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ATIVIDADE CAPOEIRA 1 E 2 CAPOEIRA NA ESCOLA: JOGANDO COM A HISTÓRIA PROFESSORES DENISE MENDES História EDUARDO TADEU COSTA Educação Física

jogando com a história - TV Escola · 2. Estatística do Povoamento/ População escrava e negra, com diversos gráficos, como os exem-plos a seguir. DEsEMbArquE EsTIMADo DE AFrIcAnos

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ATIVIDADEcApoEIrA 1 E 2

cApoEIrA nA EscolA:

jogando com a história

proFEssorEsDEnIsE MEnDEs história

EDuArDo TADEu cosTA Educação Física

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AprEsEnTAçãoa capoeira abordada nos documentários remete-nos ao fato de que, mais do que lutar, tocar, cantar ou dançar, o ato de exercê-la é reconhecido como “jogar capoeira”. os professores de história e Educação Física podem desenvolver conteúdos em parceria, utilizando o “jogo” como ponto de partida. Para a história, o professor poderá abordar a capoeira quando tratar da colonização, escravidão e participação da cultura africana no Brasil colonial, Brasil império, Primeira repú-blica, etc. Para a Educação Física poderão ser trabalhados os principais movimentos do jogo, a musicalidade dos toques, além de ser feita uma

reflexão a respeito da competitividade.

sInopsE Do progrAMAmodalidade que reúne história, arte, dança e luta; essa é a capoeira. Um esporte que foi símbolo da luta e da resistência dos negros e que hoje é um patrimônio cultural de todos os brasileiros. os episódios da série “atividade” apresentam os fundamentos básicos da capoeira e revelam como ela pode ser bem aproveitada no ambiente escolar. no trabalho interdisciplinar de história e Educação Física, os professores convidados do programa “sala de Professor” exploram a tradição e os conhecimentos da capoeira em

atividades com muita arte e música.

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sala de professor capoeira 1 e 2 3

(colônia, império, Primeira república, Era Vargas), geralmente trabalhados no 2º e 3º anos do Ensino médio. o trabalho com diferentes temporalidades proporcionará a identificação das transformações ocorridas na prática da capoeira – definição, grupos praticantes, legislação, contribuição cultural.

o professor de história poderá propor diversas ativi-dades aos alunos, como a pesquisa sobre a origem da capoeira e a análise do dossiê “inventário para registro e salvaguarda da capoeira como patrimônio cultural do Brasil”, elaborado em 2007 pelo iPhan - instituto do Patrimônio histórico e artístico nacional.

segundo o dossiê, as origens da capoeira reme-tem basicamente a três mitos fundadores:

1. A capoeira nasceu na África Central e foi trazida intacta por africanos escravizados.

2. A capoeira é criação de escravos qui-lombolas no Brasil.

3. A capoeira é criação dos índios, daí a origem do vocábulo que nomeia o jogo.

As três hipóteses geram questões ainda não resolvi-das. Embora estudos recentes tenham comprovado a existência de danças guerreiras similares à capo-eira não apenas na África central, mas em outros países que fizeram parte da diáspora negra (a ladja da martinica é uma delas), não se pode negar que as culturas são construídas a partir das influências que as cercam, o que gera tanto rupturas quanto continuidades. Portanto, além da comprovação da raiz africana, é preciso reconhecer as mudanças e contribuições que ocorreram em solo brasileiro. Fonte: ministério da cultura – Bem cultural registrado. disponível em: <www.iphan.gov.br/bcrE/pages/folBemCultu-ralRegistradoE.jsf>.

os documentários “capoeira 1 e 2”, da série ativida-de, poderão ser utilizados pelo professor como ponto de partida para o desenvolvimento dos conceitos de escravidão, abolição, tráfico negreiro, coloniza-ção, patrimônio imaterial e herança cultural. a atividade proposta também trabalha a reflexão sobre as relações históricas entre Brasil e o continente afri-cano. sugerimos que o professor, antes de exibir os filmes, abra uma roda de discussão para os alunos compartilharem o que conhecem sobre a capoei-ra. a discussão poderá ser conduzida por meio de questionamentos motivadores que proporcionarão a aproximação dos alunos ao tema. seguem exemplos de perguntas para a condução da discussão:

01. O que é a capoeira (dança, jogo, luta, esporte, filosofia, tradição)?

02. Qual a sua origem (africana, brasileira, indí-gena)?

03. Quem praticava a capoeira (escravos, liber-tos, homens livres, malandros, pobres, aris-tocratas, militares, intelectuais)?

04. Com que objetivo ela era praticada (brinca-deira, jogo, treino, resistência, ataque)?

05. Os capoeiristas eram bem vistos pela socie-dade? Por quê?

06. Algum aluno joga (ou jogou) capoeira?

após a discussão, os documentários serão exi-bidos e comentados pelos alunos em aula, que poderá ser compartilhada com a disciplina de Educação Física.

