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ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO JORNAL DA ALERJ Foto: Rafael Wallace Ano IX N° 240 – Rio de Janeiro, 16 a 31 de outubro de 2011 Combate ao AVC faz de médico exemplo para a criação de lei sobre doença PÁGINAS 4 e 5 Alerj e Unale se unem para a revisão do Pacto Federativo e a valorização dos estados PÁGINAS 10 e 11 É lei: escolas da rede estadual terão que incluir no currículo aulas sobre o Holocausto PÁGINA 12 Pode parecer estranho falar em defesa do direito das mulheres em 2011. Mas a foto desta capa dá a dimensão do problema. Ainda há homens, como o que ocupa o vagão feminino em pleno horário de pico, que insistem em não reconhecer as conquistas delas. Veja algumas nesta edição PÁGINAS 6, 7 e 8 elas A força está com

Jornal da Alerj 240

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Jornal da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro

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A S S E M B L E I A L E G I S L A T I V A D O E S T A D O D O R I O D E J A N E I R O

JORNAL DA ALERJFoto: Rafael Wallace

Ano IX N° 240 – Rio de Janeiro, 16 a 31 de outubro de 2011

Combate ao AVC faz de médico exemplo para a criação de lei sobre doença PÁGINAS 4 e 5

Alerj e Unale se unem para a revisão do Pacto Federativo e a valorização dos estados PÁGINAS 10 e 11

É lei: escolas da rede estadual terão que incluir no currículo aulas sobre o HolocaustoPÁGINA 12

Pode parecer estranho falar em defesa do direito das mulheres em 2011. Mas a foto desta capa dá a dimensão do problema. Ainda há homens, como o que ocupa o vagão feminino em pleno horário

de pico, que insistem em não reconhecer as conquistas delas. Veja algumas nesta edição

PÁGINAS 6, 7 e 8

elasA força está com

Rio de Janeiro, 16 a 31 de outubro de 2011122

ALERJAssEmbLEiA LEgisLAtivA do EstAdo do Rio dE JAnEiRo

“A vinda desta empresa é fundamental para consolidar o polo automotivo em nosso estado. A meta é que o Rio de Janeiro, até 2016, esteja fabricando um milhão de veículos”André Corrêa, após aprovação de projeto que autoriza doação de terreno em Resende para a Nissan

“Esses recursos são essenciais para levar infraestrutura de telefonia para a área rural, na medida em que as empresas alegam que o investimento é inviável economicamente”Rogério Cabral (PSB), em discurso sobre disponibilização de R$ 10 bilhões para a telefonia na zona rural

“Facilitar a vida das pessoas portadoras de diabetes é o objetivo principal desta proposição, que alerta para o número crescente dos casos no Brasil e no mundo”Marcos Soares (PSD), justificando projeto para o agrupamento de produtos diet nas prateleiras dos supermercados

Rafael Wallace

PresidentePaulo Melo

1ª Vice-presidenteEdson Albertassi

2º Vice-presidenteGilberto Palmares

3º Vice-presidentePaulo Ramos

4º Vice-presidenteRoberto Henriques

1º SecretárioWagner Montes

2º SecretárioGraça Matos

3º SecretárioGerson Bergher

4ª SecretárioJosé Luiz Nanci

1a SuplenteSamuel Malafaia

2o SuplenteBebeto

3º SuplenteAlexandre Corrêa

4º SuplenteGustavo Tutuca

JORNAL DA ALERJPublicação quinzenal da Diretoria Geral de Comunicação Social e Cultura da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro

Jornalista responsávelLuisi Valadão (JP-30267/RJ)

Editor-chefe: Pedro Motta Lima

Editor: Everton Silvalima

Chefe de reportagem: Fernanda Galvão

Reportagem: André Nunes, Fernanda Porto, Marcus Alencar, Melissa Ornellas, Raoni Alves, Symone Munay e Vanessa Schumacker

Edição de Fotografia: Rafael Wallace

Edição de Arte: Daniel Tiriba

Secretária da Redação: Regina Torres

Estagiários: André Coelho, Andresa Martins, Bruna Motta, Cynthia Obiler, Diana Pires, Fellippo Brando (foto), Fernando Carregal, Gabriel Telles (foto), Mauro Pimentel (foto), Paulo Ubaldino e Ricardo Porto.

