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ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO JORNAL DA ALERJ Ano IX N° 226 – Rio de Janeiro, de 1º a 15 de março de 2011 l NESTE NÚMERO CPI da Região Serrana constata indícios de mau uso do solo PÁGINAS 4 e 5 Elerj realiza ciclo de palestras para apresentar departamentos PÁGINA 9 Deputado Marcelo Freixo encara novo desafio com CPI das Armas PÁGINA 12 O caráter plural e multifacetado da Assembleia Legislativa vai além das diferenças partidárias e re- gionais. A Casa também abriga defensores de variadas categorias profissionais. De de- putados que deixaram de lado suas carreiras para abraçar o mandato a parlamentares que tentam conciliar os dois lados da vida, a Alerj consegue abrigar a todos, de maneira igual mas sem perder as características particulares de cada um. As proporções de distribuição das cate- gorias também seguem as demais diferenças verificadas no dia a dia da Casa: se dos 70 deputados, 15 são advogados, carreiras como a Enfermagem e a Odontologia só contam com um representante, cada. Mas estes garantem que a quantidade de defensores das respecti- vas categorias não importa – o que vale é sua disposição em atuar em nome dos colegas. Corporações como a Polícia Militar e a Polícia Civil também têm membros de seus quadros na função de deputado. Atrizes, jornalistas, apresentadores, jogadores de futebol e até um corretor de seguros ocupam seus espaços na Casa, em pé de igualdade. E a bancada de pro- fessores, das mais variadas disciplinas, garante que os olhos de seus representantes continuarão voltados para a defesa da Educação. Isto é o que une os variados profissionais que compõem as bancadas: suas carreiras ajudam a construir um olhar diferenciado, plural e multifacetado para a condução da defesa do Estado. PÁGINAS 6, 7 e 8 Bancadas da 10ª Legislatura abrigam professores, policiais, médicos e até um corretor de seguros. Pluralidade é sinal da democracia Rafael Wallace Deputados por opção

Jornal da Alerj 226

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Jornal da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro

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Page 1: Jornal da Alerj 226

A S S E M B L E I A L E G I S L A T I V A D O E S T A D O D O R I O D E J A N E I R O

JORNAL DA ALERJAno IX N° 226 – Rio de Janeiro, de 1º a 15 de março de 2011

lNESTE NÚMERO

CPI da Região Serrana constata indícios de mau uso do soloPÁGINAS 4 e 5

Elerj realiza ciclo de palestras para apresentar departamentosPÁGINA 9

Deputado Marcelo Freixo encara novo desafio com CPI das ArmasPÁGINA 12

Ocaráter plural e multifacetado da Assembleia Legislativa vai além das diferenças partidárias e re-

gionais. A Casa também abriga defensores de variadas categorias profissionais. De de-putados que deixaram de lado suas carreiras para abraçar o mandato a parlamentares que tentam conciliar os dois lados da vida, a Alerj consegue abrigar a todos, de maneira igual mas sem perder as características particulares de cada um.

As proporções de distribuição das cate-gorias também seguem as demais diferenças verificadas no dia a dia da Casa: se dos 70 deputados, 15 são advogados, carreiras como a Enfermagem e a Odontologia só contam com um representante, cada. Mas estes garantem

que a quantidade de defensores das respecti-vas categorias não importa – o que vale é sua disposição em atuar em nome dos colegas. Corporações como a Polícia Militar e a Polícia Civil também têm membros de seus quadros na função de deputado. Atrizes, jornalistas, apresentadores, jogadores de futebol e até um corretor de seguros ocupam seus espaços na Casa, em pé de igualdade. E a bancada de pro-fessores, das mais variadas disciplinas, garante que os olhos de seus representantes continuarão voltados para a defesa da Educação. Isto é o que une os variados profissionais que compõem as bancadas: suas carreiras ajudam a construir um olhar diferenciado, plural e multifacetado para a condução da defesa do Estado.

PÁGINAS 6, 7 e 8

Bancadas da 10ª Legislatura abrigam professores, policiais, médicos e até um corretor de seguros. Pluralidade é sinal da democracia

Rafael Wallace

Deputados por opção

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Rio de Janeiro, de 1º a 15 de março de 2011122

Você sabia que a Lei 4.198/03, do deputado Paulo Melo (PMDB), proíbe casas noturnas, bares e boates do Estado do Rio a cobrar por consumação mínima? O des-cumprimento da lei está sujeito a multas baseadas no Código de Defesa do Consumidor. A regra ainda veda a cobrança de tarifas abusivas no caso de perda das comandas de controle de consumo desses estabelecimentos e considera abusivas o valor corresponden-te ao dobro cobrado na entrada. A lei determina, ainda, normas

para a cobrança de extravios de comandas em restaurantes por quilo, que não poderão co-brar valor maior do que o equi-valente ao valor de um quilo do produto comercializado.

ALERJAssEmbLEiA LEgisLAtivA do EstAdo do Rio dE JAnEiRo

“Como Presidente da Comissão de Turismo, que acabei de assumir, quero registrar que vou lutar para que frentes de trabalho aconteçam na Zona Rural para impulsionar o turismo religioso”Myrian Rios (PDT), sobre a atuação da Comissão de Turismo na Casa

“Precisamos de mais políticas públicas que beneficiem as mulheres em todos os segmentos e quero parabenizar o prefeito desta cidade, o sr. Eduardo Paes, por sua iniciativa”Thiago Pampolha (PRTB), sobre as obras do Hospital da Mulher, iniciadas pela Prefeitura do Rio, em Bangu

“Isso é muito importante. O mérito tem que ser levado em consideração e não pode ser por indicação política, mas sim por competência”Robson Leite (PT), sobre a decisão anunciada pelo secretário de Estado de Educação de barrar as indicações políticas para a direção das escolas da rede estadual

