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ANGELICA BELLANI JOIAS INSPIRADAS NA CUL TURA AFRO-BRAsILEIRA NAVIO NEGREIRO CURITIBA UTP 2005

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ANGELICA BELLANI

JOIAS INSPIRADAS NA CUL TURAAFRO-BRAsILEIRA NAVIO

NEGREIRO

CURITIBAUTP2005

ANGELICA BELLANI

JOIAS INSPIRADAS NA CUL TURAAFRO-BRASILEIRA NAVIO

NEGREIROTee - Trabalho de Condusao de Curso apresentado

Ao curso de Design, Habi1ita~ao emDesign de Moda, como

Requisito parcial para a obtengao doGrau de Designer de Moda,da

UTP Universidade Tuiuti do Parana,Orientada pelos Professores Arion Zandona Filho e

Scheila Camargo

CURITIBAUTP2005

Oedico este projeto as duas pessoas de maior importancia em minha vida, minhaMae Clarice Maria Bellani e meu Pai Jandir Bellani. 8em duvida as pessoas

responsaveis pela minha realiza<;ao pessoal.

SUMARIO

LlSTA DE FIGURAS.

RESUMO.

ABSTRAC .

INTRODU<;:AO

. Vlll

. X

. .. XI

.... 12

REVISAO BIBLIOGRAFICA .... 13

. 13

. 15

...15

. 15

. 16

. 20

. 23

......23

. 25

. 25

. 32

. 34

Breve historia da joalheria ..

as afro-brasileiros ..

o negro africano ..

o negro no Brasil ....

Abolicionismo ..

Contribui~oes culturais do negro africa no ..

Religioes Afro-Brasileiras ..

Mitologia Africana ..

Religioes Afro-Brasileiras .

Candomble ..

Umbanda ..

Joalheria Afro-Brasileira ..

MATERIAlS E METODOS DE PESQUISA.. . 37

. 37

. 38

Fase Analitica ..

Publico-Alvo ..

Materiais e Tecnicas de transfonnac;ao . . 38

aura.. . 39

Latao.. . 39

Cristal ..

Lapida<;ao ..

Banho em Dura ..

Analise Diacronica ...

Analise Sincronica .

. 39

. 40

. .40

. .41

. .41

Fase criativa .. . .41

... .42

.... .42

...43

Conceito ...

Cartela de cores ...

Gera~ao de Alternativas ...

Sele~ao de Alternativas .. . 50

RESU LTADOS.. . 56

Fase executiva . . 56

Plano de negocios.. . 56

Fichas Tecnicas .

Book Fotografico dos produtos ..

. 57

..63

DISCUSSAO .. . _ BB

CONCLUSAO .. . 69

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS .70

LlSTA DE FIGURAS

Figura 01 - Ritual Africano - Vodu

Fonte: Discovery Magazine N° 6 ..

Figura 02 - Orixa Exu

Fonte: Postais Pau Brasilis .

Figura 03 - Orix" Ogum

Fonte: Postais Pau Brasilis .Figura 04 - Orixa Oxossi

Fonte: Postais Pau Brasilis .

Figura 05 - Orixa Ossain

Fonte: Postais Pau Brasilis .

Figura 06 - Orix" Oxumare

Fonte: Postais Pau Brasilis .

Figura 07 - Orix" Omolu

Fonte: Postais Pau Brasilis .

Figura 08 - Orix" Xango

Fonte: Postais Pau Brasilis

Figura 09 - Orixa Yansa

Fonte: Postais Pau Brasilis .

Figura 10 - Orix" Oba

Fonte: Posta is Pau Brasilis .

Figura 11 - Orix" Oxum

Fonte: Postais Pau Brasilis .

Figura 12 - Orix" Logunede

Fonte: Postais Pau Brasilis .

Figura 13 - Orix" Yemanja

Fonte: Postais Pau Brasilis .

Figura 14 - Orixa Nana

Fonte: Posta is Pau Brasilis .

Figura 15 - Orix" Oxala Oxaguian

Fonte: Postais Pau Brasilis .

Figura 16 - Orixa Oxala Oxalufan

.....23

........ 24

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..28

. .28

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....29

. 30

Fonte: Postais Pau Brasilis .

Figura 17 - Hierarquia da Umbanda

Fonte: SiLVA, Dagoberto, Magia e rituais de Umbanda ..

Figura 18 - Baiana usando fios-de-conta

Fonte: Revista Horizonte N° 86 ..

Figura 19 - Fios-de-conta

Fonte: Revista Horizonte N" 86 ..

Figura 20 - Pulseiras e bra<;adeiras

Fonte: Revista Horizonte N° 86 ..

Figura 21 - Baiangandas

Fonte: Revista Horizonte N" 86 ..

Figura 22 - Guias

Revista Horizonte N° 86 ..

...30

...31

. 32

. ..33

...33

....34

. 34

RESUMO

A Escravidao no Brasil, fato muito comum em paises que tiverarn suas raizespoliticQ-economicas baseadas no colonialismo foi sem duvida urn dos fataresresponsaveis pela sua marginalizac;:8.o. Par Dutro lado, nos trouxe beneficiosGulturais. Segundo 0 soci61ogo Darcy Ribeiro 0 pavo brasileiro e uma miscigenay8.ode tres rarras; os negros africanos, trazidos para 0 pais devido ao comercio deescravos; 0 indio, pavo que ja fora encontrado instalado nas terras brasileiras e asluses, que chegaram ao pais devido a interesses econ6micos. Ao entrarem no Brasil,as negros africanos tentaram ao Maximo manter suas tradic;:oes. Seus cultesreligiosos, por exempto, eram realizados em laruba OU em Nage, duas linguas deorigem africana. Os deuses ou orixas, tambem tin ham seus nomes escritos e faladosna mesma lingua. Com 0 tempo esses costumes acabaram se misturando comcostumes trazidos pelos portugueses, como e a caso do Umbanda e ate mesmo doCandomble, que teve em seus orixas, sincretismo da igreja cat6lica. Foi inspiradonos cultas do Candamble que Icram canleccianadas as pegas deste projeta.

ABSTRACT

The slavery in Brazil, very common fact in countries that had theirs politic-economybased in the colonialism was without a doubt one of the responsible factors for itsdelinquent. On the other hand, it brought cultural benefits. According to thesociologist Darcy Ribeiro, Brazilian people are a miscegenation of three races; theAfrican blacks, brought for the country due the commerce of slaves, the Indian,people who already were in Brazilian lands; and the Lusitanian, that had arrived tothe country due the economic interests. When the African blacks entered in Brazil,they had tried to keep theirs traditions. Theirs religious cults, for example, werecarried through in "Yoruba" or "Nage", two languages of African origin. Gods or"orixas" also had its names written and said in the same language. The time passesby, African and Portugal customs were mixed, as it is the case of the "Umbanda" andeven though of the "Candomble", that had in its "orixas", syncretism of the CatholicChurch. The jewelry of these projects were inspired in the cults of "Candomble"

INTRODUC;;AO

Albatroz, albatroz ... apenas uma comparayao a ave, uma comparaC;c30 ao seu vao ea seu tamanho, como era grande aquele novo mundo, mas nada se comparava comsuas casas. Foi fazendo uma comparayao com esta ave que Castro Alves, apoeta dos escravos conseguiu trazer ate nos urn paueD do sofrimento deste pava.

Ber~o das Civiliza~oes, a Africa acabou por ser dominada pelos portugueses, ironiaquando se sabe a origem da palavra civilizayao que significa alto grau dedesenvolvimento dos caracteres proprios da vida social, politica, economica ecultural de urn pais ou regiao.

as africanos vindos para 0 Brasil trouxeram com eles as suas culturas, uma delas etalvez a que influenciou rna is a pavo brasileiro foram suas crenc;as, as maisconhecidas: Umbanda e Candomble. Estes rituais sempre reverenciaram os quatroelementos da natureza alem dos orixas e dos guias espirituais. A joalheria afro-brasileira, tambem teve influeneia direta no povo afrieano e os fios-de-eontas eadacor representando um orixa, junto com materia is alternatives e retirados da naturezaformavam as J6ias de Axe (palavra de origem afrieana que traduzido para 0

portugues significa Energia).

Esta Energia representada pel a Jealheria nada mais era que um refugio para oseseravos, que eram na epoea proibidos de realizarem seus eultes, trabalhandoassim eseondidos nas senzalas que geralmente eram feitas de chae batido dai aorigem da palavra Terreiro. As J6ias de Axe eram detalhadamente trabalhadas porpessoas escolhidas pelos pais e maes de Santo das Giras, estes enquantoineorporados sentiam as pessoas que mais tin ham energia e as eolocavam paratrabalhar com os fios-de-eontas.

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REVISAo BIBLIOGRAFICA

Breve Historia da Joalheria

" ... Para a maiaria dos Antrop61ogos e historiadores, a homem adornou-se antesmesma de vestir-se ..." Ivens Fontoura. Design 24 horas (II)

As primeiras vestimentas do homem foram as adarnos, as cintos feitcs de folhas egalhos e cora res feitcs de sementes ja acompanhavam 0 homem desde asEscrituras Sagradas da Biblia. Porem foi na idade do Bronze que 0 homem comec;:oua utilizar-se da joalheria como adorno pessoal. Fai unindo as metais cobre e estanhoque 0 homem descobriu 0 Bronze 0 primeiro metal fundido, facilitando assim 0

surgimento da Arte Decorativa da Joalheria.

