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I Farmácia Barreiros João Davide Ribeiro de Sousa Cunha

João Davide Ribeiro de Sousa Cunha - Repositório Aberto · Farmácia Barreiros Março de 2016 a Agosto de 2016 João Davide Ribeiro de Sousa Cunha Orientador : Dra. Carina Cruz

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I

Farmácia Barreiros

João Davide Ribeiro de Sousa Cunha

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I

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Barreiros

Março de 2016 a Agosto de 2016

João Davide Ribeiro de Sousa Cunha

Orientador : Dra. Carina Cruz

_____________________________________

Tutor FFUP: Prof. Doutor Paulo Lobão

_____________________________________

Setembro 2016

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I

DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE

Eu, _______________________________________________, abaixo assinado, nº

__________, aluno do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de

Farmácia da Universidade do Porto, declaro ter actuado com absoluta integridade na

elaboração deste documento.

Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (acto pelo qual um indivíduo, mesmo

por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele). Mais

declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros autores

foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso colocado a citação da

fonte bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de __________________ de ______

Assinatura: ______________________________________

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II

AGRADECIMENTOS

Quero agradecer à minha mãe, por ter sempre acreditado em mim mais que eu

mesmo, ainda que os meus motivos fossem bem fundamentados. Agradeço ao meu pai por

não ter desistido de mim, por mais razões que tivesse. Ao meu mano mais velho e à minha

maninha, por me terem influenciado tanto na forma de pensar que frequentemente sei

exactamente de onde nasceu algum pensamento meu. O meu primo não é esquecido pelo

apoio que me deu ao longo do curso e pela irreverência que tentei tristemente copiar, sempre

com resultados positivos.

Agradeço ao pessoal da Farmácia Barreiros que me acompanhou nesta etapa final:

Dr. António Névoa e Dra. Cláudia Barros pela confiança que depositaram em mim. Dra.

Carina Cruz pela orientação que me deu.

Deixo um especial obrigado à equipa com quem passei mais tempo, João Campos,

Catarina Silva, Isabel Conceição e claro à Vanessa Eugénio, por toda a boa disposição,

paciência, disponibilidade e solidariedade que sempre demonstraram para comigo.

Agradeço ao Ivan por ter sido um amigo, sem o qual talvez não tivesse chegado aqui.

I will leave a special thank to my romanian minions: Adriana, Andrea, Ioana and

Ioana, for helping me withstand everyday adversities.

Obrigado Rita, orientaste-me de maneiras que são difíceis de transcrever.

Obrigado a todos os Senhores e Cóios com que me cruzei, foram parte de tudo isto.

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III

ÍNDICE

CONTEÚDO Declaração de Integridade ........................................................................................................ I

Agradecimentos ....................................................................................................................... II

Índice ...................................................................................................................................... III

Lista de tabelas e figuras ....................................................................................................... IV

Introdução ............................................................................................................................ - 1 -

PARTE I .............................................................................................................................. - 2 -

A Farmácia Barreiros....................................................................................................... - 2 -

História ............................................................................................................................ - 2 -

Espaço da Farmácia ......................................................................................................... - 3 -

Cronograma do estágio .................................................................................................... - 5 -

Março ............................................................................................................................... - 6 -

Abril ................................................................................................................................. - 9 -

Maio ............................................................................................................................... - 10 -

Junho .............................................................................................................................. - 12 -

Julho .............................................................................................................................. - 13 -

Agosto ............................................................................................................................ - 14 -

PARTE II ........................................................................................................................... - 17 -

Avaliação da composição .................................................................................................. - 17 -

Coaltar Saponinado: .................................................................................................. - 18 -

Ácido salicílico .......................................................................................................... - 21 -

Ditranol ...................................................................................................................... - 23 -

Vaselina ..................................................................................................................... - 25 -

Span 80 .......................................................................................................................... - 25 -

Formulações Semelhantes ............................................................................................. - 26 -

Proposta de formulação ................................................................................................. - 27 -

Bibliografia .................................................................................................................... - 32 -

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IV

LISTA DE TABELAS E FIGURAS Figura 1 - Processo completo da produção de um manipulado, simplificado em 4 etapas. - 7 -

Figura 2 - Estrutura do naftaleno ___________________________________________ - 18 -

Figura 3 - Estrutura do benzeno ____________________________________________ - 18 -

Figura 4 - Estrutura do fenol ______________________________________________ - 18 -

Figura 5 - Estrutura do ácido salicílico _______________________________________ - 21 -

Figura 6 - Estrutura do ditranol ____________________________________________ - 23 -

Figura 7 - Estrutura do span 80 ____________________________________________ - 25 -

Figura 8 -Resultado da formulação com span 80 _______________________________ - 31 -

Figura 9 - Resultado da mistura simples dos componentes _______________________ - 31 -

Tabela 1 - Cronograma do estágio ....................................................................................... - 5 -

Tabela 2 - Cuidados no manuseamento do coaltar (7) ...................................................... - 20 -

Tabela 3 - Cuidados no manuseamento do ácido salicílico (11) ....................................... - 22 -

Tabela 4 - Cuidados no manuseamento do ditranol (14) ................................................... - 24 -

Tabela 5 - Utilizações comuns do Span80 adpatado de (16) ............................................. - 26 -

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- 1 -

INTRODUÇÃO

O seguinte trabalho é o registo da experiência decorrente do estágio

profissionalizante do curso de Ciências Farmacêuticas pela Universidade de Farmácia da

Universidade do Porto. O estágio realizou-se entre Março e Agosto de 2016 na Farmácia

Barreiros (FB) situada na rua Serpa Pinto, nº12, Porto, Portugal.

O objectivo deste estágio é garantir a formação adequada ao exercício farmacêutico,

garantindo competência e sentido de responsabilidade nas suas vertentes técnica e

deontológica. Este último passo de formação pressupõe uma aproximação a todo o meio e

instituições onde e com as quais se desenvolverão as relações necessárias ao exercício da

profissão.

O relatório está dividido em duas partes, a parte I relata a experiência do estágio

propriamente dita na primeira pessoa tentando descrever o processo de aprendizagem e o

que extraí da Farmácia Barreiros, ao passo que a parte II documenta algum do trabalho de

valor científico realizado em prol da farmácia, aplicando o conhecimento que me foi

disponibilizado enquanto aluno da Faculdade de Fármacia.

Farei uso de uma fonte em itálico a fim de distinguir comentários estritamente

pessoais de descrições de eventos ou factos não passíveis de tão lassas interpretações.

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PARTE I

A FARMÁCIA BARREIROS

Sendo a farmácia-mãe de um grupo que conta com outras duas farmácias, a Farmácia

de Santa Catarina e a Farmácia do Bessa, a Farmácia Barreiros tem uma rica história.

Contando com mais de oito décadas de existência, foi evoluindo constantemente, passando

de uma farmácia com um impacto local notável para uma referência na cidade do Porto e por

consequência no Norte do País. Apesar de ter diversificado a dimensão do seu negócio de

uma forma constante manteve sempre uma relação de proximidade com os utentes locais

conseguindo fugir ao estereótipo de máquina corporativa impersonalizada. Este último

aspecto foi-me dado a conhecer um pouco com a experiência de balcão e outro tanto em

encontros improváveis em contextos diferentes com residentes locais que se revelaram

clientes de longa data mantendo - por benefício mútuo - uma relação duradoura com a

farmácia.

HISTÓRIA A Farmácia Barreiros foi fundada em 1934 pela Dra. Maria Vitória Faria Lapa

Barreiros. Localizada no nº 12 da Rua Serpa Pinto, manteve-se em actividade até 1980 .

Nesta data foi adquirida por trespasse pelo actual proprietário, Dr. António Pereira Névoa

começando a sua actividade apenas com um ajudante técnico no quadro de pessoal. Desde

então cresceu constantemente sendo de referir a primeira ampliação e modernização do

espaço em 1990, apoiada pelo Sistema de Incentivo à Modernização do Comércio, passando

a apresentar os serviços de: óptica (entretanto deslocalizada para uma localização própria na

rua Serpa Pinto, nº77), homeopatia, dermofarmácia, puericultra, ortopedia/ortopedia

desportiva (também deslocalizada para instalações próprias na Av. da Boavista 41),

perfumaria e cosmética.

Para acompanhar o crescimento físico da empresa foi feito um investimento no

sentido de bascular os recursos humanos, sendo que no virar do milénio contava com um

quadro de 12 pessoas - entre os quais 6 licenciados em farmácia e outros especializados

nestes sectores.

