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ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO JORNAL DA ALERJ Ano VIII N° 221 – Rio de Janeiro, de 16 a 30 de novembro de 2010 Rafael Wallace Ser ou não ser cidadão? Para reduzir estatísticas de sub-registro e garantir cidadania aos moradores do Rio, Alerj aprova propostas de estímulo ao registro civil M ais do que um mero registro dos principais fatos da vida – nascimento, casamento e óbito – os registros civis, ao lado de do- cumentos como carteira de identidade ou Registro Geral (RG), constituem importantes instrumentos de cidadania. Não ter registro corresponde a viver à margem da sociedade, a não ter acesso a educação, saúde, serviços sociais, entre outros. Universalizar o registro civil no Estado do Rio de Janeiro, focando sobretudo na redução dos índices de sub- registro de nascimento, é um dos desafios da Assembleia Legislativa, que já aprovou uma série de propostas sobre o tema. Esta edição traz exemplos de leis origina- das no Parlamento e que já surtem efeito na emissão das certidões, como a Lei 5.609/09, que fez com o que o Estado instalasse postos de atendimento de registro civil para garantir certidões de nascimento e óbito, na rede es- tadual de saúde. E, mais recentemente, a Lei 5.838/10, que incluiu nas comemorações do Dia Estadual do Registro Civil (13/07) ações itinerantes de esclarecimentos e emissão de documentos supervisionadas pela Associa- ção dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen /RJ). “O sub-registro destitui as pessoas de cidadania e inibe a execução de políticas públicas”, diz o autor da segunda lei, deputado Wagner Montes (PDT). PÁGINAS 6, 7 e 8 l NESTE NÚMERO Alerj faz ato em apoio às micro e pequenas empresas PÁGINA 3 Emendas ao orçamento podem garantir mais investimentos em Educação PÁGINA 11 Inês Pandeló quer expandir sua atuação para as áreas de Cultura e Educação PÁGINA 12

Jornal Alerj 221

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Jornal da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro

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Page 1: Jornal Alerj 221

A S S E M B L E I A L E G I S L A T I V A D O E S T A D O D O R I O D E J A N E I R O

JORNAL DA ALERJAno VIII N° 221 – Rio de Janeiro, de 16 a 30 de novembro de 2010

Rafael Wallace

Ser ou não ser cidadão?Para reduzir estatísticas de sub-registro e garantir cidadania aos moradores do Rio, Alerj aprova propostas de estímulo ao registro civil

M ais do que um mero registro dos principais fatos da vida – nascimento, casamento e

óbito – os registros civis, ao lado de do-cumentos como carteira de identidade ou Registro Geral (RG), constituem importantes instrumentos de cidadania. Não ter registro corresponde a viver à margem da sociedade, a não ter acesso a educação, saúde, serviços sociais, entre outros. Universalizar o registro civil no Estado do Rio de Janeiro, focando sobretudo na redução dos índices de sub-registro de nascimento, é um dos desafios da Assembleia Legislativa, que já aprovou uma série de propostas sobre o tema.

Esta edição traz exemplos de leis origina-

das no Parlamento e que já surtem efeito na emissão das certidões, como a Lei 5.609/09, que fez com o que o Estado instalasse postos de atendimento de registro civil para garantir certidões de nascimento e óbito, na rede es-tadual de saúde. E, mais recentemente, a Lei 5.838/10, que incluiu nas comemorações do Dia Estadual do Registro Civil (13/07) ações itinerantes de esclarecimentos e emissão de documentos supervisionadas pela Associa-ção dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen /RJ). “O sub-registro destitui as pessoas de cidadania e inibe a execução de políticas públicas”, diz o autor da segunda lei, deputado Wagner Montes (PDT).

PÁGINAS 6, 7 e 8

lNESTE NÚMERO

Alerj faz ato em apoio às micro e pequenas empresas PÁGINA 3

Emendas ao orçamento podem garantir mais investimentos em EducaçãoPÁGINA 11

Inês Pandeló quer expandir sua atuação para as áreas de Cultura e EducaçãoPÁGINA 12

Page 2: Jornal Alerj 221

Rio de Janeiro, de 16 a 30 de novmebro de 20102

FRASES CONSuLTA POPuLAR ExPEDIENTE

ALERJAssEmbLEiA LEgisLAtivA do EstAdo do Rio dE JAnEiRo

“Pela primeira vez depois de muito tempo nós temos uma política de segurança com início, meio e fim. E é fundamental que o Parlamento, independente das questões políticas, mas em função das questões de Estado, permaneça vigilante”Deputado André Corrêa (PPS), sobre a ocupação policial nos Complexos da Penha e do Alemão

“É uma coisa horrorosa! A pessoa entra e se perde. Se houver um incêndio, ela se vê num labirinto, sem ter como sair”Deputada Cidinha Campos (PDT), falando sobre a decisão judicial envolvendo a Etna e a Tok Stok, na qual a Comissão de Defesa do Consumidor irá vistoriar as lojas com a Defesa Civil

“Isso significa oportunidade, uma luz no final do túnel e o resgate da auto-estima dos trabalhadores que levam o sustento de suas famílias, ao final do mês, com o esforço do seu trabalho”Deputado Rodrigo Neves (PT), sobre a retomada da indústria naval

Rafael Wallace

Joana Machado – Niterói

Jaqueline Almeira – Japeri

l Estão nos jornais casos de falsos médicos dando plantão no lugar de profissionais habilitados. Há algum projeto de lei para coibir esta prática?

l Empresas de ônibus obrigam motoristas a fazer o papel dos cobradores. O acúmulo de funções aumenta o risco de acidentes. Como proibir isso?

l Cada vez mais crescem os debates acerca das mudan-ças na Saúde do País. Exis-tem muitas queixas de falta de verbas para investimentos no setor, mas, na maioria dos casos, o não cumprimento dos plantões médicos está direta-

mente ligado à má gestão das unidades. Não são poucos os casos de pacientes que che-gam aos hospitais e saem sem receber atendimento porque os médicos não estão. Pensando neste problema, apresentei o projeto de lei 3.308/10, que obriga os hospitais, casas de saúde, clínicas e emergências a listar nas salas de espera os nomes dos plantonistas e seus respectivos registros. A medida irá garantir mais transparência e democratiza-ção da informação.

l É notório o caos existen-te no transporte coletivo. Inú-meras empresas extinguiram a função do cobrador, como se a atividade pudesse ser exer-cida pelo mesmo funcionário que dirige o coletivo. Além de guiar o veículo e fazer mano-

bras para entrada e saída de passageiros, o motorista fica responsável pelo recebimento do dinheiro da passagem e pe-lo troco, tudo ao mesmo tempo. Para dar fim a esta medida descabida, apresentei o projeto de lei 3.338/10, que proíbe o acúmulo das funções nos coletivos. É muito perigoso. Coloca em risco a segurança de todos e beneficia somen-te as empresas, pois só elas economizam, sem qualquer alteração no custo da passa-gem para o usuário.

