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Ele quer ser prefeito. Quem é ele, como vive e o que pensa este homem? páginas 4 e 5 Frutal é a nossa notícia 360 PG. 3 Arte singular Da escolha da matéria-prima até a elabora- ção final do produto através de um trabalho manual, o artesanato surgiu por volta de 6.000 anos A. C PG. 10 É Páscoa Você sabe qual é o verdadeiro significado da Páscoa e de onde vêm as tradições dessa data? PG. 6 Tudo limpo Ainda está escuro quando esses trabalhadores estão a postos, com suas vassouras, pás e dispo- sição. O dia de trabalho dos garis começa às cinco e meia da manhã. Foto/Eduardo Uliana Frutal # Edição 9 - Março/2012 Foto/Eduardo Uliana Foto/Priscila Minani Caracterizados em sua maioria por uma bicicleta e uma bolsinha preta, esses jovens fazem parte do cotidiano de Frutal. Ser co- brador exige atenção, responsabilidade e um tratamento pessoal diferenciado. Em algumas lojas, o cobrador é o primeiro a chegar e o último a sair. página 11 Ponto Crítico Na coluna Para que serve a educação pública? Qual o seu papel na vida social? Estas questões são atuais e necessárias. O ensino público de qualidade é a melhor opção para tornar a igualdade do acesso ao conhecimento o fa- tor indispensável na redução da desigualdade social. Em uma sociedade democrática, o único diferencial aceitável entre os seus membros deve ser o mérito. Mas, para que o mérito possa diferenciar, é necessá- rio que a base inicial seja igualitária. Mauri Alves Foto/Eduardo Uliana Foto/Eduardo Uliana Foto/Eduardo Uliana Esqueceu de pagar a loja? O garoto da pastinha preta vai lembrá-lo página 7 Bixo de casa Como acontece há anos, desde que a Universidade do Estado de Minas Gerais instalou em Frutal seu Campus, o início do ano letivo é marcado pela chegada dos calou- ros. Os novos estudantes vindos de diversas partes do Brasil dão cara nova à cidade, que já é um pólo universitário na região. página 9

Jornal 360 - 9ª edição

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9ª edição do jornal produzido pela 360 Agência de Comunicação de Frutal - Minas Gerais.

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Page 1: Jornal 360 - 9ª edição

Ele quer ser prefeito. Quem é ele, como vive e o que pensa este homem? páginas 4 e 5

Frutal é a nossa notícia

360PG. 3Arte singular

Da escolha da matéria-prima até a elabora-ção final do produto através de um trabalho manual, o artesanato surgiu por volta de 6.000 anos A. C

PG. 10É Páscoa

Você sabe qual é o verdadeiro significado da Páscoa e de onde vêm as tradições dessa data?

PG. 6Tudo limpo

Ainda está escuro quando esses trabalhadores estão a postos, com suas vassouras, pás e dispo-sição. O dia de trabalho dos garis começa às cinco e meia da manhã.

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Frutal # Edição 9 - Março/2012

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Caracterizados em sua maioria por uma bicicleta e uma bolsinha preta, esses jovens fazem parte do cotidiano de Frutal. Ser co-brador exige atenção, responsabilidade e um tratamento pessoal diferenciado. Em algumas lojas, o cobrador é o primeiro a chegar e o último a sair.

página 11

Ponto Crítico

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Para que serve a educação pública? Qual o seu papel na vida social? Estas questões são atuais e necessárias. O ensino público de qualidade é a melhor opção para tornar a igualdade do acesso ao conhecimento o fa-tor indispensável na redução da desigualdade social.Em uma sociedade democrática, o único diferencial aceitável entre os seus membros deve ser o mérito. Mas, para que o mérito possa diferenciar, é necessá-rio que a base inicial seja igualitária.

Mauri Alves

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Esqueceu de

pagar a loja?

O garoto da pastinha preta vai lembrá-lo

página 7

Bixo de casaComo acontece há anos, desde que a Universidade do Estado de Minas Gerais instalou em Frutal seu Campus, o início do ano letivo é marcado pela chegada dos calou-ros. Os novos estudantes vindos de diversas partes do Brasil dão cara nova à cidade, que já é um pólo universitário na região.

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Page 2: Jornal 360 - 9ª edição

O dever de informarCarta ao leitor

A matéria principal desta edição é um perfil do empresário Mauri Alves, pré-candidato a prefeito de Frutal. Umas das funções do jornalismo é clarear cenários, trazer para perto do leitor as informações que lhe per-mitem analisar para quais rumos os acontecimentos apontam.

Mauri, junto com Toninho Heitor e Ésio, deverá ser dos mais fortes can-didatos nesta eleição. Por que fazer esta matéria com ele agora e não com os outros? Por uma decisão edi-torial, definiu-se que, neste momen-to, dos principais nomes colocados como pré-candidatos, ele é o menos conhecido do eleitorado. Toninho foi prefeito duas vezes, Ésio disputou as duas últimas campanhas. São nomes familiares ao eleitor. Mauri, não.

Quem é este homem que dese-ja comandar Frutal? De onde vem? Qual sua história? O que o qualifica para esta pretensão? Foi para buscar respostas a estas perguntas que o 360 pautou este perfil especial.

Mais de uma dezena de pessoas foram ouvidas. O retrato que surge, mais uma vez, é um retrato parcial, mas que permite ao cidadão frutalen-se ter informações sobre alguém que se propõe a entrar na vida pública já buscando o mais alto cargo municipal.

Nas próximas edições o 360 trará matérias sobre os demais pré-candi-datos, para que o cidadão frutalense possa conhecer melhor aqueles que pretendem comandar a cidade nos próximos anos.

Esta é a função de um jornal. Mu-niciar o seu leitor com dados que lhe permitam tomar a melhor decisão. Seja para eleger um prefeito ou deci-dir qual artesanato comprar.

Chegadas e partidasEsta edição marca algumas mu-

danças na equipe que produz o 360. O professor Igor Caldeira, nosso pu-blicitário, retornou para a sua Tupã, no interior de São Paulo, e lá segui-rá sua trajetória. Vagner Delvecchio, estudante de publicidade, da turma pioneira da 360, criador da logomarca da agência e de muitos dos anúncios publicados no jornal, também partiu para outros desafios profissionais. A ambos, o nosso agradecimento e o desejo de toda sorte na continuação de suas carreiras.

Mas o time também recebeu gran-des reforços. O professor e publicitá-rio Igor Pedrini chega para comandar o time dos criativos da agência. Os anunciantes podem confiar que te-rão um dos melhores profissionais da região cuidando de seus produtos. Ainda na publicidade, o reforço do estudante Conrado Lima. E no jorna-lismo, chegam as repórteres Patrícia Paola Almeida e Pâmela Flores, com a tarefa de manter o padrão de texto bem cuidado que é marca do 360.

Por fim, esta é a última edição em que sou o editor chefe do 360. Nes-te 2012, outros desafios se colocam para mim e por isso deixo a função no jornal. Continuarei apenas com a coluna Ponto Crítico. Assume a che-fia o jornalista Eduardo Uliana, que está com o 360 desde seu início e é o criador e responsável pelo projeto gráfico do jornal. Agora, também co-mandará o conteúdo editorial.

Aos que se foram, sorte a eles. Aos que chegam, se assentem que o trabalho é de vocês.

Lausamar Humberto – Editor

2 MAR/2012

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O Jornal 360 é um produto da 360 Agência de Comunicação

Praça 7 de Setembro, 200, 4º andar, Sala 407

CEP 38200-000 Frutal/MGTelefone: (34) [email protected]

Editor ChefeLausamar Humberto

[email protected]

Designer GráficoEduardo Uliana

PublicitárioIgor Pedrini

ColaboraçãoConrado Lima

Giovanna MesquitaMariana NogueiraNatália Coquemala

Pâmela FloresPatrícia Paola Almeida

Priscila MinaniRafael Del Giudice

Rafael FerreiraSamuel Rocha

ArticulistasAna Carolina Araújo

Aluízio UmbertoNarcio Rodrigues

ImpressãoEditora Ferjal

(17) 3442-6644Fernandópolis-SP

Um momento sem DeusQuinta-feira de cinzas. Acordei as

seis e meia da manhã. Martelava na minha cabeça o episódio do julgamen-to de Lindemberg - aquele que matou Eloá.

Fui para o Facebook e postei: “Ouvi o Lindemberg dizer que atirou sem pensar em Eloá... Matutei muito. Me inspirei em Guimarães Rosa (Grande Sertão) para obter uma resposta que me explicasse uma frase maluca como essa: “sabe o que é INFERNO, meu fi-lho? O inferno é quando você expulsa Deus de você!” Realmente. Sem Deus, nada vale... Nem a vida...Pobre Eloá... Miserável Lindemberg, um homem sem Deus dentro de si”.

Era cedo, mas o Face ferveu de co-mentários. Em meia hora, mais de cin-quenta. Em um dia, mais de cem pes-soas. O tema mexe com todo mundo. Teve gente dizendo que as Leis no Brasil são muito fracas; outras dizendo que são boas, mas que ninguém as aplica...

Debate interessante. Quando falei da “falta de Deus dentro de uma pessoa”, quis falar um pouco menos de Leis, de estruturas sociais e mais da necessida-de de humanizarmos as relações, ensi-nar o amor, educar para a paz, fazer as pessoas mais solidárias, amenizar as relações sociais... Na prática, colocar Deus dentro das pessoas.

Não é uma questão de Leis, de co-locar Leis em prática, de avançar na legislação...

Afinal, a violência nem é uma ex-clusividade brasileira. É universal. Em todos os lugares, até nos países mais avançados socialmente, nós encontra-mos crimes hediondos, atitudes ani-malescas. Há pouco tempo, mataram muitas pessoas em um dos Países mais civilizados do mundo, a Noruega. Em crime terrível, praticado por um autên-tico animal..

No Facebook, falamos um pouco do que é plantar Deus dentro das pessoas, mas acredito ser necessário nos apro-fundarmos nesse tema. Não é tarefa apenas de Governos, nem é ação para um setor - como o de comunicação - mas para toda sociedade. Novos valo-res, novas práticas, novos comporta-mentos.