Na mesopotamia surgiu 0 brinco ah~m do usa de coroas nas classes superiores. Jano Egito a pelo do corpo era raspado e 0 usc de barbas feitas de ceramica eracomum. As classes menos privilegiadas do Egito usavam freqOentemente brincos,braceletes e cola res, e para os nob res 0 peitoral feito de pedras e metais preciosos econtas de vidro colorido.

Na Ilha de Creta (1750 a.C. e 1400 a.C.) alem de adornos como chapeus eturbantes era comum 0 uso de j6ias como alfinetes, colares brincos entre outrosdevido ao fato deste pavo trabalhar muito bem com os meta is. Na Grecia (800 a 100a.C.) ocarreu um grande desenvolvimento nas areas da filosofia, arte, democracia econhecimento. As roupas eram presas par Broches ou alfinetes. Usavam a joalheriacomo um complemento para a vestuario onde encontrava-se braceletes, cola res,brincos, aneis e ate mesmo diademas.

Etruria: trabalhada em metais e pedras preciosas a joalheria etrusca, principaldestaque das artes do periodo, apresentava alfinetes, colares, braceletes, aneis,fivelas, coroas e era usada ate mesmo com carater de prote<;80. No periodoRomano, as homens tambem usavam a joalheria como forma de prote<;80 e erachamada de coura~a uma especie de escudo de metal para proteger a peitoenquanto as mulheres usavam joias de diversos tipos.

Idade Media

Com j6ias policromicas a Idade Media, que expressavam as ideals do cristianismo edo amor idealizado, tema central de praticamente toda a joalheria da epoca. Ajoalheria assim como a arte, a literatura sofrerarn muita influencia da igreja nesteperiodo, anulando 0 desenvolvimento do Design ate entao apresentado. Foi umgrande contraste com a periodo romano que se ocupou de pedras e metalspreciosos para a prodU<;80 de j6ias.

o Periodo G6tico tambem foi baseado em urn individualismo, na urbaniza~ao e naverticalidade esquecendo a luxuria dos outros period os.

Idade Modema

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No Renascimento, foram criadas peyas historicas decoradas com esmaltes e pedraspreciosas, cujo nivel artistico e comparado aos da pintura e da escultura do mesmoperiodo: artistas como Hans Holbein, Albrecht DOrer e Benvenuto Cellini eramcontratados por mecenas para desenhar pec;as que estimulassem os au rivesrenascentistas a chegar a niveis nunca antes alcanc;ados nas tecnicas deesmaitac;ao, gravac;ao e cravac;ao. No periodo seguinte, a Barroco, a troca de estilofoi evidente, com as joias tornando-se mais urn simbolo de status social devido agrande quantidade de gemas na mesma pec;a em detrimento do design, que perdesua expressao artistica.

As joias do periodo Rococo eram assimetricas e leves, se comparadas com as doperiod a anterior. Surgem, pela primeira vez, joias para serem utilizadas durante adia, mais leves, e joias para serem usadas a noite, desenhadas especialmente pararesplandecerem iluminadas pel a luz dos candelabras.

Idade Contemporanea Seculo XIX.

Neoclassico, a design das joias adapta-se as severas linhas do estilo, que buscouinspirac;ao nos estilos grego e romano, e que se impunha devido a simplificac;ao dovestir e dos anos de mudanc;as politicas em toda a Europa e America do Norte quese seguiram a Revoluc;ao Francesa.

A historia da joalheria no complexo seculo XIX inicia - se com as grandiosas joiascriadas para a corte do Imperador Napoleao I e que serviram de padrao para toda aEuropa ate a Batalha de Waterloo em 1815: os conjuntos de j6ias chamadosparures, compostos de tiaras, brincos, gargantilhas au cola res, e braceletesfantasticamente adornados com gemas como a diamante, a esmeralda, a safira, arubi e a perala, cujo esplendor sobressaia mais do que a proprio design das peyas.Quase ao mesmo tempo, emergia a Romantismo, com uma volta ao design das joiasda AntigOidade e dos tempos medievais. 0 crescente gosto pelo luxo, encorajadopar urn periodo de prosperidade, baixos impastos e uma sociedade elitizada surgidacom a born da Revoluyao Industrial, foi expresso pelas inumeras joias guarnecidassomente com diamantes, principalmente depois da descoberta das minas da Africado Sui na decada de 60. Esta descoberta transformou a carater da joalheria, que parvarias decadas se eoncentrou no brilho em detrimento da cor, do desenho e daexpressao de ideias.

Idade Contemporanea Seculo XX

Com a initio do seeulo XX, joalheiros como Cartier e Boucheran, adotaram urn novoestilo, inspirado no seculo XVIII e chamado de Belle Epoque, compondo j6ia onde adelicadeza das guirlandas, das flo res estilizadas e da utilizayao da platina, era umareayao a banalidade das joias recobertas de diamantes. Par volta da mesma epoca,as joalheiros da corrente Art Nouveau, liderados por Rene Lalique, criaram furor naExposiyao de Paris de 1900, com designs inspirados na natureza e exeeutados emmateriais como marfim e chifres de animais, eseolhidos rna is pela sua qualidadeestetica do que par seu valor intrinseco. Como nao eram j6ias praticas para usa, 0

estilo rapidamente desapareceu, com 0 inieio da 1<1 Guerra Mundial.

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Com a paz, em 1918, impoe-se na joalheria 0 estilo Art Deco, com seu designassoci ado ao Cubismo, ao Abstracionismo e a arquitetura da Bauhaus, suavizado nadecada de 30 pelos motivos figurativos e fiorais reintroduzidos por Cartier. A arte dajaalheria, depois da 2a Guerra Mundial, adaptou - se a uma clientela que compravanao s6 para usa, mas tambem como investimento. A enfase passou a ser naqualidade das gemas, perfeitamente facetadas e montadas em peyas de design deacordo com a moda. A partir da segunda metade do seculo XX, novas ide!ias econcertos, assim como novos materiais passaram a ser utilizados pelos designers,como os metais titanio e niobio, e tambem diferentes tipos de plasticos e papeis,buscando novas caminhos de expressao.

Os Afro-brasileiros

a Negro Africano

o Negro Africano foi trazido para 0 na condiyao de escravo, transmitindo assim naouma cullura pura mas perturbada au desvirtuada pela escravidao. Enquanto naAfrica eles desenvolviam sua capacidade cultural e psiquica, no Brasil a situayao eraoutra.

Para que possamos analisar os afro-brasileiros e necessaria sem duvidas resgataralguns principios da Africa Negra onde haviam condi~oes culturais diversas,algumas culturas primitivas, Qutras com influencias do islamismo.

Estudos mostram que a Africa pode ser dividida em areas culturais ou gruposetnicos ou de linguas. As areas culturais sao as seguintes: 1) Joisan (Hotentotes eBosquimanos); 2) Oriental do Gado; 3) Ponta Oriental; 4) Congo; 5) Costa da guine;6) Sudao Ocidental; 7) Sudao Oriental; 8) Deserto; 9) Egito.

A divisao feita por grupos etnicos: melanoafricanos, compreendendo os sudaneses,guineus, congoleses, nH6ticos, sul-africanos; abissinios, compreendendo as crom!,ou Ugala", ambara e tigray; etiopes, compreendendo os semicamiticos e as fulge;negritos ou pigmeus, compreendendo os bosquimanos e hotentotes.

Quanto as linguas: 1) lingua camito-semiticas (Africa do Norte, do Egito a Marrocos,Etiopia e Eritreia); das linguas berberes (camiticas), da Africa do Norte e Saara; edas linguas kusniticas, espalhadas no Alto Egito (bedja), Eritreia, Etiopia, Somalia,Kenya; 2) as linguas negro-africanas, distribuidas nas sudanesas, nil6ticas,semibanto e banta e 3) linguas Joi-San.

a Negro no Brasil

o Negro fai trazido para 0 Brasil como Mao-de-obra, para substituir os indiOS, numaagricultura tipicamente tropical e serviu de base no processo de coloniza~ao comque foi acupado a territorio brasileiro. 0 escravo teve grande influencia naorganiza~ao econ6mica e social do Brasil. u ••• 0 mau elemento da populac;ao nao foia ra~a negra, mas essa raya reduzida ao cativeiro ... " Joaquim Nabuco, 0Abolicionismo, 1881.

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Essa frase mostra muito bern a realidade do negro africano no Brasil, como escravoe por causa da escravidao, 0 negro teve sua cultura perturbada, misturou-se comoutros grupos culturais. Ate mesmo entre eles teve uma mistura cultural modificandoseus costumes. Este foi 0 principal motivo das rebeliaes, podendo citar Zumbi dosPalmares, 0 negro passou par um processo bastante expressivo e se rebelou.Nao podemos saber ao certo quantos escravos foram trazidos para 0 Brasil sendoque historiadores relatam entre 3 milh5es a 18milh5es, numero muito variado.Pcrem sabe-se as focos de entrada, 0 primeiro na Bahia e Pernambuco, da Bahiase irradiaram para Sergipe e de Pernambuco para Alagoas e Paraiba, Outra foco foia entrada no Maranhao, devido a lavoura de algodao. Um quarto foco encontramosnas Minas Gerais para a exploray80 do ouro e de diamantes. E 0 ultimo foco no Riode Janeiro, primeiro com a cana-de-ayucar e depois de cafe.

