l m en t e arrecadados. E m p e n h o u - s e t a m b é m o G o v e r n o

no uso de i n s t r u m e n t o s de pol í t i ca de crédi to para o d es en v o l v i -m e n t o do setor r u r a l da ec o n om i a , ha v en d o c o nc ed i d o ( I n s t r u ç ã on» 247, de 3-9-63) t r a t a m en t o p r e f e r en c i a l , p e l a r ed u ç ã o da t a x ad e r ec o l h i m en t o c o m p u l s ór i o à o r d em da SUMOC, aos estabe-

l e c i m en t o s b a n c á r i o s que e f e t i v a m e n t e a p l i q u em recursos e m ope-rações de c r é d i t o r u r a l a p e q u e n o s p r o d u t o r e s , em praças orideo Banco do Brasi l não t e n h a agências. F i n a l m e n t e , p e l a s I n s t r u -ções nçs 254 e 256, r e s p ec t i v a m en t e de 11-10-63 e 29-10-63,

e l evararn-se as taxas de r e c o l h i m e n t o obrigatório sobre contratosde c â m b i o , com o que passou o G o v e r n o a dispor de m a i o r e sr ec u r s o s não i n f l a c i o n á r i o s p a r a a t en d er ao f i n a n c i a m e n t o de s u a sapl icações , desencorajando-se , ao m e s m o t e m p o , as importaçõesm e n o s e s s e n c i a i s ou s i m p l e s r e m e s s a s f i n a n c e i r a s .

A l é m das m e d i d a s a d o t ad a s p ara o controle do m e r c a d om o n e t á r i o , p r eo c u p o u - s e o Governo com a d i s c i p l i n a do m e r c a d oi n t e r n o de capi ta i s , havendo, para i s so , baixado a I n s t r u ç ã on' 2 5 1 , de 26-9-1963, da SUMOC.

2. Meios de Pagamento

A e x c e ç ã o dos p r i m e i r o s três m e s e s do ano, os m e i o s de

p a g a m e n t o e l e v a r a m - s c e m r i t m o a c en t u a d o em 1 963 , ex p a n d i n -do-se em 64 , 5% no p e r í o d o ( e s t i m a t i v a ) . No p r i m e i r o - t r i m e s t r e ,

de fato , a vultosa absorção de recursos dos banco comerc ia i s ,f e i ta por m e i o de d ep ós i t o s c o m p u l s ór i o s , c o n ju g a d a com a esta-bi l ização dos d ep ós i t o s do público, que decorreu do dec l ín io do

r a p e l - m o e d a em c i r c u l a ç ã o , fez que se r ed u z i s s e o e n c a i x e vo-

l u n t á r i o dos b a n c o s , f o r ç a n d o m a i o r c o m e d í m e n t o na c o n c e s s ã ode c r é d i t o . Vale a c e n t u a r que parce la subs tanc ia l dos recursosre t i rados da r ed e p r i v a d a orientou-se, no m e n c i o n a d o p e r í o d o ,para a e x p a n s ã o dos e m p r é s t i m o s da Carte i ra de Crédi to Agr ícola

e Indus t r ia l , des t inados pr inc ipalmente ao setor r u r a l . Em vir-t u d e da c o n t e n ç ã o de c r é d i t o por par te dos Bancos Comerc ia i se do d e s l o c a m e n t o de r e c u r s o s do Banco do Brasil para as at iv i -

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dades rurais, a que se aliou retração na procura de bens duráveis

e de consumo, as empresas dos grandes centros passaram a expe-

rimentar d i f i c u l d a d e s diante do crescimento de seus estoques,c o m r e f l e x o s negativos sobre o nível da atividade econômica.

Por sua vez, a i n s u f i c i ê n c i a da procura f inal por parte dos

consumidores foi agravada pelas características da despesa pú-

blica e da evolução dos salários, bem como pelo crescimento dos

preços dos produtos agrícolas. O retardamento das despesas de

pessoal em relação aos demais gastos públicos i n f l u i u na renda

do funcionalis t t ' .o e, daí, na procura de bens duráveis de consumo.

A elevação de preços dos produtos agrícolas c industriais i n f l u e n -ciou também a renda dos assalariados, que poderia ser orientada

para a compra de bens duráveis de consumo.

. A partir do segundo trimestre, registrou-se vultosa expansão

do saldo do papel-moeda emitido, dos empréstimos e dos depó-

sitos dos Bancos Comerciais e, conseqüentemente, dos meios depagamento. A expansão do papel-moeda decorreu do f i n a n c i a -mento do déficit de caixa do Tesouro Nacional e do aumento dos

empréstimos ao setor privado, bem como da menor drenagem derecursos em moeda nacional para as Autoridades Monetárias, em

face da redução do dcficií cambial e, ainda, do declínio no saldo

de depósitos compulsórios sobre remessas cambiais.

Não obstante os controles monetários, os meios de paga-mento elevaram-se, de acordo com estimativas preliminares, de

Cr$ 1.097,7 bilhões, o que eqüivale a 64,5%, como antes assi-nalamos. No ano anterior, a taxa de incremento foi de 63,4%,tendo sido mais volumosas em 1963 do que em 1962 as emissões

de papel-moeda — base para a expansão dos meios de paga-mento. Tais emissões, em 1962, elevaram-se a Cr$ 182,1 bilhões

e, no passado exercício, a Cr$ 351,1 bilhões.

C) POLtnCA FINANCEIRA.

l. Diretrizes do Programa

Conquanto o dcficit do orçamento votado para 1964 se apre-sente na ordem de grandeza de Cr$ 631,5 bilhões, esse mesmo

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r e s u l t a d o nega t i vo a t i nge , po t enc i a lment e , cerca de Cr$ 1,6 tri-lhão, como se verá m a i s a d i a n t e ,

É c e r t o que esse i r r ea l i s mo da le i de mei os decorre primor- '

d ialmente do processo inflacionário, aão estando ausentes, en-t r e t a n t o , d e f e i t os i ns t i t uc i ona i s e c i rcuns t a nc i ai s , que lh e d e s f i -guram a elaboração, a votação e a e x e c u ç ã o .

R e l e m b r e - s e que o Poder E x e c u t i v o , na elaboração d e s u aPropos t a Orça ment ár i a , e s t i ma seus planos f inancei ros com an-t eced ênc i a d e u m a d oi s a nos . Em novemb ro d e 1963, por e x e m -plo, os órgãos públicos federais já estavam elaborando suas pro-postas parciais, para o e x e r c í c i o d e 1965, e e n c a m i n h a n d o - a s aoDASP.

Por força de disposi t ivos const i tucionais , o Congresso t em,p r a t i c a m e n t e , 6 m e s e s p a r a a votação f ina l da Proposta do Poder

E xecut i vo .Como se vê, a s is temática de elaboração e votação é d ema -

s i a d a ment e longa , e , diante d a cont inuidade d o processo inflacio-nár i o , i mpõem-s e r ea jus t e s d e preços e salários, que s e r e f l e t e m ,

por via de cons eqü ênc i a , nas dotações cons ignadas , desvir tuandovi o len t a ment e , na fa s e execut ó r i a , o plano original d o Governo.

Na v e r d a d e , o Orça ment o Púb l i co , tal como se apresenta ,e s t á ca d a ve z ma i s perd end o os seus princípios básicos d e uni -dade e u n i v e r s a l i d a d e .

D i s s o r e s u l t a , e m últ ima anál i se , a grande d i screpância ent reo déficit contábi l e o déficit d e caixa d o Tesouro, que é o quema i s i n t e r e s s a ao G o v e r n o , e m vi r t ud e d as suas implicações naemi s s ão pr i már i a d e p a p e l - m o e d a e s e u f i n a n c i am e n t o n ã o - i n f l a -c ionãr io, mediante captação d e recursos e m m o e d a s ã .

O que mais agrava a s i tuação é o cre s c i ment o t a mb ém dovalor d as e m i s s õ e s d e pa pe l -moed a e m r e la ção percen t ua l como déficit d e ca i xa d o T e s o u r o . D e 4 1 , 4 % e m 1956, essa relaçãosaltou para 69%, e m 1962, t endo a t ingido 78%, e m 1963.

Por outro lado, a pulver ização excess iva d e verbas com-

p r o m e t e s e r i a m e n t e o es forço que a adminis t ração públ ica t e m d ereal izar , t o r n a n d o , e m alguns casos, i n t e i ra ment e i ne f i c i en t e s uaapl icação. Parece, pois, que uma l e i orçamentár ia as s im elabo-

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rada se constitui em sério obstáculo á boa administração e, sobre-t u d o , à direção da política econômico-financeira do Poder Exe-

cut ivo, c u j a preocupação máxima reside em conter a inflação,

propiciando, ao mesmo tempo, os meios necessários ao aumentoda produção.

Enquanto não se implanta uma reforma de base, disciplina-

dora do campo financeiro público, no qual avulta o orçamento,

vê-se o Governo na contingência de elaborar planos de contenção

e programas de aplicação consentâneos com os recursos disponí-

veis, para diminuir a pressão dos gastos sobre a Caixa do Te-souro, pondo a salvo os quantitativos necessários à continuidadedo desenvolvimento sócio-econômico do País.

Essa irrealidade orçamentária, além da desconfiança e dodescrédito que gera na opinião pública nacional — e c u j a s crí-

ticas a t i n g e m o Congresso —, pesa também no crédito externo do

País, embaraçando as negociações junto aos nossos credores, que

não compreendem a previsão de vultosos deficits sem a indicação

dos meios para o seu financiamento.

Cumpre, pois, prosseguir nas providências já encetadas a fimd e manter o equilíbrio monetário do sistema, evitando-se pertur-

bações no nível dos meios de pagamento. Com esse objetivo,

além de outras medidas adequadas, dever-se-ão utilizar, sobre-tudo, processos de obtenção de recursos internos ociosos, paraaplicá-los e m empreendimentos f u n d a m e n t a i s , como a execuçãodo plano rodoviário, o reaparelhamento dos portos, as centrais

elétricas já em construção ou em vias de conclusão, os empreen-

d i m e n t o s do programa siderúrgico e outras realizações em anda-m e n t o nos setores da infra-estrutura e das indústrias de base.

É claro que essa captação de recursos não deve prejudicar

a adequação dos meios de pagamento aos reclamos da produção,m e s m o que para tanto se tenha de recorrer às emissões primárias

d e papel-moeda. A colocação de t í tu los públicos no mercado in-

terno terá evidentemente que levar em conta variações de com-

p o r t a m e n t o sazonal, que i n d i q u e m maiores encaixes voluntários dosBancos, quando a canalização de recursos por m e i o de títulosdeveria ser m a i s intensa, e maior arrecadação tributária do Tesouro,

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quando tal processo d e mobil ização financeira deveria sofrer algum,a r r e f e c i m e n t o .

Terá de ser m a n t i d a , igua l m e nte , a ação g o v e rn ame n ta l de s -

t i na d a a f inanc iar o déficit d o balanço d e pag ame n to s , me d ian t esevero discipl inamento dos gastos em divisas e acentuado incre-m e n t o das e x po r taçõ e s .

Para preservar e s sa or ien tação e, m e s m o, s i s t e mat iz á - l a edesenvolvê-la, é e s s e n c ia l , e m v i s ta d as c ircuns tânc ias , adotar-seplano de execução orçamentária para 1964, de modo que atenda.a esses o bje t iv o s . En te n de - s e que ta l plano h á de t en tar o equi -líbrio e n t re a r e c e i ta to ta l e a de spe sa to ta l . Para tanto, não po-

de rá re s t r in g ir - s e aos r e c u rso s da l e i o rçam e n tá r ia e aos c ré d i to sadicionais, mas terá de abranger todos os recursos e dispéndios-d o G o ve r n o, e n t r e e l e s os das au tarq u ias , órg ãos au tôn o mo s e socie-dades d e economia mis ta , be m c o mo fundos e spe c ia i s e outrasformas d e re c e i ta e x t ra -o rçame n tá r ia , p r o c u r a n d o prever , coordenare discipl inar todo o m ov im e nto f inance i ro do se tor públ ico, e não-apenas o ads tr i to ao Tesouro N ac io n a l .

D e n t ro de s sa o rde m de idé ia s , e a t e n to o princípio d e q u e oEs tado não po de para l i sa r a sua at iv idade no campo econômico,para be m d e s e m p e n h a r o papel que lhe compete na e s t imu l açãodo progresso nacional, a política f inance ira do Governo para 1964nortear-se -á pe la adoção d as seguintes providências :

A — Elaboração d o O r ç a m e n t o M o n e t á r i o , que c o n t e m p l eto do s o s r e c e b ime n to s e pag ame n to s da Un ião , c o m de sdo bra - -m e n t o , m ê s a m ê s . P a r a esse efe i to , d e v e r - s e - á , p r i n c i p a l m e n t e ;

I — Es t imar um a taxa inflacionária, como hipótese d etrabalho, para projeção d as re c e i ta s e despesas g lobais , a preços-correntes,

II — I n d i c a r as fo n t e s d e f i n a n c i a m e n t o d o déficit d ecaixa do Tesouro, t endo-se em conta , sobre tudo, os m ei o s de cap-tação de r e c u rso s in t e rn o s o c io so s e apo n tan do - se o s in s t ru me n -tos ade quados para e sse f i m , ta is como le t ras d o Tesouro in de -x adas e o u t ro s t í tu l o s oficiais s e m e l h a n t e s . C o m o l a n ç a m e n t o

desses t í tu los , poder-se -á reorientar a aplicação de poupançaspopulares, visando a re du z i r a área d e e spe c u l ação f in an c e i ra e .favorecer o s in v e s t ime n to s pre f e re n c ia i s .

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III — Prever o quantam das emissões primárias, assegu-rando o equilíbrio dos meios de pagamento, a fim de não compro-

m e t e r o desenvolvimento do País nem provocar o desemprego,

com as conseqüentes tensões sociais e crises politicas.IV — Buscar o financiamento do déficit do balanço de

-p a g a m e n t o s , s e m permitir q ue a liquidação d e obrigações exter-

nas venha a comprometer a capacidade de importar do País e

produzir pressão insuportável na caixa do Tesouro, pondo em

risco a própria segurança nacional,V — Assegurar à produção e ao comércio a manutenção

de um v o l u m e de crédito, em termos reais, que torne possível

• a t e n d e r as necessidades decorrentes do incremento do produto.VI — Promover, periodicamente, reajustamentos de tarifas

c subsídios à importação, eliminando-se as subvenções como cri-

- tério geral, para mantê-las apenas nos casos em que as condições

•econômicas e sociais as j u s t i f i q u e m .VII — Considerar as necessárias correções de salários, me-

diante a instituição do salário móvel e, ainda, assegurar a partici-

pação dos trabalhadores no incremento da renda nacional.

B — Elaboração de um programa para execução do Orça-

m e n t o da União para 1964, observando-se as seguintes diretrizes:

I — As dotações referentes a despesas "não-obrigatórias"

de custeio deverão ser rev,'stas, de modo que, dentro da parcimô-

nia que a situação exige, se assegurem os meios para o f u n c i o n a -mento dos serviços essenciais, especialmente quando já tiverem

encargos fixos com pagamento de pessoal, que ficariam improdu-

•tivos, se não fossem complementados.II — Quanto aos investimentos, dar-se-ã prioridade à con-

clusão das obras f u n d a m e n t a i s em andamento. Não se pode admi-

tir permaneçam inacabados importantes empreendimentos ou que

:se arrastem, no decorrer dos anos, por insuficiência de provisõesou pela pulverização de verbas.

III — Em relação aos novos empreendimentos, só deverão

ser incluídos no programa financeiro aqueles que, dentro do Pla-

.nejamento Nacional, forem considerados preferenciais pela suaimportância econômica e social.

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IV — No que concerne aos resíduos passivos do Orça-ment o , deverá ser examinada a possibilidade de utiliza-los para ocusteio de empreendimentos preferenciais.

V — No pagamento de dotações orçamentárias, deverãoser utilizadas as delegacias fiscais, as agências do Banco doBrasil e a rede d e bancos oficiais e particulares, a f im de acelerara operação e desonerá-la das despesas de recebimento.

V I — A melhoria d e arrecadaçãOj notadamente pelo aper-fe içoamento d o aparelho arrecadador, h á d e s e r providência fun-d a m e n t a l . A re forma tributária, nesta fase , terá d e incidir, prin-

cipalmente, nos aspectos administrativos, preocupando-se com oreforço da receita tributária, dentro do sistema fiscal vigente. Se,por um lado, não seria justo onerar mais ainda os contribuintes quec u m p r em as obrigações, seria inút i l , d e outra parte, estabelecernovos sistemas e métodos i n ex eq ü í v e i s no momento. A s medidasjá postas e m prática, como o reaparelhamento d as principais re -par t ições coletoras e as providências d e caráter legal encaminhadasrecentemente ao Congresso, entre as quais a melhoria d o sistema

de arrecadação do impos to de renda e o estabelecimento de pena-lidades ef icazes contra os sonegadores d e impostos, mui t o contri-buirão para a elevarão da receita em 1964.

C — Paralelamente, deverão ser adotadas as seguintes medidasde ordem administrativa ou legislativa:

Medidas de Ordem Administrativa:

I — Criar condições que, já em 1964, atenuem os fortesdesequi l íbr ios que s e regis t ram nos orçamentos d e algumas autar-quias e sociedades d e economia mista, resultantes d os elevadosde[icits de seus serviços.

II — Envidar esforços no sentido d e obter a decisiva cola-boração d os governos estaduais para que t a m b é m nas unidadesfedera t ivas se alcance o desejado equilíbrio orçamentário.

III — Dar opção ao contribuinte para o pagamento do im-posto de renda no ato da declaração.

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Medidas de Ordem Legislativa:

I — Pleitear, junto ao Congresso Nacional, a m u d a n ç a do

a t u a l exercício financeiro para o calendário de j u l h o a j u n h o .II — Propor ao Congresso Nacional se consigne, na lei de

meios, declaração explícita de que o Poder Executivo poderá fi-nanciar o déficit mediante colocação de titulos no mercado interno,e/ou contratar empréstimos externos para o m e s m o fim.

A m o d i f i c a ç ã o d o "exercício f i n a n c e i r o " d a União, d e f o r m aque seu início se dê a l» de j u l h o e seu término a 30 de junho

de cada ano, será, em breve, objeto de mensagem ao Poder Legis-

lativo. Efetivamente, as vultosas emissões de papel-moeda nosúi t imos meses de cada exercício indicam que a- circulação mone-tá r ia , no segundo semestre, padece de um estrangulamento esta-

cionai decorrente de pressões m o n e t á r i a s crescentes e s i m u l t â n e a s .Nesse período, além de atendidas as obrigações do Tesouro

N a c i o n a l , são f e i tos , forçosa e simultaneamente, entre outros, o

f inanc iamento do café e maiores compras de câmbio de exportação.

Impõe-se, por isto, a redistribuição das pressões por todo o ano, de

forma que o crédito apresente f l uxo mais regular e convenienteaos interesses da economia.

Demais, e como já assinalado, não se compreende que os

orçamentos da União, como vem acontecendo, sejam votados

com vultosos deficits, sem q u a l q u e r indicação da maneira de fi-

nanciá-los, o que inibe a ação saneadora das finanças públicasque o Poder Executivo mais facilmente pudesse pôr em prática,pela captação de recursos hígidos no mercado interno e/ou externo

d e capitais.

2. Perspectivas Financeiras Internas

Em face da programação do Orçamento para o exercício de

3964 e dos gastos que forçosamente se incorporarão à execuçãofinanceira, estima-se que as despesas originàriamente votadas seelevem de Cr$ 2,1 para Cr$ 3,3 trilhões. Ao mesmo passo, admi-te-se um reajustamento da receita de Cr$ 1,5 para Cr$ 1,7 tri-lhão, donde o déficit potencial de Cr$ 1,6 trilhão.

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— 29

Considerando-se que o Governo t e m e m vista um a .contenção

global da despesa orçamentária da ordem de 40%, ter-se-ia unia

redução de gastos equivalente a Cr$ 840 bilhões,

Mesmo que não se a t i n j a esse corte nos gastos globais, massupondo que ele se situe ao redor de Cr$ 800 bilhões, a despesapotencial, da ordem de CrS 3,3 trilhões, reduzir-se-ia a Cr$ 2,5

trilhões.

A s s i m , ter-se-ia um déficit d e c a i x a e m torno de Cr$ 838 b i -l h õ e s , proveniente de uma despesa de Cr$ 2,5 trilhões e de umareceita de Cr$ l ,7 trilhão.

Conquanto substancial em termos absolutos, a contenção con-

t e m p l a d a supõe comportamento proporcional da despesa seme-lhante ao do exercício de 1963, quando, em termos percentuais,at ingiu a taxa de cerca de 14% do produto nacional bruto.

PRODUTO NACIONAL BRUTO E DESPESAS DO TJCSOURO NACIONAL

{E m C r$ bilhücs)

135719581959 ....196019611962

1965.1964

PRODUTO

BRUTO

1 0631 3201 8042 40 85. 550

5 700

(*) 10 000C * ) 17.0001

D E S P

ABSOLUTAS

120 2

137 9199,6296,0447,07 3 6 , 2

1 41E.O2.500,0

E S A S

HELAlIVAi

11 %

11 %

H%

11%

13 %13 %

14 %(*) U 7,

[*) Eitimaliva.

3. Orçamento Monetário

Embora ainda não disponíveis m u i t o s dos elementos necessá-

rios à elaboração de um Orçamento Monetário, é possível ter-se,

com apoio em certas grandezas f i n a n c e i r a s básicas previstas para1964 e em algumas hipóteses sobre o comportamento financeiro

dos indivíduos, bancos e f i r m a s , uma visão circunstancial do de-

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30 —

senrolar da situação monetária. Admitindo-se uma razoável ex-pansão creditícia do Banco do Brasil ao setor privado não-bancá-

rio e um aumento, ainda aqui cauteloso, no saldo de redescontos

a bancos comerciais, as Autoridades Monetárias t e r iam que de-sembolsar para esse fim, em 1964, cerca de Cr$ 410 bilhões. Se

se j u n t a a esta cifra o assinalado déficit de caixa de Cr$ 838 bi-lhões, o total dos recursos reclamados ascenderia a Cr$ 1,2 trilhão,e m números redondos.

Para financiar esses desembolsos, poderá o Governo contarcom recursos de três tipos principais: 1) recursos não-monetários,

com o os vinculados aos depósitos prévios sobre importação; 2)

recursos ligados à expansão monetária, como os depósitos volun-tários e obrigatórios do público e dos bancos nas Autoridades Mo-netárias; e 3) emissões de papel-moeda.

Be m ressalvada a hipótese de que os padrões de comporta-

mento do público e dos bancos permaneçam, em 1964, no nível

m é d i o dos últimos anos, e de que haja substancial contribuição dosrecursos não-monetãrios, terão as Autoridades Monetárias, aindaa s s i m , que recorrer, inapelàvelmente, às emissões de papel-moeda,

um a vez que os recursos ligados à expansão monetária, somados

aos não-monetários, serão insuficientes, por si sós, para f i n a n c i a ro mencionado desembolso de Cr$ 1,2 trilhão, previsto, em

primeira aproximação, para o Orçamento Monetário do correnteexercício.

Isto se deve, em parte, à impossibilidade de conter, e*abrupto, o processo in f lac ionár io e, em parte, às def i c iências dale i de m e i o s , conseqüentes aos defeitos circunstanciais e institucio-nais assinalados.

D) BALANÇO DE PAGAMENTOS

l. Comportamento em 1963

As estimativas preliminares do balanço de pagamentos in-

dicam que os movimentos de mercadorias, serviços e capitais fo-r a m, em 1963, def ic i tá r ios em US$ 284,7 milhões, aproximada-mente .

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— 3*

Comparat ivamente a 1962, o p e r í o d o e m exame revela resul -tado menos des favorável , poi s naquele ano o déficit at ingiu1

US$ 343 m i l h õ e s .

Cabe as s inalar que , ao e n c e r r a r - s e o primeiro s emes t re d e -1963, o r e s u l t ado neg a t i v o d e nossas t ransações c o m o ex t e r i o rtotalizava U S$ 298,2 mi lhõe s , d e ixan d o perspec t ivas pouco pro-mis soras para a s e g u n d a f a s e d o ano.

A r ecu per aç ã o da recei ta de expor tações e a r e d u ç ã o de trans-ferências financeiras de serviços respondem pela recuperação re-g i s t r ada e m relação ao déficit parcial ocorrido até o f inal d e j u n h o .

C u m pr e co ns i g nar q u e , ao contrário d o ocorrido e m outros exer-cícios, não contou o País e m 1963 com um movimento favorável d e -capi ta i s , porquanto as s a ídas s u per ar am os inqressos ocorridos e mcerca de US$ 35 milhões .

O déficit global as s inalado de US$ 284,7 mi lhões fo i f inan-c iado por e m p r é s t i m o s e x t e r n o s , no m o n t a n t e d e U S J 193,2 m i-lhões, pela utilização de reservas internacionais do País e aumento^dos compromissos v inculados a importações de petróleo.Comércio Exterior

A maior rece i ta de exportações obtida em 1963, da ordem deU S$ 1.370 m i l h õ e s , ou s e ja , cerca d e U S $ 1 5 5 m i lhõ es a m ai s .sobre o to ta l exDortado e m 1962. deveu-se à recuperação regi s -trada nas vendas de café , ao melhor preço internacional do açúcare ao a p a r e c i m e n t o d o m i lho , c o m U S $ 3 0 m i l h õ e s , na pauta d eex po r t aç õ es . Mant i v er am - s e estáveis as expor tações d e minérios-

e de c l i naram as v endas e x t e r nas de cacau e d e o ut ro s pr o du t o s .A s expor tações bras i le i ras d e c a f é r eag i r am s igni f ica t ivamente

e m 1963. O v ol um e e x p o rt a d o foi de 19,6 milhões d e sacas apro-x i m a d a m e n t e e a rece i ta d a o r d e m - d e U S $ 7 4 5 m i l h õ e s . O cotejocom os dados d e 1962 evidencia o a u m e n t o de 3 ,2 m i l h õ e s d e sacas .e 115$ 102 milhões .

O i n c r e m e n t o d as exportações d e caf é deco r r eu d as p e r s p e c t i -vas de m e l h o r i a d as cotações , logo posi t ivadas , e m v i r t ud e d e h a v e r

a produção sido pre judicada pelas geadas, secas e incêndios queas s o lar am , p r i n c i p a l m e n t e , os cafèzais d o Paraná e d e S ã o Paulo,.e cujos re f le xos inc id i rão, .pr inc ipalme nte , na safra 1964-65, q u e s e

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;32 —

iniciará em j u l h o próximo. A expectativa de pequena produção dasafra f u t u r a e mais a produção reduzida no ano agrícola 1963-1964trouxeram, como conseqüência, cotações internacionais mais com-

pensadoras.No que respeita à queda estimada das exportações de cacau,

cabe assinalar, como causas fundamentais, a incidência de infesta-ções de pragas nas lavouras e a ocorrência de secas nas regiõesprodutoras. Assim, embora as cotações de cacau se tenham man-tido em alta durante 1963, as quantidades exportáveis foram re-

• duzidas e m virtude d os fatores já assinalados.As importações brasileiras em 1963 situaram-se em torno de

US$ l .250 milhões, abaixo US$ 54 milhões das realizadas no ano- a n t e r i o r .

Exceto as importações do item "outros produtos", que apre-.sentou considerável acréscimo, e as de máquinas e veículos, queacusaram substancial redução, todas as outras se mantiveram apro-x i m a d a m e n t e nos mesmos níveis de 1962, registrando-se oscila--ções em valores, para mais ou para menos, de pequena expressai).

As importações de petróleo, maiores de US$ 10 milhões em

- r e lação às efetuadas e m 1963, r e f l e t e m o cerscimento d o consumointerno de derivados para automotores, em virtude do aumentoprogressivo da frota de veículos, proporcionado pela produção-.nacional.

A redução verificada nas importações de trigo teve por causaprincipal a política de contenção do consumo desse cereal, medi-ante o aumento da percentagem de mistura obrigatória da farinhade trigo com outras farinhas, inclusive a de milho.

A maior redução, todavia, ocorreu no grupo de m á q u i n a s e•veículos e originou-se não só da crescente produção interna como,t a m b é m , de menores importações beneficiadas por financiamentose inversões diretas do exterior.

-'Serviços

Também a rubrica "Serviços" acusou sensível melhoria em

relação ao movimento ocorrido no exercício anterior. Enquanto areceita se elevou de US$ 5 milhões aproximadamente, a despesa

- e x p e r i m e n t o u redução da ordem de US$ 63 milhões.

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PRESIDÊNCIA DA KSPÜBLICA

BIBLIO TE CA— 33

No que toca à d e s p e s a , o fato se explica não só pela adoçãode pol í t ica que ve io exercer controle mais seguro das remessas f i -nanceiras , como também pe lo r e tar damento das r emessas de lu -

cros , d ividendos, royalties e outr os r end imentos de capitais, prove-n i e n t e s da n e c e s s i d a d e de regis t ro, ins t i tu ído pela Lei n' 4.131,r e g u l a m e n t a d a s o m e n t e e m princípio d e 1964, pelas razões expos-tas em capí tulo própr io.Capitais

O mo vime n to de capi ta is e s t rangeiros denotou, em 1963, to-tal i n v e r s ã o , D e fato, o saldo posi t ivo q u e s e observava n o con-

f ronto en t r e en t r adas e saídas t r an s f o r m o u - s e e m 1963 e m re s u l-tado de f ic i tá rio , red uz indo-se o ingr e s so d e capi ta is autônomos aUS$ 298,2 milhões e elevando-se as saídas (inclusive amortizaçõesde e m p ré s t i m o s c o m p e n s a t ór io s ) a US$ 333 m i l h õ e s .

Comparat ivamente a 1962, regis t rou-se queda de US$ 130,4milhões nas entradas e elevação de US$ 51 milh ões nas saídas at í tulo de amort izações .

2. Perspectivas Financeiras Externas

A s per spec t ivas d o b a l a n ç o d e pagamentos para 1964 indi -cam déficit pr ovave lmente super ior ao registrado e m 1963, nãoobstante a subs tancial m e lhor ia previs ta para e xportações . Comecausa f u n d a m e n t a l do es perado de se qui l íbr io, apre se ntam-s e obri -gações externas globais d o País, que a s c e n d e m a m a i s d e 3 bilhõesd e dó lar e s , me tade d as quai s , aproximadam e nte , ex ig í ve l no biê-nio 64-65. O vul to d as r e sponsabi l idades par a e s t e s do i s ú l t imosanos, que quase iguala a recei ta d e exportação prevista para 1964,e s tá a i n d i c a r a n e c e s s i d a d e de sua r ed i s t r ibu ição no t e m p o . Asa t i s fa tór ia so lução de s se pr oblema cont r ibui r á dec i s ivamente parao a j u s t e do balanço de pagamentos , pe r mi t indo a m a n u t e n ç ã o denossa capac idade de importar, vital para a cont inuidade do pro-

ce s sode

de se nvolvime nto econô micodo

País.Conquanto as previsões d e exportação levem a admi t i r o valor

de US$ l. 500 milh ões , em vir tude não só do comportamento es-

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34 —

perado para o café como também da adoção de medidas de estí-m ul o às exportações, que serão intensificadas em 1964, a causa

primeira do déficit resultará do vulto de compromissos por aten-

der no período, dos quais US$ 630 milhões com vencimentos jáprogramados e US$ 200 milhões de atrasados comerciais, inclusive

compromissos de importação de petróleo.

Ainda admitindo que as importações sejam comprimidas ao

nível de US$ 1.250 milhões, FOB, como em 1963, e que os in-gressos de capitais se revitalizem, uma vez que a expectativa em

torno do tratamento ao capital estrangeiro acaba de ser aliviada

pela regulamentação que veio preencher as omissões e harmonizaros dispositivos contraditórios da lei de "Remessas de Lucros", éde convir-se que qualquer melhoria em nosso balanço de paga-mentos irá depender, principalmente, de se conseguir reescalona-

m e n t o dos vencimentos dos compromissos externos.

De qualquer maneira, impõem-se severas medidas de controle

cambial , dando-se primazia às importações vitais ao nosso processo

d e desenvolvimento, até porque só assim o Brasil terá condições

de saldar seus compromissos externos, acumulados em tão redu-zido período, sem criar tensões internas de ordem econômica, social

e política, que poderão ser de suma gravidade.

E) SITUAÇÃO CAMBIAL

Não obstante a elevada incidência de compromissos finan-

ceiros em 1963 e as perspectivas pouco animadoras que se deli-n e a v a m para as exportações brasileiras no exercício, a situação

cambial do País, ao encerrar-se o ano, apresentou ligeira melhoriae m relação a 1962, sendo de assinalar que no primeiro semestrese veri f icara agravamento superior a US$ 100 milhões.

Todavia, a melhoria da situação cambial torna-se inexpressiva,pois os compromissos a prazo curto ou médio ascendem a US$ l .732

m i l hõ es , a maioria dos quais vencíveis no biênio 64-65. Isto sig-

nif ica que aproximadamente 50% das exportações globais do Paísestariam comprometidas na solvência de tais dívidas. E, se se con-

sidera que essas obrigações são todas praticamente em moedas con-

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— 35:

versiveis, a s i tuação torna-se muito mais grave. Quer dizer : cercade 70% das exportações para a área conversível teriam de 'serreservadas para o resgate da d ív id a .

Por cer to, n e n h u m país e m processo d e desenvolvimento,como é o caso d o B ras i l , p od e s up or ta r imp a cto d e tal ord e m , se mver c om prom e tida , a lém da con t inuidade de sua evolução econô-mica, a sua própria es tabi l idade pol í t ica e social .

Logo, imp õe - se , in e lu tàve lm e n te , o r ee sca lon ame n to d os com-promissos f inance i ros d o País , n u m a base d e a m o r t i z a ç ã o q u e n ãoultrapasse 15% d a r ece i ta a n ua l d a exp or ta ção. Observe-se, apropósito, que o Com itê d os Nove , d o Progra ma d a A l ian ça p arao Progresso, ao ex am i nar a si tuação econômico-f inanceira de paísi rmão, d o C o n t in e n t e , r e c o n he c e u que o serviço d a d í v i d a . e x t e r n a ,tatu sensu, não d e v e s u p e r a r de 12% a recei ta de exportação.

SITUAÇÃO CAMBIAL

(Em US$ mithSes)

I T E N S

1 Ã Curto f JffíJfo Pr-aios

Posiçüo Líguida junto A 3Anguctro9.

Divida Fúbiica Externa

T O T A L , .

31-J2-62

1.745

334

— 112

257125

13035

11

394953

1,787

1.69097

3 632

30-6-63

1.B44

280— 25

19717 2

172

,

401

1.015

1.789

1.70287

3 633

31-12-63

1.732

283— 117

(*) 282(**) 165

]2289

564

991

1.787

1.70780

3.519t

{*) —"Dados relativos a 30-11-1963.

{**) — Inclusive juros.

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36 —

F) POLÍTICA CAMBIAL

A s d i f i c u l dade s e n c o n t radas , e m 1963, para levar a bom t e rmo

as negociações com credores estrangeiros, — q u e r no r e f e r e n t eà concessão d e novos créditos, quer no relativo ao reescalonamentod os compromissos , — a q u e d a que se vinha observando nos preçosexternos dos principais produtos de exportação brasi le ira e an e c e s s idade d e importar bens essenciais e m valores e levados,imprimiram a todas as n o rmas de polít ica cambial adotadas cunhode incentivo à ampl iação da rece i ta e de c o mpre s são das despesase m moedas estrangeiras.

O e s t í m u l o às e xportações c ons t i tu iu cons tante preocupaçãod o Governo, que procurou, mediante rea jus te d a taxa d e câmbio,conseguir melhores condições compet i t ivas n os mercados inter-

nacionais , compensando os e fe i tos negat ivos da in f lação in t e rn asobre a taxa de câmbio vigorante até o mês de abril .

A progressão do processo inflacionário, com a conseqüentedis torção d o valor externo d o cruzeiro, levou o Governo, e m meadosd e 1963, a r e a j u s t a r as quotas d e contr ibuição anter iormente f i-xadas para as exportações d e cacau e seus derivados, be m comoa ex t i n g u i r a estabelecida para o a l g o d ã o . M e d i d a s r e f e r e n t e s àcomercialização cafee i ra ex terna, inc lus ive a f ix ação d e novas quo-tas de contribuição para os c a f é s d a safra d e 1963-64 e d e sa f ra santer iores , comple tam o q u adro d o t ra tame n to d i spe n sado aos pro-du t o s t rad ic io n a i s d a p a u t a d e e x p o r t a ç ã o .

N o setor d os ma n u fa tu r a d o s , cujo de se n v o l v ime n to nos úl-t imos anos abre perspect ivas d e colocação externa, procurou-secriar condições à exportação. Nesse sen t ido, a lém de conceder-seprioridade aos fabricantes -exportadores para a obtenção de cober-turas cambiais pos ter iores necessár ias à importação d e matérias -primas ou partes co m plem ent a rés , ins t i tu iu-se um s i s t ema de boni -f icações ajus táve is periodicamente , graças ao qual as exportaçõescontratadas ficam re sg u ardadas d as desvalorizações monetárias

in ternas e d e s e u s e f e i to s sobre os custos d e produção.O e s tabe l e c ime n to d e me didas c o mpl e me n tare s ao f inancia-

m e n t o de exportações de bens de capital e de consumo durável ,

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— 37

modificando normas baixadas e m 1962, criou condições mais i fa-voráveis, também, às exportações dessa natureza.

O incentivo à receita cambial não se - l imitou às exportações.

A l g u m a s transações financeiras mereceram a concessão de bonifi-

cação, em torno de 50% da taxa cambial, quando trazidas as

divisas aos bancos .autorizados a operar e m câmbio. O fa to l d evirem essas cambiais sendo negociadas no "mercado negro" e o

de vir sendo exigida aos bancos a cobertura de despesas da mesmanatureza constituíam fator d e perturbação d o mercado, que l s eprocurou corrigir, de um lado, pela concessão de bonificação' e,

de outro, com o acréscimo da taxa sobre as remessas para o 'ex-terior. . •

Paralelamente às medidas relacionadas com o crescimento dareceita, foram tomadas providências no sentido de r e d u z i r - gastos

externos, quer pela elevação do depósito compulsório exigido nas

transações de câmbio, quer pelo aumento do repasse obrigatóriodas cambiais do café ao Banco do Brasil.

G) ÁREA BILATERAL DE PAGAMENTOS

Durante o ano de 1963, a situação do País na área bilateralevoluiu de f or ma favorável, notadamente nas relações com os paí-ses socialistas. No in íc io do período, negociou-se com a Delegaçãoda União das Repúblicas Socialistas Soviéticas um Acordo de Co-mércio e Pagamentos para substituir os Termos de Entendimentode 1959. Firmado em 20 de abril, o a j u s t e s igni f icou progressoi m p o r t a n t e na aplicação, pelo Brasil, de uma política comercial

objetiva.

De fato, ampliou-se o elenco dos pagamentos admitidos por

meio do clearing, sem p r e j u í z o da segurança das operações e res-paldado o interesse das partes, mercê da judiciosa aplicação da

experiência dos acordos anteriores.

S i m u l t a n e a m e n t e c o m o instrumento principal, f irmaramj-se

protocolos adicionais sobre escritórios comerciais, malas diplo-máticas, rendas consulares, promoção de vendas e viagens co-merciais, listas de mercadorias e, ainda, normas técnicas para dis-

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38 —

•ciplina e funcionamento do acordo recém-firmado e liquidação doantigo.

C om relação aos convênios mantidos com as demais naçõesdo bloco socialista, também se registraram progressos para um re-

g i m e de maior flexibilidade.

Aos poucos, as autoridades desses países vão aceitando a tese

de que o bilateralismo tem por objetivo precipuo promover, em

• caráter pioneiro, o intercâmbio comercial entre duas nações, res-

guardando os respectivos interesses contra a natural concorrência

dos países de economia mais forte ou que já disponham de orga-

nização comercial mais eficiente.Outro fato que deve ser salientado é a dinamização dos vul-

tosos saldos ociosos, mantidos nas contas da maioria dos convênios

com países da área socialista. Além de evoluírem para o enqua-

dramento nos limites dos créditos técnicos em vigor, tais saldospassaram a ter essência dinâmica, isto é, uma rotatividade maior.Exemplos típicos são os da Polônia e da Alemanha Oriental. Taispaíses, não só intensificaram seus esforços para vender no Brasil,

como ainda aceitaram a transferência de saldos entre as contas-convênio e destas para a área multilateral.

A permanência das atuais condições permite prever-se nara

1964 um progresso ainda mais auspicioso nas relações de comércioe pagamentos na área bilateral.

H) POLÍTICA DE CAPITAL ESTRANGEIRO

A manutenção das importações, em níveis compatíveis com

a preservação da taxa de crescimento da economia, está condicio-nada ao refinanciamento de parcela ponderável das obrigaçõesexternas, vencíveis no biênio 64-65.

É pacíf ico, portanto, que não se poderá continuar aumen-

tando, como anteriormente, o grau de nosso endividamento externopara liquidação em curto prazo, pois o comprometimento de nossas

receitas em f u t u r o próximo chegaria a um ponto em que as impor-tações seriam comprimidas de tal forma, que o próprio ritmo de

•expansão da economia seria desfavoràvelmente atingido, restando

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i

— Í39

•apenas o recurso do desvio das correntes de comércio para áreasque nos a m p l i e m a oferta de bens e serviços.

Todavia, importa • considerar, ac i m a d e tudo, que a redução

do intercâmbio a ninguém beneficia, antes a todos prejudica. Naverdade, os países credores — justamente os de comércio tradi-cional e mais ponderável em nossas relações econômicas —, vêem,

•assim, também'atingido seu nível de renda e emprego, o qual,1'àluz de'melhor compreensão, poderia ser elevado, em b e n e f í c i o re-cíproco.

O f i n a n c i a m e n t o externo do desenvolvimento econômico do

País, supletivo à mobilização das poupanças nacionais, vinha sendofe i to mediante, principalmente, suppliers' credit, modalidade de

e m p r é s t i m o com amort ização a prazo não excedente a 7 anos. •

Em condições normais, a concentração em curto prazo dosvencimentos de vultosos compromissos financeiros já seria susce-t íve l de c o m p r o m e t e r parcela substancial das receitas f u t u r a s do

País.

Se bem que os preços dos produtos primários de exportação, já

viessem experimentando redução à época em que foi negociada amaioria desses empréstimos, havia reais perspectivas de que, me-diante cooperação dos países m ai s desenvolvidos, recomendada emco n f e r ê n c i a s econômicas de âmbito m u n d i a l e ratificadas por ór-gãos técnicos internacionais, as cotações dos bens primários fôssein,pelo menos, estabilizadas.

Demais, é de convir-se que a própria deterioração dos têr-

- m o s de intercâmbio, e m de s f av o r do s países subdesenvolvidos; e

•e m processo de desenvolvimento, compelia tais países a recorrerem,e m escala crescente, ao f i n a n c i a m e n t o externo, como f o r m a de

assegurar o suprimento de importações essenciais, em nível satis-

fatório para as suas necessidades.

Considerando-se a incompreensão dos países industrializados,diante dos problemas p e c u l i a r e s dos países da periferia, é fácil•entender porque a receita cambial destes úl t imos não evoluiu comoera de preyer-se.

A co n j u g aç ã o desses nesses dois fatores ( acú m u l o de com-promissos a cu r t o prazo e deterioração dos termos de i n t e r c â m b i o )

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teria de expressar-se, como ocorreu, pela redução gradativa, apus

o qü i n qü ê n i o J 956-60, d a tomada d e emprestimos.no exterior para

f inanc iar projetos específicos, uma vez que, de imediato, não seria

possível obterem-se dos financiadores estrangeiros condições maisfavoráveis de prazo para tais empréstimos.

R e a l m e n t e , o af luxo e o montante de financiamentos, em co-bertura de importação de bens de capital, a partir de 1961 não mais

se situaram nos elevados n í ve i s médios verificados no citado qüin-

qüênio .

Por outro lado, e tendo-se em vista que no qüinqüênio de

1956-60, se deu curso, em larga escala, à instalação e ampliaçãode unidades industriais, já praticamente integradas em nosso com-plexo industrial, é de convir-se que o ingresso de equipamento

procedente do exterior, quer sob a f o r m a de f i n a n c i a m e n t o , quer

de i n v e s t i m e n t o estrangeiro, tende a reduzir-se em termos rela-

tivos .

C u m p r e , aliás, recordar que, após 1960, os programas de

d es en v o l v i m en t o industrial deixaram d e contar c om importantesm o d a l i d a d e s de subsídio ofic ia l . Com e f e i t o , os incentivos espe-

ciais assegurados a várias indústrias, e que inc lu íam isenções fis-

cais e concessões de câmbio favorecido, foram eliminados.

Mantida a mesma orientação seguida no referido qüinqüênio,

os incentivos de toda ordem, que seria necessário assegurar aosinvestidores, exigiriam recursos em cruzeiros, susceptíveis de ace-lerar a espiral inf lacionãr ia, com o que o bom êxito dos progra-

mas de investimentos, governamentais e privados, f icar iam bastantec omp r ome t i d os , pois é sabido que a exacerbação do processo i n f l a -cionário, além de produzir o agravamento das tensões sociais, tem

por e f e i t o a distorção dos investimentos.

Já agora ,desenvolvidos os setores da indústria leve e lança-das as bases para o desenvolvimento de nossa i n f r a - e s t r u t u r a , ini-

cia-se um processo mais intensivo de substituição de importações

no setor da produção de equipamentos. Nesse: processo, é peçaestratégica a adoção de critérios i n f l e x í v e i s para a aprovação de

importação de máquinas e equipamentos sem cobertura cambial.

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como inves t imento d e capital estrangeiro, ou com f inanciamento,e que possam s e r supr idos sa t i s fa tor iamente pe la indús t r ia nacional .

Considerando-se o quadro geral apresentado pela co n j u n t u r a ,observa-se que a expedição, em 28-6-63, da Ins trução n' 242, daSu per i n t endê nc i a d e M o e d a e d o Crédi to (que subordina a nor-m as especiais o regis tro de o per aç õ es r e f e r en t e s à importação dem á q u i n a s ou eq u i pam ent o s , s e m cobertura cambial ou f inanciadosn o ex t e r i o r ) está vinculada à evolução natural d o processo 'd esubsti tuição d e importação d e equipamentos pe los d e produçãon a c io n a l .

E m últ im a análise , pode-s e conc luir que as m ed i das co ns u bs -tanciadas naquela Ins t rução t iveram e m vista os e f e i t o s , sobre apolítica econômica, da evolução do refer ido processo de substi tui-ç ã o de importações , cujas pecul iar idades e s tavam a exigi r fos s emes tabelec idas normas e condições e spec ia i s para o regis tro, .naSUMOC, de investimentos e f inanciamentos estrangeiros, quandovinculados a importações d e m á q u i n a s e e q u i p a m e n t o s . Dentrodessa orientação adotou aquele órgão, por m e i o d a Ins t rução c i-

tada, os s eguintes pr inc ípios :" a) d e s t i n a r e m - s e as m á q u i nas ou eq u i pam ent o s à

implantação ou co m plem cnt aç ã o d e projetos d e real in -teresse para o processo de desenvolvimento da economianacional, com carac ter í s t i cas d e absoluta inadiabi l idade ,s ob p e n a d e r e t a r d a m e n t o ou in t errupção d o r e f e r i d oprocesso;

b) para as importações cober tas por f inanciamentosex t e r no s , será exigido prazo não infer ior a 7 anos, ini-ciando-se a amortização a partir do 39 ano;

c) não serão admi t idas , d e forma alguma, importa-ções d e m á q u i n a s e equipamentos que possam s e r supri -dos , sat i s fatoriamente, pela indústria nacional".

D o m es m o m o do , o problema d o di sc ipl inamento d o capital

estrangeiro investido no Brasil continuou a exigir do Governo todasas atenções e cuidados com que deve ser estudado, principalmentee m função da Lei n* 4.131, de 3-9-62.

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Como já assinalado, o interesse em torno de tão importante

assunto r e f l e t e , sem dúvida, a preocupação constante, não só no

Brasil, mas em todos os países em desenvolvimento, de preservar,

dado o desequilíbrio estrutural de seus balanços de pagamento,a sua "capacidade de pagamento", tanto quanto possível, em n í v e i ss u f i c i e n t e s para atender importações de bens considerados essen-ciais ao seu grau de evolução econômica. Evidentemente, todos ospaíses nessas condições estão empenhados num processo de pro-

gressiva substituição de importações, não só pelo seu interesse em

se indus t r ia l izarem, como t a m b é m porque a isto estão sendo com-

pelidos pela deterioração secular dos termos de intercâmbio.

Demais, e como é conveniente encaminhar os capitais es-trangeiros, j u n t a m e n t e com os capitais nacionais, às atividadesque mais co n s u l t e m o processo de desenvolvimento econômico e

c on d uz a m à melhoria do padrão de vida da população, torna-senecessário s e j a m estabelecidos critérios de prioridade para a apli-cação desses capitais em atividades e regiões em que o seu con-curso ofereça maior coeficiente de rentabilidade econômica e debenef íc io social.

Realmente, a Lei n9 4.131, não só entendeu desejável a limi-

tação de remessas de lucros, co m o consagrou o principio da mais

racional utilização dos recursos estrangeiros .disponíveis em con-sonância com o planejamento.

A despeito de ter f . xa d o de maneira inequívoca as d i r e t r i z e sde limitação de remessas de lucros e de retorno de raoita' estran-

geiro, bem como de racional di s t r ibuição dos recursos captados no

exterior, a Lei n5 4.131 apresentou em seu texto notórias incoe-rências e omissões, que exigiam regulamentação capaz de torná-lae x e q ü í v e l . \# \

Tratava-se, sem dúvida, de matéria c u j a m a g n i t u d e e com-plexidade exigiram do Poder Executivo a maior diligência na elabo-ração dos estudos necessários para supr i r as def ic iênc ias apontadas.

Assim, a regulamentação da "Lei de Remessas" corrigiu tais impro-priedades, assegurando a plena execução dos s e u s dispositivos.

Apesar das observações expostas a n t e r i o r m e n t e , graças àregulamentação da "Lei de .Remessas" será possível imprimir

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maior dinamização aos serviços de controle e discipl inamento do-capital estrangeiro.

Ê de convir-se que o conhec imento das normas aplicáveis aos•capitais estrangeiros contribuirá, ata certo ponto, para neutralizaros re f l exos desfavoráve is do in terregno que m e d i o u entre a data•da "Le i de R e m e s s a s de Lucros" e a respect iva regulamentação.

Finalmente , quanto aos invest imentos que vierem a ser rea-l izados no País , dando c u m p r i m e n t o a dispost ivo legil, p r e t e n d e• o Go v e rn o , m e d i a n t e a apl icação de incentivos de ordem f iscal esegundo es tudos que t e rão prosseguimento em 1964, or ien tá - los

para setores e re g iõ e s o n de , em função suplet iva das poupanças•nacionais, obtenham ut i l i ração ót ima e ofereçam maior renlabi l i -<iade social .

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m _ E C O N O M I A

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A )— I N F R A - E S T R U T U R A .

l. Recursos minerais

D e acordo com ES diretrizes do Governo, houve, e m 1963,

signiíicativa atividade no setor da pesquisa mineral, além dacontinuação dos esforços 'nas áreas do petróleo e do minério de

fe rro, áreas que, como é sabido, têm merecido a atenção prefe-

rencial do Governo Federal.

As atividades de pesquisa a cargo do Departamento Nacionalda Produção Mineral e de órgãos de âmbito regional concentra-

ram-se, .basicamente, no levantamento de novas áreas de prospecção,

ainda não estudadas do ponto-de-vista mineralógico,e na avaliação

mais precisa das j a z i d a s ou ocorrências minerais já conhecidas,mas c u j a s potencialidades e utilização econômica ainda perma-

n e c i a m no terreno das possibilidades.

Nesse particular, vale citar os projetos denominados "Brasília"e "Cuiabá", que alcançam o planalto central e o oeste do País,

respectivamente, além dos levantamentos por fo tograf ia aérea e

geologia d e campo, e ra trechos d a Região Amazônica, Nordeste,

Leste e Centro-Sul.Pelo projeto "Brasília" foi completado e m 1963 levantamentoaerofotogramétr ico"q 'ue cobre extensa área, mas confere importância

especial à região central do Estado de Goiás e ao Distrito Federal.

Esse levantamento, seguido de trabalhos complementares de pes-

quisa geológica, já em f a s e avançada, permitirá avaliação exatados, depósitos de níquel, cobre, chumbo, estanho e amianto, no

Estado de Goiás, e constituirá o ponto de partida para o desenvol-

vimento de mineração em grande escala no Planalto Central.O reconhecimento por meio de fo tograf ia aérea numa extensão

d e 1 4 4 m i l quilômetros quadrados e m áreas de-formações antigas

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pré-cambrianas, na região central do Estado de Mato Grosso,propiciará a base geológica necessária para orientação de pesquisam i n er a l intensa, em região até agora muito pouco conhecida.

A i n d a na parte de pesquisas minerais, foram contratados,e m 1963, vários levantamentos em extensas áreas na região ama-

zônica, que abrangem especialmente os Estados do Pará e do

A m a p á e o Território Federal de Rondônia e terão em mira a

ocorrência de depósitos auríferos, estaníferos e de outros minerais.

C om a preocupação de assegurar o suprimento interno de maté-

rias-primas para a indústria e a agricultura, a União tem desenvol-

vido grande atividade no sentido de encontrar depósitos de mineraisnão ferrosos, em relação aos quais a produção nacional se tem

m o s t r a d o insuficiente, pela ausência de reservas conhecidas e de

fáci l exploração. Desse modo, tem sido prestada toda a colabo-

ração à iniciativa privada, tanto no que respeita à pesquisa e

ver i f icação de novas ocorrências, quanto no que se refere ao

estudo e reavaliação dos depósitos conhecidos e explorados. Assim,

foram estudadas, mediante levantamentos geológicos e de reconhe-c i m e n t o geoquímico, extensas áreas dos Estados da Bahia, Pernam-buco , Paraíba e Ceará. Tais pesquisas, que deverão estar con-

c l u í d a s em 1964, têm por principal f i n a l i dade revelar a presença

de novas reservas de bens minerais na área do Nordeste brasileiro,

e s p e c i a l m e n t e a do minério de cobre.

Nos Estados de Minas Gerais e Goiás, o Governo federal,e m colaboração com o setor privado, desenvolveu estudos e traba-

lhos de pesquisa, a fim de melhor avaliar a possança dos depósitosde minérios de zinco, vanádic, estanho, chumbo e cobre. Os resul-tados já obtidos no relativo ao minério de zinco somente, nos

depósitos de Vazante, permitem af i r m ar que as reservas são supe-

riores a onze milhões de toneladas de minério, com um teor médio

de 17,4% de oxido de zinco. Os êxitos obtidos, nesse campo,

autorizam prever-se auto-suficiência nacional de zinco metálico, no

f u t u r o próximo. Quanto a outros minerais, vale mencionar o

p r o s s e g u i m e n t o das pesquisas de cassiterita (minério de estanho),cm várias regiões do País, bem como as ocorrências de vanádio,

c h u m b o e prata nas cercanias de Itacarambi e Januária, em Minas

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Gerais. C o m o obje t ivo d e localizar novos e importantes depós i tosd e alumínio , e s t á s end o r ea l i za d o o l e v a n t a m e n t o d e vasta área d oEstado d e M i na s Gera i s , o qua l d everá s e r c o n c l u í d o no pró xi mo

ano.M enção e s pec i a l merecem os e s forços d e s envolv i d os pe la

Comissão Nacional d e E n e r g i a N u c l e a r e pelo DNPM, n o s en t i d od e c o n h e c e r e avaliar, c o m a necessár ia preci são, as reservas d eminera i s f í s s e i s e t erras raras, t a re fa i nd i s pens áve l ã exi s tência d eum a nova in dús t r ia que , tud o ind ic a , t erá im portância deci s ivapara o fu turo d o País. A s a t i v i d a d es d e s envolv i d a s na prospecção

d e m i nér i os nuc lea re s a lca nça ra m re s u l t ad os s i gn i f ica t ivos , reve-la nd o a exis tência d e zona extensa d e mi nera l i za ção ura ní f e ra , e máreas do Nordeste — part icularmente nas bacias s ed i ment a re s doR e c ô n c a v o Ba i a no, T uca no e Buíque — e m cond i ções a l t a ment epromi s s ora s . O d e s e n v o l v i m e n t o d e mét od os d e pros pecção s i s t e -mática, com a ass is tência d e geólogos d o Comissar iado d e E nergi aA t ô m i c a d a França , permi t iu o r e c o n h e c i m e n t o d e área c i nco veze ssuper ior ao total conhecido até 1962. A colaboração d a Força

Aérea Bras i le i ra na prospecção aerocint i lométr ica , in ic iada e m 1963,lançou bases para a rea l ização d e vas to programa que s e rá reali-zado n o d ecorrer d o pres en t e a no.

F i n a l m e n t e , a excelência d os r e s u l t a d os ob t i d os pe la s nova spesquisas rea l izadas no Planal to d e Poços d e Caldas , par t icular -m e n t e n as área s d o "M orro d o Ferro" ( m i n é r i o d e tório e terrasra ra s ) e no "M orro d o T a qua ri " (urân i o a s s oc i ad o com zircõnio:).d e p e n d e n t e s a i n d a d os e s t ud os d e concentração d e m i nér i o , pod erá

s igni f icar que o Bras i l contará com jazida com plexa e r iquís s im a deurânio, zircõnio, molibdênio, fluorita e p i r i t a , cuja reserva será daordem d e d e z e n a s d e m i l h õ e s d e t one la d a s d e mi nér i o c om teoid e oxi d o d e u r â n i o ( U 3 O 8 ) d e cerca d e 2 0 0 gramas por t one -lada.

a) Água Subterrânea.

Em 1963, prosseguiram os esforços d o Governo f ed era l nosentido d a mobil ização d as reservas d e água s s ub t er rânea s , a cumu-ladas no Nordes te bras i le i ro, nas fa s e s fa voráve i s d o ciclo hidro-

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lógico anual, com o objetivo do seu aprove i tam e nto para i rrigaçãode lavouras e abas t e c im e nto de água para as c i d a d e s . Essa t a r e fate m e s t a d o a cargo do D e p a r t a m e n t o N a c i o n a l da Produção

M ine ra l e de órgãos de âm bi to r e g ional , e s pe c ia lm e nte a SUDENEe o DNOCS, e al cançou o total de 450 poços p e r f u r a d o s .

O DNPM fez p e r f u r a r 64 poços para captação de á g u a nos

Estados do Nordeste e no Estado de M i n a s G e r a i s . A SUDENE,c om um inv e s t im e n to de 2 10 m i l h õe s de c ruze i ros , r e a l i zou expres-sivo program a de pe rfuraçã o, num total de 139 poços , &Q% dosquais e x e c u t a d o s d i r e t a m e n t e e o r e s t a n t e e m cooperação c om

proprie tár ios (20 poços) e em convênio com o Pr im e i ro Grupa-m e n t o de E n g e n h a r i a e o G r u p o G a r a n h u n s (21 poços ) . A l é md i s s o , j u n t a m e n t e com o DNOCS e o Governo do Ceará, inicioua SUDENE program a de p e s q u i s a de á g u a s u b t e r r â n e a d e s t i n a d aao a b a s t e c i m e n t o d e F o r t a l e z a , e m p e n h a n d o - s e i g u a l m e n t e n ar e cupe ração d e poços públ i cos naq ue l e Estado. F i n a l m e n t e , oDNOCS, no c u m p r i m e n t o de sua a t r ibu ição de local izar poçosp r of un d os para a b a s t e c i m e n t o d á g u a , c om ut i l ização d e lençóis

f r eá t i cos , u l t i m o u a p e r f u r a ç ã o d e 2 4 7 poços.

C o m o f i m d e i n c r e m e n t a r as p e s q u i s a s d e á g u a s u b t e r r â n e a , oM i n i s t é r i o das M i n a s e Energia cr iou o Setor da H i d r o g e o l o g i a ,prov idênc ia d e q u e s e e spera a o b t e n ç ã o d e m a i o r n ú m e r o d ep e r f ur a ç õe s p a r a f o r n e c i m e n t o d e á g u a às p o p u l a ç õ e s n e c e s s i t a d a s .

b) Minério de Ferro

A polí t ica d o G o v e r n o , e m m a t é r i a d e e x p l o r a ç ã o d e m i n é r i od e f e r r o , t e m s ido orientada no s e n t ido de cons e gu i r um a v igoros ac o rr e n t e c o m e r c ia l e x p o rt a d o r a, s e m p r e j u í z o d o s u p r im e n t o d ai n d ú s t r i a s i d e r ú r g i c a i n t e r n a , e m e x p a n s ã o .

A pol í t ica de exportação de m i n é r i o de f e r r o do Governof e d e r a l é e x e c u t a d a por i n t e r m é d i o de uma sociedade de e c o n o m i ami s t a , a C o m p a n h i a Vale do Rio D oce , q ue , a part i r de 1962,

ve m d e s e n v o l v e n d o i n t e n s o p r o g r a m a de exportação, graças ae x c e l e n t e s p l a n o s d e e x p a n s ã o , que põem e m l i n h a d e conta asm o di f i caç õ e s d o m e rcado in t e rnac ional e a própria evolução tecno-

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lógica pela qual vem passando a indústria consumidora de minério

de ferro, bem como as tendências que o estudo desse mercado estáa indicar para o f u t u r o .

De fato, a procura do mercado internacional vem-se orien-tando no sentido da aquisição de quantidades crescentes de minério

de alto teor, bitolado, para alto f o r n o , deixando de ter a impor-

t â n c i a que tinha no passado o minério compacto para aciaria.

Como esse último apresenta cotações mais elevadas vem decrés-

cendo o preço unitário da m a t é r i a - p r i m a no mercado internacional.

Em 1963. do fa to assinalado a c i m a , isto é, da preferência

pe l os m i n é r i o s para alto forno, e m detrimento d o lamp, resultouque a receita em moeda estrangeira obtida com a exportação total

fos s e apenas ligeiramente maior q u e a alcançada no ano anterior,

apesar d o expressivo aumento d a t o n e l a g e m exportada, conforme

m o s t r a o quadro abaixo,

E X P O R T A Ç Ã O B R A S I L E I R A D E M I N É R I O D E FERRO

Ano Mil t US$ Mil

1961 6.237 59.785

1962 7.528 68.319

1963 8.246 69,559

A exportação total de minério de ferro compreende, além da

realizada pelo porto de Vitória, por intermédio da Companhia

Vale do Rio Doce, a levada a e f e i t o pelo porto do Rio de Janeiro,c u j o volume aumentou i g u a l m e n t e , podendo-se estimar que, e m1963, alcançou cerca de 1 , 8 milhão d e toneladas.

