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WWW.PCO.ORG.BR/CAUSAOPERARIA • ANO XXXV • Nº 842 • DE 4 A 10 DE ABRIL DE 2015 • R$ 6,00 GREVE DOS PROFESSORES DE SÃO PAULO editoriais Empresários pagam e IBOPE mostra popularidade de Dilma em baixa recorde Serra prepara a privatização do pré-sal e a iquidação da Petrobras opinião Duas classes, duas juventudes Luís Carlos Valois DERROTAR ALCKMIN NESSE 1º DE MAIO, mobilizar contra o golpismo e pelas reivindicações dos trabalhadores e de todos os oprimidos Nos dirigimos aos tra- balhadores da cidade e do campo, à juventude e a todas as suas orga- nizações de luta (como a CUT, MST, MTST, UNE, sindicatos, parti- dos e organizações de esquerda) e chamamos a cerrarmos fileiras e mar- charmos juntos em de- fesa dos interesses dos trabalhadores contra um inimigo muito mais forte e perigoso do que a po- lítica de conciliação de classes do PT e que está por detrás desta política: o imperialismo e seus representantes no Brasil. A3 ASSISTA, TODOS OS SÁBADOS, ÀS 11 HORAS Análise Política Semanal com Rui Costa Pimenta Análise da situação política, ao vivo pela Causa Operária TV com a participação direta dos espectadores em www.pco.org.br/blog/tv PARA EVITAR BRIGAR PT quer combater o monopólio da imprensa sem mexer nas concessões Apenas mudar parcial- mente a distribuição de verbas federais de publici- dade, favorecendo grupos ligados ao PT, não servirá para enfrentar poder de influência da imprensa monopolista B3 REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL Direita aponta suas armas para 17 milhões de jovens Proposta aprovada na Comissão de Constituição e Justiça terá de passar por comissão especial e depois será levada para votação no Plenário da Câmara B4 OPERAÇÃO LAVA JATO Campanha "contra corrupção" visa atacar liberdades democráticas Juiz Sergio Moro pretende acabar com a presunção de inocência. B4 JAZZ 25 anos da morte de Sarah Vaughan, umas das maiores vozes do Jazz dos anos 1940 B4 NOTA DA CORRENTE ECETISTAS EM LUTA É preciso combater a infiltração da direita golpista no sindicalismo dos Correios Sindicalistas da Con- lutas nos Correios estão aliados com extrema-di- reita fascista para defen- der a privatização, o fim dos sindicatos, a repres- são policial e os ajustes econômicos contra os trabalhadores, leia nota publicada e distribuída pela corrente Ecetistas em Luta na categoria C3 ABORTO: Morrendo pelo direito de escolher C5 O QUE UM GOLPE RESERVA AO BRASIL? A censura e a repressão depois da derrubada de Lugo no Paraguai O golpe de estado no país vizinho mostra a polí- tica do imperialismo para a América Latina: aumen- tar o repasse do peso da crise para a região. B7 Como enfrentar a direita? Todos com os educadores em luta, no Palácio dos Bandeirantes SEXTA, 10 DE ABRIL, ÀS 14H Nas ruas, através da unidade e da luta dos trabalhadores e de suas organizações de luta, pelos meios que forem necessários. D epois de três sema- nas em greve e qua- tro grandes assembleias e multitudinárias passe- atas na Avenida Paulista (que reuniram um total de mais de 100 mil pessoas), os professores paulistas aprovaram marchar, no próximo dia 10, junto com pais, alunos e todos as organizações de tra- balhadores que apoiem sua luta, em direção ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual. A mobilização na base do maior sindicato do País e da América Latina é a resposta da categoria à política de “ajustes” do governo tucano – comum a todos os governos bur- gueses, diante da crise – e que em São Paulo (como em muitos outros estados) tem como alvo primeiro os trabalhado- res da Educação pelo fato de que os orçamentos públicos deste setor estão entre os maiores do setor público, concentrando só no estado de São Paulo, mais de R$35 bilhões. Fora, Alckmin! Leia o editorial na página A2. SEMANÁRIO NACIONAL OPERÁRIO E SOCIALISTA F u n d a d o e m j u n h o d e 1 9 7 9

Jornal Causa Operária nº 842 - amostra

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Veja aqui algumas páginas do jornal Causa Operária nº 842, de 4 de abril de 2015

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Page 1: Jornal Causa Operária nº 842 - amostra

WWW.PCO.ORG.BR/CAUSAOPERARIA • ANO XXXV • Nº 842 • DE 4 A 10 DE ABRIL DE 2015 • R$ 6,00

GREVE DOS PROFESSORES DE SÃO PAULO

editoriaisEmpresários pagam e IBOPE mostra popularidade de Dilma em baixa recorde

Serra prepara a privatização do pré-sal e a iquidação da Petrobras

opiniãoDuas classes, duas juventudes

Luís Carlos Valois

DERROTAR ALCKMIN

NESSE 1º DE MAIO, mobilizar contra o golpismo e pelas reivindicações dos trabalhadores e de todos os oprimidos

Nos dirigimos aos tra-balhadores da cidade e do campo, à juventude e a todas as suas orga-nizações de luta (como a CUT, MST, MTST, UNE, sindicatos, parti-

dos e organizações de esquerda) e chamamos a cerrarmos fi leiras e mar-charmos juntos em de-fesa dos interesses dos trabalhadores contra um inimigo muito mais forte

e perigoso do que a po-lítica de conciliação de classes do PT e que está por detrás desta política: o imperialismo e seus representantes no Brasil. A3

ASSISTA, TODOS OS SÁBADOS, ÀS 11 HORASAnálise Política Semanal

com Rui Costa PimentaAnálise da situação política, ao vivo pela Causa Operária TV

com a participação direta dos espectadores em

www.pco.org.br/blog/tv

PARA EVITAR BRIGAR

PT quer combater o monopólio da imprensa sem mexer nas concessões

Apenas mudar parcial-mente a distribuição de verbas federais de publici-dade, favorecendo grupos

ligados ao PT, não servirá para enfrentar poder de influência da imprensa monopolista B3

REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL

Direita aponta suas armas para 17 milhões de jovensProposta aprovada na Comissão de Constituição e Justiça terá de passar por comissão especial e depois será levada para votação no Plenário da Câmara B4

OPERAÇÃO LAVA JATOCampanha "contra corrupção" visa atacar liberdades democráticasJuiz Sergio Moro pretende acabar com a presunção de inocência. B4

JAZZ25 anos da morte de Sarah Vaughan, umas das maiores vozes do Jazz dos anos 1940 B4

NOTA DA CORRENTE ECETISTAS EM LUTA

É preciso combater a infiltração da direita golpista no sindicalismo dos Correios

Sindicalistas da Con-lutas nos Correios estão aliados com extrema-di-reita fascista para defen-der a privatização, o fi m dos sindicatos, a repres-

são policial e os ajustes econômicos contra os trabalhadores, leia nota publicada e distribuída pela corrente Ecetistas em Luta na categoria C3

ABORTO: Morrendo pelo direito de escolher C5

O QUE UM GOLPE RESERVA AO BRASIL?A censura e a repressão depois da derrubada de Lugo no Paraguai

O golpe de estado no país vizinho mostra a polí-tica do imperialismo para

a América Latina: aumen-tar o repasse do peso da crise para a região. B7

Como enfrentar a direita?

Todos com os educadores em luta, no Palácio

dos BandeirantesSEXTA, 10 DE ABRIL, ÀS 14H

Nas ruas, através da unidade e da luta dos trabalhadores e de suas organizações de luta, pelos meios que forem necessários.

Depois de três sema-nas em greve e qua-

tro grandes assembleias e multitudinárias passe-atas na Avenida Paulista (que reuniram um total de mais de 100 mil pessoas), os professores paulistas aprovaram marchar, no próximo dia 10, junto com pais, alunos e todos as organizações de tra-balhadores que apoiem sua luta, em direção ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual.

A mobilização na base do maior sindicato do País e da América Latina

é a resposta da categoria à política de “ajustes” do governo tucano – comum a todos os governos bur-gueses, diante da crise – e que em São Paulo (como em muitos outros estados) tem como alvo primeiro os trabalhado-res da Educação pelo fato de que os orçamentos públicos deste setor estão entre os maiores do setor público, concentrando só no estado de São Paulo, mais de R$35 bilhões.

Fora, Alckmin!Leia o editorial na

página A2.

