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O reitor José Seixas Lourenço fala sobre os desafios de implantar uma Universidade multicâmpi no interior da Amazônia, ancorada no tripé ensino, pesquisa e extensão UFOPA UFOPA UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ Jornal da UFOPA inicia primeiro semestre letivo Primeira universidade federal implantada no interior da Amazônia inova no modelo acadêmico “Estamos investindo 10 milhões em obras de infraestrutura” Páginas 4 e 5 Página 8 Entrevista Iniciativa do Instituto de Ciências da Sociedade, o programa “Patrimônio Cultural da Amazônia” visa à valorização dos bens culturais da região e promove primeiro curso de Gestão do Patrimônio Ano I, n.º 2 - Santarém - Pará, Fevereiro de 2011 Proteção ao Patrimônio Cultural da Amazônia Página 6 Pós-graduação Capes aprova o terceiro curso de mestra- do da UFOPA, que será coordenado pelo Instituto de Ciências e Tecnologia das Águas, com ênfase em águas interiores amazônicas Mestrado em Recursos Aquáticos Amazônicos Página 3 Extensão Ano I, Nº 3 - Santarém - Pará, maio de 2011 Foto: Edvaldo Pereira

Jornal da UFOPA - Ano I - N.3

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Projeto gráfico e diagramação do Jornal da UFOPA. Formato A4, fechado.

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O reitor José Seixas Lourenço fala sobre os

desafios de implantar uma Universidade

multicâmpi no interior da Amazônia,

ancorada no tripé ensino, pesquisa e

extensão

UFOPAUFOPAUNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ

Jornal da

UFOPA inicia primeiro semestre letivoPrimeira universidade federal implantada no interior da Amazônia inova no modelo acadêmico

“Estamos investindo 10 milhões em obras de infraestrutura”

Páginas 4 e 5

Página 8

Entrevista

Iniciativa do Instituto de Ciências da

Sociedade, o programa “Patrimônio

Cultural da Amazônia” visa à valorização

dos bens culturais da região e promove

primeiro curso de Gestão do Patrimônio

Ano I, n.º 2 - Santarém - Pará, Fevereiro de 2011

Proteção ao Patrimônio Cultural da Amazônia

Página 6

Pós-graduação

Capes aprova o terceiro curso de mestra-

do da UFOPA, que será coordenado pelo

Instituto de Ciências e Tecnologia das

Águas, com ênfase em águas interiores

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Mestrado em Recursos Aquáticos Amazônicos

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Reitor: José Seixas Lourenço | Vice-Reitora: Raimunda Monteiro | Pró-Reitor de Ensino de Graduação: | Marcos Ximenes Ponte | Aldo Gomes

Queiroz | Arlete Moraes

Coordenadora de Comunicação: Alda Lima Fernandes | Jornalistas Responsáveis: Lenne Santos (DRT-PR 3413) e Maria Lúcia Morais (DRT-MG 6261) | Revisão: Júlio César da Assunção Pedrosa | Fotos: Lenne Santos, Edvaldo Pereira e Isabela Fioravante| Diagramação e ilustrações: Luciana Leal

Universidade Federal do Oeste do Pará - Campus Rondon - Coordenadoria de Comunicação - Av. Marechal Rondon, s/n - Caranazal - CEP: 68040-070 - Santarém – Pará | Comentários, críticas e sugestões: [email protected] - (93) 2101-3614 | www.ufopa.edu.br | Twitter: @ufopa

José Antônio de Oliveira Aquino Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação Tecnológica: Pró-Reitor de Planejamento Institucional:

Pró-Reitora de Administração:

Jornal da UFOPA

Alex Fiúza de MelloSecretário de Estado de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia do Pará e ex-reitor da UFPA

A democracia na Universidade, ainda que guarde princípios universais das conquistas político-civilizatórias modernas – liberdade de expressão, de organização, colegiados deliberativos de representantes, eleições livres e diretas etc. -, não pode ser comparada mecanicamente ao que acontece na arena mais ampla da sociedade civil – e na relação entre esta e o Estado. E a razão é dupla: 1- à instituição universitária não cabe o exercício da soberania (que pertence ao povo e, em seu nome, deve ser conduzido pelos governantes constitucionalmente consagrados para tal); 2- a natureza e a finalidade da Universidade são o ensino e a pesquisa, portanto, o mérito acadêmico (sem o que a instituição não tem sentido) e não a política partidária ou o poder político (a tomada do Estado).

Equivocam-se aqueles que querem transformar o ambiente acadêmico em palco de discursos populistas e de práticas partidárias, ignorando a finalidade histórica da instituição. Se um presidente da República pode ser um operário, um reitor tem que ser um doutor. Um presidente tem que ser especialista do jogo político; um reitor, do jogo acadêmico. A cátedra não é o palanque, como a sala de aula não é a praça pública. A universidade não é partido político, nem sindicato, nem movimento social. É Universidade. E somente sendo Universidade - com “U” maiúsculo, garantindo qualidade naquilo que produz (Conhecimento) - é que poderá bem servir a todos: partidos, sindicatos, movimentos sociais, governos e sociedade. Ou se entende por isso, ou a Universidade morre!

O que caracteriza a democracia acadêmica, mais que as eleições diretas para seus dirigentes, é a colegialidade entre pares de sua governança, a clareza das diretrizes de seu Projeto Pedagógico e de seu Plano Institucional de desenvolvimento e a publicidade de seus atos administrativos – o que permite o controle social.