No momento, o Governo empenha-se por valorizar a explo-

ração do minério de f e r r o do Vale do Paraopeba, tendo em vista anecessidade de preservar os êxitos já alcançados pela Companhia

Vale do Rio Doce e, sobretudo, a de assegurar-lhe condições mais

estáveis para a realização dos seus programas de expansão.O ano de 1964 será assinalado, no que respeita ao programa

de exploração de minério de f e r ro , pela execução dos projetos

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de agl om e ração de minérios f inos sob a forma de peliets, o que

cons t i tu i rá marco important í s s imo na evolução econômica da

C o m p a n h i a Vale do Rio Doce.

c) Carvão

As caracte r í s t icas técnicas do carvão brasi le iro, que l imitam o

seu uso a 40% a p e n a s da carga dos al tos fornos das us inas s ide -r úr g i c a s nacionais , bem como a pol í t ica de uso de locomot ivasD ie s e l na r e de f e r rov iár ia do Pa í s , t êm s ido fa tore s l im i ta t iv os doa u m e n t o do c o n s u m o do carvão nacional . Por outro lado, certasp e c u l i a r i d a d e s do b e n e f i c i a m e n t o para a sua ut i l i zação indus -t r ia] contr ibuem para que a ind ús t r ia carboni f e ra não t enha podidoo f e r e c e r o m e s m o g r a u de r e n t a b i l i d a d e e e f i c iênc ia que s u a sc o n g ê n e r e s e m out ros pa í s e s .

Esses fa tos to rnaram im pe ra t iv a a n e c e s s i d a d e de adotar-se

pl ano de ação or i e n tado pe l o pode r públ i co , com o f im de e ncon-t rar - s e s o l ução de f in i tiv a para os probl e m as da i n d ú s t r i a carbo-

n i f e r a , que já di s põe m de in s t rum e ntos l e ga i s adequados.

Para esse e fe i to , in ic iou-se um a série d e m e d i d a s que a b r a n g e mas a t i v i d a d e s d e pesquisa , lavra, b e n e f i c i a m e n t o , indus t r ia l i zaçãoe di s t r ibu ição desse c o m b u s t í v e l , que v i s a m a sua maior par t ic i -pação, como matér ia-pr ima, em diversos ramos da i n d ú s t r i anacional.

No s e n t i d o de obter colocação para os e x c e d e n t e s r e s u l t a n t e s

do t ra tam e nto do carvão m e t a l ú r g i c o (28% de carv ão v apor) , veme m p e n h a n d o - s e o G o v e r n o na c o n s t r u ç ã o de várias centraist e rm e l é t r i cas nos E s t a d o s do Sul , in ic ia t iva que , ao m e s m o t e m p o ,de v e rá d i m i n u i r a e s c a s s e z a g u d a de e n e r g i a d o m i n a n t e na região.

A s s i m , fo i cons t ru ída e e ncont ra - s e e m func ionam e nto , apar t i r do s e g u n d o s e m e s t r e do ano passado, a U s i n a T e r m e l é t r i c ade F i g u e i r a , que forne ce e ne rg ia para -d iv e r s as c idade s do Estado

do Paraná , cons um indo o c o m b u s t í v e l ali local izado.No E s t a d o de Santa Catar ina, maior centro carboní fe ro do

País , e s tá sendo cons truída outra central t e rmelé t r ica, a SOTEL-

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C A , cuia p r i m e i r a u n i d a d e , de 50 m eg aw at t s , dev er á en t r ar - e mf u n c i o n a m en t o ainda este ano. Várias l inhas d e t r ans m i s s ã o

acham-se e m cons t rução, s ob r eg i m e d e convênio f i rm ad o e nt re aC o m i s s ã o Ex ecu t i v a d o Plano d o Carvão Naciona] e a CELESC,

a fim de possibilitar a rápida utilização da energia gerada pjela

SOTELCA nos m er cado s co ns u m i do r e s d o Planalto d e L a j e s ,A l t o Vale d o I tajaí e N o r t e d o Estado. O s recursos neces sár iosà realização d as obras programadas para 1964 es tão f ixados 'e mcerca de Cr$ 2 bi lhõ es . N o R i o G r a n d e d o Su l , p r o s s eg u em ' ost rabalhos para ampliação d a U s i n a T e r m e l é t r i c a d e C h a r q u e a d a s .

A s providências adotadas p e r m i t i r ã o a rápida absorção d ose x c e d e n t e s d e carvão vapor, cujos e s t o q u es , s e m a adoção dessas

providênc ias , t e n d e r i a m a cr e s ce r na m e d i d a em q u e a u m e n t a s s ea procura nacional do car v ã o m e t a lú r g i co . l

Ainda como par te d a polí t ica d o Govênio, foi criado peloDecreto n' 5 2 . 1 2 8 , de 17 de j u n h o de 1963, o Gr u po Ex e -

cutivo para a implantação d a Us i na S i der ú r g i ca d e Santa Cata-r ina, ve lha aspi ração daquele Es tado sul ino, t endo esse proje to ,como carac ter í s t i ca pr inc ipal , o cons um o exclus ivo do carvãonacional . E ' j u s t o c i t a r , f i n a l m e n t e , o início d a co ns t r u ç ã o d a us i n a

s id e r ú r g ic a A ç o s Finos Pi r a t i n i , q u e , c o ns u m i nd o carv ã o nac i o na l,

dev er á pr o du z i r 45 mi l t o ne ladas por ano.

P r e o c u p a d o , i g u a l m e n t e , na melhor ia d os p a d r õ e s d e ef ic iênciae rentabi l idade d a indús t r ia carbonífera nacional , o governo ve min c e n t iva n d o o e s t u d o e a pes q u i s a d as carac ter í s t i cas d o carvãonacional com o f im de , m e d i a n t e o apr o v e i t am ent o d os r e s í d u o spir i tosos , de s env o lv er i m po r t an t e i ndú s t r i a q u í m i c a : p r o d u ç ã o ; d een x o f r e , de á c i do su l fúr ico , de f er t i l izantes , para s ó ci tar j osd e m ai o r co ns u m o e e m r e laç ã o aos q u ai s o P a í s a i n d a d e p e n d ed e i m po r t aç õ es . O s resul tados obt idos pe los ensaios real izados

com a pirita do carvão brasileiro, na Polônia, autorizam a prever-se,para futuro próximo, a ins ta lação d e i m po r t an t e co n j u n t o i ndu s t r i alno sul , graças ã u t i l i z aç ã o de s s a m at é r i a - pr i m a.

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2. Energia

a) Energia Elétrica

A polí t ica nacional de eletrificação vem sendo orientada no

s e n t i d o de alcançar a capacidade de geração exigida pelo desenvol-

v i m e n t o do País, mediante investimentosque apresentem os melho-

res índices de produtividade e rentabilidade. De acordo com essadi re t r i z básica, o Governo f e d e r a l preocupa-se e m ampliar a área

de suprimentodos sistemas existentes e promover a sua integração,tendo em vista que a procura pode ser atendida pelo aproveita-

m e n t o de possível capacidade ociosa de alguns desses sistemas.

Ressaltam, pela sua importância no quadro energético do País,os seguintes empreendimentos, entre outros: a) entrada em opera-

ção das duas primeiras unidades da Central Elétrica de Furnas

S.A., as quais, com a construção do Sistema de TransmissãoG u a r u I h o s ~ S . José dos Campos e da linha de engate com o sistemada São Paulo Light, afastaram a possibilidade de colapso no abas-

t e c i m e n t o dos mercados de São Paulo e Guanabara; b) chegada dae n e r g i a da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco a Nata],

q u e , assegurando o suprimento jã existente, permitirá a expansãof u t u r a do mercado regional e redução de cerca de 50% nas tarifas;c ) programa d e e l e t r i f i caç ã o rural, objeto d e estudo e planeja-

m e n t o da Eletrobrás, em cooperação com outras entidades do

poder público, esforço que teve marco expressivo na constituição

da Eletrificação Rural de Paulo Afonso S.A. (ERPRASA); d)

assistência técnica e f i n an ce i r a do Governo às empresas de energiacontroladas pelos Estados, que vem contribuindo para o f o r t a l e -c i m e n t o d a unidade federativa.

As obras que vem executando no setor de energia elétrica

a t e s t a m o f i rme propósito do Governo de enfrentar este importante

problema, e m escala compatível com as nossas reais necessidades.

A s s i m , a entrada em operação de novas usinas e a ampliação das

e x i s t e n t e s aumentaram, e ra 1963, a potência instalada e m650.000 kW, elevando, desse modo, a capacidade total de energia

e lé t r ica a 6,4 milhões de kW, ou seja, 23,2% a mais do que emf in s de 1961. Finalmente, a realização dos programas previstos

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para o triênio 1964/66 possibilitará dobrar a capacidade exis tenteao iniciar-se o atual Governo, ;

A consecução desses obje t ivos vem-se ver i f icando graças ar i goros o p la ne ja ment o , no qua l o M i ni s t é r i o d as Minas e Energiaé o órgão f or mula d or e f i s ca l i za d or d a polít ica nacional d e eletri-f icação, ca b end o à ELETROBRÁS a pa rt e e xe cut i va . No p r i me i r oano de e x i s t ê n c i a , a empres a d emons t rou ca b a lment e o acer toda sua const i tuição, comprovando a m ag n í f i ca visão d o Presi-

d e n t e G e t ú l i o Vargas, que a proje tou como ins t rumento hábi !d o progres s o d o povo bras i le i ro. A s aplicações d o Governo d a

U n i ã o no s e t or d e energia e lé t r ica , durante o ano de 1963, soma-ra m C r$ 55,4 bilhões, d as quais C r$ 25,7 b i lhões efe t ivadas pelaEletrobrás, C r$ 12,2 b i lhões pelo Minis tér io d as M i na s e E nergi a ,CrS 6,7 b i lh ões pe la SUDENE e Cr$ 10,8 bi lhões por outrosó r g ã o s f e d e r a i s . A prev i s ão desses inves t imentos se tor ia i s e m1964 é de Cr$ 130 b ilhões , a s s i m d i s c r i m i na d os : pe la ELETRO-

B R Á S — Cr$ 60 bi lhões ; Minis tér io d as Minas e E nergi a —Cr$ 37 bilhões; outros órgãos — Cr$ 20 bilhões; e recursos or iun-d o s d e crédi tos especiais que serão aplicados pela ELETROBRÁS

— Cr$ 15 b i lh ões , a f i m d e s e r pos s íve l cum pr i r , ne s t e exe rc íc i o,o p r o g r a m a d e i n s t a l a ç ã o d e mais 928.000 k W e a c o n s t r u ç ã o d asr e s pec t i va s l i nh a s d e t r a n s m i s s ã o e dis t r ibuição.

E nt re a s i n i c i a t i vas a d ot ad a s com o f im d e e nc a m i nh a r a d e -q u a d a m e n t e a solução d os nossos problemas d e energia e lé t r ica ,d os m a i s p r e m e n t e s aos que s e o r i e n t a m no s e n t i d o d o f u t u r o mais

d i s t a n t e , f iguram os t rabalhos efe tuados pelo Comitê Coorde-na d or d e Estudos Energét icos d a R e gi ão Ce nt ro -Sul , cons ti -t u í d o por acordo entre o Governo bras i le i ro e o Fundo Especia ld as Nações U n i d a s , e a orga ni za ção d o G r u p o d e Trabalho - d eS e t e Q u e d a s (GTSQ), Graças à primeira iniciat iva, foi propiciadaa adoção de providências para amenizar o racionamento a que i f o is u b m e t i d a a área São Pa ulo-Gua na b a ra -R i o de Janeiro, si tuaçãor e s u l t a n t e , além d as condições c l imatér icas des favorávei s , exata-

m e n t e d a a us ênc i a d e pla ne ja ment o a d equa d o; be m a s s i m, foi esta-belec ido programa de obras prioritárias até 1980, capar de assegu-rar o a b a s t e c i m e n t o e o desenvolvimento da área centro-sul . O

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G r u p o d e Trabalho d e Sete Quedas, instalado ofic ialmente e mayôsto d e 1963, adotou importantes providências, entre as quais :

a) a rea l ização d e comple to e s tudo d a hidrologia d a bacia d orio Paraná, e m colaboração com a Co mis são In t e re s tadu a l d a BaciaP a r a n á - U r u g u a i ;

b) a recons t i tu ição aerofotogramétr ica da faixa de 20 km, aolongo do r io Paraná, en tre Guaíra e Porto Bri tânia , em escala de1:10.000, coin curvas de n :ve l de 5 metros ;

c) o es tudo comple to d a geologia d a região, no trecho ci tadoan t e r i o r m ent e , n u m a faixa de 6 km, que tem por e ixo o ta lvegue

d o rio Paraná;d) o l evantamento bat imétr ico, com apoio d e t e lurômetro , d o

le i to do r io e n t re Porto M e n d e s e Porto Britânia, e d a faixa s i tua-d a no início e ac ima das q u e das o n de estão proje tadas a barragemd o rio e as e s t ru tu ras d o extravasor d as cheias e to mada d e ã g u a ,com a colaboração d a Diretoria d e Hidro g raf ia e Navegação d aMarin ha ;

e ) o e xam e do carream e nto do m atéria] sól ido do rio, em facedo a s so re ame n to e x i s t e n t e ju n to a Porto Guaíra e formação recentede grandes i lhas d e aluvião;

/) as providências para melhoria das condições de acesso( terrestre , aéreo e f luvia l ) a G u a í r a e d o s i s t e m a d e rad io c o mu n i -cação, e c o n s t ru ção d e usina-pi lôto para suprimento d e energia aocante i ro d e obras e à zona d e in f luênc ia d o e m p r e e n d i m e n t o ( r a i od e 1 2 0 k m ) ;

g) as ges tões j u n t o ao E s t a d o e Munic ípios d o Paraná paracr iação da in d i spe n sá v e l in f ra -es t ru tura- capaz d e as se g u rar c o n d i -ções normais ao trabalho d a população operária que será e m p r e -g ada n a c o n s t ru ção da u s in a .

A in t e r l ig ação do s s i s te mas , c o mo e x po s to ficou, é pontoe s s enc i a l d o p r o g r a m a d e e l e t r i f i c ação d o Go v e rn o . N o m o m e n t o ,a ELETROBRÁS e s t u d a a poss ibi l idade d e l igar o s i s t e ma N o r-d e s t e ao do Centro-Sul , t endo in ic iado o l e v an tame n to g e ra l d osrecursos hidrául icos da bac ia d o r io J e qui t inho nha, para pe rmit i ra l igação de s s e s do i s s i s t e mas básicos, m e d i a n t e a construção d eu s in a s n a r e f e r i d a r e g i ã o . O e s t í m u l o q u e a ELETROBRÁS ve m

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dando ao aproveitamento dos resíduos obtidos com a produção .docarvão metalúrgico no sul do País , implicará o exame da l igaçãodes s a úl t ima região c o m o s i s t ema Centro-Sul. Fi na lm en t e , pros-

s e g u e m com in t ens idade os estudos de novos aproveitamentoshidráulicos e d o s projetos d e construção d e usinas e regularizaçãod o a b a s t e c i m e n t o d e áreas -chave, como ates tam, ent re out ros exem-plos, as iniciativas para o aproveitamento de Estreito (800.000 kW)e outros do rio G r a n d e e a l inha d e t ransmis são que l igará; ospotenc ia is d e s s e rio aos Estados d a Guanaba-ra e R i o d e J a n e i r o .Finalmente , com o objetivo essencial de realizar a ligação Peixoto-Cachoeira D o u r ada e a duplicação d o c i rcu i to Pe i x ot o - U ber lã nd i a ,a ELETROBRAS vemm a n t e n d o e n t e n d i m e n t os com o B. N. D. E.,a CEMIG, a CELG, a NOVACAP e a Prefei tura de Brasília,para p e r m i t i r , m e d i a n t e a consti tuição d e u m a soc iedade d e econo-mia m i s t a , a pr o du ç ã o e a d i s t r i bu i ç ã o d e e n e r g i a na C api t a ldo País,

Consciente da importância do problema, o Governo tem dedi-cado toda a atenção à formação de pessoal especial izado, capaz, de

a s s e g u r a r a e x e c u ç ã o d os programas d e e l e t r i f i caç ã o . Par a! t a le fe i to , a ELETROBRAS f irmou convênio com o Insti tuto de Eletro-técn ica da Es co la de Eng enhar i a da Uni v er s i dade de Mi nas Ger a i s ,e es tá tomando outras in ic ia t ivas que per m i t i r ã o o e n c a m i n h a m e n t od e soluções adequadas para a relevante questão.

Permitirá melhor ajuizar d a atuação d a ELETROBRAS aseguinte relação das aplicações f e i ta s por es sa empresa no se torsob sua responsabi l idade e d a s real izações e p r o g r a m a s d e s u as

subsidiárias e associadas:

Em C r$ milhões

Empresas Programa

Em 1963

Subsidiárias para 1964

CHEVAP 5.633 H.347

FURNAS 12.545 11.781

CHESP ... 2.600 7 .344

C H A R Q U E A D A S 550 770

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AssociadasCEMIG 1.500 1.000C E L U SA 130 2.130

C O H E B E 77 2.208CEEE 1.200 1.000E L E T R O C A P 50 1.250CEL F ...• 120 1.080ESCELSA 280 900CELG 400 400C E M A T 150 300S O T EL CA 270 —E N E R G I P E 2 -48

Outras Empresas

U S E L P A — 300CEA 300 —CELESC 100 —E R M I G — 60

Grupo de Trabalho

SETE Q U E D A S

Estudos, Projcfos c nonas aplicações

Total 25.707 59.685

As principais realizações c projetos das empresas componen-

tes do sistema ELETROBRAS podem ser assim resumidas:

S U B S I D I Á R I A S :

— Companhia Hidrelétrica do Vale do Paraíba (CHEVAP)— C o n c l u i u , em 1963, o desvio do rio Paraíba, para o aproveita-

mento hidrelétrico do Funil, que e x i g i u a perfuração de um túnelde , 400 m de comprimento, e in ic iou as obras para a instalação dos

dois grupos turbogeradorcs de 80.000 k W, cada um, da Central

Termelétrica de Santa Cruz. A continuação acelerada dessas obras

é o seu programa para 1964, de modo que, no 2' semestre de 1966,

esteja concluída a usina do Funil (210.000 kW) e, no l* semestre

do mesmo ano, a Central Termelétrica de Santa Cruz

(160.000 kW). Uma vez em funcionamento, ambas reforçarão em

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cerca de 50% a atual capacidade de geração destinada ao abaste-c imento d o mercado d a Guanabar a .

— Central Elétrica de Furnas S.A. (FURNAS) — Entra-.rarn e m operação, e m 1963, as duas primeiras unidades geradorasd e 150.000 kW cada. uma. A us ina , com capacidade final d e1.200.00U kW , t e r á um a potência d e 750.000 kW em 1964. Pararesolver o problema d e abastec imento d e energia à Guanabara e,ao Estado do Rio de Janeiro foi decidida a construção de uma l inhad e t r a n s m i s s ã o , que l igará os potenciais do rio Grande à cidade d oRio de Janeiro, e foram tomadas providências para s ua real ização

-a curto prazo.— Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF) •—

A potência instalada da usina de Paulo Afonso é de 310.000 kW•e da termelétr ica de Coteg ipe , de 20.000 kW. No exercíciopassado, a C H E S F a u m e n t o u as suas l inhas d e t ransmissão

•d e alta tensão em 745 km, as quais at ingem, presentemente,252 municípios do Nor d e s t e , O pr ogr ama para 1964 compree nde ,

.bas icamente , a ins talação da 3' unidade (65.000 kW) da 2' casa-•de -máquinas , a construção da l inha d* transmissão Milagres—•For ta l eza (400 k m ) , a ampliação d os s i s temas regionais e a con-

t inuação d os trabalhos para instalação d as três unidades geradoras(240.000 kW) que completarão a 2 ? casa -de -mãquí nas d a usina

•de Paulo Afonso, o que elevará a sua potência a 615.000 kW .

— Termelétrica de Charqueadas S. A. — Manteve e m 19,63

- a operação programada e realizou a concorrência para a instalaçãod o 49 gerador (18.000 kW), que elevará a potência d a usina a72.000 kW. O programa d e 1964 é , e s senc ia lmente , d e obras paraA instalação dessa nova unidade .

. A S S O C I A D A S :

— Centrais Elétricas de Minas Gerais S.A. (CEM/G) —

N o exercício d e 1963, entrou e m operação a 3

?

unidade geradorade 65.000 kW da usina d e Três Marias, elevando, assim, a suaopacidade instalada a 195.000 kW . Foram iniciados os traba-

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Jhos para a instalação da 4* unidade. Ainda nesse ano, o sistema*,de transmissão foi acrescido de 380 km, a rede de distribuiçãoam p l i ada em 352 km e estendidos 259 km de linhas para

e le t r i f i cação rural. O programa f u n d a m e n t a l para 1964 compreende

a instalação da 4? u n i d a d e (65.000 kW) de Três Marias e op r o s s e g u i m e n t o d o plano d e extensão d as J i n h a s d e transmissão e -distribuição.

— Centrais Elétricas de Urubupungá S,A. (CELUSA) —Em 1963, foram concluídas as ensecadeiras, continuados os traba-lhos para construção da u s i n a de Jupiá e de vários trechos da

b a r r a g e m , e começada a ligação dos sistemas elétricos de São-P a u l o e Mato Grosso, mediante a construção de uma linha detransmissão entre a cidade de Campo Grande e a usina de Jupiá,

que passará pela usina de Mimoso, da CEMAT. Para 1964, o-

programa compreende a continuação das obras de construção da-

u s i n a de Jupiá (1.200.000 kW), de modo que entre em operação-

no iníc io de 1967.

— Companhia Hiato Elétrica de Boa Esperança (COHEBE)— Foram atacados, em 1963, os trabalhos iniciais para a construção-

de uma u s i n a de 20.000 kW, cujo papel estratégico para a região

ser- equivalente à de Paulo Afonso. Em 1964, serão iniciadas as-

obras da barragem, com desvio do rio Parnaíba, e a construção das-

ensecadeiras.

— Companhia Estadual de Energia Elétrica do Rio Grande

do Sul (CEEE) — Transformada de autarquia em sociedade de'e c o n o m i a mista, a CEEE, em 1963, conclu iu a l* f a s e da usina de'

l a c u í , com aumento de mais 23.000 kW, e prosseguiu nas obras da

t e r m e l é t r i ca de Alegrete (60.000 kW), bem como na ampliação^das J i n h a s de transmissão do seu sistema. O programa para 1964visa ã conexão dos diversos sistemas do Estado e especialmenteaos projetos destinados a regularizar o abastecimento de energia

na área de Porto Alegre, o prosseguimento das obras de Jacuí (2*

etapa — 70.000 kW) e da central térmica de Alegrete e respectivos i s t e m a de transmissão (928 km), bem como as obras da usina

hidráulica de Passo Real (250.000 kW).

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— Central Elétrica Capivari-Cachoeira S.A, (ELETROCAP)— C o n s t i t u í d a e m fins d o exerc íc io d e 1963 para construir um au s in a h i d re lé t r i ca d e 230.000 kW , que , d upl i ca nd o a capacidade

. instalada d o Estado d o Paraná, resolverá o problema d e abasteci-

.mento d as regiões d e Curit iba e d o O e s t e p a r a n a e n s e . J á foraminic iadas as obras civis para construção d á barragem e aber tura d bst ú n e i s . A f i m d e uti l izar a prod ução d a Centra l Termelé t r ica d eFigue ira, foi re inic iada a cons t rução de l inh a para l igação do

- s i s t ema USELPA, d e S ã o Paulo, c o m a zona d e Curi t iba . O-programa d e 19 64, em e s s ênc ia , compre e nd e o t é rm i no d es s a l i nh ae sua c o m p l e m e n t a ç ã o no t r ech o Fi gue i ra -Ch a va nt e s e a conti -

nuação d as obras d e Capivar i -Cachoeira .— Ce ntrais Elétricas Fluminen ses S.A, (CEL F) -— Criada

£m 1963, c o m o apoio e a colaboração f inance ira d a ELETRO-. B R A S , a CELF t em por f im coordenar as d i ver s a s empres a s mi s t a sque operam n o E s t a d o e e x e c u t a r o d e s e n v o l v i m e n t o d o plano

.es tadual d e e l e t r i f i c a ç ã o . F o ra m i n t e n s i f i c ad a s , e m 1963, as obrasd a t ermelé t r ica d e Ca mpos (3 0 .000 kW) e t oma d a s as primeiras

providências para a construção d a u s i n a d e R os a i (100.000 kW -) .•Como m e d i d a d e curto prazo, foi p r o j e t a d a e inic iada a cons t ruçãod e l i n h a d e t ra ns mi s s ão (13 0 km ) e n t r e a c e n t r a l d e M a c a b u ePetrópol i s , a f im de permi t i r a t r a n s f e r ê n c i a d e energia para as•zonas ma i s d e f i c i en t e s d o Estado. O programa para 1964 compre-end e , e s s enc i a lment e , a cons t rução dessa l inha e a continuação dás

-obras d a t e rmelé t r i ca d e Ca mpos e d a hidrelé t r ica d e R o s a i .

— Espirite Santo Centrais Elétricas S. A. (ESCELSA) .—

Com o plano f inanc e i ro a jus tado c o m a ELETROBRÁS, aESCELSA acelerou as obras d a us i na d e Suíça, d e cuja primeira.etapa (30.000 kW) se prevê a conclusão para es te ano de 1964.A i n d a e m 1963, a e m p r e s a a u m e n t o u s e u s i s t e m a d e t ransmissão..em 126 km. O programa para 1964 será, f u n d a m e n t a l m e n t e , aconclusão e entrada e m f u n c i o n a m e n t o d a usina d e Suíça, início•das obras d as us inas d e Fuma ça e I n f e r n o , e d a b a rra gem 'd eregularização do rio Santa Maria.

— Centrais Elétricas de Goiás S.A. (CELG) — Em 1963,-concentrou s eus e s forços nas obras civis d a 2 ? etapa d a us ina d e

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Cachoeira Dourada ( ins ta lação de ma is d u a s u n id a d e s g e r a d o r a s -de 50.000 kW, c a d a u m a ) e a mp l io u o s i s tema de t ransmissão , com

a c o n s t r u ç ã o de 150 km de l inhas de alta tensão. A c o n c r e ta g e m

da b a r r a g e m, a c o n s t r u ç ã o da casa-de -máquinas para conclusão da2 ^ e ta p a e m f in s d e 1 965 e a r e f o r m a d e r e d e d e d i s t r ib u i ç ã o e m .G oiân ia e An á p o l i s são os objet ivos básicos dó programa para.1964.

— C entrais Elétricas M ato-G rossenses S.A. (CEMAT)

C om a par t ic ipação da ELETROBRAS, a CEM AT, em 1963,.r e t omou o r i t m o de c o n s t r u ç ã o da usina de Mimoso (33.000 kW)

tendo concluído a ensecade ira e parte da barragem e prosseguidon a c o n s t r uç ã o d a c a sa - d e - m á qu in as , a f im d e p e r m i t i r , a in d a e m1964, a in s ta la ç ã o da l* u n i d a d e d e 8 . 4 0 0 kW . T a mb é m n o e x e r -cício passado, a empresa ins ta lou, em outras áreas do Estado, c e n -tra is t e rmelé tr icas , com potência de 7.000 kW. O programa de.

1964 o b j e t i v a , b a s i c a m e n t e , a c o n c l u s ã o da l* e tapa d a u s i n a d e -Mimo so e a ampliação dos s i s temas regionais.

— Sociedade Termelétrica de Capivari (SOTELCA) —Foram a c e l e r a d o s , em 1963, os t r a b a lh o s e conclu ídas as obrascivis, t e n d o s id o a d ia n ta d a a m o n t a g e m das d u a s u n i d a d e s gera-d o r a s . P r o s se g u i ra m, ta mb é m , os serviços de c o n s t r u ç ã o das l inhas,d e t r a n smis sã o d o s i s t e m a (já at ingiram Flor ianópol i s ) e foram,e f e t u a d o s e n te n d ime n to s p a r a d u p l ic a ç ã o da atual capac idade pre -vi s t a d a us ina ( 1 0 0 . 0 0 0 kW ) . O p r o gr a ma bá s ic o d e 1 96 4 c o n s i s t eno in íc io do f u n c i o n a m e n t o da 1? unidade (50 .000 kW) e na cons-

t rução do s i s t e m a de t ransmissão até Jo in vi l e .— Empresa Distribuidora de Energia em Sergipe S.A. —

(ENERGIPE) ~ A ELETROBRAS tornou-se acionista daE N E R G I P E no f inal de 1963. O programa de 1964 objet iva, pr in-c i p a lme n t e , a r e f o r m a da r e d e de d i s t r ib u iç ã o em A r a c a j u e ae x t e n s ã o do se rviço para S im ão D ias e outras áreas do Estado.

— Centrais Elétricas do Rio das Co ntas S.A. (CERC ) —

Prosseguiu , e m 1963, na expansão d o s e u s i s t e m a d e t r a n smis -são, tende concluído também a rede de distribuição para as cidadesde I ta b u n a e I l h é u s . O programa para 1964 compreende a integra-

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PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

BIBLIOTECA— 63

cão na Compa nh i a de Elet r ic idade da B a h i a ( C O E L B A ) e a con-clusão d o s e u s i s t ema d e t ransmissão na zona d o cacau.O U T R A S E M P R E S A S :

— Usinas Elétricas do Paranapanema S.A. (USELPA) ' • . —

Conta, no programa d e aplicações d a ELETROBRÁS para 1964,com um f i na nc i a ment o d e Cr$ 3 00 m i l hõ es , a f i m d e s e r em acelera-dos os t rabalhos d e r o n s t r u ç ã o d a us i na d e Chavantes(400.000 kW ) . !

— Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) — R eceb ' eud a E L E T R O BR ÁS , em 1963, um a d i a n t a m e nt o d e Cr$ 100 m i lhõespara aplicar n a cons t rução d a us ina d e Coa ra cy Nunes(180.000 k W) n a C a c h o e i r a d o Paredão.

— Centrais Elétricas de Santa Catarina S.A. (CELESC) j—Para diversas obras d e regular ização d os s e u s e m p r e e n d i m e n t o sh id r e l é t r i c o s , compra d e e qui pa me nt o e cons t rução d e l i nha s de

t ransmissão do programa catarinense de eletrificação, a CELESCr eceb eu , e m 1963, um a d i a n t a m e n t o de Cr$ 100 mi lh ões d a E L E -

TROBRÁS.

— Eletrificação Rural de Minas Gerais S.A. (ERMIG) —Ob t eve d o t a ção de Cr$ 60 mi lh ões no progra ma d e 1964 d a E L E -TROBRÁS, a f im de apl icar na extensão do fornecimento deenergia e lé t r ica à zona rural d e Minas Gerais.

R e g i s t r e - s e , f i n a lme n t e , q u e e m 1963 a ELETROBRÁS ava-lizou um e m p r é s t i m o d e U S $ 15,5 milhões d a CHEVAP c om A I D ,

para compra d os dois turbogeradores , d e 80.000 kW ca d a um ,d es t i na d os à Cent ra l T ermelé t r i ca d e Santa Cruz.

b) Petróleo

É inegável que a polít ica d e petróleo impos ta pela L e i n 9

2.004, que criou a Petrobrãs para levar a e f e i t o o monopólio es tatal

daq u e le p r o d u t o , t e m cont r i b uíd o s i g n i f i c a t i v a m en t e para q u e as i tu a ç ã o d o balanço d e p a g a m e n t o s d o País não se encontre, hoje,e m pos ição a inda mais desequi l ibrada . T al r e s u l t a d o i ns of i s máve l

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te m d e s e r assinalado, logo d e início, s e m prejuízo d as importantesconsiderações de outra natureza, sobretudo as de natureza política,que ditaram a instituição da política nacional de petróleo.

Com efeito, em conseqüência das atividades da indústria petro-l í f e r a brasileira, foi possível estabilizar, quando não reduzir, o

d i s p ê n d i o e m moeda forte com o suprimento d os combustíveispetro l í f eros essenciais à vida e à expansão econômica do País.Graças às atividades da Petrobrás, no ano findo, o dispêndio Jí-

q u i d o com a importação de petróleo e derivados foi reduzido para224,5 milhões de dólares, quando em 1955 esse mesmo dispêndioultrapassou a cifra dos 250 milhões, apesar de ter havido, no pe-

r íodo considerado, aumento no consumo da ordem de 7% ao ano.Em 1963, o mercado brasileiro de petróleo apresentou valor pró-x i m o de US$ 425 milhões, calculado o consumo aos preços CIFda importação.

O total de economia de divisas proporcionado pela indústrianacional de petróleo no período 1955/63 alcançou a elevada c i f rade 1.269 milhões de dólares.

Ainda na ordem de considerações estritamente econômicas,deve-se destacar a importante contribuição da Petrobrás parai mp ul s i on a r o parque m a n u f a t u r e i r o nacional, por meio d a políticade intensificação de suas compras no mercado interno, que permi-tiu ponderável alívio ao balanço cambial, pela substituição de

m a t er i a i s e equipamentos destinados à indústria de petróleo, os

q uai s , de outro modo, teriam de figurar na pauta de nossas impor-tações. Em 1963, as aquisições da empresa, excetuadas as comprasde petróleo e derivados, totalizaram cerca de Cr$ 50 bilhões, ou

s e j a , 81% de todo o dispêndio f e i t o pela sociedade executora domonopólio estatal. Assinale-se que tal cifra representa sensívelprogresso em relação ao resultado verificado no ano anterior, já

bastante expressivo, da ordem de dois terços.

Como extraordinário empreendimento industrial ( f a t u r a m e n t oem 1963 da ordem de Cr$ 445 bilhões), a Petrobrás tem assegurado

recursos suficientes para a contínua expansão de nossa economiap e t r o l í f e r a , embora, nos últimos anos, os índices de rentabilidadenão tenham sido inteiramente satisfatórios. Tal fa to constitui mês-

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m o assunto d e indagação para b e f e i t o d e apurar-se c om rigor opapel r e p r e s e n t a d o no decr é s c i m o d os lucros, quando postose m co nf r o n t o com a rece i ta in d us t r ia l , pe lo subs íd io ao con-sumo es tabelecido pela polí t ica d e preços d e derivados, espe-c ia lme n te no r e f e r e n t e ã in f luênc ia d a relat iva r igidez d as taxascambiais adotadas n o t a b e l a m e n t o d o ór g ã o co m pe t en t e , o C.N.P.

E m 1963, houve l ige i ro aumento d a produção d e pet róleo.As s i na l e - s e , po r ém , que o r e s u l t ado não foi sa t i s fa tór io , uma vezque o volume at ingido, da orde m de 5 . 6 7 8 mil met ros cúbicos ,r epr e s en t o u apenas um a u m e n t o i n f e r i o r a 3% sobre a p r o d u ç ã o

alcançad a em 1961 .R e g i s t r e - s e , t a m b é m , o f a t o d e que, embora no ano p a ssa d o a

Petrobrás haja alcançado progressos i m po r t an t e s n a am pl i aç ã o er e c o n h e c i m e n t o de no v as á r eas s ed i m en t ar e s a l t am ent e pr o s pec t i v ase f av o r á v e i s ã a c u m u l a ç ã o d e óleo , e s pec i a lm en t e nas bacias d oR e c ô n c a v o e d o Tu cano , na Bahia, e m Alagoas , Sergipe e e mBa r r e i r in h a s , no Mar anhã o , os trabalhos d e pe r f u r aç ã o e x p lo r at ór i a

r eg i s t r ar am um d e c r é s c i m o d e 1 5 % e m re lação à m e t r a g e m p e r f u -r a d a e m 1962.

É e v i d e n t e q u e r e s i d e na i n t ens i f i caç ã o das a t i v i dades ex p lo -ratórias e n o a u m e n t o d a capac i dade d e produção d e óleo e g á sd e poço e d e x i s t o o problema f u n d a m e n t a l d a Petrobrás , uma vezque o n í v e l atua l da ext ração do pe t róleo a inda repres enta cercad e um t e rço d as n e c e s s i d a d e s totais d o País.

O s r e s u l t ado s a lcanç ado s nos três úl t imos anos , no re la t ivoa e s s e s s e t o r e s , e s t ã o a indicar que a empresa prec i sa aper -fe içoar s eu s m é t o do s d e exploração, d e d e s e n v o l v i m e n t o e d e pro-dução tanto no que d iz respe i to às per furações , como no queco ncer ne às práticas d e ex t r aç ã o e r e c u p e r a ç ã o s e c u n d á r i a d ásj a z i d a s . A l i á s , já a par t i r do ano passado o G o v e r n o m a n d o upr o ceder a c o m p l e t o r e e x a m e d os problemas d e pes q u i s a d e pet ró-leo , t rabalho em que cooperaram notávei s autor idades in t ernacio-n a i s ; e os r e s u l t a d o s d e s s e e s f o r ç o i nd i cam a perspec t iva d e s e rd u p l i c a d a , e m prazo cur to , a produção atual. A o m es m o t em po queé n e c e s s á r i o corrigir os vícios e erros d a orien tação s e g u i d a no

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passado re la t ivamente à produção d e petróleo d e poço e in tensi f icaros trabalhos com esse objetivo, deverá a Petrobrás acelerar oprograma que visa à extração, e m condições econômicas satisfa-tórias, d o óleo contido no xis to betuminoso cujas jazidas s e apre-s e n tam, e m grandes extensões , no sul do País, conforme revelamas pesquisas até agora realizadas.

Por outro lado, será imprescindível in tensi f icar esforços nosen t id o d e obter-se adequada ref inação d o petróleo nacional, paraobtenção d e produtos d e preços internacionais mais elevados, e mrelação aos quais não somos a inda auto-suf ic ien tes . Com isso, serápossível obterem-se melhores condições para a aquisição d o petró-le o bruto no exterior e, simultaneamente, reduzir-se o custo da

importação dos derivados.

Em 1963, a Petrobrãs d e u importante passo no se tor d a re f i -nação, ao iniciar a produção d e combust ível para aviões a ja to,produto cujo con sumo, já ponderável , tende a crescer à m e d i d a ques e e x p a n d e e s e mod ern iza o transporte aéreo d o País. I n f e l i z -m e n t e , não foi possível conseguir rendimento adequado d as insta-lações para produzir óleos lubrif icantes básicos, e m Matar ipe,si tuação que deverá s e r obje to d e enérgicas providências por parteda adminis tração d a empresa , à vista d o alto interesse nacionale m jogo, bastando assinalar que a importação desse produto é d aordem d e U S $ 2 0 milhões anuais e se poder ia esperar , com ofuncionamento normal dessa unid ade , poupança d e cerca d e m e t a d e

desse valor.Outros pontos nã o in te iram e nte sa t is fa tórios na execução d o

programa d e ref inação d a Petrobrás foram o r e ta rd a men to d asobras industriais d a Ref inar ia Alber to Pasqual in i , n o Rio G r a n d ed o Sul, que tornou necessário al terar o p roj e to inicial, que previacapacidade de 35.000 barris diários, f ina lmente es t ipulada em45.000; e o atraso d a entrada e m operação d a un id a d e d e craquea-

m e n t o cata l í t ico da Ref inar ia Duque de Caxias , que deverá aumen-tar substancia lmente o rendimento daquele importante conjuntoindustrial , m e d i a n t e a produção d e derivados, d e preços d e impor-tação mais altos.

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N a mes ma ord em d e cons iderações , devem s e r mencionados osatrasos ver i f icados na cons t rução do Terminai de São Sebastião,cujos proje tos es tão sendo rees tudados , na parte relat iva ao parque

d e t a nques e ao t raçado d o oleoduto até Cubatão; e a d emora noinicio das obras para a instalação de um conjun to petroquímico noEstado d a Ba h i a , ' d e s t i na d o à fabricação d e amônia e fert i l izantesni t rogenados . Tais obras, ver i f icada a insuf ic iência d os estudosiniciais, sofreram paralisação a fim de serem preparados novosproje t os .

Fatos como esses não d evem s e r omit idos e sonegados ao

co nhec i m en t o do povo brasi leiro. O Governo, vigi lante e viva-m e n t e e m p e n h a d o na solução desses problemas , já e x p e d i u i n s t r u -ções para que os erros porventura comet idos se jam emendados comtoda pres t eza , e o programa, ass im, possa s e r c u m p r i d o e m r eg i med a maior urgência , v i s to que, d e outro modo, es tar ia compromet idoo c r e s c i m e n t o d e importantes s e tores d a indústria nacional.

1 Sanadas es sas def ic iênc ias , f e i t a s as ampliações, já pla ne ja d a s ,d as ref inar ias e alcançadas as soluções ora em e s t ud o pa ra a t end er

o déficit previs to para o planalto paulis ta , a Petrobrás, em fu turobe m próximo, colocará o Pais e m condições d e prescindir, inteira-m e n t e , de importações para o abas tec imento dê combust ívei sl í qu id o s .

Entre os êxitos alcançados e m 1963, m ere ce m enç ão o res u l t a d oc o n se g u id o na produção d a borracha s intét ica, d e 2 9 .9 2 6 t one -ladas, que s i g n i f i c a cerca do dobro da obtida no ano anterior

( 1 5 . 9 5 9 t o n e l a d a s ) .No que s e r e f e r e propr i a ment e à política d o petróleo, quatro

fa tos merecem especia l c i tação. Na órbi ta do Poder Legis la t ivo,é d e re levo a aprovação, pelo Congresso Nacional, d e projeto d ele i que conced e à Petrobrás i senção d e p a g a m e n t o d os impos tosf e de ra i s e torna obrigatória a re inversão d os d i v i d end os d a U n i ã oFed era l , s ua principal acionis ta , medidas que permi t i rão a consoli-dação econômica e f inancei ra da empresa . Por outro lado, ent re

as providências d a alçada d o Poder Exe cutiv o, sobres saem , pelas ua importância : a) a concentração d as importações d e petróleobruto pela Petrobrás, providência c o m a qual s e prevê nova econo-

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m ia d e d iv isa s , d a o rd e m d e U S $ 6 mi lh õ e s ; í > ) a o u to rg a jPetrobrás, pelo Conselho Nacional de Petróleo, da distr ibuiçãod i r e ta de produtos pe tro l í fe ros , a g r a n e l , às e n t id a d e s e s ta ta i s ,

que assegura , em condições mais econômicas , o supr imento decombust íve i s l íquidos a impor tantes setores da atividade do p o d e rpúblico; c) a resolução do Conselho Na c io n a l de Petróleo pe la qualforam tabelados os óleos lubr i f icantes , que c o n s t i tu í a m e xc e ç ã o nor e g i m e d e t a b e í a m e n t o a que estão submet idos os p r in c ip a i s d e r i -vados de petróleo, com o fim de se d e f e n d e r e m os in te re sse s dos

c o n s u m i d o r e s .

O Governo, à vista da cr i se i r rompida na al ta d ireção daPetrobrás, re so lveu cons t i tu ir Comissão Espec ia l para A s s u n t o s dePetróleo junto ao Minis tér io das M i n a s e E n e r g ia , com a f i n a l i d a d eprec ípua de proceder a e x a m e da atuação da e m p r e s a , no seupr imeiro decênio d e f u n c i o n am e n t o , e , e m c o n s e q ü ê n c i a , s u g e r i rf u n d a m e n t a l m e n t e a adoção d e "providênc ias para que s e j a m c u m -pr idos todos os obje t ivos co l imados pe la s ua criação, com r igorosaobservância das disposições da Lei n' 2 . 0 0 4 , de 3 de o u t u b r o

de 1953.D e q u a l q u e r modo, o Governo só rem motivos para a f i r m a r o

acerto d a polí t ica nacional d o petróleo, e acredita f i r m e m e n t e q u e areorganização e a p e r fe iç o a me n to da Petrobrás, a par da c o m p l e -m e n t a ç ã o e e x t e n s ã o d o monopólio estatal, d e acordo c o m a e x p e -riência obtida nestes d e z primeiros anos d e f u n c i o n am e n t o d aempresa , consol idarão e ampliarão os êxi tos a lcançados , cons t i -tu indo- se e m fa tor dec is ivo d o progresso bras i l e i ro .

c) Energia Nuclear

Du a s ordens principais de considerações j u s t i f i c a m a a t e n -ç ã o espec ia l q u e o Go ve r n o ve m d i s p e n s a n d o ao d e s e n v o l v i m e n t o ,no Pais , da tecnologia nuc lear correspondente ao uso da f i s s ã oatômica como recurso e nergé tico. U m a d iz r e s pe i to às condiçõe snatura is do terr i tór io nacional ; a outra inspira-se em e x i g ê n c i a sd e n a tu r e z a t é c n ic a .

Na pr imeira ordem de considerações, avulta, de um l a d o , a

posição privilegiada do Brasil como possuidor de apreciáveis reser-

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vás das matérias-primas essenciais a tecnologia nuclear; de outro, a

s ua situação n ã o inteiramente satisfatória e m matéria d e combustí-veis físseis. Além disso, o potencial hidráulico apresenta-se com

di s t r ibu ição geográfica q u e n e m sempre atende ao i m p e r a t i v o d onosso desenvolvimento geral.

Do ponto-de-vista técnico, sobressai a capacidade, que vem

apresentando a energia nuclear, de competir economicamente com

a energia obtida dos combustíveis clássicos.

Essa ú l t i m a consideração, principalmente, recomenda o início,s e m perda de tempo, da construção da nossa primeira central

n u c l e a r , decisão já adotada e anunciada a 31 de dezembro de 1963,c o m o meta governamental para o ano corrente. Essa central utili-zará c o m o combustível o urânio natural, para o qual conta o País

com suprimento próprio; ao mesmo tempo, será gerado plutõnionecessário ao in íc io de uma segunda l i n h a de reatores no ciclo tório-p l u t ô n i o e tório-urânio 233, o que p e r m i t i r á o aproveitamento dei n ca l cu l á v e l potencialidade energética.

Baseada e m método entre n ós desenvolvido, foi projetada usinapara a produção de urânio metálico de pureza nuclear, devendo a

s ua construção iniciar-se este ano.

As atividades na prospecção de minérios nucleares alcançaramresultados s i g n i f i c a t i v o s , conforme o relato f e i t o n a parte referenteàs pesquisas de recursos minerais.

A Comissão Nacional de Energia Nuclear vem realizando a

lavra e o b e n e f i c i a m e n t o das areias monazíticas, e dirige o funcio-

n a m e n t o d e suas u s i n a s d e Comuruxatiba,n o litoral s u l d a Bahia,e em Barra do Itabapoana, no litoral norte do Estado do Rio de

J a n e i r o , com a produção da monazita e de subprodutos: ru t i lo ,z i r c o n i t a , i l m e n i t a , matérias-primas indispensáveis a várias ativida-d e s d a indústria nacional. Finalmente, o tratamento químico d am o n a z i t a produz, além d o oxido d e urânio e oxido d e tório, quanti-dades apreciáveis de cloreto de cério e fosfato trissódico, cuja totalabsorção pelas indústrias já vem b e n e f i c i a n d o o País com apreciá-ve l poupança d e divisas.

Ao lado das atividades de formação de técnicos e especialistasnos vários setores de aplicação da energia nuclear, medicina, agri-

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. cul tura , indústria etc., a Comissão Nacional de Energia Nuclearte m aplicado grande esforço no desenvolvimento d as tecnologias

básicas destinadas a capacitar plenamente a indústria nacional paraproje tar e construir centrais nucleares. Assim, foi t e r m i n a d a , e m1963, a construção de um reator de pesquisas tipo Argonauta, com

9 3 % d e componentes fabricados pela indústria nacional, que entraráe m pleno f u n c i o n am e n t o durante o primeiro semestre d o correnteano, no Instituto de Engenharia Nuclear, no Rio de Janeiro, Umreator subcrítico para f ins de ensino, totalmente projetado e

cons t ru í do no País, será instalado, este ano, na Universidade de

R e c i f e . , ( [ In , ; lN o setor d a metalurgia nuclear, construíram-se elementos com-

bus t íve i s de urânio para reatores de pesquisas, o que demonstraa nossa capacidade nessa tecnologia e permitirá a construção de

protótipos para reatores de potência, no decorrer do presente ano.

O desenvolvimento d as atividades a c i ma referidas constituimagní f ico esforço para atingirmos o d omín i o completo d a tecnologia

nuclear , sob todos os seus aspectos, a fim de que, nos próximosquinze anos, possamos instalar e fazer funcionar centrais nucleares,c om potência d a ordem de um milhão d e quilowatts.

3. Transportes

Considerações Gerais

No quadro das realidades nacionais, a problemática dos trans-portes apresenta-se como uma das mais complexas, continuando a

exigir equacionamento que possa conduzir a soluções capazes de

atender e f i c a z m e n t e ao bem-estar e à segurança que cabe ao Es-

tado proporcionar ao povo.

C om 42% do seu território situado a mais de 1.000 km do

mar, o Brasil apresenta um complexo marítiroo-continental cujo

d e s e n v o l v i m e n t o e povoamento e x i ge m um sistema d e transportesmúlt ip los , r a c i on a lme n t e coordenados e m s u a exploração e harmõ-n ic a me n te considerados e m s e u crescimento.

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tia v er dade , só ass im será poss ível sat i s fazer aos in t eres ses deum a economia em progressiva interiorização e diversificação e àsimposições es tratégicas d a preservação d a unidade nacional con-

tra quaisquer antagonismos que tendam à f r a g m e n t a ç ã o d e nossoespaço fisico ou à quebra da coesão política do grupo social bra-si leiro . i• i i i

* C o ns c i en t e d a m a g n i t u d e de tal problema, t em o G o v e r n o ,dent ro d as l imi tações f inance i ras conhecidas , procurado e n f r e n t a ras di f iculdades que , de longa data, vêm gravando os sistemas det ransportes pesados, a fim não só de s u s t a r a deterioração conti-nuada de suas condições econômico- f inance i ras , como também depossibilitar melhor prestação de serviços.

No tocante à aplicação de inves t imentos , desde a elaboração;do PJano Tr ienal vem o Governo envidando es forços para a f i r m a rum a polí t ica ordenada e prioritária d e t ransportes , c o m o objetivode evitar a pulverização de recursos, sempre limitados, e obter o

m á x i m o d e produt iv idade econômica e social.

Procurou-se, ass im, em 1963 — e a mesma orientação . serám ant i da e m 1964 e 1965 —-canal izar recursos para atender aosem pr eend i m en t o s capaz es de atenuar as dis torções resultantes de

polít ica a n te r i or m e n t e s e g u id a nas inversões públ icas e n t ranspor-t e s , e m virtude d as quais , fosse por inf luência d e f u n d o s d e desti-nação especial e subsídios cambiais indiretos, fosse por implicaçõespol í t ico-regíonais , o cresc imento f ís ico d o s i s t em a não se íaziac o e r e n t e m e n t e e sua exploração econômica s e ver i f i cava menos em

função das características próprias dos seus componentes do qued a procura que s e i m pu nha a t ende r i nad i àve lm e n te .

Foram, ass im, elaborados planos preferenciais de obras, per-f e i t a m en t e e n q u a d r a d o s nas dire t r izes básicas d o "Plano Tr i ena l1963-1965 d e Desenvolvimento Econômico e Social", planos jêssesque , pela s ua importância e s igni f icação na vida nacional, vêmatender ao f o m e n t o da produção, à intens i f icação da circulação debens e ao desenvolvimento econômico e social do Pais,

E v i d e n t e m e n t e , e m face das real idades da conjuntura, os pro-g r a ma s priori tários es tabele cidos d eve rão, e m um process o per-

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m a n e n t c d e atualização, sofrer alterações capazes.,d e melhor con-cil iá-los com as situações surgidas no decorrer de sua execução ep e r m i t i r constante adequação d os meios aos fins.

a) Ferroviário

A s m o d i f i c a ç õ e s e s í r u t u r a i s que nos úl t imos tempos vêm in-f lu indo sobre a economia brasileira, com a implantação, cada vezmais pronunciada, das industrias básicas, a ampliação crescente domercado interno e a interiorização das atividades agrícolas, teriamde fazer sentir os seus efeitos na procura dos sistemas de trans-

porte, favorecendo o surto dos denominados transportes leves, orodoviário e o aéreo, e obrigando mesmo, para evitar colapso dostransportes pesados, à entrada do Estado no campo de sua explo-ração, a fim de substituir a ação coordenadora e físcalizadora atée n t ã o exercida por força d e disposições legais.

No relativo aos transportes ferroviários, são do conhecimentopúblico as condições cada vez mais onerosas de seu funcionamento,

motivadas pela falta de produtividade dos sistemas, função do

custo elevado de operação e de tarifas desfavoráveis, que resultam

n u m a distorção acentuada entre o preço da prestação do serviço

e o custo real de sua execução.

Tem sido dif íc i l ao sistema ferroviário nacional — não obs-

tante os melhoramentos de sua infra-estrutura e a renovação

constante de seu equipamento, a partir de 1957 —enfrentar, com

êxito, a concorrência da rodovia, que, além de favorecida pelas

condições.de uti l ização do veículo rodoviário, está livre de qual-q u er ônus de conservação da parte dos transportadores, ao passo

que o transporte íerrovjário é agravado pelas imposiçõe-S regulct-

mentares que sobre ele pesam.

Se m e m b a r g o d os esforços que vêm sendo d e s e n v o l v i d o s nae s f e r a g o ve r n a m e n t a l , in ic ia lmente c om a execução d os projetosd a Comissão Mista Brasil-Estados Unidos, e m seguida c o m a cria-ção da Rede Ferroviária Federal S. A., mediante inversões vul-

tosas e radical reorganização administrativa, os resultados de re-cuperação geral ainda não se apresentam condizentes com as ne-

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cessidades do País, que precisa dispor efetivamente de um sistemade transporte pesado interior, e f i c i e n t e e rentável, capaz de aten-d e r ao desenvolvimento de seu parque industrial básico, propor-

c i o n ar o aproveitamento intensivo d e seus recursos minerais e per-m i t i r o deslocamento rápido d as outras massas econômicas a gran-des distâncias.

Consoante as diretrizes básicas f i x a d a s no Plano Trienal do

D e s e n v o l v i m e n t o Econômico e Social, foi elaborado cuidadoso pro-g r a m a d e construção d e novas linhas-tronco, ramais e variantes,i n d i s p e n s á v e i s ao escoamento d a produção, além d e medidas des-

t i n a d a s a conseguir e m c u r t o prazo índices mais s i g n i f i c a t i v o s n ap r o d u t i v i d a d e d o sistema ferroviár io e melhores resultados finan-ceiros.

Os programas a c i m a , elaborados pelo Departamento Nacionald e Estradas d e Ferro — t r a n s f o r m a d o e m autarquia, para p e r m i -tir-lhe maior f l e x i b i l i d a d e d e ação — e pela Rede Ferroviária F e -d e r a l S. A., ambos sob orientação do Ministério da Viação e

Obras Públicas, estimaram os investimentos necessários à sua exe-c u ç ã o e m C r $ -413 bilhões, no triênio 1963-65, d os quais, 5& %(Cr$ 239 bilhões) deverão ser aplicados na construção de novasl i n h a s , ramais e variantes.

E m 19o3, foram realizados e m treze diferentcj trechos d oNordeste, Leste, Centro e Sul do País importantes serviços de

i m p l a n t a ç ã o d e linhas, construção d e ramais ferroviários e varian-

tes, que, e m c o n j u n t o , absorveram recursos superiores a Cr$ 19b i l h õ e s .

Prosseguiu ativamente a construção do Tronco Principal Sul,que f a r á a ligação ferroviária da Capital da República a PortoA l e g r e , e já f or am cntr?g;ies ao t r á f e g o 2 3 5 quilômetros d e l i n h a s ,correspondentes ao trecho Mafra-Ponte Alta do Norte. Os tri-lhos a t i n g i r a m a cidade de Lajes, em Santa Catarina, estandoprevista para breve a entrega ao tráfego de mais esse trecho.

S i m u l t a n e a m e n t e , vêm sendo atacadas as obras dos trechosB r a s í i i a - P i r e s d o Rio, i f a n g u á - E n g . Bley, Ponte A!CJ d o Norte-Roca Sales e Gen. Lur-Roca Sales, todos integrantes do Tronco

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Principal Sul, cujos inves t imentos e m 1963 somaram cerca deCr$ 13 bi l hõ e s .

D os cinco trechos n ão in t e g ran te s d o Tronco Principal Sul,dois já estão s e n do c o n s t ru ído s : u m n o R i o G r a n d e d o Sul, queJ iga Passo F u n d o a Roca Sales , e outro e m Minas Gerais , en treiDom Silvério e Nova Era, n os quais foram inves t idos mais d eCr$ 4 bi lhões , em 1963. O prim e iro atend e rá regiões produtorasd e trigo e o segundo fac i l i tara o transporte d e minério n o quadri-látero ferr í fero, be m como o e sc o ame n to d e produtos d as compa-nh i a s s i d e r ú r g i c a s e x i s t e n t e s n a q u e l a área. O s t rê s r e s tan t e s t am-

bé m p o s s u e m g r a n d e s igni f icação e c o n ô m i c a . A l igação Suzano-R i b e i rão Pire s o fe re c e rá maio re s fac i l idade s d e abas tec imento àCOSÍPA, e v i t a n d o o t rá f e g o su bu rban o d e S ã o Paulo; a varianteDom Silvério-Nova Era impõe-se pe lo in tenso progresso que seve m regis t rando naquela região d e Minas Gerais.

O re apare l hame n to das ferrovias es tá a cargo da R e d e F e r -roviária Federal S: A., que se cons t i tu i no maio r holding daAmé ric a do Sul e engloba 21 es t radas , as quais representam 70%

do total do s is tema ferroviário nacional .D a n d o p r o s s e g u i m e n t o à política d e remodelação d as l inhas

p e r m a n e n t e s e m o d e r n i z a ç ã o do e q u ipame n to f e r ro w á do . o Go-verno levou a termo, no ano passado, por i n t e r m é d i o d a R e d e F e r -roviária Federal S. A., grande parte dos e m p r e e n d i m e n t o s p r o -gramados , cabendo sa l ien tar : a incorporação d e 1 1 0 locomotivasDiesel-elétricas; aquisição de 26.500 toneladas de trilhos para re-

mod ela ção da via permanente ; compra d e 331 aparelhos para m u-d a n ç a d e via, instalação d e 5 d a s 1 1 usinas adquir idas para tra-tame n to d e d o r m e n t e s e convênio com a Co mpan hia Vale d o R i oDoce para forne c im e nto de dorme ntes , no valor de Cr$ IO bilhões .

Prosseguiram igualmente as obras d e c o n s t ru ção d e variantesi nd i s pens á v e i s ao a lívio do t rá fe g o de v á rias l in has , m e re c e n dom e n ç ã o os trechos Hulha Negra-Herval , na VFRGS; Jaguaraiva-Joaquim M u r t i n h o , d a RVPSC; Penápolis-Coroados, n a EFNOB;

E s p e r a n ç a - R i o A c i m a , aa EFCB; e Jaguaraíva-Fãoio Rego, r.aRVPSC.

Dando solução aos problemas d o escoamento d a p r o d u ç ã osalineira do N o r d e s t e , a Rede Ferroviária Federal S. A- ini-

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ciou os trabalhos o*e reconstítuiçâo da l inha férrea que l iga as ci-dade s d e M a c a u e Natal , n o R i o G r a n d e d o N o r t e , e aparelhou-apara o t ransporte de l .000 toneladas diárias de sal a g ran e l , de s -t i na d o à exportação. Essa m e d i d a p o s s i b i l i t a r á - u m a r e d u ç ã o d ecerca d e 5 0 % n o pre ço d o transporte d o pro du to .

Foram aplicados Cr$ 4,2 bi lhões nos trabalhos d e re mo de -Jação é unif icação d as l inhas que servem aos subúrbios do Rio deJane iro , com o f im de solver o angustioso problema d e sa turaçãodo t ráfego suburbano. Es tá marcado para agosto deste ano oinício dos serv iços e l e t r i f icados , no t rec ho Triagem -Pe nha Cir-

cular, d a Estrada d e Ferro Leopoldina, além d e vários outros m e -lh ora ment os de s t in ado s a proporc ionar sens íve i s benef íc ios aot ransporte nas ime d iaçõ e s d a G u a n a b a r a . O s i n v e s t i m e n t o s forame s t i m a d o s e m Cr$ 51,7 bilhões, d os quais C r$ 19,7 devem s e r apli-cados no biênio 1964-65.

Para evi tar novos e s t rangulamentos d e t rá f e go , e s tu da - s e ac o n s t ru ção de um "metropoli tano" entre S. Diogo e o Largo daLapa , com o f im de desconges t ionar o m o v i m e n t o d e passageiros

d a estação D . P e d r o H , d e v e n d o esse be n e f íc io e s t e n de r - s e n u m asegunda e tapa, até Deodoro.

Para e x e c u t a r o programa de e x pan são da rede fe rroviár ia ere mo de l ação das vias permanentes , está previsto o e m p r e g o de 156m il tone ladas d e trilhos, para cuja aquis ição já foi aberta concor-rência pública.

O pro g rama de revitalização, do Sistema Ferroviário Federal

re pre s e n ta g ran d e in c e n í iv o a impo r tan t e s s e tore s da in dú s t r ianacional , bastando ci tar a compra de 400 vagões fechados comca pa c i d a d e de lotação de 42 toneladas , 200 gônd olas e l . 000vagões de vários t ipos para entrega em 1964.

A o lado d o r e e q u i p a m e n t p d as ferrovias e d a extensão d are de , c u ida - s e d a atual ização d as t a r i fa s , com o obje t ivo d e n iv e -lá-las, quanto possível , com o a u m e n t o d os cus tos d os serv iços ofe -recidos à c o m u n i d a d e . A s caracterís t icas próprias d os serviços pú-

blicos não de v e m impe d i r r e mu n e ração pro po rc io n a l aos seusc u s t o s .Dadas a s i tuação def ic i tár ia d a maioria d as estradas incorpo-

radas à Rede Ferroviár ia Federal S. A. e a insuf ic iênc ia de ré-

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n -cursos proporcionados pelos Fundos e Impostos, o f inanc iam e ntod os i n ve s t im e n t os p e s a rá f o r te m e n t e sobre a Uni ão , que arcarácom 58% a p r o x i m a d a m e n t e .

b) Rodoviário

A p r o f u n d a alteração que a estrutura d os transportes d o Pais

sofreu no decênio passado, com o t ransporte rodoviário evoluindode uma participação de 41,40/ o do total, no ano de 1950, para61,1%' e ra 1960, números esses que c o n t i n u a m e m a s c e n s ã o , re -

vela uma nít ida dis torção, favorável ao rodoviário, o que se t ra-d u z , na prát ica, por maior procura d os us uár i os , compel i nd oo Governo a con s t ruir novas rodovias fe de ra is e m condições téc-nicas ainda mais apr imoradas e , p r i n c i p a l m e n t e , a pa vi ment a r ase s t ra d a s d e rodagem mai í importantes , sob o p o n t o - d e - v i s t a eco-nômico-social .

Acontece , ent re tanto, que, por fatores vários, vinham sendo

realizados serviços em l (H das 106 e s t ra d a s f ed era i s , o que não

permit i r ia a conclusão, em tempo hábi l , de nenhuma delas , da ir e s u l t a n d o que os re cursos f inance i ros apl icados só se t radu zir iame m benef íc ios para a cole t ividade a longo prazo.

Para a solução d o problema, foi elaborado o Pla no Pre f e ren -cial R odoviário, de s t inado a conce ntrar re cursos f inanc e i ros e mobras de caráter altamente priori tário, cuja conc lus ão t e rá gra nd ein f luência na economia nacional.

No ano passado, a União inves t iu , nes se s e tor , Cr$ 67,6bilhões proveni en t e da Le i de Meios do exercício de 1963, Restosa Pagar d e Exercíc ios Anter iores e Crédi tos Especia i s , a lém d eC r$ 12,9 b i lhões or iundos d o Fundo Rodoviár io Nacional .