SEMANÁRIO NACIONAL OPERÁRIO E SOCIALISTA

• Fun

dado em junho de 1979 •

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CAUSA OPERÁRIAA2 de 4 a 10 de abril de 2015

DATASde 4 a 10 de abril de 2015

5 de abril 1968

Ministro da Justiça proíbe o funcionamento da Frente Ampla, criada por Carlos Lacerda, João Goulart e Juscelino Kubitschek, movimento pela volta da democracia no Brasil

NAScerAm

Marguerite Duras,

escritora francesa

4 de abril 1914

Andrei Tarkóvski, cineasta

soviético

4 de abril de 1932

Gabriela Mistral,

poetisa chilena

7 de abril 1889

Francis Ford Coppola,

diretor de cinema norte-americano

7 de abril 1939

John Fante,

escritor norte-americano

8 de abril 1909

Na foto

Celina Guimarães Viana

é a primeira mulher

a votar no Brasil,

na cidade de Mossoró no Rio

Grande do Norte

5 de abril 1928

morrerAm

Martin Luther King,

ativista negro pelos direitos civis

nos EUA

4 de abril 1968

Isaac Asimov, escritor russo

6 de abril 1992

Emiliano Zapata,

revolucionário mexicano

10 de abril de 1919

Cora Coralina,

escritora brasileira

10 de abril de 1985

Charge da semanaO governo que prometeu o

que não podia cumprir

Em uma entrevista para a BBC, José Manuel Barroso, ex-pri-meiro-ministro de Portugal e

ex-presidente da Comissão Europeia (parte da famosa troika), declarou que o Syriza fez promessas aos gregos que não pode cumprir. Segundo Barroso, faltava “experiência” ao partido do pri-meiro-ministro grego Aléxis Tsipras.

A “experiência” que faltava ao Syriza no ponto de vista de Barroso era a expe-riência de se curvar aos “sócios” impe-rialistas da União Europeia (UE). Entre as promessas que a Grécia não poderia cumprir, estava o aumento do salário mínimo e a criação de novos empregos, enquanto os credores exigem a conti-nuação de uma política recessiva e de arrocho salarial, além da venda de tudo que pertence ao Estado.

Barroso disse que as exigências gregas eram “completamente inaceitá-veis”. Na quarta-feira (1), o governo grego fez uma nova proposta para os credores, prometendo combater a so-negação e fraudes, para aumentar a ar-recadação. Mas o plano ainda inclui aumento do salário mínimo e de pen-sões, o que provavelmente será rejei-tado mais uma vez.

Barroso comentou que a saída da Grécia da UE nesse momento seria ruim mas não causaria tantos danos quanto antes, pois o mercado europeu estaria mais “confiante”.

Com o objetivo de conter o enorme descontentamento das massas, o Syriza está tentando colocar em pé al-guns programas assistenciais, englo-bados no chamado Programa Salônica, que inicialmente deveria ser aplicado nos primeiros 100 dias de governo,

mas que passou a ser considerado para quatro anos.

O programa oferece comida de ca-ridade e energia elétrica para as 300 mil famílias mais pobres, ao custo de 1,9 bilhões de euros, além de 750 euros mínimos mensais para aqueles que tenham convênios coletivos. Mas é um programa muito limitado, muito pouco perante a tremenda crise que tomou conta da sociedade grega. Os trabalhadores de período parcial ou por horas não têm direito a participar.

As principais propostas de Syriza, que agora foram no fundamental deixadas de lado, são o fim dos planos de auste-ridade impostos pela troika, uma audi-toria internacional sobre a legitimidade da dívida pública e uma nacionalização parcial do sistema financeiro mantendo em pé os mecanismos especulativos im-perialistas. O Syriza abandonou a ban-deira da ruptura com a União Europeia e o questionamento da dívida pública.

A crise do regime parlamentar bur-guês demonstra que os trabalhadores não conseguem ser enfrentados por meio da canalização institucional dos protestos. A ala esquerda da frente po-pular, com o Syriza à cabeça, mas da qual também participa o KKE (o Par-tido Comunista grego), apesar da fra-seologia pseudo-revolucionária, busca aproveitar o alto grau de descontenta-mento popular para aumentar sua re-presentação no parlamento e o con-trole burocrático dos sindicatos, e está se transformando no mecanismo de contenção que deverá ser ultrapassado pela ascensão das massas trabalha-doras contra as políticas da burguesia grega e o imperialismo.

Empresários pagam e

IBOPE mostra popularidade

de Dilma em baixa recorde

O muitas vezes questio-nado Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatís-

tica (IBOPE) divulgou no dia 1º de Abril uma pesquisa de popularidade da presidente Dilma Rousseff (PT), encomendada pela Confederação Na-cional da Indústria (CNI).

Segundo o levantamento o número de pessoas que consideram o governo ótimo ou bom teria caído de 40%, da pesquisa feita em dezembro, para apenas 12%, enquanto que o número de pessoas que consideram o governo ruim ou pés-simo passou de 27% para 64%.

Em relação à maneira com que a presidente está governando o Brasil, 19% responderam que aprovam, 78% reprovam e 4% não responderam à pergunta. Neste quadro, a pesquisa também apresenta uma mudança sig-nificativa em relação ao final de 2014, quando 52% dos entrevistados apro-vavam o modo de governar.

A imprensa burguesa divulga o re-sultado da pesquisa como se fosse uma verdade absoluta, impulsionando os setores golpistas que o usam como prova de que a presidente não pos-suiria mais nenhum apoio. A pesquisa,

no entanto, é facilmente manipulável, uma vez que conta com entrevista de apenas duas mil pessoas, dentro de um universo de mais de 140 milhões elei-tores em todo o país.

O próprio IBOPE é questionado por diversas pesquisas que divulga, tanto dentro de questões políticas quanto de audiência, principal pesquisa do grupo. Recentemente, o grupo SBT ganhou um processo contra o instituto de pes-quisa, em que pedia a abertura da meto-dologia usada para calcular a audiência na televisão, por acreditar que a distri-buição dos equipamentos usados seria feita de forma a favorecer a Rede Globo.

Em outros países onde atua, como Ar-gentina e México, o IBOPE chegou a ser questionado pelos próprios governos sobre a idoneidade de suas pesquisas.

Diante do avanço do golpismo, pes-quisas de opinião são amplamente ma-nipuladas para criar um clima favo-rável à derrubada do governo. A ma-nipulação das pesquisas pelo IBOPE já era evidente durante o período elei-toral de 2014, em que seus resultados estavam muitas vezes opostos aos de outras pesquisas e sempre favore-cendo os candidatos da direita.

Duas classes, duas juventudesLuís Carlos Valois

Há horas em que Marx está mais vivo do que nunca, e uma delas é quando a elite,

confortável em suas poltronas, resolve discutir questões criminais. Ela nunca olha para o próprio rabo, o problema é sempre o criminoso na rua, o furtador de celular, o batedor de carteira ou o traficante, que vende droga para ela mesma, a classe privilegiada.

Discute-se o crime apenas como sub-terfúgio para se desfilar toda uma série de preconceitos e intolerâncias contra o pobre. Agora, de novo, a diminuição da idade penal. Alguém tem dúvida de que se o filho de algum desses privi-legiados pudesse, ao menos na imagi-nação, estar nas ruas furtando ou ven-dendo entorpecente, que eles não es-tariam pedindo mais prisões e mais encarceramento?

Já disse que a diminuição da idade penal será um genocídio. Pela simples razão fisiológica de que os menores de 18 anos não têm a mesma força física que os maiores, e vão morrer nas peni-tenciárias que possuímos.

Mesmo que digam que haverá se-paração entre menores de dezoito e maiores, ninguém deve acreditar nisso, porque a própria Constituição Federal já prevê a separação entre menores de 21 anos e maiores e eles nunca foram separados: cumprem suas penas todos misturados na sujeira e na promiscuidade.

As palavras têm mesmo vários sen-tidos e revelam muitas coisas. Juven-tude é uma delas, uma que demonstra bem a divisão de classes. A juventude de uma classe é a juventude que que-remos proteger, a juventude futuro do Brasil, nossa bela, singela e, às vezes, ingênua juventude.

Já a juventude da outra classe é pe-rigosa. São monstros, violentos, e se têm, como gostam de dizer, capaci-dade de cometer crimes como adultos, devem ser punidos como adultos. Não merecem proteção, não são ingênuos, longe disso.

Pode ser que haja efetivamente di-ferença entre essas duas juventudes, vez que uma delas não pode ter a mãe por perto vinte e quatro horas, não

tem babá e às vezes nem pai. Assis-tência do Estado, nem pensar. Ensino, o que todos conhecem. E, assim, uma juventude que convive com a vida mais cedo, com a rua e toda a reali-dade cruel que a outra classe teima em não ver, mesmo vendo pelos vidros escuros de seus carros.