Seria recomendável aprofundar no

amor ao meio ambiente, na educação para as águas (aliás, Frutal investe, nesse momento, nisso), na criação da Cultura da Paz, na pregação de rela-ções sociais mais saudáveis.

Viramos um povo competitivo, su-perficial, consumista, menor nos nos-sos objetivos. É mais importante o car-ro do ano e a roupa de grife que salvar um animal ou preservar uma árvore. Fomos nos brutalizando...

No meio do debate, o convite. Entra no Face o Lausamar e me provoca: por que não falarmos disso em um artigo? Há pouco tempo, ele me chamou para falar sobre Alceu Queiroz, mas a agen-da me impediu. Fiquei lhe devendo. Não poderia lhe faltar agora... Adotei o desafio.

O que leva um ser humano a atirar em outro - a quem dizia amar - “sem pensar”?

Quando Deus falta, falta tudo. Falta o sentido da vida, a compreensão do mundo, a percepção da nossa fragi-lidade e a banalização da violência. É preciso plantar Deus por aí. Nas nos-sas palavras, nas nossas conversas, nas nossas ações... principalmente nas nossas ações.

O problema é, também, a Lei - mas quem faz as Leis são os próprios ho-mens... E as Leis servem muito para punir, penalizar, reprimir, culpar... A Lei serve muito para que se aplique senten-ças, para que se cumpram punições...

O melhor seria que não tivéssemos que punir, nem que penalizar. O me-lhor seria que não houvesse leis sobre crimes simplesmente porque não hou-vesse crimes para julgar... A ausência da violência, dos crimes, só virá com o aumento da prática do amor entre os homens. É preciso dar o conforto da justiça e não da legalidade para viver-mos em paz.

Dizem que são dez mandantamen-tos. Todos importantes. Mas Jesus aprendeu a resumi-los apenas em um: “amar ao próximo como a si mesmo”... Quem pratica esse mandato não mata o próximo, não odeia, não machuca, não vinga... Quem pratica esse manda-mento tem Deus dentro de si. Portanto, vamos promover o amor ao próximo, que é o amor a nós mesmos...

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Na essência, não é negócioNos últimos dias, duas quedas no mun-

do no mundo do futebol. Adriano é dis-pensado de mais um clube e Ricardo Tei-xeira cai. Este último, uma queda e tanto. Avallone diria que a frase merece muitas exclamações. Realmente merece.

No ano passado participei de uma pa-lestra no 6º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, em São Paulo. A mesa era formada por Juca Kfouri, Sérgio Cabral e tinha como principal membro An-drew Jennings. Autor de livros como “Os senhores dos Anéis”, que trata das ne-gociações obscuras existentes nas Olim-píadas e “Jogo Sujo – O mundo secreto da Fifa”, o jornalista da BBC apresentou uma série de documentos com denúncias e mais denúncias sobre Teixeira. Jennings falava para futuros jornalistas e pedia: in-vestiguem Teixeira. Ou seja, a queda era certa, mais hora, menos hora, ela viria. Ela veio. E o que isso muda?

Há quem diga que são seis por meia dú-zia. José Maria Marin – aquele que pegou uma medalhazinha na final da Copa São Paulo de Futebol Júnior – dará continuida-de ao trabalho de Teixeira. Sim, esse con-tinuísmo não é o ideal, não é nem perto do que desejamos. Mudam-se os nomes, mas o jogo, as regras, tudo continua igual. Porém, com a saída de Teixeira – que o livra das acusações da Fifa – agora, o ce-nário é outro. Haverá uma briga de pode-res. Dirigentes irão se confrontar. Existirão pontos falhos que eram impossíveis de se imaginar com Teixeira no poder.

Ok, ok, ok. O anunciado, em 1989, “Po-deroso Chefão” pela Revista Placar, saiu de cena, alegou problemas de saúde e está em Miami. Problemas de saúde, os dele, tratados em Miami. Mas, quem assiste os

canais ESPN e acompanhou a série de re-portagens Areia Movediça – a Copa Sob as Dunas, viu que serão afetados muitos outros organismos que não poderão viajar para Miami para tratamento. Este caso de Natal é apenas um exemplo entre outros que fugiriam do limite de 3000 caracteres que tenho para este texto.

A saída de Teixeira, esquematizada, deve então ser o pontapé inicial para que paremos e pensemos. O que é o futebol? Quando se é criança, futebol é juntar uns amigos, uns com camisa, outros sem, uns de chuteira, outros descalços, e formar dois times para brincar. Na rua, num cam-pinho de terra, em qualquer lugar. Passar um tempo se divertindo. Futebol é isso. É diversão, é paixão.

Em outra definição, a do dicionário, futebol é o “jogo esportivo disputado por dois times, de 11 jogadores cada um, com uma bola de couro, num campo com um gol em cada uma das extremidades, e cujo objetivo é fazer entrar a bola no gol defendido pelo adversário.”.

O futebol, este que amamos tanto, não é pra se tratar como um negócio qualquer. Ainda mais no Brasil, onde o esporte é parte essencial da cultura nacional.

Para o assunto não se estender, de-fender o futebol era a última coisa que o ex-Poderoso Chefão fazia. Interesses par-ticulares, manobras lucrativas, conquistas que maquiavam a real situação, eram seu foco principal. Assim foram os 23 anos de Teixeira na presidência da CBF. E agora, o que nos resta? Desatar todos os nós cria-dos e deixados por ele, realizar uma copa da maneira mais limpa possível e lutar por mudanças reais. Afinal, as regras são de-les, mas a luta é nossa.

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Por Narcio rodrigues @DepNarcioJornalista, DeputaDo FeDeral e secretario De estaDo De ciência, tecnologia e ensino superior De Minas gerais

aluno Do 3º períoDo De coMunicação social Da ueMgPor rafael del giudice NoroNha @rafael_giudice

Page 3: Jornal 360 - 9ª edição

3MAR/2012

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O artesanato frutalense produz belas peças, mas enfrenta dificuldades

Fazendo arte. Até quando...

O artesanato frutalense

Priscila MiNaNi @priiminani

Mas, infelizmente, a beleza do tra-balho corre o risco de ser ofuscada. A associação passa agora por dificuldades. Sem apoio de órgãos superiores que pa-trocinem a atividade, as associadas são independentes não por escolha, mas por necessidade, e com isso têm que dividir entre si as despesas da loja. Mais uma prova de que o trabalho de artesã é sinô-nimo de amor, pois dali ninguém tira seu sustento, todas possuem seu trabalho extra e dedicam um tempo de sua rotina a produção do artesanato. Cada uma é especialista em uma arte, mas aprende-ram a fazer um pouco de tudo e produ-zem no seu dia de expediente.

Cleidimar, Cleonice, Dora, Elcia, Luciane, Marta, Neila, Noemia, Raquel, Rose Mary, Sandra, Marilena... quan-tas outras pessoas com esses mesmos nomes você conhece? Talvez uma ou outra, talvez muitas, mas, a questão é saber se possuem a mesma coragem e dedicação de enfrentar as dificulda-des para fazer sobreviver a atividade apaixonante do artesanato. Assim como elas, tantas outras pessoas já foram as-sociadas nesse empreendimento. Por motivos diversos abandonaram o sonho, porém, serão sempre bem-vindas se de-sejarem retornar. Ajudará a manter as portas abertas.

A maior carência sentida por essas mulheres é a falta de valorização do seu trabalho. O cidadão frutalense é o con-vidado especial para conhecer um pou-co mais de sua própria história. Quem tem feito isso por ele são os visitantes.

Resultado de uma cidade que vem cres-cendo, principalmente com a chegada dos estudantes da UEMG e da FAF, que na busca pela familiaridade, encontram no artesanato local uma maneira de se aproximar. São também lembranças dos mais diversos tipos para tornar a família da cidade natal, conhecedora de uma nova realidade.

A loja trabalha também com enco-mendas, o que, aliás, têm propiciado um alívio nas despesas. O telefone 3423-7450 toca. Enfeites para casamentos e aniversários acendem os olhos das asso-ciadas que enxergam uma oportunidade de manter a atividade que tanto gostam. Trata-se de uma relação incerta, que em meio aos obstáculos tenta sobreviver.

A maior colaboradora tem um nome diferente. Chames Miziara é a proprietá-ria do lugar onde a loja se estabelece. O preço cobrado pelo aluguel é simbólico e segundo Luciane Macedo, secretária da associação, é o que permite a sus-tentação de um sonho realizado, mas que a qualquer momento, lamentavel-mente, pode ser interrompido.

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“São peças únicas, personalizadas”. É a partir das palavras de Luciane Macedo que se pode perceber o que torna o artesanato algo tão especial. E não é só para ela. Do compartilhamento da mesma opinião, começou uma história de paixão e dificuldade. Mas que grande história não tem lá seus obstáculos? Antes de falar um pouco mais sobre estas empreendedoras, fiquemos com algumas informações sobre o tema desta reportagem.

Da escolha da matéria-prima até a elaboração fi-nal do produto através de um trabalho manual, o artesanato surgiu por volta de 6.000 anos A. C. A pedra polida, a cerâmica, a pintura com tingimen-tos naturais, e até a tecelagem, são exemplos de uma gradação na história do artesanato.

No entanto, o ser humano aperfeiçoou as suas ha-bilidades, e com esse desenvolvimento surgiu a tecno-logia. Cada vez mais presente no cotidiano humano, a produção sem a sua utilização tornou-se desvalori-zada, como se produtos assim fabricados fossem tor-nados em um material “tecnologicamente” atrasado.

Se você compartilha desse pensamento, permita que lhe diga que está enganado. O artesanato é um grande sobrevivente em meio à tecnologia. Mesmo após o surgimento do “industrianato”, que é o pro-duto semi-industrializado, o trabalho manual ainda persiste, e o toque caprichoso de quem faz agrega valor ao material. Pintura em tela e pano, bordado, biscuit, trabalho em madeira e telhas, arranjos, biju-terias, cabaças, estão entre os vários artigos de deco-ração que podem ser encontrados na atividade.

