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Castelo Branco Científica - Ano II - Nº 04 - julho/dezembro de 2013 - www.castelobrancocientifica.com.br 1 Faculdade Castelo Branco ISSN 2316-4255 JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇAO INFANTIL Celeni Ferreira de Oliveira e Jaqueline Hackbart 1 RESUMO Este estudo Trata de uma pesquisa bibliográfica a fim de saber a contri- buição do lúdico para a aprendizagem, enfocando as brincadeiras na edu- cação Infantil. Teve como problemática levantada saber se a ludicidade contribui para a construção do conhecimento das crianças. Para atingir os objetivos propostos buscou-se a fundamentação teórica que deu suporte à inter-relação da ludicidade com aprendizagens. Por fim, refletiu-se que o lúdico é uma experiência muita significativa para a manifestação humana, pois o jogo é ferramenta que possibilita a construção e a apropriação dos conhecimentos. Palavras-chave: Jogos, brincadeiras, aprendizagem. 1 Alunas do curso de Pedagogia, da Fundação Educacional Presidente Castelo Branco, atuam como Professora na Rede Municipal de Pancas - ES, e como Auxi- liar de Secretaria Escolar da Rede Estadual do Município de Panca - ES.

JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇAO INFANTIL · De acordo com essa ótica, os jogos são de importância incalculável para a criança e para o processo de todo o seu desenvolvimento,

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Castelo Branco Científica - Ano II - Nº 04 - julho/dezembro de 2013 - www.castelobrancocientifica.com.br 1

Faculdade Castelo Branco ISSN 2316-4255

JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇAO INFANTIL

Celeni Ferreira de Oliveira eJaqueline Hackbart1

RESUMO

Este estudo Trata de uma pesquisa bibliográfica a fim de saber a contri-buição do lúdico para a aprendizagem, enfocando as brincadeiras na edu-cação Infantil. Teve como problemática levantada saber se a ludicidade contribui para a construção do conhecimento das crianças. Para atingir os objetivos propostos buscou-se a fundamentação teórica que deu suporte à inter-relação da ludicidade com aprendizagens. Por fim, refletiu-se que o lúdico é uma experiência muita significativa para a manifestação humana, pois o jogo é ferramenta que possibilita a construção e a apropriação dos conhecimentos.

Palavras-chave: Jogos, brincadeiras, aprendizagem.

1Alunas do curso de Pedagogia, da Fundação Educacional Presidente Castelo Branco, atuam como Professora na Rede Municipal de Pancas - ES, e como Auxi-liar de Secretaria Escolar da Rede Estadual do Município de Panca - ES.

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INTRODUÇÃO

As brincadeiras e os jogos na educação denotam a construção do conheci-mento, motivam o desenvolvimento das aptidões motoras, intelectuais, co-letivas e individuais e estão relacionados ao conhecimento do meio em que as crianças estão introduzidas. Em vista disso, este artigo objetiva refletir sobre o papel da ludicidade na formação da criança analisando aspectos referentes ao jogo, ao brinquedo, à brincadeira e às contribuições dessas atividades para a aprendizagem.

Para atingir os objetivos propostos será buscada a fundamentação teórica que venha a dar suporte à inter-relação da ludicidade com aprendizagens encontradas em livros, periódicos, dissertação etc.A importância desta pesquisa incide sobre o fato de que a infância é uma fase significativa da vida do ser humano e deve ser cuidadosamente orien-tada em todos os sentidos, tanto pela escola quanto pela família. Na infân-cia, as atividades lúdicas estão presentes na vida das crianças. São brin-quedos, brincadeiras, jogos e movimentos diferenciados que compõem o universo escolar no qual a criança está inserida. Um pressuposto básico que guiará a pesquisa é buscar compreender a lu-dicidade como uma atividade essencial na biografia da criança, para o seu desenvolvimento e para a sua aprendizagem.No mais, espera-se que este artigo e seus conteúdos apresentados e discu-tidos sirvam como motivação para o reconhecimento da importância da ludicidade na formação social e cultural da criança.

