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Jornal da Produção de Leite / Ano XXI - Número 280 - Viçosa, MG - Agosto de 2012 Para calcular a perda em litros/ ano e em R$/anodos diferentes grupos, foi realizado oajuste na produção total da lactação para 12 meses, obtendo a produção anual. Com os resultados das produções anuais dos diferentes grupos foi feita a diferença entre os grupos de abortos com o grupo controle, obtendo a perda anual em litros de leite. Essa perda foi multiplicada pelo preço do leite obtendo assim a perda em R$/anoe outros indica- dores observados na tabela. Como visto na tabela os animais que abortaram no início da gesta- ção, tiveram uma perda anual em Quanto Custa o Aborto? É de conhecimento de grande par- te das pessoas envolvidas na cadeia produtiva do leite que o aborto causa grandes perdas ao produtor, porém o valor deste prejuízo poucas vezes é calculado. Diante dessa questão foi realizado um estudo para quantificar as perdas em litros de leite e em reais, de animais que abortaram em dife- rentes estágios da gestação. O estudo realizado dividiuos abor- tos em 3 fases: início de gestação (0-3 Aborto Produção IP Produção Produção Perda Preço do Perda Perda em Animais (l/vaca/lact.) (meses) (l/IP/dia) (l/ano) (l/vaca/ano) Leite (R$/l) (R$/ano) em % (vaca/ano) Início de Lact. 8 10139,59 17 19,61 7157,4 237,44 0,93 220,82 3,21 Meio de Lact. 10 13331,26 24 18,26 6665,6 729,17 0,93 678,13 9,86 Final de Lact. 9 10403,3 26 13,15 4801,5 2593,28 0,93 2411,75 35,07 Controle 149 9243,5 15 20,26 7394,8 - - - - Fernando Teixeira de Moura Estudante de Medicina Veterinária Rodrigo Pinto Pires Estudante de Zootecnia Victor Hugo Barbosa Estudante de Med. Veterinária meses de gestação); meio de gestação (3-6 meses de gestação); final de ges- tação (6-9 meses de gestação). Para ser realizada a comparação com essas 3 fases foi feito um grupo controle (animais que não abortaram), geran- do os seguintes resultados: litros de leite em relação aos ani- mais que não abortaram de 3,21%, ou seja 237,44 l/ano.Este fato é explicado pelos animais deste gru- po apresentarem um intervalo de parto de 2 meses a mais do que o grupo controle devido ao aborto. Essa perda não foi maior devido a qualidade genética do rebanho, que compensou parte desse preju- ízo devido ao prolongamento da lactação. O grupo de animais que aborta- ram no meio da gestação obteve uma perda anual em litros de leite em relação ao grupo controle de 9,86%. Este resultado é explicado Todos nós sabemos a importân- cia das cercas na propriedade ru- ral, que servem tanto para serem usadas na divisa da propriedade quanto para divisão depastos em áreas menores, possibilitando um maior aproveitamento da pasta- gem. Uma cerca convencional de ara- me liso ou farpado pode parecer uma estrutura simples, barata e fácil de ser construída. Entretan- to sabemos que a construção de uma cerca desse tipo é trabalho- sa, onerosa e demorada. Por isso uma excelente alternativa é o uso da cerca elétrica para divisões de pastos, o que recentemente foi im- plantado na Fazenda Boa Esperan- ça, no município de Visconde do Rio Branco - MG propriedade do Sr. Cláudio Cacilhas Sabioni, para fazer a divisão dos lotes de recria e um piquete