Deputado Gilberto Palmares (PT)

Deputada Cidinha Campos (PDT)

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Ouça sonoras dos deputados

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SiStema de OrientaçãO de Segurança

Contatos: 2588-1471 / 2588-1543 / 2588-8437

Nos dias de pagamento recomendamos que todos fiquem atentos antes de entrar e sair do banco.

Evitem circular na rua com grandes quantias de dinheiro. Se for inevitável, prestem atenção ao entorno, e, no caso de observarem qualquer movimentação estranha, entrem em contato com o Departamento de Segurança, que tomará as medidas necessárias para garantir seu bem-estar.

PresidenteJorge Picciani

1ª Vice-presidenteCoronel Jairo

2º Vice-presidenteGilberto Palmares

3º Vice-presidenteGraça Pereira

4º Vice-presidenteOlney Botelho

1ª SecretáriaGraça Matos

2º SecretárioGerson Bergher

3º SecretárioDica

4ª SecretárioFabio Silva

1a SuplenteAdemir Melo

2o SuplenteArmando José

3º SuplentePedro Augusto

4º SuplenteWaldeth Brasiel

JORNAL DA ALERJPublicação quinzenalda Diretoria Geral de Comunicação Social da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro

Jornalista responsávelPedro Motta Lima (MT-21570)

Coordenação: Fernanda Galvão e Cristiane Laranjeira

Reportagem: Fernanda Porto, Marcela Maciel e Vanessa Schumacker

Estagiários: André Coelho, André Nunes, Constança Rezende, Fellippo Brando, Gabrielle Torres, Maria Rita Manes, Paulo Baldi, Raoni Alves, Ricardo Costa, Tereza Baptista, Thaís Mello, Thaisa Araújo

Fotografia: Rafael Wallace e Clarice Castro

Diagramação: Daniel Tiriba

Telefones: (21) 2588-1404/1383 Fax: (21) 2588-1404Rua Primeiro de Março s/nº sala 406 CEP-20010-090 – Rio de Janeiro/RJEmail: dcs@alerj.rj.gov.brwww.alerj.rj.gov.brwww.noticiasalerj.blogspot.comwww.twitter.com/alerjhttp://alerj.posterous.com

Impressão: Gráfica da AlerjDiretor: Octávio BanhoMontagem: Bianca MarquesTiragem: 2 mil exemplares

Page 3: Jornal Alerj 221

3Rio de Janeiro, de 16 a 30 de novembro de 2010

O apoio da Alerj à aprovação do projeto de lei comple-mentar 591/10, que esta-

belece importantes mudanças na Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, em tramitação no Congresso Nacional, foi reafirmado em amplo evento, no dia 29, no Plenário Barbosa Lima Sobrinho. A atividade foi organizada pelo Fórum Permanente de Desenvolvimento Es-tratégico do Estado para solicitar a votação do projeto, em Brasília, ainda em 2010. Entre as mudanças previstas no texto está o aumento do teto de rendimento anual para que as micro e pequenas empresas possam continuar enquadradas no Supersimples, um re-gime tributário que garante uma série de facilidades para os empreendedores. Entidades ligadas ao setor afirmam que, caso as mudanças na lei não aconteçam, muitas empresas podem ficar fora do Simples em 2011, o que poderia causar falências e aumentar os índices de desemprego.

A manifestação contou com a presença do presidente da Frente Parlamentar em Defesa das Micro e Pequenas Empresas do Congresso Nacional, o deputado federal Claudio Vignatti (PT-SC), que deu detalhes sobre o projeto e sua tramitação. O deputado estadual André Correa (PPS), líder da Frente Parlamentar homônima à federal na Alerj, clas-sificou o evento como estratégico. “Representa a união de todo o Estado do Rio de Janeiro, de todos os atores envolvidos. Este projeto é vital para evitarmos que muitas empresas não sejam desenquadradas, o que pode gerar desemprego”, destacou.

Para a presidente do Sindicato das Empresas de Contabilidade do Rio (Sindscon-RJ), Márcia Tavares, caso a mudança não seja aprovada ainda este ano, 40 a 600 mil empresas que hoje funcionam no Simples podem deixar de ser enquadradas nesta categoria já em 2011. “As empresas vêm aumentando seu faturamento a cada ano, e ainda há o problema de débitos junto ao governo. O parcelamento do débito e o aumento deste limite, previstos no projeto, são de extrema importância”, defendeu. De acordo com Márcia, podem haver reflexos no mercado de trabalho caso o

projeto não seja aprovado. “Muitas em-presas podem fechar as portas, gerando aumento no desemprego”, destacou.

Segundo o deputado federal Claudio Vignatti a lei atual já representou um grande estímulo à criação de pequenos empreendimentos. Ainda de acordo com o deputado, antes da lei entrar em vigor, no ano de 2006, havia 1.387 micro e pequenas empresas no País, funcio-nando com base em regimes estaduais. Atualmente, são cerca de 4,4 milhões de empreendimentos do tipo em todo o Brasil, além de 730 mil empreendedores individuais, categoria incluída na Lei Geral em julho de 2009.