Imaginem um policial falando mais duro com um bebezinho de 16 anos, filho de um rico, se nem a professora ou o colega podem. Seria bullying. Bullying de pobre é o ônibus lotado, é ter que ficar de cara para a parede ou para o chão enquanto a polícia o re-vista como marginal, mesmo que es-teja fardado para ir à escola. Bullying de pobre é a fome e o esgoto que passa em frente a sua casa.

Não, essa classe privilegiada não está pensando na sua juventude quando pede a diminuição da idade penal. A elite e a classe média, que nada mais é do que um arremedo da elite, vivendo na imitação do que acha que é o ideal de conforto e bem estar, não estão pensando nos seus filhinhos indo para a cadeia.

Na visão das duas juventudes se cristaliza como nunca a luta de classes, com uma delas na eminência de ser massacrada. Para a outra, restam os lucros da indústria do encarceramento, da venda de armas, e o prazer de ver seus filhinhos tirando carteiras de mo-torista mais cedo.

De minha parte, eu que decidi meu voto para presidente em oposição ao discurso punitivista de um dos can-didatos, espero que o outro, com seu partido afogado em denúncias de cor-rupção, tenha força moral e política para se contrapor à diminuição da maioridade penal, política que, apesar de não diminuir a criminalidade, é ótima para fazer o público esquecer dos verdadeiros problemas, portanto ótima para desviar a atenção do que foi desviado.

A diminuição da idade penal agora, neste momento, é mais um estelionato político.Luís Carlos Valois é juiz de Direito, mestre e

doutorando em Direito Penal pela Universi-

dade de São Paulo, membro da Associação

de Juízes para Democracia - AJD e porta

voz da Law Enforcement Against Prohibition

(Agentes da Lei contra a Proibição) - LEAP

opinião

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SEGUNDO CADERNOB1

internacional & política

de 4 a 10 de abril de 2015

Golpismo

Quanto custa a campanha pelo impeachment?Movimentação do PSDB e grupos de extrema-direita apontam para gastos milionários na campanha golpista B2

Plenária da CUT e dos movimentos sociais

"Não haverá tentativa de golpe neste País sem resistência de massas nas ruas”Plenária reuniu centenas de organizações e milhares de ativistas do movimento operário, popular e da juventude e declaração acima, do dirigente do MST, muito aplaudida, expressou a disposição de luta crescente contra o golpismo da direita

O presidente da CUT cri-ticando os ajustes de Levy diante de Lula e do plenário lotado

Realizou-se nesta terça-feira (31), na Quadra dos Bancários, em São Paulo, a Plenária Nacional dos Movi-mentos Populares por Mais Democracia, Mais Direitos e Combate à Corrupção rea-lizada na noite desta terça (31) em São Paulo.

O encontro repetiu-se em outros 24 estados e sinalizou uma ampliação da mobiliza-ção que no dia 13 de março passado reuniu mais de 100 mil manifestantes em todo o País, em defesa de reivin-dicações dos trabalhadores diante da crise (como a de-fesa da Petrobrás e contra o PL 4330, da terceirização) e contra o golpismo da direi-ta, que foi fundamental para expressar oposição à mani-festação comandada pela di-reita golpista e antioperária realizada no dia 15 de março, sob o patrocínio do governo do Estado de São Paulo (co-mandado pelo PSDB), pro-movida intensamente pela Rede Globo e todos os mo-nopólios de comunicação.

Contra o golpe e os ajustes de Levy

O ato de SP, reuniu cen-tenas de entidades do mo-vimento operário, popular e estudantil. Compuseram a mesa cerca de 30 organiza-ções, entre  as quais a CUT (Central Única dos Traba-lhadores), o MST (Movi-mento do Trabalhadores Sem Terra), a UNE (União Nacional dos Estudantes) e a CMP (Central de Movimen-tos Populares), PT, PCdoB e PCO.

Faixas e palavras de or-dem gritadas pelos ativis-tas presentes expressavam o crescimento das tendên-cias a uma ampla mobiliza-ção em defesa de reivindi-cações dos explorados dian-te da crise e contra o avanço do golpismo da direita (seja pelo impeachment  , seja por outros mecanismos).

Abrindo a plenária, um dos apresentadores, o com-panheiro João Paulo, do MST, conclamou: "Não ao golpe. Estamos aqui pelos direitos dos trabalhadores, pela democracia, pelos di-reitos dos trabalhadores e contra corrupção e em defe-sa da Petrobras, e em espe-cial em defesa do povo bra-sileiro".

Em um plenário majo-ritariamente composto por apoiadores do PT e eleitores da presidente Dilma Rous-seff, não faltaram cobranças e críticas (ainda que limita-das) à adoção pelo governo federal de uma política de

“ajustes “ que ataca dos tra-balhadores.

O presidente da CUT, Vagner Freitas, deixou claro

que os movimentos sociais defendem o resultado das urnas e condena o golpismo de setores que insinuam im-peachment” (Portal da CUT), mas criticou as medidas de ajuste fiscal que restringem direitos dos trabalhadores, como as MPs 664 e 665, que alteram regras de seguro-desemprego e pensões, en-tre outros e disparou ao la-do de Lula, ”Não podemos acreditar que o ajuste fiscal do Levy (Joaquim Levy, mi-nistro da Fazenda) vai le-var reste País para a fren-te... não vamos aceitar tari-faços”, afirmando que se fo-rem adotadas medidas con-tra os trabalhadores, “o peão vai ficar bravo com a gente e não vai defender o governo".

O presidente da CUT des-tacou a necessidade de de-fender o governo diante dos ataques da direita mas assi-nalou também que é preciso

“tributar as grandes fortunas” e adotar outras medidas que façam os capitalistas “parar de mandar nossas riquezas para fora”. 

Não vamos para debaixo da cama ou para Paris

Em uma intervenção bas-tante combativa e muito bem recebida pelo plená-rio, o representante do MST, Gilmar Mauro, assinalou:

"não haverá tentativa de gol-pe neste País sem resistên-cia de massas nas ruas. Não iremos para debaixo da ca-ma, nem deixar o País... nos-so movimentos não forma-ram covardes e este é o nos-so País”.

Gilmar também não pou-pou os ajustes,  ”nós sabe-mos que precisamos de ajus-te, mas não sobre os direi-tos adquiridos dos trabalha-dores. Precisamos de ajus-tes sobre o capital. Dizem por aí que o mercado costu-ma acorda nervoso. Pois eu quero que o mercado acorde nervoso pelos próximos 500 anos, porque enquanto isso os trabalhadores teriam casa e emprego".

A intervenção do PCO

Único partido representa-do no ato que não integra o governo e não chamou a vo-tar em Dilma Rousseff e se opõe à capitulação política do PT no governo diante da ofensiva da direita, o PCO compareceu com faixas em defesa das reivindicações dos trabalhadores, bandei-ras e distribuiu no ato a No-ta Oficial da direção parti-dária intitulada “Sair às ruas contra o golpe” em que as-sinala que a “direita golpis-ta caminha para um acordo contra os direitos democrá-ticos da população para por fim ao governo Dilma e co-locar no seu lugar um gover-no ainda mais submisso aos

interesses do imperialismo contra a população traba-lhadora”, diante do que pro-põe que “as organizações de luta dos trabalhadores e da juventude e a esquerda pre-cisam convocar uma ampla mobilização para se opor ao golpe e derrotar os golpistas”.

Alegando questão de tem-po (que não se justifica), o representante do PCO, o companheiro Antônio Car-los Silva, da coordenação da Corrente Sindical Na-cional Causa Operária, em-bora compondo a mesa do encontro, não pode fazer uso da palavra, assim como a maioria dos seus compo-nentes que, no entanto, fo-ram representados pelos di-rigentes de suas organiza-ções partidárias.

Lula encerrou o encontro

O ex-presidente Luís Iná-cio Lula da Silva, encerrou o encontro, destacando que seu próprio governo tam-bém foi alvo de ataques ma-ciços e constantes da opo-sição e da mídia, lendo tre-chos de jornais da imprensa burguesa golpista (como  O Globo, Folha, Estado de S Paulo) que atacavam clara-mente sua gestão, segundo ele, por conta da politica em favor da indústria nacional (Petrobrás, indústria naval etc.)  e de medidas em favor da maioria da população.

Lula assinalou que eles “estão fomentando uma luta de classes de cima para bai-xo” e pregou uma concilia-ção – cada vez mais impossí-vel na atual etapa de crise, ao afirmar que “não queremos perturbar o andar de cima... mas não perturbem a gente”.