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1 - A ABORDAGEM DO LÚDICO

Conforme MELHEM (2009) menciona, o lúdico provém de uma palavra de origem latina denominada Ludus, que na sua essência denota jogo e a princípio estava diretamente ligada à brincadeira e à espontaneidade dos movimentos, que gradativamente ampliou-se e tornou-se vital para o de-senvolvimento humano. HUIZINGA (2005) elucida que o lúdico baseia-se no estudo do comportamento. Essa análise distinguiu-se como uma das primeiras tentativas de ilustrar sobre o lúdico a partir de contextos alçados sobre o papel da brincadeira. O autor acreditava que a brincadeira derivava da seleção natural do indi-víduo, isto é, do seu instinto que, sendo conduzido, tenderia a melhorar o seu desempenho. De acordo com PINTO (2004), as experiências lúdicas são ações com sen-tidos e acepções atribuídas pelos seus praticantes. Isso exprime que a ludi-cidade é a favorável maneira de cada indivíduo sentir, pensar, decidir, agir e conviver, conservando a lógica com as razões que os motivam.De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 27, v.01):

“O principal indicador da brincadeira, entre as crianças, é o papel que assumem enquanto brincam. Ao adotar outros papéis na brincadeira, as crianças agem frente à realidade de maneira não literal, transferin-do e substituindo suas ações cotidianas pelas ações e características do papel assumido, utilizando-se de objetos substitutos.”

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Segundo MELHEM (2009) o lúdico é uma experiência muito expressiva e pluralizada. Isso porque permite a construção de identidades, de memórias e a valorização de culturas. É, pois, uma experiência essencial para a crescente autoconfiança da criança, assim como para o reconhecimento de si mesmo e de todos com os quais brinca. Conforme LUCKESI (1994 apud MELHEM, 2009) “[...] O lúdico é o modo de ser do homem no transcurso da vida, numa experiência criativa de construir a vida sem rigidez, alegremente”.

2 - O PAPEL DAS BRINCADEIRAS E DOS JOGOS NO DESENVOLVIMENTO

MELHEM (2009) afirma que as atividades lúdicas podem contribuir ex-pressivamente para o processo de construção do conhecimento da criança. Assim, os pais e os educadores devem compreender que as brincadeiras e jogos são imperiosos para a vida dos pequenos, visto que são indicadores determinantes para o desenvolvimento global do indivíduo.

“O educador deverá propiciar exploração da curiosidade infantil, incentivando o desenvolvimento da criatividade, das diferentes for-mas de linguagem, do senso crítico e de progressiva autonomia.” (MALUF, 2007, p. 78).

Dessa forma, MELHEM (2009) afirma que o jogo agencia o desenvolvimen-to cognitivo do indivíduo em muitos aspectos: descobertas, capacidade ver-bal, habilidades manipulativas, resolução de problemas e processos mentais. De acordo com essa ótica, os jogos são de importância incalculável para a criança e para o processo de todo o seu desenvolvimento, não estando rela-cionados somente ao ato de brincar, e sim ao seu desenvolvimento integral.

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Carvalho (1992, p.14) afirma que:“(...) desde muito cedo o jogo na vida da criança é de fundamental im-portância, pois quando ela brinca, explora e manuseia tudo aquilo que está a sua volta, através de esforços físicos e mentais e sem se sentir coagida pelo adulto, começa a ter sentimentos de liberdade, portanto, real valor e atenção as atividades vivenciadas naquele instante.”

OLIVEIRA (2004) acrescenta que “é na brincadeira que a criança explora e experimenta as relações com o mundo e consigo mesma”. De acordo com o autor, os jogos favorecem o equilíbrio afetivo da criança e contribuem para o processo de apropriação dos signos sociais. Esse equilíbrio ocorre em virtude das características próprias para cada brinca-deira ou para cada jogo que, por meio das suas regras, possibilitam a comuni-cação interpessoal e uma constante negociação de papéis entre os indivíduos.De acordo com Garcia e Marques (1990) a infância é a idade das brinca-deiras. Por meio delas as crianças satisfazem grande parte de seus desejos e interesses particulares. O aprendizado da brincadeira, pela criança, pro-picia a liberação de energias, a expansão da criatividade, fortalece a socia-bilidade e estimula a liberdade do desempenho. OLIVEIRA (2005) menciona que as brincadeiras ofertam uma mudança expressiva na conduta da criança por determinar em um jeito mais “com-plexo” dela conviver com o mundo. Assim, de acordo com o autor:

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Por meio da brincadeira, a criança pequena exercita capacidades nascentes, como as de representar o mundo e de distinguir entre pessoas, possibilitadas especialmente pelos jogos de faz de conta e os de alternância respectivamente. Ao brincar, a criança passa a compreender as características dos objetos, seu funcionamento, os elementos da natureza e os acontecimentos sociais. Ao mesmo tem-po, ao tomar o papel do outro na brincadeira, começa a perceber as diferentes perspectivas de uma situação, o que lhe facilita a elabo-ração do diálogo interior característicos de seu pensamento verbal. (OLIVEIRA. 2005, p. 160).

