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Alunos de engenharia mecânica criam carro de corrida Da esquerda à direita: Michel Martiniano, Augusto Souza (de capacete), Flávio Coelho e Luiz Fernando Carvalho, que pretendem competir na Fórmula SAE Brasil. DIREITO PÁGINA 04 Compromisso com os movimentos sociais no SAJU Patrick Silva | LabFoto Jornal Laboratório da Faculdade de Comunicação da UFBA ENTREVISTA PÁGINA 07 Projeto de reciclagem dá prêmio a estudante de Engenharia BIBLIOTECA CENTRAL PÁGINA 10 Renovação de acervo depende de docentes 3

Jornal da Facom - 3 Edição

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Jornal Laboratório | Facom - UFBA

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Page 1: Jornal da Facom - 3 Edição

Alunos de engenharia mecânica criam carro de corrida

Da esquerda à direita: Michel Martiniano, Augusto Souza (de capacete), Flávio Coelho e Luiz Fernando Carvalho, que pretendem competir na Fórmula SAE Brasil.

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Compromisso com os

movimentos sociais no SAJU

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Projeto de reciclagem dá prêmio

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Renovação de acervo

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C rises geram oportunidades. Parece um cli-chê, mas se olharmos para a vida acadêmi-ca da nossa Universidade Federal da Bahia

(UFBA), compreendemos quanto a criatividade, a inventividade e as conquistas alcançadas têm a ver com os desafios dos orçamentos apertados, instalações nem sempre adequadas e burocra-cias que deixam tensos até os mais experientes. E assim, no porão (ou não sótão) de algum velho edifício que reclama por reformas, alunos e docen-tes (e também ex-alunos) se desdobram sobre pro-cessos judiciais de populações que raras vezes têm acesso à justiça. Enquanto isso, outros estudantes se engenham em construir carros de corrida com-petitivos. Assim mesmo, ganham prêmios, recla-mam das “xerox” e se vive com urgências de tudo. Como numa pequena cidade, na UFBA se vive o melhor e o não tão bom assim. Mas não se precisa botar lupa para enxergar quanto o ensino univer-sitário baiano está crescendo e se transformando para melhor. Por isso, nesta edição, mostramos as conquistas e os desabafos de quem faz acontecer e, também, apresentamos um novo projeto gráfico para nosso jornal.

Boa leitura!

Produção da disciplina Oficina de Jornalismo Impresso, do 3º semestre (Semestre 2012.1) - Terceira edição, ano 2012

Reitora: Dora Leal RosaDiretor da Facom: Giovandro FerreiraCoordenação Editorial: Graciela Natansohn-DRT/BA 2702Chefe de redação: Lara PerlRevisão: Carlene FontouraEdição de fotografia: Lara PerlProjeto Gráfico: Amanda Carrilho e Gabriel Cayres / EdufbaDiagramação: Adelmo Menezes Queiroz Filho / Edufba

Repórteres (turma 2012.1):Adriele Souza, Agnes Cajaiba, Alles Alves, Alexandre Wanderley, Carol Prado, Daniel Silveira, Dudu Assunção

Maio 2012

Jornal Laboratório da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da BahiaRua Barão de Geremoabo s/n, Campus de OndinaCEP 40.170-115 Salvador - Bahia - Brasil

Edvan Lessa, Fábio Arcanjo, Fabrina Macedo, Gislene Ramos, Guilherme Alves, José Calasans, Júlia BelasLara Bastos, Lara Maiato, Lara Perl, Luana AmaralLuiz Fernando Teixeira, Marília Cairo, Rafael FrançaTais Bichara, Thamires Tavares, Thais Motta, Tiago do Nascimento, Val Benvindo.

Contato: [email protected]

Distribuição gratuita

IdiomasPÁG. 03

ENTREVISTAPÁG. 07

EngenhariaMecânicaPÁG. 08 e 09

BIblioteca CENTRALPÁG. 10

ComunidadestradicionaisPÁG. 12 e 13

educaçãoAmbientalPÁG. 14

Museu de arte sacraPÁG. 06

DIREITOPÁG. 04 E 05 Pa

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Notícias DiversasPÁG. 11

No crédito da matéria de contracapa do JF n.2 (no perfil de Ana Alice Alcântara Costa), esquecemos de informar que o texto de Julien Karl foi realizado no marco do programa “Jornalismo de Futuro”, parceria da Facom e o jornal Correio*.

Ciência semFronteirasPÁG. 15

PERFILPÁG. 16

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jornal laboratório | facom/ufba iDiomaS | página 3

É bom mas pode melhorar

Embora a maioria dos estudantes acredi-te que há melhorias e mudanças que devem ser feitas, é unânime que a relação entre custo e benefício vale a pena. Os cursos são ofereci-dos durante a semana, pela noite e nos sába-dos pela manhã e à tarde. Milena Fernandes e Carolina Leite, alunas de francês dos Cursos de Extensão em Língua Francesa da UFBA (CELF), sentem falta de horários mais flexíveis, pois o curso é fornecido durante a semana à noite, o que é inviável para pessoas que moram longe. Já Jeferson Santos, que estuda espanhol no Cen-tro de Extensão Espanhol da UFBA (CEE) há um ano e meio, critica a falta de atividades fora da sala de aula, em que se possam perceber outras realidades com a língua. “Precisamos de ativida-des mais dinâmicas, como filmes e discussões de temas cotidianos para estimular o aluno a con-versar e sair um pouco do livro”.

Algumas mudanças nos cursos de línguas estrangeiras da UFBA já estão previstas para o segundo semestre de 2012, quando entrará em funcionamento o Núcleo Permanente de Extensão de Letras (NUPEL), cujo objetivo é

Nós oferecemos um curso de qualidade ministrados por

alunos em formação profissional, que já dominam bem o idioma a

ser ensinadoRisonete Batista, diretora do Instuto de

Letras da UFBA

Inglês para Ciência sem FronteirasNo próximo semestre haverá curso de língua inglesa em regime emergencial para os candidatos do programa Ciência sem Fronteiras que sejam bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC). Este curso, implementado pela Pró-Reitoria de Produção, Criação e Inovação (PROPCI) e a Assessoria de Assuntos Internacionais (AAI), ambos da UFBA, atenderá mil alunos, será gratuito e ministrado em seis horas online e quatro horas presenciais por semana.

Daniel Silveira Lara Maiato

T er um segundo idioma no currículo deixou de ser um diferencial, pas-sando a ser indispensável no mundo globalizado e altamente compe-titivo em que vivemos. No entanto, fazer cursos de idiomas sempre

pareceu uma possibilidade restrita a uma parcela da população devido aos elevados custos desses cursos. Justamente por isso, a Universidade Federal da Bahia (UFBA) fornece, a um custo mais baixo que o mercado, cursos de ale-mão, inglês, francês, espanhol e italiano, além de português para estrangeiros ou para quem precisa se submeter ao CELPE-BRAS, exame de proficiência de língua portuguesa. “Nós oferecemos um curso de qualidade ministrados por alunos em formação profissional, que já dominam bem o idioma a ser ensina-do”, ressalta Risonete Batista, diretora do Instuto de Letras da UFBA.

incentivar os alunos a participarem de ativida-des de extensão, dando-lhes a oportunidade de complementar sua formação acadêmica. Por se tratar de uma mudança recente e ainda estar passando por um processo de reestruturação, o Conselho de Extensão da NUPEL ainda não divulgou os critérios de bolsas e/ou descontos para os cursos de línguas estrangeiras forneci-dos pela UFBA.

Falando grego?!

