12
ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO JORNAL DA ALERJ l NESTE NÚMERO Lei institui Programa Estadual de Mudanças Climáticas no Rio PÁGINA 4 e 5 Rio poderá ter recorde de banheiros químicos no próximo Carnaval PÁGINA 9 Flávio Bolsonaro comenta privilégio a projetos sobre a Segurança Pública PÁGINAS 12 Ano VIII N° 207 – Rio de Janeiro, de 16 a 31 de março de 2010 Alerj se engaja em campanha para evitar que emenda federal de autoria do peemedebista gaúcho Ibsen Pinheiro, que retira parte dos royalties do petróleo e do gás do estado do Rio, seja aprovada na Câmara Federal Petrobras/Bruno Veiga O petróleo N o dia 17, a população do estado deu demonstrações claras de que não vai permitir que a Emenda Ibsen, que poderá fazer com que R$ 7 bilhões desapareçam do orçamento fluminense, seja aprovada em Brasília. O grito de alerta do Rio foi dado por milhares de pessoas, que, mesmo debaixo de chuva, marcharam da Candelária à Cinelândia, no Centro do Rio, para protestar. E os deputados não ficaram de fora desse ato. Capitaneados pelo governador Sérgio Cabral e pelo presidente da Casa, deputado Jorge Picciani (PMDB), que, no dia anterior, também estiveram no Plenário Barbosa Lima Sobrinho lançando a campanha Contra a Covardia! Em Defesa do Rio!, os parlamentares uniram-se a empresários, sindicalistas e artistas, dentre outros, para mostrar que o petróleo ainda é nosso! PÁGINAS 6, 7 e 8

Jornal da Alerj 207

  • Upload
    alerj

  • View
    227

  • Download
    5

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Jornal da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro

Citation preview

Page 1: Jornal da Alerj 207

A S S E M B L E I A L E G I S L A T I V A D O E S T A D O D O R I O D E J A N E I R O

JORNAL DA ALERJ

lNESTE NÚMERO

Lei institui Programa Estadual de Mudanças Climáticas no RioPÁGINA 4 e 5

Rio poderá ter recorde de banheiros químicos no próximo Carnaval PÁGINA 9

Flávio Bolsonaro comenta privilégio a projetos sobre a Segurança PúblicaPÁGINAS 12

Ano VIII N° 207 – Rio de Janeiro, de 16 a 31 de março de 2010

Alerj se engaja em campanha para evitar que emenda federal de autoria do peemedebista gaúcho Ibsen Pinheiro, que retira parte dos royalties do petróleo e do gás do estado do Rio, seja aprovada na Câmara Federal

Petrobras/Bru

no Veigaé nosso

O petróleo

N o dia 17, a população do estado deu demonstrações claras de que não vai permitir que a Emenda Ibsen, que poderá fazer com

que R$ 7 bilhões desapareçam do orçamento fluminense, seja aprovada em Brasília. O grito de alerta do Rio foi dado por milhares de pessoas, que, mesmo debaixo de chuva, marcharam da Candelária à Cinelândia, no Centro do Rio, para protestar. E os deputados não ficaram de fora desse ato. Capitaneados pelo governador Sérgio Cabral e pelo presidente da Casa, deputado Jorge Picciani (PMDB), que, no dia anterior, também estiveram no Plenário Barbosa Lima Sobrinho lançando a campanha Contra a Covardia! Em Defesa do Rio!, os parlamentares uniram-se a empresários, sindicalistas e artistas, dentre outros, para mostrar que o petróleo ainda é nosso!

PÁGINAS 6, 7 e 8

Page 2: Jornal da Alerj 207

Rio de Janeiro, de 16 a 31 de março de 20102

FRASES CONSuLTA POPuLAR ExPEDIENTE

PresidenteJorge Picciani

1ª Vice-presidenteCoronel Jairo

2º Vice-presidenteGilberto Palmares

3º Vice-presidenteGraça Pereira

4º Vice-presidenteOlney Botelho

1ª SecretáriaGraça Matos

2º SecretárioGerson Bergher

3º SecretárioDica

4ª SecretárioFabio Silva

1a SuplenteAdemir Melo

2o SuplenteArmando José

3º SuplentePedro Augusto

4º SuplenteWaldeth Brasiel

JORNAL DA ALERJPublicação quinzenalda Diretoria Geral de Comunicação Social da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro

Jornalista responsávelFernanda Pedrosa (MT-13511)

Coordenação: Everton Silvalima e Pedro Motta Lima

Reportagem: Fernanda Porto, Marcela Maciel, Symone Munay e Vanessa Schumacker

Estagiários: André Nunes, Constança Rezende, Colin Foster, Érica Ramalho, Fellippo Brando, Maria Rita Manes, Natasha Costa, Raoni Alves e Ricardo Costa

Fotografia: Rafael Wallace

Diagramação: Daniel Tiriba

Telefones: (21) 2588-1404/1383 Fax: (21) 2588-1404Rua Primeiro de Março s/nº sala 406 CEP-20010-090 – Rio de Janeiro/RJEmail: dcs@alerj.rj.gov.brwww.alerj.rj.gov.brwww.noticiasalerj.blogspot.comwww.twitter.com/alerj

Impressão: Gráfica da AlerjDiretor: Octávio BanhoMontagem: Bianca MarquesTiragem: 2 mil exemplares

ALERJAssEmbLEiA LEgisLAtivA do EstAdo do Rio dE JAnEiRo

“Muitas vezes observamos irregularidades e não sabemos a quem recorrer, e o que poderia se transformar em denúncia se perde. A comissão desempenha papel fiscalizador e os consumidores devem ser informados sobre onde recorrer”Sula do Carmo (PMDB), ao comentar a sanção da Lei 5.660/10, que determina que bares, restaurantes e afins fixem cartazes com o Disque Segurança Alimentar da Casa (0800 282 0376)

“A sociedade é machista. Muitas mulheres se sentem oprimidas pelos maridos, que temem perder o papel de chefia. É o diferencial da mulher: unir responsabilidades de casa, incluindo educação dos filhos com trabalho”Beatriz Santos (PRB), durante evento, no dia 17, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher

“A escola precisa ser para todos. Esse é o papel da Educação e das políticas educacionais. Essa discussão vai instigar a Alerj a aprofundar sua reflexão sobre as ações inclusivas”Comte Bittencourt (PPS), em audiência, no dia 17, sobre a inclusão de alunos especiais nas salas de aula de todo o estado do Rio

Rafael Wallace

Colin Foster

Alô, Alerj: 0800 022 0008

ALÔ, ALERJ “Ligo sempre que a comunidade precisa”

“Moro em Mesquita, muni-cípio da Baixada Fluminense, e há pouco tempo um caminhão estacionou em cima da calça-da e quebrou a tampa de um bueiro, em uma rua próxima de onde eu moro. Não demorou para que pessoas caíssem e se machucassem no buraco forma-do. Minha preocupação era que mais pessoas se acidentassem no local e, por isso, fui procurar a prefeitura, para que a admi-nistração municipal resolvesse esse problema. Como eles nada fizeram, liguei, então, para o Alô, Alerj. Contei o que estava acontecendo e, em dois dias, o buraco do bueiro já estava tam-pado. Já recorri ao disque para

diversas coisas que meu bairro necessita, como construção e iluminação de passarelas, insta-lação de luz nas ruas, conserto de calçadas esburacadas na Rodovia Presidente Dutra e de semáforos quebrados e solici-tação de documentação pessoal para moradores do meu bairro, dentre outros. Todas as vezes que a minha comunidade preci-sa de algo, a primeira coisa que faço é ligar para a Alerj. Descobri esta instituição há alguns anos e nunca tive nenhuma queixa a fazer, pois a mesma sempre me atendeu prontamente.”

Valmir de Souza, 48 anos, trabalha com montagem de móveis há 25 anos, é casado e tem 3 filhos, reclamou de um bueiro destampado e foi prontamente atendido

João Carlos Peixoto – Rio de Janeiro

l Existe algum projeto na Alerj que obrigue a instalação de sistemas de controle para monitorar os serviços de transportes público do estado?

l Os recentes acidentes e deficiências de operação e a má prestação de serviços verifi-cadas por parte das concessio-nárias de serviços públicos de transportes de passageiros por trens, metrô e barcas além dos fatos trazidos ao conhecimen-to por ocasião das audiências da Comissão de Transportes em que foram questionadas e ouvidas as concessionárias e o Governo, nos levaram à con-

clusão de que é extremamente necessário aprimorar a fiscaliza-ção e o monitoramento por parte da Agetransp. Pensando nisso, criei o projeto de lei 2.944/10, que dispõe sobre a implantação de sistema eletrônico de con-trole para fiscalizar e monitorar veículos dos serviços de trans-porte de passageiros. De acordo com o texto, as concessionárias ficam obrigadas a implantar, nos veículos e nas estações de embarque e desembarque, dis-positivos eletrônicos, tipo GPS, que permitam a fiscalização e o monitoramento da operação dos serviços concedidos em tempo real e on line pelo Centro de Controle e Monitoramento a ser implantado.

siga a @alerj no

www.twitter.com/alerj

Deputado Luiz Paulo(PSDB)

Page 3: Jornal da Alerj 207

3Rio de Janeiro, de 16 a 31 de março de 2010É

rica Ram

alho

Defensor dos direitos civis, ati-vista na luta pela prevenção à Aids e um dos principais

nomes da moda brasileira, o estilista Carlos Tufvesson, 41 anos, recebeu, no dia 23, a mais importante comenda entregue pelo Legislativo fluminense, a Medalha Tiradentes. A cerimônia de entrega da honraria, concedida pela de-putada Aparecida Gama (PMDB), contou com a participação do governador Sérgio Cabral e de sua mulher, a primeira-dama Adriana Ancelmo Cabral, além de diver-sos profissionais do mundo da moda e de colaboradores do homenageado. “Cresci e aprendi a minha profissão vendo o trabalho das costureiras, modelistas, designers, enfim, de gente que tinha a exata noção de que a moda vai muito além do que apenas cobrir o corpo. E é com garra e coração que vamos fazer do Rio novamente um local de ponta dessa indústria”, discursou Tufvesson.

Autora da homenagem, Aparecida fez questão de ressaltar o “talento e o carisma” do estilista. “O talento é uma característica bastante distinta da per-

sonalidade humana e, em você, é mate-rial para uma química fina que se revela em todo o seu sucesso profissional. O importante é notar que poucos conse-guem manter esse sucesso por muito tempo e apenas alguns conseguem tê-lo para sempre”, salientou a parlamentar. O governador classificou Tufvesson como “um profissional ousado e criativo”. “É o sonho de toda mulher vestir um Tu-fvesson. Por conta disso, como homem público, digo que você coloca esse prestígio profissional em prol de causas nobres voltadas para os direitos civis e humanos”, declarou Cabral.

O chefe do Executivo estadual lembrou que, em maio de 2007, a Alerj deu um grande passo em favor do reconhecimento

dos direitos civis ao aprovar o projeto de lei 215/05, de autoria do próprio Governo, que concedeu pensão para parceiros homossexuais de servidores – a proposta transformou-se na Lei 5.034/07. “Tenho certeza de que essas são escolhas que vão ditar o padrão civilizatório de cada nação a partir do século 21. A tônica desta era será o respeito aos direitos individuais”, complementou Cabral. Tufvesson fez coro ao discurso do governador e aproveitou para agradecer ao seu companheiro, o arquiteto André Piva, presente na plateia, pelos 15 anos de união. “Quero também estender esta homenagem a todos os meus amigos de militância e aos que continuam na batalha contra esse vírus devastador que causa a Aids”, assinalou.

hOMENAgEM

EvErton Silvalima

Estilista recebe honraria e lembra de luta em defesa de causas voltadas para os direitos civis e humanos

Tufvesson (ao centro) é cumprimentado pelo governador Cabral e pela deputada Aparecida Gama

Medalha da moda

O estilista Carlos Tufvesson é pós-graduado na Domus Academy, na Itália. Montou seu primeiro ateliê em 1999 e, em 2001, apresentava suas coleções na Semana Barra Shopping de Estilo, na São Paulo Fashion Week e na Fashion Rio. Em 2007, ele apresentou a primeira coleção da linha Studio Tufvesson, misturando conceitos de arte, cultura e movimento. Na batalha contra a Aids, organizou a Campanha

da Moda na Luta Contra o HIV e reuniu lojas de Ipanema, na zona Sul do Rio, para uma ação com renda revertida para a Sociedade Viva Cazuza e para a Casa Maria de Magdala. Na cerimônia na Alerj, também compuseram a mesa de cerimônia o secretário de Estado da Casa Civil, Régis Fichtner; Gil Case-miro, representante do Ministério da Saúde, e a mãe do homenageado, a estilista Glorinha Pires Rebelo.