Não se pode confundir a liberdade de expressão e o pluralismo de idéias, fundamentais ao ambiente de aprendizagem (técnica, humanística e cidadã), com ausência de hierarquia e de comando; nem a divisão interna de categorias (professores, técnicos administrativos e alunos) com “classes sociais” (“dominantes” e “dominados”). Como se trata de uma Escola (ainda que de nível superior), quem comanda a sala de aula deve ser o professor; como é o interesse acadêmico que deve ter a primazia na definição dos destinos da instituição nos conselhos deliberativos. O resto é populismo. Enganação.

É absolutamente positivo que estudantes façam políticas dentro da Universidade; como é necessário o papel dos sindicatos na defesa corporativa dos interesses de categorias frente ao estado. Contudo - e isso é fundamental! -, aluno está ali, primeiramente, para estudar e aprender; professor, para ensinar; técnicos administrativos, para apoiar as atividades acadêmicas, tornando-as materialmente viáveis. Disso depende a eficácia institucional e o bem público maior.

A autonomia universitária não é soberania societária. A Universidade está subordinada à lei, como qualquer outra instância, nos marcos de estado democrático de direito. Não cabe a ela, tout cour, posicionar-se a favor do socialismo ou do capitalismo, senão formar bons médicos, competentes engenheiros, excelentes cientistas, conscientes cidadãos, para que sirvam a qualquer sociedade, garantindo-se assim as conquistas civilizatórias do conhecimento acumulado no tempo em proveito da humanidade. É essa a condição essencial que confere à instituição universitária o seu caráter universal (razão de ser de sua denominação) e, consequentemente, a sua renovada contemporaneidade. Quanto maior o mérito acadêmico, mais atual e progressista a Universidade. Porque não há progresso ou revolução sustentável sem conhecimento, sem inovação, sem esclarecimento das mentalidades.

A Universidade, milenar, sobreviverá no tempo. O Sindicato e o Partido, talvez...

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Democracia acadêmica

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Pós-graduação

CAPES aprova Mestrado em Recursos Aquáticos da Amazônia

De acordo com o parecer das avaliadoras, “a proposta no geral está bem estruturada e apresenta imenso valor estratégico regional, pela sua inserção geográfica e ecossistêmica”. O parecer ressalta ainda que “o Programa atenderá a uma grande demanda reprimida, tanto regional quanto nacional, na área de Ecologia e Meio Ambiente” e, por isso, “recomenda aprovação do Programa, com Conceito 3”.

O resultado da avaliação foi publicado nacionalmente no início de abril, sendo a proposta de curso novo da UFOPA a única recomendada da região Norte nesta rodada. “No momento estamos aguardando um último documento norteador da CAPES para instituirmos o colegiado do curso e avaliarmos o melhor momento para a primeira seleção pública, que conjeturamos ocorrer ainda no segundo semestre de 2011, com abertura de 10 vagas, para início do curso totalmente gratuito já em 2012”, explica o diretor do ICTA.

Segundo o Prof. Reinaldo Peleja, a ideia de se elaborar um programa de pós-graduação para o ICTA surgiu em maio de 2010, quando a direção do instituto, estimulada pela Reitoria e pela Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPPIT), instituiu uma comissão docente, constituída pelos professores Sérgio

de Melo, Ynglea Georgina de Freitas Goch e Keid Nolan Silva Sousa, para elaborar uma proposta de curso de mestrado para ser submetida à CAPES, com o objetivo de alcançar as metas previstas no Projeto Acadêmico Estruturante do ICTA quanto à formação continuada pós-graduada.

“Considerando a inovação formativa como uma das metas principais da UFOPA, o nosso projeto de curso previu que, após a formação dos primeiros egressos desta universidade, algumas vagas serão destinadas àqueles com os melhores Índices de Desempenho Acadêmico (IDA) durante a graduação”, afirma Peleja.

A proposta foi consolidada contando com 14 professores permanentes, lotados no ICTA e em outros institutos da UFOPA, como o Instituto de Ciências da Educação (ICED) e o Instituto de Biodiversidade e Florestas (IBEF). O Programa contará ainda com a participação de professores colabora-dores de outras instituições públicas de ensino e pesquisa, como o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), a Universidade Federal do Pará (UFPA), o Instituto de Botânica de São Paulo e a Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul.

A Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), em parceria com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), realizou nos dias 25 e 26 de abril, em Brasília (DF), oficina que discutiu temas, propostas e parcerias para a organização de uma reunião preparatória regional à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), tendo por base o diálogo universitário pan-amazônico. Realizado na Sala de Reuniões dos Conselhos da CAPES, o evento contou com a participação de representantes de universidades e instituições de pesquisa da Pan-Amazônia e instâncias nacionais de fomento ao desenvolvimento da pesquisa e da educação superior.

Intitulada “Floresta Tropical Úmida e seu potencial para o desenvolvimento includente e sustentável no século XXI”, a conferência de abertura foi ministrada pelo Prof. Dr. Ignacy Sachs, do Centro de Pesquisas do Brasil Contemporâneo, pertencente à Escola de Altos Estudos de Ciências Sociais (EHESS) da França. A oficina contou com quatro painéis temáticos: “Cooperação internacional a partir do bioma amazônico como unidade geográfica”; “A exploração dos recursos naturais da Amazônia”; “Valorização Humana na Amazônia” e “Horizontes temporais e territoriais para o desenvolvimento sustentável da Amazônia”.

