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ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO JORNAL DA ALERJ Ano VIII N° 206 – Rio de Janeiro, de 1º a 15 de março de 2010 l NESTE NÚMERO Alerj lembra ações feitas pela Casa pela melhoria nos transportes públicos PÁGINAS 4 e 5 Uso de novo pesticida contra mosquito da dengue é tema de audiência PÁGINA 10 Defesa dos royalties do petróleo e gás marca discurso de Glauco Lopes PÁGINA 12 M otivos para que os direitos do consumidor sejam cada vez mais discutidos não faltam. Este ano o Código Brasileiro que legisla sobre este assunto, uma das mais consis- tentes e respeitadas leis do País, completa 20 anos e, no último dia 15, a lembrança dos seus principais avanços fez parte das comemorações em todo o território na- cional pelo Dia Mundial do Consumidor. A Alerj, que tem na comissão presidida pela deputada Cidinha Campos (PDT) um de seus grupos mais atuantes, relembra essas datas e aproveita para fazer um ba- lanço das ações da Comissão de Defesa do Consumidor, que, em 2009, recebeu cerca de 20 mil atendimentos. “Quando iniciei os trabalhos nesta comissão, nem informati- zada ela era. Hoje temos um trabalho que muito me anima e que conseguiu solucionar mais de 70% das reclamações recebidas”, celebra a pedetista. Em todo o estado, além do colegiado presidido por Cidinha, outros órgãos tam- bém voltam seu trabalho para defender os consumidores. É o caso do Procon, que, assim como a Alerj, também está de olho nas empresas de telefonia, as campeãs de queixas da população. O programa tem ou- tra semelhança com o que é feito na Casa: conta com serviços móveis que, atualmente, estão sendo usados no Complexo do Ale- mão e na Rocinha. Um dos atendimentos mais procurados pelos consumidores que recorrem ao Parlamento é o ônibus de De- fesa do Consumidor. “Já que não teríamos como estar em todas as cidades do estado, criamos o ônibus para ir onde a população se encontra”, informa Cidinha. PÁGINAS 6, 7 e 8 Dia do Consumidor 15 DE MARÇO O valor de um direito Em duas décadas do Código Brasileiro de Defesa do Consumidor, comissão da Alerj comemora mais de 20 mil atendimentos em um ano e 70% de solução das reclamações

Jornal da Alerj 206

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Jornal da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro

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A S S E M B L E I A L E G I S L A T I V A D O E S T A D O D O R I O D E J A N E I R O

JORNAL DA ALERJAno VIII N° 206 – Rio de Janeiro, de 1º a 15 de março de 2010

lNESTE NÚMERO

Alerj lembra ações feitas pela Casa pela melhoria nos transportes públicosPÁGINAS 4 e 5

Uso de novo pesticida contra mosquito da dengue é tema de audiênciaPÁGINA 10

Defesa dos royalties do petróleo e gás marca discurso de Glauco LopesPÁGINA 12

M otivos para que os direitos do consumidor sejam cada vez mais discutidos não faltam.

Este ano o Código Brasileiro que legisla sobre este assunto, uma das mais consis-tentes e respeitadas leis do País, completa 20 anos e, no último dia 15, a lembrança dos seus principais avanços fez parte das comemorações em todo o território na-cional pelo Dia Mundial do Consumidor. A Alerj, que tem na comissão presidida pela deputada Cidinha Campos (PDT) um de seus grupos mais atuantes, relembra essas datas e aproveita para fazer um ba-lanço das ações da Comissão de Defesa do Consumidor, que, em 2009, recebeu cerca de 20 mil atendimentos. “Quando iniciei os trabalhos nesta comissão, nem informati-zada ela era. Hoje temos um trabalho que muito me anima e que conseguiu solucionar

mais de 70% das reclamações recebidas”, celebra a pedetista.

Em todo o estado, além do colegiado presidido por Cidinha, outros órgãos tam-bém voltam seu trabalho para defender os consumidores. É o caso do Procon, que, assim como a Alerj, também está de olho nas empresas de telefonia, as campeãs de queixas da população. O programa tem ou-tra semelhança com o que é feito na Casa: conta com serviços móveis que, atualmente, estão sendo usados no Complexo do Ale-mão e na Rocinha. Um dos atendimentos mais procurados pelos consumidores que recorrem ao Parlamento é o ônibus de De-fesa do Consumidor. “Já que não teríamos como estar em todas as cidades do estado, criamos o ônibus para ir onde a população se encontra”, informa Cidinha.

PÁGINAS 6, 7 e 8

Dia do

Consumidor15 de março

O valor de um direito

Em duas décadas do Código Brasileiro de Defesa do Consumidor, comissão da Alerj comemora mais de 20 mil atendimentos em um ano e 70% de solução das reclamações

Rio de Janeiro, de 1º a 15 de março de 201012

l Compatibilizar a pres-tação da casa própria com a capacidade de pagamento da família e antecipar ou-tros instrumentos e ações previstos no Plano Nacional de Habitação são parte dos objetivos do programa Minha Casa, Minha Vida. Ocorre que os beneficiários, por serem de baixa renda, têm enfrentado dificuldades para pagar aos cartórios as taxas de emolu-mentos e fiscalização judiciá-ria sem que seja sacrificado o

seu sustento. Pensando nisso, criei o projeto de lei 2.923/10, que isenta deste pagamento os beneficiários de imóveis residenciais adquiridos por meio do programa do Governo federal. De acordo com o texto, a isenção total de que trata este artigo só será concedida quando o imóvel residencial for destinado ao beneficiário com renda familiar mensal de até 10 salários. A proposta, visa a que o estado, que tem na habitação uma das maiores prioridades, conceda completa isenção no pagamento dos emolumentos e taxas a serem cobradas daqueles que estão prestes a realizar seu sonho. Procedendo desta forma, es-taríamos dando efetividade a preceitos constitucionais.

