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JÚLIO C. BUSATO: “Nossa meta é manter o trabalho brilhante da Aiba” ENTREVISTA PAGS 8/9 PAGS 10 À 15 www.cerradoeditora.com O jornal de agronegócio do bamapito É O OCASO DA EMBRAPA? Ao completar seus 40 anos – no mês passado - à serviço das pesquisas agropecuárias, que culminaram, principalmente, na viabilidade dos cerrados para a produção de alimentos e em altas produtividades e qualidade de produtos animais e vegetais, poupando desmatamentos, a Embrapa, embora a alta cúpula da empresa não admita, caiu em decadência, por falta de recursos, perca de seus grandes pesquisadores e da ação predadora de algumas multinacionais concorrentes da Estatal, uma delas sua aliada. Uma das evidências deste ocaso é a sua posição, hoje, no mercado nacional de sementes de soja: até 1997, a empresa detinha 70% deste mercado, enquanto a sua aliada, a Monsanto, tinha 12%. Hoje esta tem mais de 50%, enquanto que a Embrapa se contenta com 10%. Um Projeto de Lei que tramitava no Congresso Nacional, apresentado pelo PT, objetiva a abertura de seu capital para iniciativa privada. Movimentos sociais pela terra, como a Via Campesina, viram essa intenção como início de uma privatização e foram para as portas das unidades em todo o Brasil, denunciar e protestar. O Projeto foi abortado. A Embrapa volta a ser o que era? Ano X Número 45 R$ 2,00

Jornal Cerrado Rural - Edição 45

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Jornal Agronegócio - Palmas-TO

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JÚLIO C. BUSATO: “Nossa meta é manter o trabalho brilhante da Aiba”

ENTREVISTA

PAGS 8/9

PAGS 10 À 15

JÚLIO C. BUSATO:manter o trabalho brilhante da Aiba”

ENTREVISTA

www.cerradoeditora.com

O jornal de agronegócio do bamapito

É O OCASO DA EMBRAPA?Ao completar seus 40 anos – no mês passado - à serviço das pesquisas agropecuárias, que culminaram, principalmente, na viabilidade dos cerrados para a produção de alimentos

e em altas produtividades e qualidade de produtos animais e vegetais, poupando desmatamentos, a Embrapa, embora a alta cúpula da empresa não admita, caiu em decadência,

por falta de recursos, perca de seus grandes pesquisadores e da ação predadora de algumas multinacionais concorrentes

da Estatal, uma delas sua aliada. Uma das evidências deste ocaso é a sua posição, hoje, no mercado nacional de sementes de soja: até 1997, a empresa detinha 70%

deste mercado, enquanto a sua aliada, a Monsanto, tinha 12%. Hoje esta tem mais de 50%, enquanto que a Embrapa

se contenta com 10%. Um Projeto de Lei que tramitava no Congresso Nacional, apresentado pelo PT, objetiva a

abertura de seu capital para iniciativa privada. Movimentos sociais pela terra, como a Via Campesina, viram essa

intenção como início de uma privatização e foram para as portas das unidades em todo o Brasil, denunciar e protestar.

O Projeto foi abortado. A Embrapa volta a ser o que era?

Ano X Número 45R$ 2,00

02 | MAIO 2013

CARTA DO EDITOR

EXPEDIENTE

ANTÔNIOOLIVEIRA

Depois de quase dez anos circulando no formato gráfico de revista, tendo, como toda atividade econômica, altos e bai-

xos como consequência das adversidades do mercado – sem nunca ter deixado esta chama se apagar e mantendo sua aceitação e credibilida-de nos meios agropecuários e agroempresariais dos cerrados da Bahia, Maranhão e Tocantins, com seus reflexos muito além dessas fronteiras -, estamos mudando para o formato jornal-tablóide.

Digamos que estamos trocando um meio de transporte de luxo e altamente caro de se manter por outro mais econômico, porém com a mesma carga e o mesmo destino: a divulgação, promo-ção e integração dos setores produtivos rurais, de pesquisas e de meio ambiente nessas nossas velhas, conhecidas e queridas regiões de muito trabalho para a produção de alimentos, grãos, fibras e biomassa para o Brasil e para o mundo.

Essa nossa decisão teve dois motivos: o pri-meiro, os altos custos para se manter uma revista nesses nossos cerrados – insumos como papel, tintas coloridas e a prestação de serviço na área de impressão gráfica, que andam emperrando revis-tas de pequeno e médio porte não só aqui, mas em todos os grotões brasileiros onde os investimen-tos em publicidade ainda são muito pequenos.

Segundo: esses custos emperram a agi-lidade do veículo fazendo com que este não acompanhe a velocidade que o agronegócio brasileiro se impôs nos últimos anos. Ele não é mais apenas fonte de reportagens especiais para revistas mensais, bimensais, trimestrais, etc. Ele é, hoje, tão dinâmico e factual quan-to os fatos políticos, policiais e econômicos.

E, em se falando da velocidade da notícia, abaixo da mídia eletrônica – rádio, TV, Web e seus diversos meios -, só o impresso. É neste que estamos indo, focados também na grande rede eletrônica com o nosso site (www.cerradoedito-ra.com). E o futuro para esse nosso novo meio promete muito, pois nosso produto é muito bom.

Esta edição de estréia trás a nossa ou-tra revista, Agrofamiliar, voltada para a agri-cultura familiar, transformada num Segun-do Caderno e com a mesma proposta.

Outra novidade é que a partir dos próximos meses, estaremos também com nosso foco na região sul do Maranhão, completando a nos-sa proposta de cobrir as regiões produtivas de cerrado, conhecida como BAMAPITO. Ambas formam um todo e é alvo das atenções e inves-timentos do Brasil e do mundo. E são tidas, pelo Departamento de Agricultura dos Estados Uni-dos como a maior mesa de produção agrícola do mundo, num futuro não muito distante.

Agora vamos ao destaques desta edição:Fizemos um amplo trabalho de pesquisas

e consultas sobre a atuação da Embrapa – que completou no mês passado os seus 40 anos de existência - nestes últimos anos que culmina-ram no seu enfraquecimento e numa propos-ta – abortada depois, por incrível que pareça, por causa de protestos e alertas de movimentos pela terra, como a Via Campesina -, de abertura de seu capital para a iniciativa privada e a eva-são de seus maiores patrimônios: o humano e a parcela de 70% do mercado de sementes de soja no Brasil. A Embrapa vive o seu ocaso? É o questionamento da reportagem especial.

Em outras matérias e artigo, abordamos o novo advento da agricultura nos cerrados que vem causando bilhões de reais de prejuízos: a lagarta Helicoverpa, que forçou o Ministério da Agricultura a autorizar a importação de inse-ticida específico para o seu combate, porém não autorizou o seu registro emergencial.

Nossas duas entrevistas, uma do primeiro caderno que é dirigido ao agronegócio, e a outra no segundo, voltado para a agricultura familiar, o presidente da Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) fala de suas propostas para a plena continuidade da exemplar atuação da instituição no corporativismo dos meios produ-tivos da Bahia, mais especificamente do oeste baiano, sua região-sede e de atuação principal.

Roberto Sahium, secretário de Agricultu-ra de Palmas, apresenta as propostas de sua Pasta para desenvolver a agricultura e pecu-ária empresariais e familiares. Uma grande revolução verde está em curso, garante ele.

Palmas se prepara para um grande encontro de Comissões de Sementes e Mudas das regi-ões Centro-Oeste, Norte e Nordeste do Brasil.

Plantar mogno africano está se revelan-do num bom negócio alternativo e de mé-dio prazo para a agricultura familiar.

Isto e muito mais para vocês, leitor e parceiros, que merecem toda a nossa dedi-cação e fidelidade ao nosso mote: “De cer-rado produtivo a gente entende. E gosta.”.

Se for simplesmente leitor, faça uma assina-tura deste seu veículo; se és empresário do ramo de agronegócio e correlatos, anuncie e assine.

Boa leitura. (Antônio Oliveira, editor-geral)

Cerrado Rural Agronegócios tem foco jornalístico e circulação voltados para os cerrados da Bahia (região oeste), Maranhão (região de Balsas) e Tocantins. Nos

demais estados circula por meio de assinatura e dirigida.

Publicado por Cerrado Editora, Comunicação e Markentig Ltda. CNPJ: 10.683.730/0001-98

EDITOR-GERAL

Antônio Oliveira (RP: 474/70)

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Em novo veiculo, mas com o mesmo destino

“O agronegócio não é mais apenas fonte de reportagens especiais para revistas mensais, bimensais, trimestrais, etc. Ele é, hoje, tão

dinâmico e factual quanto os fatos políticos, policiais e econômicos”

ESTA É UMA EDIÇÃOVITRINE DO QUE SEREMOS DAQUI PARA FRENTE MELHOR AINDA. VOLTAREMOS EM EDIÇÕES QUINZENAIS A PARTIR DE 3 DE JUNHO

MAIO 2013 | 03

OPINIÃO

A logística da lagarta e os atos inúteis*Eduardo Lima Ponte

Esperei alguns dias para avaliar em profundidade a Instrução Norma-tiva do MAPA que anunciou a "per-missão" para que produtores possam importar diretamente o Benzoato de Emamectina, supostamente, o único princípio ativo capaz de controlar a Lagarta Helicoverpa armigera.

Novamente, o Governo editou uma medida absolutamente inútil.

Às vezes me pergunto se essa inutilidade continuada é proposital ou é fruto da mais pura e concentra-da incompetência.

Na prática, infelizmente, a situ-ação emergencial tende a se agravar porque em termos burocráticos não houve nenhuma mudança concreta.

Vejamos o que diz a Instrução Normativa:

Art. 2º O interessado deverá apre-sentar Solicitação de Autorização de Importação ao setor competente da Superintendência Federal de Agri-cultura, Pecuária e Abastecimento - SFA, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA, da Unidade da Federação, instruído com os seguintes documentos:

I - termo de autorização de apli-cação emitido pelo Órgão Estadual de Defesa Agropecuária conforme Anexo desta Instrução Normativa; e

II - cópia do Licenciamento de Importação (LI).

§1º O interessado deverá incluir em campo próprio do LI a observa-ção de que se trata de produto para aplicação emergencial e o número do Termo de Autorização emitido pelo órgão estadual de defesa agro-pecuária, nos termos da Instrução Normativa nº 13, de 2013.

§2º Para efeito de registro do LI, o produto deverá ser enquadrado na NCM 3808.9199.

Art. 3º Para os efeitos desta Ins-trução Normativa não será exigido do interessado registro de produto junto ao MAPA.

Na média, o produtor brasileiro, mesmo o de grande porte, não tem experiência de Importação. Na mes-ma condição se encontram a maior parte das Cooperativas Agrícolas.

Não se trata de incompetência do setor, muito pelo contrário. Vivemos há anos submetidos a regras esdrúxu-las que são típicas de países comunis-tas, onde o Governo nos dita tudo o que podemos ou não fazer, o que se pode ou não comprar, etc.

O Brasil é um dos países mais complicados e burocráticos do

Mundo quando se trata de � nalizar uma Importação, sendo uma ver-dadeira incógnita até para opera-dores experientes saber qual será o custo � nal de um produto importa-do. Aqui não estou nem falando do tempo de liberação de uma carga.

Obrigatoriamente, o importador brasileiro precisa estar inscrito junto a Receita Federal para obter um re-gistro especí� co chamado RADAR.

As compras no exterior � cam limitadas no primeiro ano a USD 150.000,00 por semestre, indepen-dentemente do porte do solicitante. A concessão dessa autorização nor-malmente demora meses e implica no atendimento de uma série de requisitos que a imensa maioria dos Agricultores-Pessoa Física não têm condições de cumprir.

Não vi em nenhum lugar que a Receita Federal irá abrir precedente para liberar a importação dos pro-dutores, cooperativas e associações que não possuam o RADAR. Al-guém viu isso ou tem a con� rmação o� cial de que não haverá a necessi-dade desse registro?

Sem que essa questão esteja 100% esclarecida, de nada servirá a Instrução Normativa. Enquanto o MAPA dirá de um lado que "sim", do outro a Receita Federal dirá que não.

A liberação deve ser efetiva. Deve contemplar toda a logística documental e as di� culdades que são inerentes ao processo.

Infelizmente, exemplos de me-didas governamentais contraditórias não faltam em relação a Agricultura.

Em 25 de março de 2010, o Mi-nistério da Industria e Comércio junto com a Receita Federal anun-ciaram, através da Portaria 467, o "Drawback Agropecuário", cujo objetivo era a redução dos custos de produção para os Exportadores do Agronegócio a partir da isenção tributária nas importações de Ferti-lizantes, Defensivos Agrícolas e Me-dicamentos Veterinários.

Entretanto, não é possível im-portar qualquer tipo de Defensivo Agrícola "Genérico" sem que o inte-ressado seja o dententor ou titular do "registro" da molécula. Como o regis-tro custa mais do que USD 300.000,00 e demora em média 7 anos para ser aprovado, para quê serviu o tal "Dra-wback Agropecuário"?

Voltando a análise da Instrução Normativa, cabem ainda outras considerações:

Art. 3º Os produtos importados serão aplicados sob controle da autoridade � tossanitária estadual e supervisão da Secretaria de De-

fesa Agropecuária, para controlar a emergência declarada.

Quem assinou a liberação do Benzoato de Emamectina, ao que tudo indica, parece desconhecer que o Ministério da Agricultura está completamente sucateado em sua estrutura, que faltam técnicos e � s-cais em todos os setores.

O que se pode esperar então das Secretarias Estaduais de Agricultura pelo Brasil afora. Não vou nem falar das prerrogativas e interpretações, muitas vezes de caráter ideológico, que cada Fiscal poderá ter no momen-to de decidir sobre a sua agenda para acompanhar a aplicação do produto.

Tudo se resume a Logística! Não temos logística de transporte, não temos logística de � scalização, não temos logística documental, não te-mos sequer uma legislação coeren-te com a realidade.

A Lagarta não vai esperar pela agenda dos Órgãos de Fiscalização. A Logística da Lagarta é muito mais e� -ciente. Na "cabeça" da Lagarta, a meta é comer e procriar. A burocracia não importa na Vida da Helicoverpa.

Ressalto que não estou critican-do de maneira generalizada a cate-goria dos Fiscais, muito pelo contrá-rio. A maior parte dos pro� ssionais que conheço atuam como verdadei-

ros consultores de qualidade e con-tribuem em vários aspectos para o sucesso da atividade agropecuária.

Minha crítica vai para os pseu-do-técnicos que se encontram em posições de Che� a, apenas por se-rem da "con� ança" de Políticos de última categoria.

A efetividade dessa Instrução Normativa está condicionada aos seguintes pontos:

1) Que os Agricultores, Coope-rativas, Associações e Revendas de Insumos possam fazer a importação direta sem a exigência do RADAR e quando a mercadoria chegar nos Portos que seja imediatamente libe-rada ("canal livre");

2) Que as Revendas de Insumos possam atuar na comercialização para os pequenos e médios produ-tores, garantindo através do Recei-tuário Agronômico a rastreabilida-de integral do uso do produto;

Se esses aspectos não forem le-vados em conta, a Lagarta continu-ará ganhando a corrida, dizimando milhões de hectares e causando um prejuízo bilionário ao País.

* É consultor da CustodoAgro Consultoria Agrícola

04 | MAIO 2013

AGROTECNOLOGIA

Régua de capim

Tecnologia sucroenergética

Tecnologia biodigestiva

Controle de doenças

pós-colheita

Projeto Itafós Arraias será apresentando na Agrotins

Sobre a MBAC fertilizantes

Agrotins 2013

A Embrapa vai apresentar aos pecuaristas, durante a Agrotins 2013, uma inovação desenvolvi-da por pesquisadores da empresa. Trata-se da “Régua de Manejo de Pastagem”. De acordo com o zootec-nista e analista de Transferência de Tecnologia da Estatal de pesquisas agropecuárias, Pedro Henrique de Alcântara, o instrumento foi desen-volvido para medir sete espécies de capins utilizadas em pastagens, indicando para o pecuarista o mo-mento de colocar e retirar o gado do pasto. “O manejo correto sempre foi um desa� o para o pecuarista, já que varia em função da espécie de ca-pim, da lotação e da época do ano”, informa o pesquisador.

A Feira Internacional de Tecnolo-gia Sucroenergética ( FENASUCRO), a se realizar em Sertãozinho (SP) entre os dias 27 e 30 de agosto, será palco do 1º Congresso de Automa-ção e Inovação Tecnológica Sucroe-nergética. O Congresso, segundo os

seus organizadores, tem o propósito de divulgar o conhecimento técnico e as mais recentes tecnologias de automação aplicadas à cadeia sucro-energética. Ele será promovido pela ISA Sertãozinho ( International So-ciety of Automation).

Estratégias de controle alterna-tivo de doenças na pós-colheita de frutas, evitando resíduos químicos, principalmente das frutas produzi-das na Caatinga para têm sido es-tudadas pela Embrapa Semiárido (Petrolina-PE). De acordo com o pesquisador Damião Terão, existem diversas estratégias alternativas de controle de doenças pós-colheita de frutas que foram avaliadas na pesquisa. Uma delas é controle cul-tural. Ou seja, uma vez que grande maioria dos � topatógenos que cau-sam doenças na pós-colheita infec-tam a fruta no campo, o controle deve iniciar ainda na pré-colheita, partindo da escolha da época do plantio e, consequentemente, da época de colheita mais adequada, e de práticas culturas como a elimi-nação de restos de poda e de outras fontes de inoculo, bem como o uso de adubação e irrigação correta e equilibrada para a cultura.

O 1º Seminário do Uso das Bio-massas Energéticas e Biodigestores nos Sistemas Agrícolas, a ser realiza-do no dia 9 de maio na Agrotins 2013, terá como um de seus palestrantes o avicultor Raimundo Alves Ferreira, do município de Palmeiras do Tocan-tins. Ele já tem experiência com essa tecnologia. Sua propriedade foi uma das pioneiras na implantação de bio-digestor, a partir de resíduos de aves no Brasil. De acordo com ele, o siste-ma instalado está lhe possibilitando

uma econômica de 30% no consumo de energia elétrica na sua proprieda-de. O Seminário será promovido pela Diretoria de Agroenergia da Seagro – Secretária de Agricultura e Pecuária. De acordo com Reginaldo Novais, assessor executivo da Seagro, o obje-tivo é apresentar uma tecnologia que possibilite aos produtores rurais, em especial aos pecuaristas, produção de energia, de forma sustentável, e tam-bém reduzir a emissão dos gases de efeito estufa.

O município de Arraias, na re-gião sudeste do Tocantins, foi o es-colhido pela MbAC Fertilizantes, empresa canadense com escritório corporativo no Rio de Janeiro, para sediar sua fábrica de Superfosfato Simples (SSP). Quase pronto para entrar em operação, o complexo in-dustrial será o único da região Norte do Brasil a misturar e comercializar este tipo de adubo “de alta produtivi-dade e e� ciência, indicado para adu-bação corretiva e de manutenção.

De acordo com o presidente e COO da Empresa, Roberto Busato Belger “as obras estão em fase � nal para o início de nossas atividades comerciais no Município, onde se-

rão produzidas 500 mil toneladas anuais do produto”. O mercado vi-sado são as regiões produtoras do oeste da Bahia, norte de Goiás, Pará, Piauí, Mato Grosso e Tocantins.

O Executivo estará ministrando, no penúltimo dia da Agrotins 213, a palestra “Pecuária, com Tecnologia e Sustentabilidade”.

Essa intervenção, explica Belger, “será mais uma grande oportuni-dade de apresentar a Companhia, esclarecer dúvidas e reforçar o ob-jetivo da MbAC Fertilizantes de co-laborar com a busca da autossu� ci-ência brasileira em fertilizantes, por meio do empreendimento no Esta-do e outros em andamento”.

A Empresa tem como objetivo, garante ela, tornar-se uma importan-te produtora integrada de fertilizantes fosfatados e potássicos nos mercados brasileiros e latino-americanos. A companhia possui uma equipe expe-riente com sólida trajetória pro� ssio-nal nas áreas de operações para negó-cios de fertilizantes, gestão, marketing e � nanças no Brasil e no exterior. Em outubro de 2008, adquiriu a Itafós Mineração Ltda., a qual consiste em uma mina de fosfato, planta e uma unidade de britagem e sua respectiva estrutura, localizadas na região cen-tral do Brasil. O portfólio de explora-ção inclui ainda projetos de fosfato e potássio, além da recente descoberta de óxidos de terras raras também em território brasileiro. O projeto San-tana é uma jazida de fosfato de alto teor localizada muito próxima do maior mercado brasileiro para ferti-lizantes, o Estado de Mato Grosso, e de importante mercado de nutrição animal, o estado do Pará. A empresa continua a buscar oportunidades no Brasil e outros mercados da América Latina, onde a forte base agrícola e as oportunidades únicas podem possi-bilitar o crescimento no curto prazo.

Mais informações podem ser obtidas no site www.mbacfert.com e www.sedar.com. (Com assessoria de im-prensa da Empresa)

Para o executivo, esta será mais uma grande oportunidade de apre-sentar a companhia, esclarecer dú-vidas e reforçar o objetivo da MbAC Fertilizantes de colaborar com a bus-ca da autossu� ciência brasileira em fertilizantes, por meio do empreen-dimento no Estado e outros projetos em andamento. “O Agrotins é um evento consagrado, essencial para mantermos contato com diversos públicos, pois reúne a maioria dos produtores do Tocantins, além de importantes entidades do setor”.

Com o tema “Pecuária, com Tec-nologia e Sustentabilidade”, a feira contará com pecuaristas e empresá-rios. No penúltimo dia, Roberto Busa-to Belger ministrará a palestra “MbAC Fertilizantes no Tocantins: a primeira produção de Superfosfato Simples da região Norte” para representantes go-vernamentais, sindicatos, empresas de meio ambiente e agricultores. O encontro será em 10 de maio, a partir das 11 horas, no Auditório Institucio-nal do Agrotins 2013.

Data7 a 11/5/2013.LocalCentro Agrotecnológico de PalmasEndereçoRodovia TO-050, Km 23, estrada vicinal, Km 8, zona rural – Palmas (TO).Mais informações: http://agrotins.to.gov.br

MAIO 2013 | 05

PLANTÃO AGROVETERINÁRIO

Helicoverpa: todo cuidado é poucoPraga já causou prejuízo de mais de R$ 2 bilhões na safra passada

Da Redação

Depois que conseguiram o pleno controle de pragas como a Ferrugem Asiática,

que muitos prejuízos causaram às lavouras brasileiras de soja, produ-tores rurais estão às voltas, agora, com uma nova praga que surgiu no � nal do ano passado em cinco esta-dos (Bahia, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso e Paraná), principal-mente na maior região produtora da Bahia, o oeste. É a lagarta Helicover-pa Armigera, que já causou prejuí-zos de mais de R$ 2 bilhões na safra passada. Ela é multicultura, ataca a soja, o milho e o algodão. Atual-mente, as atenções dessas regiões produtoras estão voltadas para a proteção destas duas culturas, a pri-meira em nível de safrinha, a partir de maio, e a segunda em pleno de-senvolvimento de seu ciclo.

No Mato Grosso, pesquisadores da Fundação MT estão na busca de informações sobre o manejo, con-trole e comportamento da lagarta e dois pesquisadores da instituição foram à Austrália. Este país já teve problemas com essa praga, mas já a tem sob controle. Para isso, seus produtores obedecem à risca as medidas sanitárias de manejo, co-nhecidas como RMP (Resistance Management Plan), que tem como objetivo evitar que ocorra o surgi-mento de populações de lagartas resistentes a inseticidas e principal-mente as tecnologias Bts disponí-veis no mercado.

De acordo com a Fundação MT, há diferenças entre a agricultura pra-ticada naquele país e a praticada aqui no Brasil, “mas é possível aproveitar muito a experiência deles”, a� rmou.

Produtores rurais, principal-mente os cotonicultores que estão em pleno cultivo, não devem se des-cuidar desse controle. A responsa-bilidade de cada um será o alívio e a tranqüilidade de todos no processo completo da cultura. Os órgãos de defesa sanitária, pesquisas, associa-ções agrícolas, sindicatos e coope-rativas estão se movendo.

Na Embrapa, por exemplo, pes-quisadores especialistas no com-bate a pragas, elaboraram um do-cumento com propostas de ações emergenciais para conter o avanço da Helicoverpa. A preocupação é quanto às futuras safras e, princi-palmente, com o milho safrinha, que começa a ser plantado neste mês de maio.

O documento recomenda, entre outras providências, que em áre-as onde a infestação da lagarta foi muito grande que haja vazio sani-tário de pelo menos 60 dias. Já em locais onde a presença da praga não representou grandes danos nas la-vouras de algodão, milho e soja, a indicação é pelo uso do inseticida ou de bioinceticida.

Os pesquisadores recomendam ainda que em áreas que tiveram um ataque em que a perda foi quase total da lavoura, por exemplo, não se recomenda de forma alguma o plantio de milho safrinha. É preciso um vazio sanitário temporário, “ain-da com percas � nanceiras simultâ-neas para garantir a sustentabilida-de do sistema”, recomenda Je� erson

Costa, da Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa.

No oeste da Bahia, os agricul-tores, por meio da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (AIBA), estão mobilizados desde a realização de um seminário sobre a praga, realizado no início deste ano e permanecem atento à atual safra, sob controle até a conclusão desta matéria (30 de abril).