Durante o evento, também foi discutida e definida uma segunda oficina preparatória à Conferência Rio+20, a ser realizada no início de agosto em Santarém. Para o mesmo período está prevista a vinda do Ministro da Educação, Fernando Haddad, para inaugurar o Centro de Formação Interdisciplinar (CFI), no Campus Tapajós. Segundo o reitor Prof. José Seixas Lourenço, a oficina apresentou saldo positivo, à medida que convergiram esforços dos governos federal e estadual para consolidar o município de Santarém como um polo de produção de conhecimento científico. “Um dos ícones importantes desse processo será a implementação do Parque Tecnológico do Campus Tapajós, que vai agregar incubadoras de empresas e unidades demonstrativas de inovações tecnológicas voltadas para a sustentabilidade econômica, social e ambiental da biodiversidade e dos recursos hídricos e minerais da região”.

Rio+20 - A cidade do Rio de Janeiro será a sede da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, em 2012. O encontro recebeu o nome de Rio+20 e visa a renovar o engajamento dos líderes mundiais com o desenvolvimento sustentável do planeta, vinte anos após a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92).

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) aprovou, em abril, o curso de Mestrado em Recursos Aquáticos Continentais Amazônicos, que será coordenado pelo Instituto de Ciências e Tecnologia das Águas (ICTA) da UFOPA. Aprovado com nota 3, o novo curso de mestrado da UFOPA – o terceiro da instituição – apresenta uma área de concentração, intitulada “Ciência e tecnologia das águas interiores amazôni-cas”, e duas linhas de pesquisa: “Limnologia amazônica” e “Conservação e biodiversida-de de recursos aquáticos amazônicos”.

Segundo o diretor do ICTA, Prof. José Reinaldo Pacheco Peleja, as linhas de pesquisa objetivam desenvolver atividades voltadas para o conhecimento científico dos rios, lagos, áreas alagadas naturais, represas e águas subterrâneas, visando aos conhecimentos básicos e aplicados sobre a biodiversidade e limnologia amazônica. Outro objetivo é desenvolver pesquisas tecnológicas que subsidiem o manejo de bacias hidrográficas, bem como a utilização sustentável dos recursos aquáticos. “Nossa meta é a formação de recursos humanos qualificados em ciência e tecnologia das águas interiores amazônicas, para atuar em ensino, pesquisa e empreendedorismo aquático na Amazônia, fundamentados nas questões sociais, naturais e de sustentabili-dade”, explica.

A aprovação do novo curso se deu após a visita de Maria Tereza Piedade (INPA) e Maria do Carmo Sobral (UFPE), consultoras da CAPES, as quais realizaram uma diligência à UFOPA, em fevereiro deste ano, para avaliação da proposta in loco e da análise de seu parecer na 125ª Reunião do Conselho Técnico-Científico da Educação Superior (CTC/ES) da CAPES, ocorrida no dia 30 de março.

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Conferência Rio+20 é tema de oficina da UFOPA e CAPES em Brasília

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UFOPA inicia atividades do Centro de Formação Interdisciplinar

Os estudantes aprovados no primeiro processo seletivo da UFOPA iniciaram em fevereiro as atividades acadêmicas no Centro de Formação Interdisciplinar (CFI), de acordo com a nova estrutura de ensino da Universidade. O CFI ofertou oficinas que iniciaram com uma explana-ção detalhada acerca da estrutura curricular. Neste primeiro semestre letivo são ofertados seis módulos interdisciplinares que correspondem à Formação Interdisciplinar I, o primeiro semestre, que de acordo com a estrutura acadêmica é comum a todos os alunos aprovados no processo seletivo, além da realização dos Seminários Integradores.

A diretora do CFI, Profa. Dóris Faria, destacou os principais pontos da nova estrutura. “O princípio da UFOPA é inovador, pois está baseado em elemen-tos de interdisciplinaridade, inovação curricular, flexibilidade, formação em ciclos, acessibilidades, entre outros”.

A estudante Paula Lima Borges, 19 anos, foi aprovada em outros processos seletivos e conseguiu conquistar vagas n o s c u r s o s d e E n fe r m a g e m e Fonoaudiologia em uma universidade do Estado do Rio de Janeiro, porém o desejo era ter sido aprovada em Medicina. “Quando optei por enfermagem não tinha certeza se era isso mesmo que queria como segunda opção, por isso me decidi pela UFOPA, porque sei que aqui terei mais tempo para fazer a minha escolha”.

Essa é mesmo uma idade de incertezas. Para Sarah M. Oliveira, 19 anos, aprovada em outros dois processos seletivos fora de Santarém, a possibilidade de escolher o curso posteriormente também é positiva. “Sei que quero a área de Biodiversidade, porém ainda não tenho certeza do curso. Por isso a UFOPA foi, para mim, a melhor opção. Agora que assisti às oficinas já sei até qual instituto escolher”, disse ela, com a certeza de quem conhece bem o projeto pedagógi-co da universidade.