Thaisa Araújo

PresidentePaulo Melo

1ª Vice-presidenteEdson Albertassi

2º Vice-presidenteGilberto Palmares

3º Vice-presidentePaulo Ramos

4º Vice-presidenteRoberto Henriques

1º SecretárioWagner Montes

2º SecretárioGraça Matos

3º SecretárioGerson Bergher

4ª SecretárioJosé Luiz Nanci

1a SuplenteSamuel Malafaia

2o SuplenteBebeto

3º SuplenteAlexandre Corrêa

4º SuplenteGustavo Tutuca

JORNAL DA ALERJPublicação quinzenalda Diretoria Geral de Comunicação Social da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro

Jornalista responsávelLuisi Valadão (JP-30267/RJ)

Editor-chefe: Pedro Motta Lima

Editores: Fernanda Galvão e Marcus Alencar

Reportagem: André Nunes, Fernanda Porto, Marcela Maciel, Melissa Ornellas, Raoni Alves e Vanessa Schumacker

Edição de Fotografia: Rafael Wallace

Edição de Arte: Daniel Tiriba

Estagiários: André Coelho, Andresa Martins, Diana Pires, Fellippo Brando, Maria Rita Manes, Paulo Baldi, Tereza Baptista, Thaís Mello, Thaisa Araújo

Telefones: (21) 2588-1404/1383 Fax: (21) 2588-1404Rua Primeiro de Março s/nº sala 406 CEP-20010-090 – Rio de Janeiro/RJEmail: dcs@alerj.rj.gov.brwww.alerj.rj.gov.brwww.noticiasalerj.blogspot.comwww.twitter.com/alerjwww.radioalerj.posterous.com

Impressão: Gráfica da AlerjDiretor: Octávio BanhoMontagem: Bianca MarquesTiragem: 2 mil exemplares

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Ouça sonoras dos deputados

.JORNAL DA ALERJ

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FRASES CONSuLTA POPuLAR ExPEDIENTE

l Gostaria de saber se existe alguma proposta que estipule critérios para a contenção e destinação de águas pluviais.

l Os prejuízos provocados pelas inundações verificadas no período das chuvas são in-calculáveis. Além dos trans-tornos sofridos pelas pessoas, com doenças transmitidas pela água, uma enchente acaba atingindo a economia de todo o Estado. Por isso, apresentei o

projeto de lei 162/11, que obriga a implantação de sistema para a captação e retenção de águas pluviais, coletadas por telhados, coberturas, terraços e pavi-mentos descobertos, em lotes, edificados ou não, que tenham área impermeabilizada superior a 500m². O objetivo é reduzir a velocidade do escoamento para as bacias hidrográficas em áreas urbanas, controlar a ocorrência de inundações, amortecer e minimizar os pro-blemas das vazões de cheias e, consequentemente, a extensão dos prejuízos, e contribuir para a redução do consumo.

Deputado Robson Leite (PT)

Terezinha Cristina Barboza Araújo – Teresópolis

VOCê SABIA? A Lei 4.198/03 proíbe a cobrança de

consumação mínima em casas noturnas, bares e demais estabelecimentos.

ENQuETEVocê sabe onde pesquisar sobre as leis estaduais?

Para votar na próxima enquete, basta acessar: www.noticiasalerj.blogspot.com

Sim Não25% 75%

Page 3: Jornal da Alerj 226

11Rio de Janeiro, de 1º a 15 de março de 2011

u ma administração silenciosa, mas eficiente. É com esta filosofia que o novo diretor-

geral da Alerj pretende exercer suas funções. De fala mansa, porém com metas e planos já estabelecidos, José Carlos Araújo quer mostrar resultados concretos a partir de ações efetivas. Uma delas é informatizar toda a estru-tura do Legislativo, para reduzir, em até 70%, o uso do papel. A ideia é colocar a tecnologia a serviço de processos, certificações, aquisições, solicita-ções e ofícios. “Não dá para acabar com o papel totalmente. Mas com a adaptação das novas tecnolo-gias é possível reduzir seu uso entre 50% e 70%. Vamos continuar com o processo de modernização da Casa, sobretudo na área de informática”, revela o diretor-geral, José Carlos Araújo. A proposta é criar um sistema em que o deputa-do ou o departamento possa fazer a requisição de material via computador, sem a necessidade de ofícios.

O primeiro passo será estudar o pro-cesso de digitalização dos documentos. A meta é passar mais da metade dos procedimentos para o formato eletrô-nico. Para dar agilidade às mudanças, parte da estrutura foi modificada: a Diretoria-Geral de Administração foi transferida do décimo para o sexto andar do prédio da Rua da Alfândega, onde funciona a Direção-Geral da Casa.

A informatização dos serviços, além de desburocratizar, facilitará a vida dos funcionários. Segundo Araújo, as medi-das a serem adotadas pela Assembleia são essenciais para os deputados, que passariam a contar com uma estrutura mais enxuta.

O diretor-geral assegura que dotar a Assembleia de novas tecnologias e infraestrutura significa criar instru-mentos para que o parlamentar exerça

plenamente seu mandato. Por outro lado, diz, isso ainda possibilita ao presidente da Casa, deputado Paulo Melo (PMDB), colocar em prática seus projetos na Alerj, entre eles, a criação do Departamento Cultural, que terá como objetivo integrar a Casa ao Pólo da Praça XV e fazer com que o Palácio faça parte do cotidiano cultural da capital e a montagem da Rádio Alerj. Também estão previstas melhorias na comunicação e nas insta-lações internas, além da ampliação da capacidade de cobertura da TV Alerj, visando a transformação da emissora em canal de TV aberta.

Araújo informou que está nos pla-nos da nova administração realizar uma restauração no Palácio Tiradentes, inaugurado em 1926, a exemplo do que

foi feito nos anos 1990. “Todo prédio histórico necessita de uma restauração a cada dez anos. Isso ajuda a conservar sua estrutura de forma adequada”, ex-plicou. Dentro desse contexto de ações, o diretor explica que o foco principal é dar mais visibilidade à Alerj, fazendo a população usufruir mais ativamente dos projetos culturais da Casa.

