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II Jornada Nacional da Produção Científica em Educação Profissional e Tecnológica São Luís/MA - 2007 * [email protected] PROJETO GRÁFICO PARA O GRUPO DE DANÇA POTLACH Anna Paula STÖLF (1); Joana Knobbe FERREIRA* (1); Silmar PEREIRA (1); Rodrigo Gonçalves dos SANTOS (1) (1) Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina. Curso Superior de Tecnologia em Design de Produtos. Programa de Educação Tutorial (PETdesign CEFET/SC) – SESu/MEC RESUMO O presente trabalho trata de um projeto de extensão realizado pelo PETdesign (CEFET/SC), que consiste na elaboração, concepção e concretização do material de divulgação para um espetáculo do Grupo de Dança Potlach, que desenvolve o projeto “Dança para Jovens e Adultos com cegueira”, estando vinculado ao Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Diferença, Estereótipos e Educação, do Centro de Ciências e Educação da UFSC. O projeto gráfico realizado seguiu as etapas de Problematização, Conceituação e Especificação (PEÓN, 2003), em que foram trabalhadas questões como: a conexão com o sagrado; as regras do quotidiano e a preocupação excessiva com as questões do dia-a-dia; o acolhimento, o contato e a busca do outro; a relação entre o nome e a identidade, a relação entre o “eu” e o “mundo”; a relação entre a indiferença de quem vê e a percepção de quem não vê e as demais relações entre o “ver” e o “não ver”. Assim, obteve-se como resultado um cartaz, sete modelos de programas para distribuição na entrada do espetáculo e flyers, para divulgação do espetáculo e da companhia. Palavras-chave: Design gráfico. Extensão. Dança. 1. INTRODUÇÃO O projeto gráfico para o Grupo de Dança POTLACH constituiu um trabalho de extensão realizado pelo PETdesign – Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina (CEFET/SC), e vinculado à SESu/MEC – , em parceria com o Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Diferença, Estereótipos e Educação, vinculado ao Centro de Ciências da Educação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e ao Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq. O projeto constituiu-se na elaboração, concepção e concretização do material de divulgação do espetáculo “Que sei eu?”, apresentado pela companhia no dia 09 de novembro de 2007. Foram concebidos, para a divulgação impressa, um cartaz em formato A3 e flyers para distribuição; e programas para a entrega na entrada do teatro. Para isso, adotou-se uma simplificação do método utilizado para sistemas de identidade visual, sugerido por Peón (2003), que contempla as fases de Problematização, Concepção e Especificação. 2. MÉTODO A etapa de Problematização consiste no “reconhecimento da situação de projeto” (PEÓN, 2003, p. 52). Nela são recolhidos todos os dados necessários ao desenvolvimento de uma solução. Durante a etapa de Conceituação são geradas alternativas de solução, que passam por um processo de seleção e avaliação com o cliente de projeto. Após a seleção de uma alternativa, esta é refinada e preparada – etapa de Especificação – para a impressão e aplicação. 3. CLIENTE DE PROJETO: GRUPO POTLACH O Grupo de Dança POTLACH atua inserido no grupo de estudos e pesquisa sobre Diferença, Estereótipos e Educação, do Centro de Ciências da Educação da UFSC e há mais de seis anos desenvolve o projeto “Dança para Jovens e Adultos com Cegueira”. O grupo, liderado pela Profa. Dra. Ida Mara Freire, conta com a participação de estudantes da Associação Catarinense de Interação do Cego e

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RESUMO 1. INTRODUÇÃO O Grupo de Dança POTLACH atua inserido no grupo de estudos e pesquisa sobre Diferença, Estereótipos e Educação, do Centro de Ciências da Educação da UFSC e há mais de seis anos desenvolve o projeto “Dança para Jovens e Adultos com Cegueira”. O grupo, liderado pela Profa. Dra. Ida Mara Freire, conta com a participação de estudantes da Associação Catarinense de Interação do Cego e * [email protected]

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II Jornada Nacional da Produção Científica em Educação Profissional e Tecnológica São Luís/MA - 2007

* [email protected]

PROJETO GRÁFICO PARA O GRUPO DE DANÇA POTLACH

Anna Paula STÖLF (1); Joana Knobbe FERREIRA* (1); Silmar PEREIRA (1); Rodrigo Gonçalves dos SANTOS (1)

(1) Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina. Curso Superior de Tecnologia em Design de Produtos.

