8
UFOPA UFOPA UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ Jornal da Ano I, Nº 4 - Santarém - Pará, agosto de 2011 Um campo para a Arqueologia Um campo para a Arqueologia Professores da UFOPA, com formação em Arqueologia, realizam salvamento arqueológico do Campus Tapajós. Diversos fragmentos líticos e cerâmicos foram encontrados no local, antes utilizado como campo de futebol. Página 5 Com a entrada dos novos alunos, a universidade ultrapassa o número de dois mil professores do Ensino Básico em formação. Novas turmas do Parfor Página 4 Ensino Dois convênios foram assinados visando ao desenvolvimento sustentável do Oeste do Pará: o de criação do Parque de Ciência e Tecnologia do Tapajós e o de cooperação técnica com o Ideflor. Parceria com o governo do Pará Página 7 Parceria Entrevista Profa. Dóris Faria faz um balanço sobre a implantação do Centro de Formação Interdisciplinar da UFOPA. Interdisciplinaridade em foco Página 8 Foto:Edvaldo Pereira

Jornal da UFOPA - Ano I - N.4

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Projeto gráfico e diagramação do Jornal da UFOPA. Formato A4, fechado.

Citation preview

Page 1: Jornal da UFOPA - Ano I - N.4

UFOPAUFOPAUNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ

Jornal da

Ano I, Nº 4 - Santarém - Pará, agosto de 2011

Um campo para a ArqueologiaUm campo para a ArqueologiaProfessores da UFOPA, com formação em Arqueologia, realizam salvamento arqueológico do Campus Tapajós. Diversos fragmentos líticos e cerâmicos foram encontrados no local, antes utilizado como campo de futebol. Página 5

Com a entrada dos novos alunos, a

universidade ultrapassa o número de dois

mil professores do Ensino Básico em

formação.

Novas turmas do Parfor

Página 4

Ensino

Dois convênios foram assinados visando

ao desenvolvimento sustentável do Oeste

do Pará: o de criação do Parque de Ciência

e Tecnologia do Tapajós e o de cooperação

técnica com o Ideflor.

Parceria com o governo do Pará

Página 7

Parceria Entrevista

Profa. Dóris Faria faz um balanço sobre a

implantação do Centro de Formação

Interdisciplinar da UFOPA.

Interdisciplinaridade em foco

Página 8

Fo

to:E

dv

ald

o P

ere

ira

Page 2: Jornal da UFOPA - Ano I - N.4

Ex

pe

die

nt

eE

xp

ed

ie

nt

e Universidade Federal do Oeste do Pará

Reitor: José Seixas Lourenço | Vice-Reitor: Clodoaldo Alcino Andrade dos Santos | Pró-Reitor de Ensino de Graduação: | Marcos Ximenes Ponte |

Aldo Gomes Queiroz | Arlete Moraes

Coordenadora de Comunicação: | Jornalistas Responsáveis: Lenne Santos (DRT-PR 3413) e Maria Lúcia Morais (DRT-MG 6261) | Revisão: Júlio César da Assunção Pedrosa | Fotos: Luciana Leal e Ricardo Lima| Diagramação: Luciana Leal

Universidade Federal do Oeste do Pará - Campus Tapajós - Coordenação de Comunicação - R. Vera Paz, s/n - Salé - CEP 68135-110 - Santarém – Pará | Comentários, críticas e sugestões: [email protected] - (93) 2101-4922 | www.ufopa.edu.br | Twitter: @ufopa

José Antônio de Oliveira Aquino Pró-Reitor de Pós-Graduação, Pesquisa e Inovação Tecnológica: Pró-Reitor de Planejamento Institucional:

Pró-Reitora de Administração:

Maria Lúcia MoraisDenise Gomes, Edvaldo Pereira, Lenne Santos,

Jornal da UFOPA

DIEGO DOS SANTOS VIEIRA

LIDIANE CASTRO DA SILVA

ANÁLISE COMPARATIVA DA COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E ESTRUTURA HORIZONTAL DE UMA FLORESTA MANEJADA E NÃO MANEJADA NA COMUNIDADE SANTO ANTÔNIO, ESTADO DO PARÁ

JOÃO RICARDO VASCONCELLOS GAMA CIÊNCIAS AGRÁRIAS

DOCUMENTAÇÃO DE CORPUS DE TEXTOS ORAIS DO PORTUGUÊS SANTARENO - CTOPS

CITOGENÉTICA CLÁSSICA E MAPEAMENTO GENÔMICO COMPARATIVO EM MORCEGOS DO GÊNERO Micronycteris (Chiroptera – Phyllostomidae)

AVALIAÇÃO DA CARGA DE FONTES POLUIDORAS PROVENIENTE DA REDE DE ESGOTOS DE SANTARÉM NO RIO TAPAJÓS, SANTARÉM, PARÁ

O GÊNERO Memora (Bignonieae, Bignoniaceae) NA FLORESTA NACIONAL DO TAPAJÓS: FLORA E GUIA ILUSTRADO

SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE ZEÓLITAS OBTIDAS A PARTIR DO CAULIM

EFEITOS DA EXPANSÃO DO CULTIVO DE SOJA NA DINÂMICA DE NITROGÊNIO NA REGIÃO AMAZÔNICA, ASSOCIADA À PRODUTIVIDADE E A VIABILIDADE DESTES CULTIVOS NA REGIÃO