É importante que a atividade proposta esteja con-textualizada no curso, para que os alunos possam retomar conceitos já trabalhados (escravidão, es-cravismo, tráfico negreiro, colonização, abolição do trabalho escravo, etc.) e relacioná-los às infor-mações coletadas. Uma sugestão é incluir essa atividade em um dos conteúdos de história do Brasil

Um olhar Para o docUmEntÁrio a Partir da hIsTórIA

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sala de professorcapoeira 1 e 24

a pesquisa tem como objetivo levantar informa-ções sobre as possíveis origens da capoeira, bem como conhecer outras práticas relacionadas, como a bassula, n’golo, cabangula, umundinhú, etc. dicionários e enciclopédias digitais servem como ponto de partida para a pesquisa.

a seguir, o professor aprofunda o estudo da rela-ção histórica entre o Brasil e o continente africano, estabelecida a partir do século XVi, com o início do tráfico negreiro. Tabelas e gráficos disponíveis no site do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - são excelentes para a análise dos

dados sobre a chegada de africanos escraviza-dos no Brasil ao longo dos séculos. o professor poderá selecionar o material previamente ou, se houver laboratório de informática disponível com acesso à internet, indicar o endereço eletrônico para pesquisa, disponível em: <www.ibge.gov.br/brasil500/home.html>. nesse site há duas bases para a pesquisa:

1. território Brasileiro e Povoamento/ Presença negra2. Estatística do Povoamento/ População escrava

e negra, com diversos gráficos, como os exem-plos a seguir.

DEsEMbArquE EsTIMADo DE AFrIcAnos - quInqüEnIo 1781-1790 A 1851-1855

Fonte: Brasil: 500 anos de povoamento. rio de janeiro: iBgE, 2000. apêndice: Estatísticas de 500 anos de povoamento. P. 223. disponível em: <www.ibge.gov.br/brasil500/tabelas/negros_desesembarques.htm>. acesso em 1 de outubro de 2012.

300.000

250.000

200.000

150.000

100.000

50.000

0

1786

-179

017

91-1

795

1796

-180

018

01-1

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1806

-181

018

11-1

815

1816

-182

018

21-1

825

1826

-183

018

31-1

835

1836

-184

018

40-1

845

1846

-185

018

51-1

855

DEsEMbArquE EsTIMADo DE EscrAVos AFrIcAnos no brAsIl, por procEDêncIA rEgIonAl

pEríoDosDEsEMbArquE EsTIMADo DE EscrAVos AFrIcAnos procEDêncIA rEgIonAl

ToTAl cosTA Do MArFIM AngolA

1701-1710 153700 83700 70000

1711-1720 139000 83700 55300

1721-1730 146300 79200 67100

1731-1740 166100 56800 109300

1741-1750 185100 55000 130100

1751-1760 169400 45900 123500

1761-1770 164600 38700 125900

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sala de professor capoeira 1 e 2 5

pEríoDosDEsEMbArquE EsTIMADo DE EscrAVos AFrIcAnos procEDêncIA rEgIonAl

ToTAl cosTA Do MArFIM AngolA

1771-1780 161300 29800 131500

1781-1790 178100 24200 153900

1791-1800 221600 53600 16800

1801-1810 206200 54900 151300

ToTAl 1891400 605500 1285900

Fonte: Brasil: 500 anos de povoamento. rio de janeiro: iBgE, 2000. disponível em: <www.ibge.gov.br/brasil500/negros/origem.html>. acesso em 2 de outubro de 2012.

populAção EscrAVA no brAsIl no século XIX, sEgunDo As rEgIõEs - 1864/1887

rEgIõEs 1864 1874 1884 1887

Brasil 1 715 000 1 540 829 1 240 806 723 419

Extremo norte 101 000 107 680 70 394 43 981

amazonas 1 000 1 545 ... ...

Pará 30 000 31 537 20 849 10 535

maranhão 70 000 74 598 49 545 33 446

nordeste 774 000 435 687 301 470 171 797

Piauí 20 000 23 434 16 780 8 970

ceará 36 000 31 975 ... 108

rio grande do norte 23 000 13 634 7 209 3 167

Paraíba 30 000 25 817 19 165 9 448

Pernambuco 260 000 106 236 72 709 41 122

alagoas 50 000 36 124 26 911 15 269

sergipe 55 000 33 064 25 874 16 875

Bahia 300 000 165 403 132 822 76 838

sudeste 745 000 856 659 779 175 482 571

minas gerais 250 000 311 304 301 125 191 952

Espírito santo 15 000 22 297 20 216 13 381

rio de janeiro 300 000 301 352 258 238 162 421

corte 100 000 47 084 32 103 7 488

são Paulo 80 000 174 622 167 493 107 329

oeste e sul 95 000 140 803 89 767 25 070

Paraná 20 000 11 249 7 768 3 513

santa catarina 15 000 15 250 8 371 4 927

rio grande do sul 40 000 98 450 60 136 8 442

mato grosso 5 000 7 054 5 782 3 233

goiás 15 000 8 800 7 710 4 955

Fonte: REIS, João José. Presença Negra: conflitos e encontros. In: Brasil: 500 anos de povoamento. Rio de Janeiro: IBGE, 2000. P. 91. disponível em: <www.ibge.gov.br/brasil500/tabelas/negros_regioes.htm>. acesso em 02 de outubro de 2012.