Por conseguinte as brincadeiras e jogos, empregados de forma lúdica, tornam-se uma chance de desenvolvimento cognitivo no qual a criança experimenta, expõe, inventa, aprende e atribui habilidades. Além de incitar a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia, proporcionam o desenvolvi-mento da linguagem, do pensamento, da concentração e atenção. Brincar é um momento de autoexpressão e autorrealização.Sob a ótica de VYGOTSKY, como explicita NEVES (2007), é nas brinca-deiras que cada vez mais as crianças passam a representar as experiências. É, consequentemente, no processo de desenvolvimento que a criança dá início ao seu esquema de imitação, utilizando as mesmas condutas que outras pessoas inicialmente usaram em relação a ela. Isto advém porque, desde os iniciais dias de vida, as atividades da criança contraem uma acep-ção própria num sistema de comportamento social, retratadas através de seu ambiente humano, que a auxilia a atender seus objetivos, envolvendo a comunicação, a fala.Segundo PIAGET (2003), o caráter educativo do brincar é tido como ativi-dade de formação que implica o desenvolvimento integral do sujeito, quer seja na sua aptidão física, intelectual e moral, como também na formação de personalidade e de caráter de cada um.

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“A utilização do jogo e do brinquedo no processo de aprendizagem e desenvolvimento de habilidades cognitivas e corporais da criança e suas aplicações como recurso didático-pedagógico, principalmen-te nos primeiros anos escolares, tem sido defendida constantemente por estudiosos da educação e da psicologia. No entanto, experiên-cias práticas de forma sistematizada, fundamentada em referências teóricas que apontam essa necessidade e possibilidade, quase não são conhecidas. E se o jogo e a brincadeira não forem considerados como pano de fundo no projeto político pedagógico de qualquer escola, provavelmente os professores não estarão empenhados em proporcionar experiências nesse sentido e consequentemente às possibilidades de se realizar um trabalho mais significativo e pra-zeroso para as crianças serão limitadas.” (MELHEM, 2009, p. 43)”

Portanto, é importante que a escola esteja em parceria com esse conceito e adote de forma efetiva as brincadeiras como instrumento na prática pe-dagógica, pois como explicita MELHEM (2009) e outros teóricos da área, o brincar influencia positivamente no processo de aprendizagem e no de-senvolvimento psicológico, consentindo a expressão e a compreensão das emoções como também o restauramento cultural do educando. Autores diversos têm evidenciado a importância do brincar para o ade-quado desenvolvimento da criança, em particular, na fase de zero a dez anos, período da construção de um representativo número de composi-ções cognitivas, motoras e da personalidade do indivíduo. Mas para ME-LHEM (2009) “São as contribuições de PIAGET, BRUNER, WALLON E VYGOTSKY que, categoricamente, marcaram as novas propostas de ensino em bases mais científicas”. Assinalando o brincar, o lúdico, como um influente recurso pedagógico, pois esse consegue incorporar os aspectos afetivos e cognitivos tão necessários na formação e no desenvolvimento do ser humano, outro ensinamento que defen-