pré-parto. O uso da cerca elétrica muitas vezes tem encontrado resistência por parte dos produtores e fun- cionários, masquando se utiliza materiais de boa qualidade e a construção é criteriosa, a sua efi- cácia é muito alta. Critérios como Cerca elétrica: uma alternativa prática e econômica l = litros IP = intervalo de partos Lact. = lactação devido aos animais abortarem em média com 300 dias de lactação, ou seja,ocorreu em um estágio mais avançado da lactação, levan- do a um intervalo de parto alto (24 meses). Nessa situação houve um prejuízo de 729,17 l/ano, no caso desse produtor que recebeu R$ 0,93/l, cada caso de aborto acarre- tou um prejuízo de R$ 678,13/ano. A fase que chamou mais a aten- ção foi a dos animais que abor- taram no final da gestação, apre- sentando um resultado de perda anual em litros de leite em relação ao grupo controle de 35,07%. Este resultado tem a justificativa de que esses animais abortaram com 370 dias de lactação em média, ou seja, já estavam na fase final de lacta- ção, e poucos dias após o aborto as vacas secam e passam toda a nova gestação sem produzir leite, ele- vando o período de intervalo de parto (26 meses), ficando mais de 4 meses sem produzir leite. Nes- se caso, houve uma perda de R$ 2411,75/ano. Portanto pode-se concluir que as perdas com aborto são elevadas, e quanto mais evoluída a gestação maior são os prejuízos. Desta for- ma é necessário adotar medidas preventivas como vacinação, con- forto animal, manejo de pré-parto correto e nutrição balanceada para que esses episódios possam ser cada vez menos frequentes nas propriedades culminando em maior rentabilidade para o produ- tor de leite com o seu negócio. qualidade do aterramento, dimen- sionamento do aparelho eletrifica- dor, vida útil do material e proteção contra descargas elétricas (raios), são muito importantes para o bom resultado com a utilização desta de cerca e com menor risco. Dentre asvantagens da cerca elé- trica que podemos citar: fácil ma- nejo e rápida construção, amansa os animais e apresenta grande versatilidade,permitindo com a di- visão um melhor manejo dos lotes nas fases de recria e vacas em lac- tação, além de ser mais viável eco- nomicamente quando comparado a cerca convencional. Na propriedade Boa Esperan- ça o custo deimplantação dacerca elétrica foi R$1.830/km. Quando comparado ao custoda cerca con- vencional de arame liso, que é de R$4.686/km. A cerca elétrica apre- sentou uma economia de 60% no custo. Caso o produtor optasse em usar uma cerca de arame far- pado, está apresenta um custo de R$5.330/km, haveria um aumento de 65% no custo de implantação da cerca. Por esses motivos, o produtor Claudio Cacilhas Sabioni se encon- tra satisfeito com uso da cerca elé- trica em sua propriedade. Sempre em parceria com o PDPL-RV vem investindo cada vez mais na sua propriedade, demonstrando que acredita na atividade leiteira. Feto abortado Gado contido por cerca elétrica Dicas do Zootecnista Uso de Caroço de Algodão na dieta de bovinos Momento do Produtor Wilma Lúcia Paiva e Luis Ferreira Fazenda Mirante Qualidade do leite Atenção ao uso do detergente ácido Avaliando a estrutura de rebanho Criação de bezerras em abrigos individuais Fazenda Varginha p. 2 p. 3 p. 4 p. 4 p. 2