Deputada Alice Tamborindeguy (PSDB)

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FRASES

“Fiquei feliz com a indicação de meu nome para receber um prêmio tão significativo como este. Ele coroa um trabalho que vem sendo realizado há anos em prol da população do Rio, em especial da zona Oeste da cidade”Marcelino D’Almeida (PMDB), ao receber o Prêmio Imprensa 2010, oferecido pelo Grupo Quality de TV e Jornais

“Vou solicitar à Secretaria de Estado de Habitação o contrato de concessão de uso assinado pelos moradores, para averiguar e estudar que providências poderão ser tomadas”Alessandro Calazans (PMN), comentando que o Governo poderá tomar de volta os apartamentos do PAC que estão sendo vendidos no Morro do Cantagalo, em Copacabana

“Minha ideia é sugerir a descentralização dos recursos da capital para o interior, maiores investimentos nas estradas e que o Governo do estado apoie o produtor rural, para ele continuar no campo”Rogério Cabral (PSB), sobre a definição de temas para serem debatidos no II Rio Eco Rural

CONSULTA POPULAR ExPEDIENTE

l Existe alguma forma de garantir que os caixas eletrônicos situados fora de agências ban-cárias tenham telefones de emergência?

l Há algum projeto de isenção do pagamento de emolumentos, registros e taxa de fiscalização judi-ciária a beneficiário do Minha Casa, Minha Vida?

l Muitas vezes, nos finais de semana, os clientes comparecem aos shoppings centers e, ao utilizar caixas eletrônicos, são surpreen-didos por travamentos ou, até mesmo, com a retenção de seus cartões. Neste mo-mento, não há muito o que fazer, a não ser tentar uma ligação para o banco. Mas e se o cliente não lembrar o número ou se o seu celular não tiver crédito? Pensando em como faria diferença se a

máquina tivesse um telefo-ne de emergência acoplado, criei o projeto de lei 2.925/10, que determina que os caixas eletrônicos situados fora das agências bancárias do Rio tenham telefones em cada uma de suas máquinas, sen-do ainda estas portadoras de número de identificação para facilitar a localização destes equipamentos.

Entende-se por telefones de emergência aqueles com ligação direta aos serviços 24h do próprio banco, sem a necessidade de discagem e ainda com atendente exclu-sivo daquela instituição para registro da ligação. Tenho certeza que se trata de um projeto de extrema importân-cia para todos aqueles que utilizam caixas eletrônicos.

Deputado Dionísio Lins (PSB)

Dúvidas, denúncias e reclamações: 0800 022 00 08

Érica Ramalho

Renata Leme – Rio de Janeiro

Pedro Henrique Lima – São Gonçalo

PresidenteJorge Picciani

1ª Vice-presidenteCoronel Jairo

2º Vice-presidenteGilberto Palmares

3º Vice-presidenteGraça Pereira

4º Vice-presidenteOlney Botelho

1ª SecretáriaGraça Matos

2º SecretárioGerson Bergher

3º SecretárioDica

4ª SecretárioFabio Silva

1a SuplenteAdemir Melo

2o SuplenteArmando José

3º SuplentePedro Augusto

4º SuplenteWaldeth Brasiel

JORNAL DA ALERJPublicação quinzenalda Diretoria Geral de Comunicação Social da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro

Jornalista responsávelFernanda Pedrosa (MT-13511)

Coordenação: Everton Silvalima e Pedro Motta Lima

Reportagem: Fernanda Porto, Marcela Maciel, Symone Munay e Vanessa Schumacker

Estagiários: André Nunes, Constança Rezende, Colin Foster, Érica Ramalho, Fellippo Brando, Maria Rita Manes, Natasha Costa, Raoni Alves e Ricardo Costa

Fotografia: Rafael Wallace

Diagramação: Daniel Tiriba

Telefones: (21) 2588-1404/1383 Fax: (21) 2588-1404Rua Primeiro de Março s/nº sala 406 CEP-20010-090 – Rio de Janeiro/RJEmail: dcs@alerj.rj.gov.brwww.alerj.rj.gov.brwww.noticiasalerj.blogspot.comwww.twitter.com/alerj

Impressão: Gráfica da AlerjDiretor: Octávio BanhoMontagem: Bianca MarquesTiragem: 2 mil exemplares

ALERJAssEmbLEiA LEgisLAtivA do EstAdo do Rio dE JAnEiRo

siga a @alerj no

www.twitter.com/alerj

11Rio de Janeiro, de 1º a 15 de março de 2010 3

De olho nas contas do Rio

Symone munay

O Rio, assim como ocorre nos estados da Bahia, Ceará, Goiás e Pará, poderá ter

um Tribunal Estadual de Contas dos Municípios (TECM) com regras nítidas de controle e transparência capazes de estabelecer novo marco na fiscalização da gestão das cidades fluminenses, caso a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 60/10 seja aprovada. Segundo os autores da PEC, os deputados André Corrêa (PPS) e Cidinha Campos e Paulo Ramos, ambos do PDT, a ideia tem como objetivo descentralizar os poderes do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), que está sendo investigado por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Casa.

Veja a seguir as principais atribui-ções que poderá ter o TECM e como será formado o corpo técnico da nova instituição – os conselheiros nomeados devem ser brasileiros com mais de 35 anos e menos de 65, com idoneidade moral, reputação ilibada e notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de admi-nistração pública, além de terem mais de 10 anos de exercício de função ou atividade profissional. Para reforçar a transparência, as sessões do novo tribu-nal deverão estar na Internet e, sempre que possível, serão transmitidas pela TV Alerj, pois ficarão proibidos atos ou reuniões secretos.

Érica R

amalho

Tribunal de Contas dos Municípios terá regras de controle e custo quase zero

NOVO TRIBUNAL

Em entrevista coletiva, Picciani declara apoio à PEC de parlamentares como Cidinha Campos

As atribuições do novo órgão

Alerj poderá arcar com salários de conselheiros

O novo tribunal terá como função fiscalizar as contas dos 91 municípios, exceto a capital, que já tem um tribunal próprio (TCM). Entre suas atribuições, o órgão deverá apreciar contas prestadas anualmente pelas prefeituras e câmaras; julgar as contas de administradores e res-ponsáveis por recursos e bens públicos; fiscalizar, em qualquer entidade civil, a aplicação de recursos recebidos de órgãos ou entidades da administração indireta municipal, e decidir sobre denúncias que tenham sido formuladas, entre outras.

Segundo o artigo 6º da PEC, somente por decisão de dois terços dos membros da Câmara Municipal deixará de pre-valecer o parecer prévio, emitido pelo TECM, sobre as contas que o prefeito prestará. Uma vez aprovada, a nova norma determina que, se a Câmara ou o prefei-to, no prazo de 90 dias, não efetivar as medidas previstas, o TECM decidirá pela imputação de débito ou multa – ambos terão eficácia de título executivo. O dever do novo tribunal será zelar pela correta gestão dos negócios municipais.