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UFBA oferece cursos de idiomas acessíveis a todos os bolsos

Alguns alunos optam por fazer aulas no sábado de manhã, tal como Isabella Ferreira.

Valores comparados*

Curso de Inglês

Curso de Francês

Curso de Espanhol

Curso de Italiano

Curso de Alemão

UFBAR$ 460,00

UFBAR$ 420,00

UFBAR$ 400,00

UFBAR$ 420,00

UFBAR$ 450,00

Cultura inglesaR$ 1489,00

Aliança FrancesaR$ 1.100,00

CaballerosR$ 1.272,00

Itália AmicaR$ 465,00 (iniciantes) R$ 585,00 (outros)

Goethe InstituteR$ 1.340,00

*Valores de referência para o primeiro semestre de 2012.Os cursos de idiomas costumam oferecer descontos para algumas empresas conveniadas e/ou instituições de ensino superior.

Associação Cultural Brasil-Estados Unidos (ACBEU)R$ 1.364,00

Maison FrançaiseR$ 952,00

Instituto CervantesR$ 630,00 (iniciantes)R$ 1.100,00 (outros)

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página 4 | Direito jornal laboratório | facom/ufba

O contato com projetos de pesquisa e de ex-tensão durante a graduação é o que per-mite aos alunos entenderem melhor as

possibilidades do curso que escolheram, conhecer a realidade prática da profissão e descobrir seus interesses específi-cos dentro de campos de atuação tão amplos. No entanto, o aluno que ingressa hoje na Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia (FDUFBA) não possui muitas opções no caminho da extensão. Oficialmente existem apenas dois projetos: um Laboratório de Infor-mática – do qual muitos alunos pa-recem nunca ter ouvido falar –, e o Serviço de Apoio Jurídico (SAJU). Composto por dois núcleos de atua-ção - o Núcleo de Assistência Jurídi-ca e o Núcleo de Educação Popular -, o SAJU conta hoje com cerca de 120 alunos envolvidos diretamente com o atendimento individual gratuito.

Segundo Joice Bonfim, ex--“sajuana” e atualmente advogada da Associação de Advogados dos Trabalhadores Rurais do Estado da Bahia (AATR), na época em que começou sua gra-duação, o SAJU era um dos poucos espaços que se diferenciavam dentro da faculdade, em relação às

perspectivas de trabalho e de formação política. “Era o único espaço que falava em transformação, em utilizar o Direito de forma comprometida”, re-lata a advogada. O SAJU não proporciona apenas

a experiência prática da assistência e dos procedimentos jurídicos, mas também permite discutir o Direito a partir de uma perspectiva não trata-da em sala de aula, envolvendo polí-ticas públicas, diálogo com comuni-dades e movimentos sociais.

O Núcleo de Assistência Jurídi-ca - o mais numeroso e conhecido do SAJU - presta assistência gratuita para cidadãos da Região Metropoli-tana de Salvador que não possuem condições para arcar com custos com advogados para resolver questões jurídicas individuais. É um trabalho que tem conseguido, ao longo de 50 anos, auxiliar e resolver muitos ca-sos. Mas o trabalho não fica apenas na papelada. Além das dificuldades estruturais da própria Faculdade, como a falta de material ou o fato de possuir apenas um computador com acesso à internet e de ter que lidar

com sistemas e serviços públicos desorganizados e demorados, os alunos ainda se deparam com as realidades desses cidadãos assistidos, geralmen-

No alto da Graça, a extensão mora no porãoServiço de Apoio Jurídico é único projeto de extensão da Faculdade de Direito da UFBA

Agnes Cajaiba Tais Bichara

Ruídos do PorãoPara chegar até a sala de funcionamento do SAJU, na FDUFBA, é preciso chegar a um porão, literalmente: a sala fica localizada no subsolo da Faculdade. Pouca ventilação, móveis já velhos, computadores ultrapassados, apenas um deles com acesso à internet e muita coisa improvisada pelas alunas para que tudo continue funcionando. É desse lugar que surge o “Ruídos do Porão”, jornal experimental resgatado pelas atuais “sajuanas”, que tem o objetivo de dar voz a esse grupo de alunas. E também abrir espaço para quem quiser contribuir - seja aluno, professor, funcionário - sobre política, literatura, cinema e até sobre a própria Universidade. O jornal tem um formato simples, diagramação que dialoga com o fato de ser um instrumento de resistência e uma linguagem acessível. O Ruídos possui uma tiragem de 200 exemplares por edição e também está disponível em versão digital no blog do SAJU em www.sajubahia.blogspot.com

Plano de carreira: somos mesmo iguais?As universidades federais defrontam-se com mais uma possibilidade de greve. Controvérsias, dis-tintos encaminhamentos, diferentes sindicatos e outra conjuntura política educacional marcam um momento ímpar no que se refere à luta por condições condignas de trabalho nestas insti-tuições, nos últimos vinte anos. Mencionar os últimos vinte anos pode parecer um recorte tem-poral arbitrário. E, sinceramente, o é. Completar vinte anos de docência neste último mês de abril, traduziu-se em um marco divisório em minha tra-jetória docente, a partir do qual, dúvidas, satisfa-ções, incômodos, projeções e receios instalaram--se provocando silenciosas e solitárias reflexões. Há vinte anos testemunho as greves serem suces-sivamente alavancadas por melhores condições de ensino, por melhorias salariais (quando deixou de ser vergonhoso lutar-se por salários) e, atualmen-te, também por modificações no plano de carreira. Nestes últimos vinte anos, oceanos de queixas, lamentos e murmúrios sobre a carga de trabalho crescente e indiferenciada, podem ser coroados como tema au concurs em conversas entre nós, colegas, pelos corredores, em encontros casuais e propositais, dentro e fora da universidade. Quei-xas e queixumes, para mim, representam cansaço. Sou uma delas que, ao meditar sobre os vinte anos de carreira, sinto-os pesarem sobre mim, física, mental e emocionalmente. Escalonar o plano de carreira, estabelecendo-se diferenciais de direitos e obrigações em consonância com a idade, signi-ficaria, simbolicamente, perfurar as teias de uma mentalidade social pavorosamente jovencêntrica e humanizar a carreira. Representaria um vigoroso ato de enfrentamento ao socialmente enraizado tabu do envelhecimento. A docência deveria con-templar funções distintas em conformidade com distintas faixas etárias e experiências. Em linhas gerais, aos mais experientes ficariam reservadas a preparação de programas e bibliografias, aulas magistrais, coordenação de projetos de pesquisa e extensão de grande alcance, atividades que de-mandam a prática adquirida com anos de labor contínuo no ensino, pesquisa e extensão. Aos mais jovens, acompanhamento, avaliação e comparti-lhamento, contemplando-os com a oportunidade de aprimorar sua prática. Humanizar a carreira é também atrelar a energia dos mais jovens profes-sores à experiência dos mais antigos. Esta ainda me parece ser uma forma sábia de se cultivar uma sólida cultura e justa carreira acadêmica.

por Annamaria Jatobá Paláciosprofessora adjunta da Faculdade de Comunicação da UFBA

“Com certeza o acesso à justiça é um problema de classe”

Rebecca Oliveira, aluna

“Foi a entidade que transpôs os muros

e os mármores da tradicional

FDUFBA e abriu o diálogo entre o

ensino jurídico e os movimentos sociais

na Bahia”Maurício Araújo, professor

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te muito distantes do seu cotidiano. Essas pesso-as geralmente precisam pegar vários ônibus para chegar à Graça (onde fica a FDUFBA) e enfrentam sempre a dificuldade de viverem em áreas comple-tamente esquecidas pelo poder público. A aluna e antiga membro do Núcleo de Assistência, Rebecca Oliveira, explica: “Descobri como realmente a jus-tiça funciona e não é nada justa. Demora-se anos para conseguir uma pensão alimentícia, as Varas são um caos e os procedimentos são difíceis de serem compreendidos por nós, que estudamos na área. O que dirá das pessoas que se deparam com uma intimação em sua casa. Com certeza, o acesso à justiça é um problema de classe e é ilusão achar que você vai conseguir solucionar a vida de uma pessoa peticionando ou seguindo os trâmites dos códigos”, critica.

