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5/18/12 A Revelação da Justiça de Deus ‑ Romanos 3:21‑26 ‑ John Stott 1/13 www.monergismo.com/textos/comentarios/romanos3_21‑26_stott.htm A Revelação da Justiça de Deus por John Stott Comentário Sobre Romanos 3:2126 Todos os seres humanos, de todas as raças e classes sociais, de todos os credos e culturas, tanto judeus como gentios, imorais e moralistas, religiosos e ateus todos, sem exceção, são pecadores, culpados, indesculpáveis e sem defesa diante de Deus! Eis o quadro terrível e desolador com que Paulo descreve a situação da raça humana em Romanos 1.18 3.20. Sem um raiozinho de luz, nenhuma fagulha de esperança, sem a mínima perspectiva de socorro. "Mas agora" Paulo interrompe de súbito o próprio Deus interveio. "Agora" parece ser uma referência marcada por três dimensões: uma lógica (a elaboração do argumento), uma cronológica (o momento presente) e outra escatológica (chegou um novo tempo). [1] Depois da longa e escura noite, raiou o sol, amanhece um novo dia e o mundo é inundado de luz. "Mas agora se manifestou uma justiça que provém de Deus, independente da lei..." (21a). É uma revelação totalmente nova, centralizada em Cristo e Sua cruz, se bem que dela "testemunham a Lei e os Profetas" (21b) em previsões e prefigurações parciais. E assim Paulo contrasta a injustiça de uns e a auto justificação de outros com a justiça de Deus. Em contraposição à ira de Deus sobre quem pratica o mal (1.18; 2.5; 3.5) ele anuncia a graça de Deus, que envolve os pecadores que crêem. Diante do julgamento, apresentanos a justificação. Paulo começa retratando a revelação da justiça de Deus na cruz de Cristo e lançando os alicerces para o evangelho da justificação (3.21 26). Em seguida defende o seu evangelho contra as críticas dos judeus (3.2731). E finalmente, ilustrao através da vida de Abraão, que foi, ele mesmo, justificado pela fé, tornandose assim o pai espiritual de todos os que crêem (4.125). a. A justiça de Deus se revela na cruz de Cristo (3.2126) Os versículos 2126 constituem um bloco firmemente compactado, que o professor Cranfield acertadamente chama de "o centro e o cerne" do todo que constitui a parte principal da carta; [2] já o Dr. Leon Morris diz que eles seriam "possivelmente o parágrafo mais

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A Revelação da Justiça de Deus

por

John Stott

Comentário Sobre Romanos 3:21­26

Todos os seres humanos, de todas as raças e classes sociais, de todosos credos e culturas, tanto judeus como gentios, imorais e moralistas,religiosos e ateus ­ todos, sem exceção, são pecadores, culpados,indesculpáveis e sem defesa diante de Deus! Eis o quadro terrível edesolador com que Paulo descreve a situação da raça humana emRomanos 1.18 ­ 3.20. Sem um raiozinho de luz, nenhuma fagulha deesperança, sem a mínima perspectiva de socorro.

"Mas agora" ­ Paulo interrompe de súbito ­ o próprio Deus interveio."Agora" parece ser uma referência marcada por três dimensões: umalógica (a elaboração do argumento), uma cronológica (o momentopresente) e outra escatológica (chegou um novo tempo). [1] Depois dalonga e escura noite, raiou o sol, amanhece um novo dia e o mundo éinundado de luz. "Mas agora se manifestou uma justiça que provémde Deus, independente da lei..." (21a). É uma revelação totalmentenova, centralizada em Cristo e Sua cruz, se bem que dela"testemunham a Lei e os Profetas" (21b) em previsões e prefiguraçõesparciais. E assim Paulo contrasta a injustiça de uns e a auto­justificação de outros com a justiça de Deus. Em contraposição à irade Deus sobre quem pratica o mal (1.18; 2.5; 3.5) ele anuncia a graçade Deus, que envolve os pecadores que crêem. Diante do julgamento,apresenta­nos a justificação.

