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ano XV | nº 64 | agosto de 2013 - distribuição gratuita Saúde Terapia de larvas no HUOL para pacientes diabéticos Página 5 Museu Diversidade artística no espaço virtual administrado pelo NAC Página 12 História Foco no presente e luta pela regulamentação da profissão Página 11 Caminhos Presentes em Perobas Professores, alunos e comunidade trocam experiências para cuidar do meio ambiente e promover geração de renda Páginas 6 e 7

Jornal da UFRN - Agosto de 2013 - Ano XV nº 64

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Professores, alunos e comunidade de Perobas trocam experiências para cuidar do meio ambiente (pp. 6 e 7), Terapia de larvas no HUOL para pacientes diabéticos (p. 5), Diversidade artística em espaço virtual administrado pelo NAC (p. 12), Foco no presente e luta pela regulamentação da profissão de historiador (p. 11).

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Page 1: Jornal da UFRN - Agosto de 2013 - Ano XV nº 64

DISTRIBUIÇÃO

GRATUITA

ano XV | nº 64 | agosto de 2013 - distribuição gratuita

Saúde

Terapia de larvas

no HUOL para

pacientes diabéticos

Página 5

Museu

Diversidade artística

no espaço virtual

administrado pelo NAC

Página 12

História

Foco no presente e luta

pela regulamentação

da profissão

Página 11

Caminhos Presentes em Perobas

Professores, alunos e comunidade trocam experiências para

cuidar do meio ambiente e promover geração de renda

Páginas 6 e 7

Page 2: Jornal da UFRN - Agosto de 2013 - Ano XV nº 64

Por Sirleide Pereira

Todos os meses, cerca de 40 mil endereços eletrônicos recebem, regularmente, uma média de oito

edições do Boletim Especial da Univer-sidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Trata-se de uma das mídias digi-tais editadas pela Agência de Comunica-ção (AGECOM) da UFRN, diferenciada em sua cobertura jornalística. O Boletim Especial circula em duas edições sema-nais, destacando fatos que se sobressaem no dia a dia da melhor instituição pública de ensino e pesquisa das regiões Norte e Nordeste do Brasil – a UFRN.

A expansão da UFRN nos últimos cinco anos, com a criação de novos cur-sos de graduação, de pós-graduação e a ampliação do número de projetos de ex-tensão e de pesquisa, gerou uma demanda crescente, interna e externa, por informa-ção acerca da Universidade. O fato levou a AGECOM a redimensionar as mídias institucionais e, entre as ações desenvolvi-das, está a criação do Boletim Especial.

Temas como educação, saúde, tecnolo-gia, cidadania, meio ambiente, ensino, pes-quisa e extensão são abordados. O Boletim Especial tem contribuído para amplificar a divulgação do trabalho de produtores de conhecimento, como cientistas, pesquisa-dores, docentes, gestores e demais atores envolvidos no cotidiano da UFRN.

A proximidade entre os produtores de informação e os divulgadores, que convivem na mesma Instituição, facilita o contato entre fonte de informação e divulgador e gera uma relação de aproxi-mação e confiança entre as partes, facili-tando a construção da pauta do veículo em questão.

Os receptores do volume de informa-ção publicada pelo Boletim Especial da

UFRN são profissionais das comunidades acadêmica e midiática brasileira, pesqui-sadores, cientistas e os internautas assi-nantes do veículo.

A receptividade ao novo formato, tanto por parte das fontes, quanto dos usuários de informação tem sido positiva, conforme avaliam o Diretor da AGECOM, professor Francisco de Assis Duarte Guimarães e a Editora do Boletim Especial, jornalista Ju-liana Sampaio Pedroso de Holanda.

credibilidadeO professor Rafael Aroca, por exem-

plo, já foi fonte para matéria veiculada pelo Boletim Especial. Ele diz que vê as mídias digitais como instrumentos importantes e relevantes porque disseminam ações, eventos e acontecimentos gerais da UFRN

entre a comunidade interna e externa. So-bre o Boletim Especial declarou que “Após a divulgação de um de meus trabalhos no Boletim Especial da AGECOM, diversos repórteres entraram em contato e várias matérias foram feitas”.