Já no âmbito do Ministério da Agricultura, foi autorizada, em abril, a importação e aplicação de produtos agrotóxicos, registrados em outros países, que tenham como ingrediente ativo único a substância benzoato de emamectina. A decisão foi tomada em caráter emergencial após negociações entre os Ministé-

rios da Agricultura, Saúde e Meio Ambiente, no âmbito do Comitê Técnico para Assessoramento de Agrotóxicos (CTA).

Em março deste ano, o Mapa também autorizou o uso de dois produtos biológicos (Vírus VPN HZSNPV e Bacillus � uringiensis) e três químicos (Clorantraniliprole, Clorfenapyr, Indoxacarbe) para o combate à praga. Ambos já têm re-gistro no Brasil.

DIVULGAÇÃO

A Helicoverpa já causou prejuízos de mais de R$ 2 bilhões

“MODUS OPERANDI”Para a pesquisadora da

Fundação MT, Lúcia Vivan, a lagarta Helicoverpa é muito agressiva, ataca as folhas das plantas, vagens e consome os grãos, na cultura destes. No algodoeiro, ela se alimenta das folhas, � ores e maçãs. Ela lembra que no oeste da Bahia, há casos em que os produtores chegaram a fazer mais de seis aplicações de inseticida. “É uma praga com alta capacidade para adquirir resistência, por isso é importante a união de todos nesse momento – governos, entidades de classe, institui-ções de pesquisa, produtores e empresas para a montagem de um plano de controle imediato da Helicoverpa”, aconselhou.

06 | MAIO 2013

BAMAPITO NEWS

Sem registro, Benzoato de Emamectina não pode ser usado

Promotores dos ministérios pú-blicos federal e estadual, com atuação em Barreiras, no oeste

da Bahia, bateram o martelo: nenhum produtor rural vai comprar ou usar o agroquímico Benzoato de Emamecti-na, indicado para combater a lagarta Helicoverpa spp. A atitude frustrou os produtores rurais da região que estão com suas lavouras de algodão sendo atacada por essa praga.

Mas, de qualquer forma, es-ses procuradores estão agindo de acordo com a determinação do Mi-nistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Pressiona-do pelos produtores rurais de vários estados brasileiros, esta Pasta au-torizou a importação do inseticida, mas não autorizou o registro emer-gencial do produto. É a chamada “volta dos que não foram”.

No oeste da Bahia, produtores de 9 municípios estão na depen-dência do Benzoato de Emamecti-na. Este problema foi debatido no

dia 25 passado em reunião em Bar-reiras entre o secretário de Agricul-tura da Bahia, agrônomo Eduardo Salles, o diretor-geral da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), Paulo Emílio Torres, o di-retor de Defesa Vegetal da Agência, Armando Sá e o coordenador regio-nal da Adab, Sanderson Barreto e os promotores estaduais e o federal.

No último dia 2, nova reunião seria realizada na 4ª Região do MPF, em Brasília, para a qual foram con-vidados os Ministérios da Saúde, do Meio Ambiente e da Agricultura, com o objetivo de encontrar solu-ção de� nitiva para o problema.

Durante a reunião o secretário e os diretores da Adab apresentaram o plano operacional para utilização do produto, entendendo os promotores que todos os cuidados técnicos foram observados, mas a� rmaram que o re-gistro emergencial pelo Ministério da Agricultura, é condição indispensável para utilização da Emamectina.

DIVULGAÇÃO

ASSESSORIA DE IMPRENSA GOVERNO DO MA

Lagarta já causou prejuízo de mais de R$ 1 bilhão

Secretário da Agricultura do Maranhão e Ministro

Pará e todo o Nordeste livre de aftosa com vacinação

O ministro da Agricultura, Pe-cuária e Abastecimento (MAPA), Antônio Andrade, deve vir ao Maranhão no próximo dia 20. Na oportunidade, ele irá assinar a Por-taria Ministerial de reconhecimen-to nacional do Estado como Zona Livre de Febre Aftosa com Vaci-nação. Essa visita foi anunciado durante reunião do Ministro com o secretário de Agricultura , Pecu-ária e Abastecimento do Maranhão (Sagrima), Claudio Azevedo e de-mais autoridades maranhenses, ocorrida em Brasília, no dia 23 do mês passado.

Além do Maranhão, a nova classificação vai valer também para os estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Pará, que juntos possuem um reba-

nho de aproximadamente 22 milhões de animais.

O ministro Antônio Andrade informou que a certi� cação desses estados está dependendo apenas dos resultados � nais da sorologia que está sendo realizada no Rio Grande do Norte para constatação da inexistência da circulação do ví-rus da aftosa.

O Maranhão, que teve o maior número de amostras de sangue coletada entre todos os oito esta-dos – cerca de 12.000 animais em 400 propriedades – foi o primeiro a concluir o inquérito soroepide-miológico, sem a necessidade do uso de animais sentinela.

Em dezembro do ano pas-sado o MAPA divulgou que o la-boratório credenciado emitiu o resultado de que as análises das

amostras comprovaram que não havia circulação do vírus da febre aftosa no rebanho maranhense, o que é considerado a última etapa para a certificação de zona livre da doença.

O secretário Cláudio Azeve-do ressaltou que este é um sonho de mais de 20 anos de todos os criadores maranhenses. “Vamos aguardar a classi� cação nacional e a previsão é de que em meados do mês de maio de 2014 o Maranhão seja certi� cado internacionalmen-te pela Organização Internacional de Episotias”, explicou ele, acres-centando que o MAPA vai entregar o pleito em setembro deste ano para a Comissão Técnica da OIE, responsável pela avaliação que acontecerá no período de setem-bro a fevereiro de 2014.

MAIO 2013 | 07

BAMAPITO NEWS

Mais uma vez, Balsas, no sul do Maranhão, sedia-rá, entre os dias 13 e17 de

maio, a 11ª edição da Agrobalsas, uma das mais importantes feiras agrotecnológicas do Norte e Nor-deste do Brasil.

Em reunião realizada entre a diretoria da Fundação de Apoio a Pesquisa no Corretor Centro-Norte (Fapcen), organizadora e promoto-ra do evento e Governo do Mara-nhão, Foi rea� rmando que a Feira voltará a ser realizado anualmente, e não a cada dois anos, como esta-va acontecendo nas suas últimas edições. “Esse é um evento impor-tante e o tema este ano vai focar na sustentabilidade, pesquisa e ino-vação. É preciso preservar nossos rios, nossas áreas de preservação ambiental e nossos ecossistemas e, principalmente, combater os des-matamentos e queimadas”, ressal-tou o secretário Cláudio Azevedo, durante a reunião.

Ele lembrou que a região sul do Maranhão é responsável pela maioria da soja produzida no Estado, que este ano deve ter colhido, de acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), mais uma safra redord. “A previsão é de que o Maranhão produza 3,3 milhões de toneladas de grãos, um aumento de 13% em relação à safra do ano passa-do”, enfatizou Cláudio Azevedo.

A grandiosidade da Agrobalsas, assegura seus organizadores, é con-� rmada pelos números do evento do ano passado, quando superou as edições anteriores. “R$ 156 milhões foram comercializados com a ven-da de máquinas agrícolas, veículos leves e pesados, implementos, insu-mos e prestação de serviço e mais de 25 mil pessoas participaram do evento”, informou a superintenden-te da Fapcen, Gisela Introvini, du-rante a apresentação do evento para os participantes da reunião.

A programação deste ano inclui a demonstração do parque de máqui-nas e equipamentos agrícolas para mostra internacional, com cursos, treinamentos, visitação e participa-ção das escolas, vitrines vivas das principais culturas e animais, teatros, show artístico e musical e a realização do Maranhão Ecoadventure, uma fei-ra de esportes, turismo e aventura.

O presidente da Fapcen, orga-nizadora do evento, José Antônio Görgen, agradeceu a parceria da Secretaria de Estado de Agricul-tura, Pecuária e Abastecimento (Sagrima) e ressaltou que a Agro-balsas é, além de uma feira de agronegócio, um evento que traz uma visão de futuro. “A região pro-duz muito, mas é preciso que se-jam instaladas agroindústrias, que é outro segmento necessário para o beneficiamento da produção re-

gional”, avaliou.

Anel da SojaApós a reunião sobre a Agrobalsas,

o secretário Cláudio Azevedo e o presi-dente da Fapcen, José Antônio Görgen estiveram no gabinete da Secretaria de Infraestrutura (Sinfra) em reunião com o secretário Luís Fernando Silva para falar sobre a pavimentação do Anel da Soja. “A governadora Roseana Sarney já anunciou que ainda este ano serão iniciadas as obras”, informou o secretário da Sagrima.

O Anel da Soja é um projeto de pavimentação das estradas que circundam os grandes centros pro-dutores de grãos da Região Sul do Maranhão. “Já temos toda uma es-trutura de armazéns e de energia elétrica, mas estamos precisando urgente desse asfaltamento para es-coar nossa produção”, ressaltou José Antônio Görgen.

Cláudio Azevedo informou, ain-da, que a governadora e o presiden-te do Senado Federal, José Sarney, solicitaram, também, o asfaltamen-to da BR 324, que liga os municípios de Ribeiro Gonçalves (Piauí), Balsas e Campos Lindos (TO). “O Ministé-rio dos Transportes autorizou que o Departamento Nacional de Infra Estrutura de Transportes (Dnit) � -zesse os estudos para viabilizar o asfaltamento desse trecho”, a� rmou Cláudio Azevedo.

Depois da Agrontins, a Agrobalsas

Edição do ano passado se destacou pelo entrelaçamento com a comunidade e com a agricultura familiar

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Interligação reduzirá fl uxo de caminhões e custo com transporte

Seminário discute agilidade da Fiol

Atualmente, o transporte da produção de soja da região de Barreiras é feito por intermédio de caminhões. Veículos pesa-dos trafegam por rodovias como a BR- 242, que corta a cidade, trazendo diversos transtornos para a população local. “Os ca-minhões são muito pesados e atrapalham o trânsito, causando buracos e aumentando o risco de atropelamentos”, disse o motota-xista Manoel Barbosa.

Partindo de Figueirópolis (TO), a Fiol vai ligar as cidades de Barreiras, Caetité e Ilhéus. No total, a ferrovia passa por 49 municípios baianos. Além do desenvolvimento dos dois esta-dos, a integração com a ferrovia Norte-Sul interligará o Norte (Tocantins e Maranhão), o Cen-tro (Goiás) e o Nordeste (Bahia),

reduzindo o � uxo de caminhões e o custo com transporte, ofere-cendo uma nova alternativa de logística para portos no norte do país atendidos pela Ferrovia Nor-te-Sul e Estrada de Ferro Carajás.

Os produtores calculam em 30% a redução nos custos com transporte via Fiol. “Hoje, para exportar grãos fazemos mais de mil quilômetros de caminhão e isso é inaceitável”, a� rmou o pre-sidente da Associação de Agri-cultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Júlio Busato. A produção de grãos do Centro-Oeste, por exemplo, passará a ser escoada via Porto Sul, em Ilhéus. Hoje é preciso transportar a safra de ca-minhão até os portos de Santos (SP) e de Paranaguá (PR). (Com a Assessoria de Comunicação do Governo do Bahia)

A retomada de parte das obras da construção da Ferrovia de In-tegração Oeste-Leste (Fiol), que vai ligar o litoral baiano a Ferrovia Norte-Sul, no Tocantins, passando pela região oeste da Bahia, foi de-batida em Seminário “Fiol: a Bahia quer, o Brasil precisa”, realizado, em Barreiras, oeste da Bahia, no dia 26 do mês passado. As obras foram pa-ralisadas em virtude de problemas técnicos e ambientais. Estiveram presentes, além do governador Ja-ques Wagner, e do vice-governador e secretário de Infraestrutura, Otto Alencar, os ministros Cesar Borges, dos Transportes, e José Leônidas de Menezes Cristino, dos Portos.

Para o governador baiano, a ferrovia é de suma importância, não apenas para escoar a produ-ção, mas para transportar insumos e fertilizantes até a região oeste. Ele destacou ainda a aceleração do desenvolvimento, impactando diretamente na economia de 140 municípios baianos. “A ferrovia dá mais competitividade a toda a área plantada exatamente porque é uma logística mais barata, menos po-luente, e eu espero que até o � nal de

2014 estejamos entregando a obra”.Esse modal de transporte é está

dentro do Plano de Aceleração de Crescimento (PAC); tem 1.527 qui-lômetros de extensão e vai exigir re-cursos da ordem de R$ 7,43 bilhões até 2014.

A construção está sendo re-tomada em diversos trechos, com novas licitações, atendimento de exigências ambientais, conclusão de projetos executivos e desapro-priação de áreas. As providências se concentram no trecho de 536 quilômetros entre Ilhéus e Caetité, fundamental para o escoamento da mineração.

“Existem problemas do ponto de vista ambiental e do traçado, que podem ser resolvidos com estudos adequados”, disse o presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-BA), Marco Amigo.

Já de acordo com o ministro César Borges, estudos técnicos já foram feitos para equacionar as pendências que atrapalham o an-damento das obras. “Estamos re-fazendo o projeto executivo, o que permite, no cronograma atual, a entrega até o próximo ano”.

08 | MAIO 2013

ENTREVISTA

CR- Muitos antigos executivos da AIBA deixaram seus cargos e a instituição após a sua eleição. Por que isso ocorreu, foi uma exigên-cia do senhor?

Júlio Cézar Busato – Não. Foi por opção deles mesmos e acho essa decisão até normal, quando se troca a diretoria de uma instituição. Não houve um choque, não foi nada trau-mático. Foi um processo normal.

CR.: O senhor diria que são cargos de con� ança...

Júlio Cézar Busato - Não é isso. As pessoas confundem a Associa-ção com a coisa pública. Os execu-tivos que deixaram a AIBA o � zeram por opção própria, talvez para bus-carem outros caminhos melhores, trabalhos, alguma coisa assim.

CR.: - Quais são as principais metas de sua administração para o próximo biênio?

Júlio Cézar Busato - A meta principal é manter o trabalho bri-lhante que a AIBA fez ao longo des-sas três gestões e manter uma As-sociação forte que tenha respaldo tanto com os governos municipais, quanto com os estadual e o federal. E isto foi uma conquista das direto-rias que me antecederam. Eu agra-deço muito a eles e pretendo hon-rar o que estou assumindo. Esta é a nossa meta principal.

CR.:O senhor assume a ins-

tituição no momento em que os

JÚLIO CÉZAR BUSATO

Com a experiência de 25 anos na região e o equilíbrio político de quem reconhece o trabalho de seus antecessores, Júlio Cézar Busato, comanda a AIBA

“É preciso manter o trabalho brilhante de meus antecessores”

Em seus 23 anos de existência, a Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (AIBA) teve ape-nas três gestores. O primeiro e um de seus princi-

pais fundadores, Humberto Santa Cruz, exerceu a pre-sidência da instituição por nove mandatos consecutivos – cada mandato dura um biênio – e foi quem solidi� cou suas bases; agregou valores humanos; buscou as pesqui-sas tecnológicas e as parcerias importantes para a causa; uniu e pro� ssionalizou produtores rurais e conquistou o respeito da sociedade como um todo à instituição e aos setores produtivos não só da região, mas também da Bahia e do Brasil. Depois dele vieram os sojicultores e

cotonicultores, João Carlos Jacobson Rodrigues e Walter Yukio Horita, que deram continuidade à política de for-talecimento da categoria e de inovação tecnológica para uma produção rural sustentável.

Horita, assim como seu colega João Carlos, não quis se reeleger. O sucedeu o agrônomo e produtor de grãos e � bras, Julio César Busato, que está na região há mais de 25 anos. Outro pioneiro, portanto. “Temos que dar um pouco de nós por nossa classe e pela sociedade de forma geral”, ele justi� ca sua disposição em ter buscado esse desa� o.

Busato esclareceu, nesta entrevista exclusiva ao jor-

nal Cerrado Rural Agronegócios que não houve uma disputa acirrada pela Presidência da AIBA, como muitos pensam, acostumados com as disputas onde candidatos se digladiam, como na política. “Havia, nessas eleições, dois candidatos (o outro era Ademar Marçal). E no � m a eleição terminou numa grande festa democrática”, disse.

Nesta entrevista, Júlio Busato, eleito no � nal do ano passado e empossado no início deste ano, expõe suas metas e esclarece o desligamento de muitos antigos exe-cutivos da Associação.

A entrevista foi concedida na sede do Complexo Bahia Farm Show, em Luis Eduardo Magalhães.

seus antecessores preparavam mais uma edição de uma das maiores feiras agrotecnológicas do Brasil, a Bahia Farm Show. Esta nova diretoria está preparada para dar continuidade a esse em-preendimento de peso nacional?

Júlio Cézar Busato - Positivo. A nossa feira, a cada ano, � ca melhor.

As que antecederam já estavam óti-mas. Agora é melhorar ainda mais. As pessoas que estão organizando a mostra agrotecnológica deste ano são praticamente as mesmas que � -zeram – exceto algumas pessoas – as edições anteriores.

CR.: Esses executivos que saí-ram e que tinham papel chave na

realização da Bahia Farm Show em nada muda a sua proposta, o desempenho e sucesso da feira?

Júlio Cézar Busato - Na verda-de, um só executivo, na equipe de organização da feira, saiu, mas já foi substituído.

CR- Presidente, a AIBA, ao lon-

go de sua existência, tem tido um bom relacionamento, inclusive de respeito mútuo com os governos e legislativos municipais, estaduais e federais. Uma responsabilidade e tanto para o senhor, não é?

Júlio Cézar Busato - Nós vamos continuar essas parcerias e manter todos os projetos que estão em an-damento junto às instituições públi-cas e privadas. Manter um relacio-namento o melhor possível por que, a� nal de contas, nós precisamos é caminhar juntos com os poderes públicos, pois as necessidades são enormes. Nós vivemos numa enor-me região com grandes problemas de estradas - todo tipo de proble-mas, na verdade. A única maneira que nós temos para resolver isso é dando as mãos para os poderes.

“Nós temos mais cinco milhõesde hectares para serem explorados,ou com agricultura, ou com pecuária,com irrigação, ou com o que for”

DICOM/AIBA

MAIO 2013 | 09

ENTREVISTA

CR.: Problemas são vários, de estrutura na região. Na sua visão, quais seriam os principais pro-blemas e como o senhor pretende contribuir para solucioná-los?

Júlio Cézar Busato -Nós va-mos nos unir. Eu acho que o maior problema que nós temos na região é essa logística muito ruim, armazenagem deficiente e problemas das estradas vicinais. Esse é o grande entrave que nós vamos ter no futuro.

CR- Com relação ao fomento e ao � nanciamento ou custeio da safra, o senhor acredita que as po-líticas governamentais têm aten-dido aos anseios da classe produ-tora, especi� camente da região?

Júlio Cézar Busato -Estão ex-celentes. Nós estamos vivendo, hoje, no Brasil uma taxa de juros que nós nunca tivemos. Eu estive numa feira em Cascavel, no Para-ná, onde a presidente Dilma es-tava e ela colocou bem claro que o governo baixou os juros e que a agricultura deu uma resposta positiva enorme e o governo pre-tende continuar mantendo essas políticas e facilitando o crédito para a agricultura continuar a ser o grande motor do país.

CR.: - Presidente, o agrone-gócio brasileiro passa por uma situação impar em toda a sua evolução, que veio em conse-qüência da quebra de safra nos Estados Unidos e, não obstante a queda do preço do algodão, o Brasil está eufórico e se trans-formando no maior exportador de soja do mundo. O horizonte é bom para o agronegócio bra-sileiro. Na sua visão, como é que o oeste baiano se coloca diante dessa nova realidade?

Júlio Cézar Busato -Nós esta-mos numa condição privilegiada, já que a nossa tecnologia nos per-mite ter produtividades melhores até em níveis mundiais. Agora, por outro lado, nós temos um proble-ma muito sério de logística e fal-ta de portos. Convenhamos que transportar grãos em rodas de ca-

minhão é um negócio inaceitável. Os nossos custos de produção e escoamento estão elevados e exis-te uma preocupação com o futu-ro. Um futuro daqui há dois, cinco anos, porque grande parte desses grãos também foi desviada para a produção de energia (biodisel). Mas estão se buscando outras for-mas de energia. Então, num futuro, três a cinco anos, nós vamos que, obrigatoriamente, ter uma logística mais competitiva, se não nós va-mos enfrentar problemas.

CR-Esse futuro passaria por ferrovias?

Júlio Cézar Busato - Primeiro pelos portos e depois pelas fer-rovias. Mas isso os governos es-tão providenciando, nós estamos acompanhando, e vamos ficar atentos cobrando isso, alertando para esse problema.

CR-Presidente, outro fato in-contestável que nenhum jorna-lista, nem um político, nem um legislador, nem um executivo, têm receio em exaltar que é o desempenho da AIBA na busca por tecnologias, por pesquisas. Foi isso que fez com que a região

desse um salto muito grande em produção, produtividade e qua-lidade. Como o senhor vê e pre-tende manter essas políticas de apoio às pesquisas?

Júlio Cézar Busato - Na ver-dade, se criou uma tecnologia e eu tive a oportunidade de partici-par disso já que estou aqui há 25 anos, período em que houve uma troca de informação entre pro-dutores, agrônomos, técnicos de diversos órgãos oficiais, profes-sores, consultores que formaram essa tecnologia que está ai, hoje, e que está mostrando números excelentes. Mas estamos agora pensando em fazer mais. Estamos querendo trazer as universidades para participarem desse proces-so, porque elas ficaram afastadas

dele. Elas têm um potencial mui-to grande para gerar tecnologias e pesquisas e é isso que nós quere-mos aproveitar e um dos pilares que nós temos em nossa gestão vai ser justamente essa aproxima-ção com as universidades, fomen-tando pesquisas e gerando tecno-logia para a região.

CR.:O senhor falou em uni-versidade e eu lembrei que num dia desses, conversando com um dos diretores da Universida-de Federal da Bahia, que está se estruturando no oeste da Bahia, eu o questionei sobre os cursos que devem ser implantados na região, se eles seriam adequados à vocação econômica da região, que são a agropecuária e o agro-negócio. Esse diretor fez um po-rém: “E se um dia o agronegócio travar de vez na região? O senhor vê essa possibilidade

Júlio Cézar Busato - Nós te-mos hoje 2,2 milhões hectares plantados. Havia quem dissesse, há 25 anos atrás, que isso aqui iria ser transformado em um grande deserto. Hoje nós temos as me-lhores produtividades do mundo. Então, eu acho que fazemos uma

agricultura sustentável. Nós temos mais cinco milhões de hectares para serem explorados, ou com agricultura, ou com pecuária, com irrigação, ou com o que for. Eu não vejo como, acho impossível esse travamento. Nós podemos ter cri-ses pelo caminho, como já tivemos e já enfrentamos, mas todas foram vencidas. Eu acho que nós só te-mos é que crescer e se desenvolver e gerar mais empregos e renda, ge-rar mais riqueza para uma região que precisa.

CR- Em sua opinião, não res-ta dúvida de que o agronegócio é, de� nitivamente, o carro-chefe da economia do oeste da Bahia?

Júlio Cézar Busato - Eu diria mais: é o carro-chefe da economia do Brasil. E o Brasil passou incó-lume por todas essas crises que aconteceram graças ao que o agro-negócio tinha gerado para enfren-tar a “marolinha” e de outras crises que passaram por ai. E no oeste da Bahia, principalmente, porque aqui nós temos solos planos, ín-dices pluviométricos excelentes, tecnologia de ponta – nossa tecno-logia não deixa nada a desejar para os americanos, para os europeus - e os nossos números mostram a nossa produtividade. Então, eu acho que só temos a crescer e só temos a ganhar.

CR.: Como � cará a relação com os parceiros de sempre – Funda-ção BA, ABAPA, Fundeagro, etc?

Júlio Cézar Busato - Nós esta-mos criando um conselho dessas associações que é para participar de uma reunião mensal entre presi-dentes e os vice presidentes e de� -nir o que cada um vai fazer dentro das demandas existentes. Para que isso? Para que as associações tra-balhem mais unidas e mais focadas no que elas realmente podem fazer melhor e isso vai trazer um grande ganho para toda a região, porque serão várias associações trabalhan-do de uma forma coordenada, no que vai ser um ganho muito grande.

“As parcerias com o Governo do Estado, serão mantidas e ampliadas”

Nós temos hoje 2,2 milhões hec. plantados. Havia quem dissesse, há 25 anos

Nós podemos ter crises pelo caminho, como já tivemos e já enfrentamos, mas todas foram vencidas

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10 | MAIO 2013

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Empresa vem se encolhendo e corre o risco de abrir seu capital para a iniciativa privada. Mais uma a ser “engolida”

pela “ganância” das multinacionais de sementes?

É o ocaso da

Embrapa?Antônio Oliveira

Por incrível que pareça, embora não esteja parecendo para muitos grandes veículos de imprensa de todo o Brasil e pelos senhores congressistas, foram as mulheres dos mo-

vimentos Sem Terra e Via Campesina que deram o grito de aler-ta para a sociedade brasileira sobre o que pode estar por trás da tentativa de abrir o capital da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa), segundo Projeto de Lei do Senado nº 8 (PSL- 222/2008). Componentes de movimentos sociais ligados à luta pela Reforma Agrária e por justiça no campo, apoiadas por instituições como o Sindicato Nacional dos Trabalhadores de

Pesquisa e Desenvolvimento do Agronegócio (Sinpaf), Comis-são Pastoral da Terra (CPT), Pastoral da Juventude Rural (PJR), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), entre outros, essas 500 mulheres � zeram, no início de fevereiro, ao acampar por dois ou três dias no Centro Nacional de Pesquisa de Arroz e Feijão (Embrapa Arroz e Feijão), em Santo Antônio de Goiás, na região metropolitana de Goiânia, o que o próprio agronegócio, o mais interessado e be-ne� ciado pela Embrapa, não teve coragem ou a sensibilidade de fazer. Por desconhecer a “trama”, ou por comodismo.