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sala de professorcapoeira 1 e 26

A capacitação para a leitura de tabelas e gráficos é fundamental para os alunos, visto que cada vez mais essa linguagem é utilizada nos meios de comunicação, em estudos acadêmicos para orga-nização de dados e exposição de temas.

após a pesquisa sobre a origem da capoeira e a análise dos dados das tabelas, os alunos poderão produzir um texto expositivo, buscando organizar as informações e relacioná-las às regiões (Brasil e África) com tradição na prática da capoeira.

As produções realizadas nas diversas etapas da atividade podem ser avaliadas conforme critérios estabelecidos pelo professor e apresentados aos alunos. a capacidade de organização e seleção de

dados, a produção de textos, a participação nas discussões em grupo, a apresentação de conclu-sões, entre outras habilidades, serão trabalhadas ao longo do processo, podendo ser avaliadas pelo professor e pelos participantes também.

a próxima etapa da atividade é a leitura de ima-gens. Os documentos iconográficos produzidos no século XiX são os primeiros registros visuais sobre a capoeira. os alunos irão analisar e descrever as imagens, para depois compararem com imagens produzidas pelo fotógrafo e etnólogo francês Pierre Verger no século XX, na cidade de salvador (Ba). a comparação deve atentar para o local da prática, os personagens, as vestimentas, os instrumentos, etc. A seguir, algumas sugestões de imagens.

”negros lutando, Brazil” - augustus Earle (1822). “Escravo tocando berimbau” - jean-Baptiste debret (1824).

As fotografias de Pierre Verger foram realizadas entre as décadas de 1940 e 1970. Selecionamos três das sessenta fotografias disponíveis para consulta. Para a obter as fotografias é necessário clicar no seguinte caminho no site: www.pierreverger.org u Fototeca u América u brasil u Bahia u salvador u capoeira

salvador, 1946-1948 (acervo n.26596) salvador, 1946-1978 (acervo n.26600) salvador, 1946-1947 (acervo n.26404)Fonte: disponível em: <www.pierreverger.org>.

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sala de professor capoeira 1 e 2 7

Esta etapa da reflexão sobre a história da capoeira no Brasil baseia-se na leitura de trechos de documentos e textos acadêmicos que enfocam a legislação sobre essa prática. seleção de textos sugeridos:

art. 403. no caso de reincidência será aplicada ao capoeira, no grau máximo, a pena do art. 400.

Parágrafo único. se for estrangeiro, será deportado depois de cumprida a pena.

art. 404. se nesses exercícios de capoeiragem per-petrar homicídio, praticar alguma lesão corporal, ul-trajar o pudor público e particular, perturbar a ordem, a tranquilidade ou segurança pública ou for encontra-do com armas, incorrerá cumulativamente nas penas cominadas para tais crimes.

Fonte: código Penal – decreto número 847. disponível em: <www6.senado.gov.br/legislacao/ListaNormas.action?nu-mero=847&tipo_norma=DEC&data=18901011&link=s>. acesso em 3 de outubro de 2012.

TEXTo 1 – cóDIgo pEnAl – DEcrETo núMEro 847, DE 11 DE ouTubro DE 1890.

capítulo Xiii -- dos vadios e capoeiras

art. 402. Fazer nas ruas e praças públicas exercício de agilidade e destreza corporal conhecida pela de-nominação capoeiragem: andar em carreiras, com armas ou instrumentos capazes de produzir lesão corporal, provocando tumulto ou desordens, amea-çando pessoa certa ou incerta, ou incutindo temor de algum mal;

Pena -- de prisão celular por dois a seis meses.

a penalidade é a do art. 96.

Parágrafo único. É considerada circunstância agravan-te pertencer o capoeira a alguma banda ou malta. aos chefes ou cabeças, se imporá a pena em dobro.

TEXTo 2 – cArTA DA coMIssão MIlITAr, 1821.

representação apresentada pela comissão militar designada para estudar a questão dos capoeiras, cujas sugestões foram vigoradas pelo Príncipe Re-gente, por portaria do ministério da guerra de 5 de dezembro de 1821.

illmo. sr.