Paulo começa retratando a revelação da justiça de Deus na cruz deCristo e lançando os alicerces para o evangelho da justificação (3.21­26). Em seguida defende o seu evangelho contra as críticas dosjudeus (3.27­31). E finalmente, ilustra­o através da vida de Abraão,que foi, ele mesmo, justificado pela fé, tornando­se assim o paiespiritual de todos os que crêem (4.1­25).

a. A justiça de Deus se revela na cruz de Cristo (3.21­26)

Os versículos 21­26 constituem um bloco firmemente compactado,que o professor Cranfield acertadamente chama de "o centro e ocerne" do todo que constitui a parte principal da carta; [2] já o Dr. LeonMorris diz que eles seriam "possivelmente o parágrafo mais

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importante que jamais se escreveu". [3] A sua expressão­chave é "ajustiça de Deus", expressão já considerada por nós quando elaocorreu a primeira vez, em 1.17. Aqui, em 3.21, a tradução da NVIrefere­se a uma justiça que provém de Deus, frisando dessa maneira ainiciativa salvadora que ele tomou a fim de conceder aos pecadores acondição de justos aos seus olhos. Os dois versículos (1.17 e 3.21)dizem que essa justiça foi "revelada" ou "manifestada". Os dois aapresentam como algo inovador, ao dizerem que ela se dá a conhecerou "no evangelho" (1.17) ou independente da lei (3.21). Ambos, noentanto, a representam como um cumprimento das escrituras doAntigo Testamento, o que demonstra que não se trata de umaelaboração posterior da parte de Deus. E dos dois afirma quepodemos ter acesso a ela pela fé. A única diferença significativa entreestes dois textos está no tempo em que são usados os verbosprincipais. De acordo com 3.21, uma justiça de Deus se manifestou, nopretérito perfeito, uma provável referência à morte histórica de Cristoe suas conseqüências, válidas até hoje, enquanto que em 1.17 a justiçade Deus é revelada (tempo presente) no evangelho, o que devesignificar toda vez que ele é pregado.

No versículo 22 Paulo volta a anunciar o evangelho, repetindo aexpressão justiça de Deus, e agora acrescenta mais duas verdades a seurespeito. A primeira é que ela vem mediante a fé em Jesus Cristo paratodos os que crêem. Além disso, ela é oferecida para todos porque todostêm necessidade dela. Não há distinção entre judeus e gentios nesseaspecto (conforme Paulo vem argumentando nos versículos 1.18 ­3.20) ou entre qualquer outro grupo humano, pois todos pecaram(hemarton ­ o passado cumulativo de todo mundo é resumido aquipelo uso do tempo aoristo) e estão destituídos (um presente contínuo)da glória de Deus (230. Essa "glória" (doxa) de Deus poderia significarSua aprovação ou louvor, que todos perderam; [4] o mais provável,porém, é que seja uma referência à imagem ou glória de Deus,segundo a qual todos nós fomos criados [5] as deixamos de viver deconformidade com ela. É claro que o pecado pode manifestar­se emdiferentes níveis e dimensões; mas ainda assim ninguém chegasequer a aproximar­se dos padrões de Deus. Handley Mouleexpressa isso de maneira dramática: "A prostituta, o mentiroso e oassassino estão destituídos dela [da glória de Deus]; mas vocêtambém está. Pode ser que eles estejam no fundo de uma mina e vocêno cume da montanha; no entanto, tem tanta capacidade quanto elesde encostar nas estrelas". [6]

A segunda inovação contida nestes versículos é que agora, pelaprimeira vez, "uma justiça que provém de Deus" é identificada com ajustificação: sendo justificados gratuitamente por sua graça...(24a). Ajustiça de (ou que provém de) Deus é uma combinação de trêselementos: o caráter justo de Deus, a Sua iniciativa salvadora e a Suadádiva, que consiste em conferir ao pecador a condição de justoperante Ele. Trata­se de Sua justificação justa do injusto, a maneira

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justa como Ele "justifica o injusto".

Justificação é um termo legal ou jurídico, extraído da linguagemforense. O contrário de justificação é condenação. Os dois sãopronunciamentos de um juiz. Dentro do contexto cristão eles são osveredictos escatológicos alternativos que Deus, como juiz, poderáanunciar no dia do juízo. Portanto, quando Deus justifica ospecadores hoje, está antecipando o Seu próprio julgamento final,trazendo até o presente o que de fato faz parte dos "últimos dias".

Alguns estudiosos sustentam que "justificação" e "perdão" sãosinônimos. Por exemplo, Sandlay e Headlam escreveram quejustificação é "simplesmente Perdão, Perdão Gratuito"; [7] já oprofessor Jeremias, mais recentemente, insiste em dizer que"justificação é perdão, nada mais que perdão". [8] Mas isso comcerteza não pode ser verdade. Perdão é algo negativo, é a absolviçãode uma penalidade ou uma dívida; justificação tem conotaçãopositiva ­ é declarar que alguém é justo, é dar ao pecador o direito dedesfrutar novamente o favor e a comunhão de Deus. Marcus Loaneescreveu: "A voz que anuncia perdão dirá: 'Pode ir. Você está livre dapena que o seu pecado merece.' Mas o veredicto que significaaceitação [sc. justificação] dirá: 'Pode vir. Você é bem­vindo paradesfrutar todo o meu amor e a minha presença'". [9] C.H. Hodgeesclarece com mais profundidade essa diferença ao elaborar aantítese entre condenação e justificação: "Condenar não é meramentepunir, mas sim declara o acusado culpado ou digno de castigo; ejustificação não é meramente liberar desse castigo, mas declarar queo castigo não pode ser aplicado com justiça...Perdão e justificaçãosão, portanto, essencialmente distintos. O primeiro é a absolvição docastigo, o outro é uma declaração de que não existe nenhuma basepara a aplicação do castigo".[10]