Evitando falar de gol-pe,  impeachment  etc. Lu-la mostrou cautela: admitiu equívocos do governo, pro-curou mostrar timidamente algum otimismo, mas desta-cou que “se eles querem ti-rar o povo do governo... vão ter que esperar até 2018 para fazer nova tentativa” e ainda conclamou as entidades e militantes a “não abaixar a cabeça”

Calendário de mobilização

O calendário apresenta-do no encontro, apontou no sentido de uma necessária ampliação da mobilização operária e popular contra o golpismo e em defesa das reivindicações dos trabalha-dores.

Como pontos centrais desta mobilização foram destacados os atos no pró-ximo dia 7 quando todas as entidades presentes estão convocando manifestações em todo o País e a ocupar o Congresso Nacional no dia 7 de abril, contra a aprova-ção do PL 4330, que impõe a terceirização em larga escala contra milhões de trabalha-dores e a realização de um 1o. de Maio unitário em tor-no da reivindicações da ple-nária e das mobilizações do ato do dia 13 de março.

Do dia para a noite

Vem Pra Rua assume o golpismo e pede "Fora Dilma"Grupo que negava a possibilidade de impeachment passa a defender qualquer forma de derrubar o governo que seja respaldado pela lei B2

Para evitar briga

PT quer combater o monopólio da imprensa sem mexer nas concessõesApenas mudar parcialmente a distribuição de verbas federais de publicidade, favorecendo grupos ligados ao PT, não servirá para enfrentar poder de influência da imprensa monopolista B3

Rogério Chequer

Líder das manifestações coxinhas é um parasita financeiro B2

O que um golpe reserva ao Brasil

A censura e a repressão depois da derrubada de Lugo no Paraguai B7

Nota oficial do PCO

Sair às ruas contra o golpeDireita golpista caminha para um acordo contra os direitos democráticos da população para por fim ao governo Dilma e colocar no seu lugar um governo ainda mais submisso aos interesses do imperialismo contra a população trabalhadora. As organizações de luta dos trabalhadores e da juventude e a esquerda precisam convocar uma ampla mobilização para se opor ao golpe e derrotar os golpistas B5

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CAUSA OPERÁRIAB8 INTERNACIONAL de 4 a 10 de abril de 2015

Ucrânia

Líder neonazista diz que os moradores de Donbass deveriam ser deportadosRecentemente, Dmitri Yarosh foi indicado pelo presidente Petro Poroshenko para um cargo no Ministério da Defesa

Em uma entrevista para o jornal ucraniano Obosre-vatel publicada no dia 19 de março, o líder do Setor Di-reito, Dmitri Yarosh, decla-rou que os moradores de Donbass devem ser priva-dos de direitos civis e de-portados.

O Setor Direito foi uma das organizações neonazistas que participaram do golpe que derrubou Viktor Yanu-kovich em fevereiro do ano passado. Yarosh hoje é mem-bro do Parlamento ucrania-

no. Segundo ele, em Donbass moram apenas "sovoks", um termo pejorativo que deri-va da palavra ucraniana para

"soviético".Em Donbass ficam os dois

estados do leste da Ucrânia, Donetsk e Lugansk, que se declararam independentes do resto do País depois que o governo golpista tomou o poder em Kiev. Os neonazis-tas combatem na frente con-tra Donetsk e Lugansk com diversos batalhões de volun-tários.

Esses estados eram os mais industrializados do País, e a resistência tinha um sentido de defesa da indústria local. As condições do FMI para dar um "empréstimo" à Ucrâ-nia estão liquidando a indús-tria nacional na Ucrânia. Em Lviv, no extremo oeste do País, sete minas foram fecha-das recentemente, provocan-do protestos e greves de mi-neiros na região.

Outro motivo para a resis-tência contra os golpistas de Kiev é que a maioria da popu-lação no leste é etnicamente russa. Uma das primeiras me-didas do governo golpista, co-locado no poder pela ação vio-

lenta de grupos fascistas xenó-fobos, foi retirar o status de lín-gua oficial regional do russo.

Por isso o ódio de Yarosh contra a resistência no leste. Primeiro, por preconceito, e segundo, porque a resistência tem sido bem sucedida con-tra o fascismo. Segundo ele, é preciso se livrar dos cidadãos

"incontroláveis". "Se nós nos livrarmos dos incontroláveis, tudo ficará bem, quieto e pa-cífico. E então, claro, um pro-grama carinhoso de ucrani-zação pode começar".

Para o neonazista Yarosh, o exemplo a ser seguido é o que aconteceu em Konstan-tinovka, cidade ocupada on-

de soldados ucranianos atro-pelaram e mataram uma me-nina de 8 anos. "Os eventos em Konstantinovka são um exemplo do que eu quero di-zer. Se tivéssemos mostrado um pouquinho de fraqueza... Logo no começo um bando de 'heróis' começou a gritar, usando a tragédia para seus próprios interesses separatis-tas. E quando nossos caras vieram e começaram a atirar pro alto e a prender os que

estavam instigando a revolta, tudo acabou de uma vez. Isso é ordem."

Na semana passada, o pre-sidente da Ucrânia, Petro Po-roshenko, ofereceu para Ya-rosh um cargo no Ministé-rio da Defesa. Yarosh aceitou

"como voluntário". Em troca, Poroshenko quer incorporar os batalhões de voluntários fascistas do Setor Direito ao Exército, numa tentativa de controlá-los.

Queda de avião na Ucrânia

Reuters mentiu sobre queda de avião da Malaysia AirlinesAntes do "podemos tirar, se achar melhor", Reuters inventou um testemunho que não existiu em Lugansk

Reportagem publicada pe-la RT nesta segunda-feira, 30 de março, mostra que a agên-cia de notícia Reuters men-tiu sobre a entrevista de um morador de Lugansk. O en-trevistado, Pyotr Fedotov, de 58 anos, testemunha da que-da do voo MH17, depois de dizer que um míssil teria par-tido das posições do exérci-to ucraniano e derrubado o avião, teria, segundo artigo da Reuters, contado outra história longe das câmeras.

O voo MH17 foi um voo da Malaysia Airlines, em que um Boeing foi abatido na re-gião de Lugansk.

A RT conversou com Fe-dotov, que declarou: "Quan-do nós conversamos sobre o Boeing na câmera, eu expli-quei tudo como aconteceu. As coisas que eu teria dito fo-ra das câmeras foram inven-tadas pelo jornalista. É tu-do mentira. Fora da câmera, nós nunca discutimos sobre o Boeing".

Fedotov contou que o jor-nalista o contatou para saber se ele estava tendo "proble-mas". "O jornalista me ligou e perguntou se eu estava ten-do problemas. Eu estava real-mente surpreso. Por que eu estaria em perigo se eu disse a verdade? Então meus ami-gos me falaram que no arti-go estava escrito que eu disse coisas diferentes para as câ-meras e fora delas. Foi quan-do eu entendi por que ele me perguntou se eu estava ten-

do problemas." E completou: "Tudo isso foi fantasia do jor-nalista, ou talvez eles tirem algum benefício disso".

As potências ocidentais acusaram a resistência em Donetsk e Lugansk pela que-da do avião, aproveitando pa-ra responsabilizar o presiden-te da Rússia, Vladimir Putin.

O conflito na Ucrânia foi desencadeado por um gol-pe contra o presidente Viktor Yanukovich. A população de Donetsk e Lugansk não aceita o governo golpista que assu-miu depois da queda do pre-sidente, e por isso se separou do resto do País. O golpe foi impulsionado pelo imperia-lismo norte-americano, que usou os fascistas ucranianos para precipitar a queda de Yanukovich.

Recentemente, um descui-do da Reuters mostrou seu alinhamento com a burgue-sia golpista no Brasil. No úl-timo dia 23, a agência de no-tícias britânica Reuters publi-cou matéria sobre entrevis-ta feita com o ex-presiden-te Fernando Henrique Car-doso (PSDB) com uma nota

indicativa do editor incluí-da no texto final de maneira acidental.

Na entrevista, Fernan-do Henrique destaca que a maioria dos investigados na Operação Lava Jato foi indi-cada para os cargos de man-do durante os mandatos de Lula. Após destacar esta fa-la do ex-presidente, a maté-ria da agência trata do caso de Pedro Barusco, ex-geren-te de serviços da Petrobras, que teria começado a rece-ber propina durante o man-dato de FHC. Ao final do parágrafo sobre Barusco, o editor deixou a nota “pode-mos tirar, se achar melhor”, indicando a supressão desta informação.

Assim como em outros países em que o imperialis-mo começou a atuar de for-ma golpista, a cartelização da imprensa sempre foi uma questão fundamental. Desta forma, a imprensa burguesa é um dos principais instru-mentos para criar o clima fa-vorável ao golpe e proteger os golpistas contra qualquer de-núncia.

