77

Jorge Rubem Folena de Oliveiradvqlxo2m2q99q.cloudfront.net/.../file/...as-ditaduras--brasileiras.pdf · ANOS DA DITADURA MILITAR-CIVIL BRASILEIRA ... 64 Referências ... A busca da

  • Upload
    lekhanh

  • View
    215

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Jorge Rubem Folena de Oliveira

PODER JUDICIÁRIO E AS DITADURAS BRASILEIRAS

EL PODER JUDICIAL Y LAS DICTADURAS BRASILEÑAS

Copyright © Jorge Rubem Folena de Oliveira, 2015

Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei nº 9.610, de 19/02/1998.Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida, sejam quais forem os meios

empregados, sem a autorização prévia e expressa do autor.

Editor Rubem Cesar de Oliveira

Capa Rubem Cesar

projEto GráfiCo E Editoração Luiz Guimarães

rEvisão Em portuGuês Lena Tavares

tradução Em Espanhol María Alejandra Sotelo Salazar

ARC EDITORRua Mal. Ferreira Neto, 104 - RibeiraCEP: 21930-090 - Rio de Janeiro - RJ

Tel.: 55 21 2467-5047

Ficha Catalográfica elaborada pela ARC Editor

048p Oliveira, Jorge Rubem Folena de, 1968 Poder judiciário e as ditaduras brasileiras/Jorge Rubem Folena de Oliveira.

Rio de Janeiro: ARC Editor, 2015

76p.: 15,5x23cm

ISBN 978-85-89140-29-4

1. Ciência Política. 2. Judiciário. 3. Política. 4. Brasil

1. Título CDD: 320 CDU: 32

2015

Agradecimentos

Para a realização desta pesquisa, agradeço as orientações científicas prestadas pelo

professor doutor Francisco Carlos Teixeira da Silva e a revisão teórica do doutor Sérgio

Ribeiro Muylaert; bem como a versão do texto em espanhol realizada pela professora María

Alejandra Sotelo Salazar e ao meu pai, Antonio Rubem Cesar de Oliveira, pela publicação do

presente trabalho.

Agradecimientos

Para la realización de esta investigación, agradezco las orientaciones científicas prestadas

por el profesor doctor Francisco Carlos Teixeira da Silva y la revisión teórica del doctor Sérgio Ribeiro Muylaert; así como la versión del texto en español realizada por la maestra María Alejandra Sotelo

Salazar y a mi padre, Antonio Rubem Cesar de Oliveira, por la publicación del presente trabajo.

Sumário

1) INTRODUÇÃO ...........................................................................10

2) DITADURA DO ESTADO NOVO E TRIBUNAL DE SEGURANÇA NACIONAL ..................................................16

3) O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NOS PRIMEIROS ANOS DA DITADURA MILITAR-CIVIL BRASILEIRA (1964/1966) ................................................................................26

3.1) Resultado da investigação ..................................................30

3.1.1) Manutenção de acusações vagas e genéricas ...................30

3.1.2) Extinção da ação penal pelo trancamento da denúncia .34

3.1.3) A Justiça Militar julgando civis .......................................36

3.1.4) Magistrados que subscreveram ordenamentos da ditadura e se renderam a ideia de sustar uma suposta ordem comunista no Brasil .................................44

3.1.5) Denúncia de tortura em 1964 .........................................48

3.1.6) O direito à liberdade de expressão e opinião ...................50

3.1.7) A manutenção de prisão de estrangeiros no Brasil .........60

4) CONCLUSÃO ..............................................................................64

Referências bibliográficas ................................................................70

Sobre o autor .....................................................................................76

Sumario

1) INTRODUCCIÓN .......................................................................11

2) DICTADURA DEL ESTADO NUEVO Y TRIBUNAL DE SEGURIDAD NACIONAL ...................................................17

3) EL SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL EN LOS PRIMEROS AÑOS DE LA DICTADURA MILITAR-CIVIL (1964-1966) ...................................................................................27

3.1) Resultado de la investigación.............................................31

3.1.1) Mantención de acusaciones vagas y genéricas ................31

3.1.2) Extinción de la acción penal por el archivo de la denuncia ............................................................................35

3.1.3) La Justicia Militar juzgando a civiles.............................. 37

3.1.4) Magistrados que suscribieron órdenes de dictadura y se rindieron a la idea de reprimir a una supuesta orden comunista en Brasil ...............................................45

3.1.5) Denuncia de tortura en 1964 ...........................................49

3.1.6) El derecho a la libertad de expresión y opinión ...............51

3.1.7) La mantención de prisión de extranjeros en Brasil .........61

4) CONCLUSIÓN ..............................................................................65

Referencias bibliográficas .................................................................71

Sobre el autor .....................................................................................76

8 PODER JUDICIÁRIO E AS DITADURAS BRASILEIRAS

PODER JUDICIÁRIO E AS DITADURAS BRASILEIRAS

Jorge Rubem Folena de Oliveira

Sumário: 1) Introdução; 2) Ditadura do Estado Novo e Tribunal de Segurança Nacional; 3) O Supremo Tribunal Federal nos primeiros anos da ditadura militar-civil (1964/1966); 3.1). Resultados da investigação; 3.1.1) Manutenção de acusações vagas e genéricas; 3.1.2) Extinção de ação penal pelo trancamento de denúncias; 3.1.3) Justiça Militar julgando civis; 3.14) Magistrados subservientes que subscreveram sentenças condenatórias em obediência aos ordenamentos da ditadura e se renderam a ideia de sustar uma suposta ordem comunista no Brasil; 3.1.5) Denúncia de torturas em 1964; 3.1.6) Direito à liberdade de expressão e opinião; 3.1.7) Prisão de estrangeiros no Brasil; 4) Conclusão

Resumo: Neste trabalho procuramos apresentar os resultados parciais da pesquisa (em andamento) sobre a atuação do Poder Judiciário brasileiro na ditadura do Estado Novo (1937-1945, durante o Governo de Getúlio Vargas, com ênfase nos julgamentos do Tribunal de Segurança Nacional) e, principalmente, ao longo da vigência do regime militar-civil (1964-1985), em especial a atuação do Supremo Tribunal Federal, entre abril de 1964 a dezembro de 1966, nos julgamentos de crimes políticos.

A proposta final da investigação é cruzar informações sobre a atuação do Poder Judiciário nos países da região do MERCOSUL e aclarar o perfil do posicionamento político-ideológico e jurídico deste poder, durante os regimes de exceção em curso nas décadas de 1960, 1970 e 1980.

Palavras-chaves: Poder Judiciário – Ditadura – Crimes Políticos - Judicialização da Política

EL PODER JUDICIAL Y LAS DICTADURAS BRASILEÑAS 9

EL PODER JUDICIAL Y LAS DICTADURAS BRASILEÑAS*

Jorge Rubem Folena de Oliveira

Sumario: 1) Introducción; 2) Dictadura del Estado Nuevo y Tribunal de Seguridad Nacional; 3) El Supremo Tribunal Federal en los primeros años de la dictadura militar-civil (1964/1966); 3.1). Resultados de la inves-tigación; 3.1.1) Mantención de acusaciones vagas y genéricas; 3.1.2) Ex-tinción de la acción penal por archivo de denuncias; 3.1.3) Justicia Militar juzgando a civiles; 3.14) Magistrados subordinados que suscribieron sen-tencias condenatorias en obediencia a las órdenes de la dictadura y se rin-dieron a la idea de reprimir una supuesta orden comunista en Brasil; 3.1.5) Denuncia de torturas en 1964; 3.1.6) Derecho a la libertad de expresión y opinión; 3.1.7) Prisión de extranjeros en Brasil; 4) Conclusión

Resumen: En este trabajo presentaremos resultados parciales de la in-vestigación (en curso) sobre la actuación del Poder Judicial brasileño en las dictaduras del Estado Nuevo (1937-1945), durante el Gobierno de Ge-túlio Vargas (particularmente el Tribunal de Seguridad Nacional) y en la vigencia del régimen militar-civil (1964-1985), en especial la actuación del Supremo Tribunal Federal, entre abril de 1964 y diciembre de 1966, en los juicios de crímenes políticos.

La propuesta final de la investigación es unir todas las informaciones sobre la actuación del Poder Judicial en los países de la región del MER-COSUR y averiguar cuál fue la posición político-ideológica y jurídica de dicho poder, durante los regímenes de excepción en curso, en las décadas de 1960, 1970 y 1980.

Palabras clave: Poder Judicial – Dictadura – Crímenes Políticos – Judi-cialización de la Política

* Traducción realizada por María Alejandra Sotelo Zalazar.

10 PODER JUDICIÁRIO E AS DITADURAS BRASILEIRAS

1) INTRODUÇÃO

Como romper com um passado autoritário que ainda se manifesta presente?

A busca da verdade sobre a última ditadura, no Brasil, está restrita por imposição do veto apresentado pelos agentes militares e policiais que colaboraram com regime, sendo fato notório que o Brasil, “até meados de 2012, (foi) o único país da América Latina em que nenhum militar ou policial envolvido com esses crimes (da ditadura) chegou ao banco dos réus”. (D’Araújo, 2013, p. 25)

Apesar de uma parcela da sociedade brasileira promover atividades e tentativas de apuração da autoria dos crimes relacionados à tortura e a outros delitos, raramente tem sido cobradas as responsabilidades no seio das instituições civis (empresários, religiosos, parlamentares, magistrados, promotores de justiça, advogados públicos, professores universitários, imprensa etc.) que apoiaram ou facilitaram de certa maneira para a implantação das ditaduras dos anos 1937/1945 (Estado Novo do Governo de Getúlio Vargas) ou dos anos de 1964/1985 (regime militar-civil)

No caso brasileiro, agentes e funcionários públicos civis que também foram colaboradores do antigo regime permaneceram comodamente nas funções remuneradas, sem que tenha ocorrido uma purga ou ruptura oficial com o autoritarismo.

Por exemplo, a Constituição de 1988 manteve nos cargos públicos pessoas que ingressaram na Administração Pública, sem concurso, cinco anos da sua promulgação.1 Em consequência, um grande número de agentes beneficiados pelo apadrinhamento político durante o regime ditatorial de 1964 a 1985 foram preservados nas suas funções públicas; sem que o Estado brasileiro tenha feito, deste modo, um saneamento efetivo do seu passado ditatorial, que se transpôs à democracia na figura de agentes do antigo regime, que continuaram ativamente em seus cargos públicos.

Diante desta constatação é plausível a relação entre este

1 Artigo 19 dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias: “Os servidores públi-cos civis da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, da administração direta, autárquica e das fundações públicas, em exercício na data da promulgação da Constituição, há pelo menos cinco anos continuados, e que não tenham sido admitidos na forma regulada no art. 37 da Constituição (mediante concurso público), são conside-rados estáveis no serviço publico.”

EL PODER JUDICIAL Y LAS DICTADURAS BRASILEÑAS 11

1) INTRODUCCIÓN

¿Cómo romper con un pasado autoritario que aún se manifiesta en el presente?

La búsqueda de la verdad sobre la última dictadura, en Brasil, está restringida por imposición de los vetos presentados por agentes mili-tares y policiales que colaboraron con el régimen, hecho notorio en Brasil, “hasta mediados de 2012, (fue) el único país de Latinoamérica donde ningún militar o policial envuelto en dichos crímenes (de la dictadura) haya llegado al banco de los reos”. (D’Araújo, 2013, p. 25)

A pesar de que una parte de la sociedad brasileña busca activi-dades y tiene la intención de investigar la autoría de los crímenes relacionados a tortura y a otros delitos, raramente se han cobrado las responsabilidades de las instituciones civiles (empresarios, reli-giosos, parlamentares, magistrados, promotores de justicia, aboga-dos públicos, profesores universitarios, prensa etc.) que apoyaron o facilitaron, de cierta forma, la implantación de las dictaduras de los años 1937/1945 (Estado Nuevo del Gobierno de Getúlio Vargas) o durante los años de 1964/1985 (régimen militar-civil).

En el caso brasileño, los agentes y funcionarios públicos civiles que también fueron colaboradores del antiguo régimen permanecier-on cómodamente en sus funciones remuneradas, sin que se hubiera realizado la expulsión o ruptura oficial con el autoritarismo.

Por ejemplo, después de su promulgación, la Constitución de 1988 mantuvo en los cargos públicos a todas las personas que in-gresaron a la Administración Pública, sin concurso, por cinco años.1 En consecuencia, un gran número de agentes beneficiados por el apadrinamiento político durante el régimen dictatorial de 1964 a 1985 fueron preservados en sus funciones públicas; sin que el Esta-do brasileño haya hecho, de este modo, un saneamiento efectivo de su pasado dictatorial, que se transpuso a la democracia en la figura de agentes del antiguo régimen, que continuaron activamente en sus cargos públicos.

1 Artículo 19 dos Actos de las Disposiciones Constitucionales Transitorias: “Los servido-res públicos civiles de la Unión, de los Estados, del Distrito Federal y de los Municipios, de la administración directa, autárquica y de las fundaciones públicas, en ejercicio en la fecha de la promulgación de la Constitución, hace por lo menos cinco años continuados, y que no hayan sido admitidos en la forma regulada en el art. 37 de la Constitución (me-diante concurso público), son considerados estables en el servicio público.”

12 PODER JUDICIÁRIO E AS DITADURAS BRASILEIRAS

apoiamento e seus reflexos sobre o Estado de Direito Democrático, como legado ideológico de intolerância, travestido na superficialidade da pregação moralista.

Por outro lado, ao projetar seu ideário repressivo, restam impunes aqueles agentes colaboracionistas da ditadura, que atentam contra esta mesma ordem jurídica de 1988, num traço típico do patrimonialismo brasileiro, que Victor Nunes Leal (2012, p. 60) descreve como “filhotismo”.

Com efeito, tanto a partir de 1945 como após 1985, o Brasil passou da ditadura para a democracia sem romper formalmente com os regimes antecessores. Importante ressaltar que instituições públicas civis, como os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério Público, preservam em suas respectivas listas de servidores agentes notoriamente vinculados ao anterior regime.

Muitos seguiram seus mandatos ou continuaram no pleno exercício das funções institucionais na nova ordem democrática estabelecida a partir de 1985.2 O que Teixeira da Silva (2015) diz tratar-se “claramente, dos limites de uma transição ‘tutelada’, onde homens do ‘antigo regime’ reinavam como condutores da abertura democrática.”

Compatível com os fatos é a ideia de que muitos agentes dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Ministério Público (cuja atuação ainda não foi investigada a fundo) lancem vetos à apuração e reconstituição histórica deste passado, por meio da Lei de Anistia (Lei 6.683/79, BRASIL,1979). Assim, restam patentes os equívocos de interpretação reducionista e crítica limitada aos estamentos militares, como o faz D’Araújo (2013, p. 25).

Por isso, propomos o estudo que inclua o comportamento das referidas instituições, uma vez que (assim acreditamos) atitudes e manifestações de muitos dos seus atuais integrantes, expressam o legado do regime anterior, que não foi purgado ou saneado completamente.

A propósito, Rezola (2013, p. 177) esclarece que na Espanha “decidiu-se pela amnistia e por um esquecimento quase institucionalizado no que diz respeito à Guerra Civil e à Ditadura Franquista”.

2 Emenda Constitucional n° 26, de 27/11/1985, que convoca a Assembleia Nacional Constituinte. (BRASIL, 1985)

EL PODER JUDICIAL Y LAS DICTADURAS BRASILEÑAS 13

Delante de esta evidencia, es plausible la relación entre este apoyo y sus reflejos sobre el Estado de Derecho Democrático, como legado ideológico de intolerancia, encubierto en la superficialidad de la predicación moralista.

Por otro lado, al proyectar su ideario represivo, restan impunes aquellos agentes colaboracionistas de la dictadura, que atentan con-tra esta misma orden jurídica de 1988, en un trazo típico de patri-monialismo brasileño, que Victor Nunes Leal (2012, p. 60) describe como “apadrinamiento”.

En efecto, tanto a partir de 1945 como después de 1985, Brasil pasó de la dictadura a la democracia sin romper formalmente con los regímenes antecesores. Es importante resaltar que las institu-ciones públicas civiles, como los Poderes Legislativo y Judicial y el Ministerio Público, preservan en sus respectivas listas de servidores a agentes notoriamente vinculados al régimen anterior.

Muchos siguieron sus mandatos o continuaron en pleno ejerci-cio de las funciones institucionales en la nueva orden democrática establecida a partir de 1985.2 Lo que Teixeira da Silva (2015) dice que se trata “claramente, de los límites de una transición ‘tutelada’, donde hombres del ‘antiguo régimen’ reinaban como conductores de la apertura democrática.”

Compatible con los hechos es la idea de que muchos agentes de los Poderes Legislativo y Judicial y del Ministerio Público (cuya actuación todavía no ha sido investigada a fondo) lancen vetos para la verificación y reconstitución histórica de este pasado, por me-dio de la Ley de Amnistía (Ley 6.683/79, BRASIL, 1979). De esta forma, restan patentes los equívocos de interpretación reduccionista y crítica limitada a los estamentos militares, como lo hace D’Araújo (2013, p. 25).

Por eso, proponemos que el estudio incluya el comportamiento de las referidas instituciones, ya que (así creemos), actitudes y manifesta-ciones de muchos de los actuales miembros expresan el legado del ré-gimen anterior, que no ha sido expulsado o saneado completamente.

A propósito, Rezola (2013, p. 177) aclara que en España “se de-cidió por la amnistía y por un olvido casi institucionalizado en lo que se refiere a la Guerra Civil y a la Dictadura Franquista”.

2 Enmienda Constitucional n° 26, de 27/11/1985, que convoca a la Asam-blea Nacional Constituyente. (BRASIL, 1985)

14 PODER JUDICIÁRIO E AS DITADURAS BRASILEIRAS

Portugal, por outro lado, tentou sanear o passado do regime de Salazar com “o afastamento de todos os que tivessem servido ou exercido cargos de responsabilidade e direção na ditadura”. Era o que desejava, em abril de 1974, o Ministro da Justiça Salgado Zenha, que não conseguiu levar adiante proposição mais consistente, tendo em vista a ação do primeiro ministro Adelino da Palma Carlos. (Rezola, 2013, p. 181)

Esta conciliação moderadora foi investigada por Rezola (2013, p. 211), sobre o saneamento dos tribunais políticos do salazarismo (principalmente nos Tribunais Criminais Plenários) e dos agentes que atuaram nestes tribunais e continuaram na magistratura após o 25 de abril de 1974, uma vez “que os juízes dos tribunais não sofreram qualquer punição”. (Pimentel e Rezola, p. 15)

Ao longo dos anos sessenta a oitenta do século passado, os países da região do MERCOSUL foram tomados por golpes de estado, seguidos da implantação de ditaduras militares-civis, cujos efeitos reverberam até hoje em suas instituições políticas e sociais.