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de as brincadeiras como facilitadoras do desenvolvimento é a teoria vygotskya-na. Esse teórico e seus colaboradores põem o brincar como elemento central na concepção sociointeracionista de desenvolvimento humano. Para VYGOTSKY, citado por MELHEM (2009) os processos de aprendi-zagem, característicos da espécie humana, ocorrem graças à mediação, à ajuda do uso dos signos e dos instrumentos, que são de origem e natureza social e cultural. A utilização do lúdico desenvolve as relações humanas culturais, sociais e simultaneamente outras aptidões.Para enfatizar o valor do lúdico como agente socializador dado por VYGOTSKY, FRIEDMAN (1996) comenta sobre suas ideias teóricas, as quais para o autor são importantes para o entendimento do contexto socio-cultural e das interações sociais no desenvolvimento. Conforme afirma MELHEM (2009), Piaget, comprometido em formar o conceito de pulsão de morte, usa a brincadeira de seu neto de um ano e seis meses de vida para elucidar a compulsão à repetição. A criança que estava apartada provisoriamente da mãe reproduz um movimento de vaivém com um novelo preso a uma linha. Nas conclusões de Freud sobre o jogo, está a de que ele pode alterar uma circunstância penosa em prazer. Freud, de acordo com MELHEM (2009), foi o primeiro autor a expor o mecanismo psicológico do brincar, e a estudar o atrelamento entre a brincadeira e a constituição do sujeito. Sua obra colo-ca a visão da função simbólica do brincar. Ele assinalava que brincando as crianças situam-se na dimensão do sonho, desenvolvem-se e constituem-se.

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3 - A RELAÇÃO DAS BRINCADEIRAS COM A APRENDI-ZAGEM

MALUF (2007) cita que através das brincadeiras a criança aprende de for-ma prazerosa e atrativa, aplicando as atividades com caráter lúdico estas incitam positivamente na aprendizagem e no seu desenvolvimento. Através das brincadeiras e dos jogos, a criança aprende a disputar, coo-perar, acatar as normas e viver socialmente. Quando a criança brinca com seus colegas ela não está simplesmente brincando, está desenvolvendo vá-rias aptidões cognitivas e sociais.O lúdico, conforme FRIEDMANN (2004), é a linguagem cultural da crian-ça: ela verbaliza e se expressa através dele. Assim, o brincar é um elemento essencial para se chegar ao seu desenvolvimento absoluto. No brincar, quanto mais papéis a criança representa, mais amplia sua ex-pressividade, entendida como uma totalidade. A partir do brincar, ela cons-trói os conhecimentos pelos papéis que representa, expandindo a sua capa-cidade linguística, além do amoldamento afetivo e emocional que atinge na representação desses papéis.Os maiores investimentos de uma criança são conseguidos no brinquedo, e a atividade lúdica é lugar de origem imprescindível das atividades intelectuais da criança. Esta também contrai conhecimentos pela exploração de objetos que encontra no seu ambiente: manipulando-os ela percebe suas proprieda-des físicas. Conhecendo as qualidades dos objetos ela principia a compará--los e relacionam uns com os outros, por tamanho, cores, formas distintas.A ludicidade, conforme KISHIMOTO (2003), proporciona à criança um desenvolvimento mais natural e criativo, e é um dos aliados na educação, pois beneficia a formação da individualidade, do cognitivo, do afetivo, do social, suscitando benefícios didáticos, onde os conteúdos são convertidos

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em atividades mais atraentes e envolventes, o que subsidia o aluno a orde-nar, de maneira eficaz, o conhecimento. Esses tipos de atividades têm conquistado um grande espaço na Educação. O brincar é a essência da infância e seu uso admite um trabalho pedagógico que permite a produção do conhecimento e também a estimulação da afabili-dade na criança. A função educativa da brincadeira oportuniza a aprendizagem do indivíduo, seu saber, seu conhecimento e sua compreensão de mundo. Tais atividades são de muita precisão da criança em qualquer idade e não podem ser enxergadas apenas como distração, pois elas promovem a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, contribuem para uma boa saúde mental, facilitam os processos de socialização, comu-nicação, expressão e construção de conhecimento.As brincadeiras devem atender às indigências da criança. Uma atividade ou um brinquedo que interessa uma determinada faixa etária pode não in-teressar outra. Isso estará sujeito ao nível de maturação biológica e psico-lógica de cada um.

4 - A RELAÇÃO DAS BRINCADEIRAS COM A APRENDIZAGEM

MALUF (2007) aponta os principais eixos norteadores a serem trabalha-dos com a criança: o cuidar, o brincar e o educar, devendo todos serem trabalhados de forma prazerosa. Devido a isso, aprender tem que ser agra-dável, a criança aprende de forma eficaz quando relaciona o que aprende com seus convenientes interesses. Para MELHEM (2009) a brincadeira beneficia a autoestima das crianças, ajudando-as a suplantar de forma progressiva suas cognições de forma criativa. Brincar coopera para a interiorização de determinados modelos de adultos, no domínio de grupos sociais distintos.