Telefones: (21) 2588-1404/1383 Fax: (21) 2588-1404Rua Primeiro de Março s/nº sala 406 CEP-20010-090 – Rio de Janeiro/RJEmail: [email protected]/alerjwww.facebook.com/assembleiarjwww.alerjnoticias.blogspot.comwww.radioalerj.posterous.com

Impressão: Imprensa OficialTiragem: 5 mil exemplares

siga a @alerj no

www.twitter.com/alerj radioalerj .com

Ouça sonoras dos deputados

.JORNAL DA ALERJ

Receba o

http://bit.ly/jornalalerj

em casa Veja nossos álbuns do Picasa

http://bit.ly/alerjpicasa

FRASES PROJETO DE LEI ExPEDIENTE

l O mundo inteiro está empenhado na luta a favor do consumo consciente de água. No Legis-lativo fluminense, não poderia ser diferente...

l A água é um bem natural que deve ser pre-servado mundialmente. O aquecimento global, o des-matamento, a contaminação do solo, o aumento das in-dústrias e a ação do homem vêm causando prejuízos sig-nificantes no planeta, o que compromete o abastecimen-to em diversas regiões. O Brasil é um País privilegiado pela grande quantidade de reservas naturais, mas al-

guns estados já sofrem com a irregularidade no abaste-cimento e falta deste bem, dentre eles o Estado do Rio de Janeiro. O aumento da demanda é um dos fatores para este problema, assim como o desperdício.

Por isso, propus o projeto de lei 987/11, que obriga as concessionárias flumi-nenses de serviço público de fornecimento de água a inserir nas suas faturas de consumo informações e dicas sobre como evitar o desperdício. A conscientiza-ção e educação das pessoas é um fator preponderante para que o consumo deste bem seja equilibrado e não haja desperdícios.

Deputada Rosângela Gomes (PRB)

MíDIAS SOCIAIS

As mensagens de mídias sociais são publicadas na íntegra, sem nenhum tipo de edição.

Sobre PL 291/11, que reduz espera máxima em banco de 20 para 15 minutos

@andefnit Andef

Dia 19/10 às 14:28

@alerj Parabéns pelo #JornaldaAlerj 238 com versão em audiodescrição!

@ari25095290 Ari

Dia 20/10 às 17:31

@alerj Agora so falta avisar os bancos e obrigar que eles informem seus clientes, com cartazes bem visiveis nas agencias

@ROBSON_LEITE Deputado Robson Leite (PT)Dia 29/10 às 15:54

É contraditória qualquer tese de desenvolvimento sustentável que não contemple em seu âmago a idéia de partilha! Se não, vira mais um veneno

@DepPFernandes Deputado Pedro Fernandes (PMDB)Dia 25/10 às 12:37

Hoje é o dia do dentista. Você já deu os parabéns para o seu dentista?

http://bit.ly/audiojornal240

Ou aponte o leitor de QR Code de seu celular

O JORNAL DA ALERJ está disponível também em áudio. Divulgue!

11Rio de Janeiro, 16 a 31 de outubro de 2011

Em meio a incertezas com relação aos royalties de petróleo e gás, a Comissão de Orçamento, Fis-

calização Financeira e Controle da Alerj aprovou, no dia 25, pareceres favoráveis ao projeto de lei orçamentária para 2012. O projeto 911/11 foi apresentado ao grupo pelos secretários de Estado de Fazenda e de Planejamento e Gestão, Renato Villela e Sérgio Ruy Barbosa, respectivamente, que confirmaram o impacto da apro-vação do substitutivo do senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), que redistribui as compensações pela exploração com outros estados, no investimento, na realização de concursos e até nas unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) .

“O que vimos aqui foi uma confirma-ção de que o Estado terá que rever muitas de suas previsões”, resumiu o presidente da comissão, deputado Coronel Jairo

(PSC) (foto), que também relatou o pare-cer favorável ao projeto de lei 912/11, com o Plano Plurianual (PPA) 2012-2015. Segundo os secretários, a perda para o Estado do Rio será de R$ 1,5 bilhão já no próximo ano, e de R$ 23 bilhões até 2020.

A pedido dos membros da comissão, os secretários estimaram as mudanças. Em resposta ao deputado Luiz Martins (PDT), Ruy Barbosa citou investimen-tos no metrô, no programa de apoio aos municípios, na Via Light, no Arco Metropolitano e na reforma do Maracanã como alguns dos que estariam em risco. Villela confirmou o possível prejuízo no investimento para os eventos esportivos. “A Copa e os Jogos Olímpicos podem ser prejudicados porque as despesas que podem ser comprimidas a curto e médio prazos são as despesas de investimento”, disse o secretário.

Para Villela, a perda para os municí-pios será de US$ 1,8 bilhão no próximo ano e R$ 25 bilhões até 2020. O Orçamen-to Estadual para o exercício financeiro de 2012 estima a receita e fixa a despesa total do estado em R$ 61.964.268.158,00. Durante a apresentação dos textos, os secretários chamaram a atenção para a projeção de crescimento na arrecadação de 9,9% do ICMS e de mais de R$ 1 bilhão no gasto com pessoal.