Baseado nessa percepção, o Núcleo de Edu-cação Popular (NEP) se volta para demandas co-letivas dos desassistidos jurídica e politicamente. Discutem coletivamente os problemas que são impostos no dia a dia de grupos, comunidades e movimentos sociais. Os “sajuanos” não se encar-regam apenas de elaborar peças, dar entrada e acompanhar processos ou oferecer consultas so-bre questões legais. Como o trabalho é baseado na Educação Popular, são as oficinas, reuniões, assembleias, conversas, arte e também a assis-tência jurídica que estimulam os membros desses grupos e comunidades a se envolverem direta-mente, entender e se posicionar acerca de todo o processo jurídico e político em que estão inseridos. “É um diálogo e não uma transferência”, afirma Fausto Henrique Almeida, ex-“sajuano” e mem-bro voluntário do NEP. “O que a Educação Popular pretende é aproveitar a curiosidade e criatividade por vezes adormecida no ser humano para que as pessoas possam se reconhecer como sujeitos do mundo”, reforça Fausto.

Mesmo com todas as dificuldades para man-ter-se, as burocracias do Judiciário e a falta de apoio da própria Faculdade de Direito e da UFBA, o SAJU tem sido fundamental na formação dos alunos e alunas que por lá passaram. O sistema de autogestão permite autonomia e incentiva a criati-vidade e responsabilidade dos alunos. Rafael Bar-bosa, ex-aluno e atual monitor do SAJU opina que a formação poderia ser aperfeiçoada, “se contasse com um maior apoio pedagógico e acadêmico, ain-da que haja um risco de perda dessa autonomia”. Ao mesmo tempo, o professor da FDUFBA, Mau-

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Serviço de Apoio Jurídico (SAJU – Bahia)Sede: Faculdade de Direito / UFBA. Rua da Paz, s/n – Campus do Canela, Graça, Salvador/BATelefone: (71) 3283-9050Horário de funcionamento: Segunda-feira, das 14 às 17h ; Terça e quarta-feira das 14 às 17h e das 18 às 20h; Quinta-feira, das 18 às 20h e Sexta-feira das 14 às 17hMaiores informações, no blog: sajubahia.blogspot.com.br ou pelo e-mail: [email protected]

1. Joice Bonfim, advogada da AATR.

2. Fausto de Almeida, voluntário do NEP.

rício Araújo, vê o SAJU como o único projeto que pode ser considerado de extensão na Faculdade. “Foi a entidade que transpôs os muros e os már-mores da tradicional FDUFBA e abriu o diálogo entre o ensino jurídico e os movimentos sociais na Bahia. A articulação entre assessoria jurídica e educação popular definiu uma linha de atuação

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que possibilitou o SAJU ser reconhecido como uma das mais importantes iniciativas extensionais da Universidade, sendo uma referência nacional na reformulação das práticas e do ensino jurídico no Brasil”, pontua o professor.

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página 6 | mUSeU De arte SaCra jornal laboratório | facom/ufba

Um casarão antigo, cercado por vasta vegetação, com uma vista inspiradora para a Baía de Todos os Santos. Em seu interior, toda a espiritualidade de obras que resistiram aos séculos e contam a história da nossa religiosidade. Esse é o

Museu de Arte Sacra da Universidade Federal da Bahia (MAS – UFBA). Um lugar má-gico, ainda pouco frequentado pelos baianos, muitos dos quais ignoram que o museu é administrado pela Universidade, inclusive, os próprios estudantes. O museu foi fundado em 1959, quando o então reitor da UFBA, Edgar Santos, em par-ceria com a Arquidiocese de Salvador, com o propósito de preservar a arte sacra luso--brasileira. No século XVII, no mesmo casarão, funcionava o antigo Convento de Santa Tereza D’Ávila, construído entre 1667 e 1676, por iniciativa de seis monges portugueses.

Hoje, o Museu de Arte Sacra da UFBA é um dos mais importantes do gênero nas Américas, não só pelo seu precioso acervo, como também pela sua bela arquitetura seiscentis-ta. O local foi tombado em 1938 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e nome-ado patrimônio da humanidade pela UNESCO, em 1985.

Baianos quase não visitam

Mesmo com tanta história, o lo-cal recebe pouquíssimas visitas de baianos. “Somos muito mais visi-tados por turistas”, revela o diretor do MAS, Francisco Portugal. Edjane Rodrigues, museóloga coordenadora do setor de exposições, responsável pelo estudo de público do museu, atribui isso a que “o baiano não tem o costume de visitar museus. E isso é agravado pelo fato de estarmos situados num local de difícil acesso e, principal-mente, pela especificidade da temática religiosa”. A administração do MAS tem tomado medidas para ampliar o número de visitas, tal como o de-

senvolvimento de um setor educativo que leva alu-nos de instituições de ensino fundamental, médio

e superior para conhecer e apreciar a arte sacra brasileira e portuguesa.

Cuidados com as peças

Entre as peças mais antigas do MAS, está uma imagem de Nossa Senhora do século XVII, esculpi-da por Frei Agostinho da Piedade, artista e monge português, e uma imagem de Nossa Senhora de Gua-dalupe, do século XVI, com reves-timento em prata. O museu possui ainda outras cerca de 5 mil peças, entre esculturas, azulejaria, pin-turas, móveis, joias, e outros tipos de obras, que são minuciosamente conservadas e, quando necessário, restauradas por uma equipe com-posta por profissionais de restaura-ção, marceneiros, auxiliares e esta-

giários voluntários da UFBA.Cláudia Guanais é coordenadora de restaura-

ção do museu e explica que não há um processo padrão de recuperação das peças. “É como num

Nossa religiosidade, nossa históriaAdministrado pela UFBA, o Museu de Arte Sacra da Bahia recebe poucos baianos e muitos turistas

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hospital: cada peça recebe seu diagnóstico e nós identificamos qual é a intervenção necessária. Algumas peças só precisam de uma limpeza pro-funda, outras de pinturas, há também obras bas-tante danificadas por ataques de cupins”.

“A arte sacra representa o berço da produção artística brasileira”. A frase de Eduardo Etzel, au-tor de livros sobre a arte religiosa no Brasil, define bem a importância desse tipo de obra. “Aqui, onde religiosidade e cultura se confundem, esse aspecto é ainda mais forte. A arte sacra faz parte da nossa história, é marca e referência do nosso povo”, res-salta o diretor do MAS. Conhecer um pouco mais sobre nossa cultura é conhecer mais sobre nós mesmos e sempre vale a pena. Francisco Portugal completa: “Os baianos estão perdendo uma gran-de oportunidade. O MAS está de portas abertas para receber gente de todas as culturas, crenças e religiões”. Pra quem ainda não conhece, fica o convite. O belo casarão está localizado no bairro Dois de Julho e funciona de segunda a sexta-feira, das 8.30 as 17.30h. Fica na Rua do Sodré, n. 278, perto da Rua Carlos Gomes.

“O baiano não tem o costume de visitar

museus”Edjane Rodrigues,

museóloga

“A arte sacra faz parte da nossa

história, é marca e referência do nosso

povo”Francisco Portugal, Diretor

do MAS

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jornal laboratório | facom/ufba entreViSta | página 7

O que é o Crédito Verde?