Jornal da Produção de Leite / Ano XXI - Número 280 ... · cerca. Por esses motivos, o produtor Claudio Cacilhas Sabioni se encon - tra satisfeito com uso da cerca elé-trica em

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Jornal da Produção de Leite / Ano XXI - Número 280 - Viçosa, MG - Agosto de 2012

Para calcular a perda em litros/ano e em R$/anodos diferentes grupos, foi realizado oajuste na produção total da lactação para 12 meses, obtendo a produção anual.Com os resultados das produções anuais dos diferentes grupos foi feita a diferença entre os grupos de abortos com o grupo controle, obtendo a perda anual em litros de leite. Essa perda foi multiplicada pelo preço do leite obtendo assim a perda em R$/anoe outros indica-dores observados na tabela.

Como visto na tabela os animais que abortaram no início da gesta-ção, tiveram uma perda anual em

Quanto Custa o Aborto?

É de conhecimento de grande par-te das pessoas envolvidas na cadeia produtiva do leite que o aborto causa grandes perdas ao produtor, porém

o valor deste prejuízo poucas vezes é calculado. Diante dessa questão foi realizado um estudo para quantificar as perdas em litros de leite e em reais, de animais que abortaram em dife-rentes estágios da gestação.

O estudo realizado dividiuos abor-tos em 3 fases: início de gestação (0-3

Aborto N° Produção IP Produção Produção Perda Preço do Perda Perda em Animais (l/vaca/lact.) (meses) (l/IP/dia) (l/ano) (l/vaca/ano) Leite (R$/l) (R$/ano) em % (vaca/ano)

Início de Lact. 8 10139,59 17 19,61 7157,4 237,44 0,93 220,82 3,21Meio de Lact. 10 13331,26 24 18,26 6665,6 729,17 0,93 678,13 9,86Final de Lact. 9 10403,3 26 13,15 4801,5 2593,28 0,93 2411,75 35,07Controle 149 9243,5 15 20,26 7394,8 - - - -

Fernando Teixeira de MouraEstudante de Medicina Veterinária

Rodrigo Pinto PiresEstudante de Zootecnia

Victor Hugo BarbosaEstudante de Med. Veterinária

meses de gestação); meio de gestação (3-6 meses de gestação); final de ges-tação (6-9 meses de gestação). Para ser realizada a comparação com essas 3 fases foi feito um grupo controle (animais que não abortaram), geran-do os seguintes resultados:

litros de leite em relação aos ani-mais que não abortaram de 3,21%, ou seja 237,44 l/ano.Este fato é explicado pelos animais deste gru-po apresentarem um intervalo de parto de 2 meses a mais do que o grupo controle devido ao aborto. Essa perda não foi maior devido a qualidade genética do rebanho, que compensou parte desse preju-ízo devido ao prolongamento da lactação.

O grupo de animais que aborta-ram no meio da gestação obteve uma perda anual em litros de leite em relação ao grupo controle de 9,86%. Este resultado é explicado

Todos nós sabemos a importân-cia das cercas na propriedade ru-ral, que servem tanto para serem usadas na divisa da propriedade quanto para divisão depastos em áreas menores, possibilitando um maior aproveitamento da pasta-gem.

Uma cerca convencional de ara-me liso ou farpado pode parecer uma estrutura simples, barata e fácil de ser construída. Entretan-to sabemos que a construção de uma cerca desse tipo é trabalho-sa, onerosa e demorada. Por isso uma excelente alternativa é o uso da cerca elétrica para divisões de pastos, o que recentemente foi im-plantado na Fazenda Boa Esperan-ça, no município de Visconde do Rio Branco - MG propriedade do Sr. Cláudio Cacilhas Sabioni, para fazer a divisão dos lotes de recria e um piquete pré-parto.

O uso da cerca elétrica muitas vezes tem encontrado resistência por parte dos produtores e fun-cionários, masquando se utiliza materiais de boa qualidade e a construção é criteriosa, a sua efi-cácia é muito alta. Critérios como

Cerca elétrica: uma alternativa prática

e econômica

l = litrosIP = intervalo de partosLact. = lactação

devido aos animais abortarem em média com 300 dias de lactação, ou seja,ocorreu em um estágio mais avançado da lactação, levan-do a um intervalo de parto alto (24 meses). Nessa situação houve um prejuízo de 729,17 l/ano, no caso desse produtor que recebeu R$ 0,93/l, cada caso de aborto acarre-tou um prejuízo de R$ 678,13/ano.

A fase que chamou mais a aten-ção foi a dos animais que abor-taram no final da gestação, apre-sentando um resultado de perda anual em litros de leite em relação ao grupo controle de 35,07%. Este resultado tem a justificativa de que esses animais abortaram com 370 dias de lactação em média, ou seja, já estavam na fase final de lacta-ção, e poucos dias após o aborto as vacas secam e passam toda a nova gestação sem produzir leite, ele-vando o período de intervalo de parto (26 meses), ficando mais de 4 meses sem produzir leite. Nes-se caso, houve uma perda de R$ 2411,75/ano.

Portanto pode-se concluir que as perdas com aborto são elevadas, e quanto mais evoluída a gestação maior são os prejuízos. Desta for-ma é necessário adotar medidas preventivas como vacinação, con-forto animal, manejo de pré-parto correto e nutrição balanceada para que esses episódios possam ser cada vez menos frequentes nas propriedades culminando em maior rentabilidade para o produ-tor de leite com o seu negócio.

qualidade do aterramento, dimen-sionamento do aparelho eletrifica-dor, vida útil do material e proteção contra descargas elétricas (raios), são muito importantes para o bom resultado com a utilização desta de cerca e com menor risco.