Programa de Educação Tutorial (PETdesign CEFET/SC) – SESu/MEC

RESUMO

O presente trabalho trata de um projeto de extensão realizado pelo PETdesign (CEFET/SC), que consiste na elaboração, concepção e concretização do material de divulgação para um espetáculo do Grupo de Dança Potlach, que desenvolve o projeto “Dança para Jovens e Adultos com cegueira”, estando vinculado ao Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Diferença, Estereótipos e Educação, do Centro de Ciências e Educação da UFSC. O projeto gráfico realizado seguiu as etapas de Problematização, Conceituação e Especificação (PEÓN, 2003), em que foram trabalhadas questões como: a conexão com o sagrado; as regras do quotidiano e a preocupação excessiva com as questões do dia-a-dia; o acolhimento, o contato e a busca do outro; a relação entre o nome e a identidade, a relação entre o “eu” e o “mundo”; a relação entre a indiferença de quem vê e a percepção de quem não vê e as demais relações entre o “ver” e o “não ver”. Assim, obteve-se como resultado um cartaz, sete modelos de programas para distribuição na entrada do espetáculo e flyers, para divulgação do espetáculo e da companhia.

Palavras-chave: Design gráfico. Extensão. Dança.

1. INTRODUÇÃO

O projeto gráfico para o Grupo de Dança POTLACH constituiu um trabalho de extensão realizado pelo PETdesign – Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina (CEFET/SC), e vinculado à SESu/MEC – , em parceria com o Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Diferença, Estereótipos e Educação, vinculado ao Centro de Ciências da Educação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e ao Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq.

O projeto constituiu-se na elaboração, concepção e concretização do material de divulgação do espetáculo “Que sei eu?”, apresentado pela companhia no dia 09 de novembro de 2007. Foram concebidos, para a divulgação impressa, um cartaz em formato A3 e flyers para distribuição; e programas para a entrega na entrada do teatro.

Para isso, adotou-se uma simplificação do método utilizado para sistemas de identidade visual, sugerido por Peón (2003), que contempla as fases de Problematização, Concepção e Especificação.

2. MÉTODO

A etapa de Problematização consiste no “reconhecimento da situação de projeto” (PEÓN, 2003, p. 52). Nela são recolhidos todos os dados necessários ao desenvolvimento de uma solução.

Durante a etapa de Conceituação são geradas alternativas de solução, que passam por um processo de seleção e avaliação com o cliente de projeto. Após a seleção de uma alternativa, esta é refinada e preparada – etapa de Especificação –para a impressão e aplicação.

3. CLIENTE DE PROJETO: GRUPO POTLACH

O Grupo de Dança POTLACH atua inserido no grupo de estudos e pesquisa sobre Diferença, Estereótipos e Educação, do Centro de Ciências da Educação da UFSC e há mais de seis anos desenvolve o projeto “Dança para Jovens e Adultos com Cegueira”.

O grupo, liderado pela Profa. Dra. Ida Mara Freire, conta com a participação de estudantes da Associação Catarinense de Interação do Cego e

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alunas do curso de Pedagogia da UFSC, que buscam “uma experiência de ensino e apreciação da dança pautada na pesquisa perceptiva sobre o ver e o não ver” (GRUPO POTLACH, 2007).

As coreografias são compostas com base nas experiências cotidianas e memórias corporais dos dançarinos, em um processo de improvisação e contato corporal. Assim, o projeto explora a comunicação não-verbal e o contato com o outro, por meio da dança como uma experiência estética.

Até o ano de 2007, o grupo já havia realizado o espetáculo “Quatro” (dezembro/2003), e a apresentação de “Água Constante... processo coreográfico” (primeiro semestre de 2004). E em outubro deste ano, foi proposta a parceria entre o grupo de dança e o PETdesign para a execução do projeto gráfico do espetáculo “Que sei eu?”, que aconteceria no mês seguinte.

4. DESENVOLVIMENTO

4.1. Problematização

Ao receber a proposta de projeto, a equipe responsável explorou o sítio do Grupo na internet e coletou informações sobre o projeto e os espetáculos já realizados, assim como algumas fotografias.

Iniciou-se, então, a etapa de problematização, em que se sentiu a necessidade de uma maior aproximação ao contexto do espetáculo de dança para que o material de divulgação pudesse expressar visualmente os conceitos explorados pelo Grupo. Assim, foi agendada uma conversa com a Profa. Dra. Ida Mara, ocasião em que foi possível compreender a origem do nome do Grupo, a linha de pensamento adotada e as idéias que teceram cada coreografia que compõe o espetáculo. Além disso, foram apontados elementos interessantes dentre projetos gráficos de outras companhias de dança, coletados pela professora.

Assim, foi possível delimitar um briefing de projeto, para que, a partir das informações coletadas, fosse possível conceituar e executar o projeto gráfico. Em entrevista com a Profa. Ida Mara, foi decidido que o material deveria atender aos seguintes requisitos e restrições:

• Ter formato simples

• Aplicação de poucas cores

• Baixo custo de impressão

• Todos os integrantes do grupo deveriam aparecer nos impressos

• Programas: ter uma segunda utilidade (marcador de páginas, cartão postal, etc)

4.2. Conceituação: O espetáculo “Que sei eu?”

A conceituação partiu de uma conversa entre a equipe de desenvolvimento, a respeito das informações coletadas sobre o espetáculo “Que sei eu?”. O espetáculo é subdividido em coreografias que abordam questões como: a conexão com o sagrado; as regras do quotidiano e a preocupação excessiva com as questões do dia-a-dia; o acolhimento, o contato e a busca do outro; a relação entre o nome e a identidade, a relação entre o “eu” e o “mundo”; a relação entre a indiferença de quem vê e a percepção de quem não vê e as demais relações entre o “ver” e o “não ver”.