Campanha permanente

A

"

americanização" das eleições na Inglaterra Mudança nas regras das eleições são consequência da crise do bipartidarismo britânico

Até 2011, as eleições na In-glaterra eram breves. O pri-meiro-ministro convocava eleições, uma data era marca-da e os partidos faziam suas campanhas. Isso terminou com um ato no Parlamento que fixou que a cada cinco anos serão realizadas novas eleições.

A medida surgiu de um acordo entre o Partido Con-servador e o Partido Libe-ral, que governam juntos em uma coalisão. O Partido Li-beral temia que, caso os con-servadores achassem que po-deriam obter maioria, convo-cassem eleições para se livrar da coalisão e governarem so-zinhos.

O primeiro-ministro ain-da pode antecipar as eleições, mas nesse caso, agora, terá que conseguir dois terços das cadeiras do Parlamento pa-ra poder governar sem fazer alianças.

A nova regra eleitoral le-va ao que estão chamando na Inglaterra de "americaniza-ção" das eleições. Com uma data fixa eleitoral no hori-zonte, os partidos começam suas campanhas muito antes, e as campanhas estão ficando mais longas e mais caras.

Isso retirou uma vantagem do partido no governo, que controlava a data das eleições e podia tentar escolher um momento favorável.

Falência do bipartidarismo

A situação que levou à mu-dança de regras, com os con-servadores precisando do apoio dos liberais, expressa a crise do sistema bipartidário inglês. Todo o sistema elei-toral inglês favorece a manu-tenção dos dois maiores par-tidos no poder, os conserva-dores e o Partido Trabalhista.

O último golpe contra o sis-tema partidário foi dado pelo UKIP (Partido da Independên-cia do Reino Unido), partido de extrema-direita em crescimen-to eleitoral constante. Nas elei-ções em maio do ano passado, o UKIP foi de 17 assentos pa-ra 136 nos conselhos munici-pais. Um desempenho paralelo ao da Frente Nacional, liderada por Marine Le Pen, na França.

Dmitri Yarosh, líder do Setor Direito

Page 6: Jornal Causa Operária nº 842 - amostra

TERCEIRO CADERNO

C1

movimentos

de 4 a 10 de abril de 2015

7 de abril

Direita quer aprovar projeto de lei

da terceirizaçãoOcupar o Congresso, impedir a votação!

No próximo dia 7 de abril, a Central Única dos Trabalha-dores (CUT), outras organiza-ções sindicais e movimentos populares, estão convocando um ato no Congresso Nacio-nal, em Brasília, para barrar a votação do PL 4330/2004, do ex-deputado e empresário Sandro Mabel (PR/GO).

O ato deve ocorrer em ou-tras cidades, e tem o objetivo

de defender a “democracia, os direitos dos trabalhares, a Petrobrás e as reforma polí-tica, agrária e da comunica-ção”, segundo o próprio site da CUT.

A proposta de terceiriza-ção já se arrasta no parla-mento nacional faz mais de 10 anos, e a direita dentro e fora do Congresso pressio-na, em determinadas épo-

cas, para a aprovação e san-ção da proposta que visa abrir a porta, de vez, para a terceirização em todos os ramos de trabalho no Brasil.

Neste momento, em que existe uma polarização po-lítica no Brasil, a direi-ta, mais uma vez, pretende fazer andar no Congresso Nacional o PL da terceiri-zação. Para isso, conta com o avanço da direita dentro do parlamento nas últimas eleições.

A aprovação do projeto da terceirização é parte de to-do o pacote da direita para o povo brasileiro. “Privatiza Tudo”, com diz um cartaz fla-grado nas manifestações do dia 15 de março. E esse pro-jeto é parte dessa campanha.

Quer dizer, para os tra-balhadores não restou mui-ta alternativa a não ser ocu-par o Congresso Nacional, impedir a votação! Os capi-talistas, que não largam os subsídios e isenções do es-

tado, agora querem mais!Se aprovado o projeto, as

atividades principais pode-rão ser terceirizadas, que por sua vez poderão também contratar terceirizadas.

Diferentes empresas con-trataram trabalhadores pa-ra a mesma atividade, com contratos específicos, sem vínculo empregatício e sem obrigação de oferecer bene-fícios trabalhistas existen-tes na empresa contratan-te. É o fim da contratação e

dos acordos coletivos para bancários, jornalistas, me-talúrgicos, ecetistas e outras categorias.

Os trabalhadores devem comparecer em massa no dia 7 de abril, no Congresso Na-cional, em Brasília, ocupar o Congresso Nacional, e mos-trar que existe resistência diante dos pacotes da direita e, com isso, mostrar que será ainda mais forte a resistência contra as tentativas de golpe da direita.

Paulista, 50 mil professores

Um recado ao reacionário governo Alckmin: “não vai ter arrego”

Na maior mobilização da greve, categoria provoca mais de 600 km de

congestionamento, rejeita propostas que sinalizavam trégua para governo que

demitiu mais de 20 mil e decretou congelamento dos salários e decide pela

continuidade da greve e por novas mobilizações na próxima semana C2

Terceira semana de greve em São Paulo

Professores na vanguarda da luta contra a direitaGreves da categoria em vários estados mostram o caminho da luta contra a política que a direita quer impor no país C4

40 anos de prisão

Mulheres condenadas em El SalvadorLá, o aborto proibida em qualquer circunstância C5

Fraude

A farsa das eleições para o DCE Livre da USPCalendário eleitoral feito pela atual gestão coloca

“semana santa”, feriado na universidade, como a

principal semana para campanha C7

CPI diz o que não é novidade...

Jorge Boueri e Geraldo Alckmin são culpados pela contaminação da USP LesteRelatório final da CPI sobre áreas contaminadas aponta o ex-diretor da EACH como sendo o responsável pelo depósito de terras contaminadas e o governador

Alckmin pelo despejo de calhas e entulho no campus da USP Leste C7

Professores Rio Grande do Sul

PSTU e Psol contra a greve, contra a unidade dos trabalhadores e a favor da direita golpistaEm vez de lutar contra a direita no governo do estado, PSTU e Psol são contra a greve e atacam os trabalhadores desfiliando o sindicato dos professores da CUT C4

Jazz

25 anos da morte de Sarah Vaughan, umas das maiores vozes do Jazz dos anos 1940 C8

Unifesp-Guarulhos

Em luta pela garantia dos serviços essenciais no campus, estudantes deflagram greve C6

Page 7: Jornal Causa Operária nº 842 - amostra

TERCEIRO CADERNO

C1

movimentos

de 4 a 10 de abril de 2015

7 de abril

Direita quer aprovar projeto de lei

da terceirizaçãoOcupar o Congresso, impedir a votação!

No próximo dia 7 de abril, a Central Única dos Trabalha-dores (CUT), outras organiza-ções sindicais e movimentos populares, estão convocando um ato no Congresso Nacio-nal, em Brasília, para barrar a votação do PL 4330/2004, do ex-deputado e empresário Sandro Mabel (PR/GO).

O ato deve ocorrer em ou-tras cidades, e tem o objetivo

de defender a “democracia, os direitos dos trabalhares, a Petrobrás e as reforma polí-tica, agrária e da comunica-ção”, segundo o próprio site da CUT.

A proposta de terceiriza-ção já se arrasta no parla-mento nacional faz mais de 10 anos, e a direita dentro e fora do Congresso pressio-na, em determinadas épo-

cas, para a aprovação e san-ção da proposta que visa abrir a porta, de vez, para a terceirização em todos os ramos de trabalho no Brasil.

Neste momento, em que existe uma polarização po-lítica no Brasil, a direi-ta, mais uma vez, pretende fazer andar no Congresso Nacional o PL da terceiri-zação. Para isso, conta com o avanço da direita dentro do parlamento nas últimas eleições.

A aprovação do projeto da terceirização é parte de to-do o pacote da direita para o povo brasileiro. “Privatiza Tudo”, com diz um cartaz fla-grado nas manifestações do dia 15 de março. E esse pro-jeto é parte dessa campanha.

Quer dizer, para os tra-balhadores não restou mui-ta alternativa a não ser ocu-par o Congresso Nacional, impedir a votação! Os capi-talistas, que não largam os subsídios e isenções do es-

tado, agora querem mais!Se aprovado o projeto, as

atividades principais pode-rão ser terceirizadas, que por sua vez poderão também contratar terceirizadas.

Diferentes empresas con-trataram trabalhadores pa-ra a mesma atividade, com contratos específicos, sem vínculo empregatício e sem obrigação de oferecer bene-fícios trabalhistas existen-tes na empresa contratan-te. É o fim da contratação e

dos acordos coletivos para bancários, jornalistas, me-talúrgicos, ecetistas e outras categorias.