Dentre asvantagens da cerca elé-trica que podemos citar: fácil ma-nejo e rápida construção, amansa os animais e apresenta grande versatilidade,permitindo com a di-visão um melhor manejo dos lotes nas fases de recria e vacas em lac-tação, além de ser mais viável eco-nomicamente quando comparado a cerca convencional.

Na propriedade Boa Esperan-ça o custo deimplantação dacerca elétrica foi R$1.830/km. Quando comparado ao custoda cerca con-vencional de arame liso, que é de R$4.686/km. A cerca elétrica apre-sentou uma economia de 60% no custo. Caso o produtor optasse em usar uma cerca de arame far-pado, está apresenta um custo de R$5.330/km, haveria um aumento de 65% no custo de implantação da cerca.

Por esses motivos, o produtor Claudio Cacilhas Sabioni se encon-tra satisfeito com uso da cerca elé-trica em sua propriedade. Sempre em parceria com o PDPL-RV vem investindo cada vez mais na sua propriedade, demonstrando que acredita na atividade leiteira.

Feto abortado

Gado contido por cerca elétrica

Dicas do ZootecnistaUso de Caroço de

Algodão na dieta de bovinos

Momento do Produtor Wilma Lúcia Paiva e

Luis Ferreira Fazenda Mirante

Qualidade do leite Atenção ao uso do detergente ácido

Avaliando a estrutura

de rebanho

Criação de bezerras em abrigos individuais Fazenda Varginha

p. 2 p. 3 p. 4 p. 4p. 2

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Programa de Desenvolvimento

da Pecuária Leiteirada Região de Viçosa

Publicação editada sob a responsabilidade do

Coordenador do PDPL-RV:Adriano Provezano

Gomes

Jornalista Responsável:José Paulo Martins

(MG-02333-JP)

Redação:Christiano Nascif

Zootecnista

Marcus Vinícius C. MoreiraMédico Veterinário

André Navarro LobatoMédico Veterinário

Thiago Camacho RodriguesEngenheiro Agrônomo

Diagramação e coordenaçãográfica:

João Jacob Neide de Assis

Endereço do PDPL-RV:Ed. Arthur Bernardes

Subsolo/Campus da UFVCep: 36570-000

Viçosa - MG

Telefax: (31) 3899 5250E-mail: [email protected]

www.pdpl.ufv.brTwitter: @PDPLRV

Facebook: Pdpl Minas Gerais

Jornal da Produção de Leite

Com a alta dos preços dos princi-pais insumos, o produtor deve bus-car alternativas para minimizar seus custos. Uma boa alternativa é o uso de alimentos alternativos como o ca-roço de algodão.

Vantagens:1) Aumenta teor de gordura do leite

e estimulação da ruminação; 2) Diminui o risco de acidose rumi-

nal por aumentar o teor de fibra na dieta;

3) Preço competitivo no mercado correspondendo, em média, 32%

Dicas do Zootecnista

A criação eficiente de bezerras é um aspecto extremamente relevante em propriedades leiteiras, uma vez que estes animais serão as futuras vacas em lactação que irão gerar renda ao produtor. Dessa forma, um desenvol-vimento inadequado na fase da cria, bem como as enfermidades podem trazer consequências indesejáveis, fazendo inclusive com que o animal não manifeste seu potencial máximo quando adulto. Além disso, a garantia da saúde dessa categoria é importante, visto que as bezerras estão sob gran-des desafios desde o momento em que nascem.

Os abrigos individuais levam certa vantagem em relação aos coletivos, por propiciar melhor controle da dieta de cada animal, devido à possibilidade de fornecer a quantidade adequada de concentrado para cada bezerra, consi-derando que, diferentemente do que ocorre nos abrigos coletivos, nos indi-viduais não ocorre competição entre os animais. Além disso, evita o con-tato com outros animais, prevenindo dessa forma a transmissão de algumas doenças que afetam com frequência os animais na fase de cria, como a diarréia e a pneumonia, as quais são bastante contagiosas.