No início do mês de março, os mil e duzentos alunos, divididos em três turnos, tiveram a oportunidade de

conhecer a Formação Interdisciplinar I – ciclo que inicia as atividades acadêmicas. Eles receberam as boas vindas da diretora do CFI, Prof. Dóris Faria, e do pró-reitor de Ensino de Graduação, Prof. José Antônio Ferreira Aquino. Também estiveram presentes o pró-reitor de Planejamento Institucional, Prof. Aldo Queiroz, e a diretora de Assuntos Estudantis, Profa. Terezinha Pacheco. Logo após a palestra os alunos foram encaminhados às salas de aulas localiza-das no terceiro andar do Amazônia Boulevard. “Nesta primeira semana vamos ofertar oficinas de produção textual, com carga horária de 20h - que objetivam preparar os alunos para a vida acadêmica, ou seja, eles terão contato com o estudo, a gramática e a produção de texto”, explicou a coordenadora das oficinas, Profa. Aldenira Scalabrini.

O que pensam os alunos – Primeiro lugar entre os matriculados da UFOPA, Jorge Kysnney Santos Kamassury, 21 anos, que até os 12 não tinha identidade indígena, hoje se orgulha da descendência herdada da mãe. De fala mansa, ele logo demonstra que é um rapaz diferente. Aprovado em primeiro lugar nos outros dois processos seletivos dos quais participou, ele já sabe bem para onde vai. “Quero fazer alguma coisa na área de engenharia de automação, por isso vou optar pelo curso de Física Ambiental”. A respeito do novo modelo acadêmico, é enfático: “Estou trabalhando o outro lado do meu cérebro. É um desafio para, mim, estudar Lógica, Linguagens e Comunicação; Origem e Evolução do

Comunicação; Origem e Evolução do Conhecimento”, afirma, referindo-se aos módulos ofertados no primeiro semestre letivo. “Esta concepção de metodologia interdisciplinar nos permite uma visão mais crítica de mundo, isso é o resultado da interdisciplinaridade. Nunca pensei que a semiótica pudesse ser útil nos meus projetos de engenharia. Descobri isso aqui na UFOPA”, conclui.

Marcelo Araújo da Silva, 19 anos, que pretende ingressar no Instituto de Ciências da Sociedade (ICS), afirma estar satisfeito com o CFI. “Gosto da proposta da interdisciplinaridade, porque nos dá uma visão mais ampla da realidade, o que contribui para melhorar o meu desempenho na área de atuação profissional. Eu penso em cursar Direito, porém acho importante, por exemplo, o módulo de Sociedade, Natureza e Desenvolvimento (SND), que nos mostra aspectos da realidade histórico-social da Amazônia”.

Manoel Fabiano da Silva Santos, 24 anos, desistente do curso de Física da Universidade Federal do Pará (UFPA) por “falta de identificação com o curso e por não ter tido acesso aos conteúdos ministrados anteriormente”, tenta agora ter mais sucesso na UFOPA. “Também concordo com essa experiência do CFI, porque nos proporciona conhecer os conteúdos antes de escolher o curso propriamente dito. Isso ajuda a não errar”.

A expectativa - Em seu primeiro dia de aula numa universidade, Arlene Maria Ferreira, 36 anos, não conseguia esconder a euforia. Depois de ouvir a explanação sobre o funcionamento da nova universidade, o que mais chamou a atenção dela foi a possibilidade de seguir o percurso de formação acadêmica - que na UFOPA permite ao aluno seguir até a pós-graduação, sem a necessária condição de submeter-se a uma rigorosa seleção, ou seja, é a formação em ciclos prevista no projeto acadêmico. “Entrar na universidade era um sonho quase impossível para mim, chegar até o doutorado nem passava pela minha cabeça”. Há nove anos, Arlene trabalha como operadora de máquina fotocopia-

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Aulas, oficinas e seminários marcam início do ano letivo

Jorge Kysnney Santos Kamassury

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Boas vindas

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dora no Campus Rondon (antigo Campus da UFPA em Santarém, incorporado pela UFOPA). Acostumou-se a ouvir dos alunos queixas sobre escolhas erradas no vestibular tradicional. “Estou feliz com a possibilidade de entrar em contato com os conteúdos antes, e fazer a escolha depois. Para mim, o Instituto de Biodiversidade e Florestas parece ser uma boa opção, porém terei tempo para confirmar essa escolha e isso é empol-gante.”

Seminários Integradores – Proporcionar aos alunos conhecimento sobre os cinco Institutos que compõem a estrutura acadêmica da UFOPA é o principal objetivo dos Seminários Integradores (SINT), que estão sendo ofertados aos sábados. Com carga horária total de 50 horas/aula, o SINT abrange as principais áreas de conhecimento da UFOPA a partir de uma abordagem interdiscipli-nar.

Diretora do CFI e coordenadora dos SINT, a Prof. Dóris Santos Faria explica a importância dos seminários. “Conside-rando que o nosso modelo acadêmico é interdisciplinar, temos que, a todo áreas,

momento, criar pontes entre as diversas disciplinas. Os seminários são essas pontes que integram as grandes áreas do conhecimento trabalhadas pelos institutos. Nesses SINT o aluno começa a se introduzir na abordagem interdiscipli-nar aplicada àquelas grande áreas, ele começa a ver como é feita essa integra-ção. Também são mostradas as diversas possibilidades de cada um dos cinco institutos. Antes de fazer a sua opção pelo instituto – o que deve ocorrer no segundo semestre – o aluno já conhece o que cada um pode oferecer”.