A professora Maria Angélica Aires Gil, Psicóloga da Pró-Reitoria de Assuntos Es-tudantis da UFRN, apresenta visão idên-tica a respeito do veículo. “São matérias es-clarecedoras que revelam coisas e assuntos em seus detalhes, muitos deles desconhe-cidos pela maioria acadêmica ou talvez, de conhecimento parcial”.

A missão de manter a regularidade da

circulação do veículo, coube à jornalista Juliana Holanda. Em janeiro de 2013, ela assumiu a editoria do Boletim Especial. Satisfeita com a realização do trabalho ela comenta: “À medida que assuntos e fontes vão sendo divulgados, aumenta a procura de quem não foi pautado em falar para o veículo. Muitos setores da UFRN nos têm procurado para sugerirem cobertura jor-nalística para o Boletim”.

Por sua vez, o professor Francisco Du-arte afirmou: “Recebemos essa demanda como aplausos ao esforço de uma grande equipe, materializado em cada edição que disponibilizamos para os internautas”.

Jornal da UFRN

EXPEDIENTEReitora Ângela Maria Paiva CruzVice-reitora Maria de Fátima Freire de Melo XimenesSuperintendente de Comunicação José Zilmar Alves da CostaDiretor da Agência de Comunicação Francisco de Assis Duarte GuimarãesEditora Enoleide FariasJornalistas Antônio Farache, Cledna Bezerra, Enoleide Farias, HellenAlmeida, Juliana Holanda, Luciano Galvão, Marcos Neves Jr., Regina Célia CostaFotógrafos Anastácia Vaz e Wallacy MedeirosRevisoras Regina Célia Costa e Karla Jisanny (bolsista)Fotos de capa Cedidas / Projeto Caminhos do Presente

Diagramação Setor de Artes/ComunicaBolsistas de Jornalismo Auristela Oliveira, Catarina Freitas, Gaston Poupard, Ingrid Dantas, João Paulo de Lima, Júnior Marinho, Kalianny Bezerra, Natália Lucas, Rozana Ferreira, Silvia Paulo, Thyara DiasBolsista de Letras Karla JisannyArquivo Fotográfico Saulo Macedo (bolsista)Endereço Campus Universitário - Lagoa Nova, Natal/RN - CEP 59072-970Telefones (84) 3215-3116/3132 - Fax: (84) 3215-3115E-mail [email protected] – Home-page www.ufrn.brImpressão EDUFRN Tiragem 3.000 exemplares

ano XV | nº 64 | agosto de 20132

Boletim Especial utiliza meio digitalpara ampliar divulgação da UFRN

COMUNICAÇÃO

Page 3: Jornal da UFRN - Agosto de 2013 - Ano XV nº 64

da redação

É consenso a afirmação de que ne-nhuma gestão de Recursos Huma-nos terá sucesso se, entre as suas

práticas, não estiver incluído o reconhe-cimento. Por reconhecimento, entende-se o ato de destacar o desempenho do colaborador, valorizando-o e dando-lhe legitimidade perante sua equipe.

Quem é reconhecido percebe-se como um elemento importante do pro-jeto empresarial/institucional e tem aumentados os sentimentos de auto-confiança e pertinência à empresa. O desafio está em acertar a dose do “mui-to obrigado”.

A busca da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (PROGESP) da Universi-dade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) por uma maneira de agradecer aos servidores da Instituição resultou no Projeto Somos UFRN, que realiza ex-posições de fotografias, sessões de lam-be-lambe, eventos artísticos e atividades em redes sociais.

No dia 25 de abril aconteceu a primeira edição do projeto, no pátio da Reitoria, com mostra de fotografias e apresentação musical do grupo Acorde, da Escola de Música da UFRN.