Dissemos por incrível que pareça lá em cima, porque esses movimentos sempre se colocaram de uma forma equivocada e radical em relação ao desenvolvimento de tecnologias agrí-

colas e ao agronegócio. Mas, dessa vez, eles acertaram surpre-endentemente no alvo. Para embasar este texto e pôr o leitor a par do que pode estar acontecendo em surdina e, também, abrir os olhos da sociedade para essa possível trama contra uma das instituições públicas de pesquisas mais respeitada no mundo, Cerrado Rural consultou fontes, aqui reveladas ou não; pesquisou seu acervo literário de agronegócio e ciências agrárias e as centenas de informações disponibilizadas na In-ternet em busca de informações e opiniões sobre o assunto.

Para que o leitor tenha plena consciência dos bastidores dessa trama ao longo dos últimos dois anos, repercutimos, a seguir, algumas opiniões e informações de especialistas e ob-servadores dessa questão.

Sede da Embrapa Cerrado, um dos Centros de pesquisa mais importante da estatal e responsável pelas tecnologias que desenvolvem o cerrado brasileiro

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Para o professor da Universida-de Federal Rural do Rio de Janeiro, John Wilkinson, autor do livro “A Transnacionalização da Indústria de Sementes no Brasil”, empresas como a Monsanto, Dupont, ICI e Ci-baGeigy - essas duas incorporadas depois pela Syngenta -, foram em-presas que realizaram grandes in-vestimentos em pesquisa e desen-volvimento desde a década de 80.

Ainda de acordo com Wilkin-son, essas aquisições foram moti-vadas pelo promissor mercado de novas biotecnologias, com seus altos lucros, o que justifica os altos investimentos em P&D feitos por essas empresas em busca do mer-cado internacional de insumos agrícolas.

Cada variedade de semente é desenvolvida para as condições de clima e solo locais. Não se exporta ou importa uma variedade de uma condição edafoclimática para outra e havia também a insu� ciência dos sistemas de patentes no sentido de garantir os benefícios às empresas. Esses fatores � zeram com que as empresas buscassem a cooperação com produtores de sementes locais. “As inovações vegetais não podem ser transferidas de seu país de ori-gem para o resto do mundo sem modi� cações e adaptações subse-quentes”, aponta Wilkinson.

O modo como essas empresas entraram no Brasil, revelam os ob-servadores desse mercado, baseia--se em uma estratégia de mercado no sentido de participar dos setores da indústria de sementes com pro-dutos de maior valor agregado. Os três principais setores dessa indús-tria são: o setor de híbridos (milho); o mercado de variedades (soja, ar-

roz e trigo) e o mercado de hortali-ças, o menor dos três.

Cada vez mais essas megas em-presas desenvolvem produtos de alta rotatividade para elas e limita-dos para os produtores. Entendam: apenas a primeira geração das se-mentes híbridas, no caso do milho, é adequada para o plantio. Os grãos oriundos dela perdem todas as suas características originais. Ou seja, não há como o produtor fazer sua própria reserva de sementes. A cada plantio, nova aquisição de semen-tes. Dos mercados de sementes, esse é o mais lucrativo e nas mãos de poucos, em sua maior parte sob o controle da Monsanto.

O interesse dessas empresas não está apenas na participação no mercado, mas também no controle do conhecimento que as empresas nacionais detinham. A Aventis, por exemplo, passou a deter o maior banco de germoplasma de milho tropical do Brasil ao adquirir as empresas de sementes Mitla, Far-tura e Ribeiral e dessa forma intro-duziu, no Brasil, a variação trans-gênica de milho, Liberty Link

Os planos para controle do mercado de sementes e defensivos agrícolas no Brasil não param por aqui. Essas multinacionais também procuraram se associar a institutos de pesquisas nacionais. Foi o que

fez a Monsanto com a Embrapa. Por meio desse acordo, a Embrapa desenvolveu pesquisas no intuito de criar variedades transgênicas de soja resistentes ao herbicida gli-fosato, um produto genérico que também é vendido pela Monsanto com o nome de Roundup.

Então, o agricultor que plantar essa ou qualquer outra tecnolo-gia desenvolvida por determinada empresa, como o Roundup Ready, terá que pagar royalties à empresa americana. Já no contrato realizado entre Monsanto e Embrapa � cou acordado que essas cultivares per-tencem a Embrapa.

Dados de diversas consultorias revelam que até 2006 a semente de soja ocupava 55% do mercado brasi-leiro de sementes. Desse percentual, a Embrapa abocanhava mais ou me-nos 44%; outras instituições públicas de pesquisas e vendas de sementes, 4%. As multinacionais Syngenta, 3%; a Du Pont, 4%; a Monsanto, 21%; e demais sementeiras brasileiras, 24%. Ou seja, empresas privadas nacio-nais e multinacionais detinham 52% do mercado, quase 10% a mais que as empresas públicas.

Essa participação da Embrapa já foi maior: 70% até 1997. Já a Mon-santo que até aquele ano detinha 12% do mercado, cresceu para 18% em 1999, após adquirir a brasileira FT-Pesquisas e Sementes, “mor-dendo”, na safra de 2007/2008, 21%. Se basearmos por um crescimento anual de 6%, ela chegou a mais de 50% na safra 2011/2012. É claro que teve uma “mãozinha” muito grande da estatal Embrapa, por meio do contrato de parceria com a brasilei-ra, orgulho dos setores de ciências agrárias brasileiras. A Embrapa de-tém, hoje, de acordo com a Consul-toria Céleres, 10% do mercado de sementes de soja.

Para começo de conversa

Prossigamos

Os anos 90 foram marcados por uma onda de fusões e aquisições envolvendo as empresas de semen-tes, defensivos agrícolas e a indús-tria farmacêutica. Mas, essa grande marola teve início no � nal dos anos 70; crescendo na década seguinte e se consolidando no � nal dos anos 90 sob a euforia causada pela “nova biotecnologia”, que deu origem aos transgênicos, atingindo também as empresas brasileiras de sementes.

Foram esses novos grandes grupos multinacionais, formados a

partir da reunião de empresas com especialidades diferentes, mas com produtos que podem ser aplicados no mesmo mercado, que realizaram os maiores investimentos em pes-quisas e desenvolvimentos (P&D) de transgênicos.

Os dois movimentos, como se pode constatar nesse clipping de informações colhidas de fontes reais e virtuais, aconteceram por motivos diferentes. O primeiro mo-vimento de aquisições aconteceu por três principais motivos: empre-

sas farmacêuticas procuravam di-versi� car seus negócios; empresas baseadas no comércio de commo-dities procuravam diversi� car suas atividades e usavam a indústria de sementes como fonte de informa-ções para sua atividade principal; e empresas agroquímicas viram possibilidades de crescimento com a biotecnologia. Com isso, surgi-ram as primeiras grandes empresas como a Ciba-Geygy, a ICI, a Cargill, a Dekalb, a Sandoz, a Rhône Pou-lenc e a Upjohn.

O segundo movimento ocorreu a partir de 1994 e é mais radical do que o outro movimento e constrói grupos de empresas ainda maio-res. É quando se consolidam os oito maiores grupos de empresas na área de sementes. Entre elas estão a Monsanto, que adquire 34 outras empresas na área de sementes; a Aventis, que adquire 18; a DowAgro Science, que adquire 13; a Syngen-ta, formada pela união da Novartis, que adquire 18 empresas, e da As-traZeneca, formada pela junção de

mais 13 empresas.Entre essas aquisições estão

algumas brasileiras. A Monsanto, que entrou no Brasil com apetite de leão, adquiriu cinco sementeiras brasileiras – entre elas a Agroceres, até então a maior empresa de ca-pital nacional privado no setor -, a DowAgro Science, cinco e a Aventis, quatro. Vê-se, até aqui, um esquema descomunal para o monopólio do setor de insumos agrícolas no Bra-sil, sem nenhuma reação do gover-no brasileiro.

“As inovações vegetais não podem ser transferidas de seu país de origem para o resto do mundo sem modi� cações e adaptações subsequentes”, aponta Wilkinson

DIVULGAÇÃO

Embrapa já teve mais de 70% do mercado nacional de soja, hoje detém apenas 10%, segundo algumas consultorias em agronegócio

12 | MAIO 2013

CAPA

É nesse contexto que podemos ver que a luta de segmentos equilibrados dos Sem Terra, da Via Campesina, entre outros movimentos sociais pela Reforma Agrária, tinha e tem sua boa cota de razão no que diz respeito a atuação da Embrapa e a entrada discriminada das multinacionais de agroquímicos e sementes no Brasil. Há poucos anos, o trabalhador rural da Costa Rica, Wilson Campos, membro da Via Campesina, organiza-ção mundial que envolve trabalhadores rurais, alertava que a Monsanto tinha criado um telefo-ne especial para que os trabalhadores possa de-nunciar plantações piratas. Segundo ele, as em-presas estariam criando uma cultura de delação entre os agricultores.

Esses alertas e reclamações não são só de pe-quenos produtores, geralmente ligados a esquer-da política no Brasil. Nem o Cerrado Rural está defendendo interesses dessas facções. Nem da direita, nem dos grandes produtores; muito me-nos este jornal é contra a atuação de empresas estrangeiras em qualquer tipo de mercado. Mas sem esse “canibalismo” e quase oligopólio. Tenta--se, aqui, no nosso papel de formador de opinião e de defesa do agronegócio brasileiro, sem o mí-nimo de xenofobia, lançar luz para um problema que pode se constituir, muito breve, num grande gargalo para o agronegócio brasileiro.

Mas, os grandes produtores também che-garam a protestar, antevendo uma situação de monopólio do setor de sementes e insumos. Pois bem, em 1999, tendo a frente o até então maior plantador de soja do mundo, o hoje senador Blai-ro Maggi, de Mato Grosso, estado que é o terceiro maior produtor desse grão no Brasil, com mais de 2.8 milhões de hectares de área plantada, sojicultores mato-grossenses promoveram um movimento de resistência à entrada no Brasil de sementes transgênicas. Eles acusaram as multi-nacionais como Monsanto e Novartis de quere-rem monopolizar o mercado. E é o que está acon-tecendo, porém o agronegócio como um todo se calou. O rolo compressor das multinacionais foi mais forte. Na época, a Monsanto admitiu aberta-mente que quer mais do mercado brasileiro. “Es-tamos numa democracia e o agricultor escolhe de quem vai comprar as sementes”, disse Rodrigues Lopes Almeida, então diretor de assuntos corpo-rativos da multinacional americana.

Espera-se que, se não o governo, ao menos a sociedade civil organizada, principalmente em associações de classe de pequenos e grandes pro-dutores, reduza a força dessa pressão. O pequeno e o grande agronegócio brasileiros não podem � car refém do poderio econômico e estratégico de quem quer que seja: grupos nacionais ou in-ternacionais.

Em nota, atendendo solicitação da nossa Re-dação, a Monsanto limitou-se apenas, por meio de sua assessoria, a emitir, via e-mail, a seguinte nota:

“Infelizmente, não poderemos auxiliá-lo no andamento da reportagem. Esperamos ajudá-lo em futuras solicitações. Obrigado!”

O compressor das multinacionais

12 | MAIO 2013

CADERNO DO PEQUENO PRODUTOR RURAL

CADERNO INTEGRANTE DO JORNAL CERRADO RURAL AGRONEGÓCIOS

Um projeto caboclo para a criação de peixes em pequenas propriedades

TECNOLOGIA CAIPORA > PG 9 <

SILVICULTURA

> PAG 03 <

> PAGS 06/07/08 <

Um projeto caboclo para a criação de peixes em pequenas propriedades

“CRESCENTE VERDE”

Mogno africano apresenta-se como ótimo investimento na agricultura familiar

Ele vem de uma experiência de lon-gos anos na extensão rural, em proje-tos de irrigação e piscicultura e em três gestões da Secretaria de Agricultura do Tocantins. “Lá eu fazia uma agricultu-ra no atacado, aqui o farei no varejo”. Experiências e convicções do agrôno-mo Roberto Sahium, “o homem certo, no lugar certo e na hora certa”, confor-me opinam aqueles envolvidos com as agriculturas familiar e empresarial e que o conhecem muito bem.

Por determinação do prefeito de

Palmas, Carlos Amastha, ele assu-miu a Secretaria de Agricultura do município com a missão de trans-formar os setores produtivos rurais, descobrindo e fomentando vocações locais para tornar Palmas e entor-no auto-sustentável na produção de hortifrutigrajeiros, grãos, peixes, leite e outros produtos.

“Vamos promover um ‘Crescente Verde’ em Palmas, garante ele, numa entrevisa exclusiva para Cerrado Ru-ral Agronegócios.

Roberto Sahium mostra o lago de Palmas, um dos alvos de sua gestão para a produção de peixes

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Amar Sofrer Sonhar Respeitar

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ACONTECE ALMANAQUE

2 |MAIO 2013 MAIO 2013 | 11

O Instituto de Desenvolvi-mento Rural do Tocantins (Ruraltins) reeditou, no mês

passado, em Combinado, no sudes-te do Estado. O Programa Quintal Verde que visa, nessa sua nova ver-são, a implantação de 500 hortas em todo o território tocantinense.Um dos objetivos dessa ação, de acordo com esse órgão de extensão rural, é “incentivar a horticultura e contribuir para uma alimentação mais saudável. A expectativa é que aproximadamente 80 mil famílias sejam bene� ciadas direto ou indi-retamente pelo Programa.

Estimular o cultivo e o consumo de hortaliças sem agrotóxicos “é pensar na saúde em longo prazo, pois o uso desses defensivos acar-retam muitas doenças, tanto para o produtor, que está em contato dire-to com o agroquímico, quanto para quem consome”, informa.

“A procura pelas hortaliças é

grande e chego a vender R$ 250 por semana. É trabalhoso, mas é grati-� cante, pois além de comer bem, ganho um bom dinheiro para o sus-tento de minha família”, assegura o pequeno agricultor José dos Santos, que vive deste tipo de cultura.

O Programa foi criado pelo Governo do Tocantins em 1990 e, segundo o Ruraltins, já bene� ciou famílias entre agricultores e popu-lação socialmente carente das zo-nas urbana e rural; estudantes da rede pública municipal e estadual; associação de produtores rurais; quilombolas e indígenas.

Os bene� ciados pelo Quintal Verde recebem do Ruraltins, de forma gratuita, sementes de cultu-ras como alface, cebolinha, couve, melão, pepino, berinjela, beterraba, cenoura, quiabo, rúcula, rabanete, melancia, salsa.

O órgão informa que o produtor interessado em receber orientações sobre a implantação de hortas e ao recebimento de sementes deve pro-curar o seu escritório mais próximo.

A volta do “Quintal Verde”Ruraltins “reedita” e lança programa no sudeste do Tocantins.Objetivo é implantar 500 horas em todo o Estado

Da Redação

CORREIO 24 HORAS.

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ÍLIA

Projeto visa atender a mais de 80 mil famílias em todo o Estado, garante o Ruraltins

Mais de R$ 2 milhões contra a secaUm convênio da ordem de R$

2,2 milhões foi assinado na últi-ma dezena do mês de abril entre o Governo do Estado da Bahia e a Cooperativa Central dos Assen-tamentos da Bahia Ltda (CCA--BA), entidade que representa os assentados do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) da Bahia. O recurso será investido na execução de limpeza de aguadas nos assentamentos lo-calizados no semiárido. Três mil famílias serão bene� ciadas com esse recurso.

De acordo com o Governo baiano, a democratização do acesso à água de qualidade para o consumo humano em todos

os assentamentos do MST e de outros movimentos sociais da Bahia também é outra meta do leque de suas ações sociais, vol-tadas ao trabalhador rural. “O Ministério da Integração Nacio-nal e o Governo da Bahia, juntos, vão implantar sistemas de abas-tecimento para que os assenta-dos tenham acesso à água”, disse o secretário da Casa Civil do Go-verno baiano, Rui Costa.

Ainda de acordo com ele, os assentamentos terão maquinário exclusivo, outra iniciativa como parte das ações para a convivên-cia com a seca. “O ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, assumiu o compromisso

de apoiar os assentamentos com patrulhas mecanizadas”, afirmou. Ele explicou também que a de-cisão foi acordada naquela data, quando ele o secretário César Lis-boa, de Assuntos Institucionais, estiveram no Ministério, em Bra-sília, e apresentaram as deman-das do MST ao Ministro.

César Lisboa informou que o Instituto Nacional de Coloni-zação e Reforma Agrária (Incra) está preparando, junto à Uni-versidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), um convênio para que monitores acompa-nhem a qualidade da assistência técnica prestada. (Com infor-mações da Seagro-BA)

LENDAS BRASILEIRAS

A Mulher da Meia Noite,

também Dama de Vermelho

ou Dama de Branco, é um

mito universal, ocorrendo

nas Américas em toda a

Europa. É uma aparição, na

forma de uma bela mulher,

normalmente vestida de

vermelho, mas pode tam-

bém ser de branco. Alguns

dizem que é uma alma

penada que não sabe que

já morreu; outros a� rmam

que é o fantasma de uma

jovem assassinada que

desde então vaga sem rumo.

Na verdade ela não

aparece à meia-noite, e sim,

desaparece nessa hora. Muito

bela, parece uma jovem nor-

mal. Gosta de se aproximar

de homens solitários nas me-

sas de bares noturnos. Senta

com eles e logo os convida

para que a leve para casa.Encantado com tama-

nha beleza, todos topam

na hora. Entretidos, logo

chegam ao destino. Parando

ao lado de um muro alto ela,

então, diz ao acompanhan-

te: “É aqui que eu moro...”

É nesse momento que a

pessoa se cá conta que está

ao lado de um cemitério

e, antes que diga alguma

coisa, ela já desapareceu.

Nessa hora, o sino da igreja

anuncia que e meia noite.Outras vezes, ela surge

nas estradas desertas, pe-

dindo carona. Então pede ao

motorista que a acompanhe

até sua casa. E, mais uma vez,

a pessoa só percebe que está

diante do cemitério, quan-

do ela, com sua voz suave e

encantadora, diz: “É aqui que

eu moro, não quer entrar co-

migo? Gelado, da cabeça aos

pés, a única coisa que a pes-

soa vê é que ela acabou de

sumir diante dos seus olhos,

à meia-noite em ponto.

A Mulher da Meia Noite

Pra rir e fazer amor

SIMPATIA

RECEITA NATURAL

RELIGIÃO

Para acabar com qualquer vício

Receita para pés ressecados

*Clínica da alma

Você sabia que andar ou peda-lar por pelo menos cinco minutos melhora o humor e a alta estima? É o que mostra a revisão de dez estudos sobre esse assunto. Ou-

tra pesquisa recente indica que andar 30 minutos por dia reduz o risco de dificuldades masculinas na cama. Tu estás fazendo o que ai, parado?

Pegue um coco verde e faça um furo nele sem deixar cair a água. Num pedaço de papel branco cor-tado em forma de cruz, escreva o nome da pessoa viciada. Coloque esse papel dentro do coco e tam-pe o furo com vela quente. Enterre

esse coco embaixo de um coqueiro e diga: “Ofereço estas orações para o Anjo da Guarda de (dizer o nome da pessoa) para que ajude a deixar o vício (dizer o víci). Rezar três Pai--Nossos e três Ave-Marias. (Do site www.oguru.com.br)

Você vai precisar de 2 colheres de sopa de azeite

extra virgem; 2 colheres de sopa de mel; 4 colheres de sopa de açúcar 1 pedaço grande de plástico

� lme.

Como usar:Primeiramente, você deve fazer

uma esfoliação. Misture o açúcar e o mel até formar uma pasta grossa. Aplique o esfoliante nos pés, fazen-

do massagens circulares. Esfregue levemente com a ponta dos dedos e deixe agir por cerca de 10 minutos. Depois enxágue com água fria.

Em seguida, aplique o azeite de oliva na pele. Cubra os pés com um pedaço de plástico filme. Dei-xe descansar por pelo menos meia hora. Depois tome banho e lave a região normalmente. Repita o tra-tamento toda semana e em pouco tempo você perceberá que a pele está mais macia e suave. (do site: www.natural.enternauta.com.br )

Médico: Jesus CristoGraduação: Filho de DeusMédico auxiliar: Espírito SantoSua experiência: Infalível Sua residência-consultório: Em to-das as partesSua especialidade: O poderSeu favor: GraçaSeu livro de receitas: A BíbliaDoenças que cura: TodasPreço do tratamento: A Fé

Sua garantia: AbsolutaSala de cirurgia: O AltarSua dieta: Oração e jejumSeus exercícios: Boas obras e frutosHorário de consultas: 24 horas por dia

“Deus é que me cinge de força e aplaina o meu coração. Crê e torna possível o impossível”

* A pedidoAcabar, ou ao menos reduzir, cenas e cenários como este, é objetivo do convênio entre Bahia e Governo Federal

FAÇA VOCÊ MESMO SILVICULTURA

10 |MAIO 2013 MAIO 2013 | 03

Lucro, mesmo que tardioÉ uma cultura com retorno fi nanceiro demorado, porém compensador

ANTÔNIO OLIVEIRA

A produção de madeira nati-va da Amazônia, principal produtora deste produ-

to no Brasil, deve cair 64% nos próximos 20 anos. É o que reve-la recente estudo realizado pelo Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e pelo Instituto de Pesquisa Am-biental da Amazônia (Ipam). Será um “apagão florestal”, conclui essa pesquisa.

Ainda conforme os dados des-se levantamento, a produção atu-al está em torno de 14 milhões de metros cúbicos, número que deve cair para 5 milhões até 2030. Por outro lado, ainda segundo essa pesquisa, a demanda por madei-ras deverá quadruplicar, chegan-do a 21 milhões de metros cúbicos.

Para Solano Martins Aquino, presidente do Instituto Brasilei-ro de Florestas (IBF), é preciso implantar florestas comerciais de madeiras nobres para suprir este mercado sem ter que avan-çar sobre as florestas nativas. Ele defende ainda que é necessário diversificar a cultura de lavouras de ciclos curtos com o cultivo de espécies de longo prazo. Ele cita como exemplo dessas, o guanan-di, que produz com idade entre 18 e 20 anos, e tem alta rentabilidade.

As pesquisas do Ipam apontam ainda claramente para um apagão � orestal grave no país, pois ao lado da extração de madeiras nativas está a silvicultura tradicionalmente focada em culturas de rápido cres-cimento e baixo valor agregado, como o pinus e o eucalipto.

Esses indicativos têm desper-tado o interesse de empreendedo-res das duas modalidades de pro-dução: os produtores de mudas e os produtores rurais – empre-sariais e familiares. Os primeiros fornecem as mudas e toda a assis-tência técnica – alguns até arren-dam áreas com aluguel mensal e comissão na venda da madeira em fase de colheita e comercialização. Já os produtores plantam por con-ta própria ou arrendam suas áreas.

No Brasil, a silvicultura está se expandindo, principalmente na

cultura de árvores de ciclos curtos como o eucalipto e o pinus, esta última usada na indústria move-leira. Mas nenhuma dessas, de acordo com pesquisas, tem o ren-dimento e a qualidade do mogno africano, que chega a idade pro-dutiva aos 10 anos e termina aos 15 anos e, por sua “nobreza”, usada exclusivamente para a indústria moveleira e de revestimentos.

Uma das empresas brasileiras criadas para atender a essa nova demanda dos setores produtivos rurais e ao mercado consumidor correlato está sediada em Goiâ-nia (GO) e trabalha na produção de mudas, arrendamento de ter-ra, plantio na base da parceria, com foco nas variedades mogno africano (Khaya ivorensis, Khaya anthotheca e Khaya senegalensis), Acácia (Acácia Mangium) e Teca (Tectona grandis). A primeira va-riedade é a que apresenta melhor rendimento no Brasil.

O foco dessa empresa centrado no mogno se justi� ca por ser sua madeira, conforme um dos pro-prietários da empresa, engenheiro agrônomo Canrobert Tormin Bor-ges, em entrevista ao jornal Cerra-do Rural Agronegócios, de maior valor agregado. Sua empresa traba-lha na produção de mudas, plantio por meio de arrendamento de áreas

e assistência técnica a silvicultores, clientes ou não. O empreendimen-to surgiu em 1979 como empresa de paisagismo, voltando-se para o ramo de produção de mudas de espécies madeireiras a partir de 2005. É, hoje, ainda conforme ele, a pioneira e a maior produtora de mogno africano no Brasil, aten-dendo a oito estados das regiões Centro-Oeste, Sul, Sudeste, Norte e Nordeste. São mais ou menos 4 mil hectares e mais de 200 clientes nes-ses estados, com áreas entre 1ha e 500ha. Há clientes que vão fazer o seu primeiro corte para comercia-lização daqui a 5 anos.

Por trás dessa empresa, Canro-bert Borges e seu sócio, o também engenheiro agrônomo João Augus-to, mantém outra, uma espécie de holding que atua no ramo de re� o-restamento e vendas de cotas. O em-preendimento, ainda de acordo com os dois empresários, deve fazer a sua primeira colheita daqui a 9 anos.