MEMÓRIA, IDENTIDADE E PATRIMÔNIO CULTURAL EM COMUNIDADES RIBEIRINHAS DA REGIÃO DE VÁRZEA DE SANTARÉM

LUIS REGINALDO RIBEIRO RODRIGUES

FÁBIO MARQUES APRILE

RENATA GIASSI UDULUTSCH

MANOEL ROBERVAL PIMENTEL SANTOS

ADELAINE MICHELA E SILVA FIGUEIRA

LUCIANA GONÇALVES DE CARVALHO

EDIENE PENA FERREIRA LINGUÍSTICA, LETRAS E ARTES

CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

CIÊNCIAS HUMANAS

TALITA FERNANDAAUGUSTO RIBAS

JHÉSSICA KRHISTINNE CAETANO FROTA

MÁIZA SATURNINO DE BRITO

MÁRCIO ANTÔNIO DE ALCÂNTARA ABREU

MIYUKI MITSUYA

JOSÉ RENATO DACOSTA OLIVEIRA JÚNIOR

BOLSISTA TRABALHO ORIENTADOR ÁREA

TRABALHOS PREMIADOS NO I SEMINÁRIO INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFOPA

UFOPA amplia número de bolsas do PIBIC A UFOPA aumentou de 25 para 125 o número de bolsas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC). A notícia foi divulgada durante o encerramento do I Seminário de Iniciação Científica, realizado pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação Tecnológica (PROPPIT) no período de 30 de maio a 3 de junho, em Santarém, com o objetivo de divulgar os trabalhos desenvolvidos pelos alunos vinculados aos programas PIBIC/FAPESPA, PIBIC/UFOPA e PIBIC/CNPq.

Do total de 25 trabalhos de pesquisa apresentados, oito receberam certificado de menção honrosa pelo Comitê Externo de Avaliação. “Foi uma surpresa para todos nós, que ficamos muito felizes com o reconhecimento do Comitê quanto à relevância das pesquisas realizadas por nossos alunos de graduação”, afirmou o pró-reitor de Pós-Graduação, e Inovação Tecnológica, Prof. Marcos Ximenes Ponte.

Em dezembro será realizada uma reunião científica para apresentar à comunidade o resultado dos trabalhos de pesquisa que vêm sendo realizados por estudantes de escolas públicas no âmbito do PBIC/Ensino Médio. A informação é da diretora de Pesquisa da PROPPIT, Profa. Ediene Pena.

Pós-Graduação,

Pesquisa

SANTARÉM - PA11 a 14 de setembro de 2011

www.bubalinocultores.com.br

Contato: (93) [email protected]

2

Dez professores da UFOPA tiveram projetos aprovados no Programa de Extensão Universitária do Ministério da Educação (PROEXT 2011 – MEC), que visa a fortalecer a extensão no âmbito das instituições federais e estaduais de ensino superior do país. O Centro de Formação Interdisciplinar (CFI) teve três programas aprovados pelo MEC: “Apoio a oficinas sobre mídias e cultura digital e a incubadora de propostas para criação de empresas prestadoras de serviços em TIC destinadas a jovens em situação de risco social e subemprego no m u n i c í p i o d e S a n t a r é m - PA”, coordenado pelo Prof. Doriedson Alves de Almeida; “Quilombolas que contam: histórias da minha terra”, coordenado pela Profa. Maria Aldenira Reis Scalabrin; e “Cultura, Identidade e Memória na Amazônia”, do Prof. Itamar Rodrigues Paulino.

Do Instituto de Ciências da Sociedade (ICS) foram aprovados os seguintes programas: “Patrimônio Cultural na Amazônia: circuitos de troca e difusão”, da Profa. Luciana G o n ç a l v e s d e C a r v a l h o ; e “Mapeamento das casas/terreiros de religiões de matriz Afro e/ou A m e r í n d i a n a c i d a d e d e Santarém/Pará”, da Profa. Carla Ramos. Dois programas do Instituto de Ciências da Educação (ICED) também fo ra m s e l e c i o n a d o s : “ M í d i a s Eletrônicas: Ensino e Inclusão”, do Prof. Hugo Alex Carneiro Diniz; e “Africanidades em sala de aula: formando professores para o ensino de Cultura Afro-Brasileira e Africana nas escolas”, do Prof. Luiz Fernando França.

Professores são contemplados com recursos do MEC

Page 3: Jornal da UFOPA - Ano I - N.4

A UFOPA utilizará novamente o §Exame Nacional do Ensino Médio como único critério de acesso para os seus cursos de graduação. Para o processo seletivo de 2012, os candidatos poderão utilizar as notas obtidas no Exame dos anos de 2010 ou 2011. Além de realizar as provas do Enem, que serão realizadas pelo INEP nos dias 22 e 23 de outubro de 2011, os candidatos também terão de inscrever-se no processo seletivo da UFOPA.

Por meio da ARNI, a UFOPA §oficializou, em junho, parceria com a Universidade de Talca, no Chile, v i a b i l i z a n d o , d e s s a f o r m a , oportunidades de cooperação bilateral entre as duas inst i tu ições . A Un ivers id ad e d e Ta lca po ssu i faculdades de Ciências Florestais, Agrárias, Empresariais, da Saúde, Jurídicas e Sociais, além de Engenharia e Psicologia. Mais informações em http://www.utalca.cl.

O C e n t r o d e F o r m a ç ã o §Interdisciplinar prorrogou, até o dia 12 de agosto, as inscrições para o Curso de Especialização em Sociedade, Meio A m b i e nte e D e s e nvo l v i m e nto Sustentável na Amazônia. São 40 vagas para profissionais com nível superior completo, que busquem formação continuada e interdisciplinar para atuar em contextos amazônicos, nas áreas de gestão pública, docência, pesquisa, ONGs e outras áreas afins. O curso terá início no dia 12 de setembro.

A UFOPA já conta com uma Câmara §de Ensino de Graduação, criada no dia 19 de julho com o objetivo de propor normas relacionadas aos processos seletivos, percurso e progresso acadêmico discente. “A Câmara é órgão d e c o n s u l t o r i a , s u p e r v i s ã o e deliberação em assuntos referentes à graduação”, explica o pró-reitor de Ensino de Graduação, Prof. José de Oliveira Aquino, que preside o órgão. A validação e a revalidação de diplomas estrangeiros e a criação ou extinção de cursos também estão entre as atribuições da Câmara, composta por servidores que ocupam cargos de diretor de ensino, coordenador de ensino de graduação, diretor de regulação e supervisão acadêmica, diretores de unidades acadêmicas e coordenadores de programas.