tendo a comissão militar, que exerce o governo das armas desta corte e província, reconhecendo a neces-sidade urgente de serem castigados pública e peremp-toriamente os negros capoeiras, presos pelas escoltas militares em desordens, e reprovando inteiramente o sistema seguido pelo intendente geral da Polícia, de os mandar soltar, uma vez que não tenham culpa forma-da em juízo, do qual resulta dano a seus senhores, que são obrigados a pagarem as despesas da cadeia e uma perturbação contínua à tranquilidade e sossego públi-cos, e até à segurança da propriedade dos cidadãos; visto que pela falta de castigos de açoite, únicos que os atemoriza e aterra, se estão perpetrando mortes e feri-mentos, como tem acontecido há poucos dias, que se tem feito seis mortes pelo referidos capoeiras, e muitos ferimentos de facadas: e havendo a mesma comissão militar tomado as medidas que estão de sua parte, não é possível que preencham os fins a que atende sem que se tomem a que fica apontada, como única que pode concorrer para o bom resultado que convém; como,

porém, o referido intendente, ou por falta de energia, ou por não estar bem ao alcance das perigosas con-sequências, que se devem esperar-se tratar por meios de brandura àquela qualidade de indivíduos: lembra a comissão militar a V. Exa. que, quando seja do agra-do de s.a.r., pode cometer-se a disposição daqueles castigos ao coronel comandante da guarda real da Polícia a fim de efetuarem -- logo que o pretos forem presos em desordens, ou com alguma faca, ou ins-trumento suspeitoso, porque com tal medida aparece o exemplo público, e aos senhores dos escravos a vantagem de não pagarem as despesas da cadeia, que nada concorre para a emenda dos escravos, que não atendem a este prejuízo por lhe não ser sensível, s.a., porém, à vista do exposto, determinará o que julgar mais justo, e em benefício do bem público.deus guarde a V. Exa. Quartel-general da guarda Velha, 29 de novembro de 1821.

ilmo. sr. carlos Frederico de Paula jorge de avilez ingarte de souza tavaresFrancisco saraíva da costa refoiossimeão Estelita gomes da Fonseca

Fonte: carta de comissão militar 1821. disponível em: <pt.wikisource.org/wiki/Carta_da_Comiss%C3%A3o_Militar_do_Rio_de_Janeiro_de_1821>. acesso em 3 de outubro de 2012.

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TEXTo 3 – cAnTo DE cApoEIrA “DonA IsAbEl” (MEsTrE TonI VArgAs).

código Penal da república dos Estados Unidos do Brasildecreto número 847de 11 de outubro de 1890

Fazer nas ruas e praças públicas,Exercícios de agilidade e destreza corporalconhecido pela denominação “capoeiragem”andar em correrias com armas e instrumentos,capazes de produzir lesão corporal,Provocando tumulto ou desordem,ameaçando pessoas certas ou incertasou incutindo temor de algum mal.Pena: de prisão celular de 2 a 6 meses.

É considerável circunstância agravante,Pertencer o capoeira a algum bando ou maúreaaos chefes ou cabeçasse em porá pena em dobro

iêêêêêê

dona isabel que história é essadona isabel que história é essade ter feito aboliçãode ser princesa boazinha que libertou a escravidãoto cansado de conversa,to cansado de ilusãoabolição se fez com sangue que inundava este paísQue o negro transformou em luta,

a partir da leitura desses três textos, os alunos produzirão um texto dissertativo sobre a capoeira antes da década de 1940, quando sua prática era considerada crime e reprimida pela polícia do Bra-sil império e da Primeira república.

A seguir, o professor proporá uma nova reflexão por meio de questões como:

Por que durante o governo de Getúlio Vargas a capoeira deixou de ser considerada crime?

os alunos devem pesquisar a ideologia naciona-lista e a legislação da época (ver código Penal – decreto nº 2.848, de 1940, bem como o decreto nº 3.199, de 1941).

Quais mudanças ocorreram em relação à prática da capoeira? O que justificaria essa nova concepção?

com base nas mudanças ocorridas sob o governo Vargas, os alunos poderão estudar o surgimento de uma “capoeira institucionalizada”, isto é, regula-mentada. Era uma prática de rua que passou a ser ensinada nos espaços fechados das academias. Para compreender esse período, sugerimos o es-tudo das duas modalidades que se configuram: a “capoeira angola”, do mestre Pastinha, e a “capoeira regional”, do mestre Bimba. os alunos organizarão um quadro sobre as duas modalidades, buscando informar sobre suas características, propostas, ins-trumentos usados, movimentos, ritmos, vestimentas, regiões do Brasil onde são mais praticadas, etc.

cansado de ser infelizabolição se fez bem antes e ainda há por se fazer agoracom a verdade da favela,E não com a mentira da escoladona isabel chegou a horade se acabar com essa maldadeDe se ensinar aos nossos filhos,o quanto custa a liberdadeViva Zumbi nosso rei negro,Que fez-se herói lá em PalmaresViva a cultura desse povo,a liberdade verdadeiraQue já corria nos Quilombos,E já jogava capoeira

iêêê viva Zumbi...iêê viva Zumbi camaráiêêê rei de Palmaresiêê rei de Palmares camaráiêê libertador

iêê libertador camaráiêêê viva meu mestreiêê viva meu mestre camaráiêêê quem me ensinou

iêê quem me ensinou camaráiêêê a capoeiraiêê a capoeira camará

Fonte: disponível em: <letras.mus.br/mestre-toni-vargas/ 1354725/#selecoes/353001/>.