Causas sociais e de estilo

Page 4: Jornal da Alerj 207

Rio de Janeiro, de 16 a 31 de março de 20104

AgRicuLTuRA

O final do verão dos recor-des – que deu ao mês de fevereiro o status do mais

quente dos últimos 50 anos no Rio e à sensação térmica na capital, que beirou os 50°, a segunda posição nas maiores temperaturas do planeta (atrás apenas da cidade de Ada, em Gana, na África) – trouxe novamente à tona a discussão sobre o aquecimento glo-bal. Na Assembleia Legislativa, um primeiro e importante passo foi dado

pela diminuição desse impacto com a aprovação do projeto de lei que cria a Política Estadual sobre Mudança do Clima. Assinado conjuntamente pelos deputados Marcelo Simão (PSB) e André Corrêa (PPS), ele estabelece os princípios, objetivos, diretrizes e instrumentos a serem utilizados no estado para prevenir e mitigar os efei-tos que as mudanças na temperatura terão no estado. “A ideia é oferecer ao estado do Rio um texto que norteará a elaboração de propostas mais práticas, mas sempre dentro do que foi acordado pelo País em tratados internacionais”, esclarece Simão.

Durante a aprovação do texto, que já foi sancionado pelo governador Sér-gio Cabral e se tornou a lei 5.690/10,

Corrêa salientou a motivação coletiva da proposta, que mobilizou parlamen-tares e o Governo – autor de sugestão semelhante, preterida pela aprovada no Parlamento no final de fevereiro. “Em reconhecimento a uma movimentação que ganha espaço em todo o mundo, a Casa deu um passo importante na busca de uma economia de baixo car-bono, defendendo o meio ambiente”, sublinha ele, salientando a lei fará com que o Rio se torne o o segundo estado brasileiro a ter tal política, atrás apenas de São Paulo.

De acordo com o texto, a política te-rá como instrumentos o Plano Estadual sobre Mudança do Clima – destinado à identificação, planejamento e coorde-nação das ações; o Cadastro Estadual

FErnanda Porto E ConStança rEzEndE

Poluição zero

O apoio a ações que promovam sequestro de carbono e uso de fontes renováveis de energia são algumas das propostas do Programa Estadual sobre Mudança do Clima, que fará com que fábricas e indústrias revejam o processo de emissão de gases que podem causar a diminuição da camada de ozônio

Rafael Wallace

Rio se iguala a São Paulo e passa a ser o mais novo estado a ter uma política sobre mudanças climáticas

Page 5: Jornal da Alerj 207

5Rio de Janeiro, de 16 a 31 de março de 2010

Poluição zero

Indústria: campeã do efeito estufa

O setor da economia fluminense de maior participação nas emissões de gases de efeito estufa (GEE) é o industrial, com 33,8% do total, in-cluindo o uso de energia, processos industriais e tratamento de resíduos. Em seguida, vêm os setores comer-cial, residencial e público, pelo con-sumo de energia e resíduos sólidos que produzem – e que eliminam gases –, com 17,6%. O transporte é responsável por 15,9%; a produção de energia elétrica e de combustíveis, 9,6%; mudanças no uso do solo, 8,9%; emissões fugitivas, 7,7%, e agropecu-ária, 6,5%. Este é o balanço feito pelo Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Rio, elaborado em 2007 pela UFRJ.

A pesquisa, além de outros estudos – sobre os impactos na Mata Atlântica e na Zona Costei-ra, por exemplo – são apontados pela superintendente de Clima e Mercado de Carbono, Márcia Real (foto), como os primeiros passos no desenvolvimento de programas de contenção ou redução dos impactos no clima. “A partir deles, a Fiocruz está desenvolvendo um Índice de Vulnerabilidade Climática Muni-cipal, que poderá ser usado para avaliação de políticas públicas”, explica Márcia.

No que diz respeito ao mercado de carbono, cujo modelo oficial é o de Kyoto, a superintendente destaca que o primeiro Modelo de Desen-volvimento Limpo (MDL) aprovado no mundo foi implantado em Nova Iguaçu. Trata-se do projeto de apro-veitamento de metano do aterro de lixo da Nova Gerar.

de Emissões e o Cadastro Estadual de Sumidouros; as Estimativas Anuais de Emissões de Gases do Efeito Es-tufa (GEE) e o Inventário Estadual de Emissões de GEE, elaborados a cada cinco anos. E, ainda, o Zoneamento Ecológico Econômico, o Inventário Florestal Estadual, o Fundo Estadual de Conservação Ambiental e Desen-volvimento Urbano (Fecam) e o Fórum Rio de Mudanças Climáticas.

Com foco na redução de gases causadores do efeito estufa, a norma traz metas como a melhoria na oferta de energia, o aumento do uso de com-bustíveis com baixo teor de carbono, o apoio a ações que promovam sequestro de carbono e o uso de fontes renováveis de energia, além do aumento no uso de sistemas de transporte sobre trilhos e aquaviários. A nova lei também quer impulsionar a reciclagem e estimular a eficiência energética na arquitetura, construção civil e nos eletrodomésti-cos, entre outros. São medidas que, segundo a superintendente de Clima e Mercado de Carbono da Secretaria de Estado do Ambiente, Márcia Real, já vêm sendo implementadas. “Várias ações já foram iniciadas, como, por exemplo, o Inventário Estadual de Gases de Efeito Estufa (ver box), bem

como estudos voltados para Avaliação da Vulnerabilidade do estado em rela-ção à variação do nível do mar, recur-sos hídricos e das f lorestas”, afirma ela, que já inicia “diálogos setoriais” para estabelecer diferentes metas de redução voluntária com indústrias de diversos setores.