É a troca de lixo reciclável por créditos de compra. O sistema seria implantado durante a Copa do Mun-do de 2014, no Brasil, e os postos de coleta estariam nos aeroportos, hotéis, pontos turísticos e nos está-dios de futebol, que recolheriam o lixo das pessoas em troca de “créditos verdes”. As empresas cadas-tradas aceitariam esse crédito na forma de desconto na utilização de seus serviços e na compra dos seus produtos, o que geraria um ciclo de sustentabilidade. Hoje em dia existe a Política Nacional de Resíduos Só-lidos, segundo a qual as empresas têm que recolher certo percentual do lixo produzido. O projeto vai ser muito sedutor para que essas empresas consigam

essas metas. As cervejarias, por exemplo, vão ter um “boom” de produção adicional na Copa que vai ge-rar grande quantidade de recicláveis que terão valor. Se elas se cadastram, as pessoas poderão ter des-conto na compra da bebida. Como o crédito também pode ser usado no transporte público, caso as empre-sas se cadastrem, acaba sendo um incentivo para que as pessoas usem menos carros.

E de onde surgiu essa ideia? Ela é viável?

Surgiu a partir de algumas sacadas [sic] que eu tive em palestras e lendo alguns textos. Assim percebi que a reciclagem que fazemos no Brasil hoje é muito tímida. Em questão de latas de alumínio, é a maior

do mundo, em torno de 98%, mas o volume de reci-clagem de garrafas PET, garrafas de vidro, papelão, Tetra Pak ainda é muito pequeno. E esse trabalho é totalmente viável porque os custos de logística do lixo hoje são grandes. O fato de você conseguir moti-var a população a ser a mão de obra desse trabalho, introduzindo conceitos sustentáveis, facilita e, além disso, gera economia na área de limpeza urbana e maior conscientização da população.

A elaboração do projeto ajudou no seu desenvolvimen-to acadêmico?

Sim porque tive que ter capacidade de síntese e ar-gumentação. Não é o bastante ter a ideia. É preciso expressá-la de forma simples, sucinta e cativante. Me preparei muito, faltei aulas para manter contato com um executivo da Siemens – cada finalista tinha seu “coach” – que me ajudou pra caramba [sic].

A UFBA dá suporte aos alunos que querem participar desse tipo de concurso?

Basicamente, o suporte que eu tive foi dos meus orientadores. Só depois de ter sido selecionado para a final, tive que apresentar meu projeto. Eu acho que a UFBA perde muitas oportunidades. O concurso foi divulgado, mas muita gente não abriu os olhos para essa oportunidade. O que a UFBA poderia fazer seria fortalecer essas noções de empreendedorismo e da inovação nos seus cursos.

Quais são seus planos para os próximos anos de curso?

Eu recebi uma proposta para estagiar em São Paulo, na Siemens, mas como estou no meio do curso, ainda tenho algumas etapas a cumprir aqui, como a gestão do Diretório Acadêmico (Jonathan é o atual presiden-te do Diretório Acadêmico de Engenharia Mecânica). Mas no futuro eu posso refazer o contato. Hoje em dia, com o Programa Ciência Sem Fronteiras batendo na porta, pretendo ter uma experiência internacional, já que isso está se tornando padrão.

Lixo, uma ideia de luxoEstudante da UFBA vence concurso nacional com projeto sobre reciclagem do lixo

O que a UFBA poderia fazer seria fortalecer essas noções de

empreendedorismo e da inovação nos seus cursos.

Luiz Fernando Teixeira Júlia Belas

Ele cadastrou duas ideias no Siemens Student Award (concurso nacional patrocinado pela empresa Sie-mens). A primeira, na qual ele depositava maiores esperanças, não foi nem selecionada para a fase final do concurso. Nela pretendia usar um aplicativo para que as pessoas soubessem onde estão os ônibus

através dos seus telefones. A segunda surgiu ao acaso antes de dormir e foi inscrita sem nenhum compro-misso. O “Crédito Verde”, no entanto, foi o vencedor do concurso nacional e Jonathan Pedreira, estudante do 5º semestre de Engenharia Mecânica da Universidade Federal da Bahia (UFBA), superou outros 387 projetos.

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Jonathan, com seu troféu. Já está arrumando as malas para fazer intercâmbio no próximo semestre.

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página 8 | engenharia meCâniCa jornal laboratório | facom/ufba

E m uma pequena oficina no térreo da Esco-la Politécnica da Universidade Federal da Bahia (UFBA), onze estudantes se reúnem

para executar um projeto inovador. Eles formam a Equipe KRT - abreviação de Ka-mikaze Race Team - e tem como objetivo construir um carro tipo fórmula (um carro de velocidade para asfalto) para participar das competições da Fórmula SAE Bra-sil - Sociedade dos Engenheiros Automotivos, (tradução da sigla).

A Fórmula SAE é voltada para estudantes de Engenharia, que constroem pequenos carros de corrida com propriedades seme-lhantes aos automotores de com-petições como a Fórmula 1 e Fór-mula Indy. Desde sua origem, em 1981 nos Estados Unidos, a competição promove o aprendizado de milhares de estudantes em todo o mundo, proporcionando a oportunidade de colocar em prática os conhecimentos adquiridos em sala de aula. É avaliado desde a apresentação do projeto até o desempenho do carro em testes de segurança e desenvolvimento na pista.

A Fórmula SAE Brasil acontece anualmente em novembro. A última edição foi sediada em Piracica-ba (SP) e teve 22 equipes inscritas - envolvendo cer-ca de 500 estudantes - representando oito estados brasileiros e o Distrito Federal. A Bahia foi repre-sentada pela equipe Fast Car, do Senai Cimatec e pela KRT da UFBA, que viajou apenas para conhe-cer a competição, ainda sem o carro finalizado.

tição, o objetivo não é ganhar, mas conseguir um resultado mediano e participar de todas as provas, um desafio para iniciantes.

Como a Fórmula SAE é uma competição consolidada, existem empresas especializadas em produzir peças exclusivas para esses carros. Outras peças são adaptadas pelos alunos na própria oficina e algumas são aproveitadas, como o motor, retirado de uma motocicleta. Tudo isso de acordo com o regulamento mundial da Fórmula SAE, garan-tindo a segurança de todos os protótipos.

Os estudantes têm preparado inovações no carro que deve ir às pistas este ano. Felipe Sil-va, do 10º semestre e capitão da equipe, aponta os diferenciais competitivos do protótipo da KRT. “Nossa intenção é calibrar nosso motor em um de nossos laboratórios, para extrair sua potência má-xima e chegar à competição com ele em alto nível. Além disso, nosso carro tem um senso de gravidade baixo - o piloto dirige inclinado - o que resulta em uma dirigibilidade muito boa”.

Problemas na pista: bandeira amarela para a KRT

Os estudantes reclamam das dificuldades, uma das quais é o pouco conhecimento técnico que a faculdade proporciona. “Não conseguimos avançar por falta de pesquisa na área de auto-mobilística. Muitos dos conceitos que precisa-mos saber ficam restritos às indústrias, muito sigilosas com suas tecnologias”, afirma Felipe. Outro problema é a burocracia e falta de infra-estrutura. A Universidade não disponibiliza to-dos os laboratórios e ferramentas - algumas são emprestadas por outras equipes como a Carpo-eira e a Axé Fly - e o carro precisará ser testado em outro local, tal como o kartódromo de Piatã. O Professor Aílton Júnior, em entrevista por e--mail, diz que existem poucas matérias práticas no curso. “Após a década de 80, muitos profes-sores se especializaram em outros segmentos, como Engenharia de Produção. Disciplinas da área de mecânica foram substituídas por outras relacionadas à gestão e empreendedorismo”, explica o docente. O curso conta com apenas duas oficinas para aulas práticas e duas discipli-nas voltadas à área automotiva, sendo que uma delas está sem professor. “O Departamento não faz nada para impedir a decadência do único cur-so público da área na Bahia”, desabafa Aílton.