Os trabalhadores devem comparecer em massa no dia 7 de abril, no Congresso Na-cional, em Brasília, ocupar o Congresso Nacional, e mos-trar que existe resistência diante dos pacotes da direita e, com isso, mostrar que será ainda mais forte a resistência contra as tentativas de golpe da direita.

Paulista, 50 mil professores

Um recado ao reacionário governo Alckmin: “não vai ter arrego”

Na maior mobilização da greve, categoria provoca mais de 600 km de

congestionamento, rejeita propostas que sinalizavam trégua para governo que

demitiu mais de 20 mil e decretou congelamento dos salários e decide pela

continuidade da greve e por novas mobilizações na próxima semana C2

Terceira semana de greve em São Paulo

Professores na vanguarda da luta contra a direitaGreves da categoria em vários estados mostram o caminho da luta contra a política que a direita quer impor no país C4

40 anos de prisão

Mulheres condenadas em El SalvadorLá, o aborto proibida em qualquer circunstância C5

Fraude

A farsa das eleições para o DCE Livre da USPCalendário eleitoral feito pela atual gestão coloca

“semana santa”, feriado na universidade, como a

principal semana para campanha C7

CPI diz o que não é novidade...

Jorge Boueri e Geraldo Alckmin são culpados pela contaminação da USP LesteRelatório final da CPI sobre áreas contaminadas aponta o ex-diretor da EACH como sendo o responsável pelo depósito de terras contaminadas e o governador

Alckmin pelo despejo de calhas e entulho no campus da USP Leste C7

Professores Rio Grande do Sul

PSTU e Psol contra a greve, contra a unidade dos trabalhadores e a favor da direita golpistaEm vez de lutar contra a direita no governo do estado, PSTU e Psol são contra a greve e atacam os trabalhadores desfiliando o sindicato dos professores da CUT C4

Jazz

25 anos da morte de Sarah Vaughan, umas das maiores vozes do Jazz dos anos 1940 C8

Unifesp-Guarulhos

Em luta pela garantia dos serviços essenciais no campus, estudantes deflagram greve C6

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CAUSA OPERÁRIA

Nota da corrente Ecetistas em Luta

É preciso combater a infiltração da direita

golpista no sindicalismo dos CorreiosSindicalistas da Conlutas nos Correios estão aliados com extrema-direita fascista para defender a privatização, o fim dos sindicatos, a repressão policial e os ajustes econômicos contra os trabalhadores,

leia nota publicada e distribuída pela corrente Ecetistas em Luta na categoria.

A situação política no Bra-sil é cada vez mais polarizada. A burguesia internacional es-tá se aproveitando das debili-dades do governo do PT para colocar em marcha um golpe de Estado que substitua o go-verno por um que seja capaz de fazer aquilo que o governo do PT não conseguiu e não pode fazer: liquidar a Petro-brás, privatizar de uma vez os Correios, acabar com a CLT e muitas outras coisas. Isso tem que ficar claro de uma vez por todas. A política do PT, burguesa e patronal, não é suficiente para suprir os in-teresses materiais dos ban-queiros e capitalistas em cri-se. Os capitalistas associados com o PT, além disso, têm in-teresses econômicos e políti-cos que conflitam com o inte-resse do imperialismo.

O PT está entregando o correio para os capitalistas, mas para esses grandes mo-nopólios, o processo é muito lento e demasiadamente par-cial. Eles querem que os Cor-reios sejam entregues de uma vez só para o usufruto dos ca-pitalistas. Eles querem que seja feito com os Correios o que foi feito com as empre-sas privatizadas na época de FHC. Entregar tudo a preço de banana para os lucros dos capitalistas, promover deze-nas de milhares de demis-sões. Essa é a mesma políti-ca em relação à Petrobras e a toda a economia nacional. Os grandes capitalistas que estão articulando o golpe contra o PT querem colocar em práti-ca seu plano de devastação da economia brasileira.

A campanha de denúncias que estão iniciando em tor-no ao Postalis, aproveitando a bandalheira dos atuais diri-

gentes, nada tem a ver com a moralização ou com a defesa dos interesses dos trabalha-dores, mas é a principal ar-ma para levar adiante a polí-tica de privatização total dos Correios.

Nesse sentido, o golpe não tem como objetivo principal derrubar o governo do PT. O impeachment, ou seja lá em que forma será derrubado o governo, é apenas uma eta-pa do golpe. O principal al-vo dos golpistas são os traba-lhadores, eles precisam im-por sua política atacando os direitos da população, priva-tizando, demitindo em massa, aumentando a repressão etc.

Por isso, nas manifesta-ções da direita que acontece-ram dia 15 de março, todas as palavras de ordem levantadas foram de ataques aos direitos dos trabalhadores e da po-pulação pobre em geral. Ha-via quem pedisse a “privati-zação de tudo”, havia os que

pedissem a intervenção mili-tar, que significa acabar com todos os direitos democrá-ticos dos trabalhadores. Nas manifestações, formadas por pessoas da burguesia, isto é, patrões, e da classe média alta, era enorme a hostilida-de contra tudo o que pudes-se lembrar trabalhador. Fai-xas contra a esquerda em ge-ral, defendendo o anticomu-nismo, exatamente como fa-zia a ditadura militar. Uma boa parte das manifestações pediam a intervenção militar. Elogios à ditadura e aplausos à PM não faltaram. Se uma pessoa desavisada passasse de vermelho por ali, corria o risco de ser espancada, como efetivamente aconteceu com pessoas que foram agredidas simplesmente por usar roupa vermelha.

Não é à toa que a princi-pal propagandista do ato do dia 15 foi a Rede Globo, que fez uma cobertura especial das manifestações, inflou de maneira absurda os núme-ros dos presentes e divulgou as palavras de ordem. Não dá para ter dúvida que a Re-de Globo e toda a imprensa capitalista são as principais inimigas dos trabalhadores. O trabalhador do correio sa-be muito bem que bastou en-trar em greve para a impren-sa abrir fogo contra a catego-ria, mentindo e caluniando os trabalhadores.

A tarefa obrigatória de to-dos os trabalhadores, de to-dos os movimentos popula-res é lutar contra essa direi-ta e contra o golpe. Se os gol-pistas forem vitoriosos, o que está sendo preparado é um ataque muito mais profun-do às condições de vida dos trabalhadores.

Expurgar a direita

no sindicalismo

dos Correios

É esse ataque sem prece-dentes nas condições de vida dos trabalhadores o que de-fendem todos aqueles que fo-ram e apoiam os atos do dia 15 de março e fazem propa-ganda das posições da direi-ta e extrema-direita entre os trabalhadores dos Correios.

É isso o que defendem sin-dicalistas como Hállisson Te-nório, secretário-geral do Sintect-PE e outros que têm feito campanha aberta para a direita golpista como os dire-tores do Sintect-SJO. Não por acaso, os dois sindicatos são filiados da Conlutas, a “cen-tral” sindical nanica do PSTU.

Esses sindicalistas repre-sentam uma infiltração direi-tista, mais precisamente da extrema-direita, dentro do sindicalismo dos Correios. São cúmplices do ataque fei-

to por um grupo de direita ao Sintcom-PR, pichando com as palavras “lixo comunista” o muro do sindicato onde es-tá o logotipo da entidade e a imagem de Che Guevara. Es-se é exatamente o perfil dos que estavam nas ruas no dia 15 e estarão nas demais mani-festações golpistas. Um ódio sem limites aos trabalhadores e principalmente às suas or-ganizações e reivindicações.

Não precisa ser muito inte-ligente para perceber qual era o programa político das ma-nifestações do dia 15, que é o programa político de todos aqueles que pedem o golpe contra o governo do PT, se-ja ele disfarçado de  impeach-ment, seja ele não tão disfar-çado assim com os pedidos de intervenção militar, que constituíam parte expressi-va dos atos. As manifestações eram claramente patronais, não à toa que contaram com a propaganda e o apoio do monopólio da imprensa capi-talista (Veja, Globo, Estado de S. Paulo) e da FIESP (Fede-ração das Indústrias do Esta-do de São Paulo) que apoiou abertamente o ato, inclusive mostrando luzes verde-ama-relas na faixada de sua sede na Avenida Paulista para sau-dar os manifestantes.

Grupos que organizaram o ato, como o “Vem pra rua”, são diretamente ligados ao PSDB, outros, como o “Mo-vimento Brasil Livre”, defen-dem abertamente as privati-zações, o fim dos direitos so-ciais etc.