Apesar dos desafios, experiência não falta ao novo diretor-geral da Alerj. Araújo já esteve à frente das subsecre-tarias estaduais de Fazenda e de Plane-jamento, durante a gestão do governador Marcello Alencar. Até o mês passado, ele ocupava a posição de presidente da Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado do Rio, cargo que ocupava desde 2003.

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MUDANÇAS

Marcus alencar

Rafael Wallace

Meta do novo diretor-geral da Alerj é reduzir uso do papel e informatizar procedimentos administrativos em geral

Austeridade na gestão

“Vamos continuar com o processo de modernização da Casa, sobretudo na área de informática. É possível reduzir o uso do papel em até 70%” José Carlos Araújo, diretor-geral da Assembleia Legislativa

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Rio de Janeiro, de 1º a 15 de março de 201112

Um dos locais visitados em Teresópolis conserva os escombros do deslizamento que vitimou membros do Corpo de Bombeiros durante resgate de moradores

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CPI DA SERRA

Casas em área de risco, infiltra-ções em moradias e ocupação desordenada do solo foram

algumas das irregularidades constatadas pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa em vistoria aos municípios de Teresópolis e Nova Friburgo. Os parlamentares da CPI – criada para apurar os problemas enfrentados pela Região Serrana durante as chuvas de janeiro – se surpreenderam com a situação de Friburgo, onde cons-tataram novos riscos de desabamento no bairro Alto Floresta.

Na cidade mais castigada pelo temporal, vistoriada no último dia 12, o presidente da CPI, deputado Luis Paulo (PSDB), fotografou a Rua Aure-liano Barbosa, onde a água da chuva, misturada ao esgoto, escorria pelas encostas, atingindo as residências localizadas logo abaixo. “Esta é uma questão que a prefeitura de Friburgo vai ter que resolver rapidamente. Há um risco para o conjunto de casas que estão embaixo porque a água vai se infiltrando pelas fundações, enfra-quecendo as estruturas. Com isso, uma outra chuva pode causar acidentes nas casas de baixo, agravando a situação”, explicou o parlamentar.

Durante a vistoria, os deputados também ouviram reclamações e di-ficuldades pelas quais os moradores estão passando. Maria Lucia Monteiro Pereira, moradora do bairro, disse que a população sempre foi carente de políti-cas de estado. “Se a nossa situação já era difícil, hoje ficou ainda pior. Sabe-mos que neste momento emergencial as coisas precisam ser feitas em diversos locais e pode acabar demorando um pouco mais para alguns, mas as ações precisam ser permanentes”, queixou-se. De acordo com o prefeito de Friburgo, Demerval Neto, as vítimas das chuvas de janeiro recebem um seguro social

no valor de R$ 500, porém não há mo-radias para serem alugadas. “Para isso, planejamos usar o dinheiro arrecadado através do SOS, em que recebemos mais de R$ 3 milhões. A ideia é fazer essas moradias, que ficarão prontas em 30 dias, e entregá-las com cama, fogão e geladeira, toda completa”, explicou o prefeito.

Representante da cidade na CPI, o deputado Rogério Cabral (PSB) desta-cou que a situação habitacional precisa ser resolvida o mais rápido possível. “As pessoas já sofreram demais. Só quem vem aos locais atingidos pode ter noção do que aconteceu. A tragédia teve uma

dimensão histórica”, frisou Cabral que, junto com a comitiva, também vistoriou os bairros Três Irmãos, Duas Pedras, Córrego Dantas e o Centro, no Parque do Suspiro, além de visitar uma antiga fábrica para verificar o armazenamen-to de donativos, que já chegam a 600 toneladas de doações.

O quadro em Teresópolis não foi diferente. Na cidade, visitada no dia 11, os parlamentares percorreram cinco bairros, onde também constataram o uso irregular do solo e a ocupação desordenada. “Em Teresópolis visto-riamos localidades como, por exemplo, Campo Grande e Posse, onde não há

Marcela Maciel

Membros da CPI da Região Serrana visitam Teresópolis e Nova Friburgo e constatam mau uso do solo

Ruínas sob vistoriaFotos: Marcela Maciel

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11Rio de Janeiro, de 1º a 15 de março de 2011 5

Improviso de moradores no lugar de pontes

Segundo a Secretaria de De-fesa Civil de Teresópolis, em uma apresentação aos deputados antes da vistoria, a tragédia das chuvas de janeiro deixou números alar-mantes: 386 óbitos; 180 pessoas desaparecidas; 856 feridas; 9.643 desabrigadas; e 430 em abrigos. Durante a visita pelo município, os deputados perceberam diversos pontos de deslizamentos nas encos-tas da cidade e viram de perto duas das 48 pontes que foram destruídas pelas chuvas, deixando muitas áre-as praticamente isoladas.

Na rodovia BR-116, parte de uma ponte foi derrubada pelo Rio Paquequer (foto abaixo), levando os moradores a improvisarem uma passagem com troncos de duas árvores. Já no bairro Cruzeiro uma ponte caiu em sua totalidade, e, mais uma vez, a população usou a criatividade, mas sem levar em conta a segurança: tábuas de ma-deiras foram colocadas sobre o rio para permitir a travessia de moradores e veículos.

Ainda durante a vistoria, os deputados foram a um abrigo com 130 pessoas e a um terreno onde já foram depositadas toneladas de terra que estão sendo retiradas das áreas atingidas. Vice-presidente da CPI, o deputado Sabino (PSC) des-tacou que o local, porém, também corre risco de desabar.

Os deputados Nilton Salomão, Luiz Paulo, Rogério Cabral, Clarissa Garotinho, Janira Rocha e Sabino: membros da CPI que avalia situação da Região Serrana

responsabilidades claras porque foi muita chuva em córregos de vazão tímida onde talvez tenha chovido 400 milímetros em quatro horas, o que é uma chuva absurda, e que promoveu escorregamentos e lavagens de blocos, uma destruição com muitas mortes”, explicou Luiz Paulo. Segundo ele, na localidade conhecida como Granja Florestal, que é totalmente tipificada como área de risco, existem diversas casas para serem demolidas. “Isto ca-racteriza a omissão na ocupação do uso do solo”, avaliou o tucano, afirmando que incluirá a responsabilidade das prefeituras no relatório final da CPI.