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sala de professor capoeira 1 e 2 9

Para finalizar, sugere-se que os alunos respondam à questão:

Por que a capoeira é considerada um patrimônio cultural brasileiro?

as etapas anteriores de pesquisa, leitura de textos verbais e não verbais, gráficos e tabelas, orga-nização de dados e discussões devem servir de fundamento para as justificativas e conclusões. Os alunos podem consultar o site do iPhan <www.iphan.gov.br> e buscar informações complemen-tares sobre o processo de registro da capoeira como um patrimônio imaterial do Brasil.

recomenda-se que a avaliação sempre aconteça ao longo do processo. Portanto, alguns instrumentos de avaliação podem ser adotados, como: verificação de leitura de documentos, com produção de texto síntese ou mapa-conceitual; leitura de imagens, gráficos e tabelas (observação, descrição, análise e conclusão), levantamento e organização de infor-mações (seleção de dados, pertinência do tema, apresentação), produção de texto (critérios como

MATErIAl

computador com acesso à internet;

textos e imagens selecionados impressos;

caderno, caneta, lápis.

ETApAs

roda de conversa sobre a capoeira (conheci-mentos prévios);

Exibição dos documentários e discussão das primeiras impressões;

Pesquisa sobre as origens da capoeira;

aprofundamento do estudo sobre a relação histórica entre Brasil e África a partir da inter-pretação de gráficos e tabelas sobre o tráfico negreiro e a população negra no Brasil;

leitura comparativa de imagens de diferentes épocas;

leitura e análise de textos sobre a capoeira até os anos 1940;

Estudo sobre a Era Vargas e a nova legislação sobre a capoeira;

Pesquisa sobre as modalidades (angola e regio-nal) e organização de quadro sobre elas;

Justificativa para o registro da capoeira como patrimônio cultural brasileiro.

VEjA MAIs

documentário da série 500 anos – o Brasil império na tV – Ep. 5. disponível em: <tvescola.mec.gov.br/index.php?option=com_zoo&view=item&item_id=4798>.

documentário (Porta curtas) maré capoeira. disponível em: <portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecni-ca.html?id=16347>.

artigo sobre mestre Bimba, na revista de história da Biblioteca nacional. disponível em: <www.revista-dehistoria.com.br/secao/artigos/mestre-bimba>.

coesão e coerência, ortografia, uso de vocabulário específico, uso da norma culta, etc.) e exposição oral da pesquisa (fluência no tema, clareza de ideias, adequação do vocabulário e expressões).

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sala de professorcapoeira 1 e 210

Um olhar Para o docUmEntÁrio a Partir da EDucAção FísIcA

o jogo da capoeira, na perspectiva da Educação Físi-ca, é brincar de lutar com um conjunto de movimentos que, animados por ritmos e cantos, envolvem gingas, giros, apoios invertidos, saltos, golpes, esquivas, si-

mulações de ataques e outras dissimulações. Para abrir esta roda e trazer a capoeira, jogo composto por repertório diverso e lúdico, recorremos ao mestre tony Vargas e uma de suas famosas ladainhas:

uMA VEZ pErgunTArAM A sEu pAsTInhA

É um lamento na senzalaÉ um corpo arrepiadoUm berimbau bem tocadoo riso de um menininhocapoeira é o voo de um passarinhoBote de cobra coralsentir na bocatodo o gosto do perigoE sorrir para inimigoapertar a sua mãoÉ o grito de ZumbiEcoando no quilomboÉ se levantar de um tomboantes de tocar o chãoÉ o ódioE a esperança que nasceUm tapa explodiu na face

Foi arder no coraçãoEnfimÉ aceitar o desafiocom vontade de lutarcapoeira é um pequeno naviosolto nas ondas do marÉ um barquinho pequeninosolto nas ondas do marUm barco que segue sem destinosolto nas ondas do marÉ um barquinho de um meninosolto nas ondas do mardevagar na vida, peregrinosolto nas ondas do marÉ um peixe, é um peixinhosolto nas ondas do mar

Aspectos como comportamentos, sensações e situ-ações pertinentes ao universo deste jogo podem ser discutidos com os alunos a partir desta ladainha. a presença dos termos “jogo” e “brinquedo” ao iniciar a conceituação de capoeira, emprega credibilidade à ideia de ser uma brincadeira de luta. Este brin-car de lutar na escola só se faz possível quando a cooperação e o respeito entre os jogadores perma-necem como valores, pois sem a presença destas atitudes, a brincadeira de capoeira deixa de existir.