CircularUFOPA

Até 2014 a Capes irá registrar 338% de aumento na concessão de bolsas para o exterior

O reitor da UFOPA, Prof. Dr. José Seixas Lourenço, recebeu medalha alusiva ao aniversário de 350 anos da cidade de Santarém, concedida pela prefeitura municipal. Ocorrida em junho, a solenidade reuniu personalidades, empresários, artistas e profissionais liberais. Criada especialmente para a data, a medalha é concedida aos que “expressam a história na sua vida, no seu trabalho e que são reconhecidamente construtores de uma Santarém melhor”.

Fo

to: R

ica

rdo

Lim

a

Jornal da UFOPA 3

Capes cria plano para expandir formação de estudantes brasileiros no exterior

Reitor recebe medalha comemorativa aos 350 anos de Santarém

Expandir e reforçar os programas que já estão consolidados e compartilhar com as universidades brasileiras a seleção e o acompanhamento de novos bolsistas no exterior são as duas principais estratégias da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para incrementar a formação de estudantes de pós-graduação e docentes no exterior por meio do plano de ação criado para operacionalizar essa expansão. O plano será implementado através de acordos institucionais bilaterais ou multilaterais estabelecidos com 40 países.

Lançado em junho de 2011 e coordenado pela Diretoria de Relações Internacionais, o plano vai possibilitar que 75 mil estudantes de pós-graduação e docentes frequentem ambientes de pesquisa, ensino e pós-graduação de alto nível no exterior. Para que isso seja efetivado, será necessária uma ação coordenada dos ministérios e suas agências federais, bem como a participação de agências estaduais de fomento, das universidades brasileiras e das instituições de pesquisa públicas e privadas. “Desde a sua criação, a UFOPA vem buscando essas parcerias, e agora vamos ficar ainda mais atentos para tirar o máximo de proveito desse programa do Governo Federal, principalmente no que se refere ao incentivo da vinda de novos doutores para instituições de ensino brasileiras. Já estamos preparando o nosso programa para apresentar à Capes”, afirma o pró-reitor de Pós-Graduação, Pesquisa e Inovação Tecnológica (PROPPIT), Prof. Marcos Ximenes Ponte.

Cerca de 40 mil bolsas serão concedidas pela Capes nos próximos quatro anos, totalizando um investimento de US$ 936 milhões. O Plano destina-se a atender à política da presidente Dilma Rousseff de investir na formação de recursos humanos de alto nível no exterior ao longo de seu governo. Em termos de cooperação internacional, a Capes trabalha com duas linhas de concessão: candidaturas individuais (demanda-balcão) e concessão de bolsas inseridas em projetos de cooperação internacional, que incluem projetos conjuntos de pesquisas e de parcerias universitárias.

Page 4: Jornal da UFOPA - Ano I - N.4

A formação de professores é uma das prioridades da UFOPA que, desde o ano passado, participa do Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor). Mais de dois mil professores de escolas públicas do Oeste do Pará já estão cursando licenciaturas integradas ofertadas pela UFOPA em Santarém e nos polos de Monte Alegre, Juruti, Óbidos, Itaituba, Oriximiná, Almeirim e Alenquer.

Em 2010 foram 1402 alunos matriculados em 39 turmas e, em 2011, 736 alunos, em 21 turmas, totalizando 2.118 alunos em 60 turmas. Seguindo o novo modelo acadêmico, a UFOPA oferece, aos alunos do Parfor, cursos presenciais de licenciaturas integradas nas áreas de Letras (Português e Inglês); Geografia e História; Matemática e Física; Biologia e Química; além de Licenciatura em Pedagogia.

O discente do Parfor inicia seu percusso acadêmico no Centro de Formação Interdisciplinar (CFI), onde cursa, no primeiro-semestre, a Formação Interdisciplinar 1, composta por seis módulos de ensino: Origem e Evolução do Conhecimento (OEC); Sociedade, Natureza e Desenvolvimento (SND); Lógica, Linguagens e Comunicação (LLC); Estudos Integrativos da Amazônia (EIA); Seminários Integradores (SINT); e Interação na Base Real (IBR). A partir do segundo semestre, o aluno passa a integrar o Instituto de Ciências da Educação (ICED), onde permanece até a conclusão de sua licenciatura.

Segundo a coordenadora do Parfor na UFOPA, Profa. Terezinha Pacheco, a cada semestre os alunos cursam, em média, quatro disciplinas, totalizando 400 horas. “As aulas presenciais acontecem nos meses de julho e janeiro. Durante o semestre, os alunos realizam ainda algumas atividades comple-mentares semipresenciais”, explica.

Juscelma Pereira Vinhote, 22 anos, é aluna da turma de Pedagogia 2011. Ela atua na educação infantil há dois anos e essa é sua primeira graduação. Ela veio de Curuá, uma pequena cidade espremida entre Óbidos e Alenquer. Foram cinco horas de barco até Santarém. “Estou na cidade sem bolsa-auxílio, pagando as despesas do meu próprio bolso, porque acredito que vale muito a pena. Conheço pessoas, adquiri novos conhecimen-tos e sei que logo poderei contribuir com o desenvolvimento da educação na minha cidade, onde ainda há poucos profissionais que tiveram a oportunidade de cursar o ensino superior”.

“Quem está na área da educação não pode parar nunca”. É com esse pensamento que Lúcia Maria Maia, 50 anos, volta para a sala de aula para estudar depois de sete anos. Aluna da turma de Pedagogia de 2011, há 13 anos atua na educação básica do município de

Santarém e diz estar gostando da experiên-cia. “Aqui temos a oportunidade de trocar experiências, conhecer a realidade de colegas professores de outros municípios que tem dificuldades parecidas com as nossas, enfim, há também jovens professores que iniciam no magistério. A turma é muito diversificada e isso é muito bom”.

Lígia Ramos, 38 anos, viajou 220 quilôme-tros de carro, de Rurópolis até Santarém, para frequentar as aulas do Parfor. Ela cursa Licenciatura em Teatro - ofertada pela Universidade Federal do Pará (UFPA), em Santarém, com apoio da UFOPA - sua primeira graduação depois de 11 anos atuando como professora do ensino infantil. “Posso afirmar com certeza que neste curso eu me encontrei. Estou muito satisfeita. Os professores são muito qualificados”.