Em seu primeiro corte (des-baste), aos dez anos, quando se colhe 50% da produção, o mogno africano rende, conforme explica Canrobert Borges, 100m3 por hec-tare de madeira serrada. Já no se-gundo e último corte, entre 15 e 17 anos, o rendimento pode chegar a 200m3 por hectare de madeira serrada (veja no gráfico 1 o retor-no financeiro do mogno). O mer-cado alvo desse produto florestal é 100% brasileiro – e durante mui-tos anos -, conforme informações acima. “O Brasil importa madeira nobre”, frisa o produtor de mudas.

Esse negócio é crescente e com baixos riscos e tem chama-do a atenção também de grandes investidores no setor rural brasi-leiro, como Ricardo Tavares, co-nhecido no mercado do agrone-gócio como criador de empresas do ramo de alimentação, como a Suco Mais e o Café Três Corações, repassando-os à frente, com lu-cros fabulosos.

Ele é um dos grandes silvi-cultores brasileiros com foco no mogno africano e diz que investiu nessa cultura por levar em consi-deração que a população mundial está crescendo, chegará a 9 bilhões em 2050, e a demanda por madeira acompanha este crescimento.

Por que ele optou pelo mogno africano? Ele explica que viu plan-tações de teca em Mato Grosso e de mogno no Pará, chegando a conclusão que a espécie africana é que se desenvolve melhor. “A teca demora muito, são 25 anos. Escolhi o africano por ser o mais pareci-do com o brasileiro e não ter uma doença que divide a tora, prejudi-cando a rentabilidade”, explica ele a todos os que lhe questiona o por que de sua opção (veja no grá� co 2 comparativo de rendimento entre o mogno africano e outras espécies).

Canrobert Borges informa que o investimento para a implantação de uma floresta de mogno africa-no está entre R$ 4 e R$ 5 mil reais por hectare; os custos com manejo são de mais ou menos R$ 800 por hectare entre o primeiro e tercei-ro ano de cultivo. “A partir daí, ele cai para uma média de R$ 300 por hectare”, diz o empresário.

Mogno africano em início de ciclo na propriedade de Divino Alves de Queiroz: rendimento futuro de R$ 45 mil por hectare de madeira serrada

Pode se encontrar frutas de ótima qualidade entre aquelas que foram refugadas e que dão ótimas compotas

Ambiente e manejo devem ter rigoroso processo de higienização

“A teca demora muito, são 25 anos. Escolhi o africano por ser o mais parecido com o brasileiro e não ter uma doença que divide a tora, prejudicando a rentabilidade”

Compota de frutas, um bom negócio Agregue valor a sua propriedade fabricando compota

Da Redação

Para que a pequena propriedade rural produtiva obtenha mais lucros é necessário que se promovam ações de agregação de valores ao que ela produz ou por meio do

que há em excesso no mercado. Um desses complementos de

renda pode ser a da fabricação artesanal ou industrializadas de compotas para atender demandas nas entressafras.

E uma dessas muitas opções são compotas de frutas. Aqui, inicialmente, sugerimos o abacaxi, produzido em escala comercial, por agricultores familiares e empresa-riais, em algumas regiões dos cerrados do Norte e Nor-deste do Brasil, e cujo refugo – o que sobra da seleção

que vai para os mercados mais exigentes – tem preço bem acessível e é abundante.

Que tal conservar essa deliciosa fruta para vender e/ou consumir na entressafra?

Nossa fonte de orientação é uma das cartilhas da “Coleção Senar” (49), editada e publicada pelo Comitê Eleitoral do Ser-viço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR)

Comecemos explicando que compotas são conservas de frutas, com ou sem caroço; inteiras ou em pedaços, cozidas em calda ou xaro-pe e acondicionadas em vidros.

São conhecidas também por fru-tas ao xarope, quando o processo é desenvolvido com o branqueamento e adição da calda na fruta crua.

Antes de começar essa pequena agroindustrialização é necessário ter um local adequado, ou seja, bem arejado, dispor de luz natural e ar-ti� cial, com teto e piso revestidos com materiais laváveis, telas nas janelas e nas portas, e com água de boa qualidade.

Importante e necessário tam-bém que tenha instalações su� -cientes para a adequada recepção, seleção e preparo da matéria-prima e fabricação da compota, bem como instalações sanitárias e vestiário. Não se esqueça de fazer um pedi-lúvio na entrada. Não se preocupe com os custos, se o produto for bom, há mercado e o retorno é garantido.

Mas antes de iniciar todo este processo busque orientação na se-cretaria de Agricultura e no órgão de vigilância sanitária de seu município.

Depois de tudo isto pronto, siga as seguintes etapas:

HIGIENIZAÇÃOTenha a disposição, nessa mini

agroindústria, vassoura, bacia, água, sabão ou detergente biode-gradável, rodo, esponja e produto sanitizante. Comece a higienização obrigatoriamente pelo fogão e me-sas. Depois lave e enxágüe as pare-des – revestidas de azulejos ou cerâ-micas -, bancadas e piso utilizando água e sabão.

O processo de sanitização pode ser feito com produto a base de clo-ro ou iodo, seguindo as orientações do fabricante desses produtos.

Feito a mistura de um desses

SAIBA MAIS

Preparo da solução sanitizante (hipoclorito)(Para cada dez litros de água)

Concentração 3% 10% 12%Frutas maduras 2,0 ml 0,6 ml 0,5 mlFrutas intermediárias 2,5 ml 0,8 ml 0,6 mlFrutas verdes 3,0 ml 1,0 ml 0,8 ml

da agroindústria onde devem ser lavadas novamente em água cor-rente, antes de subemergí-las, du-rante cinco minutos, em solução sanitizante na quantidade necessá-ria a cobrir as frutas, de acordo com tabela. Após esse processo, volte a lavar as frutas em água corrente.

Agora conheça os tipos de caldas com as quais você pode trabalhar. Cal-da, como bem lembra os editores da nossa fonte, é “uma mistura de água e açúcar em concentração variável de acordo com a fruta a ser utilizada”.

Há dois tipos de caldas: a � na, que consiste na utilização de duas medidas de água para uma medida de açúcar ( por exemplo: 2 litros de água, 1 quilo de açúcar), e calda mé-dia, que é a utilização de uma medi-da e meia de água para uma medida de açúcar ( 1,5 litro de água e 1 quilo de açúcar).

Descasque as frutas, eliminan-do delas os olhos – aqueles ponti-nhos escuros. Corte-as em fatias re-dondas de um 1 cm de espessura. Se preferir, com um objeto cortante re-dondo, na espessura certa, remova o “miolo” das fatias. Coloque essas em escorredor, enxague-as em água fria – se o abacaxi estiver verde, faça isto com água quente. Coloque para escorrer novamente.

Próximos passos: passe álcool nas bancadas (ou mesa). Enquanto a calda é preparada – recomendável assim - faça o tratamento térmico dos vidros e tampas. Isto é feito por meio da fervura dos vidros e tampas em uma panela em cujo interior deve ser inserido um pano ou uma grade para que os vidros não se que-brem. Lave e enxágüe antes os vi-dros e as tampas antes de colocá-los na água a ser fervida com eles. Essa fervura deve ser por vinte minutos.

Proceda assim com todos os utensílios.

Na próxima edição, vamos en-trar nos processos de fabricação e envasamento do produto. Aguarde.

produtos com água, comece a sani-tização pelas paredes, depois ban-cadas e piso. Encha o pedilúvio e coloque nele a solução sanitizante.

Na fábrica você deve ter pane-las, facas inoxidáveis, escumadeiras, conchas, colheres, balança, escorre-dores, jarras graduadas, pinças, es-pátulas, panos limpos, seringa,vidros (que podem ser usados), tampas (necessariamente novas), colheres de madeiras e bacia – de plástico, inoxidável ou esmaltada.

Antes do processo de fabrica-ção das compotas, lave todos esses utensílios com água e sabão, colo-cando-os, depois, para escorrer.

Não se esqueça que o manipu-lador e demais pessoas envolvidas no processo devem estar em boas condições de saúde, usar unhas limpas e sem esmaltes; não usar pulseiras, colares e relógio; usar jalecos ou aventais, proteção para os cabelos e botas de borracha; lu-vas e máscara.

SELEÇÃO DAS FRUTAS Selecione a matéria-prima. Se

optar por adquirir as frutas descarta-das, os chamados refugos, pre� ra as melhores. Refugo não signi� ca que a fruta não pode ser aproveitada na sua totalidade. Elas apenas, geral-mente, foram descartadas por não atender aos critérios de tamanho, peso, beleza. Mas sua polpa pode ser de boa qualidade. Saiba esco-lher, tendo em mente que o intervalo ideal entre a colheita e a fabricação de compota deve ser de 12 horas, quando a fruta for armazenada em ambiente natural. Para cada lote a ser industrializado, escolha frutas de tamanho e cor semelhantes, isto vai dar uniformidade ao seu produto de forma padrão ou por cada lote.

PRÉ-FABRICAÇÃOComece pela pré-lavagem, que

deve ser feita em água corrente. Depois retire a coroa das frutas, levando-as a seguir para o interior

DIVULGAÇÃO

Silvicultura AQUICULTURA

04 |MAIO 2013 MAIO 2013 | 09

Uma das modalidades de investimento na cultura do mogno africano, tanto

na agricultura familiar, quanto na agricultura empresarial, é o arren-damento de áreas. Nesse, confor-me Canrobert Borges, sua empresa paga a quantia de R$ 25 por hectare, fornece as mudas e insumos neces-sários, manejo, e dá toda a assis-tência técnica durante todo o ciclo da � oresta, ou seja, o proprietário da terra não tem trabalho nenhum com a cultura. “Na comercialização, além do aluguel da área, o parceiro recebe 10% sob o valor da venda da produção”, garante.

É um investimento seguro tanto para um quanto para outro, “não te-mos o trabalho de fazer o chamado ‘convencimento’ quanto a seguran-ça e a rentabilidade desse inves-timento”, a� rma o agrônomo João Augusto, sócio de Canrobert Bor-ges. “Quem vem (para o negócio), já vem ciente da seriedade e da segu-rança do investimento”, diz ele, in-formando que tem parceiros até em projetos de assentamento do Incra.

Que o diga o pequeno produtor rural, Divino Alves de Queiroz, dono de uma gleba de 73ha de terras na Fazenda Sozinha, no município de Bon� nópolis, região metropolitana de Goiânia. Há dois anos, ele deixou a produção de leite para investir em mogno pelo sistema de arrendamen-to. Arrendou 65ha de suas terras para o cultivo dessa espécie africana.

Após fechar o negócio e muito entusiasmado, o produtor tratou de se aprofundar na cultura: conheceu investimentos e até o experimento com essa espécie na Embrapa Ama-zônia Oriental, com sede em Belém (PA). Ele se apaixonou pela cultura e abandonou a pecuária leiteira que, além de muito trabalho e problemas com funcionários no manejo de 30 vacas lactantes, só estava lhe dando prejuízos. Ele fez as contas: 65ha de mogno lhe renderá, nas suas duas colheitas, em 15 anos, aproximada-mente R$ 45 mil por hectare, fora o aluguel da área. Bem mais que a ren-da de 180 litros de leite/dia.

Os 10 primeiros hectares de mogno já estão com quase um ano e foram plantados pela empresa re-� orestadora em parceria com a Uni-versidade Federal de Goiás (UFG) a título de experiência. O objetivo é checar o comportamento dessa ma-

deira sob diversos tipos de irrigação e consorciação com outras culturas. Os demais 55 hectares, até fazermos esta reportagem, estavama espera da disponibilidade de mudas. .

“Eu vi sustentabilidade nesse ‘trem’, uma oportunidade de novo

rendimento, que não seja diversi� -cação, mas um investimento de mé-dio e longo prazo sem ter dinheiro para investir na lavoura e na terra”, justi� ca o pequeno produtor Geral-do Magela Ribeiro, o Geraldinho, presidente da associação rural da

região – Associação de Produtores em Agronegócio da Região de Bon� -nópolis (ASPARB). Em 61ha de seus 186ha, onde pratica pecuária leiteira comercial e outras culturas de sub-sistência, ele cultiva, há mais de um ano, o mogno africano pelo sistema

de arrendamento à empresa de Can-robert Borges e João Augusto.

Geraldinho disse não ter a tradi-cional preocupação com o retorno rápido do que cultiva. “Eu não tenho essa visão”, diz ele. O raciocínio e o seu interesse no mogno estão na se-guinte realidade, de acordo com as explanações que fez para Cerrado Rural Agronegócios. A zona urbana de Bon� nópolis, cidade a 30 quilômetros de Goiânia, está avançando, tomando áreas rurais, inclusive se aproximando da sua propriedade; em pouco tempo, a região metropolitana da Capital não tem mais para onde se expandir em direção a Trindade e Senador Canedo (cidades vizinhas, já quase emendan-do com a Goiânia). É aí onde entra sua “grande cartada”: a região avançará por terras onde está localizada a sua propriedade e esta, naturalmente, será alvo do mercado imobiliário. Então, o mogno, além de lhe render mais de R$ 45 mil por hectare nas duas safras, valorizariam ainda mais a sua proprie-dade, levando-se em conta a perca de lucros presumíveis. Uma espécie de caderneta de poupança que ele não te-ria, nem com a produção leiteira, nem com o valor da terra sem a cultura do mogno. “Promessa de retorno igual a esse, não existe”, diz o pequeno pro-dutor rural. Além do mais, ele preten-de consorciar o mogno com culturas anuais a exemplo do milho.

Uma sólida caderneta de poupança

Divino e Geraldino, com amostra do mogno pronto para a indústria: investimento seguro para o futuro

ANTÔNIO OLIVEIRA/AGROFAMILIA Aquicultura cabocla Sahium desenvolve projeto para criação de peixes em pequenas propriedades. O Gamboa será mostrado na Agrotins 2013

O potencial do Tocantins para a produção de pescado é um dos maiores do Brasil,

perde apenas para os estados do Pará e Paraná. A soma de rios pisco-sos, como o Tocantins, o Araguaia, o Santa Tereza, o Javáes, entre outros, com as imensas lâminas d’água formadas pelos lagos das usinas hi-droelétricas do Lajeado, na micror-região de Palmas; do Estreito, no norte e de Peixe-Angical, no sul do Estado, vislumbra bons horizontes do Tocantins nos mercados nacio-nal e internacional de pescado. Há, ainda, a modalidade de aquicultura em tanques cavados – lagos -, para a cria e engorda de pescado de vá-rias espécies amazônicas. Foi com o foco neste potencial que os go-vernos estadual e federal formaram uma parceria para incentivar a in-dústria pesqueira e aquícula no Es-tado, com ênfase para a criação em tanques-redes nos lagos das usinas.

Os meios de exploração desse � -lão sócio-econômico não param por ai. Durante a Agrotins 2013, a Secre-taria de Agricultura de Palmas esta-rá apresentando o Projeto Gamboa, desenvolvido pelo titular da Pasta, agrônomo Roberto Sahium, após anos de pesquisas. “Trata-se de um Projeto que tem como carro-chefe a produção de pescado por meio de uma estrutura que usa tecnologias

contemporâneas e a ‘caipora’. Por que tecnologia ‘caipora’? Porque fomos buscar no sertanejo, no pro-dutor rural, as experiências que ele acumula de longas datas na sua lida com o campo”, explica Sahium.

O Projeto consiste na cria e engorda de peixes já pes-cados em bolsas feitas à base de PVC galvani-z a d o . “ S ã o os bags--� sher, uma estrutura que cus-ta pouco e que pode ser fabricado aqui mesmo em Pal-mas – ou em outro município

do Estado, o projeto vai ser exposto para o público geral e

nós vamos im-plantá-lo

na Capital do Tocantins -, agregan-do empregos e rendas em torno da cadeia produtiva da piscicultura e aquicultura”, enfatiza.

É uma modalidade de criação de peixe que, ainda de acordo com

o Secretário, não requer

grandes inves-timentos como

em abertura de tanques ou na aquisição de tan-ques-redes e seu manejo n’água e, sendo assim, está

voltado para o micro produtor rural. Para uma produção de 1,5 toneladas de peixe por ano – que é o Modelo 1

do Projeto -, o investimento é de R$ 2

mil, sem computar a mão-de-obra. “É um projeto barato e que se paga logo, ao mesmo tempo em que exerce uma função social muito grande, verticali-zando a cadeia e disponibilizando ali-mentos de primeiríssima qualidade, como proteínas e sais minerais para pessoas de diferentes faixas etárias e condições de saúde, principalmente para o produtor e sua família”, informa.

Exempli� cando a viabilidade do Gamboa, Roberto Sahium calcula que, “levando-se em conta uma fa-mília com dez pessoas, em torno do Modelo 1 do Projeto, ela consumiria 200 quilos de peixe, ou seja, mais que 400% a mais do consumo per capi-ta no Brasil e teria um excedente de 1.300 quilos para a comercialização.

O Projeto do secretário Rober-to Sahium ainda tem a vantagem de aproveitar a água usada no manejo dos peixes para outras culturas. “É uma água fertilizada que pode ser uti-lizada na produção orgânica de verdu-ras, frutas tropicais e até - por que não? -, na adubação de pastos para o Pro-jeto Balde Cheio (bacia leiteira para o pequeno produtor, da Embrapa).

“É um projeto que eu venho de-senvolvendo há muitos anos, mas que só agora, na condição de secretário de Agricultura de Palmas, e estou tendo a oportunidade de apresentá-lo para o mercado durante a Agrotins 2013. Isto será feito não apenas para os produto-res de Palmas, mas de todo o Tocan-tins e do Brasil, que visitarem aquela feira”, arrematou o secretário-inventor.

Com o Projeto, o produtor pode ter um alimento muito nutritivo, ultrapassando em 400% o consumo per capita nacional

ANTÔNIO OLIVEIRA

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ENTREVISTA Silvicultura

08 |MAIO 2013 MAIO 2013 | 05

Entrada do Mogno no BrasilO mogno africano expan-

diu-se pelo Brasil a partir de cinco exemplares

plantados na sede da Embra-pa Amazônia Oriental que, em 1976 chamou a atenção pelo seu crescimento, altura e diâ-metros atingidos. Porém, suas primeiras sementes só foram produzidas em 1989, dando início a difusão desta cultura, inicialmente no Pará, inclusive substituindo o mogno brasileiro.

Calcula-se que existem hoje no Brasil cerca de 2 mi-lhões de árvores da espécie somente na Amazônia, prin-cipalmente no Pará, onde são cultivadas em consórcio com o cacau e o cupuaçu.

Do Pará o mogno se ex-pandiu para o centro-sul do país, inclusive tomando áre-as de antigos parreirais.

Seu impacto no meio ambien-te brasileiro é positivo, afirma o engenheiro João Augusto. Além do sequestro de carbono, diz ele, como todo refloresta-mento, melhora o clima; retém água no solo e reduz a pressão à floresta nativa. “Um hectare de floresta de mogno equivale a 4 lagos de 4ha de lâmina d’ água cada”, pontua o engenheiro.

A produção de mudas dessa espécie arbórea africana no Brasil é feita, geralmente, por sementes produzidas no Pará. Mas, de acordo com João Augusto e Canrobert, a multi-plicação por clonagem começa a dar seus primeiros passos.

“Um hectare de fl oresta de mogno equivale a 4 lagos de 4ha de lâmina d’ água cada”, pontua o engenheiro.

Divino Queiroz ao lado de um exemplar do mogno africano na Embrapa Amazônia Oriental

Incentivar a capriovinocultura também está nas metas da Segri de Palmas

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Desenvolvendo a bacia leiteira do município

Embrapas podem ser uma grande parceira

“Outro grande projeto que a Prefeitura de Palmas, por meio da Sagri, tem a desenvolver é o da bacia leiteira. Palmas é uma cidade com muitos jovens e muitas crianças, é uma cidade ainda em formação que precisa de muito leite, mas que ainda tem uma produção muito pe-quena – média de 5 mil litros -, quando o consumo em Palmas é de mais de 105 mil litros.

Então, é um foco para onde estaremos voltados, também. Não visando a grande propriedade, mas a pequena, com no máximo 5 hectares – e aqui eu quero falar agricultura familiar empresarial -, para que a gente possa de-senvolver pastos irrigados, no período da seca, usando capins de altíssima qualidade. Não é possível você fazer leite usando pastos com quicuia ou brachiá-ria, que são ótimos capins, mas não para a produção de leite. A gente, quer, então, produzir um

capim com mais proteína. E hoje ai nós temos no mercado um capim excelente, que se chama gigles, que tem 26% de proteí-nas. Tem outro, antecessor dele, que é o difton 85, que também é altíssimo, em torno de 15/17% de proteínas. Temos, também, a própria grama africada que deu a origem a tudo isso ai. São capins de ótima qualidade e que deve ser usado para a produção de leite. Mas não se imagine produzindo leite em áreas grandes e rebanhos grandes. Mas adequado é viável é em terra e rebanho pequenos, onde se tem o cuidado e boas práticas, com tecnologia para que possamos desenvolver alguns projetos dentro do município.

Nós já temos a Ascabras (As-sociação dos Criadores de Cabras de Palmas). E, também, vamos desenvolver projetos nessa área, melhorando a nutrição desses animais e consequentemente aumento da produção de leite.”

“Foi uma grande conquista a gente trazer para Palmas, não só uma unidade da Embrapa, mas duas – a Embrapa Aqüicultura e Pesca e a Embrapa Sistemas Agrícolas. Esta está se instalando no platô da Serra (planície de Burtirana), vai desenvolver agri-cultura de grãos, principalmente; aquela a pesca e a aqüicultura. Uma terá papel fundamental na produção de matérias-primas para ração para peixes, caprinos, avícolas, suínos, etc e a outra no desenvolvimento da demanda por esses produtos. Não pode-mos esquecer, também, como parceiros dos projetos da Sagri, a UnitinsAgro, que tem uma importância fundamental nesse processo e que já tem muitas pesquisas desenvolvidas para a agricultura familiar; a Univer-sidade Católica do Tocantins, com seus dois cursos na área de ciências agrárias (Zootecnia e Agronomia) – aqueles meninos têm muito o que acrescentar aos processos produtivos em Palmas;

a Ulbra, já tradicional em algu-mas pesquisas e a Universidade Federal do Tocantins.Estas, tam-bém, com pesquisas e projetos interessantes para o Município, como é o caso do uso da batata--doce para a produção de álcool – projeto que não tem a intenção em competir com a cana-de-açú-car, pois esta é insubstituível. Mas as batata-doce é uma grande oportunidade para o pequeno produtor, que poderia produzi-la, inclusive o seu álcool, em grande escala, num consórcio, associa-ção ou cooperativa, aproveitando o sub-produto, que é excelente, para a ração animal. E ainda acrescento aqui outro foco. Eu tenho lutado muito para colocar a mandioca em seu devido lugar, como um produto de respeito. Vale lembrar que a o amido do arroz é muito parecido com o amido de mandioca e a produ-ção dessa é bem mais ecologi-camente correta, mas que está, ao menos em nosso Município, relegado à segunda categoria.”

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ENTREVISTA ENTREVISTA

06 |MAIO 2013 MAIO 2013 | 07

De cinturão verde a Crescente VerdeO desafi o de transformar Palmas em centro produtor e abastecedor do mercado hortifrutigranjeiro regional

Técnico experiente na área de Agronomia, com especializa-ção acadêmica e prática em

irrigação e piscicultura, Roberto Jorge Sahium, ou simplesmente, Rober-to Sahium, foi convidado pelo novo prefeito de Palmas, Carlos Amastha, para assumir a direção da Secretaria de Agricultura ... (Sagri), do municí-pio de Palmas, cargo que ele exerceu, por mais de nove anos no governo do Tocantins. Um choque - de secretário estadual para secretário municipal? Não, a� rmou ele. “Lá eu fazia uma agricultura mais no atacado; aqui o farei no varejo”, disse. Na verdade, seguiu ele, em entrevista exclusiva ao Cerrado Rural Agronegócios, ele está voltando às suas origens. “A� nal, sempre fui extensionista e esta função consiste em estar ao lado do pequeno produtor rural. Aqui é que me sinto em casa”, considerou.

Além da experiência de três gestões à frente da Secretaria de Agricultura do Estado do Tocantins,

Sahium tem, também, em sua folha de serviços prestados aos estados de Goiás e Tocantins, a che� a da Divisão de Irrigação do Estado de Goiás, ainda quando o Tocantins era o território norte daquele Esta-do. Nessa função, durante mais de cinco anos, foi o responsável técni-co e colaborador de alguns impor-tantes projetos de irrigação em Goi-ás, como o Projeto Guapo, na região metropolitana de Goiânia, e Projeto Formoso, hoje no sul do Tocantins. Projetos idealizados pelo estadista Mauro Borges e desenvolvidos por governos que o sucedeu anos mais

tarde, como Irapuan Costa Junior e Ary Valadão. Ainda aquele Estado foi diretor de uma escola normal e contribuiu na formação de técnicos agrícolas e agrônomos, muitos dos quais morando hoje em Formoso do Araguaia, onde se � xarem em conseqüência da construção da-quele projeto de irrigação.

Foi atrás dessa experiência – necessária à inserir de vez o mu-nicípio de Palmas no processo produtivo familiar e empresarial -, que Amastha preferiu fazer vistas grossas às indicações políticas para buscar um técnico. “Eu cheguei aqui cheio de idéias e projetos, mas me surpreendi com a visão e a ra-pidez de raciocínio do Prefeito, que ao me convidar e eu aceitar, já me entregou uma lista de seus projetos bem mais amplos que as meus”.