Tudo o que foi para a rua no dia 15 era profundamen-te hostil aos trabalhadores e suas organizações. Os sindi-calistas da Conlutas e outros que apoiam esses atos estão fazendo uma aliança com se-tores antioperários e fascis-tas, nada mais do que isso. Por trás de qualquer justifica-tiva moral, que em geral são as mesmas da direita e extre-ma-direita, como a “corrup-ção do PT”, esses sindicalis-tas representam o que há de mais nocivo para todo o mo-vimento operário e popular, em particular às condições de vida da população. Com um agravante: estão infiltra-dos no movimento sindical criando confusão, levando os trabalhadores à paralisia quando o movimento deve-ria estar em uma luta encar-niçada para extirpar a extre-ma-direita das ruas.

É urgente extirpar do mo-vimento dos Correios essa extrema-direita, antioperária e fascistoide.

Usando o governo do

PT como pretexto

A explicação para a ade-são desses sindicalistas à ex-trema-direita, inimiga mortal dos trabalhadores, é a oposi-ção dos trabalhadores do cor-reio ao governo do PT. Essa luta contra o PT nos Cor-reios, porém, eles nada fi-zeram para desenvolver. Ao contrário, sempre estiveram aliados à direção da empre-sa e aos pelegos do PT e, pior, continuam com essa políti-ca até hoje. Foram favoráveis aos fraudulentos acordos co-letivos do último ano e sabo-taram descaradamente a úl-tima greve. Querem liquidar a Fentect e agem em comum acordo com os sindicatos de S. Paulo e RJ, que são instru-mentos diretos da direção dos Correios dentro do mo-vimento sindical.

Esta oposição ao PT é apenas um pretexto para le-var adiante uma política ain-da pior que a do próprio PT. Não é uma oposição de es-querda, mas uma oposição de direita.

Neste exato momento, montaram um golpe para en-tregar a direção da Federa-ção dos trabalhadores ao PT, como denunciamos em nota oficial.

Os trabalhadores dos Cor-reios não devem se deixar en-

ganar com um falso discur-so oposicionista, porque há oposição de direita e oposi-ção dos trabalhadores. Estes sindicalistas que apoiaram o 15 de março não são oposição dos trabalhadores, são oposi-ção de direita.

Conlutas e direita

Para entender o signifi-cado dessa infiltração da ex-trema-direita nos Correios, é preciso explicar uma coi-sa fundamental. Não é coin-cidência que os sindicalis-tas “coxinhas” no correio se-jam filiados à Conlutas. Esse é o resultado lógico da políti-ca que o PSTU/Conlutas nos Correios. Em vários momen-tos está com o PT para trair a luta dos trabalhadores e defender a empresa, em ou-tros momentos se junta com a patronal Força Sindical, co-mo no caso das demissões na GM de São José dos Cam-pos, em outros casos se aliam ao PSDB. Tudo com o obje-tivo de atacar os trabalhado-res em troca de privilégios e regalias que cada um ofere-ce. O PSTU funciona em to-do o movimento sindical co-mo uma espécie de pistoleiro de aluguel.

Estamos vendo na práti-ca o resultado dessa política. Sindicalistas de sua base de influência foram empurrados para a extrema-direita, para posições anticomunistas, an-tioperárias, antipovo. Hállis-son Tenório e a diretoria do Sintect-PE e do Sintect-SJO se somaram diretamente aos elementos da extrema-direi-ta fascista infiltrados no sin-dicalismo, junto com os inte-gralistas, a TFP (Tradição Fa-mília e Liberdade) e outros grupos fascistoides, uma es-cória social.

É preciso deixar claro que toda a conversa fiada de que esses sindicalistas coxinhas estão contra o PT é uma far-sa. Na hora de lutar verdadei-ramente contra a direção do correio, nenhum desses sin-dicalistas fez a greve contra a privatização. Na realidade eles estão favorecendo a dire-ção da ECT a atacar os traba-lhadores e nesse momento es-

tão ajudando o PT a voltar a dominar a Fentect, divindo o calendário unificado de lutas, apoiando os divisionistas do PCdoB/CTB em São Paulo e Rio de Janeiro, participando da Mesa Única (SNNP) cria-da pela empresa.

Hállisson Tenório, por exemplo, no final do ano pas-sado, enquanto fazia campa-nha eleitoral para Aécio Ne-ves (PSDB) – que defende a privatização total dos Cor-reios - com a desculpa de ser

“contra o PT”, aprovava a pro-posta de PLR da direção da ECT que aprofundou os ata-ques às condições de traba-lho da categoria.

Tudo isso mostra que esses sindicalistas coxinhas estão mentindo para os trabalha-dores de suas bases de que es-tariam a serviço da categoria. Na realidade eles não estão seguindo os interesses dos trabalhadores, mas fazendo abertamente o jogo político da direita e extrema-direita fascista cujo principal objeti-vo a atacar brutalmente todos os direitos dos trabalhadores.

Esses sindicalistas coxi-nhas provaram por A mais B que não lutam contra a di-reita, se aliando a ela, e mui-to menos lutam contra o PT

dentro da empresa. Estão a serviço da privatização dos Correios, da terceirização, das demissões e da política fascista de repressão aos mo-vimentos dos trabalhadores.

Por fim, é preciso deixar bem claro e desfazer as con-fusões. É preciso expurgar do correio essa extrema-di-reita, inimiga dos trabalha-dores. De nenhuma maneira confundir a luta da categoria contra o PT, que é um parti-do patronal e traidor, com a escória da extrema-direita.

Os trabalhadores lutam contra o PT com suas pró-prias armas, seu próprio pro-grama e sua organização, mas antes de qualquer coisa é pre-ciso destruir a extrema-direi-ta, eliminar essa escória de dentro do movimento sindi-cal e das ruas.

Para quem tem alguma dúvida de tudo o que disse-mos, basta olhar as seleções de fotos dos atos de todo o País: absolutamente nenhu-ma reivindicação ali dizia respeito aos trabalhadores. Nenhuma! Em troca, abun-davam as fotos pedindo a volta dos militares, a priva-tização “de tudo”, os ataques contra a esquerda, contra o movimento sindical etc.

MOVIMENTO OPERáRIO C3de 4 a 10 de abril de 2015

Privatiza tudo ou "vamos acabar com todos os direitos da população"

Tirar Dilma para a colocar os militares que protagonizaram a ditadura mais corrupta da história do País

Exatamente como na ditadura, as calúnias contra o comunismo e os trabalhadores

Page 9: Jornal Causa Operária nº 842 - amostra

Música

25 anos da morte de Sarah Vaughan, umas das maiores

vozes do Jazz dos anos 1940

Cantora é uma das três mais influentes de toda a história do jazz, ao lado de Ella Fitzgerald e Billie Holiday

Sarah Voughan (1924-1990), dona de uma técnica vocal extremamente sofisti-cada, foi a responsável por transportar para o canto, as inovações técnicas desenvol-vidas pelos músicos do bebop em seus instrumentos. Deste modo, se tornaria a voz favo-rita de músicos como Dizzy Gillespie e a mais representa-tiva vocalista de jazz da déca-da de 1940.

Pelo grande domínio me-lódico e rítmico de sua voz, pode-se dizer que Vaughan se tornou para a geração de 40, o mesmo que foi Bes-sie Smith para a geração dos anos 20, ou Billie Holiday e Ella Fitzgerald na década de

1930. Ou seja, uma das mais influentes vozes do jazz de todos os tempos.

Nascida em Newark, na Nova Jersey, em março de 1924, Vaughan começou sua atividade musical, como tan-tos outros jazzistas negros, cantando em uma igreja ba-tista da comunidade onde crescera, onde aprendeu ain-da a tocar piano e órgão.

Manifestando rapidamen-te um grande controle técni-co de seu canto, aliado a uma voz possante e melodiosa, ela ganharia o primeiro prêmio em um importante concur-so amador, no famoso Apol-lo Theatre, cantando o clássi-co jazz Body And Soul.

No início dos anos 1940, ela foi contratada como cantora e pianista na big band de Earl Hi-nes. Em 1944 ela passou a tocar no grupo de Billy Eckstine, e depois de uma rápida e estron-dosa passagem pela orquestra de John Kirby, Vaughan partiu para carreira solo.

Depois de quase três déca-das de reinado absoluto das big bands de swing sobre o jazz e a música popular nor-te-americana, um movimen-to de ruptura começaria a ser gestado nas principais capi-tais norte-americanas duran-te a Segunda Guerra.

Sua característica primor-dial era a rejeição das gran-des formações de repertório típicas do swing, para valori-zar, a partir daí, sobretudo o talento individual dos músi-cos solistas. Era o bebop que começava a tomar forma.

Diante do desgaste do swing, dezenas de músicos destas orquestras, após o en-cerramento do expediente passaram a se reunir em pe-quenos bares para noites in-teiras de duelos de instru-mentos, onde o que contava era a qualidade de improvisa-dor do jazzista.