“O fortalecimento das micro e pe-quenas empresas e dos empreende-dores individuais é fundamental para a distribuição de renda e a redução de desigualdades. Precisamos apoiar estas empresas para que elas possam participar mais do PIB nacional”, defen-deu o petista. De acordo com números apresentados pelo deputado, atualmente 99% dos empreendimentos respondem por apenas 24% do PIB, enquanto 1% das empresas são responsáveis por 76% deste montante. A meta, segundo o par-lamentar, é que as pequenas empresas passem a representar cerca de 40% do PIB dentro de alguns anos.

André Coelho

Alerj se mobiliza para pedir mudanças na lei das micro e pequenas empresas, que serão votadas na Câmara Federal

Mais de dez instituições e órgãos públicos participaram da manifestação de apoio às micro e pequenas empresas, organizada pelo Fórum

fóRuM

Mais teto para o Supersimples

Clarice C

astro

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Rio de Janeiro, de 16 a 30 de novmebro de 20104

TRâNSiTO

No trânsito o sinal amarelo tem a intenção de alertar o motorista para o fechamento

do semáforo, permitindo a escolha entre parar ou seguir adiante. Mas, para o deputado Luiz Paulo (PSDB), o amarelo tem significado diferente. Associado aos radares eletrônicos, ele alimenta o que ele classifica como “industria das multas” no estado. Por esta razão que o parlamentar trava agora uma luta para garantir o cumprimento da lei 5.818/10, de sua autoria, que impede a instalação dos chamados pardais em sinais onde não haja temporizadores de sinal verde. Em pleno vigor desde 9 de novembro, quando venceu o prazo para retirada dos pardais dos semáforos sem a contagem regressiva de tempo do verde, a norma tem sido contestada pelas prefeituras do Rio e de Niterói, que, no entanto, não acionaram a Justiça.

A alegação para o não cumprimento da lei é o suposto caráter inconsti-

tucional da norma, que trataria de trânsito – matéria da União. Luiz Paulo refuta o argumento: “Não se trata de uma lei de trânsito, mas de defesa do consumidor. O principio do Código de Trânsito é educacional, e hoje, o que observamos é um comportamento punitivo e arrecadatório, e que não é revertido em campanhas educativas”, justifica o presidente da Comissão de Tributação da Alerj. O parlamentar aguarda o agendamento de encontros com os prefeitos das duas cidades e estuda buscar no Ministério Público o cumprimento da norma.

Segundo o parlamentar, a norma tem objetivo simples: permitir aos motoristas o cálculo do tempo dis-ponível para a ultrapassagem sem risco de multas. “A inexistência dos temporizadores acaba aumentando a incidência de multas por avanço de sinal vermelho”, explica Luiz Paulo. A infração é considerada gravíssima e custa R$ 191,54 aos contribuintes.

O deputado argumenta que há uma diferença nos tempos dos sinais de acordo com o horário e a velocidade permitida nas vias. “Quando há um temporizador nos sinais verdes, contanto o tempo em

que ele permanecerá aberto, o motorista tem a possibilidade de decidir se ultra-passa ou não, mas está consciente de que a ultrapassagem no zero pode gerar multa”, diz Luiz Paulo, que condena os sinais amarelos por não indicarem o tem-po exato em que o sinal estará fechado, no vermelho. Hoje, nas ruas da capital, segundo o parlamentar, a luz amarela leva três segundos em alguns locais, enquanto há indicações de quatro segundos do Conselho Nacional de Trânsito.

Luiz Paulo lembra ainda que nas grandes cidades o trânsito e a violência urbana agravam o cenário. “Com medo de uma colisão, o motorista tem um re-flexo de acelerar e acaba sendo punido duplamente, também por excesso de velocidade. O mesmo acontece quando, de madrugada, em um locar deserto, ele opta por acelerar para não se colocar em situação de risco”, completa. Foi o que aconteceu com o estudante de fisioterapia e músico Felype Frazão, de 24 anos. Seu veículo foi registrado pelo pardal, no sinal da esquina da Avenida Vieira Souto com a Rua Joana Angélica, sentido Arpoador, no dia 23 de setembro. Segundo o músico, o sinal estava amarelo, mas teria fechado em

George Campos/Prefeitura de Nova Iguaçu

Contagem regressiva

Lei estadual garante aos motoristas temporizadores em sinais com radares

FernAndA Porto e riCArdo CostAfluirPara o

trânsito

Alerj quer cumprimento de lei que obriga instalação de temporizadores em sinais com pardais, a exemplo de Nova Iguaçu (foto)

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5Rio de Janeiro, de 16 a 30 de novembro de 2010

Rafael WallaceRafael Wallace

Contagem regressiva curto espaço de tempo.“Sou músico e

volto do trabalho, em muitas ocasiões, de madrugada. Não posso ficar parado em qualquer esquina. A insegurança na cidade acaba provocando a ultrapassa-gem”, relata Frazão. “Tomei uma multa em um pardal que é uma verdadeira armadilha contra a população. Eu e vários amigos. A prefeitura deve rever a instalação dos radares”, opina.

Parlamentar quer ouvir opinião dos prefeitos

Para garantir o cumprimento da lei que, como reforça constantemente, “está em vigor até que o Judiciário julgue o contrário”, o parlamentar aguar-da agendamento de encontro com o prefeito do Rio, Eduardo Paes e o de Niterói, Jorge Roberto Silveira. Após ouvir a opinião dos prefeitos sobre os prazos para a lei ser colocada em prá-tica pelos gestores, ele decidirá se vai recorrer ao MP. Mas, para evitar que os motoristas continuem sendo multados em sinais com pardais sem contagem

de tempo, ele disponibilizou um modelo de recurso em seu site (box ao lado) e mobilizou funcionários de seu gabinete para checar o tempo de permanência dos sinais no amarelo.

Em 15 dias foram cronometrados mais de 200 sinais, com e sem par-dais, para uma comparação. Sobretudo em grandes avenidas, como a Ayrton Senna, na Barra, a teoria se confirma: sinais amarelos próximos ao pardal têm, em média, um segundo a menos. O deputado diz ainda que as empresas que fazem a instalação dos pardais ficam com percentuais de 5% a 20% do total arrecadado com as multas. Ele pretende questionar também a previsão orçamentária do município do Rio, que antevê um aumento de 39% nas multas aplicadas por pardais e guardas de trânsito no próximo ano (as estimativas para este ano são de R$111 milhões e para o próximo, 155,3 milhões). Luiz Paulo lembra que em Nova Iguaçu, Volta Redonda e São Gonçalo já existem sinais com temporizadores.