O Depa r t a ment o Na c i ona l d e Estradas d e R od a gem rea l i zout rabalhos d e cons erva ção em 37.580 km d e e s t ra d a s , cons t ru i u709 qui lôme tros , pavim e ntou cerca de 1 .000 km e c ons t ruiu 1100m e t r o s d e obras d e arte especiais , a lém d e d es i ncumb i r - s e de o u -tros trabalhos.

Como a f i rma ção d a política d o Governo, no s e n t i d o d e con-cen t ra r e s forços na realização d e tarefas pr imordia i s , foram con-

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c lu íd os , e m 1963, o A n e l Rod ov i á r i o d e B e lo H or i z on t e , a R o d o -via Ri o- B a h i a (BR-4), com 1.275 km de e x t e n s ã o , c o t r e c h o

Porto Alegrc-Pelotas ( B R - 2 ) , com 224 km, todos i n t e i r a m e n t ep a v i m e n t a d o s . .

Dando p r o s s e g u i m e n t o ao Plano P r e f e r e n c i a ] , p r e t e n d e oGoverno realizar, em 1964,os serviços de implantação básica c

m e l h o r a m e n t o s e m 2 . 0 4 6 k m d e estradas e , a i n d a , p a v i m e n t a r1.630 km, d i s t r i b u í d o s pelas principais rodovias , c o n f o r m e o qua-d ro a b a i x o:

B R

25

H1321

22252931

34/16/333537434359

T R E C U O

R i o — SSo Paulo ( 2 . < * puta) . . . . . . . . .

Boqueirão Cesírio —  - Feira de Santaiut

I M P L A N T A Cio

E

M E L H O R A M E N T O S

20

34

54

530J 4

7570

10!)102312

2909583

18575

P A V I M E N T A Ç Ã O

( U m )

S2

97

170

530

14

2030

2G

145

,120r>7

99

55

J á foram rea l izadas as concorrências para a e x e c u ç ã o dessas

ob r a s , que,no p e i í o d o c o m p r e e n d i d o entre 1-7-63 e 15-12-63,foram e m n ú m e r o d e 69 , n o valor d a o r d e m d e Cr $ 4 0 b i lh õe s ,e n q ua n t o , no período c o m p r e e n d i d o entre 15-12-63 e 31-12-63,

foram p ub l i c a d os e d i t a i s d e concorrência para a r e a l i z a ç ã o Id en o v a s t a r e f a s cu jo valor total é e s t i ma d o em Cr$ 36 bilhões . En-

tre as obras de arte especiais salientam-se a Ponte Internacional

B r a s i l - Pa r a gua i , e m F o z d o Iguaçu, cuja c on c lus ã o e s t á p r e v i s t ap a r a s e t e mb r o de 1964; a ponte sobre o rio Paraná, na d i r e t r i zda BR-34, com 2.550 m, e outra ponte sobre o rio P a r a n a í b a , no

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eixo d a BR-H, co m 27 Ü m , ambas co m a conclusão prevista parama r ç o deste ano.

Esse programa, aliado ao plano para 1965, p er m i t i r á a liga-ção de regiões de grande potencial econômico, a do sistema fe-

deral brasileiro ao de outras repúblicas vizinhas e a integraçãoN o r t c - S u I do País, um vez que, até 1965, deverá ser possível o

percurso, por vias complcmentares pavimentadas, d e Uruguaíana,no extremo sul, até Belém, no Estado do Pará.

c ) Hidroviârio

O Governo tem pkna consciência Já importância dos trans-portes hidroviários para a economia nacional e acolhe e examinaqu a i squ e r criticas que, inspiradas por interesses l eg í t imos aindan ão completamente atendidos, exigem maior e f i c iência d a marinham e r c a n t e brasileira.

Entretanto, é forçoso considerar as notáveis alterações pro-d u z i d a s no quadro d os transportes d o País, que r ec l a m a m novaconce i tuação ou m o d i f i c a ç ã o na escala d e valorei, paiu q u e s ef u n d a m e n t e m c om propriedade os esforços e ra prol d a melhoriados transportes hidroviários. De acordo com essa orientação, ura

dos fatos mais significativos que considerar c o da expansão dos

transportes rodoviários, a qual, ao contrário do q u e t em sido af i r -m a d o , nã o ocorreu exclusivamente por def ic iênc ia d o transportehidrovíário e do ferroviário, sendo inegável que essa conjuntura

é irreversível. A navegação d e cabotagem, ainda c om aumentod e produtividade, n ã o poderá recuperar extensa gama d e cargas,obje to a t u a l m e n t e d o transporte rodoviário.

Co mo verificação animadora das perspectivas do transportehidroviár io brasileiro, há que salientar o rejuvenescimento d a f ro tam e r c a n t e . D e fato, com as incorporações d e navios realizadas noúl t i mo decênio, a marinha mercante nacional se encontra moderni-z a d a , e m grande parte, com 80% d a tonelagem representadas porem bar caç õ es de idade interior a 20 anos.

Por outro lado, a existência de uma indústria de construçãonaval dotada de elevada capacidade de produção e de notável

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divers i f i cação assegura esse processo d e renovação d a nossa frotam e r c a n t e ,

Os inves t imentos necessários à e x e c u ção do programa pre -f e renc ia l , conforme as d ire t r izes do Plano T rienal de Dese nvol-v i m ent o Econômico e Social , somam Cr$ 180 bilhões, d os quais85% de s t in ado s à cons trução d e novas embarcações e m estale irosn ac ion ai s . Es t ima- s e q u e , até f ins d e 1965, haverá um a u m e n t od e t o n e l a g e m d e 576,300 tdw.

Em 1963, os estale iros nacionais construíram e entregaram

ao t rá fego se te navios para carga geral e graneis sól idos, numtotal de 46.595 tdw, quase todos incorporados ao Lóide Brasi-leiro. U m a u n i d a d e d e 5.600 tdw, cons tru ída e spec ia lmente parao t ransporte fluvial na A m a z ô n i a , foi des t inada ao Serviço d e N a -vegação d a A m a z ô n i a e A d m i n i s t r a ç ã o d o Porto d o Pará —SNAPP.

NAVIOS I NCORPORADOS A FROTA MERCANTE EM 1963

N o m c Err.prêsa Capacidade(tdw)

NM "BarSo de Mauá" Lóide Bras i le i ro 6.300

M M " B a r ã o d e J a c e g u a i " L óide Bras i le i ro 6.300N M "Barão d o R i o Branco" Lóide Brasileiro 6.175NM "L on dr in a" Ló ide Bras i le i ro 5.860

NM "Már j l i a" • L óide ' Bras i le i ro 5.860

N M "P e re i ra Carn e i ro" Ló ide Bras il e i ro 10.500N M "Cidade d e B e l é m " SNAPP 5.600

N a par t e r e f e re n t e ao transporte d e derivados d e pe t ró l e o .é d ig n o d e m e n ç ã o que foram incorporadas e m 1963 à Frota N a-cional d e Petrole i ros q u a t r o n o v as u n idade s , num total d e37 .0 0 0 tdw . , s e n do d ig n o de n o ta u m su pe rpe t ro l e i ro de 31.000

t o n e l a d a s . A s o u t r a s u n i d a d e s s ã o n av io s e spe c ia l iz ado s no t ran s -

porte de gás l i q ü e f e i t o do pe t ró l e o ( pro pan e i ro s ) .C o n s i d e r a n d o que ainda há mercado para o t ransporte d e

passag e i ro s a longa distância, por via marí t ima ; e , so bre tu do , que

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S C r — . . - . . ,

Esse f e um m e i o d e fomentar o turismo nacional, o Governo enco-m e n d o u a estaleiros estrangeiros 3 (três) navios para essa moda-l i d a d e de transporte, os quais entraram em operação no ano pas-sado. . *--!*? '*".'

Tampouco foi descurada a solução dos problemas de trans-porte regional, que exige embarcações especiais. Assim, para aten-der aos iustos reclamos da pecuária mato-grossense, foram cons-t r u í d o s e estão funcionando, desde o ano passado, três modernosnavios-currais, destinados ao transporte de gado para os grandescentros d e consumo d o Estado d e S ã o Paulo e d o extremo Sul

d a País.

F i n a l m e n t e , considerando a importância social d o transportede passageiros na Baía da Guanabara, para a travessia Rio-Ni-t e ró i , que, no úl t imo ano, se elevou a cerca de 40 milhões de pes-soas, foram construídas nos estaleiros do Arsenal da Marinhaquatro novas barcas para transportar, cada uma, 2.000 pessoas,

c om segurança e conforto, enquanto prosseguem os estudos para

a'solução d e f i n i t i v a .

A p r e c i á v e l também foi o resultado obtido n a recuperação econsertos d e embarcações, mediante reaparelhamento d as of ic in ase instalações de docagem. Em 1963, foram recuperados 5 naviosd e longo curso, 1 2 embarcações para o transporte f luvial na Amr.zônia e na Bacia d o Prata e vários petroleiros d a FRONAPE.Outras onze pequenas unidades auxiliares foram reparadas n os

estaleiros do Lóide Brasileiro e da Companhia Nacional de Nave-g a ç ã o Costeira.

No presente ano, espera-se a entrega ao tráfego de naviose n c o m e n d a d o s aos estaleiros nacionais num total d e 122,9 m il tdw,que representam mais de 60% das encomendas. Nos próximos me-

pés, deverá a frota mercante nacional ser enriquecida com a entra-d a em operação de quatro novos petroleiros, construídos em esta-leiros nacionais, e nove navios, para transporte de cabotagem e

d e longo curso de carga seca e graneis sólidos. A nossa indústriad e construção naval contribuirá ainda, e m 1964, para diversificara nossa pauta de exportação.

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/-brios

A concent ração de fatores de produção nas pr o x i m i dades da

orla , mar í t ima, bem como a a m p l i t u d e do li toral brasileiro, tornouimpera t ivo d a in t egração e d o d e s e n v o l v i m e n t o d a eco no m i a n a-cional a e x i s t ê nc i a de r ed e po r tu á ri a e m co ndiç õ es de e n f r e n t a ras e x i g ê n c i a s d e e x p a n s ã o d o comércio exter ior e d o i n t e r c â m b i oe n t r e as diversas regiões d o País.

Entre tanto , é forçoso reconhecer que o s i s t em a po r t u á r i o nã ote m r eceb i do t r a t am ent o co m pat ív e l com a s ua i m po r t â nc i a . O

notável e rápido crescimento do transporte por vias internas, es-p e c ia lme n te d o t ransporte rodoviário, contr ibuiu para a a c e n t u a -d a q u e d a d a c a b o t a g e m , d aí adv i ndo a e s t a g n a ç ã o d os i n v e s t i m e n -tos e a relativa falta de in t eres se do poder público em revigoraro s i s t ema.

C o ns c i en t e de ta l r e a l i d a d e e d a urgência d a solução d o pro-bl e m a d os portos , o Governo procurou adotar, d e i m e d i a t o , pro-

vidências d e cará ter operat ivo, admini s t ra t ivo e i n s t i t u c i o n a l , parapropiciar as bases da i n f r a - e s t r u t u r a po rt u ár ia co rr e s po nden t e àsno s s as nece s s i dades .

E ' i n e g á v e l , por e x e m p l o , que os baixos rendimentos d o trans-porte hidroviário derivam, em grande parte, da insuficiência e da

i n a d e q u a ç ã o d as ins ta lações por tuár ias . Co m o s recursos consig-nados ao Fundo Portuário Nacional, vas to plano d e real izaçõesfoi organizado pelo Governo, segundo prioridades cuidadosamente

e s t u d a d a s . O r i t mo d e s u a execução padece, todavia, d e ent ravesd e ordem burocrát ica, q u e t ê m d e s e r s u per ado s .

A solução dos problemas portuários não será, portanto, atin-g id a e x c l u s i v a m e n t e m e d i a n t e a aplicação d e vultosos inves t i -m e n t o s . Será nece s s á r i o m o di f i car o r e g i m e d e t rabalho nosportos , para as segurar o f u n c i o n a m e n t o c o n t í n uo d as ins talações ,a t u a l m e n t e n ã o c o m p l e t a m e n t e u ti l iz a d a s , e p ô r t e r m o à sobres tadià

d os navios nos portos . Apenas c om essa providência s e daráimportante pas s o para bene f ic iar , ime diatame nte , a navegaçãome rcante , f i cand o res guardados , ao me sm o t em po, os l e g í t im os

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interesses da classe trabalhadora, graças a novas oportunidades de

e m p r e g o abertas para revitalização dos transportes hidroviários.

O programa que vem sendo realizado por intermédio ou com

supervisão do DNPVN, transformado em autarquia a partir de1963, o que lhe conferirá maior flexibilidade e alcance de ação,prevê a aplicação de recursos da ordem de Cr$ 55 bilhões e US$

13,1 milhões, maior parte dos quais fornecidos pelo Fundo Portuá-

rio Nacional, conforme ficou assinalado, e pelo Fundo de Melhora-

m e n t o dos Portos. A extensão dessa meta, relacionada estreita-m e n t e com o reaparelhamento da Marinha Mercante, é peça básica

do Plano e proporcionará revigoramento do comércio exterior e de

cabotagem.

E m 1963, foram aplicadas na execução dessas obras quantias

da ordem de Cr$ 19,2 bilhões.

Na construção do Póito de Mucuripe,no Ceará, de importância

capi ta l para o escoamento da produção regional, aplicou-se quantia

de mais de metade de um bilhão de cruzeiros, num total previsto de

ci f ra superior a Cr? 1,5 bilhão, e concluíram-se os estudos geof í -sicos de projetado porto de Areia Branca, no Rio Grande do Norte,para dar saída à produção salineira nordestina.

No litoral baiano, estão sendo melhorados os portos de Sal-vador e Ilhéus — este ú l t i m o para atender à exportação de cacau,

principal riqueza do sul do Estado —, e acha-se em construção

ainda o porto de Campinho, para fac i l i tar a exportação do minério

de ferro.

C om o o b j e t i v o de fcmpliar a capacidade de manipular cargade minérios e carga seca, em geral, do porto do Rio de Janeiro,

a APRJ exigiu recursos superiores a Cr$ 216 milhões, dos quais

mais de 85% foram aplicados na construção do parque de minérios

e carvão, com a capacidade para a exportação de 7 milhões de

toneladas anuais.

No porto de Santos, para e l i m i n a r congestionamentos perió-

dicos, causados por falta de instalações adequadas, foi aplicadaquant ia superior a um bühão de cruzeiros. Ampliou-se o cais de

Macuco em mais de 360 metros e adquiriram-se quatro sugadores

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pne um ãt i cos para trigo com capacidade de 150 tone ladas/hora , d e zpara milh o a granel e diver sos equipamentos para movimentação

de carga.Mais de Cr$ 100 milhões foram aplicados em obras portuárias

nos Estados do Sul .

N o corrente ano, o p r o g r a ma d e inves t imentos deverá a t ingirCr$ 26 bi lhões , que deverão provir do Fundo Por tuár io Nacional(45%), do Fundo de Melhoramento dos Portos ( 1 7 % ) e de

verbas orçamentár ias (31%).

Finalme nte , pross e guiu e m r i tm o ace le rado a cons trução dot e r m i n a l exportador d e minér io d e f e r r o d a Ponta d o Tubarão,

próximo a Vitória, o qual, construído por conta da CompanhiaVale d o R i o Doce, deverá absorver recursos avaliados e mCr$ 16 b i lh õ e s , d os quais a parte e m mo e d a e s t r a n g e i r a corres-

ponderá a US$ 10 milhões. A sua capacidade de exportação na

pr imeira etapa será superior a 17 milh õ e s d e tone ladas anuais ,inc luindo-se , portanto, entre os ma io r e s e mp r e e n d ime n to s no gênero,e m todo o m u n d o .

d) Aeroviâno

A par t i r d e 1963, a rede d e n o min a d a "Plano d e IntegraçãoNacional" , que ma n t é m l inhas d e pene tração no in te r ior d o terri-tório brasileiro e serve a mais de quatrocentas c idades , passou a

contar com auxíl ios dire tos, s ob reg ime d e subvenção por quilô-m e tro , tanto para as empresas que funcionam e m l inhas internas,

qu a n to para as que exploram as l inhas internacionais . Além disso,previu-se contribuição financeira para reeqtúpamento. Em 1963,a aviação comercial incluiu, na sua frota, 28 novas unidades H eturbo- jato e turbo-hélíce, a saber : 8 "Caravelle VI-R", 3 "Con-vair 990-A", l "Boeing 707-441", l "Douglas DC-S", 5 "ElectiraII" e 10 "Vicker Viscount". Para possibilitar essa renovação

de equipamento e subvencionar a exploração das l inhas conside-radas comerc ia lmente de f ic i tá r ias , o Governo concedeu à aviaçãocomercial a j u d a no mo n ta n te de Cr$ 18 bilhões .

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Em 1963, foram igualmente intensificados esforços no sentido

do melhoramento e expansão da infra-estrutura aeronáutica (cam-

pos de pouso, aeroportos e serviços de proteção ao vôo). O

"Plano Aeroviário Nacional" apresentado pelo Ministério daA e r o n á u t i c a previu, i n i c i a lme n t e , obras em 70 aeroportos, da maior

importância para o tráfego aéro-comercial e a própria segurança

do País. No ano passado, obras contratadas pelo Ministério da

A e r o n á u t i c a , abrangendo 54 aeroportos, somaram cerca de Cr$ 4

bi lhões e destinaram-se a serviços de terraplenagem, drenagem,

p a v i m e n t a ç ã o , balizamento noturno e diurno e estações de pas-

sageiros.

O Governo continuará a cuidar do reequipamento e renovação

da frota aero-comercial, bem como do melhoramento e expansão

da infra-estrutura, da melhoria da produtividade e da rentabi-

l i d a d e desse meio de transporte, com o fi to de reduzir o montante

das subvenções.

4. Comunicações

Apreciação Geral dos Problemas

De m o d o geral, o setor de comunicações no Brasil ressente-sea i n d a d os tradicionais entraves que d i f icul tam s e u desenvolvimento,

da crônica in suf ic iênc ia de verbas à disparidade dos serviços

prestados, ora diretamente pela União, ora por concessionáriasparticulares, o que tudo gera progressiva deterioração do sistema,

contra a qual o governo vem tomando as medidas mais eficazes.

A s s i m , em 1963, o Departamento dos Correios e Telégrafos

conseguiu, na medida dos recursos disponíveis, atualizar os seus

serviços, inelhorando-cs e estendendo-lhes a rede, que veio a

cobrir maior númer:; de localidades, para o que foram criadas 844

agênc ias postais ein várior pontos do território nacional.Foi dada. t a m b é m , especial importância ã expansão da Rede

Nacional de Telex, ampliando-se as centrais de Brasília, Rio de

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Janei ro e São Paulo e a u m e n t a n d o - s e o n ú m e r o de canais que asl i g a m .

Essa e x p a n s ã o d o Serviço Nacional d e Telex, com as m e s m a star i fas , t eve um a u m e n t o d e . r e n d a que vai de 84 milhões d e cru-zeiros, e m 1962, para 151 m i l h õ e s de cruzeiros e m 1963, sendo,n a A m ér i ca L a ti na, a que ma i s ra p i d a ment e s e d e s e n v o l v e .

E x p a n d i r a m - s e as a t i v i d a d es d a t e legraf ia públ ica , t endo-semelh ora d o as condições de t rá f ego do t recho Rio-São Paulo e pre-parado as condições para o funcionamento , no ano em curso, d ot r ech o São Paulo-Curi t iba . Outras medidas foram tomadas , como

obras civis , aquis ição d e equipamento, ins ta lações d iversas , noNorte e nc N o r d e s t e , n um pla no na c i ona l d e racionalizar e tornarmais e f i caz esse importante serviço.

Sistema de Telecomunicações

As t e lecomunicações , implantadas de mod o d es cont ínuo es e m observ anciã d os precei tos d a técnica, não compunh a m verd a -deiro s is tema nacional. E' que as concessões para exploração dosserviços eram f e i t a s por podêres diversos, s e m u m a política orien-tadora d a formação d e u m a rede nacional d e t e l e f o n i a .

Nos serviços telegráficos a s i tuação é mais grave: a pes a rd e s e m p r e te r e x i s t i d o um único poder concedente , a U n i ã o , apolí t ica seguida e ra ainda mais prejudicial aos interesses d o País.D e u m lado, oferec ia - se a empres a s pr i va d a s — todas estran-

geiras — a exploração d os ci rcui tos que, l igando os centros d emaior desenvolvimento sócio-econômico, proporcionam ót imasco ndi ç õ es d e l ea t a b i l i d a d e , enqua nt o , d e outro, s e en t r ega va aoórgão es ta ta l . Departamento dos Correios e Telégrafos , a explo-ração d as l i nh a s d e penet ração, def ic i tár ias por natureza , conde-na"do-se a q u e l e ó rg ã o a um avi l tamento progress ivo.

Provi d ênc i a s d e s conexa s e ra m t oma d a s . Para e s t u d a r oassunto, nomeavam-se comissões , que todas encontravam as m e s -

m as d i f i c u l d a d e s , apontando em seus re la tór ios a inexi s tência deum a polít ica nacional d e te lecomunicações , a lém d e mult ipl ic idaded e órgãos, no plano f e d e r a l , no e s t a d ua l e no m u n i c i p a l .

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C om o advento do Código Brasileiro de Telecomunicações,

— Lei n9 4.117, de 27 de agosto de 1962 — que estabeleceu uma

política e criou um órgão apto a executá-la e f i scal izá- la , o

Governo iniciou as providências para solução de tão magnoproblema.

Assim é que organizou o Conselho Nacional de Telecomu-

nicações, tendo-lhe baixado d i r e t r i z e s para que, com urgência,

f o s s e elaborada a regulamentação da lei e estabelecidos critérios

tarifários, que, assegurando economia na execução dos serviços,

p e r m i t i s s e m , não só a sua ef icác ia , como também a sua expansão.Como tarefa preferencial, aprovou ainda o Plano Nacional de

T e l e c o m u n i c a ç õ e a , oferecendo ao País, pela primeira vez, instru-

m e n t o capaz de promover a integração nacional por i n t e r m é d i o da

c i rculação rápida da i n f o r m aç ã o e da cultura.

Não teria sentido, no entanto, a aprovação do Plano, se oGoverno não diligenciasse a e f e i t o de criar os me i os capazes

d e permitir a sua implantação e exploração, que foram consubs-tanciados na aprovação do R e g u l a m e n t o do Fundo Nacional de

Telecomunicações e na constituiçãoda Empresa Brasileira de Tele-comunicações (EMBRATEL).

O ano de 1963 constituiu-se, pois, em notável marco no setor

das telecomunicações, graças à criação da EMBRATEL.No corrente ano, o Governo iniciará, por intermédio do Con-

selho Nacional de Telecomunicações e da EMBRATEL, a exe-

cução do Plano Nacional de Telecomunicações — conjunto de

medidas capazes de dotar o País de um Sistema Nacional de Tele-

comunicações integrado, apto a promover e estimular o desenvolvi-mento da indústria nacional de telecomunicações e concorrer para

a formação do pessoal especializado indispensável à implantação,

f un c i on a me n t o e manutenção do Sistema.

B) AGRICUtTUiRA

l. Comportamento geral do setorA economia brasileira vem experimentando, nos últimos

anos, sensível m o d i f i c a ç ã o de estrutura, particularmente a partir

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d e 1950, o que se t r a d u z i u no r i tm o be m ma i s i n t ens o d e e x p a n s ã odo se tor indus t r ia l , de ixando de ser o se tor agr ícola a principal

fonte d e s u p r i m e n t o d e mercadorias ,A preços cons tantes d e 1949, as at ividades agropecuár ias

r e p r e s e n t a v a m , e m 1950, cerca d e 2 7 % d o prod ut o interno, e n-quanto o produto gerado no se tor indus t r ia l correspondia a

23% d o to ta l . No ano de 1960, as at ividades d o setor agrícolarepres en t a va m 2 3 % d o produto nacional , ao passo que os b ensoriginários d a indústria part icipavam c o m 33% do total.

A ação governamental te m s ido deci s iva no s en t i d o d e m a n t e ro r i t m o d e cre s c i ment o d n p a r q u e m a n u f a t u r e i r o e m e s m o d e e le -vá-lo, com as providências d e longo a lcance no campo energét icoe d o s t ra ns por t e s , v i s a nd o à associação d e recursos es ta ta i s epr i va d os pa ra empreend i ment os n o setor d e indús t r ias d e base.

P , ind i spensável , porém, que, a par das m e d i d a s que ob je t i -vam o desenvolvimento indus t r ia l , t race e e x e c u t e o Poder Públ i -

co uma polí t ica d e expansão e modernização d a agricul tura , e le -vando-se a sua produção e a prod ut i v i d a d e desta a níve i s compa -t íveis c o m o c r e s c i m e n t o d a população, o a u m e n t o d a r end a i nd i -vid u a l e d a d ema nd a cre s cen t e d a i nd ús t r i a — fa tores d e expa ns ãod a procura i n t e rna .

A r e d u ç ã o nos e fe t ivos d a mão-de-obra agrícola, cujo exces-s o d e v e t r a n s f e r i r - s e para as fábr icas e múlt i p la s a t i v i d a d es urb a -nas , acompanhada d e melhor t ecnologia nos processos cul tura i s

e modernização gera l d a a gr i cu l t ura , faz parte d o d e s e n v o l v i m e n -to econômico. N a rea l idade, esse fenômeno, corolár io d a i n d u s -trialização, n ão se vem observando na atividade agropastoril, ve -r i f i cando - s e , ao contrário, r i tmo m ui to l ento d e e x p a n s ã o nas ati-v i d a d e s d o ca mpo e , até, a es tagnação e m d e t e rmi na d a s á rea s , oque s igni f ica não estar o setor agrícola respondendo, na m e d i d aneces s ár i a , ao es forço nacional , que f ica, ass im, incompleto, provo-

cando graves t ensões econômicas e sociais.A o progresso d o meio urbano pela expansão d as indús t r ias

e criação d e novos empregos nas diversas a t ividades , acompanha-

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do de legislação trabalhista que procura aperfeiçoar-se no atendi-

m e n t o das justas reivindicações dos trabalhadores já s i n d i c a l i z a -dos e aptos a defender seus legítimos interesses, corresponde uma

agr icu l tura que, de modo geral, permanece atrasada em seus pro-

cessos de produção.

O f u n d a m e n t e ; da questão agrária nacional reside, em grande

parte, na defeituosa distribuição de terras, f ruto do processo his-

tórico que reteve, em poucas mãos, a maior parte das terras culti-váveis próximas aos grandes centros consumidores. Dissemina-se

no m e i o rural brasileiro, de ura lado, o l a t i f ún d i o ocioso ou produ-

tor exclusivo de culturas de exportação, quase sempre em regime

de baixa produtividade, e, de outro, milhares de pequenos estabe-

lecimentos constituídos por posseiros ou simples ocupantes de terra,

sem q u a l q u er garantia ou estímulo para o seu trabalho, caracteri-

zados, uns e outros, por formas retrógradas de exploração agro-

pastoril.

Constitui rara exceção, no m ei o rural, a propriedade famil ialde alta produtividade, dedicada a culturas alimentares, com o em-prego de técnicas modernas e onde u s u f r u a m o proprietário e de-

m a i s moradores padrões de conforto, possibilidades de desenvol-vime n to , cu l tura , e melhoria de condições sanitárias, p r óx i m a s àsque já se oferecem aos brasileiros residentes no meio urbano.

Os resultados do Censo de 1960 revelam o agravamento dos

d e f e i t o s da estrutura fundiária do país no úl t imo decênio, indican-

do a tendência para diminuição do número de propriedades det a m a n h o m é d i o , que se vêm f r a g m e n t a n d o e a conservação de es-

tabelecimentos de grandes áreas improdutivas.

A l é m disso, o ritmo de c r e s c i m e n t o do setor agrícola tem

sido continuamente influenciado por outros fatores negativos,

agravados pela irregularidade climática que a fa l ta de tecnologia

adequada impede de controlar ou atenuar. Em 1961, o cômputo

global da expansão agrícola revelava a taxa de 5,1% em relação

à safra anterior. No ano de 1962 assinala-se crescimento qua-

se nulo.

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A precariedade dos meios de informação e a falta da coin-cidência do ano agrícola nas diversas regiões e e m relação às sa -fras d os diferentes produtos dificultam o conhecimento exato d e

como s e comportou o quantum d a agricultura e m 1963, causandocarência d e dados com os quais s e possam f a z e r observações s e -g u r a s . Entretanto, as i n f o rm aç õ es pre l i m i nar e s sobre as safras d ea lg u ma s lavouras autor izam-nos a af i r m ar n ão t e r havido nesseano de 1963qualquer expansão da produção agropecuária que seex pr e s s e e m t e rmos s igni f icat ivos .

Entre os demais fatores impedi t ivos d o cr e s c i m en t o d a agri-

cul tura, cita-se, por sua r e l ev â nc i a , o m e c a n i s m o d e comerciali-zação d os principais produtos agrícolas, dominados por grupos d eespeculadores que,além d e forçarem cons tantemente a alta d ospreços pagos pelo consumidor, cr iando "s i tuações d e escassez"

art if iciais , apropr iam-se d as vantagens advindas d a exacerbaçãod a d e m a n d a , as quais deveriam const i tuir o e s t í m u l o - n a t u r a l para

a reorganização das at ividades rurícolas em escalas compatíveis

com as m u t aç õ es d os m er cado s que as i n f lu enc i am .

PRODUÇÃO A G R O P E C U Á R I A — "QUANTUM"

(1953 — 100)

ESPECIFICAÇÃO

— Cafí.

— O u t r a s . . . . .

— Total

1959

128 8

130 1123 6

146 1

154 S129 8167 9

133,2

1960

13 4 8

138,2118,3

148,2

146,4

119 2

145 2

138,4

1961

1 4 4 , 8

143,6154,1

160 9

150 6113 B161,8

146,0

1962

147, S

146,1156,9

• 159,9

.134,6120,8181,5

150,9

Fonte: Fundação Gefúlio

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90 —

2. Produção agropecuária

Produtos Alimentares

O programa agrícola que vem sendo pos to e m prática peloGoverno visa, basicamente, à e x pan são das c u l t u r as a li m e n t ar e s ,por m e io d e m e didas c o nc re ta s no campo d o crédito agrícola e d af ixação d e preços mínimos compensadores , que se d e v e m r e a j u s t arpelos índices de desvalorização da moeda, a f im de e s t imular oprod ut or e contribuir para o a u m e n t o d a produção. E m c o mpl e -m e n t o a e s s a s m e d i d a s , tem procurado o Governo adotar provi-dências de largo alcance nos se to re s d a m e c a n i z a ç ã o rural , d apesquisa e experimentação agrícola , poss ibi l i tando melhorar atecnologia das atividades rurais ,

A p r o d u ç ã o a l i m e n t a r não vem a u m e n t a n d o e m proporçãosuf ic ien te para a t e n de r à de man da . - Entre 1953 e 1962, acusouum a u m e n t o d e 46%. N o m e s m o p e r í o d o , o c re sc ime n to v e g e ta -tivo d a população at ingiu 28% {taxa média anual d e in c re me n -

to d e m o g r á f i c o de 3,1%), e n q u a n t o a r e n d a ind ividual e x p e -r imentou a u m e n t o de c e rc a de 30 %. T o man do-se po r base u mcoef iciente d e e l a s t i c idade - re n da igual à u n idade ( m aior procurad e d e t e r m i n a d o s a l i m e n t o s e m função d o a u m e n t o d e r e n d a pe rcapita), e t e n do - s e e m v i s ta o s re f l exos da e l evação da renda indi -vidual no a u m e n t o d o c o n s u m o d e largas camadas d a população,verif ica-se ter s ido insufic iente a oferta no período citado.

Os dado s pre l imin are s r e f e re n t e s à safra de 1963 não são, demodo geral , sat isfatórios. A pro du ção d e arro z e x pe r ime n to ua u m e n t o d e 8 % e m relação ao ano de 1962; a produção d e milhoa c u so u in c r e me n to d a o r d e m d e 7% , e n q u a n t o a d e fe i jão a u m e n -tou de 3%. A produção de t r ig o re du z iu - s e de 16%.

N o cômputo global da produção a l imentar ver i f ica-se cresci-m e n t o de 3,7%.

Daí o acerto de conceder-se especial atenção aos produtosque c o n s t i tu e m a base al imentar da população brasileira, não sóe s t imu l an do o plantio em novas áreas e proporcionando meios

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para o aumento da produt iv idade , como também procurando e l i -m i n a r os desperdíc ios re sul tantes d as d i f i c u l d a d e s d e t ran spo r t e ,além de o rg an iz ar a c o me rc ial ização de m o do qu e s e an u l e m as

especulações verificadas no comércio dos principais produtos.

Matérias-primas

A pro du ção d e matérias -primas te m e x p e r im e n t a d o a um e n t osuperior ao regis t rado para os prod utos al im e ntares. Entre 1953e 1962, notou-se um a e x p a n s ã o d e 56,9%, e m relação ao quan-

tumd o

pr ime i ro ano , c o rre s po n de n tea um

in c re me n to mé d ioanual de 5,7%.

Não obs tante esses dados globais , no que toca a a l g u m a sma t ér i a s -pr i ma s de importânc ia capi ta l no suprim e nto de nossai nd ús t r i a , o volume d e produção obtido não é sat isfatório.

Algodão — A produção d e algodão, que nos úl t imos anoss o f r e u acentuada crise , mostra tendência à recuperação, t endo al-

c an çado e m 1963 o volume d e 1.933.000 tone ladas , o que reve lap e q u e n o a u m e n t o e m relação ao ano anterior,

Borracha — A produção de borracha, em 1963, situou-se emtorno d e 4 4 .24 0 to n e l adas , d as quais apenas 3 6 % d e borrachana t ura l {pouco mais d e 16.000 to n e l adas ) .

Co mo s e v e m prevendo, a borracha natural entra e m s u afase d e decl ínio, malgrado os esforços desenvolvidos e m favor d a

h eve i cu l t ura .

Outros produtos — Outras matérias -primas vege ta i s , ta i s•como a ju ta e a l g u mas s e me n te s o l e ag in o sas , de mo n s t ram tendên-c ia à e x pan são , e mbo ra o s v o l u me s pro du z ido s v e n ham c re sc e n doe m r i tmo infer ior às reais possibil idades d os m e r c a d o s .

Produtos de Exportação

A política seguida no se tor d a exportação te m procuradoe x p a n d i r o comércio exterior pela conquista de novos mercados.

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atenta, ao mesmo t empo, à necess idade de diversificação dos pro-d ut os exportáveis.

Café — N o tocante ao café, que cont inua sendo a principalfonte d e divisas com que conta o País, vêm-se envidando esforços,no s e n t i d o de ajus tar a produção às possibil idades dos mercados c

de evitar-se o desper d í c io de recursos reais, m e d i a n t e a racionaliza-ção da lavoura cafee ira .

O plano inicia] do Grupo Execut ivo da Racionalização da

Cafeicul tura — GERCA — visa a e l iminar cerca de 2 bilhões

d e cafee iros antieconômicos e ao replantio, e m bases racionais,de 500 milhões d e p é s d e café, prosseguindo com a f ixação dequotas ind ividuais de produç ão, renovação dos c afezais remanes-

cen te s e divers i f icação de cul turas nas áreas l iberadas,

Cacau — Quanto à produção de cacau, atua o Gover noa f im de desenvolver os trabalhos para o incr emento dessa cul -tura e obtenção de maiores rendimentos por área cultivada. In-

t ens i f i ca - s e a pesquisa para o melhoramento genét ico e resoluçãod os pr oblemas d e fisiologia e nutrição d a planta, adoção d e méto-d os cul turais mais adequados e melh or e s processos d e benef ic ia -m e n t o e industrialização do produto.

Além disso, preocupa-se o Governo e m ativar por outrosmeios o desenvolvimento sócio-econômico d as áreas cacaueiras,tendo, para esse e fe i to , rees t ruturado a Comissão Executiva de Pro-

teção à L a vou ra C a ca ue i ra ( C E P L A C ) .

Açúcar para exportação — No setor da economia açucareíranacional regis t rou-se acontec imento dos mais importantes , em1963: foi a conclusão, pe lo Ins t i tu to d o A ç ú c a r e d o Álcool, d ose s t u d o s p e r t i n e n t e s à ampliação da capacidade de produção de

açúcar instalada no País, est imada hoje e m 61,8 milhões de sacas

d e 60 kg e que deverá elevar-se ao nível de 100 milhões de sacasna safra de 1970-71. O incremento previs to, de 38,2 milhões, és u f i c i e n t e para assegurar a sat i s fação da c r e s c e n t e d e m a n d a in-t e rna, que, segundo as projeções, deverá at ingir a 80 milhões d e

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PRESIDÊNCIA D A REPUBLICA

, B I B L I O T E C A _ 9 3

sacas em 1971. I sso permit i rá um consumo médio per capita d e48 kg c proporcionará, ainda, um volume d e 2 0 milhões d e sacas,•correspondentes a 1,2 milhão d e toneladas métr icas , que s ignif icara

a p r e s e n ç a d o Brasil no mercado internacional d o p r o d u t o .Madeiras — No a n o passado foram exportados cerca d e

330.000.000 d e p 2 d e pinho serrado, no montante aproximado d e36 milhões d e d ó l a r e s , ü plant io real izado n os diversos parques•d o Inst i tuto Nacional do Pinho total izou 5.266.560 pés , com árear e f lo r e s ta d a d e 1.100-9 5 0 h ec tar e s . N o mesmo exer c í c io foi rea-l izada uma prospe cção das poss ibi l idades da com e rcial ização das

madeiras amazônicas , e sperando-se , ass im, disc ipl inar a produçãoregional, d e f e n d e r os preços e f o m e n t a r as vendas para o exter ior .

Mate — A s exportações d e mate r epr e sen tar am o volume d e51.297 toneladas , n o valor aproximado d e C r $ 8.376.160,00.

O ano de 1963 foi para a economia ervateira um dos maisgraves d e sua história, não 'só em vir tude d o decr é sc imo ve r if i cadono consumo Interno, como também em razão do agravamento da po-

sição d o produto nos chamados mercados tradicionais, cu jas pers-pectivas d e melhor ia s ão remotas.

O Ins t i tu to Nacional d o Mate realizou um programa d e a s -s i s tência ao produtor e c i sc ip l inamento d os negócios d e exporta-ção, Foram , aind a, inte ns ific adas as operações d os c a m p o s , dp.s e m e n t a g e m e experimentação agrícolas, para seleção e forneci -m e n t o d e m u d a s d e s t i n a d a s ao replantio, e mant ida a política d eret i f icação dos ervais nativos, com o fim de t r ans for má- los e mervais plantados, s e m a incidência d e outras espécies vegetais ,que dif icul tam as operações d e colheita.

Pecuária :'.. .

O s dados d o Censo Agr ícola d e 1960 (Quadro) demonstramum a expansão na população bovina, relat ivamente aos algarismosdo censo anter ior, d e cerca d e 20% (55,7 milhões d e cabeçascontra 49,9 m i l h õ e s ) , com um r i tmo médio d e cr e sc imento be minferior ao da população humana, o. que agrava a tendência ao

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desequi l íbr io e n t r e d e m a n d a e o f e r t a d a produção d e origem,animal.

BRASIL POPULAÇÃO BOVINA

1950 — 1960

REGIÕES FISIOGEÁFICAS

Norte . . ,

Leste . .

Sul. .

BRASIL

ANO DE 1950

1.031.5605.560.625

16.366.83916.901.249

7.041.135

46.891.208

ANO DE 1960

1.228.S406.424 038

18. 860 04518.663 980

10.396 050

55. 692. 653

Fonte: Serviço Nncionftl do Reccnsearoento.

Tendo s ido o decênio caracterizado por for te mudança es-t ru tural d a economia brasi leira , com elevação progress iva d a ren-da, é fáciJ atribuir-se a ocorrência, no p e n o d o d e u m a maior pres são

sobre o consumo de carnes, rorçando o a ument o da taxa ded e s f r u t e d os r eb a nhos , a o me s m o t empo que o c onh e c i m e nt o d area l idade nos dá conta de que não houve melhoria s ignif icat ivad e prod ut i v i d a d e no cômputo global d a pecuária nacional.

A cr i a ção d e a n i ma i s d e menor porte n ã o t e v e u m i n c r e m e n t ocapaz d e gerar um a ofer t a e m volume bas tante para i n f l u e n c i a r omercado pela substituição da carne bovina, A suinocultura con-t inua d ed i ca d a ma i s e s pec i f i ca ment e à prod ução d e b a n h a e o re -b a n h o ovino te m rra ior expressão no sul do País, o n d e é explora-d o para obtenção de lã.

Para os anos de 1962e 1963, as es t imat ivas da populaçãobovina s ão contradi tórias , não oferece nd o s egura nça os s e u s d a d o s .Entretanto, seria de incontestável bom senso admit i r a persistên-cia d as condições observadas no per íodo entre os censos d e 1950e 1960. As campanhas para debelar a af tose e outras molést ias

tiveram in tens i f icação r ecen t e d ema i s para apresentar resul tadosposi t ivos. Quanto aos programas d e renovação d e plante i s e m e -lhoria de ferragens, concentram-se apenas nas bacias leiteiras dos

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maiores centros d e c o n s u m o , a f im de a t e n u a r a carência d e í e i telocal.

O d esen volvimen to d a a vicul tura , con qua n to a vul t e em a lgu-

m as regiões , te m e x p re s s ã o l i m i t a d a , q u a n d o c o m p u t ad o e m t e r m o sglobais

A V I C U L T U R A — N Ú M E R O D E A V E S — ( 1 ,0 0 0 c ab e ça s )

ANOS

1968

1959

19601961

1962

GALINHAS

97 557

100 774

106 297

112 802

119 523

FRANGOS

63 414

66 099

69 OB9

73 016

78 26S

TOTAL

160 971

166 873

175 386

185 818

197 791

Fonte: Serviço de Estatística da Produç-Üo.

Observando-se o i n c r e m e n t o d a produção d e l e i te , nos úl t i -m os anos , tem-s e , igualme nte , conclui- se pela exis tência d e u m ao fe r ta r e la t iva me n te r ígid a , que n ão vem corre sp on d e n d o à evo-

lução d a d e m a n d a , ap e s a r d os e s forços govern a men ta i s no s e n t i d od e in crem e n tá - la. Part in d o- se d e 1960 com uma produção de4,9 b i l h õ e s de l i tr os , t e m o s , e m 1961, 5,07 bilhões e , em 1962, 5,30bilhões.

3. Estrutura agrária

A Posse e Utilização da Terra

N ã o s e p od e n ega r a es tre i ta dependência e m q u e s e achaa con t in uid a d e d o p rocesso d e d esen volvimen to n a c ion a l d a ' r e s -posta que o setor agrícola possa dar às muta ções que se vão ope-rando na economia, A p a r disto, evidencia-se a impossibil idaded e ativar a d in a miza ção d a agricultura brasileira s e m corrigir adefe i tuosa estrutura fundiár ia que lhe serve d e base,

A regra gera l , e m tod a s as r egiões d o País, é a elevação d aconcentração terri torial , s e m adequado aprovei tamento d a terra.O a c e n t u a d o a u m e n t o no n ú m e r o d e e s ta be l ec imen tos agrícolas.

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no decênio 1950/60, verificou-se sem atingir a grande proprieda-de ou reduzir sua elevada extensão territorial. Em algumas ré-

giões observou-se até aumento no grau de concentração.

E m 1950, havia no País 2.604,642 estabelecimentos agríco-las que ocupavam uma área de 232 milhões de hectares, ou 27%

do território nacional. Em 1960, elevou-se para 3.349.484 oseu número e a área para 265 milhões de hectares, o que s ign i f icaa i n d a reduzida ocupação d a superfície nacional, ou sejam 31,2%.

Apenas 2,2% do número total de estabelecimento (74.000,e m números absolutos), com área igual ou superior a 500 hecta-

res abrangem 58% da superf í c i e agrícola total do País, ou sejam154 milhões de hectares, num total de 265 milhões.

Verifica-se, também, q u e e m nossos estabelecimentos d e ele-vada extensão, a área cultivada corresponde a 3,5% apenas daárea total. Ainda levando-se em conta a parcela de terras re-

servadas a pastagens, geralmente f racas e de baixa produtividade,e v i d e n c i a - s e elevado índice de ociosidade da terra.

Reforma Necesfária

A política do Governo, quanto ao programa agrário, visa fun-d a m e n t a l m e n t e a faci l i tar o acesso ã terra pelos l eg í t imos produ-tores. Milhões de brasileiros não tiveram ainda oportunidade decultivar suas próprias terras, num país de tão vasta extensão.

A correção das anomalias da estrutura fundiária nacional,

originada de obsoleta concepção do direito de propriedade, faz-sem i s t e r seja iniciada com urgência, pois, além de constituir pontode estrangulamento que impede a rápida dinamização da produçãoagrícola, causa mal-estar social capaz d e assumir proporções im -previ s ívei s , na medida em que a explosão demográfica, principal-m e n t e nas áreas mais subdesenvolvidas, aumenta a pressão pelaposse da terra, como meio de sobrevivência.

Impõe-se, assim, a Reforma Agrária, e, para isto, necessário

se torna dotar o poder público de instrumentos legais que lhe per-mitam executá-la, e m bases objetivas e a custos compatíveis coma conjun tura sócio-econômica nacional.

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O a r g u m e n t o d e q u e s e pod e r ea l i za r a R e f o r m a A g r á r i a c omas t erras públ icas não r e s i s t e ã m a i s s i m p l e s análise. Excluindo-seas t e r r a s v i r g e n s , e p r e s e n t e m e n t e i n a p r o v e i t á v e i s , d a r eg i ão a ma -zônica ou do Centro-Oeste, ond e não se encont ra m as condiçõesm í nim as para a rea l ização d e projetos d e colonização acompanha-d o s d a i nd i s pens áve l a s s i s t ênc i a t écn i ca ao prod ut or , nã o dispõeo poder públ ico d e mais d e 5% d as t erras agr ícolas d o país , inc luí-das as da Uni ão , as dos Estados e as dos M uni c íp i os .

Providências adotadas

E n q u a n t o o Congresso Nacional nã o o f e r e c e os i n s t r u m e n t o slegai s adequados para a rea l ização d a R e f o r m a Agrár i a , o Poder

E xecut i vo ve m a d o t a n d o um a série d e provi d ênc i a s , por i n t e r m é -d io d a S u p e r i n t e n d ê n c i a d e P ol ít ic a A g r á ri a ( S U P R A ) , m e d i a nt ea ut i l ização d o p o d e r d e d es a propr i a ção nos t e rmos e m q u e legal-ment e está investido. Dentro dessa limitação, foi concebida a pro-vidência d e desapropriar t errenos rura i s m al aprovei tados , e m torno

d e es t radas , f errovias e a çud es púb l i cos .

A s providências ora em curso incluem a e x e c u ç ã o d e progra-m as prepara tór ios e m t erras d i sponívei s , para a sua dis t r ibui -ção a lavradores s e m t e r ra , o f e recend o- s e , ao m e s m o t e m p o , umm í n i m o d e ass i s tência , por m e i o d e progra ma s e s pec í f i cos d e c o m e r -cialização, s indicalização rural, a lfabet ização e t r e i na ment o . ;

ii

Procedeu-se ao l e v a n t a m e n t o d as neces s i d a d es i med i a t a s d osNúcleos Colonia i s , Postos d e Migração, Imigração e Hospedar iasd o a nt i go Ins t i t u t o Na c i ona l d e Imi gra ção e Colonização e ulti-m a m - s e as m e d i d a s d e ema nc i pa ção d e diversos núcleos coloniais ,com en t r ega aos colonos d os respect ivos t í tulos d e propriedaded as terras que ocupa m. E m dezembro d e 1963, foram outorgadas2.000 escr i turas def ini t ivas .

Vi s a nd o a lograr a mobilização total d os r ecurs os d i s poníve i s ,foram celebrados convênios entre a SUPRA e as Forças Arma d a s ,m e d i a n t e os qua i s s e e s t a b e l e c e u a part icipação destas nos progra-

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carência de muitos serviços para os quais a SUPRA não está apa-

relhada.Merece particular referência pela sua significação social e

econômica o trabalho que vem sendo realizado pela SUPRA em

duas áreas recentemente desapropriadas: Imbé, no Município de

Campos, e Fazenda Florestal, em Paracambi. Essas desapropria-

ções foram motivadas por grave comoção social nas respectivas

r e g i õ e s , o que obrigou a imediata ação do Governo.

Organização do Trabalho Rural

A incipiente organização social da massa de camponeses vi-

nha-se constituindo em fator propício às agitações, pois, ignoran-

te das causas reais de seus males, tornava-se presa fáci l das pre-

gações demagógicas. Ademais, dificultava o aproveitamento ra-

cional da força de trabalho da população rural ativa, favorecendo

a exploração desumana do lavrador sem terra, mediante proces-

sos espoliativos que repugnam à consciência de j u s t i ç a do povo

brasileiro.

Estatuto do Trabalhador Rural — Antiga reivindicação, o

Estatuto do Trabalhador Rural foi, af ina l , promulgado pela Lei

n? 4.214, de 2 de março de 1963. Após cuidadosos estudos, a

lei foi regulamentada pelo Decreto n' 53,154, de IO de dezembro

do mesmo ano. Tão auspicioso evento dará ao trabalhador ruralos direitos e vantagens da previdência social, assegurar-lhe-á salá-

rio mínimo, jornada de 8 horas, férias, etc.

Sindicalização Rural — O Poder Executivo acompanha com om á x i m o interesse o movimento de sindicalização no meio rural, que

se desenvolve "ím todo o País. Cabe estimulá-lo na defesa dos

interesses dos trabalhadores do campo, em harmonia com a política

de proteção às legítimas reivindicações dos que trabalham.

Mediante esforços comuns, do Ministério do Trabalho e Previ-

dênc ia Social e da SUPRA, conjugados na forma de convênio, me-r e c e r a m , já, exame e aprovação os processos de reconhecimento de

nada menos de 1.177 sindicatos de trabalhadores rurais, e 40 de

trabalhadores autônomos do campo.

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i4. Pesquisa e experimentação j

O Mi n is t é ri o da A g r icu l t u ra v em a t uando em a lg u ns pro j e t o s ,

que envolvem es tudo da produt iv idade de d iversas cul turas , de f er -t i l izantes d o solo, irrigação, controle e res i s tência a pragas e d o e n -ças, produção de sementes selecionadas básicas, seleção e melho-r a m e n t o de an imais produtores de carne , l e i t e , lã e ovos. l

E' de pôr em relevo, a inda, que , para comple to conhe cim e ntod os solos no terr i tório nacional, es tão já concluídos os l e v a n t a m e n -tos pedológicos dos Estados do Rio de Janeiro, Guanabara, SãoPaulo, desenvolvendo-se esse trabalho, atualmente , nos EstadosIde

P e r n a mb u c o , Mi nas Ger a i s e R io G r a n d e d o Sul.R es u lt ado s e x per i m e n t a is po s it iv os já foram o bt i do s . A t u a l -

m e n t e , 90% das áreas canavie i ras dos Estados de São Paulo | eRio de Janeiro são cobertas com variedades obtidas na EstaçãoE xp e r ime n ta l d e C a m p o s { R J ) , as quais já desper tam invulgar in -teresse e m outras regiõe s canavie i ras d o país e a t é d o ex t e r i o r . D et r igo, foram of e r e c i d a s aos plantadores 1 0 novas var i edades c omboas característ icas agronômicas, sobretudo de resistência a doen-

ç as . A lém d i s s o , já se dispõe de clones de cacau que apresentamp r o d u t i v i d a d e a t é 10 v ez e s m ai o r q u e a s p lan t as co m u ns .

5. Incentivos à produção j

Fundo Federal Agropecuário

A cr i aç ã o do Fu ndo Feder a l Ag r o pecu á r i o pe la Le i D e leg adan' 8, de 11 de outubro de 1962, veio diminuir as di f iculdades or ig i -nadas pela corrente inoportunidade com que é possível liberar asverbas neces sár ias ao f inanc iamento de projetos do Minis tér io daA g r i c u l t u r a . Pe la adm i n i s t r aç ã o do Fu ndo Federal Ag r o pecu á r i otêm s ido examinados diversos projetos essenciais ao desenvolvi -mento agropecuário, de aplicação em todo o território nacional;e,d i r e ta o u i nd i r e t am e nt e , r e lac i onados co m a e x pans ã o das cu l t u r asa l ime n ta r e s e c o m o a u m e n t o d a produt iv idade agr ícola e m g er a l .

Enco nt r am - s e e m início d e execução projetos d e de s env o lv i -m e n t o agropecuário, elaborados pelo Ministério da Agricul tura,

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100 —

r e f e r e n t e s ar Motomecanização Agrícola, que visa incrementar aformação d e p a t r u l h a s m e c a n i z a d a s e m todo o País, para atenderd i r e t a m e n t e aos agricultores, aproveitando os e q u i p a m e n t o s já pro-

duzidos pela indústr ia nacional ; Campanha contra a Febre Aftosa,cujo objet ivo é e s t a b e l e c e r as medidas nece s sár ias ao controle dessa •grave doença do rebanho; Produção de Sementes e Mudas, insti-tuc ional izando a p r o d u ç ã o d e s e m e n t e s e m u d a s m e l h o r a d a s e mto do o terr i tório nacional; Erradicação -do Can cro Citrico no s Es-tados do Paraná e Mato Grosso, que t em por f im e l iminar doença

gravís s ima d as plantas cí tr icas, pela primeira ve z ass ina lada noBrasil; Pesquisa Agrícola, d e s t i n a d o a es tabelecer e m a n t e r as bases

para o a u m e n t o d a produção d e a l i m e n t o s ; Desenvolvimento daTriticultura, que e s tudar á e adotará as m e d i d a s que se tornaremn e c e s s á r i a s para a s o l uç ã o a d e q u a d a d os problemas d a lavoura d ot r igo e m nosso País; Melhoramento do Gado Leiteiro, com a f ina-l idade d e fom e ntar a produção d a pecuár ia l e i te i ra , a médio prazo,m e d i a n t e a melh or ia de p a s t a g e n s , da produção e conservação de

f e r rag e n s e d a general ização d e algumas pr á t i cas aper fe içoadas d e

ma n e j o ; Pesquisas Zootêcnicas e Veterinárias, para d i n a m i z a r eampliar as pesqui sas e exper imentação de s t inadas a melhorar a

produt iv idade d os rebanhos nacionais .

Os projetos acima relacionados, e outros dest inados ao desen-volvimento agrope cuár io n acional , pre vêm a util ização d e recursosavaliados e m 1 6 4 bilhões d e cruzeiros que s e r ão de spendidos atéjane i ro de 1966.

Crédito Rural

A ação desenvolvida pe lo Governo, no que r e spe i ta ao CréditoR u r a l , t e m p o r meta pr imor dia l impr imir a esse tipo d e créditoespec ia l izado caráter d e in s t r um e nto econô mico bás ico par a a d:na-mização d a polí t ica agrícola e auxi l iar a correção d a estruturaagrár ia , v isando ao a u m e n t o d a produção d e bens agropecuários

'e melh or ia d a pr odut iv idade d o trabalho rural .O . quadr o abaixo ofe r ece e l em entos de compar ação entre

cr éd i tos de fe r idos pe los bancos f ede ra is e organismos financiadores

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— 101

d a rede e s tadu a l e privada, nos anos d e 1962c 1963, pelos quais s epode ter uma idéia d o in c re me n to v e r i f i c ado no exercício reçém-f i n d o .

B A N C O S

BaDcos Estaduais e PrívAdos.,

T O T A L

19

N Ú M E R O D E

C O N T R A T O S

372 50635.646

408 152

62

V A L O R

1.000,000

168 73412.373 '

181 107

K

N Ú M E R O DE '

C O N T R A T O S

404.80065.288

600.088

63 !

1

V A L O R

1.000.000

240 29623.669

236.956

l(1) Banccfi do Brnsíl, NorJesíe do Brasil, Nacional de Crédito Cooperativo e Crédito

da Amazônia.

D e outra parte , pre tende-se o f e r e c e r e f e t i v a assis tência credi-tícia, d e sentido social , aos p e q u e n o s e mé dio s pro du to re s ru ra i s ,

e m todo o País . Es forço cons id e ráve l ve m sendo desenvolvidoneste s e n t ido , t radu z in do - s e na dispensa de garant ias rea i s e

grande s impl i f icação d a burocracia operacional d os Bancos d oGoverno, d e forma que a o fe r ta d e crédi to s e torne acess ível aosrurícolas mais pobres . No a n o d e 1963, a CREAÍ d o Banco d oBrasi l S. A. , d e acordo q u e o s e u programa d e f a v o r e c i m e n t o d ecrédi to ao pe que no produtor, contra tou cerca d e 195.600 operações ,

no valor d e 2 1 bilhões d e c ru z e i ro s .E' de r e s s a l t a r qu e , e m conseqüência d e e s tu do s c o n c l u ído s no

an o re c é m-f in do . e l abo ro u - se o Plano d e Crédito Rural para otriênio 1963-1965, aprovado pelo Governo e m maio do ano passado,no qual s e c o n d e n s a a polít ica d e crédito à agropecuária .

A o Crédi to R ural , no exe rc íc io que se in ic ia, e s ta re servadoimportante papel como fa tor coadjuvante do forta lec im e nto da

economia agrícola , mormente e m fac e d o Proje to n* 710-D, d einiciativa d o Poder Executivo, já aprovado pela Câmara d osDeputados e e n v iado ao Senado Federal para exame e decisão.

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A aprovação pelo Senado do referido projeto de lei, que insti-

tucional iza a Coordenação Nacional do Crédito Rural, propiciará

ao Poder Executivo condições e recursos técnicos é f inance i ros ca-

pazes de permitir atuação mais e f i caz e de dinamizar outros servi-

ços assistenciais de que se ressente o meio rural.

E' de notar que órgãos de concessão de crédito, de atuação

importante para auxi l iar programas essenciais — por exemplo, a

Carteira de Colonização do Banco do Brasil, à qual caberia papel

d e relevância, como suporte financeiro para a reorganização fun-

diária da Agricultura — não dispõem de suficientes recursos para

o desenvolvimento de seus trabalhos.

Não obstante, espera-se sanar essa dificuldade e outras,

m e d i a n t e a instituição do Sistema Nacional de Crédito Rural,

dotado de f u n d o específico — projeto que, no momento, se acha

ainda na dependência de aprovação do Congresso Nacional.

Preços Mínimos

A Comissão de Financiamento da Produção, transformada,

por força da Lei Delegada n' 2, de 26 de setembro de 1962,

e m autarquia federal jurisdicionada à SUNAB, passou a operar

no exercício de 1963 em volume bem mais expressivo, tendo reali-

z a d o mais de 28 mil transações de compra que totalizaratn 711

mi lh õe s de quilos de produtos, no valor de 21 bilhões de cruzeiros.

A concessão de financiamentos totalizou cerca de l. 700 ope-rações, no valor aproximado de 19 bilhões de cruzeiros, com predo-

m i n â n c i a do algodão (12 bilhões) e arroz (4 bilhões) .

Em resumo, durante o ano de 1963, foram beneficiados, por

me io de operações de compra ou de financiamento, cerca de 30 mil

s o l i c i tan t e s , ou seja. 22 mil a mais do que no ano anterior. Aproxi-

m a d a m e n t e l bilhão de quilos de produtos agrícolas, no valor de

40 bilhões de cruzeiros, foram amparados pelo sistema de garantiade preços m í n i m o s do Governo, o que s igni f ica 3,5 vezes o volume

do ano de 1962.

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' "" — 103

Incremento do Cooperaf iui smo

C o m o i n t u i t o d e for t a l ecer o s is tema cooperat ivis ta , no m e i orural , foi baixado o Decreto n9 52.093, d e 4 d e j u n h o d e 1963.que a provou o novo R e gula me nt o d o Ba nco Na c i ona l d e Créd i t oCoopera tivo (B N C C ). Caracter izado como sociedade d e eco-nomia m i s t a , recebeu aquela ent idade maior autonomia adminis -trat iva e operacional, além da incumbência de prestar assistência

técnica e contábil às cooperat ivas m u t u á r i a s , c om o c o m p l e m e n t a rã od o a mpa ro cred i t íc i o .

As r e s e rva s do BNCC foi incorporado o e m p r é s t i m o de l

bilhão de cruzei ros , proveniente do F u n d o de Recuperação eM od erni za ção d a L a v o u r a .

N o exerc íc io de 1961, as aplicações totais do BNCC foramda ord em de 2 bilhões de cruzei ros , passando a 3, em 1962 e a 4bi lhões , em 1963.

E' de not a r , n o últ imo exe rc íc io, a m a i or pene t ra ção d o Bancon o meio rural , que at ingiu a número super ior a 700 coopera t ivas .

A l é m d o amparo técnico, o Governo e s pera , no exerc íc io d e -1964, ampliar significativamente a ajuda f inanceira ao desenvol-

v i m e n t o do coopera t ivi smo. Está programada a ins ta lação de 11no v as a gênc i a s d o Ba nco Na c i ona l d o Crédito Cooperat ivo, f iemod o que todos os Estados e Territórios possam com elas contare m f u t u r o p r ó x i m o .

Co n s t i tu i p a r t e d e s s e p r o g r a m a a e levação d o capital d oBNCC, cuja proposta, que o f ixa e m 1 0 bi lhões "d e cruze i ros , jáfoi encaminhada à Câmara dos Deputados. O projeto, quem e r e c e u aprovação d a Câmara, prevê, após a integra l ização d ocapi tal , a quota d e 2 0 bi lhões d e cruze i ros d o F u n d o N a c i o n a l ' d eEmprés t imos Rura i s , para f inanciamento d e cooperativas.

O Ministério da Agricul tura , pelo seu órgão específ ico,ar t icula - se com a SUMOC e a SUDENE a fim de t raçar orienta-

ç ã o comum e e s t a b e lecer um plano d e t rabalho para ampliar o sis-tema cooperativo no meio rural.

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104 —

Assistência Técnica

Qualquer programa d e r e forma d a nossa es t rutura agrár ia s ópoderá produzir e fe i tos s e c u i d a r d e oferecer a mpla assistênciatécnica ao agricultor, concret izada no e n s i n a m e n t o d as técnicasobjet ivas e n a prestação d os serviços d e q u e e l e n ã o d i s p u s e r .

Os dois meios de que o Governo dispõe para atingir taisobje t ivos são:

I — Extensão Rural — Para esse efei to, estreitou-se e refor-çou-se e m 1963 o entrosamento entre o Minis tér io d a Agr i cul t ura

e o S i s t e m a d e Extensão, in tegrado pela Associação Bras i le i ra d eC ré d it o e A s s i s tê nc ia R u ra l ( A B C A R ) , e s uas f i l iadas , com a tuaçãonos Estados d o Maranhão, Ceará, R io G r a n d e d o Norte, Paraíba,Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo, Rio deJanei ro, Goiás , Minas Gera i s , Paraná, Santa Catarina e RioG r a n d e d o Sul .