Para a estudante Arlanza Lopez, os seminários ajudam a entender melhor os cursos e ajudam a orientar melhor a escolha. Ela ingressou na universidade decidida a optar por um dos cursos o f e r t a d o s p e l o I n s t i t u t o d e Biodiversidade e Florestas (IBEF). “Depois de assistir ao SINT/ICTA fiquei balançada. Gostei muito da apresentação e hoje penso que posso optar com segurança por uma das possibilidades do ICTA”.

Seleção diferenciada - Das 1.200 vagas ofertadas pela UFOPA, 50 foram oferecidas a candidatos indígenas, por meio de edital

próprio. João Tobias Assunção de Sousa, 22 anos, foi um dos selecionados. Ele faz parte da etnia Cumaruara, do Baixo Tapajós. É o primeiro de uma família de três irmãos a ter esta oportunidade. Em seu primeiro dia de atividade acadêmica, não conseguia esconder a alegria de estar numa universi-dade. “Estou muito orgulhoso em fazer parte da família da UFOPA. É tudo muito novo para mim, já sei bem o que quero: minha opção é pela área do Direito.”

Filha de mãe com curso superior, Mariane Caroline Bentes deixou a comunidade rural que vivia em busca do tão sonhado curso universitário. Quer ser antropóloga. Optou pela UFOPA. “É interessante estudar a base de formação de um povo. É necessário registrar uma cultura que está se perdendo com a morte de alguns integrantes, como é o caso do povo Cumaruara”.

Ampliação do apoio aos estudantes – O pró-reitor de Planejamento Institucional, Prof. Aldo Queiroz, anunciou a ampliação na oferta de bolsa permanência, uma espécie de auxílio financeiro aos estudan-tes. “O reitor Prof. Dr. José Seixas Lourenço autorizou o lançamento de um edital ofertando 200 bolsas de apoio aos nossos alunos”.

Seminários Integradores: explanação sobre estrutura acadêmica da UFOPA

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Iniciativa do Instituto de Ciências da Sociedade (ICS) da UFOPA, o Programa de Extensão “Patrimônio Cultural na Amazônia: Experiências de Pesquisa e Gestão” visa contribuir para a construção de políticas públicas voltadas à preservação e à valorização do patrimônio cultural da região Oeste do Pará. O Programa atuará nas áreas de Pesquisa, Ensino e Extensão através da promoção de ações de pesquisa, gestão e assessoramento jurídico destinadas à salvaguarda de bens culturais e promoção de conhecimentos sobre o patrimônio regional.

Coordenada pela Profa. Luciana Carvalho, do Programa de Antropologia e Arqueologia, a iniciativa conta com o apoio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e recursos do Programa de Extensão Universitária (ProExt), do Ministério da Educação (MEC).

Inicialmente, o programa promoverá ações, integradas numa perspectiva interdisciplinar, nos municípios paraenses de Santarém e Monte Alegre, com a participação de professores da UFOPA das áreas de Direito, Antropologia, Geografia e Arqueologia; e de alunos bolsistas dos cursos de Direito, Geografia, Pedagogia e Letras. As ações visam à inserção de alunos em projetos de pesquisa científica, de inventários e registros de referências culturais, de formação de agentes de patrimônio e no assessoramento jurídico às comunidades locais. “O programa estrutu-ra-se em duas frentes de trabalho: uma de pesquisa e outra de gestão do patrimônio, que se entrecruzam na execução de experiências práticas e etnográficas junto a diferentes grupos sociais no contexto regional”, explica Luciana Carvalho.

Segundo a coordenadora, a ideia é implantar experiências de cogestão do patrimônio cultural envolvendo universida

Capacitação

Programa incentiva proteção do patrimônio cultural do Oeste do Paráde, poder público e comunidades, além de

fomentar a interdisciplinaridade através da inclusão de profissionais de diversas especialidades nessa experiência de gestão, visando à sustentabilidade das ações de promoção do patrimônio cultural. “Tais demandas desdobram-se em outras esferas - ambiental, jurídica, econômica – que requerem, necessariamente, abordagens interdisciplinares e intenso diálogo de pesquisadores entre si e com os detentores dos conhecimentos tradicionais afetos aos bens culturais em questão”, explica.

Além de apoiar ações desenvolvidas por organizações da sociedade civil, sobretudo organizações comunitárias, no sentido da salvaguarda de seu patrimônio cultural, o projeto pretende incentivar as formas de organização dos grupos envolvidos nos processos de patrimonialização e prestar acompanhamento jurídico aos mesmos. Inicialmente, a equipe vai atuar junto a dois grupos: as artesãs produtoras de cuias da localidade de Aritapera, situada na região de várzea de Santarém; e balateiros do municí-pio de Monte Alegre.

Integradas à Associação das Artesãs Ribeirinhas de Santarém (ASARISAN), as produtoras de cuias do Aritapera receberão assessoramento jurídico para o registro de marca coletiva junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Outras ações também estão previstas, como a implementa-ção de uma sala de leitura e de um centro de referência e exposição permanente do artesanato local no Ponto de Cultura criado pela associação na comunidade do Centro do Aritapera.