O corpo técnico do novo órgão será oriundo do atual TCE-RJ, na proporção de 50%. A proposta prevê que, das qua-tro vagas que a Alerj tem para indicar como conselheiros, uma tem que ser ocupada por alguém oriundo do corpo técnico do próprio tribunal. E, das três vagas que cabem ao Executivo indicar, uma será do Ministério Público Especial junto ao Tribunal de Contas (como já é

hoje) e a outra será preenchida por um quadro efetivo do Executivo que venha, necessariamente, da área de auditoria e fiscalização. Metade do orçamento do TCE será transferida para o novo órgão, que não necessitará de outra sede nem criará novos cargos comissionados.

O único gasto a mais será o salário dos sete novos conselheiros. “É possível que neste primeiro ano, a Alerj, ao fazer

suas economias, possa arcar com esta conta”, ressaltou o presidente da Casa, deputado Jorge Picciani (PMDB). “O perfil adequado para o cargo é de pes-soas mais técnicas. Não que um político não possa ser conselheiro, mas tem que ser alguém com notório conhecimento. Temos a responsabilidade, perante a so-ciedade, de equacionar este problema”, explicou o parlamentar.

Rio de Janeiro, de 1º a 15 de março de 2010124

TRANSpORTES

M ilhões de cidadãos do es-tado usam, diariamente, os serviços do metrô, dos

trens e das barcas. Mas, nos últimos anos, esses meios de transporte têm sido alvo de denúncias e reclamações. A Alerj não poderia deixar de tratar do assunto e, por conta disso, comis-sões como a de Transportes, presidida pelo deputado Marcelo Simão (PSB), debruçaram-se sobre as queixas e reali-zaram audiências, reuniões e vistorias. “Estamos lidando com a segurança dos passageiros e, como não poderia deixar de ser, precisamos cobrar das conces-sionárias um bom serviço”, argumentou Simão. Além das ações dos colegiados, o setor mereceu atenção especial do plenário, com a votação de projetos de lei para a melhoria dos transportes.

Pouco antes do início da atual Le-

gislatura, uma série de acidentes com embarcações que fazem a travessia pela Baía de Guanabara assustou a população. Por conta desses problemas, a Comissão de Transportes chamou os representantes da empresa Barcas SA para explicações. Na época, o deputado Simão chegou a dizer que a concessio-nária “tem sido negligente e desres-peitado quem diariamente precisa dos serviços para se deslocar, chegar ao trabalho”. O superintendente da Barcas SA, Luiz Marinho, confirmou, naquele momento, que a empresa precisava de mais recursos e não teria como arcar com as viagens noturnas, uma das principais queixas.

Como os acidentes continuaram ocorrendo, a Alerj criou uma CPI só

Da ReDação

No trilho da concessãoRafael Wallace

Érica R

amalho

Parlamento realiza audiências em busca de soluções para as principais queixas contra os transportes públicos

O atual contrato de concessão entre o Governo do estado e a Su-perVia ainda irá vigorar por mais 25 anos. Durante as audiências na Assembleia, representantes da empresa mostraram dados que apontam para um crescimento no número de passageiros. “Transpor-tamos 500 mil passageiros por dia. Antes da privatização esse número chegava a 150 mil. O Ibope realizou uma pesquisa onde apenas 6% dos nossos clientes acreditam que ou-tro modal de transporte seja mais rápido do que os trens”, comentou o diretor de Marketing da empresa, José Carlos Leitão.

Ainda segundo a concessioná-ria, a projeção para 2023 aponta investimentos de R$ 2,3 bilhões, principalmente no crescimento da frota, que passaria de 160 para 231 trens. “Apenas 9% dos nossos passageiros não acham o transporte ferroviário seguro. Em relação ao atraso, 84% confiam no trem para chegar em seu destino no horário certo”, afirmou Leitão. O presidente da SuperVia, Amin Murad, disse que a concessionária está “cum-prindo suas obrigações”. Quando esteve na Casa, ele respondeu a críticas sobre a falta de segurança nas vias férreas e as agressões so-fridas por passageiros: “O episódio já foi tratado com a severidade que merecia e isso nos levou a demitir quatro empregados”.

Já o secretário Lopes anunciou os próximos investimentos do Go-verno: R$ 350 milhões na aquisição de 30 novos trens que irão chegar em 15 meses.

Passageiro diz que trem é modal seguro

Rep

rodu

ção

Metrô garante que trens que chegarão em 2011 evitarão problemas como

intervalos longos; já a Barcas SA diz que embarcações noturnas são custosas

11Rio de Janeiro, de 1º a 15 de março de 2010 5

No trilho da concessão

para tratar do assunto. Presidida pelo deputado Gilberto Palmares (PT), a CPI das Barcas teve seu relatório aprovado em setembro de 2009.

Problemas também foram verifi-cados no serviço ferroviário, desde a superlotação de trens e o atraso entre as composições até a exibição de cenas de maus-tratos nas estações. “A empresa não conseguiu esclarecer diversas dú-vidas da comissão. Temos especialistas que afirmam que um trem não pode an-dar sozinho e, mesmo assim, a SuperVia não conseguiu explicar como aconteceu o incidente de um trem que ia para um ramal parar em outro”, comentou Simão. O parlamentar participou ainda de uma audiência da Comissão de Trabalho para tratar de vistorias ao Centro de Manutenção da SuperVia.

As queixas contra o metrô têm sido frequentes, mas o secretário de Estado de Transportes, Julio Lopes, adiantou-se ao divulgar informações sobre a compra de novos trens (ver box) e a garantia de segurança na ligação em “Y” que está sendo feita, desde dezembro de 2009, entre as linhas 1 e 2. “É preciso que fique bem claro que esse novo processo de ligação entre Pavuna e Botafogo, utilizando a mesma malha dos trens que fazem o trajeto General Osório (Ipanema)-Saens Peña (Tijuca), é utiliza-

do em diversas cidades do mundo com sucesso”, ressalvou. Outros problemas, como superlotação, intervalos maiores e calor nos vagões, de acordo com a con-cessionária que cuida do serviço, serão resolvidos em 2011. “Vamos continuar alertas para fazer com que o serviço esteja a contento da população. Para isso, estamos consultando o Governo e as concessionárias para sabermos quais serão as soluções imediatas e quais as que provocarão melhorias em um longo prazo”, justificou o presidente da Comis-são de Transportes da Casa.