Nessa área o deputado destacou ainda o risco de queda de árvores e deslizamento de terra que atingiriam a rede elétrica. “Aqui a terra pode deslizar a qualquer momento, mesmo sem uma nova ocorrência de chuvas”, ressaltou Luiz Paulo. Uma das últimas localidades a receber a visita dos parlamentares, o bairro Fischer, em Teresópolis, também causou espanto aos deputados. Na região, distante do centro comercial, foram construídas 40 casas populares. Segundo o presidente da Associação de Moradores do local, Alexandre Vieira, as moradias foram erquidas em 2005, quando dez famílias chegaram a habitar algumas casas antes que parte delas deslizasse na encosta. “Elas ficaram muito tempo desocupadas. Hoje essas moradias estão abrigando muitas famí-lias vitimadas pelas chuvas de janeiro, que invadiram as casas por falta de

opção”, contou Vieira. Relator da CPI, o deputado Nilton Salomão (PT) consi-derou trágica a situação. “São recursos públicos colocados em área de risco. Com certeza os responsáveis terão que se explicar”, frisou.

A deputada Clarissa Garotinho (PR) aproveitou para fotografar a placa que anunciava a construção de novas mora-dias populares e anunciou que pretende entrar com uma ação no Ministério Público. “Ninguém pode morar numa região dessas, que não tem ônibus, não tem nenhum serviço do Estado e ainda está condenada. Nós mesmos andamos aqui quase caindo, imagina uma criança”, espantou-se ela, que tam-bém estava na comitiva, assim como a deputada Janira Rocha (PSol).

O objetivo da CPI, que também contou com a participação dos deputa-dos Sabino (PSC) e Comte Bittencourt (PPS), durante as vistorias, é visitar os sete municípios castigados pelas chuvas. “A gente precisa verificar o tamanho desse desastre. No período das chuvas andamos em todos os mu-nicípios, mas, passados 60 dias, temos que verificar como as cidades estão reagindo, quais providências foram tomadas e como vai se dar todo o pro-cesso de reconstrução, que não pode ser o mesmo do passado, pois não deu resultado”, comentou o parlamentar, acrescentando que a CPI também vai propor aos governos políticas de estado definitivas, principalmente na área habitacional, que é a mais crítica.

Page 6: Jornal da Alerj 226

Rio de Janeiro, de 1º a 15 de março de 2011126

CAPA

N em só de apresentar projetos de lei e lutar pelos interesses da sociedade fluminense

vive um parlamentar. Apesar da rotina na Assembleia Legislativa do Rio, mui-tos deputados dividem seu tempo com outras ocupações. Engenheiros, médicos, professores, advogados, administradores, profissionais de comunicação e de outras áreas emprestam seus conhecimentos em prol da melhoria de vida da população que os elegeu.

A formação em Direito é a mais comum entre os parlamentares. O de-putado Márcio Pacheco (PSC), que é pós-graduado em Ciências Políticas e doutor em Direito Civil, concilia a vida de parlamentar com a rotina no escritório de advocacia, onde cuida de questões tributárias e trabalhistas. “A profissão não pode ser a política. Política tem que ser vocação. Sinto hoje que sou um político muito melhor, por conta da minha profis-são e do meu conhecimento”, acrescenta o deputado, que ainda arruma tempo para se dedicar à música. “Essa é uma paixão que vem de pequeno. Não sou músico, sou um evangelizador. Essas três atividades me complementam”, afirma ele, que em 1997 foi um dos fundadores do Movimento Deus é 10, na Igreja Católica.

A Polícia Militar também conta com seus representantes na Casa. O deputado Coronel Jairo (PSC) é oficial reformado da Polícia Militar e acredita que a carreira na PM o ajudou a ter um entendimento de como é a vida parlamentar. “No que

diz respeito à disciplina essa vivência foi muito importante.Esses 35 anos que vivi na Polícia Militar pautaram toda a minha experiência na Alerj”, afirma. Outro representante da categoria, o deputado Paulo Ramos (PDT) ressalta a experiência acumulada na corporação. “Esse trabalho só me favoreceu dentro do Parlamento, principalmente nas questões ligadas à segurança pública. Acredito que sou mais ágil na compreensão das situações relacionadas a essa área e também nas questões que envolvem os servidores públicos”, destaca Ramos, que é major da reserva da PM, advogado, administrador de empresas e especialista em Políticas Públicas. Os deputados Iranildo Campos (PR) e Marcos Abrahão (PTdoB) também representam a classe.

Outros parlamentares também exer-cem funções extraparlamentares. Na

TV, os maiores exemplos disso são os deputados Wagner Montes, Cidinha Campos e Myrian Rios, todos do PDT, além de Gerson Bergher (PSDB) e Édino Fonseca (PR). Saindo da TV e indo para o rádio, encontramos o deputado Pedro Augusto (PMDB), radialista há 32 anos que, a exemplo dos outros, também alia política com a comunicação de massa. O deputado Fábio Silva (PR) é advogado, mas também trilha um caminho nas on-das do rádio, embora com uma temática mais religiosa que política.

A classe com maior número de re-presentantes é a de advogados, mas o Parlamento conta com assistentes sociais, professores, administradores de empresas, empresários e, até mesmo, um corretor de seguros – o deputado Marcus Vinicius (PTB). O que mostra que a Casa é, com certeza, plural.