No Brasil, a Comissão Nacional da Verdade, instituída pela Lei Federal 12.528, de 18/11/2011 (BRASIL, 2011), concluiu que os integrantes do Supremo Tribunal Federal, à época do regime militar-civil de 1964/1985, “eram cônscios acerca de quem deveriam servir”. (BRASIL, Comissão Nacional da Verdade, 2014, p. 957)

O mesmo estado de ânimo perdura uma vez que a manutenção desta lei, pelo Supremo Tribunal Federal, sancionada durante o antigo regime (Lei de Anistia, Lei 6.683/79), somente reacende a ideia voluntarista e condenável da denominada “política de Estado, concebida e implementada a partir de decisões emanadas da Presidência da República e dos ministros militares” (entre 1964/1985), que:

mobilizou agentes públicos para a prática sistemática de detenções ilegais e arbitrárias e tortura, que se abateu sobre milhares de brasileiros, e para o cometimento de desaparecimentos forçados, execuções e ocultação de cadáveres. (BRASIL, Comissão Nacional da Verdade, 2014, p. 963)

Com efeito, anteriormente, o Governo de Getúlio Vargas utilizou-se do Tribunal de Segurança Nacional para perseguir seus

EL PODER JUDICIAL Y LAS DICTADURAS BRASILEÑAS 15

Portugal, por otro lado, intentó sanear el pasado del régimen de Salazar con “la retirada de todos los que hubieran servido o ejercido cargos de responsabilidad y dirección en la dictadura”. Era lo que deseaba, en abril de 1974, el Ministro de Justicia Salgado Zenha, que no consiguió llevar a cabo su proposición más consistente, con-siderando la acción del primer ministro Adelino da Palma Carlos. (Rezola, 2013, p. 181)

Esta conciliación moderadora fue investigada por Rezola (2013, p. 211), sobre el saneamiento de los tribunales políticos del salazar-ismo (principalmente el Tribunal Criminal Plenario) y de los agen-tes que actuaron en este tribunal y continuaron en su magistratura después del 25 de abril de 1974, cuando “los jueces de los tribunales no sofrieron ningún castigo”. (Pimentel y Rezola, p. 15)

A lo largo de los años sesenta a ochenta del siglo pasado, los paí-ses de la región del Mercosur fueron tomados por golpes de estado, seguidos de implantación de dictaduras militares civiles, cuyos efec-tos permanecen hasta hoy en las instituciones políticas y sociales.

En Brasil, la Comisión Nacional de la Verdad, instituida por la Ley Federal 12.528, de 18/11/2011 (BRASIL, 2011), concluyó que los integrantes del Supremo Tribunal Federal, hasta la época del régimen militar civil de 1964/1985, “eran conscientes acerca de quienes debe-rían servir”. (BRASIL, Comisión Nacional de la Verdad, 2014, p. 957)

El mismo estado de ánimo permanece, ya que la mantención de esta ley por el Supremo Tribunal Federal sancionada por el antiguo régimen (Ley de Amnistía, Ley 6.683/79) solamente enciende la idea voluntarista y condenable de la denominada “política de Esta-do, concebida e implementada a partir de decisiones emanadas de la Presidencia de la República y de los ministros militares” (entre 1964/1985), que:

Movilizó a agentes públicos para la práctica sistemática de deten-ciones ilegales y arbitrarias y tortura, que recayó sobre miles de brasileños, y para el cometimiento de desapariciones forzadas, ejecuciones y ocultación de cadáveres. (BRASIL, Comisión Na-cional de la Verdad, 2014, p. 963)

En efecto, anteriormente el Gobierno de Getúlio Vargas utilizó al Tribunal de Seguridad Nacional para perseguir a sus opositores

16 PODER JUDICIÁRIO E AS DITADURAS BRASILEIRAS

opositores políticos, principalmente a partir da instituição do Estado Novo (1937-1945).

Portanto, o Poder Judiciário brasileiro teve papel relevante durante os regimes de exceção no país. Assim, consideramos importante avaliar, por meio da pesquisa que estamos realizando, a atuação deste poder político nas ditaduras brasileiras, para, num segundo momento, cruzar informações sobre a atuação do Poder Judiciário nos países do MERCOSUL e investigar a lógica interna (preservacionista) deste mesmo Poder, durante os respectivos regimes de exceção.

Neste trabalho apresentamos alguns resultados, decorrentes de nossa pesquisa, cujo foco principal foram os dois primeiros anos da ditadura militar-civil brasileira, entre abril de 1964 e dezembro de 1966, nos casos de julgamentos de crimes políticos, realizados pelo Supremo Tribunal Federal, a fim de constatar se, de fato, os juízes que compunham a Corte à época, “como Victor Nunes Leal, Hermes Lima e Evandro Lins e Silva horaram os lugares que ocuparam por conta do seu notável saber e de sua importante coragem em não se curvar ao estado autoritário”, como manifestaram Ferreira e Fernandes (2013, p. 30)

2) DITADURA DO ESTADO NOVO E TRIBUNAL DE SEGURANÇA NACIONAL

No Brasil, entre 1936 a 1945, Getúlio Vargas perseguiu e condenou seus opositores por meio do Tribunal de Segurança Nacional. Pressionado pela Aliança Nacional Libertadora (composta por tenentistas, socialistas e comunistas3) e também pela Ação Integralista Brasileira, de tendência fascista, liderada por Plínio Salgado, Getúlio Vargas propôs e aprovou no Congresso Nacional a Lei número 38, de 04 de abril de 1935 (BRASIL, 1935), que definiu os crimes contra a ordem econômica e política, conhecida como Lei de Segurança Nacional.

3 Costa (1964, p. 49) menciona que Vicente Ráo, Ministro da Justiça do Governo Vargas, entre 1934 a 1937, entendia que a Aliança Nacional Libertadora era “um disfarce do Partido Comunista.”

EL PODER JUDICIAL Y LAS DICTADURAS BRASILEÑAS 17

políticos, principalmente a partir de la institución del Estado Nuevo (1937/1945).

Por lo tanto, el Poder Judicial brasileño tuvo un relevante papel durante los regímenes de excepción en el país. Así, consideramos importante evaluar, por medio del estudio que estamos realizando, la actuación de este poder político en las dictaduras brasileñas, para realizar, en un segundo momento, un enlace entre las actuaciones del Poder Judicial en los países de la región del MERCOSUR e in-vestigar la lógica interna (protectora) de este mismo Poder, durante los respectivos regímenes de excepción.

En este trabajo presentamos algunos resultados, producto de nuestra investigación, cuyo enfoque principal fueron los dos prim-eros años de la dictadura militar-civil brasileña, entre abril de 1964 y diciembre de 1966, en los casos de juicios de crímenes políticos realizados por el Supremo Tribunal Federal, con el fin de constatar, si de hecho, los jueces que componían la Corte en esa época, “como Victor Nunes Leal, Hermes Lima y Evandro Lins e Silva hicieron uso de los lugares que ocuparon a causa de su notable saber y de su importante coraje al no curvarse al estado autoritario”, como mani-festaron Ferreira y Fernandes (2013, p. 30)

2) DICTADURA DEL ESTADO NUEVO Y TRIBUNAL DE SEGURIDAD NACIONAL

En Brasil, entre 1936 y 1945, Getúlio Vargas persiguió y conde-no a sus opositores por medio del Tribunal de Seguridad Nacional. Presionado por la Alianza Nacional Libertadora (compuesta por tenentistas, socialistas y comunistas3) y también por la Acción Inte-grista Brasileña, de tendencia fascista, liderada por Plínio Salgado, Getúlio Vargas propuso y aprobó en el Congreso Nacional la Ley número 38, de 04 de abril de 1935 (BRASIL, 1935), que definió los crímenes contra el orden económico y político, conocida como Ley de Seguridad Nacional.

3 Costa (1964, p. 49) menciona que Vicente Ráo, Ministro de Justicia del Gobierno Var-gas, entre 1934 y 1937, entendía que la Alianza Nacional Libertadora era “un disfraz del Partido Comunista.”

18 PODER JUDICIÁRIO E AS DITADURAS BRASILEIRAS

A Lei de Segurança Nacional foi aprovada sob o argumento de um suposto estado de guerra4, porém seu objetivo político era estabelecer um regramento jurídico penal para instaurar a perseguição e a violência contra os integralistas e, principalmente, os comunistas no Brasil.

Nesse ponto, a Lei de Segurança Nacional, para Hungria (1935, p. 62), “não faz diferença alguma entre os brutais discípulos de Bakunine e o ‘olho de Moscou’, ou o místico sigma do integralismo indígena”.

O presidente Getúlio Vargas, ainda que eleito indiretamente pela Constituinte de 1934 e mesmo sob a ordem constitucional promulgada em 1934, agia como se estivesse num regime ditatorial, uma vez que, depois de sancionada a referida Lei de Segurança Nacional, propôs e aprovou no Congresso a Lei n.º 244, de 11 de setembro de 1936 (BRASIL, 1936), que instituiu o Tribunal de Segurança Nacional, que não tinha previsão na Constituição vigente, e que se tornou, assim, um tribunal de exceção.

O tribunal foi constituído, primordialmente, como um órgão da Justiça Militar, e tinha como objetivo atuar “sempre que for decretado o estado de guerra”, como previsto no artigo primeiro da referida lei.

Porém, ao referido tribunal foi atribuída também a competência para julgar e processar os civis incursos nos delitos previstos na Lei n.º 38, de 1935 (a Lei de Segurança Nacional).5

Em sua composição inicial, eram cinco os juízes do Tribunal de Segurança Nacional, todos nomeados pelo Presidente da República; sendo dois oficiais generais do Exército ou da Armada (Marinha), dois civis “de reconhecida competência jurídica” e um magistrado

4 Conceito de “estado de guerra”, foi introduzido pela Emenda número 1 à Constituição de 1934, por meio do Decreto Legislativo número 06, de 18/12/1935 (BRASIL, 1935), que previa: “Emenda número 1: “A Câmara dos Deputados, com a colaboração do Sena-do Federal, poderá autorizar o Presidente da República a declarar a comoção intestina grave, com finalidades subversivas das instituições políticas e sociais, equiparada ao estado de guerra, em qualquer parte do território nacional, observando-se o disposto no artigo 175, n.º 1, §§ 7.º, 12 e 13, e devendo o decreto de declaração de equiparação indicar as garantias constitucionais que não ficarão suspensas.” 5 Artigo 3o, parágrafo 1o da Lei 244/1936.

EL PODER JUDICIAL Y LAS DICTADURAS BRASILEÑAS 19

La Ley de Seguridad Nacional fue aprobada bajo el argumento de un supuesto estado de guerra4, sin embargo, su objetivo político era establecer un reglamento jurídico penal para instaurar la per-secución y la violencia contra los integristas y, principalmente, los comunistas en Brasil.

En ese punto, la Ley de Seguridad Nacional, para Hungría (1935, p. 62), “no hace diferencia entre los brutales discípulos de Bakunine y el ‘ojo de Moscú’, o el místico sigma del integrismo indígena”.

El presidente Getúlio Vargas, aunque fuera electo indirecta-mente por la Constituyente de 1934 e incluso bajo la orden con-stitucional promulgada en 1934, actuaba como si estuviera en un régimen dictatorial, ya que, después de sancionada la referida Ley de Seguridad Nacional, propuso y aprobó en el Congreso la Ley n.º 244, del 11 de septiembre de 1936 (BRASIL, 1936), que insti-tuyó el Tribunal de Seguridad Nacional, que no tenía previsión en la Constitución vigente, y que se transformó, así, en un tribunal de excepción.

El tribunal fue constituido, primordialmente, como un órgano de la Justicia Militar, y tenía como objetivo actuar “siempre que fuera decretado estado de guerra”, como estaba previsto en el artí-culo primero de la referida ley.

Sin embargo, al referido tribunal le fue atribuida también la competencia para juzgar y procesar a los civiles incursos en los deli-tos previstos en la Ley nº 38, de 1935 (Ley de Seguridad Nacional).5

En su composición inicial, eran cinco los jueces del Tribunal de Seguridad Nacional, todos nombrados por el Presidente de la República; dos oficiales generales del Ejército o de la Armada (Ma-rina), dos civiles “de reconocida competencia jurídica” y un magis-

4 Concepto de “estado de guerra”, fue introducido por la Enmienda número 1 a la Constitución de 1934, por medio del Decreto Legislativo número 06, de 18/12/1935 (BRASIL, 1935), que preveía: “Enmienda número 1: “La Cámara de los Diputados, con la colaboración del Senado Federal, podrá autorizar al Presidente de la República a declarar la conmoción intestina grave, con finalidades subversivas de las instituciones políticas y sociales, equiparada al estado de guerra, en cualquier parte del territorio nacional, observándose lo dispuesto en el artículo 175, n.º 1, §§ 7.º, 12 y 13, y debiendo el decreto de declaración de equiparación indicar las garantías constitucionales que no quedarán suspendidas.” 5 Artículo 3o, párrafo 1o de la Ley 244/1936.

20 PODER JUDICIÁRIO E AS DITADURAS BRASILEIRAS

civil ou militar.6 A presidência do tribunal poderia ser exercida por um “magistrado, civil ou militar”7

Com a aprovação do Decreto-lei n.º 88, de 20 de dezembro de 1937 (BRASIL, 1937), já na vigência do Estado Novo e sob a ordem constitucional outorgada a partir de 1937, o tribunal deixou de ser órgão da Justiça Militar8 e sua composição foi ampliada para seis juízes, nomeados pelo Presidente da República; sendo que “dois deles serão magistrados civis, um, magistrado militar, um, oficial do Exército e, um, da Armada, da ativa ou da reserva de classe e, finalmente, um advogado de notória competência jurídica; todos de reputação ilibada.”9 A presidência do tribunal era exercida por um dos magistrados civis.10

Por meio do Decreto-lei n.º 1.393, de 29 de junho de 1939 (BRASIL, 1939), foi estabelecido que “o presidente do Tribunal de Segurança Nacional será um ministro do Supremo Tribunal Federal; os demais juízes serão, respectivamente, um magistrado civil e um militar, um oficial do Exército e um da Armada, ambos da ativa, e um advogado de notório saber.”11

Saliente-se que o Tribunal de Segurança Nacional, em todas as suas fases, contou com a presença de magistrados civis de carreira, que poderiam presidi-lo; sendo que, a partir de 1939, tal incumbência coube exclusivamente a um ministro do Supremo Tribunal Federal.

Ou seja, magistrados civis participaram e deram sustentáculo jurídico a esse tribunal, que tinha por missão a “perseguição política”, como afirmam Avelar e Bambirra (2010, p. 98), contra pessoas e organizações que se opusessem ao regime autoritário de Vargas, a partir de 1935.

Com efeito, Avelar e Bambirra (2010, p. 100) expõem que o Tribunal de Segurança Nacional, “como é próprio dos tribunais de

6 Artigo 2o da Lei 244/1936.7 Artigo 2o, parágrafo 3o, da Lei 244/1936.8 Artigo 1o do Decreto-lei 88/1937: “Até a organização da justiça de defesa do Estado, a que se refere a Constituição (de 1937), continuará a funcionar o Tribunal de Segurança Nacional, instituído pela lei n. 244, de 11 de setembro de 1936, suprimida a limitação constante do art. 1o.”9 Artigo 2o do Decreto-lei 88/1937.10 Artigo 2o, parágrafo 3o, do Decreto-lei 88/1937.11 Artigo 1o do Decreto-lei 1.393/1939.

EL PODER JUDICIAL Y LAS DICTADURAS BRASILEÑAS 21

trado civil o militar.6 La presidencia del tribunal podría ser ejercida por un “magistrado, civil o militar”7

Con la aprobación del Decreto-ley n.º 88, de 20 de diciembre de 1937 (BRASIL, 1937), ya en vigencia del Estado Nuevo y bajo la orden constitucional otorgada a partir de 1937, el tribunal dejó de ser órgano de la Justicia Militar8 y su composición fue ampliada para seis jueces, nombrados por el Presidente de la República; “dos de ellos, magistrados civiles, un magistrado militar, un oficial del Ejército y, uno, de la Armada, de la activa o de la reserva de clase y, finalmente, un abogado de notoria competencia jurídica; todos de reputación intachable”9 La presidencia del tribunal era ejercida por uno de los magistrados civiles.10

Por medio del Decreto-ley nº 1.393, de 29 de junio de 1939 (BRASIL, 1939), fue establecido que “el presidente del Tribunal de Seguridad Nacional será un ministro del Supremo Tribunal Fed-eral; los demás jueces serán, respectivamente, un magistrado civil y un militar, un oficial del Ejército y uno de la Armada, ambos de la activa, y un abogado de notorio saber.”11

Se destaca que el Tribunal de Seguridad Nacional, en todas sus etapas, contó con la presencia de magistrados civiles de carrera, que podrían presidirlo; siendo que, a partir de 1939, tal incumbencia era exclusivamente de un ministro del Supremo Tribunal Federal.

Es decir, magistrados civiles participaron y dieron sustentáculo jurídico a ese tribunal, que tenía como misión la “persecución políti-ca”, como afirman Avelar y Bambirra (2010, p. 98), contra personas y organizaciones que se opusieran al régimen autoritario de Vargas, a partir de 1935.

De esta forma, Avelar y Bambirra (2010, p. 100) exponen que el Tribunal de Seguridad Nacional, “como el propio de los tribunales

6 Artículo 2o de la Ley 244/1936.7 Artículo 2o, párrafo 3o, de la Ley 244/1936.8 Artículo 1o do Decreto-ley 88/1937: “Hasta la organización de la justicia de defensa del Estado, la que se refiere a la Constitución (de 1937), continuará funcionando el Tribunal de Seguridad Nacional, instituido por la ley n. 244, de 11 de septiembre de 1936, supri-mida la limitación constante del art. 1o.”9 Artículo 2o del Decreto-ley 88/1937.10 Artículo 2o, párrafo 3o, del Decreto-ley 88/1937.11 Artículo 1o del Decreto-ley 1.393/1939.

22 PODER JUDICIÁRIO E AS DITADURAS BRASILEIRAS

exceção, era um órgão para punir, com sua existência predeterminada a condenar, propiciando, por um período curto, uma aparência de legitimidade dos julgamentos.”

O Tribunal de Segurança Nacional, mesmo integrado por juízes civis e de notório conhecimento jurídico, atuava em desrespeito ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa, a exemplo do constatado por Nunes (2013, p. 847), no julgamento do italiano Cesare Lodari, sob acusação de ser simpático ao regime fascista, no processo número 1.335/1940/SP, em que “a sentença de primeira instância colocaria em xeque o limite entre convicção e arbítrio do julgador na escolha e manejo das provas pelas quais embasa sua decisão, o que aflora a valência autoritária do princípio” da livre convicção do juiz na questão.

Com efeito, Silva (1997, p. 151), reportando sua atuação como advogado, expôs que o Tribunal de Segurança Nacional, mesmo dirigido por magistrados togados, “não assegurava plenamente o direito de defesa.”

Portanto, constata-se que é plenamente possível que as instituições criadas para a aplicação e execução da ordem jurídica possam ser manipuladas politicamente, a exemplo do que fez Vargas por meio do Tribunal de Segurança Nacional, no qual atuaram magistrados togados, com notório conhecimento jurídico, inclusive tendo sido o tribunal presidido, entre 1939 a 1945, por ministro do Supremo Tribunal Federal.

É importante registrar também que o Tribunal de Segurança Nacional, por referendar atos de perseguição do regime do Estado Novo perpetrados pela Polícia Especial, criou uma linha de resistência vinda dos ministros do Superior Tribunal Militar e especialmente do Supremo Tribunal Federal à época, que não concordavam com as decisões do Tribunal, que estariam em desacordo com “a força da tradição jurídica brasileira”, e passaram a acolher os pedidos de habeas corpus que lhes eram apresentados, como relatado por Teixeira da Silva (2008, p. 296-297 e 306).