Liga o Motor!Da elaboração do projeto à construção do protótipo, alunos de Engenharia Mecânica da UFBA trabalham para participar de competição nacional de automobilismo

Desafios e motivação: o grid de largada da KRT

Na expectativa de competir este ano pela primeira vez, a Equipe KRT trabalha na cons-trução e refinamento do protótipo atual.

A ideia surgiu em 2006, com o apoio do professor orientador Aílton Jú-nior. Três anos depois, o espaço da oficina onde hoje executam suas atividades foi cedido pela UFBA. Desde 2008, a equipe conta com o patrocínio da Ford, que investe também em projetos semelhantes, como o Carpoeira BAJA e o Axé Fly AERO-UFBA (vide Box), que partici-pam de outras competições da SAE Brasil. Além da montadora ameri-cana, a KRT conta com o apoio da SolidWorks, que fornece licenças de software ao time e de outras

empresas que oferecem descontos na compra de peças. Em 2011, o projeto passou por grande renovação com a entrada de novos integrantes, recém-chegados à Universidade. “Chegamos motivados, o que contagiou os demais mem-bros. Desde então tivemos muitos progressos”, diz Augusto Souza, um dos calouros da equipe, na época. Desde então, eles conseguiram im-portantes avanços que culminaram, por exem-plo, no protótipo existente hoje.

Em busca do melhor acerto para o veículo

O carro começou a ser construído no segundo semestre de 2011, logo após ter seu projeto finali-zado. Como é o primeiro ano da equipe na compe-

Os estudantes trabalham sistemas como freio, direção,

chassi, comuns a todos os carros e esse conhecimento pode ser

aproveitado futuramente na área automotiva

“Aprendemos a trabalhar em

grupo, desenvolver um planejamento

financeiro e cumprir prazos”

Michel Gonçalves, 3º semestre do curso de Engenharia Mecânica

Fábio Arcanjo Fabrina Macedo

Page 9: Jornal da Facom - 3 Edição

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Equipe se reúne para definir os últimos acertos no carro.

Oportunidade que vai além de qualquer vitória

Os alunos acreditam no projeto como um modo de aprimorar a sua formação. “Aprendemos a tra-balhar em grupo, desenvolver um planejamento financeiro e cumprir prazos. Também temos con-tato com outras áreas, como Marketing. É como se estivéssemos em uma empresa”, afirma Michel Gonçalves, 3º semestre. Na opinião do professor Ailton, iniciativas como essa possibilitam a forma-ção de engenheiros mais preparados. “O mais inte-ressante é o diálogo interdisciplinar que o projeto proporciona, ao estimular os alunos a entrarem em contato com todas as etapas do desenvolvi-mento do produto”. O capitão da equipe, Felipe, que já está no último semestre do curso, define o projeto como uma formação complementar rápida. Para ele, é um aprendizado diferente do estágio. “É um modo de estar inserido dentro da Univer-sidade. O aluno que começa desde os primeiros semestres amadurece bastante e consegue am-pliar sua concepção do que será exigido no mer-cado de trabalho”, finaliza.

Conheça os outros projetosExistem outras equipes da UFBA que também participam de competições nacionais voltadas para estudantes de engenharia. Uma delas é a Carpoeira, que desde 2001, fabrica carros off-road (utilizados em outros terrenos, fora das estradas) para correr na Fórmula BAJA. Em 2011, ficaram em 18º lugar na classificação nacional, que envolveu 72 equipes.Outro projeto é o AERO UFBA, que participa da competição SAE Brasil de AeroDesign. A equipe, conhecida como Axé Fly, constrói pequenas aeronaves controladas por rádio. Ano passado, conquistaram o 2º lugar no Norte e Nordeste e foi a 20ª colocada dentre todas as 70 equipes do país.

Augusto Souza, do 3° semestre, pratica o que aprende em sala.

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página 10 | BiBLioteCa CentraL jornal laboratório | facom/ufba

Compra de livros na Biblioteca Central se vê afetada pela baixa demanda dos docentes

Thamires Tavares Tiago do Nascimento

Com uma verba anual de R$ 1,5 milhão dis-ponível para a aquisição de material biblio-gráfico da Universidade Federal da Bahia

(UFBA), incluindo as unidades do interior do esta-do, poucos alunos têm noção de que seus profes-sores dispõem desse recurso para adquirir os livros necessários ao andamento das suas disciplinas. Somando todas as bibliotecas, são, aproximada-mente, 22 mil novos exemplares que chegam à UFBA anualmente. Apesar de ser um número ex-pressivo, grande parte dos novos livros são suges-tões dos bibliotecários devido à falta de demanda dos professores. Os alunos também têm o direito de fazer requisição através de cadastro no site da biblioteca e se aprovado, são adquiridos.

Para Jamilli Quaresma, bibliotecária da Bi-blioteca Universitária Reitor Macedo Costa, loca-lizada no campus de Ondina da UFBA, os cursos que mais atualizam seu acervo são os de Saúde e Ciências Exatas. Os cursos de Ciências Humanas e de Artes têm números menos representativos nas requisições. “Todos os professores são cien-tes e todo ano eles devem fazer a atualização da sua bibliografia básica e complementar”, revela Jamilli. Ainda segundo a bibliotecária, o comum é os professores fazerem suas requisições quando são admitidos na Universidade e, depois, quan-do é solicitada uma nova lista, ela não é feita e o colegiado reenvia a lista antiga de livros. Por isso, os bibliotecários fazem os pedidos e muitas vezes não são os mais indicados para a consulta dos estudantes. A renovação deve ser feita por-que, a cada dois anos, o Ministério da Educação (MEC) avalia o acervo nacional e internacional da biblioteca, a estrutura, qualidade do atendimen-to e qualidade dos livros. Quando questionados, muitos docentes argumentam falta de tempo ou simples esquecimento por falta de prática. O coordenador do curso de Geologia da UFBA, Osmário Rezende, diz que apesar de ter feito re-quisições os pedidos ficam em uma fila de espera e nem sempre chegam. “Há muita reclamação dos alunos devido à pouca quantidade de livros específicos em nosso acervo”, pontua Rezende.

A maioria dos alunos desconhece o fato de que seus professores são responsáveis pela requisição dos exemplares úteis no desenvolvimento dos seus

estudos. Ian Ribeiro, aluno de Engenharia Civil, ficou surpreso ao saber deste fato. “Frequento a biblioteca regularmente, mas encontro dificulda-des, pois os livros mais usados no meu curso estão

disponíveis em quantidade insuficiente”, lamenta. Rafael Sena, estudante de Química, também se surpreendeu com a informação. Ele conta que não tem dificuldades para achar os livros que precisa, mas que às vezes é necessário fazer reserva. Gus-tavo Maciel, aluno de Jornalismo da Faculdade de Comunicação, diz não frequentar a biblioteca por não encontrar livros da sua área de estudos no acervo e que prefere xerox.

Dificuldades na renovação do acervo

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Todos os professores são cientes e todo ano eles devem fazer a

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Bibliotecária Jamilli Quaresma. Osmário Rezende, de Geologia.