As questões que envolvem o trans-porte metroviário provocaram debates acalorados. De um lado, deputados, como o petista Alessandro Molon, pediam a instalação de uma CPI para averiguar a concessão e os serviços da Agência Reguladora de Serviços Públicos Con-cedidos de Transportes (Agetransp), e de outro, parlamentares como Domingos Brazão (PMDB), que acreditam que “a CPI, neste instante, seria um açodamen-to”. O deputado Caetano Amado (PR) também tem se mostrado preocupado com o modal: “Por conta de necessária expansão do sistema metroviário, é importante que legislemos em favor de uma maior segurança para a população”, pontuou o parlamentar, autor de dois projetos sobre o metrô.

Érica Ramalho

De acordo com a assessoria da concessionária Metrô Rio, a atual situ-ação deste modal é resultado de anos de falta de investimento dos governos anteriores na compra de novas com-posições. Três outras estações foram abertas, a linha cresceu, o número de passageiros saiu de 90 milhões/ano, em 1998, para 150 milhões, em 2009, e não houve aumento de frota. A consequência é que hoje todos os 182 carros estão em circulação diariamente, sobrecarregando o sis-tema. Mesmo assim, a ocupação de seis pessoas por metro quadrado nas horas de pico é inferior à de São Paulo (9,8 passageiros por metro quadrado) e está dentro dos níveis mundiais de transporte de massa.

A situação começou a mudar em 2007. O Governo do estado pediu à concessionária que antecipasse o investimento de R$ 1,15 bilhão e re-novou o contrato de concessão como contrapartida. Só a partir daí a metrô pôde investir em melhorias e expandir sua atuação, antes restrita à operação e manutenção das linhas 1 e 2.

A concessionária já comprou 19 novos trens (114 carros) (acima) com ar-condicionado mais potente e cons-truiu a linha 1-A, aprovada por 67% dos usuários. Está construindo as es-tações Uruguai e Cidade Nova e uma passarela ligando a última à sede da prefeitura, e está ainda ampliando os sistemas de energia, sinalização e ventilação, bem como tornando todas as estações acessíveis a deficientes. Com essas medidas, o Metrô carioca poderá transportar, em 2014, mais de 1,1 milhão de passageiros/dia, com todo o conforto.

Metrô: melhorias estão a caminho

Divu

lgação

“ Estamos lidando com a segurança de toda a população ”Deputado Marcelo Simão (PSB)

Rio de Janeiro, de 1º a 15 de março de 201012

Não só em todo o País, mas em várias partes do mundo as entidades de defesa do consumidor travam batalhas diárias e intermináveis. No dia 15 deste mês, o Dia Mundial dos Direitos do Consumidor

foi mais uma vez comemorado e, como não poderia deixar de ser, a bandeira dessa luta voltou a ser incluída na ordem do dia das discussões. Não bastasse isso, o Código de Defesa do Consumidor – Lei 8.078/90 –, considerado uma das leis mais eficientes criadas no Brasil, completa 20 anos este ano. “A criação do código foi muito importante. O consumidor brasileiro está aprendendo a reclamar e se dando conta da sua importância. O cidadão se sente mais responsável no gasto do seu dinheiro e mais amparado”, reverencia a presidente da Comissão de Defesa do Consumidor (Codecon) da Alerj, deputada Cidinha Campos (PDT).

A Codecon realizou, em 2009, cerca de 20 mil atendimentos, sendo 6.440 através do Disque Defesa do Consumidor (0800 282 7060), 6.440 no ônibus que percorre todo o estado (ver box na pág. 8) e 4.085 orientações prestadas nos guichês de atendimento da Rua da Alfândega, 8, Centro do Rio. “Quando iniciamos o trabalho na comissão, não tínhamos nada informatizado. Hoje tenho orgulho do serviço que prestamos e das ações judiciais que já vencemos em prol do povo fluminense”, declara a pedetista.

Cidinha também é autora da indicação legislativa 847/09, que cria o Fundo Estadual de Defesa do Consumidor. A parlamentar defende que as receitas provenientes de multas aplicadas em ações civis públicas sejam usadas na reparação, preservação e prevenção dos clientes. “Fiz uma indicação para que o gover-nador institua uma fundação com o intuito de gerenciar tudo que for arrecadado de multa para a melhoria das relações de consumo”, resume a parlamentar.

A Codecon não está sozinha quando se fala de luta para melhorar as relações entre clientes e fornecedores. O Programa de Orientação e Proteção ao Consumidor (Procon), do Governo estadual, que registrou, em 2009, 6.565 reclamações, costuma listar as piores empresas do ano no que se refere a reclamações. No ano passado, as queixas revelaram algo muito parecido com o que aconteceu na Codecon, ou seja, os serviços de telefonia foram campeões de reclamação. A Claro, por exemplo, ficou em primeiro lugar, com 402 reclamações, seguida da Vivo, com 337, e da Oi Telefonia Fixa, com 307. “Pelo segundo ano consecutivo lideram as mesmas empresas, tanto as prestadoras de serviço como os fabricantes de aparelhos”, ressalta o subsecretário-adjunto do Procon, José Fernandes.

O representante do Executivo diz que, apesar de reconhecer importantes avanços, ainda se indigna com a falta de hábito do brasileiro de reclamar. “O consumidor tem que reclamar para que

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cApA

Symone munay, VaneSSa SchumackeR e Raoni alVeS

Satisfação garantida ou...

Equipe que recebe queixas no térreo de prédio na Rua da Alfândega, 8, Centro, conta com 15 atendentes

Fotos: Rafael W

allace

No ano em que Código de Defesa do Consumidor comemora 20 anos, o JORNAL DA ALERJ faz um balanço do trabalho da Casa em prol do povo fluminense

Rio de Janeiro, de 1º a 15 de março de 2010 117

possamos defendê-lo melhor. Precisamos achar o equilíbrio para uma futura educação de consumo. O consumidor é a principal peça da economia e só alcançaremos uma economia competi-tiva com a mudança de postura de ambas as partes”, destaca Fernandes, que implantou no Procon, a exemplo do trabalho da comissão da Alerj, um serviço móvel de atendimento em vários bairros da região Metropolitana do Rio.“Sem dúvida, a Alerj é uma parceira importante e veio para somar”, ressalta.