Ano: 2002. Local: antigo prédio da Caixa Econômica Federal, em Frutal. 26 artesãos da cidade se reuniram para expor seus trabalhos. O evento aconteceu por iniciativa de Dirce da Silva C. Pereira que viu numa palestra do SEBRAE sobre empreendedorismo a oportunidade de divulgação. E assim se fez. Outras feiras vieram, outros artesãos também e o trabalho ganhou reconhecimento estadual. Uberlândia, Belo Horizonte, Uberaba, Fronteira, Itapagipe e Araxá estão entre os lugares que puderam conhecer um pouqui-nho de Frutal.

Com esse crescimento, foi necessária uma boa organização e documentação para ca-dastramento. Assim, contando com 42 artesãs, no dia 27 de agosto de 2004 foi criada a Associação Raízes do Artesão. A partir daí, veio a decisão. Aconteceram algumas feiras esporádicas até se definir a abertura de uma loja permanente. Não demorou muito e no dia 30 de abril de 2005 nasceu a Loja de Artesanato. Inicialmente, estabelecida no térreo do Edifício Executivo, permaneceu por lá até 2007, quando se mudou para a Rua Floria-no Peixoto, 523, no Centro de Frutal, próxima ao Calçadão Municipal, onde se localiza até hoje.

A associação das artesãs compartilha de uma organização invejável. Trata-se de um grupo pequeno, mas apesar disso, a divisão de responsabilidades não deixa a desejar. Pre-sidente, vice-presidente, duas tesoureiras, duas secretárias e duas suplentes. Os cargos são decididos em eleições democráticas feitas a cada três anos. No decorrer do trabalho, há assembleias e reuniões mensais. Além disso, possuem estatuto e regulamento interno a ser cumprido. Diante disso, o interesse em ser associado é bem-vindo, mas deve atender a alguns critérios, por uma questão de disciplina profissional, afinal, artesanato representa a cultura de um lugar e é o resgate dos costumes, como explica a presidente Elcia Lina Santana Carvalho, 41 anos, que zela pela manutenção da boa qualidade dos produtos.

Dificuldades

Quadros, caixas e garrafas decoradas, almofadas e lembranças da cidade de Frutal. A diversidade de formas e cores está espalhada por toda loja.

Loja da associação dos artesãos de Frutal, localizada no centro da cidade.

Page 4: Jornal 360 - 9ª edição

Mauri Alves um gaúcho frutalense

No escritório bem decorado, dois detalhes chamam a atenção: o rádio antigo atrás da mesa do homem de cabelos poucos e grisa-lhos e o bar, que, ao invés de ostentar um caro uísque, traz três gar-rafas de cachaças populares ocupando o espaço junto a pequenos potes de amendoins e outros petiscos.

O homem de cabelos poucos e grisalhos por trás da mesa de vi-dro é um dos mais importantes empresários da região. Sua empre-sa possui sete filiais e emprega de forma direta mais de 170 funcio-nários. Construiu sua carreira praticamente toda fora do mundo político. E agora quer ser prefeito de Frutal.

Mauri José Alves é gaúcho de David Canabarro, cidade próxima a Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, que só tornou-se realmente um município quase um ano depois do nascimento do menino, no ano de 1964.

Jovens deixarem a cidade natal e tentar a vida em outra região é comum. Seja para buscar novas oportunidades de emprego, seja para estudar, a partida acontece, mais hora, menos hora.

E esta hora chegaria para Mauri. Filho do campo, até os 18 anos viveu no pequeno sítio de 20 hectares dos pais. Desde os sete anos já estava na labuta. Trabalho na lavoura todo manual, com boi, ara-do. Compraram um pequeno trator apenas em 79. Sem energia, à noite a vida era iluminada por lampião a gás. O pai nunca teve di-nheiro. Tinham o que comer - do que era nascido da própria terra -, nunca passaram necessidade, mas dinheiro sobrando não tinha. Seus pais continuam morando no sítio.

Nessa época participava do CTG (Centro de Tradições Gaú-chas). Era declamador de poesia. Poesia regional, das quais se lem-bra, mas não quis declamar para a reportagem.

A educação inicial foi em escola rural. Escola na cidade só no ginásio. Mauri considera que sempre foi um aluno normal. Nunca teve dificuldade com nenhuma matéria. É formado em economia pela Uniube. Já não teria paciência para outra faculdade, mas valo-riza todos os cursos que fez. O empresário que é foi se aprimoran-do com todas essas lições. Gosta de ler biografias. A leitura atual é a do fundador da Apple, Steve Jobs.

A saída do Sul se explica rápido. No sul quem tem terra não vende. É difícil expandir. Mauri queria trabalhar com agricultura. Num primeiro momento pensou em Mato Grosso. Acabou em Mi-nas, com uma breve passagem por São Paulo.

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lausaMar huMberto @lausamar

rafael del giudice NoroNha @rafael_giudice

Patrícia Paola alMeida @almeidappaola

“Quem diabos têm uma penteadeira? Isso é do tempo de minha avó”, estranhou Márcio Santana Brito. Um Fiat 147 vermelho, uma cama e uma penteadeira. Com estes bens Mauri aportou em terras frutalenses. Márcio é protético e acolheu Mauri em uma república que montou depois que seus pais haviam mu-dado para Goiânia. Não de estudantes, mas de viajantes, trabalhadores. Foi o primeiro a recebê-lo e tornou-se o primeiro amigo.

Márcio lembra-se bem deste tempo. “O gaúcho era branquinho, magrinho e não ti-nha lugar pra ficar. Aí eu disse: a república é igual a coração de mãe.” Foram tempos de vacas magras. O cardápio quase sempre era arroz, feijão, macarrão e ovo. Como Mauri circulava muito pelas fazendas, Márcio brin-cava: “vê se ganha umas mandiocas pra gente dar uma variada na comida.” Entrava sema-nas sem comerem uma carne. Um dia um dos companheiros de república trouxe carne, co-meçou a se achar o dono da cocada e a tirar sarro dos outros. Um vendedor de Pirapora, meio esquentado, não aceitou e chamou pra briga. Mauri apaziguou. Era de seu gênio, diz Márcio. “Sempre foi tranqüilo. Os vizinhos o adoravam.”

Só se viam de tardezinha. Mauri levantava às 5h da manhã e picava a mula no fietinho. Vendia o “Adubo 4/14/8”. E vendia bem. Certa vez, Marcio arrumou um emprego na concorrência. Passou a ser vendedor da Ma-nah. “Virei concorrente morando junto com o Gaúcho. Quando disse a ele, riu. “o sol nas-ceu pra todos”, comentou.

Mas o protético não se dava bem com o co-mércio. “Clamei minha situação pra ele. Um dia ele me chamou e disse pra darmos uma volta. Naquela tarde vendi mais de 200 tonela-das de adubo. E eu era concorrente.”

Logo Mauri conheceu Wilma, sua futura esposa e resolveu casar. Já tinha definido que aqui seria sua vida. Chamou Márcio para pa-drinho. Márcio ponderou: “Mauri, você co-nhece tanta gente, fazendeiros, que podem presentear com uma coisa melhor.” “Estou te chamando porque você é o meu amigo. Foi a pessoa que me acolheu. Não importa se não pode me dar uma galinha, você vai ser meu padrinho.” Quando Márcio casou tempos de-pois, também chamou Mauri para padrinho. Mas avisou: “olha, você já está muito bem de situação, não vou querer uma galinha de pre-sente não.”, lembra e ri.

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Quando foi abrir uma conta para a sua empresa, a Coragro, Mauri conheceu Wilma, bancária. O ano era o de 1985. “Mauri era um rapaz cheio de sonhos. Passava a impressão de coragem, determinação.” Essa foi a primeira impressão da atendente do Banco Real, que em 1989 se casou com Mauri. O casal tem três filhas. Verônica, de 21 anos, Vitória, de 17 e Luiza, de 14.

Mauri é caseiro. Gosta de cozinhar um frango caipira e assistir futebol. Futebol na-cional, vê quase nada do estrangeiro. Achou estranhou quando chegou em Minas encon-trar poucos torcedores de Atlético e Cruzeiro. Mas a TV só passava jogos de São Paulo e Rio. A filha Luiza acompanha o pai assistindo aos jogos do Internacional, time do qual Mauri é torcedor doente e sócio de carteirinha. No ano passado assistiu um jogo da Libertadores

no estádio. Falcão é o ídolo maior do volante amador. Márcio garante que o amigo era mui-to bom de bola. Questionado se seu estilo era mais Falcão ou Batista, Mauri é direto: “era mais Caçapava”.

As filhas são o xodó do empresário. E não é um pai ciumento, conforme afirma Verôni-ca. “Ela é formada em dança e está com seu negócio. Já é uma pequena empresária”, diz um Mauri orgulhoso da filha mais velha. Tanto ela quanto Luiza dizem que o pai, em casa, é diferente da figura pública que as pessoas co-nhecem. É muito brincalhão e divertido. Não é de muitas broncas, é objetivo e simples. “Fala pouco, mas é muito”, afirma a caçula Luiza.

Questionadas sobre o desejo do pai de ser prefeito, Luiza diz que ficou assustada no co-meço, mas o apóia. Verônica lembra que o pai gosta de ver as coisas bem feitas e que tem vontade de ajudar a cidade. “Ele quer uma ci-dade melhor pras suas filhas”, diz. Luiza é ca-tegórica: “ele sempre nos apoiou. Agora que ele precisa, vamos estar do lado dele.”

Nos fins de semana Mauri costuma visitar as fazendas. De família católica, é praticante. Frequenta a igreja Nossa Senhora do Carmo. É noveleiro, sempre que pode assiste alguns capítulos. Na música, Mauri conta que não abandonou suas preferências por música po-pular gaúcha, mas em Frutal aprendeu a gos-tar do bom e velho sertanejo.

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4 e 5 MAR/2012

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Uma das maiores empresas da região, a Coragro nasceu em um pequeno escritório ao lado do Pos-to do Paulo, no centro de Frutal. Em 86 passou a ter sede própria, onde hoje é a empresa Rosa Místi-ca. Funcionou ali até 2000, quando foi transferida para a moderna sede atual, na avenida JK. O nome foi ins-pirado por uma empresa que um tio de Mauri tinha, a Cotagro. Só trocou o T pelo R.