Os cursos de licenciatura ofertados no âmbito do Parfor são destinados a professores da rede pública da educação básica, em exercício há pelo menos três anos, sem formação adequada à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Os professores inscrevem-se nos cursos correspondentes às disciplinas que ministram na rede pública por meio da Plataforma Freire.

A validação das inscrições não é de responsabilidade da UFOPA. Após o período de pré-inscrições, as secretarias municipais de educação verificam as listas dos inscritos, consultam os dados profissionais, e se pronunciam em relação à aceitação dos candidatos, validando-os na Plataforma Freire, o que significa atestar que o professor pré-inscrito pertence à sua rede e está em exercício na disciplina correspondente ao curso pleiteado, sem formação adequada. Caberá às secretarias municipais e estaduais dar suporte aos professores, conforme o caso, em ar t i cu lação co m o Fó ru m E stad u a l Permanente.

Fórum - Foi realizada em Santarém, no dia 20 de junho de 2011, reunião do Fórum Estadual Permanente de Apoio à Formação Docente (PA), que é presidido pelo secretário de estado de Educação, Nilson Pinto. A reunião contou com a participação de representantes das secretarias municipais de educação, onde são realizadas as atividades do Parfor. O principal objetivo do Fórum é o cumprimento das metas da Política Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica do Estado do Pará, instituída pelo Ministério da Educação (MEC).

Jornal da UFOPA

Novas turmas de formação de professores no Oeste do Pará

Lúcia Maia (à esquerda) e Juscelma Vinhote: “No Parfor,

além de aprender, trocamos experiências”

Fo

to: L

en

ne

Sa

nto

s

Fo

to: L

en

ne

Sa

nto

s

Alunos da turma de licenciatura em teatro (Parfor/UFPA), em aulas da disciplina Tópicos Especiais em Antropologia do Teatro

4

Page 5: Jornal da UFOPA - Ano I - N.4

Arqueologia no Campus TapajósArqueologia no Campus TapajósDurante o mês de julho, a UFOPA realizou a primeira etapa do salvamento arqueológico do Campus Tapajós, que ocupa parte da área do sítio do Porto, em Santarém (PA). A ação faz parte do projeto “Gerenciamento do Patrimônio Arqueológico: prospecção e resgate na área de influência direta da construção de diversas estruturas no Campus Tapajós da UFOPA”, que visa a atender à legislação ambiental que protege os sítios arqueológicos do país.

Coordenado pela arqueóloga Denise Maria Cavalcante Gomes, professora do Programa de Arqueologia e Antropologia do Instituto de Ciências da Sociedade (ICS), o projeto tem permissão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), por meio da Portaria nº 16, de 13 de maio de 2011, para realizar, pelos próximos dois anos, pesquisas arqueológicas na área pertencente ao Campus Tapajós. A ação contou com a participação dos arqueólogos Claide de Paula Moraes e Anne Rapp Py-Daniel, professores do ICS, além de alunos da UFOPA selecionados como voluntários.

Nesta primeira etapa, a equipe trabalhou em dois locais que, brevemente, serão utilizados para a construção de novos prédios da Universidade: a Área 1, antes utilizada como campo de futebol; e a Área 1A, contígua, que c o r r e s p o n d e a o v i v e i r o . “ E s t a m o s completamente dentro da lei. Faremos vistoria em qualquer área destinada a construção e, se o local tiver potencial, vamos realizar o salvamento arqueológico antes do início das obras”, explica Denise Gomes. “Estamos contribuindo para salvaguardar a Universidade de problemas com a legislação ambiental e de proteção do patrimônio arqueológico. E, como somos arqueólogos e acadêmicos, vamos estudar os vestígios retirados desses locais. Esses são os propósitos do trabalho”.

Descobertas - O trabalho de prospecção e resgate se baseou em levantamento geofísico realizado pelo Prof. José Gouvêa Luiz, da Universidade Federal do Pará (UFPA), que apresentou cerca de 200 indicações de anomalias com potencial arqueológico. “O uso da Geofísica aplicada à Arqueologia é uma inovação metodológica introduzida na UFOPA por incentivo do reitor, Seixas Lourenço, ele mesmo responsável pelo emprego deste método, com sucesso, nas pesquisas arqueológicas no Marajó na década de 1980”, lembra a arqueóloga.

Marcada pela presença de terra-preta arqueológica – solo fértil, de cor escura, formado como consequência da deposição de vestígios orgânicos (restos de alimentos, caça, carvões das fogueiras, fezes, urina, coberturas vegetais das casas) nas antigas áreas de moradia –, a área pesquisada pertence ao sítio do Porto, já registrado no IPHAN. Além de fragmentos cerâmicos, a equipe coletou quantidade significativa de fragmentos líticos e calibradores

– pedaços de pedras utilizadas para amolar instrumentos cortantes indicando que o local pode ter abrigado, no passado, uma oficina de objetos líticos, onde eram produzidos artefatos como raspadores, pontas de flechas e dentes de raladores. Em uma das unidades de escavação, os arqueólogos também encontraram um vaso cerâmico lacrado, que foi retirado inteiro pela equipe. A partir de agosto, todo o material coletado, incluindo o vaso cerâmico, será analisado em laboratório.

Para o arqueólogo Claide Moraes, além de atender às exigências da legislação ambiental no tocante às obras que causam impacto aos sítios arqueológicos, o salvamento no campus Tapajós visa a produzir conhecimento a respeito das ocupações do passado na área de Santarém, envolvendo a comunidade acadêmica, já com o objetivo de formar futuros profissionais nessa área. A equipe recebeu ainda a visita de três turmas de alunos vinculadas ao Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor), além de discentes do curso de especialização em Jornalismo Científico da UFOPA.