Se justificar não é o mesmo que perdoar ou desculpar, tampouco é omesmo que santificar. Justificar é considerar ou declarar justa umapessoa, e não torná­la justa. Este foi um ponto essencial no debateque se deu no século XVI com respeito à justificação. A posiçãocatólico­romana, conforme expressa no Concílio de Trento (1545­64),era que a justificação se dá no batismo e que a pessoa batizada, alémde ser purificada dos seus pecados, recebe também,simultaneamente, uma justiça nova e sobrenatural. [11] Dá bem paraentender o motivo que levou a tal insistência. Foi o medo de que,com uma mera declaração de justiça, a tal pessoa permanecesse emestado de injustiça e não­renovação, podendo até sentir­se encorajadaa persistir no pecado (antinomismo). Foi exatamente a crítica quelevantaram contra Paulo (6.1, 15) e que o levou a enfatizar com todasas forças que os cristãos batizados tinham morrido para o pecado (detal forma que não podiam, em hipótese alguma, continuar vivendonele) e que haviam ressuscitado para uma nova vida em Cristo. Ou,em outras palavras: a justificação (um novo status) e a regeneração

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(um novo coração), embora não sejam idênticas, são simultâneas.Todo crente justificado foi também regenerado pelo Espírito Santo e,dessa forma, destinado à santificação constante. Ou, se quisermoscitar Calvino, "ninguém pode ostentar a justiça de Cristo sem aregeneração". [12] Ou então, "o apóstolo sustenta que quem pensa queCristo nos confere justificação gratuita sem nos dar novidade de vidaestá, vergonhosamente, dividindo Cristo em pedaços". [13]

Uma reviravolta importante nesse debate entre católicos romanos eprotestantes deve­se à publicação, em 1957, do diálogo do professorHans Küng com Karl Barth. Nesse trabalho, intitulado Justificação, eleconcorda que a justificação é uma declaração divina e que nós somosjustificamos somente pela fé. Mas insiste também que as palavras deDeus são sempre eficazes, de maneira que tudo o que Ele pronunciapassa imediatamente a existir. Portanto, quando Deus diz a alguém:"Você é justo", diz ele, "o pecador é justo, de fato e de verdade,exterior e interiormente, integral e plenamente...Em resumo, adeclaração de justiça de Deus é...ao mesmo tempo e no mesmoato...tornar justo". [14] Desta maneira, a justificação é "o ato único que,simultaneamente, declara justo e torna justo". [15] Há aqui, no entanto,uma perigosa ambigüidade. O que Hans Küng quer dizer por"justo"? Se ele quer dizer legalmente justo, de contas acertadas comDeus, então de fato passamos imediatamente a ser aquilo que Deusdeclarou que sejamos. Mas se ele quer dizer moralmente justo,renovado, santo, então a declaração de Deus não assegura issoimediatamente, mas apenas inicia o processo contínuo e que dura avida inteira.[16] Esse é o ponto que C. K. Barrett levanta quando alegaque justificar não significa tornar justo, mas que " 'justo' significa, não'virtuoso', mas 'correto', 'limpo', 'inocentado' na corte de Deus". [17]

Voltando agora ao texto de Romanos, e em particular nos versículos24­26, Paulo ensina três verdades básicas sobre a justificação:primeiro, a sua fonte, de onde ela se origina; depois, a sua base, emque ela se sustenta; e, em terceiro lugar, o meio pelo qual ela érecebida.

a. A fonte de nossa justificação: Deus e a Sua graça.