Logo no começo Mauri trouxe o irmão Luiz Carlos para ajudá-lo. O outro irmão, Aírton, chegaria logo depois. São sócios até hoje. Até 90 trabalhavam só com vendas, depois passaram a plantar soja. Quando

veio para Frutal Mauri percebeu o potencial de expansão. “A agricul-tura ia crescer nesta região, fomos crescendo com o crescimento da re-gião”. Mas cresceu devagar. “Quem vai com muita sede ao pote corre o risco de se afogar.”

Empresário experimentado no ramo e também por sua vivência no Sindicato Rural, Mauri avalia que a agricultura vive um bom momento, mas faz um alerta: “a agricultura é muito cíclica. É hora do agricultor se estruturar financeiramente para a hora que chegar a crise ele estar pre-parado. A produtividade da agricul-tura deu um salto muito grande.”

Questionado como foi possível

alcançar este estágio de desenvolvi-mento da empresa, Mauri começa a revelar seu jeito de administrar. Diz que trabalho e boa vontade não são o bastante para crescer e permane-cer bem posicionado no mercado. A relação pessoal é necessária, afinal dentro da empresa existe todo tipo de gente. Do seu jeito, Mauri conse-guiu e consegue estabelecer relações com todos os funcionários, para que sua empresa continue a crescer.

“Conheci o Mauri na Coragro, onde trabalho faz 19 anos. Ele é um bom patrão e amigo. Sempre está nos churrascos com a gente.” Assim, Valdir Guilherme Primo, o Valdirão, que tem 54 anos e é chapa no arma-

zém da empresa, resume a relação com o chefe.

Dino Marques de Oliveira tem 28 anos e trabalha no escritório da Co-ragro. Chegou à empresa no ano de 2003 através de um convite feito por Mauri. Segundo ele, Mauri é sempre um dos primeiros a chegar ao traba-lho e quando é preciso ser mais exi-gente, ele é. Gosta de conversar com todo mundo e passa sempre um pen-samento positivo. “Nós temos um re-lacionamento aberto e carta branca para fazer o que é necessário para a empresa. Se errarmos, arcamos com as consequências, mas temos total respaldo para trabalhar com tran-quilidade” afirma Dino.

Sin

dic

ato

Ru

ral No início dos anos 2000 foi

convidado para participar na di-retoria do sindicato. Não tinha pretensão de ser presidente. Presidente por seis anos e meio, Mauri e toda a diretoria que lá está hoje, conseguiu reestrutu-rar o sindicato. Sobre esta expe-riência, Janes Cesar Mateus, o Janão, atual presidente, analisa: “O único defeito que encon-tro no Mauri é a timidez. Mas aqui dentro, comandando os 14 diretores durante seis anos e meio ele sempre foi transparen-te e muito honesto. Até hoje, mesmo afastado, quando preci-samos ele está disponível.”

Janão pensa que Mauri fez uma administração correta, pelo fato de ser ao mesmo tem-po vendedor e comprador dos produtos agrícolas: “ele está em ambos os campos, tanto na venda, quanto na compra. Isso faz com que os produtores e co-merciantes confiem nele.”

Foi no sindicato rural que o embrião da pré-candidatura foi gerado. “Ali dentro, conver-sando com amigos, eles diziam: você tem que ser candidato a prefeito. Falar demais, pega”, brinca Mauri. Na eleição passa-da viu que não era o momen-to.

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ré-c

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Mauri é reservado, conversa pouco. Observador, não é daquelas pessoas que distribuem sorrisos por aí. “Não sou tão expansivo, aberto. Não sou muito político”, ri. Mas isso não é um problema para quem se prepara para enfrentar uma campanha? Mauri diz que não. Os planos que têm para a cidade e os apoios que vem recebendo ani-mam o pré-candidato.

O amigo Márcio vê nesta reser-va uma qualidade de Mauri: “Ele nunca gostou de aparecer. Jamais teve alguém pra ficar escrevendo no jornal: Mauri fez isso, Mauri fez aquilo. Mas sempre foi participati-vo. Ele sempre está em encontros na igreja, festas para entidades.” Márcio aposta que o amigo vai dis-putar a eleição “pelas pessoas que estão aderindo a esta idéia de ter um administrador já muito testado na prefeitura.”

As conversas sobre a pré-candi-datura são, por enquanto, infor-mais e pessoais. Não há ainda movi-mentações partidárias.

“Ele pode ser um bom adminis-trador para Frutal, da mesma ma-neira que foi no Sindicato. A cidade poderá continuar crescendo, pois Mauri tem a qualidade de tomar decisões importantes rapidamente. Timidez? Pode atrapalhar no co-meço, mas com o passar do tempo a população verá que Mauri é uma ótima pessoa.”, analisa Janão.

Dentro da Coragro, a candidatu-ra também é comentada: “Existem comentários. Acredito que ele vai sair sim. É um sonho que ele abra-çou.”, avalia Dino, que diz ainda que nada mudou na empresa com o fato

de Mauri ser um pré-candidato: “Há, é claro, uma maior segmentação, uma divisão no trabalho, afinal são sete filiais. Mas este é um processo comum nas grandes empresas, não se deve ao fato da pré-candidatura e sim, a continuidade do crescimen-to”, diz Dino.

Por que ser candidato? Mauri justifica sua decisão: “Tudo que construí foi nesta cidade. Quero re-tribuir isso com meu trabalho, com minha experiência de ter acompa-nhado a vida de Frutal nos últimos 30 anos. A questão do simples po-der, do salário, isso não me atrai de maneira alguma.”

Em um possível mandato, Mau-ri não acha correto falar em prio-ridades. Acha que é preciso balan-cear as atenções. “Não dá pra falar em organizar as ruas e estradas do município e deixar a saúde e a edu-cação de lado. Se um setor não vai bem, há um desequilíbrio.” Mas se preocupa com a segurança. “Este é um dado preocupante e tem que se acompanhar bem de perto.”

Mauri não acredita em revolu-ção, em se chegar e mudar tudo. “Em qualquer lugar que se chegue é preciso conhecer para mudar. É preciso ver a realidade do negó-cio.” Até porque acha que a pre-feita Ciça tem feito um bom papel. “Ciça foi parceira no Sindicato. A construção do CIAP, trabalho do Nárcio e Zé Maia, teve o apoio da prefeita. Ela fez o dever de casa, é uma pessoa íntegra e sai com o dever cumprido. Fez uma opção de priorizar saúde e educação. No geral, leva uma nota oito.” Acredi-ta que pode ter o apoio de Ciça?

“Claro, será muito bem recebido. Uma prefeita que termina o man-dato com uma popularidade de quase 80% qualquer candidato deseja o apoio dela.”.

Sobre o perfil de uma possí-vel administração Mauri, o em-presário sintetiza: “Administrar o dinheiro que entra é mais fácil. É preciso que o prefeito seja mais um administrador. Hoje o que faz a empresa crescer é descentralizar o poder. Acho que no poder pú-blico é igual. Você precisa ter as pessoas certas nos lugares certos. Estes escolhidos têm que dar con-ta e fazer o negócio andar.”

Mauri diz não ter muitos ído-los políticos, mas admira o ex-pre-sidente FHC. Lembra da época em se ganhava dinheiro só com a especulação. A partir do Plano Real o Brasil entrou no rumo. “O

Real permitiu o planejamento. Antes uma caneta custava um real e dali a um mês custava dois. É im-possível ter desenvolvimento com a economia deste jeito. FHC or-ganizou isso. O Brasil hoje se toca quase sozinho. Basta não atrapa-lhar muito.”

Gosta do estilo e avalia posi-tivamente o governo Dilma. “A presidente é técnica. Dilma é um estilo, Lula era outro. Ela é discre-ta, Lula aparecia todo dia. Gosto da mulher no poder. A mulher é igual ao homem ou até melhor - é mais responsável.”

Entra em detalhes apenas em uma área específica, o esporte, não escondendo a paixão: “acho que esporte tem que ter orçamen-to, secretário. Separar da cultura. Dá pra arrumar os campinhos. Não precisa de muito dinheiro,

é só mais incentivo. E precisa apoiar a cultura. Cinema, teatro. Uma peça que venha a Rio Preto, a Ribeirão, traz pra cá. Tem que haver uma participação do poder público.”

Sobre o apoio dos deputados, Mauri afirma: “sempre apoiei e vou apoiar Nárcio e Zé Maia. O patamar político do agora secre-tário de estado Nárcio é muito importante. É preciso aproveitar isso para o desenvolvimento de Frutal.”

Aplicar as estratégias de admi-nistração de uma empresa bem sucedida pode não ser tarefa fácil quando se trata de um município, mas Mauri diz e garante que é de sua história de sucesso que vai ti-rar o melhor para aplicar em Fru-tal. É o que pretende combinar com os eleitores.

Page 6: Jornal 360 - 9ª edição

6 MAR/2012

Patrícia Paola alMeida @almeidappaola

360

O nome gari é uma homenagem a Pedro Aleixo Gary, primeira pessoa a assinar um contrato de Limpeza pública com o Ministério Imperial, organizando assim, em 1876, a re-moção de lixo das casas e praias do Rio de Janeiro. Vencido o contrato em 1891, entrou seu primo, Luciano Gary. Um ano após, a empresa foi ex-tinta e inaugurada a Superintendên-cia de Limpeza Pública e Particular da cidade, realizando um trabalho muito além do proposto em termos de limpeza pública. Os cariocas, acostumados com a limpeza das ruas após a passagem dos cavalos, man-davam chamar a turma do Gary. Aos poucos o nome se generalizou e até hoje são chamados assim.