Balz (2009, p. 218-220) concluiu sua dissertação sobre o Tribunal de Segurança Nacional esclarecendo que:

o Tribunal de Segurança Nacional foi criado para ser um ins-

EL PODER JUDICIAL Y LAS DICTADURAS BRASILEÑAS 23

de excepción, era un órgano para castigar, con su existencia pre-determinada a condenar, propiciando, por un período corto, una apariencia de legitimidad de los juicios.”

El Tribunal de Seguridad Nacional, a pesar de estar integrado por jueces civiles y de notorio conocimiento jurídico, actuaba de forma irrespetuosa con el debido proceso legal, contradictorio y de amplia defensa, a ejemplo de lo constatado por Nunes (2013, p. 847), en el juicio del italiano Cesare Lodari, bajo acusación de ser simpatizante del régimen fascista, en el proceso número 1.335/1940/SP, en que “la sentencia de primera instancia colocaría en jaque el límite entre convicción y albedrío del juez en la elección y manejo de las prue-bas por las cuales empaña su decisión, lo que hace aflorar el valor autoritario del principio” de la libre convicción del juez en cuestión.

En efecto, Silva (1997, p. 151), reportando su actuación como abogado, expuso que el Tribunal de Seguridad Nacional, incluso dirigido por magistrados togados, “no aseguraba plenamente el derecho de defensa.”

Por lo tanto, se constata que es plenamente posible que las in-stituciones creadas para la aplicación y ejecución de orden jurídica puedan ser manipuladas políticamente, a ejemplo de lo que hizo Vargas por medio del Tribunal de Seguridad Nacional, en el cual actuaron magistrados togados, con notorio conocimiento jurídico, inclusive cuando el tribunal fue presidido, entre 1939 y 1945, por el ministro del Supremo Tribunal Federal.

Es importante registrar también que el Tribunal de Seguridad Nacional, por refrendar actos de persecución del régimen del Es-tado Nuevo perpetrados por la Policía Especial, creó una línea de resistencia procedente de los ministros del Superior Tribunal Mili-tar y especialmente del Supremo Tribunal Federal de la época, que no concordaban con las decisiones del Tribunal, que estarían en desacuerdo con “la fuerza de la tradición jurídica brasileña”, y acogieron los pedidos de habeas corpus que les eran presen-tados, como fue relatado por Teixeira da Silva (2008, p. 296-297 y 306).

Balz (2009, p. 218-220) concluyó su disertación sobre el Tribunal de Seguridad Nacional aclarando que:

el Tribunal de Seguridad Nacional fue creado para ser un in-

24 PODER JUDICIÁRIO E AS DITADURAS BRASILEIRAS

trumento jurídico-repressivo de absoluta confiança do Governo Vargas. (...) o Tribunal de Segurança Nacional foi planejado e construí-do para servir como uma adaptável fábrica de condenações, que poderiam ser voltadas contra qualquer espécie de conduta que o Poder Executivo desejasse reprimir, bastando que esta fosse tra-tada como um crime político. O TSN tinha a missão de proteger os interesses do Estado contra a ‘subversão’, observando o que o próprio Governo, inclusive através de sua polícia, considerasse ‘interesse do Estado’ e ‘subversão’.(...) Desejava-se do novo tribunal que ele processasse e julgasse da maneira mais ‘rápida e segura’ possível, promovendo conde-nações ‘exemplares’ e ‘enérgicas’. (...) o Tribunal foi dotado de um rito processual único, excepcionalmente rápido e cerceador da defesa.(...)Seus criadores manifestaram desde o início uma grande preocu-pação em defini-lo como um ‘tribunal especial’, ao invés de ‘tri-bunal de exceção’, termo que poderia remetê-lo à ideia de algo pertencente a um governo ditatorial, a um governo de exceção. Percebemos também que isto continuou ocorrendo mesmo após a consolidação do Estado Novo (um regime abertamente dita-torial): embora o Tribunal de Segurança Nacional apresentasse desde o seu projeto inequívocas características de um típico tri-bunal de exceção, diversos juristas e políticos uniram esforços para dar-lhe, tanto quanto possível, a aparência de um ‘tribu-nal especial’, constitucionalmente previsto.(...)Criado para ser um órgão ‘idôneo’ e ‘seguro’ conforme os de-sígnios do Estado Novo, o TSN também serviria de referência para toda uma corrente político-jurídica de cunho autoritário, desafiadora do predomínio da sensibilidade jurídica liberal. (Sem grifos no original)

Assim, a judicialização da política, praticada pelo Governo de Getúlio Vargas por meio do Tribunal de Segurança Nacional, foi colocada em prática para concretizar a perseguição aos opositores do seu regime, entre 1936 a 1945, principalmente os comunistas, cujo julgamento “era sempre muito severo”, como ressaltou Teixeira da Silva (2008, p. 299).

EL PODER JUDICIAL Y LAS DICTADURAS BRASILEÑAS 25

strumento jurídico-represivo de absoluta confianza del Gobierno Vargas. (...) el Tribunal de Seguridad Nacional fue planeado y constru-ido para servir como una adaptable fábrica de condenaciones, que podrían servir para cualquier especie de conducta que el Poder Ejecutivo desease reprimir, bastando que esta fuese trata-da como un crimen político. El TSN tenía a misión de proteger los intereses del Estado contra la ‘subversión’, observando lo que el propio Gobierno, incluso a través de su policía, considerara ‘interés del Estado’ y ‘subversión’.(...) Se deseaba del nuevo tribunal que procesase y juzgase de la manera más ‘rápida y segura’ posible, promoviendo condena-ciones ejemplares y ‘enérgicas’. (...) el Tribunal fue dotado de un rito procesual único, excepcionalmente rápido y cercenador de la defensa.(...)Sus creadores manifestaron desde el inicio una gran preocupa-ción en definirlo como un ‘tribunal especial’, en vez de ‘tribunal de excepción’, término que podría remitirlo a la idea de algo perteneciente a un gobierno dictatorial, a un gobierno de ex-cepción. Percibimos también que esto continuó ocurriendo in-cluso después de la consolidación del Estado Nuevo (un régimen abiertamente dictatorial): aunque el Tribunal de Seguridad Na-cional presentase desde su proyecto inequívocas características de un típico tribunal de excepción, diversos juristas y políticos unieron esfuerzos para darle, tanto como fue posible, la apari-encia de un ‘tribunal especial’, constitucionalmente previsto.(...)Creado para ser un órgano ‘idóneo’ y ‘seguro’ conforme los de-signios del Estado Nuevo, el TSN también serviría de referencia para toda una corriente político-jurídica de cuño autoritario, desafiadora del predominio de la sensibilidad jurídica liberal.

Así, la judicialización de la política, practicada por el Gobierno de Getúlio Vargas por medio del Tribunal de Seguridad Nacional, fue colocada en práctica para concretizar la persecución a los oposi-tores de su régimen, entre 1936 y 1945, principalmente a los comu-nistas, cuyo juicio “era siempre muy severo”, como resaltó Teixeira da Silva (2008, p. 299).

El Tribunal de Seguridad Nacional era un “órgano de represión

26 PODER JUDICIÁRIO E AS DITADURAS BRASILEIRAS

O Tribunal de Segurança Nacional era um “órgão de repressão do regime” do Estado Novo (Teixeira da Silva, 2008, p. 287), no qual foi vital a participação de juristas que legitimaram a postura autoritária, violenta e cruel adotada à época.

3) O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NOS PRIMEIROS ANOS DA DITADURA MILITAR-CIVIL BRASILEIRA (1964/1966)

Na atualidade, o Supremo Tribunal Federal (STF) tem sido considerado um importante protagonista político, que recebe grande destaque dos meios de comunicação e de importantes segmentos da sociedade, em consequência de decisões que tem proferido sobre matérias polêmicas. Como exemplo, citamos o reconhecimento da união civil de pessoas do mesmo sexo, o direito de utilização de células-tronco embrionárias em pesquisas científicas, a possibilidade de interrupção da gravidez de fetos anencéfalos e o direito de acesso às universidades públicas por meio de cotas sociais.

Contudo, apesar de todo o destaque atribuído ao Poder Judiciário, consideramos importante verificar as posições adotadas pelo STF durante os primeiros anos da ditadura de 1964/1985, particularmente no período entre 01 de abril de 1964 a 31 de dezembro de 1966 (antes da entrada em vigor da Emenda Constitucional número 1, de 1967), para apurar a atuação do tribunal nas acusações de crimes políticos formuladas contra brasileiros e estrangeiros.

Como objeto específico da investigação, procuraremos observar se, no referido período, (i) a atuação do Supremo Tribunal Federal foi em defesa das garantias individuais, como a liberdade de expressão, de pensamento e de locomoção; (ii) se houve a garantia do julgamento de civis pela Justiça Comum; e, (iii) também, qual foi o posicionamento adotado pelo tribunal nas ações movidas contra estrangeiros presos no país, sob a acusação de crimes políticos.

Foi adotada como hipótese de pesquisa a possibilidade de o Supremo Tribunal Federal, desde a entrada em vigor do Ato Institucional n° 5 (AI-5), de 13/12/1968 e a partir do início do ano de 1969, ter compartilhado para o recrudescimento da ditadura militar no Brasil, por efeito da oclusão de seus membros diante

EL PODER JUDICIAL Y LAS DICTADURAS BRASILEÑAS 27

del régimen” del Estado Nuevo (Teixeira da Silva, 2008, p. 287), en el cual fue vital la participación de juristas que legitimaron la pos-tura autoritaria, violenta y cruel adoptada en aquella época.

3) EL SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL EN LOS PRIMEROS AÑOS DE LA DICTADURA MILITAR-CIVIL (1964-1966)

Actualmente, el Supremo Tribunal Federal (STF) ha sido consi-derado un importante protagonista político, que recibe gran desta-que de los medios de comunicación y de importantes segmentos de la sociedad, en consecuencia de decisiones que han proferido sobre materias polémicas. Como ejemplo, citamos el reconocimiento de la unión civil de personas del mismo sexo, el derecho a la utilización de células-tronco embrionarias en estudios científicos, la posibilidad de interrupción del embarazo en fetos acéfalos y el derecho de acce-so a las Universidades públicas por medio de cuotas sociales.

Sin embargo, a pesar de todo el destaque atribuido al Poder Ju-dicial, consideramos importante verificar las posiciones adoptadas por el STF durante los primeros años de la dictadura de 1964/1985, particularmente en el período entre el 01 de abril de 1964 y el 31 de diciembre de 1966 (antes de la entrada en vigor de la Enmienda Constitucional número 1, de 1967), para averiguar la actuación del tribunal en las acusaciones de crímenes políticos formuladas contra brasileños y extranjeros.

Como objetos específicos de la investigación, buscamos observar si, en el referido período, (i) la actuación del Supremo Tribunal Fe-deral fue en defensa de las garantías individuales, como la libertad de expresión, de pensamiento y de locomoción; (ii) si hubo garantía en juicios a civiles de la Justicia Común; y, (iii) también, cuál fue el posicionamiento adoptado por el tribunal en las acciones contra ex-tranjeros presos en el país, bajo la acusación de crímenes políticos.

Fue adoptada como hipótesis de estudio la posibilidad de que el Supremo Tribunal Federal desde la entrada en vigor del Acto Insti-tucional 05 (AI-5), de 13/12/1968] y a partir del comienzo del año 1969, haya compartido la crudeza de la dictadura militar en Brasil, por oclusión de sus miembros delante de precedentes violaciones

28 PODER JUDICIÁRIO E AS DITADURAS BRASILEIRAS

das precedentes violações dos direitos fundamentais e da ordem jurídica, praticadas nos dois primeiros anos da ditadura instaurada a partir de 1° de abril de 1964.

A investigação se deu, de forma qualitativa, mediante a análise de conteúdo de trinta e cinco (35) acórdãos proferidos pelo Supremo Tribunal Federal, nos julgamentos dos denominados “crimes políticos”, durante o período entre abril de 1964 a dezembro de 1965.

É importante salientar a existência de teses de doutorado e dissertações de mestrado, em certa medida recentes, que procuraram analisar a influência do aparato desenvolvido pelo regime militar, com base na doutrina da segurança nacional, na formulação do pensamento do direito e da legislação brasileira, entre os anos de1964 a 1969, como fez França (2009).

Além disso, a pesquisa desenvolvida por Paiva (2013) descreveu a utilização do Poder Judiciário brasileiro como forma de punir os opositores do regime militar, instalado a partir de 1964.

Referimo-nos também à dissertação de Valério (2010), sob o título “A toga e a farda: o Supremo Tribunal Federal e o Regime Militar 1964-1969”, que tomou como objeto a relação desenvolvida entre o Supremo Tribunal Federal e o Poder Executivo, controlado pelos militares desde abril de 1964. Nesta pesquisa, por meio dos acórdãos proferidos pelo STF entre 1964 e 1969, procurou-se demonstrar que o Supremo Tribunal Federal concedeu vários habeas corpus favoráveis aos “inimigos da Revolução”.

Outro ponto de investigação relacionado ao tema foi observado por Enrique Serra Padrós (2005), que examinou “a subordinação do Poder Judiciário à Justiça Militar”, como ocorreu na ditadura civil-militar do Uruguai, no período entre 1968 a 1985.

Com relação à atuação da Justiça Militar e sua influência no período da ditadura militar brasileira, temos a dissertação de mestrado desenvolvida por Alves (2009) sobre o julgamento de civis pelas auditorias militares no Estado do Rio Grande Sul, entre 1964 a 1978, bem como o estudo de Guazzelli (2009), que procurou revelar que a Justiça Militar, ao mesmo tempo em que julgava os opositores ao regime ditatorial, emprestava “uma fachada legal e democrática” ao regime, que era legitimado pelas defesas apresentadas pelos advogados dos presos políticos.

EL PODER JUDICIAL Y LAS DICTADURAS BRASILEÑAS 29

de los derechos fundamentales y de orden jurídico, practicadas en los dos primeros años de la dictadura, instaurada a partir del 1.o de abril de 1964.

La investigación se realizó, de forma cualitativa, mediante el aná-lisis del contenido de treinta y cinco (35) sumarios proferidos por el Supremo Tribunal Federal, en los juicios de los denominados “crí-menes políticos”, entre abril de 1964 y diciembre de 1965.

Es importante destacar la existencia de tesis de doctorado y di-sertaciones de máster, en cierta medida recientes, que analizan la influencia del aparato desarrollado por el régimen militar, con base en la doctrina de la seguridad nacional, en la formulación del pen-samiento de derecho y de la legislación brasileña, entre los años de1964 y 1969, como hizo Francia (2009).

Además, el estudio desarrollado por Paiva (2013) describió el uso del Poder Judicial brasileño como forma de punir a los oposito-res del régimen militar, instalado a partir de 1964.

Nos referimos también a la disertación de Valério (2010), bajo el título “A toga e a farda: o Supremo Tribunal Federal e o Régimen Militar 1964-1969”, que tomó como objeto la relación desarrollada entre el Supremo Tribunal Federal y el Poder Ejecutivo, controlado por los militares desde abril de 1964. En este estudio, por medio de los su-marios proferidos por el STF entre 1964 y 1969, se buscó demostrar que el Supremo Tribunal Federal concedió varios habeas corpus favorables a los “enemigos de la Revolución”.

Otro punto de investigación relacionado al tema fue observado por Pedrós (2005), que examinó “la subordinación del Poder Judi-cial a la Justicia Militar”, como ocurrió en la dictadura civil-militar de Uruguay, en el período entre 1968 y 1985.

Con relación a la actuación de la Justicia Militar y su influencia en el período de la dictadura militar brasileña, tenemos la disertaci-ón de máster desarrollada por Alves (2009) sobre el juicio de civiles por las auditorías militares en el Estado de Río Grande del Sur, en-tre 1964 y 1978, así como el estudio de Guazzelli (2009), que busca revelar que la Justicia Militar, al mismo tiempo en que juzgaba a los opositores al régimen dictatorial, presentaba “una fachada legal y democrática” al régimen, que era legitimado por las defensas argu-mentadas por abogados de presos políticos.

En este estudio analizamos como fue el comportamiento del Su-

30 PODER JUDICIÁRIO E AS DITADURAS BRASILEIRAS

Em nossa pesquisa analisamos como foi o comportamento do Supremo Tribunal Federal nos primeiros anos da ditadura, entre abril de 1964 a dezembro de 1966, período em que a maioria dos ministros que atuavam na Corte havia sido nomeada em governos anteriores (BRASIL, STF, 2012), durante o regime liberal democrático da Constituição de 1946, e que por não enfrentar o regime militar e os desmandos, prisões arbitrárias, sequestros, investigações inquisitoriais, mediante Inquéritos Policiais Militares (IPM), nos quartéis das Forças Armadas, validaram-no ao excesso de rigor tecnicista.

O endosso pelo Supremo Tribunal Federal às ilegalidades do regime militar nos anos iniciais da ditadura (1964/1967) pode ser apontado como fator indispensável para o agravamento da ditadura nos anos posteriores, como tentaremos demonstrar.

3.1) Resultado da investigação

3.1.1) Manutenção de acusações vagas e genéricas

A Comissão Nacional da Verdade, em seu relatório final sobre o Poder Judiciário (Capítulo 17), entendeu que, embora na fase inicial da ditadura de 1964/1985, o Supremo Tribunal Federal tenha concedido habeas corpus para a soltura de presos políticos, a partir da edição do Ato Institucional 05, de 13 de dezembro de 1968, o Tribunal passou a declarar-se incompetente para julgá-los:

o AI-5 representou o fim de uma fase do regime militar e, ao mesmo tempo, o início de outra, em que, além de impedir que o Supremo conhecesse dos pedidos de habeas corpus nas hi-póteses previstas, esse ato institucional admitiu, em janeiro de 1969, que, como já comentado, três ministros fossem aposenta-dos, Victor Nunes Leal, Hermes Lima e Evandro Lins e Silva. (BRASIL, Comissão Nacional da Verdade, 2014, p. 944).

Ocorre, porém, que mesmo tendo verificado, na pesquisa realizada, a concessão de habeas corpus em 64% dos casos examinados (na maioria das vezes sob o argumento de excesso de prazo da prisão preventiva realizada pelo aparelho repressor), constatamos que em 85% dos casos as ações penais não foram

EL PODER JUDICIAL Y LAS DICTADURAS BRASILEÑAS 31

premo Tribunal Federal en los primeros años de la dictadura, entre abril de 1964 y diciembre de 1966, período en que la mayoría de los ministros que actuaba en la Corte había sido nombrada en go-biernos anteriores (BRASIL, STF, 2012), durante el régimen liberal democrático de la Constitución de 1946, y que por no enfrentar al régimen militar y sus desmanes, prisiones arbitrarias, secuestros, investigaciones inquisitoriales, mediante Averiguaciones Policiales Militares (IPM), en los cuarteles de las Fuerzas Armadas, lo valida-ron con excesivo rigor mecanicista.

El endoso del Supremo Tribunal Federal a las ilegalidades del régimen militar al inicio de la dictadura (1964/1967) puede ser apuntado como un factor indispensable para el agravamiento de la dictadura en los años posteriores, como se verá a seguir.