Nós somos justificados gratuitamente por sua graça (24). Umaverdade fundamental no evangelho da salvação consiste em que ainiciativa da salvação deve­se, do início ao fim, a Deus o Pai.Qualquer formulação do evangelho que tire a iniciativa de Deus e aatribua a nós, ou mesmo a Cristo, já não é mais bíblica. Nós, com todacerteza, não tomamos a iniciativa, pois éramos pecadores, culpados econdenados, sem saída nem esperança. Tampouco foi Jesus Cristoquem tomou a iniciativa, no sentido de fazer algo que o Pai relutavaou não estava disposto a fazer. Não há dúvida de que Cristo veio porSua própria vontade e se entregou gratuitamente. Mesmo assim, Ele

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o fez em submissão à iniciativa do Pai. "Aqui estou, no livro estáescrito ao meu respeito; vim para fazer a tua vontade, ó Deus". [18]

Quem deu o primeiro passo, portanto, foi Deus o Pai, e a nossajustificação nos veio gratuitamente (dorean, "como um presente") [19]

por Sua graça, por Seu favor absolutamente gratuito e completamenteimerecido. Graça é isso aí: Deus amando, Deus se humilhando emfavor de nós, Deus vindo nos resgatar, Deus se entregandogenerosamente em Jesus Cristo e por intermédio dEle.

b. A base de nossa justificação: Cristo e sua cruz.

Se Deus justifica gratuitamente os pecadores por sua graça, por que elefaz isso? Baseado em quê? Como é que esse Deus justo pode declarajusto o injusto, sem comprometer a Sua própria justiça nemcondescender com a injustiça deste? Esta é a nossa pergunta. Aresposta de Deus é a cruz.

Não existe em Romanos expressão mais surpreendente do que aafirmação de que "Deus...justifica o ímpio" (4.5). Embora ela sóapareça no capítulo seguinte, no entanto será de grande ajuda aquipara ajudar­nos a acompanhar a argumentação de Paulo. Como é queDeus pode justificar o ímpio? No Antigo Testamento, repetidas vezesDeus diz aos juízes israelitas que eles devem justificar os íntegros econdenar os ímpios. [20] Mas é óbvio! Quem é inocente deve serdeclarado inocente e quem é culpado deve ser considerado culpado!É um princípio elementar de pura justiça. Mas então Deus acrescenta:"O que justifica o perverso e o que condena o justo, abomináveis sãopara o Senhor tanto um como o outro". [21] Ele pronuncia também umsolene "ai" contra os que "por suborno justificam o perverso, e aojusto negam a justiça". [22] Pois, como declara acerca de si mesmo,"não justificarei o ímpio". [23] Mas é claro! ­ dizemos de novo ­ Deusnem sonharia em fazer tal coisa!

Então, como é que Paulo tem coragem de afirmar que Deus fazaquilo que Ele proíbe os outros de fazerem? E que Ele faz o que disseque nunca faria ­ e que, ainda por cima, o faz habitualmente? E queEle ainda diz ser "o Deus que justifica o perverso" ou (se é quepoderíamos dizer assim) "que torna íntegro quem não temintegridade"? É um absurdo! Como pode o justo Deus agirinjustamente, desbaratando assim a ordem moral e invertendo­acompletamente? É inacreditável! Ou melhor: seria, não fosse a cruz deCristo. Sem a cruz, a justificação do ímpio seria injusta, imoral e,dessa forma, impossível. A única razão pela qual Deus "justifica oímpio" (4.5) é que "Cristo morreu pelos ímpios" (5.6). Só porque Elederramou o Seu sangue (25) numa morte sacrificial por nós,pecadores, é que Deus pode justificar justamente o injusto.

Aquilo que Deus fez mediante a cruz, isto é, mediante a morte do seu

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Filho em nosso lugar, Paulo explica através de três expressõesdeveras significativas. Primeiro, diz que Deus nos justifica por meio daredenção que já em Cristo Jesus (24b). Segundo, Deus o apresentou comosacrifício para propiciação mediante a fé, pelo seu sangue (25a). Terceiro, Elefez isto para demonstrar sua justiça...(25b), isso para demonstrar sua justiçano presente, a fim de ser justo e justificador daquele que tem fé em Jesus (26).As palavras­chave são redenção (apolytrõsis), propiciação (hilastêrion) edemonstração (endeixis). Todas as três se referem, não ao que aconteceagora, enquanto o evangelho esta sendo pregado, mas ao queaconteceu de uma vez por todas em Cristo e através dele na cruz,sendo a expressão seu sangue uma clara referência à sua mortesacrificial. Associadas à cruz, portanto, vemos uma redenção dospecadores, uma propiciação da ira de Deus e uma demonstração desua justiça.

