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jornalismo impresso Professor mestre Artur Araujo (artur.araujo@puc- campinas.edu.br) A entrevista Acesse o site: http://docentes.puc-campinas.edu.br/clc/arturaraujo/ se o FTP: ftp://ftp-acd.puc-campinas.edu.br/pub/professores/clc/artur.araujo

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jornalismo impresso Professor mestre Artur Araujo ([email protected])

A entrevista

Acesse o site: http://docentes.puc-campinas.edu.br/clc/arturaraujo/

Acesse o FTP: ftp://ftp-acd.puc-campinas.edu.br/pub/professores/clc/artur.araujo/

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Uma palavra, dois conceitos O termo “entrevista” significa na verdade

duas coisas distintas. É uma técnica de apuração jornalística a qual

todos precisam praticar e conhecer. É um gênero jornalístico específico, visto como

“nobre” na profissão.

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Habilidades para a profissão A atividade jornalística implica duas

competências distintas e específicas: A competência investigativa A competência discursiva

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Competência investigativa A competência investigativa implica, no caso do

jornalismo, um conjunto de habilidades:1. Saber investigar significa saber o que é notícia. É aquilo que

alguns profissionais chamam de “faro jornalístico”.2. Saber investigar significa saber onde, como e quem procurar

para levantar informações.3. Saber investigar significa também saber perguntar e criar

métodos de verificação e controle das informações fornecidas por fontes.

4. Saber investigar significa, da mesma forma, identificar o que você quer saber com sua apuração. Onde você acha que vai chegar? Ter consciência disso ajuda o profissional a não perder o foco durante a investigação.

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Como entrevistar

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Faro jornalístico Ter faro jornalístico significa saber o que é

notícia, mas o que é notícia? O termo “faro” dá a entender que tal habilidade seria algo instintivo, inato. Não é, porém o caso.

Vimos, na última aula, a definição de notícia em nosso Guia Prático.

Notícia, basicamente, é um fato que, de alguma maneira, interessam a um número significativo de pessoas.

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Levantar informações Como o jornalista chega a esses

acontecimentos de interesse público? Os jornalistas não têm o dom da onipresença nem o da onisciência. As redações têm esquemas de apuração para saber o que se passa. Basicamente, os jornais utilizam três modos fundamentais de saber o que está acontecendo para estabelecer padrões do que é noticiável.

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Como se detectam os fatos? Por meio das rondas (rotinas de

checagem em instituições como delegacias, corpo de bombeiros e unidades de defesa civil), assim como assessorias de imprensa e mediante personagens preeminentes com bom relacionamento com a redação.

Por meio de outras mídias, como o noticiário das emissoras de televisão e rádio, outros jornais e sites jornalísticos. Por isso, aliás, é importante para o jornalista manter-se continuamente atualizado, lendo jornais e revistas, acessando sites e acompanhando o noticiário de televisão e jornal.

Por meio da informação de leitores e da observação direta dos jornalistas.

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Como chegam as notícias

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O papel das fontes “Vejo as notícias

como informação que é transmitida de fontes para audiências, com jornalistas – que são tanto empregados de uma organização comercial-burocrática quanto membros de uma profissão – que resumem, refinam e mudam o que é disponibilizado a eles pelas fontes, de modo a tornar a informação disponível para suas audiências”

Herbert Gans (*1927)

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O papel das fontes “Por ‘fontes’, eu

quero dizer os atores observados ou entrevistados por jornalistas, incluindo aí tanto os entrevistados que aparecem no ar e aqueles que são citados em artigos de revistas quanto aqueles que somente fornecem informações de suporte ou sugestão de matérias”.

Herbert Gans (*1927)

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O papel das fontes “A principal

característica das fontes é que elas fornecem informações como membros ou representantes de grupos, organizados e desorganizados, e ainda largos setores da nação e da sociedade.”

Herbert Gans (*1927)

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A entrevista O fundamento do trabalho jornalístico é a

entrevista. É com ela que levantamos as informações necessárias.

Há 4 tipos de entrevista.

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Quatro tipos de entrevista Entrevista ocasional – Não é

programada ou combinada previamente. O entrevistado é questionado sobre algum assunto.

Entrevista de confronto – É a entrevista em que o repórter assume o papel de inquisidor. É muito comum com políticos e presos por alguma acusação.

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Quatro tipos de entrevista Entrevista coletiva – Trata-se de um ritual do jornalismo.

Assessorias de imprensa agendam diversas publicações para falar com uma determinada autoridade. É uma fórmula que atualmente está desgastada: a maioria dos jornais prefere entrevistas exclusivas (dialogal, na classificação de Lage). As entrevistas coletivas só fazem sentido quando a personalidade é extremamente famosa e/ou rica e/ou poderosa (presidente da república, Bill Gates, Rolling Stones, Bono Vox etc). Por isso, um recado aos assessores de imprensa: cuidado ao marcar uma coletiva.

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Entrevista coletiva – documentário “Helen Thomas”

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Quatro tipos de entrevista Entrevista dialogal – É a entrevista por

excelência. É também chamada de “exclusiva”, mas só é assim chamada quando a personalidade tem razoável dose de prestígio e quando apenas um órgão de imprensa a conseguiu. É marcada com antecedência e reúne entrevistado e entrevistador em ambiente controlado.