Por conta da divisão do trabalho feita a partir do local da residência de cada gari, não é difícil encontrar irmãs, mães e filhas, maridos e espo-sas, trabalhando juntos. A maioria do time de limpeza é formado por mu-lheres. Todos dizem gostar da pro-fissão. A senhora Ivanir Alves Silva, que trabalha como gari há 19 anos ao lado do marido Silvestre dos Reis Silva, afirma que por sua vontade, todas as filhas trabalhariam na área, mas conta que as moças casaram e seguiram outros caminhos, mas que ela e o esposo querem se aposentar nessa função, que é algo que gostam de fazer, ficam próximos e oferece estabilidade. Somando o salário com as horas extras que fazem frequente-mente, o salário é suficiente para su-prir as necessidades da família e para ficarem tranquilos, afirma Silvestre. O casal trabalha sorridente, trocam olhares e brincam um com o outro, cumplicidade e companheirismo que encanta.

A profissão pouco reconhecida submete, ainda, esses trabalhadores

ao preconceito e discriminação. Uma queixa comum entre eles é a dificul-dade de encontrar um banheiro du-rante o serviço. Os estabelecimentos comerciais não permitem que eles usem, e por vezes, nem que entrem no local. Outro problema é que mui-tas pessoas não respeitam o trabalho, e que mesmo quando terminam de varrer uma área, as pessoas jogam lixo na rua, varrem suas casas e ao in-vés de recolher a sujeira, atiram nas calçadas. Reclamam ainda do perío-do das eleições, contam que é difícil limpar a cidade, e que os políticos se enchem de propostas de mudança e melhoria, mas as campanhas deixam a segunda-feira pós-eleição com um manto de sujeira pelas ruas.

Magali Alves Costa, diz que ado-ra o serviço, que ama varrer as ruas e colaborar para a cidade ficar mais bonita e conta que o preconceito existe, que não é raro serem ofen-didas pelos moradores, mas diz que dribla isso:”sempre existe um engra-çadinho, mas é só não dar bola que fica tudo bem”. A população, por vez, cobra o serviço, mas não colabo-ra e nem respeita.

Mas nota-se que a postura da po-pulação em relação aos garis é um problema muito mais profundo, já que quem deveria contribuir com a formação das opiniões demonstra desprezo por esses profissionais. O caso aqui lembrado é o infeliz, ino-portuno e ofensivo comentário do jornalista da BAND, Boris Casoy, que no natal do ano 2009, por uma falha técnica, lançou observações carre-gadas de preconceito, ignorância e arrogância, ao vivo, após imagens de garis desejando um bom natal e um feliz ano novo. O caso rendeu des-culpas públicas e manifestações de punição ao comunicador.

Por que Gari?

Trabalho limpo

O dia de trabalho começa às cinco e meia da manhã. Ainda está escuro quan-do esses trabalhadores estão a postos, com suas vassouras, pás e disposição. O trabalho dos garis em Frutal, assim como na maioria das cidades, ainda é pouco re-conhecido e enfrenta dificuldades com o preconceito e discriminação, mas mesmo assim, é possível encontrar trabalhadores sorridentes e orgulhosos pela função.

Para conquistar uma vaga para a fun-ção de gari, o candidato precisa fazer uma prova de nível de ensino fundamental. Os aprovados passam por um curso de treina-mento e enfim estão prontos. O serviço dos garis divide-se entre coletores e varredores.

Atualmente, Frutal conta com cerca de 75 profissionais da área, divididos de acor-do com as necessidades e o tamanho de cada região. A cada quarenta quarteirões dois garis são enviados. Essa divisão acon-tece de acordo com a proximidade com a casa do gari, assim não precisam de trans-porte para conduzi-los até o local de tra-balho. Em regiões como o XV de Novem-bro, o serviço de varrição é feito todos os dias, e eventualmente com maior número de profissionais, já que o local é aponta-do como um dos mais sujos da cidade. Já locais pequenos, como o bairro Frutal II, o serviço é feito a cada duas semanas e apenas por um profissional da limpeza. Já a coleta do lixo, é feita a partir das 19hrs e prossegue até o horário necessário para atender todos os bairros da cidade.

A limpeza de nossas ruas depende do trabalho cotidiano e exaustivo dos garis

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Inclusão socialA prefeitura de Frutal, junto com a

APAE (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais) e com a APAC (As-sociação de Proteção e Assistência ao Condenado), desenvolve projetos de inclusão no mercado de trabalho desses meninos, meninas e homens que buscam fazer parte realmente da sociedade.

Betânia Galina e Renata Fernandes Gomes, coordenadoras do programa do Núcleo Emprego na APAE, afir-mam que essa inclusão é fundamental para o desenvolvimento desses jovens e dedicados trabalhadores. No inicio desse projeto, elas enfrentaram certa resistência dos familiares, que recea-vam que os meninos não fossem dar conta do serviço. Mas depois de al-guns esforços, eles provaram o contra-rio. Desenvolveram e estão radiantes. Recebem pelo trabalho e agora tem um dinheirinho para comer um lanche no final de semana, comprar roupas ou uma mochila do Batman, que foi exibida por Tiago Amorim Andrade de 19 anos. Para alguns meninos, a psicóloga Renata ajuda a administrar o salá-rio, ensinando-os a economizar.

Os internos da APAC colaboram prestan-do serviços quando é necessário, por exem-plo, limpar a cidade após uma tempestade. Recolhem galhos, tapam buracos, ajudam na limpeza. O responsável pelo serviço dos garis conta que acha o trabalho fundamen-tal, mas que assumem o compromisso com a associação e com os órgãos de seguran-ça de cuidar desses homens, que às vezes pedem para visitar um amigo ou parente, mas o pedido não pode ser atendido. Diz também que nunca tiveram problemas com esses trabalhadores, que são prestativos e responsáveis.

Tiago é o parceiro de limpeza de dona Cleonice M. de Almeida, uma doce e sen-sível senhora que tem sido o braço direito de Betânia e Renata e o responsável pelo trabalho dos garis nas ruas. Ela tem sido paciente, amorosa e solicita em ajudar es-ses meninos da APAE. Muito consciente, conta que essa iniciativa é fundamental para ajudar na inclusão desses garotos na sociedade, que quebra preconceitos e mos-tra a todos que são capazes. Trabalham melhor do que todos, pois alimentam uma

vontade grandiosa de mostrar seus talentos e capacidade. Um dos momentos mais emo-cionantes junto com esses trabalhadores foi quando receberam seus primeiros salários. Comemoravam, exibiam seus cheques. Uma vitória, uma conquista na vida de cada um.

Talvez nem todos tenham a sorte de varrer o sambódromo e virar celebridade, conhecer Gisele Bündchen e fazer suces-so na Europa. Foi o caso de Renato Sor-riso, que foi como ficou conhecido Renato Luiz F. Lourenço, gari que ganhou fama ao varrer o sambódromo carioca em 1997 e no meio do trabalho arriscar um samba cheio de ginga e alegria. Renato gravou comer-ciais com a top brasileira Gisele, ministra palestras, participou de shows na Europa, tem direito a camarote todos os anos des-de o ocorrido no carnaval do Rio de Janei-ro, mas não abandonou a função. Renato ainda trabalha como gari.

Os garis de Frutal sorriem para traba-lhar, mesmo que seja para escapar do ser-viço nas fazendas, construções ou em ca-sas de família. Levantam todas as manhãs e caminham para cuidar dessa cidade. Os homens da APAC sorriem para trabalhar e novamente fazer parte da sociedade. Os meninos da APAE sorriem e provam todos os dias que são capazes de trabalhar. E a esperança é a de maior reconhecimento, respeito e gratidão pelo serviço fundamen-tal a todos os cidadãos.

Page 7: Jornal 360 - 9ª edição

7 MAR/2012

360Três palminhas e uma notinhaEsqueceu de pagar a loja? O garoto da pastinha preta vai lembrá-lo

A velha frase “pago tudo que con-sumo com suor, do meu emprego”, da canção “Maneiras”, poderia, por-que não, sofrer algumas alterações. Calma. Não estou querendo ser com-positor e muito menos metido a mú-sico. Só temos de notar que, pagamos sim, com suor dos nossos empregos, mas, muitas vezes, com uma taxinha extra. Taxinha extra? Sim. Vai dizer que você que está aí com o 360 em mãos nunca atrasou uma conta, por um motivo ou outro? Pois é.

Atrasar o pagamento não é vergo-nha nenhuma. E, por favor, caro leitor, não se sinta ofendido com o primeiro parágrafo desta matéria. Não lhe cha-mo de caloteiro, claro que não! Estas palavras acima servem apenas para jus-tificar o emprego de inúmeros jovens frutalenses. São os cobradores.

Caracterizados em sua maioria por uma bicicleta e uma bolsinha preta, esses jovens fazem parte do co-tidiano de Frutal. Ser cobrador exige atenção, responsabilidade e um trata-mento pessoal diferenciado. Em algu-mas lojas, o cobrador é o primeiro a chegar e o último a sair.

A rotina dos cobradores não é nada fácil. Faça chuva ou faça sol (e que sol nesse Frutal!), eles estão lá, todos os dias pra cima e pra baixo com as suas bicicletas e a pastinha preta. Deve-se ressaltar que não sou frutalense e essa atividade, para mim, é muito atípica, ou, melhor dizendo, é uma caracte-rística que encontrei em Frutal.

Se existem os clientes que não gostam de ouvir as palmas na porta de casa e, na sequência, enxergar al-gum cobrador que está ali no exer-cício de sua profissão, eu digo: nada é tão ruim que não possa piorar. Pense nos telefonemas das agências bancárias, das operadoras, das gran-des empresas que ligam, fazem você conversar com um estranho que fala tudo certinho pra lhe dizer que exis-te uma dívida.

Na cobrança “à la Frutal” existe, pelo menos, o relacionamento hu-mano. As pessoas se conhecem e a conversa pode ser menos mecânica do que é quando um banco te liga. Pense melhor então, quando o co-brador bater à sua porta. Pode ser muito pior.

As cobranças e o perigo

rafael del giudice NoroNha @rafael_giudice

Andar de bicicleta o dia todo sem correr risco algum é algo impossível. Andar o dia todo e todos os dias en-tão, nem se fale. Acidentes, quedas, micro-atropelamen-tos e alguns imprevistos acontecem. Um dos muitos cobradores frutalenses falou sobre essa rotina. O nome e o lugar onde trabalha não serão revelados para que não seja criado nenhum tipo de problema.