(i) Redenção

A primeira palavra é apolytrõsis, isto é, redenção. É um termocomercial emprestado dos mercados, da mesma forma que"justificação" é um termo legal emprestado dos tribunais. No AntigoTestamento ela era usada para escravos que eram comprados paraserem libertados; dizia­se que eles haviam sido "remidos". [24] Otermo também era usado metaforicamente com referência ao povo deIsrael, que foi "remido" do cativeiro, primeiro no Egito,[25] depois naBabilônia, [26] e em seguida restaurado à sua própria terra. Nós, deigual maneira, éramos escravos ou cativos, presas do nosso pecado eda culpa e completamente incapazes de liberta­nos. Mas Jesus Cristonos "redimiu", nos comprou e libertou­nos do cativeiro, derramando,como preço, pelo resgate, o seu próprio sangue. Ele mesmo disseraque o propósito de sua vinda era para "dar a sua vida em resgate pormuitos". [27] E agora, em conseqüência de sua aquisição ou"salvamento por resgate", [28] nós pertencemos a ele.

(ii) Propiciação

A segunda palavra é hilastêrion, ou seja, propiciação. Muitos cristãossentem­se envergonhados ou até chocados com esta palavra, porquepropiciação significa o ato de aplacar a ira divina, ou de tornar Deuspropício. E, em se tratando de Deus, parece­lhes indigno dar­lhe umconceito como este (mais pagão do que cristão), o que pressupõe queele fica com raiva e precisa ser apaziguado. Daí a proposta de duasoutras maneiras possíveis de se entender hilastêrion. A primeira étraduzir a palavra como "propiciatório", referindo­se à tampa de ouroda arca da aliança que ficava no Santo dos Santos, no templo. Égeralmente este o significado da palavra na Septuaginta, e é tambémo que ela significa na sua única outra ocorrência no NovoTestamento. [29] Já que, no Dia da Expiação, o sangue do sacrifício erasalpicado sobre a tampa da arca, o chamado "propiciatório", sugere­

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se então que o próprio Jesus seria o "propiciatório" onde Deus e ospecadores são reconciliados. [30] Aqueles que sustentam este ponto devista tendem a entender o verbo protithêmi (apresentou) como "expôs"(BJ) ou "dispôs publicamente" (BAGD), para indicar que, embora opropiciatório estivesse escondido dos olhos humanos pelo véu,"Deus expôs publicamente o Senhor Jesus Cristo, aos olhos douniverso inteligente...", [31], como o caminho da salvação. TantoLutero quanto Calvino? acreditavam que "propiciatório" seria atradução correta, e outros seguiram seu exemplo.

Mas os argumentos contrários parecem ser conclusivos. Em primeirolugar, se com hilastêrion Paulo quisesse referir­se à tampa da arca ou"propiciatório", teria inevitavelmente usado com ela o artigodefinido. E, depois, o conceito é incongruente em Romanos, pois estacarta, ao contrário de Hebreus, não se encontra na "esfera dosimbolismo levítico". [32] Em terceiro lugar, a metáfora seria confusa eaté mesmo contraditória, já que ela representaria Jesus com sendoconcomitantemente a vítima cujo sangue foi derramado e aspergido,e o lugar onde se aplicaria este sangue. Em quarto lugar, osentimento de dívida de Paulo para com o Cristo crucificado era tãoprofundo que ele dificilmente o teria comparado a uma "peçainanimada da mobília do templo".[33]

Uma segunda possibilidade de tradução para hilastêrion é "umaexpiação", (RSV), o argumento para tal é que, enquanto que no gregosecular o verbo hilaskomai significa "aplacar" (um deus ou um serhumano), na Septuaginta o objeto deste verbo não é Deus, mas opecado. Portanto, o seu significado não seria "propiciar" Deus (isto é,torná­lo propício, desviar sua ira) mas sim "expiar" o pecado, isto é,anular o pecado ou acabar com a profanação. C. H. Dodd, a quemgeralmente se associa esta posição e que, como editor e tradutor daBíblia, evidentemente influenciou outros tradutores nesta direção,escreveu que os atos expiatórios "tinham como que o valor, digamos,de um desinfetante". [34] Assim, a versão da BLH diz que "Deusofereceu Cristo como sacrifício para que, pela sua morte na cruz,Cristo se tornasse o meio de as pessoas receberem o perdão dospecados".

A principal razão pela qual estas opções não são satisfatórias e pelaqual é necessária uma referência a propiciação e o contexto. Nestesversículos Paulo descreve a solução de Deus para a condiçãohumana; o problema não é só o pecado, mas também a ira de Deussobre o pecado (1.18; 2.5; 3.5). E onde quer que exista a ira de Deusexiste também a necessidade de impedir que ela se manifeste. Nãodeveríamos ter medo de usar a palavra "propiciação" em relação àcruz, tanto quanto deveríamos deixar de usar a palavra "ira" emrelação a Deus. Em vez disto, deveríamos lutar para resgatar o usodesta linguagem mostrando que a doutrina cristã da propiciação écompletamente diferente dos conceitos supersticiosos pagãos ou

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animistas. Tanto a necessidade como o autor e a natureza dapropiciação cristã são bem diferentes.