Otservando-se q u e , n o Brasil, a E x t e n s ã o R u r a l t e m a carac-ter ís t ica especial de ut i l izar o crédi to como i n s t r u m e n t o d e r ea l

valia para faci l i tar ao agricul tor a adoção d e novas técnicas, caberegi s t rar que, ao f indar o exerc íc io d e 1963, o S i s t e m a d e E xt ens ãoRural já d i s p u n h a de 37 0 Escritórios Locais e R egi ona i s e SO Otécnicos em serviço. A expansão programada para o corrente anoprevê a e l evação d e s s e s núm e ros pa ra 444 Escritórios e 957 t écnicos .

II — Promoção Agropecuária — E m atuação paralela à E x-t e n s ã o , o Governo pres ta as s i s tência d i re ta aos agricul tores por

in t e r mé d io d o D e p a r t a m e n t o d e Promoção Agropecuár i a , cujosprincipais órgãos executivos, o Serviço d e Prod ução d e S e m e n t e se M u d a s , o Serviço de R e v e n d a de M a t er i a l Agropecuár i o e oServiço d e Promoção Agropecuár ia , propriamente d i to, s e rami-f icam nas zonas produtoras por m ei o d e serviços d e âmbi to es tadualcomo Fa zend a s R egi ona i s d e Criação, Pa trulhas Motomecanizadas ,Postos Agropecuários e Campos de Multiplicação de Sementes ,além d e a l g u m a s c e n t e n a s d e Res idências Agrícolas e Postos d e

R e v e n d a d e M a t e r i a l .A reorganização e a a mpl ia ção d es s as un i d a d e s d i s s e m i na d a spelo País, como conseqüência da rees t ruturação e da a tual pol í t ica

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d o Minis tér io d a A gr i cul t ura , as s eguram ao Governo os meios paraprestação de maiores serviços aos produtores rurais .

AQUISIÇÃO E REVENDA DE MATERIAL AGROPECUÁRIO EM 1963

M A T E R I A L

Tratorej e implementos financiado*.

Sementu e adubos .

TOTAL

VALOR/Crí

970 447 972.00225 489 712 00

16 176 000 00177 829 651 00213 Ê6I 018 00

16 196 115 0077 938 549,00

EI 2 980 000 0054 693 990.00

2 265 313 00? 00

Com os recursos consignados no O r ç a m e n t o v .:{;t"'~ - co:n :.>auxílios e x t ra o rd i n á r io s p r ov e n i e n t e s d o F u n d o F e d e r al A g r op e -cuário, prevê-se, durante o próximo exerc íc io, a triplicação do vo-

: l u m e do m a te r i al re v e n d i d o .O Serviço de Produção de Sement e s e Mudas fez p r e v i s õ e s ,

cons t a n t e s d o quadro abaixo, para os per íodos 1963/1964 e1964/1965, referentes a cinco espécies cultivadas:

PRODUÇÃO DE SEMENTES M E L H O R A D A S Ê>1 Â R f c A S PRÓPRIASDO MINISTÉRIO DA A G R I C U L T U R A . '

1963/64 1964/65

,a

Milho

Batata

A!cod£o

'

Á R E A

(ha)

450700700

250

130300270

2.800

S E M . Ti.

C t o n . J

22.514

42300

8,51816,2

421,2

P R O D U Ç Ã O

(ton.)

l.SOO

2.100

1.400

1.500260

'60054

7.714

Á R E A

(ha)

9001.4001.400

50026 0600540

S. 600

SEM. PL .(<on.)

45

2884

S O O173632,4

742,4

P R O D U Ç Ã O <

tton.)

3.600

' 4.2002.8003.00O

5201.200

103

15.423

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106 —

Mecanização

N o tocante à meca ni za ção d a a gr i cu l t ura , as atividades e m

1963 começaram pela aquis ição de 6 3 0 tratores d e es teira, d osquais 61 5 i mpor t a d os e 1 5 adquiridos à ind ús tria nacional. Foramcomprados, ainda, 1.560 tratores de rodas, além de 440 outrasu n i d a d e s para o Estado do Rio G r a n d e do Sul. Ass im, a t ingiu-seo total de 2.000 tratores, dos quais l .020 para uso do Ministérioe 980 para revenda aos interessados.

Para 1964 prevê-se a recuperação das 43 Pa t ru lh a s M ot ome-ca ni za d a s ex i s t en t e s e a instalação d e nova s uni d a d es até o totalde 200.

A forma ção d es s a s pa t ru lh a s , d e s t i na d a s à prestação d e servi -ços aos agricultores, obedece a um Plano de Mecanização do Minis-

tério d a Agricul tura , in ic iado e m 1963, devendo prolongar-se até1970 e i nc lu i r a formação de tratoristas, em cursos de nível médioe super ior , capaci tação d e f a z e n d e i r o s e m o n t a g e m d e oficinasmecâni ca s a d equa d a s e s u f i c i en t e s e m todos os Estados.

Até 1965, a e x e c u ç ã o do Plano prevê, com a organização cfuncionamento dessas Pa trulhas , a despesa tota l d e cerca d e 6 4bilhões d e cruze i ros .

Fertilizantes, Corretivos e Defensivos

Fertilizantes — Várias são as causas apontadas como respon-sáveis pelos ba ixos nívei s d e c o n s u m o d e f e r t i l i za n t e s no Bras i l ,

d i s t inguindo-se ent re outras as s egui n t e s :a) Preços elevados d os f e r ti l i za n t e s , pa r t icu la rm e nt e n os ú l -

t imos anos, de q u e resulta um a re lação pouco favorável ent re pre-ços de adubos e produtos agrícolas;

b) N ú m e r o r e d u z i d o d e t r a b a l h o s d e e x p e r i m e n t a ç ã o ;

c) L i mi t a ção d a r ed e d e serviços d e extensão;

d) Dependência do mercado consumidor, em nível razoável,d e s upr i ment o ex t e rno, o que implica i rregular idade cons tante noa b a s t ec i ment o .

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Para e s t u d a r os problemas d e f e r t i l i za n t e s foi criado o G r u p oExecutivo d a I n d ú s t r i a d e Fer t i l i za n t e s e Corretivos (GEIFEC),•que traçará a polít ica nacional d e fert i l izantes , proporá es t ímulos

e s uger i rá med i d a s de vária natureza capazes de propiciar o de-senvolvimento d a produção nacional d e f e r t i l i za n t e s .

A Petrobrás e a Cia. Siderúrgica Nacional , especia lmente , de-s envolvem proje tos d e produção nacional d e fer t i l izantes ni t roge-

"nados, d os quais a inda importamos mais d e 7 5 % d o total que con-s u m i m o s .

A carência d e jazidas d e minerais potáss icos é a pr i nc i pa l

-d i f i culdade nes t e s e t or d e fe r t i l izante s , no qual im portam os 100^-do que c o n s u m i m o s . A l g u n s e s t u d o s estão e m desenvolvimento,.para obtenção de sais de potássio das águas -mães das salinas e,t a m b é m , para prospecção d e j a z i d a s .

Corretivos — A n e c e s s i d a d e d e corrigir a a c i d e z d e grandepa r t e dos solos brasileiros é bem conh ec i d a . Apesar da

•exis tência d e j a z i m en t o s d e calcários e calcários dolomít icos noPaís, s u f i c i en t e s para a correção dos nossos solos, o problema dos

•corretivos está na localização desses j a z i ment os e d o s moinhos- d e ca lcár io. O t ra ns por t e a longa distância torna o produto caro,para uso a gr íco la . Por isso, cogita-se do subs íd io ao calcário e es-t imu la - s e a localização d e moinhos nos principais ce ntros agrícolas .

Defensivos — O Brasi l gasta , anualmente, cerca de H mi-Jhões d e d ó la re s na importação d e produtos defens ivos d as lavou-.ras , importância i n s uf i c i e n t e , s e cons ideradas as nossas neces s i d a -

des reais.

A t u a l m e n t e a produção nacional a tende à procura d e p á --rat ion met í l ico, parat ion et í l ico e b i s s u l fure t o d e carbono e , par-cialmente, à de BHC e DDT .

E m re la ção aos f un gi c i d a s , a produção nacional está l imitada-a um a parte d a procura d e s u l f a t o d e cobre, ao passo que os p r o d u -tos herbic idas são to ta lmente importados .

Serão adotadas, nes te setor, m e d i d a s d e apoio ao desenvol-vimento da indústria nacional.

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108 —

6. Pesca

As atividades pesqueiras nacionais encontram-se ainda presas

a métodos primitivos de exploração.Apesar das perspectivas econômicas favoráveis e da gr a n d e -

f e r t i l i d a d e de nossas águas meridionais em pescado de baixo preço,e s p e c i a l m e n t e adequado ao abastecimento popular, e ainda da

e x i s t ê n c i a , em todos os nossos mares, especialmente no Nordeste,,

d e produtos exportáveis de alto valor, a pesca só teve, no Brasil,

até o momento, crescimento vegetativo, que mal corresponde ao.

i n c r e m e n t o da população e deixa à margem da vida econômica

n u m e r o s a população de pescadores. ,A fim de promover o incremento do setor pesqueiro, foi

criada, pela Lei Delegada nç 10, de 11 de outubro de 1962, a Su-p e r i n t e n d ê n c i a do Desenvolvimento da Pesca — SUDEPE.

Instalada em maio de 1963, a SUDEPE elaborou o PlanoN a c i o n a l de Desenvolvimento da Pesca, que prevê para 1970,

q u a n d o a população deverá atingir cerca de cem milhões de habi-tantes, uma oferta a n u a l de dez q ui logr a ma s de peixe por habi-

t a n t e , oferecendo-se, assim, às áreas do Nordeste e outras de

popul ação mais pobre e carente de proteínas, o pescado do Sul,

m ais abundante e barato, e aos mercados de maior poder aqui s i - -t ivo, um produto esmeradamente industrializado, como o peixe f in odo Nordeste. O Plano prevê ainda que o seu custeio resulte daexportação dos produtos nobres — camarão, lagosta e atum.

O Plano da marcada importância ao amparo ao artesanato das

praias, que terá s ua produtividade estimulada por i n f l u ê n c i a diretado poder público e, graças às providências estabelecidas, iniciará,

e m 1964, o incremento da produção pesqueira de forma que sejapossível alcançar a meta f i x a d a para 1970 — dez quilogramas dep e i x e p or habitante ano,

7. L I M I T A Ç Ã O D A S PROVIDÊNCIAS ADOTADAS

A consideração dos fatos expostos leva a concluir que, apesar-da intensificação dos programas governamentais, o setor agrícola

nacional, de cujo desenvolvimento rápido depende a continuidade:

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— 109 !

d o processo d e indus t r ia l ização inic iado no País, ch egou a ume s t a d o d e quase estagnação.

A t e n t o à s i g n i f i c a ç ã o deste f e n ô m e n o , o Governo t e m m o -bil izado qua nt os i ns t rument os e mei os lhe estão ao alcance, paraf o m e n t a r a produção agropecuár ia e i n c r e m e n t a r a prod ut i v i d a d ed o c a m p o . R e e s t r u t u r a m - s e os órgãos es ta ta i s , aparelham-se osserviços d e ass i s tência técnica , cr iam-se faci l idades d e crédito, al-fa b e t iz a - s e , organiza-se a vida e o t rabalho rura l e , cada v e z m e ^nos , a agricul tura corresponde aos e s t í m u l o s r e c e b i d o s . A d e f e i *tuosa es trutura agrária q u e s e v e m cons erva nd o i mped e o d e s e n -

volvimento agr ícola , cons t i tuindo-se empeci lho ao progresso rura le fa tor l im i ta tivo d a ação d o G o v e r n o .

C) ABASTECIMENTO

l. Evolução do consumo

Representado por um índ ice agregát ivo, o consumo de quinzeprodutos agropecuár ios bás icos , e seus derivados, evoluiu, entre1950 e 1961, d e forma que a c u s a um a u m e n t o d e 60%, aproxima-d a m e n t e . Tendo e m conta o cre s c i ment o d a população, esse au-m e n t o r e s u l t a « u m a m e l h o r i a pe r capita d e cerca de 1 /5 no nívelf í s ico desses cons umos (Qua d ro I) .

Entre tanto, a m e l h o r i a não é de r i t mo cont i nuo. N o iníciod o período, realiza-se a uma taxa d e 3% ao ano.: N o f inal , háforte a rre f ec i ment o na melh or i a d o n íve l fís ico do consumo porhabi tante , que cai para 0,3%, entre 1958 e 1961.

Pros s egui nd o essa tendência, ou d es a pa rece , e m breve, qual-q u e r melhoria ou será tão pequena , que a modif icação na pi-râmide d e rendas , a l iada ao cresc imento indus t r ia l e urbano d e

certas áreas , resul tará na sua absorção pela população d e maiorp o d e r d e c o m p r a , e m d e t r i m e n t o d as classes d e renda ba ixa oupopulações d e áreas mais atrasadas.

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110 —

Para os mesmos quinze produtos agropecuários de consumo-básico ou seus derivados, tem-se, no quadro II, um confronto entre-produção doméstica e consumo humano, em 1960 e 1970,

Os dados prospectivos representam tentativa de estimar aprodução e o consumo fu turo desses quinze produtos básicos. Os

dados de produção foram projetados com base numa expansãodas terras de cultivo e pastagem e em ligeira melhoria no rendi-m e n t o por hectare, ao passo que os de consumo foram calculados,com base no crescimento da população e na projeção da rendareal disponível para 1970, estimados os coeficientes de elasticidade-renda da demanda.

Em 1960, com exceção do pescado e do trigo (sendo de notar

que a procura interna deste ú l t i m o terá de ser satisfeita por meiode importações), praticamente todos os demais produtos tiveramseus consumos atendidos pela produção nacional.

Q U A D R O I

EVOL UÇÃO REAL DO CONSUMO DE BENS ALIMENTARES — 19SO/1961

A N O

19501951195219531 9 5 4

195519561957195S19591 9 6 01961

ÍNDICE: 1950 = 100

TOTAl

1 0 0 , 0103.31 0 8 , 11 1 7 , 61 2 6 , 21 2 7 , 31 3 6 , 1140,31 3 9 , S1 4 5 , 9

1 5 5 , 7159,6

PER CAPITA

1 0 0 , 0100,3101,9107,6112,1109,71 1 3 , 9113,91 0 9 , 9115,7

1 1 9 , 9119,2

T A X A S A N U A I S D ECRESCIMENTO (% )

TOTAL

7 , 43,34 ,68,87,30,96 ,93,1

— 0,64,6

6 , 72,5

P E R C A P I T A

5,00 ,31 ,65,64,2

— 2,13,80,0

— 3,51,6

3,6— 0,6

Fot\tt: Conse lho Coordenador de Abastecimento e Instituto Brasileira de Economia dandaçuo Ge íú í i u Vargas,

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— 1 1 1

Q u A B R O II

NlVElS V I G E N T E S E PROSPECTIVOS DE P R O D U Ç Ã O E C O N S U M O P A R A OS

PRINCIPAIS PRODUTOS A G R Í C O L A S DE FIM A L I M E N T A R — 1960/1970

PRODUTO

Banana

Batata. , . . , . ....

Leite. ..

M i l h o

Trigo , . . .

PRODUÇÃO (100 t)

1960

3.3004.8005.100

12 01.1001.300

25 01.7001.7005.000

17.600

8.700260240710

1 9 7 0

4 .60 07.8 0 07 . 1 0 0

1201.5003.20 0

44 02 . 1 0 02.6007.500

27.20014,100

42042 0

1.300

C O N S U M O (100 t)

1960

2.6004 .8 0 0•4.900

120

1.100J. 400

2701.7001.600S. 300.

17.3008.700

260320

2.700

1970

4.5008.300

10.200180

2.1001.800

5602.20 02.100

13.40030.400

13.400670400

5.400

C O N S U M O H U M A N O '

P E R C A P I T A

K g / U a f a / A n o

1960

3642G 2

21019

42120

4688

3533

28

1970

465496• 2

Í 519

421209087

4064

60

Ffntft: Conselho Coordenador do Abastecimento, Serviço de Estatística da ProOuçfio e

Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getú lio Vargas.

ffoía: Os dados de consumo total diEerem dos dados de consumo liumano pela existência

de outras dcstinaçoca como, por exemplo, scmeadura e consumo animnl, a par de perda de

processamento e transporte.

Deve-se reconhecer, entretanto, que, em bom n ú m e r o de si-tuações , a pr odução domés t i ca a t ende ao consumo por que e s t es e m a n t é m e m níve is absolutos mais baixos . Ass im é que, e m ter-m os m é d i o s por h abi tan te , pr odutos como o le i te e a carne , bens"super ior e s" e de e levada e las t ic idade-renda, são consumidos à

razão de 0,125 litros e 60 gramas d iários , r e s pe c t ivam e nte .D e p r e e n d e - s e , t a m b é m , d o e x a m e d o Q u a d r o II, q u e , s e m m o-

dif icações na es trutura agrár ia , capazes d e p e r m i t i r um a r evolução

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112 — :

d e técnica que al tere as hipóteses ut i l izadas para a expansão d a

ofer ta , o d e s e j o d e m e l h o r i a d os padrões d e consumo, e s t imulado

pelo c r e s c i m e n t o d a renda disponível, provocará, ao longo d o d e -cênio, crescente déficit potencial d a disponibil idade d e certos

a l imentos .

A s informações d isponíveis sobre a produção d e alguns gê-

neros revelam que, nos anos d e 1962 e 1963, não há qualquer in -

dício d e melhora d a s i tuação anal i sada , Mui to ao contrário, a

t endênc ia , in fe l izmente , é para um agravamento progressivo, s em e did as mui to radicais não fore m tomadas pe lo poder públ ico.

2. Fatores negativos e ação governamental

a) .Aspectos Gerais

Depreende-se d o exposto que fatores negativos, causando dis-

torção nas reações do s i s tema econômico nacional , vêm impedindo

que os e s t í m u l o s d o processo d e indus t r ial ização ace l e rem a ofer ta

d e bens agrícolas. Tais f a t o r e s c o n f u n d e m - s e e al ternam-se , comocausas e e fe i tos uns dos outros , e , como já se af i rmou ante r ior mente ,

s ão originár ios , bas icamente , d os defe i tos d a e s t r u tur a fundiár iarural , d a def ic iênc ia d os meios d e transporte e d e u m mecani smo

de comercial ização d a produção agrícola dominado por grupos

•especuladores .

Sabe-se d a incapac idade d a agric ultura para apre se ntar pronta

resposta aos incentivos d o m e r c a d o e, até m e s m o , aos subsídios

diretos que o poder público lhe d e s t i n e . A s características próprias

d a at ividade rural opõem res i s tência às mutações rápidas , não apre-

s e n t a n d o g r a n d e d i n a m i s m o na absorção d e capitais , condicionadasempr e , e m cer ta medida , à evolução tecnológica.

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— 1 1 3

Q U A D R O III

ÍNDICES DE PREÇOS AGRÍCOLAS E M D I V E R S A S ETA?ASDE COMERCIALIZAÇÃO — ISSO/1962

(1950 - 100)

A N O S

1950

195119£219531954195519561SS71958.,...1959196019611962 (*) . , ,

PREÇOS DE PRODUTOS

G E R A L

100

113, 8

125,9155,7184,92 1 7 , 7259,1288,7316,242-1,2564,6745,1

1.192,3

EXCLUSIVE

CAFÉ

100

116,4129,3157.S177,0216.4265,12 9 7 ,7541,6« S 9 . 6617,3816,8

1.239.8

PREÇOS POR A T A C A D O

G E R A L

]00

) 21 , 91S7.5156,5231,6226,6262,5285,9309,4410,9565,6764,1

1.220,3

I N C L U S I V E

CAFÉ

100

120,7Í-Í4, i169,5200.02 4 9 , 229B.3352,2369.5525,4"42,4

1.025,41 . 6 01 ,7

PREÇOS DE

CONSUKÒ

FINAL 1

100

112.7134,9166.7192,1239,7296,3Í41.S550,;;S66.7739,7SOS, 2

1.611.1

t*) Dâdoa provítórif».fontt; Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getútia Vargas,

N ã o s e p o d e , p o r é m , p e r m i t i r q u e o s e f e i t o s d a r e la t i v a r i g i d e zd a o f e r t a a gr í c o la s e j a m a u m e n t a d o s p e l a e s p e c u la çã o e q u e u mprocesso d e c o m e r c i a l i z a ç ã o d e f e i t u o s o a n u l e os r e s u l t a d o s d óse s t í m u l o s d i r i g i d os ao c a m p o, r e t a rd a n d o , a i n d a m a is , o d e s e n v ol -

v i m e n t o d o s e t o r a g r o p e c u á r i o .D e i g u a l m a n e i r a , e n t e n d e o G o v e r n o s e r n e c e s s á r i o m a n t e r ,

de q u a l q u e r m o d o , o a b a s t e c i m e n t o dos g r a n d e s c e n t r o s c o n s u m i -d o r e s , em c on d i ç õe s e cus tos supor táve i s pe lo povo Neste s e n t i d o ,usando de prerrogativas legais e no in tui to de preservar a paz social

e c o ib ir o s a bus os e s p e c u la t i v os , r e s o lv e u i n t e r v i r c om d e c i d i d ae n e r g i a n o s e t or d e a b a s t e c i m e n t o , para r e gula r i z a ç ã o d a o f e r t a

a l i m e n t a r , m e d i a n t e :a) c omb a t e à s on e ga ç ã o , ao a ç a m b a r c a m e n t o e ã i n t e r m e d i a -ção onerosa ;

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114 —

b) organização da distribuição dos produtos básicos pela ma-

nutcnção de estoques reguladores nos grandes centros de consumo;

c) concessão de subsídios diretos, que assegurem preços aces-

síveis ao c o n s u m i d o r , s e m sacrif íc io d a justa remuneração aosgêneros nas fontes produtoras.

b) Instrumentos de Ação

Para o desencadeamehto da sua ação, conta o Governo, nosetor do abastecimento, com a Superintendência Nacional do

A b a s t e c i m e n t o {SUNAB), criada pela Lei Delegada n9

5, de 2òde setembro de 1962, a ela vinculando-se a Comissão de Financia-mento da Produção, a Companhia Brasileira de Armazenamento

(CIBRAZEM) e a Companhia Brasileira de Alimentação (CO-

BAL).A c o n j u g a ç ã o de tais instrumentos, quando devidamente apa-

relhados para o cumprimentode suas finalidades, dará à SUNAB

notável poder d e ação, permitindo-lhe desenvolver um plano n a-

cional de abastecimento.Por outro lado, o Serviço de Alimentação da Previdência So-

cial — SAPS — amplia a assistência alimentar aos previdenciários.

m e d i a n t e execução de um programa de fornecimento de gêneros

a l i me n t í c i os projetado para o triênio 1963-65, que objetiva o au-m e n t o de suas unidades abastecedoras (521 em 31-12-62) com ainstalação de mais l .281 estabelecimentos. A execução desse pro-

g r a m a t e m o s e u custo estimado e m 12,5 bilhões d e cruzeiros.In t e ns i f i ca , ainda, o SAPS as providências para melhoria ea m p l i a ç ã o d o serviço d e f o r n e c i m e n t o d e refeições preparadas, exi-

gindo e possibilitando, pela a j u d a técnica, qu e a s empresas c ommais de 300 operários cumpram a obrigação de manter instalações

convenientes para refeitório d os empregados.

c ) Regularização da Estocagem

Óbice d os mais notórios, que preocupa f u n d a m e n t a l m e n t e oGoverno, é a necessidade urgente de aumentar a capacidade dea r m a z e n a g e m e conservação dos produtos alimentares.

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Entre 1960 e 1962, os depósi tos e m geral , computados arma-zéns com mais d e 100m2 e siios d e capac i dade s u per i o r a 50 to-neladas, a u m e n t a r a m de 3.391 para 3.954. O e x a m e desses nú-me r o s , que f iguram e m l e v a n t a m e n t o d o I B G E , d á u m aidéia d e no s s a po br ez a ne s t e par t i cu lar . D ev e - s e , a i nda , t e r - e m

•conta que nem s e m p r e a localização de tais depósitos e suas carac-t e r í s t i cas t écnicas permi t em 1 o s e u aprovei tamento mais rac ional .

Ql-ADRO IV

N Ú M E R O DE E S T A B E L E C I M E N T O S E DEPÓSITOS DE G f i N E R O SA L I M E N T Í C I O S — J960/1962

ESPECIFICAÇÃO

Públicos . . : : . .DEPÓSITOS . . . .

Armazéns . , - - . . . .Silos

D A D O S N U M É R I C O S

1960

2.S7S

2.068

£1 03.591

2 613GSG

31

as

1962

Z 90i

2.236

617

3.954

3.15S69482

20

farífej: Direíoríi de Levantamentos Estatísticos. IBGE c Serviço.

Nota: Foram computados apenas os armazéns com mais de 100m2 e os silos

com capacidade de mais de 50 toneladas .

Em conseqüência da criação da C I B R A Z E M , f o r a m a ela in-corporados os acervos d a S u p e r i n t e n d ê n c i a d e A r m a z é n s e .Silos( S Ã S ) e da Comissão Execut iva "deA r m a z é n s e Si lo s (C EAS) .O Balanço desses acervos revelou a existência de 102 estabele-c i m e n t o s , d os quai s , apenas 24 em co ndi ç õ es no r m ai s d e operação,60 com po s s i b i l i dade de o per ar a t í tulo precário e o s 18 r e s t a n t e s

inoperantes.A l é m da r ecu per aç ã o t o t a l desses acer v o s e de u m e s f o r ç o

amplo no s e n t i d o d e conhecer, para atendê-las , as n e c e s s i d a d e s d e

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116 —

a r m a z e n a m e n t o no País e em cada região, cogita-se, ainda cm

1964, de recuperar a rede de silos metálicos Butler, do Rio Grandedo

Sul, ampliandoa sua

capacidadea

cercade 100.000

toneladas.Também em 1964, dever-se-ã ampliar a capacidade de ftí-gorificação dos armazéns frigoríficos do porto do Rio de Janeiro,d e 6.000 toneladas para 14.000 toneladas. Tal providência, aliadaa outras em curso, trará, certamente, melhora sensível ao angus-tioso problema do abastecimento na Guanabara.

D) INDUSTRIA

l. Características do Processo Brasileiro

O desenvolvimento econômico brasileiro tem sido predomi-n a n t e m e n t e orientado no sentido da industrialização. A excepcionalexpansão da indústria deve-se, em grande parte, ã política, adotada

pelo Governo, de estímulo direto mediante a concessão de bene-f ícios f i s ca i s , cambiais e f i n a n c i a m e n t o s a longo prazo e providên-cias indiretas de ampliação dos setores infra-estruturais ao sistemaeconômico, corno, por exemplo, energia e transportes.

Esse estimulo, conjugado com as medidas anteriormente to-

madas para a instalação da indústria de bens de consumo e com

o início da produção, em larga escala, de bens de consumo duráveise de bens de produção, assegurou a consolidação do parque indus-t r ia l d o País. Aspectos institucionais foram, i g u a l m e n t e , ultrapas-

sados graças aos es.forços da ciasse empresarial para cometimentoscompatíveis com o grau do desenvolvimento nacional.

O principal propulsor do nosso crescimento econômico, o in-

v e s t i m e n t o global e m capital f ixo, que nos últimos 1 5 anos alcançoua expressiva taxa média anual de cerca de 15%, r e f l e t e esse esforçoe x ce p c i o n a l d a economia brasileira, por meio d o qual foi realizadoum programa de desenvolvimento econômico em meio a condiçõesadversas observadas nos últimos anos, entre as quais sobrelevam

as pressões i n f l a c i o n ã r i a s e a deterioração das relações de troca.O impacto da industrialização verificado em toda a dinâmica

d o crescimento econômico brasileiro criou, .por s e u turno, algumas.

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condições que d e v e m s e r menci ona d a s . As s i m, a indus t r ia l izaçãoe x i g e ainda apoio para at ingir s ua plena ma t ur i d a d e , e largama r g e m d o processo d e s u b s t i t u i ç ã o d e i mpor t a ções d epend e d osetor e x t e r n o n o q u e s e r e f e r e às i nd ús t r i a s d e base , à m e t a l ú r g i c ados não-ferrosos , à s i d erurg i a , às i nd ús t r i a s qu ími ca s e mecâni ca se às de m a t e r i a l e lé t ri co . . .

O í n d i c e d e c r e s c i m e n t o d e s s a s i n d ú s t r i a s , nos próximos anos .d e v e r á s e r ma i or do que a m é d i a d e c r e s c i m e n t o d o s e t or i nd us t r i al ,um a vez que t e rão d e a t end er , não s ó a o c re s c i ment o norma l d aprocura d os s eus prod ut os , m as t a mb ém propi c i a r a gradat ivar e d u ç ã o d as importações , e m termos re la t ivos , s enão absolutos .

O d e s e n v o l v i m e n t o r e c e n t e d a economia bras i le i ra promoveum o d i f i c a ç õ es e s t r u t u ra i s r e l a t i v a m e n t e r á p i d a s . A i n d a m a i s ; o u t ra ses t ruturas , como a a gr ár ia , p e r m a n e c e r a m d e s a j u s t ad a s à nova s i -t ua ção d i n â m i c a cr iada pela rápida indus t r ia l ização d e d e t e r m i -nadas áreas d o País. Não foi h a r m ô n i c o o ri tmo d o d es envolv i -m e n t o , cujo i mpa c t o m a l s e f e z sent i r e m algumas regiões bras i -leiras ou s e f ez s en t i r , a pena s , no a pa rec i ment o d e um pot en-

cial d e re i v i nd i ca ções pa ra a correção d o atraso e m q u e a i nd a e s t ãom e r g u l h a d a s , agora mais dramát ico ante o contras te com as árease m m a i s r á p i d a e x p a n s ã o . Tudo i sso gerou dis torções , q u e s er e f l e t e m , p a r t i c u l a r m e n t e , no processo inf lacionár io, o qual . emborat e n h a a c o m p a n h a d o e m e s m o , até cer to ponto, es t imulado o pró •ces s o d e ráp i d a i nd us t r i a l i za ção d o Pa ís . di f icul ta uma d i s t r ib ui çãoma i s equi t a t i va d a r end a na c i ona l e m c r e s c i m e n t o .

Daí a i m p o s s i b i l i d a d e d e a d o t a r um a d ef la ção b rus ca , que não

s ó compromet er i a a m a n u t e n ç ã o d a elevada taxa d e c r e s c i m e n t odo produto, como teria , do ponto-de-vista social, r e f l ex o s a i n d amais nega t i vos do q u e o d es envolv i ment o pre s en t e , a d e s p e i t o d esuas dis torções , que o Governo vem procurando, corrigir .

A s med i d a s a d ot a d a s v i s a m a evi tar que os d e s e q u il íb ri o s ( f i -nancei ros , monetár ios e ca mb i a i s ) s e a g r a v e m , c o m p r o m e t e n d o or i tmo de progresso até agora alcançado, c o m o c r e s c i m e n t o d o pro-duto real d a i n d ú s t r i a à taxa anual d e cerca d e 11% ,

A m a n u t e n ç ã o d o nível e d a composição d os i n v e s t i m e n t o sindustriais exigirá considerável mobilização d e r ecurs os , não só decapital privado, que d e v e arcar c o m a maior parcela d os inves t i -

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1 J 8 —

m e n t o s necessários, como t am b ém d e recursos governamentaiss oba forma de f i n a n c i a m e n t o s e de participação no capital de empresas

incorporadas para empreendimentosde grande vulto. O esforço

dessas f o n t e s não deve ser maior do que o despendido no passado,a não ser o mercado de capitais que será utilizado mais intensa-

m e n t e em consonância com a vigorosa expansão que apresenta.A industrialização vem merecendo do Governo proteção tari-

fár ia adequada e o financiamento necessário ao d e s e n v o l v i m e n t od e s u a capacidade produtiva, be m como ao a u m e n t o d o v olume d e

m a n u f a t u r a s exportadas.

2. Indústrias Metalúrgicas

a) Siderurgia

A indús t r ia bras i l e i ra d e a ç o cont inuou a u m e n t a n d o s ua capa-

c i d a d e de produção em 1963, graças à implantação de dois altosfornos da USIMINAS, com capacidade para p r o du z i r 60 mil to-

neladas anuais, e às u n i d a d e s de l a mi n a ç ã o da COSIPA e da Ferro

e Aço de Vitória.Em conseqüência, o consumo aparente d e aço, e m lingotes,

elevou-se a cerca de 3,3 milhões de toneladas, em 1963, tendo apre-sentado, a s s i m, um incremento próximo de 5% em relação ao ano

anterior. A produção interna contribuiu com 88% desse total e a

importação com 12%. É o que mostra o quadro a s e g u i r :

CONSUMO APARENTE !»•: AÇO EM LINGOTES — 1W9/196.Í

Cfm i.000O

ANOS

195919601961, ... '

1962

1963 (*)

P R O D I . - Ç Ã OK 4 C I O N A 1 .

] 8662 279'485'700

2 90 0

I M P O R T A Ç Ã O

fiai

5ÕS4õi

-150

400

E X P O R T A Ç Ã O

15

C O N S U M O

A K A R E N r C

2.S172 S222 918j. IS O

.V 300

< * } E s t i m a t i v a .

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O r i tmo d e c r e s c i m e n t o a l c a n ç a d o p"ela e c o n o mia bras i l e i ra e ,a n e c e s s i d a d e d e s u a aceleração impl icam o a u m e n t o d a procurad e aço, levando o Governo a dar apoio integral aos planos d e

ampliação dessa indús tr ia básica, não só por m e i o da criação dee mpre sas s ide rú rg ic as , c o mo , t a m b é m , pe l a s ua associação a ca-pitais pr iv ado s ou, ainda, pela cooperação f inance i ra e por e s t í m u l o sd e outras e spéc ie s às e m p re s a s p ar t i c u l ar e s .

Dos crédi tos autorizados em 1963 pe lo Banco Nacionald o D e se n v o lv ime n to Ec on ômic o, no mo n tan te d e 56,6 bilhões d ecruzeiros, 53,8 bilhões, ou 95%, foram d e s t i n a d o s à i n d ú s t r i a ,s i d erúrg i ca para a c o n c r e t i z a ç ã o d e e m p r e e n d i m e n t o s d e v u l to .

Tendo-se e m conta os proje tos d e ampl iação d a c a p a c i d a d ee x i s t e n t e e d e c o n s t ru ção d e novas usinas e m fa se d e e x e c u ç ã o ,é l íc i to prever-se que a produção s iderúrgica nac ional a lcançará ,até 1965, cerca de 4 ,8 milh õ e s d e toneladas d e l i n g o t e s .

b) Metalurgia dos Não-Ferrosos

O n os s o d e s e n v o lv i m e n t o i n d u s t r i al nos úl t im os anos pro-mo ve u a ampl iação d a procura in terna d e m e t a i s - n ã o - f e r r o s o s .

A p e s a r d o avanço já c o n s e g u i d o n a p r o d u ç ã o d e al guns d e s s e sme ta i s , a indús tr ia brasileira não «e acha ainda em condições dea t e n d e r e m grau sa t i s fa tór io à procura nacional. E m certos casos,como n as i n d ú s t r i a s d e c h u m b o e alumínio, a c apac idade d e pro-d u ç ã o já é s u f i c i e n t e para sa t i s fa z e r a 60,% d o c o n su mo ; e m outros ,porém, a pro du ção te m sido in s uf i c i e n t e , como ocorre c o m o z in c o

e o cobre .

Alumínio — L e v a n t a m e n t o s p r e l i m i n a r e s indicam que o con-s u m o a p a r e n t e d e alumínio, em 1963, s i tuo-se ao níve l de 4 8 mi lt o n e l a d a s , e q u i v a l e n t e a um i n c r e m e n t o • de 10% em relação noan o anter ior , conservando, dessa forma, o r i t m o d e c r e s c i m e n t oobservado durante os últ imos der an o s .

Em 1964 a c apac idade instalada para a. produção d e alumínio

será acres c ida de mais 11 mil tone ladas/ano, o que re pre s e nta umaumento superior a 45'% sobre a produção i n t e r n a v e r i f i c a d a noano anter ior . Com isso a capacidade produt iva do País passará a

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to ta l izar 35 mil toneladas/ano, que correspondem a 2/3 do con-

sumo estimado para 1964, da ordem de 52 mil toneladas.

Dadas as condições excepcionalmente favoráveis do País parao desenvolvimento da indústria do alumínio, o Governo está ado-

tando providências no sentido de ampliar a capacidade de sua

produção.

Chumbo — O consumo aparente de chumbo primário em

1963 situou-se ao redor de 34 mil toneladas, contribuindo a pro-

dução interna com 50% desse total, aproximadamente.

O País já está apto a adotar os processos tecnológicos neces-sários à expansão da indústria do c h u m b o em escala que satisfaça

às necessidades internas e empreender a i d e n t i f i c a ç ã o de novas

reservas minerais economicamente favoráveis à sua exploração.

Zinco — Ao desenvolver tecnologia própria capaz de apro-

veitar industrialmente os minerais silicatados, dos quais o Brasil

p o ssu i amplas reservas, a indústria brasileira afastou o grande em-

pecilho à produção interna de zinco, que era o desconhecimento

de reservas de minérios suscetíveis de aproveitamento pelos pro-

cessos tradicionais de produção.

Reconhecendo a importância desse metal no processo de de-

s e nv ol v im e nto nacional, o Governo vem dando o necessário apoio

a empreendimentos que se dispõem a explorar, industrialmente,o

novo processo de produção de zinco, e, a partir do corrente ano,

já contaremos c o m u m a capacidade - d e produção correspondente a15% do consumo previsto para 1964, estimado em 50 mil tone-

ladas, esperando-sè que até o fim da presente década se alcance

a a ut o - s uf i c i ê n c i a neste setor.

Estanho — O consumo aparente de estanho em 1963 foi de

2,5 mil toneladas aproximadamente, admitindo-se possa crescer

num ritmo superior a 5% nos próximos anos.

O País dispõe de capacidade instalada suficiente .para aten-

der às necessidades internas e a utilização da produção em larga

escala depende de ampliação do suprimento interno de cassiterita.

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O M i n i s t é r i o das M i n a s e E n e r g i a i n t e n s i f i c o u os e s tu d o ssobre as ocorrências de m i n é r i o s e s t a n í f e r o s , t endo a lcançado boasp e r s p e c t i v as d e a m p l i a r e x p l ora ç õe s n o T e rr it ó ri o d e R o n d ô n i a .

Cobre — É o m e t a l de que o Br a s i l a p r e s e n ta ma io r d e f i c i ê n c i ano su p r ime n to in t e r n o , a ele c o r r e sp o n d e n d o c e r c a de 50% dovalor das i m p o r t a ç õ e s a n u ai s de me ta i s nao-f e r r o so s .

O c o n s u m o do p r od u t o , s e g u n d o l e v a n ta m e n t o s p re l i m i n a re s ,foi superior a 45 mil toneladas em 1963, representando a produçãoi n t e r n a a p r o x i m a d a m e n t e 5% d e s s e t o t a l .

P a r a a f a s t a r o g r a n d e e n t r a v e ao d e s e n v o lv i m e n t o i n te r n o d a

i n d ú s t r i a d e cobre, que é o d e s c o n h e c i m e n t o id a e x i s tê n c ia d ereservas m i n e r a i s d e v u l t o e c o m t e o r m e tá l i c o c a p a z d e p e r m i t i r - l h ea exploração em b a se s e c o n ô mic a s , o G o v e r n o i n t e n s i f i c o u o e s t u d od as j a z i d a s d e min é r io s cu p r í f e r o s , já i d e n t i f i c a d a s e m diversosEstados, e a p e s q u i s a de n ov as r e s e r v as .

c) Mecânica Pesada

A i n d ú s t r i a m e c â n i c a bras i l e i ra ve m m e r e c e n d o e s p e c i al a t e n -ção do Poder Execut ivo , consciente da importância ;dêsse setor naconsolidação do n o sso c o mp le xo in d u s t r ia l .De acordo com p e s -qu i sa s r e c e n te s , so b a o r i e n ta ç ã o d o Gr u p o E xe c u t ivo d a I n d ú s t r iaMecânica Pesada (GEIMAPE), a indústr ia brasi le ira de bens decapi ta l apres ta - se para operar e m níve l compet i t ivo , pois d i sporád e c a p a c i d a d e p a r a p r o d u z i r , n os próximos d e z a n o s , 8 0 %, e mtermos ;de valor , da proc ura i n t e r n a d e e q u i p a m e n t o s p a r a setores

como a i n d ú s t r i a p e t r o l í f e r a , a d e e n e r g i a e lé t r i ca , a s i d e r ú r g i c a , ade c i m e n t o , a de p a p e l e c e l u l o s e .

No c a m p o da p r o d u ç ã o de má qu in a s - f e r r a me n ta i s , má qu in a spara i n d ú s t r ia t ê x t i l e f e r ra m e n t a s d e c o rt e , a i n d ú s t r i a m e c â n ic an a c io n a l j á e l e va p a r a c e r c a d e 6 0 % a c a p a c id a d e d e a t e n d e r aprocura interna.

No s e to r da i n d ú s t r i a p e t r o l í f e r a , a procura nacional de e q u i -

p a m e n t o s é a t e n d i d a na proporção de 65%, com p e r sp e c t iva s deampliação em face da rápida expansão do setor e graças aoe s t í m u l o d as e n c o m e n d a s f e i t as à in d ú s t r ia n a c io n a l .

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A s a t i v i d a d es |d o Governo pa ra o fomento d a indústria mecâ-nica p e s a d a têm s i d o i n t ens i f i ca d a s no e x a m e d as possibilidades d om e r c a d o e no amparo aos planos d e i mpla nt a ção ou ampliação d e

empres a s .Os vários projetos aprovados em 1963 para implantação de

i n d ú s t r i a s mecânicas e m vários pontos d o terri tório nacional visamsetores como o s de produção d e e quipame ntos e lé tricos d e geração,t ransformação, potência e segurança , be m c o m o conjun-tos mecâ-nicos 'de aprovei tamento d e q u e d a s d á g u a .

N o m e s m o a n o foram aprovados proje tos de ampliação da

capacidade da fábrica d e e q u i p am e n t o s p ara a indústria açucareira,d e uni d a d es prod ut ora s d e m áqui na s operat ri ze s , d e pontes rolan-tes , turbinas hidráulicas , máquinas e ins talações para indústriass iderúrgicas , d e pa pe l e ce lu los e , além de unidades pro 'dutoras dem ã q u i n a s - f e r r a m e n t a s d e s t i n a d a s às i n d ú s t r i a s d e t ransformação.

A consolidação d o p a r q u e d e indús t r ias mecânicas nã o d e p e n d eapenas de a u m e n t o de i n v e s t i m e n t o s . É necessár io for ta lecer ain f ra - e s t ru tura d e p e s q u i s a s c i e n t í f i c a s , tecnológicas e d e forma ção

de pessoal qual i f icado.Os aspectos par t iculares da ut i l ização e f i c i e n t e da capacidade

produt iva vêm s end o e s t ud a d os , na m e d i d a em q u e d e p e n d e m d oGoverno, mediante o es tabelecimento de meca ni s mo apropriado def inanc iamento do capital de giro e ;das vendas dos bens . fabricados,que e x i ge m e l e v a d o v o l um e d e recursos e m v i r t u d e d as suas carac-ter ís t icas e do alto preço dos produtos .

3. Produção Automobilís t ica e Fabricação de Tratores

a) Indústria Automobilística

A ind ús t r ia automobi l í s t ica bras i le i ra possui um p a r q u e d e onzefábricas de veículos e cerca de mil e quinhentas de auto-peças.

A p r o d u ç ã o de veículos automotores es t imulou a instalação e ae x p a n s ã o d e g r a n d e n ú m e r o ,d e outras indústrias produtoras d ematérias-primas e equipamentos , de acordo com o plano de implan-

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tação d a indús t r ia automobi l í s t ica es t imulado pelo Governo, queconced eu i s enção d e direi tos d e importação d e máqui na s , equi pa -m e n t o s e peça s complement a re s pa ra a prod ução d e veículos, a lém

d e . f inanc iamentos e i s enções f i s c a i s .A partir d e 1957, quando iniciou s ua s a t i v i d a d es , a produção

evoluiu d e m a n e i r a a pre c i áve l como i n d i cam os d a d os a s e g u i r :

1'RODl'CÃO A U T O M O B I L Í S T I C A B R A S I L E I R A — 1957/1963

A N O S

3?57 . .1958 . .1959 . .

1960. .1961J9621963

T O T A L

30.7006I.I2996,243

133.07S145.6741 9 1 . 1 9 4174.126

Q U A N T I D A D K ( U i m U J c s )

S E G A N D O O S TIPOS D E V E Í C U L O S

C a m i n h õ e spesados c

finibus

5.372S. 213S. 031

6.4955.1474 . 1133.478

Ca m inhõesm édia s

I5\47525.71334.625

35,2042S.3S235,55720.546

C a m i o n e t a s

2.£6 215.69226.408

34.02242,492

54.39060.157

Jiixs

9.29114.322J S . 1 7 819.51417,6182 2 . 2 4 713.922

A u t o m ó v e i s -< le

passageiros

2.189-12.001

37,84355.06574.88786 02 3

A red ução ob s e rvad a em 1963 na prod ução d e ve ícu los d eca rga d ecorreu d a form a ção d e e s t oques por pa r t e d e e s pe cula d ores ,e m p r e j u í z o d os p r o d u t o r e s e d i s t r i b ui d ores , como rea ção às m e d i -

d as adotadas n o se tor d e créd i to n o início d o a no. A s provi d ênc i a s -t o m a d a s no s e g u n d o s e m e s t r e p e r mi t i r a m a r e c u p e r a ç ã o d o r i t m od a produção.

O an o de 1964 s e caracter izará pela consol idação d a i n d ú s t r i aautomobil ís t ica, qua nd o s e verif icará intensa concorrência entre os ;fa b r i ca nt e s , pr i nc i pa lment e no que s e r e f e r e a veículos d e ca rga ,por força d as caracter í s t icas d o tipo d o prod ut o e d o f i n a n c i a me n t o 'd e s u a v e n d a .

O s a ns e i os d a i nd ús t r i a a u t omob i l í s t i ca d e ampliação d asexportações estão assegurados pelas providências adotadas no anof i n d o pelo Governo, por m e i o das instruções da SUMOC n9' 242,.

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124 —

.249, 250 e 258, que es tabe lecem es t ímulos , sob a forma de boníf i -

.cação, aos e x p or t a d or e s de p r o d u t o s m a n u f a t u r a d o s .

b) Fabricação de Tratores

O d e s e n v o l v i m e n t o da fabricação de tratores é fa tor de impor-t â n c i a c o n s i d e r áv e l n o i n c r e m e n t o d a p r o d u t i v i d a d e a grí c ol a e , p or

• c o n s e q ü ê n c i a , na me lh or i a d o a b a s t e c i m e n t o d e a l i m e n t o s .O p a r q u e i n d u s t r i a l de t ra tores , compos to de se i s fábricas ,

•oferece índ ices de -nacionalização expressivos, alcançando 77,4 %

e 6 9 , 3 % , r e s p e c t i v a m e n t e em p e s o e valor , para t ra tores l eves ;

•90,5% e 82,3% para t ra tores médios e 74.4% e 62.3% em re lação.aos tratores pesados.

A u t i l i z a ç ã o desses e q u i p a m e n t o s n o m e io ru ra l v e m a u m e n -tando com o d e s e n v o l v i m e n t o da p r od uç ã o c on s t a n t e do q u a d r o.abaixo:

P R O D U Ç Ã O B R A S I L E I R A D E T R A T O R E S D E R O D A S — I950;1 96õ

i!960196119621963

TOTA

STl 678

9 903

T R A T

LEVEI

1 934

3 990

O R E S

MÍ3ÍO5

371 5734 7794 17 9

P E S A D O ;

S Qgij

1 739

A s p e r s p e c t i v a s d e f a b r i c a ç ã o , e m 1 9 6 4, s i t ua m- s e e m torno- d e 14 mil unidades , graças ao e s t ímulo ao d e s e n v o l v i m e n t o da

indús t r ia de i mp le me n t os a gr í c o la s , c omo arados e grades.A p r od uç ã o de tratores de e s t e i r a e |de m o t o n iv e l a d o r as d e v e rá

-ser in ic iada, no c or r e n t e a n o , com a conc lusão dos es tudos re lat ivosaos estágios de nacionalização.

Os e s t í m u l o s do G o v e r n o à indús t r ia de t ra tores ' e m á q u i n a s•rodoviárias c on s i s t e m na concessão de f i n a n c i a m e n t o s p a r a a com-ipra, pelos agricultores, desses equipamentos , por in termédio da

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— 125;

Ca r te i r a d e Cr é d i to Ag r í c o la e I n d u s t r i a l d o Banco [d o Brasi l e d oF u n d o F e d e r a l A g r o p e c u á r i o a cargo d o M i n i s t é r i o d a A g r i c u l t u r a ,além d e isenções tr ibutár ias e formação d e pessoal especial izado no

m a n e j o e conservação d a m a q u i n a r i a .

4. Construção Naval

A consol idação d a i n dú s t r i a n a va l b r a s i l e i r a foi, p r a t i c a m e n t e ,in ic iada com a p r o mu lg a ç ã o da Le i n 9 3.381, d e 1958, que criou o-F u n d o d e M a r i n h a M e r c a n t e , d e s t i n a d o a f inanc iar o reapare lha-

m e n t o e a implantação d e e m p r e s a s d e n a v e g a ç ã o . e construção-naval, be m como a a qu i s iç ã o d e e m b a r c a ç õ e s . A i s e n ç ã o d e dire i tos -d e impor tação e t a x a s a l f a n d e g á r i a s e a concessão d e prêmios ãconstrução naval que não u l t r a p a s se a d i f e r e n ç a e n t r e os custosd e produção in ternos e os vig e n te s no me r c a d o in t e r n a c io n a l estãoi g u a l m e n t e p r e v i s t a s n a criação d o F u n d o .

O D e c r e t o nM8.180, d e 1960, ao r e g u l a m e n t a r a L e i n" 3.381,d e f i n i u a política d e renovação e expansão d a frota mercante*

nacional com a ut i l i zação d os estale iros e m b a s e s e c o n ô m i c a s .A p e s a r d e t r a ta r - s e d e indús tr ia nova, c om p r o d u ç ã o a i n d am o d e s t a , os es ta le i ros nac ionais estarão d o ta d o s , a par t i r d e 1965,d e c a p a c i d a d e n o m i n a l d e p r o d u ç ã o e qu iva l e n t e a 2 0 0 mi l to n e -ladas deadweight por ano, operando e m u m t u r n o d e 8 horas d et rabalho.

A p a r t i r d o a n o f i n d o , a indústr ia naval passou a contar com.apre c iáv e l su p o r t e e m su a s a t iv id a d e s , ao s e r in ic iada a produção d e

c h a p a s n a va i s e d e m o t o r e s d i e s e l m ar í t i m o s , tan to para propulsão1

como para f ins au x i l i a r e s , o que permi t i rá a gradat iva redução de -imp o r ta ç ã o d e s s e s p r o d u to s , com r e f l e x o s f a v o r á v e i s sobre o cus tod as e m b ar c aç õ e s p r o d u z i d a s n o P a í s .

C om in s ta la ç õ e s que p e r m i t e m a construção d e qu a lqu e r t ip od e embarcação até 80 mil tdw, s e g u n d o e l evados padrões técn icos ,os e s t a l e i r o s n a c i o n a i s e n t r e g a r a m , e m 1962, 5 e mb a r c a ç õ e s numtotal d e 24.800 tdw e , e m 1963, 6 embarcações, que p e r fa z e m

39.750 tdw.O total d e e n c o m e n d a s f e i t a s pelo Governo aos d ive r so s e s ta -le iros, já em fase d e c o n s t r u ç ã o , a t in g e a tu a lme n te 23 u n i d a d e s com;

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a tone lagem global < Je 206.750 tdtv, nas q u ai s s e inc luem se i spetrole iros,

A t e n t o às n e c e s s i d a d e s d e re e q u ipame n to d a m arin ha m e rc an te

nacional, o G o v e r n o está adotando providências que fortaleçam acapac i dade f inanceira d o F u n d o d e M a r i n h a M e r c a n t e co m oi ref luxo a e l e d a s amortizações d as u n i d a d e s e n t re g u e s ao serviçodas companhias de navegação para o f inanciamento de novas. encomendas , inc lus ive d o e x t e r io r .

5. Outras Indústrias

a) Petroquímica

Em 1963, cresceu, de modo geral, a produção da in dú s t r iap e t r o qu í mic a e p r o s s e g u i r a m , e m r i tmo ac e l e rado , as' obras pro-gramadas c o m o f i m d e assegurar a expansão desse setor d eimportância vital para a nossa economia.

À produção de n i t rocálc io da Fábrica de Fer t i l izantes , de(Cubatão, da Petrobrás, foi maior que a obtida no ano anterior.

a t ing indo 56.266 tone ladas . M a s o re su l tado mais au sp ic io soverif icado e m 1963, no se tor 'das at iv idades pe troquímicas daPetrobrás, foi o a u m e n t o r e g i s t r a d o na produção d e borracha( 2 9 , 9 2 6 t o n e l a d a s ) , q u a s e o dobro d a produção d e 1962. Al iá s ,

- • n o corrente ano, tudo indica que a Fábrica d e Borracha Sintéticaproduzirá 40 mil t o n e l a d a s , d as quais parte s ign i f ica t iva s e

(destinará ã exportação,

PRODUÇÃO DA F A B R I C A DE B O R R A C H A SINTÉTICA — J959/1963

. A N O S

1962.1963.

QUANTIDADE (londtecm)

I E C L - K D O os ncoí

Toií.1

15.95929.926

SBB

S. 4037 704

SBR

3.8396 026

SER

2. M O5 024

SBR

4 47 210 924

BC

752l R

: 'Petrúlra •BrjiiViro 'S.A. ( F E T R O B K Ã M

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-LI n t e n s i f i c a r a m - s e , no úl t imo ano, os t rabalhos de cons t rução e

m ontage m d as u n i d a d e s jd e e x t ração d e aromáticos, pirólise d octano e r e form acão ca ta l í t i ca da R e f i n a r i a Presidente B e r n a r d e s ,

ten-do. por igua l , p ros s e gu ido as obras d e c o n s t r u ç ã o d a u n i d a d e d ebutad i e no da Fabrica de Borracha Sintét ica da Petrobrãs. Essaul t ima unidade proporcionará ao País poupança de idivisas da o r d e mde 7 m il h õe s de d ó l a r e s , Teve iníc io, em 1963, a construção doC o n j u n t o Pe t roq uí m ico d a B a h i a , que ampl iará d e 2 v e z e s e m e i aa .produção a tua l d e ni t rogênio para fabr icação d e adubos e repre-sentará e conom ia d e ce rca d e 1 2 m i l h õ e s d e dó l are s por ano.

b) Álcaíis

A i n d u s t r i a l i z a ç ã o d os ãlcal i s básicos e os s u b p r o d u t o s i n d u s -tr ial izáveis gozam d e e l e v ada pr ior idade nos inv e s t im e n tos gov e r -nam e nta i s pe l a im por tânc ia d e s uas inúm e ras ap l i caçõe s e mi n d ú s t r i a s d e t r a n s f o r m a ç ã o , c o m o a s d e vidro, sabão, me tai s ,tecidos e q u í m i ca e m g e r a l ,

A produção de barr i lha fo i in ic iada em 1960 com a entradae m operação da C om panhia N acion al de Álcaí i s , sob controle idoEstado, d e n t r o d o proce s s o d a indus t r ia l i zação s ubs t i tu t iv a d ei m p o r t a ç õ e s .

O a u m e n t o ,da part ic ipação proporcional da produção debarri lha em re lação ao c o n s u m o pode ser observado no q u a d r oseguinte:

EVOLUÇÃO DO CONSUMO APARENTE DE B A R R I L H A NO ]

BRASIL — 1960/1963

( E m m i l t . )

Anos Impor tação Produção Cons umo A pare nt e1960 79,0 14 ,8 93,81961 61 ,0 38,5 99.5Í962 46,4 69.0 11 5,41963 D 48,7 76,0 12 4,7('*) E s t imat iv a .

A produção d e barri lha alcançada e m 1963 contou c o m os u p r i m e n t o d e 5 7 m i l tone ladas ' d e s a l obt ido por m e io d e cr i s ta l i -

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zadores so lares , e m f u n ç ã o d o p r o g r a m a d e a u t o - s u f i c i ê n c i a e m s a lposto em p r á t i c a p e l a C N A .

A Co mp a n h ia Na c io n a l de  lc a l i s d e s e n vo lve , no mo me n to ,um p la n o de obras de a mp l ia ç ã o de sua capac idade produt iva para1 20 m il t/ano, c o m r e c u rso s s u b s ta n c ia i s c o n c e d id o s p e lo G o ve r n oa par t i r do ano f i n d o .

A produção de so d a c á u s t i c a no País, b a s ic a me n te a cargo da

in ic iat iva .pr ivada, t em recebido apoio f inance iro e i senções f i sca isp a r a vá r io s e mp r e e n d ime n to s que a t e n d e r a m o c o n su mo a p a r e n tem e n c i o n a d o a s e g u i r :

C O N S U M O A P A R E N T E DE S O D A CÁUSTICA NO B R A S I L— 1960/1963

( E m m i l t . )

Anos

19601961

1%21963 (* )( * ) E s t i m a t i v a .

Importação

101109

147H3

Produção Consumo .

69 17078 187

83 23090 233

A p e s a r d o aumen- to a t i n g i d o no ano f i n d o , a produção bras i -l e i ra de so d a c á u s t i c a a in d a se m o s t r a i n s u f i c i e n t e . O Go ve r n oproporcionará os recursos d e q u e n e c e s s i t a a in d ú s t r ia p r iva d a ,para e x p a n d i r a sua c a p a c i d a d e de produção, e a Companhia

N a c i o n a l d e Álc a l i s , p a r a su p e r a r as d i f i c u l d a d e s q ue l i m i t a m a s uap l e n a u t i l i z a ç ã o .

c ) Produtos Farmacêuticos

O e x t r ao r d i n á r i o d e s e n v o l v i m e n t o a l c a n ç a d o p e l a in-dústr iab r a s i l e i r a d e m e d i c a m e n t o s p od e s e r a v al ia d o pe lo s e u f a t u r a m e n t oq u e , s e g u n d o e s t ima t iva s , t e r ia a l c a n ç a d o , e m 1 9 6 2 , a imp o r tâ n c ia

d e 6 5 b i l h õ e s d e c r u z e i r o s .A evolução do n ú m e r o :de e s t a b e l e c i m e n t o s e do valor da pro-

d u ç ã o , a p r e s e n t a d o s p e l o C e n s o I n d u s t r i a l , no período 1950 a 1960,

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p e r m i t e i de n t i f i c ar a existência d e u m a estrutura monopolis ta naconcentração d a produção e m p e q u e n o n úm e r o d e empresas, habi-t u a l m e n t e geradora d e altos preços e também d a absorção d e p e -

quenas e médias empresas por grandes consórcios internacionais,que dispõem d e m aior pode r compe ti t ivo facul tado pela capacidadet écnica , f inanceira e a d m i n i s t r a t i v a — d o qu e s e origina a gradativadesnac ional ização d o setor.

Dadas a importânc ia econômica e in du s t r ia l do se tor e as re-

percussões d a sua consolidação n o be m-e s ta r e n a s condições sani-tárias d a população, o Governo baixou, no ano f indo, o Decre to

n° 51.685, que criou u m G ru po de T rabal ho c o m a in c u m bê n c iade in c e n t ivar a in dú s t r ia fa rm ac ê u t i c a n ac ion a l me d ian t e o re e q u i -p a m e n t o d os laboratórios privados e estatais , visando à produçãoa baixo custo d e me dic ame n to s e s s e n c ia i s às n e c e s s idade s mai sp r e m e n t e s d a população, c om prioridade no a m p a r o d o po de r pú-blico. O s D e c re to s rí> s 52.471 e 52.8 24 in s t i tu í ram, no ano f indo,

várias normas para ampliação d a produção farmacêut ica , subs t i tu i -

ção d e importações , fac i l idade d e acesso às m a t é r i a s - p r i m a s e à t e c -nologia moderna pelo incentivo à pe sq u i sa .

A s s i m , f o i c o n s t i tu ído o G ru po Ex e c u tivo d a I n d ú s t r i a Farma-cêutica (GEIFAR) que, além d e elaborar um a relação d e me dic a -mentos u t i l izados na te rapêut ica de doenças mais f reqüentes , pro-c e de rá ao l e v an tame n to de dado s re f e re n t e s à es t ru tura da indús tr iafarmacêut ica nacional .

C om a f inal idade d e discipl inar e c o n t e r a al ta desmesuradad os preços d e v e n d a d os me dic ame n to s , o GEIFAR entrou e m e n -t e n d i m e n t o com a Carte i ra d e Comércio Exterior d o Banco d oBrasil e a Su pe r in t e n d ê n c ia N ac io n a l d o Abas t e c ime n to , no s e n t i d od e d i sc ip l in ar a aquis ição d e matérias -primas e produtos farmacêu-ticos importados e a comerc ia l ização de tais pro du to s .

Outras medidas l eg is la t ivas deverão ser aplicadas para con-sol idar o amparo e o re apare l hame n to dos laboratórios estatais e

privados que contribuirão para diminuir as importações e , as s im,me l ho r a t e n de r às n e c e s s idade s de medicamentos e s senc ia i s àpopulação.

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c f ) Celulose, Papel e Papelão

Esta t í s t i ca s p re l imin a res in d ica m que , e m 1963, a produção

i n t e r n a de celulose de fibra curta teria a t in gid o o nível de 240.000ton e la d a s , en qua n to o n íve l da de celulose d e f ibra longa perma-necia inal terado. Para o ano de 1966, estão previs tos incrementosn a p rod ução d e fibra curta que permit irão auto-suf íc íência , aop a sso que , r e la t iva men te à fibra longa, considerados os projetose m execução, parece poss ível a t ingir - se , e m 1966, a produção d e273.000 toneladas, o que assegurar ia o suprimento tota l das ne-c e s s i d a d e s d a matér ia -pr ima.

A produção nacional d e papel , por seu turno, encontra-sere la t iva men te be m desenvolvida, salvo no p e r t i n e n t e ao papel d eimpr ensa , o que se atribui à política d e subsíd ios às importações pormeio d e taxas cambiais favorecidas.

Com efe i to, a p r o d u ç ã o d e papéis d e todos os tipos, principal-m e n t e d e i m p r e s s ã o e kraft, e s t e d e importância fundamenta l n ain dú s t r ia , at ingiu níveis sa t i s fa tór ios , permit indo quase e l iminar as

impor tações .A ca p a c id a d e d e p rod ução d e p a p e l d e jorn a l , em f ins de 1963,

foi ampliada d e 65.000 toneladas/ano para 155,000 toneladas/ano, c o m a ins ta lação d e m a q u i n a d e capacidade teórica igual a90,000 toneladas/ano.

Principalmente por i n t e r m é d i o d e suas agências f inanceiras ,ve m o Governo apoiando os projetos d e produção d e papel e celu-lose, a f im de dotar o País, no prazo mais curto, d e condições paras ub s t i t u i r as importações d e papel d e jornal .

e) Cimento

Dados preliminares relativos ao ano de 1963 p ermi tem es t ima ro con sumo a p a re n te n a c ion al d e c i m e n t o portland comum e m cercad e 5.045 m il toneladas, acusando, assim, e m relação ao ano de1962, um cresc imen to d e 0,9% apenas.