O jovem não é de Frutal e veio pra cá aos 15 anos, sem conhecer nada. “No começo foi difícil, mas hoje conheço todos os clientes. Quando co-loco as notinhas na bolsinha já sei onde tenho que ir.” Em um dia, são feitas cerca de 90 cobranças em toda a cidade. Seja no centro ou no Frutal 4, o cobrador tem de ir.

Numa tarde, enquanto ia de um lugar para o outro com a bicicleta, nosso amigo se deparou com uma porta de carro na sua frente: “Eu estava descendo com a bici-cleta. De repente, a porta do carro abriu e caiu tudo. Bici-cleta pra um lado, notinha pro outro. Foi uma confusão. Ainda queriam que eu pagas-se a porta. O jeito foi fugir.”

Das inúmeras histórias en-graçadas, existe uma que se

des-t a c a sobre as outras, conta o jovem cobrador, já com menos vergonha do que no início da entrevis-ta: “uma vez eu comprei um óculos caro. Uns R$200,00. Mas parcelado. Comprei e fui visitar um cliente. Bati palma e ninguém atendeu. Entrei e bati na porta. Aí eu vi um cachorro vindo na minha direção correndo e a dona gritando ‘Para Baby, para!’. Dei a volta e disparei, mas não consegui abrir o portão, então pulei o muro. O problema é que eu estava com o óculos e aí ele que-brou. A cliente até pergun-tou, mas na hora eu disse que tinha sido apenas um ar-ranhozinho, que estava bom. Afinal, tinha que receber a notinha.”

Além das histórias engra-çadas, o jovem, que sonha em fazer uma faculdade de administração, tem gosto por aquilo que faz. E deixa bem claro que existem clientes di-fíceis, a rotina é complicada, mas ser cobrador é bom. Se você não gostar, ao menos um pouco de história terá para contar para os amigos.

Prefira o cara a caraPor mais desagradável que seja receber um cobrador em casa

– e isso acontece, afinal a inadimplência no Brasil tem crescido – vamos levantar a bandeira aqui: prefira receber alguém e não um telefonema.

Telefonema é chato, não toma cafezinho, tem umas musiqui-nhas insuportáveis. O cobrador pode ser engraçado, falar sobre qualquer coisa e até perder uns minutinhos para um pão de queijo ou uma coca-cola. Por isso, quando ouvir umas três palminhas na porta de casa e ver uma notinha de cobrança, prefira o cara a cara. E se você está inadimplente, tenha quase certeza, pelas estatísticas, que a vizinha fofoqueira também está.

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360A chegada de centenas de uemguianos mostra que Frutal é acolhedora para os forasteiros

MariaNa Nogueira @maricotanog

Como acontece há anos, desde que a Universidade do Estado de Minas Ge-

rais instalou em Frutal seu Campus, o início do ano letivo é marcado pela che-

gada dos calouros. Os novos estudantes vindos de diversas partes do Brasil dão

cara nova à cidade, que já é um pólo universitário na região.

Frutal possui cerca de 60 mil moradores, cidade das águas, dos riachos, cida-

de em que hoje habita um grande número de universitários. A mudança que o

Campus Frutal da UEMG trouxe no aspecto da cidade é visível para todos, prin-

cipalmente para os que vivem em Frutal há muitos anos. O comércio, o setor

imobiliário, os órgãos públicos e os cidadãos têm que se preparar para esta leva

de jovens que ancoram por aqui.

A chegada de uma universidade estadual, ou seja, ensino público, gratuito e

de qualidade, obviamente atrairia gente dos quatro cantos, e é o que está ocor-

rendo. O que transforma o cotidiano da cidade.

os bixos estão soltos~

De braços (quase) abertosPelo fato de tantos jovens estarem se

mudando, a cidade teve que se adaptar as mudanças e ir se adequando a esta nova rotina. E a presença destes “forasteiros” faz surgir uma questão: não estariam toman-do vagas dos frutalenses? Regina Célia, que mora em Frutal desde 1982, diz que não vê os jovens de fora como ameaça em relação às vagas. Para ela, muitos saem daqui para estudarem foram, e que se isso acontece ou é porque a universidade não possui os cursos do interesse deles ou por falta de interesse dos próprios. “Tenho uma visão positiva sobre os universitários. No geral a universidade foi um grande benefício para a cidade, pois foi notável a mudança que houve no comércio, nas imobiliárias e tudo isso por conta dos jovens, que vêm e deixam a cidade mais animada”

Os jovens que aqui chegam são bem recepcionados pelos frutalenses. A uni-versidade trouxe para Frutal agitação. Mas os mais de mil estudantes que vivem

na cidade por causa da universidade não precisam só passar no vestibular. A maior prova de fogo após a matrícula no curso superior é encontrar uma moradia. De acordo com a professora Cristina Lo-pes Martins, que reside em Frutal há oito anos, o aluguel ainda é o princi-pal ponto fraco da cidade. “Vejo qui-tinetes que tem aluguel semelhan-te ao da minha casa, que tem três quartos, duas salas e quintal gran-de”, relata.

Já no setor da alimentação acon-tece um fato curioso: a gama de restaurantes na cidade é grande, proporcionando assim varieda-de de pratos e preços. Enquan-to na maioria das cidades fazer as refeições fora de casa é um gasto muito grande, em Frutal é possível comer fora gastan-do menos do que quem opta por cozinhar em casa.

Autoridade X Universitários

Esse ano a chegada dos “bixos” foi muito bem organizada e segura. A Polícia Militar esteve presente o ca-minho todo evitando que algum in-cidente viesse a acontecer. “Acho in-teressante marcar essa etapa da vida da pessoa como cidadão. Estávamos em duas viaturas e em quatro poli-ciais, fomos para colaborar e prezar pela segurança de todos” diz Major Arnaldo. O Major observa que com o desenvolvimento da faculdade e com a vinda de tantos universitá-rios, as ligações com reclamações aumentaram, mas aproveita para desmistificar algumas coisas so-

bre o ato da policia para com os estudantes: “o conflito que a

polícia tem com o universitário é por questão de aborrecimento

da paz alheia no meio em que ele vive. Se o mesmo está causando

um mal pra sociedade, o dever da policia é evitar, infelizmente

a sociedade tem dificuldade de resolver os problemas sem uma

autoridade. Geralmente conver-samos sem nenhum problema,

primeiro uma interação, se isso não for acatado, tomamos ou-

tras providências”

Para os calouros essa fase é uma grande mudan-ça, cidade nova, pessoas diferentes, morar sozinho, festas e o que todos querem experimentar é o senti-mento de aconchego, como se estivessem nas suas devidas casas e cidades.

A tradição é recebê-los com o devido trote, batizan-do-os para o início da carreira acadêmica. Muitos ca-louros participam da brincadeira e esse ano a UEMG teve um grande número de calouros participando do trote que começou na frente da Universidade, se es-

tendeu passando pela rotatória, sendo finaliza-do na Praça Central.

O calouro José Pereira de Souza Junior, que cursa Comunicação Social e é natural de Catandu-

va-SP, diz que, no início, sentiu um pouco de receio de participar, porém já havia conversado com alguns veteranos e se sentiu mais tranquilo. Sobre a cidade, José Pereira diz que gostou e achou parecida com a dele pelo fato de todos se conhecerem, e que isso o ajudou para que se adaptasse às mudanças. O conta-to com a vizinhança foi muito acolhedor. Sobre a uni-versidade, José espera que a UEMG ofereça tudo o que procura, que o prepare para o mercado de traba-lho, oferecendo-o a base necessária que irá precisar, não só na área do trabalho, mas para ser uma pessoa

melhor com e para a sociedade.E para quem está em Frutal, já acompanha-

va a vida da universidade e agora está inserido na mesma? É um conforto. Para calouros como Leopoldo Praes Furtado Paulucci, que está cur-sando Direito Noturno na UEMG e é residen-te em Frutal, “é muito bom poder estudar “em casa”, perto dos amigos, dos familiares”. Leo-poldo declarou ter sido muito bem recepciona-do pelos professores e colegas de faculdade.

E assim é fácil notar como a cidade vive em constante mudança. Não só a cidade, mas to-dos que estão envolvidos nesse ciclo de trans-formação. E mudança positiva sempre é bem vinda. Que cheguem mais calouros.

Enfim, universitários

PâMela flores @pamchristiano

Page 10: Jornal 360 - 9ª edição

Como calcular a data da PáscoaPara calcular a data da Páscoa para qualquer ano no calendário Grego-riano (o calendário civil no Brasil), usa-se a seguinte fórmula, com to-das as variáveis inteiras, com os re-síduos das divisões ignorados. Usa-se A para ano, M para mês, e D para dia. O sinal * significa multiplicação. Este algoritmo é de J.-M.Oudin (1940). Foi impresso no Explanatory Supplement to the Astronomical Al-manac, ed. P.K. Seidelmann (1992).

Por exemplo, para o ano de 2000: a=2000c=2000/100=20 n=2000-19×(2000/19)=2000-19×105=5k=(20-17)/25=0i=20-(20/4)-[(20-0)/3]+(19×5)+15=20-5-6+95+15=119i=119-30×(119/30)=119-(30×3)=29i=29-{(29/28)×[1-(29/28)]×(29/30)×[(21-5)/11]}=29-{1×0×0×1}=29j=2000+500+29+2-20+5=2516j=2516-[7×(2516/7)]=2516-[7×359]=3l=29-3=26m=3+[(26+40)/44]=3+1=4d=26+28-(31×1)=23

A páscoa no ano 2000 caiu no dia 23 de abril.

c = a/100n = a - 19*(a/19)k = (c - 17)/25i = c - c/4 - (c-k)/3 +19*n + 15i = i - 30*(i/30)i = i - (i/28)*(1-(1/28)*(29/(i+1))*((21-n)/11))j = a + a/4 + i + 2 -c + c/4j = j - 7*(j/7)l = i - jm = 3 + (l+40)/44d = l + 28 - 31*(m/4)

10 MAR/201236

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A Páscoa certamente é um dos feriados mais aguardados pelas crianças. Cheia de tradições, lendas, símbolos e costumes, que encantam os menores e até mesmo os adultos, a Páscoa é a comemoração cristã para a ressurreição de Cristo.