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Através das brincadeiras a criança aprende a seguir regras, experimenta formas de comportamento e se socializa, descobrindo o mundo em sua volta. Brincando com outras crianças, elas se deparam com seus pares e interatuam socialmente, desvendando que não são os exclusivos sujeitos da ação, e que, para atingir seus objetivos, necessitam avaliar o fato de que outros também têm objetivos próprios que querem contentar.KISHIMOTO (2003) cita que não se pode esquecer que, para a criança, brin-car é algo muito sério: ela é hábil para criar e recriar diferentes brincadeiras que a ajudam a desenvolver suas competências afetiva, motora e cognitiva. Brincando a criança aprende com encanto, empregando o lúdico, e assim facilita-se a aprendizagem dos alunos. Por meio de atividades lúdicas, a criança aprende a concorrer, contribuir, reverenciar as normas e viver so-cialmente. Quando a criança brinca com seus colegas ela não está pura-mente brincando ou se divertindo, está, também, desenvolvendo inúmeras funções cognitivas e sociais.OSTETTO (2008) menciona que a criança atua livremente no jogo de faz de conta dentro de uma sala de educação, promulgando afinidades que ob-serva no seu habitual, a função pedagógica será avalizada pela organização do espaço, pela disponibilidade de materiais e muitas vezes pela própria parceria do professor nas brincadeiras. Ao admitir a revelação do imaginário, por meio de objetos alegóricos apa-relhados intencionalmente, a função pedagógica auxilia o desenvolvimen-to global da criança. Nesse sentido, qualquer jogo empregado pela escola, desde que acate a natureza do ato lúdico, apresenta o caráter educativo e pode auferir igual-mente a denominação geral de jogo educativo. O jogo educativo, segundo OSTETTO (2008), surge, então, com dois sig-nificados: sentido amplo: como material ou situação que permite a livre

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exploração em recintos organizados pelo educador, tendo em vista o desen-volvimento geral da criança, e sentido restrito: como material ou situação que exige ações orientadas com vistas à obtenção ou treino de conteúdos exclusivos ou de desenvolturas intelectuais. No segundo caso recebe, tam-bém, o nome de jogo didático. Ainda que a distinção entre os dois tipos de jogos esteja presente na prática habitual dos professores, pode-se dizer que todo jogo é educativo em seu cerne. Em qualquer tipo de jogo a criança continuamente se educa. A ludicidade, conforme MALUF (2007,) proporciona à criança um desen-volvimento mais natural e criativo. Brincar é o cerne da infância e seu uso acolhe um trabalho pedagógico que permite a produção do conhecimento e também a estimulação da afabilidade na criança. A função educativa da brincadeira oportuniza a aprendizagem do indivíduo, seu saber, seu conhe-cimento e sua compreensão de mundo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa abordou a contribuição do lúdico para a aprendizagem na educação, enfocando o papel das brincadeiras e dos jogos nesse processo. Constatou-se que brincar é a maior expressão do desenvolvimento huma-no. Brincando as crianças se socializam desenvolvendo várias habilidades, comportamentos e atitudes.As brincadeiras e os jogos permitem que os alunos façam da aprendizagem um processo interessante e divertido. Ao fazer uma abordagem entre o brincar e sua relação com a aprendizagem, notou-se que a criança é um ser sociável que se relaciona com o mundo que a cerca, de maneira espontânea e independente. Logo, foi apresentada neste artigo uma reflexão sobre o papel da ludici-dade na formação da criança, analisando aspectos referentes ao jogo, ao

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brinquedo, à brincadeira e as contribuições dessas atividades para o desen-volvimento e a aprendizagem, atingindo o objetivo geral e respondendo a problemática levantada nesta pesquisa. Conclui-se que a importância fundamental da utilização dos jogos é que es-tes permitem o experimentar, o descobrir, o vivenciar para que as crianças possam sentir necessidade de responder às problemáticas, a fim de que o seu conhecimento seja efetivo. Esse assunto não tende a concluir, recomenda-se, pois, em próximo estudo ex-plorar mais a real aplicação de brincadeiras e jogos na prática pedagógica e como os professores estão preparados para essa referência na prática profissional.

REFERÊNCIAS

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