O texto permite a previsão de medidas de preservação ou redução da emissão de poluentes nas licitações e contratações promovidas pelo estado e a concessão de deferimento do recolhimento do ICMS, “em operações cujo estímulo esteja em consonância com os objetivos da Política sobre Mudança do Clima”. Para Márcia, no entanto, o maior atrativo na adesão de empresas acontecerá através do exemplo. “É preciso que o setor público adote uma postura pró-ativa e dê o exemplo. Não há como mudar o comportamento sem mostrar como se faz”, defende, lembrando que, neste sentido, já foram adotadas no atual Governo projetos de eficiência energética, aquisição de materiais sus-tentáveis, coleta e reciclagem de resíduos, dentre outros.

O estado do Rio terá de criar o ca-dastro de emissões e, em até um ano, elaborar o Plano sobre Mudança do Cli-ma. A regulamentação da norma deverá obedecer o prazo máximo de 180 dias.

“ A ideia é oferecer ao estado do Rio um texto que norteará a elaboração de popostas mais práticas ”Deputado Marcelo Simão (PSB)

“ A Casa deu um passo na busca de uma economia de baixo carbono e na defesa do meio ambiente ”Deputado André Corrêa (PPS)

Zô Guimarães Rafael Wallace

Rafael W

allace

Page 6: Jornal da Alerj 207

Rio de Janeiro, de 16 a 31 de março de 20106

A convocação feita pelo governador Sérgio Cabral e apoiada pelo presidente da Alerj, deputado Jorge Picciani (PMDB), venceu até mesmo a chuva e fez com que, no dia 17, de acordo com cálculos da Polícia Mi-

litar, 120 mil pessoas fossem à Avenida Rio Branco, no Centro da capital fluminense, para manifestar seu apoio à passeata Contra a covardia! Em defesa do Rio. Todos fizeram questão de mostrar sua indignação contra a aprovação da emenda federal, do deputado Ibsen Pinheiro (PMDB/RS), que retira a maior parte dos royalties do petróleo e gás do estado. “A mobilização vai do trabalhador mais humilde até os mais importantes notáveis. Temos uma mudança substancial, que é do modelo de concessão para partilha, e isso já vai tirar muita coisa do Rio. Por isso, tirar coisas que já são consagradas do orçamento é um crime contra a população do Rio”, declarou Picciani.

Uma das primeiras a chegar à caminhada, na Avenida Rio Branco, a deputada Cidinha Campos (PDT) participou do evento acompanhada pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi. “Neste momento, sou capaz de dar a mão ao capeta para defender o Rio. Para manter os recursos do pré-sal no estado, os esforços não podem ser medidos”, disse ela. Do mesmo partido, o presidente da Comissão de Trabalho, deputado Paulo Ramos, mostrou-se preocupado com a retirada de recursos de mais de R$ 7 bilhões dos cofres do estado: “Um rombo desse pode afetar a oferta de emprego em diversas cidades”.

Para o governador, que falou em coletiva à imprensa no inte-rior da Câmara Municipal do Rio, a demonstração de cidadania dada pelos presentes foi o tom da manifestação: “As milhares de pessoas que vieram até aqui debaixo dessa chuva deram uma demonstração de amor ao estado, numa união de cidada-nia, sem politizar. O recado está dado”, disse ele. A decisão de “despolitizar” o evento, fazendo dele uma celebração artística, foi anunciada logo no início do show pelo prefeito do Rio, Eduardo

Paes. “Decidimos que esta não seria uma festa de discursos, mas uma festa com a cara do Rio, com muita música e demonstrações de generosidade”. “Contrariamos quem achava que este seria um ato político-eleitoreiro, mostramos que a intenção era mesmo de fazer uma manifestação plural em defesa do Rio”, disse o líder do Governo na Casa, deputado Paulo Melo (PMDB).

Na opinião do deputado Rodrigo Dantas (DEM), a manifesta-ção mostra, mais uma vez, que o povo do Rio unido fará a dife-rença. Presidente da Comissão de Cultura da Alerj, o deputado Alessandro Molon (PT) disse temer que faltem recursos para os equipamentos culturais em todo o Rio. Para o presidente da Comissão de Tributação da Casa, deputado Luiz Paulo (PSDB), a passeata deixou claro para o País que o Rio não está satisfeito com a Emenda Ibsen. Já o presidente da Comissão de Economia, deputado André Corrêa (PPS), comentou que a manifestação popular será capaz de reverter a decisão da Câmara Federal. “A população do Rio entendeu a importância dessa mobilização de uma maneira muito forte. Hoje conseguimos reunir aqui

cApA

da rEdação

Municípios fluminenses poderão ter que cortar investimentos em Educação, Saúde e Segurança, dentre outros, se emenda federal de autoria do deputado Ibsen Pinheiro (PMDB/RS) for aprovada pelo Senado. De acordo com o texto da proposta, o estado poderá ter a maior parte dos recursos dos royalties do petróleo e gás retirada de seu orçamento – o que pode chegar a R$ 7 bilhões. “Não é possível no estado democrático, com mais de duas décadas de redemocratização, atentar contra nenhum ente federativo”, denunciou o presidente da Casa, deputado Jorge Picciani (PMDB)

Deputados percorrem as ruas do Centro em direção à Avenida Rio Branco para se juntar aos manifestantes em favor do Rio

Rafael Wallace

Page 7: Jornal da Alerj 207

7Rio de Janeiro, de 16 a 31 de março de 2010

empresários, sindicalistas, profissionais liberais, estudantes e a classe política, em torno da mesma causa”, avaliou. Re-presentante do município de Campos dos Goytacazes, Wilson Cabral (PSB) acredita que o evento terá o poder de mostrar aos senadores a mobilização da população contra “a covardia que esta emenda representa”. “O Senado tomará uma decisão sensata em resposta à demonstração de união dada aqui hoje”, concordou o colega Edson Albertassi (PMDB).