Santarém, um grande sítio arqueológico

Jornal da UFOPA 5

Para saber mais:

Peça encontrada nas escavações da UFOPA

Na área urbana de Santarém há dois sítios

arqueológicos registrados pelo IPHAN: o da Aldeia e o

do Porto. “Essa é uma situação única no Brasil. A cidade

de Santarém foi construída em cima de um grande sítio

arqueológico”, explica Denise Gomes.

O sítio da Aldeia vai desde o centro da cidade,

passando por vários bairros, como Centro, Aldeia, Santa

Clara e Fátima, e se estende até o bairro do Laguinho,

onde sofre uma interrupção. “O Laguinho é descrito

pelos cronistas e naturalistas do século XIX como uma

área pantanosa, cheia de charcos, pelo que faz um certo

sentido não ter vestígios. Essa informação coincide com

o relato das pessoas mais velhas da cidade”, explica. Os

vestígios arqueológicos voltam a aparecer no sítio do

Porto, que desde as imediações do Laguinho se estende

pelo bairro da Liberdade, incluindo áreas portuárias das

empresas Cargill e Companhia Docas do Pará (CDP), às

margens do rio Tapajós. “Na UFOPA, estamos

trabalhando com uma parcela do sítio do Porto”, explica

Gomes.

Segundo a arqueóloga, que realizou vários estudos

na área central de Santarém, entre os anos de 2006 e

2010, o sítio da Aldeia - descrito como uma área

densamente povoada pelos cronistas dos séculos XVI e

XVII - apresenta ocupações com datação de até três mil

anos antes do presente. Denominadas de nível

cerâmico formativo, as ocupações mais antigas eram

mais dispersas, esparsas, de pouca duração, formadas

por populações com agricultura e cerâmica incipientes.

“Em termos gerais, podemos afirmar que os dois sítios

(Aldeia e Porto) tiveram ocupações formativas, que são

mais antigas”, explica.

Já a ocupação tapajônica é mais recente, datada

entre os séculos XI e XVII depois de Cristo. Caracterizada

por cerâmicas elaboradas, como vasos cerimoniais, ela

está associada à existência de sociedades complexas,

com grande número de pessoas, que começam a

emergir na Amazônia. Segundo Gomes, a presença de

terra-preta arqueológica é um marcador característico

dessa ocupação e de um solo que foi intensamente

utilizado por essas populações.

?GOMES, Denise Maria Cavalcante. Cerâmica Arqueológica da Amazônia: vasilhas da Coleção Tapajônica MAE-USP. São Paulo: Edi tora da Universidade de São Paulo; FAPESP, 2002.

?GOMES, Denise Maria Cavalcante. Cotidiano e Poder na Amazônia Pré-colonial. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo; FAPESP, 2008.

?NEVES, Eduardo Góes. Arqueologia Amazônica. Rio de Janeiro: Zahar, 2006

Fo

to: E

dva

ldo

Pe

reira

Page 6: Jornal da UFOPA - Ano I - N.4

Os 1.200 alunos que ingressaram este ano na UFOPA participaram do I Encontro Acadêmico do Centro de Formação Interdisciplinar (CFI), realizado no dia 28 de junho, no Amazônia Boulevard, em Santarém (PA). Eles apresentaram os resultados de 168 estudos realizados, em diversas áreas do conhecimento, no âmbito do módulo Interação na Base Real (IBR). “O estudante da UFOPA é estimulado a participar de projetos de pesquisa e extensão desde o primeiro semestre de formação”, explica a Profa. Soraia Lameirão, uma das coordenadoras do módulo.

Capacitação

Encontro Acadêmico encerra semestre doCentro de Formação Interdisciplinar

As metodologias adotadas foram comunicação oral e apresentação de painéis, a exemplo do que ocorre nos encontros científicos. Diversos temas foram abordados nas investigações, como pesca e aquicultura, populações indígenas e quilombolas, Internet, manejo do açaí, bullying, evasão acadêmica, desmatamento, saúde da mulher, entre outros. Os estudos foram orientados por 21 professores que participaram do módulo do IBR. “A filosofia do IBR é inserir o aluno na pesquisa e na extensão, desde o momento em que ele entra na UFOPA”, explica a Profa. Ednea do Nascimento

Carvalho, que também coordena o módulo. “A ideia é não deixar que o aluno tenha contato com a pesquisa apenas no final da sua graduação, como geralmente acontece nos currículos tradicionais”.

Uma equipe da turma M6 investigou a utilização de explosivos por pescadores artesanais no lago do Mapiri, situado na zona urbana de Santarém. Prática predató-ria bastante comum na década de 1950, o uso de explosivos no lago provocou a matança, em larga escala, dos peixes, resultando em sério problema socioambien-tal. “Qualquer impacto no meio ambiente provoca reflexos na sociedade”, explica a aluna Marla Elizabeth. Mais da metade dos

pescadores abandonaram a atividade, devido ao problema ambiental causado por esta prática predatória.

“História e Memória: a mulher no contexto da borracha em Fordlândia entre os anos de 1927 e 1948”, que analisa o papel da mulher na implantação do projeto de Henry Ford, na localidade de Fordlândia, foi outra pesquisa apresentada. “Ficamos curiosos ao ler nos livros apenas o papel dos homens, nesse projeto. Então decidimos pesquisar sobre as mulheres. A maioria tinha papel secundário como babá, chefe da limpeza ou mesmo cozinheira. Algumas se destacaram e chegaram a chefiar equipes de homens, já naquela época”, afirmou Ingride Cruz, da M4.

Fo

tos: L

en

ne

Sa

nto

s

Jornal da UFOPA6

Laboratório de Cartografia treina profissionais para detectar corte seletivo por satélite

Técnicas de detecção de corte seletivo por imagens de satélite e treinamento básico em geoprocessamento foram as duas ações de extensão promovidas pelo Laboratório de Base Cartográfica (LABCART/UFOPA) em parceria com o Serviço Florestal Brasileiro (SFB)/Unidade Regional do Distrito Florestal Sustentável da BR 163. Professores e técnicos da universidade e do SFB participaram do treinamento ocorrido durante dois dias nas dependências da UFOPA, no mês de maio. Montagem de banco de dados, realce de imagens e modelo linear de mistura espectral foram alguns dos temas abordados pela geógrafa Ekena Rangel Pinagé, que integra a equipe da Gerência de Monitoramento e Auditorias Florestais do SFB, com sede em Brasília.