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Fernanda Porto

Divulgação/Bruno Veiga

Rafael W

allace

Com redistribuição dos recursos pela exploração do gás e do petróleo entre os estados, Rio terá orçamento afetado com a perda de R$ 1,5 bilhão em 2012

Sérgio Ruy Barbosa salientou reflexos na contratação de pessoal e na política de Segurança Pública do estado. “Criamos planos de carreira com aumentos crescentes. A perda desse recurso, somada a outros compromissos, gerará uma redução orçamentária”, confirmou. De acordo com ele, a perda dos royalties, que hoje representam mais de 10% das receitas correntes do estado, poderá gerar impacto na contratação de pessoal, paralisando a realiza-

ção de concurso para preenchimento de 8.860 vagas e a já prevista contratação de 7 mil policiais até setembro de 2012. Também estiveram na reunião os deputados Luiz Paulo (PSDB), Dionísio Lins (PP), Aspásia Camargo (PV), André Correa, Alessandro Calazans (PMN), Zaqueu Teixeira (PT), Sabino (PSC), Edson Albertassi (PMDB), Nilton Salomão (PT), Janira Rocha (PSol) e Rogério Cabral (PSB).

Perda pode gerar cancelamento de concurso público para 8.860 vagas

O impacto dos royalties

ORçAMENtO

Rio de Janeiro, 16 a 31 de outubro de 2011124

SAÚDE

Principal causa de incapacidade física no mundo, de acordo com a Organização Mundial

de Saúde, o Acidente Vascular Cerebral (AVC), ou derrame, vitimou 70.232 pes-soas, no Brasil, em 2008. Apesar de seu índice de letalidade, porém, boa parte dos brasileiros desconhece os sinais da doença. Para ajudar as vítimas e seus familiares, o deputado Paulo Ramos (PDT) criou a Lei 6.033/11, que institui o Programa de Assistência aos Vitima-dos com Acidente Vascular Cerebral. “É preciso que haja envolvimento da sociedade como um todo e não apenas do poder público, mas, especialmente, daqueles que foram vítimas e seus familiares, para que a lei ganhe força”, destaca o pedetista.

Em 2009, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou 169.453 internações por

AVC, que pode se manifestar de diver-sas maneiras, dependendo do paciente e da área do cérebro atingida (ver box). Alteração da linguagem, perda de visão e memória, fraqueza ou adormecimento de um membro do corpo e dor de cabeça são alguns dos sintomas. De acordo com Ramos, a proposta legislativa foi inspira-da pelo médico Daniel Chutoriancy, que sofreu com várias etapas do AVC e criou um grupo de assistência aos vitimados. “O médico Daniel, minha fonte de inspi-ração, tem sido um grande parceiro nesta situação. Mobilização e divulgação dessa lei são os primeiros passos que temos que dar”, conta o parlamentar.

Psiquiatra e terapeuta, Chutoriancy sofreu o AVC em janeiro de 2009 e dri-blou a doença com humor e serenidade. O Acidente Vascular o prejudicou na fala, mas, após dois dias internado, vol-

tou para casa e começou a fisioterapia. Aproximadamente três meses depois, conseguiu dirigir novamente e traba-lhar em seu programa Pulando a Cerca, exibido no canal de TV da Universidade Federal Fluminense (UFF). Foi através da atividade na tevê que chegou ao de-putado Paulo Ramos e sugeriu a criação de medidas sobre a doença, que tem o Dia Mundial de Combate comemorado em 29 de outubro.

“Foi uma guerra o que passei, tive de ser muito forte para superar esse obstáculo. É preciso que haja mais informações, para que a sociedade saiba identificar e conhecer a doença. Se não tivesse me esforçado, estaria na cama até hoje”, revela o médico. Com o objetivo de resgatar cidadãos na mesma situação que a sua, Chutoriancy fundou o Grupo AVC – Pulando a Cerca. A

Gabriel Telles

Guerra contra o

AVCDepois de sofrer um AVC em 2009 e ficar dois dias internado, Chutoriancy (foto) procurou Paulo Ramos e sugeriu lei de assistência

diana Pires e Fernando Carregal

Doença que causou apreensão após caso que envolveu técnico

do Vasco, Acidente Vascular Cerebral mobiliza deputado

11Rio de Janeiro, 16 a 31 de outubro de 2011 5

Rafael Wallace

O Acidente Vascular Cerebral pode ser classificado como hemorrágico ou isquêmico, sendo este último o mais frequente, representando 85% dos casos. Ambos são caracterizados pela perda rápida de função neurológica, atingindo o sistema nervoso central e causando o entupimento ou rompimen-to de vasos sanguíneos cerebrais.