Meio AmbienteO impacto da redução da receita para ações de preservação

do Meio Ambiente voltou a ser discutido durante a passeata. Reafirmando o que disse recentemente, o então ministro do Meio Ambiente, deputado Carlos Minc (PT), classificou a emenda como irresponsável. “Se tiver um acidente aqui, o impacto ambiental não será no Mato Grosso”, salientou ele. “Será desastroso para o nosso meio ambiente”, sentenciou o presidente da Comissão de Defesa do Meio Ambiente da Alerj, deputado André Lazaroni (PMDB).

A manifestação também contou com caravanas de cidades do interior que serão diretamente afetadas com o fim de parte do repasse dos royalties, dentre elas Campos, Rio das Ostras, Angra dos Reis, Nova Friburgo e Petrópolis. De acordo com o Governo do estado, 13 mil pessoas de fora da capital partici-param da passeata. Sessenta ônibus saíram do município de Macaé para participar do protesto. Assessor da Secretaria de Meio Ambiente do município, Eduardo Oliveira classificou como vital a participação da população. “Macaé deixou de ser uma cidade de pescadores para se tornar uma cidade petrolífera. Com isso, sofremos muitos impactos ambientais, então não é justo agora perdermos a nossa compensação”, afirmou.

Logo que a multidão chegou à Cinelândia, políticos, perso-nalidades e artistas, como Neguinho da Beija-Flor, Fernanda Abreu, Toni Garrido e Xuxa, juntaram-se em um palco para demonstrar apoio ao ato contra a Emenda Ibsen.

O presidente Jorge Pic-ciani (foto) afirmou, ao final do ato de protesto contra a Emenda Ibsen Pinheiro, realizado no Ple-nário Barbosa Lima Sobri-nho da Alerj, no dia 16, que acredita na derrubada da proposta, que tirou a maior parte dos royalties do pe-tróleo e gás do estado. Ele afirmou que demonstrações como a passeata no Centro pressionarão pela rejeição da proposta que, segundo o parlamentar, está “ferida de morte”. “Vamos trabalhar também junto ao Senado (...) O governador falou com (o senador) Romero Jucá (PMDB-RR) e com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). O senador Dornelles (PP-RJ) também vem fazendo um grande trabalho em defesa do estado”, citou, dando exemplos de senadores que poderão impedir nova aprovação da proposta.

Picciani também falou sobre a injustiça com o Rio, que já perdeu com a mudança nas regras da cobrança do ICMS do petróleo e energia – recolhido no destino e não na origem – e que perderá com a mudança no modelo de concessão para partilha, com o qual o estado deixará de receber “uma grande soma” correspondente à participação especial. “Não é possível organizarem a economia dessa forma. Não é possível no estado democrático, com mais de duas décadas de redemocratização, atentar contra nenhum ente federativo, por menor que seja, quanto mais contra o segundo que mais contribui com impos-tos federais, que mais gera riqueza para o País”, destacou ele, antes de elogiar a forma como o Governo estadual conduz os investimentos. “O Rio está institucionalizado", exemplificou.

Atentado contra a democracia

Rafael W

allace

Um grande palco foi montado na Cinelândia, em frente à Câmara de Vereadores do Rio, para que políticos, empresários, sindicalistas, profissionais liberais, estudantes e artistas discursassem contra a Emenda Ibsen

Érica Ramalho

Page 8: Jornal da Alerj 207

Rio de Janeiro, de 16 a 31 de março de 20108

cApA

O Estado do Rio de Janeiro recebeu, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP), 70,12% dos royalties pagos aos estados até julho de 2009. Das 92 cidades fluminenses, apenas Sapucaia, Areal, Comendador Levy Gasparian, Paraíba do Sul e Três Rios não entram no rateio da riqueza do petróleo, que representa boa parte dos orçamentos fiscais dos municípios.

O que encabeça a lista de maiores arrecadações é Campos dos Goytacazes (15% dos royalties do estado), que busca agora investir

em outros setores econômicos para garantir a autossuficiência da cidade, cujos repasses representam 60% de sua arrecadação.

Segunda cidade que mais recebe no estado, Macaé (foto acima) era, até o final da década de 70, um pequeno município que vivia da pesca e da agricultura. Quatro décadas depois, em consequência da descoberta de petróleo na Bacia de Campos, a cidade viveu um boom. Com isso, Macaé ocupou o oitavo lugar no ranking de participação dos pequenos municípios no PIB do País entre 2003 e 2004.

Prefeitos citam projetos que serão prejudicados sem os recursos

Royalties chegam a 60% dos recursos

l

“Acredito muito nos homens de bem, e, por isso, tenho certeza que essa emenda não vai ser aprovada no Senado. O ouro de Serra Pelada não foi rateado para o Brasil todo. O minério de Minas (Gerais) também não. Então, por que vamos ter que dividir os nossos recursos? Eles são apenas do Rio”

Beto AzevedoPrefeito de São Francisco do Itabapoana

“Se essa emenda for aprovada em Brasília, Macaé poderá ser extremamente prejudicada em projetos como a oferta de merenda escolar e transporte universitário, a manutenção da faculdade municipal e a realização de serviços essenciais, como a limpeza de ruas, só para citar alguns deles”

Riverton MussiPrefeito de Macaé

“Sem os royalties, o povo é que vai sofrer. Damos café da manhã, merenda para as crianças, e isso tudo vai ser afetado. Os repasses que nos são feitos nunca cobrem nossos gastos. Temos sempre que entrar com mais recursos. As áreas mais afetadas serão a Saúde, a Educação e a Agricultura”

Roberto de Almeida Prefeito de Miguel Pereira

“Se isso realmente acontecer, é a falência total de todos os municípios do nosso estado que recebem os royalties. Nós somos limítrofes e recebemos uma pequena parcela, mas, sem ela, não teremos como investir na Educação, na Saúde e em obras públicas para o bem da população”

Gilson SiqueiraPrefeito de Cardoso Moreira

Fotos: Rafael Wallace Divulgação

Div

ulg

ação

ENQuETE

Você concorda com o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos Rio 2016, quando diz que a perda de R$ 7 bilhões/ano dos royalties do petróleo pelo Estado do Rio de Janeiro trará grande impacto negativo na organização dos jogos? (84 votos)

O JORNAL DA ALERJ inaugura seção onde quer saber a opinião dos leitores sobre acontecimentos importantes para o estado. A cada 15 dias, uma pergunta nova estará sendo postada no blog da Alerj (www.noticiasalerj.blogspot.com). Não deixe de participar!