O resultado deste investimento foi notado por que experimentava os serviços

prestados e evidenciado pela comunidade em geral, sendo que foi digna de menção em

publicações da área (farmácia distribuição n.º 9, edição especial de junho de 1992 e

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confederação do Comércio do Porto – projetos exemplares do sistema de incentivo à

modernização do comércio (SIMC), março de 1994). Para consolidar o estatuto merecido foi

em 2000 distinguida com o prémio de PME de Excelência 2000 atribuído pelo IAPMEI e

pela Caixa Geral de Depósitos, em 2001 com o prémio Igualdade é Qualidade, atribuído

pelo Ministério do Trabalho e Solidariedade. Em 2008 conseguiu o estatuto de PME Líder

atribuído pelo IAPMEI, mantendo-o até à data.

Em 2011 foram inauguradas as novas instalações. Localizado no mesmo local, nº 12

da Rua Serpa Pinto, no Porto, o moderno edifício foi construído de raíz para ser a sede da

Farmácia Barreiros e ocupa uma área de 1100m2, tendo o investimento sido avaliado em

2.500.000€. A edificação é por si só uma afirmação do nível e modernidade do serviço a ser

mantido, obviamente acompanhado pela equipa profissional capaz de proporcionar esse

mesmo serviço que é constituída por um mínimo de 13 farmacêuticos, 5 técnicos de

farmácia, pessoal auxiliar e administrativos.

ESPAÇO DA FARMÁCIA

O espaço pode ser dividido em 3 pisos nos quais se exercem as actividades comuns.

O piso 0 compreende a farmácia propriamente dita, onde se localiza a loja e se faz o

atendimento farmacêutico. Existem 10 postos de atendimentos que dispõe de sistema

informático Sifarma2000® e são servidos por um moderno robot para a dispensa dos

medicamentos. Além de terminais de multibanco existe um sistema automático que

armazena todos os valores em numerário e dispensa de forma cómoda e rápida os trocos

desejados. A loja tem também uma vasta área onde estão dispostos os produtos de

dermocosmética em linear, com ilhas centrais onde se podem fazer destaques. A montra está

sempre montada adequada à altura do ano - principalmente a nível da dermocosmética na

qual os consumos dos produtos variam de forma significativa - mantendo sempre um factor

mais constante, onde se expõem produtos de ortopedia (apesar da deslocalização para a loja

especializada, alguns produtos estão disponíveis na Farmácia Barreiros), se informa dos

serviços disponíveis e onde se possam colocar destaques. Um produto que mereceu especial

destaque durante o meu estágio foi o Cefaly®, um produto inovador, não invasivo e não

farmacológico na prevenção e atenuação de enxaquecas persistentes. No piso 0

encontramos todas as divisões obrigatórias segundo a deliberação n.º 2473/2007, de 28 de

Novembro e ainda um gabinete da direcção técnica. O gabinete de atendimento

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personalizado é acessível tanto da loja como da zona de “backoffice”, que conta com um

frigorífico, alguns produtos não armazenados no robot, reservas e encomendas.

O piso -1, onde se situa o armazém é, obviamente um dos pontos nevrálgicos da

farmácia. Aí encontramos também o economato, área técnica de informática, zona de

pessoal com cacifos, e uma área significativa onde se podem desempenhar várias tarefas de

bastidores.

O primeiro piso comporta a zona de laboratório, um gabinete de direcção técnica e o

departamento de contabilidade. Na altura de conclusão do estágio estava em curso uma

acção para deslocalizar a contabilidade para o segundo piso havendo planos para expandir

o laboratório. Neste piso encontramos também o volume do robot e dois balneários-

masculino e feminino- com casa de banho.

No segundo piso existem áreas não utilizadas no dia-a-dia. Entre elas um espaço

onde se podem ministrar formações com capacidade para cerca de 30 pessoas e gabinetes de

atendimento. Note-se os planos acima mencionados.

No piso zero, numa zona anexa ao edifício principal, mas dentro da área da farmácia

encontramos uma zona para o pessoal. Uma cozinha climatizada equipada com: frigorífico,

fogão, micro-ondas, aquecedor de água, máquina de café, televisão, mesa e cadeiras, bem

como um sofá para permitir descansos curtos. Neste anexo encontramos também instalações

sanitárias.

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Agosto Julho Junho Maio Abril Março

Laboratório

Atendimento

Backoffice

Armazém

CRONOGRAMA DO ESTÁGIO

O cronograma apresentado na fig.1 é uma grosseira representação da divisão do

meu tempo, apresentada para simplificar sua explanação. Os 4 grupos que utilizei são

também eles uma divisão, segunda a minha interpretação, das forças de trabalho da

farmácia. Excluí o departamento financeiro porque o seu mais especializado foge um pouco

á minha compreensão e o meu contacto com ele apesar de constante -quase diário- foi

muito limitado. Uma vez que actividade do farmacêutico é, na sua essência multidisciplinar,

e o mundo do trabalho actual requer um conjunto restrito de competências muito

desenvolvido bem como um vasto leque destas apuradas a um mínimo de mestria que

permita a sua aplicação prática, foi com agrado que e sem espanto que percebi que o

esperado era uma personalidade multifacetada. Mantive uma presença constante no

laboratório, enquanto nas outras secções apesar de contactar regularmente não houve essa

coesão, daí a representação acima. Esta dissertação serve para explicar então que o dia-a-

dia vivenciado não é facilmente dividido em capítulos muito definidos, mas sim numa rede

tarefas interligadas com cada uma dessas divisões que devem operar em constante

comunicação e harmonia de forma a o serviço prestado ser de qualidade. Esta

multivalência não pode nunca se sobrepor a uma atribuição de tarefas e responsabilidades

bem definida e sem espaço para interpretações lassas.

Tabela 1 - Cronograma do estágio

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MARÇO

O estágio iniciou-se a 22 de Fevereiro. (Cada um dos meses descrito na figura 1

refere-se ao período compreendido entre o dia 22 do mês anterior e o 22 do presente. Na

primeira semana tive o primeiro contacto com o ambiente da farmácia. Foi-me apresentado

o espaço ao modo já descrito. Fui destacado para o laboratório que compreende o

laboratório de manipulação alopática e homeopática. A equipa destacada em permanência

para o efeito era constituída por 3 farmacêuticos (um deles director do laboratório) e uma

técnica de farmácia - com vasta experiência e competência no desempenho das funções.

O espaço fechado é subdividido em 4 laboratórios separados fisicamente: laboratório

1 – homeopatia-, laboratório 2 (líquidos e semi-sólidos), laboratório 3 (pós e cápsulas) e

laboratório 4 (onde se encontra o cerebelo da operação). Neste último coordena-se o

processo de manipulação, dão-se os primeiros passos e conclui-se o embalamento e

expedição dos manipulados- se for esse o caso. Começando pelo laboratório 4: aí encontra-

se um posto telefónico, um de telecópia e dois computadores. Aqui podemos também

encontrar uma generosa bibliografia que conta com a obrigatória Farmacopeia Portuguesa, o

Formulário Galénico Português, o “Martindale – The Complete Drug Reference”, o

“Handbook of Pharmaceutical Excipients”, formulários de pediatria, veterinária e numerosas

publicações homeopáticas entre outros. Aqui encontramos também diversos registos

obrigatórios entre os quais a ficha do manipulado (que inclui: denominação do medicamento

manipulado, nome do prescritor, número de lote atribuído, composição do manipulado -

contendo matérias-primas, suas quantidades, e lotes -, modo de preparação e descrição do

acondicionamento e controlos de qualidade efectuados, sendo todos estes passos verificados

e assinados por um operador e um supervisor), fichas de seguranças das matérias primas,

registo de temperatura e humidade e registos de manutenção periódica dos equipamentos

obedecendo á portaria n.º 594/2004, de 2 de Junho, que determina boas praticas no acto da

manipulação. No laboratório 3 encontramos uma cabine com ventilação vulgo “hotte”, duas

balanças, equipamentos para pesagem e grande parte dos equipamentos necessários à

manipulação pós e cápsulas. Dispõe de um misturador de pós automático em v, e um

encapsulador semi-automático com capacidade para encapsular 100 cápsulas de cada vez

com auxílio de vibração. O laboratório 2 é munido de um misturador automático Topitec®

para preparações sólidas e semissólidas. O laboratório 1 é o laboratório da homeopatia e

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Requisição

•Origem

•Forma farmacêutica/dosagem

•Quantidade

•Forma de envio (se aplicável)

Elaboração FIcha de manipulado

•Ajuste à quantidade necessária

•Disponibilização da mesma ao operador

Produção manipulado

•Manipulação

•Ensaios

Embalamento/expedição

•Confirmar dados com a requisição

Figura 1 – Processo completo da produção de um manipulado, simplificado em 4 etapas.

dispõe de um dinamizador automático, 2 impregnadores de grânulos e é onde se armazenam

as potenciações homeopáticas.

O processo geral de preparação do manipulado foi o meu primeiro contacto com

funções assumidamente farmacêuticas e engloba, como seria de esperar, outras

necessidades que não estritamente cientificas. Dividi o procedimento em quatro passos:

requisição, elaboração da ficha de manipulado, produção do manipulado e expedição.