A taxa de crescimento, que se vinha mantendo em tôrno de8% anuais, experimentou substancial retração em 1963, em con-seqüência da redução no volume das construções civis.

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A reativação deste se tor, que tem demonstrado grande dina-mi s mo, reagindo favoravelmente aos incent ivos d o mercado, deverácorrer paralela c o m o a u m e n t o d o volume d e obras esperado para

este ano.Vale notar, ainda, a poss ibi l idade , dentro d e certos l imi te s , d a

montagem d e fábricas d e c imento com base e m e q u ipame n to s d efabricação nacional, o que se re f l e t e nos proje tos . d e expansão e mcurso, ,que visam a a u m e n t a r a capacidade d e produção para 7 m i -lhões d e toneladas/ano e m 1965.

E) PROGRAMAS DE I N T E G R A Ç Ã O N A C I O N A L

l. Correção dos desequilíbrios regionais

Durante o ano de 1963, o Go v e rn o pro s se g u iu na apl icaçãod as dire t r izes t raçadas para corr ig ir os desequi l íbr ios regionais .Essa política obteve alguns êxitos d e monta, e spec ia lmente e m r e -lação ao Nordeste. Pode-se af i rm ar que, graças à ação governa-

m e n t a l por in t e rmé d io d a SUDENE, o Nordeste é , hoje, e m com-paração com os seus próprios níveis anteriores, a re g ião que maiscresce no País. A part ic ipação do N o r d e s t e na re n da n ac io n a lpassou de 13,9%, o seu ponto mais baixo, em 1955, a cerca de 19%,em 1963, enquanto a re n da pe r capita, na região, evoluiu, nomesmo per íodo, d e 42,9% d a média nacional , a cerca d e 52,5%,s e g u n d o as es t imat ivas fe i tas c om base nas projeções d os dadosdos anos anteriores.

Ou tro s órgãos d e p l a n e j a m e n t o e ação regionais , a lguns de le satuando também n o Nordeste, como o DNOCS, rea l izaram, porigual , empreendimentos s igni f ica t ivos no decurso d e 1963, quer nocampo das pesquisas e levantamentos, visando à elaboração de pla-nos e projetos, quer na e x e c u ção de obras, e serviços, entre os quaisalguns de grande repercussão para a economia e a vida social dediversas re g iõ e s .

J á a essa al tura , torna-se evidente , como o ates ta o e x e m p l odo Nordeste, que o processo de desnive lamento crescente entre asvárias regiões que compõem o País pode ser contido pela ação do

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E s t a d o , C om base n um diagnóst ico seguro d as economias regio-nais , e conhecidos os fa tores d a d e s i g u a l d a d e d e desenvolv imentonas di s t in tas áreas do terr i tório nacional, pode e deve o Estado de-

mocrático, por m e i o d e m e d i d a s d e política econômica, exercer pa-pel corre t ivo n o s i s t ema, neu t r a l izando t endênc ias nega t ivas e es t i -m u l a n d o outras, d e incent ivo às regiões d e mais baixa renda e mrelação aos cen t r os mai s d inâmicos . A ch amo-nos , contudo, n o inícioainda d e u m processo d e mudança , e s tando quase tudo por fazer,princ ipalmente e m regiões subdesenvolvidas que não o Nordeste,a lguma s d as quai s e n f r e n t a m , ainda, os problemas e lementares d o

d e s b r a v a m e n t o e da ocupação. O ace l e r amento desse processo decorreção d os de se qui líbrios regionais de pend e , e ntre tanto, da re -mo ção d e obstáculos vários, alguns d e natur eza ins t i tuc ional , quen ã o po dem s e r super ados exc lus ivamente pe las medidas admini s t r a -t ivas correntes e pelos esforços d os órgãos governamentais, cujae f ic iência estaca, e m geral , d iante d a pobreza d e recursos e d e u mquadro geral d e d e s e n c a n t o e ce t i c i smo d as nossas populações ru-rais , ainda não incorporadas ao processo d e desenvolvimento, porforça d as e s t r u tur as a inda v igen te s e m nosso País.

A i m p l a n t a ç ã o d as r e for mas d e base pelas quais luta o G o -•wÈrno, acompanh ada de medidas admini s t r a t ivas capazes de dina-mizar os órgãos governamentais , permit i rá vis lumbrar a época e mque d e i x e m d e convivei; lado a lado, dentro d a mesma nação, ver-dade i r os países econômicos separados uns dos outros por algunsséculos d e di s tânc ia , quanto ao estágio d e desenvolv imento .

Se é v e r d a d e que um resultado de importância capital estásendo obt ido no Nordeste, mer cê da ação da SUDENE, diversosóbices à melh or ia da at ividade dos órgãos do Governo nas d i f e r e n t e sregiões , já apontados na M e n s a g e m e n v i a d a a Vossas Excelênciasem 1962, não foram ainda de todo cor r ig idos . Esses obstáculosestão l igados ao problema da reforma adminis t rat iva e à necessi-dade de adaptar o aparelho governamental aos novos níveis decomplex idade e grandeza da vida nacional . Nesse particular, o Po-der Executivo tratou de real izar a sua par t e , empr eendendo a ela-boração, por in termédio d o Ministro d a Refor ma Admini s t r a t iva ,de um pr oje to que há de mer ecer , por certo, a atenção e os cuida-

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do s do Congresso, plenamente consciente d a gra vi d a d e d o pro-blem a .

A l é m d a r e forma a d mi ni s t ra t i va gera l , h á que empreend er r e -formas n a e s t ru t ura e n o s m é t o d o s d e trabalho d e alguns órgãos:r eg i ona i s , no t a d a ment e a SPVEA, a Comissão d o Vale d o São>Francisco, a Superintendência da Fronteira Sudoeste do País e as;

en t i d a d es que a t u a m n a área d o C e n t r o - O e s t e B r a s i l e i r o . Todosesses órgãos, como a exper iência o d e m o n s t r o u , vêm s e n d o e n t r a -vados por uma série d e d i f i c u ld a d e s , q u e r o r i u n d a s d e s u a própriae s t r u t u r a , quer l i ga d a s à fal ta d e u m a l e g i s l a ç ã o c o m p l e m e n t a r s ó '

bre planos e verbas. Por outro lado, vinham trabalhando sem ame nor coorde nação, no âm bi to nacion al , e nt re os se us program ase proje tos .

C om a instalação, e m 1 1 d e j u l h o do ano passado, d a Coor-denação d o P l a n e j a m e n t o N a c i o n a l , um passo i m p o r t a n t e foi d a d on o s e n t i d o d e corr i g i r em-s e a lguns d e f e i t o s apontados n as at ivi -d a d e s d e s s e s i n s t r u m e n t o s . A at ividade planejadora d os d i f e r e n t e s

órgãos ganhou novo impulso e um princípio d e coordenação foies tabelec ido e ntre e le s . Es t im uladas pe las s olic itações d a Presi-dência d a R e púb l i ca , tod as as ent idades regionais passaram a ca-m i n h a r no s e n t i d o d o trabalho c om base num plano gera l e elabo-raram numerosos proje tos , jã sob a inf luência de cr i tér ios de pr io-ridade segundo os interesses da economia nacional. Esses traba-lh os t i vera m i gua lment e o mér i t o d e ev i d enc i a r as d e f i c i ê n c i a s d ecada e nt idad e , pondo em re le vo os óbices pr in cip a i s a uma açã omais racional e posi t iva.

Dentre esses obs táculos f igura o problema dos recursos f inan-ceiros, part icularmente no que concerne ao nível d as dotações e ,acima d e tudo, n o q u e s e r e f e r e ao r i tmo d e liberação d as verbas esua destinação. Também no setor de economia regional, a experi-

ência está i nd i ca nd o qua nt o é necessár io e n f r e n t a r o problema d e

levar a cabo a r e f o r m a d o s i s t ema orçamentár io d a Uni ão , h oj eincompat íve l com os padrões d e ef ic iência mín i ma que p r e s i d e m aod i s pènd i o d e dinhei ros públ icos .

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2. Amazônia

A Sup er in ten d ên c ia do Plano de Valorização Econômica da

A m a z ô n i a é, se m d úvid a, o pr incipal ins trume nto da ação governa-me n ta l n a Ba c ia Ama zôn ica . A r e l evân c ia d o seu p a p e l ressaltamais ainda d iante do fato de que a cr iação da SPVEA, carreandor ecur sos ceitos e volumosos para a R e g i ã o por força de pre-ce i to const i tucional , como que provocou um a retração d os d e m a i sórgãos f ede r a i s n o Extremo Nor te , con d ic ion a n d o f u ndam ent a l -m e n t e o seu progresso às possibi l idades f inanceiras da en t id a d e eà m a i o r ou m e n o r eficácia d e s u a ação.

Con tud o, a SPVEA, que comp le tou, e m 1963, d e z anos d eexistência, te m t ido a sua atividade tolhida por diversos obstáculosd e m o n t a , a começar pela ausência d e u m plano diretor, q u e d e -ve ria se r votado pelo C ongre ss o, on de tram ita, de sd e 1954, umpro je to d e p l a n o q ü i n q ü e n a l a e la d e s t i n a d o . Por outro lado, aexperiência dos úl t imos anos demonstrou que a es trutura da orga-nização n ão e s tá p e r f e i ta m e n te a jus ta d a a o se u obj e t ivo d e a ta caros pontos de m ai o r in te r e s s e , con s id erad a a R e gião em co n jun to.

Re iv in d ic açõ e s d e n a ture za p ura m e n te loca li s ta ou d e in te r e s se re s -tr i to f iguram lado a lado c om t a r e f a s d e maior repercussão para aA m a z ô n i a , p r e j u d i c a n d o - s e , a s s im , a visão d os objetos principais ecomprometendo-se a eficiência dos invest imentos.

C o m p r e e n d e n d o a importância d o p a p e l d e s e m p e n h a d o p e l aSPVEA e as l imitações prát icas impostas à ação da e n t i d a d e , oGoverno procurou proporcionar- lhe todos os e s t ímulos e facili-d a d e s . A s s i m é q u e , d e s d e q u e s e i n s t a l o u , e m f ins de 1961, até of inal d o an o p ss sa d o, o a tua l G overno, n ão obs ta n te o se u em p en hoe m conter as despesas, .liberou para a SPVEA um total deCr$ 23.487.464.768,40, n e l e in c lu íd a s as verba s d es t in a d a s à Ro-dovia Belém-Bra s í l ia .

De outra parte, a SPVEA es tá t rabalhando por um plano deconjunto e visa n d o reor ien la r e d i sc ip l in a r a sua at ividade, quantoà elaboração de projetos de e s t u d o s e obras prioritárias.

Já e m 1963, embora cingindo-se aos recursos orçamentár ios , aSPVEA a pl icou em in ves t ime n tos r ep rod ut ivos cerca d e 26%(mai s de três bilhões e d u z e n t o s milhões de cruze i ros) do total re-cebido. Somente no se tor d o Créd i to In d us t r ia l e na conta d e par-

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t íc ipação em e mpre e n d ime n to s bá s ic o s para a economia amazônicafoi e m p r e g a d a a importânc ia d e cerca d e u m bilhão d e cruze iros .

Entre as princ ipais a t iv idades d o órgão e m 1963 f iguram, alémd a e x e c u ç ã o d e d i f e re n t e s p ro g ramas g o v e rn ame n ta i s , por in ter -

mé d io d o I n s t i t u t o d e P e s q ui s a s e E x p e r im e n t aç ã o A g ro p e c u á ri ad o N o r t e ( I P E A N ) , d a SUPRA e outros, os programas n o campod a he v e ic u l tu ra , que visam à formação d e seringais d e cul tura , ea f o r m a ç ã o de técnicos madeire i ros , em cooperação com a Missãod a F A O .

N o campo d a energia e lé trica, teve a SPVEA, e m 1963, us e u ano mais promissor , com a s i s t e m a t i z a ç ã o d as at iv idades nessesetor fu n dame n ta l . Me re c e u "e spe c ia l e s fo rço a construção d aHid re l é t r i c a "Co arac y N u n e s " , e m pre e n d im e n to prior itár io d e sin-gular significação para o A m a p á e o norte do País, comprome-tendo-se a e n t i d a d e a invest ir na obra Cr$ 2,5 bilhões até 1966.

U m G r u p o d e Trabalho foi criado para acelerar o projetod e a p r o v e i t a m e n t o do rio C u r u á - U n a , que be n e f i c ia rá a área d eSantarém e no qual a e n t idade in v e s t i rá c e rc a de Cr$ 8 bi l hõ e s .Por outro lado, o G o v e r n o d e t e r m i n o u o r e e q u í p a m e n t o d a Força

e L u z d o Pará, m e d i a n t e a aq u i s i ção d e du as u n i d a d e s t e r m e l é -tricas de 25 MW c ada , a s su min do a SPVEA uma respons ibi l i -da<le no m o n t a n t e de Cr $ 10 bilhões, e m d e z anos. Foi su s tada ,a s s im, a ame aça que pairava sobre Belém, d e colapso no fo rn e c i -m e n t o d e e n e r g i a .

Em Mato Gro s so , a e n t i d a d e ve m colaborando com a s Ce n -trais Elétricas d e M a t o Grosso (CEMAT), t e n d o e m vista suprirde e n e r g i a a área de Cuiabá. T a n t o as Centrais Elétricas de

Goiás ( C E L G ) , c o m o as Centra i s Elé t r icas do Maran hão e aCo mpan hia d e El e t r i c idade d e Man au s , r e c e be ram impo r tan t e ssubs íd ios f inance iros para o p r o s s e g u i m e n t o d e s u a s a t i v i d a d e s .

No setor da saúde pública, a e n t idade cumpriu d i f e re n t e s p ro -gramas d e serviços básicos d e saneamento, esgotos, ass is tênciamédico-sanitária, postos d e higiene , doenças t ransmiss íve i s , e tc . ,s e m p r e por i n t e r m é d i o do SESP.

N ão o bs tan te o s l imi t e s impos tos pe l a le i de me ios , foram

concedidos auxí l ios subs tanc ia i s ao ens ino médio, be m como à for-mação d e pessoal técnico, nos termos d o Programa d e Desenvol-v i m e n t o Cul tural .

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A Comissão Execut iva d a Rodovia Belém-Brasí l ia (RODO-BRÁS) p oss ib i l i tou o t rá f ego n orma l na BR-14, "Rodovia Ber-n a rd o Sayão" — e m p ree n d im e n to ca p i ta l p a ra tod a a A m a z ô n i a

• — durante todo o ano, apesar d as chuvas no per íodo d e i n v e r n o .Aten ção p a r t icula r foi d a d a à construção d e ramais d a m e s m arodovia, a f im de permit ir o e scoa men to d as safras e m numerosasáreas e e s t i m u l a r a econ omia da r e g i ã o . Os programas da RO-DOBRAS p a ra e s se s ra ma is comp reen d em a construção, até j u n h od e 1964, d e 1 . 2 0 0 km de estradas, d os quais cerca d a m e t a d e jáconcluída no decurso do ano p a ssa d o.

Programas Para os Anos VindourosA a t iv id a d e da S P VÊ A na Amazônia para 1963 es tá com-

p r e e n d i d a num conjunto d e programas que s e prolongarão até1965, senão além,

A s s i m é q u e , no d ecurso d os próximos dois anos, a e x e c u ç ã odos projetos já aprovados para a Ama zôn ia imp l ica rá o invest i -m e n t o d a ord e m d e 105 b ilhões d e c ruze i ros , or iun d o d o Fu n d o d e

Valorização da A m a z ô n i a e de créd i tos e s p ec iai s para a RODO-BRÁS. Desse to ta l , ma is d e 5 8 bilhões deverão s e r aplicadose m 1964, e , do mon ta n te dessas aplicações, 81,8% s e d es t in a rão àin f ra - e s t ru tu ra , 9,2% à in d ús t r ia e agricul tura , e 9% aos progra-m as d e s a ú d e e educação. Mais d a m e t a d e (59,6%), en t r e ta n to ,d as verbas se rá en ca min ha d a p a ra o setor rodoviário, a f im deconcluirem-se a Belém-Bra s í l ia e sua s ra mif ica ções (Qua d ro nú-mero l).

Entre os pr incipais proje tos n o setor d e Energia Elétr ica , f i-guram a Usina Coaracy Nunes (no A m a p á ) , de 16,9 M W; a dorio Casca, em Mato Grosso, de 13 MW; a da C u r u á - U n a , naárea d e Sa n ta rém, d e 3 0 M W ; a d o L a j e a d o , e m G o i á s , e mcooperação c o m a CELG; a d o Farinha, no Tocantins, t a m b é m e mconvênio c om o u t r as e n t i d a d e s ; e a d e M o s q u i t o - A r r a i a s , e m Goiás,e m cooperação com a> CELG. A l é m da execução dos projetosmenc ionados a c i m a , s e r ã o e m p r e e n d i d o s e s t u d o s e trabalhos pre-

l iminares para a c o n s t r u ç ã o d o p roj e to in tegra d o d o G u r u p í ; d aUsina de São Feliz, no Toca n t in s , e da U s i n a de Crimin osa , de22,5 MW, no r io I f a p e c u r u . P or outro lado, cuidará o G o v e r n o

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d a ampl iação d o s i s t e m a d e Be l é m, já indicado, e d a c o n s t ru ção d aL i n h a d e T r a n s m i s s ã o B e l é m — C a s t a n h a l .

N o setor rodoviário, além d a "Be rn ardo Sayão", se is outras

rodovias consumirão cerca de Cr$ 9 ,6 bilhões.Q u a n t o ao se tor portuário, serão executadas obras d e cons-t ru ção d o porto d e S a n t a r é m , d a «Zona Franca» d e M a n a u s e d ocais d e acos tagem e p í e r e m M a c a p á .

N o c ampo e du c ac io n a l , c u mpre de s tac ar o Pl an o Edu c ac io n a ldo E s t a d o do A m a z o n a s e o Proje to de Educação para o Territó-rio do A m a p á ,

Pro je to s de abas t e c ime n to dá g u a s e rão l e v ado s a c abo e m

Be lé m, São Luís, Cuiabá, Macapá e Bela Vista, a-lém d e outrose m 45 núcleos populac ionais d o Pará, M a r a n h ã o e Mato Grosso,e r e d e s d e esgotos serão cons tru ídas e m B e l é m , São Luís , Cuiabáe Macapá, Entre outras rea l izações no c ampo d a Saúde Públ ica ,f iguram a in da o P r o j e t o I n t e g r a d o d e Saúde d o Território d oA m a p á e a M a t e r n i d a d e - E s c o l a d e B e l é m .

Pe l o me n o s n o v e pro je to s d e instalação d e in dú s t r ia s me re -cerão f i n a n c i a m e n t o s d a SPVEA: fábricas d e c imento, óleos , te -

cidos d e j u t a , pape l , açú c ar , be n e f i c iame n to d e m a d e i r a s e a cons-t ru ção d a S I D E R A M A , p ri m e i ro e m p r e e n d i m e n t o s i d e r úrg ic o n aA m a z ô n i a ,

N o c ampo d a agricul tura , se te proje tos serão encetados n ospróximos do i s an o s , os quais absorverão cerca de Cr$ 2 ,4 bilhões,s o m e n t e d o F u n d o d a SPVEA, sa l i e n tan do - se o pro je to d e C o m -bin ado Ag ro -Urban o , d e Arra ia s , d e inic iat iva d o Go v e rn o d e

Goiás.

3. Nordeste

N o N o r d e s t e , a atuação d o Governo s e f e z s e n t i r comcular relevo no último ano. U m a anál ise d as at iv idades d aSUDENE e v ide n c ia que 1963 fo i , seguramente , o ano de consoli-

dação desse órgão d e de se n v o l v ime n to n o t e r re n o d as realizaçõesconcretas. O g ran de e s fo rço de pl an e jame n to nos s e u s pr ime i ro sanos encontrou, n o exercício d e 1963, condições que pe rmi t i ram

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alcançar," em r i tm o ace l e r ado, a s m e tas e s tabe l ec idas , A pes ar d e t e ra s e g u n d a etapa d o Plano Diretor s ido aprovada n o m ê s d e j u n h o« d e t e r -se ver i f icado apenas n o últ imo q u a d r i m e s t r e a e n t r e g a d os

recursos, apreciável soma d e real izações pode s e r a p r e s e n t a d a e mabono da ef icác ia da ação planejada do Governo com o f i to d ecorrigir distorções n a economia, como é o caso d o desequi l í br iod e cr e sc imento en t r e d i f e r en te s r eg iões .

O volume d e d e s e m b o l s o s e f e t u a d o s e m 1963 (Quadro n 9 2)revela, e m termos reais, um incremento d e 20% e m relação a1962.

A s igni f icação d os t r abalh os empr eendidos n a região avulta

mais ainda ao considerar-se o volume d os recur sos compr ome t idos ,e m 1963, para invest imentos no N o r d e s t e , e assegurados por convê-nios, projetos e acordos internacionais, n o m o n t a n t e d e C r $ 114,7bi lh ões (Quadr o n' 3). De tal cifra, provêm da SUDENE Cr$ 54,5bi lhões (47,5%), do setor privado Cr$ 35,2 bilhões (30,7%) e daa jud a e xterna Cr$ 25 bilhões (21 ,8% do total ) .

Dentre os recursos comprometidos pela SUDENE, 78,2%(Cr$ 42,8 bi lhões ) re fere m -s e a inves t imentos dire tos e 21,5%(Cr$ 11,9 bilhões) a subsídios f i scais concedidos ao setor privado.D os inve s t ime ntos diretos, 55,7% {Cr$ 30 bi lh ões ) de s t inam-seà in f r a -e s t r u tur a , 10% (Cr$ 5,4 b i l h õ e s ) à agr icul tura e abasteci-mento , 1 1 % (Cr$ 6 bi lh ões ) a pré - inves t imentos l igados ao aper fe i -çoam ento do fator hum ano e ao levantam e nto de recursos naturais .Ener g ia e transportes absorvem, por s i sós , r espec t ivamente , 31,8%e 12,6% dos r ecur sos .

Entre as indústr ias que receberam subsídios da SUDENE,os s e tore s m ai s favor ec idos foram o d a i n d ú s t r i a química, c omCr$ 5,3 b i l h õ e s ( 9 , 7 % ) , e o d a indústr ia têxti l , com Cr$ 2,7bilhões (4,9%).

O setor privado apresentou 86 projetos industr iais , compro-m e t e n d o recursos e m volume super ior a Cr$ 36 bilhões , de s t inadosã i n d ú s t r i a química (Cr$ 13,3 bilhões), ã têxt i l (Cr$ 2,3 b i l h õ e s )e à al iment íc ia (Cr$ 1,2 bilhões) .

O s recursos compromet idos pe la a j u d a externa provieram-de duas fon te s : o G o v e r n o d os Estados Unidos d a A m é r i c a d oNor te e o Banco Interamer icano d e Desenvolv imento . 2 6 ,7%

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dessa a jud a é r e p r e s e n t a d a por dólares e 73,3% por cruzeiros, pro-ven i en t e s dos Acord os do Trigo, Do total, 75,1% dest inam-se aproje tos de ed uca ção de base e de s a úd e e 23% a i nves t i ment os .de

infra-es trutura, sendo 9,9% para cada um dos setores de energiae abas tec imento dágua e 3,2% para t ransportes .

Analisando-se, globalmente, os recursos compromet idos , s e mdis t inção d e suas fontes , ver i f ica - se que q u a s e m e t a d e s e dest ina aoprocesso de indus t r ia l ização (41,1% equivalente a 47,1 bilhões de

cr u z e i r o s ) e 31,2% (Cr$ 35,8 bi lhões) à i n f r a - e s t r u t u r a . A s s i m ,considerando-se que energia , t ransporte c indus t r ia l ização cons t i -t u e m a base d e qua lquer proces s o d e t ra ns forma ção e s t ru t ura l .d e

economias d e baixo Índice d e p r o d u t i v i d a d e , o v o l u m e d e recursoscompromet idos e m i nves t i ment os na que le s s e t ore s (71 , 1% d o total)•está a m p l a m e n t e j u s t if i c ad o e a s s e g u r a o êxito d a polít ica d edesenvolvimento do Nordeste realizada pelo Governo Federal, por

i n t e r m édi o da SUDENE.

A anali se do d i spênd io e fe t ivo do se tor públ ico ofere ce , tam-b é m , resultados sat isfatórios. Do total dos invest imentos reali -

zados, a SUDENE contr ibuiu c om 86,4%, equivalentes a C r$ 17,3bilhões , e a a jud a ex t e rna c om 13,6% (Cr$ 2,7 b i l h õ e s ) . Dessama nei ra , sem obscurecer a relevância da contribuição externa, podeafirmar-se que o sentido e a dinâmica do processo de desenvol-vimento regional são condic ionados , fundamenta lmente , pela mobi l i -zação d os r ecurs os i n t e rnos , o que, aliás , corresponde aos m o d e r n o sprincípios d a a j u d a in ternacional consagrados na Carta d e Punia

dei Este.

O .esforço f inanceiro realizado resultou n um apreciável acervode obras e serviços já incorporados ao pa t r i mô ni o de diversosEstados da região.

N o se tor da E nergi a , por e x e m p l o , a ex t ens ão da e le t r ic idaded e , P a u l o A f o n s o ao Rio G r a n d e d o Norte bastaria para jus t i f i caro trabalho de 1963, tal a r epercus s ão que exercerá sobre a economiae as cond i ções de vida do povo na que le Estado. A l é m d i s s o ,

22 novas c idades nordes t inas , no Ceará, Rio Grande do N o r t e ,Paraíba, Perna mb uco e Alagoas, passaram a receber energia daGHESK Foram ainda realizados investimentos nos sistemas de

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geração e de distr ibuição de São Luís, Fortaleza e Teresina. Poroutro lado, teve início, e prossegue e m r i tmo acelerado, a execução-do programa de eletrificação rural, que abarca várias dezenas de

c o m u n i d a d e s nor des t inas .N o s e t o r d os Transportes, prosseguiram os trabalhos d e

construção ou m e l h o r a m e n t o d e rodovias e m todos os Estados d aregião, merecendo regis t ro espec ial os executados na B R - 2 2 e na .BR-11. 1963 consignou, ainda, fato de enorme repercussão para.a e c o n o m i a n o r d e s t i n a : a pavimentação d a Rí o-Bah ia , um a das .metas principais d o Plano Priori tár io d e Rodovias constante d oPrimeiro Plano Dire tor d a SUDENE, f i n a n c i a d a c om recursos.d e créditos especiais abertos ao DNER.

N o se tor d e A b a s t e c i m e n t o d á g u a , t iveram in íc io ou prosse-gui ment o os t r abalh os de cons t r ução ou ampl iação dos s i s t emas ,fornecedores e m dezenas d e c idade s . Me diante convênios comos governos es taduais , a SUDENE a d q u i r i u e pôs à sua disposição89 carros-pípas, para atender as populações nece s s i tadas , e m caso.de seca.

N o campo d os inves t imentos l igados ao a p e r f e i ç o a m e n t o d ofator h umano, deve s e r posto e m relevo o início d a e x e c u ç ã o d oPr ogr ama de Educação de Base , em cooper ação com o Gover nod os E s t a d o s U n i d o s . V i s a n d o ao a u m e n t o d a o f e r t a d e técnicosnaque l e s setores e m q u e o Nor des t e s e apresenta mais carente, aSUDENE c o n c e d e u 510 Bolsas de Estudo para candidatos aose x a m e s v e s t i b u l a r e s d e A gr onomia , V e te r inária e Engenharia, nasUniver s idades d o N o r d e s t e . N o c a m p o d e t re iname nto , quase mi!1

alunos passaram pelos cursos organizados pela SUDENE.Entre os inves t imentos r ea l izados na p e s q u i s a d e recursos-

naturais, t iveram continuidade os levantamentos cartográficos,geológicos, agrológícos e outros . De ma ior s ignificação, e n t r e ~tanto, foi a conclusão d a r ede h í dr o ló gica , c om a instalação d e2.000 pluviômetros e m todo o N o r d e s t e , o que per mi te , }á a essaal tura, e n f r e n t a r , com ef icác ia e d e acordo com padrões técnicosaceitáveis, os f enô menos c l imát icos que per iodicamente af l igem a

r eg ião , «No Setor da Agr icu l tur a , mer ecem registro especial o início

da irrigação na região do São Francisco, tarefa a que se dedica.

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i g u a l m e n t e , a Comissão do Vale do São Francisco, de grandeimportância para o aumento da produção de alimentos: o iní-cio de um programa de organização de trabalhadores rurais,

na Cooperativa Agrícola de Tiriri; o plantio de 4.000 hectaresde campos de palmas e gramíneas, em oito Estados ; os programasde ajuda à pecuária (pesquisas sobre a desintoxicação da torta demamona e multiplicação de plantas forrageiras); a perfuração de

1 60 poços na zona árida, as obras da Central de Abastecimento do

R e c i f e e os trabalhos do Projeto de Povoamento do Maranhão.

Perspectivas para 1964O êxito obtido em 1963 permite esperar para o corrente ano

um período de intensa atividade no Nordeste. Considerando-seque mais da metade dos recursos do Plano Diretor correspondentesa 1963 tiveram a sua aplicação d i f e r i d a para 1964 em conseqüênciada publicação da Lei n' 4.239 somente em junho úl t imo, pode-seassegurar que, m e s m o admitindo-se que igual porcentagem s e man-

tenha em relação às verbas de 1964, o valor dos investimentos no•ano e m curso será, e m termos reais, no mínimo, triplicado, e mrelação a 1963. Isso exigirá, s e m n e n h u m a d ú v i d a , enorme esforçoadministrativo da Secretaria Executiva da SUDENE, dos governosestaduais e dos órgãos federais executores de obras no Nordeste,para que não venha a ser comprometido o ritmo de execução dostrabalhos.

No Setor de Energia, 1964 deverá ser o marco de eventosauspiciosos, tais como : a chegada da energia de Paulo Afonso aPortaleza, a intensificação dos trabalhos de construção da Usina•d e Boa Esperança, e o fornecimento de energia térmica a mais de

1 00 pequenas comunidades nordestinas, dentro do Programa de

El e t r i f i cação Rural. O número de cidades servidas pela energia< ie Paulo Afonso deverá ser elevado ao duplo, no mínimo, das

que foram atendidas e m 1963.

No Setor de Transportes, dar-se-á importância capital aostrabalhos da BR-11, estrada que permitirá a articulação de todasas capitais do Nordeste, com evidente lucro para a integração do

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mercado regional, e aos da B R - 2 2 , que l igará o N o r d e s t e à A m a -zônia .

N o se tor d e a ba s tec imen to d 'água , d ua s cen ten a s d e c id a d esdo in ter ior receberão invest imentos da SUDENE, podendo-see s t i ma r , de sde logo, a conc lusã o dos t rabalhos em , 50 c idade s pelom e n o s . U ti l izan d o recursos do BID, te rão s ua exe cução in ic iada,e m r i tmo in tensivo, os s i s t e m a s d e água e/ou esgotos d e impor-tantes cidades do Nord es t e como Na ta l , S. Luís , Recife , CampinaGra n d e , Ma ce ió e Teresina. Dema is , d everá ser concluída a

elaboração do Projeto de Fortaleza, cuja execução parcial teve

início em 1963.O Programa de P e r f u r a ç ã o de Poços deverá prosseguir inten-

s ivamente , p o d e n d o - s e p r e v e r q u e , e m f ins d e 1964, meio milhard e u n i d a d e s e s t e j a e m func i ona ment o .

N o Setor A grícola , d ua s gran d e s p es quisa s p e rmi t i rão conheceras rea is condições da a gr icul tura da zona ú m i d a do N o r d e s t e e aformulação d e uina polít ica agrária e a gr ícola a d equa d a : a Pes -

quisa sobre a Econ omia Ca n a vie i ra e a Pesquisa e m convênio como Comitê In te ra me r ica n o d o De se n volvime n to A gr ícola , a mba s j áiniciadas. O en t rosa men to dos trabalhos da SUDENE, do Bancodo Brasil, do Departamento de Assistência às Cooperativas doaEstados e do Banco de Crédito Cooperativo permitirá grandein cremen to d o crédito agrícola e d a formação e f u n c i o n a m e n t o d asCooperativas do N o r d e s t e . Em cooperação com o G o v e r n o deIsrael, se rá executa d o um p r o j e t o d e irr igação para plantio d e

milho híbrido, o que abre a possibi l idade de elevação de 40% nor en d imen to d a cul tura d a que le cerea l . A in d a c om o auxíl io d et écn icos i s rae l en se s , t e rão p ross e guim e n to os trabalhos d e irr igaçãocom o uso de água sub ter rân ea , no E s t a d o d o Piauí, os q u a i s ,um a ve z comprovada a sua e x e q ü i b i l i d a d e e m escala econômica,poderão exercer notável influência na agricul tura daquele Estado ed e toda a zona semi-ár ida . No Maranhão, onde a SUDENErea l iza im portante proje to d e colonização, em 1964 se rão ins ta ladasl. 300 famílias de acordo com as norm as técnicas estabelecidas para

implantação d e u m a a gr icul tura p erma n en te n a que la r egião d e fio?res ta equator ia l .

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N o Setor Industrial , a SUDENE marcará s ua contribuiçãocom o início dos trabalhos de construção da Usina Siderúrgica daBahia — U S I B A — , o ma ior e m p ree n d im e n to in d us t r ia l d o Nor-d es t e , e c om a d in a miza ção d os trabalhos d e PESCAS D O N O R -DESTE S. A. ( P E N E S A ) . N u m e r os a s i n d ús t ri as , que tiveramos seus projetos aprovados nos anos anteriores e ora em fase f inald e execução, deverão iniciar as suas a t iv id a d e s , e n t re e las a Fábricad e Borracha S in té t ica d e Pe rn ambuco, e m p ree n d im e n to d e in egáve lrepercussão na vida econômica do Estado.

N o campo educacional , a SUDENE duplicará o s e u Programa

d e Bolsas para a preparação d e ca n d id a tos a exa mes ves t ibula re s ,e levando-as de 500 a mil unidades , que se somam a 500 bolsaspara es tudantes univers i tár ios ; 60 Laboratór ios d e Ciências Básicasserão instalados nos colégios secundários d a região e o Programad e R e e q u í p a m e n t o d as Un iver s id a d es t e rá s ua e x e c u ç ã o ac e l e r ad acom o f inanciamento de inúm e ros proje tos já aprovados. EssePrograma dará realce especial ao reaparelhamento, e m convêniocom a Escola d e A g r o n o m i a d e Piracicaba, d a Escola d e A g r o n o m i ad e A re ia, Pa ra íba , d e s t in a d a a t ran sforma r - se n o m elhor ce n t ro d een s in o a gron ômico d o N o r d e s t e .

A Ação do DNOCS

E' j u s t o pôr e in relevo, ainda no Nord es t e , a ação e f icaze m p r e e n d i d a p elo Dep a r ta men to Na cion a l d e Obras Contra asSecas (DNOCS), t ransformado e m órgão autônomo.

A g i n d o e m estreita cooperação c om a SUDENE e , segun d o oPlano d e Desen volvimen to d o Nord es t e , u t i l iza n d o os recursos d oEundo Nacional d e Obras Contra as Secas, ou trabalhando e mconvênio . cora outra s en t id a d es , o DNOCS e m p r e n d e u i n t e n s aatividade e m 1963, para fornecer água às populações da regiãosemi-árida, além d e trabalhos diversos no setor rodoviário e nod e en ergia e lé t r ica .

A s s i m , o DNOCS trabalhou, o ano passado, na construçãode 11.1-açudes, dos quais 83 em cooperação com outras entidades.Destes últ imos, 62 foram concluídos em 1963.

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O s trabalhos d e a ba s tec imen to d água a ba rca ra m ma is d eum a cen ten a d e cid ade s , tendo s ido concluídas as redes e m 1 9 .

Fora m a in d a ul t ima d a s con s t ruções d e 203 p oços , en qua n toprosseguiu a construção dt 98.

BNB e ETENE

E ' n otáve l , ta mbém, n a região, a at ividade desenvolvida peloBanco d o N o r d e s t e d o Brasil e s e u Dep a r ta men to d e Es tud osEconômicos d o Nord es t e (ETENE). Este úl t imo realizou umasérie d e imp or ta n te s p esqui sa s e m 1963 sobre a economia algo-

doeira, a p ecuár ia e o abate d e gado, o abastec imento a l imentard as capi ta is , a in d ús t r ia d e couros , a fabr icação d e óleos, o apro-v e i tame n to d e frutos regionais e a si tuação econômica d o Valedo J a g u a r i b e .

O Banco, ins t i tuição p ioneira d e u m a política racional< Í e e s t ím ulo à ec onomia norde st ina , teve se us recursos e apl i-ca ções gra n d emen te a umen ta d os d ura n te o ano passado. Os

recursos à disposição do B N B , de janeiro a outubro de 1963,au me n taram d e 61,3% e m relação a igual per íodo do ano ante-rior, graças, sobretudo, ã regular idade com que o Tesouro Na-

cional cump r iu as suas obrigações para com a instituição.À s aplicações totais d o Ba n co a umen ta ra m d e 67,6% e m

relação a 1962. A té n ovembro últ imo, o Banco havia aplicadocerca d e t r in ta b i lhões d e c ruze i ros , d os qua i s ma is d e d ez b i -lhões e m créditos especializados para a i n d ú s t r i a , a agricul turae as coopera t ivas.

4. Centro-Oeste

Const i tu i o Centro-Oeste d o País vast í ss ima região escassa-mente povoada (1,6 hab./km 3), e m grande parte ainda desço*

, nhecida , c o m u m a economia pr imit iva , d e baixíss ima renda pe rcapita,, e com uma população cuja vid a t em p a d rões ex t r ema -mente precár ios. Englobando três sub-regiões d is t in tas: a A m a -zônia, ao n or te ; o Pantanal de Mato Grosso, a sudoeste ; e oPlanalto Central , a econ omia d e Centro-Oeste retrata, e m grande

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pa r t e , e s sa d i f e re n c iação re g io n al , p re d o min an d o a in dú s t r ia e x -trativa e a agricultura de subsis tência na área amazônica, a pe-cuária no Pan tan a l , o n de re po n tam a l g u mas a t iv idade s in du s t r ia i sincipientes, c uma economia mais diversif icada no Planalto Cen-tral, por força d a pre se n ça d e impo r tan t e s c e n t ro s u rban o s , e n t reos quais a Capi ta l d a R e p ú b l i c a . '

O panorama geral , contudo, exc lu ídas as g ran de s c idade s ,é pobre e n i t idame n te a rc a ic o : um a i n f r a - e s t r u t u r a ainda preca-r í s s ima, que tolhe as in ic ia t ivas indus tr ia i s , um a agricul tura c a-ra c t e r i za d a por campos d e re n d im e n to ine x pre s s ivo e u m a pecuária

ex t ens i v a e ainda des l igada, e m geral , d e qualquer processo in -dus t r ia l . As condições de saúde dos p e q u e n o s e esparsos aglo-me rado s demográf icos c h e g a m a s e r intoleráveis e o índice :d ea n a l fa b e t i smo chega a 65%, média que sobe a bastante mais naszonas rurais .

Embora contando apenas pouco mais d e 3 m i l h õ e s d e habi-tan t e s , o C e n t r o - O e s t e e s t á a assumir importânc ia crescente doponto-de-vis ta -do in teresse nac ional , tanto pe la vas t idão d e s e u

terri tório (cerca de 1.880.000 km 2 ) e pelas possibil idades eco-nômicas que encerra , como porque ne le e s tá s i tuada a Capi ta ldo Pais.

A s s i m , a região e s tá a merecer sér ios cuidados e esforçosinadiáveis por parte do poder público. Se a m u d a n ç a da seded o Governo para Bras í l ia t eve e m mira o d e s b r a v a m e n t o , a ocupa-ção e o desenvolvimento do vasto interior pátrio, as condições deatraso da região em que es tá a nova Capital devem const i tuirobjeto de preocupação constante para a União, a que incumbeplane jar e cr iar a t iv idades capazes d e inventar iar- lhe as r i q u e z a s ,impuls ionar - lhe a economia e criar, ass im, razoáveis condições d evida para um a população que t e n de rá fa ta l me n te a crescer d e m a -n e i ra ac e n tu ada . Do contrário, perderia boa parte de s e n t i d o aprópria mudança da Capital para o âmago do interior brasi le iro.

Por outro lado, o e s t a b e l e c i m e n t o das bases para o so e rg u í -

m e n t o econômico da região é o único caminho que levará a con-sol idar a s i tuação da Capi ta l e tornar menos oneroso o seu fun-c ionam e nto e m Bras í l ia .

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A d e s p e i t o d os ampl í ss imos inves t imentos representados pelaconstrução d a Capital , com reflexos posit ivos, embora desorde-nados, e m b o a par te d o Planalto Central , resta ainda imenso tra-

balho imediato que realizar. Antes de mais nada, impõe-se re-exa mi na r a s i tuação d os órgãos federais que ne la a tuam e s u aade q u ação às ta r e fas a eles c o m e t i d a s . Entre esses f iguram : a

Fundação Brasil Central , a SPVEA, a Super intendência do Planod e Valor ização Econômica d a Fronte ira Sudoes te d o País , a Co-missão do Vale do São Francisco, a NOVACAP, a P r e f e i t u r ado Distrito Federal e as repartições federais . Ao lado desses

numerosos órgãos d o poder central, t rabalham ainda os governosd e Goiás e Mato Grosso e s eus d iver sos in s t r umentos de ação r

entre os quai s companh ias mis ta s .

P r e l i m i n a r m e n t e , cumpr e as s ina lar a comple ta ausência d ecoordenação entre os programas e obras de todos esses órgãos,

a fal ta d e u m a convergência d e esforços que t e n h a por base umplano geral . D e outra parte , diversas dessas en t idades e n f r e n t a m ,

hoje , problemas que põem e m xeque a sua própria organização es eus mé todos d e t rabalho, já que foram criadas para a t e n d e r as i tuações que s e modi f icar am subs tanc ia lmente nos últ imos anos.E' o caso, por exemplo, da Fundação Brasil Central e dos órgãos

que atuara na área d o Distr i to Federal.

O G o v e r n o e s t u d a , p r e s e n t e m e n t e , o problema da rees t rutu-ração d os d i f e r e n t e s ó r g ã o s e seus respec t ivas âmbitos d e ação.

O próxim o passo d e verá ser, portanto, o e x a m e de e s q u e m a s dere ag ru pame n to de alguns desses órgãos e a criação de outros,autônomos, aptos a uma ação mais racional e eficaz, tanto n oDistr i to Federal como e m toda a região, onde, provavelmente,terão d e s e r r e u n i d o s a Fundação Brasi l Central e outros órgãospermanentes e t emporár ios num único ins trumento capaz de real i -zar ta r e fas e e m p re e n d i m e n t os p i on e i r os .

N ão obstante as de f ic iênc ias ac ima, e v idenc iadas n o processo

d e ativação d os órgãos federais , importantes progressos foramco ns eg u i do s , em 1963, na e laboração de planos e proje tos para1964 e 1965.

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A s s i m é que a Fundação Bras i l Centra l , e m 1963, dedicou-se,sobretudo, ao prosseguimento das obras da Ilha do Bananal !e à

sua reorganização adminis t ra t iva . A en t i d a d e t eve d e e n f r e n t a r ,

ao lado d e problemas t r iados pela necess idade d e r eorga ni za r - s e ,a ques tão c ia fal ta d e r ecur s os e a s cons eqü ênc i a s d a pa s s a gemd e s e u s e m p r e g a d o s à condição d e func ioná rios públicos . Con-tu d o , q u a t r o i m p o r t a n t e s p r oj e t o s serão l evados a cabo pela Fun-dação nos próxi mos d o is a nos , e x i g i nd o i nves t i me nt os no valorglobal d e C r $ 2 .13 0 mi lh ões , d os quais C r$ 1 . 0 2 5 m i l h õ e s serãoempregados a inda este a n o . O s projef.os abrangem os s egui n t e ssetores: Estudos e Pesquisas, Colonização, Penetração e Desbra-

v a m e n t o e Transporte.N a área d o Dis t r i to Federa l , a NOVACAP elaborou, para

os próximos dois anos , uma sér ie de proje tos , todos ind i spensávei spara m a n t e r a Capi ta l e m condições d e f u n c i o n a m e n t o . A e x e -cu ç ã o de ta i s proje tos importa um d i spêndio global super ior a57,5 bilhões d e cruzei ros tm dois anos, d os quais cerca d e 30,5bi lhões se aplicarão es te ano (Qua d ro nç 4).

A l é m dos t rabalhos a cargo do D e p a r t a m e n t o de Viaçãó e

Obras — terra plena ge m , pavimentação e urbanização —, obraspr e f e r enc i a i s serão executadas pelo Departamento d e E d i f i ca ções ,no m o n t a n t e d e cerca de Cr$ 7 bilhões: Prédio d o Tribunal d eContas, dois blocos d e a pa r t a ment os . Torre d e T V , u s i n a d elei te , depósi to da NOVACAP, Teatro Nacional e Palácio doMinis tér io d as Relações Exter iores .

I m p o r t a n t e s r e a l i z a ç õ e s , que ex i g i rão ga s t os s uper i ore s . a

Cr$ 10 bilhões, e m dois anos, terão d e s e r empreend i d a s páraa s s egura r e a mpl i a r o serviço de águas e esgotos da Capital,que se encontra em condições precárias sob diversos aspectos,par t icu larmente nos núc leos s a t é l i t e s .

No se tor de Energia Elétrica, providências terão de ser to-madas com urgência para evi tar uma retração insuportável naofer ta d e energia , já d ef i c i t á r i a . Nes s e s en t i d o , o Governo jáa d ot ou med i d a s , por i n t e r m é d i o d o Minis tér io d e Minas e E nergi a ,

para a interligação d os s i s t e m a s d e Peixoto e d a CELG, aprovei-t a nd o- s e , por esse meio, reforço d a energia proveniente d eFurnas.

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O utras a l t e rn a t iva s e s tão sen d o e s tud a d a s p a ra sa t is fa zer ap rocura cre scen te , que d e v e r á a u m e n t a r de 50% até 1965, comoa m o n t a g e m de uma L i n h a de Transmissão de Três Marias a

Brasília e o a p rove i ta men to do potencial de Cachoeira Queimada,localizada nas p r o x i m i d a d e s d o Distr i to Federal. Por outro lado.será inevitável um rea justamente nas tarifas, inteiramente ina-tuais dos serviços de luz e força, b e m c o m o n o d e t e l e f o n e s .

C e m a instalação d e ma is qua tro m il l inhas, es te ano, estaráin t e i rame n te sa tura d a a Estação Sul do D.T.U.I., q u e n ã o ma isp od erá a t e n d e r às solicitações d a população. U m a solução cabalimportará na construção da Estação T e l e f ô n i c a do Centro, para

80 mi l l inhas, o que exigirá invest imento de Cr$ l bilhão, somentepara a con s t rução do p réd io .

Outra s obra s d everão s e r a i n d a e x e c u t a d a s p e l o G r u p o d eTra ba lho da NOVACAP, entidade criada para promover, rapi-d a m e n t e , as soluções d e emergên c ia no terreno d a construção civil .En tre essas e d i f i c a ç õ e s f igura a c o n s t r u ç ã o d e unidades hospi ta -lares , escolas , quar té is , edif íc ios públicos e res idencia is e centros

e sp or t ivos . Con s t i tue m e la s um c on jun to d e obras que a bsorverãocerca de 3 ,2 bi lhões de cruzeiros em dois anos.Tod os esses e m p r e e n d i m e n t o s , a l é m dos que terão < S e s e r

executa d os p e la Pre f e i tura do Distrito Federal e outros órgãosgover namenta i s , c o m o o DNER, no setor rodoviário, implicampesados gastos , o que envolve um a séria d e d i f i c u l d a d e s . Trata-se,contudo, d e obras im pres cind íve is para dotar Brasí l ia d as con d i -ções mínimas exigid a s de uma Capital Federal. Por isso m e s m o ,o Governo, longe de recuar diante dos obstáculos, trata de e s t u d a rsoluções, as quais envolverão, cer tamente , um a reorganização eum a r ed e f i n i ção d os serviços públicos que a tua m no Distri to Fe -deral , be m como um r e a j u s t a m e n t o d os encargos que d e v e m re c a i rsobre os usuár ios .

5. Vale do São Francisco

A a t iv id a d e da Comissão do Vale do São Francisco, ets1963, foi bastante tolhida pela escassez dos r ecursos e f e t iva men te

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•colocados à disposição da ent idade ; cerca de-três bilhões de cru-zeiros. A política de contenção de despesas importou em pesados

cortes nas v e rbas de s t in adas à CVSF, compelindo-a a ater-se aotís e rv iço s e t raba l ho s e m e x e c u ção , s e m e mpre e n de r mu i ta s t a re fa snovas. :

A ação da e n t idade s e f e z s e n t i r de man e i ra par t i c u l arme n teposi tiva no s e tor de e ne rgia e lé trica: foi inic iada a cons truçã o; daLin ha de Tran smis são Três Marias—Montes Claros , de 240 km

d e extensão, be m como d e a l g u m a s s u be s t a ç õe s e r e d e s d e dis-tr ibuição, no A J t o V a l e , e m convênio corn a CEMIG. N u m e r o -

sas L i n h a s de Transmissão foram ainda montadas tanto na áreade inf luência da CEMIG como na da CHESF.

No setor dos t ransporte s , prosseguiram os trabalhos de urba-nização de á re as po r tu á r ia s e m d iv e r sa s c idade s e foram real iza-do s n u me ro sos s e rv iço s n a c o n s t ru ção de e s t radas in t e rmu n ic ipa i se d e novos campos d e po u so .

Foi r e d u z i d a a verba dest inada a Irrigação e Transporte, emvi r t ud e de não te r s ido poss íve l , em 1963, ence tar a execuçãodo s impo r tan t e s proje tos hidro-agrícolas , e spec ia lmente o do RioG r a n d e . C o n t u d o , a Comissão ingressará , a inda e s te ano, na fased a grande i rr igação, contando também c om re c u rso s e x t e rn o s .

No campo da saúde pública, o grosso das verbas foi apl icadoe m serv iços bás icos de abas tec imento dágua e esgotos, cuja exe-cução é pre jud icad a pe lo excess ivo núm e ro de obras a tacadas aom e s m o t e mpo , por força d e imposição d e e me n das o rçame n tá r ia s .

Há a inda que ass inalar os serv iços de ass i s tênc ia m éd ico- s ani tár la ,reforçados, o ano passado, pelos convênios assinados com o SESP,os governos e s taduais e ent idades part iculares .

No se tor da E d u c a ç ã o , a CVSF m a n t e v e e ampl iou o seutr ípl ice programa d e auxílio às d io c e se s s ão - f ran c i sc an as , a ju dadire ta a e s tabe l e c ime n to s e sc o l are s e m a n u t e n ç ã o d e escolas pri-m á r i a s . M a s a a t iv idade d a Co mis são no campo educac ional ,e mbora de g ran de u t i l idade , t e rá de s e r mais be m c o o rde n ada

cora outras ins t i tu ições , e spec ia lmente o Minis tér io da Educação,a f im de que possa concentrar seus esforços nos programas d ee d u c a ç ã o rural e ens ino técnico-prof i s s ional .

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150 —

Cabe mencionar ainda o programa de f o m e n t o e defesa da

p r o d u ç ã o agropecuária, de. caráter extensivo c de efeitos imedia-

tos, por vários meios, entre eles a revenda de material agrícolae veterinário, financiada pela Carteira de Revenda da Comissão,

be m como a ampliação oa rede de dependências para o f ome n t oagrope cuár io , mediante a criação de novas Residências Agrícolas

e Postos de Veterinária e de Assistência à Irrigação.

Os projetos e programas elaborados pela CVSF para os

próximos dois anos importam em investimentos que ascendem a

m a i s de 27 bilhões de cruzeiros. O grosso desses investimentosse di r ig i rá (52,1%) para o Setor de Drenagem e Irrigação e

Regularização Fluvial, muito embora parte incida sobre realiza-ções relacionadas com o empreendimento hidrelétrico da Barragem

de jSobradinho, mas que envolvem, igualmente, problemas de

navegação, irrigação <í prevenção d e enchentes. Dessa f o r m a, aC o m i s s ã o pretende corrigir uma relativa retração nos empreendi-

mentos nesse setor nos anos anteriores e atender, assim, ao cum-

p r i m e n t o de um de seus objetivos básicos (Quadro n' 5).

Entre os projetos de irrigação, cuja realização exigirá dis-

pêndio supeiior a Cr$ H bilhões, f iguram, além dos relativos a

Sobradinho, a irrigação dos Municípios de Santa Maria da Vi-

tória, Barra c Pilão Arcado, que visa, entre outras finalidades,

a diversificar a agricultura; estudos nas bacias dos rios Verde e

Jacaré, para o e f e i t o de f ixar as populações deslocadas pela bar-

r a g em de Sobradinho; serviços e obras complementares no Reser-vatório de Três Marias, em colaboração com o Governo de Minas

Gerais; delimitação dos perímetros irrigáveis no Submédio São

Francisco; estudos nas várzeas Marituba e Betume, já iniciados.

para o seu aproveitamento rizícola; e projeto patrocinado pelaA l i a n ç a para o Progresso para a utilização de água nas áreas

de baixo índice pluviométrico, pelo sistema cooperativista, que

abrange 19 cooperativas.

No setor de Energia Elétrica, além da grandiosa obra deSobradinho, cu jo custo deverá ascender a Cr$ 90 bilhões e na

q ual serão investidos cerca de Cr$ 13 bilhões nos próximos dois

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— 151

anos, a Comi s s ão empreend erá a construção de n u m e r os a s l i n h a sde t ransmissão, inclus ive a Três Marias—Montes Claros , quedeverá es tar concluída es t e ano, e a l inha para Juazei ro e Petro-

l ina, d e 1 3 0 k m d e e x t e n s ã o . T a m b é m s e r ã o l e v a d a s a cabo am o n t a g e m d e subestações e a ampliação d a U s i n a P r e s i d e n t e J o ã oG o u l a r t , c m Correntina.

No t e r r eno das p e s q u i s a s e l eva nt a ment os , a CVSF pros-seguirá no l eva nt a ment o a erofo t ogra mét r i co do São Francisco, queestará t od o e le fo tografado até o f im deste a n o ,

A Comi s s ão pros s egui rá na execução d o progra ma d e abas-

t e c i m e n t o d água e m 1 6 8 loca l idades e cons t ru i rá redes d e esgotose m B om J e s u s d a Lapa, Jua z e i r o e P e t r o l i n a . Por out ro la d o,poços tubulares cont inuarão a s e r p e r f u r a d o s e m larga escala.

N o f o m e n t o à a gr i cu l t ura e à pecuár i a , a Comissão, a lémdo que já consta d e outros programas , que i n t e r e s s a m i g u a l m e n t ea este s e t or , emprega rá Cr$ 600 milhões em suas áreas de de-monstração .

No setor dos t ransportes , s erão atacadas H rodovias e aconstrução d e oito pontes , a lém d e melhorias d iversas e m o u t r a sestradas, e serão cons t ruídos ca i s d e acos tagem e m d e r portosfluviais, be m como numerosas ba lsas , devendo verbas cons i d erá -veis s e r c o n s u m i d a s na construção, melhoria e m a n u t e n ç ã o d ecampos d e p o u s o ,

E nt re as r ea l i za ções n a área d a saúde públ ica , cumpre sa l i en-tar o e q u i p a m e n t o d e uni d a d es s a n i t á r i a s e m 75 loca l idades « _ • jampliação d os prédios d e , outras 57 já e m f u n c i o n a m en t o , e mconvênio com os governos e s t a d ua i s e o SESP.

O programa d e e d u c a ç ã o inclui a cons t rução d e 1 6 0 e s t a b e -l ec i ment os d e d i f us ã o cul t ura l , a organização d e cursos d e ' a per f e i -çoa ment o e m quatro c idades , obras cul tura i s e sociais com a co-operação d as d i oces e s , a e x p a n s ã o d a Fazenda-Escola d e PortoR e a l d o Colégio, o es tabelec imento d o Patronato Agrícola d e B o a

Vista, além d e numerosas outras iniciat ivas d e d i f u s ã o d o ens inoár tesanal e d e preservação d o folc lore . Mui tas dessas obras jáforam in ic iadas em 1963.

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152 —

O Govern o, em relação ao Vale do São Francisco, tratarád e es tudar providências que p e r m i t a m à Comissão, que tantosse rv iços r e l eva n te s ve m p res ta n d o à região, conseguir a inda maio-

re s re s u lt ad o * n a c o n s e c u ç ã o d e s e u s o bj e t iv os . A l é m d e d i s p e n -sar - lhe ass i s tência na formulação de seus planos e proje tos , oGoverno cuidará de resolver problemas econômico-adminis tra t ivos,que vêm cr ia n d o emba ra ços à Comissão, en t r e os qua i s figura ad e f in iç ã o de a tr ibuições no re la t ivo a aeroportos, escolas e estaçõese lé t r ica s .

6. Fronteira sudoeste

Embora criada e m 1956, para atender a uma vasta áreafronteir iça que s e e s t e n d e d os l imi te s c om o U r u g u a i até o Sudo-

e s t e d e Mato Grosso — cerca de 1 ,8 milhão d e quilômetros,com um a população d e 1 3 m i l h õ e s d e habitantes — , a Superin-t en d ên c ia d o Plano d e Valorização d a Fronte ira Sudoeste d oPaís foi in s ta la d a e m 1960 e s ó e m d e z e m b r o de 1961 foi auto-r izada a r eceber as primeiras parcelas das verbas dos anos ante-r iore s , que lhe e ra m d evid a s .

D e d i c a n d o - s e a e s t u d a r e p romover o d esen volvimen to da

região, a SPVFSP e m p e n h o u - s e , nos primeiros anos, em realizare s t u d o s e le vant am e nto s pre l im inare s , e laborar proje tos i soladose f inanciar e m p r e n d i m e n t o s d e in te re s se p a ra o reforço d a in f r a -e s t r u tur a e d a a ss i tên c ia ed uca c ion a l e sa n i tár ia .

Em 1963, en tre tanto, a S u p e r i n t e n d ê n c i a deu um passo Im -portante n o s e n t i d o d e u m a ação mais e f icaz d e con jun to , d ed i -

ca nd o- se ã e labora ção d e se u p r im e iro P lan o Qü in qüe n a l , cu jaaplicação s o f re u , entre tanto, severo abalo em conseqüência dapulverização d a s verba s orça men tár ia s .

Entre as a t iv id a d es r ea l iza d a s p e la SPVFSP, o ano passado,s ão dignos d e ci tação os trabalhos relacionados c om a criação d aComissão Mis ta Bra s i l -Urugua i , com origem nas Notas R e -ver sa i s a s s in a d a s , em 2 6 de abril d e 1963, e m Mon tevid éu, p a rao d e se n volvime n to un i f ica d o d a Bac ia d a L agoa M ir im .

I g u a l m e n t e i m p o r t a n t e foi a const i tuição d a Comissão Mista-Bras i l -Uru g u a i para a construção d a p on te in te rn a c ion a l sobreo rio Q u a r a í .

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—153-

Por i n t e r m é d i o d o s e u s e to r d e i n v e s t i m e n t o s , a e n t id a d e -iniciou a cons t r ução d e 2 5 a ç u d e s n o Rio G r a n d e d o Sul, dest i -nados a suprir de água lavouras de arroz, aplicando nesse tra-

balho Cr$ 75 milhões , real izou es tudos técnicos sobre a fer t i l i -zação e correção d e solos, n o R i o G r a n d e d o Sul, e , e m relaçãocom ta i s e s tudos , concedeu f inanc iamento , no valor de Cr $ 27,5:milhões , a uma cooperat iva t r i t í cola para a implantação de umaindús tr ia de calcár io moido, tendo ainda promovido, e m 1963,.

98 convênios com benef ic iár ios de verbas orçamentár ias , aos quaisfe z e n t r e g a d e Crji 900 m i l h õ e s , e instalado um serviço próprio,d e es ta t í s t ica, para es tudos d a área especial e m q u e atua, não*c o in c ide n t e c o m o s l i m i t e s d os Estados , ne m m e s m o com as zonasf isiográfícas.

O s pr oje tos e m e x e c u ç ã o ou em vias d e in ic iação a partird e 1964 i mp l i c a r i a m- um dispêndio global , nos pr ó ximos dois anos , ,d a or dem de Cr$ 8,7 bi lh ões (Quadr o n9 6). Entr e tan to , a s u a ;e x e c u ç ã o d e f r o n ta d i f i c u l d a d e s quase in t r ansponí ve i s , e m vir tude -da pulver ização, pe lo Congresso, das verbas previs tas no Plano^Q ü i n q ü e n a l d a Fronte ira Sudoes te .

Entre esses pr oje tos , sobr e s saem, por sua impor tânc ia e s ig-nif icação, os que s e r ã o e x e c u t a d o s j u n t a m e n t e c o m a R e p ú b l i c a ,i rmã d o U r u g u a i , A Ponte Internacional Quaraí—Art igas , que.será f i n a n c i a d a , em par tes iguais , pe lo Bras i l e pe lo Uruguai ,importará , no que d iz respe i to ao nosso País, gastos no m o n t a n t e -aproximado de Cr$ 370 milhões e US$ 970 m i l . A SPVFSP.

concorrerá para o s e u cus t e io , jun tamente c o m o Mini s té r io d eViação e Obras Públicas e o DNER. O proje to unif icado daiLagoa M ir im , que valorizará um a bacia de 632 k m 2 no e x t r e m os ul s e rá e m p r e n d i d o t a m b é m e m convênio com o U r u g u a i e .-contará , além dos r ecur sos em moedas nac ionai s e dó lar e s dosdois paí se s , com a a j u d a do Fundo Especial das Nações Unidãs-

O u t r o imp o r ta n te pr c je to e spec ia l é o d a l igação en t r e as

bacias dos r ios Jacuí e U ruguai , por me io da l igação — Jacuí-Ibicuí, . .o q ual absorve rá, nos p róx im os . dois anos, ce rca d e Cr$ 535»m i l h õ e s .

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Q U A D R O K.» l

' P R O G R A M A S D E INTEGRAÇÃO NACIONAL — ÓRGÃO R E G I O N A L : S. P. V. E. A .

I N V E S T I M E N T O S ( E m milhões de craveiros)

PROJETOS

.1 — Injra-tflmtufa:

b ) Transportes e comunicações

" 2 — Indáflrta e A ' f f r t c u l í u r a :

. 3 •  — Dcftnvotvimcnto SoeiaL'

a) Salide

TOTAI ...............

19S4

13 G7433.694

47 368

3 458I 667

5 125

6 09 2475

5 667

58,060

1965

9 61528.913

38 528

3 804712

4.516

3 424460

ô 884

46.928

T O T A L

23 28962.607

85 896

7.2622.379

9.641

8.51S' 93S

9 451

104. 988

%

SI 8

9,2

9,0

100,0

Q U A D R O N9 2

P R O G R A M A S D E I N T E G R A Ç Ã O N A C I O N A L

Ó R G Ã O REGIONAL: SUDENE

INVESTIMENTOS DIRETOS DA SUDENE

(Em Cr$ 1 .000.000)

Energia Elétrica

19624.577

2.3692.067

Hl

56

285994

94

196311.599

2.8316.7372.031

788

1.2583.449

155

Total Geral 6.006 17.249

(* } N So incluí os incentivos concedidos ao s investidos particulares.