“Por meio dessa técnica poderemos identificar o que ocorre na floresta através de imagens de satélite”, informou o coordenador do treinamento, Cléo Gomes da Mota, engenheiro florestal do SFB. A técnica de detecção de corte seletivo foi desenvolvida pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), por solicitação do Serviço Florestal. “Essa técnica já está sendo aplicada, em fase de testes, na unidade de conservação do Jamari, no estado de Rondônia e, em breve, deverá monitorar também o que ocorre na Floresta Nacional do Tapajós”.

O chefe regional do SFB em Santarém, Fernando Ludcke, destacou a importância da parceria entre SFB e a UFOPA. “Temos interesse em colaborar para a formação de profissionais capacitados para atender as necessidades regionais, principalmen-te da indústria florestal. Até 2014 o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal vai disponibilizar recursos na ordem de R$ 40 milhões para investimentos em pesquisas. Esses recursos virão da verba arrecadada com as concessões florestais”.

Coordenado pela Profa. Arlete Morais, o Laboratório de Base Cartográfica (LABCART) é ligado ao Instituto de Biodiversidade e Florestas (IBEF), que tem como meta a pesquisa nas áreas de produção de alimentos, manutenção de serviços ambientais e conservação da Amazônia na região Oeste do Pará, bem como atender também aos povos e comunidades tradicionais que demandam por desenvolvimento de sistemas sustentáveis de manejo para produtos florestais.

Grupo discute implantação do estado do TapajósO reitor da UFOPA, Prof. José Seixas Lourenço, oficializou em julho o Grupo de Trabalho (GT) Tapajós, constituído por docentes e profissionais. Destinado a desenvolver estudos, levantamentos de dados gerais e diagnósticos que possam contribuir para uma “melhor e mais ampla discussão como subsídio ao plebiscito a respeito da divisão territorial do Pará”, o GT tem um perfil interdisciplinar e, de acordo com Seixas Lourenço, poderá ter um caráter permanente. O coordenador é o Prof. Jackson Rêgo (Instituto de Biodiversidade e Florestas), e a relatora, a Profa. Socorro Pena (Instituto de Ciências da Sociedade).

O GT tem autonomia para definir a metodologia do seu funcionamento e nos próximos noventa dias deverá produzir um relatório sobre o resultado do trabalho que irá desenvolver

Os eixos temáticos que vão embasar os levantamentos a ser feitos pelo GT são: Institucionalidade e política administrativa; Processos sociais, culturais e históricos; Tecnologia e inovação; Políticas sociais; Geopolítica e integração; Gestão de recursos naturais e ordenamento territorial; Economia e desenvolvi-mento regional.

Integram o GT interdisciplinar da UFOPA os professores Marcos Ximenes Ponte (IEG); Edivaldo da Silva Bernardo (ICED); Jackson Fernando Rêgo Matos (IBEF); Socorro Pena (ICS); Sandro Augusto Viegas Leão (ICS); Keid Nolam Silva Sousa (ICTA).

Page 7: Jornal da UFOPA - Ano I - N.4

Jornal da UFOPA

A UFOPA também firmou acordo de cooperação técnica com o Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará (Ideflor) visando a estabelecer iniciativas de apoio ao desenvolvimento florestal na região do Oeste do Pará. Assinado no dia 21 de junho pelo governador Simão Jatene, o acordo prevê a realização de projetos focados, principalmente, em territórios sob gestão coletiva na região, como áreas quilombolas e de domínio das popula-ções tradicionais. “Esse acordo abre uma ampla possibilidade de cooperação efetiva e tem repercussão tanto na pesquisa, com a inclusão desses temas na nossa agenda, como também no trabalho envolvendo a capacitação de pessoal”, afirma Seixas Lourenço.

No convênio estão previstas diversas ações, como a implantação de planos de desenvolvimento local sustentável nas comunidades tradicionais dos rios Maró e Aruã (Santarém e Juruti) e demais territórios agroextrativistas de domínio estadual na região; o monitoramento dos planos de manejo florestais sustentáveis dos contratos sob a gestão do Ideflor; além de estudo para o plano de uso da área reservada às comunidades tradicio-

nais do entorno do rio Mamuru. “Precisamos de apoio local para essas ações, principalmente de instituições como a universidade. É muito importan-te que todas essas ações sejam discuti-das e operadas em conjunto com o centro de formação do conhecimento em recursos florestais que é a UFOPA”, afirma o diretor do Ideflor, José Alberto da Silva Colares.

O convênio visa ainda ao assessora-mento para elaboração do plano estadual de manejo comunitário e familiar e do arcabouço normativo para a gestão estadual das florestas públicas, além da revisão dos instrumentos legais de regulamentação do cultivo florestal. As duas instituições trabalharão ainda em conjunto para a implantação e gestão do centro de treinamento para o manejo florestal madeireiro e não-madeireiro do Estado do Pará, a ser construído na Gleba Estadual Curumucuri, em Juruti.

A implantação da rede de coleta de sementes, de polo de produção de mudas e a recuperação do laboratório de sementes e de ecofisiologia florestal da UFOPA, como âncoras ao suporte técnico para o desenvolvimento florestal, são outras ações previstas no acordo.

Cooperação para o desenvolvimento florestal do Oeste do Pará

Fo

to: L

uci

an

a L

ea

l

Primeira visita oficial de Simão Jatene à UFOPA

7

“Aqui está nascendo, de fato, um novo olhar sobre a Amazônia”, afirmou o governador do estado do Pará, Simão Jatene, durante sua primeira visita oficial à UFOPA, ocorrida no dia 20 de junho, em Santarém (PA). Recebido no Campus Tapajós pelo reitor da UFOPA, Prof. José Seixas Lourenço, Simão Jatene mostrou-se entusiasmado com o inovador modelo acadêmico adotado pela instituição, que se baseia na interdisci-plinaridade e nas demandas regionais. “O que vejo na UFOPA é o caminho interessante da interdisciplinaridade. Vocês estão, de forma muito precisa, enfrentando o desafio do desenvolvi-mento regional, de forma ética”.