Da mesma forma que nao forarn feltos documentos com 0 numero exato deescravos que entraram no pais, nao fcram feitos documentos a respeitos dasregi5es da Africa que vieram os escravos. Ap6s anos de pesquisas chegaram aseguinte distribuil'ao:Cu/turas Sudanesas: representada principalmente pelos povos lorubanos, da Nigeria(Naga, Ijecha, Euba ou Egba, Ketu, Ibadan, Yebu ou Ijebu e grupos menores),Daomeanos ( Gege, Ewe, Fon ou Efan e grupos menores, Fanty-Ashanti, da Costado Oura (Mina prapriamente dito, Fanti e Ashanti, grupos menores da Gambia, daSerra Leoa, da Liberia, da Costa da Malagueta, da Costa do Marfim ... )Cu/turas Guineano-Sudanesas Islamizadas ou Negro-Maometanas: representadapelos grupos, Peuhl (Fulah, Fula); Mandinga (Solinke, Bambara); Haussa; Tapa,Borem, Gurunsi e outros grupos menores.Culturas Bantas: constituidas por inumeras tribos dos grupos Angola-Congoles eContra-Costa.

Abolicionismo

Nao fcram apenas os Negros que se rebelaram com 0 trabalho escravo masdiversas pessoas de grande influencia acabaram aderindo a causa e conquistando aliberdade dos negros. Varias faram as leis implantadas entre elas podernos citar a leido Ventre Livre, Lei Euzebio de Queiroz, Lei Aurea entre outras. Entre os ilustresque defenderam a libertay80 esta:Castro Alves: 1847:A 14 de Marl'o, na fazenda Cabaceiras, perto de Curralinho,Bahia, Brasil, nasce Antonio Frederico de Castro Alves, filho de D. Clelia Brasilia daSilva Castro e do Dr. Antonio Jose Alves. -1854: A familia Alves vai morar emSalvador. -1859: Morte de D. Clelia, mae do poeta. - 1862:Antonio Frederico deCastro Alves e 0 seu irmao Jose Antonio vao estudar no Recife. -1863: CastroAlves publica "A Canc;ao do Africano", os seus primeiros versos abolicionistas.Apaixona-se pela atriz portuguesa Eugenia Camara. -1864: Desequilibrio mental esuicidio de Jose Antonio. Castro Alves rnatricula-se no 1.° ano da Faculdade deDireito de Recife. Escreve 0 poema "0 Tisico" (ao qual dara depois 0 titulo"Mocidade e Morte"). - 1865: Em Recife, na abertura do ano letivo declama 0 poema"0 Seculo". Comel'a a elaborar os poem as de "Os Escravos". - 1866: Morte do Dr.Alves, pai do poeta. Este matricula-se no 2.° ano de Direito. Com Rui Barbosa eoutros colegas funda uma sociedade abolicionista. E urn dos fund adores do jornal de

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ideias "A Luz". No Teatro Santa Isabel declama 0 poema "Pedro Ivo", grandesucesso. Torna-sa amante da atriz Eugenia Camara e entusiasma-se pela vidateatral. - 1867: Conclui 0 drama "Gonzaga". Com Eugenia Camara deixa Recife einstala-se na Bahia. Estreia de "Gonzaga" e consagra~ao do poeta. Retira-se para achacara da Boa Vista. - 1868: Viaja para 0 Rio de Janeiro. Jose de Alencar eMachado de Assis tomam contata com a sua obra. Ainda com Eugenia Camara viajapara Sao Paulo cnde requer matricula no 3°, Ana de Direito. Triunfo com adeclamayao de"O Navio Negreiro" em sessao magna. Sucesso de "Gonzaga" noTeatro de Sao Jose. Acidente de caya, tiro no calcanhar esquerdo. - 1869:Matricula-se no 4.° ano de Direito. A tisica progride, viaja para 0 Rio, hospeda-se nacasa de um amigo. Amputa~o do pe esquerdo. Assiste ao desempenho de EugeniaCamara, da qual se separara urn ano antes. Torna it Bahia. - 1870:Pousa emCurralinho (hoje Castro Alves), sertao baiano, e depois na fazenda Sta. Isabel doOrob6 (hoje Iteberaba). Regressa a Salvador da Bahia. Edic;ao de "EspumasFlutuantes" -1871: Apaixona-se pela cantara Agnese Trinci Murri. Agrava-se a seuestado de saude. Morre a 6 de Julho.

Entre as poemas escritos a favor dos negros esta:

o NAVIO NEGREIROCastro Alves

'Stamos em plena mar. .. Doudo no espayo Brinca 0 luar - dourada borboleta; E asvagas ap6s ele correm ... cansam Como turba de infantes inquieta.

'Stamos em pleno mar. .. Do firmamento as astros saltam como espumas de ouro ..a mar em troca acende as ardentias, - Constelayoes do liquido tesouro ..

'Stamos em pleno mar. .. Dais infinitos Ali se estreitam nurn abrayo insano, Azuis,dourados, placidos, sublimes ... Qual dos dous e 0 ceu? qual 0 oceano?.

'Stamos em plena mar. .. Abrindo as velas Ao quente arfar das virayoes marinhas,Veleiro brigue carre a flor dos mares, Como royam na vaga as andorinhas ..

Donde vern? onde vai? Das naus errantes Quem sabe 0 rumo se e tao grande 0

espayo? Neste saara os corceis 0 p6 levantam, Galopam, voam, mas nao deixamtrac;o.

Bem feliz quem ali pode nest'hora Sentir deste painel a majestade! Embaixo - 0

mar em cima - 0 firmamento ... E no mar e no ceu - a imensidade!Oh! que doce harmonia traz-me a brisa! Que musica suave ao longe soa! Meu Deus!

como e sublime urn canto ardentePelas vagas sem tim boiando a toa!

Homens do mar! 6 rudes marinheiros, Tostados pelo sol dos quatro mundos!Crianc;as que a procela acalentara No berc;o destes pelagos profundos!

Esperai! esperai! deixai que eu beba Esta selvagem, livre poesia Orquestra - e 0

mar, que ruge pela proa, Eo vento, que nas cardas assobia ..

Par que foges assim, barco ligeiro? Por que foges do pavido poeta? Oh! quem medera acompanhar-te a esteira Que semelha no mar - doudo cometa!

Albatroz! Albatroz! aguia do oceano, Tu que darmes das nuvens entre as gazas,Sacode as pen as, Leviathan do espac;o, Albatroz! Albatroz! da-me estas asas.

17

Que importa do nauta a berl'o, Donde e filho, qual seu lar? Ama a cad en cia do versoQue Ihe ensina 0 velho mar! Cantai! que a marte e divinal Resvala 0 brigue a bolina

Como golfinho veloz. Presa aD mastro da mezena Saudosa bandeira acena Asvagas que deixa apos.

Do Espanhol as cantilenas Requebradas de langor, Lembram as moyas morenas, Asandaluzas em flor! Da Mlia a filho indolente Canta Veneza dormente, - Terra de

amor e trail'ao, Ou do golfo no regal'o Relembra as versos de Tasso, Junto as lavasdo vulcao!

o Ingles - marinheiro frio, Que ao nascer no mar se achou, (Porque a Inglaterra eurn navio, Que Deus na Mancha ancorou). Rijo entoa patrias gl6rias, Lembrando,

orgulhoso, historias De Nelson e de Aboukir ... 0 Frances - predestinado-Canta as louros do passado E as loureiros do porvir!

Os marinheiros Helenos, Que a vaga jonia criou, Belos piratas morenos Do mar queUlisses cortou, Homens que Fidias talhara, Vao cantando em naite clara Versos que

Homero gemeu ... Nautas de todas as plagas, V6s sabeis achar nas vagas Asmelodias do ceu! .

III

Desce do espac;o imenso, 6 aguia do oceano! Desce mais ... inda mais ... nao podeolhar humano Como 0 teu mergulhar no brigue voador! Mas que vejo eu ai .. Quequadro d'amarguras! E canto funeral! ... Que tetricas figuras! ... Que cena infame e

viI... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!

IV

Era um sonho dantesco ... 0 tombadilho Que das luzernas avermelha 0 brilho. Emsangue a se banhar. Tinir de ferros ... estalar de ac;oite ... Legioes de hornens negros

como a noite, Horrendos a danc;ar..Negras mulheres, suspendendo as tetas Magras crianc;as, cujas bocas pretas Rega

o sangue das maes: Outras moc;as, mas nuas e espantadas, No turbilhao deespectros arrastadas, Em ansia e magoa vas!

E ri-se a orquestra ironica, estridente ... E da ronda fantastica a serpente Faz doudasespirais ... Se 0 velho arqueja, se no chao resvala, Ouvem-se gritos ... 0 chicote

estala. E voam mais e mais ..Presa nos elos de uma 56 cadeia, A multidao faminta cambaleia, E chora e danc;a

ali! Um de raiva delira, outro enlouquece, Outre, que martirios embrutece, Cantando,geme e ri!

No entanto 0 capitao manda a manobra, E ap6s fitando 0 ceu que se desdobra, Taopuro sobre 0 mar, Diz do fume entre os densos nevoeiros: "Vibrai rijo 0 chicote,

marinheires! Fazei-os mais danc;arL .. "E ri-se a arquestra ironica, estridente ... E da ronda fantastica a serpente Fazdoudas espirais ... Qual urn sonho dantesco as sombras voarnL .. Gritos, ais,

maldic;oes, preces ressoam! E ri-se SatanasL.

V

Senhor Deus dos desgrac;ados! Dizei-me v6s, Senhor Deus! Se e loucura ... se everdade Tanto horror perante os ceus?! 0 mar, par que nao apagas Co'a esponja de

tuas vagas De teu manto este borrao? .. Astros! noites! tempestades! Rolai dasimensidades! Varrei os mares, tufiio!