Para a gerente-jurídica do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Maria Elisa Novais, os fornecedores ainda não têm consciência de que é responsabilidade deles o fornecimento ostensivo, claro e adequado das informações sobre os produtos que comercializam. Ela lembra que o consumidor desconhece uma série de termos técnicos presentes nos contratos que assina. “A luta pelo equilíbrio das relações de consumo, desequilibradas pela própria natureza, é árdua e infinita. Porém, não é solitária. Ao contrário, todos somos consumidores em não raros momentos da vida. Somos maioria e, por isso mesmo, nossa organização é mais complexa. Não há apenas um mecanismo de defesa, existem vários que precisam ser articulados.”, finaliza Novais, acrescentando que, além da Codecon e do Procon, também atuam nesta área o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça (DPDC), defensorias públicas, juizados especiais, promotorias e delegacias.

A coordenadora de Atendimento da Comissão de Defesa do Consumidor, Clara Soares, explica que o serviço feito pessoalmente ou através de ligação gratuita ou e-mail mo-biliza 15 atendentes, que atuam em dois turnos e recebem até 70 pessoas por dia. “Apesar de recebermos um público bastante diversificado, o que nos chama a atenção é que, por vários anos, a liderança das queixas fica mesmo por conta das empresas de telefonia. Também é notório o aumento de reclamações, pois acredito que o consumidor está mais seguro porque sabe que existem instituições sérias a seu favor”, destaca Clara. Segundo ela, a maioria das queixas tem a mediação de sua equipe com total sucesso.

Em 2009, a campeã de queixas na Codecon foi a empresa de telefonia Oi (ver gráfico acima). Também no ano passado, os consumidores fluminenses puderam comemorar três decisões judiciais em favor da Alerj e o total de 74% das reclamações solucionadas. “Quando cheguei à Codecon, não tinha relatório de atividades, não tinha cadastro, não havia passado. Já avançamos muito, mas acredito que o atendimento ao consumidor pode melhorar a cada dia”,

salienta Cidinha Campos (foto).Entre as decisões judiciais favoráveis, a deputada des-

taca a ação contra o Metrô Rio, garantindo a extensão da validade do cartão unitário para 30 dias. Também foram alvos de ações civis públicas a Barcas SA e as empresas de telefonia Oi, Vivo, Claro e TIM Celular – a questão que envolve os serviços telefônicos dizia respeito à certificação da real viabilidade técnica do local de melhor uso para a instalação do serviço de internet banda larga 3G.

Procon/RJAlerj

Procon/RJ: 6.565 reclamações

Campeões da insatisfação

Comissão de Defesa do Consumidor da Alerj: 9.631 reclamações

Comissão de Defesa do Consumidor /AlerjRua da Alfândega, 8 – Centro 0800 282 70 60

Disque-Procon 151

Dique-Fiscalização (Denúncias)2333-0011

Posto Procon Rio Simples - Carioca Rua da Ajuda, 5, 1Subsolo – CentroTel: (21) 2333-0014

Procon Rio Simples – Central do BrasilPça Cristiano Ottoni - subsolo, s/n - Ed. D. Pedro II - Centro

Posto Procon NiteroiRua Visconde de Sepetiba, 519 – térreo/ Centro - Niterói

Modelos em benefício do cidadão

Exija seus direitos

84,1%

6,1%

5,1%7,7%

5,9%

4,7%

19,8%

Claro

VivoCedae

Claro

Oi Telefonia

Oi Telefonia

66,6%

Rio de Janeiro, de 1º a 15 de março de 2010128

cApA

População elogia serviço móvel da Alerj e parte para a conciliação

Um dia de atendimento do ônibus do Consumidor em Belford Roxo

l

“O nosso trabalho é similar ao do Procon, só que temos um aproveitamento maior de conciliação, pois registramos quase 80% de solução nas reclamações que chegam até nós. Tentamos o acordo com a parte acusada, mas, caso este acordo não saia, vamos buscar o entendimento através do Jurídico. Nosso objetivo é conseguir a conciliação entre as partes”

Alexandre Galvão Sienes, supervisor do ônibus do Consumidor

“Tive um problema com a conta de luz. Observei na fatura uma multa de R$ 4 mil. Eles falaram que seria referente a um furto de energia. Mas nunca tive problema com a Light. Então procurei o ônibus da Alerj e eles me informaram sobre o que eu poderia fazer. No meu caso, pretendo pedir reparação por danos morais junto à Defensoria Pública, pois foi um erro deles e não devo pagar por isso”

Fábio da Silva Santos,Soldado da Polícia Militar

“Tenho um cartão do Hipercard e, nos últimos três meses, a fatura não chegou. Por isso, tenho que ir ao banco para depositar o dinheiro na conta deles. Ainda tem a passagem e o tempo que eu perco. Já reclamei e voltou a acontecer. O supervisor do ônibus fez uma notificação aos correios e à empresa. Até porque as contas de luz, água e telefone sempre chegam em dia”

Margarete Gomes da Silva, dona de casa

“Gostei muito do atendimento. Comprei um guarda-roupa em agosto no Ponto Frio e eles demoraram mais de um mês para fazer a instalação. Depois descobri que estava danificado e teria que trocar. Esse guarda-roupa só me deu problema. Agora, eles vão levar meu caso para os advogados da Comissão do Consumidor e vamos esperar para saber qual será a resposta”

Creuza da Conceição Luiz, diarista

Fotos: Fellippo Brando

O calor na Praça Eliaquim Batista, em frente à estação ferroviária de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, passava dos 40 graus e, nem por isso, o movimento no ônibus da Comissão de Defesa do Consumidor da Alerj diminuía. “A procura pelo serviço está nos surpreendendo. Recebemos em média 45 reclamações por semana, mas hoje tudo indica que chegaremos perto disso. Pelo visto a alta temperatura do verão não espantou os consumidores insatisfeitos”, avaliou o supervisor do atendimento, Alexandre Galvão Sienes. O serviço idealizado pela deputada Cidinha Campos conta com cinco atendentes em dois turnos e dois motoristas. Na primeira semana de março, o ônibus esteve no município orientando donas de casa, aposentados, comerciários e profissionais liberais.