Durante a visita, Simão Janete e Seixas Lourenço assinaram o termo de criação do Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) do Tapajós, que será implantado na Universidade e terá como carro-chefe o uso sustentável da biodiversidade amazônica. “A questão de transformar Santarém em um polo de conhecimento e inovação é um marco e um desafio. Precisamos romper com o processo inadequado de ocupação da Amazônia ocorrido até agora. Teremos, assim, chance de ser contemporâneos numa revolução planetária que deve ser pautada pela busca de uma nova matriz energética, com o desenvolvimento de novos padrões de consumo menos agressivos ao meio ambiente e a criação de novos nichos de prestação de serviços ambientais”, afirmou o governador.

Orçado em 47 milhões de reais, o PCT Tapajós abrigará uma incubadora e um condomínio de empresas de base tecnológica. Os recursos serão oriundos tanto do poder público quanto da iniciativa privada. O uso sustentável da biodiversidade, através da agregação de valor aos produtos regionais, deverá ser o carro-chefe do Parque, que também poderá acolher incubação na área de pesca, aquicultura, minerais, entre outros. O Parque estará aberto às instituições públicas e privadas da região. Além de estimular a formação e a instalação de empresas no PCT, a UFOPA também terá uma função gerencial, engajada na transferência de tecnologia e na capacitação dessas empresas.

UFOPA e Governo do Estado celebram parcerias

Page 8: Jornal da UFOPA - Ano I - N.4

porque agora teremos um tempo para nos reorganizar para março de 2012.

DF - O CFI e a UFOPA trabalham a construção da interdisciplinaridade a partir do diálogo multidisciplinar. O nosso corpo docente, contratado por meio de concurso, é multidisciplinar, assim como nossos módulos de ensino, focados em temáticas relevantes, como a Amazônia, a origem e a evolução do conhecimento científico, entre outros.

DF - Hoje nossos professores têm projetos de pesquisa que envolvem os alunos no campo da interdisciplinaridade. São projetos nas áreas de Internet, redes sociais, nos municípios, nas comunidades. Todos envolvendo diversos docentes, de diferentes áreas. Com relação à pós-graduação, vamos ofertar dois cursos de especialização, um sobre desenvolvimento sustentável na Amazônia, que começará em setembro, e outro voltado para o ensino, que iniciará em janeiro de 2012.

DF - Aqueles que criticam o nosso modelo não precisam necessariamente concordar conosco. Mas devem se abrir para ouvir outras vertentes de conhecimento, outras visões sobre o mundo contemporâneo, porque, se essas pessoas tiverem abertura para refletir sobre essas questões do mundo moderno, elas verão que não há como defender uma visão especializada. Isso pode custar caro para a história e para as nações. E na Amazônia, não podemos perder tempo. Nosso país infelizmente não tem um projeto para a Amazônia. Agora, se os amazônidas não se instrumentalizarem para eles próprios terem condições de construir esse projeto para si, na perspectiva da nação brasileira, as coisas vão se complicar. Nosso papel, na UFOPA, é esse: dar esse instrumental agora, para formar os melhores profissionais desta região, que terão condições de contribuir para o Brasil com um projeto para a Amazônia real, exequível.

DF - Quando os novos alunos da UFOPA começaram o curso neste semestre, 55% não sabiam que curso pretendiam seguir. Conforme a realização dos Seminários Integradores, que foram muito esclarecedores, as definições iam ocorrendo, de modo que, ao fim do semestre, praticamente todos já tinham clareza pelo menos da área de conhecimen-to que lhes interessava. Certamente a evasão na UFOPA será significativamente menor do que nas universidades com vestibular e currículos tradicionais. Com a publicação dos resultados das avaliações, já podemos ver que a quase totalidade dos alunos pode ser atendida em primeira opção para o instituto desejado, e o restante em segunda opção. Os que porventura não foram aprovados em algum módulo estão podendo prosseguir para seu instituto de escolha, tendo até três semestres para pagar sua pendência. Há inclusive, embora sejam muito poucos, aqueles que só querem a primeira opção e que preferiram permanecer no CFI, e nós estamos prontos a poder atender também a essa condição!

Com isso, já se pode detectar que muita coisa melhorou, não só na compreensão, que já se começa a ver na grande parte das pessoas sobre a eficácia do projeto, mas, especialmente, nos alunos, técnicos e professores da UFOPA. Neste primeiro semestre, 1.200 alunos foram atendidos em três turnos, seis módulos de ensino - que são as disciplinas tradicionais articuladas na temática interdisciplinar destes módulos - envolvendo mais de 80 docentes de diversos institutos. Tiramos da invisibilidade social os excluídos do vestibular - para os quais a não aprovação implicava cursar uma faculdade particular ou desistência de estudar - e os mantivemos dentro de nosso sistema, que, gradativamente, vai lhes dando chances de alocação acadêmica até o doutorado, em vez de fora da instituição, podendo nela permanecer enquanto vão construindo sua vocação, agora de um modo muito mais aberto a outras áreas de conhecimento e exercícios profissionais.

JU - O que foi priorizado durante a construção de conteúdo para os módulos multidisciplinares?

JU – De que forma o CFI vai atuar com relação à pesquisa e à pós-graduação?

JU - O CFI têm sido alvo de muitas críticas por adotar o modelo interdisciplinar. O que a senhora tem a dizer àqueles que criticam esse modelo?

JU - Que outros aspectos a Sra. ressaltaria no cenário desta primeira oferta regular da UFOPA ?

Entrevista

Os desafios da formação interdisciplinar

8 Jornal da UFOPA

Jornal da UFOPA - O que é o Centro de Formação Interdisciplinar? Quais são os seus objetivos?

JU – E sobre o papel do CFI no projeto maior da UFOPA?

JU - E por que a opção pela interdisciplinaridade?