Sim, totalmenteNão

Sim, parcialmente

33%

35%

32%

Page 9: Jornal da Alerj 207

9Rio de Janeiro, de 16 a 31 de março de 2010

Colin FoStEr

O carnaval de rua da cidade do Rio, em 2011, poderá entrar para a história como o evento

com o maior número de banheiros quími-cos do mundo. A previsão foi feita pelo coordenador de blocos de rua da Riotur, Alex Martins, durante audiência pública realizada no dia 18 pela Comissão de Cultura da Alerj. Segundo Martins, serão instalados, no mínimo, cinco mil banhei-ros, podendo chegar a mais de seis mil, quantidade registrada somente na posse do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em 2008. Apesar das previsões otimistas, o presidente da comissão, de-putado Alessandro Molon (PT), acredita que a necessidade vai além da simples instalação destas estruturas durante os quatro dias em que ocorre a festa. “É preciso garantir também a manutenção desses banheiros químicos, que ficam imundos, inclusive do lado de fora, após menos de um dia de uso. Além disso, há necessidade de a prefeitura se mobilizar para construir banheiros públicos defini-tivos na cidade”, afirmou o petista.

A diversidade de blocos e bairros en-volvidos com o Carnaval pode ser o único empecilho para a instalação do número de banheiros citado pelo coordenador da Riotur, assim como para a manutenção, uma das principais reclamações dos foliões e dos moradores. De acordo com Martins, seria preciso a criação de uma empresa específica para a limpeza rápida das estruturas espalhadas pela cidade. Mas, mesmo assim, ele se comprometeu a fazer um estudo que possa agilizar esta manutenção. Segundo a apresentação de Luis Otavio Almeida, representante da Desliga dos Blocos (grupo de blocos que se juntaram para ir contra as exigências feitas pela prefeitura), seria necessária uma fila de 20 horas para que todos os presentes no bloco Cordão do Boitatá, que desfila no Centro, pudessem utilizar os banheiros durante o desfile.

Fellippo Brando

Rafael W

allace

Coordenador de blocos de rua comenta que o Rio poderá ter número recorde de banheiros químicos

Folia garantidacARNAvAL

Durante audiência da Comissão de Cultura, o deputado Molon (ao centro) disse que não basta instalar as cabines: "É preciso garantir a manutenção desses banheiros"

Outra reclamação feita por Luis Otavio foi relativa ao aumento do número de blocos que obrigam seus foliões a comprar camisas para se juntar ao desfile, cujo espaço fica delimitado por uma corda e diversos seguranças. O coordenador da Riotur, Alex Martins, afirmou que esta prática será proibida a partir de 2011. Ele ain-da afirmou que a Prefeitura manterá o decreto determinando que os blocos apresentem, até 30 de agosto do ano anterior, a solicitação para desfilar. “Até 2009 só tínhamos informações desencontradas sobre os blocos. Agora pudemos fazer um mapeamento do horário exato e de onde eles saem e

também alteramos alguns locais para facilitar atendimentos de emergência de ambulâncias, por exemplo, que já ficaram presas no meio de tantas pessoas bloqueando ruas”, explicou Martins, garantindo também que a propaganda de patrocinadores será diminuída e terá de se adaptar a normas do município.

Também estiveram presentes à audiência o representante da Associação Carioca de Bandas e Blocos Folia Carioca, Ricardo Ra-bello, além de integrantes de blocos de rua como o Largo do Machado, mas não largo do copo e Quem não guenta, bebe água.

Rio sem cordas e abadás

Page 10: Jornal da Alerj 207

Rio de Janeiro, de 16 a 31 de março de 201010

Se liga, 16!Entre 2004 e 2008, o eleitorado brasileiro cresceu 7,43%. Esse crescimento, porém, não foi acompanhado pelos números que medem quantos eleitores entre 16 e 17 anos existem no País. Nesse caso, o que se constatou foi uma queda de 19%. Pensando em conscientizar cada vez mais os jovens sobre a participação na vida política, a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e a União dos Estudantes Secundaristas do Rio de Janeiro (Uees-RJ) lançaram, no dia 26, na Alerj, a campanha Se liga 16! – 2010 é a nossa vez. “Atualmente muitos jovens veem a política como algo ruim. Precisamos reverter esse processo”, disse o coordenador de Juventude da Prefeitura do Rio, Igor Bruno de Freitas.

EnergiaA Comissão Especial da Alerj criada para apurar os pedidos de reintegração de posse de áreas próximas às torres de transmissão de energia da subestação da Ampla em Alcântara, São Gonçalo, presidida pela deputada Graça Matos (PMDB), levou defensoras públicas ao bairro, no dia 19, para tirar dúvidas dos moradores que entraram na Justiça contra a concessionária. “Trouxemos aqui as defensoras para organizar e auxiliar os moradores, que estão sofrendo esse abuso. Agora, vai começar o processo de defesa desses cidadãos que foram intimados pela Ampla”, comentou Graça.

VitóriaUma intervenção da Comissão de Trabalho, Legislação Social e Seguridade Social da Alerj, presidida pelo deputado Paulo Ramos (PDT), fez com que 60 ex-funcionários da Cedae recebessem o que tinham direito depois de uma conturbada rescisão contratual. “Essa foi uma audiência que ressalta o papel da comissão em mediar conflitos. Tivemos uma empresa que, no momento de demitir, descumpriu suas obrigações em relação às verbas rescisórias. A empresa efetuou o pagamento, mas vamos continuar de olho para o caso de mais desrespeito”, explicou Ramos, em audiência no dia 16.

l cuRTAS pROcESSO ELEiTORAL

Pai da tabeliã Fernanda Leitão, do 15º Ofício de Notas, o advo-gado Antônio Leitão afirmou

que o empresário e estudante de Direito Eduardo Raschkovsky pediu a ele R$ 4 milhões para encerrar o contrato assinado entre o cartório de Fernanda e o escri-tório L. Montenegro, administrado pelo empresário. Segundo Leitão, que depôs à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Alerj criada para investigar denúncias de tráfico de influência e venda de sen-tenças judiciais no processo eleitoral, no dia 25, quando o empresário percebeu que não receberia o dinheiro, começou a fazer ameaças de retaliação. “O depoi-mento dele corrobora tudo o que já era de conhecimento da CPI e reforça tam-bém nossa convicção de que havia um esquema de extorsão orquestrado”, ressaltou o presidente do colegiado, deputado Paulo Ramos (PDT). “Cla-ro que ainda buscaremos outras provas e temos uma preocupação muito grande sobre a motivação que levou à assinatura do contrato onde Fernanda teria que repassar 14% de todo faturamento bruto ao escritório de Raschkovsky”, frisou o pedetista.