Foi o caso do policial militar Fábio da Silva, 31 anos, que engrossou a fila dos descontentes com o serviço da Light. “Não suporto mais ter que telefonar inúmeras vezes e não receber retorno da empresa. Sou cliente e tenho direitos”, protestou ele. Já a dona de casa Margarete Gomes da Silva, 43, fez queixa contra uma empresa de cartão de crédito. “Se eles não são pontuais com suas responsabilidades, por que exigem do consumidor? A empresa nos cobra multa, alguém tem que cobrar dela”, desabafou a consumidora, que não tem recebido o boleto de cobrança em sua residência.

Segundo Sienes, nas localidades com maior demanda são

registradas 100 reclamações por semana. É o caso de Duque de Caxias e Nova Iguaçu, na Baixada, e do bairro de Madureira, zona Norte do Rio. “Quando os consumidores nos procuram existem dois caminhos. O primeiro é quando o cliente chega com o problema de uma loja próxima de onde estamos. Com a documentação nas mãos, vamos tentar o acordo imediatamente na loja. Com isso, evitamos que o cliente perca mais alguns dias sem a solução do problema. O outro caminho é o procedimento padrão. Abrimos a reclamação e dirigimos o caso para o setor jurídico da Codecon”, explica o supervisor.

Fellippo Brando

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colin FoSteR

Estabelecer a igualdade e re-forçar os direitos das religi-ões afrodescendentes, com

participação ativa das comunidades, são os objetivos do Plano Nacional de Proteção à Liberdade Religiosa e Pro-moção de Políticas Públicas para as Comunidades Tradicionais de Terreiro (PNCT) apresentado, no dia 5 na Alerj, pelo ministro da Igualdade Racial, Edson Santos. Dentre os principais pontos do plano, que tem por meta recuperar a au-toestima dos adeptos de religiões como o candomblé e a umbanda, encontram-se as políticas para inclusão de portadores de deficiência e idosos, além do ensino às crianças da importância das crenças. “Cumprimos o papel de trazer o debate das propostas do Governo federal para as lideranças de religiões de matriz africana do Rio. Temos que fortalecer institucionalmente as religiões africa-nas e resgatar um direito que nos foi negado por mais de 350 anos”, afirmou o ministro.

Idealizador do encontro, o deputado Gilberto Palmares (PT) lamentou a exo-neração do delegado Henrique Pessôa, do Núcleo de Combate à Intolerância Religiosa da Polícia Civil. De acordo com o petista, Pessôa, que é um defensor das religiões afrodescendentes, terá de retornar a Nova Friburgo, na região Ser-rana, onde reside, e deixará o comando do núcleo. “Recebemos esta informação durante o encontro e isso é algo preo-cupante. O delegado tinha um papel importante ao receber as denúncias de preconceito religioso e registrá-las da maneira correta, de acordo com a lei que lhe diz respeito. Era uma peça im-portante nesta luta”, declarou Palmares.

Fellippo Brando

Políticas para inclusão de portador de deficiência e idoso nas religiões de terreiro são discutidas no Parlamento

Axé, Rio!

RELIGIÕES AFRIcANASPalmares (esq.)trouxe o ministro Edson Santos para discutir tradições afro-brasileiras

O Dia de Oxum agora é considerado patrimô-nio imaterial do estado. A determinação é da Lei 5.650/10, sancionada pelo governador Sérgio Cabral e publicada no Diário Oficial do Poder Executivo do dia 5. A data, comemorada anualmente no dia 8 de dezembro, reverencia a figura de um importante orixá dos cultos afro-bra-sileiros. De autoria do deputado Átila Nunes (DEM) (foto), a nova norma determina que os festejos deverão ser programados e realizados pelas secre-tarias de Turismo e Cultura e incluídos no calendário oficial e turístico do es-tado. “A finalidade principal desta lei é

reconhecer, oficialmente, essa manifestação reli-giosa realizada há mais de 300 anos em nossa cidade, trazida pelos afro-descendentes que aqui chegaram como escra-vos, com suas tradições e cultura. É um patrimônio vivo, dinâmico e um bem

cultural intangível do povo fluminen-se”, destacou o parlamentar.

Segundo Nunes, Oxum controla a fecundidade. “A maternidade é sua grande força. O orixá ama as crianças, protege a vida e tem funções de cura. É também a orixá do ouro, riqueza e do amor, destacando-se pela jovialidade e beleza”, explicou o democrata.

Dia de Oxum torna-se patrimônio imaterial

Os casos de preconceito que não forem resolvidos pela delegacia terão agora tratamento específico em um Centro de Referência de Enfrentamento à Into-lerância Religiosa, que será inaugurado no estado ainda neste ano.

O superintendente estadual de Di-reitos Humanos, Carlos Nascimento, co-mentou que a interação entre os governos federal e estadual tem sido fundamental no combate à intolerância religiosa no Rio. “Estamos finalizando a parceria com a Secretaria Especial de Políticas

de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) para oferecer um tratamento especiali-zado a estas vítimas, com atendimento multidisciplinar, através de advogados, psicólogos, assistentes sociais, pedago-gos e atendentes comunitários”, informou Nascimento. Também estiveram presen-tes os deputados federais Carlos Santana e Cida Diogo, ambos do PT fluminense e a superintendente estadual da Igual-dade Racial, a atriz Zezé Motta, além de lideranças das comunidades de terreiro de todo o estado.

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l cURTAS SAÚDE

VaneSSa SchumackeR

Sonegação fiscalO secretário de Estado de Fazenda, Joaquim Levy, pretende prolongar o prazo estabelecido para que lojistas possam se adequar ao Programa Aplicativo Fiscal (PAF) do Governo. O pedido foi feito durante reunião, no dia 11 (foto), entre o presidente da Assembleia Legislativa do Rio, deputado Jorge Picciani (PMDB), comerciantes e demais parlamentares. Para Picciani, a intenção da Resolução 217/09, da Secretaria de Fazenda, que dispõe sobre a substituição dos equipamentos Emissores de Cupom Fiscal (ECF) e, com isso, visa a dificultar a sonegação de impostos, é “muito boa”. Entretanto, acrescentou, “devem-se analisar os prazos que as empresas terão para se adaptar. O Parlamento está aberto a intermediar o que é importante para o estado, e o governador Sérgio Cabral tem sido sensível aos pedidos da Alerj”. O prazo inicial era 31 de março.