Um fator a ser observado é o espaço físico disponível para os bezerros. Este deve ser suficiente de forma que per-mita comportamentos normais para a alimentação, o consumo de água, repouso, excreção, além de locomo-ção. E é claro, a higienização do local é também muito importante, devendo--se evitar o excesso de umidade nos abrigos. Recomenda-se, inclusive, a construção dos abrigos no sentido Norte-Sul, de forma que haja exposi-ção ao sol, reduzindo a formação de lama e fazendo o efeito de desinfecção pelos raios solares. O fornecimento de água deve ser à vontade, o concentra-do e o leite devem ser de boa qualida-

Criação de bezerras em abrigos individuais Fazenda Varginha

Uso de Caroço de Algodão na dieta de bovinosFernanda Carvalho GomesEstudante de Zootecnia

Bruno de Castro MouraEstudante de Zootecnia

Isabela Porto VelosoEstudante de Medicina Veterinária

a menos que o custo de um con-centrado à base de milho e soja;

4) Pode ser armazenado por até 6 meses;

5) Safra coincide com a época da entressafra de milho e soja.

Como utilizar?1) Uma vaca pode comer até 3 kg de

caroço de algodão;2) Pode ser utilizado também para

recria de fêmeas (consultar o nu-tricionista para verificar sua in-clusão);

3) Não deve ser utilizado para ma-chos;

4) Caso você já utilize concentrado para suas vacas, uma regra práti-

ca para efetuar a substituição é de 1 kg de caroço por 1Kg de con-centrado, até o limite de 3Kg por vaca/dia. Além dessa quantidade, a dieta deve ser complementada com concentrado.

Estamos no período de safra do Algodão com disponibilidade do caroço no mercado. Não se esque-cendo de ofertar volumoso em qua-lidade e quantidade para o rebanho, com um bom manejo alimentar conciliado ao menor custo do sub-produto, é possível obter maior efi-ciência econômica, garantindo uma boa alimentação aos animais.

de e disponibilizados em quantidades adequadas.

Na Fazenda Varginha, em Ubá/MG, de propriedade do Alaelson José da Silva, a utilização de abrigos individu-ais para bezerras teve início em maio, e tem funcionado de forma bastante eficiente. No mês de julho, o ganho de peso diário médio das bezerras foi de 1,263 kg, e o ponderal (ganho de peso alcançado desde o nascimento até a idade atual) de 1,042 kg. Índices estes alcançados com o empenho do pro-prietário, que tem um enorme cuidado com suas bezerras e está bastante satis-feito com o desempenho das mesmas. É fornecida uma quantidade de 6L de leite para as bezerras, sendo divididos em duas refeições, que ocorrem após a ordenha. O concentrado é disponibili-zado à vontade, sendo que as bezerras são desaleitadas quando já estiverem ingerindo uma quantidade de 0,800 Kg a 1,0 Kg/dia, e são mantidas por mais 30 dias nos abrigos antes de serem transferidas para o lote de transição, para não sofrerem muito estresse com a troca de ambiente e dieta.

Em resumo, este sistema de cria-ção tem sido muito bem aceito pelo produtor e representa o futuro da propriedade, visto que a fase de alei-

tamento é a melhor fase para se obter um ganho de peso mais elevado, pois os animais são tratados individual-mente e consomem um alimento com uma proteína de alta digestibilidade, neste caso o leite. Portanto, a fazenda colherá os frutos com a diminuição

da idade ao primeiro parto, com mais vacas em lactação, tendo a expectativa das futuras vacas em lactação serem mais produtivas e saudáveis. Todo este esforço se resumirá em melhores resultados zootécnicos com mais di-nheiro no bolso do produtor.

Simulação da relação do custo benefício no período de permanência no abrigo individual

*De acordo com o quadro relação benefício/custo*, a cada R$ 1,00 investido nesta fase retornará R$ 0,23 para o bolso do produtor.