A doença pode progredir ao longo do tempo e conta com causas varia-das: malformação arterial cerebral, hipertensão arterial, cardiopatias e tromboembolia, entre outras. O diag-nóstico é obtido por meio de exames de imagem, tais como tomografia computadorizada e ressonância mag-nética. Esses testes permitem ao médico identificar a área do cérebro afetada e o tipo de AVC.

Conheça a doença

iniciativa reúne pessoas que sofreram com a doença e estão dando a volta por cima, a fim de celebrar a vida e não se deixar cair em depressão.

Assim como Chutoriancy, o técnico do Vasco, Ricardo Gomes, transformou-se em um símbolo da luta contra o AVC. “Gomes sofreu um AVC hemorrágico por hipertensão arterial, associado à tensão do jogo. Teve afetadas as áreas de sensibilidade e movimento do lado direito do corpo, preju-dicando sua fala e nível de consciência”, conta o neu-rocirurgião José Antô-nio Guasti, responsável pelo processo cirúr-gico de recuperação do treinador.

Durante a ope-ração, Ricardo Go-mes passou por uma drenagem do hematoma cerebral e ficou internado por três semanas. O técnico já se encontra em casa, realizando sessões diárias de fisioterapia e fonoaudiologia. Guasti contou que a rapidez no atendimento e no tratamento do técnico foram os maiores responsáveis pelo sucesso do caso. “A prevenção é o principal tratamento. Hospitais bem apa-relhados, rapidez no socorro e profissionais à disposição fazem com que a possibilidade de su-cesso seja muito maior”, comenta o neurocirurgião.

Ricardo Gomes: rapidez no atendimento garantiu sucesso do tratamento

Vasco/M

arcelo Sadio

Principais fatores de riscoHipertensão arterial

Diabetes

Colesterol alto

Até os 51 anos, os homens tem maior propensão do que as mulheres; após esta idade, o risco se iguala.

Como evitarAlimentação saudável

Controle do peso

Limite ao consumo de álcool

Evitar o fumo

Evitar consumo de sal em excesso

Praticar exercícios físicos regularmente

Veja números sobre o AVC no Brasil

http://bit.ly/dadosAVC

Ou aponte o leitor de QR Code de

seu celular

É preciso que haja envolvimento da sociedade como um todo e não apenas do poder público”Deputado Paulo Ramos (PDT)

Rio de Janeiro, 16 a 31 de outubro de 2011126

capa

Após conquistarem postos mais destacados no mer-cado de trabalho em todo o mundo, as mulheres, há

muito tempo, também ocupam espaço importante na sociedade fluminense. Com incentivos criados pela Alerj, os obstáculos a serem vencidos diminuíram. Somente em 2011, quatro novas normas que tratam de assuntos relacionados a elas foram apro-vadas na Casa. Uma dessas normas diz respeito àquela que é uma paixão nacional costumeiramente vista como assunto para homens: o futebol. “Receberemos a Copa e as Olimpíadas e acho importante que os esportes possam reservar, pelo menos, 30% das vagas para elas em esportes mantidos pelo Governo”, defende a deputada Inês Pandeló (PT), que também preside a Co-missão da Alerj de Defesa dos Direitos das Mu-lheres, referindo-se à Lei 5.958/11.

Soma-se a esta lei a 5.681/11, de autoria do presiden-te da Alerj, deputado

Paulo Melo (PMDB), e do ex-deputado Jorge Picciani, que determina que par-tidas semifinais e finais de competições oficiais de futebol no Maracanã devem ser precedidas por jogos entre times femininos. Estas determinações são co-memoradas pelo suboficial da Aeronáutica Alexandre Mathias, que treina meninas no futebol desde 1997. Para ele, o incentivo ao esporte feminino é fundamental. “A situação atual é ruim. Iniciativas como a da Alerj podem ajudar a mudar nosso cenário, atraindo também investimentos”, acredita. Giovana Cristina Alves, de 18 anos, aluna de Mathias, afirma que já pensa nestes incentivos: “Muitas vezes, é preciso sair do País para ter oportu-

nidade de crescer no esporte”.De olho também em normas que

beneficiam o dia a dia das mulheres, a Comissão de Defesa do Consumidor da Alerj, presidida pela deputada Cidinha Campos (PDT), entrou com uma ação coletiva na Justiça para exigir o cum-primento da Lei 4.733/06, que dispõe sobre a destinação de vagões exclusivos nos horários de pico (das 6h às 9h e das 17h às 20h). A estudante Juliana Ferreira procurou a Alerj para que o direito fosse garantido. “Utilizo o metrô quando muitas pessoas estão voltando para casa e os vagões ficam lotados. Os homens acabam se aproveitando do carro feminino, porque há mais lugares disponíveis”, critica.