18

Quem sao estes desgrayados Que nao encontram em vos Mais que 0 rir calmo daturba Que excita a furia do algoz? Quem sao? Se a estrela S8 cala, Se a vaga apressa resvala Como urn cumplice fugaz, Perante a noite confusa ... Dize-o tu,

severa Musa, Musa liberrima, audaz!..Sao os filhos do deserto, Onde a terra esposa a luz. Onde vive em campo aberto Atribo dos homens nus ... Sao os guerreiros ousados Que com os tigres mosqueadosCombatem na solidao. Ontem simples, fortes, bravos. Hoje miseros escravos, Sem

luz, sem ar, sem razao.Sao mulheres desgra~adas, Como Agar 0 foi tambem. Que sedentas, alquebradas,De longe ... bem longe vem ... Trazendo com tibios passos, Filhos e algemas nos

bra~os,N'alma - lagrimas e fel... Como Agar sofrendo tanto, Que nem 0 leite de pranto

Tern que dar para Ismael.La nas areias infindas, Das palmeiras no pais, Nascerarn crianyas lindas, Viverammoyas gentis ... Passa urn dia a caravana, Quando a virgem na cabana Cisma danoite nos veus Adeus, 0 choya do monte, Adeus, palmeiras da fonte!..

Adeus, amores ... adeusl..Depois, 0 areal extenso ... Depois, a oceano de po. Depois no horizonte imenso

Desertos ... desertos s6 ... E a fome, 0 cansayo, a sede ... Ai! quanto infeliz que cede,E cai p'ra nao mais s'erguerL.. Vaga um lugar na cadeia, Mas 0 chacal sobre a areia

Acha um corpo que roer.Ontem a Serra Leoa, A guerra, a caya ao teao, 0 sono dormido a toa Sob as tendasd'amplidao1 Hoje ... 0 parao negro, fundo, Infecto, apertado, imundo, Tendo a pestepor jaguar ... E 0 sono sempre cortado Pelo arranco de um finado, Eo baque de um

corpo ao mar..Ontem plena liberdade, A vontade por podeL .. Hoje ... cum'lo de maldade, Nem saolivres p'ra morrer. . Prende-os a mesma corrente - Ferrea, higubre serpente - Nasroscas da escravidao. E assim zombando da morte, Danya a !ugubre coorte Ao som

do ayoute ... Irrisao!..Senhor Deus dos desgrayados! Dizei-me v6s, Senhor Deus, Se eu detiro ... ou se everdade Tanto horror perante as ceus?!. .. 6 mar, par que nao apagas Co'a esponja

de tuas vag as Do teu manto este bOrri30? Astros! noites! tempestades!Rotai das imensidades! Varrei as mares, tufao! .

VI

Existe urn povo que a bandeira empresta P'ra cobrir tanta infamia e cobardia! .. Edeixa-a transformar-se nessa festa Em manto impuro de bacante fria!. .. Meu Deus!meu Deus! mas que bandeira e esta, Que impudente na gavea tripudia? Silencio.

Musa ... chora, e chora tanto Que 0 pavilhao se lave no teu pranto! .Auriverde pendao de minha terra, Que a brisa do Brasil beija e balanya, Estandarte

que a luz do sol encerra E as promessas divinas da esperanya ... Tu que, daliberdade apos a guerra, Foste hasteado dos herois na lanya Antes te houvessem

rotc na batalha, Que servires a urn povo de mortalha!..Fatalidade atroz que a mente esmaga! Extingue nesta hora 0 brigue imundo 0 trilho

que Colombo abriu nas vagas, Como um iris no pelago profundo! Mas e infamiademais! .. Da eterea plaga Levantai-vos, her6is do Novo Mundo! Andrada! arranca

esse pendao dos ares! Colombo! fecha a porta dos teus mares!

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Contribuiyoes culturais do Negro Africano

A principal contribuiyao sem duvida e mostrada na religiao. onde os escravosrevelavam suas capacidades de resistencia, praticando cultos seguidos ate hojepelos brasileiros.

A loruba foi a mais adiantada das culturas negras puras, introduzidas no Brasil. 0Nago se converteu por algum tempo pela influencia da cultura loruba, em Nago serealizavam e ainda hoje se realizam as cerimonias do culto. canticos dos terreiros.Outra lingua que teve bastante influencia foi 0 quimbundo do grupo Banto.

A celebrac;a.o do Gulto Nago se faz em templos proprios, os terreiros, constituindoseus altares os pejis. Os sacerdotes sao chamados Babalorixas ou Babalaos. Nareligiao loruba se tem feito sentir forte sincretismo com 0 catolicismo e com 0

espiritismo.

Gandombh§; na Bahia, Macumba no Rio ou Xang6 no Nordeste, deve-se dizer que eum produto ja brasileiro com fortes influencias do catolicismo e do espiritismo.Instrumentos de musica como tambores, atabaques ou campanulas, agog6 ouflauta, afofie, usados nas praticas religiosas sao de influencias loruba. Dos Bantosherdamos os instrumentos musicais como os tambores de jon go. 0 ingono, 0 zambe,a cuica, 0 berimbau.

Os pratos da culinaria afro-brasileira tambem foram influencia loruba, assim como aindumentaria: panos vistosos, saias rodadas, xales da Costa, braceletes, argol6es,cola res, etc.

Tambem de origem loruba, objetos de Bronze, de ferro ou de madeira. Ja dosgrupos bantos destaca-se 0 uso da figa feita em ferro ou madeira.

Cultura loruba

Os Povos lorubanos habitam 0 Sudeste da Nigeria, onde encontram-se entre 12 e14 milhoes, sendo que a maloria vive em cidades com mais de 20 mil habitantes.Suas origens se encontram numa antiga populaC;ao indigena que tinha como centroa cidade de Ife. Depols chegaram os conquistadores, guiados pelo legendariofundador Oduduwa. H<i quem diga que Ife, cidade santa dos loruba, seja Ufa, acidade men cion ada na Biblia onde os fenicios adquiriam ouro a pedido do ReiSalomao.

A cidade de Ife atingiu 0 auge do esplendor entre os seculos 12 e 14 e seu rei e atehoje considerado 0 pai de todos os reis loruba. A cidade s ainda capital do reinooriginario e, segundo se acredita, constitui 0 centro da terra. Ali, a terra teriacomecado a se formar e ali teria descido a divindade pai ou mae de todos osviventes para fundar e reinar sobre "sua" pr6pria cidade. Esta lenda que cita acriac;c3.odo Mundo e Ifs como centro da terra pode ser encontrada no livro "OsAfricanos no Brasil" escrito por Nina Rodrigues:

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""0 MITO DA CRIA<;AO (SEGUNDO A TRADI<;AO YORUSA)

Olodumare enviou Oxala para que criasse a mundo. A ele foi confiados urn sa co deareta, uma galinha com 5 (cinco) dedos e urn camaleao. A areia deveria ser jog adano oceano e a galinha posta em cima para que ciscasse e fizesse aparecer a terra.Por ultimo, colocaria 0 camaleao para saber se a terra estava firme.

Oxala. foi avisado para fazer uma oferenda a Exu antes de sair para cumprir suamissao. Par ser urn orixa funfun, Oxala se achava acima de todos e, sendo assim,negligenciou a oferenda a Exu. Descontente, Exu resolveu vingar-se de Oxala,fazendo-o sentir muita sede. Nao tendo Dutra alternativa, Oxala furou com seuopasoro 0 tronco de uma palmeira. Dela escorreu urn liquido refrescante que era avinho de Palma. Com 0 vinho, ele saciou sua sede, embriagou-se e acaboudormindo.

Olodumare, venda que Oxala nao havia cumprido a sua tarefa, enviou Oduduwapara verificar 0 ocorrido. Ao retornar e avisar que Oxala estava embriagado,Oduduwa cumpriu sua tarefa e os outros orixas vieram se reunir a ele, descendo dosceus, gra<;as a uma corrente que ainda se podia ver no Bosque de Olose.

Apesar do erro cometido, uma nova chance foi dada a Oxala: a honra de criar oshomens. Entretanto, incorrigivel, embriagou-se novamente e comeyou a fabricaranees, corcundas, albinos e toda especie de monstros.

Oduduwa interveio novamente. Acabou com os monstros gerados por Oxala e criouhomens sadios e vigorosos, que foram insuflados com a vida par Olodumare.

Esta situa<;ao provocou urna guerra entre Oduduwa e Oxala. 0 ultimo, Oxala, foientao derrotado e Oduduwa tornou-se 0 primeiro Oba Oni Ife ou "0 primeiro Rei deIff,.,.

Nos prim6rdios da criaC;ao, 016dumare , 0 Ser Supremo que vive no 6 run, mandouvir ao aiye (universo conhecido) tres divindades: Og,;n (senhor do ferro), 0 bari s a(senhor da cria,ao dos homens) (2 - Um dos 6risa funfun, isto e, ori s a que temcomo principal preceito 0 usa do branco nos ritos e nas oferendas) e Odua(Y e m 0

ja), a unica mulher entre eles. Todos eles tin ham poderes, men os ela, que sequeixou entao a Ol6dunmare. Este Ihe outorgou 0 poder do passaro contido numacaba<;a (igba e ley e ) e ela se tornou entao, atraves do poder emanado de016dumare, Iya Won, nossa mae para eternidade (tambem chamada de iyami 0 s6r6ng;" minha mae Oshoronga). Mas 016dumare a preveniu de que deveria usareste grande poder com cautela, sob pena de ele mesmo repreende-Ia." 016dumare diz qual e 0 seu poder?Ele diz: voce sera cham ada para sempre de Mae de tad as.Ele diz: voce dara continuidade.016dumare Ihe entrega 0 poder.Ele entrega 0 poder de e I e iy e para ela.Ela recebe,o passaro de Ol6dumare.Eta, recebe ,entao, 0 poder que utilizara com ele.Ele diz:utilize com calma a poder que eu te dei a voce.