Para o vice-presidente da CPI, deputado Luiz Paulo (PSDB), o depoimento do advogado foi “cla-ro”. “Ficou nítido que Fernanda, ex-procuradora que ganhou o 15º Ofício por concurso, vivia um momento de fragilidade com a separação e três fi-lhos menores, quando foi abordada por Raschkovsky. Ela certamente recebeu uma faca no peito do tipo ‘ou você faz um contrato comigo dando-me 14% de seu faturamento bruto por 10 anos ou vai perder o cartório’”, analisou o tu-cano. Em relação à correição especial feita no cartório, também citada por Leitão, o parlamentar acredita que fazia parte do processo extorsivo. “Visto que a correição foi feita com 15 escreventes, ela certamente fazia parte do esquema,

tanto que o próprio Conselho Nacional de Justiça tomou atitudes drásticas quando soube do que havia acontecido e afastou algumas pessoas do Tribunal de Justiça do Rio”, acrescentou Luiz Paulo.

No dia 18, a CPI ouviu o advogado Nel-son Kestenberg, citado nos depoimentos de Raschkovsky e de Fernanda Leitão. De acordo com ela, Kestenberg teria sido procurado pelo empresário para tentar reverter a quebra do contrato firmado entre ela e Raschkovsky e que teria sido dissolvido pela tabeliã. O advogado, no entanto, afirmou que foi procurado, mas que teria rejeitado a proposta, antes mesmo de saber do que se tratava.

RaschkovskyPrincipal envolvido nas denúncias que

estão sendo apuradas pela comissão, o empresário e estudante de Direito Eduardo Raschkovsky foi ouvido em 4 de março. Ele afirmou ser impossível fazer “blindagem política” ou conseguir vender sentenças emitidas pela Justiça. Ele disse, ainda, que nunca esteve reunido com qualquer

político, que apenas conhece o desembar-gador Roberto Wider, ex-corregedor-geral do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), e que jamais enviou remessas de dinheiro ao exterior. Para Paulo Ramos, o empresário usou a condição de investigado, consegui-da por intermédio de um habeas corpus, para mentir. “Ele tinha o direito de não res-ponder, de não produzir provas, de omitir e até de negar a verdade. Vamos ver agora se conseguiremos ter o depoimento dos políticos que o empresário teria tentado extorquir”, frisou o parlamentar, acrescen-tando que Raschkovsky nega coisas das quais “a CPI tem convicção”.

Investigado nega acusações em reunião de CPI, que também ouviu advogados sobre ameaça contra tabeliã

marCEla maCiEl

Fellippo Brando

Contrato suspeito

O empresário Raschkovsky declarou ser impossível fazer "blindagem política"

Page 11: Jornal da Alerj 207

11Rio de Janeiro, de 16 a 31 de março de 2010

MiNAS E ENERgiA

A Comissão de Minas e Energia da Assembleia Legislativa do Rio, presidida pelo deputado

Glauco Lopes (PSDB), colocará em votação, na próxima reunião deliberativa, no início de abril, a criação de uma subcomissão para acompanhar os desdobramentos da audiência pública realizada no dia 26, com a concessionária Ampla, em Petrópolis, na região Serrana. O encontro foi marcado para que autoridades locais pudessem de-bater as constantes interrupções no forne-cimento de energia elétrica no município. O objetivo, segundo o deputado Marcus Vinícius (PTB), que presidiu a audiência, é que esta subcomissão trabalhe junto a um grupo composto por representantes da cidade. “O grupo foi formado com pessoas da concessionária, advogados especializa-dos em Direito do Consumidor, técnicos e representantes da sociedade. A população não poderá ficar sem resposta e, a partir desta reunião, terá melhor diálogo com a Ampla. É preciso reavaliar a quantidade de pessoal na região e de investimentos

previstos”, frisou o parlamentar.O presidente da Ampla, Marcello Llé-

venes, admitiu que, nos últimos cinco anos, houve um aumento da demanda de energia de 21%. Segundo ele, isso tem causado diversos problemas estruturais. “O número de clientes da Ampla cresce em torno de 3% a 4% ao ano e estamos investindo em infraestrutura para atender bem a todos”, explicou. No entanto, o diretor-técnico da concessionária, Albino Motta, afirmou que os últimos cortes de energia no município, como os ocorridos no carnaval, derivaram-se de outras cau-sas. “Mais de 50% das interrupções foram provocadas por eventos climáticos. Na região Serrana, temos um relevo muito acidentado e desabamentos em épocas de chuvas. Metade dos cortes foi gerada por árvores que caíram e 13%, por descargas atmosféricas”, pontuou Motta. Segundo ele, a Ampla possui uma previsão de recursos de R$ 15 milhões para este ano, e algumas ações de manutenção já estão sendo implantadas – dentre elas um plano especial de poda de 152 mil árvores e a instalação de 900 novos para-raios.

O atendimento aos clientes que tiveram aparelhos danificados pela in-terrupção de energia está sendo feito de duas formas: através das lojas da

Ampla ou pela Justiça. Llévenes disse que todos os casos serão analisados e que, provada a culpa da concessionária, o usuário será ressarcido. “Não quere-mos fugir da responsabilidade de jeito nenhum, e buscaremos agilidade nas conciliações”, afirmou o presidente da Ampla. A presidente da Associação de Moradores do Bairro Alcobacinha, Lu-ciana Périco, disse que a comunicação com o cliente precisa melhorar. “Quando a pessoa não paga a luz, a Ampla não liga para saber se tivemos algum problema e corta o fornecimento, punindo-nos. Mas, quando ocorre o contrário, nada é feito e ainda nos pedem para entender”, queixou-se Luciana.