Já em Monte Alegre, a prioridade é o levantamento preliminar de memórias do ofício de “balateiro”, visando ao reconheci-mento do seu valor cultural e ao licenciamen-to da extração de balata na Floresta Estadual do Paru. A ideia é registrar a história de vida

dos balateiros - muitos já com mais de 70 anos de idade - que vivem nesse município, visando ao resgate da história da atividade. “Esses trabalhadores cortavam balata ao longo dos rios Paru e Maicuru, situados na área que em 2006 foi demarcada como Flota Paru”, explica a Prof. Luciana Carvalho. O grupo também vai prestar assessoria jurídica para solicitação de pensão vitalícia aos balateiros como “soldados da borracha”, na medida em que esta atividade se assemelha ao da extração de látex da seringueira.

Um subprojeto na área de Arqueologia também integra o programa com o objetivo de realizar o levantamento de ações de educação patrimonial empreendidas em Santarém. Como resultado do conjunto de trabalhos, também serão produzidas cartografias sociais do Aritapera e dos balatais de Monte Alegre.

Outro objetivo do Programa é a realização de cursos destinados à formação de recursos humanos qualificados para atuar nas áreas de Cultura e Patrimônio. A iniciativa busca atender à crescente demanda regional por agentes capacitados para desenvolver ações de preservação e salvaguarda do patrimônio cultural no Oeste do Pará, sobretudo nas áreas de produção, documentação e difusão de conhecimentos.

Destinado a técnicos, consultores e assessores de órgãos públicos e de organiza-ções não governamentais, lideranças comunitárias e de movimentos sociais, membros de associações e cooperativas locais e produtores culturais, o primeiro Curso de Capacitação em Gestão de Patrimônio Cultural e Direitos Culturais iniciou em maio com o objetivo de capacitar diferentes agentes sociais para atuar em iniciativas de identificação, documentação, registro, divulgação, promoção, preservação do patrimônio cultural e dos direitos culturais na Amazônia.

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Emoção marca colação de grau da turma de Letras 2006

Seguindo os tradicionais ritos do cerimonial universitário, a turma de Letras de 2006 recebeu a outorga de grau em licenciatura plena, durante solenidade realizada em fevereiro deste ano no Auditório Wilson Fonseca, em Santarém (PA). Composta por 24 universitários, a turma homenageou a Profa. Lília Imbiriba Sousa Colares. A cerimônia foi presidida pela Prof. Maria de Fátima Sousa Lima, diretora do Instituto de Ciências da Educação (ICED), e contou com a participação da Profa. Terezinha Pacheco.

A formanda Adriane Gisele Sá Menezes proferiu o juramento, repetido por todos os outros, e Suelen de Araújo Sousa recebeu o grau representando os demais formandos. O coordenador do Programa de Letras da UFOPA, Prof. Zair Santos, entregou os diplomas aos formandos. Oradora da turma, Martina de Siqueira Correa relembrou, em seu discurso, os momentos de dificuldades e as alegrias por que passaram durante a vida acadêmica. Ela também reforçou o compromisso desses novos profissionais com a educação no Oeste do Pará.

Ângela Maria Santos de Sousa, 39 anos, mãe de três filhos, não conseguia esconder a emoção. “Conseguir atuar no mercado de trabalho e garantir uma educação melhor no futuro é meu sonho, agora que consegui realizar o profundo desejo de me formar”. Ela disse ainda que é grata por ter conseguido entrar no ensino público e que incentiva os filhos a ingressar na UFOPA.

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O 1º Congresso Amazônico de Estudos Literários da UFOPA será realizado nos dias 15, 16 e 17 de junho, no auditório do Centro Empresarial Amazônia Boulervard, em Santarém (PA), com o tema “Amazônia, Literatura e Cultura”. Organizado pelo Programa de Letras, do Instituto de Ciências da Educação (ICED), em parceria com o Centro de Formação Interdisciplinar (CFI), o encontro irá homenagear o escritor paraense Benedito Monteiro, natural de Alenquer (Oeste do Pará) e falecido em Belém em 2008.

Destinado a graduandos, pós-graduandos e profissionais de Letras e áreas afins, o Congresso contará com conferências, mesas-redondas, espetáculos musicais e teatrais, exposição de fotografias, mostra de cinema e sessões de comunicações. O evento pretende refletir criticamente sobre os diferentes espaços disciplinares comparativos que abordam o poético e o discurso ficcional, os múltiplos conceitos de cultura, identidade e diferença, memória, nação, hibridismo, interculturalidade, performance, transculturação, tradução cultural, entre outros conceitos e práticas que norteiam o campo dos estudos literários na contemporaneidade.

Dessa forma, o Congresso priorizará estudos da cultura que agenciam relações interdisciplinares e que atualmente implicam mudanças profundas no ensino e na crítica das literaturas e das artes, capazes de apontar alternativas para novos mapeamentos identitários na Amazônia, enquanto comarca cultural latino-americana. Os eixos temáticos do encontro são: 1) Literatura Comparada e Estudos Culturais; 2) Literatura, História e Cultura da Amazônia; 3) Literatura, Diáspora e Africanidade; 4) Literatura, Interdisciplinaridade e Ensino; e 5) Poéticas Orais, Memória e Identidade.

Nos valores de R$ 15,00 para estudantes de graduação e R$ 25,00 para docentes, profissionais e alunos de pós-graduação, as inscrições estão sendo realizadas na Secretaria do 1º CAELC, situada na Coordenação do Programa de Letras, Campus Rondon, bairro do Caranazal, em Santarém (PA). Mais informações pelo correio eletrônico [email protected].