ITEM Qtde. Unidade Preço unitário Nº dias Quantidade animal/dia total

Leite (0-30 dias) 6 litros R$ 0,81 30 R$ 145,80 Leite (30-60 dias) 4 litros R$ 0,81 30 R$ 97,20 Concentrado (0-30 dias) 0,7 kg R$ 1,01 30 R$ 21,21 Concentrado (30-90 dias) 1 kg R$ 1,01 60 R$ 60,60 Silagem 1,5 kg R$ 0,07 30 R$ 3,15 Vermífugo 0,3 ml R$ 0,031 90 R$ 0,84 MDO familiar 0,5 horas/h R$ 4,00 90 R$ 180,00 COE DO ANIMAL AOS 90 DIAS R$ 508,80

PESO AO GPP(Kg) PESO AOS 90 DIAS PESO (@) PREÇO/@ VALOR DO ANIMAL NASCIMENTO PESO AO NASCIMENTO(KG) AOS 90 DIAS

40 1,04 93,6 3,12 R$ 200,00 R$ 624,00 MARGEM BRUTA/ANIMAL R$ 115,20 RELAÇÃO BENEFÍCIO/CUSTO* 1,23

Caroço de algodão

Abrigo Individual

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A fazenda Mirante, pertencente ao casal Wilma Lúcia Paiva e Luis Fer-reira, que tinham como atividade principal na propriedade a pecuária de corte, começaram na atividade lei-teira em Julho de 2010, visando ini-ciar a produção de queijo artesanal e obter uma maior rentabilidade. Ob-servando as dificuldades da atividade leiteira buscaram um apoio profis-sional e deu-se início à parceria com o PDPL-RV. “Antes do programa tínhamos nada mais que os conheci-mentos básicos e estávamos estagna-dos com o mínimo de conhecimento. Hoje temos todo o aporte da assis-tência de todos os setores dentro da atividade, o que vem garantindo uma grande evolução da fazenda.”, afirma o produtor.

A área destinada à pecuária leiteira é de 37 ha, sendo 20 ha de pastagem natural predominando a espécie Bra-chiaria ruziziensis, 2,8 ha de cana--de-açucar, 4,5 ha de área de piquetes

Momento do Produtor - Wilma Lúcia Paiva e Luis Ferreira - Fazenda Mirante

Fernanda Carvalho Gomes Estudante de Zootecnia

Marcos Nélio Marangon JúniorEstudante de Veterinária

formados por Brachiaria decumbens e Brachiaria brizantha cv. Xaraés e 6 de pasto de Brachiaria decumbens , 0,9 ha de capim elefante, cultivar ca-meroon e 2,7 ha para a produção de milho silagem.

Atualmente o rebanho é composto de 19 vacas em lactação e 10 vacas secas com produção média de 260 l/dia e dividida em 2 lotes conforme a produção de leite. Isso representa um avanço de mais de 500% na produ-ção de leite em 2 anos de assistência conforme pode-se ver na tabela final. O manejo de cria é feito com o alei-tamento artificial em abrigos indivi-duais. A recria é dividida em lotes de acordo com o peso e tamanho, sendo que estas quando as fêmeas atingem o peso para inseminação são deixa-das com o rufião e inseminadas com sêmen sexado.

O rebanho ainda é bastante hetero-gêneo, com graus de sangue variando desde o ½ HZ ao 7/8 HZ. O acasala-mento dirigido através da insemina-ção artificial com touros da raça Ho-landesa visa o aumento de produção, e também touros da raça Jersey para aumento de sólidos no leite. Recen-temente, resolveu-se testar o uso de sêmen provado de touro Girolando

sendo usado de acordo com a grau de sangue de cada matriz, com o objetivo de proporcionar futuramen-te vacas que conciliem produção e rusticidade. Isso está sendo possível em razão à dedicação do funcionário Danilo que com persistência, entu-siasmo e vontade em aprender, se tornou um eficiente inseminador. “O treinamento constante da mão-de--obra é substancial para garantirmos excelentes resultados”, palavras do produtor.

O sistema de produção é o semi--confinado, utilizando piquetes ro-tativos no período das águas, sendo

o pastejo à noite com suplementa-ção volumosa das vacas (de capim--elefante ou silagem) no cocho, nos intervalos das ordenhas. E no pe-ríodo da seca, a dieta das vacas do lote 1 é fechada com a silagem de milho como volumoso, já para o lote 2 e recria a dieta é baseada em cana corrigida a 1% com uréia e sulfato de amônio, e suplementação de con-centrado formulado na propriedade. Com o trabalho nessa área de nutri-ção houve uma evolução de mais de 500% na média de produção por va-cas (ver tabela final).