Requisição - corresponde á recepção do pedido do manipulado, este pode ser

oriundo de um colega de balcão, de um utente (via email, telefone ou fax) ou de outra

farmácia. Este primeiro passo apesar de aparentar ser uma tarefa menor merece toda a

atenção. Sendo uma fase tão precoce do processo, qualquer erro cometido a este nível pode

ser propagado ou exponenciado nos passos seguintes. Deve haver indicação de forma clara e

inequívoca dos seguintes dados: data do pedido, requerente, qual o manipulado (susbtância

activa, forma farmacêutica, dosagem e volume, ou no caso de ser uma fórmula magistral, a

formulação), contacto telefónico (a fim de se poder esclarecer qualquer dúvida que surja) e

forma de envio.

Elaboração da Ficha de Manipulado – esta ficha contém todas as informações

necessárias ao operador para efectuar a produção propriamente dita do manipulado. Esta é

feita através do recurso a um sistema informático de gestão adequado à prática galénica. A

cada manipulado é atribuído uma ficha com um respectivo lote único a fim de permitir a

rastreabilidade do mesmo. Nela encontra-se o nome do utente, matérias primas em

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quantidades utilizadas e seus lotes, procedimentos, materiais de embalagem e ensaios de

qualidade. O sistema de gestão permite a criação de uma ficha genérica para um manipulado

com a especificação de uma fórmula, fazendo o ajuste a pedido de todos os constituintes

dessa fórmula para o volume final desejado. Estas formulações têm de ser criadas e

introduzidas manualmente, sendo responsabilidade directa do responsável pelo laboratório.

Regra geral as formulas já estão introduzidas no sistema, no caso de formulações magistrais

ou formulações novas, o responsável irá elaborar uma ficha de preparação que após

aprovação do director técnico poderá ser então introduzida no sistema.

Produção do Manipulado – a produção propriamente dita é da responsabilidade do

operador, que, servindo-se da ficha do manipulado produz o manipulado, confere os ensaios

de qualidade pré-estabelecidos e embala no recipiente primário.

Expedição - neste passo engloba-se a rotulagem e embalamento em cartonagens,

fracturação e embalamento adequado para expedição (se for o caso). Nesta altura fazem-se

os controlos finais: conferências da correcta impressão dos rótulos e comparação com a

requisição.

Os elementos do laboratório operavam como uma unidade orgânica e com tarefas

definidas, mas com capacidade de se cobrirem ou reforçarem mutuamente em qualquer das

tarefas necessárias. Embora seja uma tarefa impossível do ponto de vista prático, em teoria,

qualquer membro poderia operar o laboratório desde a sua abertura ao fecho, isto é, todos

os membros estavam formados em todas as tarefas rotineiras do laboratório. Isto é

importante uma vez que permite uma operação eficiente em variadíssimas situações, e

consequentemente uma adaptação às dinâmicas exigências com se apresentam diariamente.

O Laboratório operava diariamente das 08:30 às 22:00. Na abertura fazem-se os

procedimentos de abertura, desde verificação do estado de limpeza geral e registo de

temperaturas e humidade de todas as divisões do laboratório. De uma maneira geral durante

as primeiras horas é organizado e planeado, dentro dos possíveis, o dia que se segue.

Prioriza-se produções que requeiram cuidados especiais e, caso tal suceda, que não tenham

sido produzidas no dia em que foram requeridas. O período intermédio é dedicado á

produção propriamente dita e processos intermédios, como a impressão de rótulos. No

período mais próximo do fecho fazem-se as verificações finais e embalamentos seguido dos

procedimentos de fecho: verificação do estado de limpeza e relatórios de final de dia.

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O laboratório é de acesso restrito. O número mínimo de pessoas acede a este espaço.

São de uso obrigatório roupa de protecção e cobre sapatos. Os operadores a manipular usam

obrigatoriamente, além do vestuário de protecção, luvas, máscara e, dependendo da situação.

óculos de protecção. Á excepção dos óculos de protecção, todo o restante material serve

propósito duplo: tanto protege operador como o manipulado de contaminações.

Uma das responsabilidades que me foi imputada foi o registo diário de temperaturas

e humidades. Acompanhei neste período inicial os membros da equipa na execução dos

manipulados. Os pedidos de manipulados são variáveis, no entanto existe alguma

repetibilidade algumas formulações são mais requeridas. Sem números oficiais estatísticos

era muito frequente produzir-se: vaselinas enxofradas, vaselinas saliciladas, suspensões de

bloqueadores β, suspensões de trimetoprim, soluções alcoólicas saturadas com ácido bórico

ou soluções de minoxidil para aplicação tópica. Existe muito zelo na preparação do espaço

de trabalho e verificação do estado de limpeza dos materiais utilizados. Apesar das

verificações gerais aos laboratórios, tal como as boas práticas, o bom senso e o respeito

pelo colega nos ensinam, cada operador é responsável pela verificação do estado de

limpeza da zona de trabalho antes e depois de efectuar os procedimentos. Esta várias

verificações cruzadas são utilizadas de forma recorrente em numerosos procedimentos e

uma forma de criar rotinas rigorosas com formam uma fina malha de filtração de erros na

elaboração dos medicamentos manipulados.

Neste período elaborei um caderno de cábulas com as informações que me eram

veiculadas pelo pessoal do laboratório, bem como informações pertinentes decorrentes da

minha observação, relativamente aos procedimentos relacionados com as formulações mais

comuns.

ABRIL

Nesta fase pude meter mãos à obra. Sob supervisão fiz manipulados mais simples,

como as vaselinas enxofradas. Este tipo de manipulado de preparação muito simples é feito

com recurso a um misturador automático. Apenas operações simples de pesagem e

operação do misturador são necessários para um resultado final de qualidade. Nessa altura

também produzi suspensões simples, como é o caso da suspensão de trimetoprim, sendo esta

produzida com uma mistura simples da substância activa (SA) em xarope comum. Apesar de

ter sentido que todo o estágio foi uma aprendizagem constante, este foi uma altura em que o

meu desenvolvimento, de minha perspectiva foi mais acentuado. O poder por em prática de

uma forma mais livre muito do que fui aprendido concedeu uma sensação de consequência

em todo o processo de aprendizagem. Desta forma fui então acompanhando e manipulando

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formulações mais complexas, desde cremes produzidos na altura (em oposição à

incorporação em bases comerciais) passando por suspensões que necessitam manipulação

mais refinada, como a suspensões de nitrofurantoína ou fenobarbital. Foi nesta altura que

comecei a contactar mais directamente com outros locais da farmácia. Este processo

ocorreu naturalmente à medida que me fui interiorizando os procedimentos e ia conhecendo

outras necessidades para o bom funcionamento da farmácia. Um desses detalhes é a

expedição.

Quando é necessário o transporte de produtos entre farmácias a primeira escolha são

os armazenistas, que proporcionam um transporte rápido e cómodo. Dado o volume da

farmácia existem várias recolhas/entregas diárias o que permite fazer esta expedição em

múltiplas alturas do dia permitindo uma resposta mais célere a todos os pedidos. A maior

limitação deste serviço é apenas ser estendido a farmácias que trabalhem regularmente com

os mesmos. No caso de tal não suceder recorre-se ao serviço de outros transportadores.

Através do endereço www.farmaciabarreiros.com pode-se proceder à encomenda de

produtos cosméticos ou medicamentos não sujeitos a receita médica via internet, serviço

regulamentado pela Portaria n.º 1427/2007, de 2 de Novembro. A farmácia expede também

regulamente material e medicamentos para doentes crónicos e/ou acamados, bem como

pedidos de MNSRM ou cosméticos que possam estar temporariamente indisponíveis ao

balcão. Tendo em conta essa necessidade a farmácia trabalha com uma transportadora

externa para fazer entregas ao domicílio, ou, caso seja possível assegurar as condições ao

transporte adequado, através do serviço de correios. O procedimento de envio pressupõe um

registo do pedido e da guia de transporte ou registo de envio e seu armazenamento durante

um período razoável.

MAIO

O laboratório de homeopatia da farmácia está equipado com todo o material

necessário à manipulação de medicamentos homeopáticos, e dispõe de um banco de

matrizes diversificado contando com dezenas de diferentes compostos de forma a poder

servir um diversificado número de pedidos. Apesar da controvérsia relativa à prática da

homeopatia a verdade é que continua a ser procurada, tendo alguma expressão. Apercebi-

me que os pedidos são dispersos entre prescrições de homeopatas, auto-medicação e busca

por aconselhamento na farmácia. Já tinha algum contacto com o método de preparação do

medicamento homeopático por ter frequentado a cadeira lecionada na faculdade, e fui

então posto ao corrente dos procedimentos seguidos na produção na farmácia Barreiros.