Trabalho aliado à vocaçãoDeputados aliam atuação no Parlamento às suas profissões e garantem: união de tarefas traz resultados positivos

Vanessa schuMacker, Paulo Baldi, andresa Martins e Maria rita Manes

Thaisa Araújo

Os deputados Coronel Jairo, Iranildo Campos e Paulo Ramos, companheiros de Polícia Militar e no Parlamento: experiência na corporação ajuda a pautar os trabalhos que desenvolvem na Assembleia Legislativa

Page 7: Jornal da Alerj 226

Rio de Janeiro, de 1º a 15 de março de 2011 117A

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Médicos no consultório e deputados no ParlamentoPresidente da Comissão de Saúde da Casa, o deputado e médico Márcio Panisset continua atendendo à comunidade de São Gonçalo. “Pretendo continuar com meu ofício. Na casa vou realizar o 1° Fórum de Discussão sobre o Funcionamento das Unidades de Pronto Atendimento (UPA)”, conta. Outro que pretende levantar a bandeira da categoria é José Luiz Nanci (PPS). Médico anestesiologista, o parlamentar continua atendendo no Hospital Santa Maria, também em São Gonçalo. “Não sou deputado, estou deputado. Mas eu sou médico e é assim que vou morrer”, define ele. A categoria conta, ainda, com o deputado Gerson Bergher (PSDB) como representante.

Cirurgião dentista traz as demandas da classe para a CasaO deputado Pedro Fernandes (PMDB) defende a bandeira da Odontologia. A união entre o Parlamento e a carreira começou cedo, uma vez que ele foi estagiário da Assembleia durante a graduação. Hoje especialista em cirurgias, ele lamenta a falta de tempo para se dedicar à profissão, que ainda exerce como um hobby. “Mas acredito que posso ser útil como uma voz da categoria na Casa”, garante Fernandes, que com frequencia se reúne com representantes da Associação Brasileira de Odontologia (ABO) e do Conselho Regional de Odontologia (CRO) para receber as demandas da classe. São de sua autoria leis voltadas para a manutenção da saúde bucal.

Dos corredores do comércio para o plenário da AlerjApesar de acompanhar a vida política de sua cidade, Araruama, há mais de vinte anos, só em 2008 o empresário Miguel Jeovani (PR) quis se arriscar nas urnas, quando se candidatou a prefeito. “Primeiro, quis estruturar a vida da minha família e a da minha empresa”, pondera, citando a rede de supermercados que administra ao lado da esposa, Márcia, e dos filhos, Mateus e Mariana. Com dez lojas na Região dos Lagos e no Norte fluminense, Jeovani acredita que sua vivência à frente das lojas ajuda sua atuação na Casa. “A Assembleia tem um pouco de empresa também, pois às vezes precisamos cortar custos, sugerir melhorias para o Executivo, e é nisso que entra o meu conhecimento”, acredita.

Page 8: Jornal da Alerj 226

Rio de Janeiro, de 1º a 15 de março de 2011128

CAPA

De professoras a corretor de seguros, as muitas faces do ParlamentoFotos: Rafael Wallace

“Não tenho conseguido atuar nas duas funções, pois necessitam de grande atenção. Como parlamentar, pretendo atuar em prol da categoria apresentando projetos para a abertura de centros destinados à realização de parto normal, em que enfermeiros efetuem o procedimento, e para aumentar a participação do Corpo de Bombeiros nas UPAs”

Deputada Enfermeira Rejane (PCdoB)

“Sou professora e me formo, em junho, em Serviço Social. Minha monografia, sobre mulheres que sofrem violência doméstica, tem a ver com minha atuação no Parlamento, uma vez que sou presidente da Comissão de Assuntos da Criança, Adolescente e do Idoso. Acredito que isso só tem a contribuir, pois me aproxima da realidade do cidadão”

Deputada Claize Maria Zito (PSDB)

“Para ter êxito como corretor de seguros é essencial possuir uma relação de confiança com o segurado, visto que o profissional é um representante do cliente frente à seguradora. Em um paralelo, é como nós, deputados, no Parlamento, ao representar a população. Em ambas atividades a confiança e o bom trabalho são determinantes para o sucesso.”

Deputado Marcus Vinicius (PTB)

“Acredito que muitos parlamentares procurem o curso de Direito pelo conhecimento que ele proporciona. Eu mesmo estou cursando o sétimo período e achei muito válido o conhecimento prévio que eu tive da legislação. Não tenho expectativa de exercer a profissão, mas sei que essa formação vai me ajudar muito na vida parlamentar”

Deputado Rafael Picciani (PMDB)

l

Outros dois personagens na Alerj já eram bem conhecidas antes do início na política. Os deputados Roberto Dinamite (PMDB) e Bebeto Tetra (PDT) conquistaram seus eleitores, antes de tudo, dentro de campo, quando ainda eram jogadores de futebol profissional. Com passagens por grandes clubes nacionais, internacionais e, ainda, pela Seleção Brasileira, ambos fizeram história por onde passaram. Dinamite, além de ser ídolo do Clube de Regatas Vasco da Gama, é também o atual presidente do time. Para ele, conciliar as duas funções não é fácil, mas o parlamentar garante que o importante é estar cercado de uma equipe competente para dar conta das duas funções. “A presidência de um clube e a vida parlamentar se parecem, ambas são política. Uma atividade complementa a outra”, afirma o deputado, que iniciou o seu quinto mandato consecutivo na Alerj, sendo ainda o representante do estado na União Nacional dos Legislativos Estaduais (Unale).

Tetracampeão do mundo em 1994, Bebeto é vice-presidente do Instituto Bola pra Frente, um projeto dele em parceria com o ex-jogador Jorginho, que beneficia cerca de mil crianças. “Quando fui eleito, passei a voltar

todas as minhas atenções para a Alerj. Pretendo fazer a defendesa de temas como saúde e educação, áreas em que há carência em nosso País. Se tudo isso estiver atrelado ao esporte, melhor ainda”, defende Bebeto, que contou ainda que além do Instituto Bola pra Frente está encabeçando outro projeto, o Instituto Luís Fernando Peta, que também tem a finalidade de educar através do esporte. “Estamos sempre trabalhando para transformar vidas”, frisa.