3.1) Resultado de la investigación

3.1.1) Mantención de acusaciones vagas y genéricas

La Comisión Nacional de la Verdad, en su informe final sobre el Poder Judicial (Capítulo 17), entendió que aunque, en la etapa inicial de la dictadura de 1964/1985, el Supremo Tribunal Federal haya concedido habeas corpus para la soltura de presos políticos, a partir de la edición del Acto Institucional 05, del 13 de diciembre de 1968, el Tribunal pasó a declararse incompetente para juzgarlos:

el AI-5 representó el fin de una etapa del régimen militar y, al mismo tiempo, el inicio de otra, en que, además de impedir de que el Supremo conociera los pedidos de habeas corpus en las hipótesis previstas, ese acto institucional admitió, en enero de 1969, que, como ya mencionado, tres ministros eran jubilados, Victor Nunes Leal, Hermes Lima y Evandro Lins e Silva. (BRA-SIL, Comisión Nacional de la Verdad, 2014, p. 944).

No obstante, a pesar de ser verificada, en el estudio realizado, la concesión de habeas corpus de un 64% de los casos examinados (la mayoría de las veces bajo el argumento de exceso de plazo de prisión preventiva realizada por el órgano represor), constatamos que un 85% de los casos las acciones penales no fueron extinguidas o trancadas, lo que solamente ocurrió en un 15% de los casos inves-

32 PODER JUDICIÁRIO E AS DITADURAS BRASILEIRAS

extintas ou trancadas, o que somente ocorreu em 15% dos casos investigados. Sendo que as acusações eram geralmente formuladas de forma vaga e genérica, apoiadas em argumentos de ser o acusado “comunista”, “subversivo” e ter atentado “contra a ordem política”, para justificar o “jus puniendi”.

Vejamos os gráficos a seguir:

Fonte de pesquisa: O Autor

Pelo exame dos gráficos acima, observa-se que, na maioria dos casos o Supremo Tribunal Federal concedeu o habeas corpus para relaxar a prisão por excesso de prazo ou incompetência da Justiça Militar, mas não extinguiu ou trancou as acusações, continuando os indiciados a responder perante a Justiça comum.

Tais decisões eram tomadas com base em critérios estritamente tecnicistas, como as proferidas por Victor Nunes Leal nos seguintes casos:

a) Habeas Corpus n.º 40.372, julgado em 12/05/1964. Acusação: Estudantes acusados de prática de crime político “por pregar a subversão entre camponeses”, em 1963, no Município de També, em Pernambuco. O relator Victor Nunes Leal entendeu que não houve excesso de prazo para a conclusão do inquérito da prisão em flagrante, uma vez que foi decretada a prisão preventiva; também considerou inexistir prova para verificar a falta de justa causa da prisão. O pedido de habeas corpus não foi concedido.

b) Habeas Corpus n.º 41.019, julgado em 15/10/1964. Acusação: cidadão preso, por decisão da justiça militar, por ser considerado “comunista, agitador no meio estudantil,

EL PODER JUDICIAL Y LAS DICTADURAS BRASILEÑAS 33

tigados. Siendo que las acusaciones eran generalmente formuladas de forma vaga y genérica, apoyadas en argumentos de que el acusa-do era “comunista”, “subversivo” y había atentado “contra el orden político”, para justificar el “jus puniendi”.

Veamos los gráficos a seguir:

Fonte de pesquisa: O Autor

Por el examen de los gráficos arriba, se observa que, en la mayo-ría de los casos el Supremo Tribunal Federal concedió el habeas cor-pus para liberar la prisión por exceso de plazo o incompetencia de la Justicia Militar, pero no extinguió o archivó las acusaciones, lo que llevó a los indiciados a responder ante la Justicia común.

Estas decisiones eran tomadas con base en criterios estrictamen-te mecanicistas, como las proferidas por Victor Nunes Leal en los siguientes casos:

a) Habeas Corpus nº 40.372, juzgado el 12/05/1964. Acusación: Estudiantes acusados de práctica de crimen político “por predicar la subversión entre campesinos”, en 1963, en el Mu-nicipio de També, en Pernambuco. El relator Victor Nunes Leal entendió que no hubo exceso de plazo para la conclu-sión del sumario de la prisión en flagrante, ya que fue de-cretada la prisión preventiva; también consideró que no ex-istía prueba para verificar la falta de justa causa de prisión. El pedido de habeas corpus no fue concedido.

b) Habeas Corpus nº 41.019, juzgado el 15/10/1964. Acusación: ciudadano preso, por decisión de la justicia militar, por ser considerado “comunista, agitador en el medio estudiantil, participando de reuniones en la Alcaldía de Natal, el día 1.o

34 PODER JUDICIÁRIO E AS DITADURAS BRASILEIRAS

participando de reunião na Prefeitura de Natal, no dia 1.o de abril de 1964”. Prisão relaxada pelo relator meramente por excesso de prazo, não sendo decretada a incompetência da justiça militar nem a falta de justa causa. Porém, o acusado continuaria a responder pelos delitos, pois, na visão técnica do ministro, não tinha sido possível aferir a falta de justa causa da acusação.

c) Habeas Corpus n.º 41.315, julgado em 24/03/1965. Acusação: motorneiro acusado por participação em greve, considerada de natureza política. O relator Victor Nunes Leal entendeu que “não é possível verificar, desde logo, se se trata de crime comum, ou político. No recurso próprio é que deve essa questão ser examinada, já que exige apreciação das provas. Ordem indeferida.”

3.1.2) Extinção da ação penal pelo trancamento da denúncia

Na pesquisa realizada, apuramos que apenas 15% das acusações de crimes políticos foram extintas (ou trancadas) por falta de justa causa da denúncia realizada, como ocorreu nos seguintes casos:

a) Habeas Corpus n.º 40.403, relator Cândido Mota Filho, julgado em 01/04/1964. Acusação: prática de crime político por suspeita de jogar bomba, com enquadramento na lei de segurança nacional (Lei 1.802/53). O STF entendeu, por meio do relator, que não ficou esclarecido, no auto de prisão em flagrante, que delito teria sido praticado pelos indiciados.

b) Habeas Corpus n.º 40.621, relator Gonçalves de Oliveira, julgado em 20/05/1964. Professoras acusadas e presas em 02/04/1964, na Cidade de Bauru, pela prática de crime político decorrente de participação em greve. Prisão relaxada pelo Juiz da Bauru, por falta de justa causa para a ocorrência do delito pelo qual foram acusadas, o que foi confirmado pelo STF.

EL PODER JUDICIAL Y LAS DICTADURAS BRASILEÑAS 35

de abril de 1964”. Prisión liberada por el relator meramente por exceso de plazo, no siendo decretada la incompetencia de la justicia militar ni la falta de justa causa. Sin embargo, el acusado continuaría respondiendo por los delitos, pues, en la visión técnica del ministro, no habría sido posible comparar la falta de justa causa de la acusación.

c) Habeas Corpus nº 41.315, juzgado el 24/03/1965. Acusación: maquinista acusado por participación en huelga, considera-da de naturaleza política. El relator Victor Nunes Leal en-tendió que “no era posible verificar, desde luego, si se trataba de crimen común, o político. En el recurso propio es que debe esa cuestión ser examinada, ya que exige apreciación de pruebas. Orden incomparable.”

3.1.2) Extinción de la acción penal por el archivo de la denuncia

En el estudio realizado, verificamos que tan solo un 15% de las acusaciones de crímenes políticos fueron extinguidas (o archivadas) por falta de justa causa de la denuncia realizada, como ocurrió en los siguientes casos:

a) Habeas Corpus nº 40.403, relator Cândido Mota Filho, juzga-do el 01/04/1964. Acusación: práctica de crimen político por sospecha de lanzar una bomba, con encuadramiento en la ley de seguridad nacional (Ley 1.802/53). El STF en-tendió, por medio del relator, que no quedó claro, en el acto de prisión en flagrante, qué delito habría sido practicado por los indiciados.

b) Habeas Corpus nº 40.621, relator Gonçalves de Oliveira, juzgado el 20/05/1964. Profesoras acusadas y presas el 02/04/1964, en la Ciudad de Bauru, por la práctica de cri-men político producto de la participación en huelgas. Prisión liberada por el Juez de Bauru, por falta de justa causa para la ocurrencia del delito por el cual fueron acusadas, lo que fue confirmado por el STF.

36 PODER JUDICIÁRIO E AS DITADURAS BRASILEIRAS

c) Habeas Corpus n.: 43.634, relator Gonçalves de Oliveira, julgado em 02/12/1965. Acusação: prática subversiva. O juiz da 10.ª Auditoria não recebeu a denúncia por falta de descrição detalhada da possível atividade subversiva dos acusados. O promotor militar recorreu ao STF para que sua denúncia fosse recebida. O relator entendeu que o juiz militar estava correto, sendo inepta a acusação formulada pelo promotor.

Saliente-se que, em julgamento ocorrido no habeas corpus n.º 43.311, em 05/09/1965, relativo a acusação movida contra civil por receber “regularmente publicações de cunho esquerdistas”, o relator Victor Nunes Leal conduziu o seu voto de forma contrária aos casos anteriormente julgados por ele (examinados na pesquisa e citados acima), determinando o trancamento da ação penal (extinção) e fixando a competência da Justiça Comum, mesmo na vigência do AI-2, pois já havia julgamento anterior do STF determinando a incompetência da Justiça Militar:

O trânsito em julgado da decisão sobre competência operou a preclusão dessa matéria, que assim ficou fora do alcance do AI-2. É, pois, competente o Supremo Tribunal Federal para julgar o habeas corpus, de que conheço.

No mérito, concedo a ordem, porque os fatos indicados na denúncia, em relação ao paciente, não constituem crime. Se desenvolveu alguma outra atividade, que se possa qualificar de subversiva (o que se não se presume à vista dos atestados policiais negativos), a denúncia não a menciona.

3.1.3) A Justiça Militar julgando civis

Contrariamente aos casos acima (em que apenas 15% dos processos examinados culminaram com as ações penais extintas ou trancadas), nos pedidos de habeas corpus com decisões favoráveis pela decretação da liberdade, geralmente os acusados continuavam a responder perante a Justiça Comum e até mesmo na Justiça Militar, que não tinha competência para julgar civis, o que somente

EL PODER JUDICIAL Y LAS DICTADURAS BRASILEÑAS 37

c) Habeas Corpus n.: 43.634, relator Gonçalves de Oliveira, juzgado el 02/12/1965. Acusación: práctica subversiva. El juez de la 10ª Auditoría no recibió la denuncia por falta de descripción detallada de la posible actividad subversiva de los acusados. El promotor militar recurrió al STF para que su denuncia fuese recibida. El relator entendió que el juez militar estaba correcto, siendo inepta la acusación formulada por el promotor.

Se destaca que, en el juicio ocurrido en el habeas corpus n.º 43.311, el 05/09/1965, relativo a la acusación movida contra un civil por recibir “regularmente publicaciones de cuño izquierdistas”, el relator Victor Nunes Leal condujo su voto de forma contraria a los casos anteriormente juzgados por él (examinados en el estudio y citados anteriormente), determinando el archivo de la acción penal (extinción) y fijando la competencia de la Justicia Común, aún en la vigencia del AI-2, pues ya había un juicio anterior del STF deter-minando la incompetencia de la Justicia Militar:

El tránsito en juicio de la decisión sobre competencia operó la preclusión de esa materia, que quedó fuera del alcance del AI-2. Es, pues, competente el Supremo Tribunal Federal para juzgar el habeas corpus, que conozco.

En el mérito, concedo la orden, porque los hechos indicados en la denuncia, en relación al paciente, no constituyen crimen. Si desarrolló alguna actividad, que se pueda calificar de subversiva (lo que si no se presume a la vista de los atestados policiales negativos), la denuncia no la menciona.

3.1.3) La Justicia Militar juzgando a civiles

Contrariamente a los casos anteriores (en que apenas el 15% de los procesos examinados culminaron con las acciones penales extin-guidas o archivadas), en los pedidos de habeas corpus con decisiones favorables por el decreto de libertad, generalmente los acusados continuaban respondiendo ante la Justicia Común e incluso ante la Justicia Militar, que no tenía competencia para juzgar a civiles,

38 PODER JUDICIÁRIO E AS DITADURAS BRASILEIRAS

veio a ocorrer a partir do Ato Institucional número 2 (AI-2), de 27 de outubro de 1965.(BRASIL, 1965)

No período entre 01 de abril de 1964 a outubro 1965, em 24% dos casos examinados encontramos acusações formuladas contra civis julgados pela Justiça Militar, sem que o Supremo Tribunal Federal tenha declarado formalmente a incompetência daquela justiça.

Com efeito, muitos desses julgados foram proferidos pelos três ministros cassados pelo Ato Institucional 05 (AI-5), Victor Nunes Leal, Evandro Lins e Silva e Hermes Lima; sendo que estes dois últimos receberam crítica formal no relatório apresentado pela Comissão Nacional da Verdade, em consequência dos votos por eles proferidos no habeas corpus n.º 41.879, no qual se manteve a Justiça Militar competente para julgar civis. (BRASIL, Comissão Nacional da Verdade, 2014, p. 939, item 19 do relatório)

O Supremo Tribunal Federal, entre abril de 1964 a outubro de 1966, entendeu que a Justiça Militar seria incompetente para o julgamento de civis, como ocorreu no julgamento do habeas corpus n.º 40.974, na acusação formulada contra o professor Ruy Mauro de Araújo Marini por prática de crime político, a que estava respondendo na Justiça Militar. O relator do processo, ministro Antônio Villas Boas, em julgamento ocorrido em 01/10/1964, decretou a incompetência da justiça militar para processar crime de natureza política contra civis.

O mesmo também ocorreu, por exemplo, no julgamento do habeas corpus n.º 42.394, sob a relatoria de Hahnemann Guimarães, em que um professor era acusado de ser um “perigoso incrementador da doutrina comunista no meio estudantil”, em processo que tramitava na Auditoria Militar da 4.a Região/Juiz de Fora. No caso, foi decretada a incompetência da Justiça Militar para julgar a ação formulada contra o professor, segundo o voto do relator.

Porém, o ministro Victor Nunes Leal (que, ao contrário de Hermes Lima e Evandro Lins e Silva, não recebeu crítica no relatório final da Comissão Nacional da Verdade) foi relator nos seguintes casos, em que manteve a competência da Justiça Militar para o julgamento de civis:

a) Habeas Corpus n.º 41.019 (juízo ordinário/autoridade coatora:

EL PODER JUDICIAL Y LAS DICTADURAS BRASILEÑAS 39

lo que solamente ocurrió a partir del Acto Institucional número 2 (AI-2), del 27 de octubre de 1965.(BRASIL, 1965)

En el período entre el 01 de abril de 1964 y octubre 1965, en el 24% de los casos examinados encontramos acusaciones formula-das contra civiles juzgados por la Justicia Militar, sin que el Supre-mo Tribunal Federal haya declarado formalmente la incompetencia de aquella justicia.

En efecto, muchos de esos juicios fueron proferidos por los tres ministros anulados por el Acto Institucional 05 (AI-5), Victor Nunes Leal, Evandro Lins e Silva y Hermes Lima; siendo que estos dos últimos recibieron crítica formal en el informe presentado por la Comisión Nacional de la Verdad, en consecuencia de los votos por ellos proferidos en el habeas corpus nº 41.879, en el cual se mantuvo a la Justicia Militar competente para juzgar a civiles. (BRASIL, Comis-ión Nacional de la Verdad, 2014, p. 939, ítem 19 del informe)

El Supremo Tribunal Federal, entre abril de 1964 y octubre de 1966, entendió que la Justicia Militar sería incompetente para el juicio de civiles, como ocurrió en el juicio del habeas corpus n.º 40.974, en la acusación formulada contra el profesor Ruy Mauro de Araújo Marini por práctica de crimen político, la que estaba re-spondiendo en la Justicia Militar. El relator del proceso, ministro Antônio Villas Boas, en el juicio ocurrido el 01/10/1964, decretó la incompetencia de la justicia militar para procesar el crimen de naturaleza política contra civiles.

También ocurrió lo mismo, a modo de ejemplo, en el juicio del habeas corpus nº 42.394, bajo la relatoría de Hahnemann Guimarães, en que un profesor era acusado de ser un “peligroso animador de la doctrina comunista en el medio estudiantil”, en proceso que se trami-taba en la Auditoría Militar de la 4.a Región/Juiz de Fora. En el caso, fue decretada la incompetencia de la Justicia Militar para juzgar la acción formulada contra el profesor, según el voto del relator.

Sin embargo, el ministro Victor Nunes Leal (que, al contrario de Hermes Lima y Evandro Lins e Silva, no recibió crítica en el informe final de la Comisión Nacional de la Verdad) fue relator en los siguientes casos, en los que mantuvo la competencia de la Justicia Militar para el juicio de civiles:

a) Habeas Corpus nº 41.019 (juicio ordinario/autoridad coop-

40 PODER JUDICIÁRIO E AS DITADURAS BRASILEIRAS

Auditoria Militar de Pernambuco), julgado em 15/10/1964, ou seja, quinze dias após o habeas corpus concedido em favor do professor Ruy Mauro Marini, acima mencionado. Acusação: sujeito preso por decisão da justiça militar, mediante a imputação de ser “comunista, agitador no meio estudantil, participando de reunião na Prefeitura de Natal, no dia 1.o de abril de 1964.” O relator Victor Nunes Leal concedeu o habeas corpus apenas para relaxar a prisão por excesso de prazo, mas não foi decretada a incompetência da Justiça Militar para o julgamento de civil nem foi considerada a falta de justa causa para a acusação. Porém, o acusado continuaria respondendo pelos delitos na Justiça Militar, pois, na visão técnica do ministro Victor Nunes Leal, não tinha sido possível aferir a falta de justa causa da acusação.

b) Habeas Corpus n.º 41.263 (juízo originário/autoridade coatora: Superior Tribunal Militar) julgado em 25/11/1964. Acusação: civis presos por ordem da Justiça Militar, sob o argumento de que teriam violado a ordem política. Ordem de soltura deferida pelo relator Victor Nunes Leal apenas por excesso do prazo da prisão preventiva, sendo recusada a análise da incompetência da Justiça Militar – que decretou a prisão dos acusados – sob a alegação de que não teria sido proposta ainda a ação penal, tendo sido recusada também, pelo relator, a alegação de falta de justa causa da acusação, “por falta de elementos.”

c) Habeas Corpus n.º 41.278 (juízo originário/autoridade coatora: Auditoria Militar de Santa Maria/RS), julgado em 07/04/1965. Acusação: Participação em atividades comunistas. O relator Victor Nunes Leal não decretou a incompetência da justiça militar para o julgamento do civil e apenas concedeu o habeas corpus para o acusado responder em liberdade. No caso, a justiça militar entendeu que se tratava de crime militar porque o comunismo atentava contra a segurança externa do país. O relator omitiu-se de

EL PODER JUDICIAL Y LAS DICTADURAS BRASILEÑAS 41

eradora: Auditoría Militar de Pernambuco), juzgado el 15/10/1964, es decir, quince días después del habeas corpus concedido a favor del profesor Ruy Mauro Marini, anterior-mente mencionado. Acusación: sujeto preso por decisión de la justicia militar, mediante la imputación de ser “comunista, agitador en el medio estudiantil, partícipe de reunión en la Alcaldía de Natal, el día 1o de abril de 1964.” El relator Vic-tor Nunes Leal concedió el habeas corpus apenas para liberar la prisión por exceso de plazo, pero no fue decretada la in-competencia de la Justicia Militar para el juicio de civil, ni considerada la falta de justa causa para la acusación. Sin embargo, el acusado continuaría respondiendo por los deli-tos en la Justicia Militar, pues, en la visión técnica del min-istro Victor Nunes Leal, no habría sido posible comparar la falta de justa causa de la acusación.

b) Habeas Corpus nº 41.263 (juicio original/autoridad cooper-adora: Superior Tribunal Militar) juzgado el 25/11/1964. Acusación: civiles presos por orden de la Justicia Militar, bajo el argumento de que habrían violado la orden políti-ca. Orden de soltura deferida por el relator Victor Nunes Leal apenas por exceso del plazo de la prisión preventiva, rehusando el análisis de la incompetencia de la Justicia Militar – que decretó la prisión de los acusados – bajo la alegación de que no habría sido propuesta aún la acción penal, habiendo sido rechazada también, por el relator, la alegación de falta de justa causa de la acusación, “por falta de elementos.”

c) Habeas Corpus nº 41.278 (juicio original/autoridad coop-eradora: Auditoría Militar de Santa Maria/RS), juzgado el 07/04/1965. Acusación: Participación en actividades comu-nistas. El relator Victor Nunes Leal no decretó la incompe-tencia de la justicia militar para el juicio del civil y solamente concedió el habeas corpus para que el acusado respondiera en libertad. En el caso, la justicia militar entendió que se trataba de crimen militar porque el comunismo atentaba contra la seguridad externa del país. El relator se omitió de enfrentar

42 PODER JUDICIÁRIO E AS DITADURAS BRASILEIRAS

enfrentar este ponto, questionado no habeas corpus, que era também pela incompetência da justiça militar e pela falta de fundamentação da prisão preventiva.