Os medicamentos são manipulados na forma farmacêutica de gotas ou grânulos, sendo que

as primeiras podem ser em tamanhos de 30 ou 50 mililitros. Fazem-se também preparados

de florais de Bach, utilizados em aromaterapia, no entanto a sua procura é, relativamente à

dos homeopáticos, reduzida. Confesso que sou relativamente céptico em relação às

terapêuticas alternativas e a sua real eficácia, no entanto compreendo que têm um lugar na

farmácia actual que não meramente relacionado com os cifrões. Obviamente não contando

com desequilíbrios fisiológicos acentuados, para os quais certamente nunca serão solução,

estes tipos de tratamentos podem ser muito eficazes em condições de etiologia psicológica

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ou emocional. Acho recorrente os profissionais de saúde menosprezarem esta vertente e o

papel da empatia está relacionado com cuidados de saúde primários de qualidade. Julgo

também ser inegável que uma grávida ou uma criança podem usufruir dos seus benefícios,

já que o perfil de segurança destas terapias é (a não ser que impeçam tratamentos de

patologias com recurso a meios adequados) muito adequado a situações mais delicadas,

havendo um claro beneficio para o utente pela sua toma. Além do mais, sendo o

farmacêutico o profissional do medicamento, recaí sobre ele a responsabilidade de estar

dentro do assunto de uma forma activa. Tive um caso concreto de uma utente que ligou para

o laboratório a pedir conselhos sobre medicamentos homeopáticos. Tentei inteirar-me da

situação e apercebi-me através de breves perguntas do caso: uma senhora na casa dos 30

com problemas de hipotensão diagnosticadas pelo seu cardiologista, que estava a fazer um

tratamento com Natrum mur. (vulgo sal de cozinha) num preparado homeopático. A

situação é caricata já que pelos princípios homeopáticos, nomeadamente do tratamento

pelo semelhante, o medicamento homeopático teria o efeito de baixar a tensão arterial da

utente. A sua pergunta relacionava-se com a possibilidade de aumentar frequência da toma

do medicamento homeopático. Expliquei a situação do efeito esperado e sugeri à utente que

seguisse a sugestão do seu cardiologista de aumentar o aporte de sal na dieta, já que não

haveria nenhum problema funcional subjacente, e a utente ficou com uma postura muito

defensiva questionando a minha capacidade de a aconselhar adequadamente. Mantendo a

calma relembrei-lhe que o importante era que nada de mal lhe acontecesse, nomeadamente

um episódio de baixa tensão que pudesse levar a um desmaio que pode sempre ser uma

situação perigosa, e que apesar de não haver problema nenhum em aumentar a dosagem do

medicamento homeopático, provavelmente não iria ajuda-la na situação. Após esta

abordagem, a utente voltou a adoptar uma postura mais aberta, inclusivamente revelando

que tinha tido um desmaio no dia e sentido fraqueza. Após ter inquirido acerca da situação,

da utente ter informado que estava habituada a lidar com esses episódios e que o seu

médico estava ao corrente, aconselhei novamente a utente a seguir o conselho do

profissional, e que, caso a situação piorasse, procurasse ajuda médica. Este é um exemplo

perfeito para a necessidade de estar atento a estas situações e perceber quando devemos

insistir um pouco mais na informação ao utente.

As cápsulas têm um relevo significativo no dia-a-dia do laboratório. A sua produção

é regra geral manual, recorrendo aos clássicos tabuleiros. As capacidades dos

encapsuladores existentes varia entre 50 e 300 cápsulas e utilizam-se cápsulas desde o

tamanho 4 até ao 00. As prescrições mais comuns são de minoxidil para a alopécia,

hidrocortisona, dapsona e por vezes algumas mais atípicas. São frequentes pedidos de

veterinária tal como nas outras formas farmacêuticas. Após um período de acompanhamento

e formação por parte de um membro do laboratório, fui desenvolvendo alguma autonomia.

Para preparar uma fórmula de cápsulas, regra geral apenas é fornecida a substância activa,

sua dose por cápsula e número de cápsulas desejado. Isto significa que a escolha do

excipiente fica a cargo da do responsável do laboratório. A seguir a esta escolha é necessário

calcular através da densidade aparente dos pós as quantidades necessárias de excipiente para

um correcto enchimento do número desejado de cápsulas de tamanho adequado. Após

adquirir um nível de proficiência mínimo foi-me imputado, sobre supervisão, a tarefa de

fazer o planeamento e cálculos necessários para preparar receitas de cápsulas, após um

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período relativamente curto encontrava-me apto a resolver de forma independente esse tipo

de pedidos. De forma a agilizar o processo e fiz uma pequena folha de cálculo que

relacionava as massas dos pós com a sua densidade aparente, de forma a que sem esforço

obtivéssemos uma estimativa da quantidade de excipiente(s) a utilizar. Apesar de

teoricamente um cálculo bem feito originar sempre um resultado satisfatório (na prática o

mesmo acontece quase sempre) existe situações no limite, normalmente influenciadas por

diferentes lotes de matérias primas que sofrem uma alteração das propriedades dos pós e

pode trocar-nos a voltas. Aconteceu-me apenas uma vez num número significativo de

encapsulamentos, mas é bom ter sempre presente a necessidade de algum eventual ajuste a

efectuar. De qualquer forma poder-se-ia sempre, tendo a disponibilidade de tempo fazer

uma aferição das densidades aparentes de cada um dos constituintes e daí inferir as

quantidades a utilizar para determinado tamanho de cápsula, tendo sempre em atenção que

este processo é mais arte do que ciência devido aos diferentes comportamentos que os pós

podem apresentar, também isoladamente, mas principalmente quando em mistura.

JUNHO

Neste mês continuei a realizar as tarefas que fui dominando. Comecei também a ter

contacto com o utente através do telefone. Com acompanhamento e supervisão do pessoal

do laboratório fui fazendo registo dos pedidos, esclarecendo pequenas dúvidas em relação a

posologias/quantidades habitualmente utilizadas e articulando com as restantes secções da

farmácia, fosse com o departamento financeiro, com as encomendas ou assuntos do

laboratório.

O armazém da Farmácia Barreiros tem uma vasta área, e está organizado em

corredores com os produtos dispostos de uma forma organizada por classificações internas.

Encontramos aqui medicamentos não sujeitos a receita médica, suplementos e dispositivos

médicos. A recepção das encomendas é feita nesta zona, sendo os produtos seguidamente

armazenados no robot ou no local respectivo no armazém. Apesar de ser uma tarefa

partilhada, existe um profissional dedicado à gestão do armazém, recepção de encomendas e

seu armazenamento. No armazém encontra-se também o economato e uma divisão onde

opera o cerne do “Medical Dispenser”. Este serviço disponibiliza ao utente um período de

medicação simplificado, sendo que comprimidos ou cápsulas são divididos e dispostos em

blister de forma a que o utente possa fazer a toma de várias medicações de forma segura e

inequívoca. Este serviço apresenta-se como uma maior valia especialmente em situações de

utentes polimedicados.

Neste mês acompanhei a transição para um novo programa de gestão do

laboratório. Um novo programa foi desenvolvido especialmente para o efeito por uma

equipa profissional. O facto de ser talhado à medida abre uma série de possibilidades do

ponto de vista ergonómico que podem aumentar significativamente a eficiência de todo o

processo de produção. Esta experiência foi excitante por ser um cenário novo e por ter-me

permitido um contacto mais próximo com um trabalho de fundo quase nunca ao alcance do

farmacêutico comum. Tive uma perspectiva sobre o plano geral de estruturação do

programa e uma noção do que eram feitas as engrenagens por traz da automatização. Julgo

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que é fácil para o comum profissional esquecer que por traz dos facilitismos e da

comodidade proporcionada pelas máquinas existe um trabalho muito humano de tentar

matematizar os problemas do quotidiano. Não poucas vezes são estes problemas de difícil

tradução e quase sempre requerem o ponto de vista de um profissional da área em estrita

colaboração com o programador. Uma indiscutível grande vantagem do novo programa foi

a criação de postos informáticos em todos os laboratórios em comunicação com o posto

central. Estes postos têm funcionalidades reduzidas e uma interface criada para o efeito. O

seu propósito é proporcionar ao operador no laboratório informação sobre os manipulados a

preparar. É possível de lá aceder à composição da fórmula, métodos de preparação e ensaios

de qualidade. É também utilizado como uma forma de controlo, já que todas as operações,

previamente programadas em sequência, têm de ser verificadas na interface. Desta forma o

processo já mencionado da preparação do manipulado é agilizado, tendo o operador, sem

necessidade de imprimir fichas de preparação, a possibilidade de aceder a toda a informação

pertinente. Além do mais permite também uma constante actualização da lista do dia.