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Se voce utilizar com violencia, ele a retomara.Porque aquela que recebeu 0 poder se chamar Od".o homem nao pod era fazer nada sozinho na ausencia da mulher.."Lati igba naa ni Ol6dumare ti fun obirin I'a se "(Desde aquela epoca , Ol6d0mare outorgou axe as mulheres.)Elas exerciam todas as atividades secretas:"0 mu Eegun jadeo mu Or6jadeGbogbo nkan, k6 si ohun Ii ki se nigba nM"(Ela conduz EgunEla conduz Or6todas as coisas , nao ha nada que ela nao fa98 nesse tempo.)

Mas ela abusou do poder do passaro. Preocupado e humilhado, 0 bari s a foi aleQrunmila fazer 0 jog a de Ifa, e ele 0 ensinou como conquistar, apaziguar e vencerOdua, atraves de sacrificios, oferendas( e b 0 com igbin e pas 0 n Haste de Atori) eastucia.

Ele Ihe oferta e ela negligentemente , aceita, a carne dos igbin."Odu naa gba ami igbin , 0 mu uNigbali Od" mu omi igbin lan, inu Od" nr 6 di e di e."( Od0 recebe a agua de caracol para beber.quando odDbebeu, 0 venIre de OdDse apaziguou.)Obarisa e Odua foram viver juntos. Ele entao Ihe revelou seus segredos e, ap6salgum tempo, ela Ihe contou as seus, inclusive que cultuava Eegun. Mostrou-Ihe aroupa de Eegun, 0 qual nao tinha carpo, rosto nem tampouco falava. Juntos elescultuaram Eegun.

Aproveitando urn dia quando Odua saiu de casa, ele modificou e vestiu a roupa deEgungun. Com um baslao na mao (opa), 0 bari s a foi a cidade (0 falo de Eeguncarregar urn bastao revela toda a sua ira) e falou com todas as pessoas. QuandoOdDaviu Eegun andando e falando, percebeu que foi 0 bari s a quem lornou islopassive!. Ela reverenciou e prestou homenagem a Eegun e a 0 bari 5 el,conformando-se com a vit6ria dos homens e aceitando para 5i a derrota. Ela mandouenta~ seu poderoso passaro pousar em Eegun, e Ihe outorgou 0 poder: tudo 0 queEegun disser acontecera. Odua retirou-se para sempre do culto de Egungun, epartiu para partir 0 culto Gel e d e .S6 e I e iy e , indicara seu poder e marcara arela~ao enlre Egungun e iyamL

" Gbogbo agbara Ii Egungun si nl6 agbara e I e iy e ni."( Todo 0 poder que ulilizara Egungun e 0 poder do passaro.)o conjunlo homem-mulher da vida a Egungun (anceslralidade), mas reslringe seuculto aos homens, as quais, todavia, prestam homenagem as mulheres, ca5tigadaspor Ol6dunmare atraves dos abusos de Odua. Tambem por esta razao e que asmulheres mortas sao cultuadas coletlvamente, e somente 05 homens tem dire ito aindividualidade, atraves do culto de Egungun.No entanto iyami conhece todos os lugares secretos que contem Egungun, Oro etc ...e Nos quais 0 bari s it nao tern ace5so.Reinterpretando iyami , caba9a ventre

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contem as simbolos - filhos- passaros ainda nao renascldos, lugar onde a bari s anao penetrou.""

Isso de certa forma justifica a fato do povo loruba ser muito religioso, tendo comocentro de sua religiosidade um Deus Griador.

Arte (oruba

Par ficar localizado entre 0 deserto e a grande selva, este povo sempre foifavorecido pela abundancia de agua e outros recursos naturais. A arte de Ife,tipicamente ligada a corte, cria mascaras, cabeyas e figuras de bronze, latao oubarro cozido, carregados de valor vital, e modelados com tal sensibilidade,habilidade tecnica e forma que chegam quase a atingir a perfeiyao absoluta.

Acredita-se que estas peyas de bronze sejam retratos de grandes personagens,feitas ap6s sua morte.

Organizac;:aa laruba

Civilizayao urbana apresenta como principais caracteristicas os tecidos de rafia ealgodao, as j6ias de ouro, as ceramicas decoradas e as grandes e populosascidades. Cada (aruba tinha seu (ugar respeitado e sua fun9ao definida. 0 rei doslorubas era chamado de ani, assessorado pelos Obas (chefes) tinha poderes socialse religiosos.

as loruba acreditavam que ani era descendente direto de Oduduwa a ser supremo,entregando a ele poderes religiosos, muitas vezes tributavam homenagens asupremacia de ani.

Quanto as vestimentas os homens usavam calya, camisa e uma tunica, usada comocapa e as mulheres usavam blusas e envolviam as costas com uma pec;:a de lecido,ambos cobriam a cabeya as mulheres com len90s e os homens com gorros tipicos.

A Giviliza98.0 loruba teve sua decadE'mcia no final do seculo 17, com guerras, com achegada dos Europeus e pelo trafico de Escravos. Foram arrancados de suas terraspara servirem de escravos no Novo Mundo, trouxeram todo seu leg ado cultural.

Kevin Carrol sita:" as estudiosos afirmam que uma arte nao pode ser adaptada a outra fe, ja que

cultura e religiao formam um todo unitario. Trata-se de uma visao muito estreita. Asgrandes culturas africanas nao sao plantas frageis, que morrem ao serem tocadas.Podem, pelo contrario, adaptar-se e sofrerem novas influencias"

Foi 0 que aconteceu com a religiao Afro-brasileira, que com as influencias da igrejacat61ica resultaram na Umbanda, Candomble, Xango entre outras.

Religioes Afro-brasileiras

Mitalogia Africana

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Os povos praticantes das religioes tradlcionais da Africa acreditam que 0 Universoera pertelto e que a fraqueza e a Egoismo humanos que introduziram 0 mal.Acreditam em um ser supremo, for~as da natureza e animais. Em seus cultos fazemsacrlficios de animais e preces para corrigir desgra~as causadas pelas for~as domal, tambem usam mascaras e roupas especiais. Ervas e comidas sao oferecidasaos deuses como forma de agradecimento.

Diferentes das cren~as judaicas-cristas que acreditam que Deus 0 Ser Superiorestabelece as para regula~ao das rela~oes humanas, nos cultos africanos, acredita-se em um Deus com papel de grande inteligencia criadora e ardenadora do universoe que cada ser humano distingue-se dos demais par Ori, uma divindade pessoal queguia a pessoa antes mesmo do nascimento, durante a vida e ap6s a morte.

Acreditam que praticamente tudo na natureza e habitado par urn espirita sendo elesresponsaveis por todos os fen6menos naturais como chuvas, enchentes, entreoutros. Cultuam os antepassados acreditando que ap6s a morte as almasreencarnam em seres vivos ou objetos.

A magia exerce grande influencia nos cultos, e aos sacerdotes sao atribuidospoderes magicos, inclusive a da cura. Amuletos e Fetiches sao bastante usados coma intuito de prote~ao contra feiti~os, e alguns portadores de boa sorte.

" Separal'ao de ceu e terraDe acordo com a mitologia de algumas tribos africanas, a ceu e a Terra

formavam urn unico plano. A existencia ocorria num s6 nivel e as seres humanos eos arixas transitavam livremente tanto no ceu como na terra. Diz a lenda que um serhumano tocou 0 ceu com as maos sujas, provocando a ira de Olodumare, a DeusSupremo. Ele soprou com forl'a dividindo as espal'os com seu halito - a queseparou ceu e terra. Depois disso, os seres humanos nao puderam mais visitar 0

ceu e voltar de la com vida."Trecho retirado do livro : Historia das Religioes. Ed. Tempo Films.

o culto africano que aparece com mais destaque hoje e a Vodu. 0 termo Voduderiva de Vodun, " Deus" ou "espirito" na lingua dos fons, e muitas vezes econfundido com Magia Negra. Tern origem entre as negros do Daome da culturaJeje au Fan.

A nomenclatura para Jeje seria Ewe-Fan em sua lingua, 0 terreira se chama Kwe edeveria ser construido em meio a floresta, numa area repleta de arvores e rios.

Acredltam em um Deus Supremo e em divindades beneficas e maleficas. Essasdivindades possuem semelhan~s com Santos Cat61icos, ancestrais deificados, ecom deuses africanos, comunicam-se com os praticantes atraves de sonhos ou pelapossessao durante os rituals.

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Discovery Magazine N° 6

Nas cerim6nias e comum 0 toque de tambores, cantos, danc;as, preces, preparo deoferendas e sacrificio de anima is. Esse culto e presidido par uma mae-de-santodenominada Mambo e por um pai-de-santo, 0 Hougan e a instrumento utilizada parainvocar energias e 0 Boneca Vodu denominado Fetiche ou Feitic;o.

Alguns de uses voduns:Ayzan - Vodun da mata e da terraSogbe - Vodun do trovaoAgue - Vodun da FolhagemLoko - Vodun do tempo.

Religioes Afro-Brasileiras

Os cultos Afro-Brasileiros soa uma heranc;a dos escravos trazidos para 0 Brasil noseculo 16, predominando dois grupos os bantos e os sudaneses ou loruba (Nage).Os Sudaneses vieram da regiao do golfo da Guine e foram os principais precursoresdo Candomble. Os bantos agregam as na~6es de Angola, Benguela, Cabinda eCongo, dessas nac;6es herdamos a capoeira e a congada.