Entendemos também que a melhor maneira de se aprender uma brincadeira é brincando, por-tanto, propomos adaptações de jogos populares para o desenvolvimento da capoeira nas aulas de Educação Física. a primeira proposta considera o trabalho com os ritmos.

a musicalidade é o elemento central na capoeira. Por meio de seus cânticos, revela sua filosofia, apresentando sua história, seus fundamentos, al-gumas lições e, entre outras, situações vividas por antigos e recentes capoeiristas. Por meio de seus ritmos, nos mostra uma diversidade de códigos e experiências sonoras ancestrais. dentre os códi-gos, o ritmo do berimbau define o estilo de jogo a ser jogado.

considerando os toques de são Bento grande, de angola, e a reação que os alunos devem ter em função de um ou de outro, a primeira adaptação de brincadeira proposta, denominada aqui de “an-gola ou regional”, consiste em um jogo entre dois grupos. Um dos grupos será definido como o dos alunos do mestre Pastinha - portanto angoleiros -

iê!Uma vezPerguntaram a seu Pastinhao que é a capoeiraE elemestre velho e respeitadoFicou um tempo caladorevirando a sua almadepois respondeu com calmaEm forma de ladainhaa capoeiraÉ um jogo, é um brinquedoÉ se respeitar o medoE dosar bem a coragemÉ uma lutaÉ manha de mandingueiroÉ o vento no veleiro

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e o outro como o dos alunos do mestre Bimba, ou seja, capoeiristas regionais. neste momento o pro-fessor poderá discutir as características dos dois estilos, o perfil destes grandes mestres, a rivalida-de histórica entre estes estilos e seus capoeiristas, entre outras questões.

a partir disso, o professor organizará os grupos em fileiras, com os alunos de costas um para o outro, tendo a linha que divide o campo de jogo, de preferência em uma quadra, como referência. Cada fileira terá em sua frente, a uma distância de aproximadamente dez metros, uma linha que será o pique. o professor, na linha que divide os grupos, com o berimbau ou com o apoio de uma aparelha-gem de som, executará um dos toques: são Bento grande ou angola. se executar o toque de angola, os angoleiros deverão se virar e perseguir os ca-poeiras regionais, que tentarão fugir até o pique antes de serem tocados, e vice-versa. ganhará o grupo que, após algumas rodadas, pegar o maior número de oponentes. É uma atividade de atenção e agilidade, salientando a necessidade de se ouvir o berimbau ao jogar capoeira.

a segunda atividade parte dos documentários em análise, e também tem sua dinâmica baseada nos ritmos. a partir do contato dos alunos com os mo-vimentos mostrados nos documentários - como a ginga, as esquivas, a cocorinha, as negativas, a meia lua de frente, a armada, a queixada, o aú, entre outros - o professor poderá aplicar pequenos jogos onde estes movimentos serão trabalhados em duplas, assim como o contexto histórico que permeia a capoeira.

a adaptação proposta baseia-se no jogo conhe-cido como duro ou mole americano, que aqui chamaremos de “sinal de fuga”. nesta atividade, os alunos espalhados pela quadra ou em um pá-tio iniciam gingando em duplas, orientados pelo som do berimbau, que pode ser executado pelo professor, por um aluno ou mesmo emitido por um aparelho de som.

três serão os ritmos tocados pelo berimbau: são Bento grande, angola e cavalaria. os alunos, aten-tos ao ritmo executado, deverão em um primeiro momento gingar em duplas conforme o ritmo.

manoel dos reis machado, o mestre Bimba, criador da capo-eira regional, em salvador. Foto: arquivo/agência a tarde

Vicente joaquim Ferreira Pastinha, mais conhecido como mestre Pastinha, foi o maior propagador da capoeira de angola.

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caso ouçam o são Bento grande, deverão realizar uma movimentação mantendo o corpo mais ereto e veloz, caso ouçam o toque de angola, deverão gingar de modo lento, aparentemente displicente e mais próximo ao solo.

o professor deverá alterar o ritmo, fazendo com que o aluno perceba esta mudança e altere sua forma de gingar considerando o toque que é executado. Em um dado momento, o professor passará a exe-cutar o toque de cavalaria, apontando para uma dupla qualquer. o toque de cavalaria, segundo a história oral da capoeira, era um toque de alerta. Ele era executado em situação de perigo para o grupo que jogava, indicando que os capoeiristas deveriam parar de jogar, observar a situação e tomar uma decisão sobre como agir, fugindo ou enfrentando possíveis opressores. na atividade proposta, os alunos apontados passarão a perseguir os demais, transformando-se em capitães do mato ou Policiais, cujo papel é o de capturar os escravos fugidos ou capoeiristas, remetendo este momento da atividade ao período colonial ou ao período em que a capoei-ra foi proibida no Brasil.

os perseguidores deverão tocar naqueles que es-tão fugindo; estes, ao serem pegos, permanecerão na posição da cocorinha. aqueles que estão livres poderão libertar os capturados, bastando para isto passar a perna sobre os acocorados, executando um dos golpes ofensivos aprendidos no documen-tário. o professor, para criar uma dinâmica divertida para o jogo, deverá alterar rapidamente a execução dos toques, gerando diferentes situações de movi-mento, requerendo sempre a atenção dos alunos.

de acordo com seus objetivos, ou com as carac-terísticas da turma, o professor poderá indicar diferentes posições para aqueles que são pegos, bem como diferentes formas para salvá-los. na medida em que o jogo avança, o professor poderá também dificultar a salvação, aumentando o núme-ro de movimentos a serem feitos, tanto por quem salva (aluno b), como por aquele que está sendo salvo (aluno a). Por exemplo, o “aluno a” pego fica acocorado, o “aluno b” executa uma armada sobre o “aluno a” para salvá-lo, que responde com uma rasteira, levando o “aluno b” a executar um aú.