Contudo, no julgamento do habeas corpus n.º 41.892, em 24/03/1965, em caso contra bancário acusado de ser comunista e que teve a prisão preventiva decretada pela Auditoria Militar da Bahia, o ministro Victor Nunes Leal, com base nos julgamentos ocorridos em 17/03/1965 (no HC n.º 42.002), entendeu ser incompetente a Justiça Militar para decretar prisão por crime político. Por esta razão e também pelo excesso de prazo da prisão, concedeu a ordem neste processo, o que não era comum, conforme os casos examinados.

Os ministros Hermes Lima e Evandro Lins e Silva, confirmando a crítica da Comissão Nacional da Verdade em seu relatório (BRASIL, Comissão Nacional da Verdade, 2014, p. 939, item 19 do relatório), mantiveram a competência da Justiça Militar para o julgamento de civis, como ocorreu também no habeas corpus n.º 42.393, julgado em 18/08/1965, no qual a acusação apresentada foi de conspiração “para mudar a ordem” e tentativa de “reorganizar associação ilegal”. Neste caso, o relator do processo foi Hermes Lima, que manifestou em seu voto: “Sr. Presidente, nego a ordem. Em tese, a competência para julgar os crimes de que são acusados os pacientes é da justiça militar”. Em igual medida, assim se posicionou Evandro Lins e Silva:

Teremos que verificar se o fato constitui crime de competência da Justiça Militar, ou não, porque se trata de civis submetidos à Justiça Militar.Com estas considerações, adiro à conclusão do voto do eminen-te Ministro Relator.

Todavia, enquanto juiz relator, Evandro Lins e Silva entendeu ser incompetente a Justiça Militar nos seguintes casos julgados, respectivamente, em 04/08/1965 e 20/09/1965:

a) Habeas Corpus n.º 42.457, em que funcionários da empresa Mafersa (Empresa Industrial de Material Ferroviária S/A) foram acusados de serem comunistas e o relator entendeu

EL PODER JUDICIAL Y LAS DICTADURAS BRASILEÑAS 43

este punto, cuestionado en el habeas corpus, que era tam-bién por la incompetencia de la justicia militar y por la falta de fundamentación de la prisión preventiva.

No obstante, en el juicio del habeas corpus nº 41.892, el 24/03/1965, en el caso contra un bancario acusado de ser comu-nista y que tuvo la prisión preventiva decretada por la Auditoría Militar de Bahia, el ministro Victor Nunes Leal, con base en los juicios ocurridos el 17/03/1965 (en el HC nº 42.002), entendió que era incompetente la Justicia Militar para decretar prisión por cri-men político. Por esta razón y también por el exceso de plazo de la prisión, concedió la orden en este proceso, lo que no era común, conforme los casos examinados.

Los ministros Hermes Lima y Evandro Lins e Silva, confirman-do la crítica de la Comisión Nacional de la Verdad en su informe (BRASIL, Comisión Nacional de la Verdad, 2014, p. 939, ítem 19 del informe), mantuvieron la competencia de la Justicia Militar para el juicio de civiles, como ocurrió también en el habeas corpus n.º 42.393, juzgado el 18/08/1965, en el cual la acusación presentada fue de conspiración “para cambiar la orden” y el intento de “reor-ganizar la asociación ilegal”. En este caso, el relator del proceso fue Hermes Lima, que manifestó en su voto: “Sr. Presidente, niego la orden. En tesis, la competencia para juzgar los crímenes de que son acusados los pacientes es de la justicia militar”. En igual medida, así se posicionó Evandro Lins e Silva:

Tendremos que verificar si el hecho constituye un crimen de competencia de la Justicia Militar, o no, porque se trata de civi-les sometidos a la Justicia Militar.Con estas consideraciones, me adhiero a la conclusión del voto del eminente Ministro Relator.

Sin embargo, mientras el juez relator, Evandro Lins e Silva enten-dió que la Justicia Militar era incompetente en los siguientes casos juzgados, respectivamente, el 04/08/1965 y el 20/09/1965:

a) Habeas Corpus nº 42.457, en que funcionarios de la empresa Mafersa (Empresa Industrial de Material Ferroviaria S/A) fueron acusados de ser comunistas y el relator entendió que

44 PODER JUDICIÁRIO E AS DITADURAS BRASILEIRAS

que deveriam responder perante a Justiça Comum, por incompetência da Justiça Militar.

b) Habeas Corpus n.º 42.663, em que a acusação foi de “subversão da ordem no País, no Rio Grande de Norte”. Neste caso, o Ministro Evandro Lins e Silva concedeu “a ordem para declarar a incompetência da Justiça Militar” e decretou a “competência da justiça comum, para processar e julgar os pacientes”.

A partir da entrada em vigor do Ato Institucional 02 (AI-2), em 27/10/196512, o STF, como ocorreu no julgamento do habeas corpus 42.730, julgado em 02/12/1965, relatado pelo ministro Evandro Lins e Silva, passou a considerar competente a justiça militar para julgamento de civil por acusação de crime político.

Nesse ponto, vale ressaltar que, no período pesquisado, ao contrário do que ocorrera na Ditatura do Estado Novo de Vargas, em que as decisões do Tribunal de Segurança Nacional foram questionadas, não houve no Supremo Tribunal Federal resistência ou mesmo recusa formal ao AI-2 (Teixeira da Silva, 2008, p. 296-297 e 306).

Antes mesmo do início do ano de 1969 (após a vigência do AI-5, de 13/12/1968), ainda durante os primeiros dois anos da ditadura militar no Brasil, como foi objeto desta pesquisa, o Supremo Tribunal Federal se subjugou plenamente na “condição de ator secundário”, como teria manifestado a Comissão Nacional da Verdade em seu parecer final. (BRASIL, Comissão Nacional da Verdade, 2014, p. 956)

3.1.4) Magistrados que subscreveram ordenamentos da ditadura e se renderam a ideia de sustar uma suposta ordem comunista no Brasil

A Comissão Nacional da Verdade concluiu que os integrantes do

12 Com a decretação do Ato Institucional 02, de 27 de outubro de 1965 (AI-2), a Justiça Militar teve sua competência estendida sobre civis nos ca-sos de crimes contra a segurança nacional ou instituições militares (artigo 8.o, BRASIL, 1965)

EL PODER JUDICIAL Y LAS DICTADURAS BRASILEÑAS 45

deberían responder ante la Justicia Común, por incompeten-cia de la Justicia Militar.

b) Habeas Corpus nº 42.663, en que la acusación fue de “subver-sión del orden en el País, en Rio Grande do Norte”. En este caso, el Ministro Evandro Lins e Silva concedió “la orden para declarar la incompetencia de la Justicia Militar” y de-cretó la “competencia de la justicia común, para procesar y juzgar a los pacientes”.

A partir de la entrada en vigor del Acto Institucional 02 (AI-2), el 27/10/196512, el STF, como ocurrió en el juicio del habeas corpus 42.730, juzgado el 02/12/1965, relatado por el ministro Evandro Lins e Silva, pasó a considerar competente a la justicia militar para el juicio de civil por acusación de crimen político.

En este punto, vale resaltar que, en el período estudiado, al con-trario de lo que ocurrió en la Dictadura del Estado Nuevo de Vargas, en que las decisiones del Tribunal de Seguridad Nacional fueron cuestionadas, no hubo en el Supremo Tribunal Federal resistencia o incluso un rechazo formal al AI-2 (Teixeira da Silva, 2008, p. 296-297 e 306). Sin embargo, antes del inicio del año 1969 (después de la vigencia del AI-5, del 13/12/1968),

Antes del inicio del año 1969 (después de la vigencia del AI-5, de 13/12/1968), aún durante los primeros dos años de la dictadura militar en Brasil, objeto de esta investigación, el Supremo Tribunal Federal se subyugó plenamente a la “condición de actor secundario”, como habría manifestado la Comisión Nacional de la Verdad en su parecer final (BRASIL, Comisión Nacional de la Verdad, 2014, p. 956)

3.1.4) Magistrados que suscribieron órdenes de dictadura y se rindieron a la idea de reprimir a una supuesta orden comunista en Brasil

La Comisión Nacional de la Verdad concluyó que los integrantes

12 Con el decreto del Acto Institucional 02, del 27 de octubre de 1965 (AI-2), la Justicia Militar extendió su competencia sobre civiles en los casos de crímenes contra la seguridad nacional o instituciones militares (artí-culo 8.o, BRASIL, 1965)

46 PODER JUDICIÁRIO E AS DITADURAS BRASILEIRAS

Supremo Tribunal Federal, à época do regime militar de 1964/1985, “eram cônscios acerca de quem deveriam servir”. (BRASIL, Comissão Nacional da Verdade, 2014, p. 957).

No julgamento do habeas corpus n.º 41.296, no qual foi acusado por prática de crime político o Governador do Estado de Goiás, Mauro Borges Teixeira, o relator do processo, ministro Gonçalves de Oliveira, expressou publicamente toda a sua admiração pelo Marechal Castello Branco (primeiro presidente militar da ditadura de 1964/1985), tendo afirmado em seu voto que:

Sua Excia., o Sr. Presidente da República tem dado exemplos de respeito à legalidade democrática, tem prestigiado S. Excia. os poderes constituídos, o Poder Legislativo e o Poder Judiciário. No dia seguinte de sua posse, a primeira visita oficial feita por S. Excia. foi a esta Alta Côrte de Justiça e, tal visita a fez, proposita-damente, para significar a sua determinação de homem soldado, já agora investido das altas responsabilidades de Chefe Supremo da Nação, de Chefe Supremo das Forças Armadas, de prestigiar a Justiça e a Lei.

Neste mesmo processo, o ministro Vilas Boas também reverenciou o presidente ditador Castelo Branco, ao considerá-lo, em seu voto, um “ilustre patriota que dirige os destinos do nosso País”.

E, no julgamento do mesmo processo, o ministro Pedro Chaves as-sim se expressou: “Recebi a Revolução de 31 de março como manifes-tação divina em benefício da nossa pátria”. (sem grifos no original)

É importante registrar que, no julgamento do habeas corpus apresentado em favor do Governador Mauro Borges, acusado pelos militares de ter praticado crime contra a ordem política e tendo sido instaurado contra ele inquérito policial militar, o Supremo Tribunal Federal garantiu ao governador o direito de, na eventualidade de ter praticado algum delito, somente ser afastado de suas funções por decisão da Assembleia Legislativa.

Neste processo do governo de Goiás, somente o ministro Hannemann Guimarães afastou a competência da Justiça Militar para julgar o governador, ainda que mediante a autorização da Assembleia Legislativa de Goiás. Os ministros Evandro Lins e Victor Nunes Leal tentaram se esquivar quanto à incompetência da Justiça Militar, depois do voto do ministro Hannemann.

EL PODER JUDICIAL Y LAS DICTADURAS BRASILEÑAS 47

del Supremo Tribunal Federal, en la época del régimen militar de 1964/1985, “eran conscientes acerca de quiénes deberían servir”. (BRASIL, Comisión Nacional de la Verdad, 2014, p. 957).

En el juicio del habeas corpus n.º 41.296, en el cual fue acusa-do por práctica de crimen político el Gobernador del Estado de Goiás, Mauro Borges Teixeira, el relator del proceso, ministro Gon-çalves de Oliveira, expresó públicamente toda su admiración por el Marechal Castello Branco (primer presidente militar de la dicta-dura de 1964/1985), afirmando en su voto que:

Su Excelencia., el Sr. Presidente de la República ha dado ejem-plos de respeto a la legalidad democrática, ha prestigiado S Excia., los poderes constituidos, el Poder Legislativo y el Poder Judicial. Al día siguiente de su pose, la primera visita oficial re-alizada por S. Excia. fue a esta Alta Corte de Justicia y, la hizo, intencionalmente, para significar su determinación de hombre soldado, ya ahora embestido de las altas responsabilidades de Jefe Supremo de la Nación, de Jefe Supremo de las Fuerzas Ar-madas, de prestigiar la Justicia y la Ley.

En este mismo proceso, el ministro Vilas Boas también rever-enció al presidente dictador Castelo Branco, al considerarlo, en su voto, un “ilustre patriota que dirige los destinos de nuestro País”.

Y, en el juicio del mismo proceso, el ministro Pedro Chaves se ex-presó así: “Recibí la Revolución del 31 de marzo como manifestación divina en beneficio de nuestra patria”.

Es importante registrar que, en el juicio del habeas corpus presen-tado a favor del Gobernador Mauro Borges, acusado por los milita-res de haber practicado crimen contra la orden política y habiendo sido instaurado contra él un sumario policial militar, el Supremo Tribunal Federal le garantizó al gobernador el derecho de que, si hubiera practicado algún delito, solamente sería retirado de sus fun-ciones por decisión de la Asamblea Legislativa.

En este proceso del gobierno de Goiás, solo el ministro Hannemann Guimarães retiró la competencia de la Justicia Militar para juzgar al gobernador, aunque mediante la autorización de la Asamblea Legislativa de Goiás. Los ministros Evandro Lins y Victor Nunes Leal intentaron esquivarse en cuanto a la incompetencia de la Justicia Militar, después del voto del ministro Hannemann.

48 PODER JUDICIÁRIO E AS DITADURAS BRASILEIRAS

Interessante observar, no julgamento do habeas corpus n.º 42.376, relativo à acusação de “participação em atividade subversiva de caráter comunista”, a manifestação do relator Pedro Chaves, que comparou os movimentos abolicionistas, republicanos e pelo voto secreto à implantação do comunismo no país:

Essa tentativa de implantação da ordem político-social comunis-ta não depende de dia e hora exatos, nem de momento preciso. É uma campanha, como todas as campanhas, como foi a campa-nha pela abolição, a campanha pela proclamação da República, a campanha pelo voto secreto. São campanhas que necessitam de âmbito nacional, pregação constante, infiltração em todas as áreas. A denúncia não pode dizer, como manda a lei, em que hora e dia exatos se deu o fato.

3.1.5) Denúncia de tortura em 1964

A Comissão Nacional da Verdade apurou, na atuação da Justiça Militar, a sua “conivência com a tortura de presos políticos”, sendo “comum que os juízes proibissem que a tortura fosse mencionada pelos réus, ou, ainda, que a menção indicada por estes fosse transcrita em ata.” (BRASIL, Comissão Nacional da Verdade, 2014, p. 948).

Na pesquisa, pudemos constatar que em outubro de 1964 o Supremo Tribunal Federal já tinha conhecimento de prática de tortura, como foi comunicado pela família de Tarzan de Castro, nos autos do habeas corpus n.º 40.986, julgado em 29/10/1964, cujo relator foi o ministro Luiz Gallotti.

Com efeito, Tarzan de Castro foi acusado de, no ano de 1962, ter participado de “lutas de guerrilha” na cidade de Dianópolis, no norte do antigo Estado do Goiás (atual Tocantins), ficando incurso, assim, segundo os militares que pediram sua prisão preventiva, em crime contra a ordem política por ser “perigoso agitador comunista”.

Acusação mantida pelo Supremo Tribunal Federal para que Tarzan de Castro respondesse na distante cidade de Dianópolis e não no juízo de Goiânia, onde residia. Foi negado pelo mesmo Supremo o pedido de falta de justa causa da acusação. Neste processo, a

EL PODER JUDICIAL Y LAS DICTADURAS BRASILEÑAS 49

Es interesante observar, en el juicio del habeas corpus nº 42.376, relativo a la acusación de “participación en actividad subversiva de carácter comunista”, la manifestación del relator Pedro Chaves, que comparó a los movimientos abolicionistas, republicanos y por el voto secreto a la implantación del comunismo en el país:

Ese intento de implantación de la orden político-social comuni-sta no depende de día y hora exactos, ni de momento preciso. Es una campaña, como todas las campañas, como fue la campaña por la abolición, la campaña por la proclamación de la Repúbli-ca, la campaña por el voto secreto. Son campañas que necesitan el ámbito nacional, predicación constante, infiltración en todas las áreas. La denuncia no puede decir, como manda la ley, a qué hora y en qué día exactos se realizó el hecho.

3.1.5) Denuncia de tortura en 1964

La Comisión Nacional de la Verdad confirmó, en la actuación de la Justicia Militar, su “confabulación con la tortura de presos políti-cos”, siendo “común que los jueces prohibiesen que la tortura fuera mencionada por los reos, o, incluso que la mención indicada por estos fuese transcrita en acta.” (BRASIL, Comisión Nacional de la Verdad, 2014, p. 948).

En la investigación, pudimos constatar que en octubre de 1964 el Supremo Tribunal Federal ya conocía la práctica de tortura, como fue comunicado por la familia de Tarzan de Castro, en los autos del habeas corpus nº 40.986, juzgado el 29/10/1964, cuyo relator fue el ministro Luiz Gallotti.

En efecto, Tarzan de Castro fue acusado de, en el año de 1962, haber participado de “luchas de guerrilla” en la ciudad de Di-anópolis, al norte del antiguo Estado de Goiás (actual Tocantins), implicándolo, así, según los militares que pidieron su prisión pre-ventiva, por crimen contra la orden política al ser un “peligroso agitador comunista”.

El Supremo Tribunal Federal mantuvo la acusación para que Tarzan de Castro respondiese, en la distante ciudad de Dianópolis y no en el juicio de Goiânia, donde vivía. Fue negado por el mismo Supremo el pedido de falta de justa causa de la acusación. En este

50 PODER JUDICIÁRIO E AS DITADURAS BRASILEIRAS

família do acusado informou que ele estava “sofrendo torturas físicas e mentais”.