Craques com a bola garantem fazer bonito no Legislativo

Dinamite e Bebeto: conquistas no esporte e na política

Page 9: Jornal da Alerj 226

Rio de Janeiro, de 1º a 15 de março de 2011

Integrar os novos parlamentares e assessores ao dia a dia do Legis-lativo estadual. Este foi o objetivo

do ciclo de palestras Alerj: Estrutura e Reflexões, organizado pela Escola do Legislativo do Estado do Rio de Janeiro (Elerj) e lançado no dia 1º. Coordena-dor geral da Elerj, o deputado Gilberto Palmares (PT) ressaltou a importância desse tipo de iniciativa. “A Escola do Legislativo está fazendo um conjunto de palestras sobre os setores estratégicos da Alerj, e isto é fundamental para o bom andamento da Casa”, afirmou. Diretora da Elerj, Rosângela Fernandes endos-sou o parlamentar. “A ideia é detalhar o funcionamento das diretorias da Casa e aprofundar discussões sobre temas de interesse dos mandatos”, ponderou.

O ciclo foi lançado com a apresenta-ção da Diretoria Geral de Comunicação Social e da TV Alerj, que explicaram seus serviços e apresentaram novidades, como a realização de media training para os parlamentares, com dicas de como lidar com a imprensa, entre outras. Durante a palestra, foi anunciado, ainda, o lança-mento da Rádio Alerj, serviço que ficará

disponível na internet e nos pontos de áudios localizados nos gabinetes, salas e departamentos da Casa, com música, notícias sobre a Assembleia, entrevistas e programas culturais.

Já a segunda palestra foi proferida pela Procuradoria Geral da Alerj. O pro-curador Rodrigo Lopes discorreu sobre os limites do Legislativo para exercer suas funções dentro do que permite a Constituição Federal. Lopes atribuiu as limitações do Legislativo ao sistema constitucional brasileiro, que ele classi-ficou como concentrador e responsável por impedir a manifestação das pecu-liaridades no funcionamento de cada estado. “O Legislativo tem que estar um passo à frente da Constituição, porque ela não atende às necessidades específicas de cada estado”, pontuou. Presente ao debate, o deputado Luiz Paulo (PSDB) defendeu mudanças neste sistema. “Essa palestra nos instigou a querer uma refor-ma constitucional”, declarou.

Outros departamentos também par-ticiparam do programa, como a Diretoria de Informática, que apresentou mudan-ças como a adoção de softwares livres pelos novos computadores da Casa e a renovação do sistema utilizado para a administração do processo legislativo on line. Encerrando o ciclo, o Fórum Permanente de Desenvolvimento Estra-tégico do Rio apresentou as atividades que desenvolve.

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Integração na pautaRafael Wallace

Escola do Legislativo organiza ciclo de palestras voltado para a integração entre assessores, deputados e departamentos

CICLO DE PALESTRAS

Fernanda GalVão e tereza BaPtista

O procurador Rodrigo Lopes participa do ciclo de palestras da Elerj: integração entre os setores foi o objetivo do programa, que foi desenvolvido durante o mês

Comunicação Social da Alerj

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Melhores práticas para uma boa relação com a imprensa

Comunicação Social da AlerjTV Alerj e Rádio Alerj

MEDIA TRAINING

Durante o processo do Media Training, que será executado em parceria pela Diretoria Geral de Comunicação Social e pela TV Alerj, os parlamentares receberão uma cartilha, contendo dicas sobre como lidar com a imprensa, como se posicionar diante das câmeras, o que deve e o que não deve ser feito na relação entre deputados e repórteres. Conheça algumas delas:

* É melhor atender o jornalista antes de a notícia ser publicada do que depois sair em busca da reparação;

* Não é normal pedir para o repórter lhe mostrar a matéria antes de publicar. Não faça isto;

* Evite se mover diante da câmera enquanto estiver sendo entrevistado. Isto tira a atenção do telespectador para o que você está dizendo;

* Quando encontrar um microfone, evite gritar. Fale normalmente, sem elevar o tom de voz;

* Nem sempre o que você considera importante é notícia.

Cartilha traz dicas de como se relacionar com a imprensa

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Rio de Janeiro, de 1º a 15 de março de 20111210

l CURTAS EDUCAÇÃO

A melhoria da condição de traba-lho dos docentes e a redução da quantidade de alunos em

situação de distorção idade/série foram os pontos primordiais do plano de metas para o ano de 2011 apresentado pelo secretário de Estado de Educação, Wilson Risolia, durante reunião da Comissão de Educação da Alerj, no último dia 02. Segundo o secre-tário, é necessário atacar, com urgência, a correção de fluxo de alunos com defasagem entre a sua idade e o ano em curso. “Além de resolvermos esse passivo, que vem de algum tempo, temos que preparar os jovens, principalmente do Ensino Médio, na faixa dos 15 anos, para a janela de oportunidades que o estado do Rio está criando, com a realização da Copa e dos Jogos Olímpicos. Todo o planejamento foi feito pensando nos próximos 12 anos”, explicou Risolia.

Com relação à questão salarial, ele afirmou que ao menos uma parte das reivindicações foi resolvida com a im-plantação do auxílio-transporte e com o auxílio-qualificação, que começará a vigorar a partir de maio. “Nesses quatro meses em que estou à frente da pasta, foi possível trabalhar alguns benefícios, como por exemplo esse auxílio transporte, que varia de R$ 56 a R$ 90 e vai beneficiar os 72.169 professores e servidores da secre-taria, e o auxílio-qualificação, no valor de R$ 500, que vai ser entregue a partir de

maio aos docentes que estiverem nas salas de aula. Salário é um assunto um pouco mais complexo, porque temos que analisar também a questão fiscal e previdenciária, o que demanda um pouco mais de tempo, mas isso também está na nossa agenda”, garantiu.