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Estudantes do Bacharelado Interdisciplinar de Cinema criam coletivo para produzir filmes na Bahia

Câmera na mão: ideias, atitude e ação

José Calasans Jr.

Jovens estudantes com idades entre 22 e 27 anos, do Bacharelado Interdisciplinar (BI) de Cinema da Universidade Federal da Bahia (UFBA), criaram um coletivo para poder produzir filmes de curta-me-tragem e outros produtos audiovisuais. Trata-se do CUAL, o Coletivo Urgente de Audiovisual, onde participam, também, alunos de outros cursos.

O CUAL não surgiu apenas com a finalidade de executar o anseio artístico de cada um dos mem-bros, mas como uma tentativa de construir parce-rias, ações, olhares diversos que privilegiassem o

processo e a produção cooperativa. Além dos ci-tados anseios artísticos e da necessidade comum da prática dentro da graduação, eles pretendem se diferenciar da “intensa reprodução de imagens descartáveis, acríticas, seja nos filmes, seja nos outdoors de cada esquina”, segundo afirma Ramon Coutinho. Ele, junto com Luan Santana e Marcus Curvelo, vivem o que chamam de dilema do cinema atual: a “massiva produção industrial hollywoodia-na que ocupa quase tudo” e “as burocráticas e li-mitadas verbas dos poderes públicos” (através dos

editais) para produzir cinema. Assim, tiveram que decidir entre fazer algo com urgência ou desistir.

Eles optaram por seguir em frente, acreditando ser possível fazer cinema sem editais ou prêmios. Apesar de recente, o Coletivo já conta com dez cur-tas na bagagem e aos poucos, tem conquistado maior reconhecimento. Tanto que, recentemente, um de seus filmes, intitulado “Fake Me”, dirigido por Marcus Curvelo, ganhou o prêmio de Melhor Curta Baiano no Festival de Cinema Universitário da Bahia. Isso contribui para a visibilidade do gru-po, com o aumento da demanda pelas atividades do coletivo por estudantes de toda a Universidade. Atores em busca de papéis nos filmes, músicos al-mejando uma trilha sonora. Todos veem no CUAL uma oportunidade de criação coletiva.

A importância das fotocópias na vida acadêmica dos alunos

“E o texto, professor? Tá na xerox!” Gislene Ramos Val Benvindo Dudu Assunção

Alunos e professores sabem da necessidade do uso de xerox no ambiente acadêmico. Ainda que com versões digitalizadas, a maioria da bibliografia uni-versitária é disponibilizada pelos professores des-sa forma. Por causa da constante leitura de apos-tilas, capítulos ou livros, o uso de fotocópias tem se tornado uma prática comum na vida acadêmica dos alunos. Professores disponibilizam textos em suas respectivas pastas e os alunos, ao longo do semestre, compram as xerox. Os preços por página variam entre R$0,08 a R$0,10. Pode parecer um va-lor insignificante, no entanto, o somatório de todas as páginas copiadas ao longo de um semestre faz os gastos de um aluno aumentarem consideravel-mente. E é justamente esses gastos que geram al-gumas polêmicas. Para muitos, o preço é abusivo e deveria ser único em toda universidade.

Recentemente a Faculdade de Direito da Uni-versidade Federal da Bahia (UFBA) foi alvo de protestos por parte dos estudantes, e entre as reivindicações estava a falta de licitação para o funcionamento da fotocopiadora. “Este é um ór-gão federal, e como tal, sabemos que para qualquer prestação de serviço é preciso que haja licita-ção, o que não ocorre aqui”, afir-ma Lara Cardoso, estudante do 4º semestre de Direito. Dos es-tudantes entrevistados, todos concordam com a importância e necessidade do uso de fotocópias, principalmente pelo fato de muitos livros serem caros ou não estarem disponíveis em quantidade na biblioteca da Universidade.

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Muitos desconhecem que a Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Assistência Estudantil (PROAE) financia para os estudantes cadastrados, 200 fotocópias por

semestre. Para tanto, o aluno tem que levar as folhas de papel e ir com o livro a ser “xerocado” até a Editora da Universidade Federal da Bahia (EDUFBA), que pode demorar até 24h para ser fotocopiado. Assim, entre dribles à Lei de Direitos Autorais, longas filas, falta de informação e gasto excessivo, a

fotocópia segue sendo parte fundamental na rotina do estudante universitário, sem previsões de alteração no uso ou no abuso do método já tradicional.

Conheça mais sobre o trabalho do CUAL no blog www.cualcinema.blogspot.com.br e na página do

Facebook em https://www.facebook.com/cualcinema

Muitos desconhecem que a PROAE financia

para os estudantes cadastrados 200

fotocópias por semestre

De esquerda a direita, Francisco Gabriel Rego, Ramon Coutinho, Marcus Curvelo, e Luan Santana Marques, do CUAL.

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página 12 | ComUniDaDeS traDiCionaiS jornal laboratório | facom/ufba

Edvan Lessa Lara Perl

Nos últimos meses, povos tradicionais prota-gonizaram conflitos centrais na discussão política do país. A aprovação da consti-

tucionalidade das cotas raciais em universidades públicas e o reconhecimento do território indígena dos Pataxós Rã-Rã-Rãe, no sul da Bahia, pelo Su-premo Tribunal Federal, evidenciam conquistas da luta dos movimentos sociais e das comunidades.

Em busca de levar esse debate para o am-biente acadêmico, o I Congresso Internacional de Direito dos Povos e Comunidades Tradicionais, promovido pela Faculdade de Direito e pelo Pro-grama de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), nos dias 10, 11 e 12 de maio, coloriu a Reitoria da Ufba, reunindo pesquisadores, representantes de instituições ofi-ciais do governo e líderes de comunidades locais - quilombolas, indígenas, marisqueiras, pescado-res artesanais - para discutir os direitos dessas populações e sua efetivação.

“Há apenas 24 anos começamos a admitir a di-versidade étnico-racial e cultural do Brasil e temos somente 10 anos de políticas públicas específicas para os direitos desses povos”, afirma Elias Sam-paio, presidente da Comissão Estadual de Susten-tabilidade dos Povos e Comunidades Tradicionais e Secretário de Promoção da Igualdade do Estado da Bahia. Durante mesa do evento, o secretário foi questionado por Gersonice Brandão, mais conhe-cida como EkedySinha, do Terreiro Casa Branca, sobre a atuação do governo para garantir a manu-tenção da tradição desses povos. “Eu quero saber como a gente faz pra manter um terreiro tombado. O governo reconhece a nossa religião e ancestrali-dade, mas não nos dá suporte”, se queixa.

EkedySinha coloca que a expansão do setor imobiliário, cada vez mais intensa na cidade, im-possibilita a prática religiosa do candomblé. “Nós

cultuamos a natureza, essa é a nossa força. Mas já não temos lagoas, os rios estão acabando, as ma-tas também”, acrescenta.

Sustentabilidade

O conflito entre o progresso econômico e a ma-nutenção de florestas e aquíferos, dos quais depen-dem não só os ritos, como também as atividades de comércio das comunidades tra-dicionais foi tema recorrente no evento. “O progresso para para as comunidades tradicionais e para nós, religiosos do candom-blé, não é apenas concreto e as-falto. Desenvolvimento às custas da depredação de mananciais aquíferos e do verde é burrice, suicídio”, critica Leonel Mon-teiro, Presidente da Associação Brasileira de Preservação da Cultura Afro Ameríndia (AFA) e Ogan do Ilê Axé Oxumarê.