JU - E quais são os desafios para a implantação de um centro de formação interdisciplinar na Amazônia?

Dóris Faria - O CFI é uma unidade acadêmica, exatamente como um instituto. A diferença é que os institutos são paralelos. O aluno escolhe, eles desenvolvem programas complementares ou não, mas são diferentes. O Centro recebe todos os alunos, dá a formação mais fundamental, e a partir disso, os alunos são dispersados para os institutos. Nesse sentido, o principal objetivo do CFI é garantir na instituição, logo no início do processo de formação de seu alunado, uma competência para a análise interdisciplinar, especialmente envolvendo as grandes áreas do conhecimento. No CFI o aluno vai ter uma visão de todas as grandes áreas (Ciências Exatas, Ciências Naturais, Ciências Humanas, Ciências Sociais), além de uma iniciação mais cuidadosa de nível superior nas ferramentas como estatística, linguagem, cálculos e nas tecnologias. O Centro dá essa visão ampla de campo de conhecimento e o aluno, a partir disso, vai fazendo as opções gradativas na instituição. A escolha seguinte é a do instituto, onde o aluno fará a Formação Interdisciplinar II, no segundo semestre. Nesse instituto ele verá a interdisciplinaridade entre áreas do conhecimento associadas àquela grande temática, as quais são diferentes entre os institutos.

DF - O CFI tem um papel fundamental para a UFOPA, que tem, como modelo acadêmico, uma organização temática por institutos. O CFI é a unidade acadêmica que realiza o primeiro passo numa abordagem interdisciplinar, institucional. É a espinha dorsal, a vertente que dissemina pela instituição uma visão interdisciplinar no nível das grandes áreas do conhecimento. Ele conecta os institutos, membros que vão possibilitar essa formação interdiscipli-nar cada vez mais aprofundada. A universidade faz isso gradativamente, na entrada do aluno no CFI, depois em cada instituto, de uma forma sistemática, profissional, acadêmica. Isso jamais poderia ser feito se a entrada dos alunos na instituição fosse tendente a uma única área. Logo no início, o CFI qualifica os alunos para uma visão mais ampla da interdisciplinaridade, o que vai facilitar a escolha desses alunos para os institutos.

DF - A Ciência antiga simplificava as situações. Então uma disciplina resolvia cada situação; fazia a análise do todo e estudava apenas a sua especialidade. Hoje os problemas são tão complexos que eles praticamente inviabilizam uma especialidade de resolver qualquer problema. Um exemplo é o clima. Claro que as abordagens do meteorologista, do físico, do geofísico são importantes, mas nenhum deles vai ter uma abordagem abrangente sobre a problemática do clima. Se você quiser trabalhar o clima a partir de uma abordagem interdisciplinar, vai ter que incluir nessa análise os cientistas naturais, o pessoal das ciências sociais. O mundo contemporâneo exige que a abordagem dos problemas seja feita por diversas disciplinas. No caso da Amazônia, a complexidade dos problemas é ainda mais gritante, obviamente clama por mais interdisciplinaridade. A atuação de diversas áreas é essencial para uma melhor compreensão dos problemas graves que afligem a Amazônia, como o desmatamento, conflitos sociais, poluição. Dessa forma, não tem sentido a gente trazer para a Amazônia um modelo que é baseado na especialização, porque não será suficiente para resolver os problemas que existem aqui.

DF - Eu diria que a UFOPA tem muitos desafios, e o maior deles é o pensamento tradicional. Outro desafio são as estruturas privadas, que certamente sofrem alguma redução, se forem usar uma ótica simplista. Mas se a gente

usar uma lógica de que cada vez mais a população jovem está entrando na universidade, nem mesmo a existência da UFOPA vai atrapalhar o ensino privado. A UFOPA representa um limite dentro desse universo imenso que precisa entrar na universidade. Então, não é a questão de combater a UFOPA porque ela é um competidor do ensino privado. Nesse momento identificamos um combate baseado em interesses outros. Não é só o ensino privado. Alguns movimentos de esquerda têm uma concepção bastante tradicional, de que haveria a necessidade de se manter uma estrutura mais tradicional. Mas, com o tempo, esses movimentos vão ver também que ser progressista no mundo acadêmico, hoje, é conseguir vencer as barreiras da especialização. As universidades já não têm mais departamentos, para evitar isso. É um movimento que é mundial. E já começamos assim. Em vez de estarmos passando pelo processo de reformulação das instituições antigas, a gente já nasce contemporâneo.

DF - O primeiro e grande avanço é ter conseguido, em apenas quatro meses, fazer no CFI uma verdadeira universidade, porque todos os 1200 alunos que ingressaram este ano na UFOPA passaram por aqui. Eles cursaram seis módulos com professores o mais qualificados possível, pois todos os docentes do Centro têm mestrado ou doutorado. Mas o maior avanço é estarmos propiciando ao nosso alunado uma escolha mais consciente da carreira profissional. No CFI, os discentes tiveram uma visão ampla dos campos de conhecimento, claro que num nível mais introdutório.

DF - Nós funcionamos com muita bravura. Tivemos de cobrir três turnos com problemas de pessoal. Tivemos de fazer rodízios, mas os servidores do Centro, professores e técnicos, realmente se dedicaram muito além do previsto e com isso conseguimos atender aos 1.200 alunos nos três turnos. Certamente teremos que fazer algumas mudanças,

JU - Na sua opinião, quais os principais avanços alcançados durante o primeiro semestre do CFI?

JU – Com o fim deste primeiro semestre será necessário fazer algum ajuste na estrutura e no funcionamento do CFI?

Em entrevista ao Jornal da UFOPA, a diretora do

Centro de Formação Interdisciplinar (CFI), Profa.

Dóris Santos de Faria, faz um balanço da atuação

do Centro no primeiro semestre de 2011 e destaca

também o papel do CFI na construção do projeto

da UFOPA.Por: Lenne Santos

O CFI é a unidade acadêmica que

realiza o primeiro passo numa

abordagem interdisciplinar,

institucional

Fo

to: L

uci

an

a L

ea

l