Nesta entrevista, Roberto Sahium expõe um pouco do que a atual administração munici-pal pretende fazer para alavancar a agricultura familiar, inclusive como “agronegócio familiar” e a agricultura empresarial.

“Lá eu fazia uma agricultura mais no atacado, aqui o farei no varejo”

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“Isso que se chama de “cintu-rão verde”, hoje uma faixa de terra entre a zona rural de Taquaralto e o quilômetro 13 da saída para Mi-racema (havia outra faixa que foi submersa, com formação do Lago do Lajeado), não existe mais, já está comprometida por chácaras residenciais e de recreio, ou até mesmo para a especulação imobi-liária. Nunca vai ser um ‘cinturão verde’. Os verdadeiros chacarei-ros foram empurrados para os grotões do Lajeado, do São João, entre outros. São terras entre boas

e ruins e muitas delas próximas a APAs (Áreas Permanentes de Pro-teção Ambiental) e aos nascedou-ros de água. Mas são estas pessoas que vão desenvolver a agricultura em Palmas. Não é fácil por tudo isto, mas nós temos que procu-rar meios de transformar esses grotões em produtores de frutas, verduras e granjeiros, trabalhan-do, orientando aquele pessoal, transformando-os em chacareiros de verdade. O processo é demora-do e estamos ciente disso. Assu-mimos com essa determinação”.

‘Cinturão verde’ não existe mais. O alvo é outro

Abastecer o mercado local. Eis o desafi o.

Defi nindo o perfi l produtivo de palmas

“Sabemos que muitos super-mercadistas saem de Palmas para comprar hortifrutigranjeiros em Goiânia, muitas vezes em com-pras casadas. Palmas ainda não atende suas demandas. Ou seja, só compram determinado produto, se levar outro junto. Como sabemos que muitas coisas que se buscam lá fora, podem ser produzidas aqui e fornecidos ao mercado regional por meio da Central de Abaste-cimento de Palmas (Ceasa), que deve ser a articuladora desse pro-cesso. Tocantins é grande produtor de melancia e abacaxi, abastecen-do outras capitais, principalmente

Goiânia. Com produção em gran-de escala aqui e organizando a lo-gística, a Ceasa poderia abastecer o mercado regional com aquelas frutas que abastecem outros mer-cados e com os produtos hortifru-tigranjeiros produzidas em terras palmenses. Tem que ter produção abundante e contínua – querem os proprietários de supermercados. Mas aí entra o papel da Sagri e da Ceasa. A primeira promovendo meios para que a produção atenda a demanda e a segunda a organi-zação do mercado e da logística. Nós temos muitas aptidões em termos de hortifrutigranjeiros.”

“Nós temos um clima e lumi-nosidade favoráveis à olericultura (folhosas), mas precisamos de tecnologias parta processar esses produtos para não vende-los de forma ainda rudimentar, reduzindo ainda mais sua sobrevida. Temos também uma aptidão muito grande para a produção de tubérculos e raízes, porém não a exploramos devidamente. Veja um dos muitos exemplos: a batata-doce que se consume na microrregião de Palmas vem de fora, enquanto que

temos condições extremamente favoráveis para a sua produção no município de Palmas. Da mesma forma ocorre com o tomate, o pi-mentão, a cenoura e outras raízes. Nós temos condições edafocli-máticas para produzir tudo isto aqui, principalmente em terras de altitudes elevadas, como a chapada de Buritirana. Para isso já estamos fazendo o zoneamento, projeto a que denominamos “Palmas Agrosustentável”, que vai indicar onde e o que plantar e colher. “

Yes, nós podemos ter banana e outras frutas

Cinturão verde, nâo, vamos fazer o ‘crescente verde’

O grande trunfo: a piscicultura nas águas do lago

“No quesito frutas, nossa apti-dão principal é a banana, seguida pelo abacaxi e o caju. Estes seriam os carros-chefes da fruticultura em Palmas. Mas isso não signi� ca que não poderíamos produzir laranja, abacate, entre outras, que pode-riam ser produzidas em terras altas

do Município, lá naqueles assen-tamentos, como o Entre Rios e o Veredão. Áreas para diversi� car a produção, nós temos. Há a questão das frutas anuais, como o melão e a melancia, para terras baixas. Mas tudo isso passa primeiro por esse zoneamento que estamos fazendo.”

“Se voltarmos há mais de dez mil anos na história da humani-dade – nos países árabes, mais especi� camente no Vale do Rio Nilo -, veremos os primeiros mo-mentos da agricultura moderna, onde o homem saiu da condição de coletores, extrativistas para desenvolver a agricultura e do-mesticar os animais; desenvolver a escrita e a conversa entre seres humanos. É o chamado “Crescente Verde”, que transformou aque-las terras, outrora improdutivas, em terras produtivas, mesmo a maioria na condição de áridas e semi-áridas. “Crescente Verde” é um simbolismo de crescimento, de � xação do homem na terra. É o que podemos pensar aqui, numa espécie de uma crescente, de uma lua crescente. Não podemos mais pensar em “cinturão verde”, porque ele não existe mais e até foi seccionado pelo lago, fazendo a � gura de um arco, de uma lua

crescente. Então a gente pode estar simbolizando essa agricul-tura, esse movimento como um “crescente verde. E a função dele, não é apenas pensar na pro� ssão, vamos dizer, no cinturão verde”. É projetando-o como uma áurea que separa o setor urbano, do setor rural propriamente dito. É uma área de transição, é uma barreira, inclusive ambiental, para que não haja uma perturbação do meio urbano para o meio rural.”

“A gente começou a conversar com o pessoal do Ministério da Agricultura e posso te adiantar que já existem alguns empresá-rios interessados em investir na piscicultura e aqüicultura em Palmas. Já sinalizamos á eles com alguns projetos prontos, inclusive o ambiental que podemos ajudar na sua elaboração. Esse é um foco muito importante. Nós temos, só no município de Palmas, 137 Km2 de lâminas d´água bem no ‘fundo do nosso quintal’ – água de boa

qualidade. É só questão de come-çar e nós vamos começar logo, for-mando condomínios. Já temos aí uma colônia, a Colônia Z-10” cujos integrantes podem ser transforma-dos em pescadores pro� ssionais. Quando se cria peixes, se tem um aspecto ambiental muito gran-de, porque a produção de peixes em cativeiros (tanques cavados na terra ou tanques-redes) evita que se esgote o estoque natural para alimentação. Preservam-se espécies em fase de extinção.”

“crescente verde. E a função dele, não é apenas pensar na profi ssão, vamos dizer, no cinturão verde”.

ENTREVISTA ENTREVISTA

06 |MAIO 2013 MAIO 2013 | 07

De cinturão verde a Crescente VerdeO desafi o de transformar Palmas em centro produtor e abastecedor do mercado hortifrutigranjeiro regional

Técnico experiente na área de Agronomia, com especializa-ção acadêmica e prática em

irrigação e piscicultura, Roberto Jorge Sahium, ou simplesmente, Rober-to Sahium, foi convidado pelo novo prefeito de Palmas, Carlos Amastha, para assumir a direção da Secretaria de Agricultura ... (Sagri), do municí-pio de Palmas, cargo que ele exerceu, por mais de nove anos no governo do Tocantins. Um choque - de secretário estadual para secretário municipal? Não, a� rmou ele. “Lá eu fazia uma agricultura mais no atacado; aqui o farei no varejo”, disse. Na verdade, seguiu ele, em entrevista exclusiva ao Cerrado Rural Agronegócios, ele está voltando às suas origens. “A� nal, sempre fui extensionista e esta função consiste em estar ao lado do pequeno produtor rural. Aqui é que me sinto em casa”, considerou.

Além da experiência de três gestões à frente da Secretaria de Agricultura do Estado do Tocantins,

Sahium tem, também, em sua folha de serviços prestados aos estados de Goiás e Tocantins, a che� a da Divisão de Irrigação do Estado de Goiás, ainda quando o Tocantins era o território norte daquele Esta-do. Nessa função, durante mais de cinco anos, foi o responsável técni-co e colaborador de alguns impor-tantes projetos de irrigação em Goi-ás, como o Projeto Guapo, na região metropolitana de Goiânia, e Projeto Formoso, hoje no sul do Tocantins. Projetos idealizados pelo estadista Mauro Borges e desenvolvidos por governos que o sucedeu anos mais

tarde, como Irapuan Costa Junior e Ary Valadão. Ainda aquele Estado foi diretor de uma escola normal e contribuiu na formação de técnicos agrícolas e agrônomos, muitos dos quais morando hoje em Formoso do Araguaia, onde se � xarem em conseqüência da construção da-quele projeto de irrigação.

Foi atrás dessa experiência – necessária à inserir de vez o mu-nicípio de Palmas no processo produtivo familiar e empresarial -, que Amastha preferiu fazer vistas grossas às indicações políticas para buscar um técnico. “Eu cheguei aqui cheio de idéias e projetos, mas me surpreendi com a visão e a ra-pidez de raciocínio do Prefeito, que ao me convidar e eu aceitar, já me entregou uma lista de seus projetos bem mais amplos que as meus”.

Nesta entrevista, Roberto Sahium expõe um pouco do que a atual administração munici-pal pretende fazer para alavancar a agricultura familiar, inclusive como “agronegócio familiar” e a agricultura empresarial.

“Lá eu fazia uma agricultura mais no atacado, aqui o farei no varejo”

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“Isso que se chama de “cintu-rão verde”, hoje uma faixa de terra entre a zona rural de Taquaralto e o quilômetro 13 da saída para Mi-racema (havia outra faixa que foi submersa, com formação do Lago do Lajeado), não existe mais, já está comprometida por chácaras residenciais e de recreio, ou até mesmo para a especulação imobi-liária. Nunca vai ser um ‘cinturão verde’. Os verdadeiros chacarei-ros foram empurrados para os grotões do Lajeado, do São João, entre outros. São terras entre boas

e ruins e muitas delas próximas a APAs (Áreas Permanentes de Pro-teção Ambiental) e aos nascedou-ros de água. Mas são estas pessoas que vão desenvolver a agricultura em Palmas. Não é fácil por tudo isto, mas nós temos que procu-rar meios de transformar esses grotões em produtores de frutas, verduras e granjeiros, trabalhan-do, orientando aquele pessoal, transformando-os em chacareiros de verdade. O processo é demora-do e estamos ciente disso. Assu-mimos com essa determinação”.

‘Cinturão verde’ não existe mais. O alvo é outro

Abastecer o mercado local. Eis o desafi o.

Defi nindo o perfi l produtivo de palmas

“Sabemos que muitos super-mercadistas saem de Palmas para comprar hortifrutigranjeiros em Goiânia, muitas vezes em com-pras casadas. Palmas ainda não atende suas demandas. Ou seja, só compram determinado produto, se levar outro junto. Como sabemos que muitas coisas que se buscam lá fora, podem ser produzidas aqui e fornecidos ao mercado regional por meio da Central de Abaste-cimento de Palmas (Ceasa), que deve ser a articuladora desse pro-cesso. Tocantins é grande produtor de melancia e abacaxi, abastecen-do outras capitais, principalmente

Goiânia. Com produção em gran-de escala aqui e organizando a lo-gística, a Ceasa poderia abastecer o mercado regional com aquelas frutas que abastecem outros mer-cados e com os produtos hortifru-tigranjeiros produzidas em terras palmenses. Tem que ter produção abundante e contínua – querem os proprietários de supermercados. Mas aí entra o papel da Sagri e da Ceasa. A primeira promovendo meios para que a produção atenda a demanda e a segunda a organi-zação do mercado e da logística. Nós temos muitas aptidões em termos de hortifrutigranjeiros.”

“Nós temos um clima e lumi-nosidade favoráveis à olericultura (folhosas), mas precisamos de tecnologias parta processar esses produtos para não vende-los de forma ainda rudimentar, reduzindo ainda mais sua sobrevida. Temos também uma aptidão muito grande para a produção de tubérculos e raízes, porém não a exploramos devidamente. Veja um dos muitos exemplos: a batata-doce que se consume na microrregião de Palmas vem de fora, enquanto que

temos condições extremamente favoráveis para a sua produção no município de Palmas. Da mesma forma ocorre com o tomate, o pi-mentão, a cenoura e outras raízes. Nós temos condições edafocli-máticas para produzir tudo isto aqui, principalmente em terras de altitudes elevadas, como a chapada de Buritirana. Para isso já estamos fazendo o zoneamento, projeto a que denominamos “Palmas Agrosustentável”, que vai indicar onde e o que plantar e colher. “

Yes, nós podemos ter banana e outras frutas

Cinturão verde, nâo, vamos fazer o ‘crescente verde’

O grande trunfo: a piscicultura nas águas do lago

“No quesito frutas, nossa apti-dão principal é a banana, seguida pelo abacaxi e o caju. Estes seriam os carros-chefes da fruticultura em Palmas. Mas isso não signi� ca que não poderíamos produzir laranja, abacate, entre outras, que pode-riam ser produzidas em terras altas

do Município, lá naqueles assen-tamentos, como o Entre Rios e o Veredão. Áreas para diversi� car a produção, nós temos. Há a questão das frutas anuais, como o melão e a melancia, para terras baixas. Mas tudo isso passa primeiro por esse zoneamento que estamos fazendo.”

“Se voltarmos há mais de dez mil anos na história da humani-dade – nos países árabes, mais especi� camente no Vale do Rio Nilo -, veremos os primeiros mo-mentos da agricultura moderna, onde o homem saiu da condição de coletores, extrativistas para desenvolver a agricultura e do-mesticar os animais; desenvolver a escrita e a conversa entre seres humanos. É o chamado “Crescente Verde”, que transformou aque-las terras, outrora improdutivas, em terras produtivas, mesmo a maioria na condição de áridas e semi-áridas. “Crescente Verde” é um simbolismo de crescimento, de � xação do homem na terra. É o que podemos pensar aqui, numa espécie de uma crescente, de uma lua crescente. Não podemos mais pensar em “cinturão verde”, porque ele não existe mais e até foi seccionado pelo lago, fazendo a � gura de um arco, de uma lua

crescente. Então a gente pode estar simbolizando essa agricul-tura, esse movimento como um “crescente verde. E a função dele, não é apenas pensar na pro� ssão, vamos dizer, no cinturão verde”. É projetando-o como uma áurea que separa o setor urbano, do setor rural propriamente dito. É uma área de transição, é uma barreira, inclusive ambiental, para que não haja uma perturbação do meio urbano para o meio rural.”

“A gente começou a conversar com o pessoal do Ministério da Agricultura e posso te adiantar que já existem alguns empresá-rios interessados em investir na piscicultura e aqüicultura em Palmas. Já sinalizamos á eles com alguns projetos prontos, inclusive o ambiental que podemos ajudar na sua elaboração. Esse é um foco muito importante. Nós temos, só no município de Palmas, 137 Km2 de lâminas d´água bem no ‘fundo do nosso quintal’ – água de boa

qualidade. É só questão de come-çar e nós vamos começar logo, for-mando condomínios. Já temos aí uma colônia, a Colônia Z-10” cujos integrantes podem ser transforma-dos em pescadores pro� ssionais. Quando se cria peixes, se tem um aspecto ambiental muito gran-de, porque a produção de peixes em cativeiros (tanques cavados na terra ou tanques-redes) evita que se esgote o estoque natural para alimentação. Preservam-se espécies em fase de extinção.”

“crescente verde. E a função dele, não é apenas pensar na profi ssão, vamos dizer, no cinturão verde”.

ENTREVISTA Silvicultura

08 |MAIO 2013 MAIO 2013 | 05

Entrada do Mogno no BrasilO mogno africano expan-

diu-se pelo Brasil a partir de cinco exemplares

plantados na sede da Embra-pa Amazônia Oriental que, em 1976 chamou a atenção pelo seu crescimento, altura e diâ-metros atingidos. Porém, suas primeiras sementes só foram produzidas em 1989, dando início a difusão desta cultura, inicialmente no Pará, inclusive substituindo o mogno brasileiro.

Calcula-se que existem hoje no Brasil cerca de 2 mi-lhões de árvores da espécie somente na Amazônia, prin-cipalmente no Pará, onde são cultivadas em consórcio com o cacau e o cupuaçu.

Do Pará o mogno se ex-pandiu para o centro-sul do país, inclusive tomando áre-as de antigos parreirais.

Seu impacto no meio ambien-te brasileiro é positivo, afirma o engenheiro João Augusto. Além do sequestro de carbono, diz ele, como todo refloresta-mento, melhora o clima; retém água no solo e reduz a pressão à floresta nativa. “Um hectare de floresta de mogno equivale a 4 lagos de 4ha de lâmina d’ água cada”, pontua o engenheiro.

A produção de mudas dessa espécie arbórea africana no Brasil é feita, geralmente, por sementes produzidas no Pará. Mas, de acordo com João Augusto e Canrobert, a multi-plicação por clonagem começa a dar seus primeiros passos.

“Um hectare de fl oresta de mogno equivale a 4 lagos de 4ha de lâmina d’ água cada”, pontua o engenheiro.

Divino Queiroz ao lado de um exemplar do mogno africano na Embrapa Amazônia Oriental

Incentivar a capriovinocultura também está nas metas da Segri de Palmas

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ULG

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Desenvolvendo a bacia leiteira do município

Embrapas podem ser uma grande parceira

“Outro grande projeto que a Prefeitura de Palmas, por meio da Sagri, tem a desenvolver é o da bacia leiteira. Palmas é uma cidade com muitos jovens e muitas crianças, é uma cidade ainda em formação que precisa de muito leite, mas que ainda tem uma produção muito pe-quena – média de 5 mil litros -, quando o consumo em Palmas é de mais de 105 mil litros.

Então, é um foco para onde estaremos voltados, também. Não visando a grande propriedade, mas a pequena, com no máximo 5 hectares – e aqui eu quero falar agricultura familiar empresarial -, para que a gente possa de-senvolver pastos irrigados, no período da seca, usando capins de altíssima qualidade. Não é possível você fazer leite usando pastos com quicuia ou brachiá-ria, que são ótimos capins, mas não para a produção de leite. A gente, quer, então, produzir um

capim com mais proteína. E hoje ai nós temos no mercado um capim excelente, que se chama gigles, que tem 26% de proteí-nas. Tem outro, antecessor dele, que é o difton 85, que também é altíssimo, em torno de 15/17% de proteínas. Temos, também, a própria grama africada que deu a origem a tudo isso ai. São capins de ótima qualidade e que deve ser usado para a produção de leite. Mas não se imagine produzindo leite em áreas grandes e rebanhos grandes. Mas adequado é viável é em terra e rebanho pequenos, onde se tem o cuidado e boas práticas, com tecnologia para que possamos desenvolver alguns projetos dentro do município.

Nós já temos a Ascabras (As-sociação dos Criadores de Cabras de Palmas). E, também, vamos desenvolver projetos nessa área, melhorando a nutrição desses animais e consequentemente aumento da produção de leite.”

“Foi uma grande conquista a gente trazer para Palmas, não só uma unidade da Embrapa, mas duas – a Embrapa Aqüicultura e Pesca e a Embrapa Sistemas Agrícolas. Esta está se instalando no platô da Serra (planície de Burtirana), vai desenvolver agri-cultura de grãos, principalmente; aquela a pesca e a aqüicultura. Uma terá papel fundamental na produção de matérias-primas para ração para peixes, caprinos, avícolas, suínos, etc e a outra no desenvolvimento da demanda por esses produtos. Não pode-mos esquecer, também, como parceiros dos projetos da Sagri, a UnitinsAgro, que tem uma importância fundamental nesse processo e que já tem muitas pesquisas desenvolvidas para a agricultura familiar; a Univer-sidade Católica do Tocantins, com seus dois cursos na área de ciências agrárias (Zootecnia e Agronomia) – aqueles meninos têm muito o que acrescentar aos processos produtivos em Palmas;

a Ulbra, já tradicional em algu-mas pesquisas e a Universidade Federal do Tocantins.Estas, tam-bém, com pesquisas e projetos interessantes para o Município, como é o caso do uso da batata--doce para a produção de álcool – projeto que não tem a intenção em competir com a cana-de-açú-car, pois esta é insubstituível. Mas as batata-doce é uma grande oportunidade para o pequeno produtor, que poderia produzi-la, inclusive o seu álcool, em grande escala, num consórcio, associa-ção ou cooperativa, aproveitando o sub-produto, que é excelente, para a ração animal. E ainda acrescento aqui outro foco. Eu tenho lutado muito para colocar a mandioca em seu devido lugar, como um produto de respeito. Vale lembrar que a o amido do arroz é muito parecido com o amido de mandioca e a produ-ção dessa é bem mais ecologi-camente correta, mas que está, ao menos em nosso Município, relegado à segunda categoria.”

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Silvicultura AQUICULTURA

04 |MAIO 2013 MAIO 2013 | 09

Uma das modalidades de investimento na cultura do mogno africano, tanto

na agricultura familiar, quanto na agricultura empresarial, é o arren-damento de áreas. Nesse, confor-me Canrobert Borges, sua empresa paga a quantia de R$ 25 por hectare, fornece as mudas e insumos neces-sários, manejo, e dá toda a assis-tência técnica durante todo o ciclo da � oresta, ou seja, o proprietário da terra não tem trabalho nenhum com a cultura. “Na comercialização, além do aluguel da área, o parceiro recebe 10% sob o valor da venda da produção”, garante.

É um investimento seguro tanto para um quanto para outro, “não te-mos o trabalho de fazer o chamado ‘convencimento’ quanto a seguran-ça e a rentabilidade desse inves-timento”, a� rma o agrônomo João Augusto, sócio de Canrobert Bor-ges. “Quem vem (para o negócio), já vem ciente da seriedade e da segu-rança do investimento”, diz ele, in-formando que tem parceiros até em projetos de assentamento do Incra.

Que o diga o pequeno produtor rural, Divino Alves de Queiroz, dono de uma gleba de 73ha de terras na Fazenda Sozinha, no município de Bon� nópolis, região metropolitana de Goiânia. Há dois anos, ele deixou a produção de leite para investir em mogno pelo sistema de arrendamen-to. Arrendou 65ha de suas terras para o cultivo dessa espécie africana.

Após fechar o negócio e muito entusiasmado, o produtor tratou de se aprofundar na cultura: conheceu investimentos e até o experimento com essa espécie na Embrapa Ama-zônia Oriental, com sede em Belém (PA). Ele se apaixonou pela cultura e abandonou a pecuária leiteira que, além de muito trabalho e problemas com funcionários no manejo de 30 vacas lactantes, só estava lhe dando prejuízos. Ele fez as contas: 65ha de mogno lhe renderá, nas suas duas colheitas, em 15 anos, aproximada-mente R$ 45 mil por hectare, fora o aluguel da área. Bem mais que a ren-da de 180 litros de leite/dia.

Os 10 primeiros hectares de mogno já estão com quase um ano e foram plantados pela empresa re-� orestadora em parceria com a Uni-versidade Federal de Goiás (UFG) a título de experiência. O objetivo é checar o comportamento dessa ma-

deira sob diversos tipos de irrigação e consorciação com outras culturas. Os demais 55 hectares, até fazermos esta reportagem, estavama espera da disponibilidade de mudas. .

“Eu vi sustentabilidade nesse ‘trem’, uma oportunidade de novo

rendimento, que não seja diversi� -cação, mas um investimento de mé-dio e longo prazo sem ter dinheiro para investir na lavoura e na terra”, justi� ca o pequeno produtor Geral-do Magela Ribeiro, o Geraldinho, presidente da associação rural da

região – Associação de Produtores em Agronegócio da Região de Bon� -nópolis (ASPARB). Em 61ha de seus 186ha, onde pratica pecuária leiteira comercial e outras culturas de sub-sistência, ele cultiva, há mais de um ano, o mogno africano pelo sistema

de arrendamento à empresa de Can-robert Borges e João Augusto.

Geraldinho disse não ter a tradi-cional preocupação com o retorno rápido do que cultiva. “Eu não tenho essa visão”, diz ele. O raciocínio e o seu interesse no mogno estão na se-guinte realidade, de acordo com as explanações que fez para Cerrado Rural Agronegócios. A zona urbana de Bon� nópolis, cidade a 30 quilômetros de Goiânia, está avançando, tomando áreas rurais, inclusive se aproximando da sua propriedade; em pouco tempo, a região metropolitana da Capital não tem mais para onde se expandir em direção a Trindade e Senador Canedo (cidades vizinhas, já quase emendan-do com a Goiânia). É aí onde entra sua “grande cartada”: a região avançará por terras onde está localizada a sua propriedade e esta, naturalmente, será alvo do mercado imobiliário. Então, o mogno, além de lhe render mais de R$ 45 mil por hectare nas duas safras, valorizariam ainda mais a sua proprie-dade, levando-se em conta a perca de lucros presumíveis. Uma espécie de caderneta de poupança que ele não te-ria, nem com a produção leiteira, nem com o valor da terra sem a cultura do mogno. “Promessa de retorno igual a esse, não existe”, diz o pequeno pro-dutor rural. Além do mais, ele preten-de consorciar o mogno com culturas anuais a exemplo do milho.