Segundo sua idealizadora, a jornalis-ta Ângela Almeida, o Somos UFRN quer contar histórias profissionais para trans-formar, por um momento, a atividade acadêmica ou técnica numa estética do pensar a vida no trabalho, o trabalho na vida. “O mesmo servidor que pertence a uma estrutura de cargos, carreiras,

regimes de trabalho, também é um in-divíduo que sonha, deseja, erra, acerta, ama, odeia, tem certezas e incertezas, co-menta. Assim, dentro do Somos UFRN as histórias são humanas, são contadas pelo víeis do conhecimento”.

A iniciativa faz parte do programa Qualidade de Vida - Viver em Harmo-nia, da PROGESP. Segundo a pró-reitora de Gestão de Pessoas, Mirian Dantas, o projeto vai percorrer todos os setores da Universidade: “a cada edição visita-remos uma unidade diferente e todas as pessoas poderão participar”.

Neste mês de agosto, entre os dias 7 e 9, o Centro de Tecnologia (CT) foi o primeiro centro acadêmico a receber a edição itinerante do projeto. Gestores, docentes, técnicos e alunos participa-ram do evento que ocupou os corre-dores da unidade.

Daniel Diniz, diretor do CT, para-benizou a iniciativa e disse esperar que “todos sintam-se representados por essa exposição”, referindo-se à mostra de fotografias de servidores vinculados ao Centro. A pró-reitora Mirian Dantas fez referência à diversidade de pessoas que são retratadas pelo projeto, com dife-rentes funções, cargos ou vínculos, mas todos com um ponto em comum: “eles fazem parte da mesma Instituição”.

A reitora Ângela Paiva Cruz lem-brou que a gestão atual havia elegido um programa estruturante chamado Gestão de Pessoas e Qualidade de Vida como uma de suas metas e que ações como essa faziam parte do programa. O princípio básico, disse, é a valoriza-ção do humano. “Nós queremos fazer a história e o registro dessa história. Va-

lorizar a pessoa é algo muito relevante para nós”.

concurso FotográFicoUma nova etapa do Projeto Somos

UFRN começou, também neste mês, com o lançamento do Concurso de Fotografia para a comunidade acadêmi-ca. Para participar não é necessário ser fotógrafo profissional, ressalta Miriam Dantas. “Basta fotografar a UFRN que existe em seu coração”, recomenda.

As fotografias devem retratar o mo-mento de trabalho com o qual o servi-dor mais se identifica, o lugar na Uni-versidade que ele mais gosta ou mesmo a paisagem da UFRN que mais aprecia.

O concurso é aberto para servidores docentes e técnico-administrativos (in-cluindo os aposentados), além de alu-nos, maiores de 18 anos, da UFRN. Cada candidato poderá inscrever até três foto-grafias que, após postadas no Facebook do Projeto Somos UFRN (www.face-book.com/SomosUfrn), serão votadas até 15 de outubro de 2013.

O resultado final será divulgado até o dia 28 de outubro. Os vence-dores das três melhores fotografias serão premiados. O material deve ser enviado seguindo as instruções do edital, disponível no site da PROGESP (www.progesp.ufrn.br), para o e-mail: [email protected].

Projeto Somos UFRN reconhececontribuição de servidores à Instituição

GESTÃO DE PESSOAS

ano XV | nº 64 | agosto de 20133Jornal da UFRN

reitora Ângela Paiva: o princípio básico é a valorização do humano

Fotos: Cícero oliveira

anas

tácia

Vaz

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Jornal da UFRN ano XV | nº 64 | agosto de 2013

NOTASHomenagemo Conselho Universitário (CoNSUNi) da UFrN concederá títulos de Professor emérito aos docentes arnon alberto Mascarenhas de andrade e Neide Varela Santiago, pela dedicação à educação e à extensão na UFrN. Direçãoa bibliotecária ana Cristina Tinoco deixou a direção da Biblioteca Central Zila Mamede da UFrN, sendo substituída por Magnólia Carvalho, que respondia pela vice-direção e que também é bibliotecária. Também tomou posse a vice-diretora, Marta Nascimento, que respondia pela divisão de apoio ao usuário.