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QlIADHO N.» 3

P R O G R A M A S DE INTEGRAÇÃO N A C I O N A L — Ó R G Ã O REGIONAL; SUDENE —I N V E S T I M E N T O S (E m milhões de cruzeiros)

D E S T I N A Ç Ã O

I , Criação de uma tnjra-fftrutura econômica:

1) Federais . . . . .....2) Es taduai s

11 . Tranf/ormaçSo tia eJÍfutura agrária:

c) Terras Públ icas na Zona da Mata. .d) Irrigiicíío das bacias dos aç ud e s . . . .e } Projetos no São Francisco - , . ./] Projetos no Pnrnníba c no J a g u a r i b eff ) Projeto Colonização no sul da Bahia

•III . Racionaiíiaçtio da ojtrta de alimentos:

* } Fomento à indús t r ia da Desça

3 V . ReeQuipamefíto da indústria ttxiit:

V . Inpttíimentot de caráter féeio-eultural:

P ) R e cup e r aç ã o d e  r e a f i ur b an as h

d) Abasteci iDcnto drigua e engotos.. . . ^ .

Cepitois 9.717. ..O u t rás cidades 7 .337 . . .Chafarizes 403 . . .

e ) Encrgin elétr ica para i>equenas co

j) F or m aç ã o d e p c s g a a L d e n í v e l super iorí

S U B T O T A L

52.911

36.482

18.601

5.810

940

7.823

3.635

6.4S3

1.000

3.700

2,261

5.000

l.SOO

4.SO O

17.457

3.218

9.550

T O T A L

142,011

89.393

52.618

43.292

5.961

5,674

41.225

238.163

R E C U R S O S

O R Ç A M E N -

T Á R I O SPREVIST OS

I11.S7S

' S2.91123.530

35.297

14.1S6

7.8232.2634.100

1.000

1.000

8.74O

4702.572

S. 698

135.464

I n c l u s i v e Cr$ 23.330 milhões, d os Estados, para os Planos EstadiRodoviárias, Crí 263 milhões, do Fundo Especial das Nações Unidas, e Cr]

•d a Cooperação Técnica Francesa.

E s t i m at i v a d oa gostos qu e serão efetuados e m moeda es trangeira

R e c q u í p a m c n t o da in<Formação de pessoal

ustria.1 tíitü

íe nívrl superior

4S.7

12.814.3

A F I N A N C I A R

Wtlf

13.152

17.321

29.206

18,6015.310

94 0

1.3721.3B3

1.000

4.961

2.700

2.261

5.674

32. 47S

5.0001.5004.500

9.247

4.765:403

3.218

3'.852

102.699

tais d e Ob r as100 milhuc»

75.8

75.8

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QlUDRO N.« 4

P R O G R A M A S D E I N T E G R A Ç Ã O N A C I O N A L — Ó R G X O R E G I O N A L : N O V A C A PINVESTIMENTOS P R E V I S T O S P A R A OS P R Ó X I M O S DOIS A N O S

(E m milhões de cruze i ros )

PROJETOS

Departamento de Viaçio c Obras Públicas (D. V.O.)

Departamento de Á f f u a s e Esgofos (D. A. E.),..

D e p ar t am e n t o d e Telefones Urbanos e I n t e r ur -banos (D.T.U.I.)

Depar tamento de Edificações (D E.)

TOTAL .........

1964

6.4294.2807 400

4 0006 1001 2001 100

30 S09

1965

6.2626.5222 300

4.0005.9002.0001.100

27 084

T O T A L

11.69110.8029 700

8 00012 0003 2002 200

57 593

%

20,3118,7516 84

13,8?20,83

£,£63.82

100.00

QUADRO n." 6

P R O G R A M A S DE I N T E G R A Ç Ã O N A C I O N A L — Ó R G Ã O R E G I O N A L :

C O M I S S Ã O DO V A L E DO SÃO FRANCISCO —

GASTOS POR SETORES EM ORDEM DE PRIORIDADE

(E m milhões d e cruzeiross)

PROJETOS

Grupo J:

Drenft£ím. irrigação e regularização fluvial.

S u f l T O T A L ,....,

Grupo 21:

Grupo III:

Su B T O T A L ,

Grupo IV:

Saúde .........

T O T A L 1 1

1964

2.7932 662

5 455

2202.290

2 510

266648

914

22 647 7

703

9.682

1965

11.5001.016

12.516

162.045

2.061

3342.255

2.589

104603

707

17.873

T O T A L

14.2933.678

17.971

2364.535

4 571

£002.903

3.503

3301.080

• 1.410

27.45S

%

£2,113, -t-

65,5

0,815,8

16.6

2,210,6-

12, fr

1,23,9

5,1

100.0'

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— 157

N .» 6

PROGRAMAS DE INTEGRAÇÃO N A C I O N A L — Ó R G Ã O REGIONAL

SUPERINTENDÊNCIA DA F R O N T E I R A SUDOESTE DO PAlS

INVESTIMENTOS (E m milhões de cruzeiros)

1 —

2 —

3 —

4 —

PROJETOS

Dacnvolffimenio Social:

Injfa-titmturtL:

t) Energia Elítrica

Indústria c agricultura;

SVBTOTAL, , , , .

Ptafííjamcnlo:

a) Projeto unif icado d e d e s e n v o l v i m e n t o

TOTAL

1964

267424

233

924

160666

1 008

1 734

2496962

380

18766

255

3 293

1965

447696484

1.527

1921 1861 141

2 519

606179170

955

270169

439

6 440

T O T A L

7J31 020

717

2 451

3S21 7S22 149

4 253

855

248232

1 335

457237

694

S 733

%

28 0

48 7

1S,3

8 0

100,0

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IV _ P R O G R E S S O S O C I A L ,

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A) DESENVOLVIMENTO CULTURAL

l; Educação

Considerações Gerais

Um governo voltado para as legítimas reivindicações popu-lares — neste momento em que vastas áreas das populações margi-nais do País aspiram à integração na vida social e política c à re-denção econômica — não poderia deixar de estar atento ao pro-blema da educação nacional. Pois nele se encontra instrumentoi n s ub s t i t u ív e l para as soluções reclamadas pelo tipo de sociedadeque o povo brasileiro está construindo.

Neste País em que amplas camadas populares já foramatingidas, decisivamente, pelas mudanças dos métodos de produção• e no qual se altera, rapidamente, o teor das relações sociais, ademocratização do ensmo c condição básica para a continuidade do

desenvolvimento econômico e o próprio funcionamento do regimedemocrático. Sem sistema escolar que assegure educação às gera-ções jovens, a participação no processo político e o domínio dasmodernas técnicas de produção f icar iam restritos à minoria privi-

legiada que pode f r e q ü e n t a r as escolas dos diversos graus.Os fenômenos da industrialização e da urbanização — nor-

mais e m regime d e desenvolvimento — exigem urgentes medi-das de habilitação profissional, já para as populações rurais, quetêm o encargo do abastecimento, já para as populações urbanas, jápa-ra os que emigram para as cidades, atraídos pelas novas oportu-nidades de emprego que o surto industrial oferece. A verdade é

q ue h á , presentemente, um p r o f u n do desajustamento cultural d e

massas consideráveis de nossas populações em face das mudançasestruturais provocadas pelo crescimento econômico do País. Os

- campos despovoam-se, porque não se procede a rápida mudança

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de processos agrícolas e das relações de trabalho, enquanto ascidades ficam sitiadas por populações adventicias que acorreram

ao chamado d a industrialização, m a s n ã o conseguiram a necessáriain tegração ao meio urbano, com suas formas d e vida cada ve z maisdependentes de complexos processos tecnológicos. Não mais sepode esperar, assim, que as próprias forças sociais espontâneascorrijam, ainda que lentamente, os danos provocados pelas mu-danças estruturais. Na conjuntura atual, cabe ao poder públicot oma r providências para que o desenvolvimento não se faça apreço tão oneroso e com tanto sacrifício d as populações menos

favorec idas .A incapacidade d o nosso sistema educacional para atender às

solicitações d o desenvolvimento e d o processo d e democratizaçãoda sociedade brasileira, há muito evidente, obrigou este Governoa um esforço extraordinário de revisão de objetivos, fundamentos emétodos d a política nacional d e educação.

Se. tradicionalmente, a amplitude e a qualidade dos sistemas

escolares eram consideradas simples conseqüência d e f irme e prós-pera economia, acredita-se, hoje, que a educação é uma das condi-ções mesmas do desenvolvimento, na medida em que promove ahabilitação de populações para melhorar, em bases tecnológicas,os índices de produção e propiciar a elevação dos níveis das aspi-rações populares.

Daí a legitimidade da ambição, formulada por este Governo,de pôr o sistema educac ional brasileiro, não somente e m consonân-

cia com as necessidades presentes d o País, mas, ainda, de lh e im-primir características científicas d as mais avançadas.

A complexidade progressiva d a civilização, caracterizada peloavanço da tecnologia, levou os estudiosos da educação a reconhecerque um sistema escolar capaz, apenas, de atender a primeira fased e maturação d o s e r h u m a n o é d e todo e m todo i n s uf i c i e n t e , razãopor que vem crescendo o período d e escolaridade d a j u ve n tu d e nospaíses mais adiantados. O s educadores reconhecem, igualmente ,que educação é fenômeno contínuo e continuado, independente-mente da idade dos indivíduos e do seu grau de cultura. Poisnão é só a mu d a n ç a tecnológica que exige a permanente revisão

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da habilitação técnica dos in d iv ídu o s , m as , por igual , a e x t e n s ã o eo a p r o f u n d a m e n t o d o re g ime de mo c rát ic o , que coloca o povo dianted e complexos problemas para a solução d os quais deve e s tar .e mcondições d e c o n t r ibu i r c o n sc i e n t e me n te .

C o m p r e e n d e u - s e , f i n a l m e n t e , que os textos const i tucionais eas le i s p rot e to ras do s e c o n o mic am e n te m ai s f rac os n e n hu m e fe i topossuem s e eles não forem preparados , cul turalmente , para ; oexercício pleno de seus d i re i tos e para o c o rre to de se mpe n ho • deseus d e v e r e s . Sem tal c o n d ição , os direi tos const i tucionais sãoapenas letra mo rta , e inúti l será e s p e r a r que todos possam oferecer ,

para o progresso pol ít ico e soc ia l , a contr ibuição que seria l ícitode le s ex igir .

Veri f ica-se , a inda, que num país como o Brasil, o n de pe rma-necem profundos desequi l íbr ios regionais , c r iando desníve i s mui toacentuados nas poss ibi l idades de c ada u n idade f e de ra t iv a para arealização de planos educac ionais , as áreas nas quais se re c l amaum e s fo rço mai s e x te n s o são, p re c i same n te , a s q ue d i spõ e m ' demenos recursos próprios para tal f i n a l i d a d e .

Orientando-se pela compreensão desses aspectos essenciais doproblema e d u c a c io n a l brasi le iro, o Governo empenha-se e m proce-de r , nessa área, a uma das m a is p r o f u n d a s r e f o r m a s d e base , afim de que os be n e f íc io s da e du c ação . de ix e m de const i tuir privi-légio de grupos sociais e m e s m o de regiões do próprio País.

Esfo rçar - s e -á o G o v e r n o por as se g u rar a todos o dire i to àescola média , tornando-a acess íve l , e m etapas sucessivas d e esco-

larização, a toda a juve ntu d e , como ainda te n tará rec uperar apopulação que a fal ta s e c u l ar d e escolas tornou marginal d o pro-cesso educacional e, por conseqüência, do s is tema de produção.Por outro lado, imprimirá novo sentido ao sistema escolar, d e m o d oq u e e l e n ã o sirva, apenas, a uma camada privilegiada, m as áe jaa forma d e habi l i t ação d o h om e m comum para o trabalho e paraa sua in t e g ração na c o m u n idad e n ac ion al . '

Democratização da cultura e habilitação profissional são os

princípios básicos que nortearão todo o es forço governamental paraque o s i s t ema escolar possa sa t i s fazer , de fato, as aspirações en e c e s s idade s d o povo brasi le iro.

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Educação Elementar e Cultura Popular

No c a m p o do e n s in o e l e me n tar , a ação do Governo se fará

sentir por me io dos recursos a t r ibuídos pe la União aos Estados eaos Mu n ic íp io s , com o objet ivo de proporcionar oportunidade de

educação primária a todas as crianças da íaixa etária de 7 a 11anos, das quais contamos a inda cerca de 6 m i l h õ e s fora da escola.Cons t i t uem evidência as d i f i c u l d a d e s que o País e n f re n ta para o

alcance desse objet ivo que, pelas razões mais d iversas e complexas ,de man da g ran de ' c o n c e n t ração de recursos para ser a t in g ido embreve lapso de t e mpo . En t re tan to , a ação planejada do Governof ed era l , somando-se aos es forços desenvolvidos pelos governose s tadu a i s e munic ipais , permit i rá que nos aproximemos dec id i -d a m e n t e do objet ivo de escolarização de todas as crianças brasi-l e i ra s c o m pre e n d idas na fa ixa d e e d u c a ç ã o c o m p u l s ó r i a .

Ao f a d e dessa meta quant i ta t iva, o Governo cont inuará empe-n han do - se n a re a l iz ação de me ta s q ual i ta t iv as , v i san do ao ape r fe i -ç o a m e n t o d o 'e n s i no e l e m e n t a r, n o t a d a m e n t e e m z on a s r u ra i s e a té

u r b a n a s e m q u e a e sc o l ar iz ação pr imá r ia s e r e a l iza nas mais pre -c á r ia s c o n d içõ e s .A s s i m sendo, d e f i n i d o s bem c laramente , não apenas os obje-

t ivos do Governo, mas também a f or ma de su a a tu ação junto, aosEstados e M u n i c í p i o s , de acordo com as normas do p l a n e j a m e n t oe du c ac io n a l , de v e re mo s pro s se g u i r na e x e c u ção do pro g rama de

cons trução de 5.984 sa las e r e e q u i p a m e n t o de 10.000. Por m e i odessas e de o u t ra s me d idas o b je t iv as e real is tas que estão sendo

postas em prática, espera o Go v e rn o , no d e c u r s o do presente ano,pr o m o v er em todo c País um au me n to su pe r io r a 2 milhões non u m e r a de vagas em nossa rede escolar de primeiro grau.

Por outro lado, a tenção espec ia l se rá d i spensada à fo rmação ,a p e r f e i ç o a m e n t o e e spe c ia l iz ação d e pro fe s so re s p r imá r io s — con-dição indispensáve l para a rea l ização de todos os objet ivos quanti -tativos e qual i ta t ivos que nos propomos no c ampo da educação

e l e m e n t a r —, de tal forma que o In s t i tu to N ac io n a l de EstudosPedagógicos deverá; em 1964, preparar 2.000 professôres-supervi-sores e especial is tas em e d u c a ç ã o e l e m e n t a r e o D e par tame n toNacional de Educação, mais l .150 professôres-supervisòrès,

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Pretende ainda o Governo, no ano de 1964, promover amplamobilização para alfabetizar mais d e 5 milhões d e brasileiros quevivem marginal izados por não po ssu í re m o m í n i m o d e condições

culturais para part ic ipar do s i s t ema de produção e do processopolítico que, cada vez mais, exigem cidadãos capazes de velarpelos interesses da c o mu n idade . Nessa mobil ização dever-sé-ádesenvolver ação cuidadosamente p lane jada, para que se jam ut i l i -zadas t é c n ic as mo de rn as e meios suf ic ien te s , aptos n ã o apenas, alevar o analfabeto ao domínio do mecanismo da leitura e da escrita,m as também a habi l i tá - lo a part ic ipar consc ientemente da vidapol í t ica .

Procurar-se-á convocar para essa obra milhões d e brasileiros,todos os setores d a comunidade nacional que possam oferecer um acontr ibuição vál ida , ta i s como es tudantes d e e n s in o mé d io esuperior, professores d e todos os graus de ens ino, e scolas oficiais .e particulares, as classes produtoras e as Forças . A r m a d a s . Nãoserão esquecidos os modernos recursos de comunicação, util izan-do-se o s i s t e ma n ac io n a l d e TV-Rádio Edu c ação e a i n d a 35 mil

proje t ore s , nos círculos d e c u l tu ra — u n idade s a l fabe t iz ado ras q u e ,no Sis tema Paulo Fre i re , subs t i tuem as clássicas e custosas salasde aula . Além disso , será assegurado todo o apoio -do Governoaos m o v i m e n t o s e c a m p a n h a s d e cultura popular, partam d e fontesoficiais ou s e jam fruto d e in ic ia tivas particulares .

Por outro lado, dando cumprimento ao disposi t ivo const i tu-cional d o art. 168, item III, que estabelece a obrigatoriedade ,por parte d as empresas indus tr ia i s , comerc ia i s e agrícolas e m q u et r aba lhem mais d e c e m pessoas, d e m a n u t e n ç ã o d o ens ino primário ,gratui to para s e u s e mpre g ado s e os fi lhos de s t e s , o Governo baixouo Decreto n' 53.453, que estabelece normas para a e x e c u ç ã o da-quele preceito.

Outro problema que s e rá e n f re n tado com o m á x i m o d e decisãoé o dos salários do profes sorado prim ário brasi le iro, infel izm e íi teum dos mais 'baixos do m und o. Já foram adotadas as necessár ias

me d idas , de v e n do a União de spend er , no ano e m curso, 10 bi lhõesde cruzeiros para a su p l e me n tação dos salários de 120 mil profes -sores.

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Atr ibuirá o Governo à educação e lementar , tanto de criançascomo de adultos, a maior soma de recursos e a m ais absoluta prio-r idade de t ratamento, uma vez que nes s e n íve l se cruzam e encon-

tram os dois grandes objetivos que devem presidir a todos os in-ves t imen tos governamentais em matéria de e d u c a ç ã o : — a de-mocratização da cul tura e o i n c r e m e n t o da produção nacional ,

Educação Média

No que diz i -^pei to à educação de níve l médio — grauescolar que está passando a const i tuir, cada vez mais , aspiração

popular em todos os pontos do País, — o esforço do Governo seráorientado no sent ido de s e rem mul t ip l i c adas as oportunidades deeducação s is temática para os 12 milhões de adolescentes brasileirosq u e , por motivos os mais diversos, não têm acesso às escolas de

s e g u n d o g r a u , N a v e r d a d e , s e c ons ide rarmos que esses 1 2 milhõesrepresentam nada menos de 90% da população compreendida nafaixa etária de I I a 16 anos , t e remos d e c e d e r à evidência d e q u ehá urgen t e nec e s s idade d e u m a re formulação d a polít ica educa-

cional do País , para adoção de planos mais realis tas e até dee me rg ê n c ia , capazes de impedir que essa aspiração popular con-t in ue f r u s t r ada , c o m g r a n d e s pre ju ízos para o desenvolvimento doPaís.

Ao lado disso, deverá o ano de 1964 ser decis ivo para anova orientação d a nossa e sc o la mé dia , que s e tornará mai s ade -quada à real idade bras i le i ra . Se é v e r d a d e que mais de 80% dos

es tudantes bras i le i ros de n íve l médio f r eq üen t am cursos secundá-r ios de or ientação ainda feórica e formal, t emos que impr imir àescola secundária sent ido novo, levando-a a preparar para as

a t iv id a d es produt ivas d o País os 93% de matr íc u las que não SPd e s t i n a m a es tudos univers i tár ios , m a s à s atividades industriaisou agrícolas c aos serviços e m g e r a l .

Em face , portanto, dessas duas nec e s s idade s — ampl iação darede e scolar de grau médio e or ientação do s i s t ema no sent idoda educação para o t rabalho — elaborou o Governo extensoprograma, todo " e l e já em express ivo r i tmo d e e x e c u ç ã o . Preten-de - s e , in i c ia lmente , e s t ender a todos os municípios brasi le iros.

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dos quais apenas 52% possuem ginásios ou colégios,"a possibili-dade d e instalação d e escolas d e 2 * g r a u . Para tanto, será incent i -vado o aproveitamento da capacidade ociosa dos grupos escolaresa f im de q u e ne l e s funcionem a l9 e a 2 ? séries d o primeiro ciclo,enquanto, nas cidades mais populosas, se cuidará de e s t e n d e r aescolaridade até à 3* e à 4* séries , poss ibi l i tando, progress ivamente,a toda a população o acesso à escola média completa, principal-m e n t e e m s u a forma profiss ional, no 2» ciclo, onde se prep aram ostécnicos d e nível médio , co ndi ç ã o i nd i s pens á v e l a qualquer planod e des env o lv i m en t o . O Governo incent ivará a mocidade a procuraro acesso à Uni v er s i dade por in t ermédio das escolas profiss ionais de2Ç ciclo, de modo que com um só inves t imento s e at injam os dois ob-jet ivos.

Cont inuar- se -á a construção de novas unidades escolares comos recursos atr ibuídos aos Estados e, ao mesmo t empo, executar -se-ã um programa de recuperação da rede nacional de EscolasTécnicas, par a o nde s e r á encam i nhada , pr e f e r enc i a lm en t e , a ju-ventude , com o fito de melhor aproveitar a capacidade desseses tabelecimentos e de torná-los aptos a minis trar:

l9) cursos especiais vespert inos e noturnos de habilitaçãoprofiss ional para o pessoal qual i f i cado d as i ndú s t r i a s :

2'). cursos te cnológic os d e formação profiss ional a l t am ent equal i f i cada para jovens graduados e m nível colegial;

3 9) cu r s o s e s pec i a i s d e formação profiss ional para jovensque f r eq üen t am ou f r e q ü e n t a r a m cursos ginasiais .

Para c o m p l e m e n t aç ã o d e s s as m e d i d a s d e caráter quant i tat ivo,

pr o s s eg u i r a o G o v e r n o o trabalho d e emergência d e preparaçãod e profes sores para as séries iniciais d o primeiro ciclo, por m e i od e cursos in t ens ivos , pre t endendo, dessa forma, at ingi r 20.000 d o-centes e m 1964 , enq u ant o s e apresta para a solução ideal d e for -mar em f a c u l d a d e s d e f i losof ia todos os professores d e ens i nomédio do País.

A f i m d e a t e n d e r à neces s idade d e reorientação d e nossa

escola d e grau médio, grande es forço será concentrado na implan-tação da rede nacional de "ginásios modernos", cem a constru-

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cão de 120 estabelecimentos desse gênero. Neles serão minis-

trados cursos de 2?, 3? e 4» séries do l* ciclo do nível ãnédio,

orientados no sentido da educação para o trabalho, por intermédio

de ensino básico comum com opção pela prática de comércio,i ndú s t r i a e agricultura, adaptado às condições locais, e da ado-

ção, pelos ginásios já existentes, de um novo espírito de educação,vol tado para a relação entre a escola, a famíl ia e a comunidade,

para os problemas regionais e nacionais, e os do desenvolvi-

m e n t o , e n f i m , para a realidade a eme deve estar vinculado o pro-cesso educativo.

Coino essas medidas exigem decidida cooperação dos educa-dores, das famí l ias e dos próprios estudantes, a m ais viva atenção

será atribuída ao desenvolvimento dos programas, já iniciados,

de ação junto a professores, pais e alunos, especialmente aqueles

que s e r e f e r e m ao aperfeiçoamento d e pessoal docente, técnico

e administrativo: incentivo a experiências pedagógicas e sua di-

fusão ; (divulgação d e oportunidades educacionais e orientaçãovocacional: assistência e orientação às associações de pais e mestres

e aos círculos de pais; instalação de centros de documentaçãopedagógica ; criação de escolas de mecanografia para estudantes

de nível m é d i o ; as s i s t ênc ia às organizações de estudantes e às

e n t i d a d e s d e classe d os educadores, além d e numerosos outros

proje tos e m pleno andamento, todos eles destinados à atualização,ao aperfeiçoamentoe à expansão do ensino médio.

E m p e n h a - s e o Governo, presentemente, em vasta campanha

d e recuperação cul tural d e jovens d e m ais d e 1 6 anos, visandoa oferecer àqueles que nunca tiveram oportunidade de freqüentar

g in á s io s 'e colégios escolarização média por meio d o Sistema

N aci o na l de TV-Rádio Educação, com o objetivo imediato de

preparar meio milhão de jovens para os exames de madureza.

C om a m e s m a f ina l idade , r e gu l am e ntou , pelo Decreto n9 51.680-A,a realização dos exames de madureza e instituiu bancas perma-n e n t e s para sua realização.

Ao lado da expansão das escolas profissionais, vasto pro-g r am a intensivo d e habilitação prof i s s ional será desenvolvido para

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formar 2m 20 mes es ce rca de 50.000 trabalhadores qualificadosnos mais diversos t ipos de atividades.

Merece menção especia l a providência de ma nd a r ma-

t r icular, e m 1964, todos os alunos excedentes que, embora apro-vados nos exa mes de a d m i s s ã o à 1? série ginasial, não t enh a malcançado o l imi t e d e vagas d o e s t a b e lec i ment o . Para esse fimserão criadas novas classes e concedidas bolsas de estudo. Dessaforma, p r e t e n d e o Governo i mped i r que qualquer aluno habilitadodeixe d e e s t u d a r por fa l ta d e vaga.

O s candida tos reprovados n os mes mos exa mes s e rão ma t r i -

cu la d os na ó' sér i e pr imária onde serão submet idos a r eg i me dea p r e n d i z a g e m i n t ens i va , que c o m p r e e n d e r á a revisão d o programada 5* série e o e n s i n o dós disc ipl inas cia l9 série ginas ia l . Osalunos sob esse r eg i me pre s t a rão exa mes pa ra acesso à 2' sérieginasial e m 1965 e , por cons egui n t e , não perderão o ano,

Essa provid ênc ia , adotada pela pr ime ira vez, a t ing irá cercad e 100 mil j o v e n s q u e , i m p e d i d o s d e i ngres s a r na escola secun-

d á r i a , q u a s e s e m p r e d e s i s t e m d os e s t ud os e s e dir igem para e m -pregos para os quais não têm ainda preparação, passando, pro-va ve lment e , a engrossar a l eg i ão d os d e s a j u s t a d o s .

Nível Superior

No ano de 1963, número pouco super ior a 100 mil jovenscons e gu iu ina t r icular - se e m nos s a s un i ver s i d a d es , e a grande maio-

r ia , em cursos de formação l ivresca. Isso s ignif ica que a pena s\% d e n o s s a j u v e n t u d e (c m acesso aos e s t ud os d e nível superior.

Pelo visto, como o ens ino d e grau médio, também o super iorestá longe de a t e n d e r à neces s i d a d e de técnicos para o d e s e n -volvimento i n d u s t r i a l .

Para corr igi r essa grave def ic iência , o d i s pend i os o s i s t emad e ens ino super ior d o País part icipará d o e s forço d o Governo

para forma ção d e mão-de-obra d e urgência , mediante a r e f o r m u -lação dos programas univers i tários e pela duplicação de matrí-

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cuias ni> primeiro ano dos cursos univers i tár ios , de terminada noDecreto n' 53.642, de 28 de f e v e r e i r o de 1964.

A s s i m , será es tabelecida conexão entre as univers idades e o

6ístema d e produção para que o in ves t imen to f e i to na rede d eensino superior tenha imediata rentabil idade, neste momen to cru-cial de r e f o r m a de e s t ru tura s e con seqüen te a umen to da procurade t écn icos . Por outro lado, toda capacidade ociosa das instala-ções e do pessoal de nível universi tário será usada para habili-tação prof iss ional de n ível médio, para campanhas de cul turapopular e d i fu sã o d e con he c im en tos bás icos e n t re o povo, d e m o d oque s e j a ressarcido, e m proveito d o povo, o pesado ônus que

representa para o País a m a n u t e n ç ã o desse ca r í s s imo s i s t ema es-colar.

Para e s se e f e i t o , a U n i v e r s i d a d e Federal de São Paulo, lo-

calizada no ABC paulista, zona de grande concentração indus-trial, tomou a in ic ia t iva d e instalar cursos d e forma ção d e técnicosde alto n íve l , en gen he i ros de grau médio, que assist irão às aulasteóricas na p róp r ia Un iver s id a d e , e às prát icas , nas principais

indústr ias da r egião.C om a f in a l id a d e de melhora r o nível dos candidatos às

escolas super iores , es tão sendo cr iados Colégios Univers i tár iosju n to às Univers idades Fe 'dera is e às Católicas, num total de

22 e m 1964. O s p r imeiros d e l e s s e rão in a ugura d os na U n i v e r s i -d a d e do Cea rá e na U n i v e r s i d a d e F e d e r a l de São Paulo, o d e s t acom ca p a c id a d e p a ra r eceber 2 mil a l u n o s . Esses colégios minis-trarão o 3* ano do 2 C c ic lo secun d ár io .

A i n d a n e s t e c a p í t u l o d e a utên t ica r e forma un iver s i tár ia e m -preendida pelo Governo, p a r a a t e n d e r às exigên c ia s do nossodesenvolvimento, in s e re m- se as m e d i d a s para corrigir a e s t r u t u r af ragmentár ia , que multipl ica, d en tro d a mesma Un iver s id a d e , in s -ta lações , equipamentos e pessoal para tarefas idênticas, provocandoa desproporção en tre os seus orça men tos e o n ú m e r o de alunosmatr iculados e, por conseguinte , de terminando baixa ren tabi l idade

d o i n v e s t i m e n t o público.A centra l ização d o e n s i n o e d a pesquisa e m grandes se toresbásicos, a serviço de toda a Univers idade, com el iminação dos

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núcleos dispersos pe las suas vár ias unidades , r epresentará substan-cial economia de meios , por um lado, c, por outro, a possibil idadede ampliar as matr ículas nas escolas, seja no ciclo básico, seja

rio ciclo profissional.Se m qualq ue r le são da autonom ia univers i tár ia, o Minis tér io

•d a Educação e Cul tur a exer ce r á a ação est imuladora e suplet iva.que lhe cabe, cooperando com a univers idade na cr iação dessessetores básicos ou na consolidação dos que , de modo mais ou.menos desenvolvido, já ex i s t em e m a l g u m a s delas.

O b e d e c e n d o a esse critério, a U n i v e r s i d a d e F e d e r a l de São

Paulo criou os Institutos Básicos de Química, Física, Biologia,Matemát ica , e s tando era e s t u d o s a instalação de um Inst i tuto deBioquímica. Com a cr iação de ta i s ins t i tu tos , propic ia-se , de ime-diato, a absorção de todos os e x c e d e n t e s dos exames ves t ibu-lares, isto ê, de candid a tos que , em bora aprovados , nào t e n h a m ob-tido vaga nas escolas d a a tua l e s t r u tura un ive r s i tá r ia .

Es ta pol í t i ca un iver s i tá r ia e s t ender - s e -ã a todas as universi--dades federais que a U n i ã o m a n t é m .

.Universidade de Brasília

E n q u a n t o ' s e c u i d a de democrat izar o s i s tema escolar de to-dos os ní ve i s e de colocá-lo a serviço do esforço nacional para o

•desenvolvimento, no Dis tr i to Federal , por in termédio do Proje to-Piloto da Univer s idade de Br as í l ia , implanta - se novo mo d e lo d e•universidade, s e m e l h a n t e às mais avançadas organizações inter-

nacionais . A U n i v e r s i d a d e de Brasí l ia des t ina-se , sobre tudo, a as-sessorar t ecn icamente o Governo bras i l e i ro e tem por objetivos aformação cientí f ica de alto nível e o estudo dos problemas nacio-nais, no propósito de con tribuir para a for mação de soluções com-patíveis com a r ea l idade do País. Em todos os Estados e s tãosendo r ec r u tado? aque l e s que d e s e j a m dedicar-se à cul tura e àpesquisa, de m o d o que e s sa Univer s idade já começa a const i tuir -see m núc leo d e u m a antênt ica e l i t e in te lec tual empenhada no e s t u d o

• e na solução dos múltiplos problemas nacionais no c a m p o da•cultura.

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As Forças Armadas

Se n do a educação invest imento caríss imo, const i tuindo, talvez,

o mais pesado ônus imposto à comunidade , o esforço governa-mental nessa área se apoiará nas forças vivas da nação, para eleconvocando-se iodas as disponibil idade nacionais . Dos profissio-nais e das c lasses produtoras aos e s tu dan te s e às Forças Arma-das, serão todos convocados para o grande e s forço de eliminação"do subdesenvolvimento por in termédio da difusão cultural. Prin-cipalmente as Forças Armadas , que têm participado, como ele-m e n t o de vanguarda, de todos os movimentos hi s tór icos , se rão

convocadas para essa bata]ha pela in tegração na vida nacional das-populações que f icaram à marg e m do processo histórico do País.

Em 1963, o Exército colaborou eficazmente neste importantes e to r de atividade, quer por m e i o do g ran de n ú me ro de escolas"d e a l fabe t iz ação e x i s t e n t e s e m to das as u n i d a d e s , q u e r por inter-m édio d a r e d e d e escolas d e e n s in o mé d io e superior sob a suaresponsabil idade.

A propósi to, convém sal ientar que, e m lugares quase inaces -síveis ao home m civilizado, onde exista c ontinge nte m ilitar, em-bora d e r e d u z i d o e fe t ivo, como acontece nas fronte iras d a A m a -zônia e Mato Grosso, sempre se in s ta l a uma escola e de l a saíal fabe t izado g r a n d e n ú m e r o d e crianças, que m ui tas vezes igno-ravam até m e s m o o idioma nacional. A ss im, as Forças A r m a d a stê m colaborado com o Ministério da Educação e Cultura no pro-grama de in s ta l ação das Escolas de Fro n te i ra . Esse apre n d iz ado

r u d i m en t ar , porém útil , foi c re sc e n do d e eficiência à proporção queas unidades se aproximavam dos grandes centros, culminando naVila Mil i tar d a Gu an abara c o m o ens ino minis t rado pe la t e l ev isãoa c e n t e n as de so l dado s .

Os professores são, em princ ípio, oficiais e graauados.

Nos cursos 'lê g rau mé d io e nos de grau superior, os re-sultados foram promissores, uma vez que l.269 alunos os con-cluíram, com alto grau d e aproveitamento.

Saliente-se que a continuação em fu n c io n ame n to dos ColégiosMilitares d e Curitiba, Belo Horizonte, Salvador e R e c i f e veio ao >

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«encontro d as jus tas aspirações d a numerosa c lasse mi l i tar , cujosencargos com a e d u c a ç ã o d os s e u s d e p e n d e n t e s s e tornam cadavez mais onerosos.

Continuará em funcionamento, graças ao Decre to n9 52.948,de 26-11-63, a Escola Preparatória de Campin as , cuja e x t in ção•estava prevista para 31 de d e z e m b r o ú l t i m o .

O Ins t i tu to Mil i tar d e En g e n har ia formou 77 e n g e n he i ro s ,ao passo que concluíram o curso da Escola de Comando e Estado-Maior, 75 oficiais; no da Escola Superior de Guerra foram m a-tr iculados pe lo Exérc i to : 2 G e n e r a i s , 1 3 Coronéis e 4 Tenentes-

Coronéis (Curs o Supe rior) ; 3 Coronéis, 11 Te n e n te s -Co ro n é i s(CEMCFA).

N a Marin ha , a especial ização d e oficiais e d e praças é f e i tae m cursos correspondentes às 6 espec ia l izações d e oficiais d o Cor-po d a A r m a d a e à s 2 6 e spe c ia l idade s d e m a r i n h e i r o s e taife i íos.

A l g u n s d os cursos d e e s pe c ia l iz ação para oficiais e p r a ç a s ' d oCorpo d e Fuzile iros Navais cont inuaram a s e r fe i tos e m escolasdo Exército, que nesse se tor presta inest imável colaboração àM a r i n h a .

Também prosseguiram a f o r m a ç ã o d e e n g e n h e i r o s , media.nteconvênio mantido com a U n i v e r s i d a d e de São Paulo, e a real iza-ção de cursos pos t -graduação para médicos e de n t i s ta s em esco-las civis.

A Escola de Guerra Naval preencheu as suas funções dec e n t ro d e e s tu do s d e alto n ív e l e d e escola d e es tado-maior, minis -

t rando, en tre outros , cursos a oficiais superiores d e n a ç õ e s a m i g a s .O Minis tér io da Ae ro n á u t i c a man té m d iv e r so s e s tabe l e c ime n -

tos de fo rmação e d e a p e r f e i ç o a m e n t o d e pe s so a l e formou 559especial is tas de vários níveis , e m 1963.

Foi ampl iada a fo rmação de sargentos especial is tas na Escola

d e Espe c ia l i s ta s d e Gu ara t in g u e tá , a s s im c o mo a fo rmação d eoficiais especial is tas na Escola d e Oficiais Especial is tas , e m

Curi t iba., O Instituto Técnico de Aeronáutica que é, hoje, uma esco-la-padrão no seu gênero, continuou, em 1963, a formar especia-

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listas, muitos deles destinados à indústria civil. Parcela já signi-

ficativa de mão-de-obra altamente qualificada absorvida pela avia-ção comercial e pela indústria automobilística e de motores vem

sendo formada no I .T.A., que, assim, desempenha papel dos maisrelevantes como centro de instrução técnico-profíssional.

A formação de técnicos torna-se, cada vez mais, o fator crí-

tico no desenvolvimento de uma Força Aérea moderna. De nada

servirá o material avançado se não se contar cora técnicos de qua-

lidade altamente especializados, necessários à sua utilização. Im-

põe-se mesmo um estudo profundo e a obtenção, junto ao Con-

gresso, de leis que permitam a justa remuneração de técnicos dealta qualidade, se desejarmos desenvolver a Força Aérea Brasilei-

ra de acordo com os padrões de adiantamento e ef ic iência que aatualidade está a exigir.

2. Ciência e Desenvolvimento

Empenhado na luta contra o subdesenvolvimento, necessitao País de estimular a pesquisa c ien t í f i ca e tecnológica, como re-

cursos insubstituíveis de transformação e utilização das nossas rij

quezas naturais.

O mundo moderno vive a era da revolução c ien t í f ica . Era

verdade, foi a capacidade de criar novas concepções c ien t í f icas e

de inventar novos engenhos tecnológicos que impulsionou o extra-

ordinário desenvolvimento dos países que hoje dirigem o processoda civilização.

A distribuição desigual da riqueza no mundo é fenômeno re-

lativamente recente. Há trezentos e cinqüenta anos as civilizações

orientais comparavam-se de maneira favorável com as do mundo

o c id e n ta l . Nos séculos seguintes, em conseqüência de progressos

cient í f icos e tecnológicos aplicados ã agricultura e aos métodos

industriais, tomou súbito desenvolvimento a Europa Ocidental. As

descobertas e os progressos técnicos ocorreram, sempre, de tempose m tempos, na história da humanidade, Mas o que caracterizou a

revolução tecnológica e industrial do século dezenove foi o domínio

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cient íf ico dos fenômenos e das leis naturais e sua aplicação aodesenvolvimento, A importância d a ciência aumentou no séculoatual e após a Segunda Guerra verificou-se que a pobreza, a fome

e a morte prematura po dem ser eliminadas em sociedades inteiras.Para isso, são necessárias duas condições básicas: habilitação',téc-nico-cient íf ica e capital para investimento,

A pesquisa c ien t í f ica tornou-se questão d e alta prioridade noPaís, e m virtude d a própria transformação por que está passandoa sua economia. Não poderemos conquistar a plena emancipaçãoeconômica s e m resolver, preliminarmente, os problemas tecnológi-

cos que se nos apresentam e que têm aspectos peculiares. O exem-plo de outros países, entre os quais o Japão, demonstra que!umaindústria nacional poderosa só poderá ser implantada se tiver; con-dições d e criar equipamentos e técnicas que uti l izem a matéria-pri-m a nacional e se adaptem às circunstâncias características da'vidaeconômico-social. :

Por ou cio lado, d a solução d os problemas tecnológicos apre-sentados pela nossa transformação industrial, especialmente no

caso d e r u mo s novos d a economia, depende a maior ou menorsubordinação ao know-how estrangeiro, que implica, por vezespesados gastos e m divisas, resultantes d o pagamento d e royàltiese das vinculações econômico-financeiras criadas pela necessidaded e util izar patentes d e outros países.

A s s i m , c u m p r e ao Governo estimular e amparar os institutosde pesquisas, integrando a sua atividade no esforço de renova-

ção industrial. Nesse sentido, o Poder Executivo adotarádiversas iniciativas, entre as quais a de revigorar, adaptando-oàs circunstâncias presentes e ao quadro da reforma administra-tiva, o Decreto n* 50.819, que cria o Serviço Nacional de Assis-tência aos Inventores. Outras providências j á em estudo incluem auti l ização d os institutos d e pesquisas na expedição d e certificadosde aptidão e no controle de produtos novos que vierem a serfabricados pelas indústrias nacionais que apresentarem projetos à

apreciação dos órgãos técnicos e financeiros oficiais.Em 1951, o Governo criou o Conselho Nacional d e Pesqui-

sas, que tem por f inal idade "promover c estimular o desenvolvi-

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tnento da investigação científica e tecnológica em qualquer do-mínio do conhecimento".

Durante o ano de 1963. o Conselho Nacional de Pesquisasc u m p r i u o papel que lhe foi reservado por lei, quer executando

pesquisas cient í f icas e tecnológicas, por intermédio de seus insti-

tutos básicos, quer e s t i m u l a n d o o desenvolvimento da ciência eda tecnologia nas Universidades e instituições de pesquisa.

Graças à intensa atividade exercida pelo Conselho Nacional

de Pesquisas nos úl t imos treze anos, já se chegou entre nós à

compreensão de que o progresso técnico-científico constitui base

indispensável ã independência política, social e econômica.

No próprio setor governamental já se fez sentir tal atuação,

motivo pelo qual foi inc luída a criação do Ministério da Ciência• e Tecnologia nc Projeto d e R e f o r m a Administrativa, ora entregue

ao estudo e aprovação do Congresso Nacional.

As atividades do Conselho, no ano que f i n d ou, não se l imi -taram ao território nacional , estendendo-se a outros países onde

•organizações congêneres com ele colaboram e dele recebem cola-boração, no tocante aos programas de bolsas, auxílios para aqui-

sição de equipamentos e importação de material científico. Em

numerosas oportunidades, foram solicitadas ao Conselho Nacional

de Pesquisas informações e assesoría c ien t í f ica para programas

dessas organizações.

Participou o Conselho, de maneira notável, da conferência

•das Nações Unidas sobre Aplicação da Ciência e da Tecnologiae m Benef íc io das Áreas Menos Desenvolvidas, realizada em Ge-

nebra, tendo apresentado teses e recolhido importante documentá-

rio de alto interesse para nosso desenvolvimento.

Tampruco foram esquecidos os entendimentos com a indús-

tria nacional , para o efeito de propiciar seu aperfeiçoamento,

adaptação de técnicas importantes, controle e melhoramento da

produção e descoberta de novos métodos, processos e materiais,

por m e io de concessão de bolsas de estudo e auxílios.

Especial atenção foi dada ao desenvolvimento de tecnologia

c maior intensificação da produção agrícola.

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Como iniciat iva de it-,alce para o próximo exercício, o Conse-

lho, ainda e m 1963, manteve contatos com o Ministério d a E d u -cação e Cultura , v i sando à realização do l* Fórum Brasi leiro de

Ciência e Tecnologia, m e d i d a que virá atender legítima reivindi-cação d os pesquisadores bras i le i ros .

Graças à realização, em 1964, desse F ó r u m , poderá o ConselhoN aci o na l d e Pes qui s a s f a z e r amplo levantamento d os recursosbras i le i ros , humanos , mater ia i s e naturais , c o m a f ina l idade d etraçar, com maior segurança , a política científica do País, paracons ecução d os ob je t i vos na c ionai s , ime d i at os e pe rma nen t e s , no

cam po cient í f ico e tecnológico.Expedições c i e n t í f i c a s e s t ã o s e n d o p l a n e j a d a s nas regiões d o

A m a z o n a s , Nord es t e e Oeste brasileiros, para estudos geológicose atualização do inventário botânico e zoológico dessas áreas,com o" fito e s pec i a j de proteger e explorar cient i f icamente as nossasreservas f lore s t a i s .

Como program a para 1964, as s ina larem os: pe squisa oceano-

gráfica e pesquisa de b iologia marinha; pesquisas espacia i s ; pes -quisas a s t ronô mi ca s e as t rof í s icas ; pesquisas d e ma t emát i ca pura ea pl i ca d a ; pes qui s a s f í s icas ; i ncrement o d a s pesquisas d e quími cavegetal e mineral; pesquisas de ge ologia, inclusive geocronología;e s t u d o s de f e r t il i zan t e s , ge né t ica e m e l h o r a m e n t o de espécies ve-geta i s d e gra nd e i nt e re s s e econô mi co; pes quis a s d e fisiologia ve -getal, f i fopatologia c microbiologia.

B) T R A B A L H O E PREVIDÊNCIA

l, Trabalho

Considerações Gerais.

Os encargos da missão histórica de dotar o Brasil de uma

economia independente não podem nem devem reca ir , exclus iva-m e n t e , sobre as classes laboriosas , exa tamente as que d e s e m p e -nh am , " nessa grande tarefa , ' papel tão considerável e q u e , consti-

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tuindo, precisamente, os grupos economicamente mais fracos, não

p o d e m prescindir do amparo e da defesa em que o Estado devedesvelar-se.

Esta, entri tantas outras, uma das funções principais da

legislação trabalhista e da previdência social, de cuja melhor apli-

cação e constante aperfeiçoamento dependerão, diretamente, os

resultados da nossa política de desenvolvimento econômico.

Portanto, a melhor compreensão dos direitos e deveres nas

relações de e m p r e g o , o seu respeito e observância; um amparo

mais e f i c i e n t e na doença, na invalidez e na velhice; a certeza de

um nível de vida condigno; a proteção da assistência médico-social; a reedução c a readaptação profissional é que proporcio-

narão aos trabalhadores e às suas famí l ias a segurança e a tran-q ü i l i d a d e indispensáveis ao labor f e c u n d o e construtivo, mola

f u n d a m e n t a l de qualquer empreendimento publico ou privado e

peça essencial de qualquer programa de desenvolvimento eco-

nômico .

Política Salarial

Atento ã importância da questão salarial numa economia de

caráter nitidamente inflacionário que inf lui poderosamente na de-

terioraçãn do poder aquisitivo dos trabalhadores, o poder executivo

te m revisto periodicamente os níveis mínimos de salários.

C om este objetivo, foi baixado pelo Governo o Decreton* 53.578, de 21 de fevereiro de 1964, que reestrutura as regiõese sub-regiões de salário-mínimo e eleva os níveis fixados no De-creto n' 51.613, de 3 de dezembro de 1962, em função da diver-sidade do custo de vida no território nacional,

A aprovação, sem modificações, pelo Congresso Nacional doprojeto governamental que institui o salário-família, constituiu

medida de indiscutível alcance para a proteção familiar dos tra-

balhadores, já vigorante em mais de 30 países.O equilíbrio do sistema de concessão de salárío-família foi

tecnicamente calculado, num regime de repartição anual, havendo

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rigorosa correspondência entre o valor das quotas individuais e a

p e r c e n ta g e m d a contribuição imposta.Estabelecendo-se, por meio dessa legislação, critério de re-

m une ração adicional e m f u n ç ã o d os encargos famiJiais, permitiu-semaior exatidão na determinação dos níveis de salários-mínimos,que passarão a considerar as necessidades individuais do traba-lhador, diversamente do que se vinha até agora fazendo ao levar-se

e m conta aspectos do sustento do grupo familial dele dependente.

A formulação de política salarial condizente com a conjuntura

brasileira, destinada a proporcionar aos trabalhadores participa-ção adequada no crescimento da renda nacional e a funcionarcomo poderoso dispositivo regulador entre os custos de bens decons um o e o poder aquisitivo d a grande massa, levou o Governo

a propor ao Congresso Nacional a instituição do regime de escalamóvel d e salários, tendo o respectivo projeto tomado, na Câmarad os Deputados, o n* 1.481. d e 1963.

A iniciativa governamental foi baseada e m conscienciosos eacurados estudos técnicos e inspirou-se em pressupostos que estãono consenso geral, além d e representar legí t ima reivindicação d equantos , no País, vivem d e salários. Confia, pois, o Governo e mque o Congresso Nacional dispensará ao e x a m e da matéria o m e s m ointeresse que permi t iu a rápida tramitação e aprovação do ante-

proje to relativo ao salário-família.

C om a transformação fem lei da proposta governamental, ter-se-á incorporado à moderna legislação social brasileira um dosseus mais significativos estatutos.

Movimento Sindical

A conjuntura social que o País atravessa dá ao movimentosindical aspectos da maior relevância, pois é dentro de seu sindi-cato d e classe que o trabalhador brasileiro começa a adquir i r noçãomais profunda da sua missão.

Os sindicatos de classe, como órgãos que procuram atingir,dentre inúmeras outras finalidades, a de proporcionar situação deequilíbrio econômico ao trabalhador, têm compreendido, em todaa sua extensão, o problema econômico brasileiro e sabido dar a

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sua parcela de colaboração a soluções consubstanciadas na apre-sentação de reivindicações mínimas, que, em última análise, têmo objetivo de proporcionar a própria sobrevivência às categoriasque r e p r e s e n t a m .

E' certo, porém, que entidades sindicais altamente desenvol-vidas, e com um conhecimento mais completo da gama de problemasfundam e nta i s , a p r e s e n t a m s u g e s t õ e s que r e f l e t e m , com mais f id e -l i dade , o pont o-d e -v i s t a d o trabalhador brasileiro, cujo bom-sensoe equilíbrio const i tuem ef ic i en te colaboração à obra governamental.

Ciente do grau de maturidade at ingido pelos sindicatos brasi-

leiros , o Governo não t em poupado esforços para facilitar-lhes aobtenção da compet en t e ca r t a de reconhecimento, que assegura aessas ent idades o pleno exercício das prerrogativas f ixadas naConsolidação das Leis do Trabalho. Desta forma, em 1963, nadam e n o s d e 1 4 9 s ind ica tos d e t rabalhadores urbanos puderam s e rr econh ec i d os ,

A s indicalização rural mereceu também grande impulso e aComissão Nacional de Sindícalização Rural e o Departamento

Nacional do Trabalho examinaram e aprovaram os processos der econh ec i ment o d e 1.177 s ind ica tos d e t rabalhadores rurais , aforam ai s d e 4 0 trabalhadores autônomos, já es tando reconhecidas of i -cialmente a CONTAC e a C N A .

T a mb ém os s indicatos patronais recebem d o Minis tér io d oTrabalho prova evidente de que essa Secretaria de E s t a d o é, defato, órgão de equilíbrio nas relações entre o capital e o trabalho,pois e m 1963 foram reconhecidos 45 sindicatos de empregadores .

N u m a d e m o n s t r a ç ã o e l o q ü e n t e de q u e confiam n a ação med i a -dora governamental, as ent idades s ind ica i s e os trabalhadoresapelam, com freqüência, para o Governo a fim de que intervenhaconcil ia tòriamente nos diss ídios d e natureza econômica , os quais,graças a essa providência, logram, na sua quase totalidade, solu-ções administrativas e pacíf icas .

Relações Internacionais do Trabalho

No âmbito do Ministério do Trabalho e Previdência Social,os e s t ud os e relações internacionais são coordenados pela Comissão

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Permanente de Direito Social (CPDS), que foi rees t ruturadapelo Decreto n» 51.860, de 22 de março de 1963.

N o uso de suas atr ibuições , a CPDS, elaborou os pronun-

c i am ent o s técnicos, aprovados pelo Governo, referentes ao t emãrioida 479 Sessão d a Conferência Internacional d o Trabalho, que s erealizou e m junho próximo passado, na cidade d e G e n e b r a . EssaConferência a d ot ou umanova Convenção internacional, a de n? 119,a t inente à proibição d e vend a , a lugue l e utilização d e má qu in a sdesprovidas de dispositivos de proteçã o apropriada. A lém da

Recomendação n9 118, que complementa a precitada Convenção,foi aprovada a R ecomend a ção n * 1 1 9 sobre a cessação d a re laçãod e trabalho por iniciativa d o e m p r e g a d o r , na qual s ão i n s e r i d a snormas de amparo ao trabalhador, concernentes ao aviso prévio,i nd en i za ção por d e s ped i d a s e m jus t a caus a, r ea d m i s s ão d e e m pre -gados dispensados por motivo d e r e d u ç ã o d e pes s oa l , e t c .

A CPDS preparou, a inda, os pronunc i a ment os do G o v e r n opara as reuniões promovidas pela Organização Internacional doTrabalho (OIT ) s ob re as condições de trabalho na indústria

d o f e r ro e aço ( C a r d i f f , agos to d e 19 6 3 ) , a política d e e m p r e g o(Geneb ra , s e t emb ro-out ub ro de 1963) e as condições de t rabalhona indús t r ia de alimentação e bebidas (Genebra , dezembro de1963). E o pres idente d a refer ida Comissão foi um dos quinzeper i tos escolhidos pela OIT para part icipar da reunião, na qual ,pela primeira vez, essa organização examinou os direitos sociaisdos funcionários púb l i cos . |

C u m p r e rei terar, nesta oportunidade, o apelo fe i to na M e n -

sagem anterior, na qual foi solicitada a ma ni f e s t a ção d o CongressoNacional sobre as convenções internacionais que a compa nh a -ram as M ens a gens ns. 256, de 1949; H3, de 1958; 2H e533, de 1959 ; 40 e 104, de 1960 ; 150 e 283, de 1961 ; e 277, de1962. Por força do art . 66, n' I, da Const i tuição Federa l , somenteapós o pronunciamento do Poder Legis lat ivo sobre as convenções ,poderá o nosso País rat i f icar os i n s t rume nt os a provad os . De nt reas convenções submet idas ã soberana deliberação d o Congresso

Nacional , todas d a maior relevância no quadro social contempo-râneo - — d u a s c o n c e r n e m a direi tos fundam e nta i s d o s e r h u m a n o :a) a de n» 105, sobre a abolição do trabalho forçado ; b) a de

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n' 111, sobre a proibição de discriminação, em matéria de emprego

e profissão, por motivo de raça, cor, sexo, reiigião, opinião política,

ascendência nacional ou origem social. A Talta de ratificação de

tais instrumentos pode criar a fa l sa impressão de que os respectivospreceitos não correspondem, na lei e na prática, a direitos assegu-

rados a todos os que trabalham em nosso País.

Durante o ano de 1963, o Ministério do Trabalho e Previ-

dência Social recebeu a visita do Diretor do Instituto Internacional

de Estudos Sociais e da missão cultural francesa sobre problemas

de mão-de-obra, previdência e serviço social, tendo esta realizado

amplo debate com os especialistas brasileiros.

2. Previdência Social

No ano de 1963 foram adotadas importantes medidas para

o desenvolvimento e aperfeiçoamento d o sistema previdenciário

e s t a b e l e c i d o pela Lei Orgânica da Previdência Social e atendidas

m u i t a s d as m ai s l e g í t i m a s reivindicações d as classes trabalhadoras.

Essa Lei Orgânica, que durante tantos anos foi objeto das

m a i s veementes aspirações do trabalhador brasileiro e representa

avançado i n s t r u m e n t o de progresso social, vem demonstrando,

desde a sua entrada em vigor, a excelência da concepção de seus

pr inc íp ios . No curso de 1963, graças à adoção de várias medidas

c o m p l e m e n t a r e s , continuaram os órgãos responsáveis pela Previ-

dê nc i a Social a grande tarefa de consolidação do sistema geral,i n s t i t u í d o co m a nova legislação.

Não se caracterizou, entretanto, o ano de 1963 apenas como

o das medidas de c o m p l e m e n t a cão e aperfeiçoamento dos preceitos

já consagrados na lei m á x i m a da previdência social ; foram concre-

tizadas novas e importantes conquistas do trabalhador neste campo.Entre elas merece menção particular, pelo seu alcance social, a

i n s t i t u i ç ã o d o s a lá r i o - f a mí l i a d o trabalhador, criado por le i quec o m eç o u a produzir seus b e n e f í c i os e m dezembro d e 1963. Avulta,por igual , como progresso dos mais expressivos, a concessão do

139 salário aos aposentados e pensionistas da Previdência Social.

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Fato marc an te fo i , no ano passado, a extensão d a previdênciasocial ao trabalhador d o campo, matér ia regulamentada a 18 ded e z e m b r o úl t imo pelo Decre to n9 52.325.

O l eg is lador, contudo, d e u ao problema solução transitória, aoe s tabe l e c e r , no a r t . 15 9 do E s t a t u t o d o Trabalhador Rural , que .d u r a n t e o prazo d e cinco anos, f icar ia o In s t i tu to d os I n d u s t r i a d o se n c arre g ado d a arrecadação d as rece i tas e d a prestação d os b e n e -fícios .

A nec es s idade de nova d i sc ipl inação l egal , impl íc i ta no própriot e x t o d a L e i n ' 4 , 2 1 4 , d e 2 d e março d e 1963, é ainda mais

impe riosa quand o se c onside ra que , além da conveniência da iriacãod e o rg an i sm o e s pe c ia lizado para adm in i s t ração d o seguro socialrural, os recursos a e la in ic ia lmente des t inados s e r e v e l a m e x t r e -m a m e n t e i n s u f i c i e n t e s .

A d m i t e - s e que o " F u n d o d e Assi s tênc ia e Pre v idê n c ia d oTraba l hado r Ru ra l " , que de v e rá s e r suprido, nos termos d o art , 1 58d a respect iva le i , pela arrecadação d a taxa d e 1% sobre a pro du ção

ag r o pecu á r i a , atingirá, no máximo, nes te exerc íc io , 20 bi lhões dec ru z e i ro s .Tendo-se em vis ta que o número de segurados nos d iversos

Ins t i t u t os d e A p o s e n t a d o r i a e P e n s õ e s é d e 5 . 2 0 0 . 0 0 0 , com osquais , em 1962, foram d e s p e n d i d o s m a i s d e 16 0 bi lhões d e cru-zeiros, só c o m o pag ame n to d e b en e f í c i o s , e cons iderando-se que ocont ingente d e t rabalhadores rurais é o tr iplo ( is to é 1 6 . 3 0 0 . 0 0 0 ) ,se gue- se qu e , para pre s tação de idênt icos bene f íc ios , se r ia indis -

pe n sá v e l im po r tâ n c ia an u a l d e 5 00 bilhões d e cruze iros aproxima-d a m e n t e .

A solução imposta pela l e i é , e n t re tan to , s e re m os b e n e f í c i o sf i x a d os e m fu n ção d as poss ibil idade s f inance iras . Sabendo-se que ,e m 1960, o n ú m e r o d e s e g u rado s d a Previdência Social era de4 .0 58 .0 0 0 e o de aposentados e pens ionis tas cerca de 1 . 1 7 2 . 0 0 0 ,t e r íam o s , adotada idêntica proporção para os trabalhadores rurais ,a p r o x i m a d a m e n t e 4 .50 0 .0 0 0 apo se n tado s e pensionistas, para os

q uai s , e m face d a l imi tação d e recursos f inance i rc s , caberiam, indi -v i d u a l m e n t e , be n e f íc io s no valor médio anual de 4 m i l c ru z e i ro sa p e n a s .

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Encontrará, porém, o problema solução definitiva graças à

aprovação, com alterações, do Projeto C-136-46, que cria o Insti-

t u t o de Aposentadoria e Pensões dos Agrários, já votado pela

Câmara dos Deputados e ora em andamento no Senado Federal,

Grave questão que enfrenta, de longa data, a previdência

social é a da dificuldade de recolher, integralmente, as contri-

buições que lhe são devidas. Em minha Mensagem anterior, ao

tratar do assunto, anunciei que, no ano de 1963, seriam adotadas

providências as mais enérgicas, objetivando, se não e l i m i n a r , pelo

m e n o s reduzir substancialmente os efeitos danosos que o não reco-

l h i m e n t o da receita, em tempo oportuno, vem causndo ao sistemap r e v id é n c iá r io brasileiro. Dentre as medidas já postas em prática,

m e r e c e m especial menção as normas baixadas pelo Departamento

Nacional da Previdência Social sobre a aplicação das disposições

do art. £6 da Lei Orgânica da Previdência Social, que prevê a

cominação das penas do crime de apropriação indébita aos respon-sáveis pela fa l ta de recolhimento, na época própria, das contri-buições arrecadadas dos segurados ou do público em geral e a

decisão do Banco do Brasil de não mais ter transações com empre-sas em débito para com a Previdência Social. Por outro lado,

para eliminar os atrasos em que mesmo as empresas estatais e

entidades autárquicas vinham incidindo nas suas obrigações parac om o seguro social, expediu o Governo decreto que dispõe m i n u -ciosamente sobre a matéria e corrigirá, de vez, essa anomalia.

Tais medidas, embora tomadas já na segunda metade du

exerc íc io , não deixaram de f az e r sentir os seus benéficos e f e i t o sno comportamento da arrecadação da dupla contribuição dos segu-

rados e empresas, que atingiu, nos seis Institutos, um montantea p r o xima d o de 260 bilhões de cruzeiros, o que revela, em compa-ração com os 140 bilhões arrecadados em 1962, resultado real-

mente auspicioso. Estima-se que, em conseqüência dessas e de

outras providências incentivadoras da arrecadação, a receita para

1964, proveniente daquela fonte de incidência, monte a 442 bilhões

de cruzeiros.A União Federa], tal como nos exercícios anteriores, teve mar-cada participação no custeio do sistema previdenciário, contribuindo,

e m 1963, com a substancial parcela de 53 bilhões de cruzeiros.

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dos quais 29,5 bi lhões por meio da chamada "quota de previ -dência" , arrecadada d ire tamente d o públ ico, pe las empresas , pararecolhimento af o Fundo C o m u m da Previdência Social, e o restante

como verba orçamentár ia , também recolhida ao m e s m o F u n d o .Ve rba de 5 7 bi lhões , acresc ida d e arrecadação es t imada e m 42bilhões d e cruze iros d a "Quota d e Previdência" , deverá a tender ,nes te ano, aos encargos da U nião para com a Previdênc ia Socia l.

Está-se procedendo a es tudos acurados para o aperfeiçoamentodo s i s t ema arrecadador e ampl iação do campo de inc idência da"quota de previdência", com o objet ivo de, por um lado, medianteacréscimo d a recei ta, d i mi n ui r a sobrecarga que onera o orçamento

da União Federal e , por outro lado, ace lerar o processo da rea l iza-ção dos recursos e tornar mais f l exíve l a sua movimentação. Taises tudos , e m fase final, oferecerão e l ementos para a elaboração d eproje to q u e pre t e n do e n v iar bre v e m e n te à a lta c o n s ide ração doCongresso .

A Previdência Social teve a sua despesa , com o plano depres tações , e l e vada, em 1963, a ce rca de 240 bi lhõe s de cruze iros ,d os quais 200 b i l h õ e s , a p r o x i m a d a m e n t e , d e s p e n d i d o s com osbenef íc ios (aposentadorias , pensões e auxí l ios d iversos) , 27 bi lhõescom a as s i s tê n c ia mé d ic a e 13 bi lhões com a ass i s tênc ia a l imentar .Es t ima-se que , no corre nte ano, ta i s despes as a t ingirão 421 bi lhõesde cruze iros .