Uma sólida caderneta de poupança

Divino e Geraldino, com amostra do mogno pronto para a indústria: investimento seguro para o futuro

ANTÔNIO OLIVEIRA/AGROFAMILIA Aquicultura cabocla Sahium desenvolve projeto para criação de peixes em pequenas propriedades. O Gamboa será mostrado na Agrotins 2013

O potencial do Tocantins para a produção de pescado é um dos maiores do Brasil,

perde apenas para os estados do Pará e Paraná. A soma de rios pisco-sos, como o Tocantins, o Araguaia, o Santa Tereza, o Javáes, entre outros, com as imensas lâminas d’água formadas pelos lagos das usinas hi-droelétricas do Lajeado, na micror-região de Palmas; do Estreito, no norte e de Peixe-Angical, no sul do Estado, vislumbra bons horizontes do Tocantins nos mercados nacio-nal e internacional de pescado. Há, ainda, a modalidade de aquicultura em tanques cavados – lagos -, para a cria e engorda de pescado de vá-rias espécies amazônicas. Foi com o foco neste potencial que os go-vernos estadual e federal formaram uma parceria para incentivar a in-dústria pesqueira e aquícula no Es-tado, com ênfase para a criação em tanques-redes nos lagos das usinas.

Os meios de exploração desse � -lão sócio-econômico não param por ai. Durante a Agrotins 2013, a Secre-taria de Agricultura de Palmas esta-rá apresentando o Projeto Gamboa, desenvolvido pelo titular da Pasta, agrônomo Roberto Sahium, após anos de pesquisas. “Trata-se de um Projeto que tem como carro-chefe a produção de pescado por meio de uma estrutura que usa tecnologias

contemporâneas e a ‘caipora’. Por que tecnologia ‘caipora’? Porque fomos buscar no sertanejo, no pro-dutor rural, as experiências que ele acumula de longas datas na sua lida com o campo”, explica Sahium.

O Projeto consiste na cria e engorda de peixes já pes-cados em bolsas feitas à base de PVC galvani-z a d o . “ S ã o os bags--� sher, uma estrutura que cus-ta pouco e que pode ser fabricado aqui mesmo em Pal-mas – ou em outro município

do Estado, o projeto vai ser exposto para o público geral e

nós vamos im-plantá-lo

na Capital do Tocantins -, agregan-do empregos e rendas em torno da cadeia produtiva da piscicultura e aquicultura”, enfatiza.

É uma modalidade de criação de peixe que, ainda de acordo com

o Secretário, não requer

grandes inves-timentos como

em abertura de tanques ou na aquisição de tan-ques-redes e seu manejo n’água e, sendo assim, está

voltado para o micro produtor rural. Para uma produção de 1,5 toneladas de peixe por ano – que é o Modelo 1

do Projeto -, o investimento é de R$ 2

mil, sem computar a mão-de-obra. “É um projeto barato e que se paga logo, ao mesmo tempo em que exerce uma função social muito grande, verticali-zando a cadeia e disponibilizando ali-mentos de primeiríssima qualidade, como proteínas e sais minerais para pessoas de diferentes faixas etárias e condições de saúde, principalmente para o produtor e sua família”, informa.

Exempli� cando a viabilidade do Gamboa, Roberto Sahium calcula que, “levando-se em conta uma fa-mília com dez pessoas, em torno do Modelo 1 do Projeto, ela consumiria 200 quilos de peixe, ou seja, mais que 400% a mais do consumo per capi-ta no Brasil e teria um excedente de 1.300 quilos para a comercialização.

O Projeto do secretário Rober-to Sahium ainda tem a vantagem de aproveitar a água usada no manejo dos peixes para outras culturas. “É uma água fertilizada que pode ser uti-lizada na produção orgânica de verdu-ras, frutas tropicais e até - por que não? -, na adubação de pastos para o Pro-jeto Balde Cheio (bacia leiteira para o pequeno produtor, da Embrapa).

“É um projeto que eu venho de-senvolvendo há muitos anos, mas que só agora, na condição de secretário de Agricultura de Palmas, e estou tendo a oportunidade de apresentá-lo para o mercado durante a Agrotins 2013. Isto será feito não apenas para os produto-res de Palmas, mas de todo o Tocan-tins e do Brasil, que visitarem aquela feira”, arrematou o secretário-inventor.

Com o Projeto, o produtor pode ter um alimento muito nutritivo, ultrapassando em 400% o consumo per capita nacional

ANTÔNIO OLIVEIRA

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ÃO

FAÇA VOCÊ MESMO SILVICULTURA

10 |MAIO 2013 MAIO 2013 | 03

Lucro, mesmo que tardioÉ uma cultura com retorno fi nanceiro demorado, porém compensador

ANTÔNIO OLIVEIRA

A produção de madeira nati-va da Amazônia, principal produtora deste produ-

to no Brasil, deve cair 64% nos próximos 20 anos. É o que reve-la recente estudo realizado pelo Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e pelo Instituto de Pesquisa Am-biental da Amazônia (Ipam). Será um “apagão florestal”, conclui essa pesquisa.

Ainda conforme os dados des-se levantamento, a produção atu-al está em torno de 14 milhões de metros cúbicos, número que deve cair para 5 milhões até 2030. Por outro lado, ainda segundo essa pesquisa, a demanda por madei-ras deverá quadruplicar, chegan-do a 21 milhões de metros cúbicos.

Para Solano Martins Aquino, presidente do Instituto Brasilei-ro de Florestas (IBF), é preciso implantar florestas comerciais de madeiras nobres para suprir este mercado sem ter que avan-çar sobre as florestas nativas. Ele defende ainda que é necessário diversificar a cultura de lavouras de ciclos curtos com o cultivo de espécies de longo prazo. Ele cita como exemplo dessas, o guanan-di, que produz com idade entre 18 e 20 anos, e tem alta rentabilidade.

As pesquisas do Ipam apontam ainda claramente para um apagão � orestal grave no país, pois ao lado da extração de madeiras nativas está a silvicultura tradicionalmente focada em culturas de rápido cres-cimento e baixo valor agregado, como o pinus e o eucalipto.

Esses indicativos têm desper-tado o interesse de empreendedo-res das duas modalidades de pro-dução: os produtores de mudas e os produtores rurais – empre-sariais e familiares. Os primeiros fornecem as mudas e toda a assis-tência técnica – alguns até arren-dam áreas com aluguel mensal e comissão na venda da madeira em fase de colheita e comercialização. Já os produtores plantam por con-ta própria ou arrendam suas áreas.

No Brasil, a silvicultura está se expandindo, principalmente na

cultura de árvores de ciclos curtos como o eucalipto e o pinus, esta última usada na indústria move-leira. Mas nenhuma dessas, de acordo com pesquisas, tem o ren-dimento e a qualidade do mogno africano, que chega a idade pro-dutiva aos 10 anos e termina aos 15 anos e, por sua “nobreza”, usada exclusivamente para a indústria moveleira e de revestimentos.

Uma das empresas brasileiras criadas para atender a essa nova demanda dos setores produtivos rurais e ao mercado consumidor correlato está sediada em Goiâ-nia (GO) e trabalha na produção de mudas, arrendamento de ter-ra, plantio na base da parceria, com foco nas variedades mogno africano (Khaya ivorensis, Khaya anthotheca e Khaya senegalensis), Acácia (Acácia Mangium) e Teca (Tectona grandis). A primeira va-riedade é a que apresenta melhor rendimento no Brasil.

O foco dessa empresa centrado no mogno se justi� ca por ser sua madeira, conforme um dos pro-prietários da empresa, engenheiro agrônomo Canrobert Tormin Bor-ges, em entrevista ao jornal Cerra-do Rural Agronegócios, de maior valor agregado. Sua empresa traba-lha na produção de mudas, plantio por meio de arrendamento de áreas

e assistência técnica a silvicultores, clientes ou não. O empreendimen-to surgiu em 1979 como empresa de paisagismo, voltando-se para o ramo de produção de mudas de espécies madeireiras a partir de 2005. É, hoje, ainda conforme ele, a pioneira e a maior produtora de mogno africano no Brasil, aten-dendo a oito estados das regiões Centro-Oeste, Sul, Sudeste, Norte e Nordeste. São mais ou menos 4 mil hectares e mais de 200 clientes nes-ses estados, com áreas entre 1ha e 500ha. Há clientes que vão fazer o seu primeiro corte para comercia-lização daqui a 5 anos.

Por trás dessa empresa, Canro-bert Borges e seu sócio, o também engenheiro agrônomo João Augus-to, mantém outra, uma espécie de holding que atua no ramo de re� o-restamento e vendas de cotas. O em-preendimento, ainda de acordo com os dois empresários, deve fazer a sua primeira colheita daqui a 9 anos.

Em seu primeiro corte (des-baste), aos dez anos, quando se colhe 50% da produção, o mogno africano rende, conforme explica Canrobert Borges, 100m3 por hec-tare de madeira serrada. Já no se-gundo e último corte, entre 15 e 17 anos, o rendimento pode chegar a 200m3 por hectare de madeira serrada (veja no gráfico 1 o retor-no financeiro do mogno). O mer-cado alvo desse produto florestal é 100% brasileiro – e durante mui-tos anos -, conforme informações acima. “O Brasil importa madeira nobre”, frisa o produtor de mudas.

Esse negócio é crescente e com baixos riscos e tem chama-do a atenção também de grandes investidores no setor rural brasi-leiro, como Ricardo Tavares, co-nhecido no mercado do agrone-gócio como criador de empresas do ramo de alimentação, como a Suco Mais e o Café Três Corações, repassando-os à frente, com lu-cros fabulosos.

Ele é um dos grandes silvi-cultores brasileiros com foco no mogno africano e diz que investiu nessa cultura por levar em consi-deração que a população mundial está crescendo, chegará a 9 bilhões em 2050, e a demanda por madeira acompanha este crescimento.

Por que ele optou pelo mogno africano? Ele explica que viu plan-tações de teca em Mato Grosso e de mogno no Pará, chegando a conclusão que a espécie africana é que se desenvolve melhor. “A teca demora muito, são 25 anos. Escolhi o africano por ser o mais pareci-do com o brasileiro e não ter uma doença que divide a tora, prejudi-cando a rentabilidade”, explica ele a todos os que lhe questiona o por que de sua opção (veja no grá� co 2 comparativo de rendimento entre o mogno africano e outras espécies).

Canrobert Borges informa que o investimento para a implantação de uma floresta de mogno africa-no está entre R$ 4 e R$ 5 mil reais por hectare; os custos com manejo são de mais ou menos R$ 800 por hectare entre o primeiro e tercei-ro ano de cultivo. “A partir daí, ele cai para uma média de R$ 300 por hectare”, diz o empresário.

Mogno africano em início de ciclo na propriedade de Divino Alves de Queiroz: rendimento futuro de R$ 45 mil por hectare de madeira serrada

Pode se encontrar frutas de ótima qualidade entre aquelas que foram refugadas e que dão ótimas compotas

Ambiente e manejo devem ter rigoroso processo de higienização

“A teca demora muito, são 25 anos. Escolhi o africano por ser o mais parecido com o brasileiro e não ter uma doença que divide a tora, prejudicando a rentabilidade”

Compota de frutas, um bom negócio Agregue valor a sua propriedade fabricando compota

Da Redação

Para que a pequena propriedade rural produtiva obtenha mais lucros é necessário que se promovam ações de agregação de valores ao que ela produz ou por meio do

que há em excesso no mercado. Um desses complementos de

renda pode ser a da fabricação artesanal ou industrializadas de compotas para atender demandas nas entressafras.

E uma dessas muitas opções são compotas de frutas. Aqui, inicialmente, sugerimos o abacaxi, produzido em escala comercial, por agricultores familiares e empresa-riais, em algumas regiões dos cerrados do Norte e Nor-deste do Brasil, e cujo refugo – o que sobra da seleção

que vai para os mercados mais exigentes – tem preço bem acessível e é abundante.

Que tal conservar essa deliciosa fruta para vender e/ou consumir na entressafra?

Nossa fonte de orientação é uma das cartilhas da “Coleção Senar” (49), editada e publicada pelo Comitê Eleitoral do Ser-viço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR)

Comecemos explicando que compotas são conservas de frutas, com ou sem caroço; inteiras ou em pedaços, cozidas em calda ou xaro-pe e acondicionadas em vidros.

São conhecidas também por fru-tas ao xarope, quando o processo é desenvolvido com o branqueamento e adição da calda na fruta crua.

Antes de começar essa pequena agroindustrialização é necessário ter um local adequado, ou seja, bem arejado, dispor de luz natural e ar-ti� cial, com teto e piso revestidos com materiais laváveis, telas nas janelas e nas portas, e com água de boa qualidade.

Importante e necessário tam-bém que tenha instalações su� -cientes para a adequada recepção, seleção e preparo da matéria-prima e fabricação da compota, bem como instalações sanitárias e vestiário. Não se esqueça de fazer um pedi-lúvio na entrada. Não se preocupe com os custos, se o produto for bom, há mercado e o retorno é garantido.

Mas antes de iniciar todo este processo busque orientação na se-cretaria de Agricultura e no órgão de vigilância sanitária de seu município.

Depois de tudo isto pronto, siga as seguintes etapas:

HIGIENIZAÇÃOTenha a disposição, nessa mini

agroindústria, vassoura, bacia, água, sabão ou detergente biode-gradável, rodo, esponja e produto sanitizante. Comece a higienização obrigatoriamente pelo fogão e me-sas. Depois lave e enxágüe as pare-des – revestidas de azulejos ou cerâ-micas -, bancadas e piso utilizando água e sabão.

O processo de sanitização pode ser feito com produto a base de clo-ro ou iodo, seguindo as orientações do fabricante desses produtos.

Feito a mistura de um desses

SAIBA MAIS

Preparo da solução sanitizante (hipoclorito)(Para cada dez litros de água)

Concentração 3% 10% 12%Frutas maduras 2,0 ml 0,6 ml 0,5 mlFrutas intermediárias 2,5 ml 0,8 ml 0,6 mlFrutas verdes 3,0 ml 1,0 ml 0,8 ml

da agroindústria onde devem ser lavadas novamente em água cor-rente, antes de subemergí-las, du-rante cinco minutos, em solução sanitizante na quantidade necessá-ria a cobrir as frutas, de acordo com tabela. Após esse processo, volte a lavar as frutas em água corrente.

Agora conheça os tipos de caldas com as quais você pode trabalhar. Cal-da, como bem lembra os editores da nossa fonte, é “uma mistura de água e açúcar em concentração variável de acordo com a fruta a ser utilizada”.

Há dois tipos de caldas: a � na, que consiste na utilização de duas medidas de água para uma medida de açúcar ( por exemplo: 2 litros de água, 1 quilo de açúcar), e calda mé-dia, que é a utilização de uma medi-da e meia de água para uma medida de açúcar ( 1,5 litro de água e 1 quilo de açúcar).

Descasque as frutas, eliminan-do delas os olhos – aqueles ponti-nhos escuros. Corte-as em fatias re-dondas de um 1 cm de espessura. Se preferir, com um objeto cortante re-dondo, na espessura certa, remova o “miolo” das fatias. Coloque essas em escorredor, enxague-as em água fria – se o abacaxi estiver verde, faça isto com água quente. Coloque para escorrer novamente.

Próximos passos: passe álcool nas bancadas (ou mesa). Enquanto a calda é preparada – recomendável assim - faça o tratamento térmico dos vidros e tampas. Isto é feito por meio da fervura dos vidros e tampas em uma panela em cujo interior deve ser inserido um pano ou uma grade para que os vidros não se que-brem. Lave e enxágüe antes os vi-dros e as tampas antes de colocá-los na água a ser fervida com eles. Essa fervura deve ser por vinte minutos.

Proceda assim com todos os utensílios.

Na próxima edição, vamos en-trar nos processos de fabricação e envasamento do produto. Aguarde.

produtos com água, comece a sani-tização pelas paredes, depois ban-cadas e piso. Encha o pedilúvio e coloque nele a solução sanitizante.

Na fábrica você deve ter pane-las, facas inoxidáveis, escumadeiras, conchas, colheres, balança, escorre-dores, jarras graduadas, pinças, es-pátulas, panos limpos, seringa,vidros (que podem ser usados), tampas (necessariamente novas), colheres de madeiras e bacia – de plástico, inoxidável ou esmaltada.

Antes do processo de fabrica-ção das compotas, lave todos esses utensílios com água e sabão, colo-cando-os, depois, para escorrer.

Não se esqueça que o manipu-lador e demais pessoas envolvidas no processo devem estar em boas condições de saúde, usar unhas limpas e sem esmaltes; não usar pulseiras, colares e relógio; usar jalecos ou aventais, proteção para os cabelos e botas de borracha; lu-vas e máscara.

SELEÇÃO DAS FRUTAS Selecione a matéria-prima. Se

optar por adquirir as frutas descarta-das, os chamados refugos, pre� ra as melhores. Refugo não signi� ca que a fruta não pode ser aproveitada na sua totalidade. Elas apenas, geral-mente, foram descartadas por não atender aos critérios de tamanho, peso, beleza. Mas sua polpa pode ser de boa qualidade. Saiba esco-lher, tendo em mente que o intervalo ideal entre a colheita e a fabricação de compota deve ser de 12 horas, quando a fruta for armazenada em ambiente natural. Para cada lote a ser industrializado, escolha frutas de tamanho e cor semelhantes, isto vai dar uniformidade ao seu produto de forma padrão ou por cada lote.

PRÉ-FABRICAÇÃOComece pela pré-lavagem, que

deve ser feita em água corrente. Depois retire a coroa das frutas, levando-as a seguir para o interior

DIVULGAÇÃO

ACONTECE ALMANAQUE

2 |MAIO 2013 MAIO 2013 | 11

O Instituto de Desenvolvi-mento Rural do Tocantins (Ruraltins) reeditou, no mês

passado, em Combinado, no sudes-te do Estado. O Programa Quintal Verde que visa, nessa sua nova ver-são, a implantação de 500 hortas em todo o território tocantinense.Um dos objetivos dessa ação, de acordo com esse órgão de extensão rural, é “incentivar a horticultura e contribuir para uma alimentação mais saudável. A expectativa é que aproximadamente 80 mil famílias sejam bene� ciadas direto ou indi-retamente pelo Programa.

Estimular o cultivo e o consumo de hortaliças sem agrotóxicos “é pensar na saúde em longo prazo, pois o uso desses defensivos acar-retam muitas doenças, tanto para o produtor, que está em contato dire-to com o agroquímico, quanto para quem consome”, informa.

“A procura pelas hortaliças é

grande e chego a vender R$ 250 por semana. É trabalhoso, mas é grati-� cante, pois além de comer bem, ganho um bom dinheiro para o sus-tento de minha família”, assegura o pequeno agricultor José dos Santos, que vive deste tipo de cultura.

O Programa foi criado pelo Governo do Tocantins em 1990 e, segundo o Ruraltins, já bene� ciou famílias entre agricultores e popu-lação socialmente carente das zo-nas urbana e rural; estudantes da rede pública municipal e estadual; associação de produtores rurais; quilombolas e indígenas.

Os bene� ciados pelo Quintal Verde recebem do Ruraltins, de forma gratuita, sementes de cultu-ras como alface, cebolinha, couve, melão, pepino, berinjela, beterraba, cenoura, quiabo, rúcula, rabanete, melancia, salsa.

O órgão informa que o produtor interessado em receber orientações sobre a implantação de hortas e ao recebimento de sementes deve pro-curar o seu escritório mais próximo.

A volta do “Quintal Verde”Ruraltins “reedita” e lança programa no sudeste do Tocantins.Objetivo é implantar 500 horas em todo o Estado

Da Redação

CORREIO 24 HORAS.

AG

RO

FAM

ÍLIA

Projeto visa atender a mais de 80 mil famílias em todo o Estado, garante o Ruraltins

Mais de R$ 2 milhões contra a secaUm convênio da ordem de R$

2,2 milhões foi assinado na últi-ma dezena do mês de abril entre o Governo do Estado da Bahia e a Cooperativa Central dos Assen-tamentos da Bahia Ltda (CCA--BA), entidade que representa os assentados do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) da Bahia. O recurso será investido na execução de limpeza de aguadas nos assentamentos lo-calizados no semiárido. Três mil famílias serão bene� ciadas com esse recurso.

De acordo com o Governo baiano, a democratização do acesso à água de qualidade para o consumo humano em todos

os assentamentos do MST e de outros movimentos sociais da Bahia também é outra meta do leque de suas ações sociais, vol-tadas ao trabalhador rural. “O Ministério da Integração Nacio-nal e o Governo da Bahia, juntos, vão implantar sistemas de abas-tecimento para que os assenta-dos tenham acesso à água”, disse o secretário da Casa Civil do Go-verno baiano, Rui Costa.

Ainda de acordo com ele, os assentamentos terão maquinário exclusivo, outra iniciativa como parte das ações para a convivên-cia com a seca. “O ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, assumiu o compromisso

de apoiar os assentamentos com patrulhas mecanizadas”, afirmou. Ele explicou também que a de-cisão foi acordada naquela data, quando ele o secretário César Lis-boa, de Assuntos Institucionais, estiveram no Ministério, em Bra-sília, e apresentaram as deman-das do MST ao Ministro.

César Lisboa informou que o Instituto Nacional de Coloni-zação e Reforma Agrária (Incra) está preparando, junto à Uni-versidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), um convênio para que monitores acompa-nhem a qualidade da assistência técnica prestada. (Com infor-mações da Seagro-BA)

LENDAS BRASILEIRAS

A Mulher da Meia Noite,

também Dama de Vermelho

ou Dama de Branco, é um

mito universal, ocorrendo

nas Américas em toda a

Europa. É uma aparição, na

forma de uma bela mulher,

normalmente vestida de

vermelho, mas pode tam-

bém ser de branco. Alguns

dizem que é uma alma

penada que não sabe que

já morreu; outros a� rmam

que é o fantasma de uma

jovem assassinada que

desde então vaga sem rumo.

Na verdade ela não

aparece à meia-noite, e sim,

desaparece nessa hora. Muito

bela, parece uma jovem nor-

mal. Gosta de se aproximar

de homens solitários nas me-

sas de bares noturnos. Senta

com eles e logo os convida

para que a leve para casa.Encantado com tama-

nha beleza, todos topam

na hora. Entretidos, logo

chegam ao destino. Parando

ao lado de um muro alto ela,

então, diz ao acompanhan-

te: “É aqui que eu moro...”

É nesse momento que a

pessoa se cá conta que está

ao lado de um cemitério

e, antes que diga alguma

coisa, ela já desapareceu.

Nessa hora, o sino da igreja

anuncia que e meia noite.Outras vezes, ela surge

nas estradas desertas, pe-

dindo carona. Então pede ao

motorista que a acompanhe

até sua casa. E, mais uma vez,

a pessoa só percebe que está

diante do cemitério, quan-

do ela, com sua voz suave e

encantadora, diz: “É aqui que

eu moro, não quer entrar co-

migo? Gelado, da cabeça aos

pés, a única coisa que a pes-

soa vê é que ela acabou de

sumir diante dos seus olhos,

à meia-noite em ponto.

A Mulher da Meia Noite

Pra rir e fazer amor

SIMPATIA

RECEITA NATURAL

RELIGIÃO

Para acabar com qualquer vício

Receita para pés ressecados

*Clínica da alma

Você sabia que andar ou peda-lar por pelo menos cinco minutos melhora o humor e a alta estima? É o que mostra a revisão de dez estudos sobre esse assunto. Ou-

tra pesquisa recente indica que andar 30 minutos por dia reduz o risco de dificuldades masculinas na cama. Tu estás fazendo o que ai, parado?

Pegue um coco verde e faça um furo nele sem deixar cair a água. Num pedaço de papel branco cor-tado em forma de cruz, escreva o nome da pessoa viciada. Coloque esse papel dentro do coco e tam-pe o furo com vela quente. Enterre

esse coco embaixo de um coqueiro e diga: “Ofereço estas orações para o Anjo da Guarda de (dizer o nome da pessoa) para que ajude a deixar o vício (dizer o víci). Rezar três Pai--Nossos e três Ave-Marias. (Do site www.oguru.com.br)

Você vai precisar de 2 colheres de sopa de azeite

extra virgem; 2 colheres de sopa de mel; 4 colheres de sopa de açúcar 1 pedaço grande de plástico

� lme.

Como usar:Primeiramente, você deve fazer

uma esfoliação. Misture o açúcar e o mel até formar uma pasta grossa. Aplique o esfoliante nos pés, fazen-

do massagens circulares. Esfregue levemente com a ponta dos dedos e deixe agir por cerca de 10 minutos. Depois enxágue com água fria.

Em seguida, aplique o azeite de oliva na pele. Cubra os pés com um pedaço de plástico filme. Dei-xe descansar por pelo menos meia hora. Depois tome banho e lave a região normalmente. Repita o tra-tamento toda semana e em pouco tempo você perceberá que a pele está mais macia e suave. (do site: www.natural.enternauta.com.br )

Médico: Jesus CristoGraduação: Filho de DeusMédico auxiliar: Espírito SantoSua experiência: Infalível Sua residência-consultório: Em to-das as partesSua especialidade: O poderSeu favor: GraçaSeu livro de receitas: A BíbliaDoenças que cura: TodasPreço do tratamento: A Fé

Sua garantia: AbsolutaSala de cirurgia: O AltarSua dieta: Oração e jejumSeus exercícios: Boas obras e frutosHorário de consultas: 24 horas por dia

“Deus é que me cinge de força e aplaina o meu coração. Crê e torna possível o impossível”

* A pedidoAcabar, ou ao menos reduzir, cenas e cenários como este, é objetivo do convênio entre Bahia e Governo Federal

12 | MAIO 2013

CADERNO DO PEQUENO PRODUTOR RURAL

CADERNO INTEGRANTE DO JORNAL CERRADO RURAL AGRONEGÓCIOS

Um projeto caboclo para a criação de peixes em pequenas propriedades

TECNOLOGIA CAIPORA > PG 9 <

SILVICULTURA

> PAG 03 <

> PAGS 06/07/08 <

Um projeto caboclo para a criação de peixes em pequenas propriedades

“CRESCENTE VERDE”

Mogno africano apresenta-se como ótimo investimento na agricultura familiar

Ele vem de uma experiência de lon-gos anos na extensão rural, em proje-tos de irrigação e piscicultura e em três gestões da Secretaria de Agricultura do Tocantins. “Lá eu fazia uma agricultu-ra no atacado, aqui o farei no varejo”. Experiências e convicções do agrôno-mo Roberto Sahium, “o homem certo, no lugar certo e na hora certa”, confor-me opinam aqueles envolvidos com as agriculturas familiar e empresarial e que o conhecem muito bem.