O plantio de milho para silagem

foi um grande avanço implementado com o auxílio do PDPL, produzindo 53 t/ha no primeiro ano assegurando o aumento na produção de leite. O próximo passo na propriedade será a produção de grãos, visando mini-mizar o custo com o concentrado. “Hoje, a principal dificuldade dentro da atividade leiteira para o produtor de leite, é a alta no preço dos prin-cipais insumos como milho e soja ... diz o produtor Luiz Ferreira.

A propriedade vem evoluindo ao longo do tempo apresentando um avanço significativo de acordo com os indicadores na tabela:

A fazenda Mirante atualmente vende o leite produzido para um laticínio sob inspeção e tem como principal meta atingir 500 litros de leite/dia. O produtor já pensa em

futuramente adquirir um tanque de expansão de 1000 litros, continuar com o descarte de vacas de baixa produção e continuar investindo na recria, buscando aumentar o núme-

ro de vacas no leite e comprando va-cas na medida do possível, mostran-do-se firme na busca pela eficiência econômica da propriedade.

Indicadores Unidade Antes do PDPL Hoje Evolução

Produção Média de leite L/dia 51,0 260,0 509,0%Produção/Vacas em Lactação L/dia 3,0 13,7 556,6%Produção/Total de vacas L/dia 1,4 9,0 642,8%Vacas em Lactação/Total de Vacas % 46,0 65,0 41,3%Vacas em Lactação/Total do Rebanho % 30,0 36,5 21,7%Intervalo de partos Meses 18,0 13,8 23,3%

Produtores, Luis Ferreira e Wilma Lúcia Lote de novilhas

Vista panorâmica da propriedade Lote de vacas

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Vários são os fatores que estão rela-cionados à qualidade do leite, dentre eles podemos destacar: a saúde da glândula mamária, a higiene duran-te a ordenha, resfriamento do leite e limpeza correta da ordenhadeira me-cânica.

Quanto a limpeza da ordenhadeira, devemos nos atentar para a qualidade dos produtos, merecendo destaque o detergente ácido. Este é responsável tanto pela remoção de resíduos do detergente alcalino, como de resíduos minerais do leite. O detergente ácido funciona também como inibidor de crescimento bacteriano.

O detergente ácido deve ser com-posto principalmente de 3 ácidos, são eles:

• Ácido sulfúrico: atua inibindo ocrescimento bacteriano;

Com o objetivo de planejar melhor a produção de volumo-sos na safra 2012/2013, foi reali-zada no dia 31 de julho a palestra sobre Manejo para Alta Produti-vidade de Milho Silagem e Grão, ministrada pelo palestrante Di-mas Almeida Del Bosco Cardo-so, Engenheiro Agrônomo da Pionner. A palestra contou com a presença de produtores do PD-PL-RV e dos estagiários da 1ª, 2ª e 3ª fases do Programa.

Muito produtiva, a palestra destacou os pontos importan-tes para a obtenção de uma alta produtividade na lavoura de mi-lho, como: a escolha correta dos híbridos; a boa plantabilidade; a

Atenção ao uso do detergente ácido

• Ácido fosfórico: responsável porremover os resíduos do detergente alcalino como o cloro, aumentando assim a vida útil das borrachas;

• Ácido cítrico: tem a função de re-mover os resíduos minerais do leite,

estes juntamente com os minerais presentes na água.

Então devemos nos atentar na hora da compra deste detergente, obser-vando a presença destes ingredientes para garantir uma boa limpeza do equipamento. O uso excessivo deste detergente além de aumentar o custo, diminui a vida útil de insufladores e mangueiras, caso um desses ingre-dientes não esteja na composição do detergente a limpeza do equipamento não será bem realizada.

Não se deve esquecer de que o uso do detergente ácido é recomendado pelo menos uma vez por dia, com água na temperatura entre 35 e 60ºC e sempre utilizado após o detergente alcalino clorado e nunca misturados. Essa solu-ção deve ter pH menor que 3,5.

É de grande importância usar um produto de qualidade para garantir uma boa eficiência durante a limpe-za para manutenção da qualidade do leite.