As Religi6es afro-brasileiras se farmaram em diferentes epocas e em diferentesregi6es do Brasil, par isso adotam diferentes formas de rituais, diferentes vers6esmitol6gicas derivadas de culturas africanas diversificadas e adotam tambem namesdiferentes para cada regiao. 0 Candomble na Bahia, Xang6 em Pernambuco eAlagoas, Tambor de Mina, no Maranhao e no Para, Batuque no Rio Grande do Sui eMacumba ou Umbanda no Rio de Janeiro.

Candombleo candombh§ e uma religiao politeista e foi introduzido na Bahia pelos negros loruba.E uma religiao magica e ritual, nao pode ser considerada uma religiao etica como acristianismo. Nas religi6es magicas nao ha a ideia de salvac;ao do pecado nem anegac;ao do mundo terreno em busca de uma vida eterna. No Candomble existe abusca da interferencia do sobrenatural no mundo presente, atraves da manipulac;aode energias, invocac;ao de divindades e sacrificios oferecidos a eles, os Orixas.

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Assim como em outros cultos africanos, no Candomble nao existe 0 pecado e cadapessoa tern seu orixa. Cada pessoa possui um orixa de Cabec;a, "Deus a quempertence sua mente e cujos trac;os de personalidade e tende!ncias decomportamento herda e procura imitar. Podem ser qualidades ou tambem defeitos,pois nenhum orixa e inteiramente bom au inteiramente mau." Trecho retirada do livre" a livro das ReligiOes"

Alem do orix,; de cabega cada pessoa tern urn segundo orix,; ou Junto como echamado. Geralmente se e orixa de cabec;a e masculino 0 segundo orixa serafeminine e vice-versa. Os orixas sao definidos atraves do jogo de buzios.

"Os orixas vieram da Africa com os escravos". S6 que, enquanto na Africa haregistro de culto a cerca de quatrocentos orixas, apenas uns vinte delessobreviveram no Brasil. A cada orixa cabe reger e controlar as forc;as da naturezaassim como certos aspectos da vida humana social.

Cada orixa, alem de ter funr;oes distintas e poderes especificos condizentes comseus trac;os de personalidade, conta tambem com simbolos particulares, perexemplo, as roupas, as cores das roupas e das contas, determinados objetos,aderec;os batidas de atabaque e canc;6es caracteristicas, bebidas e alimentos, semfalar dos animais sacrificados pr6prios de cada orixa. "

Estas caracteristicas pr6prias de cada orixa serae citadas abaixo, segundo 0

Candomble queto da Bahia.- Exu: orixa mensageiro, guardiao das encruzilhadas e da entrada das casas.Saudagao: Laroye Exu!Sexe: masculineElemento natural: minerio de ferroCores: Vermelho e pretoSincretismo: Sao GabrielInstrumento: porrete (ago)

F1Q.2Orixa Exu Fonte: Postais Pau Brasilis

- Ogum: Orixa da Metalurgia e da Tecnelogia, Deus da guerra.Saudagao: OgunyieSexo: masculinoElemento natural: FerroCores: Azul escuroSincretismo: Santo Antonio

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Instrumento: Obe (espada de ferro)

Postais Pau Brasilis

- Oxossi: Orixtl da ca~a, Deus da fauna.Saudagao: Ok;; Arb!Sexo: masculinoElemento natural: Florestas e MatasCores: Verde au AzulSincretismo: Sao JorgeInstrumento: Of;; (areo e fleeha)

- Ossain: Orixa da vegetac;:ao, Senhor das poc;:oes magicas.Saudagao: Eu EbSexo: masculinoElemento natural: folhas e ErvasCores: VerdeSincretismo: Santo OnofreInstrumento: Sete Hastes de ferro com urn pombo no centro

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- Oxumare: Senhor dos movimentos, mensageiro da chuva.Saudayao: Arro Bo BoiSexo: andr6ginoElemento natural: Chuva e condic;6es atmosfericasCores: As cores do arco-irisSincretismo: Sao BartolomeuInstrumento: Cobra de ferro.

- Omolu: Orixtl da cura, senhor do interior da terra.Saudayao: Alata BaluaeSexo: masculinoElemento natural: TerraCores: branco, preto e vermelho.Sincretismo: Sao LazaroInstrumento: Xaxartl

2'

- Xango: Senhor da justi9a, dos raios e trov6es.Sauda9ao: Kaw6 Kabiesih;,Sexo: masculinoElemento natural: Trovoadas, raios e fogo.Cores: vermelho e brancoSincretismo: Sao JeronimoInstrumento: Oxe (machado de dois gumes)

Fig. 8 Orixa Xang6 Fonte: Postais Pau Brasilis

- Yansa: deusa dos ventos e tempestades, impulsiva e guerreira, Orix;3 das paix6es.Sauda<;ao: Eparrei!Sexo: femininoElemento natural: chuvas, ventos e tempestades.Cores: vermelho e pretoSincretismo: Santa BarbaraInstrumento: Adaga e Eruexim (crina de rabo de boi)

Fig. 9 Orixa Vansa Fonte: Postais Pau Brasilis

- Oba: Rainha guerreiraSauda9ao: Oba Xir;;Sexo: femininoElemento natural: rios e quedas d' aguaCores: vermelho e brancoSincretismo: Nossa Senhora das NevesInstrumento: Lanya e escudo

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- Oxum: Sereia da Agua Dace, Mae da Riqueza e do Amor.Sauda,ao: Ora YeyeSexo: femininoElemento natural: rios e la90as e cachoeirasCores: amarelo ouroSincretismo: Nossa Senhora AparecidaInstrumento: Espelho (abebe)

- Logunede: principe das matas, filho de Oxossi e Oxum.Sauda,ao: Lossi, Lossi, Logun.Sexo: alternadamente masculino e femininoElemento natural: rios e florestasCores: Azul Turquesa e AmareloSincretismo: Sao ExpeditoInstrumento: Abebe e Ofa

Fig. 12 Orixa Logunede Fonte: Postais Pau Brasilis

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- Yemanja: A grande mae das aguas e da maioria dos Orix:3sSauda9ao: OdoiyaSexo: femininoElemento natural: maresCores: branco e azul claroSincretismo: Nossa Senhora da Conceil):aoInstrumento: Abebe (abano de prata)

Pau Brasilis

- Nana: Senhora da vida e da MorteSauda9ao: Saluba!Sexo: femininoElemento natural: lama, pantanos.Cores: lilasSincretismo: Nossa Senhora de SantanaInstrumento: lbiri

- Oxalil Oxaguian: 0 grande pai CelesteSauda9ao: Epa Baba Exe ESexo: masculinoElemento natural: 0 arCores: brancoSincretismo: Senhor do Bonfim, menino Jesus.Instrumento: Espada e Ossun (pilao) de prata

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Fonte: Postais Pau Brasilis

- Oxala Oxalufan (Obatala): 0 grande pai celesteSaudayao: Epa Saba Exe ~Sexo: andr6ginoElemento natural: 0 arCores: brancoSincretismo: Senhor do Bonfim, Espirito Santo.Instrumento: Opaxor6 (cajado)

Fonte: Postais Pau Brasilis

Umbanda

A umbanda e uma religiao tipicamente Brasileira, e composta pelo sincretismo entrea cultura religiosa africana e 0 Catolicismo e ainda adquiriu caracteristicas doEspiritismo Kardecista, permitindo a comunicac;ao do fiel com desencarnados, aocontra rio do Candombho.

Surgiu na dlkada de 1920, no Rio de Janeiro, mostrou-se visivelmente multietnica,dispensando de seus rituais 0 usa de idiomas africanos, os sacrificios de sangue eos processos iniciaticos lentos e caros, comuns no Candomble.

Foi do Candomble que a Umbanda herdou 0 que tem de basico e de luxo, 0Panteao dos Orixas. Alem dos Orixas, nos seus rituais "baixam" ou "incorporam"outros espiritos, chamados Gulas, espiritos de pessoas mortas nao individualizados

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como no Kardecismo, mas tipificados, e 0 caso dos indios brasileiros ou Caboclos,dos negros escravos ou pretos-velhos, os ciganos.

A umbanda e dividida em 7 linhas, cada linha e consagrada a um orixa, sendo quecada orixa comanda sete falanges, segundo os mais variados criterios, a origemetnica, as afinidades psicol6gicas e profissionais, os elementos da natureza, osestagios de evoluv80 que se encontram, a idade.

Uma dessas falanges corresponde a vibravao original do Orixtl, as outras seisrepresentam 0 cruzamento de energia original do orixtl com as dos outros seisorixas, com urn total de 49 falanges.

Fonte: SILVA, Oagoberto, Magia e rituais de UmbandaPrimclro:

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Fig. 17 Hierarquia da Umbanda Fonte: SILVA, Oagoberto, Magia e rituais de Umbanda

Os orixas que comandam as falanges sao:- Yansa: Deusa dos ventos e das tempestades. Cor: laranjada- Yemanja: Deusa dos mares. Cores: azul e branco- Ogum: Orixa guerreiro. Cor: Vermelho- Oxala: 0 grande pai Celeste. Cor: Branca- Oxossi: Deus das matas. Cor: Verde- Oxum: Orixa das aguas doces e das cachoeiras. Cor: amarelo ouro- Xango: Deus das pedras. Cor: Marrom

Como os orixas nao incorporam no ritual do Umbanda, a funyao das entidades ejustamente descer a terra e executar 0 trabalho ordenado pelo orixa. 0 orixa naodeve ser confundido com as entidades que integram sua linha de forva.