Presidente da comissão, o deputado Comte Bittencourt (PPS) afirmou que o plano de metas tem que estar articulado com o Plano Estadual de Educação. O parlamentar ressaltou que, embora este processo esteja avançando, ainda está aquém do desejado. “Essa é uma preocu-pação registrada nessa audiência pública. O plano é uma lei e tem que ser tratado de forma superior ao plano de metas do atual gestor. É uma lei para ser cumprida. Já há uma representação nossa junto ao Ministé-rio Público cobrando responsabilidade dos governos no cumprimento dessas metas do plano, e faremos esse acompanhamento ao longo desse período legislativo. O plano é um norte, é a transição segura de Educação como política de governo para política de estado”, disse o deputado. Presente na audiência, o deputado Luiz Paulo (PSDB) sugeriu aprofundar a discussão do finan-ciamento da Educação no estado. “Temos que ter metas de financiar a Educação com o orçamento que já temos e com o que está por vir. Se a arrecadação sobe, parte dela tem que ir para este setor”, frisou. Líder do Governo, o deputado André Corrêa (PPS) lembrou os avanços feitos pelo Executivo nos últimos quatro anos. “Houve o resgate dos concursos públicos, a implantação de ar-condicionado em 906 escolas da rede e agora o auxílio-transporte”, apontou.

Vanessa schuMacker

Nova CPI é instaladaO deputado Paulo Ramos (PDT) foi eleito o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as denúncias contra o 9º Cartório de Registro Geral de Imóveis, relativas às inscrições de matrículas, escriturações e anotações de imóveis situados na Barra da Tijuca e no Recreio dos Bandeirantes. O nome do pedetista foi apresentado, no dia 03, pelo autor do requerimento 24/11 que deu origem à CPI, deputado André Corrêa (PPS). “Como esta comissão é um desdobramento da CPI da Venda de Sentenças, na qual o deputado Paulo Ramos estava à frente e fui o relator, sugeri que mantivéssemos a mesma formação”, apontou Corrêa.

Casa elege corregedorPelos próximos dois anos, caberá ao deputado Comte Bittencourt (PPS) a tarefa de zelar pela manutenção do decoro parlamentar, da ordem e da disciplina no âmbito da Assembleia Legislativa do Rio. Ele foi eleito, no dia 1º, o corregedor da Casa. A candidatura, que recebeu os votos de 46 deputados (três, incluindo o próprio, se abstiveram), foi defendida em plenário por deputados que ressaltaram a experiência de Bittencourt, por dois mandatos consecutivos, como corregedor substituto quando o titular do posto era o deputado Luiz Paulo (PSDB). “Cada mandato faz com que o deputado acumule experiência no trabalho parlamentar. O que se aprendeu servirá como base mais sólida para a contribuição que continuaremos dando. Cumprirei o papel com responsabilidade e serenidade”, afirmou Comte, que reconhece preferir não ser acionado. “É uma tarefa difícil, mas importantíssima para preservar o Parlamento”. O deputado estreante Bernardo Rossi (PMDB) foi eleito corregedor substituto, e disse que a tarefa é um desafio. “É uma função importante e de grande responsabilidade já que ajudarei o Comte e o substituirei caso seja necessário. Espero somar”, afirmou.

Plano de longo prazo

Secretário apresenta metas para 2011 e diz que objetivo é preparar mão de obra

O deputado Comte Bittencourt cobrou o cumprimento do Plano Estadual de Educação

Fellippo Brando

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COMISSõES

O sistema de distribuição de água no município de Belford Roxo, na Baixada

Fluminense, foi alvo de uma vistoria realizada no último dia 2 pela Co-missão de Saneamento Ambiental da Assembléia Legislativa, presidida pela deputada Aspásia Camargo (PV). Os parlamentares visitaram escolas, um reservatório de água que não está em funcionamento e ouviram muitas queixas dos moradores. Segundo a presidente da comissão, que classificou a situação como desesperadora, esta foi a primeira de muitas visitas que serão feitas com o objetivo de fazer um mapeamento da distribuição de água no Estado. “Nós vimos o sofrimento da população, as carências terríveis, famílias que não têm água e escolas que deixam de funcionar”, afirmou.

A intensa movimentação de cami-nhões pipa num posto de abastecimen-to da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), primeira parada da comissão, no Centro do município, indica que a falta d´água é crônica. O problema foi confirmado pela moradora do bairro Heliópolis Patrícia Marques. “Nós tiramos água de um poço artesia-no. A água para beber nós temos que pegar na casa de uma vizinha no fim da rua”, relata. Moradora do bairro da Bela Vista, Roselinda Fernandes vive uma situação ainda mais complicada, com seu filho recém-nascido. A água que vai para sua casa entra por uma ligação improvisada pelos moradores, que passa por um ponto de despejo irregular de lixo e esgoto onde vivem porcos e cães. “Os porcos quebram o cano e nós temos que entrar lá para consertar. Tenho medo da água ser contaminada pelo lixo e pelo esgoto, e fervo toda a água que vem para dar banho no meu filho”, contou.

Outro local visitado pela comissão foi a Escola Municipal Ayrton Senna,

também no bairro da Bela Vista, que está sendo obrigada a encerrar as aulas mais cedo devido à falta d’água. Segundo a diretora da unidade, Jane da Conceição, os alunos estão sendo liberados uma ou duas horas antes do normal. “Não tem água nos bebedouros, nem para cozinhar e servir a merenda. Desde a volta às aulas, no dia 14 de feve-reiro, só conseguimos servir a merenda três ou quatro vezes”, lamentou.

A comissão visitou ainda um re-servatório construído pelo Governo do estado há cerca de 10 anos, localizado no bairro do Barro Vermelho, que recebe água potável mas não está ligado na re-de de distribuição da cidade. “A água é abundante, mas está sendo jogada fora sem uso algum. Nem mesmo as famí-

lias que moram ao lado do reservatório têm água. Temos que aprender a gerir melhor a água, racionalizar a captação e distribuição da água”, pontuou As-pásia. “Aqui houve um desmando de vários governos. Isso veio lá de longe”, completou a parlamentar.