Diante deste cenário, a equipe realizou um processo de brainstorm (BAXTER, 2003, p. 66-67), em que as pessoas envolvidas têm a liberdade de falar qualquer idéia relacionada ao problema proposto, a fim de obter o máximo de idéias possíveis.

Assim, formas e elementos visuais e táteis foram sugeridos. Entre eles: a névoa, a neblina e o véu, que transmitem a incerteza do “ver e “não ver”, além “daquilo que está por traz” – como é o caso da busca pelo sagrado e da busca pelo “outro” –; a luz, como expressão máxima do sagrado em grande parte das religiões e crenças; o contraste entre o preto e o branco, o positivo e o negativo, em referência à visão e a ausência dela; bolhas e esferas salientes, em referência ao braile e como um estímulo tátil; e a utilização de tecido – elemento utilizado em duas coreografias que compõem o espetáculo.

A partir da avaliação dos conceitos levantados em brainstorm e das informações coletadas em entrevista, foi possível gerar desenhos de alternativas para o cartaz e para o programa. Uma das alternativas foi selecionada e detalhada em software gráfico (CorelDraw 12), para que fosse possível a obtenção do cartaz e os modelos de programas impressos.

O material impresso foi apresentado para a cliente e a alternativa foi aprovada, com pequenas modificações que foram realizadas na etapa de especificação.

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5. RESULTADOS FINAIS: ESPECIFICAÇÃO

Após as alterações necessárias, o material foi preparado e encaminhado para a impressão. O resultado final é apresentado a seguir.

Figura 1 – Cartaz A3

Figura 2 – Programa

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Figura 3 – Programa planificado 14x 19,5 cm (frente e verso)

Figura 4 – Modelos de capas para o programa

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O cartaz e a capa dos programas apresenta o nome da companhia, trabalhando com a luz e a névoa, em um jogo de figura/fundo em que as letras “saltam” da sombra ao seu redor. O cartaz também apresenta fragmentos das fotos de cada bailarino, tratadas em forte contraste preto/branco.

Para o programa, foram criados 7 modelos de capa, cada um com a foto de um dos bailarinos, como mostrado na Figura 4. A parte interna (Figura 3) apresenta as informações sobre o Grupo e sobre o espetáculo e os mesmos fragmentos de fotos do cartaz, gerando uma relação repetição e unidade entre o material de divulgação.

Os flyers, em formato de marcador de página, seguem os mesmos conceitos aplicados ao cartaz a ao programa, apresentando também 7 modelos, com a foto de um bailarino cada (Figura 5).

Figura 5 – Modelos de flyers

6. CONCLUSÃO

A trama conceitual e as vivências que tecem o trabalho do Grupo Potlach constituíram um rico campo de exploração de idéias visuais e táteis, durante o desenvolvimento do projeto.

A solução proposta teve plena aceitação pela cliente e atendeu às restrições financeiras apresentadas pelo Grupo. Para isso, as sensações táteis foram eliminadas da proposta final. Contudo, o material manteve sua carga subjetiva e expressiva para o público vidente.

Durante o espetáculo, no dia 09 de novembro de 2007, pode-se observar a curiosidade e a troca ocasionada pelos diferentes modelos de programas. As pessoas da platéia entusiasmavam-se ao observar que haviam recebido programas com fotos diferentes, e passavam a mostrar umas às outras o material recebido.

Assim, a equipe responsável pela concepção do material gráfico de divulgação do espetáculo “Que sei eu?”, do grupo de dança Potlach, teve grande satisfação em realizar o projeto de extensão.

O projeto encerrou-se já havendo a proposta, para um futuro próximo, de realizar a identidade visual do Grupo, e um material de divulgação em formato de revista. Espera-se que a parceria entre o PETdesign e o grupo Potlach tenha continuidade, estreitando, assim, as relações entre os campos da dança e do design.

REFERÊNCIAS

ALTERITAS. Disponível em: <http://www.ced.ufsc.br/alteritas/index.htm> Acesso em: 05 nov 2007. BAXTER, Mike. Projeto de produto: guia prático para o design de novos produtos. São Paulo: Edgard Blücher, 2003 (2ª edição). GRUPO POTLACH. Disponível em: <http://www.ced.ufsc.br/alteritas/potlach/index.htm> Acesso em: 05 nov 2007. PEÓN, Maria Luísa. Sistemas de identidade visual. Rio de Janeiro: 2AB, 2003 (3ª edição)