A saúde das mulheres também é alvo da atenção dos parlamentares.

Preocupados com o alto índice do câncer de colo do útero, os

deputados Rafael Picciani

Agora é que são elasRafael Wallace

Vanessa sChumaCker, andresa martins e Cynthia obiler

Incentivo esportivo, vagões exclusivos e cuidados com a saúde indicam preocupação do Parlamento com a mulher

Juliana (fora do vagão) procurou a Comissão do Consumidor para garantir o direito

Rio de Janeiro, 16 a 31 de outubro de 2011

11Rio de Janeiro, 16 a 31 de outubro de 2011 117

Agora é que são elas

e Bernardo Rossi, ambos do PMDB, cria-ram a Lei 6.060/11, para a implantação do Programa de Vacinação contra o HPV (o papilomavírus humano, que é sexualmente transmissível). Este câncer é o segundo mais frequente na população feminina, atrás apenas do câncer de mama (ver box pág. 8), e, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), faz 4.800 víti-

mas fatais e 18.430 novos casos a cada ano. Para o médico Mauro Passos, do Departamento de

Microbiologia e Parasitologia da Uni-versidade Federal Fluminense (UFF), o Poder Legislativo está atento à saúde da mulher. “Iniciativas preventivas também são importantes economicamente, já que o custo dos tratamentos é altíssimo para o Governo”, dispara.

Os concursos públicos também tor-naram-se alvo de leis pró-mulher: Inês Pandeló criou a norma 6.059/11, que determina que gestantes aprovadas em provas escritas terão o direito de fazer o teste de capacitação física após o parto. “Essa lei foi inspirada na reclamação de uma mulher que não se arriscou porque estava grávida e teve que desistir da capacitação física”, explica.

Foto: Mau

ro Pim

entel

Rafael Wallace

Coisa de mulher

Rossi (esq.) e Rafael foram procurados por mulheres com câncer de colo do útero

Rio de Janeiro, 16 a 31 de outubro de 2011

ENQUETEEm quais horários vagões específicos nos trens e metrô devem ser ocupados somente por mulheres?

Vote na próxima enquete, acesse: www.alerjnoticias.blogspot.com

EntrE 6h E 9h E EntrE 17h E 20h

EntrE 7h E 10h E EntrE 18h E 21h

EntrE 6h E 10h E EntrE 19h E 21h

EntrE 8h E 11h E EntrE 19h E 22h

62%

18%

12%

8%

Lei 4.733/06 Destina espaços exclusivos para mulheres nos sistemas ferroviário e metroviário nos horários de pico matutino e vespertino, em dias úteis. O não cumprimento da lei implicará em multa de 150 Ufir para os fornecedores dos serviços.

Lei 5.245/08 Prevê que as mulheres empregadas no estado receberão uma folga anual para a realização de exames preventivos de câncer de mama e de colo do útero.

Lei 5.861/11 Obriga a realização de jogos preliminares de futebol feminino nas semifinais e finais do campeonato estadual de futebol profissional no Estádio do Maracanã (que está em obras). O não cumprimento acarretará multa de 5% da renda obtida pela Federação de Futebol do estado.

Lei 5.958/11 Fica estabelecido índice de, no mínimo, 30% para mulheres nos programas de incentivo ao esporte mantidos ou financiados pelo Governo do estado.

Lei 6.059/11 Proíbe o tratamento discriminatório a gestantes que participam de concursos públicos. Nos processos seletivos em que haja exame de capacitação física, não é permitido o desligamento e a exclusão da candidata grávida.

Lei 6.060/11 Dispõe sobre a implantação do Programa Estadual de Vacinação contra o HPV, através de campanha em todo o estado.

Rio de Janeiro, 16 a 31 de outubro de 2011128

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Em outubro, a Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama) realizou um movimento de conscientização e prevenção do câncer de mama em todo o País, chamado Outubro Rosa, que, entre suas ações, chamou atenção pela

iluminação de prédios e monumentos históricos, como o Congresso Nacional, na cor rosa. Responsável por uma série de ações no Rio, a Fundação Laço Rosa ficou encarregada por iluminar o Santuário de Nossa Senhora da Penha, na zona Norte (foto). “O site da fundação (www.femama.

org.br) disponibiliza informações sobre a doença, além de notícias, apoio e suporte emocional por meio do compartilhamento de histórias de sucesso. Através de uma rede de voluntários, oferecemos ainda o primeiro Banco de Perucas Online do Brasil”, completa a diretora da Femama, Marcelle Medeiros.