3.1.6) O direito à liberdade de expressão e opinião

Mesmo com a garantia de liberdade de expressão e opinião, inscrita na Constituição de 1946 (em vigor à época da pesquisa, que analisa o período de abril de 1964 a dezembro de 1966), o Supremo Tribunal Federal mantinha as ações penais movidas contra jornalistas e demais cidadãos que ousavam expressar suas opiniões, limitando-se a relaxar as prisões nos casos existentes, como apuramos nos seguintes julgamentos:

a) Habeas Corpus n.º 40.976, relator Gonçalves de Oliveira, julga-mento em 23/09/1964. Acusação: prática de crime político pelo jornalista Carlos Heitor Cony, incurso na lei de seguran-ça nacional por ter escrito artigos criticando a atuação dos militares e dos seus chefes, “provocando animosidade entre e contra as classes armadas.” O STF entendeu que o acusa-do responderia em liberdade, incurso na lei de imprensa (lei especial e posterior), e não pela lei de segurança nacional (anterior), como pretendia o Ministério Público. Neste jul-gamento, o relator do caso manifestou que a jurisprudência do STF era “no sentido da aplicação aos jornalistas da lei de imprensa (lei 2.083, de 11/11/1953), e não da lei de seguran-ça, pelos seus artigos publicados, ainda que o fato seja também qualificado nesta última lei de segurança do Estado”, como ocorreu nos julgamentos dos jornalistas Prudente de Morais Neto e João Portela Ribeiro Dantas, que também foram acusa-dos por “instigação de animosidade entre e contra as classes armadas”. Outro precedente citado pelo relator foi o habeas corpus n.º 40.077, impetrado pelo advogado Sobral Pinto em favor do jornalista Hélio Fernandes, acusado de ter publicado correspondência secreta do Ministro da Guerra, “protegida por lei e pelos regulamentos militares.”

b) Habeas Corpus n.º 42.158, relator Victor Nunes Leal,

EL PODER JUDICIAL Y LAS DICTADURAS BRASILEÑAS 51

proceso, la familia del acusado informó que él estaba “sufriendo torturas físicas y mentales”.

3.1.6) El derecho a la libertad de expresión y opinión

Incluso con la garantía de libertad de expresión y opinión, in-scrita en la Constitución de 1946 (en vigor en la época de esta in-vestigación, que analiza el período de abril de 1964 y diciembre de 1966), el Supremo Tribunal Federal mantenía las acciones penales movidas contra periodistas y demás ciudadanos que osaban expre-sar sus opiniones, limitándose a liberar las prisiones en los casos existentes, como averiguados en los siguientes juicios:

a) Habeas Corpus nº 40.976, relator Gonçalves de Oliveira, juzga-do el 23/09/1964. Acusación: práctica de crimen político del periodista Carlos Heitor Cony, incurso en la ley de seguridad nacional por haber escrito artículos criticando la actuación de los militares y de sus jefes, “provocando animosidad entre y contra las clases armadas.” El STF entendió que el acusado respondería en libertad, incurso en la ley de prensa (ley espe-cial y posterior), y no por la ley de seguridad nacional (ante-rior), como pretendía el Ministerio Público. En este juicio, el relator del caso manifestó que la jurisprudencia del STF era “en el sentido de la aplicación a los periodistas de la ley de prensa (ley 2.083, de 11/11/1953), y no de la ley de seguri-dad, por sus artículos publicados, aunque el hecho también fuera calificado en esta última ley de seguridad del Estado”, como ocurrió en los juicios de los periodistas Prudente de Morais Neto y João Portela Ribeiro Dantas, que también fueron acusados por “instigación de animosidad entre y con-tra las clases armadas”. Otro precedente citado por el relator fue el habeas corpus nº 40.077, impetrado por el abogado Ba-joral Pinto a favor del periodista Hélio Fernandes, acusado de haber publicado correspondencia secreta del Ministro de Guerra, “protegida por ley y por los reglamentos militares.”

b) Habeas Corpus nº 42.158, relator Victor Nunes Leal, juzgado

52 PODER JUDICIÁRIO E AS DITADURAS BRASILEIRAS

julgado em 12/04/1965. Acusação: Casal de professores secundaristas acusados de crime político por terem emitido opinião, o que foi considerado pelo juiz de São José do Rio Preto como prática de atividade “subversiva”. O relator não concedeu o habeas corpus para trancar a ação penal, apesar de a Constituição garantir a liberdade de expressão, porque “a descrição dos fatos, realmente, deixa dúvida sobre a configuração do crime imputado, mas não está excluída, de todo, a possibilidade de se comprovar a atividade subversiva.”

c) Habeas Corpus n.º 42.182, relator Villas Boas, julgamento em 09/06/1965. Acusação: Estudante de direito acusado de agitação e atuação para mudar a ordem política e social e de ser filiado ao partido comunista brasileiro, tendo sido incurso na lei de segurança nacional. Neste caso, uma particularidade: o relator do processo, Ministro Villas Boas, apresentou em seu voto vários comentários elogiosos aos militares e à sua ação política, iniciada formalmente a partir de 1964; porém concluiu sua decisão pela falta de justa causa da ação penal movida contra o estudante, que estava preso sob ordem da Justiça Militar, afirmando que o acusado não deveria responder por crime algum, inclusive na Justiça Comum.

Veja-se o que diz o relator:

Vitorioso o movimento anticomunista deflagrado na conserva-dora província de Minas Gerais, com a poderosa cobertura das forças do Estado de São Paulo, tornaram aos quartéis os nossos bravos soldados, missão cumprida, para o desempenho de suas funções ordinárias, que são as de policiar e não de guerrear.(...)Em Minas Gerais, como em todo o país, insidiosa inoculação nos meios estudantis das chamas das reformas de base, a pretexto de valorização econômica do trabalho dos camponeses, exacerbou os ânimos.O paciente Jair Reis Filho, presidente do Centro Acadêmico AFONSO PENA (agremiação a que também tive a honra de pre-sidir), entendeu que devia por aquele órgão em função. E teve

EL PODER JUDICIAL Y LAS DICTADURAS BRASILEÑAS 53

el 12/04/1965. Acusación: Pareja de profesores secundarios acusados de crimen político por haber emitido opinión, lo que fue considerado por el juez de São José do Rio Preto como práctica de actividad “subversiva”. El relator no con-cedió el habeas corpus para archivar la acción penal, a pesar de que la Constitución garantiza la libertad de expresión, porque “la descripción de los hechos, realmente, deja dudas sobre la configuración del crimen imputado, pero no está excluida, de todo, la posibilidad de comprobar la actividad subversiva.”

c) Habeas Corpus nº 42.182, relator Villas Boas, juzgado el 09/06/1965. Acusación: Estudiante de derecho acusado de agitación y actuación para cambiar la orden política y social y de ser afiliado al partido comunista brasileño, siendo incurso en la ley de seguridad nacional. En este caso, una particu-laridad: el relator del proceso, Ministro Villas Boas, presentó en su voto varios comentarios elogiosos a los militares y su acción política, iniciada formalmente a partir de 1964; sin embargo concluyó su decisión por la falta de justa causa de la acción penal movida contra el estudiante, que estaba preso bajo orden de la Justicia Militar, afirmando que el acusado no debería responder por ningún crimen, inclusive en la Jus-ticia Común.

Veamos lo que dice el relator:

Victorioso el movimiento anticomunista deflagrado en la con-servadora provincia de Minas Gerais, con la poderosa cobertura de las fuerzas del Estado de São Paulo, hicieron de los cuarteles nuestros bravos soldados, misión cumplida, para el desempeño de sus funciones ordinarias, que son las de contener y no de guerrear.(...)En Minas Gerais, como en todo el país, insidiosa inoculación en los medios estudiantiles de las llamas de las reformas de base, a pretexto de valorización económica del trabajo de los campesi-nos, exacerbó los ánimos.El paciente Jair Reis Filho, presidente del Centro Académico

54 PODER JUDICIÁRIO E AS DITADURAS BRASILEIRAS

a natural colaboração de muitos colegas, cujos nomes constam da longa denúncia oferecida à autoridade da IV Região Militar, sediada em Juiz de Fora. As atividades dos ardentes e insensatos universitários mineiros, alguns filhos de Magistrados pobres e todos membros de famí-lias de tradições religiosas, foram capitulados no art. 2.o, III, da Lei de Segurança Nacional.Eles teriam sido apanhados quando tentavam mudar a ordem política e social estabelecida na Constituição, mediante ajuda ou subsídio de Estado estrangeiro ou de organização estrangeira ou de caráter internacional.Vejamos se isso ocorreu, lendo a denúncia (lê).Atenho-me aos fatos narrados na peça inicial, na qual não vis-lumbro qualquer notícia de iniciação da tremenda aggressio operis.Felizmente, não estamos sob a incidência de algo semelhante ao Código Soviético, que equipara a preparação à tentativa.Nem mesmo podemos considerar atos preparativos os mani-festos acaso lançados em defesa do Governo então constituído, posto tenhamos apoiado, moral e espiritualmente, o impacto mineiro-paulista que o derrubou.Qualquer excesso de linguagem podemos levar à conta da liber-dade de pensamento, que o parágrafo 5.o do art. 143 da Cons-tituição plenamente assegurava. (...). Ninguém pode ser punido por ter opinião – repito.(...)Quanto ao que se oferece no momento, verifico, com prazer, que Jair Reis Filho não cometeu crime que o obrigue a responder perante a Justiça Militar, nem pelos fatos apontados incidiu em infração que o vincule a processo por qualquer outro órgão do Poder Judiciário. Eis por que, concedo a ordem de habeas corpus, por falta de justa causa para a ação penal.Que vá em paz e não peque mais contra os interesses vitais da Pátria em comum.”

Observe-se a persistência do relator, ao fazer, em seu voto, referência à legislação penal soviética para afastar as acusações contra o estudante indiciado, bem como ao desenvolver um longo voto – a princípio em defesa dos valores tradicionais da família e

EL PODER JUDICIAL Y LAS DICTADURAS BRASILEÑAS 55

AFONSO PENA (agremiación que también tuve la honra de presidir), entendió que debía por aquel órgano en función. Y tuvo la natural colaboración de muchos colegas, cuyos nombres constan de la larga denuncia ofrecida a la autoridad de la IV Región Militar, con sede en Juiz de Fora. Las actividades de los ardientes e insensatos universitarios mine-ros, algunos hijos de Magistrados pobres y todos miembros de familias de tradiciones religiosas, fueron capitulados en el art. 2.o, III, de la Ley de Seguridad Nacional.Ellos habrían sido capturados cuando intentaban cambiar la or-den política y social establecida en la Constitución, mediante ayuda o subsidio del Estado extranjero o de organización extran-jera o de carácter internacional.Veamos si eso ocurrió, leyendo la denuncia (lee).Me atengo a los hechos narrados en la pieza inicial, en la cual no vislumbro cualquier noticia de iniciación de tremenda agressio operis.Felizmente, no estamos bajo la incidencia de algo semejante al Código Soviético, que equipara la preparación al intento.Ni siquiera podemos considerar actos preparativos los manifies-tos por acaso lanzados en defensa del Gobierno entonces con-stituido, puesto que apoyamos, moral y espiritualmente, el im-pacto minero-paulista que lo derribó.Cualquier exceso de lenguaje podemos considerar de la liber-tad de pensamiento, que el párrafo 5.o del art. 143 de la Consti-tución plenamente aseguraba. (...). Nadie puede ser castigado por tener opinión – repito.(...)En relación a lo que se ofrece en el momento, verifico, con placer, que Jair Reis Filho no cometió crimen que lo obligue a responder ante la Justicia Militar, ni por los hechos apuntados incidió en infracción que lo vincule a proceso por cualquier otro órgano del Poder Judicial. Por eso, concedo la orden de habeas corpus, por falta de justa causa para la acción penal.Que vaya en paz y no peque más contra los intereses vitales de la Patria en común.”

Se observa la persistencia del relator, al hacer, en su voto, ref-erencia a la legislación penal soviética para alejar las acusaciones

56 PODER JUDICIÁRIO E AS DITADURAS BRASILEIRAS

do movimento que derrubou o governo de João Goulart – para em seguida afirmar ser livre a manifestação de pensamento nos termos da constituição, considerando-a incapaz de atentar contra as forças militares e seu governo; ao final, conclui pela inexistência da prática de qualquer crime pelo acusado.

Acompanharam o voto do relator pela inexistência da prática de crime os ministros Hermes Lima e Hahnemann Guimarães.

Porém, o ministro Victor Nunes Leal, num voto essencialmente técnico, entendeu que:

saber se o paciente cometeu este ou aquele crime, no caso, de-manda exame aprofundado da prova. Mas, sob outro aspecto, o da competência, não reclama esse exame. O paciente é acusado de atividade subversiva e foi classificado no inciso legal que trata dos crimes contra a segurança do Esta-do, com o auxílio de potência estrangeira. Para essa classificação tenho votado anteriormente e é a orien-tação do tribunal, que houvesse especificação de fato concreto, específico, indicativo do auxílio de potências estrangeiras. A não ser assim, é crime contra a segurança nacional, da competência comum.Portanto, concedo a ordem, em parte, para cessar a prisão pre-ventiva, por incompetência da Justiça Militar.Quanto à existência, ou não, de justa causa, é prematura essa indagação. Não tenho elementos para afirmar, desde logo, que não houve atividade delituosa. Mas estou convencido de que não há delito da competência da Justiça Militar.

a) Habeas Corpus n.º 42.397, julgado em 21/06/1965, relator Evandro Lins e Silva, que conduziu o voto vencedor em relação ao relator originário Pedro Chaves. Acusação: Jovens presos em flagrante, “na calada da noite”, com cartazes e panfletos para protestar contra o envio de tropas militares para São Domingos/República Dominicana. O relator original do caso, Ministro Pedro Chaves, denegava a ordem e mantinha os acusados presos. Em seu voto manifestou adesão e defesa ao “movimento de 31 de março de 1964”, sendo contra a liberdade de expressão:

EL PODER JUDICIAL Y LAS DICTADURAS BRASILEÑAS 57

contra el estudiante indiciado, así como al desarrollar un largo voto – al principio en defensa de los valores tradicionales de la familia y del movimiento que derribó al gobierno de João Goulart – para en seguida afirmar ser libre la manifestación de pensamiento en los términos de la constitución, considerándola incapaz de atentar contra las fuerzas militares y su gobierno; al final, concluye por la inexistencia de la práctica de cualquier crimen por el acusado.

Acompañaron el voto del relator por inexistencia de práctica de crimen los ministros Hermes Lima y Hahnemann Guimarães.

Sin embargo, el ministro Victor Nunes Leal, en un voto esencial-mente técnico, entendió que:

Saber si el paciente cometió este o aquel crimen, en el caso, demanda un profundo examen de la prueba. Pero, bajo otro as-pecto, lo de la competencia, no reclama ese examen. El paciente es acusado de actividad subversiva y fue clasificado en el inciso legal que trata de los crímenes contra la seguridad del Estado, con la ayuda de potencia extranjera. Para esa clasificación he votado anteriormente y es la orientación del tribunal, que hubiese especificación de hecho concreto, es-pecífico, indicativo de la ayuda de potencias extranjeras. Al no ser así, es crimen contra la seguridad nacional, de la competen-cia común.Por lo tanto, concedo la orden, en parte, para cesar la prisión preventiva, por incompetencia de la Justicia Militar.En relación a la existencia, o no, de justa causa, es prematura esa indagación. No tengo elementos para afirmar, desde luego, que no hubo actividad delictuosa. Pero estoy convencido de que no hay delito de la competencia de la Justicia Militar.

a) Habeas Corpus nº 42.397, juzgado el 21/06/1965, relator Evandro Lins e Silva, que condujo el voto vencedor en rel-ación al relator original Pedro Chaves. Acusación: Jóvenes presos en flagrante, “en el silencio de la noche”, con carteles y panfletos para protestar contra el envío de tropas milita-res para Santo Domingo/República Dominicana. El relator original del caso, Ministro Pedro Chaves, denegaba la orden y mantenía a los acusados presos. En su voto manifestó ad-hesión y defensa al “movimiento del 31 de marzo de 1964”, siendo contra la libertad de expresión:

58 PODER JUDICIÁRIO E AS DITADURAS BRASILEIRAS

A constituição garante a liberdade de pensamento e de transmis-são deste pensamento; garante a propagação de ideias, garante tudo, enfim. Mas não institui, como regime, uma democracia suicida. A democracia também tem o direito de se defender. Usando esse direito de defesa é que o Movimento de 31 de mar-ço depôs o Governo anterior. E agora, Governo, que assumiu as posições do anterior, sob o lema democrático, para restaurar a prática democrática, não pode ficar de braços cruzados, ven-do operários, estudantes ou professores ou políticos mesmo de alto prestígio avocarem a si o direito de resolverem as questões e os atos da política internacional do País. Não é o Congresso Nacional, não é o Estado Maior das Forças Armadas, não é o Conselho da República que deliberam. São esses rapazes e essas mocinhas, que ficam aqui num apartamento conspirando. Eles é que acham se é conveniente ou não para a política exterior do País a remessa de forças pra São Domingos, se o Presidente Castelo Branco deve continuar ou se deve ser deposto. Tudo isto escapa aos órgãos democráticos instituídos pela Constituição e passa a ser uma brincadeira de estudantes?(...)Já é tempo de pôr um paradeiro nessa atuação. O brasileiro é digno, é livre e lhe está assegurada, pela Constituição, a manifes-tação de seu pensamento, de suas ideias, de seus pontos de vista políticos, está-lhe assegurado esse direito de defender ideias, de discuti-las, mas não na clandestinidade, não no escuro da noite, mas publicamente, sob o império da Constituição.

O ministro Victor Nunes Leal seguiu o mesmo caminho do relator originário, Pedro Chaves, para negar o habeas corpus, sob o seguinte argumento:

Não se põe dúvida que a Constituição garante a liberdade de pensamento, em termos amplos, desde que não se traduza em atividade conspiratória. E não há nenhum assunto vedado ao exercício da liberdade de pensamento. A política externa tam-bém é objeto de livre debate, tanto pelos órgãos do Governo – o Congresso, o Parlamento, o Conselho de Segurança Nacional -, como por qualquer cidadão. (...) não há assunto vedado à livre crítica, seja ele de política interna, seja ele de política externa.

EL PODER JUDICIAL Y LAS DICTADURAS BRASILEÑAS 59

La Constitución garantiza la libertad de pensamiento y de trans-misión de este pensamiento; garantiza la propagación de ideas, garantiza todo, en fin. Pero no instituye, como régimen, una democracia suicida. La democracia también tiene el derecho de defenderse. Usando ese derecho de defensa es que el Mov-imiento de 31 de marzo depuso al Gobierno anterior. Y ahora, Gobierno, que asumió las posiciones del anterior, bajo el lema democrático, para restaurar la práctica democrática, no puede quedarse de brazos cruzados, viendo a obreros, estudiantes o profesores o políticos incluso de alto prestigio adjudicarse a sí el derecho de resolver las cuestiones y los actos de la política inter-nacional del País. No es el Congreso Nacional, no es el Estado Mayor de las Fuerzas Armadas, no es el Consejo de la República que deliberan. Son esos jóvenes y esas jovencitas, que quedan aquí en un apartamento conspirando. Ellos son los que creen si es conveniente o no para la política exterior del País la remesa de fuerzas para Santo Domingo, si el Presidente Castelo Branco debe continuar o si debe ser derrocado. ¿Todo esto escapa a los órganos democráticos instituidos por la Constitución y pasa a ser un juego de estudiantes?(...)Ya es tiempo de parar esta actuación. El brasileño es digno, es libre y le está asegurada, por la Constitución, la manifestación de su pensamiento, de sus ideas, de sus puntos de vista políticos, le está asegurado ese derecho de defender ideas, de discutirlas, pero no en la clandestinidad, no en la oscuridad de la noche, sino que públicamente, bajo el imperio de la Constitución.