Providência de alta s ig n i f i c ação , de s t in ada e spe c ia l me n te am elho r a t e n d e r aos s e g u rado s , é a resul tante d os convênios quecom e çaram a s e r f i rmados em 1963 entre os Ins t i tu tos de Aposen-

tadoria e Pensões e as Caixas Econômicas Federa is , para quecolaborem na e f e t u a ç ã o d os pag ame n to s d e pres tações devidas aaposentados e pensionistas da Previdência Social, Tal m e d i d apropiciará, com um mín i mo d e ônus para os Ins t i tu tos , sens íve lampliação de sua rede pagadora, e l iminando o penoso sacrif ício d a>demora imposta aos benef ic iár ios .

A reabil i tação d o trabalhjadõr, encargo q u e a L e i Orgânicada Previdência Social havia cometido aos Institutos, vinha reve-

lando-se pouco operante por fa l ta de normas objet ivas. Pro-c u r a n d o corrigir essa falha foi e x p e d i d o , a 13 de d e z e m b r o úl t imo,o D e c r e t o n 9 53.264, que d e t e r m i n a a pres tação, e m re g ime d e

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c o m u n i d a d e , dos serviços de r e e d u c a ç ã o e readaptação prof i s s ionali n d i s p e n s á v e i s à r e m o ç ã o das c a u s a s d e t e r m i n a n t e s da incapacidadepata o t ra b a lh o.

A im obi l ização dos cap i ta i s da previdência social e m grande si n v e s t i m e n t o s i m o b il iá ri os , n o t a d a m e n t e e m B r a s í l i a , d e t e r m i n o u .e m v i r t u d e , p r i n c i p a l m e n t e , d a l eg i s la ção d o inqui l ina to, o avilta-m e n t o d a r e n t a b i l i d a d e p a t r i m o n i a l d a prev i d ênc i a s oc i a l , d e u mlado, e cr iou, d e outro, sério obstáculo a n o v o s i n v e s t i m e n t o s e mfavor d o s s e g u r a d o s .

A ques t ão foi r e s o lv i d a pe t o Decre t o n' 52.759, que disc i -

plinou a v e n d a dos imóvei s da previdência socia l na Capi ta l daR e p ú b l i c a , e pe lo Decre t o n9 52.472, que r egulou a al ienação, aos

s egura d os , d os c o n ju n t o s r e s i d e nc i a i s no r e s t o d o t e r ri t ó ri o na c i ona l .

O s e m p r é s t i m o s s i m p l e s , f o r m a de ass i s tência f inancei ra pre-vis ta pela L e i O r g â n i c a d a Previdência Social, e m vi r t ud e d a fa l tad e ma i ores r ecur s os f i na nce i ros , f icaram pra t i ca ment e l i mi t a d os àárea do Ins t i tuto dos Bancários, que aplicou nessa m o d a l i d a d eassistência! o m o n t a n t e ap r o xi m a d o d e 2,4 bi lh õe s d e c r u z e i r o s .

N o c a mpo a d m i ni s t ra t i vo , m e d i d a d a ma i s a lt a r e l evânc i ap a r a c o m p l e m e n t a r a f ie l e x e c u ç ã o d a L e i O r g â n i c a d a PrevidênciaSocial foi a exped i ção do R e g i m e n t o Ü n i c o dos Ins t i tutos , ato queimportará a comple t a e gera l reorganização e uniformização dói,s e rv iç os a d m i n i s t ra ti v os d a q u e l a s i n s t i t u i ç õ e s .

D e s e j o , f i n a l m e n t e , d ar especia l re levo à realização, no f imdeste ano, das e l e i ções dos r epre s en t a n t e s c la s s i s t a s pa ra r eno-

vação da composição do Conselho Superior da Previdência Social,•d o Conselho-Dire tor do Departamento Nacional da PrevidênciaSocial e dos C o n s e l h o s A d m i n i s t r a t i v o s e Fiscais das I n s t i t u i ç õ e sde Previdência Social. Tal a cont ec i ment o cons ol i d a ra , d e f i n i t i -va ment e , a i n s t i t u i ç ã o do r e g i m e de órgãos colegiados, os quais ,graças ao c u n h o d e m o c r á t i c o que lhes caracter iza o provimento,vêm provando o tota l acer to da s olução e nc ontrada p ara m e lhor•conduzir a Prev i d ênc i a Social,

E' de notar que a pr i mei ra i nves t i d ura dos r e p r e s e n t a n t e s de•empregados e empregadores , verif icada em 1960, nos órgãos ded i reção da Previdência Socia l , resul tou 3e e le ições ind ire tas , na

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Forma da l e i básica d o s eguro social? ao passo que o pró xi moplei to será realizado com a part ic ipação d i re ta d os órgãos s indicaisd e pa t rões e t rabalhadores , e m t od o o Pa í s , o que s ignif ica sens ível

a p e r f e i ç o a m e n t o d o s i s t e m a .

C) SAÚDE PUBLICA

l. Situação atual e necessidades

O s prob lema s méd i co- s a n i t á r i os q u e o P a í s d e f r o n t a e x i g e msoluções a curto prazo, s ob p e n a d e a gra va rem-s e a i nd a ma i s .

E nt re t a n t o , med i d a s i s o la d a s , que vi s a va m es pec i f i ca ment e oca mpo d a saúde, têm-se revelado i n e f i c a z e s porque a s a ú d e é, e múl t ima a n á l i s e , um a r e s u l t a n t e d o pa d rão d e vi d a , d epend end om e n o s d os serviços d e saúde públ ica do que da qua nt i d a d e e qua-l idade d e b e n s e serviços ao alcance d a cole t ividade.

N ã o s e pod e pre t end er a t i ng i r a l t os n íve i s d e s a n i d a d e q u a n -

do há carência a l i m e n t a r , p r i n c i p a l m e n t e no re la t ivo às prot e ína sd e or i gem a ni ma l i nd i s pens áve i s ao organismo h u m a n o , q u a n d osão precár ias as c o n d i ç õ e s de habi tação e def ic iente a energiamecâni ca , d e q u e s e origina maior solicitação d o esforço muscular ,e q u a n d o , f i n a l m e n t e , os mei os d e t ransporte não corre s pond em àsn e c e s s i d a d e s d a população e d a dis t r ibuição d a r i queza ,

Se a nosologia d e cada povo é conseqüência d a e s t r u t u r a eco-nômica nacional, não é possível esperar melhorias substanciais nosnívei s d e s a ú d e a n t e s d e adotadas providências que t e n h a m porobjet ivo modif icar as velhas es t ruturas , responsávei s pelo atraso eestagnação do d es envolv i ment o econô mi co e social.

Embora não d i s p o n h a d e i n s t r u m e n t o s d e ação que lhe per-mitam solucionar os prob lema s d e s a úd e como s er ia d e s e jáve l ,o Governo te m procurado evi tar que a s i tuação s e agrave, usandod os e l e m e n t o s ao seu alcance para e x e c u t a r um programa tle

saúde públ ica integrado no programa global d o d es envolv i ment onacional , capaz, pelo menos , d e sa t i s fazer as n e c e s s i d a d e s m í n i -m as do nosso povo.

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Do m e s m o m o d o que a renda nacional, a saúde não se dis-t r ibui uni formemente por toda a população e por todas as regiões

do País.

A s i tu ação é mais grave nas áreas subdesenvolvidas e nascamadas da sociedade de baixo nível de renda, ainda quando v i - >

vam n as regiões mais prósperas.

O panorama da saúde do homem brasileiro é caracterizado,primordia lmente , por mé dia d e vida curta e al tos coefic ientes d emortal idade geral e infant i l , ocorrendo a maioria dos óbitos em

pessoas de menos de cinqüenta anos de idade.

No quadro sanitário, prevalecem as doenças de massa, sobre-t u do as infecc iosas e parasitárias, registrando-se, e m escala signi-ficativa, doenças transmissíveis , controláveis por medidas imuni--zadoras, comprovadas, e persistindo e n fe rmidade s do grupo pesti-Jencial , do qual a varíola é exemplo típico.

A s s i m , o grande problema d e saúde pública que o Governodeve enfrentar cont inua sendo o das doenças de massa e das doen-

ças pestilenciais, pois os portadores desses males são prec i samenteos que não dispõem de meios para cus tear a necessária assistênciamédica e farmacêutica.

Infe l izmente , a exemplo do que ocorre em outros setores, aorganização ass is te ncial brasi le ira apre se nta rend im e nto abaixod as suas poss ibi l idades , en tre outras causas , e m razão d a multipli 'cidade de órgãos paralelos, sem a desejável coordenação, o que

pulveriza as verbas a eles des t inadas .Bas ta mencionar que , além da a t iv idade desenvolvida pe laUnião Federal, excluídos os programas executados pelas Unida-d e s da Federação e pelos Munic íp ios , as mais d iversas en t idadesem pr eg am recursos na área assis tencial , e m maior ou me n o rescala, sendo de assinalar, pela envergadura de suas redes assis-tenciais , os ministérios mil i tares , cujos hospitais, ambulatórios, clí-n icas , e nfe rmarias a ten de m parce la ponderáve l d a população bra-

sileira.Outros ministérios, bem como autarquias federais , socieda-

des de economia mista nas quais a União é majori tária, fundações

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•e entidades colaboradoras da administração federal têm igual-m e n t e pro g ramas d e saúde , sendo a inda jus to c i tar o papel que têmd e s e m p e n h a d o os Ins t i tu tos de Previdência Social.

Deste modo, as dotações destinadas ao Ministério da Saúde:não r e f l e t e m o m o n t a n t e e m p r e g a d o nos programas d e assistên-

•cia médico-sanitária, pois , e m 1963, lh e coube apenas a parcelad e 4,3% d o o rçame n to d a U n i ã o , no qual foi, entre tanto , cons ig-n ada a impo r tâ n c ia d e cerca d e 1 2 % para as at iv idades médicp-sani tár ias , inc lus ive a s d e s a n e a m e n t o .

T a m b é m no que concerne aos programas d e pl an e jame n to ,

c o n s t ru ção e m a n u t e n ç ã o d os serviços d e saneamento bás ico,observa-se diversidade d e órgãos que t r a t a m d o m e s m o pro-ilema.

Uma visão de c o n j u n to do s re c u rso s mé d ic o -a s s i s t e n c ia l s , n e l einc lu ída a at iv idade dos Estados e Munic ípios e, sobre tudo, l evadae m conta a iniciativa privada, revela que o apare l hame n to assis-tenc ial bras i le iro, como, d e Tes to , e m todos os países e m condi -

ções idênt icas às nossas , d i s t r ibui - se na razão inversa d os n ív e i sd e s a ú d e d a população local , i s to é , q u an to mai s ba ix o o n í v e l d esaúde , tanto menores os recursos ass i s t enc ia i s d i sponíve i s .

Por outro lado, ainda como conseqüência da fa l ta de coorde-nação n o pl an e jame n to g l o ba l d a assis tência médico-sanitária,•existe carência d e me io s , s e ja q u an to a pessoal técnico, se ja quan-to a e quipam e nto, agravada pe la s u a m á distribuição, c om e x c e s -siva concentração em certas áreas em d e t r i m e n t o de outras.

A unif icação d os serv iços médico-sani tár ios , n as atuais con-dições adminis t ra t ivas bras i l e i ras , é problema que tem d e s a f i a d o acapacidade d os mais e x pe r ime n tado s t é c n ic o s , tais as ques tõessusc i tadas .

Por isso m e s m o , tem-se recomendado a in tegração gradat iva• e s i s t e mat iz ada , e m âmbito setorial j com aprovei tamento de enti-dades já e x i s t e n t e s , n os termos d a tradição d o s i s t e ma d e comuni-

dade . En q u an to não for possível essa unif icação, prevalecera oponto-de-vista de que se deve promover a coordenação de todos os

«erviços, entrosando-se as' suas ' atividades.

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É de esperar-se que no exercício de 1964, como resultado dasm e d i d a s que s e rão postas e m prática pelo Governo com a inte->gração de todos os programas de saúde num programa nac iona l ,os r ecursos d i sponíve i s pos sam te r melhor aprove i tamento .

R e a l m e n t e , s e c o m p u t a r m o s as verbas orçamentárias do Mi-nistério da Saúde e as parcelas destinadas a programas de saúdenos diferentes órgãos da administração centralizada e descentra-l izada e d o s qu e i g u a l m e n t e s e d e d i c a m à solução d o mesmo pro-blema, haverá poss ibi l idade de canal ização de cons iderável somad e recursos para os i n v e s t i m e n t o s c o n s i d e r a d o s p r e f e r e n c i a i s noplane jamento geral da saúde.

Ass im é que, visando corrigir as distorções verif icadas no tra-t a m e n t o d o problema sani tár io bras i le iro, o Governo federal cuidad e adotar providências bás icas imediatas no se tor d e saúde pú-blica, o b e d e c e n d o o programa d e ação gove rname nta l para o exer-

cício de Í964 à s e g u i n t e - o r i e n t a ç ã o :

l9) in t e gração dos programas de s aúde públ ica no plane ja -m e n t o global d o desenvolv imento econômico, a f im de possibilitar

contribuição recíproca de todos os setores;

2» ) criação dos serviços municipais de saúde, com a colabo-ração d os governos e s tadua i s e d o f ede ra l e o a p r o v e i t a m e n t o d osr e c u rs o s h u m a n o s e m a t e r i a is d e q u e p o s s am d i s p or, d a n d o- s eprior idade às áreas m a i s carente s d e recursos e d e maiores cont in -gentes demográf icos ;

3') preparações de pessoal técnico de saúde pública, sejae m nível prof is s ional , se ja e m nível médio;

4?) in t ens i f icação da luta contra as doenças de massa pre-d o m i n a n t e s no País ;

5* ) incremento à implantação dos s e rv iços de saneamentobás ico, m e d ian te ins ta lação de s e rv iços d e abas tec ime nto' dágua ,esgotos, remoção ou el iminação de deje tos e melhoria de habi-tação;

6') satisfação das necessidades de assis tência médico-sanitá-

ria das populações do inter ior , mediante o aprove i tamento de pés-

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soai pre v iam e nte t re inado , r e c ru tado, d e pre fe rência , nas locali-dades d e t rabalho;

7») in tegração d as at iv idades prevent ivas e curativas nas

unidade s s an i tá r ia s ;8») aproveitamento racional d a r e d e hospi ta lar ex i s tente , d i-

mi n ui n d o ou c e s s a n d o a ocios idade d e fa tôres s ob todas as formas ;

9?) i n t e n s i f i c a ç ã o d e fabr ico d e produtos farm acêu t i cos pe -los órgãos ofic ia is que operam no setor, be m como incent ivo àe x pans ão da indús t r ia qu i m i c o - f a r m a c ê u t i c a nacional, a f im der e d u z i r o cus to d os m e d i c a m e n t o s ;

10?

) a m p l i a ç ã o ou ins ta lação d e indús tr ias para a produçãod e i n s e t i c i d a s d e ação r e s i d u a l para as c a m p a n h a s profi lá t icas e mde s e nv ol v im e nto ;

11* ) m a n u t e n ç ã o d e laboratórios para diagnóst ico , be mcom o f ixação do s padr õ es m í n i m o s e d a s normas d e controle d osal im e n tos ;

12?) orientação, coordenação e supervisão da execução dop r o g r a m a de s aúde , be m com o d i s t r ibu ição dos r e curs os r igoros a -m e n t e de acordo com os cr i tér ios n e l e es tabelec idos ;

131) en t r o s a i n en t o c coordenação d as a t i v i d a d e s d e a s s i s -t ência medico-social de todas as i n s t i t u i ç õ e s d o País , f ederai s , au-tá rquicas ou paraes ta ta i s , de economia mis ta ou f i lant rópica , d e s -de q ue s ubv e nc ionad as pe l o pode r públ i co f e de ra l ;

H * ) e s t i m u l o à coleta d e dados e s ta t í s t i cos r e f e r e n t e s às a ú d e e m todo o t e rr i tór io nacional e s u a s upe rv i s ão e anál i se , parao e f e i t o d e a u m e n t a r a ef ic iência d os serviços de b io-es ta t í s t ica e ,com eles, melhor or ientar os serviços d e s a ú d e p ú b li c a ;

15*) e s tudos e p e s q u i s a s d os problemas d e s aúde d a popu-lação bras i l e i ra ;

16') c u m p r i m e n t o d os prece i tos sani tár ios as sentados e m e n -t e n d i m e n t o s internacionais .

F i n a l m e n t e , para que possa ser e x e cu tado o programa go-

v e r n a m e n t a l , i mp õe - s e , no corrente ano, r e a j u s t a r as dotações or-çamentarias às novas exigências f inance iras or iundas d a criação

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d os serviços municipais d e saúde , os quai s cons t i tuem o cerneda a t u a l polí t ica s an i t á r i a , u nan i m em ent e preconizada pela III Con-fe rênc ia Nacional d e Sa úd e .

2. Real izações

a) Do Ministério da Saúde

Entre n s at iv idades do Governo, no campo d a s a ú d e , e m 1963,m er ecem m enç ã o especial as s e g u i n t e s : a implantação d a nova

polít ica sanitária, a realização da III Conferência Nacional d eSaúde, a in s t i tu ição d o G E I F A R (Grupo Execut ivo d a I ndús -tria Químico-Farmacêut ica) e a elaboração de e s t u do s para R e -forma Admini s t ra t iva,

O n ú c l e o d a nova polít ica sanitária, fruto da III Conferên-c ia Nacional d e Saúde, é a munic ipal ização d os serviços d e s a ú d e ,com a colaboração d o G o v e r n o federa l , d os governos estaduais e

d os municipais. Se u objetivo capital é pôr ao alcance d o povoserviços municipais que lhe proporcionem os cuidados médico-sa-nitãrios indi spensávei s à d e f e s a da sua saúde.

N o conjun to d e medidas tomadas pe lo Governo para a pre-servação d a economia nacional, avulta a que ins t i tu iu o Grupo Exe-cut ivo da Indús t r ia Químico-Farmacêut ica (G E IF A R ), com a f i -nalidade d e a u m e n t a r a produção d os medicamentos mais com u-m e n t e usados pelo povo, c o n te r - l he s o au m ent o d e preço e elimi-

nar as causas d e s u p e r f a t u r a m e n t o na importação das matér ias -primas de s t in adas ao fabrico d e m edi cam ent o s .

Medi da d e capital importância, a Ref o r m a Adm i n i s t r a t i v a ,n e s t e se tor de governo, foi elaborada para oferecer ao Minis tér iod a Saúde os in t rumentos adequados à execução d a atual polí t ica•sanitária.

A l é m dessas at ividades , o Governo in t ens i f i cou a luta contra

as doenças d e massa (endemias rurai s , tuberculose , l e p r a ) , be mcomo as cam panhas contra a poliomielite, a varíola, o câncer, exe-cutou vasto programa de proteção à maternidade, à infância e à

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adolescência , ampliou os t rabalhos d e s aneam ent o bá s i co e pres-tou subs tancial auxilio f inanceiro à ass i s tência médico-sani tár ia ,

*m todas as unidades da Federação.

b) Da Previdência Social

No ano de 1963 foi posto e m f u n c i o n am e n t o o Hospital d osBancários, no Estado da Guanabara, unidade hospitalar do maisalto padr ã o , foram i n t e n s i f i c a d a s as providências des t inadas ai n c r e m e n t a r a organização d e serviços médicos e m r eg i m e d e c o -

m u ni dade , destinados a levar ao interior do País os benefícios \ daass i s tência médica, t endo o s i s t ema s ido s ens ive lmente ampliadodurante o exercício, e foi elaborado o plane j am ent o g er a l da redeass i s tência!, que cobrirá todo o território nacional, ao m e s m o t e m p oe m que a l g u m a s u n i d a d e s f ixas t iveram as obras d e suas ins ta la-ções em andamento em vários Estados.

T a m b é m foi previsto, para o período 1964/1965, o a u m e n t ode 5.000 le i tos cirúrgicos , l . '700 leitos para tuberculosos , 800

le i tos neuropsiquiátr icos e de 50% no quadro médico e auxiliar.O Serviço de Assistência Médica Domiciliar e de Urgência

•— S AM D U — a maior das co m u ni dades m éd i cas da Pre-vidência Social , cumprindo a polít ica traçada pelo Governo, ve mam pl i ando ao m á x i m o , de n t ro d os limites d e s u a capacidade f inan-ceira, a r e d e d e seus serviços , especialmente no Nordes t e , r egiãoonde as necessidades da população se fazem sentir com maiori n t ens i dade .

M e d i a n t e a r e g u l a m e n t a ç ã o da Le i n .* 4 . 214 , d e 2 d e marçode 1963, que cons t i tu iu o Es t a t u t o do Trabalhador Ru r a l , e peloDecreto n' 53.154, de 10 de dez em br o de 1963, os b e n e f í -cios d e ass i s tência médica foram levados aos t rabalhadores rurais ,neles incluída a assistência à maternidade às seguradas ou depen-den t e s , e s po s as d e s e g u r a d o s . O I A P I ficou encar r eg ado d apres tação des ses benef íc ios pe lo prazo de 5 anos, até que se orga-

nize o órgão da previdência social rural.Trata-se de m e d i d a de longo alcance, pois a g r ande m as s a

d os t rabalhadores d o campo, até então pr a t i cam ent e de s as s i s t i da ,

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terá direi to a um m í n i m o d e ass is tência, proporcionado pelo segu-ro social.

c) Das Forças Armadas

É bas t an t e ex pr e s s i v a a ass i s tência médico-hospi ta lar d i spen-sada pelos Ministérios' Militares aos seus cont ingentes e aos de-p e n d e n t e s d e ofic ia is e praças .

Levando-se e m conta que o seu funcionalismo civil tambéms e inscreve como benef iciário dessa ass i s tência, poder-se-á te r

idéia d o e l ev ado nú m er o d e pessoas a t end i das s o m ent e ne s t a á r ea .D em ai s , os ex am es m édi co s a que são submetidos obriga-

tor iamente os jovens a l i s tados para a pr e s t aç ã o d o serviço mili tar ,consti tuem inest imável contribuição das Forças A r m a d a s ao co-nhecimento do estado de sanidade de boa parcela de nossa j u v e n -t ude , pe r m i t i ndo , de s s a m ane i r a , i d e n t i f i c a r os casos neces s i tadosde t ratamento.

Ao lado de s s a s a t i v i dades , o s Mi n i s t é r i o s Mi l i t a r e s v ê m co m -plem ent ando a ação do Governo federal no campo da saúde, pormeio d e e f e t i v a colaboração com diversos organismos governa-m e nta i s encarregados d e problemas médico-sani tários .

Tanto o Ministério da Aeronáutica, como o da Marinha e oda Guerra dispõem de hospitais próprios, laboratórios, farmácia,e unidades d o s erviço d e saúde para uso do seu pessoal.

Das três armas, porém, o Exército, pela sua e s t r u t u r a e finali-

dades , e , princ ipalm en te , em razão das nece s s idades de mobi lizaçãoe do re c r u t am e nt o , t eve de de s e nvo lv er m ai o re s a t iv i dades no s e t o rsaúde e expandir os seus serviços.

Assim é que foi iniciada a construção do Hospi tal de Bras í -lia e d a Policl ínica. d e Por to Alegre , cujas obras e s t ã o e m a n d a -m ent o . No Exército, funcionaram em 1963 três classes de hos-pitais: 10 hospi tdis gerais , com 3.111 leitos; 2 especializados, com206 lei tos ; e 14 hospi tais de guarnição, com 1.364 lei tos .

A l é m de uma Policlínica Geral e duas em construção, há ou-tros es tabelecimentos d e s aú de d e m e nor e nve rgadura espalhadospor todo o País.

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Na Mar i nha , a Ass i s tência Médico-Social da A r m a d a , e n t i -dade p ionei ra no gênero, logrou atender 75.000 d e p e n d e n t e s d eoficiais e praças , s endo d e regis trar , igualmente, o i n t ens o traba-

lho desenvolvido pe los d iversos e s tabelec imentos hospi ta lares eo r g a n i z a ç õ es d e s a ú d e d a s u n i d a d e s .

Na A e r o n á u t i c a , funcionaram 6 hospitais gerais, aléni dasorganizações de s aú de das u n i dades , a s s i s t i do s po r 252 m édi co s ,com um to ta l d e 1.374 lei tos dis poníveis .

d) D os órgãos Federais de Desenvolvimento Regional

Comissão do Vale do São Francisco (CVSF) — D e u m to ta ld e 21 % d as verbas apl icadas pe la Comissão e m programas d es a ú d e , e m 1963, 1/3 foi d e s t i n a d o ao setor d e ass i s tência m é d i -co-sani tár ia , m e d i c i n a preve nt iva, e ducação sani tária, h ig ie ne e as -s i s tência d e n t á r i a . A ação d a C o m i s s ã o s e f e z s ent i r por m e i o d ev a s t a r e d e de hospi ta i s , unidades sani tár ias , postos de s a ú d e c

m a t e r n i d a d e s , para o que foram f i rmados convênios com a Fu n-dação Serviço Espec ia l de Saúde Públ ica , com os governos dosEstados de Per nam bu co e B ahi a e , a i nda , co m en t i dades par t i -culares , m o n t a n d o as des pes as a Cr$ 311.850.000,00 ( t r ez en t o se onze mi lhões , o i tocentos e c i n q ü e n t a m il cruze i ros) .

Essa impor tânc ia foi e m p r e g a d a na m a n u t e n ç ã o d a rede hos-pitalar, u n i d a d e s d e ass is tência médica e construção e e q u i p a m e n -to de outros órgãos , d i s t ínguíndo-se os seguintes: Hospi tal \a-

cobina, C ae t i t é , Senho r d o Bonf im, Barreiros , Saúde, DelrniroG o u v e i a , Santa Maria d a Vi t óri a, G u anam bi , C u r aç â , Pau lo A f o n -s o, Buquira , Santa R i ta de Palme ira dos índios , a lém ,dos Pos tosd e Saú de d e Campo Formoso, Santana, Monte Alto, I tat i rana,Orocó c das M a t e r n i d a d e s de Gmbres, Par am i r i m , Af o g ado s da

Ingazeira e da Pró Mat r e d e Juazei ro .

Os postos médicos de Paramirim e Campo Formoso, assim

como o Hospital Regional de Jacobina, acham-se em vias de con-clusão.

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Superintendência do Plano de Valorização Econômica da.Amazônia — Este órgão manteve em f u n c i o n am e n t o extensa rede

de hospitais, escolas e organizações de outra natureza.No que diz respeito ao. programa de saúde, a Superinten-dência fez func ionar serviços básicos d e saneamento, construindoesgotos, dando assistência médico-sanitária, criando postos de

hig iene , dando combate às doenças transmissíveis, etc. Os pro-gramas em sua quase totalidade foram executados pela Fundação

SESP, organismo encarregado, na Amazônia, de tornar presentea ação do Governo federal no setor sanitário.

Tais, em linhas gerais, as condições apresentadas pela situa-ção médico-sanitária brasileira e, nela, as realizações de inicia-tiva federal, no ano de 1963.

D) HABITAÇÃO E SANEAMENTO

l. Habitação

Carência habitacional

O problema da habitação no Brasil apresenta aspectos damaior gravidade que podem s e r traduzidos e m u m déficitcrônico de caráter quantitativo e qualitativo. Dentro do critériode habitabilidade, do total de moradias existentes preenchem con-d i ç õ e s de higiene e conforto: no Norte 25%, no Nordeste 12%,no Leste 44%, no Sul 48% e no Centro-oeste 17%. Com cercade 75 milhões de habitantes, a população brasileira apresenta cres-cimento líquido anual de 3%, ou seja de 2.200.000 habitantespor ano. Assim, para tão-sõ evitar-se o agravamento da situaçãoatual, tomando-se em média 5 pessoas por moradia, seria neces-sária a construção anual de 440.000 novas habitações.

Se considerarmos que uma habitação do tipo popular, com50 m2, apenas, de área construída, custa Cr$ l .400 mil, verifica-r e m o s que para atender às referidas necessidades anuais de habi-

tações precisaríamos de cerca de Cr$ 616 bilhões.Estimativas feitas revelam, porém, que, considerada a carência

habitacional do ponto-de-vista quantitativo, isto é, a necessidade

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d e a t e n d e r ao a u m e n t o d a população, e , d o ponto-de-vis ta quali -tativo, ou s e j a a n e c e s s i d a d e d e s u bs t i t u i ç ã o d as m o r adi as q u e , pe los e u e s t a d o d e co ns e r v aç ã o e an t i g ü i dade , já não of e r e c e m condições

mín i ma s d e habi fabi l idade , o déficit d e habi tações e m todo oPais, dev e e s t a r em torno de 8.000,000.

A crise d e moradias já a t i n g i u tais proporções , que es tá aexigir dos podêres públicos soluções de em er g ê nc i a e soluções alongo prazo. . . \

Em conseqüência do próprio processo de desenvolvimento ede t ransformação do est i lo de vida da sociedade brasileira, o Pais

atravessa i n t ens a f a s e d e urbanização, d aí resultando, para as .áreasde maior concent ração de m o g r á f i ca , des pro vi das de p lane j am e nt opara o desenvolvimento comuni tár io , sér ios problemas d e cresci -m en t o de s o r denado , en t r e o s q u a i s o da habi t aç ã o , co m g r av esrepercussões nas condições de vida de grande par t e da população.

No decê n i o de 1950 a 1960, a população das nossas c idadesapresentou um i nc r em ent o m édi o d e 63%. Alg u m as s u per ar amde m u i t o esse índice: Goiânia, 188%, Macapá, 128%, Curit iba,

100%, Belo Horizonte, 93%, .Fortaleza, 91%. Por outro lado,não se verificou q u al q u e r t endência para a diminuição des s e i nc r e -m e n t o nos c e n t r o s d e m a i o r d e n s i d a d e d e m o g r á f i c a : a po pu laç ã ode São Pau lo c r e s ceu de 72%, e a do Rio de Janeiro, 39%.

E nes s a ev o lu ç ã o "brusca, a part ir d e ce r t a ' épo ca co m eç ar am'a surgir, nas grandes c idades de váriaá 'regiões , aspe ctosnovos na crise habitacional, com o aparecimento dê aglomeradosde abrigos (porque não podem ser chamados "habi tações), que,

cons t ru ídos pe los próprios ne ce s s i tados , com pedaços de zinco, d emadei ra usada, fo lhas d e coqueiros^ par ede s d e taipa, cobrem hojevastas re g iõ e s d e p l an í c i e s e e l e v aç õe s , t r an s f o r m a n d o i m e n s a sáreas em v er dade i r a s "cidades" da miséria, da ínsalubridade, da

falta d e conforto mínimo, d a pr o m i s cu i dade , d o vício, d a decadên-cia hu m ana. São as "favelas" do Estado da Guanabara, doEstado d o R i o d e J a n e i r o e áreas circunvizinhas ; os " m o c a m b o s "das regiões do norte e do no r des t e ; as "choças" ou "malocas"

dos Estados do s u l ; as " invasões" do leste brasileiro, que cons t i -tuem todas , e m úl t ima aná l i s e , de s i g naç õ es d i f e r en t e s d o m e s m o

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problema, têm por origem as mesmas causas e produzem os mesmosefe i tos maléficos nos que nelas vivem.

A solução desse problema consistirá, evidentemente, em obrade largas proporções, cuja execução não caberá em um só períodode governo e não está na dependência apenas de iniciativas daadministração pública federal, mas exige, também, a colaboraçãode todos e, particularmente, do Poder Legislativo, ao qual estareservada a relevante t a r e fa d e aprovação d e atos d a maior impor-tânc ia , que consti tuem as bases para assegurar ao Governo osmeios indispensáveis para um a ação decisiva.

Fatores que Limitam a Ação Pública

Vários fatores dif icul tam, na conjuntura atual, a ação do poderpúblico federal no combate à crise de moradias. São de dife-r e n t e s origens e d e ordem administrativa, legal, econômica, f inan-ceira, social e técnica, e tornam o problema dia a dia maisc o m p l e x o . e d e mais difíci l solução. Merecem especial registro:a inexistência na administração pública f e de ra l d e u m a in f ra -e s t r u t u r a que lhe permita integral coordenação d e medidas para.asolução d o problema, d e modo que possam as entidades vinculadasao Governo s e r subordinadas a diretrizes que consultem os obje-tivos básicos d e u m a política habitacional be m d e f i n i d a ; a vigênciad e u m a legislação q u e e m certos pontos já se apresenta ultrapas-sada, deixando de corresponder às necessidades atuais; a perma-nência de um conceito tradicional quanto ao uso da terra e o

dire i to d e propriedade, principalmente no meio urbano, onde asiniciativas de natureza imobiliária ainda não estão devidamentereguladas de forma capaz de impedir excessos que inf luem consi-deravelmente no agravamento da crise de moradias; a ausênciade uma. estrutura agrária que contribua para a fixação do homemno campo, reduzindo o êxodo de populações para os centros urba-nos que, desaparelhados, na sua totalidade, para suportar'o'con?,t í nuo crescimento demográfico, sofrem sérios distúrbios e m suas

e s t ru tu ras ; a existência de bases operativas para as entidades finan-ciadoras de habitação, já obsoletas em face das condições eco-nômicas e sociais do Pais, que tornam as moradias cada dia menos

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ao alcance do poder aquis i t ivo das populações de recursos maisescassos; a fal ta de a p a r e l h a m e n t o e organização adequada dosorganismos cujas at iv idades , n a adminis t ração públ ica federal ,

estão dire ta ou i n d i r e t a m e n t e v i n c u l a d a s ao problema, o que d áe n s e j o à d i spe r são d e recursos e esforços c om pe rda d as re spe c -t ivas produt iv idades ; a fal ta d e m ais e s tre i ta colaboração e ntre ostécnicos e as in dú s t r ia s d a cons trução civil, que p e r m i t a a cons-tante rac ional ização d a cons trução pe lo desenvolvimento d e u m aindústria ade q u ada e a introdução de novos métodos e processosd e edi f icação, d e s t i n a d a s p ri n c ip a lm e n t e a r e d u z i r o cus to d e .mo-radias d o t ipo mai s po pu l ar ; a inexis tênc ia d e centros d e estudos

e pe sq u i sa s para o d e s e n v o l v i m e n t o de at iv idades que visem aoaprovei tamento d os recursos regionais ou locais para a cons truçãod e habi tações ; a fa l ta d e pl an e jame n to s u rban í s t i c o s l o c a i s e d ed e s e n v o l v i m e n t o re g io n a l , q u e , e s tabe l e c e n do a previsão e controled o d e s e n v o l v i m e n t o d as re spe c t iv as á re a s , r e du z e m os e f e i t o s ' d oscre s c i ment os d e s o r d e n a d o s , com r e f l e x os sobre deficits habita-cionais .

E m face d a s i tuação focal izada, ver i f ica-se que s o m e n t e m e -

diante uma re e s t ru tu ração g e ra l e a re fo rmu l ação dos princípiosbásicos que o ri e n t a m , a t u al m e n t e , a ação d o poder público, poderáser d e f i n i d a uma polít ica habitacional de real interesse coletivo ec o n se n tâ n e a com a m a g n i t u d e e a gravidade do problema.

Esforço Empreendido

Não obstante os sérios entraves opostos à atuação do Governo,foram desenvolvidos em todo o País, du ran te o e x e rc íc io f in an c e i rode 1963, por i n t e r m é d i o dos órgãos vinculados à admin i s t raçãopúbl ica federal , a t iv idades d ignas d e nota , não ape n as r e f e re n t e sao e s t u d o d a crise habitacional s ob seus vários ângulos , mas ,t a m b é m , no c a m p o d a construção d e moradias; quer por execuçãodireta d as e n t idade s , q u e r por m e i o d e f i n a n c i a m e n t o s .

No que d iz respei to ao e x a m e d o problema para a de f in ição

de princípios que deverão orientar a ação do poder públ ico noâmbito nacional, cumpre citar o Seminário de Habitação e Re fo rmaUrbana levado a e f e i t o sob os auspícios do In s t i tu to de Previdência

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e A s s i s t ê n c i a aos Servidores d o E s t a d o ( I P A S E ) , c o m a colabo-ração d o In s t i tu to d e A r q u i t e t o s d o Bras i l ( I A B ), cuja s conc lu-sões con s t i tuíram subsíd io valioso para a f ixação d o s r u m o s q u e o

G o v e r n o p r e t e n d e imprimir a e s s e setor.R e c o n h e c e n d o , ainda, que a exis tência , na adminis tração pú-

blica federal , de várias en t idades desligadas de uma ação coorde-nadora de cú pula tornaria ine xe qüível qua lqu e r polí tica habi ta -cional, o G o v e r n o julgou n ecessár io e f e t u a r es tudos para a cr iaçãod o Con se lho d e P o l í t i c a U r b a n a ( C O P U R B ) , ó r g ã o s u b o r d i n a d od i r e t a m e n t e à Pres id ên c ia d a Rep úbl ica , ao qua l i ncumb i rão f u n -ções coordenadoras, a lém d e outras d a mais a l ta importância .

E x i s t e m , por outro lado, vinculadas ao Min is té r io d o Trabalhoe Previdência Social , várias entidades autárquicas cujas atividadese s t ã o d i r e t a m e n t e l ig ad a s à m e s m a q u e s t ã o , d u a s , o IPASE e aFun d a ção d a Ca ca Pop ula r , subord in a d a s d i r e ta men te a o Min i s t rod e Esta d o, e as d e m a i s a um dos D e p a r t a m e n t o s d a m e s m a S e c r e -tar ia d e E s t a d o . Visando a imprimir a ma is comp le ta e amplau n i d a d e d e a ção a os t ra ba lhos que a l i s e d e sen volvem, houve o

Governo por bem suger i r , na o p o r t u n i d a d e d a elaboração d o planod e reforma administrativa, a criação, no mesmo Min is té r io , in t e -.grado na Secretar ia -Geral d a Previdência Social, d o D e p a r t a m e n t oNacional de Habitação Popular , cu jo âm bito abrange rá todas asat iv idades d os I n s t i t u t o s d e A p o s e n t a d o r i a e P e n s õ e s , d o IPASE ed a F u n d a ç ã o d a Casa Popular, relacionadas c o m a polí t ica d ehabitação.

Essep l a n o d e p e n d e d a aprovação d o Con gresso Na cion a l , aoqual foram s u b m e t i d o s os e s t u d o s fe i tos pelo Governo para a

reforma- a d m i n i s t r a t i v a .

Para os e m p r e e n d i m e n t o s d e c o n s t r u ç ã o ou de f i na nc i a ment osd es t in a d os à habitação, levados a e f e i t o por vários órgãos d a a d m i -n i s t ra ção f e d e r a l , foram r ea l iza d a s , d ura n te o exercíc io d e 1963,in ver sões d e capital d e v u l t o c o n s i d e r á v e l , c a b e n d o m e n c i o n a r os4.759 f inanc iam e ntos d e s t i n a d o s à aquis ição, construção ou r e m o -

.de lação d e casa própria n o valor d e Cr$ 10.685.053 m i l , fe i t o spela Caixa Econôm ica Fe de ral . De ntre tais f i nanc i am ent o s m e -r e c e m e n ç ã o o c o n c e d i d o à Estrada- de Ferro Centra l do Brasií

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-para a cons t rução d o C o n j u n t o d os Ferroviários, no E n g e n h o d e.Dentro, Estado d a Guanabara, , composto d e mais d e 3.000 uni -dades res idencia i s , cu ja prime ira e tapa já foi e xec utada . N odecorrer do ano f indo foram ainda elaborados os planos de cons-trução d e conjunt os r e s i d enc i a i s que serão iniciados no corren t eano, es tando previs to, para 1964, um progra ma de inversões | de

Cr$ 12 bilhões.A l é m d os planos d e f i n a n c i a m e n t o s a terceiros para a m o r a d i a

própria, deverá a Caixa Econômica Federa l rea l izar d i re tamente ,e m 1964, a cons t rução d e conjuntos res idencia i s , achando-se pro-g r a m a d a a ed i f i ca ção de 1.5 5 6 uni d a d es d e s t i na d a s a s a rgen t os

d as Força s Arma d a s e corporações auxj l íares , 1 .665 unidades d evários t ipos e m d i f e r en t e s zona s d o E s t a d o d a G u a n a b a r a e 2.925habitações d o t ipo mais popular dis tr ibuídas entre Ca mpo Gra nd ee Santa Cruz.

O Ins t i t u t o de Prev i d ênc i a e As s i s t ênc i a aos Serv i d ores doEstado, IPASE, aplicou, e m 1963, na cons t rução d e habitaçõespara s eus s egura d os , Cr$ 1.080 milhões. Foi concluída a cons -trução de 200 unidades res idenciais , iniciada a de 758. Em 1964,

terá início, para conclusão e m 1965, a ed i f icação d e ma i s 902habitações. Foram ainda fe i tos 268 . f inanciamentos para casaprópria no total de Cr$ 188.441.660,00. A Fundação da Casa•Popular cons t ru i u 1 90 uni d a d es r e s i d enc i a i s , i nves t i nd o'Cr£ 13 5 .888.2 17, 10 . ,N o corrente ano t em progra ma d a a cons -trução d e 1 5 0 casas , c o m u m a inversão d e C r $ 383.981.700,00,incluindo-se nesse total a construção de mais a lgumas unidadesr e s i denc i a i s e a r ea l i za ção de obras de urbanização. Nos orça-

m e n t o s d os Ins t i t u t os d e Apos en t a d or i a e Pensões foram previs tase m 1963, para invest imentos imobiliários , dotações que at ingiram'a Cr$ 48.517.100 mil, assim distribuídos: IAP dos Industriários ,C r$ 16 .741.6 00 mi l : I A P d o s Coirerc iár ios , C rS 14.79 7.5 00 mi l ;IAP dos B a n c á r i o s , Cr$ 11.82 7 mi lh ões ; IAP dos M a rí t i mos ,C r$ 2 , 3 0 1 m i l h õ e s ; I A P d o s Ferroviários e E m p r e g a d o s e m Ser-viços Públicos, C r$ 1.6 2 0 mi lh ões ; I A P d o s E m p r e g a d o s e mTransportes e Cargas, Cr$ 230 milhões .

O I. A. P. I. e a Companhia Siderúrgica Nacional contr ibuí -r a m , e m 1963, respect ivamente, com as importâr.cias d e 3 b i lh ões d e

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cruzeiros para a con s t i tu ição d a "Imobil iária Vol ta R e donda"(IVOR), que tem por objetivo a construção de 13.000 casas paras e r e m v e n d i d a s a t rabalhadores .

A primeira e tapa d o p rogra ma comp reen d e a con s t rução d e6.000 r e s id ên c ia s que formará a "Cidade }oão Goulart" .

Por outro lado, o C o n s e l h o A d m i n i s t r a t i v o e o ConselhoFiscal do I n s t i t u t o dos Ind us tr iár ios aprovaram a liberação de doisbilhões d e cruzeiros des t inados a i g u a l e m p r e e n d i m e n t o e m MinasGera i s , e m colaboração c o m a U S I M I N A S , a qua l , por sua vez,e n t r a r á c o m o capi ta l d e dois bilhões d e cruzeiros. Entre as

re f e r idas d ota ções fo i in c lu íd a a im p or tân c ia d e Cr$ 22 .060 mi -lhões d es t in a d a aos i n v e s t i m e n t o s e m Brasí l ia . Para o correnteexerc íc io estão previstos nas mesma s a uta rquia s in ves t imen tosimobiliários que somam cerca de Cr$ 54 bi lhões , excedendo, por-tanto , a p r o x i m a d a m e n t e e m C r $ 6 b i ihões as aplicações previstas.A s s i m , o Govern o f e d e r a l t e rá in ves t id o e m e m p r e e n d i m e n t o simobiliários p or in te rm éd io d e vár ias e n t id ad e s , e n t r e os exe rc íc iosd e 1963 e 1964, quantia superior a 100 bilhões d e cruze i ros .

Diretrizes da Política Habitacional

A vista d as l imitações d a legislação vigente e diante d acarência de r ecursos f in a n ce i ros , o Govern o e s tud a a elaboraçãode n o r m a s de caráter regulamentar para coordenação da aplicaçãode recursos públicos e privados no setor, até o advento de novalegislação.

Tal missão caberá ao projetado Conselho de Polí t ica Urbana— C O P U R B —, ao qua l comp et i rão, p rec ip ua men te , as fun çõesd e supervisão, coordenação, es tudo e p la n e ja m e n to, como p rimeiropasso para o equaciona m e nto de f in i t ivo da questão.

Por in termédio desse órgão, o Poder , Execut ivo pre tende,sobretudo, d isc ip l inar e s i s tematizar , na e s f e r a d e s u a competêncialegal, a aplicação d os escassos recursos públicos disponíveis, a fimd e lograr o s e u m e l h o r r e n d i m e n t o , e, por outro lado, in s t i tu i re f i c i e n t e s i s t e m a d e incent ivo às inversões d e capitais particulares,não só d i r e t a m e n t e na construção d e habitações populares, comono d e s e n v o l v i m e n t o d a i n d ú s t r i a d e mater ia is d e construção.

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Nenhuma política habitacional válida pode, além do mais,iasear-se e m medidas d e caráter repressivo ou policial; antes,deverá pautar-se e m providência d e n a t u r e z a assistencial, porque

d e s t i n a d a s a resolver ou pelo menos a atenuar problema d e f un d o- e m i n e n t e m e n t e social,

O deslocamento, por e xe mp lo , d e favelados nã o pode, por isso,s e r imposto pela força, m as precedido d e investigações sobre as•condições d e vida desses agrupamentose amparado, d e perto, pelasm o d e r n a s técnicas do serviço social, para que não se criem outrost a n to s problemas d e desajustamente, d e transporte mais caro et i i f íc i l para os locais d e trabalho e a té m e s m o d e desemprego quei nva l i d a m, e m grande parte, os benef íc ios decorrentes d a trans-ferência.

2. Saneamento

•Condições atuais

Até a t r ans f o r m aç ã o do Departamento Nacional de Obrasde Saneamento e m autarquia pela .Lei n« 4.089, d e 13 d e ju lho

•d e 1962, havia e m todo o País cerca d e d e z entidades federais,•que planejavam e construíam .serviços públicos d e abastecimentod á g u a , com evidente fragmentação d e recursos e pre juízos d o

-obje t ivo final.

Com a s ua t rans formação- :em-autarquia aquele órgão ficoure spo n sá v e l pela nova política de saneamento, cabendo-lhe, entre•outras atividades, promover a melhoria das condições sanitáriasdas populações, protegendo-lhes a saúde e dando-lhes segurança

-para um trabalho constante; d e f e n d e r cidades, vilas, povoados ec ampo s contra inundações; combater a erosão, o abastecimento-dágua e a instalação de esgotos sanitários.

Não obstante, a Fundação Serviço Especial de Saúde Pública.(ESESP), vinculada ao Ministério da Saúde, o Departamento

-Nacional d e Endemias Rurais (DNERU), órgão daquele Minis-tério, e vários órgãos de desenvolvimento regional continuam a- m a n t e r programas de saneamento básico, ao lado do Departamento

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Nacional d e Obras Contra as Secas, c om encargos especí f icos liga-dos ao a b a s t ec i ment o d água .

Todavia, a existência de múltiplos órgãos governamentais,

com ' programas de saneam ento se m qualque r corre lação entresi dá origem a baixo índice de rendimento dos serviços, transfor-mando-se os gastos públicos e m verdadeiro desperd íc io.

Considerando a importância que a s s u m e m o abas tec imento,dágua, a ins talação de esgotos e a remoção dos d e j e t o s no con-j u n to d as m e d i d a s d e profilaxia e combate a d i ver s a s enf ermi d a d es :.que grassam no País , por const i tuírem fator decis ivo d o aprimora-m e n t o d o estado sanitário geral, o Governo ve m dispensando»-

especial atenção a este setor, que tem por fund a ment a l no quadro-d as necess idades brasi leiras .

A principal preocupação governamental é a conjugação dos ;esforços e do s r ecurs os d e todos os organismos com responsabili -d a d e s na solução desse problema, a f im de obter melhor rentabi-l idade d os serviços, nos mais reduzidos prazos .

Apesar d e i n t ens i f i ca d os os trabalhos e obras no c a m p o d o-

saneamento, a situação do Brasil está ainda muito distante dode s e jáv e l , porquanto são insuf ic ientes ou precár ios os seus serviços ,d e a b a s t ec i ment o d água e d e e s got os , b enef i c i a nd o a pena s pequena .parcela d a população.

Realizações em 1963 e Projetos em Curso

As realizações do Departamento. Nacional de Obras de Sa-

n e a m e n t o (DNOS), pelos seus objet ivos, todos relacionados c oma economia nacional, o bem-es tar , o conforto e a salvaguarda da- ,s a ú d e e d o patr imônio d e nossas populações , sobretudo as dointerior, representam um dos mais poderosos instrumentos de ação-d o G o v e r n o .

~ tu.

A l é m d as dotações especí f icas cons ignadas n o O r ç a m e n t o -d a U nião, aque la autarquia pode contar com a s verbas d o Fundo-,Na c io n a l d e Obras d e Saneamento, o que lhe assegura meios paraa e x e c u ç ã o do s eu programa preferencial, e m franco desenvolvi- -

"mento, q u e ' c o m p r e e n d e as seguintes obras: Canalização Taman-

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daré, cm Belém d o Pará; Barragem de Bata ta , em São Luís , Ma-ran hão ; A te r ro do s Al ag ado s de Parn a íba , n o P iau í ; Ga l e r ia Pa l hade Arro z , e m Te re s in a , P iau í ; Barrag e m Cl á u d io Le i t ão , n o Ce ará ;

Barragem Rivaldo de Carvalho, no Ceará; Canalização do Graíi-jeiro, e m Cra to , n o Ce ará ; Barrag e m Ta ipu , n o R io Gran de doNorte ; Canal ização dos Riac ho s Prado e Piabas, na Paraíba;A t e r r o d o s A l a g a d o s d e R e c i f e e O l i n d a , e m P e r n a m b u c o ; R e -cupera ção do s Al ag ado s de Mac e ió , e m Al ag o as ; Can a l Ba i r roInd us t r i a l , e m S e r g i p e ; B a r r a g e m d e Pedras, na Bahia ; Abas tec i -m e n t o dágua de Vitória, Vila Velha e Cariacica, no Espírito

Santo; Canal ização do rio Pirai , no Rio de Jan e i ro ; Ga l e r ia d oPalat inato , no R i o d e J a n e i r o ; A b a s t e c i m e n t o d á g u a d e Juiz d eFora, e m Min as Ge ra i s ; Barrag e m d e Chapéu d'tlvas, e m Minas

G erais ; Saneam ento do R io Paraibuna- , em M inas G erais ; Canal i-zação d o Córrego Independência , e m M i n a s G e r a i s ; A d u t o r a d oR io das Velhas, em Minas Gerais; Canalização do Rio Ivo, noParaná; Barragem Capivari -Cachoeira , no Paraná; Barragem d oChapecòzinho, e m Santa Catarina; Barragem Oeste, e m Santa

Catarina; Barragem d e Itu, n o R i o Grande d o Sul; Barragem d eLaranje i ras , no Rio G r a n d e d o Sul; Barragem Furnas d o Segredo,n o R i o G r a n d e d o Sul; Barragem Maestra, n o R i o G r a n d e d oSul ; Barragem Vacacaí -Mirim, no Rio G r a n d e do Sul; Abasteci-m e n t o dá g u a d e N i t e r ó i e R i o Branco, n o R i o G r a n d e d o Sul.As Barragens de Batata, Galeria Palha de Arroz, Cláudio Lei tão,Can a l iz ação Can a l Gran je i ro e Barragem Itu poderão es tar con-c lu í d a s no exerc íc io d e 1964.

A Co mis são d o Vale do São Francisco aplicou e m sanea-m e n t o bás ico dois t e rços d as v e rbas de s t in adas ao s e u p r o g r a m ad e s a ú d e e m 1963, havendo os serviços, e m n ú me ro su pe r io r a 250,s i d o e x e c u t a d o s s i m u l t a n e a m e n t e e m quase todos os municípios d oVale.

A l é m de ter ins ta lado e estar ins ta lando, por a d m i n i s t r a ç ã odire ta , se rv iços dágua e m algum as das pr inc ipais c idade s da B acia

do São Francisco: Pirapora, J anu ária , Pene do, Ju aze iro , Própria ,Pedro Leopoldo, Lapa, e tc . , vem cooperando técnica e f inance ira-m e n t e com cerca d e 2 00 munic ípios e m melhorias nos s e u s s i s t e m a s

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de abas t e c im e nto e p r e t e n d e e s t e n d e r tal b e n e f i c i o aos 50 m u n i -c í p ios r e s tan t e s da Bacia.

A i n d a n e s t e setor um e x t e n s o p r o g r a m a de p e r f u r a ç ã o de

poços tubul are s , principalmente nas regiões mais áridas da Bahiae P e r n a m b u c o , ve m s e n d o e x e c u t a d o , a t i n g i n d o q u a s e um a c e n t e n ao n ú m e r o de poços a cargo da Comissão,

D e n t ro das d i s ponib i l idade s f inance i ras , foram c o m p l e t a d a sa l g u m a s obras e in i c iadas outras.

Entrou em f u n c i o n a m e n t o uma parte do S i s t e m a de Abaste-c i m e n t o D á g u a , nas s e g u i n t e s c i d a d e s : C o r r e n t i n a , C u r a ç á , I g a -

porã , Ol ive i ra dos Bre j inhos , Santa Maria da Vitória, X i q u e - X i q u e ,todas no E s t a d o da B ah ia ; C l áudio , J taguara , M anga, M atu t inae Tiros, no Estado de M inas Gerais.

D e v e - s e s a l i e n t a r o in íc io , pe la adutora regional de A l a g o a s ,d a cons trução do s i s t e m a de a b a s t e c i m e n t o dágua da Zona da

Pal m a, onde a C om is s ão ap l i cou , no e x e rc í c io de 1963Cr$ 95.000.000,00 ( n o v e n t a e c inco m i l h õe s de c r u z e i r o s ) , na

aq ui s i ção de 4.500 m e tros de tubos de f e r ro f u n d i d o classe A, de400 mm, contra 1 .900 comprados em 1962.

A S u p e r i n t e n d ê n c i a de Valorização Econômica da A m a z ô n i ae x e c u t o u , em 1963, programas de serviços básicos de s a n e a m e n t o ,e m q uas e sua to tal idade a cargo da F u n d a ç ã o Serviço Especial deSaúde Públ ica.

A S u p e r i n t e n d ê n c i a de D e s e n v o l v i m e n t o do N o r d e s t e a p l i c o ugrande s s om as em a b a s t e c i m e n t o d á g u a , no exercício de 1963.

O program a de s ane am e nto bás i co do G o v e r n o f e d e r a l noNordeste visa a a s s e g u r a r a b a s t e c i m e n t o d á g u a a todas as c o m u -n i d a d e s u r b a n a s .

O s t rabalhos concluídos ou cuja e x e c u ç ã o foi in ic iada pe laSUDENE, em 1963, b e n e f i c i am 4.299.654 pessoas, r e p r e s e n t a n d o54,87% da população urbana no Nordeste. O programa prevêum inv e s t im e n to de 6,7 bilhões de cruze i ros , dos quais novecenta?

m i l hõ es foram aplicados em 1963, e c o m p r e e n d e t a m b é m a aplica-ção de 901 m il h õe s de cruze i ros forne c idos pela USAID (UnitedStates Agency for International Development), dos quais foram

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ut i l izados , em 1963, 498 m i l h õ e s , e uma l inha de c r é d i t o do Ba n c oI n t e r a m e r i c a n o de D e s e n v o l v i m e n t o ( B I D ) , de 12 m i l h õ e s e 870

m il dólares.

T a m b é m s e i n c l u e m n o p r o g r a m a d e a b a s t e c i m e n t o e x e c u t a d oe m 1963 a compra de 67 c a m i n hõ es - p i p a s (d o s q u a i s 30 já forame n t r e g u e s e 37 e s t ã o e m f a s e f inal d e m o n t a g e m ) , r e p r e s e n t a n d oum i n v e s t i m e n t o de Cr$ 295 m i l h õ e s ; a p e r f u r a ç ã o de poços emp e q u e n o s n ú c l e o s d e m o g r á f i c o s e v á r i o s p r o j e t o s e s p e c í f i c o s , e mque a SUDENE i n v e s t i u Cr$ 44 m i l hõ es .

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V — - P O L Í T I C A E X T E R N A

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l. Considerações Gerais

A política externa do Brasil, inspirada nos preceitos cristãos

que moldaram a nossa vida nacional e orientada pelas normas | derespeito mútuo e diálogo pací f i co que sempre guiaram a nossa

c o n d u t a nos assuntos internacionais, participa do esforço geral'doPaís pelo progresso econômico e pelo bem-estar social.

Assim, a ação da diplomacia brasileira não se subordina aqualquer consideração alheada do processo de desenvolvimento

nacional e nele se integra como um dos seus instrumentos indis-

pensáveis, encontrando-se a sua autenticidade na f ie l interpretação

dos objetivos nacionais e fundando-se a sua autoridade na perfeitai d e n t i f i c a ç ã o com os legítimos anseios populares,

Os propósitos gerais da política externa do Brasil são os .depaz e entendimento com todos os povos. A posição que o País

hoje em dia ocupa no concerto das nações injpõe-lhe responsabi-lidades de participação nos grandes problemas do mundo, às quais

v/ye m correspondendo numa atitude a f i r m a t i va e m todos os foros

m u n d i a i s de que tem participado.

No seu incessante esforço pela paz, a diplomacia brasileira

reitera certos princípios fundamentais, que mantêm a coerência danossa política externa, reforçando-lhe a hierarquia, e cu ja susten-

tação considera dever capital: não-intervenção no processo político

dos demais Estados, autodeterminação dos povos, igualdade jurí-

dica dos Estados, solução pac í f ica das controvérsias, respeito aos

•direi tos humanos e fidelidade aos compromissos internacionais.

Nesse contexto, o Brasil tem procurado contribuir para uma

solução satisfatória da. questão do > Desarmamento, propondo

m e d i d a s que s i g n i f i qu e m avanço gradual mas concreto no sentido

de afastar a Humanidade da tragédia nuclear. Tem, por igual,

v

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212 — •

revelado sua preocupação com o grande desafio do após-guerra:

o desenvolvimento de dois terços da Humanidade ainda não bene-

f ic iados pelos progressos c ien t í f i cos e tecnológicos da nossa era.

Para que se rompa o círculo vicioso da pobreza, considera neces-sária a cooperação das nações capitalistas e socialistas, bem como

a da ONU e demais organismos internacionais, mediante o finan-

c i a m e n t o , a assistência técnica e a reestruturação do comércio

i n t e r n a c i o n a l . De outro lado, reconhece o nosso Pais que não há

ma is lugar no mundo moderno para o colonialismo e apoia a exe-

cução acelerada do processo de descolonização.

A d m i t i n d o como única restrição os compromissos livrementea s s u m i d o s , o Brasil reserva-se completa independência de ação no

campo internacional e propõe-se ao diálogo com todos os povos dom u n d o , f ie l à sua vocação de universalidade e consciente de ser estaa m e l h o r maneira de aliviar as tensões mundiais.

O Governo está p r o f u n d a m e n t e convencido da l e g i t i m i d a d e dal inha de independência que adotou na sua política externa e que

considera a única em harmonia com as aspirações nacionais e com

as exigências de a f i r ma ç ã o apresentadas ao País pela comunidadein t e r n a c io n a l .

2. Política Externa para o Desenvolvimento

A Mensagem que enviei ao Congresso Nacional no ano pas-

sado contém a afirmação de que "atingimos o momento de f ixarum a política externa para o desenvolvimento, atribuindo-lhe aprioridade imprescindível no quadro de nosso comportamento inter-nacional".

Na verdade, mais do que em qualquer outra fase de nossaevolução, a vinculação instrumental da política exterior aos projetos

nacionais internos é, h o j e , particularmente relevante. O processode desenvolvimento, em especial no período que atravessamos de

i m p l a n t a ç ã o , e consolidação, exige alterações estruturais que, ems e u r e f l e x o externo, implicam um a tomada d e posição internacional

necessariamente mais dinâmica do que em estágios anteriores de

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— 2Í3

nossa evolução. A intensa mobilização de forças essencial !ao

desenvolvimento requer, portanto, uma contribuição ativa de nossapolítica externa para a consecução dos objetivos nacionais de eman-

cipação econômica e justiça social.A primeira condição de uma política externa para o desen-

vo l v i m e n t o está no fa to de que o progresso do País não pode ser

medido simplesmente em termos absolutos. Pelo contrário, a taxa

de crescimento do produto nacional brasileiro ou & melhoria das

condições de vida da nossa população têm de ser contrastadas

com o r i t m o d e crescimento econômico d os demais países, tomado

por base o estádio d e desenvolvimento já por eles atingido. '

Nãc nos pode satisfazer, como alvo dos nossos esforços, umritmo de crescimento que redunde em nosso gradual empobreci-

m e n t o relativo, deixando-nos cada vez mais distanciados dos

padrões de bem-estar que vão sendo atingidos por outros povos.'O grande problema do nosso tempo não está apenas na acen-

tuada discrepância dos graus de riqueza entre os povos, mas,

t a m b é m , e sobretudo, no fato de que esse desnível continua, aampliar-se. Existe, assim, ao lado de um já v e r i f i c a d o hiato de

rendas, um hiato d i n â m i c o , que se traduz no fato de precisa-m e n t e os países mais ricos apresentarem taxas mais altas de cresci-

mento. A resultante f inal é a relativa pauperização crescente das

áreas subdesenvolvidas do mundo.Esse f e n ô m e n o tem raízes seculares. Só recentemente, con-

tudo, graças ao despertar das aspirações de desenvolvimento nas

nações mais atrasadas e às oportunidades de confrontação interna-

cional proporcionadas pelo foro amplo das Nações Unidas, começou

a cristalizar-se, na consciência dessas nações, a compreensão Ides e u alcance histórico e de suas implicações ú l t i m a s . O Brasil.

m u i t o especialmente, t e m c o n t r i b u í d o para a e l u c i d a ç ã o do quehoje pode s e r identificado como um confl i to latente entre o Hemis-

fério Norte e o Hemisfério Sul. Essa clara identificação dosproblemas na o r d e m internacional vigente tem sido e continuará

a ser uma das tarefas f u n d a m e n t a i s da política externa do Governo,

tã o certos estamos d e q u e somente a a f e r i ç ã o inequívoca d as d i f i -

culdades próprias da convivência internacional deparará razoáveisexpectativas de soluções satisfatórias.

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2H —

E' bem verdade que o desenvolvimento econômico depende

sobretudo de um esforço interno, racional e continuado. Somos,

e m úl t ima análise, os únicos responsáveis por nosso progresso, e

c o n s t i t u i mesmo premissa da formação brasileira o não-transferira outrem o traçado de nosso destino c a direção de nosso desenvol-v i m en t o .

N ão obstante, vivemos e m u m mundo d e interdependências e ,e m razão mesmo d e sermos um país e m desenvolvimento, a marcha

d e nossa evolução r e f l e t e um complexo d e forças mundial, cuja

d e t e r m i n a ç ã o escapa ao nosso controle isolado. Em outras pala-

vras — e isto se aplica a todos os países subdesenvolvidos — os e n t i d o e a velocidade do nosso crescimento podem ser influen-

ciados pela existência d e u m ambiente internacional favoráve l oudesfavorável a esses esforços internos.

Cabe-nos, assim, a responsabilidade de orientar uma política

externa que aproveite ao m á x i m o as nossas potencialidades diplo-

m á t i c a s , no sentido de inverter as tendências que tornam possívela permanência dos obstáculos ao progresso mais rápido das áreas

subdesenvolvidas do globo. E é o que faremos com plena consci-ência de que buscamos tão-somente a concretização dos ideais e

pr inc íp ios consagrados na Carta das Nações Unidas.