Aos poucos, no entanto, essas jam sessions passaram a se tornar o centro dos in-teresses de muitos talentosos instrumentistas.

Na linha de frente des-te movimento de renovação do jazz estavam o sax-altis-ta Charlie Parker e o trom-petista Dizzy Gillespie. Am-bos eram grandes virtuosos do instrumento e também gênios da improvisação. Sua criatividade os levaria a des-

cobrirem uma nova manei-ra de tocar que revoluciona-ria completamente o jazz dos anos seguintes.

A eles também se junta-riam o pianista Thelonious Monk, e bateristas como Kenny Clarke e Max Roach, entre centenas de outros. O bebop foi um verdadeiro fe-nômeno musical que influen-ciou toda a jovem geração da década de 1950.

O elemento musical que sofreu a maior revolução no bebop foi ritmo, com um som freneticamente sinco-pado e repleto de figuras rít-micas complexas. Seu fra-seado por sua vez, estaria re-cheado de saltos, nervosos, acelerados e incrivelmente flexíveis, capazes de se adap-tar a qualquer refrão de ja-zz, mas destruindo-o e o tor-nando uma música comple-tamente nova.

O bebop se imporia no ter-reno do jazz como uma téc-nica musical extremamen-te sofisticada, exigindo al-ta qualidade técnica de seus instrumentistas. Ele substi-tuiria por sua vez as grandes plateias de jovens interessa-dos em dançar e se divertir por um público de aprecia-dores de música e iniciados no estilo. Relegando o jazz, por fim, a um pequeno gue-to musical restrito, mas tam-bém o único terreno por on-de conseguiria se desenvol-ver após o colapso comple-to das big bands, com o nas-cimento do rock´n´roll e do rithm´n´blues com seus ins-trumentos elétricos.

O despontar do bebop em sua época, representava uma

significativa modificação na sensibilidade da nova gera-ção, particularmente dos ne-gros que impulsionariam o estilo, em uma época de ex-pectativa e preparação das grandes mobilizações que se-riam impulsionadas a par-tir da década de 1950 na luta pelo fim da segregação racial e a conquista de dos direitos democráticos dos negros nos Estados Unidos.

Seria nesta corrente de re-novação completa do estilo que iria se inserir a sofisti-cada voz de Sarah Vaughan. Ela gravou suas primeiras canções nos anos finais da guerra, se popularizando com composições de Tadd Dameron como "Tenderly", música que se tornaria seu primeiro e estrondoso su-cesso. Vaughan em pou-co tempo tomaria conheci-mento da nova música que se formava nos clubes ne-gros de Nova Iorque, ade-rindo entusiasticamente às inovações e passando a tocar em inúmeras parcerias tan-to com Dizzy Gillespie com quem gravou o grande clás-sico "A Night in Tunisia"; quanto com Charlie Parker, que daria origem, entre ou-tras músicas à influente "Lo-ver Man".

Entre 1949 e 1954, seu nome seria definitivamente consolidado como a mais in-fluente voz do jazz dos anos 1940, porta voz da renova-ção do bebop no terreno vo-cal. Uma das marcas registra-das de seu estilo pessoal seria a utilização dos sketches de-senvolvidos por Louis Arms-trong adaptados ao bebop.

Outra cantora que poste-riormente também aderiu ao bebop e tem hoje também seu nome associado ao movimen-to foi Ella Fitzgerald, habilido-sa também no uso dos sketches.

Vaughan, na década de 1950, estaria ainda na van-guarda do movimento de re-novação do jazz, ao se asso-ciar ao trompetista Miles Da-vis – ex-parceiro de Charlie Parker- em seu octeto visio-nário que lançaria as bases do cool jazz.

Nas décadas seguintes, ela se tornaria mais eclética, não cantando simplesmente jazz, mas também estilos diversos de R&B e soul. Gravaria ain-da com a orquestra de Duke Ellington, com o trompetista Clifford Brown e o baterista Roy Haynes.

Na ocasião de sua morte, em 03 abril de 1990, Vaughan havia se constituído já como uma das três mais influentes cantoras de toda a história do jazz, ao lado de Ella Fitz-gerald e Billie Holiday.

Rio de Janeiro

Policiais executam duas pessoas no Complexo do Alemão

Imprensa esconde a verdade, mas vídeos na internet denunciam a ação policial

Nos últimos meses, o Complexo do Alemão, Rio de Janeiro, está sob fogo cerra-do da polícia e das tropas de ocupação. A incursões, sob o pretexto de “combate ao trá-fico”, deixaram ao menos três pessoas mortas nos últimos dois dias, além de uma crian-ça ferida.

A cobertura da imprensa burguesa quer transformar todos os moradores da favela em agentes do tráfico de dro-gas, criminosos, assaltantes... Assim, junto com a Polícia Militar, forjam as matérias e a cobertura dos casos.

Na ação da polícia, os mo-radores denunciaram que simplesmente abriram fo-go dentro de uma casa. Uma moça levou um tiro no pes-coço e morre a caminho do hospital, levada pelos mora-dores. O segundo jovem as-sassinado pela PM morreu no local, e o socorro foi im-pedido pelos policiais.

“Segundo a polícia, o ou-tro baleado é um traficante que participou do confronto. O homem ainda não identifi-cado foi atingido na cabeça e

morreu no local. Os policiais disseram que ele carrega-va uma pistola calibre 9 mm, munições e um rádio trans-missor”, afirmou o G1.

Porém, vários vídeos di-vulgados em seguida mos-tram a moça sendo socorrida por moradores. E o rapaz no chão, com um tiro de fuzil na cabeça, cercado pela polícia, sem arma, munição e muito menos “rádio transmissor”.

Na gravação, os morado-res vão para cima dos poli-ciais, que reagem soltando gás de pimenta, enquanto empunham seus fuzis. Um sargento chega para contro-lar a situação, e afirma para os moradores em volta que aconteceu uma fatalidade, e que entende a dor do familiar que estava próximo ao corpo.

A farsa da Polícia Militar e da imprensa burguesa não durou mais de um dia, gra-ças às gravações e denúncias feitas pelos moradores. Não existe “traficante baleado em confronto”. Só existe morador que é assassinado pela polícia.

Por outro lado, mesmo que se falasse em confronto,

haveria mortes dos dois la-dos em luta. Mas nunca há, o que mostra que existe so-mente covardia. Haveria de se esperar que o “traficante”, armado e conhecedor do lo-cal levasse alguma vantagem sobre a ação da polícia. Quer dizer, toda a história contada pela polícia e a imprensa não passa de uma farsa completa para encobrir os fatos.

Os métodos da polícia, em casos como esse, foram bem abordados no livro do jornalista Caco Barcelos, publicado em 1992, “Rota 66: a história da polícia que mata”. Diante do teor das denúncias contidas no livro, que começa com a histó-ria de jovens de classe mé-dia mortos pela PM e pas-sa pelo massacre do Caran-diru, o repórter teve que se ausentar do país por um pe-ríodo.

O que não é bem debati-do são as maneiras de acabar com a violência policial. A confusão reina nessa questão e a esquerda pequeno-bur-guesa, visivelmente defenso-ra da repressão, não conse-gue ir além da “desmilitariza-ção” da polícia militar.

De forma simples, pode-se dizer que para acabar com

execuções cometidas pela polícia, e necessário acabar com a polícia.

Para a esquerda isso não fica claro, pois ela, de fato, acredita que só existem cri-minosos nas periferias. Por isso a defensiva proposta de

“desmilitarização.” Acreditam que o policial precisa de mais recursos, para melhorar seu

“trabalho”, etc.Por outro lado, são vários

os policiais que fazer parte dessa esquerda. A Polícia Mi-

litar, a Polícia Federal,  o Mi-nistério Público, integrantes deles todos formam  uma ba-se social de constituição des-ses partidos e organizações.

Enquanto se “debate” o problema, mais e mais traba-lhadores, moradores de peri-feria e negros continuam sen-do o alvo principal da inter-venção letal e covarde da PM.

Em um momento políti-co como o atual, onde exis-te uma polarização clara en-tre os defensores do golpe da

direita, e os que lutam contra este golpe e os planos de con-tingência, um dos resultados é o aumento da repressão po-licial nas comunidades.

O efeito “colateral” dessa repressão é a criação de or-ganização de moradores, que devem lutar pelos seus direi-tos básicos e, em conjunto com os trabalhadores, dissol-ver a polícia, de cabo a rabo, como única política capaz de acabar com o grupo de exter-mínio que hoje é a PM.

C8

movimentosnegros

de 4 a 10 de abril de 2015

Sarah Lois Vaughan

A voz de Sarah Vaughan é tida como uma das belas do século XX

Moradores do Complexo do Alemão sempre protestaram contra a ocupação

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