El ministro Victor Nunes Leal siguió el mismo camino del re-lator original, Pedro Chaves, para negar el habeas corpus, bajo el si-guiente argumento:

No hay duda de que la Constitución garantiza la libertad de pensamiento, en términos amplios, desde que no se traduzca en actividad conspiratoria. Y no hay ningún asunto vedado para ejercer la libertad de pensamiento. La política externa también es objeto de libre debate, tanto por los órganos del Gobierno – el Congreso, el Parlamento, el Consejo de Seguridad Nacional -, como por cualquier ciudadano. (...) no hay asunto vedado a la

60 PODER JUDICIÁRIO E AS DITADURAS BRASILEIRAS

No caso, porém, os paciente são acusados de não se limitarem ao exercício do seu direito de pensar e de exprimir seu pensa-mento. Estariam organizando (seriamente ou não, como disse o eminente relator) não sabemos ainda, embora, provavelmente não tivessem condições de o fazer a sério), estariam organizan-do, em atividade conspiratória, um movimento para depor o Governo. E a deposição do Governo, pela força, é crime contra a segurança nacional.

O ministro Gonçalves de Oliveira, em seu voto, rebateu a manifestação de Victor Nunes Leal e afirmou que: “A questão da deposição do Governo não foi acreditada nem mesmo pelo Ministério Público.”

Prevaleceu o entendimento de que a prisão deveria ser relaxada por excesso de prazo, conforme voto conduzido por Evandro Lins e Silva:

A regra geral, estabelecida na lei de segurança, é que o cidadão responde a processo em liberdade.(...)Há trinta dias de prisão. Parece-me que são pessoas sem signi-ficação social, que podem ficar em liberdade, com a obrigação de permanecerem no local, em Brasília, até o julgamento do processo, na forma do art. 43 da Lei de Segurança.

Como se vê, mesmo sendo reconhecida a liberdade expressão, o Supremo Tribunal Federal optou em manter os acusados respondendo pelo processo em liberdade, ao invés de determinar a extinção da ação penal.

3.1.7) A manutenção de prisão de estrangeiros no Brasil

Na investigação, analisamos os seguintes casos, relativos a acusações formuladas contra estrangeiros presos no Brasil:

a) Habeas Corpus n.º 41.913, relator Victor Nunes Leal, julgado em 17/03/1965. Acusação: Estudante português, preso administrativamente pelo Ministério da Justiça, acusado de

EL PODER JUDICIAL Y LAS DICTADURAS BRASILEÑAS 61

libre crítica, sea él de política interna o de política externa. Sin embargo, en el caso, los pacientes son acusados de no limi-tarse al ejercicio de su derecho de pensar y de exprimir su pensamiento. Estarían organizando (seriamente o no, como dice el eminente relator) no lo sabemos todavía, aunque, probable-mente no tenían condiciones de hacerlo en serio), estarían orga-nizando, en actividad conspiratoria, un movimiento para der-rocar al Gobierno. Es la declaración del Gobierno, por la fuerza, es crimen contra la seguridad nacional.

El ministro Gonçalves de Oliveira, en su voto, rebatió la mani-festación de Victor Nunes Leal y afirmó que: “La cuestión de la de-claración del Gobierno no fue respaldada por el Ministerio Público.”

Prevaleció el entendimiento de que la prisión debería ser lib-erada por exceso de plazo, conforme voto conducido por Evandro Lins e Silva:

La regla general, establecida en la ley de seguridad, es que el ciudadano responde a proceso en libertad.(...)Hay treinta días de prisión. Me parece que son personas sin sig-nificación social, que pueden quedar en libertad, con la oblig-ación de permanecer en el local, en Brasilia, hasta el juicio del proceso, en la forma del art. 43 de la Ley de Seguridad.

Como se ve, incluso siendo reconocida la libertad expresión, el Supremo Tribunal Federal optó por mantener a los acusados re-spondiendo por el proceso en libertad, en vez de determinar la ex-tinción de la acción penal.

3.1.7) La mantención de prisión de extranjeros en Brasil

En la investigación, analizamos los siguientes casos, relativos a acusaciones formuladas contra extranjeros presos en Brasil:

b) Habeas Corpus nº 41.913, relator Victor Nunes Leal, juzgado el 17/03/1965. Acusación: Estudiante portugués, preso ad-ministrativamente por el Ministerio de Justicia, acusado de

62 PODER JUDICIÁRIO E AS DITADURAS BRASILEIRAS

defender a independência de Angola. O pedido de habeas corpus foi para determinar a soltura do acusado e impedir sua extradição para Portugal, que estava sob o regime da ditadura de Salazar. O relator Victor Nunes Leal manifestou em seu voto, com sua característica visão tecnicista, que:

Certamente, se for decretada a expulsão, não pode o Governo enviar o paciente para território sob a jurisdição de Portugal, onde é acusado de atividade subversiva, ligada ao movimento de emancipação de Angola. Sua entrega às autoridades portu-guesas teria as consequências de uma extradição indireta, mas não solicitada e fundada em crime político, o que a nossa lei não admite, na mesma linha das convenções internacionais firmadas pelo Brasil. Mas o Sr. Ministro da Justiça, em suas informações, dá garantias ao Tribunal de que essa hipótese não ocorrerá (f. 33): “Não se cuida, clara ou disfarçadamente, de extraditar o paciente, mas, sim, expressamente, se apurada a sua nocividade, em processo regular, de o expulsar, permitindo-se-lhe sair do Brasil para outro país que escolher e se dispuser a recebê-lo.”

Ou seja, o relator confiou o destino do acusado estrangeiro, que apenas defendia a independência de uma colônia portuguesa, nas mãos do Ministro da Justiça, a um regime ditatorial, que o manteve preso para apurar “a sua nocividade” e depois disso expulsá-lo do país. E se o Ministro da Justiça não cumprisse o prometido e entregasse o estudante à ditadura de Salazar, o que poderia fazer o STF?

a) Habeas Corpus n.º 43.616, relator Lafayette de Andrada, julgado em 24/10/1966. Acusação: Cidadão paraguaio acusado de “compra de material bélico destinado a atos de rebeldia” em seu país de origem. A prisão preventiva foi decretada “por interesse da Justiça e da Segurança da nossa fronteira e é necessária para melhor apurar o tráfico de material bélico e os ataques às patrulhas do Exército e da Marinha”. Neste caso, as testemunhas manifestaram que o paraguaio estaria levando as armas compradas para seu país e para atacar seu governo, como consta no processo. Assim, segundo a defesa, não poderia ser aplicada a lei de segurança

EL PODER JUDICIAL Y LAS DICTADURAS BRASILEÑAS 63

defender la independencia de Angola. El pedido de habeas corpus fue para determinar la soltura del acusado e impedir su extradición para Portugal, que estaba bajo el régimen de la dictadura de Salazar. El relator Victor Nunes Leal mani-festó en su voto, con su característica visión mecanicista, que:

Ciertamente, si se decreta la expulsión, no puede el Gobierno enviar al paciente para territorio bajo la jurisdicción de Portu-gal, donde es acusado de actividad subversiva, relacionada al movimiento de emancipación de Angola. Su entrega a las autori-dades portuguesas tendría las consecuencias de una extradición indirecta, pero no solicitada y fundada en crimen político, lo que nuestra ley no admite, en la misma línea de las convenciones internacionales firmadas por Brasil. Sin embargo, el Sr. Minis-tro de la Justicia, en sus informaciones, da garantías al Tri-bunal de que esa hipótesis no ocurrirá (f. 33): “No se cuida, clara o disimuladamente, de extraditar al paciente, pero, sí, ex-presamente, si es verificada su nocividad, en proceso regular, de expulsarlo, permitiéndosele salir de Brasil para otro país que escoja y que se disponga a recibirlo”

O sea, el relator confió el destino del acusado extranjero, que apenas defendía la independencia de una colonia portuguesa, en manos del Ministro de Justicia, a un régimen dictatorial, que lo mantuvo preso para confirmar “su nocividad” y después de eso expulsarlo del país. Y si el Ministro de Justicia no cumpliera lo pro-metido y entregase al estudiante a la dictadura de Salazar, ¿qué po-dría hacer el STF?

a) Habeas Corpus nº 43.616, relator Lafayette de Andrada, juzgado el 24/10/1966. Acusación: Ciudadano paraguayo acusado de “compra de material bélico destinado a actos de rebeldía” en su país de origen. La prisión preventiva fue decretada “por interés de la Justicia y de la Seguridad de nuestra frontera y es necesaria para mejor verificar el tráfico de material bélico y los ataques a las patrullas del Ejército y de la Marina”. En este caso, los testigos manifestaron que el paraguayo llevaba las armas compradas para su país y para atacar a su gobierno, como consta en el proceso. Así, según

64 PODER JUDICIÁRIO E AS DITADURAS BRASILEIRAS

nacional, uma vez que não estava havendo agressão à ordem política brasileira. O pedido foi negado e mantido preso o acusado.

4) CONCLUSÃO

A investigação realizada, com relação ao posicionamento do Supremo Tribunal Federal nas acusações de “crimes políticos”, julgadas entre 1.º de abril de 1964 (quando foi dado o golpe militar no Brasil, que destituiu o governo democraticamente eleito do Presidente João Goulart) até dezembro de 1966, nos revelou que, apesar de os juízes, em sua quase totalidade, terem sido nomeados nos governos anteriores à ditadura de 1964/1985, a maioria mostrava-se muito sensível à causa do “movimento revolucionário” ou “movimento armado de 31 de março” (assim denominado por alguns ministros), conforme suas manifestações, acima destacadas.

Pode-se observar também que os juízes (principalmente os três que foram afastados/aposentados compulsoriamente em janeiro de 1969, depois da vigência do Ato Institucional 05/1968), a despeito de alguns deles serem oriundos do Partido Socialista Brasileiro (casos de Hermes Lima e Evandro Lins e Silva), proferiram votos mais técnicos do que políticos, sempre no sentido de relaxar as prisões, mantendo em curso, porém, até mesmo acusações de civis processados pela Justiça Militar, que, à época, era incompetente para fazê-lo.

Em razão disso, Evandro Lins e Silva e Hermes Lima foram criticados no relatório final da Comissão Nacional da Verdade. Contudo, a mesma Comissão não fez qualquer crítica ao posicionamento do jurista Victor Nunes Leal (autor da clássica obra Coronelismo, Enxada e Voto: o município e o regime representativo no Brasil), o qual, conforme constatado na investigação, proferiu votos extremamente técnicos e, muitas vezes, ainda que diante de acusações vagas e genéricas, optou por manter ativas as ações penais, sob o fundamento de que necessitava de mais provas para poder arquivar a acusação, contrariando até mesmo o que tinham decidido seus colegas de toga.

Constatamos que, nos primeiros dois anos e meio após a vigência do golpe militar no Brasil, o Tribunal concedeu ordens

EL PODER JUDICIAL Y LAS DICTADURAS BRASILEÑAS 65

la defensa, no podría ser aplicada la ley de seguridad nacio-nal, ya que no hubo agresión a la orden política brasileña. El pedido fue negado y el acusado fue mantenido preso.

4) CONCLUSIÓN

La investigación realizada, con relación a la posición del Su-premo Tribunal Federal en las acusaciones de “crímenes políticos”, juzgadas desde el 1º de abril de 1964 (cuando fue dado el golpe mili-tar en Brasil, que destituyó al gobierno democráticamente electo del Presidente João Goulart) hasta diciembre de 1966, nos reveló que, a pesar de que los jueces, casi en su totalidad, hubieran sido nom-brados en los gobiernos anteriores a la dictadura de 1964/1985, la mayoría se mostraba muy sensible a la causa del “movimiento revolucionario” o “movimiento armado del 31 de marzo” (así de-nominado por algunos ministros), conforme sus manifestaciones, ya destacadas.

Además, se puede observar que los jueces (principalmente los tres que fueron retirados/jubilados compulsivamente en enero de 1969, después de la vigencia del Acto Institucional 05/1968), con respecto a que algunos de ellos eran oriundos del Partido Socialista Brasileño (casos de Hermes Lima y Evandro Lins e Silva), pronun-ciaron votos más técnicos que políticos, siempre en el sentido de liberar las prisiones, manteniendo en curso, incluso acusaciones de civiles procesados por la Justicia Militar, que, en aquella época, era incompetente para hacerlo.

Por esta razón, Evandro Lins e Silva y Hermes Lima fueron criti-cados en el informe final de la Comisión Nacional de la Verdad. Sin embargo, la misma Comisión no le hizo ninguna crítica a la posición del jurista Victor Nunes Leal (autor de la clásica obra Coronelismo, Enxada e Voto: o município e o regime representativo no Brasil) el cual, conforme constatado en la investigación, pronunció votos extrema-mente técnicos y, muchas veces, delante de acusaciones vagas y genéricas, optó por mantener activas las acciones penales, bajo el fundamento de que necesitaba más pruebas para poder archivar la acusación, contradiciendo incluso lo que habían decidido sus cole-gas de toga.

Constatamos que, en los primeros dos años y medio después de

66 PODER JUDICIÁRIO E AS DITADURAS BRASILEIRAS

para determinar a libertação de presos políticos, que, porém, continuaram a responder às acusações na Justiça Comum ou até mesmo na Justiça Militar, quando esta era incompetente para julgar civis antes da vigência do Ato Institucional número 2, de 27 de outubro de 1965.

Observamos igualmente que, apesar de o Supremo Tribunal Federal manifestar que vigorava a liberdade de expressão e opinião (conforme assegurado pela Constituição de 1946), os acusados continuavam sendo processados por terem manifestado sua opinião em veículos de comunicação ou até mesmo em simples cartazes e panfletos.

Além disso, em 1964 o Supremo Tribunal Federal já tinha conhecimento da prática de tortura física e psicológica, conforme denunciado pelos familiares de Tarzan de Castro, no habeas corpus n.º 40.986, porém o Tribunal não fez nenhum questionamento aos militares que teriam prendido o acusado.

Em decorrência da prisão de Tarzan de Castro pôde ser verificada a existência de uma guerrilha na região norte do Estado de Goiás, no ano de 1962, que era reprimida pelas forças militares, que atuavam como “polícia judiciária” em investigação promovida por meio de Inquérito Policial Militar.

Por outro lado, a pesquisa apurou também a prisão de estrangeiros no Brasil, em colaboração com ditadores de outros países, como eram os casos de Antônio Salazar, em Portugal, e Alfredo Stroessner, no Paraguai. Estas prisões foram mantidas pelo Supremo Tribunal Federal, como se apurou nos habeas corpus n.º 41.913 (em que um estudante português, sem pedido de extradição formal de seu país, por ordem do Ministro da Justiça ficou preso administrativamente no Brasil por ter se manifestado favorável à independência de Angola) e n.º 43.616 (relativo a cidadão paraguaio enquadrado na Lei de Segurança Nacional por comprar armas para levar para seu país, na tentativa de deposição do governo de Stroessner).

Pode-se inferir, assim, que uma instituição civil (no caso, o Supremo Tribunal Federal) pode ter colaborado para o fortalecimento da ditadura no Brasil, entre 1964/1985, na medida em que, nos dois primeiros anos (abril de 1964 a dezembro de 1966), o Tribunal não esboçou qualquer reação às ilegalidades praticadas pelo regime, que lhe foram submetidas à análise, por meio da “judicialização

EL PODER JUDICIAL Y LAS DICTADURAS BRASILEÑAS 67

la vigencia del golpe militar en Brasil, el Tribunal concedió órdenes para determinar la liberación de presos políticos, que continuaron respondiendo a las acusaciones en la Justicia Común o incluso en la Justicia Militar, cuando esta era incompetente para juzgar a civiles antes de la vigencia del Acto Institucional número 2, del 27 de octubre de 1965.

Observamos igualmente que, a pesar de que el Supremo Tri-bunal Federal manifestara que vigoraba la libertad de expresión y opinión (conforme asegurado por la Constitución de 1946), los acusados continuaban siendo procesados por haber expresado su opinión en vehículos de comunicación e incluso en simples carteles y panfletos.

Asimismo, en 1964 el Supremo Tribunal Federal ya tenía cono-cimiento de la práctica de tortura física y psicológica, conforme denunciado por los familiares de Tarzan de Castro, en el habeas cor-pus nº 40.986. No obstante, el Tribunal no hizo ningún cuestion-amiento a los militares que habrían tomado prisionero al acusado.

En el transcurso de la prisión de Tarzan de Castro se puede veri-ficar la existencia de una guerrilla en la región norte del Estado de Goiás, el año 1962, que era reprimida por las fuerzas, que actuaban como “policía judicial” en investigación realizada mediante el Suma-rio Policial Militar.

Por otro lado, la investigación verificó también la prisión de ex-tranjeros en Brasil, en colaboración con dictadores de otros países, como eran los casos de Antônio Salazar, en Portugal, y Alfredo Stroessner, en Paraguay. Estas prisiones fueron mantenidas por el Supremo Tribunal Federal, como se confirmó en los habeas corpus n.º 41.913 (en que un estudiante portugués, sin pedido de extradición formal de su país, por orden del Ministro de Justicia quedó preso ad-ministrativamente en Brasil por haberse manifestado favorable a la independencia de Angola) y en el n.º 43.616 (relativo al ciudadano paraguayo encuadrado en la ley de Seguridad Nacional por com-prar armas para llevar a su país, para intentar derrocar al gobierno de Stroessner).

De esta forma, se puede deducir que una institución civil (caso del Supremo Tribunal Federal) puede haber colaborado con el for-talecimiento de la dictadura en Brasil, entre 1964/1985, a medida que, en los dos primeros años (de abril de 1964 a diciembre de

68 PODER JUDICIÁRIO E AS DITADURAS BRASILEIRAS

da política” exercida pelas pessoas presas à época, que recorriam ao tribunal na esperança de terem assegurado seus direitos constitucionais de liberdade de expressão e de não serem presos e processados abusivamente, mediante acusações vagas e genéricas que lhes impunham o rótulo de “comunistas” e “subversivos” da ordem imposta autoritariamente, a partir de 1.o de abril de 1964.

Com efeito, ainda que o Supremo Tribunal Federal tenha relaxado as prisões em 64% dos processos de habeas corpus (examinados na pesquisa) que chegaram ao seu conhecimento, aquele tribunal manteve ativas as acusações e os processos em 85% dos casos, pois ordenou a extinção ou o trancamento de somente 15% das ações penais, prolongando a agonia das pessoas encarceradas e de seus familiares.

Portanto, em resposta à hipótese levantada na investigação, entendemos ser possível afirmar que o Supremo Tribunal Federal pode ter colaborado para o recrudescimento da ditadura militar no Brasil, a partir do início do ano de 1969, com a entrada em vigor do Ato Institucional n.º 5, de 13/12/1968, em consequência das diversas omissões dos membros do tribunal, os quais se eximiram de manifestar uma oposição mais contundente contra as violações dos direitos individuais, praticadas contra civis que eram presos apenas por terem se manifestado contra o regime, os quais, mesmo logrando o relaxamento da prisão, continuavam a ser processados, inclusive pela Justiça Militar,

Por fim, consideramos importante realçar que uma das maneiras mais insidiosas de se impor um regime de exceção consiste na realização de “testes”, mediante ataques frequentes às instituições políticas, que, ao aceitar com passividade e sem esboçar qualquer resistência os abusos praticados, fortalecem os déspotas de plantão (tanto no passado como no presente), a cada ato e seguem testando novos limites. Tal e qual o Supremo Tribunal Federal e seus integrantes, no período pesquisado, entre abril de 1964 a dezembro de 1966.