No Legislativo fluminense, a movi-mentação sobre o tema também é grande. Aprovada em 2008, a Lei 5.245, do de-putado Paulo Ramos (PDT), autoriza servidoras públicas a terem um dia de dispensa para a realização de exames preventivos do câncer de mama e de colo do útero. Para o presidente regional da Sociedade Brasileira de Mastologia, Afrânio Coelho de Oliveira, a norma vem reforçar a importância da detecção precoce das doenças, uma vez que não há prevenção, e a descoberta inicial faz com que as chances de cura cheguem a 95%. “A lei protege o direito da mulher de realizar a prevenção anual. Todas as ações que levem à conscientização do câncer de mama e de colo do útero são bem vindas”, reforça.

Trabalhadoras têm dia de folga para exame preventivo

capaDivulgação

Rio de Janeiro, 16 a 31 de outubro de 2011

Os deputados que compõem a Comissão de Educação da Alerj, presidida pelo de-

putado Comte Bittencourt (PPS), vão propor que o novo regime de De-dicação Exclusiva (DE) dos professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) seja contemplado, através de emenda, na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2012. “É o momento de deba-termos as emendas ao orçamento que será executado no próximo ano. Para que isso seja uma realidade, é fundamental garantirmos a base dos recursos. O orçamento, de forma preliminar, não aponta gastos para a implantação da DE. É inadmissível que nossa tradicional universidade seja a única no País sem este sistema”, analisou Bittencourt.

A implementação da Dedicação Exclusiva para os professores da Uerj consta da Lei 5.343/08, que trata da reestruturação da carreira docente da instituição de ensino superior. “A dis-cussão será sobre qual o montante de recursos haverá para a implantação do regime de DE em 2012. Tenho certeza absoluta que vamos conseguir avan-çar nessa matéria”, disse Bittencourt. De acordo com a determinação, a DE passa a ser um incremento em relação

ao salário-base do professor com carga horária de 40 horas por semana. Segundo o presidente da Associação de Docentes da Uerj (Asduerj), Guilherme Motta, 60% dos professores teriam interesse em aderir à DE.

“Esse valor é um incremento sala-rial aos docentes que desejarem aderir a esse projeto. Isso tem um impacto muito positivo para evitar a evasão de professores, que é um problema sério, principalmente quando se trata de pro-fissionais qualificados”, comentou Motta, explicando ainda que “o professor entra na Uerj sem Dedicação Exclusiva, fica por alguns anos e, depois de qualificado e com mais bagagem, faz um concurso para outra universidade com DE e sai”. “Quando você perde um docente, perde também uma linha de pesquisa que dificilmente é reposta”, lamentou.

A reitora em exercício da Uerj, Maria Christina Paixão Maioli, defendeu a De-dicação Exclusiva nos mesmos moldes que foi aprovada pela universidade, com o percentual de 62,5% sobre o salário do professor 40 horas. “O projeto prevê que a adesão não será obrigatória. Não podemos exigir que um professor de Direito, que é promotor público ou de-sembargador, por exemplo, deixe suas funções profissionais para se tornar apenas professor da Uerj”, finalizou. Participaram também da reunião os de-putados Robson Leite e Inês Pandeló, ambos do PT, Marcelo Freixo (PSol) e Luiz Paulo (PSDB).

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Professores da Uerj dizem que 60% da classe pretendem aderir ao novo sistema

raoni alVes

Dedicação exclusivaFotos: Fellippo Brando

Com base nos números de um es-tudo feito pela Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão, o impacto da DE na folha de pagamento do Governo seria de pouco mais de R$ 77 milhões. Esse valor é menor do que o orçado pela Uerj: R$ 136 milhões. “A faculdade está pleiteando uma DE de 62,5% sobre o atual salário do professor 40 horas. Isso representa um impacto financeiro para o Executivo de mais ou menos R$ 100 milhões. Não sei se o estado vai conseguir aplicar esse valor em 2012. Alguma coisa terá que ser feita”, completou Bittencourt. “O que vamos discutir agora são índices e formas de implantação. Nossa expectativa é que seja implantado como os professores desejam”, argumentou a reitora Maria Christina (foto) .