Vamos primeiro à necessidade. Por que uma propiciação serianecessária? Resposta pagã é: porque os deuses são caprichosos, mal­humorados e sujeitos a acessos de ira. A resposta cristã é: porque aira santa de Deus está voltada contra o mal. Quando se trata da ira deDeus, não tem esta história de falta de princípios, imprevisibilidadeou perda de controle; a única coisa que a provoca é o mal.

Agora vamos ao autor. Quem é o responsável pela propiciação? Aresposta pagã é que somos nós. Nós ofendemos os deuses; portantodevemos agradá­los. Já a reposta cristã é que nós não podemosaplacar a justa indignação de Deus. Não há como fazê­lo por nossospróprios meios. Mas Deus, por amar­nos sem que o merecêssemos,fez por nós o que nunca poderíamos fazer sozinhos. João escreveusemelhantemente: "... Deus... nos amou e enviou o seu Filho comopropiciação (hilasmos) por nossos pecados". [35] O amor, a idéia, opropósito, a iniciativa, a ação e a dádiva foram todos de Deus.

E, finalmente, a natureza. Como se conseguiu a propiciação? Em quereside o sacrifício da propiciação? A resposta pagã é que é precisosubornar os deuses com doses e oferendas, vegetais, animais e atésacrifícios humanos. O sistema sacrifical do Antigo Testamento eracompletamente diferente, já que todos sabiam que o próprio Deushavia "dado" os sacrifícios para o seu povo fazer a expiação. [36] E issoestá inegavelmente claro na propiciação cristã, pois Deus deu seupróprio Filho para morrer em nosso lugar, e, ao dar seu Filho, deu­seele mesmo por nós (5.8; 8.32).

Em suma, seria difícil exagerar no que diz respeito às diferençasentre a visão cristã e a pagã de propiciação. Na perspectiva pagã, osseres humanos tentam, através de suas ofertas desprezíveis, aplacar omau humor de suas divindades enfurecidas. De acordo com arevelação cristã, o próprio amor incomparável de Deus aplacou a suaprópria ira santa ao dar seu próprio Filho amado, que tomou o nossolugar, assumiu os nossos pecados e morreu a nossa morte. Assimfazendo, Deus mesmo entregou a si mesmo para salvar­nos delemesmo.

Este é o justo fundamento em que se baseia a justa justiça de Deuspara justificar os injustos sem comprometer a sua justiça. CharlesCranfield expressou isso com cautela e eloqüência:

Deus, porque em sua misericórdia desejava perdoar oshomens pecadores, e por ser verdadeiramentemisericordioso, desejoso de perdoá­los – isto é, sem demaneira alguma desconsiderar o seu pecado – propôs­sevoltar contra si mesmo, na pessoa do seu Filho, todo o

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peso daquela justa ira que eles mereciam. [37]

O professor Cranfield volta a este assunto no seu ensaio final sobre"A Morte e Ressurreição de Jesus Cristo". Conforme o seu argumento,o propósito de Deus ao fazer da morte de Jesus Cristo um sacrifíciode propiciação foi para "que ele pudesse justificar os pecadosjustamente, isto é, de uma maneira tal que fosse inteiramente digna doseu caráter de Deus verdadeiramente amoroso e eterno". Pois, casoele se limitasse a meramente perdoar os pecados deles, estaria comisso "comprometido com a mentira de que a maldade moral nãoimporta e, dessa forma, estaria violando sua própria verdade ezombando dos homens, proporcionando­lhes uma certeza vazia ementirosa que eles, na sua total humanidade, acabariam descobrindoser uma miserável fraude". [38]

(iii) Demonstração

Até aqui nós vimos duas das palavras usadas por Paulo paradescrever a cruz; são elas apolytrõsis ("redenção") e hilastêrion("sacrifício de propiciação"). Vamos agora à terceira palavra, que éendeixis ("demonstração"). Afinal, a cruz foi uma demonstração ourevelação pública assim como uma conquista. Além de concretizar apropiciação de Deus e a redenção dos pecadores, ela tambémvindicou a justiça de Deus: Ele fez isso para demonstrar a sua justiça...(25b); ...isso para demonstrar sua justiça... (26a). Para podermos entendera forma que tomou esta demonstração da justiça de Deus, precisamosperceber o contraste deliberado que Paulo estabelece entre os pecadosanteriormente cometidos, os quais em sua tolerância, havia deixado impunes(25b), e, o tempo presente, no qual Deus agiu a fim de ser justo ejustificador (26a). É um contraste entre o passado e o presente, entre atolerância divina que adiou o julgamento e a justiça divina que oexigia, entre "deixar impunes os pecados anteriores cometidos" (oque faria Deus parecer injusto) e a punição deles na cruz (pela qualDeus demonstrou a sua justiça).