A questão também foi levantada pela maris-queira e quilombola Eliete Paraguassu, que conta o que vem ocorrendo na sua comunidade, em Ilha de Maré. “Temos enfrentado um bicho grande que é a poluição química na Baía de Aratu, pois a segu-rança alimentar da população está comprometida. Já tem um índice [elaborado] pela Faculdade de Nutrição da UFBA que confirmou a suspeita de que nossos pescados estavam diminuindo por conta da poluição por metais pesados [emitidos por empre-sas próximas]”, relata.

Para Rosemeire dos Santos Silva, liderança da Comunidade Remanescente Quilombola do Rio dos Macacos, a harmonia com o meio ambiente é uma lembrança distante. Ela lamenta sequer poder plantar na terra em que a sua bisavó viveu, devido ao conflito com a Marinha Brasileira, em Salvador.

O depoimento da quilombola sensibilizou os que es-tavam presentes na manhã do dia 11, destacando o papel do governo para que o direito das terras dos povos e comunidades tradicionais seja reconhecido.

Conflitos de terra

“Outro dia, um indígena da tribo dos pataxós es-tava na porta da Faculdade de Direito. Houve resis-

tência dos seguranças a deixá--lo entrar. Eles me chamaram e eu autorizei a sua entrada para conversarmos. Então ele me disse: eu é quem lhe autorizo a estar aqui. Essa terra é minha e eu estou lhe concedendo este direito”. Foi através dessa re-flexão que Celso Castro iniciou o seu pronunciamento na mesa de abertura do congresso, re-

ferindo-se ao lugar dos povos indígenas no Brasil. A concessão de terras realizada por governos suces-sivos tirou dos nativos indígenas as propriedades originalmente pertencentes a suas tribos.

A disputa territorial sempre foi a questão central na lutas das minorias e dos povos e co-munidades tradicionais. Segundo Cacique Babau, Tupinambá de Serra do Padeiro e coordenador do Movimento dos Povos Indígenas da Bahia, “muitos integrantes do Movimento Sem Terra (MST) são índios a quem foi negado o direito de terra”.

Valdivino Rodrigues de Souza, representan-te das Comunidades de Fundo e Fecho de Pasto (Bahia) e da Comissão Nacional de Desenvolvimen-to dos Povos e Comunidades Tradicionais relata que, na região onde mora, “os companheiros se organizaram para tirar três grupos de pistoleiros que defendiam empresas do agronegócio. Levaram para a delegacia e sequer foi feito registro da ocor-

Quilombolas, indígenas, marisqueiras e pescadores artesanais avançam na luta por seus direitos

I Congresso Internacional de Direito dos Povos e Comunidades Tradicionais discute sustentabilidade, conflito de terras, intolerância religiosa e direitos humanos

Nós cultuamos a natureza, essa é a nossa força. Mas

já não temos lagoas, os rios estão acabando, as matas

tambémEkedySinha do Terreiro Casa Branca

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jornal laboratório | facom/ufba ComUniDaDeS traDiCionaiS | página 13

1.Mesa de abertura. De pé, EkedySinha. Na sequência, Celso Castro, Dulce Aquino, Ordep Serra e Elias Sampaio.

2. Cacique Babau, da tribo Tupinambá.

3.Índio de Coroa Vermelha chama a atenção sobre o direito ao território.

rência”. Ele afirma que o direito à vida é também o direito de permanecer nos territórios.

A universidade abre as portas

“Espero que a universidade continue promo-vendo esse debate, para que os índios possam contar a própria história, oficialmente negada”, reconhece Cacique Babau. O Professor Júlio Rocha, idealizador e coordenador do evento, ressalta a im-portância da interdisciplinaridade, principalmen-te entre o conhecimento jurídico e antropológico. “Acho que o congresso coloca a universidade em um papel de mediadora dos interesses das comuni-dades em relação ao estado”, acrescenta.

O congresso foi encerrado com uma carta ofi-cial, coletivamente construída, que exige o cumpri-mento do Artigo 6º da Convenção 169 da Organiza-ção Internacional do Trabalho sobre os direitos os indígenas no Brasil, assim como o do Projeto de Lei 7447/2010, que institui a Politica Nacional de De-senvolvimento Sustentável dos Povos e Comunida-des Tradicionais. Também exige a implementação de disciplinas sobre os saberes dessas comunida-des nas escolas e universidades e o veto presiden-cial do Código Florestal. A manhã de sábado culmi-nou em cantos e vozes de diferentes crenças unidas por um ideal de transformação.

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Espero que a universidade continue fazendo e promovendo

esse debate, para permitir que os índios contem a própria história,

oficialmente negadaCacique Babau

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Marília Cairo

Os campi da Universidade Federal da Bahia (UFBA), com grande quantidade de pesso-as circulando e ampla área verde, podem

ser considerados pequenas cidades e trazem suas próprias preocupações sobre o meio ambiente. O Campus de Ondina, que contempla diversos cur-sos, entre os quais Comunicação, Biologia, Letras, Matemática e Química, abriga também parte do que resta da Mata Atlântica na Bahia. Porém, ao caminhar pelo espaço, podem ser vistos restos de móveis, pedaços de ferro e de madeira abando-nados em locais inadequados. Ao mesmo tempo encontram-se vazias as caixas de coleta de lixo re-ciclável espalhadas pelo Campus.

A questão ambiental na UFBA e no Campus de Ondina já vem sendo discutida por professores, pesquisadores e alunos. De acordo com Sueli Silva, coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Educação Ambiental (NEPEA), em 2009 foi criada uma Comissão de Gestão Ambiental do Campus de Ondina, composta por professores, alunos e gru-

pos ambientalistas que atuam na Universidade, como UFBA Ecológica, NEPEA e Organismo. Com o objetivo de buscar uma mudança de atitude dos frequentadores por meio da conscientização de práticas ambientalmente sustentáveis no Cam-pus, a comissão criou diretrizes que tratam do uso racional de recursos físicos, edificações, áreas verdes e espaços de con-vivência, água e energia, redução da dependência do automóvel e saúde e nutrição. Mas, segundo a pesquisadora, ainda não foi iniciada a implementação da proposta apre-sentada. Independente da implementação de um projeto mais extensivo e integrado, o grupo UFBA Ecológica tem ações de educação ambiental, como o Brechó EcoSolidário, um mercado de trocas de produtos usados aberto ao público em geral.

Helena Argolo, responsável pelo patrimônio no Instituto de Biologia, diz que um dos maiores pro-blemas no Campus é a falta de um planejamento do lixo das cantinas. Produtoras de grande quantida-de de plásticos e material orgânico, os funcionários

das cantinas não separam o lixo produzido e não cuidam para que a gordura produzi-da pelas frituras tenha des-tinação correta. De acordo com Helena, isto mostra a falta de um gerenciamento adequado do lixo orgânico e reciclável no Campus de On-dina. “O que inviabiliza esse

trabalho é o fato das cantinas não separarem o lixo”, reforça. Além disso, ela acredita que há ainda uma fragilidade dos demais elos da cadeia, como a própria coleta. Muitas vezes, o lixo reciclável per-manece no Campus mais tempo do que deveria e só são retirados com o apoio de cooperativas.

A dificuldade na articulação com coopera-tivas da cidade e aquisição de lixeiras coletoras também fez com que o NEPEA não conseguisse lançar o Projeto Piloto de Implantação da Cole-ta Seletiva e Reciclagem no Instituto de Biolo-gia. “Até o momento somente foram realizadas oficinas de Educação Ambiental, reciclagem e coleta seletiva para os funcionários da Limpe-za do Instituto”, diz Sueli Silva. A realização de concursos públicos nos campi da UFBA também traz problemas para o equilíbrio ambiental. “O público que vem fazer concurso é um arras-tão. O lixo jogado no chão é levado pelo vento, para os matos, para o escoamento de água, sem que se tome providência”, alerta Sueli, sugerindo que as empresas contratadas para a realização dos concursos públicos se responsabilizem tam-bém pela limpeza e recolhimento do lixo. Como é possível perceber, a implementação de ações ambientais eficientes, que possam gerar resulta-dos duradouros para a Universidade e para a so-ciedade, passa obrigatoriamente pela educação doméstica e por mudanças culturais.