JULHO

Por esta altura já me sentia habilitado a acompanhar todo o processo, desde a

requisição até á expedição do mesmo. Essa opinião foi partilhada pelos responsáveis, daí

que, com supervisão pude fazê-lo. Todo o processo requer um espírito crítico constante, e

apesar de todas as comodidades permitidas pelas automatizações e pelo à-vontade que a

experiência concede, é necessário evitar cair em automatismos acéfalos, já que é um

caminho rápido para o erro. Tive a oportunidade de interpelar farmácias para esclarecer

prescrições, pedir documentação ou recolher detalhes específicos burocráticos. Também fiz

algum atendimento telefónico, prestando, entre outros, esclarecimentos sobre funções dos

fármacos, posologias ou vias de administração e conservação dos manipulados.

Constatei também algo que desconhecia, algumas fórmulas mais antigas são pedidas

regularmente, como por exempo o Soluto de Burrow, a Tintura de Castellani ou vários

tópicos para peladas. Algumas delas constam inclusivamente nos mais actuais formulários

oficiais, mas é curioso que, com um progresso constante na tecnologia farmacêutica, ainda

são uma opção terapêutica utilizada.

Foi neste mês que surgiu um pedido de ditranol, ácido salicílico e coaltar em

vaselina que será esmiuçado na segunda parte deste trabalho. Essa fórmula merece especial

menção pela intervenção que pude desempenhar. A fórmula magistral continha então

constituintes cuja mistura simples se revelou do ponto de vista técnico inexequível. A fim de

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poder atender ao pedido foi necessário fazer alguma pesquisa e propor uma formulação que

ultrapassasse a dificuldade clara de incorporar o coaltar na vaselina. Na segunda parte do

trabalho é então explicada a situação em detalhe e elaborada uma proposta de formulação

para ultrapassar as dificuldades experimentadas.

AGOSTO

Agosto foi o mês da consolidação de todos os processos até então aprendidos. Nessa

altura tive também a tão necessária experiência de balcão.

A Farmácia Barreiros tem uma loja de aspecto moderno, em sintonia com o recente

edifício onde se encontra. A sua frente com dez balcões permite o atendimento a um fluxo

considerável de utentes. O linear ocupa quase completamente três das quatro faces do espaço

principal. Há uma presença muito forte de várias marcas na área da dermatologia e

cosmética, sendo esses produtos os mais destacados. A par existe uma promoção dos

serviços disponibilizados na farmácia e a sua lista é extensa: determinação de parâmetros

bioquímicos: glicemia, perfil lipídico e ácido úrico; mediação da tensão arterial;

determinação do peso e índice de massa corporal; acompanhamento de doenças crónicas;

aplicação de vacinas e injectáveis; medicamentos manipulados; homeopatia; ortopedia;

testes de gravidez; recolha de radiografias; VALORMED; aconselhamento veterinário;

consultas para auxiliar a cessação tabágica; testes de intolerância alimentar e consultas de

podologia.

A experiência do balcão é, por todos os motivos, diferente do trabalho no

laboratório ou no backoffice. O aconselhamento exige um raciocínio muito expedito bem

como uma interligação de conhecimentos bastante desenvolvida. O contacto com o público

é algo ao que já estava habituado pelo que não houve grande dificuldades, na minha

perspectiva, no ponto da comunicação. Os primeiros momentos dessa experiência foram de

atenta observação ao trabalho que estava a ser desenvolvido pelo profissional que me

acompanhou, foquei em tentar compreender o processo geral necessário a fazer a dispensa

ou aconselhamento, bem como todos os passos requeridos para lhe dar o seguimento. O

meu contacto previamente estabelecido com o Sifarma® no laboratório permitiu-me uma

adaptação relativamente rápida à plataforma, que é, tal como todos os passos inerentes à

venda, uma etapa essencial, mas que não requer grande aptidão ou esforço extraordinário.

A comunicação deve ser assertiva, cordial e bilateral. É essencial perceber correctamente o

que motivou o utente a dirigir-se à farmácia, e mesmo em situações ditas regulares, é

frequentemente possível prestar aconselhamento no sentido de promover a melhoria do

bem-estar, seja no aconselhamento de um produto que possa ser benéfico numa qualquer

situação ou no relembrar das melhores alturas para fazer a toma da medicação. Não é

sempre óbvio a motivação do utente a ser sensibilizado, pelo que se deve avaliar a situação

e tentar evitar antagonizar o utente ou tornar a sua experiência na farmácia

desnecessariamente desagradável. Esse equilíbrio encontra-se certamente com alguma

experiência e pode ser coadjuvado pelo relacionamento já estabelecido com o utente. Após

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uma semana de acompanhamento pude fazer o atendimento directo, obviamente seguido de

perto pelo profissional designado para me acompanhar.

Os medicamentos sujeitos a receita médica preenchem uma das seguintes condições:

podem constituir um risco para a sáude do doente, de forma directa ou indirecta, mesmo que

utilizados para o fim a que se destinam caso sejam utilizados sem vigilância médica; podem

constituir um risco directo ou indirecto para a saúde quando utilizados em frequências ou

quantidades consideráveis para fins diferentes daqueles a que se destinam; contêm

substâncias ou preparações derivadas dessas cuja actividade ou reacções adversas sejam

indispensáveis de aprofundar; para administração parentérica. Quando se enquadram nesta

categoria apenas podem ser vendidos nas farmácias mediante apresentação de receita médica

e terão que ter preço de venda ao público. Cada receita poderá conter um número máximo de

quatro embalagens e até quatro medicamentos diferentes, com um número máximo de duas

embalagens por medicamento. No caso de doses unitárias esta última quantidade é de quatro

embalagens iguais por receita. Em casos de tratamentos prolongados existe a receita médica

renovável com validade de 6 meses. Dentro dos medicamentos sujeitos a receita médica

existe ainda o medicamento sujeito a receita médica especial que preenchem uma das

seguintes condições: contêm uma substância classificada como estupefaciente ou

psicotrópico; podem, quando utilizados de forma que não a aconselhada, levar a riscos

importantes de abuso medicamentoso, criar toxicodependência ou ser utilizados para fins

ilegais; contenham uma substância que, por precaução se inclua nas situações previstas na

alínea anterior. Também requerem preço de venda ao público.

Qualquer medicamento que não se enquadre nos critérios de medicamento sujeito a

receita médica podem ser classificados como medicamentos não sujeitos a receita médica.

Terão obrigatoriamente conter indicações terapêuticas que se incluam na lista de situações

passíveis de automedicação. Caso não sejam comparticipados são dispensados com um

preço sujeito ao regime de preços livres, caso sejam comparticipados terão o preço de venda

ao público fixado.

Tive a oportunidade de aviar dois tipos de receita, exceptuando a subdivisão de

medicamentos sujeitos a receita médica especial, já que não me surgiu nenhum no meu

tempo de balcão. Pude contactar com os vários sistemas de comparticipação, compreender

as formas de venda possibilitada pelo sistema informático, bem como todos os

procedimentos inerentes aos vários tipos de venda/comparticipação. O aconselhamento que

tive oportunidade de prestar foi essencialmente nas posologias habituais e cuidados a ter

com as tomas. O sistema informático é extremamente útil nesse aspecto, já que á distância

de um clique toda a informação pertinente sobre determinado medicamento é apresentada.

A nível de medicamentos não sujeitos a receita médica, a vasta oferta da farmácia

pode ser uma espada de dois gumes para o profissional que aconselha, mas com alguma

dedicação é possível compreender as gamas apresentadas e prestar o aconselhamento

adequado. No meu caso, os aconselhamentos mais memoráveis foram um antiparasitário

externo para um cão, batom hidratante com protecção solar, protectores solares adequados

aos tons de pele do utente e tipo de exposição.

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Surgiu uma situação de um utente com uma ferida nas costas, uma descamação, sem

razão aparente. Não estava infectada e era visível de uma ligeira inflamação em redor da

mesma, não apresentava exsudado, nem o utente tinha queixas de dor. Uma vez que a ferida

tinha cerca de uma semana, mas não aparentava estar a evoluir de tamanho foi

aconselhado uma solução de lavagem e desinfecção e a busca de aconselhamento médico

caso não apresentasse melhorias num espaço curto de tempo. O aspecto parecia de uma

ferida de contacto, mas sendo a etiologia desconhecida não paeceu prudente menosprezar.

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PARTE II

Surgiu uma receita com uma formulação magistral contendo ácido salicílico (5g),

coaltar (8g) e antralina (2g) em vaselina (qbp100g). A composição da fórmula permite-me

inferir que o preparado é provavelmente para tratamento de psoríase já que os constituintes

são frequentemente utilizados para tratar esta patologia, no entanto é possível que se

destine a outro tipo de desordem dermatológica. Devido ás características intrínsecas das

substâncias a sua mistura simples revela-se do ponto de vista tecnológico inexequível, sendo

necessária a utilização de um(ns) adjuvante(s) para permitir a correcta formulação. Isto foi

postulado e de seguida comprovado com a tentativa de formulação resultando numa

pomada não-homogénea, não obedecendo por consequência aos critérios exigidos, mais

concretamente à descrição da Farmacopeia Portuguesa 9.3 para formas semi-sólidas

cutâneas. Além do pobre aspecto de tal preparação que terá sempre um impacto negativo

por parte do utente, existiria um potencial problema técnico de importância cabal devido á

muito provável e visível má distribuição de uma ou mais substâncias activas

comprometendo a eficácia do medicamento.