Isto é, Deus deixou impunes os pecados de gerações passadas,permitindo que as nações seguissem seus próprios caminhos e nãolevando em consideração a sua ignorância [39], não porque houvessequalquer injustiça de sua parte, ou por uma atitude de conivênciacom o mal, mas sim em virtude de sua paciência (BLH), e só porquetinha a firme intenção de, na plenitude dos tempos, dar a estespecados o devido castigo por meio da morte do seu próprio Filho.Essa era a única maneira pela qual ele podia, ao mesmo tempo, serjusto, demonstrar a sua justiça e ser justificador daquele que tem fé em Jesus(26b). Tanto a justiça (o atributo divino) como a justificação (atividadedivina) seriam impossíveis sem a cruz.

Aqui, portanto, estão os três termos técnicos que Paulo utiliza(apolytrõsis, hilastêrion e endeixis) para explicar o que Deus fez na cruz

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de Cristo e por meio dela: ele redimiu seu povo, aplacou a sua ira edemonstrou a sua justificação. De fato, estas três conquistas fazemparte de um todo. Através da morte expiatória e substitutiva do seuFilho, Deus aplacou a sua própria ira, de forma a redimir­nos ejustificar­nos e, ao mesmo tempo, demonstrar sua justiça. Só nos restamaravilhar­nos diante da sabedoria, santidade, amor e misericórdia eDeus e prostrar­nos diante dele em humilde adoração. A cruz deveriaser o bastante para quebrantar o mais duro e derreter o maisinsensível dos corações.

Agora, que vimos que a origem de nossa justificação é a graça deDeus e que ela se baseia na cruz de Cristo, vamos considerar o meiopelo qual somos justificados.

c. O meio de justificação: a fé.

Por três vezes neste parágrafo Paulo ressalta a necessidade da fé:mediante a fé em Jesus Cristo para os que crêem (22); mediante a fé pelo seusangue (25) (ou, mais provavelmente, "pelo seu sangue a ser recebidopela fé"); e Deus é justificador daquele que tem fé em Jesus (26). De fato, ajustificação é "pela fé somente", sola fide, um dos grandes slogans daReforma. É verdade que no texto de Paulo a palavra somente nãoocorre no versículo 28, onde Lutero o adicionou. Não é de todosurpreendente, portanto, o fato de a Igreja Católica Romana teracusado Lutero de perverter os textos da Sagrada Escritura. MasLutero estava seguindo Orígenes, bem como outros Pais da Igreja,que haviam semelhantemente introduzido a palavra "somente". Oque os levou a fazer isso foi um verdadeiro instinto. Longe defalsificar ou distorcer o que Paulo queria dizer; eles o estavamaclarando e enfatizando. O mesmo se passou com John Wesley, queescreveu que "confiava em Cristo, somente em Cristo, para asalvação". A justificação é somente pela fé, somente em Cristo,somente através da fé.

Além do mais, é de vital importância afirmar que nada existe demérito na fé, e que quando dizemos que a salvação é "por fé, e nãopor obras", não estamos colocando um tipo de mérito ("fé") em lugardo outro ("obras"). Assim como a salvação não é nenhumempreendimento cooperativo entre Deus e nós, no qual ele entra coma cruz e nós contribuímos com a fé. Não, a graça não admitecontribuições; e a fé é o contrário da auto­estima. O valor da fé nãoreside nela mesma, mas inteira e exclusivamente em seu objeto, asaber, Jesus Cristo, e este crucificado. Dizer que a "justificação ésomente pela fé" é outra maneira de dizer que " justificação ésomente por Cristo." A fé é o olho que o contempla, a mão que orecebe a sua dádiva gratuita, a boca que bebe da água vida. "Afé...abrange nada mais do que a jóia preciosa que é Jesus Cristo". [40]

Como escreveu Richard Hooker, teólogo anglicano do século XVI:"Deus justifica o que crê ­ não por causa do valor de sua crença, mas

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por causa do valor daquele (sc. de Cristo) em quem ele creu". [41]