EL PODER JUDICIAL Y LAS DICTADURAS BRASILEÑAS 69

1966), el Tribunal no planeó ninguna reacción a las ilegalidades practicadas por el régimen, que le fueron sometidas para análisis, por medio de la “judicialización de la política” ejercida por las personas presas en la época, que recurrían al tribunal con la espe-ranza de haber asegurado sus derechos constitucionales de libertad de expresión y de no ser presos y procesados abusivamente, a través de acusaciones vagas y genéricas que les imponían el rótulo de “comunistas” y “subversivos” de orden impuesta autoritariamente, a partir del 1o de abril de 1964.

En efecto, aunque el Supremo Tribunal Federal haya liberado las prisiones en un 64% de los procesos de habeas corpus (examinados en la investigación) que llegaron a su conocimiento, aquel tribunal mantuvo activas las acusaciones y los procesos en un 85% de los casos, ya que ordenó la extinción o archivo de solamente un 15% de las acciones penales, prolongando la agonía de las personas encar-celadas y de sus familiares.

Por lo tanto, en respuesta a la hipótesis levantada en la inves-tigación, se entiende que es posible afirmar que el Supremo Tribu-nal Federal puede haber colaborado para el recrudecimiento de la dictadura militar en Brasil, a partir del inicio del año 69, con la en-trada en vigor del Acto Institucional n.º 5, de 13/12/1968, en con-secuencia de las diversas omisiones de los miembros del tribunal, quienes se eximieron de manifestar una oposición más contundente contra las violaciones de los derechos individuales, practicadas con-tra civiles que eran presos tan solo por haberse manifestado contra el régimen, los cuales, aunque hubieran logrado la liberación de la prisión, continuaban siendo procesados, incluso por la Justicia Militar,

Por fin, consideramos importante realzar que una de las mane-ras más insidiosas de imponerse a un régimen de excepción consiste en la realización de “pruebas”, a través de ataques frecuentes a las instituciones políticas, que, al aceptar con pasividad y sin planear ninguna resistencia a los abusos practicados, fortalecen a los dés-potas de turno (tanto del pasado como del presente), a cada acto y siguen poniendo a prueba nuevos límites. Tal y como sucedió con el Supremo Tribunal Federal y sus integrantes, en el período inves-tigado, de abril de 1964 a diciembre 1966.

70 PODER JUDICIÁRIO E AS DITADURAS BRASILEIRAS

Referências bibliográficas

ALVES, Taiara Souto. Dos quartéis aos tribunais: a atuação das auditorias militares de Porto Alegre e Santa Maria no julgamento de civis em processos políticos referentes às leis de segurança nacional (1964-1978). 2009. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009.

BALZ, C.C. O Tribunal de Segurança Nacional: aspectos legais e doutrinários de um tribunal da Era Vargas (1936-1945). Florianópolis: dissertação, Centro de Pós-graduação em Direito da Universidade Federal de Santa Catarina, 2009. Disponível em https://www.repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/92317/269346.pdf?sequence=1 Acesso em: 21 nov. 2014.

BRASIL. Lei n. 38, de 04 de abril de 1934. Define os crimes contra a ordem política e social. Diário Oficial da União, Seção 1, Brasília, 8 abr. 2005. Disponível em http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1930-1939/lei-38-4-abril-1935-397878-publicacaooriginal-1-pl.html. Acesso em: 17 jun. 2015.

BRASIL. Decreto Legislativo número 06, de 18/12/1935. Diário Oficial da Câmara dos Deputados, Rio de Janeiro, 19 dez. 1935. Disponível em http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decleg/1930-1939/decretolegislativo-6-18-dezembro-1935-532805-publicacaooriginal-15177-pl.html Acesso em: 21 jul. 2015.

BRASIL. Lei n. 244, de 11 de setembro de 1936. Institui, como órgão da Justiça Militar, o Tribunal de Segurança Nacional, que funcionará no Distrito Federal sempre que for decretado estado de guerra e dá outras providencias. Diário Oficial da União, Rio de Janeiro, 12 set. 1936. Disponível em http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1930-1939/lei-244-11-setembro-1936-503407-publicacaooriginal-1-pl.html Acesso em: 16 mai. 2014.

BRASIL. Decreto-lei n. 88, de 20 de dezembro de 1937. Modifica a Lei 244, de 11 de setembro de 1936, que instituiu o Tribunal de Segurança Nacional e dá outras providencias. Diário Oficial da União, Rio de Janeiro, 24 dez. 1937. Disponível em http://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1930-1939/decreto-lei-88-20-dezembro-1937-350832-publicacaooriginal-1-pe.html Acesso em: 15 jun. 2015.

BRASIL. Decreto-lei n. 1.393, de 29 de junho de 1939. Modifica o Decreto-lei n. 1.261, de 10 de maio de 1939. Diário Oficial da União, Rio de Janeiro, 17 jul. 1939. Disponível em http://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1930-1939/decreto-lei-1393-29-junho-1939-348691-publicacaooriginal-1-pe.html Acesso em: 17 jun. de 2015.

BRASIL. Atos Institucional 02, de 27 de outubro de 1965. Mantém a Constituição Federal de 1946, as Constituições Estaduais e respectivas Emendas, com as alterações introduzidas pelo Poder Constituinte originário da Revolução de 31.03.1964, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 27 out. 1965. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/AIT/ait-02-65.htm. Acesso em: 13 dez. 2014.

EL PODER JUDICIAL Y LAS DICTADURAS BRASILEÑAS 71

Referencias bibliográficas

ALVES, Taiara Souto. Dos quartéis aos tribunais: a atuação das auditorias militares de Porto Alegre e Santa Maria no julgamento de civis em processos políticos referentes às leis de segurança nacional (1964-1978). 2009. Disertación (Máster en Historia) – Universidad Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009.

BALZ, C.C. O Tribunal de Segurança Nacional: aspectos legais e doutrinários de um tribunal da Era Vargas (1936-1945). Florianópolis: disertación, Centro de Pos graduación en Derecho de la Universidad Federal de Santa Catarina, 2009. Disponible en: https://www.repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/92317/269346.pdf?sequence=1 Acceso en: 21 nov. 2014.

BRASIL. Ley n. 38, de 04 de abril de 1934. Define los crímenes contra la orden política y social. Diario Oficial de la Unión, Sección 1, Brasilia, 8 abr. 2005. Disponible en: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1930-1939/lei-38-4-abril-1935-397878-publicacaooriginal-1-pl.html. Acceso en: 17 jun. 2015.

BRASIL. Decreto Legislativo número 06, de 18/12/1935. Diario Oficial de la Cámara de los Diputados, Río de Janeiro, 19 dic. 1935. Disponible en: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decleg/1930-1939/decretolegislativo-6-18-diciembre-1935-532805-publicacaooriginal-15177-pl.html Acceso en: 21 jul. 2015.

BRASIL. Ley n. 244, de 11 de septiembre de 1936. Instituye, como órgano de la Justicia Militar, el Tribunal de Seguridad Nacional, que funcionará en el Distrito Federal siempre que sea decretado estado de guerra y de otras providencias. Diario Oficial de la Unión, Río de Janeiro, 12 sept. 1936. Disponible en: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1930-1939/lei-244-11-septiembre-1936-503407-publicacaooriginal-1-pl.html Acceso en: 16 mayo. 2014.

BRASIL. Decreto-ley n. 88, de 20 de diciembre de 1937. Modifica la Ley 244, de 11 de septiembre de 1936, que instituyó el Tribunal de Seguridad Nacional y da otras providencias. Diario Oficial de la Unión, Río de Janeiro, 24 dic. 1937. Disponible en: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1930-1939/decreto-lei-88-20-diciembre-1937-350832-publicacaooriginal-1-pe.html Acceso en: 15 jun. 2015.

BRASIL. Decreto-ley n. 1.393, de 29 de junio de 1939. Modifica el Decreto-ley n. 1.261, de 10 de mayo de 1939. Diario Oficial de la Unión, Río de Janeiro, 17 jul. 1939. Disponible en: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1930-1939/decreto-lei-1393-29-junho-1939-348691-publicacaooriginal-1-pe.html Acceso en: 17 junio de 2015.

BRASIL. Actos Institucionales 02, de 27 de octubre de 1965. Mantiene la Constitución Federal de 1946, las Constituyentes Estatales y respectivas Enmiendas, con las alteraciones introducidas por el Poder Constituyente original de la Revolución del 31.03.1964, y da otras providencias. Diario Oficial de la Unión, Brasilia, 27 oct. 1965. Disponible en: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/AIT/ait-02-65.htm. Acceso en: 13 dic. 2014.

72 PODER JUDICIÁRIO E AS DITADURAS BRASILEIRAS

BRASIL. Lei 6.683, de 29 de agosto de 1979. Concede anistia e dá outras providências.

Diário Oficial da União, Brasília, 28 ago 1979. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6683.htm Acesso em: 25 nov. 2014.

BRASIL. Emenda Constitucional nº 26, de 27 de Novembro de 1985 Convoca Assembléia Nacional Constituinte e dá outras providências. Disponível em http://www3.al.sp.gov.br/historia/constituinte-estadual-1988 89/constituinte/Arquivos_avulsos_em_html/Emenda_Constitucional_n_26_1985.htm. Acesso em: 20 set. 2015.

BRASIL. Constituição Federal de 1988. Diário Oficial da União, Brasília, 05 out. 1988. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 20 abr. 2015.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal (STF). Composições plenárias do Supremo Tribunal Federal (recurso eletrônico). Supremo Tribunal Federal, Brasília: STF, 2012.

BRASIL. Comissão Nacional da Verdade, Relatório, Brasília: CNV, 2014. Disponível em http://www.cnv.gov.br/index.php/outros-destaques/574-conheca-e-acesse-o-relatorio-final-da-cnv Acesso em: 11 dez 2014.

CARVALHO, Claudia Paiva. Intelectuais, cultura e repressão política na ditadura brasileira (1964-1967): relações entre direito e autoritarismo. 2013. Dissertação (Mestrado em Direito) – Universidade de Brasília, Brasília, 2013.

D’ARAÚJO, Maria Celina. Memória de democratização e amnistia no Brasil. In (orgs) PIMENTEL, Irene Flunser e REZOLA, Marcia Inácia. Democracia, ditadura: memoria e justiça política. Tinta Chinesa: Lisboa, 2013.

FERREIRA, Siddharta Legale e FERNANDES, Eric B. O STF nas Cortes de Victor Nunes Leal, Moreira Alves e Gilmar Mendes. Revista Direito GV 17, São Paulo, 9 (1), jan-jun 2013, p. 23-46.

FRANÇA, Andréa da Conceição Pires. Doutrina e legislação: os bastidores da política dos militares no Brasil (1964-1985). 2009. Dissertação (Mestrado em História Social) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.

GUAZZELLI, Dante Guimaraens. A lei era a espada: a atuação do advogado Eloar Guazzelli na Justiça Militar (1964-1979). 2011. Dissertação (Mestrado em História) - – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011.

HUNGRIA, N. A lei de segurança nacional. Archivo Judiciário, Rio de Janeiro, v. 34, abr.-jun. 1935.

LEAL, Victor Nunes. Coronelismo, enxada e voto – o município e o regime representativo no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

NUNES, D. O Tribunal de Segurança Nacional e o valor da prova testemunhal: o debate sobre o princípio do livre convencimento do juiz a partir do julgamento do processo n. 1.355, Revista Eletrônica Direito e Política, Programa de Pós-

EL PODER JUDICIAL Y LAS DICTADURAS BRASILEÑAS 73

BRASIL. Ley 6.683, de 29 de agosto de 1979. Concede amnistía y da otras providencias.

Diario Oficial de la Unión, Brasilia, 28 agosto 1979. Disponible en: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6683.htm Acceso en: 25 nov. 2014.

BRASIL. Emenda Constitucional nº 26, de 27 de Noviembre de 1985 Convoca Asamblea Nacional Constituyente y da otras providencias. Disponible en: http://www3.al.sp.gov.br/historia/constituinte-estadual-1988 89/constituinte/Arquivos_avulsos_em_html/Emenda_Constitucional_n_26_1985.htm. Acceso en: 20 sept. 2015.

BRASIL. Constitución Federal de 1988. Diario Oficial de la Unión, Brasilia, 05 oct. 1988. Disponible en:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acceso en: 20 abr. 2015.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal (STF). Composiciones plenarias del Supremo Tribunal Federal (recurso electrónico). Supremo Tribunal Federal, Brasilia: STF, 2012.

BRASIL. Comisión Nacional de la Verdad, Informe, Brasilia: CNV, 2014. Disponible en: http://www.cnv.gov.br/index.php/outros-destaques/574-conheca-e-acesse-o-relatorio-final-da-cnv Acceso en: 11 dic 2014.

CARVALHO, Claudia Paiva. Intelectuais, cultura e repressão política na ditadura brasileira (1964-1967): relações entre direito e autoritarismo. 2013. Disertación (Máster en Derecho) – Universidad de Brasilia, Brasilia, 2013.

D’ARAÚJO, Maria Celina. Memória de democratização e amnistia no Brasil. In (orgs) PIMENTEL, Irene Flunser e REZOLA, Marcia Inácia. Democracia, ditadura: memoria e justiça política. Tinta Chinesa: Lisboa, 2013.

FERREIRA, Siddharta Legale e FERNANDES, Eric B. O STF nas Cortes de Victor Nunes Leal, Moreira Alves e Gilmar Mendes. Revista Direito GV 17, São Paulo, 9 (1), ene-jun 2013, p. 23-46.

FRANÇA, Andréa da Conceição Pires. Doutrina e legislação: os bastidores da política dos militares no Brasil (1964-1985). 2009. Disertación (Máster en Historia Social) – Universidad de São Paulo, São Paulo, 2009.

GUAZZELLI, Dante Guimaraens. A lei era a espada: a atuação do advogado Eloar Guazzelli na Justiça Militar (1964-1979). 2011. Disertación (Máster en Historia) - – Universidad Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011.

HUNGRIA, N. A lei de segurança nacional. Archivo Judicial, Río de Janeiro, v. 34, abr.-jun. 1935.

LEAL, Victor Nunes. Coronelismo, enxada e voto – o município e o regime representativo no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

NUNES, D. O Tribunal de Segurança Nacional e o valor da prova testemunhal: o debate sobre o princípio do livre convencimento do juiz a partir do julgamento do processo n. 1.355, Revista Eletrônica Direito e Política, Programa de Posgraduación Stricto-

74 PODER JUDICIÁRIO E AS DITADURAS BRASILEIRAS

Graduação Stricto-sensu em Ciência Jurídica da UNIVALI, Itajaí, v. 8, n.2, 2o quadrimestre 2013.

PADRÓS, Enrique Serra. Como el Urugay no hay: terror de Estado e segurança nacional no Uruguai (1968-1985): do pachecato à ditadura civil-militar. 2005. Tese (Doutorado em História) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005.

PIMENTEL, Irene Flunser e REZOLA, Marcia Inácia. Democracia, ditadura: memoria e justiça política. Tinta Chinesa: Lisboa, 2013.

REZOLA, Marcia Inácia. Justiça e transição: os juízes dos tribunais plenários no processo revolucionário português. In (orgs) PIMENTEL, Irene Flunser e REZOLA, Marcia Inácia. Democracia, ditadura: memoria e justiça política. Tinta Chinesa: Lisboa, 2013.

SILVA, E.L. O salão dos passos perdidos: depoimentos ao CPDOC. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.

TEIXEIRA DA SILVA, Francisco Carlos. Os tribunais da ditadura: o estabelecimento da legislação de segurança nacional no Estado Novo. In: PINTO, A.C., MARTINHO, F.C.P. (Orgs.), Lisboa, Imprensa de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, 2008.

TEIXEIRA DA SILVA, Francisco Carlos. A anistia, o STF, Amarildo e dona Claudia Ferreira: elos da história! Rio de Janeiro: (S.d), mesa redonda realizada no Arquivo Nacional, em 18 set. 2015.

VALÉRIO, Otávio Lucas Solano. A toga e a farda: o Supremo Tribunal Federal e o Regime Militar (1964-1969). 2010. Dissertação (Mestrado em Filosofia e Teoria Geral do Direito) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.

VISEU, F. e BIN, B. Democracia deliberativa: leitura crítica do caso CDES à luz da teoria do discurso, Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 42, n.1, jan./feb. 2008.

EL PODER JUDICIAL Y LAS DICTADURAS BRASILEÑAS 75

sensu en Ciencias Jurídicas de la UNIVALI, Itajaí, v. 8, n.2, 2o cuadrimestre 2013.

PADRÓS, Enrique Serra. Como el Urugay no hay: terror de Estado e segurança nacional no Uruguai (1968-1985): do pachecato à dictadura civil-militar. 2005. Tesis (Doctorado en Historia) – Universidad Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005.

PIMENTEL, Irene Flunser e REZOLA, Marcia Inácia. Democracia, dictadura: memoria e justiça política. Tinta Chinesa: Lisboa, 2013.

REZOLA, Marcia Inácia. Justiça e transição: os juízes dos tribunais plenários no processo revolucionário português. In (orgs) PIMENTEL, Irene Flunser e REZOLA, Marcia Inácia. Democracia, dictadura: memoria e justiça política. Tinta Chinesa: Lisboa, 2013.

SILVA, E.L. O salão dos passos perdidos: depoimentos ao CPDOC. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.

TEIXEIRA DA SILVA, Francisco Carlos. Os tribunais da ditadura: o estabelecimento da legislação de segurança nacional no Estado Novo. In: PINTO, A.C., MARTINHO, F.C.P. (Orgs.), Lisboa, Imprensa de Ciências Sociais da Universidad de Lisboa, 2008.

TEIXEIRA DA SILVA, Francisco Carlos. A anistia, o STF, Amarildo e dona Claudia Ferreira: elos da história! Rio de Janeiro: (S.d), mesa redonda realizada en el Archivo Nacional, en 18 sept. 2015.

VALÉRIO, Otávio Lucas Solano. A toga e a farda: o Supremo Tribunal Federal e o Regime Militar (1964-1969). 2010. Disertación (Máster en Filosofía y Teoría General del Derecho) – Universidad de São Paulo, São Paulo, 2010.

VISEU, F. e BIN, B. Democracia deliberativa: leitura crítica do caso CDES à luz da teoria do discurso, Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 42, n.1, ene/feb. 2008.

76 PODER JUDICIÁRIO E AS DITADURAS BRASILEIRAS

Sobre o autor

Jorge Rubem Folena de Oliveira, nasceu em 22 de janeiro de 1968, na cidade do Rio de Janeiro, Brasil. Graduou-se em di-reito, na Faculdade Nacional de Direito da Universidade Fede-ral do Rio de Janeiro (UFRJ). É doutor em ciências políticas e relações internacionais pelo Instituto de Pesquisa do Rio de Janeiro (IUPERJ).

Jorge Folena é advogado militante, diretor de Direitos Huma-nos da Casa da América Latina e membro do Instituto dos Advogados Brasileiros.

Sobre el autor

Jorge Rubem Folena de Oliveira, nació el 22 de enero de 1968, en la ciudad de Río de Janeiro, Brasil. Se graduó en derecho, en la Facultad Nacional de Derecho de la Universidad Federal do Río de Janeiro (UFRJ). Es doctor en ciencias políticas y relaciones internacionales por el Instituto de Investigaciones Universitario de Rio de Janeiro (IUPERJ).

Jorge Folena es abogado militante, director de Derechos Humanos de la Casa de América Latina y miembro del Instituto de Abogados Brasileños.