Por uma UFBA mais limpa

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Para gerar resultados duradouros, ações de educação e conscientização ambiental no Campus de Ondina precisam acontecer de verdade

As cantinas não separam o lixo produzido e não cuidam para que a gordura produzida pelas frituras

tenha destinação correta

Coleta seletiva não é respeitada no Campus de Ondina.

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jornal laboratório | facom/ufba CiênCia Sem FronteiraS | página 15

Programa Ciências sem Fronteiras e a internacionalização da universidade

Acima, Carlos Arthur Cavalcante, coordenador do Programa Ciências sem Fronteiras.

Uma oportunidade para estudar fora do país gratuitamente

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A maior dificuldade é o domínio da língua inglesa

F azer intercâmbio durante a graduação é um sonho da maioria dos universitários. E se a temporada em outro país vier acom-panhada de uma bolsa de estudos em uma da s principais uni-

versidades do mundo, melhor ainda. Por meio do Programa Ciên-cia sem Fronteira s, isso está se tornando uma realidade cada vez mais comum na vida de centena s de estudantes de todo o Bra sil .

Criado em dezembro de 2011, o Programa tem como objetivo a formação de mão de obra es-pecializada em áreas da Saúde, Biotecnologia, Ciências Exatas, dentre outras áreas ligadas à formação de tecnólogos, para promover o de-senvolvimento tecnológico e econômico do País.

Na Universidade Federal da Bahia (UFBA), 60 bolsas estão sendo oferecidas em 2012 para es-tudantes de Ciências Exatas e de Saúde fazerem uma graduação sanduíche no exterior. Os interes-sados devem atender a alguns re-quisitos básicos, como possuir bom desempenho acadêmico, proficiên-cia no idioma do país de destino, ter cursado, no mínimo, 50%, e no máximo 80% de disciplinas e apre-sentar um orientador de estudos. Os selecionados são beneficiados com uma bolsa de aproximada-mente US$ 870,00 por mês para cobrir os custos de estadia, além de passagem aérea e auxílio para instalação. As taxas escolares também são custe-adas pelo governo brasileiro e pagas diretamente às universidades estrangeiras.

Os interessados também podem se inscre-ver diretamente no site www.cienciasemfron-teira.com.br e optar por concorrer uma bolsa através das Chamadas Públicas Abertas que oferecem vagas para estudantes de todo o Bra-sil. Mas nesse caso, os critérios de seleção são

diferentes dos da UFBA em rela-ção à quantidade de disciplinas cursadas e necessidade de orien-tador, por exemplo.

Todas às sextas-feiras, ocor-re uma reunião na Pró-Reitoria de Pesquisa, Criação e Inovação da UFBA para orientar os inte-ressados e estudantes já selecio-nados. O professor Carlos Arthur Cavalcante, coordenador do Ci-ências sem Fronteiras na UFBA, chama a atenção para problemas enfrentados pelos candidatos. “A maior dificuldade é o domínio

da língua inglesa, exigida pela maioria dos países”, destaca. Até o momento, os desti-nos preferidos pelos estudantes são Portugal e Espanha, por isso, novos pedidos para esse países têm sido negados.

O Programa Ciência sem Fronteiras é uma iniciativa dos Ministérios da Ciência, Tecno-logia e Inovação (MCTI) e do Ministério da Educação (MEC) e busca o desenvolvimento tecnológico do Brasil por meio de incentivo, oferecendo também oportunidades para dou-torandos, pós-doutores, professores visitan-tes e técnicos. Estima-se que até 2015 sejam oferecidas 75 mil bolsas das diversas modali-dades. “A importância dessa iniciativa é a de promover a internacionalização da universi-dade e melhorar a formação dos nossos qua-dros”, completa Carlos Arthur Cavalcante.

Adriele de Jesus Sousa

Page 16: Jornal da Facom - 3 Edição

página 16 | perFiL jornal laboratório | facom/ufba

Gislene Ramos

F undado em 1958 o Teatro Martim Gonçal-ves, antes chamado Teatro Santo Antônio, é hoje considerado uma dos melhores teatros

de Salvador em termos técnicos. Sua estrutura faz parte do complexo arquitetônico do casarão onde funciona a Escola de Artes Cênicas da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Com uma programação ativa (em sua maioria gratuita) e cerca de 20 espetáculos montados anual-mente por professores, alunos e artistas convidados, o teatro Martim Gonçalves conta com um palco ita-liano, espaço para em média 200 lugares, ar condi-cionado, iluminação de qualidade, camarins e ampla coxia. Oferecidos não somente aos espectadores, mas aos atores que estão em fase de aprendizado.

A reinauguração do teatro aconteceu em 2007 quando, através de um edital público, foi concedi-da uma ampla reforma, o que lhe garantiu uma es-trutura e atualização do espaço físico. Funcionan-do como um laboratório de formação artística, sua principal função é servir à comunidade acadêmica, especialmente nos espetáculos de formação e ex-perimentos durante o período dos cursos de artes cênicas. Seja em Direção teatral, Interpretação ou Licenciatura. Daniel Marque, Diretor Adminis-trativo do teatro desde 2008, afirma que o Martim Gonçalves possui uma estrutura sofisticada no mesmo nível que os principais teatros da cidade. No entanto, não está livre dos problemas, como as infiltrações em períodos chuvosos. “Quando cho-ve, eu fico com um olho no céu e outro no teto do teatro”, brinca Daniel. Daniel completa que além dos espetáculos de formatura, a programação também está voltada à comunidade fora da UFBA.

“Nós entendemos que esse laboratório deve servir à cidade e à UFBA”, finaliza.

A atriz e bacharel em Artes Cênicas – Interpre-tação teatral pela Universidade Federal da Bahia, Vera Pessoa, indicada a importantes prêmios, afir-ma que apesar de ter se apresentado em outros im-portantes teatros de Salvador, ainda guarda forte sentimento pelo espaço onde começou sua forma-ção profissional. “No Teatro Martim Gonçalves é onde eu realmente me sinto em casa, pois a sensa-ção é muito confortante”.

Ao longo de seus quase 50 anos, o teatro Mar-tim Gonçalves foi palco para importantes espetá-culos, o que lhe garantiu o lugar de grande impul-

sionador da arte cênica da Bahia. Foi nascedouro da cena profissional do teatro no Estado, inclusive para grandes artistas baianos, como a cantora Ma-ria Bethânia, que iniciou sua carreira apresentando recitais no palco. Hoje o teatro continua sendo es-paço para a formação de importantes profissionais das artes cênicas, não somente atores e diretores, mas para técnicos de iluminação, cenografia e so-noplastia, que também têm seu lugar de visibilida-de. E assim o Teatro Martim Gonçalves assegura o seu lugar no cenário baiano como um verdadeiro espetáculo da história.

Teatro Martim Gonçalves: um espetáculo de história

1. Frente do Teatro Martim Gonçalves2. Parte interna do Teatro Martim Gonçalves

Espaço para a formação dos alunos da UFBA, o teatro Martim Gonçalves tem grande importância para a arte cênica da Bahia

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“No Teatro Martim Gonçalves é onde eu realmente me

sinto em casa”Vera Pessoa, atriz graduada em Artes Cênicas pela UFBA

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