A palavra Páscoa vem do hebraico pes-sach, e para os cristãos lembra a ressurrei-ção de Cristo, a passagem da morte para a vida. A data da Páscoa muda todo ano, pois depende do início da primavera no calen-dário judaico. Já a data do carnaval muda em função da data da páscoa, pois o car-naval acontece 40 dias antes da Páscoa. A Páscoa é comemorada desde o Século XI.

A maioria das tradições da Páscoa re-mete a atos pagãos que foram aos poucos incorporados na vida cristã. As tribos pa-gãs da Europa celebravam o nascimento da primavera, no final de março. Era o culto a deusa da primavera, Eostre. Al-guns filósofos dizem que foi daí que sur-giu a palavra Easter, Páscoa em inglês.

Os Judeus já celebravam a Páscoa mes-mo antes do nascimento de Jesus. Para eles a Páscoa significa a liberdade dos anos de escravidão no Egito. Para os cristãos, Páscoa significa o renascimento de Jesus e a ascensão aos céus dois dias depois de sua morte, na sexta-feira santa.

Uma das principais tradições da Pás-coa são os ovos, que significam o começo do universo. Essa tradição começou com os chineses que coloriam os ovos de pata para celebrar a vida e os davam de presen-te para outras pessoas. Os ovos de choco-late só começaram a aparecer no século XVII. Os ovos feitos de plástico e rechea-dos com bombons surgiram na década de 60. Na verdade a troca dos ovos de pata ou galinha pelos de chocolate se deve ao fato da descoberta e da comercialização em massa do chocolate naquela época.

Já o coelho da Páscoa significa fecun-didade e renascimento e tem origem anglo-saxônica. Naquela época era uma lebre que simbolizava a Páscoa, pois ela

nascia com os olhos abertos. Na verda-de, o animal que leva os ovinhos para as crianças muda conforme o país. As crian-ças tchecas esperam que a cotovia traga-lhes presentes; as alemãs têm duas opções além do coelho: galo ou cegonhas. Mas o significado de prosperidade e fartura em todas é o mesmo. No Brasil a tradição do coelho da páscoa foi trazida pelos ale-mães, em 1913.

A origem da tradição do coelho da Páscoa gera polêmicas até hoje. Existem diversas teorias. A primeira diz que como a Páscoa cai sempre na época da lua cheia, existem lendas européias que contam que na época da lua cheia podemos ver a som-bra de um coelho na lua.

Outra teoria explica que o nome Pás-coa viria da deusa germânica “Ostara” (nas línguas germânicas páscoa é “Os-tern”). Os símbolos desta deusa são coe-lho e ovo.

Existe ainda uma terceira teoria que defende que o coelho da Páscoa foi uma invenção somente para justificar a procu-ra dos ovos. No século XVIII, os cristãos protestantes teriam inventado a brinca-deira de esconder ovos e para justificar os ovos coloridos para as crianças. Acabaram assim, inventando a existência de um coe-lho que escondia os ovos.

As roupas também fazem parte das tra-dições da Páscoa. Antigamente, quem era batizado durante a quaresma tinha que usar roupa branca durante a semana da Páscoa. Já os que já foram batizados usa-vam roupas novas na Páscoa para simboli-zar a graça divina ou para ter boa sorte no resto do ano, como acreditavam os norte-americanos.

Pelo mundo afora a Páscoa é come-morada de diversas formas. Na China, O “Ching-Ming” é uma festividade que ocor-re na mesma época da Páscoa, onde são visitados os túmulos dos ancestrais e feitas oferendas, em forma de refeições e doces, para deixá-los satisfeitos com os seus des-

cendentes. Na Europa, as

tradições de Páscoa incluem a decora-ção de ovos cozidos e as brincadeiras com os ovos de Páscoa como, por exemplo, rolá-los ladeira abaixo, onde será o vencedor aquele ovo que rolar mais longe sem quebrar.

Nos países da Europa Oriental, como Ucrânia, Es-tônia, Lituânia e Rússia, a tra-dição mais forte é a decoração de ovos para presentear amigos e parentes. A tradição diz que, se as crianças forem bem comportadas na noite anterior ao domingo de Páscoa e deixarem um boné de tecido num lugar escondido, o coelho deixará doces e ovos coloridos nesses “ninhos”.

Nos Estados Unidos a brincadeira mais tradicional ainda é a “caça ao ovo”, onde ovos de chocolate são escondidos pelo quintal ou pela casa para serem descobertos pelas crianças na manhã de Páscoa. Em algumas cidades americanas a “caça ao ovo” é um evento realizado em praça pública.

Já no Brasil as crianças montam seus próprios ninhos de Páscoa, seja de madei-ra ou papelão, enchendo-os de palha ou papel picado. Os ninhos são deixados para o coelhinho colocar doces e ovinhos na madrugada de Páscoa. A “caça ao ovo” ou “caça ao cestinho” também é utilizada.

Considerada uma das datas mais importantes do calendário, a Páscoa é tempo de celebrar a vida com paz, amor e alegria. Seja com um singelo ovinho de chocolate ou com uma grande ceia de Páscoa, o importante é lembrar o verdadeiro significado da Páscoa.

eduardo uliaNa @eduardoulliana

Mais que um feriado, Páscoa celebra o nascimento e a vida

“Coelinho da Páscoa que trazes pra mim. Um ovo, dois ovos, três ovos assim. Coe-linho maroto que cor ele tem. Azul, ama-relo e vermelho também...”. Todo mundo já ouviu essa música quando era criança na escola ou até mesmo em casa. Mas você sabe qual é o verdadeiro significado da Páscoa e de onde vêm as tradições dessa data?

Pensamentos avulsos

Para que serve a educação pública? Qual o seu papel na vida social? Estas questões são atuais e necessárias. O ensi-no público de qualidade é a melhor op-ção para tornar a igualdade do acesso ao conhecimento o fator indispensável na redução da desigualdade social.

Em uma sociedade democrática, o único diferencial aceitável entre os seus membros deve ser o mérito. Mas, para que o mérito possa diferenciar, é neces-sário que a base inicial seja igualitária.

No Brasil, o destino de cada um é deci-dido, muitas vezes, no nascimento. Aque-le que nasce pobre ou, mais que pobre, miserável, terá uma enorme dificuldade de sair desta situação, de ascender social-mente. E quando consegue é sempre por

uma imensa determinação pessoal.E esta obstinação individual é neces-

sária porque não estão todos em nível de igualdade. O garoto, que desde molecote tem que trabalhar para ajudar no susten-to da família, estudando à noite em es-cola pública, não tem condição alguma de disputar mercado de trabalho com o jovem de classe social mais elevada, bem nutrido, aluno de escola particular, que possui todas as condições objetivas para “ter sucesso na vida”.

Quando candidato a presidente em 2006 o senador Cristovam Buarque foi ridicularizado por entoar um samba de uma nota só, a educação. A plataforma do candidato Cristovam Buarque era corretíssima.

Precisamos de uma revolução na edu-cação. Mas nem tudo virá do Estado. O cidadão tem parcela fundamental na me-lhora da escola de seu filho. Sempre que a imprensa divulga exemplos de sucesso no ensino público, em cem por cento dos casos, são escolas que possuem, na sua gestão, uma participação efetiva da comunidade que a rodeia.

Não há outro caminho. A melhora do ensino público é obrigação e responsabi-lidade de todos nós. E uma das maneiras de iniciar este trabalho é incentivar a va-lorização do educador, do profissional e do estudante de escola pública.

Por estes dias fui convidado a parti-cipar de um grupo criado no Facebook chamado Todos pela Educação, grupo de

Frutal. O que mais me chamou a atenção foi que seus criadores eram jovens de 16, 17 anos, estudantes de escolas públicas.

Em conversa com estes garotos, per-cebi a seriedade de seus propósitos e a real preocupação com mudanças que possam garantir um estudo de qualidade para todos.

Que eles tenham sucesso. É bom ver o engajamento de uma moçada muito nova, mas que acredita em seus ideais e sai à luta para conquistá-los. Que tenham a sabedoria de não se deixar contaminar por grupos ideológicos que, certamente, tentarão cooptá-los para a luta partidária.

O objetivo desta turma é justo e a sua luta, árdua. Que obtenham o apoio que precisam. O meu já conquistaram.

Por lausaMar huMberto

Ponto Crítico

Todos pela educação

11MAR/2012

360

Ao contrário do senso comum das redes sociais, que ado-ram ditos como “quando mais conheço o homem, mais gosto de meu cachorro” - uma frase espirituosa, mas tola -, quanto mais conheço as pessoas mais confirmo como existe gente boa neste mundo de meu deus. E esse conhecer refere-se tanto a novidade daqueles que entram cotidianamente na vida gente, quanto ao aprofundamento de relações já antigas. O sentimento contrário, de que o mundo, e a gente que o povoa, não prestam, revela uma alma doente, com evidentes sinais de egolatria.

Do crítico literário

agnóstico: “Deus pode até existir, mas Ele é inverossímil.”

Quando do dia da poesia, uma constatação: poesia não é para todos. Há bons leitores de prosa que não gostam de poesia. Eu, ao contrário, prefiro esta. O que me encanta na poesia é a síntese, a força concentrada de poucos versos que reverberam pela vida inteira. Poesia é a expressão ab-soluta da inteligência. E a prospecção mais profunda dentro de nossos eus. Ela nos desnuda, revela nossos temores e desejos mais secretos. Talvez, por isso, não agrade a todos. Para se gostar verdadeiramente de poesia é preciso cora-gem. E uma alma com eternos resquícios de infância.

Vejo um texto com uma comunicação de um evento do PT. Erros aos montes. Uma provocadinha básica nos meus amigos vermelhinhos. Por que esquerdista es-creve tão mal? O que eles têm contra plurais, orações coordenadas e concordâncias? É tanta preocupação em construir um outro mundo possível ou em salvar as pessoas de suas vidas conservadoras que não so-bra tempo para a gramática? Ou já assumiram o Lulês como idioma oficial?