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Já está disponível no endereço eletrônico www.ufopa.edu.br o edital de seleção para o curso de Especialização em Agroecologia na Amazônia, ofertado pelo Instituto de Biodiversidade e Florestas (IBEF) da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA). Gratuito, o curso tem trinta vagas destinadas a graduados na área de Ciências Agrárias e áreas afins. As inscrições serão realizadas no período de 16 a 20 de maio, na Secretaria do IBEF, no Campus Tapajós, situado na R. Vera Paz, s/n, bairro do Salé, em Santarém (PA).

Para a inscrição são necessários os seguintes documentos: formulário de inscrição devidamente preenchido (disponível na secretaria do IBEF e no Anexo I do Edital), 2 (duas) fotografias 3x4 recentes, cópia autenticada ou reconhecida do diploma registrado pelo MEC ou documento equivalente do curso superior, histórico escolar do curso superior, carteira de identidade, CPF, título de eleitor, certificado de dispensa do serviço militar (para os candidatos do sexo masculino), e 3 (três) cópias do curriculum vitae, no formato Lattes/CNPq (www.cnpq.br), sendo uma devidamente comprovada. As inscrições homologadas serão divulgadas até o dia 25 de maio na Secretaria do IBEF e no sítio www.ufopa.edu.br.

Os candidatos serão selecionados pela coordenação do curso de acordo com os seguintes critérios: prova escrita (fases eliminatória e classificatória), a ser realizada no dia 30 de maio; análise de currículo (classificatória) e entrevista (classificatória), que serão realizadas no período de 8 a 10 de junho. O resultado da seleção será divulgado até o dia 15 de junho.

O Instituto de Ciências da Sociedade (ICS) está com inscrições abertas até o dia 27 de maio para o 2º Curso de Especialização Interdisciplinar em Direitos Humanos e Políticas Públicas. Gratuito, o curso oferece 30 vagas e tem duração de um ano, com aulas noturnas de segunda a quinta-feira, no horário das 18h às 22h. O edital está dispo- n íve l no endereço e let rôn ico : www.ufopa.edu.br.

O objetivo do curso é qualificar profissionais que atuam na área de direitos humanos ligados à educação, ao meio ambiente, à cultura e à segurança pública. Com conteúdo interdisciplinar, a especialização destina-se a professo-res, magistrados, defensores públicos, membros do Ministério Público, biólogos, sociólogos, assistentes sociais, agentes e técnicos do sistema peniten-ciário, policiais civis, militares, federais e rodoviários. As linhas de pesquisa desenvolvidas são: 1) Direitos Humanos, Políticas Públicas e Meio Ambiente; 2) Direitos Humanos, Cultura e Sociedade; 3) Direitos Humanos, Administração da Justiça Criminal e Política de Segurança Pública.

Para inscrever-se os candidatos devem apresentar, além do diploma de graduação, curriculum vitae e plano de trabalho a ser desenvolvido ao longo do curso. Os selecionados na primeira etapa serão submetidos a prova escrita e entrevista, estas de caráter eliminató-rio. A data e o horário da realização da prova escrita serão divulgados pos-teriormente. Mais informações pelo telefone (93) 2101-3633 ou pelo e-mail [email protected].

Pós-graduação

IBEF promove pós-graduação em Agroecologia

Congresso Amazônico de Estudos Literários acontecerá em junho

Inscrições abertas para Especialização em Direitos Humanos e Políticas Públicas

Page 8: Jornal da UFOPA - Ano I - N.3

conta com 30 alunos. Recentemente, a CAPES aprovou o Mestrado em Matemática, que já conta com mais de 300 candidatos inscritos para 15 vagas. A aula inaugural está marcada para o dia 2 de abril próximo. Estimulados pela CAPES, já encaminhamos novas propostas de criação de mestrados nas áreas de Águas e Florestas, além de uma proposta de doutorado interinstitucio-nal em Sociedade, Natureza e Desen-volvimento. Temos, também, pelo menos cinco cursos de especialização implantados ou em fase de implantação.

BR – Mesmo estando em pleno funcionamen-to, a UFOPA ainda está em construção. Quais as perspectivas em termos de infraestrutura?

José Seixas Lourenço: Primeiro, completar os investimentos iniciados em 2010, como as construções do prédio que abrigará o Instituto de Ciências da Educação no Campus Rondon, e do Centro de Formação Interdisciplinar, no Campus Tapajós. Estão previstos para 2011 mais de 36 milhões em investimentos, cujas prioridades serão a construção do Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação (CTIC) e a Biblioteca Central, ambos no Campus Tapajós.

BR – O que o senhor tem a dizer sobre as críticas que o modelo acadêmico da UFOPA recebe?

José Seixas Lourenço: O novo modelo acadêmico visa atender aos interesses maiores da sociedade e seu futuro, e não aos corporati-vismos internos ou às receitas ideológicas ultrapassadas. Isto exige muito mais criativida-de dos professores, pois se trata de conceber o “novo”, mais que a transposição dos modelos de formação já vigentes, muitas vezes inadequados à realidade social regional. Deveríamos nos inspirar nos versos de Fernando Pessoa: “Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo. E esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia. E se não ousarmos fazê-la, teremos ficado para sempre à margem de nós mesmos.” Portanto, mudança é travessia e, no contexto da nossa nova universidade, exige, além da ousadia, um percuciente olhar rumo às novas gerações numa perspectiva amazônica.