Paulo Henrique V. R. MartinsEstudante de Medicina Veterinária

André Souza OliveiraEstudante de Medicina Veterinária

Paulo Jacques Moraes FreitasEstudante de Agronomia

Ingryd Lanna LopesEstudante de Medicina Veterinária

PDPL-RV realiza palestra sobre Milho para Ensilagem e Grão

importância da adubação foliar, assim como o uso de fungicidas também foram pontos discuti-dos, visto que eles auxiliam na sanidade foliar e no aumento da produtividade da lavoura. Ou-tro importante momento da pa-lestra foi referente às pragas que acometem o milho, em alguns casos mesmo os trangênicos, detalhando os aspectos, a ocor-rência e os prejuízos que essas pragas causam às lavouras.

Mais uma vez a interação do PDPL-RV com a Pionner foi muito relevante, pois infor-mações e atualidades foram repassadas aos estagiários e produtores sobre um tema tão importante e oportuno para o aumento da eficiência na ativi-dade leiteira.

As 10 maiores produtividades do mês de julho de 2012 Produtor Município Produtividade por Produtividade vaca em lactação por vaca total

1 Antônio Maria da Silva Araújo Cajuri 27,55 22,41 2 Ozanan Moreira Ubá 24,53 20,92 3 Sérgio H. V. Maciel Ubá 24,40 20,86 4 Davi C. F. de Carvalho Senador Firmino 24,06 16,58 5 José Afonso Frederico Coimbra 19,55 16,45 6 Paulo Frederico Araponga 18,06 14,48 7 Danilo de Castro Ervália 16,22 13,18 8 Luciano Sampaio Teixeiras 16,18 12,14 9 Marco Túlio K. Araújo Oratórios 12,94 9,80 10 Hermann Muller Visc. do Rio Branco 12,73 9,16

As 10 maiores produções do mês de julho de 2012

Ord PRODUTOR Município Produção

1 Antônio Maria da Silva Araújo Cajuri 126.412

2 José Afonso Frederico Coimbra 64.250

3 Hermann Muller Visc. do Rio Branco 55.628

4 Marco Túlio K. Araújo Oratórios 50.142

5 Paulo Frederico Araponga 47.580

6 Sérgio H. V. Maciel Coimbra 40.090

7 Danilo de Castro Ervália 26.153

8 Luciano Sampaio Teixeiras 25.588

9 Renato Alves C. Júnior Pedra do Anta 24.784

10 Ozanan Moreira Ubá 22.051

A atividade leiteira é lucrativa? Convivemos diariamente com essa pergunta e a resposta é SIM. Porém é muito comum você ouvir produ-tor de leite reclamando da atividade e principalmente do preço de leite. Avaliando os índices econômicos de algumas propriedades, podemos concluir que muitas vezes nem se o preço do leite fosse R$ 1,00/L o pro-dutor ganharia dinheiro. E avalian-do o porquê desse problema, temos que um dos fatores mais comuns é a estrutura do rebanho da fazenda, no caso, poucos animais produzin-do e muitos consumindo,desta for-ma muito gasto para pouca receita.

Uma fazenda com boa estrutura de rebanho apresenta no mínimo 40% das vacas em lactação por total de rebanho (VL/TR), que inclui va-cas em lactação, vacas seca, animais

Avaliando a estrutura de rebanho

da recria e bezerra sem aleitamento. Fatores como uma recria inchada, período curto de lactação, idade ao primeiro parto elevada e intervalo de partos alto interferem negativa-mente no valor desse índice.

Um bom exemplo são as proprie-dades Floresta e Santa Rosa, do Sr. Hermann Muller em Visconde do Rio Branco-MG, que apresentam 48,55% de VL/TR. Além da boa gerência da propriedade, este é um dos pontos que o leva a ter sucesso na atividade, pois consegue manter os custos equilibrados com a recei-ta. O Sr. Hermann sempre fez as contas de quantos animais precisa recriar para manter a reposição, sendo o excedente de fêmeas ven-dido logo após o nascimento, bem como os bezerros machos. Assim, ele consegue reduzir os gastos e manter mais animais produtivos (vacas em lactação) na mesma área.

Sendo assim, o produtor que al-cançar um índice acima de 40% de VL/TR estará dando um grande passo para uma maior rentabilidade de sua fazenda.

Qualidade do leite

Ordenhadeira mecânica

Dimas Cardoso ministrando a palestra

Lote de vacas

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