O que se segue é uma proposta de formulação que apresentei junto do responsável o

laboratório bem com a fundamentação científica com que suporto essa proposta.

Para simplificação o processo será decomposto em fases extemporâneas, embora

realidade este seja exercido de uma forma mais orgânica ao invés desta forma linear, e

compreende:

Avaliação da composição, escolha do(s) agente(s) adjuvante(s), escolha da

embalagem primária, proposta de formulação.

Avaliação da composição

O propósito de conhecer a composição é tentar estabelecer logo á partida possíveis

limitações ou possibilidades a partir das caraterísticas físico-químicas dos compostos. Nesta

fase podemos também prever possíveis interacções que fossem impeditivas da formulação

ou que requeiram cuidados especiais no mesmo. Segue-se uma descrição das substâncias

baseados na bibliografia mais direcionada para o efeito, bem como fichas técnicas e de

segurança elaboradas por empresas que comercializam as matérias primas. A fim de evitar

referências circulares, uma vez que o há bibliografia que está presente em praticamente

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todas as outras referências, e dada a credibilidade e robustez da informação presente nessa

primeira fonte, quando possível a referência primária é a indicada. Pelas características da

formulação, o adjuvante que surgiu de imediato como uma possibilidade foi o polissorbato

80. Alguma pesquisa, nomeadamente a sua inclusão em formulações semelhantes na

bibliografia consultada suportaram este instinto e será descrito o fundamento. No entanto,

para melhor explanação e transparência do processo, note-se que foi uma das primeiras

opções consideradas.

COALTAR SAPONINADO:

O coaltar saponinado é obtido por diluição do produto condensado da destilação seca

da hulha - coaltar (ou alcatrão mineral) - (1-3) em tintura de Quilaia ou numa tintura

alcoólica com polissorbato 80 (4-5). Tem uma composição variável rica em hidrocarbonetos

policíclicos como o naftaleno, benzeno, fenóis e pequenas quantidades de piridina e

quinoleínas (5). Contém 20% de coaltar (5). É um líquido castanho avermelhado, com odor

caraterístico. É solúvel em álcool e insolúvel em água (5).

Usos e administração:

É antipruriginoso, levemente antisséptico, e reduz a espessura da epiderme. (4) pode

ser utilizado topicamente em eczemas, psoríase, caspa e dermatite seborreica e outras

desordens dermatológicas (4).

O coaltar tem um mecanismo de acção desconhecido, mas é há muito usado no

tratamento da psoríase, tanto em monoterapia como em combinação com outros compostos

como o ditranol, podendo ainda ser suplementado com terapia UV (4). É particularmente

adequado ao tratamento de placas estáveis crónicas. (4) Preparações com o equivalente entre

Figura 2- Estrutura do naftaleno Figura 4 - Estrutura do benzeno Figura 3- Estrutura do fenol

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0.5 a 5 % de coaltar em parafina demonstram semelhante a concentrações mais elevadas,

sendo por isso desnecessário utilizar concentrações superiores (4).

Efeitos Adversos, precauções e incompatibilidades

Pode provocar irritações e erupções semelhantes a acne. Não deve ser aplicado em

pele inflamada ou ferida, nem em mucosas ou na zona anogenital. Em zonas de pele mais

sensível devem ser utilizados com precaução. Reacções de hipersensibilidade são pouco

frequentes. Dependendo da composição efeitos de toxicidade podem ser semelhantes aos dos

da toxicidade pelo fenol: efeitos sistémicos, normalmente decorrentes da ingestão do

composto incluem falência renal, falência hepática, depressão do sistema nervoso central,

arritmias, falência respiratória e cardíaca. A nível tópico é corrosivo. Caso o composto esteja

em contacto com pele danificada, pode haver absorção suficiente para se manifestarem

efeitos sistémicos. O coaltar por conter compostos potencialmente cancerígenos (fenol,

benzeno, naftaleno e outros policíclicos) é também ele por consequência potencialmente

cancerígeno e deve ser manuseado com precaução. Outra contraindicação é a facilidade com

que preparações de coaltar mancham pele e vestuário, bem como o odor que emanam, e

embora sejam laváveis, pode ser um impedimento na aderência à terapêutica (6).

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Cuidados no manuseamento

Tabela 2 - Cuidados no manuseamento do coaltar (7)

Palavra de aviso Perigo

Indicação(ões) de perigo Pode causar cancro.

Líquidos e vapores muito inflamáveis.

Declaração(ões) de prudência Manter afastado de fontes de calor, ignição,

chama aberta ou superfícies quentes. – Não

fumar.

Manter o recipiente hermeticamente fechado.

Levar luvas/roupa/óculos/máscara de proteção.

Símbolo(s) de perigosidade Tóxico

Frase(s) - R Pode causar cancro.

Facilmente inflamável.

Frase(s) - S Em caso de ingestão, dirigir-se imediatamente

ao médico e mostrar a etiqueta ou a

embalagem.

Conservar afastado de qualquer chama ou

fonte de ignição- Não fumar.

Usar unicamente em lugares bem ventilados.

Evitar o contacto com os olhos.

Outras Considerações

Os constituintes do coaltar já possuem inerentemente alguma capacidade de

penetração transfolicular e transepidérmica. A utilização de polissobrato 80 pode favorecer

ainda mais esta penetração daí que se restrinjam as quantidades utilizadas ao mínimo

possível. Concentrações entre os 0,5% e os 2,5% mostram-se suficientes para a obtenção de

pomadas em boas condições, e são utilizadas em concertação em formulações descritas nas

farmacopeias britânica e portuguesa.

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ÁCIDO SALICÍLICO

É um pó branco cristalino, ligeiramente solúvel em água e

solúvel em álcool (4). É um derivado da salicilina presente na casca

do Salgueiro, que é utilizado há muito tempo pelas suas

características anti-inflamatórias e anti-piréticas (8).

Usos e administração

O ácido salicílico possuí propriedades queratoplásticas em concentrações na ordem

dos 1-2%, queratolíticas quando utilizado entre 2-6% e pode ser empregue com cáustico em

concentrações até 60%, nomeadamente para remoção de verrugas plantares ou calos (4)(9).

Este composto possuí também propriedades antifúngicas e bacteriostáticas (4), sendo que em

pequenas concentrações (0,1 – 0,5 %) é utilizado como conservante (9). Estas características

fazem com que os preparados de ácido salicílico tenham um amplo espectro de aplicação,

sendo que em concentrações mais elevadas são utilizados em situações de hiperqueratoses e

remoção de verrugas, enquanto em concentrações mais baixas é utilizado em quadros de

dermatite seborreica, psoríase, caspa, ictiose, acne e – em concentrações de 1% - em úlceras

crónicas e estados descamativos da pele (4)(6)(9)(10).

Efeitos adversos, precauções e incompatibilidades

O ácido salicílico pode provocar irritações de pele e dermatites (4). Quando utilizado

em concentrações maiores deve-se proteger a pele circundante com vaselina, por exemplo

(4) (6). O ácido salicílico é absorvido pela pele, sendo que pode causar intoxicação sistémica

(4). A absorção depende da integridade da pele, da área da aplicação, da duração da

aplicação e claro, da concentração do preparado (4)(6). Deve evitar-se contacto com pele

saudável, olhos e mucosas (6). Podem ocorrer também reacções de hipersensibilidade, sendo

por isso contraindicado a qualquer pessoa com histórico de sensibilidade a salicilatos (4)(6).

Pelos motivos mencionados é também contraindicado em crianças (4).

Figura 5 - Estrutura do ácido

salicílico

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Cuidados no manuseamento

Tabela 3 - Cuidados no manuseamento do ácido salicílico (11)

Palavra de aviso Perigo

Indicação(ões) de perigo Nocivo em caso de ingestão.

Provoca lesões oculares graves.

Declaração(ões) de aviso Usar luvas de proteção/óculos de

proteção/máscara de proteção

EM CASO DE CONTATO COM OS OLHOS:

enxaguar cuidadosamente com água durante

vários minutos. Retirar as lentes de contato, se

usar e for possível. Continuar a enxaguar.

Símbolo(s) de perigosidade Nocivo

Frase(s) - R Nocivo em caso de ingestão.

Risco de lesões oculares graves.

Frase(s) - S Em caso de contacto com os olhos, lavar

imediata e abundantemente com água e contatar

um médico.

Use proteção para os olhos/a cara.