Por determinação do prefeito de

Palmas, Carlos Amastha, ele assu-miu a Secretaria de Agricultura do município com a missão de trans-formar os setores produtivos rurais, descobrindo e fomentando vocações locais para tornar Palmas e entor-no auto-sustentável na produção de hortifrutigrajeiros, grãos, peixes, leite e outros produtos.

“Vamos promover um ‘Crescente Verde’ em Palmas, garante ele, numa entrevisa exclusiva para Cerrado Ru-ral Agronegócios.

Roberto Sahium mostra o lago de Palmas, um dos alvos de sua gestão para a produção de peixes

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Amar Sofrer Sonhar Respeitar

Amar Sofrer Sonhar Respeitar

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MAIO 2013 | 13

CAPA

“Competitividade exige efi ciência da Embrapa”Talvez as razões para a abertura

do capital da Embrapa estejam na visão dos sementeiros brasileiros, representados por sua associação de classe. Eles não são contra. Em entre-vista ao Cerrado Rural, o presidente da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), Narciso Barison Neto, diz vê com bons olhos a abertu-ra do capital social da Embrapa. Para ele, a iniciativa é muito positiva para as crescentes necessidades de inves-timento em pesquisa que se fazem necessárias para se manter o Brasil competitivo. A� nal de contas, diz ele, “a primeira vocação do nosso país é a agricultura. Ainda de acordo com ele, manter o foco da Embrapa somen-te em uma agenda social é um risco, “pois a tendência é diminuir as suas atividades, tendo em vista que os re-cursos para custeio e investimento se-riam provenientes do Estado. Ou seja, são poucos e nem sempre chegam a tempo e a hora”.

Sobre o papel da Embrapa jun-to aos setores produtivos rurais e às instituições privadas de pesquisas, como as fundações estaduais, Bari-son Neto diz acreditar que, apesar das limitações da estatal, ela tem feito o possível para atender as de-mandas na agricultura. Porém, diz, a crescente competitividade do setor, no Brasil e no mundo, exige mais e� -ciência e foco por parte da Embrapa. “Temos novos desa� os e a Embrapa tem sido solicitada cada vez mais. Pela sua importância estratégica, achamos que ela ainda pode desem-penhar um papel estratégico para o desenvolvimento do setor de semen-tes, por exemplo, que é o nosso caso”, frisa o sementeiro.

À exemplo das fundações pri-vadas de pesquisas nos estados, Barison Neto também se queixa do modelo de parcerias que há en-tre a Embrapa e essas instituições. Conforme ele, esse modelo, que já dura dez anos, necessita de uma atualização urgente, “e isso não está ocorrendo”. Ele lembra que o cenário do setor de sementes no Brasil está mudando muito rapidamente, em razão da chegada de novas tecnolo-gias, novas empresas de sementes, o que torna a competição mais acirra-da. “O agricultor está mais exigente, com razão, pois necessita competir com agricultores de outros países, que dispõem de tecnologias de últi-ma geração”. Dessa forma, continua o presidente da Abrasem, a Embra-pa tem um papel muito importante

nesse cenário, que é ser uma opção ao produtor de sementes brasileiro às grandes empresas transnacionais, que têm um grande poder de investi-mentos e, por consequência, de ge-ração de novas tecnologias. “Neces-sitamos trabalhar juntos, Embrapa e setor privado, focados e buscando, sempre, mais e� ciência. Mas este tem que ser o interesse de ambas as partes. O setor de sementes, por meio da Abrasem e suas associadas, tem esse interesse”, pontua.

Embrapa e as multinacionais de pesquisas e sementes. Uma tem con-seguido acompanhar a evolução das outras? Barison Neto diz acreditar que a estatal tem as suas di� culdades, principalmente por ser uma empresa pública. Entretanto, diz ele, tem um patrimônio enorme, que é o seu qua-dro técnico. “Acreditamos que reven-do seu modelo de parcerias, poderia a voltar a ser uma importante alterna-tiva para os produtores de sementes brasileiros”, aponta.

Algumas variedades de soja criadas pela Embrapa já estão ultra-passadas pelas variedades desen-volvidas pelas pesquisas privadas. Inclusive, há uma contradição nis-so: soja ciclo longo x safrinha. Essa questão é vista pelo presidente da Abrasem sob o seguinte prisma: conforme ele, o que acontece é que as empresas privadas trabalham com mais foco em resultados de curto prazo, têm mais agilidade para estar próximo do agricultor, para identi� car suas necessidades atuais. “O mercado busca soluções rápidas

e a Embrapa tem uma visão mais es-tratégica e de longo prazo. Ou seja, enquanto o mercado busca semen-tes que atendam as necessidades por resultados imediatos, as de ciclo pre-coce, por exemplo, a Embrapa vinha trabalhando com sementes de ciclo mais longo, com uma visão mais es-tratégica de produção”, explica.

Concluindo, sobre a proposta de abertura do capital da Embrapa para a iniciativa privada, o líder dos sementeiros brasileiros diz acreditar que pode ser uma opção interessan-te para que a Embrapa tenha recur-sos para ser mais ágil, e� ciente e, em consequência, voltar a ser competiti-va. Ele diz ainda não ter como dizer qual seria o modelo ideal de uma nova Embrapa. “Poderia ser simples transformação em uma empresa de economia mista. Temos exemplos de sucesso e e� ciência, como Banco do Brasil, Petrobrás, etc; ou se buscar criar uma subsidiária com essas ca-racterísticas. Mas o fato é que o país necessita de uma Embrapa com atua-ção destacada, ocupando um espaço signi� cativo no nosso mercado, pois isso é estratégico para um país cuja vocação primeira é agrícola, como o nosso”, � naliza o presidente da Abra-sem, Barison Neto.

A Fundação Bahia, com sede e origem no oeste desse Estado, tam-bém foi uma parceira da Embrapa e, embora, tenha rompido a parceria que existiu entre as duas entidades, seu atual presidente, Clovis Ceolin, preferiu emitir a seguinte nota para Cerrado Rural Agronegócios, quase

no mesmo raciocínio amenizador da Abrasem. Eis a nota:

“O Presidente da Fundação Bahia, o Sr. Clóvis Ceolin diz que a Embrapa

tem executado grande número de projetos de pesquisa agropecuá-ria, de onde resultaram novas tecno-logias, objetivando aumentar a pro-dutividade e melhorar a qualidade de diversas culturas no país.

A Fundação Bahia aposta em parcerias a exemplo da Embrapa para melhoria da produtividade e da qualidade nas lavouras do Cerrado baiano e isso tem se consolidado a cada dia. Houve um signi� cativo au-mento na e� ciência, e graças também a essa parceria é que os programas de melhoramento genético foram am-pliados, dinamizados e re� nados, permitindo a recomendação mais segura de um maior número e de melhores cultivares a cada ano. Com isso, estamos apresentando mais três novas cultivares de soja da parceria Fundação Bahia e Embrapa que são: BRS 8480; BRS 8381 e BRS 9080 RR e três que foram plantados por nossos sementeiros e que já estão no merca-do e são altamente produtivas - BRS 313 [TIETA]; BRS 314 [GABRIELA] e BRS 315 RR [LÍVIA].

Esse trabalho em conjunto entre as instituições de pesquisa e desen-volvimento é fundamental para ga-rantir o acesso do produtor às novas tecnologias. Ter a Embrapa como parceira da Fundação Bahia é somar forças e contribuir para o desenvol-vimento do nosso país e do mundo”

Milho híbrido: não como o produtor rural fazer reserva de sementes para a próxima safra

Sem recursos para pesquisas empresa vai perdendo terreno para as gigantes multinacionais

DIVULGAÇÃO

ENTREVISTA

14 | MAIO 2013

“Nosso leque é amplo”

Presidente da Estatal, Maurício Antônio Lopes, nega

decadência da empresa e diz que abertura de capital é

assunto que fi cou no passado, arquivado pelo Senado

Assim como ex-presidente da Estatal, Pedro Arraes, se manifestou, em resposta à

nossa reportagem, por ocasião do alerta do movimento campesino, o atual presidente, Maurício An-tônio Lopes, nega que a Embrapa esteja em processo de decadên-cia, rea� rma as parcerias e lembra que o Projeto de Lei que visava a

abertura do capital da Empresa foi arquivado pelo Senado. “Ele está sendo substituído por um Projeto de Lei que cria uma subsidiária da Empresa para dar mais agilidade às questões de inovação”.

Maurício Antônio Lopes res-pondeu aos questionamentos de Cerrado Rural Agronegócios, por meio e-mail.

CRA - A parceira entre Em-brapa e Monsanto tem sido mui-to questionada pelo setor rural brasileiro. Como a nçamento da Aliança Para Inovação Agropecu-ária. Trata-se de uma iniciativa da Empresa e do Consepa (Conselho Nacional dos Sistemas Estaduais

de Pesquisa Agropecuária), que visa revitalizar o Siste-

ma Nacional de Pesquisa Agropecuária. A aliança

reunirá 18 instituições estaduais e contará

com o apoio do Mi-nistério da Agri-cultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA e do Minis-tério da Ciência e da Tecnologia –

MCTI. A Aliança é uma

nova plataforma de pesquisa com estratégias compartilhadas, que vai possibilitar a constituição de novos portfólios e arranjos de PD&I, além de permitir à Embra-pa e às Organizações Estaduais de Pesquisa (OEPAs), a utilização compartilhada de infraestrutura, laboratórios multiusuários e cam-pos experimentais avançados.

CRA - Produtores reclamam também que a Embrapa incentiva muito a cultura de safrinhas (so-bretudo de milho). Porém, isso só é possível com o cultivo de soja de período curto, desenvolvida pelas grandes multinacionais e que cus-ta muito caro, o que seria uma “jo-gada” da Embrapa para bene� ciar essas grandes empresas. O que se-nhor tem a dizer disto?

Maurício Antônio Lopes -

Maurício Antônio Lopes: “Assertiva totalmente infundada”

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MAIO 2013 | 15

ENTREVISTA

Essa assertiva é totalmente infun-dada. Uma prova disso é que o pro-grama de melhoramento de soja da Embrapa optou por selecionar ma-teriais de ciclo médio e longo, em função da maior estabilidade e pro-dutividade. Mais recentemente, com a ampliação dos sistemas de milho as safrinha, a Empresa realinhou seu programa de melhoramento, justamente para oferecer outras op-ções aos produtores, e recentemente lançou cultivares de ciclo curto, que viabilizaram seu uso na safrihna. O papel da Embrapa sempre foi prover conhecimento e soluções tecnológi-cas para a composição dos sistemas produtivos e continuará desenvol-vendo diferentes cultivares, que aten-dam a real demanda dos produtores.

CRA - Ao longo dos 20 anos, gran-des empresas multinacionais têm ad-quirido pequenas, médias e grandes empresas de pesquisas e sementeiras, até culminar na parceria da Embrapa com a Monsanto, de certa forma, além de enfraquecer a livre concorrência,

reduziu o mercado sementeiro da Em-brapa. O que tem a dizer?

Maurício Antônio Lopes - A cres-cente participação dessas empresas no mercado de sementes não é um fenômeno exclusivamente brasileiro. Ele ocorreu em todos os países onde a agricultura atingiu um elevado nível de competitividade. Trata-se de uma nova realidade com a qual a Embrapa e outras empresas devem trabalhar. A parceria com as multinacionais repre-senta uma das frentes de atuação da Embrapa. Nós continuamos trabalhan-do para garantir uma participação es-tratégica nos mercados de sementes de commodities, que não será o mesmo do passado, pois a realidade é diferente. A Embrapa continua atuando fortemente em parceria com empresas nacionais, que são importantíssimas para levar as inovações aos produtores e também continuamos com vigorosos programas em outras áreas, onde a pesquisa públi-ca ainda tem um papel fundamental.

CRA - Um Projeto de Lei, o PLS 222/2008, visa a abertura de capi-

tal da Embrapa. Há quem veja nisto o início da privatização da empre-sa federal de pesquisas agropecuá-rias. O ex-presidente Pedro Arraes negou que o governo federal e a própria Embrapa tenha interesse nisso. Contudo, quem apresentou e quem relatou o projeto são liga-dos ao PT e, mais precisamente, ao então presidente Lula, período no qual o projeto foi apresentado. Qual a sua opinião sobre essas pos-sibilidades (abertura de capital e privatização)?

Maurício Antônio Lopes - Esse projeto, a suposta abertura de capital e a privatização da Embrapa são ques-tões sepultadas. O Senado abandonou o PLS 222/2008 e está trabalhando com um substitutivo que cria uma subsidi-ária da Empresa para dar mais agilida-de às questões de inovação. Trata-se de uma medida importante para fazer com que os resultados da pesquisa se transformem mais rapidamente em produtos para a sociedade e bene� -ciem inclusive as pequenas e médias empresas nacionais.

A realidade seria outra?

Mas a realidade mos-tra outra coisa: levada pe-los preconceitos e medo de ferir a esquerda, prin-cipalmente no momento em que ela está no poder, a Embrapa não avançou com as novas tendên-cias tecnológicas mun-diais, como o advento dos transgênicos, o que abriu espaço para as mega mul-tinacionais, a exemplo da Syngenta, Monsato e Bayer CropScience. De 2005 para cá, CTNBio (Co-missão Técnica Nacional de Biotecnologia) liberou 32 variedades de transgê-

nicos. Apenas duas culti-vares são da Embrapa.

Não só isso, enquanto as gigantes do setor de semen-tes investem algo em torno de R$ 2 bilhões por ano para pesquisa, a Embrapa conta apenas com R$ 200 milhões.

Qualquer iniciativa que venha a salvar a Embra-pa do ostracismo em que está caindo – orçamento maior, privatização ou sim-plesmente abertura de seu capital -, o agronegócio e a sociedade cientí� ca bra-sileiras vão � car devendo isso aos movimentos sociais ligados a terra.

Projetos como a Integração Lavoura-Pecuária, resultado de intensas pesquisas, revolucionaram a agropecuária brasileira

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16 | MAIO 2013

POLÍTICA

“O deputado já vai começar muito bem a administração com uma forte articulação com o MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário)."

Pasta certa com Titular erradoTocantins cria Secretaria para regularizar asituação de 2 milhões de terras.

Titular da Pasta é um ruralista, o que não agradou movimentos sociaisDa Redação

Regularizar dois milhões de hectares de terras em todo o Estado. Com este objetivo, o

Governo do Tocantins criou, no dia 22 de abril, a Secretaria de Desen-volvimento Agrário e Regularização Fundiária, substituindo o antigo Instituto de

de Terras do Tocantins (Iter-tins). Quem recebeu esta missão, foi o deputado federal Irajá Abreu, � lho da senadora e presidente da Confederação Nacional de Agricul-tura e Pecuária (CNA), Kátia Abreu.

“O deputado já vai começar mui-to bem a administração com uma forte articulação com o MDA (Minis-tério do Desenvolvimento Agrário). Será uma gestão importante para combater a desigualdade de distri-buição de terras no campo, incenti-var a produção de alimentos e gerar rendas”, disse o governador Siqueira Campos, ao dar posse ao seu novo auxiliar no primeiro escalão.

A nova Secretaria deve estar focada nas questões fundiárias e trabalhar para o desenvolvimento agrário do Estado. Irajá Abreu, que se elegeu deputado federal pelo PSD, assegura que a meta da Pasta será a regularização de proprieda-des rurais, tarefa que ele pretende fazer em parceria com o MDA. “A presença do Ministro aqui é algo muito signi� cativo, pois representa o apoio do Governo Federal para o cumprimento de nossas metas, que são muitas. É um grande desa� o que temos pela frente, teremos muitos trabalhos”, discursou o Secretário.

Por sua vez, o ministro Pepe

Vargas garantiu que o MDA estará “de braços abertos para fazer par-cerias que o Estado necessita, pois a missão dos dois órgãos é o de fo-mentar as políticas para a agricultu-ra familiar”, destacou.

Na oportunidade, o Ministro fez a entrega de 34 máquinas motoni-veladoras e retroescavadeiras a mu-nicípios tocantinenses com menos de 50 mil habitantes.

A senadora Kátia Abreu, uma das lideranças nacionais que esti-veram presentes à solenidade de posse de Irajá Abreu, disse enten-der que a nova Pasta vai atender

aos anseios dos produtores rurais tocantinenses. De acordo com ela, “ a � nalidade para a qual a pasta foi criada é fundamental para pro-teger as pequenas, médias e gran-des propriedades. Além disso tem a meta de incentivar a agricultura familiar levando tecnologia e a ino-vação para o campo”

TRANSFERÊNCIA DE RESPONSABILIDADE Outra missão a ser assumida

pela nova Secretaria, conforme Irajá Abreu, é � rmar um termo de cooperação técnica com o MDA,

passando para o Estado a compe-tência de operar o programa de regularização das terras da União, atualmente sob a responsabilidade do Incra. No Tocantins, são cerca de 3 milhões de terras em condi-ções irregulares.

Há previsão, também, da ade-são ao Programa Papel Passado, do Ministério das Cidades, com vistas ao apoio a projetos de regularização fundiária sustentável de assenta-mentos informais em áreas urbanas. Para a primeira etapa deste Progra-ma no Tocantins, segundo informa-ções do Secretário, já foi assinado um convênio de R$ 7 milhões com o MDA. “E vamos articular para as-sinar outro convênio no valor de R$ 10 milhões para a segunda etapa da regularização”, arrematou.

RESISTÊNCIA A nomeação de Irajá Abreu à

uma Pasta criada para cuidar das questões agrárias não teve a aprova-ção dos movimentos sociais ligados a questão agrária. Pastoral da Terra e MST repudiaram veementemente essa decisão de Siqueira Campos. Para os representantes do MST no Tocantins, “a Secretaria não veio para atender a demanda de um ne-nhum movimento social, mas foi criada apenas para bene� ciar os ru-ralistas e viabilizar aberturas de cré-ditos para os grandes produtores.

EXTINTOO órgão extinto, para dar lugar a

nova Secretaria, tinha uma estrutura pesada e era sempre acusada de irre-gularidades, inclusive de cobrar altas propinas para resolver demandas agrárias. (Com informações da ATN).

Irajá Abreu é empossado pelo govenador Siqueira Campos, sob a observação de sua mãe, o ministro Pepe Vargas e demais autoridades

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SEMENTES E MUDAS

Palmas será sede de Encontro A Comissão de organização

do Encontro das Comissões de Sementes e Mudas das

Regiões Centro-Oeste, Norte e Nor-deste do Brasil, que será realizado na Capital deste Estado, entre os dias 11 e 14 de junho, deu início, no dia 22 deste mês, às discussões pre-liminares do que será este evento.

A Comissão é presidida pelo presidente da Comissão de Semen-tes e Mudas do Tocantins (CSM--TO), Marcino Pereira Lima, e tem como membros Ana Luíza, repre-sentando o Instituto de Extensão Rural do Tocantins (Ruraltins); Paula Lobo, do SEBRAE-TO; José Dourado – secretário Executivo da Comissão -, da Superintendência do Ministério da Agricultura no Tocantins; Marcelo Cunha, da Em-brapa Pesca e Aqüicultura, a mais nova unidade da estatal brasileira de pesquisa, com sede em Palmas, e Ingergleice Machado, represen-tante da Agência de Defesa Sanitá-ria do Tocantins (Adapec).

O evento será lançado, o� cial-mente, com a presença do supe-rintende do MAPA no Tocantins, Jalbas Manduca, pela Secretaria de Agricultura do Tocantins (Sea-gro), Superintendência Federal do Ministério da Agricultura no To-cantins (SFA) e CMS no dia 10 de maio, as 10 horas, durante a Agro-tins 2013.

Conforme o presidente da CSM, Marcino Pereira Lima, o En-contro tem como objetivo impul-sionar a boa qualidade e padrão das sementes e mudas da agricul-tura tocantinense. “A intenção do evento é mostrar os conhecimen-tos e as tecnologias aplicadas na produção de sementes e mudas que são utilizadas nas culturas do setor produtivo. A semente de qua-lidade de hoje é o alimento saudá-vel de amanha”, disse.

O Encontro está sendo organi-zado e será realizado pela CSM-TO e a Superintendência Federal do Ministério da Agricultura (SFA) no Tocantins, em parceria com esses órgãos e mais a Ordem dos Advoga-dos do Brasil – Secção Tocantins; Mi-nistério da Agricultura, por meio de sua Superintendência no Tocantins; secretarias de Agricultura de Palmas (Sagri) e do Estado do Tocantins (Se-agro); Associação dos Engenheiros

Agrônomos do Tocantins; IBAMA; Naturatins; CNA; Faeto; Faet; UFT; Católica do Tocantins; OCB-TO; Uni-tins; Associação dos Produtores de Sementes de Arroz de Lagoa da Con-fusão (TO) e FUNAI.

O Encontro estará focado nas seguintes questões: a atual situ-ação do setor no Brasil; a revita-lização do Sistema Nacional de Sementes e Mudas; a disponibili-zação de recursos técnicos e cientí-� cos ao setor de sementes e mudas dessas três regiões brasileiras; bus-ca de novas tecnologias resistentes às adversidades climáticas, cada vez mais críticas.

A programação está sendo cui-dadosamente elaborada, visando a atender os anseios dos setores de produção de sementes e mudas nessas regiões brasileiras e demais parceiros.

SOBRE A CSMA Comissão de Sementes e Mu-

das do Tocantins é uma entidade ligada ao MAPA – Ministério da Agricultura, da Pecuária e Abaste-cimento e a Adapec – Agência de Defesa Agropecuária. Tem o papel de assessorar na qualidade das se-mentes e mudas produzidas e cul-tivadas no Estado.

Ficha técnicaMAIS INFORMAÇÕES PODEM SER OBTIDAS POR MEIOS DOS TELEFONESPresidente da CSM – Marcino Pereira (063 - 8416-1005)Secretário executivo – José Dourado Júnior (063 - 3219-4370)

OU PELOS SEGUINTES ENDEREÇOS ELETRÔ[email protected]@[email protected]

A assessoria de imprensa e comercialização de stands no local do Encontro estão a cargo da Cerrado Editora, Comunicação e Marketing.

FONES:(63) 3224-3298 | 9188-0311 | 8425-2082 | 9975-5167

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MÁRCIO DI PIETRO/SECOM-TO

Tocantins tem um dos maiores e melhores campos de produção de sementes no Brasil: o Projeto de Irrigação Rio Formoso

18 | MAIO 2013

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Pátio Multimodal da Ferrovia Norte-Sul em Porto Nacional é alvo de investimentos pesados, como a central de distribuição da Petrobrás

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Município é alvo de grandes investimentos

Ferrovia Norte-Sul: “Boom” econômico leva Porto Nacional a articular a criação da Zona Especial de Negócios

A unidade da BR Distribuidora, no Plataforma Multimodal da Ferrovia Norte-Sul, em Luzi-

manges, distrito de Porto Nacional, maior obra do gênero no País de uma subsidiária da Petrobrás, entra em funcionamento em agosto com capacidade para 34 milhões de litros de combustíveis, dando vida àquele pátio ferroviário, empreendimen-to em fase de conclusão, mas que mesmo sem operação, já responde ideologicamente por parte do surto empresarial que surpreende a cida-de centenária, e faz a administração municipal portense vislumbrar o 1º lugar em industrialização no âmbito do Estado, bem como ocupar o posto de 3º município em importância es-tadual, emparelhando com Gurupi, atrás apenas de Araguaína e da Ca-pital, Palmas.

Assim, para não ser surpreendi-do pelo turbilhão de demandas que toma corpo, uma equipe avançada da Prefeitura de Porto Nacional, tendo o prefeito Otoniel Andrade à frente, viajou à cidade carioca de Rio das Ostras para conhecer o funcionamento da Zona Especial de Negócios daquele município, e se convenceu que é possível, em pouco tempo, implantar a ZEN na região da plataforma. Mesmo por-quê, explica a assessoria do Prefeito, “assim, conforme o modelo estuda-do, organiza-se a implantação do parque industrial sem agressão ao meio ambiente, enquanto permite--se abrigar nas proximidades, com absoluta qualidade de vida, os bair-ros de moradia que estão surgindo”. Aliás, é na região de Luzimangues que 34 mil lotes foram comerciali-zados nos últimos anos, com o � to de servir de válvula de escape da população de Palmas, submetida a pressão in� acionária habitacional típica de capital em ascensão.

Por um lado, de acordo com a as-sessoria de comunicação da Prefeito de Porto, “é desta forma que a admi-nistração do município demonstra que não está subestimando o momen-to econômico que surge com vanta-gem para Porto Nacional no embalo das atividades do mega projeto da Petrobrás, na área de Luzimangues, uma vez que foi planejado para ali-mentar integralmente os postos de combustíveis implantados num raio de 500 km da base - fazendo circular diariamente centenas de caminhões contendo o produto, que antes tinham que buscar o combustível a 800 e 600 km de distância em Anapólis-GO, ou Açailândia-MA – sem contar que junto com BR Distribuidora uma dezena de projetos empresariais tomam tento na região, dando vida de� nitiva ao pátio de transbordo principal da Ferrovia Norte Sul, no Tocantins.