Impacto de R$ 77 milhões

EDuCAçãO

Durante a audiência, representantes dos docentes defenderam a DE, dizendo que o benefício evitará a evasão de profissionais

Rio de Janeiro, 16 a 31 de outubro de 20111210

A atual discussão sobre a par-tilha dos royalties reavivou o debate sobre o Pacto Fe-

derativo – princípio ao qual recorrem tanto os defensores quanto os críticos do atual modelo de partilha. A revisão do princípio constitucional, defendida por todos como uma possível solução para desigualdades entre os estados, tem na deputada Aspásia Camargo (PV) uma combativa defensora. A parlamen-tar comanda uma comissão da União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais (Unale) que dará subsídios a uma campanha nacional por mudanças no pacto. “É preciso definir, com extrema urgência, o papel dos estados federados como fator de equilíbrio e intermediação entre inúmeros municípios heterogêneos e carentes e um Governo federal centrali-zado, financeiramente forte”, defende.

Acordo firmado na Constituição entre a União, estados e municípios, o pacto estabelece funções e direitos de cada

um. Tendo como modelo o sistema ame-ricano, o brasileiro, no entanto, centraliza excessivamente os poderes na União. Aspásia é categórica ao confirmar que esta tendência causou o esvaziamento político dos estados. “O Poder federal reconquistou espaços. O que acontece é que hoje a União tem controle de 60% das receitas do País, uma enormidade. É uma proporção absurda, porque quem carrega o povo nas costas são estados e

municípios”, analisa.O esvaziamento da competência dos

estados, que passa pela perda da capa-cidade de legislar sobre determinados assuntos, deverá, segundo a parlamen-tar, ser remediada pela regulamentação do artigo 23 da Constituição Federal, que trata das competências comuns entre os entes federativos. “O fato de jamais ter sido regulamentado é a prova de que nosso legislador reagiu com in-

Alerj cria grupo e discute meios de diminuir centralização do Poder na esfera federal

Fernanda Porto

Wilson Fadul O corpo de Wilson Fadul, que exerceu o cargo de ministro da Saúde do ex-presidente João Goulart, entre os anos de 1963 e 1964, foi velado, no dia 19, no Saguão Getúlio Vargas do Palácio Tiradentes, sede do Legislativo fluminense. Fadul, que tinha 91 anos, estava internado desde o início do mês e faleceu na manhã do dia 18, por conta de uma insuficiência respiratória. Líder da bancada do PDT, o deputado Luiz Martins falou da importância que Fadul teve para a política brasileira. “Foi um dos fundadores do PDT, ao lado de (Leonel) Brizola, participando e incentivando muito o avanço do nosso País”, lembrou.

Amcham O secretário de Estado de Fazenda, Renato Villela, recebeu, durante reunião do Fórum Permanente de Desenvolvimento Estratégico do Estado, realizada na Alerj, no dia 18 (foto), uma carta com propostas para incentivar as importações e exportações no estado, elaborada pela Câmara de Comércio Americana (Amcham). Representante da instituição, Ricardo Mayer explicou que as propostas têm como objetivo melhorar a segurança jurídica para as empresas importadoras e exportadoras. “Hoje, temos algumas desvantagens tributárias em relação a alguns estados, como o Espírito Santo e Santa Catarina, e uma forma de compensar isso seria através de maior agilidade dos órgãos públicos e melhoria no entendimento da legislação”, afirmou Mayer.

Pacto melhoradoLEGISLAçãO

Divulgação

Fellippo Brando

Reuniões da Unale têm sido marcadas pela defesa dos Legislativos estaduais

CuRtAS

11Rio de Janeiro, 16 a 31 de outubro de 2011 511

Boni é homenageado na Alerj Um dos mais importantes nomes da televisão brasileira, o publicitário e empresário José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, foi homenageado no Plenário Barbosa Lima Sobrinho, no dia 26, com a Medalha Tiradentes. A condecoração foi iniciativa do deputado Pedro Augusto (PMDB). “Trata-se de um homem que dedicou quase toda sua vida à comunicação, implantou no País uma linguagem nacional e estabeleceu novos padrões para a plataforma profissional da TV brasileira, em especial da TV Globo. Nela, criou o Jornal Nacional, o Globo Repórter, o Fantástico e o Projac, entre outras coisas. É o papa da comunicação”, disse o deputado. Emocionado, Boni agradeceu a homenagem, dizendo ser importante receber a medalha no momento em que completa 60 anos de televisão. “Ano passado, já havia feito 60 anos de rádio. O fato de estar recebendo essa medalha do Pedro Augusto, que é radialista, me faz duplamente feliz: recebo a mais alta honraria da Casa e, ao mesmo tempo, de alguém que é de um veículo que é minha maior paixão”, declarou.

segurança e perplexidade ao introduzir na Constituição o inédito Federalismo Trino (União, estados e municípios), cuja distribuição de competências não podia contar com nenhuma jurisprudência internacional”, diz, referindo-se à no-vidade introduzida pela Carta de 1988. Para a deputada Aspásia (foto abaixo), estabelecer as competências é garantir a eficácia de políticas públicas.