Para os cidadãos multados que queiram evitar a cobrança abusiva, Luiz Paulo disponibilizou em seu site (www.luizpaulo.com.br) e distribuirá nas ruas um modelo de recurso com indicações sobre como conseguir o efeito suspensivo da multa. “Diante da possibilidade de descumprimento da norma, e até que seu vigor seja asse-gurado, optamos por esse caminho”, argumenta o parlamentar. Também é possível baixar o documento em http://bit.ly/recursomulta.

Dirigindo-se ao secretário mu-nicipal de Transporte, o documento solicita o preenchimento de dados como nome, endereço, CEP, identi-dade e CPF, assim como o número do auto de infração e código do De-partamento Estadual de Trânsito do Rio de Janeiro (Detran-RJ). Informa ainda que o recurso se refere à autu-ação por equipamento eletrônico em virtude de “suposto avanço de sinal fechado”. “Ocorre que o semáforo não possui temporizador digital, de modo a alertar o condutor e permitir a redução paulatina da velocidade”, alerta o documento, para, em segui-da, lembrar que a penalidade fere a lei em vigor.

O modelo de recurso questiona ainda o alvo da penalidade, que, segundo a lei aprovada, deveria ser a empresa responsável pela instala-ção dos ‘pardais’, e pede para que a secretaria anule o auto de infração e conceda efeito suspensivo da multa caso o recurso não seja julgado em 30 dias. A ele, devem ser anexados uma cópia da notificação de autuação ou auto de infração ou documento que conste a placa e o número do auto de infração; cópia do Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo – CRLV; da CNH ou outro documento de identificação que comprove a assinatura do requerente.

Os motoristas multados podem apresentar defesa prévia em qualquer região administrativa do município (no Rio, são 34). Caso o pedido seja indeferido, cabe recurso na própria re-gião. Em última instância, o motorista pode recorrer ao Conselho Estadual de Trânsito (Cetran-RJ), com recurso na Secretaria Municipal de Transportes do município onde foi multado.

“ Sou músico e volto do trabalho, em muitas ocasiões, de madrugada. Não posso ficar parado em qualquer esquina ”Felype Frazão

Recurso contra a multa

ENQuETEA Alerj quer saber se, na sua opinião, o uso de temporizadores em sinais que tenham pardais instalados:

Para votar na próxima enquete, basta acessar www.noticiasalerj.blogspot.com

Manterá a situação da

mesma forma

Diminuirá o número

de multas e acidentes

25%

75%

Luiz Paulo fez questão de cronometrar os sinais amarelos em locais com pardais

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Rio de Janeiro, de 16 a 30 de novmebro de 20106

D ados do IBGE mostram que 4% do total de nascimentos em 2009 no Estado do Rio de Janeiro entram nas estatísticas de sub-registro, ou seja, são bebês que nascem e se tornam jovens e adultos sem qualquer

documento de identificação. Simplesmente não existem para a sociedade. A falta de registros civis (certidões de nascimento, casamento e óbito) é uma dura realidade, porém começa a ser seriamente combatida no Rio. Duas importantes leis foram apro-vadas nesta legislatura para reduzir os índices de sub-registro, que, sobretudo no caso da certidão de nascimento, traz graves implicações, desde a impossibilidade de frequentar a escola ao acesso a serviços de saúde e programas sociais.

“Precisamos resgatar a cidadania das pessoas que ainda vivem à margem da sociedade. Ainda que os números no nosso estado não sejam tão alarmantes, esta é uma luta que deve ser travada enquanto tivermos pessoas naturais do nosso estado sem acesso à saúde e à educação. É uma questão fácil de resolver”, defende o deputado Wagner Montes (PDT), autor da Lei 5.838/10, aprovada pela Alerj e recém sancionada pelo governador Sergio Cabral. Ela acrescenta à Lei 5.047/07, apre-sentada anteriormente pelo mesmo parlamentar, campanhas itinerantes de registro civil e esclarecimentos sobre registro tardio sob coordenação da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen/RJ). A lei mais antiga já havia criado o Dia do Registro Civil no estado (13 de julho).

Outra proposta com objetivo semelhante aprovada pela Casa já surte efeito positivo. De autoria do deputado Coronel Jairo (PSC), a Lei 5.609/09 tornou obrigatória nas maternidades e hospitais conveniados ao SUS a manutenção de postos de atendimento para emissão de certidões de nascimento e óbito gratuitamente. Em vigor há um ano, ela já beneficiou pais como Alexander Sil-vestre (foto), que registrou a filha Lara, na última semana, logo após seu nascimento no Hospital Estadual Adão Pereira Nunes (Saracuruna), Duque de Caxias. Pai de primeira viagem, ele contou que ficou aliviado em poder resolver esta questão antes de sair do hospital. “Acho bem mais seguro registrar a criança aqui. É prático, rápido e não precisamos nos preocupar depois que estivermos em casa, cuidando do bebê”, elogia.

Desde a sua inauguração, em novembro de 2009, o posto do hospital de Saracuruna já registrou cerca de mil nascimentos e 500 óbitos. A média por mês é de aproximadamente 125 ocorrências. “A

identificação civil não apenas assegura a necessária visibilidade social dessas crianças, como será um mecanismo de inclusão em um país tão cheio de desigualdades', afirma o parlamentar, que teve sua lei reforçada por uma resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), publicada no dia 14 de setembro deste ano. A resolução também prevê a emissão das certidões de nascimento em hospitais e maternidades em todo o País.