Segundo a presidente da comissão, somente após a realização de outras vistorias em municípios vizinhos é que a Cedae será convidada a prestar esclarecimentos. Na visita estiveram presentes ainda os deputados Zaqueu Teixeira (PT), Lucinha (PSDB) e Ro-sângela Gomes (PRB), que integram a comissão, além do deputado Wagui-nho (PRTB), morador de Belford Roxo, que guiou os integrantes da comissão pelo município.

andré coelho

Vidas secas na BaixadaFotos: André Coelho

Comissão da Alerj visita bairros em Belford Roxo e constata problemas com a distribuição de água

Os porcos quebram o cano e nós temos que entrar lá para consertar. Fervo toda a água que vem, quando ela cai, para dar banho no meu filho” Roselinda Fernandes

Nós vimos o sofrimento da população, as carências terríveis, famílias que não têm água e escolas que deixam de funcionar” Deputada Aspásia Camargo (PV)

Os deputados visitaram um reservatório de água construído há mais de dez anos que não é utilizado

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Embora iniciante e único representante do seu par-tido, o senhor conquistou rara visibilidade e respeito na última legislatura. A que deve isso?É um resultado muito acima do esperado e muitos fatores podem explicá-lo. A come-çar pelo acaso. Assim que cheguei,apresentei projeto de criação de CPI das Milícias, sabendo da dificuldade disso ir adiante. Um ano e meio depois, uma tragédia absur-da com repórteres do ( jornal) O Dia mudou esse cenário e nossa CPI foi aprovada, à luz desses acontecimentos. Também entrei com uma representação contra o (ex-deputado) Álvaro Lins assim que cheguei. Um ano depois, ele foi preso e nosso pedido voltou à tona. Coisas acon-teceram porque tomamos a iniciativa, mas também por-que outros agentes fizeram o que estava fora do nosso alcance. Além disso, sempre tivemos muito diálogo aqui. Essa é a Casa da diferença e nunca tivemos um olhar de ‘gueto’ ou maniqueísta aqui. Sempre entendi que tinha que

dialogar com todos, sem abrir mão dos princípios.

Qual o peso de quase 180 mil votos?Quando você entra com 177 mil votos, tem um olhar da socie-dade, dos meios de comuni-cação e do próprio Parlamento que são diferentes. Mas meu voto vale como o de qualquer outro deputado. Não me vejo em função disso – até porque isso pode mudar em uma nova eleição. Mas isso aumenta o reconhecimento. Há mais atenção a cada passo dado.

E o resultado da CPI das Milicias contribuiu para isso?Claro. O trabalho com resulta-dos intensos, obtidos através do compromisso e empenho de vários deputados é uma grande conquista da Alerj. Qualquer outro olhar terá relação com este resultado, o que aumenta a cobrança. Eu não tinha ideia de que a CPI teria o resultado que teve, que mudaria a opinião pública sobre as milícias. E mu-

dou. Os números da Segurança Pública do estado mostram: em 2007 o Governo prendeu 24 milicianos. Em 2009, após a CPI, foram 275.

A expectativa em relação à CPI das Armas é eleva-da? Como surgiu a ideia e quais são os resultados esperados?Podemos não conseguir o mes-

mo resultado da CPI das Milícias, mas somos obrigados a tentar. Foi durante esta investigação que percebemos o quanto os mili-cianos eram forte-mente armados, e, depois disso, teve o episódio do Com-

plexo do Alemão, onde, após a entrada da polícia, percebemos um aparato bélico impressio-nante, desta vez com o tráfico de drogas. Aquilo me trouxe a certeza dessa singularidade do Rio de Janeiro, que tem proble-mas de segurança como vários outros estados, a não ser pelo tipo de arma que aqui circula. Por isso propomos uma CPI de armas, munição e explosivos.

Ela será mais difícil que a CPI das Milícias porque este é um crime mais sofisticado, envolve um aparato internacional. Ape-sar de não podermos prever os rumos que a CPI poderá tomar, o ideal será a realização de um profundo diagnóstico dos me-canismos que fazem com que essas armas cheguem aqui. E que tenhamos uma CPI propo-sitiva, que consiga indicar não só para o cenário estadual, mas nacional, as medidas neces-sárias para o enfrentamento desse crime.

Além de mais difícil, po-derá ser um trabalho mais perigoso? A luta em direitos humanos tem risco sempre. É claro que o ônus desse trabalho na CPI das Milícias é muito maior que o aceitável, coloquei minha família numa situação difícil. Mas eles entendem, porque estou na luta há muitos anos. Quando meu filho, que tem 20 anos, nasceu, eu já era mili-tante. A historia dele comigo é essa. Tem perigo, mas acho que seria muito frustrante para ele se esse pai vira deputado e deixa de ser militante.

Poucos parlamentares conheceram, em tão pouco tempo,as dores e as delicias de ser um deputado atuante. Em seu se-gundo mandato, Marcelo Freixo (PSol) viveu o que podemos

chamar de ascensão meteórica. Quatro anos após conquistar a última vaga para o Parlamento estadual, com 13.547 votos, o professor de His-tória foi reconduzido à Alerj pelos votos de 177.253 pessoas. Fruto da visibilidade de um trabalho pontuado pela defesa do movimento funk, pela presidência da Comissão de Direitos Humanos e, finalmente, pela condução da bem-sucedida CPI das Milícias, que, além do indiciamento de mais de 200 pessoas, rendeu algumas ameaças de morte e mudanças nos hábitos de toda a sua família. Agora, menos de dois meses após o inicio da nova legislatura, ele arregaça as mangas na composição do Comitê Estadual para a Prevenção e Combate à Tortura, criado por lei sua, na Comissão de Direitos Humanos e na presidência da CPI das Armas, que pode lhe reservar mais louros. E inimigos.

lENTREVISTA Marcelo Freixo (PSol)

Rafael Wallace

Será mais difícil que a CPI

das Milícias, porque este é

um crime mais sofisticado

‘Não tinha ideia de que a CPI mudaria a opinião pública sobre as milícias’Fernanda Porto