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Dentro da Umbanda a hierarquia do Orixa Exu denomina-se Quimbanda, fazemparte da falange que atua em lin has da esquerda, e tem side associadoerroneamente as fOr/yas diab6licas, porem e apenas uma linha complementar aslinhas de Direita. Da mesma forma que 0 feminino e 0 masculino, 0 positivQ e anegativo sao opostos complementares, da mesma forma essas duas forr;as se uneme se completam.

As entidades que trabalham com a falange de Exu reeebem 0 nome de Exu, Pomba-gira e Exu-mirim, atuam em uma missao carmica no sentido de evoluirespiritualmente. Sao responsaveis pelos trabalhos de prote9ao, altem de teremenergia vitalizadora e promoverem a desagregat;:ao de energias maleticas. Tambempossuem a funt;:ao de liberar 0 consciente e 0 inconsciente do fiel podendo trazer aton a traumas e segredos reprimidos.

Joalheria Afro-Brasileira

o principal papel das mulheres no Candomble e representar as orixas atraves dadanr;a ritual, onde as divindades sao representadas pelas suas cores, materia is,gestos, postura, etica corporal. Neste momento os objetos funcionam comodistintivos para 0 reconhecimento do orixa.

Estes objetos segundo estudos feitos em terreiros da eidade de Salvador, estaoagrupados em categorias:

- Fios-de-contas: os fios-de-contas sao feitos de contas de vidro e fios de nailon. Ascores variam conforme a intenc;ao, hierarquia, alem de identificar os orix8s. Saofeitas geralmente em multiplos de 7, sete, quatorze, vinte e urn.Alem das contas podem ser encontrados outros objetos com funcroes religiosas,Figa, Oxe (maehado de gume duplo), Peixe, Moeda, Patua (pequeno saeo), Mao depi lao, Ofa (areo e seta), Medalha, Crina e eabelo, Dente de animais, Esporao degalo, Buzios, Pomba do Divino Espirito Santo, espada faea e alforje (tipo de bolsa),Chifre de besouro, entre outros.

Fonte: Revista Horizonte N° 86·i~·.~="'?-:.~•..

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Fig. 19 Fios-de.-conta Fonte: Revista Horizonte W 86

- Brincos: como brincos Sao usados argolas, corais, contas, buzios e Lunas.

- Pulseiras, Bra.;adeiras e Tornozeleiras: Aros de latao dourado, cabre, ferro,aluminio, chumbo, prata. Bronze, fios-de-contas diversos, laguidibas, corais, courocombinado com outros materia is, palha da costa tran«ada e detalhes em buzios econtas.

Fig. 20 Putseiras e brac;adeiras Fonte: Revista Horizonte N° 86

- Queh~s: Marcam as period os de inicia«ao religiosas, sao fios-de-contas com ferro,buzios e palhas da costa, em forma de gargantilhas. Na cintura ainda sao usadas asPencas de Balangandas com objetos basicas como figa, maeda, axe, peixe, buzios,e contas diversas.

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Ja na Umbanda os Fios-de-contas recebem 0 nome de Guias e variam conforme osrituais adotados pelo BabalaO (pai de santo). Cad a divisao possui um numero Imparde contas se for da linha de Umbanda e um numero par se for da linha deQuimbanda. 0 comprimento da guia deve permitir que ela chegue ate 0 umbigo.Poder;; ser dividida em 7, 14 ou 21 partes tendo uma conta maior dividindo cad aparte.

ji\S"" •••• I) .J~

Fig. 22 Guias Fonte: Revista Horizonte N° 66

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MATERIAlS E METODOS DE PESQUISA

Nesle capitulo serao apresentadas as fases de desenvolvimento do projeto. Saoelas: Fase Analitica e Fase Criativ8. Na fase analitica, deve-s8 mostrar 0conhecimento basico sabre a colec;ao e sabre a mercado. Ja a fase criativaapresenta os metodos de desenvolvimento da coleyao.

Fase Analitica

Para desenvolver a Cole9ao Navio Negreiro - Joalheria Afro-Brasileira, foi realizadauma pesquisa de campo, para analisar aceita-rao do publico em relac;ao ao temaescolhido, no casa a cullura Afro-Brasileira.

Fab:lelilrla

Foram entrevistadas 30 pessoas com faixa etaria acima de 20 anos de ambos osseXQs. Segue abaixo 0 resultado da pesquisa:

VocA acrodfta que Ulna tematlca como a Historia

dosAfro..Braslle1ros apllcada najoalheriateria

acel!a~ em nossa reglao?

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Como vocfi ve a Joalheria?

Com a aceitac;:ao do Publico em rela~o aos materia is e ao tema iniciou-se umapesquisa a respeito da Joalheria Afro-brasileira.

Fun~oes do produto

o produto apresentara uma func;:ao esb3tica, onde a coler;ao, baseada na culturaafro-brasileira, utiliza-se de cores vivas, dourados e materiais de elevado valorecon6mico como ouro e pedras lapidadas como 0 Crista!.

Com as pesquisas realizadas a respeito dos afro-brasileiros foi encontrada uma fortepresenr;a da religiosidade, inserida tambem nas tendencias primavera-verao 2006,apresentada per estilistas e marcas Paranaenses.

Publico-alvo

o publico-alvo desta coler;ao e composto per clientes do sexo feminin~, com idadesuperior a 30 anos, com situar;ao financeira estavel, alto grau de instrur;ao. Mulheresvaidosas que nao economizam esforr;os para se tornarem belas e atraentes.

Produtos similares

Os produtos similares encontrados no mercado podem ser divididos em diretos eindiretos. Neste caso os produtos similares diretos sao as j6ias inspiradas em temasreligiosos e na natureza. E valido usar como exemplo os escapularios, pulseiras ecolares com imagens de santos, produtos muito procurados hoje pelos clientes.

Quanto aos produtos similares indiretos, podem ser desde bijuterias com inspirar;6esreligiosas, encontradas em varias lojas do ramo, ate roupas com coler;oes inspiradasno mesmo tema.

Materiais e tecnicas de transformac;ao.

Os africanos Trouxeram para 0 Brasil novas tecnicas de Fundir;ao de latao, cobre,Bronze e Ouro, alem da sua cultura muito ampla. E com estes materiais que saoproduzidas a per;a da Joalheria Afro-brasileira, levando em considerar;ao objetossagrados e com grande valor energetico em relac;:ao aos cultos.

Foi atraves desta pesquisa que foi definido as materiais usados na ColeC;ao Navionegreiro, sao eles, 0 ouro, 0 cristal e a latao.

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sa:)eJ a eO!JP9!IOd seLWoJ JelUascude B apuallBlspO a 'oe6eZ!lelSPO apJapod Jouaw ap s!eJau!w woo 0lUOJJuoo wa no aJ/\!1 0lUaW!OSBJ:) ap sago!puo:) w3

'se~ld!lsaneJ woo seOpp~!lod SBUJa:pca seLWoJ sens wa as-ala[!aJ 's!a/\I?Jo/\Bj sago!pUOO

corrente eletrica. Esta corrente ioniza as peyas que acabam por atrair 0 ouro,realizando assim a banho em auro.

Analise Diacr6nica

Como tado projeto em fase de desenvolvimento, faram apresentados alguns pontospositiv~s e negativos na sua produ~ao.

No caso da Coleyao Navie Negreiro, os pontos positives podem ser ebservados emrela~ao a unidade da cole~ao, durabilidade dos materias, fidelidade em rela~ao ascores, entre outros.

Quanto aos pontos negatives, forma encontrados em relayao a embalagem devidoao tamanho das pe~as, e em rela~ao ao tempo de produ~ao do produto par sermontado manualmente.

Analise Sincr6nica

Devido a uma tendencia hoje vista em passarelas de todo 0 pais, a cullura religiosabrasileira tambem chegou na joalheria, como e 0 caso da Sthefani J6ias, e H.Sternque lanyou uma coley80 inspirada em Carmem Miranda, simbolo tipico Brasileiro,que se baseava nas Baianas de Salvador para compor seus looks.

A ColeC;Bo Navio Negreiro apresenta peyas conceituais inspiradas na cultura dopovo brasileiro. Baseada em culturas religiosas trazidas para a pais pelos Africanos,leva em considerac;ao, da mesma forma que a colec;ao apresentada pela H.Stern, acultura originaria deste pevo.

Fase Criativa

Para a confecy80 da Colec;ao Navio Negreiro, baseada na Joalheria Afro-Brasileira,foi desenvolvida uma pesquisa detalhada da cultura, dos costumes e cultos trazidospelos africanos para 0 Brasil.

Baseado nestes dados fOl separado algumas informayoes que se tornaramfundamentais no desenvolvimento da colec;ao. Dentre os cultos estudados, 0 queteve maior destaque foj 0 Candomble, culto escolhido como tema principal dacolec;Bo. A presenc;a das cores nos cola res deve-se ao fato das mesmassimbolizarem, cada uma urn orixa diferente.

Da mesma forma foram os materiais. 0 latao, principal metal fundido pelosAfricanos, ° Banho em Oura, tecnica muito presente tambem entre este povo, e oscristais, sem duvida a pedra que rnais se assemelha ao vidro, material mUltoutilizado na fabrica~ao das j6ias de Axe.

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Conceito

" ... As grandes culturas Africanas nao sao plantas frageis que nao podem sertocadas. Podem, pelo contrario, adaptar-se e absorver novas influencias."

Kevin CarroJ

Fragilidade de urn povo que teve que se adaptar a um lugar que nao era sua casa eao mesmo tempo a forrya com que permaneceu sua cultura. Este e 0 pontofundamental a ser pesquisado e estudado ao criar uma coleyao de J6ias Afro-brasileiras.