Ainda para garantir cidadania aos moradores do Rio, Co-ronel Jairo criou a Lei 5.513/09, que incumbe as escolas da rede estadual do encaminhamento dos alunos para emissão de carteira de identidade. “Tal regra evitará também demandas de última hora por ocasião das inscrições nos exames vesti-bulares”, argumenta o parlamentar, que tem a concordância do deputado e presidente da Comissão de Educação da Casa, Comte Bittencourt (PPS). Comte não aprova o condicionamento dos documentos ao ingresso nas escolas de ensino fundamental, básico e médio, mas elogia a iniciativa. “As pessoas passam a ser cidadãs quando têm o seu primeiro documento, a sua

cApA

Autoridades somam forças para reduzir índices de sub-registros no estado com campanhas itinerantes e obrigatoriedade de registo nas maternidades

Quem é vocêFernAndA Porto, ConstAnçA rezende e PAulo BAldi

Alexander e Bianca registraram Lara no posto de emissão de certificados instalado no Hospital de Saracuruna, em Duque Caxias

Page 7: Jornal Alerj 221

7Rio de Janeiro, de 16 a 30 de novembro de 2010

primeira certidão, sua identidade e CPF. Sendo assim, as leis são válidas e certamente vão facilitar a vida das pessoas”.

De acordo com a Convenção sobre os Direitos da Criança, de 1989, todas as crianças devem ser registradas logo após nascer. Diante das estatísticas preocupantes de sub-registro no País, em 1997, foi sancionada a Lei 9.534, que garantiu a gratuidade do registro civil e da primeira certidão de nas-cimento para todos os cidadãos. A lei também estabelece a realização de serviços itinerantes de registro através dos Tribunais de Justiça dos estados, apoiados pelos governos estaduais e municipais, com o objetivo de superar ou erradicar o problema e garantir todos os direitos às crianças. Igualmente importante para a população do estado, as certidões de óbito também foram alvo de uma lei da Alerj, a 4.660/05, que criou cartilha com procedimentos em caso de óbito, exaltando o registro correspondente. A norma é fruto de proposta do depu-tado Fábio Silva (PR) e possibilita cancelamentos de pensões, aposentadorias e outros benefícios.

Clarice Castro

Rafael W

allace

Quem é vocêDe acordo com a última pesquisa sobre registro civil

no Brasil, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em dez anos o percentual de sub-registro de nascimento (diferença entre os nascidos em maternidades e hospitais e o número de crianças que foram efetivamente registradas em cartório) caiu de 20,7%, em 1999, para 8,2 %, em 2009 – o menor índice já registrado. Isso significa que de cada 100 nascimentos, 20 crianças não eram registradas em 1999, percentual que caiu para 8 crianças, em 2009. O aumento no número de crianças com certidão de nascimento, observado em todo país e confirmado pelos dados do IBGE, foi possibilitado pela Lei da Gratuidade do Registro Civil, de 1998, campanhas de sensibilização e pela exigência do registro de nascimento para obtenção de benefícios sociais. Ainda assim, os índices ainda são considerados muito altos em alguns estados da região Nordeste. Já no Rio de Janeiro, o índice é de 4%, enquanto em São Paulo é de 1,6%, o menor do País.

A pesquisa aponta ainda um sub-registro de óbito, já que muitas pessoas tiram apenas o atestado e não a certidão de óbito, documentos diferentes. Ao contrário dos nascimentos, em que há possibilidade do registro tardio, são raras as situações em que o óbito ocorrido e não registrado no ano venha a ser computado em anos posteriores. “Comparando os valores de óbitos registra-dos em cartório ao longo de 2008 com as estimativas do IBGE, observa-se uma queda no sub-registro entre 1998 (17,7%) e 2008 (11%). Em 2008, no Norte e no Nordeste, os números eram alarmantes 26,1% e 27,4%, respecti-vamente. No Centro-Oeste, o sub-registro é de apenas 8,6%, enquanto nas regiões Sudeste e Sul a taxa é quase zero”, diz o estudo do IBGE.

Sub-registros diminuíram no País, mas preocupam

Page 8: Jornal Alerj 221

Rio de Janeiro, de 16 a 30 de novmebro de 20108

cApA

Para deputados, registro civil garante cidadania e acesso a políticas públicasFotos: Rafael Wallace

“Sou contra o condicionamento do documento à matrícula. Isso é um direito da criança, é um dever do estado, não é porque há um impedimento de ordem familiar ou de ordem do estado em oferecer esse serviço à família em algumas regiões que você vai privar o acesso da criança a uma escola. Mas a lei é benéfica porque promove a cidadania”

Deputado Comte Bittencourt (PPS)

“A própria Arpen-RJ ficou de fazer um estudo da logística do trabalho itinerante que será feito para facilitar a vida da população mais carente, que mora mais distante da capital. E nós vamos direto ao governador para que ele disponibilize um ônibus ou uma van que torne todo tipo de registro de pessoa natural mais ágil e mais eficiente no Estado do Rio”

Deputado Wagner Montes (PDT)

“Ações para regularizar a certidão de nascimento são fundamentais, pois, sem esse registro, a pessoa não existe e não tem acesso a direitos básicos, como a saúde e, mais tarde, ao trabalho. A gente imagina que isso só acontece no interior, mas aqui na capital tem muitas crianças nessa situação. Então, é importante que o serviço de registro civil itinerante aumente a oferta de postos”

Deputado Paulo Ramos (PDT)

“A certidão de nascimento é o primeiro passo para o pleno exercício da cidadania. Sem ela, muitos jovens não têm acesso à escola e aos serviços públicos de saúde. Ficam mais vulneráveis à exploração de mão-de-obra infantil e ao tráfico de drogas. A identificação civil não apenas assegura a visibilidade social dessas crianças, como será um mecanismo de inclusão”

Deputado Coronel Jairo (PSC)

l

Quais são os próximos passos para a implementação da nova lei?

Precisamos conciliar todos os programas já existentes em outros órgãos para que os esforços sejam conjugados numa só direção. Além disso, precisamos aprovar, ainda em 2010, uma mensagem do Judiciário que cria uma fonte de custeio para os cartórios de registro civil, tendo em vista que há mais de dez anos a maioria deles funciona de forma deficitária, em decorrência das gratuidades oferecidas. Desta forma, contaremos com a colaboração em massa dos registradores civis, e haverá um trabalho conjunto entre eles, o Tribunal de Justiça, o Ministério Publico e a Defensoria Publica.

A associação já conta com estrutura para isso?

Por enquanto temos a colaboração de grande parte dos registradores do estado, que conseguem ainda dispor de tempo, dedicação e recursos próprios numa atividade profissional de importância

fundamental, porém de reconhecimento e valorização insuficiente. Esperamos conseguir recursos para que a Arpen/RJ implemente diversos projetos.