Entrevista

Um novo modelo acadêmico para a Amazônia

8 Jornal da UFOPA

Criada pela Lei nº 12.085, de 5 de novembro de 2009, por desmembramento das unidades da Universidade Federal do Pará (UFPA) e da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), a Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) tem o objetivo de ministrar ensino superior, desenvolver pesquisa nas diversas áreas do conhecimento e promover a extensão universitária nesta vasta região da Amazônia.

Em plena construção, a Universidade recebeu em março 1.200 alunos, a primeira turma selecionada por processo seletivo que adotou integralmente as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), ingres-sando em estrutura acadêmica inovadora. Em entrevista ao Beira do Rio, o reitor pro tempore da UFOPA, Prof. José Seixas Lourenço, ex-reitor da UFPA, ex-diretor do Museu Paraense Emílio Goeldi e do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), fala sobre o desafio de implantar a primeira universidade federal no interior da Amazônia.

BR – Como surgiu a proposta de criação da UFOPA?

José Seixas Lourenço: O projeto inicial de implantação da UFOPA, com atuação multicâmpi e sede em Santarém (PA), foi entregue ao ministro da Educação, Fernando Haddad, por ocasião da solenidade de celebração dos 50 anos da UFPA, em julho de 2007. A proposta recebeu, de imediato, a adesão da comunidade científica nacional. Outro fator que contribuiu para a sua criação foi a disposição do governo federal em expandir a rede de ensino superior e ampliar os investimentos em Ciência e Tecnologia. A criação da UFOPA, com desmembramento da UFPA e da UFRA, atende a esses propósitos e também às demandas de uma região com economia e cultura peculiares.

BR – O que a sociedade pode esperar dessa Universidade? Qual o seu diferencial?

José Seixas Lourenço: O objetivo maior da criação da UFOPA é a construção da cidadania por meio de produção de conhecimento, inovação tecnológica, soluções sociais inovadoras (fomento de ideias) e formação de recursos humanos qualificados, ou seja, quadros profissionais competentes a serviço da sociedade. A UFOPA tem por princípio a relevância social traduzida, por um lado, em formar e pesquisar por meio do engajamento social do trabalho acadêmico. A formação de nível superior, para estar comprometida, de fato, com o desenvolvimento regional, não pode ficar confinada às salas de aula, aos laboratórios, nem aos muros dos campi. O contato orientado do aluno com a realidade circundante é a verdadeira pedagogia, o que tem inspirado o conteúdo curricular dos cursos e das demais atividades acadêmicas da nova universidade.

BR – Quais foram as prioridades do primeiro ano da Universidade?

José Seixas Lourenço: Em primeiro lugar, a criação do Conselho Consultivo da UFOPA, com representantes de diferentes segmentos da sociedade, em respeito ao princípio da gestão democrática do ensino público. Em seguida, a consolidação da nova estrutura acadêmica, que vinha sendo elaborada desde 2008 pela Comissão de Implantação da Universidade, criada pelo MEC e presidida por mim. Alvo de muitas discussões abertas à comunidade, o modelo acadêmico da UFOPA estrutura-se nos princípios da inovação, interdisciplinaridade, flexibilidade curricular e formação em ciclos, visando à educação continuada. Entre as conquistas, está o primeiro processo seletivo, utilizando exclusivamente o ENEM, com 17.585 inscritos. Isto comprova a aceitação do novo modelo acadêmico. Outro ponto fundamental foi a fixação de profissionais qualificados. Com a realização de concursos, triplicamos, em apenas um ano, o efetivo de docentes e de técnicos. A estruturação dos nossos campi em Santarém foi outra prioridade. Conseguimos a incorporação da área da SUDAM ao Campus Tapajós, que agora conta com 16 hectares, e estamos investindo mais de R$ 10 milhões em obras, como a construção de dois grandes prédios que abrigarão laboratórios e salas de aula.

BR – Na década de 80, quando era reitor da UFPA, o senhor deu início ao processo de interiorização da Universidade no Estado, na época, uma experiência inovadora. A criação da UFOPA está ligada a esse processo ou é algo independente?

José Seixas Lourenço: Sim, entendo que a UFOPA está ligada à necessidade de ampliação da oferta de vagas no interior da Amazônia. Em 1985, assumi a Reitoria da UFPA e, já no ano seguinte, demos início ao ousado projeto de interiorização com a criação de oito campi em cidades do interior. Naquela época, não tínhamos apoio federal e fomos muito criticados por diversos setores da Instituição. Os cursos de licenciatura receberam muitos alunos que já atuavam como professores, o que resultou numa significativa melhoria na qualidade da educação. Enfim, considero que a UFOPA é, sem dúvida, o fruto que amadure-ceu mais rapidamente com o processo de interiorização da UFPA.

BR - Uma das propostas da Universidade é o investimento em pós-graduação. Como estão as perspectivas nesta área para 2011?

José Seixas Lourenço: Consideramos a pós-graduação absolutamente essencial. Em março de 2009, antes da criação oficial da UFOPA, a Universidade já tinha um Mestrado em Recursos Naturais da Amazônia, que, hoje,

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Entrevista publicada em março de 2011 no Beira do Rio, jornal da UFPA