Muitas podem ser as variações, como muitos podem ser os jogos a serem adaptados. além de

jogos de perseguição, usados aqui tendo o som do berimbau como orientador, podem ser adaptados jogos de observação, de expressão, de reflexos, de roda, de estafetas, entre outros.

o ato de brincar pode trazer elementos à meto-dologia que auxiliarão o professor na condução e no desenvolvimento do conteúdo proposto. Ele pode se constituir como um elemento mediador da prática pedagógica. Brincando, o aluno será capaz de revelar e reproduzir seu cotidiano social com riqueza de detalhes, fato que propiciará ao professor a percepção do conhecimento prévio do aluno e seu nível de compreensão sobre de-terminados assuntos. o professor poderá utilizar estas informações para compor sua base didática ou usar o caminho inverso, ou seja, brincar com os papéis sociais e elementos da capoeira para depois construí-la.

Atualmente há uma grande discussão sobre o lugar do movimento técnico na Educação Física escolar. Sem nos esquivarmos dela, cremos que a téc-nica permite o bom desenvolvimento do jogo da capoeira, além de proteger os praticantes de acidentes. Um mo-vimento feito conscientemente e bem estruturado permite que a capoeira seja jogada, ou seja, propicia articu-lação e fluência entre as sequências de ataques, defesa e contra ataques, característicos desta brincadeira de luta. Para que a capoeira seja real-mente um jogo, principalmente no Ensino Médio, a técnica deverá ser ensinada e também avaliada.

Partindo do documentário, onde se observa a execução individual dos movimentos da capoei-ra, classificados ali como ofensivos, defensivos e acrobáticos, o professor poderá realizar trabalhos em duplas. a criação de sequências poderá ser sugerida, tal como fazia mestre Bimba, conduzindo os alunos à execução técnica e coordenada dos movimentos. Para tanto, indicamos duas sequên-cias simples para o início desta atividade:

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MATErIAl

Berimbau ou aparelho de som;

cd com ritmos da capoeira no berimbau.

ETApAs

discussão com os alunos a partir da ladainha “Uma vez perguntaram a seu Pastinha”, acerca da compreensão de capoeira ali proposta;

aplicação da atividade adaptada “angola ou regional”;

aplicação da atividade adaptada “sinal de Fuga”;

Execução de sequências em duplas e criação de novas sequências.

Vale dizer que estas sequências devem ser executa-das pelos alunos respeitando a ordem proposta, de 1 a 6, e podem ser iniciadas diretamente pelos golpes, mas quando assimilados, torna-se importante que a ginga preceda o início da execução. outra considera-ção importante é que o professor deverá orientar os alunos para que eles realizem seus golpes do modo correto, explicando a função e as diferenças entre eles. É preciso explicar que no jogo da capoeira evi-tam-se bloqueios e movimentos que vão de encontro a outros. Por exemplo, se recebo um golpe rodado que chega pelo meu lado direito, devo esquivar-me preferencialmente para o meu lado esquerdo.

tendo as duas sequências propostas como ponto de partida, o professor poderá construir com os alunos - considerando o repertório existente entre estes, ou mesmo pesquisando outros movimentos que não constam no documentário - sequências novas e me-lhor estruturadas. nestas novas sequências, técnica, fluência e atitude cooperativa devem coexistir.

muitas vezes, ao observarmos as práticas cor-porais na escola, verificamos que somos sitiados pelo comportamento competitivo. Valorizamos demais os vencedores e a competição que, em sua forma extrema, no caso da capoeira, torna a todos perdedores, sejam aqueles que jogam ou os que assistem. insistimos que para brincar de capo-eira é necessária a confiança mútua entre os que jogam; é imprescindível agrupar interesses e talen-tos individuais em unidade coletiva, onde o tocar, o cantar e o lutar sejam interdependentes e formem um ambiente cooperativo, vibrante e atraente.

sEquêncIA 01

Aluno A Aluno b

01 meia lua de Frente 02 cocorinha

04 Esquiva 03 Benção

05 aú 06 aú

sEquêncIA 2:

Aluno A Aluno b

01 martelo 02 Esquiva

04 cocorinha 03 armada

05 Queixada 06 aú

A

A

B

B

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MATErIAl

o material dependerá do tipo de jogo criado pelos alunos.