Outras considerações

O ácido salicílico em concentrações superiores a 2% pode induzir ruptura de algumas

emulsões baseadas em tensioactivos não iónicos polioxietilenados (no entanto em caso de

soluções hidroalcoólicas poder-se-á utilizar tween para ajudar solubilização caso a

proporção de água seja alta). Nestas situações é preferível adoptar emulsões baseadas em

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tensioactvos aniónicos. Em pomadas para ajudar a incorporação pode se recorrer a uma

dispersão em vaselina líquida (12).

DITRANOL

Também conhecido por antralina ou

cignolina (6). É um pó amarelo ou amarelo-

acastanhado (4). O ditranol actua como agente

antimitótico, já que é derivado do antraceno que

possui uma actividade inibitória dos ácidos

nucleicos (6). Como o ácido salicílico, em

pequenas concentrações tem acção queratoplástica

e em concentrações maiores tem acção

queratolítica (6).

Usos e administração

É utilizado no tratamento subagudo da psoríase (4)(6)(13) devido ao seu efeito anti

proliferativo da camada córnea. Demonstra utilidade em situações de acne, eczemas e

dermatites seborreicas, bem como em candidíase, pitiríase versicolor e tinhas (6)(13).

Existem duas formas comuns de tratamento para a psoríase: a convencional e a terapia de

contacto curto (4). O primeiro normalmente utiliza concentrações a partir de 0,1% (0,05%

em alguns casos) na forma de cremes ou pomadas, havendo aplicação durante algumas horas

e com um incremento gradual da concentração (normalmente até 1%) e no tempo de

aplicação (4). A terapia de contacto curto, como o nome indica, pressupõe um contacto com

a pele em períodos até 60 minutos, com posterior lavagem, e um aumento gradual da

concentração, começando em 0,1% nas primeiras aplicações atingindo concentrações

normalmente na ordem dos 2%, mas podendo chegar aos 5% (4)(13). O seu uso em casos de

alopécia areata é relativamente comum, mas não existe muita evidência a suportar o mesmo

(4). Pode ser também utilizado como cáustico em fórmulas com o ácido salicílico (10)

Efeitos adversos e precauções

É um irritante e deve proteger-se a pele saudável aquando da aplicação (4). Peles

claras podem ser mais susceptíveis do que peles escuras (4). Caso exista irritação excessiva

da pele deve-se reavaliar a concentração/duração do tratamento ou interromper (6).

Desaconselha-se o seu uso durante gravidez e aleitamento (6).

Figura 6 - Estrutura do ditranol

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Cuidados no manuseamento

Tabela 4 - Cuidados no manuseamento do ditranol (14)

Palavra de aviso Atenção

Indicação(ões) de perigo Provoca irritação ocular grave.

Pode irritar as vias respiratórias

Provoca irritação cutânea.

Suspeito de provocar cancro.

Declaração(ões) de prudência EM CASO DE CONTACTO COM OS

OLHOS: enxaguar cuidadosamente com água

durante vários minutos. Retirar lentes de

contacto, se usa e for possível. Continuar a

enxaguar.

Levar luvas/roupa/óculos/máscara de proteção.

Símbolo(s) de perigosidade Irritante

Frase(s) – R Irrita os olhos, a pele e as vias respiratórias.

Frase(s) – S Em caso contacto com os olhos, lavar

imediatamente e abundantemente com água e

procurar assistência médica.

Usar roupas protetoras adequadas e luvas

adequadas.

Outras considerações

O ditranol tem um perfil de absorção interessante. Com bases hidrofílicas a sua

absorção é muito reduzida ficando retido essencialmente no estrato córneo (15). No entanto

com vaselina irá apresentar uma penetração desta primeira camada atingindo a epiderme

numa quantidade significativa onde irá então exercer a sua acção (15). Por estes motivos é

aconselhado utilizar pequenas concentrações do fármaco nas preparações e ter uma especial

atenção a efeitos adversos. Apesar da descrição do comportamento do composto existem

formulações inscritas nas bibliografias oficiais utilizando a vaselina com um espectro de

concentrações onde se insere a prescrita (4).

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VASELINA

A vaselina branca é utilizada como base de pomadas ou cremes em variadas

formulações (4). É uma mistura purificada de hidrocarbonetos, semi-sólida obtida do

petróleo (4). É praticamente insolúvel em água e etanol e parcialmente solúvel em

diclorometano (4). A sua absorção dérmica é baixa (4).

Uso e administração

Além de servir como base para várias formulações, tem efeito emoliente (4) devido

ao seu poder oclusivo (6). Pode ser utilizada para combater pediculoses (4). A sua forma

estéril é utilizada para acondicionar feridas (4).

Efeitos adversos e precauções

Reacções de hipersensibilidade são muito raras e geralmente atribuídas a

hidrocarbonetos policíclicos presentes devido a contaminações ou processos de purificação

insuficientes (4). O seu uso prolongado por via tópica pode provocar reacções

granulomatosas de corpo estranho devido á sua permeação (apesar de baixa) (4).

SPAN 80

O Span 80 ou oleato de sorbitano pertence

aos ésteres de ácidos gordos do sorbitano. (16) Os

compostos deste grupo são utilizados como

agentes emulsivos, surfactante não iónico, agente

solubilizador, agente molhante e agente

dispersor/suspensor (16). Os monoésteres do

sorbitano são uma série de misturas de ésteres de

sorbitol e os seus ácidos gordos mono e di-anidros

(16).

Figura 7 - Estrutura do span 80

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Tabela 5 - Utilizações comuns do span 80 adpatado de (16)

Podem ser utilizados para vários efeitos consoante a concentração utilizada e a sua

conjugação ou não com outros adjuvantes (16) Não têm incompatibilidades documentadas ()

e são estáveis desde que não estejam na presença de ácidos ou bases fortes (16). Devem ser

armazenados em local fresco e seco (16). São considerados seguros e não tóxicos, com

ampla aplicação nas indústrias alimentar e farmacêutica (em preparações de uso oral

inclusive), mas é possível que em raros casos desencadeiem reacções de hipersensibilidade

(4). Os cuidados de manuseamento são os habituais, aconselhando-se a utilização de luvas e

óculos de protecção.

FORMULAÇÕES SEMELHANTES

No Formulário Galénico Português existem fórmulas para pomadas de alcatrão

mineral (B.3.), pomadas de ácido salicílico (A.I.1.) feitas a partir das pomadas mãe (B.1.),

um creme de ditranol (A.I.49.) e uma pomada de alcatrão e ácido salicílico (A.I.2.) feitas a

partir das pomadas mãe respectivas. Já na Farmacopeia Britânica 2012 podemos encontrar

referência a pomada de ditranol, utilizando vaselina como base.

Utilização Concentrações

Agente emulsivo:

1-15%

Agente solubilizante (para constituinte pouco solúveis em bases lipofílicas) 1-10%

Agente molhante 0.1 – 3%

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PROPOSTA DE FORMULAÇÃO

Constituição da fórmula

Não sendo de esperar interacções entre os componentes e existindo já previamente

formulações como termo de comparação, a proposta passaria por uma fórmula com a

seguinte constituição:

Ácido Salicílico 5g

Coaltar 8g

Ditranol 2g

Span 80 5g

Vaselina qbp 100g

Método de Preparação

Com base na experiência e nas fórmulas existentes no Formulário Galénico

Português, propõe-se o seguinte procedimento:

1. Verificar o estado de limpeza do material e bancadas a utilizar;

2. Pesar directamente em recipiente topitec o Span80 e o Coaltar;

3. Adicionar a vaselina e misturar durante um minuto a 1000 rpm;

4. Adicionar os restantes constituintes, adicionar ao recipiente com a mistura e

homogeneizar durante 4 minutos a 2000 rpm;

5. Rotular e embalar;

6. Higienizar todo o material e bancada segundo os protocolos instituídos.

Método de Preparação manual

1. Verificar o estado de limpeza do material e bancadas a utilizar;

2. Após pesagem dos constituintes, misturar o Span e o Coaltar com ajuda de uma

vareta de vidro;

3. Incorporar lentamente na vaselina a mistura obtida previamente;

4. Incorporar da mesma forma os restantes constituintes na mistura;

5. Espatular até obtenção de aspecto homogéneo ou alternativamente recorrer a um

laminador;

6. Acondicionar em recipiente adequado e rotular;

7. Higienizar todo o material e bancada segundo os protocolos instituídos.

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Ensaios de qualidade

Cor: pomada de cor verde

Odor : Característico a alcatrão

Aspecto: homogéneo

Monografia: conforme a definição da monografia “Preparações semi-sólidas cutâneas

(Farmacopeia Portuguesa 9.3)”

Quantidade: +/- 5 % da massa calculada

Condições de conservação

Com base nas informações recolhidas sobre os constituintes individuais: guardar á

temperatura ambiente ao abrigo da luz e do ar. O recipiente será opaco e deverá manter as

condições necessárias.