De que forma o serviço será oferecido à população?

Com estrutura já existente no Tribunal de Justiça, na Defensoria e no Ministério Publico, o objetivo é seguir o modelo de São Paulo. Lá eles oferecem um ônibus de atendimento para os locais mais distantes.

O que vem sendo feito pelo Judiciário para erradicar o sub-registro?

Foi criada a Comissão Estadual de Erradicação do sub-registro, inicialmente no âmbito da Corregedoria Geral da Justiça e posteriormente transferida para o Departamento de Avaliação e Acompanhamento de Projetos Especiais (Deape). Diversos mutirões na Baixada Fluminense já foram promovidos e muitos outros estão programados, todos em parceria com a Arpen e a Defensoria Pública.

Certo de que os esforços precisam ser conjuntos, Claudio Almeida explica como será a implementação do serviço itinerante e cita as ações já existentes no estado. "As dificuldades nos fazem conscientes de

que não basta o registro ser gratuito, é preciso informar a população”.

Entrevista Claudio AlmeidaPresidente dA ArPen-rJ

Page 9: Jornal Alerj 221

9Rio de Janeiro, de 16 a 30 de novembro de 2010T

haisa Araújo

Autoridades e líderes do movi-mento negro de várias par-tes do estado se reuniram

no dia 18 para mais uma homenagem na Semana da Consciência Negra. A solenidade contou com a presença de cerca de 100 pessoas no plenário Barbo-sa Lima Sobrinho, no Palácio Tiradentes. Presidente da Comissão de Combate às Discriminações e Preconceitos de Raça, Cor, Etnia, Religião e Procedência Nacional, a deputada Beatriz Santos (PRB), entregou 17 diplomas Zumbi dos Palmares a pessoas que se destacaram

na promoção da igualdade racial ao longo de 2010. Beatriz também lembrou as ações da comissão e disse que o trabalho contra o preconceito deve ser integrado, contínuo e persistente.

Para a deputada e demais líderes do movimento negro que participaram do encontro, o Brasil vive sob a máscara da democracia racial, já que o preconceito ainda é muito presente. “Essa é uma questão histórica mas a luta para garan-tir aos negros as mesmas oportunidades que os brancos deve ser contínua e é isso que marcamos com esta homenagem”, frisou a deputada, destacando a atuação dos movimentos na denúncia dos casos de racismo.

“Sabemos que na sociedade ainda temos um longo caminho a percorrer para que os direitos dos negros sejam respeitados” disse Eliza Nascimento,

militante do movimento negro e mulher do ex-senador Abdias Nascimento, uma das pessoas de maior destaque no com-bate às discriminações no País. Eliza destacou que muita coisa ainda precisa ser feita para dar fim ao preconceito. Ela recebeu a homenagem em nome do marido e da atriz Lea Garcia.

Já o sociólogo Carlos Alberto Medei-ros, coordenador especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Prefeitura do Rio de Janeiro, um dos homenageados, disse que a cerimônia, assim como tantas outras, servem para que os negros resgatem sua autoesti-ma. “Eu lembro, quando estudei sobre quilombo e Zumbi, que a história era contada ao contrário. O herói era Do-mingos Jorge Velho que foi justamente quem destruiu o quilombo de Palmares”, lembrou Medeiros.

CristiAne lArAnJeirA

Comissão de Combate às Discriminações faz homenagens às pessoas que atuam em defesa da igualdade racial

A deputada Beatriz Santos (PRB) parabeniza os 17 homenageados com diplomas Zumbi dos Palmares no Plenário Barbosa Lima Sobrinho

cONSciêNciA NEgRA

Na contramão do preconceito

Levantamento feito pela Comissão de Combate às Dis-criminações e Preconceito da Alerj mostra que o número de denúncias tem aumentado. Em 2009, a comissão fez 245 atendimentos, número que este ano subiu para 264, 6% maior. Os casos, em sua maioria, são relacionados à racismo e à homofobia. Todos chegam à comissão por meio do Disque-Preconceitos (0800 282 0802), criado em 2008. O serviço oferece orientações sobre como as vítimas devem proceder em casos de preconceito.

Insultos como “macacos” e “criolo fedido” são os casos

mais comuns que vêm sendo denunciados ao órgão. Entre os casos registrados, dois chamaram atenção da comissão: um deles de um militar, vítima de preconceito racial na base naval onde trabalha, e outro, ainda mais grave, de uma menor negra agredida dentro de uma escola particular. Em todos os casos os acusados foram afastados dos respectivos cargos, após a intervenção da comissão. “Os números mostram que o preconceito é muito presente, mas provam que o trabalho funciona e que as pessoas estão tendo mais coragem de denunciar”, contou a deputada Beatriz Santos.

Denúncias de preconceito aumentaram 6%

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Rio de Janeiro, de 16 a 30 de novmebro de 201010

l cuRTAS águA

O uso racional de água estimu-lado por medidas de redução de consumo foi o tema da 9ª

reunião da Câmara Setorial para o Desen-volvimento Sustentável do Fórum Perma-nente de Desenvolvimento Estratégico do Estado. O encontro, que aconteceu no dia 18, contou com a presença de repre-sentantes da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), que explicaram o funcionamento do sis-tema de água e esgoto do estado e o cálculo das tarifas aplicadas pela empresa. Também foram apresen-tadas propostas como a instalação de hidrômetros individuais em apartamentos e a redução da tarifa mínima cobrada dos consumidores na conta de água.

A cobrança da tarifa mínima foi questionada pelo deputado Paulo Ramos (PDT) e pela re-presentante da Federação do Comércio, de Bens, de Serviços e do Turismo do Rio (Fecomércio-RJ). Atualmente, todo domicílio do estado paga um valor mínimo equivalente a 15 metros cúbicos por mês, mesmo que o hidrômetro tenha aferido consumo inferior. Na opinião do deputado, isso é um estímulo ao consumo, e não à economia. A secretária-geral do Fórum, Geiza Rocha, informou que será feito um estudo para propor modificações no modelo atual: “Nós vamos solicitar este estudo para que possamos propor medi-das de estímulo à redução do consumo”, relatou Geiza. Outra medida defendida na reunião foi a cobrança individualiza-da em apartamentos, acabando com a conta coletiva dos condomínios.