Uma conVErsa EntrE as DIscIplInAs

na aproximação entre as disciplinas de história e Educação Física pela capoeira, podemos trabalhar conteúdos da história desse esporte, juntamente com os componentes lúdicos envolvidos na adaptação de jogos propostos aos alunos. assim, o professor organiza a turma em grupos de alunos e lança um “desafio”: a criação de um jogo que contemple em suas regras aspectos históricos combinados aos movimentos da capoeira, como aqueles que foram desenvolvidos anteriormente.

cada grupo, seguindo o modelo da segunda ativida-de já desenvolvida em Educação Física, denominada “sinal de fuga”, irá acrescentar novas regras ao jogo, baseando-se nas informações históricas pesquisadas e nos movimentos e/ou nas sequências de capoeira desenvolvidos. Por exemplo, os alunos devem indicar o período histórico em que o jogo está ocorrendo e, portanto, explicar se determinados movimentos valem ou não, conforme a regra estabelecida previamente.

como forma de avaliação, poderão ser utilizados componentes da capoeira como jogo e como prática corporal contextualizada. os professores poderão avaliar as brincadeiras ou os jogos criados pelos alu-nos por meio dos seguintes pontos:

a) O contexto em que o movimento da capoeira foi inserido;

b) A função desse movimento no jogo;c) O movimento reproduzido (ou a sequência dele)

em si;d) Se o jogo criado propicia a participação de to-

dos os alunos;e) Se o jogo criado estimula ou desenvolve saberes

e habilidades próprias da capoeira;f) Se há relação entre o contexto sociocultural da

capoeira e o jogo criado.

outro instrumento que pode ser utilizado como ativida-de interdisciplinar é a música da capoeira. comumente elas têm uma história, um causo ou contam sobre os

mestres e sobre os praticantes de capoeira. Em uma situação de avaliação no Ensino médio, o professor poderá solicitar que o aluno, por meio da letra da músi-ca, fale da capoeira, relacionando-a aos conteúdos de história e Educação Física. o professor pode indicar tópicos que devem constar na avaliação, tais como a origem da capoeira, os grandes mestres e seus feitos, ou deixar a criação livre e avaliar o que foi mais mar-cante para cada aluno. com estes dados em mãos, o professor poderá verificar o que foi apreendido ou não, reprogramando uma segunda etapa deste curso.

ETApAs

recriação de jogos relacionados à capoeira, aproximando-os aos conteúdos trabalhados pela história e pela Educação Física;

criação de músicas de capoeira.

VEjA MAIs

portal do professor – conteúdo multimídia (palavra-chave caPoEira). há outras propostas de atividades com o tema. disponível em: <portal-doprofessor.mec.gov.br/recursos.html>.

Salto para o Futuro – reportagem – capoeira in-clusiva. disponível em: <tvescola.mec.gov.br/index.php?option=com_zoo&view=item&item_id=6357>.

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sugEsTõEs dE lEitUra E oUtros rEcUrsos

lIVros E rEVIsTAs

sITEs E ouTros rEcursos

FIlMEs E DocuMEnTárIos

BarrEto, josé de jesus. Pastinha, o menino que virou mestre de capoeira. ilustração cau gomez. salvador: solisluna, 2011.

silVa, gladson de o. & hEinE, Vinicius. Capoeira, um instrumento psicomotor para a cidadania. são Paulo: Phorte, 2008.

soarEs, carlos Eugênio l. A capoeira escrava e outras tradições rebeldes no Rio de Janeiro - 1808-1850. são Paulo: Unicamp, 2004.

dEaltrY, giovanna. “Ginga em papel couché”. revista de história da Biblioteca nacional. 24/01/2011. disponível em: <www.revistadehistoria.com.br/secao/perspectiva/ginga-em-papel-couche>. acesso em 12 de outubro de 2012.

iPhan - instituto do Patrimônio histórico e artístico nacional (Bem Cultural Registrado - Roda de Capoeira – Dos-siê de Registro). disponível em: <www.iphan.gov.br/bcrE/pages/folBemCulturalRegistradoE.jsf#>. acesso em 05 de outubro de 2012.

sEraFim, jhonata goulart, aZErEdo, jeferson luiz de. A (des) criminalização da cultura negra nos Códigos de 1890 e 1940. amicus curiae, v. 6, n. 6 (2009), 2011. disponível em: <www.scribd.com/doc/102776384/Amis-Curie-Direito-Unesc-Eu-e-Jhonata>. acesso em 2 de outubro de 2012.

bEsouro. direção: joão daniel tikhomiroff. roteiro: Patrícia andrade, joão daniel tikhomiroff. Brasil: mixer, 2009 (95 min.).

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Um documentário da tV Escola. Um ponto de partida para grandes trabalhos com os alunos. assim é o sala de Pofessor. o progra-ma incentiva os professores de Ensino médio a desenvolverem projetos que mudem a roti-na em sala de aula. Em cada programa, dois professores convidados criam um projeto a partir de documentários exibidos na tV Es-cola. são sempre propostas e experimentos inovadores, que podem ser reaplicados em qualquer escola do país.

os trabalhos apresentados são detalhados em dicas pedagógicas como essa e ficam disponíveis no site da tV Escola. os profes-sores também podem usar as artes criadas para o programa: são animações, tabelas, mapas e infográficos que tornam os con-teúdos mais visuais e interativos. as dicas pedagógicas e as computações gráficas fo-ram transformadas em fascículos interativos para tablets. E o professor também pode navegar pelo material extra do programa no blog do sala. Para ter acesso a esses pro-dutos, acesse o site tvescola.mec.gov.br ou curta a fan page da tV Escola no Facebook.

FoTo

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