A justificação (cuja fonte é Deus e Sua graça, cuja base é Cristo e acruz e cujo meio é somente a fé, completamente à parte das obras)constitui o cerne do evangelho e é uma característica singular docristianismo. Nenhum outro sistema, ideologia ou religião proclamaum perdão gratuito e uma nova vida para aqueles que nada fizerampara merecê­los, mas que, ao invés disso, muito fizeram para merecero julgamento. Pelo contrário, todos os sistemas ensinam algumaforma de auto­salvação através das boas obras da religião, dapiedade ou da filantropia. Já o cristianismo, em sua essência, nemmesmo é uma religião; é um evangelho, o evangelho, a boa nova deque a graça de Deus desviou a sua ira, que o Filho de Deus morreu anossa morte e carregou a nossa condenação, que Deus temmisericórdia de quem não merece e que a nós nada mais resta a fazerou mesmo contribuir. A única função da fé é receber o que a graçaoferece.

A antítese entre graça e lei, misericórdia e mérito, fé e obras, salvaçãode Deus e salvação própria, é absoluta. Nós temos de escolher. EmilBrunner ilustrou vividamente essa antítese, em que, segundo ele, adiferença é entre "subir" e "descer": a questão decisiva" mesmo, eleescreveu, é "a direção do movimento". Os sistemas não­cristãosimaginam "o homem movendo­se" em direção a Deus. Lutero disseque meditar é "elevar­se à majestade nas alturas". De semelhanteforma, o misticismo acredita que o espírito humano pode "flutuar nasalturas em direção a Deus". O mesmo se passa com o moralismo. Etambém com a filosofia. O "otimismo auto­confiante de todas asreligiões não­cristãs" é muito parecido. Nenhum deles vê ou sente oabismo que se estende entre o santo Deus e os seres humanos,pecadores e cheios de culpa. Só quando vislumbramos isso é quepercebemos a necessidade aquilo que o evangelho proclama, que é o"mover­se de Deus", a Sua livre iniciativa de graça, o Seu movimento"descendente", o Seu surpreendente "ato de condescendência". Pararna beira do abismo, atingir o ápice do desespero por jamaisconseguir atravessar ­ esta é a indispensável "antecâmara da fé". [42]

NOTAS:

[1] 2 Co 6.2.[2] Cranfield, vol. I, p. 199.[3] Morris (1998), p. 173. [4] Cf. Jo 12.43.[5] Cf. 1 Co 11.7.[6] Moule (1894), p. 97.[7] Sandlay e Headlam, p. 36.[8] Jeremias, p. 66. [9] Marcus Loane, This Surpassing Excellence: Textual Studies in the

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Epitles to the Churches of Galatia and Philippi (Angus e Robertson, 1969),p. 94. [10] Hodge, p. 82. [11] Ver o Concílio de Trento, Sessão VI, e os seus decretos sobre opecado original e a justificação.[12] Calvino, 9. 8.[13] Ibid, p. 121. [14] Küng, p. 204.[15] Ibid, p. 210. [16] Ver o que escrevo a respeito de "justificação" no livro A Cruz deCristo (Editora Vida, 1991).[17] Barrett, pp. 75s.[18] Heb 10.7. [19] Moule (1894), p. 92. [20] Deut 25.1. [21] Pv 17.15. [22] Is 5.23. [23] Êx 23.7. [24]P. ex. Lv 25.47ss. [25]Êx 6.6 [26] Is 43.1.[27] Mc 10.45.[28] Moule (1894), p.92.[29] Hb 9.5.[30]Cf. Ex 25.22.[31] Hodge, p.93.[32] Godet, p.151.[33] Cranfield, vol.I, p.215. Nygren usa uma expressão semelhante nap. 156.[34] Dodd, p.54.[35] 1 Jo 4.10.[36] P. ex. Lv 17.11.[37] Cranfield, vol. I, p. 217; cf. vol II, p. 828.[38] Cranfield, vol. II, p. 827.[39] At 14.16; 17.30. [40] Lutero, Commentary on St Paul's Epistle to the Galatians (1531; JamesClarke, 1953), p. 100. [41] De "Definition of Justificantion" de Hooker, constituíndo ocapítulo xxxiii de sua obra Ecclesiastical Polity (1593).[42] Emil Brunner, The Mediator (1927; Westminster; 1947), pp. 291ss.

Fonte: STOTT, John. A Mensagem de Romanos. Trad. Silêda e Marcos D S Steuernagel.1ed. São Paulo: ABU Ed., 2000. 528p.; pp. 122­135.

Para saber mais: http://www.abub.org.br/editora/livros/bibliafalahoje.htm

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