Zoneamento ecológicoUma pesquisa de dados climáticos e geográficos e de áreas produtivas do solo no estado, feita pela Universidade Federal do Rio (UFRJ) e, em seguida, catalogada pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea), foi apresentada, no dia 10, na Câmara Setorial de Agronegócio do Fórum Permanente de Desenvolvimento da Alerj. Esse estudo ocorreu como forma de estes órgãos colaborarem com a Secretaria de Estado do Ambiente na regulamentação da Lei 5.067/07, que institui o Zoneamento Econômico Ecológico (ZEE-RJ). “Nosso trabalho não fez muitos progressos ainda porque a secretaria não possuía recursos para implantar o zoneamento e os dados que tínhamos eram muito desatualizados. Agora, já há bases que nos dão margem para iniciar um projeto mais concreto, juntamente com um convênio que será fechado com a Petrobras para a execução do ZEE”, explicou a subsecretária de Estado do Ambiente, Elizabeth Lima.

Uma nova audiência pública com a presença de repre-sentantes do Ministério da

Saúde será realizada em breve pela Comissão de Saúde da Alerj para averi-guar o uso do pesticida Diflubenzuron, adotado pela Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil (Sesdec), no final de 2009, para controlar a epidemia de dengue. A decisão foi tomada no dia 2, durante encontro do colegiado. “Muitas perguntas ficaram sem resposta. Quero ouvir um representante do ministé-rio, pois não é justo que pessoas que trabalham cuidando da nossa saúde ponham em risco a saúde delas mes-mas”, afirmou o deputado Alessandro Molon (PT), que sugeriu a audiência. De acordo com o secretário-geral do SindSaúde-RJ – sindicato que reúne cerca de 5 mil agentes mata-mosquitos em todo o estado –, Sandro Cezar, os profissionais não receberam as informa-ções necessárias sobre os agravos que podem ser causados à saúde pelo uso do medicamento. “Estamos trabalhando com um produto desconhecido, sem os equipamentos de proteção individual necessários e colocando a nossa vida em risco. Queremos trabalhar em se-gurança”, reclamou Cezar.

O subsecretário de Atenção Primá-ria, Vigilância e Promoção da Saúde da Secretaria Municipal de Saúde do Rio,

Daniel Soranz, informou que a mudança no pesticida ocorreu porque o antigo remédio estava apresentando resistência pelo mosquito causador da dengue. “O Diflubenzuron começou a ser testado em 2004 e já é utilizado há mais de 15 anos na Europa. Um colegiado de especialistas foi quem decidiu pela utilização dele. A secretaria está fazendo um esforço para melhorar as condições de trabalho dos agentes, e nenhum profissional que não se sinta seguro está sendo obrigado a utilizar o remédio”, explicou Soranz.

O gerente-geral de Toxicologia da Agência Nacional de Vigilância Sani-tária (Anvisa), Luiz Cláudio Meirelles, lembrou que o pesticida foi minuciosa-mente avaliado. “Utilizamos todos os critérios de avaliação e, dentro disso, ele é um produto da classe 4, o que sig-nifica que é pouco tóxico. O importante é que a forma de utilização que consta no rótulo da embalagem seja cumprida, levando-se sempre em conta os equi-pamentos de proteção individual que são necessários. Trabalhando de forma adequada, diminui-se o risco de danos à saúde”, disse Meirelles, que ressaltou ainda o fato de o Diflubenzuron não ser proibido em nenhum país.

O superintendente de Vigilância Epidemiológica e Ambiente da Sesdec, Alexandre Otavio Chieppe, informou que o processo de compra dos equipamentos de proteção já foi iniciado pelo Governo do estado. “Começamos a comprar no final de janeiro deste ano e, em breve, todos os agentes receberão seus equipamentos”, disse. O vice-presidente da comissão, deputado Wilson Cabral (PSB), também participou da audiência.

Colegiado discute eficácia de novo pesticida no combate ao mosquito da dengue

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Uso averiguado

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A audiência contou com a presença de representantes dos 5 mil mata-mosquitos do estado

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MEIO AMBIENTEÉrica Ramalho

Fellippo Brando

U ma mudança no ecossiste-ma, que causou a prolifera-ção de uma espécie de alga

ainda não identificada, e a entrada de esgoto não tratado, oriundo prin-cipalmente de ligações clandestinas feitas em galerias pluviais, podem ter sido as causas da morte de mais de 80 toneladas de peixes no início do mês, na Lagoa Rodrigo de Freitas, zona Sul do Rio. Estas foram as explicações dadas ao presidente da Comissão de Defesa do Meio Ambiente da Alerj, deputado André Lazaroni (PMDB), pelo presidente do Instituto Nacional do Ambiente (Inea), Luiz Firmino, durante audiência pública realizada no dia 9.

“A grande quantidade de algas surgiu por conta de uma dessaliniza-ção da água da Lagoa, que está muito doce. Houve uma mudança grande no ecossistema, criando espaço para o crescimento das algas, que podem ter entrado nas guelras dos peixes e tê-los matado. O caso, no entanto, ainda gera muitas dúvidas e esperamos respostas mais concretas”, afirmou Lazaroni.

O Inea acredita ter identificado a espécie da alga e aguarda uma con-firmação do Museu Histórico Nacional para poder dar prosseguimento às investigações. “Esta seria a única explicação para a morte dos peixes, pois a Lagoa não sofreu com falta de

oxigenação”, disse Firmino. A falta de troca de água entre a lagoa e o mar também foi comentada por ele. “A lagoa segue oxigenada e com peixes, ao contrário de outras mortandades. Urbanizada como é hoje, o espelho d’água está sujeito a receber dejetos trazidos pelas chuvas, não tem jeito. A Lagoa precisa ter uma boa troca de água com o mar, pois tem um ecossis-tema muito frágil”, alertou. Lazaroni afirmou que vai organizar um grupo de trabalho para acompanhar as me-didas que estão sendo tomadas para resolver o problema. “Teremos uma atenção especial com a Rio Águas, que é responsável pela troca de águas entre lagoa e mar. Vamos fiscalizar a operação”, insistiu o parlamentar.