Atenta às discussões sobre o pacto e suas implicações para o Parlamento estadual, a Alerj criou, em setembro, comissão de representação para falar em seu nome em toda discussão sobre o tema. Quem lidera o grupo é a depu-tada Graça Matos (PMDB), que se diz preocupada com os rumos dessa divisão para os estados: “Perdemos espaço e a possibilidade de legislar sobre alguns temas. Essas incertezas, que prejudicam nosso trabalho, afetam diretamente o su-cesso das políticas estaduais”. Também

fazem parte da comissão os deputados Rafael Piccia-

ni (PMDB), Luiz Paulo (PSDB), Inês Pandeló (PT) e Roberto Henri-ques (PSD).

Qual a razão para se criar uma co-missão para o Pacto Federativo?

Esse assunto vem sendo motivo de debate, na Unale, ao longo de muitos anos, pois, a partir da Cons-tituição de 1967, os legisladores es-taduais tiveram suas competências diminuídas gradativamente. Isso impede que os estados se organizem segundo as suas peculiaridades e vocações, agredindo sua autonomia política e econômica.

Quais são os resultados espe-rados?

Esperamos dar início a um mo-vimento de conscientização e es-clarecimento junto aos legisladores estaduais, municipais e, princi-palmente, à comunidade, a maior prejudicada pela centralização do poder na União. Vamos mostrar que a maioria dos problemas atuais se deve pela falta de gestão descen-

tralizada e maior autonomia dos governos regionais.

Quais são os problemas obser-vados na atual configuração do Pacto Federativo e como corrigi-los?

A União concentra a maior par-cela dos tributos arrecadados, o que lhe confere enorme poder político e de articulação, ocasionando a falta de uma estratégia nacional no dire-cionamento e aplicação dos recursos. A revisão deste modelo federativo se faz necessária para dotar o País com uma organização política e sistema de gestão adequados.

Como será a campanha?Acredito que a comissão vai op-

tar pela produção de folhetos e um vídeo explicativo, a ser divulgado em todas as TVs de Assembleias e outras mídias nos estados.

Autonomia política defendida pela Unale

Divu

lgação

Rafael Wallace

Boni (ao centro), que comanda afiliada da TV Globo no litoral paulista, recebeu a homenagem de Augusto ao lado da mulher Lou de Oliveira

Presidente da Unale, o deputado Luis Tchê (PDT-AC) (foto) explica que a campanha buscará impulsionar a revisão do Pacto Federativo, que está na pauta da entidade.

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Fellippo Brando

Fellippo Brando

ste capítulo da história agora se tornou tema

obrigatório nas salas de aula do estado graças à Lei 6.057/11, do deputado Gerson Bergher (PSDB) (foto), que entrou em vigor em outubro. “Rememorar, através dos estudos, este episó-dio, é garantir que não se repita nada parecido. A perseguição realizada por Hitler não é ape-nas uma questão dos judeus, mas uma advertência às per-seguições hoje travadas contra várias minorias”, argumenta o parlamentar.

Conceito que vem ao encontro das perspectivas da Secretaria de Estado de Educação, que apoia as Jornadas Interdiscipli-nares Intolerância e Holocausto, realizadas pelo Programa de Estudos Judaicos da Universida-de do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Segundo o subsecretário de Gestão da Rede de Ensino, Antônio Neto, de acordo com a reformulação do currículo míni-mo em andamento, o ensino de noções do Holocausto já será contemplado na disciplina de História da rede estadual para o ano letivo de 2012.

Na opinião de Márcio Romão, professor do Colégio de Aplica-ção da Uerj, a lei é interessante.

“Quando os professores trabalham o Regime Nazista e a Segunda Guerra Mundial, falam, invariavel-mente, sobre o Holocausto”, pon-tua. “A nova lei é importante, pois

pode ampliar o debate, gerando mais discussões, o que sempre é bom para o desenvolvimento dos alunos como cidadãos críticos e questionadores”, frisa Romão.

A presidente da Federação Israelita do Rio de Janeiro, Sarita Schaffel, diz que a divulgação do Holocausto nas escolas dará a oportunidade aos jovens de re-fletirem sobre esse crime contra a humanidade. “Nesse contexto, seria importante que os nossos professores abordassem temas como direitos humanos, respeito à diversidade e genocídios ocorridos em outros continentes, propondo discussões sobre preconceitos e discriminações de qualquer na-tureza”, conclui ela.

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Esymone munay

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Mauro Pimentel