Prazo de validade

Uma vez que o prazo de validade da preparação (A.I.2) é de dois meses após a

preparação, recomenda-se a utilização desse prazo de validade, uma vez que é a mais curta

das formulações pré-existentes.

Cuidados no manuseamento

Partindo de um somatório dos cuidados requeridos para lidar com cada uma das

matérias primas requer-se precaução e uso de equipamento de protecção adequado: vestuário

adequado, luvas e óculos.

Folheto informativo

Esta é uma proposta de folheto informativo para acompanhar a formulação, tal

como acontece é suposto em fórmulas galénicas, no entanto não foi o caso.

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Composição

100g de pomada contêm 5g de ácido salicílico, 8g de coaltar saponinado, e 2g de

ditranol. Contém vaselina branca e polissorbato 80.

Usos terapêuticos

A pomada é indicada no tratamento de eczemas psoríacos e dermatites atópicas. (A

utilização de uma concentração tão elevada de ácido salicílico e ditranol poderia ser

utilizada para um tratamento cáustico, no entanto a presença do coaltar aponta para uma

situação de psoríase, eu diria que com uma hiperqueratoses pronunciada, daí a utilização

de quantidades tão elevadas dos componentes).

Modo de posologia e administração usual

O método de aplicação pode variar de acordo com a situação e tipo de terapia

estabelecido. Aplicar de acordo com o conselho do profissional. Aplicar apenas nas áreas

afectadas e se necessário proteger as áreas circundantes com vaselina (embora a

concentração elevada de ditranol sugira uma terapia de curto contacto, concentrações

nesta ordem estão descritas na terapia convencional, e sem mais informações seria

imprudente inferir cegamente sobre a posologia).

Efeitos secundários

Pode provocar sensação de queimadura, especialmente nos bordos da pele lesada,

pode ocorrer também irritação e reações de sensibilização, especialmente se foram utilizados

recentemente corticoides potentes. Pode causar vermelhidão e erupções tipo acne. A pomada

mancha a pele, cabelo, alguns tecidos, plásticos e esmalte. Embora a coloração da pele e

cabelo desapareça após interrupção do tratamento, as manchas podem ser retiradas

utilizando soluções cloradas. Acetona, clorofórmio ou benzeno são úteis na remoção das

outras manchas.

Precauções e contra-indicações

Esta pomada está contra-indicada em pessoas com alergia ou hipersensibilidade a

qualquer um dos componentes. Aplicar exclusivamente sobre a pele lesada e proteger a área

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circundante com vaselina, dado o poder irritante do preparado. Principalmente para a pele

sã. Caso no início do tratamento se note extensão das lesões ou excessiva irritação deve-se

ponderar as concentrações a empregar, reduzindo-as ou mesmo interrompendo o tratamento.

Não se deve aplicar em mucosas, zonas perto dos olhos, rosto, pregas cutâneas e genitais.

Em caso de contacto acidental lavar com água morna abundante. Não é recomendado o seu

uso em episódios de psoríase aguda e pele inflamada. Não é recomendado o seu uso durante

gravidez e aleitamento. Não é recomendado o seu uso em crianças com menos de dois anos

e em doentes com lúpus eritematoso.

Sintomas de intoxicações e respectivo tratamento

A absorção dos componentes pode causar um conjunto de sintomas de intoxicação,

como náuseas, vómitos, sudação, diarreia, confusão mental, aumento da frequência da

respiração e cefaleia forte. Estes efeitos são extremamente raros desde que a pomada seja

aplicada de acordo com as indicações. Caso algum dos sintomas surja, deve interromper de

imediato o tratamento, remover eventuais vestígios do medicamento e dirigir-se ao hospital

mais próximo, fazendo-se acompanhar da embalagem da pomada.

Prazo de utilização

2 meses após data da preparação.

Condições de conservação

Conservar na temperatura ambiente na embalagem bem fechada.

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Figura 8 - Resultado da mistura simples dos componentes

Discussão

O resultado final da formulação foi satisfatório. Tratando-se de uma formulação

magistral é possível que a componente da tecnologia farmacêutica não tenha sido

completamente fundamentada aquando da prescrição. O papel do farmacêutico é nessa altura

essencial e despoletado pela sigla fsa (faça segundo a arte). Nestas situações pode ser útil

consultar o prescritor a fim de esclarecer a finalidade do preparado, nessa impossibilidade

ficamos com noção que as concentrações empregues estão dentro das margens terapêuticos

utilizadas, ainda que um um pouco incomuns, e o cruzamento de informação permite inferir

sobre a segurança do mesmo. Existem exemplos de fórmulas com os mesmos constituintes

em concentrações diferentes(17), no entanto não constam de nenhum formulário oficial .

Figura 9 - Resultado da formulação com span 80

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BIBLIOGRAFIA 1- Comissão da Farmacopeia Portuguesa (2010). Farmacopeia Portuguesa 9.3.

Ministério da Saúde, Infarmed, Lisboa.

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3- United States Pharmacopeia Convention (2013) United States Pharmacopeia and

National Formulary (USP 36-NF 31).

4- Sean C Sweetman(2011) Martindale: The Complete Drug Reference 36th ED.

Pharmaceutical Press, London. England, UK: 2011

5- Acofarma: Ficha técnica Coaltar. Acessível em

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fb12667674068e34e28133f61c212c209d526c08/main/files/Coaltar_saponinado.p

df (Acedido em10/08/2016)

6- Associação Nacional das Farmácias – CETMED (2005) Formulário Galénico

Português., Lisboa.

7- Acofarma: Ficha de segurança do Coaltar, acessível em

http://www.acofarma.com/admin/uploads/descarga/2435-

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o_pt.pdf (Acedido em 12/08/2016)

8- Z Jeffreys, Diarmuid (2005). Aspirin: the remarkable story of a wonder drug.

New York: Bloomsbury.

9- Acofarma. Ficha técnica do ácido salicílico. Acessível em

http://www.acofarma.com/admin/uploads/descarga/4334-

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(acedido em 08/08/2016)

10- José Antonio de Oliveira Batistuzzo, Masayuki Itaya, Yukiko Eto (2002)FMF

Formulário médico-farmacêutico 2ª edição ampliada. Tecnopress. São Paulo.

11- Acofarma: Ficha de segurança do ácido salicílico, Acessível em

http://www.acofarma.com/admin/uploads/descarga/2261-

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pt.pdf (Acedido em 10/08/2016)

12- Acofarma: Acido salicílico: propiedades fisicoquímicas e incorporación,

Acessível em: http://www.formulacionmagistral.org/blog/principios-activos/acido-

salicilico-propiedades-fisicoquimicas-e-incorporacion/ Acedido em 05/07/2016

13- Acofarma: Ficha técnica ditranol. Acessível em

http://www.acofarma.com/admin/uploads/descarga/4495-

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152334e307f75dc3ae09ed89cbc2047b6d24be81/main/files/Antralina.pdf

(acedido em 05/07/2016)

14- Acofarma: Ficha de segurança ditranol. Acessível

emhttp://www.acofarma.com/admin/uploads/descarga/2316-

c5964516eaf9d6afebe0dd6e8540925e0306c784/main/files/Antralina_pt.pdf

(acedido em 05/07/2016)Ficha técnica acofarma antralina

15- H. Schaefer,W. Schalla,A. Zesch,G. Stüttgen (2013) Skin Permeability. Springer

Science & Business Media, New York.

16- R. C. Rowe, P. J. Sheskey, and S. C. Owen (2005) Handbook of Pharmaceutical

Excipients. Pharmaceutical Press.

17- Préparations Magistrales Dermatologiques en Suisse. Acessível em:

http://www.magistralrezepturen.ch/index.asp?stSpr=F&stMenu=rezepturen&stSu

bMenu=mitw&stTitel=&iPraepNr=700 (acedido em 05/07/2016)

Bibliografia utilizada na parte I:

INFARMED: legislação farmacêutica compilada. Acessível em

http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/LEGISLACAO/LEGISLACAO_F

ARMACEUTICA_COMPILADA

INFARMED : Boas práticas na produção de medicamentos manipulados. Acessível: em

http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/LEGISLACAO/LEGISLACAO_F

ARMACEUTICA_COMPILADA/TITULO_III/TITULO_III_CAPITULO_II/portaria_594-

2004.pdf

Site da Farmácia Barreiros. Acessível em : www.farmaciabarreiros.com

NOGUEIRA PRISTA, L.; CORREIA ALVES, A.; MORGADO, R.; SOUSA LOBO, J.

“Tecnologia Farmacêutica”, I Vol., 6ª Ed., Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2003

Site MedScape. Acessível em http://reference.medscape.com/

Site UptoDate: Acessível em http://www.uptodate.com/h

Blog de formulação magistral: http://www.formulacionmagistral.org/blog/

Merck Index online. Acessível em: https://www.rsc.org/merck-index

Site Direcção Geral de saúde: https://www.dgs.pt/

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