Representante da Fecomércio, Cristiane Soares, relatou queixas de comerciantes que pagam pela água que não consomem. Ela propôs uma tarifa intermediária em que a atual cobrança mínima possa ser dividida em dois níveis de consumo. “Em torno de 40% dos comerciantes consomem

abaixo do mínimo”, relatou. O diretor da Cedae, Marco Abreu, argumentou que uma redução na tarifa mínima poderia prejudicar muitos consumi-dores, que passariam a ser cobrados pela tarifa progressiva, gerando um aumento significativo na conta. “Uma redução do mínimo pode fazer com que muitos paguem mais, gerando dese-quilíbrio e reclamações”, justificou. A tarifa progressiva é cobrada quando o consumidor ultrapassa a taxa mínima, e passa a ter um aumento significativo no valor da conta.

Cedae explica cobrança de água Marco Abreu, da Cedae, explicou

que a cobrança de água é dividida em quatro setores: indústria, comércio, residências e órgãos públicos, além da “tarifa social” destinada a consumido-res de baixa renda. O volume mínimo é calculado de acordo com a média de consumo de toda a população. “A taxa mínima, que é prevista na legislação, prevê uma disponibilidade permanente do serviço, a manutenção de toda a rede, e é calculada com base numa média de consumo”,explicou. Segundo ele, este tipo de cobrança permite o equilíbrio financeiro da empresa, para que possam ser feitos investimentos na ampliação da rede.

O deputado Paulo Ramos criticou o atual modelo, que, segundo ele, seria contraditório. Como alguém que tem o hidrômetro paga aquilo que não consumiu? Não há razão para quem consome menos, pagar mais”, defendeu o parlamentar.

André Coelho

Clarice Castro

Rafael Wallace

Jovens parlamentaresA Alerj recebeu, dia 18, os sete jovens entre 16 e 22 anos que foram selecionados para representar o estado na Câmara dos Deputados durante o projeto Parlamento Jovem Brasileiro. O programa possibilita a alunos de escolas públicas e particulares a participação em uma jornada parlamentar em Brasília. Segundo o coordenador do Parlamento Juvenil do Legislativo fluminense, Arlindenor Pedro de Souza, estes jovens podem representar uma nova geração de políticos. “O Parlamento Juvenil da Casa já tem uma grande tradição, desde 1989. Daqui saíram jovens que têm hoje uma vida ativa na política”, afirmou Arlindenor. Os selecionados foram recebidos pelo presidente da Comissão de Educação, deputado Comte Bittencourt (PPS), que ressaltou a importância do debate sobre a democracia. “O jovem é de suma importância para o debate político. Os principais atos políticos da sociedade brasileira contaram com a participação do movimento estudantil”, frisou.

Salários atrasadosA VPar, prestadora de serviços à Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), informou em audiência pública da Comissão de Trabalho, no dia 25, que os atrasos referentes ao reajuste salarial de cerca de 300 de seus funcionários começarão a ser pagos a partir do dia 5 de dezembro. O presidente da comissão, deputado Paulo Ramos (PDT), cobrou da empresa as datas de pagamento dos valores em atraso. O reajuste – de R$ 514,00 para R$ 582,00 – foi garantido em 1º de abril, mas ainda não tinha sido repassado aos funcionários. A empresa alegou problemas financeiros, mas se comprometeu a quitar a dívida em parcelas. O mês de novembro, segundo a VPar, será pago com o reajuste.

A cobrança de água no estado foi debatida em reunião do Fórum de Desenvolvimento Estratégico

Consumo conscienteFórum de Desenvolvimento discute com a Cedae medidas para o uso racional de água no estado

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11Rio de Janeiro, de 16 a 30 de novembro de 2010

EDucAçãO Clarice Castro

O caixa das universidades públicas estaduais do Rio de Janeiro poderá ter um re-

forço significativo em 2011. A Comissão de Educação e a Frente Parlamentar em Defesa das Universidades Públicas Esta-duais apresentaram juntas 28 emendas ao orçamento estadual do ano que vem. Elaboradas a partir da apresentação das demandas das instituições de ensino superior, feita em audiência pública no dia 17 de novembro, as emendas vão resultar em mais investimentos na qualidade de ensino e até na construção de novas unidades no estado.

A audiência contou com a partici-pação de reitores, representantes de professores, trabalhadores e estudantes das três universidades estaduais do Rio. Somadas, as emendas chegam a cerca de R$ 160 milhões, que serão destina-dos a diferentes projetos nas institui-ções. Deste montante, R$ 40 milhões poderão ser destinados à construção de um novo campus do Centro Univer-sitário Estadual da Zona Oeste (Uezo); R$ 5 milhões para a construção de um centro poliesportivo na Universidade do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf)

e R$ 2,8 milhões para a aquisição de um terreno para a construção de mais um campus da universidade no Norte do estado. Outros R$ 10 milhões seriam usados para gastos de manutenção na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

Reitor da Uezo, Roberto Soares de Moura, justificou a necessidade do acrés-cimo de R$ 40 milhões no orçamento de 2011. “A universidade está crescendo muito, necessitamos urgentemente de um novo espaço para atender os morado-res da região”, disse ele. A importância da expansão e abertura de novos cursos que atendam a demandas crescentes no estado também foi defendida pelo reitor da maior universidade estadual do Rio, Ricardo Vieiralves, da Uerj. “A necessidade de novos cursos, como o de Petróleo e Gás, e outros ligados à descoberta na camada do pré-sal, por exemplo, justificam um investimento maior na Uerj”, argumentou.