Dentre os campos em que, no contexto mesmo das NaçõesUnidas, é mais premente a necessidade de uma ação vigorosa ecoordenada, avulta o do comércio internacional. A extensão dessa

necessidade revela-se no confronto entre o papel do setor externo

na promoção do desenvolvimento econômico e a situação adversad e i n t e r câ m b i o que vêm encontrando os países não-industrializados.

N ã o caberia aqui analisar c om m i n ú c i a s a f u n ç ã o estratégica

q u e , n o caso d o Brasil, desempenha o comércio exterior na manu-tenção de uma taxa elevada de crescimento econômico. Após uniperíodo d e rápida substituição d e produtos impor tados , - chegamos

a um ponto em que nossa pauta de importações se tornou muito

rígida, pois se compõe quase inteiramente de bens de capital,

ma té r ia s - p r ima s de primeira necessidade e combustíveis. Essesprodutos apresentam alto grau de importância, pois in f luem direta-m e n t e sobre o nível de atividade econômica geral, bem como sobre

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o emprego e a.formação da capacidade produtiva requerida pára

a u m e n t a r a renda nacional no futuro imediato. Dado que a

capacidade de importar do País depende, em última análise, dasreceitas de exportação, chega-se à conclusão irrecusável de que,

não apenas a estagnação ou a queda, mas o próprio crescimento das

receitas de exportação a uma taxa não satisfatória poderão sacri-

f i c ar de maneira ponderável o nosso desenvolvimento.

Para esse grave problema, as transferências de capital, s e j am e d i a n t e investimentos diretos, seja mediante assistência f i n a n -ce i ra , não constituem solução permanente e única. De fa to , os ca-

pi ta i s investidos no País têm a necessária contrapartida da remessa

de lucros e do seu possível repatriamento, enquanto os emprés-t i mos financeiros e x i g e m amortização e pagamentos de juros; o

q u e , e ra ambos os casos, implica disponibilidades d e divisas q ue s ópodemos obter por intermédio da exportação.

E' evidente, portanto, que a assistência f i n a n c e i r a e osingressos d e capital têm limitações intrínsecas, n ã o constituindo

alternativa para o aumento da nossa receita de exportações. Nem

poderia ser d i f e r e n t e , quando se sabe que, nos ú l t i m o s dez anos, os

recursos l íquidos d e assistência f i n a n c e i r a recebidos s ob q u a l q u e rtítulo pelo Brasil ficaram aquém de nossas perdas de receita cambial

decorrentes da deterioração das relações de troca de nossos pro-

dutos. As crises de balanço de pagamentos do País têm resultado

da queda do valor das nossas exportações, em contraste com umapauta de importações crescentemente incompressível e com o

acúmulo~3e compromissos externos, a obrigação d e cujo pagamento

r e d u z o nosso já limitado poder de compra. Nessas circunstâncias,

estabelece-se um verdadeiro círculo vicioso, e m q u e a assistênciaf i n a n c e i r a serve principalmente para evitar um colapso total ei m e d i a t o da nossa capacidade de pagar as importações e satisfazer

os compromissos externos, sem, todavia, impedir o caráter quase

crônico dessa d e f i c i ê n c i a de meios de pagamento. E mais: a

obrigatoriedade de repagamento dos empréstimos exige, ainda qued i f e r i da , uma expansão das receitas de exportação, pois, em casocontrário, o serviço da dívida externa só poderia ser atendido

mediante nova contração da capacidade de importar, já em si i n s u f i -ciente para satisfazer os requisitos de um rápido desenvolvimento.

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Essa experiência brasileira é, sob muitos pontos-de-vista,representativa da situação em que se encontra a maior parte dos

países subdesenvolvidos. Graças, entre outros meios, ao acervo

de . conhecimentos técnicos acumulados pelas Nações Unidas e seusórgãos, são hoje abundantemente conhecidos os problemas de inter-câmbio enfrentados pelos países exportadores de bens primários.Para diversos desses problemas a solução depende sobretudo de

medidas d e política comercial, que devem s e r tomadas pelos própriospaíses em desenvolvimento, tais como o e s t í m u l o à substituição de

im por taçõe s e à diversificação de exportações, e decisões condu-centes à abertura de novos mercados. Tais, precisamente, as dire-

trizes que têm orientado e continuarão a orientar a ação do meuGoverno.

Os países em desenvolvimento não têm, todavia, a capacidaded e transformar, por si sós, o sistema vigente, na medida impostapor suas necessidades de progresso. O que é preciso, portanto,é a determinação política da comunidade de nações de enfrentaras dificuldades de solução desses problemas, mediante a adoçãode medidas concretas e coordenadas. Nesse sentido, grande

responsabilidade recai sobre as potências comerciais, que detémq u a s e 70% das trocas internacionais e sem cuja colaboração seráim pos s í v e l alterar o quadro atual.

O Brasil, be m como os demais países e m desenvolvimento, te mplena consciência das medidas que precisam ser adotadas. Delas,a principal é a aceitação de novos princípios e normas para regero intercâmbio mundial, baseados na correlação entre comércio ed e s e n v o l v i m e n t o e

capazesde

proporcionar melhores condiçõescom pe t i t iv as aos países subdesenvolvidos. Concretamente. taisprincípios e normas deverão traduzir-se e m medidas que promovamo travamento do processo de deterioração das relações de troca,m e d i a n t e a recuperação dos preços dos produtos primários e de suae s tab i l i zação em níveis justos e remunerativos ; remoção das bar-reiras artificiais que impedem ou d i f i c u l t a m o acesso de produtosprimários dos países menos desenvolvidos aos mercados das nações

i n d u s t r i a l i z a d a s ; abertura de possibilidades concretas para que ospaíses subdesenvolvidos expandam suas exportações de m a n u f a -t u r a s , ingressando assim na corrente das trocas internacionais ;

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m o di f i caç ã o da política financeira mundial a fim de torná-la mais

c o m p a t í ve l com as necessidades dos países em desenvolvimento,

inc lus ive para permitir a consideração, em conjunto, dos problemas

de comércio e f i n a n c i a m e n t o ; melhoria do comércio de invisíveisdos países não-industrializados, de forma que se alivie o peso da

rubrica referente a serviços em seus balanços de pagamentos. A

adoção sistemática das soluções -ac im a indicadas conduzirá neces-

sariamente ã reformulação dos princípios que regulam o comércio

i n t e r n ac i o n a l , a f im de propiciar a maior integração desse comércio

e assegurar a adoção das medidas imprescindíveis à reversão das

a t ua i s tendências desfavoráveis aos países subdesenvolvidos.

Todas essas proposições devem ser traduzidas em provi-dê n c i a s concretas, que, em verdade, corroborando a validade da

posição brasileira, são parte da agenda de um conclave interna-

c ional , a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desen-v o l v i m e n t o , que se iniciará em Genebra a 23 de março. Para oêxito dessa reunião, desenvolveram-se, durante todo o ano de 1963,

intensos trabalhos técnicos e diplomáticos, para os quais o Brasil,

um dos 32 membros do Comitê Preparatório da Conferência, con-

t r ib uiu ativamente, pondo e m evidência a sua alta s i g n i f i c a ç ã o desdeas primeiras m a n i f e s t a ç õ e s conducentes à convocação.

C h e g a m o s , assim, à Conferência sem improvisações, apósc u i d a d o s o trabalho de elucidação de problemas e identificação del i n h a s ao longo das quais pode a comunidade internacional dar-lhes

solução. Não esperamos, evidentemente, que três meses de nego-

c iações transformem radicalmente toda a estrutura do intercâmbio

m u n d i a l , t a r e f a que envolve remover arraigados preconceitos epoderosos interesses. Estamos, pois, cônscios de que a próximaC o n f e r ê n c i a é apenas o p r i m e i r o estádio d e u m trabalho d e longoprazo, em que venham a concretizar-se, no campo vital do comér-

cio, os propósitos d e cooperação i n t e r n a c i o n a l incorporados naCarta das Nações Unidas.

Mas os problemas comerciais do Brasil e d e m a i s países em

d e s e n v o l v i m e n t o são prementes, e há m u i t o que pode ser f e i to ,

desde já, para resolvê-los. A q u i , então, coloca-se a verdadeirar e s p o n s a b i l i d a d e d os países altamente industrializados, pois não há

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obs tácu l o técnico que p o ssa imp e d i r a plena ma n i fe s ta ç ã o de limavontade polí t ica s incera c r a c io n a lme n te d i r ig id a para a soluçãode ta i s problemas.

Na M e n s a g e m que e n v i e i ao Congresso , no ano passado, jáas s ina l av a esse fato, ao d i z e r que os re su l tados da C o n f e r ê n c i a"serão o melhor cr i tér io para s e a f e r i r o esp í r i to d e cooperação d ospaíses d e se n vo lv id o s na superação do atraso econômico dos povossubdesenvolvidos". A nós interessa que esse espírito de coope-

ração e s t e j a p r e s e n t e c o m a m á x i m a i n t e n s i d a d e .

3. Nações Unidas

Em 1963, o Brasil c on t i n uou a ma r c a r sua presença nas Na ç õ e sUnidas por uma política ativa e coerente, mantendo a posição depres t íg io que a l i c o n s e g u iu a l c a n ç a r . I n t e n s i f i c a n d o seus es forçospor uma a tuação cada ve z ma i s e f i c i e n t e d a O N U e m favor d asolução d o s g r a n d e s p r o b le m a s in t e r na c ion a is , o B r as i l c o n c e n t ro u

sua ação no t r i n ô m i o b ás i c o : D e s a r m a m e n t o , D e s e n v ol vi m e n t oD e s c o l o n i z a ç ã o .

a) Desarmamento

Co n s id e r a n d o ser o d e s a r m a m e n t o , na atual c on j un t ur a , o

obie t ivo mais imedia to na lu ta pela paz e pelo progresso , o Brasilcont inuou a d e s e n v ol ve r p e r s i s t e n t e s e s f o rç o s no s e n t i d o d e apro-

x i m a r pontos-de -vis ta e e n c o n t r a r f ó r m u l a s que p e r m i t am c h e g aràs m e t a s d e s e j a d a s . A ação d o Br a s i l s e f e z s e n t i r , s e j a naA s s e m b l é i a G e r a l d a O N U , s e ja na C o n f e r ê n c i a d os De z o i toPaíse s sobre o D e s a r m a m e n t o , e m Genebra.

Teve o nosso País a sa t i s fa ç ã o de ver c o n c r e t iz a d a , com oTratado sobre proscr ição parc ia l das e xp e r iê n c ia s n u c l e a r e s , assi-nado em Moscou, em 5 de agosto de 1963, sugestão apresentada

pela D e l e g a ç ã o d o Brasil à Co n fe r ê n c ia ao D e s a r m a m e n t o , e m j u -lh o e agosto de 1962. Ne ss a ocas ião, o Brasil havia proposto a con-c l u s ã o i m e d i a t a d e u m tr a ta d o que proibisse as e xp e r iê n c ia s c om

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-armas nucleares na a t m o s f e r a , no espaço cósmico e sob as á g u as .A r g u m e n t a v a a Delegação bras i le i ra que as d i f i c u ld a d e s encpn-.tradas para chegar-se a acordo sobre um s i s t ema in ternacional d e

-controle indicavam a conveniência de proibir, d e s d e l o g o , - a q u e l a sexper iências que já p u d e s s e m s e r e v i d e n c i a d a s p e l o s s i s t e m a snacionais d e ver i f icação, uma vez que em relação a elas não ex i s t i a

•o proble m a de com provar poss íveis violações das obrigaçõesa s s u m i d a s .

N a m es m a o r dem de i dé i a s , o B r as i l s u g er i u em 1963 na. As s em blé i a Ger a l um t r a t a m e n t o g r ad u a l e sucess ivo para a q u es t ã od as ex per i ê nc i a s nu c l ear e s s u b t e r r â neas , p r o po ndo q u e s e proibis-

s em , de s de lo g o , as ex per i ê nc i a s q u e , s i t u ando - s e ac i m a d e certoüimi te , já p o d e m s e r as s i na ladas pe lo s s i s t em as nac i o na i s d e veri-.ficação,

No que d iz respei to às cham adas m ed i das co la t e r a i s , i s t o e ,àquelas que , pe la redução d a t ensão in ternacional , podem fac i l i taro progres so d o des ar m am ent o , o Bras i l suger iu , na C o nf er ê nc i a d e• Ge n e b r a , um t ra tado mult i la t eral de não-agres são, capaz de cr iar

•um mecani smo rec íproco ent re o maior número poss íve l d e Es t ado s ,que s e co m pr o m et e r i am a não cometer agres são contra qualquerd os dem ai s . Por sua g e n e r a l i d a d e e u ni v er s a l i dade , e s s a i dé i aparece mais úti l e m ai s e f i caz do que a de s imples Pacto parc ia lde nã o - ag r e s s ã o en t r e os p a í s e s i n t e g r a n t e s d e blocos mi l i tares .

N a A s s e m b l é i a G e r a l , o Brasi l viu aprovados quatro projetossobre des ar m am ent o , apr e s en t ado s c o m su a as s i na t u r a .

O primeiro cone i tá 'todos os Estados a abs terem-se d e usar oespaço cósmico para at iv idades mi l i tares com ar m as nu c lear e s . Os e g u n d o d á ins t ruções à Conferência d o D es ar m am ent o par a quere tome c om e n e r g i a e determinação seus t rabalhos . O t erceiror e c o m e n d a à m es m a C o m i s s ã o q u e , c om cará ter d e urgência ,bu s q u e tornar geral a proibição parcial de-, ex per i ê nc i a s nu c l ear e scons ignada n o Tratado d e Mo s co u . O quarto, f i n a lme n t e , notaco m s a t i s f aç ã o a iniciativa d e procurar chegar à desnu-^arização•d a Am ér i ca La t i na e ex pr i m e a esperança de q u e o s p a í s e s dessaárea in ic iem os es tudos capazes d e levar a esse objet ivo. EssaRes o lu ç ã o é co ns eq üê nc i a na t u r a l d e p r o j e t o a p r e s e n t a d o sobre o

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m e s m o a s s u n t o na A s s e m b l é i a Geral an te r ior e da Declaração-C o n j u n t a dos P r e s i d e n t e s , de 29 de abril de 1963. Na r e f e r i d aDeclaração, os P r e s i d e n t e s do Bras i l , do México, do C h i l e , da

Bolívia e do E q u a d o r a n u n c i a r a m a in t e nção dos r e s pe c t iv os gover-nos de procurar a l cançar um acordo que estabelecesse a A m é r i c a :Latina como área de s nuc l e ar izada .

Essa l inha de ação in s cre v e - s e na polí t ica geral de evitard i s s e m i n a ç ã o a i n d a m a i s e x t e n s a das a r m a s n u c l e a r e s , com riscos,

cada vez maiores para a H u m a n i d a d e , e coincide com o interesse

c o m u m do Bras i l e d a q u e l a s R e p ú b l i c a s i r m ã s de não de s v iar para

um a ruinosa corr ida de arm as nuc l e are s os recursos tão necessáriosao de s e nv ol v im e nto e conô m ico e social .

A tradução desse nobre ideal em um t e x to positivo é tarefa

c o m p l e x a , que e x i g i r á e s t u d o s c u i d a d o s o s , O G ov e rno bras i l e i ro -d i s s o tem plena consciência e não a s s u m i r á n e n h u m c o m p r o m i s s ona m atér ia s e m q ue f ique p e r f e i t a m e n t e a s s e g u ra d o q u e nã o haverá

n e n h u m a i n t e r f e r ê n c i a no de s e nv ol v im e nto do us o pacíf ico d ae ne rg ia nuc l e ar e n e m d e l o n g e s e r á c o m p r o m e t i d a , e m ponto-

a l g u m , a s e g u r a n ç a n a c i o n a l .

b) Desenvolvimento

O B r a s i l d e f e n d e u nas Nações Unidas a t e s e de que é i n d i -vis ível da idé ia de paz a de s e gurança e conô m ica e de que não é

pos s í v e l pe rm i t i r , sem grave r i sco para todos , que se m a n t e n h a mas c o n d i ç õ e s p r e s e n t e s , n?s q u ai s dois terços da H u m a n i d a d e v ive m

e m níve i s de m e r a s u b s i s t ê n c i a, s o f r e n d o em toda a sua e x t e n s ã o osmales econômicos e sociais característicos do estágio do subdesen-volvimento. Para corr ig ir ta l s i t u a ç ã o , o B ras i l p re con iza ume s f o r ç o cole t ivo, consciente e f i r m e , de q ue de v e m par t i c ipar con-j u n t a m e n t e todos os m e m b r o s da c o m u n i d a d e i n t e r n a c i o n a l .

O Bras i l apontou t rês s e tore s em que lhe p a r e c e i n d i s p e n s á v e lum a a ç ã o u r g e n t e , sob a é g i d e das N a ç õ e s U n i d a s : i n d u s t r i a l i -zação , m ov im e nto in t e rnac ional de capitais para o de s e nv ol v im e nto

e com érc io in t e rnac ional . Q uanto ao ú l t i m o ponto, já se s a l i e n toua c i m a o que foi f e i to na preparação do t e r r e n o para a C onfe rênc iadas N a ç õ e s U n i d a s s o b r e C o m é r c i o e D e s e n v o l v i m e n t o , c o n v o c a d a

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•pela Assembléia Geral para março próximo, em Genebra, e o que

,-se espera dessa C o n f e r ê n c i a .

No relativo à questão das medidas que a ONU possa tomar

em favor da industrialização, o Brasil continuou a sustentar a.tese de que é necessária a criação de um órgão especializado, que.se ocupe dos problemas da indus t r ia l ização , como a FAO se ocupa•dos da a g r i c u l t u r a e a UNESCO dos da educação. Sem lograrainda a vitória c o m p l e t e de sua tese, pôde o Brasil obter quê a

Assembléia Gera] reconhecesse que a atual estrutura da ONU

para lidar com os problemas do desenvolvimento industrial é insu-

ficiente e deve ser modificada.

Sobre o problema do f l uxo internacional de capitais, o Brasil•conseguiu a aprovação, por u n a n i m i d a d e , de projeto que visa a•obter um estudo sistemático do assunto, a fim de serem d e f i n i d o s•os m e c a n i s m o s que possam conduzir à aceleração do desenvolví-• m e n t o econômico dos países subdesenvolvidos.

c) Descolonização

No capítulo descolonização, cont inuam as Nações Unidas•empenhadas em obter plena efetivação da Declaração de Outorgada Independência aos Países e Povos Coloniais, aprovada pelaA s s e m b l é i a Geral em 1960. O Brasil vem-se mantendo f ie l à

. l inha ant ico lonia l i s ta qu e t e m caracterizado s ua política, empres-

tando pleno apoio a todas as medidas em consonância com ela.A Delegação do Brasil ã XVIII Assembléia Geral reaf i rmou atese brasileira de que, enquanto subsistir um território dependente,

.a í haverá um foco d e desentendimentos internacionais, num tipo-de relação anacrônicoe ultrapassado,

A Assembléia Geral acompanha o processo de descolonizaçãopor intermédio de um Comitê Especial, e os debates da XVIII•Sessão concentram-se sobre algumas situações que parecem justi-f i c ar interesse particular: Rodésia do Sul, Sudoeste A f r i c a n o ,'Territórios sob administração portuguesa e Omã.

Em todos esses casos, a Delegação do Brasil participou dos

-debates e e m i t i u voto coerente com o interesse de f a z e r prevaleceros princípios consagrados na Carta das Nações Unidas.

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d) Conselho de Segurança

N o d e s e m p e n h o d e m a n d a t o que lhe fo i confer ido durante ai

XVII Sessão d a A sse mblé ia G eral, o Brasil participou, e m 1963, d oConselho d e S e g u r a n ç a d as N a ç õ e s U n i d a s .

Ent r e os d i f e r en te s a s suntos examinados pe lo Conse lh o no-decorrer do ano m e r e c e m m e n ç ã o , à vista d a posição assumida p e l o >Brasi l , duas ques tões t a da política racial d a África do Sul e ad os Terri tórios s ob adminis t ração por tuguesa,

No que diz respeito à África do Sul, a Delegação do Brasil

m a n i f e s t o u o in te gral apoio d e s e u Gover no à causa d e trinta e doispa í s e s afr icanos , que levaram a ques tão, uma vez mais , à consi -deração d o Conse lh o . O Brasil votou a favor d e Resolução,aprovada e m 7 d e julho, pela qual o Conse lh o ped iu a todos os -Estados que cessassem o f o r n e c i m e n t o de ar mas , munições e

veículos militares à África do Sul. Absteve-se, entretanto, quandofoi votado um artigo que recomendar ia a cessação de todo ocomércio com aquele paí s : esse artigo não foi aceito pelo Conselho-

O s t e r r i tór ios por tugueses foram obje to d e dois debates noC o n s e l h o d e Segur ança: o pr ime i r o e m ju lho, o s e g u n d o e m d e -zembro.

D u r a n t e o primeiro, a Delegação d o Brasil emit iu s e u ponto-de-vista sobre o assunto , d izendo que reconhecia tanto a compe-tência do Conselho quanto o direito de autodeterminação dos.terr i tór ios . Opunha-se , no entanto, a qualquer medida coerc i t iva,

um a vez que a ques tão não parec ia configurar -se como incidenteno capí tulo VII da Carta d a O N U , s e n d o antes daquelas que o-Conselho deveria procurar resolver pela aplicação dos métodosde solução pacífica previstos no capítulo VI da m e s m a Carta. ADelegação d o Brasil votou a favor d a Resolução então aprovadapelo Conselho.

N o s egundo debate , e m dezembro, a Delegação d o Brasifprocurou lançar e m evidência os aspectos construtivos d os con-

tatos havidos entre .Por tugal e os Estados afr icanos, afirmando-sua certeza de que uma solução acabará por ser encontrada, graçasa ne goc iações e 'ou t r o s " me ios pac í f i cos . Nessa ocasião, votout

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igua l m e nte a favor d a Resolução aprovada pelo Conselho 'd eSegurança.

À posição d o Brasi l e m relação a esse problema d os territó-

rios portugueses é guiada, de um lado, pela nossa tradicionalam i z ade c om Portugal e pe l o de se jo d e m a n t e r e es t re i tar as boasre lações que t emos com esse país ; de outro , pe lo dever de sus ten taro princí pio básico da autode te rmin ação d os povos, a f i r m a d o inaCarta das N a ç õ e s U n i d a s , e uma das pedras angulares de nossapolít ica exterior. O Brasil tem boas razões para esperar que sec h e g u e a uma solução negociada e pac íf ica , capaz de sa t i s fazer atodos os in teressados e , c o mo o af i rmou no Conse lho d e Segurança,

c o l o c a pe rman e n te me n te s ua diplomacia a serv iço dessa e sperança.

4. Política Continental

A s relações d o Bras i l com os países d o H e m i s f é r i o s e m p r e s epautaram por absoluta f ide l idade aos compromissos que natural-me n te de c o rre m d e s u a part ic ipação no s i s t ema in teramericano. O

Governo bras i l e i ro en tende o Pan-americanismo como um a at i tudede so l idar i e dade d ian t e de pro bl e mas c o mu n s e c o mo u m in s t ru -m e n t o d in â mic o d e renovação, capaz d e proporcionar aos povosdeste Continente o bem-estar econômico e a just iça social, dentrod os quadros d a democrac ia representa t iva e ã luz dos princípiosque in formam a Carta d e Bogotá.

Atendo-se s e m p r e ao mais e s t r i to cumprimento d os dois prin-cípios e m q u e s e f u n d a o s i s t ema, o d e autode terminação e o d e

não-intervenção, teve o Governo brasi le iro, e m 1963, várias oportu-n i d a d e s d e r e a f i r m a r s u a adesão àquelas normas, buscando sempreevitar que a OEA se t ransformasse num organismo supra-estatal,com podêres para in terv ir nos assuntos in ternos d e q u al q u e r d ospa í s e s me mbro s . As s im pro c e de u q u an do s e tratou d e redig ir oe s ta tu to da Comissão Especial Consultiva de Segurança, criadapela VII Re u n ião de Consulta, para assistir os Governos, por soli-c i tação des te s , no combate à infil tração comunista. Viu-se, nessa

ocasião, a Delegação do Brasil obrigada a votar contra o es ta tu toaprovado pela m aioria, porquanto u m a. d ê suas c láusulas," infrin -gindo f l a g r a n t e m e n t e o mandato a tr ibuído à Comissão d e Sêgu-

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rança, pela Resolução n9 2, de Punta dei Este, que a criara, confer iuao Conselho da OEA a faculdade de, por sua própria iniciativa,

sol ic i tar a assistência da Comissão.

P o s t e r i o r m e n t e , t a m b é m , a propósito da idéia de convocar-se

um a reunião de consulta para considerar a possibilidade da adoção

d e u m a atitude co m u m d os países-membros e m face d os Governos

oriundos de golpe de Estado, a Chancelaria brasileira sentiu-se nodever de m a n i f e s t a r suas dúvidas sobre a oportunidade e mesmou t i l i d a d e daquela reunião, tendo em vista que tal assunto não pode-ri a evidentemente ser debatido sem p r e j u íz o para o princípio de

n ã o - in t e r ve n ç ã o . Graças à sua atuação, a idéia foi abandonadae , e m v e z d e convocar-se a reunião d e consulta para discussão

daquele tema, decidiu-se convocar, em data ainda não marcada-,

o Órgão de Consulta para considerar o problema da preservação

e do f or t a l e c i me n t o da democracia representativa- no Continente.

Ao encerrar-se o ano de 1963, novamente teve o Governobrasileiro ocasião de evidenciar o seu respeito às normas que

r e gula m a convivência pac í f i ca interamericana, ao votar favora-

v e l m e n t e à convocação do Órgão de Consulta para examinar aqueixa apresentada pelo Governo da Venezuela contra o de Cuba,pela descoberta, segundo alegação do primeiro, de três toneladasde material bélico, de procedência cubana, na costa venezuelana.Ao acolher o pedido da Venezuela para convocação da Consulta,o nosso País e x p r i m i u o seu voto nestes termos: "O,Brasil, tanto

no Sistema Interamericano quanto no Sistema das Nações Unidas,

j a m a i s negou seu voto a um Estado que pede uma investigação,

porquanto entende que só mediante amplo conhecimento dos pro-blemas será possível encontrar uma solução adequada e justa parasolvê-los. Dentro do Sistema Interamericano, sempre reconhe-c e m o s a qualquer Estado, que se sinta atingido por atos de agres-são armada ou não, o direito de invocar o Tratado de Assistência

Recíproca, com base em seus artigos correlates, e pleitear a

n o m e a ç ã o de uma Comissão de Investigação destinada a propor-cionar aos órgãos do Sistema todos os elementos de julgamento:

/issim sendo, a Delegação do Brasil votou favoravelmente à con-vocação do Órgão de Consulta e à constituição de uma Comissãode Investigação, solicitadas pelo Governo da Venezuela. Releva,

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p o r é m , a Delegação brasileira que o seu voto não se refere ao

f u n d o d o problema, n e m constitui um prejulgamento d as conclu-sões a que chegará sobre a matéria a Comissão Investigadora.

U m a vez conhecido o relatório da Comissão de Investigação, exa-m i n a d o s os fa tos alegados, estudados os resultados obtidos e apre-

ciadas as conclusões f ina i s , o Brasil emitirá, então, o seu votosobre o mérito mesmo d o problema, . Nosso voto d e hoje, portanto,é 'única e exclusivamente a favor da convocação do Órgão de

Consulta e da constituição de uma Comissão Investigadora, Pôr

isso, considera a Delegação do Brasil que a investigação a ser f e i tadeverá ser à mais ampla possível, abrangendo investigações, tantb

na. Venezuela quanto em Cuba, e facilitando-se a este último Es-tado todas as oportunidades de defesa, para o que a Comissãopoderá, a nosso ver, pedir licença para ir a Cuba e ouvir, também,a respeito., o Governo cubano."-

U m a das preocupações mais constantes do Governo brasileirove m sendo a necessidade de combater, mediante um esforço c o m u m.de cooperação, o subdesenvolvimento dos povos latino-americanos.

Foi animado de amplo espírito de colaboração que o Brasilcompareceu às Segundas Reuniões do Conselho InteramericanpE c o n ôm i c o e Social, reatadas em São Paulo, de outubro a novem-bro de 1963. Graças à iniciativa do Governo brasileiro em ambasas . fases dessa conferência, a de nível técnico e a .de nível ministe-rial, foi possível a aprovação de duas importantes resoluções, umarelativa à criação de uma Comissão Especial de CoordenaçãoLatino-Americana, outra sobre .o estabelecimento de um Fundo

Interamericano de Desenvolvimento .da Aliança para o Progresso(FIDAP). E' impossível exagerar a importância do papel que

a Comissão Especial de Coordenação Latino-Americana — órgãode cu ja fa l ta ha m u i t o se ressentia o Sistema — desempenhará no

s e n t i d o de, proporcionando aos países latino-americanos a possi-bilidade d e adotarem um a posição comum e m face d os problemasque serão debatidos durante a próxima Conferência das NaçõesUnidas sobre Comércio e Desenvolvimento, lograr reformas essen-

ciais na estrutura do comércio mundial e contribuir'para a soluçãodos graves problemas que vêm retardando seu desenvolvimentoe c o n ô m i c o e social, dentre os quais é preemiaénte a queda de suas

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receitas de exportação, conseqüente à deterioração dos termos de

seu intercâmbio com os países industrializados.

Ao Brasil deve-se, igualmente, a idéia da criação de um Fundo

I n t e r a m e r i c a n o da Aliança para o Progresso. Não satisfeito como mandato atribuído ao novo órgão criado para promover a conse-cução dos objetivos da Carta de Punta dei Este — o Comitê Intera-m e r i c a n o da Aliança para o Progresso (ClAP) •—,propôs a inclu-são, entre as atribuições do CIAP, de uma destinada a «promoverum crescente aperfeiçoamento d o processo d e multilateralização d aA l i a n ç a para o Progresso" e, com base nesse dispositivo,logrou, c om apoio u n â n i m e , f a z e r passar a Resolução 23-M/63,

que em sua parte resolutiva reza: "que o Comitê Interame-ricano da Aliança para o Progresso, dentro de seis meses desua constituição, deverá apresentar aos Governos dos Estados-m e m b r o s um estudo sobre um f u n d o interamericano d e desenvolvi-m e n t o da Aliança para o Progresso e, de acordo com suas con-c l u s õ e s , elaborar um projeto para a criação do mesmo".

Considera o Governo brasileiro que esta foi realmente uma

contr ibuição positiva à concretização dos ideais proclamados emP u n t a d e i Este. C om e f e i t o , s e m dispor d e f u n d o s regulares ep e r m a n e n t e s d e f i n a n c i a m e n t o , e n a ausência d e u m a responsabi-l i d a d e co n j u n t a , multilaíeral, tanto no que diz respeito à obtençãoq u a n t o à aplicação de recursos financeiros, o programa da Aliançapara o Progresso não compreenderá senão f o n t e s rotineiras de

auxí l io externo.

No âmbito das relações bilaterais com os países do Continente,

d e s e j o , especialmente, recordar o significado e as realizações posi-tivas resultantes de minhas visitas à República do Chile e à Repú-blica Oriental do Uruguai, no mês de abril. Guardo ainda com

emoção as calorosas manifestações de simpatia que recebi do Go-

v e r n o e do povo desses dois países irmãos, naquela oportunidade.

C om o Presidente Jorge Alessandri, após examinarmos assun-tos de interesse c o m u m , no plano regional e no plano m u n d i a l , tive

a honra de expressar, em Declaração Conjunta, o reconhecimentoda coincidência dos objetivos do Brasil e do Chile — t r a d u z i d a em

i d e n t i d a d e de posições nas Organizações Internacionais de que

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participam — e, bem assim, subscrever uma reaf irmação de nossoirrestri to respeito aos princípios de a u t o d e t e r m i n a ç ã o e de não-in tervenção.

T ivem os , igualme nte , ocas ião d e re i t erar a nossa convicção id eque a in tegração econômica dos países la t ino-amer icanos é umdos f u n d a m e n t o s essenciais de qualquer polí t ica des t inada a pro-mover o des env o lv i m en t o eco nôm i co e social d a A m é r i c a L a t i n ae m bases sólidas e p e r m a n e n t e s .

M e u encontro c o m o Pres idente d o Conselho d o G o v e r n o d oU r u g u a i , Senhor Danie l Crespo, d e u e n s e j o , por outro lado ; àa s s in a tu r a d os Acordos d e criação d as C o m i s s õ e s Mi s t a s q u e . s e

encar r eg ar ã o da co ns t r u ç ã o da po n t e Q u ar a í - Ar t i g as e do s e s t u do spara o aproveitamento da bacia da Lagoa Mirim. Com grandehonra e sa t i s fação di r ig i -me, en tão, ao Congres so Nacional |d oUr u g u a i , e pu de r eco r dar os m eu s v i v o s s en t i m en t o s d e g r a t i d ã oao G overno e povo uruguaios pe la ge nerosa acolhida que me di s -pensaram por ocasião d o m e u d e s e m b a r q u e e m Mo nt ev i déu , e mmeio à grave crise que o Brasil atravessou em 1961.

M ais r e c e n t e m e n t e , a ce i te i o honroso convi te q u e m e formulou

o P r e s i d e n t e P az Estensoro para vis i tar a Bolívia, n a ç ã o a que nosunem laços fraternais , e , com s a t i s f aç ã o , r eceb i a respos ta a f i r -mat iva d o P r e s i d e n t e A r t u r o Illia ao convite que lhe dirigi para, nocorrente ano, visitar o Brasil. Tenho a certeza de que esses en-contros se c o n s t i t u i r ã o e m outras tantas opor tunidades para aproxi -mações conducentes a uma ação harmônica em favor dos rea i si n t e r e s s e s de nossos povos.

E ' com igual prazer que ponho em re levo a par t icular a t enção

dada por meu Governo à posse do Pr e s i den t e I l l i a , em o u t u br o doano f indo, q u ando env i e i a B u eno s A i r e s Mi s s ã o Es pec i a l c h e f i a d apelo Embaixador João Augusto d e Ar aú j o Castro, Mi ni s t r o d eEsta-do "das Relações Exter iores ; à posse , em agos to , do Pres idented a R e p ú b l i c a d o P a r a g u a i , G e n e r a l A l f r e d o S t r o e s s n e r , q u a n d om e f iz r epr e s en t ar pe lo D epu t ado Abe lar do J u r e m a , M i n i s t r o d eEstado d a J u s t i ç a e Negócios In ter iores ; be m como à posse d oSenhor Fernando Belaúnde Terry na Presidência da República

do Per u , a que ass i s t iu , e m julho, o en t ã o C hance l e r Ev andr o L i nse Silva.

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Tive ocasião de receber, em cordial encontro, o Presidente

do Paraguai, General A l f r e d o Stroessner, e com ele conversar, nam a i o r cordialidade e compreensão, sobre o projeto de aproveita-

m e n t o do potencial energético de Sete Quedas, c u j a realizaçãopoderá proporcionar à economia da região uma oferta de energia

da ordem de dez milhões de kW. Das conversações resultou um

completo entendimento entre nossos dois países, dentro do respeito

aos interesses mútuos. Estou convicto de que o empreendimentode Sete Quedas não só permitirá a valorização econômica da vasta

área adjacente, mas t a m b é m contribuirá poderosamente para a

causa da fraternidade americana.

Cabe ainda relembrar a viagem do então Ministro da Fazenda,Carlos Alberto A. de Carvalho Pinto, a Santiago para a inaugura-ção de uma Agência do Banco do Brasil, ali instalada, como pre-c e d e n t e m e n t e em Buenos Aires, Assunção, Montevidéu e La-

Paz, para servir de e f e t i v o instrumento de nossas relações comer-

ciais.

O ano de 1963 constituiu, também, etapa decisiva para o incre-m e n t o do intercâmbio comercial com o México, tendo chegado a

bom t e r m o os entendimentos entre a Petrobrás e a Pemex (Petró-leos Mexicanos S. À.}, pelo Protocolo de 31 de janeiro, no qualse prevê, além da assistência técnica recíproca, todo um plano de

a t i v i d a d e s de interesse para as duas empresas estatais. De outrolado, abriu-se o mercado mexicano à borracha sintética brasileira,

havendo sido exportadas, nos últimos quatro meses do ano, 2.-400t o n e l a d a s desse produto. Incentivos ainda maiores ao intercâmbiosão esperados para 1964, mercê das conclusões a que possa chegar

o Grupo Misto de Cooptiação Industrial, criado em 1962, notada-m e n t e no que concerne à indústria automobi l í s t i ca , à indústria de

construção n a v a l e as industriais químicas e eletrônicas.Merece particular registro, ainda, a criação, em dezembro, da

E m b a i x a d a do Brasil junto ao Governo da Jamaica, representação

q u e , a princípio, ficará a cargo do Chefe da Missão Diplomática

d o Brasil e m Bogotá.Nossas relações com os Estados Unidos da América, inspi-

radas por sincera cordialidade mútua, mantiveram em 1963, parti-c u l a r m e n t e , o caráter de diálogo franco e realista, capaz de per-

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jni t ir a compreens ão d os problemas que o Bras i l defronta nes tafase d e s e u d es envolv i ment o econô mi co e social. A m i s s ã o SanTiago Dantas, e m ma rço do ano f indo, visou à adoção d as basespara a cooperação f inanceira entre os dois países: nessa ocas ião,o Governo brasi leiro apresentou um programa objet ivo, voltadonã o apenas para a correção d as crises d e balanço d e pa ga ment os ,m a s , t a m b é m , e d e acordo com os princípios d a Carta d e P u n t a d e iEste, para a obtenção de recursos básicos para efet ivo desenvol-v im e nto econômico e social a longo prazo.

A carta que me dir igiu o Pres i d en t e L y nd on J oh ns on, i e md e z e m b r o últ imo, é i nd i ca t i va d os propósi tos d e colaboração e

e n t e n d i m e n t o d o G o v e r n o d os E s t a d os Uni d os d a A m é r i c a e mre lação aos problemas brasileiros e r e a f i r m a a a t m o s f e r a d e a m i z a d ee m que s e desenvolvem as relações entre os nossos dois países .

No que d iz respei to, f inalmente. , às at ividades d a AssociaçãoLac i no - Am er i cana d e L i vre Comérc i o d ura nt e o ano de 1963, pro-curou o Governo brasi leiro, e m apoio decidido aos obje t ivos d ei n t egra ção econô mi ca d o Tratado d e M ont ev i d éu , cont r i b ui r s ub s -tancia lmente para a aprovação, no III Per íod o d e Sessões d a Con-

ferência d as Pa r t e s Cont ra t a n t e s , d e programa des t inado a obtera coordenação das polít icas econômicas e a harmonização dos i n s -t rument os d e polí t ica comercial d os países associados, resoluçãoq u e r e f l e t e o in tu i to de preservar e , s e poss ível , ampl iar o Pro-grama de Liberação Comercia l , passo i m p o r t a n t e p a ra que a q u e l e sobjetivos f inais d o Tratado possam vir a ser a lcançados em prazorazoável .

5. Europa Ocidental

Laços de na ture za polí t ica , ec onômica e c ul tura l , e nt re o Bras i le os países d a Europa Ocidental, f izeram s empre d es s a r eg i ãoum a área de acentuado interes se para a pol í t ica exter ior bras i le i ra .Tal in teres se se vê ainda aumentado, não só porque a Europad e s e m p e n h a papel sa l i ente no jogo internacional , mas t a m b é m por-

que nossa ação diplomática, fundada nos altos objetivos ditadospelo in teres se nacional , s e concentra na uti l ização d e todas as

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possibil idades d e mobil ização d e r s c u r s o s para o desenvolvimentoeconômico d o País. Para e s s e e ín i to , p ro c u ramo s a s s e g u rar acooperação econômico-finsuice ira d e p aí s e s d e g ra n d e l iquidez inter-nacional com os quais m ante m os ponderáve is corre ntes de c omér-c io. A o me s m o tem po, lu tam os contra os obs táculos que , emmatér ia de pol í t ica comerc ia l , a l g u n s pa í s e s d a Eu ro pa Oc ide n ta lvêm o f e r e c e n d o à e x p a n s ã o d as exportações brasi le iras e , conse -q ü e n t e m e n t e , a uma acum ul ação maior d e recursos paxá nosso d e -senvolvimento,

A mais av an çada forma d e in tegração européia , que é a Co-m u n i d a d e Econômica Européia , embora t razendo re f l exos pos i t ivos

d e n a tu re z a po l í t i c a e econômica para todo o m u n d o oc ide n ta l, n ã ode ixou d e s e f a z e r com sérias implicações para a e c o n o mia brasi-leira. Â vista disso, o Brasil, ao aprovar aqueles aspectos posi-tivos d e natureza pol í t ica e econômica d o Me rc ado Co mu m Eu ro -peu , apre s so u - s e e m c h a m a r a atenção d os criadores d a Europad os Seis para a correção d os pontos que ju lgava pre judic ia i s aoBrasil c: : i especial e aos países la t ino-americanos e m geral . Entree s s e s pontos f igurav am : a) uma tar i fa e x t e rn a c o mu m ac e n tu ada -

mci i tc elevada; b) uma política agrícola comum d e tendência auto-c u í i c i en t e que a t ingir ia fa ta lm e nte corrente s de e xportações t radi -c ionais ; e c ) a associação com os Es tado s a f r i c an o s e m a l g a x e e mmoldes incompat íve i s com as regras d e comércio internacional con-su bs tan c iadas n o A c o r d o G e r a l d e T a r i f a s e Comérc io (GATT).

A s s i m , desde 1957, o Governo brasi le iro não de ix o u d e mani-f e s t a r - s e fo r t e m e n te c o n t ra e s s e s a spe c to s de s fav oráv e i s da Co-m u n i d a d e Econômica Européia e o f e z , s e j a no âmbito d o GATT,

s e ja e m diálogo dire to com a Comissão d a C o m u n i d a d e , s e j a ,a i nd a , e m g e s t õ e s j u n t o a c ada um dos governos d os se is países-m em br o s , numa vigi lânc ia que pers i s t e na ação d iplomát ica , tantonos se tores já in d ic ado s q u an to e m Org an i smo s e Co n fe rê n c ia sIn ternac ionais , E ' f i rme in t e n ção d o Governo bras i l e i ro pers i s t i re m todos e s se s modos d e ação para o e f e i t o d e lograr a e l iminaçãode obstáculos ao comérc io e d o status qtio nas re lações econômicasin ternacionais , inacei tável para os países e m desenvolvimento.

Nossa a t iv idade s e e x e rc e rá nos trabalhos d a próxima Con-f erência d as N a ç õ e s U n i d a s sobre Comércio e Desenvolvimento,

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nos organismos econômicos internacionais como o 'GATT, numdiálogo f irme e positivo com agrupamentos regionais ta is como oM e r c ad o C o m u m E u r o p e u e nas relações bilaterais c om d e t e r m i -nados países.

Tal a filosofia que inspira nossa ação diplomática em face dospaíse s europeus oc iden ta is . En quan to ze la por s e u s i n t e r e s s e s ; d enature za econômica e comercial , o Brasil não d e sc u id a d e a p r o fu n -dar suas r e lações econômico- f inance iras com aquela r eg ião .

Em f ins de 1963, o Governo brasileiro enviou à Repúbl icaF e d e r a l d a A l e m a n h a u m a delegação, sob a c h e f i a do Minis t roda I n d ú s t r ia e Comércio, Senhor Egydio Michaelsen, com o obje-tivo d e levar adiante os en tendimentos in ic iados durante 1962 coma vin d a , ao Brasi l , d e missão a lemã chef iada pe lo EmbaixadorHans Gr a n o w. A s negociações d e Bonn foram cercadas d e com-pleto êxito, terminando pela assinatura d e diversas atos, d e n t r eos quais o Protocolo sobre Cooperação Financeira, que reabriu aoBrasi l as corren te s europé ias d e f in a n c ia me n to . Ou t r o ato degrande im por tânc ia ne gociado em Bonn fo i o A cordo Bás ico deCooperação Técnica, pelo qual a República Federal da A l e m a n h apassará a ser a s e g u n d a fonte d e assis tência técnica ao Brasi l ,su p e r a d a a p e n a s p e lo s E s ta d o s Un id o s d a A m é r i c a .

Co m r e la ç ã o à França, é forçoso reconhecer que e x i s t e malguns problemas que, d e certo modo, têm perturbado o diálogo,t r a d i c i on a lme n t e fácil e cons tru t ivo. De ntre esses problemas, pe loi m p ac t o que e n tã o t e ve s e u d e se n vo lv ime n to e m princípios d e 1963.

salienta-se o l igado à pesca da lagosta na plataforma continentalbras i l e i ra . N ão aludo, porém, a esses p r o b le ma s s e n ã o para- m a-n i f e s t a r nossa segurança em cons iderá - los como ques tões passa-geiras e que poderão ser sat isfatoriamente resolvidas. Nesse sen-t ido , a tr ibuo espec ia l s igni f i cado à normal ização d o nosso diálogo,a lcançado por m e i o d as cartas que tive a opor tunidade d e trocarcom o Ge n e r a l Charles de Gaulle e que t e s temunharam os senti-mentos r ec íprocos de a m i z a d e e n t re os nossos dois povos e o d e s e j o

m ú t u o d e aproximação para a realização d e t a r e fa s c o mu n s —objetivos que superam e tornam será expressão quaisquer atritosanter iorme nte ver i f icados . Preparamo-nos , G overno e povo, para

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r e c e b e r , no decorrer deste ano, com as h om e nage ns que lhe corres-p o n d e r á , o Presidente da Re públ i ca Francesa.

As re lações pol í t icas e econômicas com os d e m a i s países daárea t ranscorre ram de maneira sa t i s fa tór ia e cordial , havendo que

notar as renovações do A c o r d o Provisório de Comércio e Paga-

m e n t o s de 1960, com a Grécia , e do A cordo de Comércio Brasi l -P o r t u g a l , de 1954.

Cabe f i n a l m e n t e assinalar, como fato auspicioso, pelo que s ig-nif ica de c o m p r e e n s ã o das n e c e s s i d a d e s de e x p a n s ã o do comércioin t e rnac ional dos paí s e s m e nos de s e nv ol v idos , a de c i s ão do Parla-

m e n t o s u e c o de e l im inar , a part i r de l9 de janeiro de 1964, algumasdas taxas internas sobre o café consumido na Suécia. Essa me-

d i d a , r e c o m e n d a d a p e l o GATT e d e f e n d i d a com ins is tência pelospa í s e s em de s e nv ol v im e nto , o Brasil espera ver adotada t a m b é mpelos d e m a i s p a í s e s e u r o p e u s .

6. Países Socialistas

D u r a n t e o ano de 1963, as re lações entre o Brasil e os países

social i s tas , em todos os cam pos , con t inuaram a desenvolver-se em

a m b i e n t e de com pl e ta norm al idade .

Fiel às dire t r ize s e aos objetivos de sua polí t ica externa, oBr a s i l m a n t e v e c o m os paíse s social is tas , em todos os foros e

oportunidades , d iá logo pos i t ivo e f r a n c o em torno dos g r a n d e sp r o b l e m a s d o m u n d o e c m b u s c a d os c a m i n h o s d e f i n it i vo s da paze do d e s e n v o l v i m e n t o ,

A esse propósi to, é i m p o r t a n t e c o n s i g n a r a vinda, ao Brasi l ,do Pre s ide n t e J os ip B roz Tiío, da Iugos lávia, pr ime iro c h e f e de

Estado socialista a visitar-nos. Durante sua vis i ta, não só forame x a m i n a d o s os assuntes de interesse bi la te ral , mas t a m b é m p a s -sadas em revis ta a conjun tura in t e rnac ional e as perspect ivas de

consol idação da paz m u n d i a L D e n t r e os i m p o r t a n t e s a to s e n l ã oas s inados , m e re ce m e nção e s pe c ia l , por s uas b e n é f i c a s r e pe rcus s õe se m nossa economia, o contrato para ut i l ização do porto iugoslavo

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d e Ri j e x a , como ent repos to d e r eceb i m en t o e distribuição d e minér iod e íerro brasileiro.

A s relações econômicas d o Brasi l com os países socialistas

continuaram em expansão e consolidação. Enquanto o nível totaldo in tercâmbio apresentava incremento da ordem de 509^, re la t i -vamente ao ano anterior, novos atos foram acr e s cen t ado s ao i n s t r u -m e n t a l jur íd ico d o comércio , tornando-se mais amplo e atual. Essesatos f o r am ;

e\ Aco r do de Comércio e P a g a m e n t o s e n t r e o Brasi l e aURSS ;

b) Protocolo Bras i l -URSS sobre Representações Comerc ia i s ,c) Aco r do d e Cooperação Técnica e Cient i f i ca Brasil-

Polônia ;c ? ) Protocolo Adicional ao Aco r do d e Comércio e Paga-

mentos Bras i l -Bulgária,

O Brasil foi vis i tado por n u m e r o s a s Missões Econômicas d epaises social i s tas , dentre as quais s e d i s t i n g u e m , pelo níve l d e iicuàc h e f e s e importância d as conversações , a Missão búlgara, ch; t iadapelo Senhor Stanko Todorov, Vice-Pres idente d o Conse lho d eMini s t ros da Bu lgár ia , e a Mis são polonesa , c h e f i a d a pelo SenhorFranciszek Modrzewski , Vice-Ministro do Comércio Exterior,Tam bém e s t i v e r am no Brasi l Missões d a H u n g r i a , d a Tcheco-Es lováquia e da Repúbl ica Democrát ica Alemã.

Todas essas Mi s s õ es m an i f e s t a r am , uma vez m ai s , i n t e r e s s ee m a u m e n t a r s e u comércio c o m o Bras i l e rei teraram as o f er t a s d e

vultosos crédi tos ao nosso País, e m condições vantajosas , iparafornec imento d e máquinas e equipamentos ainda não produzidospela indús t r ia nacional .

O Mi ni s t é r i o das Relações Exter iores , pe los s eus órgãos espe-cial izados, em penho u - s e , du r an t e o ano , no e s t u do pr o f u ndo ein tens ivo das poss ibi l idades de expansão do nosso in tercâmbio comos países social i s tas , be m como d as m o d a l i d a d e s d e u t i l i z aç ã o d a-queles créditos, que já se elevam a mais de 400 milhões de dólares.

Graças a esses e s t u d o s e à apreciação realista das t e n d ê n -cias d o nosso comércio com esses paí s e s , e s t i m a- s e q u e , no ano

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.d e 1964, tal Inte rcâmbio exper imentará e l evação ainda mais s igni f i -cat iva. E, o que é m ais im por tan t e , de v e rão ser a d o t a d a s m e d i d a sconcre tas para o in íc io da cooperação técnico-econômica do Bras i l

com a União Soviética e outros países socialistas, num a re af i rm açãod a nossa pol í t ica de e n t e n d i m e n t o e colaboração com todos os

paí se s e da p r e o c u p a ç ã o do Governo brasileiro de e x pandi r edivers if icar as fonte s de a j u d a externa ao nosso desenvolvimento.

7. Ásia

Conforme estava previsto na Mensagem Presidencial J i d ape ran t e o Congresso Nacional , por ocasião da abertura da SessãoLegis lat iva de 1963, o Governo brasi le iro enviou ao sul e s u d e s t eda Ásia um G rupo Técnico encarregado de examinar as perspec-t ivas para a i n t e n s i f i c a ç ã o das corrente s de comércio do Brasilcom os paí s e s daq ue l a área. Com esse obje t ivo, foram di s cu t idosos t e rm os de acordos de comércio com a Tai l ând ia , a í n d i a , oCeiluo e a R e p ú b l i c a do Vietnan. Com o G o v e r n o da I n d o n é s i a

foi e s tudado, ne ssa ocas ião, o t e x to de um A cordo de Comércio eP a g a m e n t o s , c u j a d i s c u s s ã o f inal e c u j a as s ina tura de v e rão r e a l i -zar - se no Bras i l , no de corre r d e 1964, durante a v i s i ta qu e u madelegação econõmico-comercial indonésia fará ao nosso Pais.

O Grupo Técnico bras i l e i ro l evou também a incum bênc ia de

t rocar idéias com as a u t o r i d a d e s g o v e r n a m e n t a i s dos países vis i -tados e filiados ao GATT acerca de uma posição comum aos paísesm e n o s de s e nv ol v idos e m face da próxim a Confe rência das NaçõesUnidas sobre Comércio e D e s e nv ol v im e nto .

Pros s e gu indo na polí t ica d e d i n a m í z a ç ã o d o s e u comércioe x t e r ior , o Bras i l deverá enviar ã A us t rá l ia e à Nova Ze lândia, no

de corre r de 1964, nova missão econômica de caráter exploratório afim de com pl e m e ntar o trabalho iniciado pelo Grupo Técnico brasi-le iro, que vis i tou o sul e o s u d e s t e da Ásia, em s e t e m bro do anopassado.

Está prevista, para o corrente ano, a realização em Tóquio deum a r e un ião de repre sentante s governamentai s bras i l e i ros e iapo-

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neses das U s inas S ide rúrg icas de M inas Gerais S. A. ( U S I M I -N A S ) , c o m o obje t ivo d e t ratar d o a u m e n t o d e capital d a e m pre s a ,capaz d e permit ir a expansão da sua capacidade produtiva. i

Dentro d o programa d e in t e ns i f i cação d e suas re lações com|ospaíses da Ásia e Oceania, o Governo brasileiro preocupa-setemexpandir a rede d e Missões Diplomát icas e Re par t i çõe s C ons u l are snaq ue l e s con t ine n t e s , e , com a f i n a l i d a d e d e am pl iar o comérciocom a Repúbl ica da Coréia , a Embaixada em Seul , que e ra cumula-tiva co m a de Tóquio, passou a s e r autô nom a. A s s im , tam bém ,foram iniciadas gestões para a criação de uma Embaixada éuiWell ington, Nova Ze lândia, cumula t iva c o m a d e C a m b e r r a .C uida- s e igual m e nte d o e s t a b e l e c i m e n t o d e re lações com outrospa í s e s d a região, onde há grande in te re s se comercial para o Brasil .Caso as condições orçamentár ias e de pessoal o pe rm i tam , de v èr -se -á igualmente ampliar o núm e ro dos Serviços de Propagandae Expansão Comercial (SEPRO) na Á s i a .

No propósito de facilitar as relações comerciais com os paísesd a á r e a , o Governo apoiou a iniciativa d e es tabelecer-se um a l inh a

r e gula r d e nav e gação i*iai:tima entre o Brasil e o Japão, com escalasno sul c s ude s t e a s iá t i co . Esse serviço, e m f ranco desenvolvi-mento, e s tá sendo real izado pela com panh ia " N av e gação R ioGrandense S.A.",

8. África

O Governo brasileiro vem seguindo com a maior atenção aevolução dos acontec imentos no Cont inente afr icano, t endo e inmira a dinamização d e nossa pol í t ica exte r ior numa área d o m u n d ocuja importância se t em tornado cre scente , não só em razão dogrande n ú m e r o d e países que a compõem, m as sobretudo e m virtudedas grandes questões internacionais que ne la surgiram, os proble-m as da de scolonização e do subde se nvolvimento. O bloco afr-i-cano , r e ce n t e m e nte unif icado pela criação da "Organização da

Unidade Afr icana" , exerce inf luência cada vez maior na pol í t icainternacional e nas decisões das Nações Unidas,

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A atitude brasileira f u n d a - s e tanto na necessidade de umaa p r o x i m a ç ã o política e diplomática sempre maior com os povosaf r i canos , em f u n ç ã o dos vínculos históricos e culturais c da identi-

dade de interesses que nos u n e m à Á f r i c a , quanto na de encon-trar-se uma solução humana e justa, por meios pacíficos e de

acordo com os princípios das Nações Unidas, para o di f íc i l pro-b l e m a colonial. Esperamos, por outro lado, em união de vistas

com a grande maioria dos países africanos, obter resultados posi-tivos e concretos para o encaminhamento da questão vital da

erradicação do subdesenvolvimento, no curso da próxima Confe-

rência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento.Cuidamos, f i n a l m e n t e , da intensificação progressiva de nosso inter-câmbio comercial com os novos países africanos, ainda incipiente,m as de resultados promissores, apesar dos obstáculos naturais que

defrontamos.

S e g u n d o tais diretrizes, o Governo brasileiro, alem do trabalhon o r m a l m e n t e desempenhado por nossas Missões Diplomáticas,acompanhou, por intermédio de um observador, os trabalhos da

V Sessão da Comissão Econômica para a África, em Léopoldville,e m fevereiro do ano f i n d o . A convite d o Governo brasileiro, visi-taram-nos diversas personalidades africanas, entre as quais o

Senhor Waziri Ibrahim, Ministro do Desenvolvimento Econômicoda Nigéria, que veio estudar o desenvolvimento industrial do

Brasil e as possibilidades de exportação de máquinas agrícolaspara o seu país. O Brasil espera receber, no correr deste ano, a

visita d e outras personalidades africanas.Sempre no plano do estreitamento de nossas relações com os

países africanos, está o Úamarati estudando a criação e instalaçãode Missões Diplomáticas, além das que temos nos países daÁ f r i ca do Norte e em quatro países da Á f r i c a subsaárica, Senegal,Gana, Nigéria e Á f r i c a do Sul.

Em relação ao incremento do intercâmbio comercial com a

Á f r i c a do Norte, cabe mencionar a venda f e i ta pelo IBC à Argélia,e m 1963, de 150.000 sacas de café, que faz surgir o Brasil comof o r n e c e d o r num mercado até então suprido exclusivamente por

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produtores africanos. No que d i z respeito ainda à Argél ia ; aPETROBRAS adquir iu, também e m 1963, 200.000 to n e la d a s 1 d epetróleo bruto de Hassi Messaud.

N ã o foram ainda removidos todos os obstáculos, pelo quenumerosos contatos estão s e n d o to ma d o s , c o m o devido apoio d i-plomático, entre f irmas brasi le iras e a fr ic a n a s , para o e s ta b e l e c i -m e n t o d e novas l inhas d e expor tação, sobre tudo c o m o S e n e g a l e aNigér ia , na Á f r i c a ao sul do Saara.

N o plano cultura] , o Go ve r n o co n t i n u a m a n t e n d o no Brasi!vários bolsis tas afr icanos e m cursos d e nível universi tár io, e p r o fe s -

sores n as U n i v e r s i d a d e s d e Dacar, Lagos e Ibadã encarregam-se« d e d e so e r ta r o in te re sse dos afr icanos pela cultura brasi le ira. ,

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> í N D I C E

INTRODUÇÃO

P a g s ,

O M O M E N T O N A C I O N A L V

A O B R A A D M I N I S T R A T I V A XI

À D EL I BE R A Ç Ã O D E P R O G R E D IR X X XI

A S T A R E F A S D O F U T U R O XL 1

O C A M I N H O B R A S IL E IR O X L I X

I — SITUAÇÃO POLITICOJNSTITUCIONAL

A ) P L A N E J A M E N T O E A D M I N I S T R A Ç Ã O 3

B) O R D E N A M E N T O J U R Í D IC O 5

C ) R E O R G A N I ZA Ç Ã O A D M IN IS T R A T IV A 6

D) S E G U R A N Ç A N A C I O N A L 10

II — FINANÇAS

A ) F I N A N Ç A S P Ú B L I C A S 3

1 . E x e c u ç ã o O r ç a me n tá r ia 3

2. D i v i d a Interna d a U n i ã o 18

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240 —

Págs.

B) MOEDA E CRÉDITO - 19

1 . Mercado Monetário 19

2 . Meios d e P a g a m e n t o 2 1

C) POLÍTICA FINANCEIRA 22

l . Diretrizes d e Programação • 2 2

1. Perspectivas Financeiras Internas 28

3. Orçamento Monetário 29

D) BALANÇO DE PAGAMENTOS 30

1. Comportamento e m 1963 30

2. Perspectivas Financeiras Externas ... 33

E) SITUAÇÃO CAMBIAL 34

F) POLÍTICA CAMBIAL 35

G) ÁREA BILATERAL DE PAGAMENTOS 3-7

H) POLÍTICA DE CAPITAIS ESTRANGEIROS 3S

III — ECONOMIA

A ) INFRA-ESTRUTURA 47

1 . Recursos M in er a i s 47

a) Água Subterrânea 49

b) Minério de Ferro 50

c) Carvão 52

2. Energia 54

a) Energia Elétrica 5- }

b} Petróleo • 63-

c) Energia Nuclear 6S

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Págs.

3 . Tr a ns p o r t e s 70

a) Ferroviário Ti.

6) Rodoviár io ! 76

c) Híd roviário 7S

ti ) Acr o vi á r i o S3

4. C o m u ni ca çõ es S^

B) A G R I C U L T U R A 8 6

1 . C o m p o r t a m e n t o G e r a l d o Setor 86

2. Produção Ag r o p ecu á r i a 90

3. E stru tura A g r á r i a 95

4. Pesquisa c E x p e r i m e n t a ç ã o 99

5. Incentivos à Produção 99

6. P e s c a ' 108

7. Li m i t a ção d as Providências A d o t a d a s 1 0 8

C ) ABASTECIMENTO 1 09

1. Evolução do Consumo 109

2. Fatores Negat ivos e A ç ã o G o v e r n a m e n t a l 1 1 2

a) A s p e c t o s G e r a i s 1 1 2

b) I n s t r u m e n t o s de A ç ã o '. l Hc) R e g u l a r i z a ç ã o da Estocagem . l H

D ) INDUSTRIA 1 1 6

1 . C a r a c t e r í s t i ca s d o Processo Bras i le i ro 1 1 6

2 . I nd ú s t r i a s M et a lú r g i ca s 1 1 8

a) S i d er u r g i a 1 1 8

b) M e t a l u r g i a d os Não- F er ros os 1 1 9c) M e câ n i ca P es a d a 121

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242 -P á g s .

3. Produção Au t o m o b i l í s t i c a c F a b r ica ção de T ra tore s 122

a) I n dús t r i a A u t o m o b i l í s t i c a 122

b) Fabricação d e Tratores 124

4 . C o n s t ru ç ã o N a v al • . . . . 1 2 5

5. O u t r a s Indúst r ias 1 26

a) P e t roquímica 126

b) A l c a l i s 127

c ) P rodutos F a rma cê ut icos 1 28

d) Celulose , Papel e Papelão 130e ) C i m e n t o 130

E ) P R O G R A M A S D E INTEGRAÇÃO N A C I O N A L 1 3 1

1. Correção dos Desequi l íbrios R e g i o n a i s 131

2. A m a z ô n i a 1 34

3. Nordes t e 137

4 . Cen t ro-Oc s t e 14 4

5. V a l e d e S ã o Francisco 1 48

6. Fronte ira Sudoe s te 152

IV — PROGRESSO SOCIAL

A ) DESENVOLVIMENTO C U L T U R A L 1 61

1. Ed ucação 161

2. Ciê n c ia e D esen volv imen to 174

B ) T R A B A L H O E PREVIDÊNCIA SOCIAL 1 77

1. Trabalho 177

2. Previdência 182

C ) SAQDE P U B L I C A 187

1. S i tua ção Atua l e N e c e s s i d a d e s 1 87

2. R e a l i z a ç õ e s 1 92

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7/15/2019 Joao Goulart - Mensagem Ao Congresso Nacional 1964

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