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Entrevista dialogal

Rosental Calmon Alves, diretor do Knight Center for Journalism in the

Americas, da Universidade do Texas

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Quatro modos de se entrevistar Pessoalmente – É a forma mais apropriada, pois permite

ao jornalista acompanhar as reações da fonte e estabelece uma oportunidade para tornar mais efetivo o contato com a fonte.

Via telefone – O encolhimento das redações jornalísticas tornou esse recurso muito comum. É um meio prático para fazer rápidas checagens ou para fazer contato com pessoas em locais distantes, mas em entrevistas mais demoradas é, na melhor das hipóteses, um “mal necessário”.

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Quatro modos de se entrevistar Via e-mail – Entrevistas por e-mail podem ser uma saída

em alguns casos, mas elas têm dois incovenientes: nunca temos certeza absoluta se quem nos responde é a fonte mesmo e não temos como aproveitar para aprofundar uma resposta da fonte, pois há uma assincronia na relação.

Via meios digitais on-line em tempo real (chat, msn, etc)... – Esse contato pode ser, no futuro, uma versão melhorada da entrevista telefônica, mas a tecnologia ainda deixa a desejar.

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Modos de registrar entrevista Bloco de notas (sempre necessário) – Nunca deixe de fazer

anotações durante uma entrevista. É sua garantia de que tudo ficará registrado, mesmo se outro equipamento falhar.

Gravador – Gravadores já deixaram muitos bons jornalistas na mão, seja porque o áudio ficou ruim, seja porque a pilha estava fraca, seja porque alguém apagou sem querer os registros, seja por qualquer outro motivo. Nunca confie apenas no gravador.

Meios eletrônicos (e-mail, memorial de mensagens etc do MSN etc) – O risco de perder os dados por conta de vírus, deleção acidental etc é quase tão grande quanto no caso do gravador. Faça um backup e, se for possível, imprima o material.

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Pré-requisitos da entrevista Se a entrevista é uma conversa dirigida

para um fim, é preciso o repórter ter bem em mente o que ele quer saber da fonte Monte um roteiro de perguntas. Informe-se do melhor modo possível sobre o

tema, para saber dialogar com o entrevistado. Um bom repórter nunca chega ignorante.

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Dicas elementares para “salvar” uma entrevista Se a fonte tem dificuldades de expressão, pergunte

afirmando e peça para ela dizer se concorda ou discorda do que você disse.

Se uma frase ficou truncada na gravação, use o discurso indireto. Exemplo: O entrevistado diz: “A gente... estamos preparados para esse tipo de problema”.

Você escreve que: “Ele disse que ele e a equipe estão preparados para esse tipo de

problema”.

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Cuidados ao abordar a fonte Seja educado. Repórteres precisam saber abordar as

pessoas. Identifique-se, diga o motivo pelo qual você procura a fonte e pergunte qual o melhor momento para a entrevista.

Informe-se. Nada é mais patético que um repórter que desconhece o assunto que está tratando.

Crie um roteiro. Liste aquilo que você quer saber, esboce perguntas. Desse modo, a conversa terá um foco.

Deixe a fonte falar. Quanto mais à vontade, maior a chance de boas respostas.

Ouça o que a fonte fala. Alguns repórteres ficam tão preocupados na pergunta que esquecem o que ouviram da fonte. Nesse caso, perdem grandes chances de aprofundar a pergunta.

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Cuidados ao abordar a fonte Peça dados extras. Principalmente quando você aborda

fontes institucionais, é interessante solicitar recursos extras para você se informar melhor do caso, como press kits ou relatórios sobre o tema.

Peça um telefone ou e-mail. Às vezes, o repórter lembra-se depois de fazer uma pergunta importante (o que não é bom, mas acontece) ou mesmo nota que alguma informação está pouco clara. Nesses casos, ter um e-mail ou telefone é de grande valia para o jornalista.

Cuidado com fontes “generosas”, seja pela qualidade da informação que lhe fornece, seja pela prodigalidade dos brindes. A idéia, em muitos casos, é pura e simplesmente conquistar a simpatia e a conivência dos jornalistas.

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O caso Watergate

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A natureza das fontes Oficiais – São mantidas por instituições e estão autorizadas a falar por

elas. Sempre devem ser citadas na reportagem. Oficiosas – São reconhecidamente ligadas a instituições, mas não têm

autoridade para falar por elas ou pedem sigilo para o que vão passar. O repórter deve registrar essas declarações (gravador ou recursos alternativos), mas não deve citá-las na reportagem, exceto vagamente. Pela natureza da fonte oficiosa, o jornalista deve sempre ter cuidado com elas.

Independentes – São aquelas desvinculadas de instituições (como testemunhas de um crime) ou de instituições que não têm relação direta com a notícia (o que é um critério às vezes difícil de definir). Costumam ser citadas abertamente na reportagem (exceto em casos de crimes, no qual a testemunha pode correr perigo se exposta).

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Citação do dia Vejamos: é desejável, para um jornalista, para um órgão de comunicação uma postura de neutralidade. (...) "Neutro" a favor de quem? (...) "Imparcial" contra quem? (...) "Isento" para que lado? (...) Assim é defensável que o jornalismo, ao contrário do que muitos preconizam, deve ser não-neutro, não-imparcial e não-isento diante dos fatos da realidade. Perseu Abramo (1929-1996)

Jornalista brasileiro