PEC da Educação poderá garantir aplicação de no mínimo 30% do orçamento na área

Além das emendas, o presidente da Comissão de Educação, deputado Comte Bittencourt (PPS), apresentou uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para que o Rio de Janeiro, em cinco anos, passe a aplicar, no mínimo, 30% do seu orçamento em Manutenção e Desenvolvimento do Ensino (MDE) - e

não apenas no mínimo de 25%, como é exigido pela Constituição Federal. Segundo Comte, este ano o governo do estado deverá investir 25,2% de seu orçamento total em Educação, ou seja, cerca de R$ 5,4 bilhões. Se a PEC - que teve 27 assinaturas de parlamentares e ainda será votada - estivesse valendo já para 2010, o governo seria obrigado a investir pelo menos mais R$ 1,2 bilhão na área. A aprovação da proposta, para o parlamentar, colocaria o Rio de Janeiro em melhores condições para garantir recursos necessários ao desenvolvimento do estado, avançando na qualidade do ensino público.

A posição do Rio no cenário nacional foi destacada por Comte Bittencourt, que lembrou também a dificuldade que o ensino básico do estado enfrenta. “Considerando que o Rio de Janeiro é a segunda maior economia do País, não podemos continuar ocupando o penúltimo lugar no ranking de escolas públicas, à frente apenas do Estado do Piauí, como divulgado no último Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb)”, afirma Comte. “A política de educação do estado vem sendo tratada como política de governo. Tivemos, nos últimos 35 anos, 26 secretários de Educação, sem contar o analfabetismo, a evasão escolar, as más condições das escolas públicas e a falta de valorização dos professores e profissionais da Educação”, justifica.

André Coelho e PAulo BAldi

Reforço ao ensino superioruniversidades pedem e deputados solicitam recursos por meio de emendas ao orçamento do estado

A Comissão de Educação recebeu as demandas das universidades estaduais em audiência pública

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Rio de Janeiro, de 16 a 30 de novmebro de 201012

‘Assunto de mulher é todo assunto e lugar de mulher é em todo lugar’

Como a senhora ingres-sou na política?Eu comecei a participar de diversos movimentos sociais quando o Partido dos Traba-lhadores (PT) estava surgindo em Barra Mansa. Fui uma das primeiras filiadas ao partido na região. Não me filiei com o intuito de sair candidata, mas acabei me tornando uma li-derança e fui convidada para me candidatar a uma vaga na Câmara Municipal da cidade. Só aceitei no segundo con-vite e conquistei a primeira suplência. Na terceira tenta-tiva, fui eleita, sendo a úni-ca mulher entre 18 homens. Logo em seguida, disputei a Prefeitura de Barra Mansa e venci. Agora vou exercer o meu terceiro mandato como deputada estadual.

A senhora preside a Co-missão de Direitos da Mulher, quais os maiores avanços alcançados pelo colegiado?Retomamos o SOS Mulher (0800 282 0119), que esta-va desativado. Esse serviço, juntamente com o programa “Toda Mulher”, da TV Alerj,

tem levado informações à sociedade e promovido o de-bate sobre diversos temas ligados à defesa dos direitos da mulher. Também entre-gamos o prêmio Leolinda de Figueiredo Daltro às mulheres que lutam pela igualdade de gênero. Além disso, a comissão sempre atuou em parceria com a Superinten-dência dos Direitos da Mulher, com o Conselho Estadu-al dos Direitos da Mulher (Cedim), e também com a mi-nistra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM), Nilcéa Freire. Trava-mos grandes lutas em defesa da Lei Maria da Penha e pela redução da mortalidade materna, em conjunto com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

A senhora foi a primeira mulher prefeita de Barra Mansa. O Brasil acaba de eleger uma mulher presi-dente e a bancada femi-nina na Alerj aumentou. Como a senhora vê isso?

Eu estou muito contente, é a concretização da democracia. Quando penso no momento em que a faixa presidencial vai ser repassada do presiden-te operário à primeira mulher presidente do Brasil, fico toda arrepiada. Estamos vivendo

um momento histórico. O fa-to de ser mulher tem uma sim-bologia maior porque o Brasil ainda está na “lanterninha” em representa-ção de mulhe-

res no poder. Também abre novos horizontes porque as mulheres vão se sentir mais confiantes em fazer valer o direito de participar da vida política nas próximas elei-ções. Mas é preciso que todas entendam a importância de trabalhar em defesa dos direi-tos da mulher e que assunto de mulher é todo o assunto e que lugar de mulher é em todo o lugar. Não somente nas áre-as consideradas femininas, como a saúde, a educação e a assistência social. Temos que dar a nossa opinião e nosso

ponto de vista de gênero em todos os assuntos.

Como é liderar a bancada do PT na Alerj?É um trabalho fácil por-que todos os deputados do PT são muito comprometi-dos, cada um na sua área, com perfis diferentes, mas há uma integração muito grande entre a bancada. Eu fui três vezes conduzida à liderança e em todas fui escolhida por unanimidade. Então, acho que realizei um bom trabalho.

Quais são suas prioridades para o próximo mandato?Durante todo o meu mandato as prioridades foram a defe-sa dos direitos da mulher e o desenvolvimento regional sustentável. Agora, nesse novo mandato, vou continuar com essas lutas e vou atuar nas áreas da Cultura e Edu-cação. Também vou buscar aproximar mais o cidadão do Parlamento. O parlamentar deve estar mais presente na luta da população, das categorias e prestar contas daquilo que faz.

VAnessA sChumACker e ConstAnçA rezende

A deputada Inês Pandeló (PT) relutou para entrar na política, mas acaba de ser reeleita para seu terceiro mandato no Parlamento estadual. Antes de assumir

o cargo na Assembleia Legislativa do Rio, foi prefeita e vereadora de Barra Mansa, no Sul fluminense. Presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, Inês se considera um exemplo de que as mulheres podem, sim, ocupar cargos políticos, que até pouco tempo eram exercidos somente por homens. “A gente tem que dar a nossa opinião e apresentar o nosso ponto de vista sobre todas as áreas e aspectos do cotidiano”, afirma. Líder de seu partido na Casa, a deputada, que gosta de se dedicar à música nas horas vagas, pretende focar seus projetos na Cultura e na Educação, na próxima legislatura, e vai continuar a luta em defesa dos direitos da mulher e pelo desenvolvimento regional sustentável.

lENTREViSTA INêS PANDELó (PT)

Rafael Wallace

Travamos grandes lutas em defesa da Lei Maria da Penha e pela redução da mortalidade materna