Qualidades necessárias para ser um grande

jornalista, segundo o lendário jornalista america-no Gay Talese: ser muito curioso, mas muito mesmo; ser

paciente; gostar de estar com pessoas e escrever bem, muito bem. Mesmo quem faça um excelente curso de jornalismo não

será necessariamente bom jornalista. Nem todos que querem ser jornalistas serão. É duro. Mas é fato.

Não existe fala mais

ingênua do que a categórica: Eu sou desse jeito. Dita assim, em

tom monolítico. Ingênua porque quem a pronunciou pode ser outro diame-

tralmente oposto já no instante seguinte. E é tudo uma questão de vontade ou de destino.

Do ateu precavido:

“Acredito que Deus não existe! Mas, olha

Deus, caso existas, não se zangues. Estou apenas sendo sincero.”

No limite, é preferível uma

imprensa que queira derrubar um governo do que um governo que

queira derrubar a imprensa.

Page 11: Jornal 360 - 9ª edição

Pensamentos avulsos

Para que serve a educação pública? Qual o seu papel na vida social? Estas questões são atuais e necessárias. O ensi-no público de qualidade é a melhor op-ção para tornar a igualdade do acesso ao conhecimento o fator indispensável na redução da desigualdade social.

Em uma sociedade democrática, o único diferencial aceitável entre os seus membros deve ser o mérito. Mas, para que o mérito possa diferenciar, é neces-sário que a base inicial seja igualitária.

No Brasil, o destino de cada um é deci-dido, muitas vezes, no nascimento. Aque-le que nasce pobre ou, mais que pobre, miserável, terá uma enorme dificuldade de sair desta situação, de ascender social-mente. E quando consegue é sempre por

uma imensa determinação pessoal.E esta obstinação individual é neces-

sária porque não estão todos em nível de igualdade. O garoto, que desde molecote tem que trabalhar para ajudar no susten-to da família, estudando à noite em es-cola pública, não tem condição alguma de disputar mercado de trabalho com o jovem de classe social mais elevada, bem nutrido, aluno de escola particular, que possui todas as condições objetivas para “ter sucesso na vida”.

Quando candidato a presidente em 2006 o senador Cristovam Buarque foi ridicularizado por entoar um samba de uma nota só, a educação. A plataforma do candidato Cristovam Buarque era corretíssima.

Precisamos de uma revolução na edu-cação. Mas nem tudo virá do Estado. O cidadão tem parcela fundamental na me-lhora da escola de seu filho. Sempre que a imprensa divulga exemplos de sucesso no ensino público, em cem por cento dos casos, são escolas que possuem, na sua gestão, uma participação efetiva da comunidade que a rodeia.

Não há outro caminho. A melhora do ensino público é obrigação e responsabi-lidade de todos nós. E uma das maneiras de iniciar este trabalho é incentivar a va-lorização do educador, do profissional e do estudante de escola pública.

Por estes dias fui convidado a parti-cipar de um grupo criado no Facebook chamado Todos pela Educação, grupo de

Frutal. O que mais me chamou a atenção foi que seus criadores eram jovens de 16, 17 anos, estudantes de escolas públicas.

Em conversa com estes garotos, per-cebi a seriedade de seus propósitos e a real preocupação com mudanças que possam garantir um estudo de qualidade para todos.

Que eles tenham sucesso. É bom ver o engajamento de uma moçada muito nova, mas que acredita em seus ideais e sai à luta para conquistá-los. Que tenham a sabedoria de não se deixar contaminar por grupos ideológicos que, certamente, tentarão cooptá-los para a luta partidária.

O objetivo desta turma é justo e a sua luta, árdua. Que obtenham o apoio que precisam. O meu já conquistaram.

Por lausaMar huMberto

Ponto Crítico

Todos pela educação

11MAR/2012

360

Ao contrário do senso comum das redes sociais, que ado-ram ditos como “quando mais conheço o homem, mais gosto de meu cachorro” - uma frase espirituosa, mas tola -, quanto mais conheço as pessoas mais confirmo como existe gente boa neste mundo de meu deus. E esse conhecer refere-se tanto a novidade daqueles que entram cotidianamente na vida gente, quanto ao aprofundamento de relações já antigas. O sentimento contrário, de que o mundo, e a gente que o povoa, não prestam, revela uma alma doente, com evidentes sinais de egolatria.

Do crítico literário

agnóstico: “Deus pode até existir, mas Ele é inverossímil.”

Quando do dia da poesia, uma constatação: poesia não é para todos. Há bons leitores de prosa que não gostam de poesia. Eu, ao contrário, prefiro esta. O que me encanta na poesia é a síntese, a força concentrada de poucos versos que reverberam pela vida inteira. Poesia é a expressão ab-soluta da inteligência. E a prospecção mais profunda dentro de nossos eus. Ela nos desnuda, revela nossos temores e desejos mais secretos. Talvez, por isso, não agrade a todos. Para se gostar verdadeiramente de poesia é preciso cora-gem. E uma alma com eternos resquícios de infância.

Vejo um texto com uma comunicação de um evento do PT. Erros aos montes. Uma provocadinha básica nos meus amigos vermelhinhos. Por que esquerdista es-creve tão mal? O que eles têm contra plurais, orações coordenadas e concordâncias? É tanta preocupação em construir um outro mundo possível ou em salvar as pessoas de suas vidas conservadoras que não so-bra tempo para a gramática? Ou já assumiram o Lulês como idioma oficial?

Qualidades necessárias para ser um grande

jornalista, segundo o lendário jornalista america-no Gay Talese: ser muito curioso, mas muito mesmo; ser

paciente; gostar de estar com pessoas e escrever bem, muito bem. Mesmo quem faça um excelente curso de jornalismo não

será necessariamente bom jornalista. Nem todos que querem ser jornalistas serão. É duro. Mas é fato.

Não existe fala mais

ingênua do que a categórica: Eu sou desse jeito. Dita assim, em

tom monolítico. Ingênua porque quem a pronunciou pode ser outro diame-

tralmente oposto já no instante seguinte. E é tudo uma questão de vontade ou de destino.

Do ateu precavido:

“Acredito que Deus não existe! Mas, olha

Deus, caso existas, não se zangues. Estou apenas sendo sincero.”

No limite, é preferível uma

imprensa que queira derrubar um governo do que um governo que

queira derrubar a imprensa.

Page 12: Jornal 360 - 9ª edição

@frase_clarissa Gente feia por dentro procura defei-to do lado de fora dos outros.

@Grope_ Pessoas: deveriam vir com um manual de ins-truções para melhor entendimento!

@millorfernandes Ditado Milloriano: Quem se curva para os poderosos, mostra o traseiro para os oprimi-dos.

@aiturrusgarai Suicidas abandonam o banquinho e a corda. Agora vão ao Hopi Hari.

@rodriguesnelson O brasileiro é um feriado.

@miller_ricardo Na política, só existe corrupção ativa porque existe um eleitor passivo.

@Trollwiteiro O Facebook é uma geladeira virtual. No tédio, você abre de meia em meia hora como se alguma coisa boa fosse surgir por lá.

@djex A maior vilã da literatura é a prepotência de quem acha que sabe escrever.

@PiadaDoEvaristo A fita isolante e a fita crepe lu-tando. Quem ganha? A fita isolante, afinal ela é faixa preta.

@MarceloTas Se China parar de comprar minério esta-mos fritos. É o DNA do Brasil desde 1500: exportar ma-téria prima a preço de banana.

@genetonmneto Descubro esta pérola ao reouvir gra-vação que fiz com gênio Nélson Rodrigues: “O sujeito só deve ter sinceridade se for em absoluto sigilo”.

@IroniaSA Se o título de eleitor é a maior arma do bra-sileiro, tá explicado porque a maioria não tem porte de arma.

@rafinhabastos Meu carro morreu hj na Av. Rebouças. Eu acho q culpa é da embreagem, o Boris Casoy acha q a culpa é do Lula.

TwittadasInteligência, humor, mau-humor, lirismo,

cinismo e acidez em 140 caracteres

MAR/2012

12

Arregou

360

Na mídia

Já que não era o Baltazar...

Nestes dias, um burburinho nos corredores de Brasília: a imprensa traria uma grande bomba sobre a vida do senador Demóstenes Torres. Tensão no DEM. Depois da revelação da convivência promíscua com o contraventor Carlinhos Cacho-eira, suspiros de alívio. Ninguém entendeu nada. Líder do DEM, o senador Agripino Maia explica: “já imaginou se revelam que o Demóstenes tem o escorpião tatuado e é o namorado do Crô? Seria o fim do partido”.

O povo??Ah, o povo...

Depois de saber da morte de Chico Anysio e Millôr Fernandes, Oscar Niemeyer, que já nasceu há algum tempinho avisou o Altíssimo: ”meu caro, o estoque de gênios aqui por estas bandas é baixíssimo. Não pode-mos perder mais de um por ano. Eles já ficaram com a cota. Deixe-me em paz aqui no meu canto”.

Cota estourada

O protesto das pinturas dos buracos nas ruas de Frutal repercutiu até em terras rio-grandenses. Aliás, Frutal nunca teve tanta mídia nos últimos 1360 anos. A prefeita Ciça ficou furiosa. “Vândalos”, esbravejou. Calma, prefeita, as coisas têm que ser resolvidas com jeito. Por exemplo, no Planalto a presidenta Dilma já avisou: “se estes frutalenses aparecerem com tinta perto das rodovias federais, pau neles.”

Acossado por inúme-ras denúncias, Ricardo Teixeira entregou o boné depois de 23 anos. Mereceu desprezo no senado. “Sair por causa de umas bobeirinhas dessas? Não tem pedi-gree. É preciso ter couro grosso. Saber apanhar em público enquanto o patrimônio privado só aumenta não é para principiantes.”, filosofou do alto de sua sabedoria José Sarney, o Tutancâ-mon do Maranhão.

Sensata e corretíssima a decisão dos vereadores de aprovarem um aumento para a próxima legislatura que eleva os ganhos dos nobres edis para mais de seis mil reais. Um ato de altivez e sem hipocrisia. “Ah, mas o cidadão não concor-da”, dirão os chatos de plan-tão. Para estes, a sabedoria de Justo Veríssimo: “o povo que se exploda.”