Segundo Flávio Luiz Câmara, repre-sentante do Petrópolis Convention & Visitor Bureau, além dos moradores, os empresários foram prejudicados no car-naval. “Hoje, a maioria dos pagamentos é feita em cartão. Com a falta da luz, são compras canceladas e clientes de restaurantes que não têm como pagar, assim como hóspedes de hotéis”, apon-tou. Membro da Comissão da Minas e Energia da Alerj, o deputado Rodrigo Neves (PT) destacou a necessidade de se cobrar e acompanhar o plano de in-vestimento da Ampla.

Os deputados Marcus Vinícius (segundo à esq.) e Rodrigo Neves (detalhe) ouvem o presidente da Ampla, Marcello Llévenes (camisa vermelha), na Câmara de Petrópolis

Petrópolis às claras

marCEla maCiEl

Concessionária admite que piora do serviço deve-se a aumento de 21% da demanda

Divu

lgação/Anton

io Pin

heiroE

duar

do N

adda

r

Page 12: Jornal da Alerj 207

Rio de Janeiro, de 16 a 31 de março de 201012

‘As pessoas acham que ser jovem é ser ingênuo, sem opinião’

Como se envolveu com Política e como avalia o seu desempenho?Comecei por influência do meu pai, vendo a aceitação e o respeito que a população tem pelo trabalho dele. Hoje é bem difícil um político passar credibilidade e não estar me-tido em algum esquema. Fui eleito aos 21 anos e encarei, com tranquilidade, a respon-sabilidade que me foi confe-rida pela população. Com o tempo, você ganha respeito. As pessoas tendem a pensar que ser jovem é sinônimo de ser ingênuo e inexperiente. Isso não tem nada a ver co-migo, pois cresci ouvindo sobre política e sou muito interado sobre o assunto. Te-nho sempre certeza das coi-sas antes de me pronunciar. Vejo pessoas mais velhas no plenário com bem menos experiência do que eu. Desde que entrei aqui, há quase oito anos, nunca tive problemas com corrupção ou desvio de verba. Podem me chamar de ingênuo, sem opinião, mas nunca poderão me chamar de ladrão ou corrupto.

O senhor é presidente de duas comissões ligadas à Segurança. Existe algum motivo para isso?Meu pai é referência para os militares e sempre reivindi-cou os direitos da classe. Por isso, a proposta da minha candidatura sempre foi aju-dar as categorias dos pro-fissionais da área da Segu-rança, tentar dar um pouco de estabilidade para esses servidores. Só melhoraremos esse setor se mudarmos os planos de carrei-ras. O trabalho da co-missão especial que presido, por exemplo, é fazer com que a PM reconheça injustiças em exonerações dis-pensáveis. Cheguei a ouvir no meu gabinete mais de 100 casos de profissionais que acabaram sendo dispensa-dos da corporação pelos mais diversos motivos, e consegui selecionar 12, que eram mais emblemáticos, para serem ouvidos na comissão durante as audiências. Chegou ao meu conhecimento que duas

pessoas conseguiram ser reintegradas à PM.

Quais leis e projetos seus gostaria de destacar?Acho a lei sobre planejamento familiar de 2006 muito im-portante, pois dispõe sobre a vasectomia e a laqueadu-ra nos estabelecimentos de saúde do estado. A gravidez indesejada acontece mais fre-

quentemente nas classes mais baixas e essas pessoas têm o direito de buscar um hospital pú-blico e poder ter acesso ao tipo de mate-rial contran-

ceptivo adequado. Tenho um projeto de lei que está para ser votado que garante aos candidatos de concurso público o direito de saber o motivo da sua reprovação no exame psicológico. Não acre-dito que uma prova onde se faça desenhos e linhas possa afirmar se você tem capaci-dade ou não de passar para

determinado cargo. Desejo que o psicólogo dê um laudo explicativo, garantindo o por-quê desse candidato ter sido reprovado e que o mesmo possa ser novamente avalia-do por outros psicólogos para confirmar o diagnóstico.

Como concilia o trabalho legislativo com a vida pessoal?A política consome muito das minhas horas e, se eu não me planejar, a vida pessoal passa e eu não a vivo como deveria. Por isso, mantenho uma vida social ativa. Saio com os meus amigos, vou à praia, jogo futebol. Faço as coisas normais que toda pessoa com a mesma idade que eu faz. Lógico que a mi-nha prioridade é o trabalho, a atuação legislativa, mas tento me desligar e dar atenção para minha família, minha mulher, minha casa. Ainda mais porque vou me casar ainda esse ano, pois acho que está na hora de estabelecer um lar e dar continuidade à família Bolsonaro, que já não é pequena.

maria rita manES

D e uma família de políticos, completando seu segundo mandato e que se elegeu pela primeira vez como o deputado mais jovem do País, o presidente da Comissão

de Defesa Civil e da Comissão Especial para examinar as exclu-sões administrativas na Polícia Militar, deputado Flávio Bolsonaro (PP), admite que sua luta tem sido voltada, prioritariamente, para conseguir sempre o melhor para a Segurança Pública. Com 28 anos e formado em Direito, Bolsonaro diz não se preocupar em ter sua imagem ligada à classe militar do estado e conta que se engajou na carreira política por intermédio do pai, o deputado federal Jair Bolsonaro (PP/RJ). Apesar de não “dispensar um bom futebol com os amigos”, o parlamentar prioriza o trabalho “acima de tudo”. “Mas isso não significa que eu não pense em ter filhos, enfim, em ter uma família. Se meu filho ou filha, assim como eu, tiver a vontade de seguir o caminho da Política, darei todo o meu apoio”, avalia Bolsonaro.

lENTREviSTA FLÁVIO BOLSONARO (PP)

Rafael Wallace

Vou me casar ainda esse ano, pois acho que está na hora de dar continuidade à família Bolsonaro, que não é pequena