Depois da subsidiária da Petro-brás, será a vez de entrar em opera-ção a unidade distribuidora da Total Distribuidora de Combustíveis, e

nesta � la operacional surgem ainda as plataformas congêneres da Raiz (francesa) e da Cosan (ex-Esso). Tais empresas de distribuição ainda vão colher os benefícios dos asfaltos novos que acabaram de ser coloca-dos pelo poder público na faixa ro-doviária de 60 km no sentido norte

até Barrolândia (rumo ao norte do Tocantins, Pará e Maranhão), bem como até então, no sentido geográ-� co contrário, terá chegado ao � nal as obras de asfaltamento dos 70 km de outra rodovia em solo portuen-se – completando linha paralela à margem esquerda do Rio Tocantins até o pé oeste da ponte de Porto, dali abrindo caminho com folga na redução de distância para o sul do Estado, � cando fora do trânsito re-lativo a capital tocantinense.

Ainda de acordo com a Asses-soria de Comunicação de Porto Nacional, “apesar de importante, entretanto, nem de longe a idéia de atender as urgências logísticas da plataforma multimodal ocupa so-zinha a mente dos administradores do município de Porto Nacional.”

A Assessoria explica ainda que no início do mês de abril, o secretá-rio municipal da Indústria e Comér-cio, Luzo Albateno, em entrevista, con� denciava: “Até comentei com o prefeito Otoniel, que se continu-

asse desta forma, vamos é ter que contratar funcionários tradutores bilingues para auxiliar o gabinete, particularmente na recepção”

É que, conforme a administração daquele município, “agora não rece-bemos mais apenas os empresários goianos, paulistas, ou nordestinos que antes nos procuravam quase que exclusivamente. Agora, além deles, estamos recebendo é princi-palmente os europeus, espanhóis, italianos, ingleses, interessados em implantar negócios no âmbito do nosso município. Alguns chegam com os projetos prontos, faltando apenas o desembaraço normal que uma empresa demanda.”

Aliás, segue, a própria ferrovia, em fase � nal de construção no trecho até Anápolis remete, frequentemen-te, até Porto Nacional, os seus par-ceiros empresariais, alguns, inclusi-ve, também de outras nações: “Hoje, (quarta, 3/04) recebi empresários espanhóis da empresa AZVI, tendo a frente o diretor Andrea Tremar. A empresa veio se apresentar pois está trabalhando na região, dado que ga-nharam licitação recente para � nali-zar o trecho ferroviário até Anapolis, Goiás, e está montando seus cantei-ros de obras. O prefeito aproveitou para pedir agilidade, pois para nós quanto mais rápido terminarem o último trecho melhor ainda.”

Na terça-feira, (02/04), com ou sem funcionário bilingue coletava--se do gabinete do Prefeito sons seguros da língua italiana. Eram entusiasmados empresários italia-nos apresentando, via profusão de imagens grá� cas mega projeto em-presarial para a área do lago. Porém, cautelosos com a concorrência, pe-diram sigilo, e a prefeitura, como sempre faz, acata o pedido, aliás, um pequeno detalhe na opinião do secretário, interessado em abrir frente de empregos imediato que bene� cie a mão de obra urbana da sua cidade centenária.

Da Redação

“Até comentei com o prefeito Otoniel, que se continuasse desta forma, vamos é ter que contratar funcionários tradutores bilingues para auxiliar o gabinete, particularmente na recepção”

MAIO 2013 | 19

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Secretário da Agricultura do Maranhão e Ministro

O prefeito do Município, Otoniel Andrade, recebe empresários italianos em seu gabinete

Economia diversifi cada

Localização estratégica privilegiada

De qualquer forma, não é ape-nas de novos empresários que constituem a economia de Porto Nacional, com rebanho bovino de destaque se aproximando das 200 mil cabeças, e com fantástica safr

a de grãos (soja e milho), que dobrou nos últimos anos, e que em 2012/13, contabilizou 30 por cento a mais da sua área plantada. No caso da pecuária, e também em função dos rebanhos dos municípios vizi-nhos, busca-se a industrialização da carne, havendo interesse na região por parte da mega empresa Friboi.

Enfim, a idéia é abrir espaço para a industrialização incenti-vando os mecanismos de agrega-ção de valor aos produtos. Eis que como carro chefe deste ideário de proposta surge a empresa Granol,

que no início da semana, aparecia nos noticiários oficiais buscando e obtendo o apoio do governo do Estado, para que o Banco da Ama-zônia apressasse os procedimen-tos do financiamento de R$ 250 milhões, recurso capaz de promo-ver a construção da base indus-trial moageira de soja no distrito industrial de Porto Nacional, 10 km da cidade.

“O município já cedeu a área aproximadamente 60 mil metros quadrados para que implantem a unidade moageira. Sei que estão com bastante dinamismo. Semana passada recebi a equipe de enge-nharia industrial deles, com três engenheiros preparando o local para a parte da esmagadora. Estão viabilizando a construção também

na parte documental. Ora, imagi-ne a quantidade de empregos que vai surgir deste empreendimen-to?.” Completou o secretário Luso, a� rmando, contudo, que há muito interesse também nos pequenos e médios empreendimentos, pois são capazes de oferecerem ocupação imediata para mão-de-obra.

É o caso, por exemplo, da Bio-diesel, que retomou seu funcio-namento, está dando certeiros 40 empregos, mas seu sistema de lo-gística ocupa inúmeras pessoas, desde caminhoneiros, até os ven-dedores de alimentação.” Porém, informa, o potencial do município, querendo ou não, remete aos gran-des negócios, como exempli� ca ao falar da própria Granol.

Luzo interpreta que o que está

pesando positivamente para o “boom” econômico do município está ligado diretamente a posição estratégia geográ� ca de Porto, seja a proximidade com Palmas, o maior centro consumidor do Estado, seja a relação direta com o escoamento que permite a BR 153 (Belém-Brasí-lia). “ Porto Nacional transformou--se em ponto logístico para aqueles produtores que se preparam para exportar produtos, via ferrovia, em direção ao exterior, via Porto de Itaqui, no Maranhão, aliás, unida-de portuária que possui o segundo maior calado do Mundo, perdendo apenas para o Porto de Rotherdâ, na Holanda. Ou seja, a Ferrovia Norte Sul com o pátio de Porto Nacional criou perspectivas favoráveis no mundo empresarial, até interna-

cional, como relatávamos, que tem visão de logística, e que necessita de localidade centralizada.”

Logo, o secretário enumera que Porto Nacional exibe vantagens: “Imaginem, não é só rodovia e fer-rovia, exibimos bem outros todos os meios de transportes, como é o caso do aeroviário, temos no muni-cípio um aeroporto completo e bem equipado, e ainda em vias de ser ampliado, sem falar que o Aeropor-to de Palmas situa-se em nossa di-visa. E no modal hidroviário, vamos ser logo bene� ciados pelo projeto da hidrovia, uma vez que somos abençoados com muito mais de 100 km de Rio Tocantins, e com a maior parte do espelho de água do Lago de Lajeado está dentro dos nossos limites municipais.”

A posição estratégica, então, está sendo reforçada por outros ce-nários da economia nacional, como explica o secretário Luso: “Veja, en-tão, além da produção de grãos em rápida ascensão, mais a produção em vias de maturação através da entrada dos grandes projetos indus-triais o município colhe frutos da convergência em direção da Porto Nacional, da produção ampla dos estados produtores, situados numa faixa de 400 km daqui. É o caso da região de Luis Eduardo Magalhães, no oeste da Bahia, escoando pro-dução pelas nossas vias, e com ten-dência a processar soja por aqui – com a implantação logo da moa-geira da Granol.

Daí, a certeza para Luso: “Por-to nacional, de município agrícola vai se tornar maior município in-dustrial do estado. Além da logís-tica, possuímos recursos naturais em abundância, nossas terras são planas e boas. Estamos reforçan-do nossa política municipal agora aberta para desenvolvimento, tra-duzindo, criamos força e vontade política de trabalhar a situação que se apresenta. Ele analisa o pa-pel econômico, por exemplo, da atuação em alguns meses da BR Distribuidora.

“Ora, avalie que hoje os centros de abastecimento de combustível estão concentrados em Anápolis, Goiás, e Açailândia, no Maranhão. Então, esta logística é feita de modo

rodoviário, exclusivamente, agora, com a � nalização da Ferrovia vai ser abastecido de ferroviário. Ou seja,

o varejista vai pegar o caminhão e se dirigir a plataforma ferroviária daqui, para buscar o combustíveis,

portanto, não precisará viajar 600 a 750 km que ida e volta, representa-ria 1.200/1500 quilômetros. Então,

vai diminuir a questão do custo do combustíveis, reduzindo o tempo, desgaste do veículos etc

Explica que com a Zona Espe-cial de Negócios terá instrumento para viabilizar e organizar todo o desenvolvimento industrial dentro do município, ou seja, “fazer com que a parte de industrialização não venha desordenada, criando áreas especí� ca, seja de âmbito adminis-trativo, seja a infraestrutura de es-goto, asfalto, energia, restaurante, parte de tratamento o de resíduo sólido, e todo o parque industrial, e além disso parte de energia, capaz atender altas demandas dentro da zona industrial.

Alias, a ZEN permite a conver-gência em termos de sistemática de gestão de planejamento indus-trial, para que não se instale uma determinada indústria, empresa poluidora dentro de uma área in-dustrial. “Adianto que existe toda sistemática legal de processo para meio ambiente, tratamento de re-síduos. Outro dado interessante é o que prevê a existência de escola para preparar mão de obra, porque vamos implantar percentual ne-cessário de mão-de-obra do nosso próprio município, ou seja, então, queremos incentivar nossos traba-lhadores a serem inseridos no pro-cesso de industrialização,” informa. (*Com informações da Assessoria de Imprensa de Porto Nacional/Márcio Raposo)

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LDIN

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20 | MAIO 2013

AGROVITRINE

Vai começar a maior feira agrotecnológica do Norte

SEAGRO-TO

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Vista área do complexo Agrotins: tudo pronto para o grande show agrotecnológico

Empresários mostram projeto ao secretário Jaime Café (de camisa azul)

Começa, neste 7 de maio, a 13ª edição da maior feira agrotecnológica da região

Norte do Brasil, Agrotins (Feira de Tecnologia Agropecuária do To-cantins). O tema deste ano é cor-relato a segunda vocação rural do Estado: “Pecuária com Tecnologia e Sustentabilidade”.

A mostra, desde sua segunda edição, é realizada no Complexo Agrotins, zona rural da Capital do Tocantins. Organizadores esperam a visita de 75 mil pessoas, mais de 3 mil a mais em relação a Feira do ano passado; 450 expositores, ultra-passando os 432 de outrora e um fa-turamento nessa mesma proporção de crescimento, R$ 350 milhões.

Sobre o tema deste ano, o secre-tário de Agricultura do Estado, Jai-me Café, argumenta que, a pecuária teve um papel fundamental para o desenvolvimento do agronegócio do Tocantins, possibilitando visibi-lidade nacional ao Estado, uma vez que o rebanho tocantinense – supe-rior a oito milhões de cabeças – está entre os dez maiores do Brasil.

“No ano passado, a Agrotins já

foi um sucesso, mas este ano temos o desa� o de fazer um evento ainda me-lhor”, a� rmou Jaime Café. Segundo ele, a área da Feira, que foi ampliada em 12 mil m2 este ano, atende a uma demanda dos expositores e do cresci-mento do evento. A área de exposito-res da Agrotins será de 612 mil m2.

A Agrotins é promovida pelo Go-verno do Estado, por meio da Seagro e suas instituições vinculadas (Rural-tins, Adapec e Itertins), em parceria com instituições públicas, iniciativa privada e entidades de classe ligadas ao setor agropecuário.

Comenda do Agronegócio – Por ocasião da realização da Agrotins 2013, seis pessoas ou entidades se-rão homenageadas com a “Comen-da do Mérito Agropecuária”, uma iniciativa da Assembléia Legislativa do Tocantins e que deverá ser en-tregue por representantes dos Três Poderes do Estado. A honraria é um reconhecimento público àqueles que, por meio de suas ações, pes-quisas ou trabalhos tenham contri-buído, de forma relevante, para o fomento do agronegócio do Estado. (Com informações da ATN)

Potencial de Lagoa da Confusão para arroz atrai investimentoA Companhia de Distribuição

Araguaia (CDA), vai construir em Lagoa da Confusão, região de vár-zeas e maior produtora de Arroz no Estado, uma indústria de bene� cia-mento, secagem e armazenagem de arroz. O Projeto foi apresentado ao Governo do Tocantins, por meio da Secretaria de Agricultura (Seagro).

A companhia informou que se sentiu atraída pela região devido aos investimentos que o Governo do Estado realiza através do Prodo-este (Programa de Desenvolvimen-to da Região Sudoeste) e que deve incrementar a produção local com a expectativa de produzir 648 mil toneladas de grãos, por meio do sis-tema de irrigação e subirrigação.

A CDA, que é a segunda maior empresa do segmento no país, já possui duas indústrias no Tocantins, sendo uma em Paraíso e outra em

Gurupi. A proposta dos executivos é investir R$ 30 milhões no novo em-preendimento, gerando mais de mil empregos diretos e outros três mil indiretos, além do incentivo para aumento da produção local de arroz. Conforme o diretor da CDA, José Ni-valdo de Oliveira, a unidade será a maior das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do País. “Nós sabemos muito bem onde estamos, onde que-remos chegar e como chegar. Para crescermos precisamos dessa uni-dade. Já temos um planejamento do que fazer com este produto. Agora com a parceria do Governo do Esta-do poderemos colocar o Tocantins no mercado de arroz”, ressaltou.

Segundo o projeto de constru-ção, a capacidade de armazena-gem e secagem da nova indústria será de cem mil toneladas. A CDA é responsável pela distribuição do

arroz e feijão das marcas Tio Jorge, Gol, dentre outras. “Hoje o arroz do Tocantins compete em qualidade com qualquer outro do país, não deixando nada a desejar”, declarou José Nivaldo.

Os empresários discutiram ain-da com os secretários formas de in-centivos � scais para a indústria. “É desejo nosso e também do gover-nador Siqueira Campos que novas empresas se instalem no Tocantins, que gerem renda e emprego aos nossos trabalhadores, e contribuam para o desenvolvimento local”, des-tacou Café.

O Tocantins produz cerca de 407 mil toneladas de arroz ao ano, sendo os municípios de Lagoa da Confusão e Formoso do Araguaia os maiores produtores, responsáveis por 70% dessa produção. (Assesso-ria Seagro-TO)

MAIO 2013 | 21

RECREIO

RECEITA DO CERRADOAGROHUMOR

CAUSO

INGREDIENTES

2 copos de 200ml de farinha de trigo

2 copos de 200ml de

farinha de jatobá1 copo (200ml) de açúcar

4 ovos10 colheres de sopa

de coco ralado1 colher de sopa de

fermento em póAdicionar leite até

o ponto de enrolar

MODO DE FAZER

Misturar todos os ingredien-

tes e amassar. Formar tiras e

cortá-la no tamanho desejado.

Levar as rosquinhas ao forno,

até dourarem. Quando as

rosquinhas estiverem assadas,

passar calda de açúcar e depois

polvilhá-las uma a ma, com

coco ralado. (Do site da Supe-

rintendência de Água e Esgo-

to de Ituiutaba (MG) http://

www.saeituiutaba.com.br )

Rosquinhas de jatobá

A chegada do trem no campo

O fazendeiro estava pagando trezentos reais pra quem conseguis-se pegar a onça que tava comendo os bezerros da fazenda. Apresen-tou-se um compadre pobre e foi se oferecendo pro serviço. Magrinho, sandália japonesa, chapéu de pa-lha, lá foi ele fazenda a dentro. Cer-ta hora deu de cara com a pintada. Danou-se a correr, e a onça atrás.

O fazendeirão tava sentado na varanda quando o compadre po-bre chegou correndo e perseguido pelo felino. Por sorte, na hora que a onça deu o bote, ele tropeçou numa pedra e caiu. A onça voou por cima e caiu no terreiro, bem em frente a porta do fazendeiro. Ai o caçador de onça gritou: - Segura essa ai, com-padre, que eu vou buscar outra!

No � nal dos anos 40, início de 50, empenhava o Exército brasilei-ro, com seu trabalho ferroviário, em completar a ligação de Porto Alegre a São Paulo. E os trilhos iam cortan-do os Campos de Cima da Serra na região de Vacaria em direção à La-ges. E lá passavam pelos campos de grandes fazendeiros.

Pela fazenda da Jaguatirica, de propriedade dum tal de Herculano, que morava em Porto Alegre, deter-minou a construção de alambrados no decorrer da cerca, para proteger o gado, antes que cegasse o tal de trem.

Vindo de Porto Alegre, inspecio-nou o serviço e viu que não ia dar tempo: antes de terminar a cerca se-ria inaugurada a linha do trem! En-tão ele resolveu contratar diversos posteiros, para que, sabendo quais os rumos, os dias e horários em que trem deveria passar, cuidassem de afastar o gado de perto dos trilhos.

Assim que, entre os postei-ros, arranchou-se um tal de Chico

Manco, tido como vadio e muito conservador. E, já na primeira via-gem, deu-se a tragédia! Veio o trem e atropelou mais de uma dezena de cabeças de gado. Sabedor da má notícia, o Dr. Herculado foi aos fun-dos da fazenda tirar satisfações do Chico Manco:

- Mas como foi isso, Chico?

- Olha, Dr... tivemo sorte!- Como tivemos sorte?! Vem o

trem e, na primeira viagem, lá se vão quinze cabeças de gado?!

- Tivemo sorte, dotô Herculano, pois o bicho resolveu cruzá de cumpri-do! Pois se ele vem de atravessado não sobrava nem um prá lhe contá a histó-ria. (Bernardete Angela Manosso)

22 | MAIO 2013

ENTRETENIMENTO

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

Solução

www.coquetel.com.br © Revistas COQUETEL 2012

BANCO 79

VABTDINAMISMO

VICIOSAIRNEONILRHBISCATE

TEASREDMICOSEIME

REFEITACONNFIXO

UVAADSNIACICART

AVALFURTARONUISRO

ADICIONALMALEVOLENTE

Filho dejaponesesnascidono Brasil

Litro(símbolo)

“O Que ÉQue a

Baiana (?)”, música

(?) Hot Chi-li Peppers,banda de

rockInstituto

Militar de Engenha-ria (sigla)

Qualquerinfecçãocausada

por fungos

O (?) daquestão: o ponto

essencial

Realizadanova-mente

(a tarefa)

Robinson (?), náufra-

go daLiteratura

Monte (?),ponto cul-minante

da Turquia

Roubar;surrupiar

(?)Pitanguy,cirurgiãoplástico

Sigla doestado de

capital Porto Velho

Nêutron(símbolo)

Avalanche

AnnoDomini(abrev.)

Errolinguísticorecorrente

(?)-verde, soldado de elite dos EUAEscola formadora de comerciários

Empregoinformal

Saúda coma mão

A construção maiselevada do aeroportoRelativos à remune-ração do trabalhador

14-(?), banda da MPBque gravou “PlanetaSonho” e “Todo Azul

do Mar”

Propenso a desejar mal a outrem

Protago-nista de“Matrix”Chá, eminglês

Cargo de Michel Te-mer no Governo DilmaSignificado da pala-vra inglesa “cash”

Qualidadedo empre-endedor

1.000, emromanosAusen-tar-se

Travor docaju

Arte, eminglês

Fruto daparreiraGarantia

contratual

Acessório

Órgão quenão auto-rizou os

ataques àLíbia em

2011

Imobi-lizadoÁrduo;

laborioso

Fase decontrole

dos esfínc- teres (Psic.)

F I X O

3/art — neo — red — tea. 6/crusoé — micose. 12/dinheiro vivo.

MAIO 2013 | 23

PUBLICIDADE

Para uma atividade tãofundamental à segurançaalimentar, toda a nossa dedicaçãopor meio de um espaço próprio

CADERNO DO PEQUENO PRODUTOR RURAL

CADERNO INTEGRANTE DO JORNAL CERRADO RURAL AGRONEGÓCIOS

Um projeto caboclo para a criação de peixes em pequenas propriedadesTECNOLOGIA CAIPORA > PG 9 <

SILVICULTURA

> PAG 03 <

> PAGS 06/07/08 <

Um projeto caboclo para a criação de peixes em pequenas propriedades

“CRESCENTE VERDE”

Mogno africano apresenta-se como ótimo

investimento na agricultura familiar

Ele vem de uma experiência de lon-

gos anos na extensão rural, em proje-

tos de irrigação e piscicultura e em três

gestões da Secretaria de Agricultura do

Tocantins. “Lá eu fazia uma agricultu-

ra no atacado, aqui o farei no varejo”.

Experiências e convicções do agrôno-

mo Roberto Sahium, “o homem certo,

no lugar certo e na hora certa”, confor-

me opinam aqueles envolvidos com as

agriculturas familiar e empresarial e

que o conhecem muito bem.

Por determinação do prefeito de

Palmas, Carlos Amastha, ele assu-

miu a Secretaria de Agricultura do

município com a missão de trans-

formar os setores produtivos rurais,

descobrindo e fomentando vocações

locais para tornar Palmas e entor-

no auto-sustentável na produção de

hortifrutigrajeiros, grãos, peixes, leite

e outros produtos.“Vamos promover um ‘Crescente

Verde’ em Palmas, garante ele, numa

entrevisa exclusiva para Cerrado Ru-

ral Agronegócios.

Roberto Sahium mostra o lago de Palmas, um dos alvos de sua gestão para a produção de peixes

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CRÔNICA & CAUSOS

24 | MAIO 2013

Cada um oferece o que temEu não tenho a vasta experiên-

cia de vida de um sênior, mas também não sou inocente

como uma criança. Acho que os 22 anos de vida me conferem um pou-co dos dois.

Apesar de não ser o que costu-mamos chamar de meia idade, ain-da assim atrevo-me a dizer que a gente deseja ao próximo aquilo que existe dentro de nós, o que faz parte do nosso ser. Seria um grande para-doxo desejar o mal, se em mim flo-resce o bem.

É como querer justificar a busca pela paz por meio da guerra. Não faz sentido!

Isso não quer dizer que gritar para o mundo ouvir, querer xingar e arrancar os cabelos farão de mim uma louca desvairada ou selvagem e ignorante. Mas, uma condição en-quanto ser humano em determina-das situações.

Falo em relação às pessoas que desejam o mal às outras, quando vêem um sorriso que esbanja felici-dade. Conheço gente que já desejou que eu morresse em um acidente só por me ver de carro. Acredito que dentro dela havia somente os restos mortais de uma vida sem sonhos, planos e felicidade. Daí, já não era mais possível ver ninguém feliz.

Não sei em que momento da vida dela, a infelicidade passou a reinar, se já nasceu assim ou se isso a acome-teu depois de uma série de fatores. O problema é que ela só tem a oferecer.

Dela passei a ter somente pena.Pessoas sem expectativas de vida,

sem sonhos, não vivem, apenas ve-getam enquanto não chega o dia que en� m descansará para sempre.

Me desculpem os profissionais da mente humana por dar opinião

sem embasamento técnico, apenas de vida. É que às vezes as pessoas se acomodam nos problemas e come-çam a se fazer de vítimas diante das atrocidades e começam a justificar tudo por meio das lágrimas e nada fazem para mudar a realidade.

A cada dia o sol nasce; as águas dos rios correm para o mar; pesso-as novas surgem. É hora de enxergar novas possibilidades!

Mas, cada coisa depende da ma-neira como as olhamos. Posso ver uma roupa velha e querer chorar por não ter o que usar, mas seria mais interessante olhá-la e ver as inúme-ras possibilidades de produção.

Se dentro de você há tristeza, con-sequentemente, tudo ao seu redor terá

um teor de tristeza e é isso que você terá a oferecer ao mundo: um olhar sem brilho. Porém, é muito melhor oferecer um sorriso daqueles mais gos-tosos e cheios de vida, daqueles que iluminam um mundo inteiro.

Talvez, a pessoa ao seu lado só precise disso. Assim como generosi-dade gera generosidade, um sorriso gera felicidade, amizade e uma paz interior.

É fato que há dias que não se tem vontade de sorrir. Há dias que a von-tade é de pular na chuva, de gritar de felicidade. Existem momentos que a solidão bate, a saudade aperta.

Mas, nunca deixe de viver, não deixe que a amargura tome conta de você – dessa forma as pessoas per-

derão a graça e os momentos deixa-rão de ser importantes.

Ofereça ao mundo o melhor que tem dentro do seu coração. Não dei-xe que os problemas se sobressaiam e a sua vida seja regada de mazelas. Seja feliz sempre!!

E se para ser feliz for necessário ser idiota, seja! Mas não deixem que lhe tirem a vontade de viver.

Não deseje o mal às pessoas. Não deseje o mal a você. E não se esque-ça de que a gente oferece aquilo que a gente possui, o que é inerente a nossa personalidade. Caso você es-teja oferecendo algo que não tem, estará sendo leviano e um dia o mundo virá contra você.

É a lei da ação e reação.

SIMONNY SANTOSÉ jornalista e pós-graduada em Mídias Digitais

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