E os pescadores?A Cedae revelou que agiu em

conjunto com a empresa EBX, do empresário Eike Batista, para realizar uma investigação nas galerias plu-viais do entorno. Segundo o diretor de operações, Jorge Briard, já foram

encontradas 52 ligações irregulares que seriam responsáveis pelo despejo de esgoto na Lagoa. “A vigilância e o monitoramento são necessários e mui-to importantes para que providências sejam tomadas antes dos problemas acontecerem”, disse Briard. Presidente da Comissão Especial de Aquicultura e Pesca da Alerj, o deputado Sabino (PSC) pediu atenção especial aos tra-balhadores que têm os peixes como forma de sobrevivência. “É preciso que seja dada uma indenização aos pescadores da Colônia Z-13, da Lagoa Rodrigo de Freitas. Algo parecido com o seguro-defeso, que é dado durante o período de proibição da pesca. Eles têm de sustentar suas famílias”, ob-servou Sabino.

Também participaram da reunião os deputados Altineu Côrtes (PR) e Alessandro Molon (PT); a promoto-ra Rosani Cunha e o subsecretário Municipal de Obras do Rio, Mauro Alonso Duarte, além de representan-tes da Colônia Z-13 e da Associação de Moradores da Lagoa.

Lazaroni pretende formar um grupo de trabalho para acompanhar investigação sobre acidente ecológico

colin FoSteR

Salve a lagoa

Representantes do Governo do estado e da sociedade civil (acima) debateram soluções para evitar novas mortandes de peixes na Lagoa Rodrigo de Freitas, zona Sul do Rio

Rio de Janeiro, de 1º a 15 de março de 20101212

Como presidente da Co-missão de Minas e Ener-gia, como o senhor avalia a aprovação da Emenda Ibsen?Os royalties são uma compen-sação e não um privilégio aos estados produtores, e seria uma injustiça que o Rio, onde 83% do petróleo são extraídos, perdesse os recursos. Com a aprovação desta emenda, o estado perde em torno de R$ 7 bilhões, sendo R$ 2 bilhões divididos para os municípios produtores de petróleo. Quem não se lembra da P-35 afun-dando na Bacia de Campos ou de, na década de 70, Macaé ter perdido a Lagoa de Imboacica para a poluição? Macaé, por exemplo, também perdeu a Praia da Imbetiba por cau-sa dos impactos ambientais. Tantas perdas tivemos nos nossos patrimônios naturais que não pode ser justo dei-xar o estado sem os royalties de petróleo, que representam uma indenização pelos impac-tos ambientais e sociais.

Como a comissão atuou neste tema?A comissão procurou acompa-

nhar os acontecimentos com relação ao pré-sal, promovendo audiências públicas, discutin-do o impacto que os royalties causam para a economia dos municípios e a redistribuição dos mesmos por todo o Brasil. Como presidente do colegiado, apresentei ainda uma propo-sição, aprovada por 100% dos meus pares, criando a Frente Parlamentar em Defesa dos Royalties do Petróleo. Partici-pei de audiências da Comissão de Assun-tos Econômicos do Senado, onde já se falava em distribuir os royalties, mas nunca com tanta ênfase no pós-sal, mas sim no pré-sal, conforme projetos que tramitavam na Câmara Federal. Também entreguei nas mãos do pre-sidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, uma moção de repúdio assinada por dezenas de deputados. Na oca-sião, estava com o governador Sérgio Cabral e com prefeitos membros da Organização dos Municípios Produtores de Pe-tróleo (Ompetro).

A questão do petróleo tem sido o único foco da comissão?Procuramos dar ênfase tam-bém ao setor de mineração. Esta é uma área onde o esta-do do Rio, tradicionalmente, não tem uma vocação tão grande quanto outros esta-dos, como, por exemplo, Mi-nas Gerais. Por isto, também criamos a Frente Parlamentar em Apoio à Mineração. Este

setor precisa de políticas específicas porque só tende a cres-cer, uma vez que estão p r e v i s t o s tantos inves-timentos da construção

civil no Rio. Como falar em construção civil se a gente não falar em mineração, co-mo, por exemplo, areia, brita, argila, barro, todos na área de mina. A frente tem como objetivo apoiar políticas para mineração, uma legislação mais adequada, preservando as leis ambientais. Compli-cações no abastecimento

de água e de energia elétri-ca também foram tratadas pela comissão.

Por que o senhor criou a Lei da Política de Incenti-vo às Microdestilarias? A Lei 5.518/09 institui a Polí-tica Estadual de Incentivo às Microdestilarias de Álcool e Beneficiamento de Produtos Derivados da Cana-de-Açú-car, que deve ser formulada e executada como parte da política de desenvolvimen-to socioeconômico regional integrado e sustentável e voltada para a geração de emprego e renda no estado. Existe uma vocação cana-vieira muito grande no Norte e Noroeste fluminenses, onde muitos pequenos produtores poderiam ter um incentivo maior para gerar mais em-prego com estas microdesti-larias, para produzir cachaça e produtos que estão ligados à área da agricultura açuca-reira. Falta política dentro do setor e precisamos dar incen-tivo aos microempresários. O intuito é gerar cada vez mais emprego produzindo outras microdestilarias.

E leito por duas vezes o deputado mais votado de Macaé, Glauco Lopes (PSDB) está no seu oitavo ano de manda-to. Ele percorre, em média, 190 quilômetros para chegar

à Alerj e diz que, durante a semana, deixa sua cidade, esposa e filhos para “exercer, com amor e responsabilidade, a atividade de representar a população”. No Parlamento, preside a Comissão de Minas e Energia da Assembleia e a Frente Parlamentar em Defesa dos Royalties do Petróleo. Em casa, o deputado afirma ser adepto do esporte e demonstra paixão pela música. “Adoro tocar violão e entre as atividades que mais me agradam está ir ao cinema e ao teatro, assim como correr e jogar futebol”, contou. Em relação à proposta de distribuição dos royalties, o tucano avisa que jamais deixará de ter ânimo para lutar pelo estado do Rio e destaca: perder estes recursos traria um imenso e irreparável prejuízo para a sociedade de Macaé e de todas as cidades que dependem desta verba.

lENTREVISTA GLAUCO LOPES (PSDB)

Érica Ramalho

Existe uma vocação canavieira

grande no Norte e Noroeste fluminense,

onde produtores poderiam ter

mais incentivo

‘Os royalties são uma compensação e não um privilégio aos estados’ maRcela maciel