A importancia da religiosidade deste povo, todos as mitos e crenryas, 0 apego anatureza e a adaptaryao dos seus cultos a esta terra desconhecida. 0 usa das corese de objetos como proteryao espiritual.

"0 desejo inconsciente de protet;tao espiritual representado pel os objetos."

Cartela de cores

As cores utilizadas na cartela de cores desta coleryao, foram escolhidas de acordocom as cores dos orixas do Candomble, tema este que serviu de inspiraryao para asua confecryao.

BrancoA cor branca representa a paz, representa as orixas Omolu, Xango, Oba, Yemanja eOxal8.

[]pretoA cor preta no Candomble e usada para representar proteryao, e a simbolo dosorixas Exu, Omolu e Yansa.

[] AzulEscuroA cor azul escuro representa a forrya, simbolo do Ogum, 0 orixa guerreiro.

[]verdeA cor verde representa a natureza, todas as forryas da natureza. ~ a cor simbolo dosOrixas Oxossi, Ossain e Logunede.

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Amarelo OuroA cor daurada, ou amarelo auro representa a riqueza. Simbolo dos orixas oxum eLogunede.

l,g Vermelho

Tambem representante da fon;a e do amor, simbolo dos orixas Omolu, Xang6,Yansa e ~ba.

l,g Lilas

A cor liIas representa a sabedoria. Simbolo do orixa Nana

C Azul claroA cor azul claro representa a pureza e a serenidade. Simbolo do Orixa Yemanja.

Gerac;ao de alternativas

No desenho das peC;as da colec;ao, toi levado em considerac;ao algum tat~r como, aunidade, a fidelidade com relac;ao ao conceito, as cores da cartela, os materiaisescolhidos devido a sua semelhanc;a com os materiais utilizados pelos Negros paraa produC;ao das j6ias de Axe, e tambem as caracteristicas em particular de cadaorixa.

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Seleyao de Alternativas

Para a sele,ao de Alternativas utilizou-se de fatores esteticos e estruturais,facilitando assim a confec,8o das peyas.

o Conceito tambem foi analisado para a sele9ao de Alternativas, sendo escolhidosentao as peyas com maior fidelidade em rela9ao ao orixa ao qual representara,analisando sempre as cores e as caracteristicas psicol6gicas dos mesmo.

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RESULTADOS

Fase Executiva

Plano de Neg6cios

Caracteristicas do prod uta

J6ias, onde as colec;:6es utilizarao temas brasileiros. A primeira coleyao toi inspiradanos Afro-Brasileiros, levando em considerayao seus cultos religiosos. Produzidasmanualmente as J6ias S8 utilizarn materiais como a Duro e pedras com aparenciadelicada como 0 cristal.

Pesquisas e Desenvolvimento

Os produtos serao desenvolvidos sempre atraves de pesquisas de tend€mcias demercado e publico-alvo. Os materiais alem de seguirem as tendencias, seraopesquisados e testados para serem trabalhados manualmente, sem que hajadificuldades em relac;aoao acabamento.

Clientes

A carteira de clientes sera composta pelo sexo feminin~, com idade superior a 30anos, com situayao financeira estavel, alto grau de instru9ao. Mulheres vaidosas quenao economizam esfor90s para se tornarem belas e atraentes.

Concorrentes

Para as produtos que serao comercializados encontraremos dois tipos deconcorrentes. Concorrentes diretos, Joalheiros que atuam em Curitiba e regiao,como exemplo a Hippo, H.Stern, Aurora J6ias, Camilo Joalheiro, entre outros.Concorrentes indiretos comercio que atende ao publico de alto poder aquisitivocomo perfumarias, butiques, grifes, setor cal9adista entre outros.

Fornecedores

J6ias Provin, fundada em 1983, atua na fabrica~ao de j6ias folhadas a Duro 18K.Fornecera a pre90s baixos as folheados nas pe9as desenvolvidas, com valoraproximado de R$ 0,85 a grama. Com cede na cidade de Erexim-RS, possibilitaraum menor custos nas pe9as devido ao baixo pre90 cobrado pelo servi<;o.

E va lido ressaltar que as pe<;a serao moldadas em Curitiba, fundidas em latao paras6 depois passar pela folha<;ao.

Defini~ao da Empresa

Tera como area de atua<;ao a Joalheria. Empresa familiar estara atuando nomereado em 2006.Missao da Empresa

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Proporcionar aos seus clientes um prazer estetico, com um modelo diferenciado devendas voltado ao seu publico. .

Estrutura organizacional

Departamento de Design e Cria<;ao - responsavel pela cria<;ao das cole<;oes e daspesquisas de mercado. Responsavel tambem pelo setor de compras de materias eproduvao das peC;as.

Departamento de Marketing - responsavel por toda a parte de distribui<;ao edivulgavao do produto, facilitando 0 acesso do cliente. Para a colevao desenvolvidaneste projeto sera usado como logomarca 0 nome da propria designer.

Designer

Fig. 23 Logomarca da Cole<;ao

Sera tambem impressos cerca de 1000 catalogos que serao distribuidos com afinalidade de divulgar a colevao.

Departamento de Vend as - As vend as ser;~o realizadas em lojas proprias, com umaequipe selecionada.

Departamento Administrativo - Sera responsavel pela parte financeira e contabil,assim como a pessoal.

Investimentos

Estimasse um investimento de R$ 300.000,00 para a abertura de uma loja comlocalizac;;ao central, reformas a serem realizadas, pessoal e investimentos na area deMarketing, assim como um estoque baixo de mercadorias com pec;;asexclusivas econfeccionadas na propria IOja.

Fichas tecnicas

Onde esta representado os desenhos tecnicos com detalhes de produc;;ao e custos.

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FICHA TeCNICA

PE9A Novembro 2005

Colar Azul Yemanjfl DesignAngelica Bellani

Terminal

-.Corrente

Gan~

COR TAMANHO ~ QUANTIDADE

Azul . N' B (Bmm) tOourado _ 6 em .

QQyrado 20 em

Dourado

Argolas ,Oourado "6.!!m,,,m,---~_

Alfineles~l_ Dourado -: 3 em

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FICHA TECNICA

~""f:_~0-·

PECA Novembro 2005

Colar Amarelo Oxum Do"",Angelica Bellanl

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FICHA TECNICA

...-e [e-e e---.ele-et-.1-- -e- ": .___.-. 0 .-.- ••

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=- •• -1 ~ • ~......... •••~.;'. ~ ••- __• n

•••••••••••••••••••..... ...-... .....PE<;A Novembro 2005

Colar Vermelho e prelo Ex':' DesignAngeliCa Bellani

Correnle Dourado

Dourado---j

Dourado- ~

Oourado I

~~---;---=c:--+ R$ 35,00_

R$ 18,50

Gancho

Argolas

I R$ 18,50Alfineles

I R$ 227,63

IooZ

~o:1:ffi[llc

I

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FICHA TECNICA

ouzfrlt-

O:J:ffilflo

PECA

Colar Verde Oxossi

PRODUTD~ CORCristal Verde

Terminal . Dourado

Corr~ Dourado

Ganeho Dourado

Argolas Oourado

Alfi~ _Dourado

TAMANH~OUANTlD{DE .. CUSTO R$Ng 6 (6mm) 131 R$ 14.41

7,5 em 4 R$ 60,00

2~ __ 1 R$10,gO_

- ,__ R$5oo

6mm I ----'-90 - -.!l$ 18,50

3em 124 R~§9

TOTAL I R$ 126.41

Novembro 2005

De","Angelica Bellanl

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FICHA TECNICA

......... .....~..........l···~

CD

2X •.......•......••••

2X •••••••••2X •.....•..•..... _--......-e •2X •......•....•..•••••

2X •••••••••2X •......•....•..•••••

- J:~:h---.~:~:18:: ..~ .

•Novembro 2005

DesignAngelica Bellani

ITAMANHO QUANTIDADE CUSTOR$

W8 (8mm) 358 R$ 39,38

7,5 em R$ 75,00

20 em R$ 10,00

R$ 5,00

6mm 200 R$ 18,50

3em 124 R$ 18,50

TOTAL R$ 166,38

PE9A

Golar Azul Eseuro Ogun

PRODUTO COR

Cristal Azul eseuro

Terminal Dourado

Corrente Dourado

Gancho Dourado

Argolas Dourado

A1fineles Dourado

IooZ~a"zw'"wo

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Book FotogrMico dos produtos

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DISCUSSAO

As peyas foram trabalhadas manualmente, com meta is banhados ern curo e crista isdas cores escolhidas devido as inspirayoes nos Orixas. As cores se tornaramfundamentais nas pe,as, onde cada uma delas possui tambem um significadopsicol6gica.

Os pontcs negativos encontrados estao ligados a embalagem devido ao tamanhovariado das pegas. Outro ponto a ser repensado e a maneira como sao colocados oscolares.

o maior ponto positiv~, sem duvida foi it fidelidade com 0 conceito, representando aprotec;:ao sugerida no mesmo atraves das cores.

6S

CONCLUSAOS8m duvidas 0 projeto obteve urn born resultado, sempre levando em considerac;aoa parte estetica do produto. 0 material utilizado foi muito bern aceito pelo publico-alva e apresenta urn tacil manuseio, possibilitando urn born acabamento das pe<;asemaior conforta no seu usc.

Para que as estudos deste projeto sejam levados a diante, seria necessaria maiorestudo mercadol6gico e de possibilidades de venda.

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