Transparênciaa Fundação Norte-riograndense de Pesquisa e Cultura (FUNPeC) anuncia que em breve estará operando um novo sistema de informação - SiG-Fundação. Uma das grandes novidades do software será o Portal da Transparência – ambiente em que serão publicadas informações financeiras da instituição. LoucuraPesquisadores do instituto do Cérebro (iCe) da Universidade Federal do rio Grande do Norte (UFrN) publicaram na revista britânica Scientific reports artigo científico em que descrevem alterações no cérebro durante um episódio de psicose. o artigo pode ser acessado na íntegra em: http://www.nature.com/srep/2013/130802/srep02348/full/srep02348.html. Santa a padroeira do município de Santa Cruz/rN, é tema de dissertação de mestrado no CCHla. “(Santa) rita de Cássia na boca do povo de Santa Cruz/rN: identidades culturais em construção” é o título do trabalho da mestranda, Magda renata Marques diniz, do Programa de Pós-Graduação em estudos da linguagem (PPgel) da UFrN. a apresentação acontece na sexta-feira, 30 de agosto, às 9h, no CCHla.

Nóserramos a assinatura da entrevista com a coordenadora do ProFleTraS, Maria da Graça Soares rodrigues, na edição de julho. a entrevista é da jornalista enoleide Farias e do bolsista de jornalismo Júnior Marinho.

Por lUCiaNo GalVão

O Bacharelado em Turismo da Uni-versidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) irá colaborar

com um projeto que visa a descobrir atra-tivos turíscos dispersos pelos bairros de Natal. O “Projeto Anfitrião”, iniciativa da Secretaria Municipal de Turismo e De-senvolvimento Econômico (SETURDE) quer diversificar as opções ofertadas aos visitantes da capital potiguar e formalizar pequenos empreendimentos comerciais da cidade.

Em sua primeira etapa, a ação consiste na elaboração de um inventário turístico – levantamento que identifica a disponibi-lidade de atrativos, serviços, infraestrutura, meios de acesso, fornecedores, clientes e características socioeconômicas de uma localidade. Para tanto, serão aplicados questionários em que serão registrados endereço, produtos oferecidos e potencial turístico dos estabelecimentos pesquisados.

Após a preparação do inventário, um trabalho em parceria com entidades do terceiro setor deverá prestar assessoria para a formalização de negócios cataloga-dos que não estejam em situação regular. Ao fim, serão confeccionados um portal e um guia, que deverão apresentar os novos pontos encontrados na sondagem e su-gerir roteiros alternativos aos visitantes.

A aplicação dos questionários será re-alizada por alunos de instituições públicas de ensino superior, entre elas, a UFRN. Se-gundo Carlos Humberto Porto, coordena-

dor do curso de Turismo da Universidade Federal, é importante que a graduação interaja com órgãos da Administração Pública para inserir seus estudantes no mercado de trabalho e para colaborar com a execução de atividades.

“Em Burgos, na Espanha, – onde estive há pouco tempo – todos os projetos da ci-dade são desenvolvidos pela universidade local através de empresas juniores”, exem-plifica o professor. “Às vezes nossa Univer-sidade é muito hermética, mas o conhe-cimento produzido na academia não pode ficar só na academia”, defende.

Para Leilianne Barreto, vice-coordena-dora do curso, parcerias com órgãos pú-blicos podem criar oportunidades para os estudantes. “Muitos alunos têm vontade de trabalhar onde possam participar na definição de políticas públicas, mas não têm espaço. É importante que haja essa in-teração”, avalia.

De acordo com Carlos Porto, a partici-pação da UFRN confere também credibi-lidade às propostas apresentadas por go-vernos e prefeituras. “Quando as pessoas sabem que a Universidade está em uma ação elas confiam mais, porque sabem que é algo sério”.

MetasConsultor da SETURDE e coordena-

dor do Projeto Anfitrião, Carlos Sodré explica que o objetivo da iniciativa é cata-logar duzentos novos empreendimentos na capital. O consultor avalia que a cidade tem grande potencial para ampliar a per-manência de seus visitantes, caso diversi-fique a oferta de roteiros.

“Muitas vezes o turista vem a Natal mas não conhece Natal. O novo turista procura a experiência: ele quer fazer as coisas que o natalense faz”, explica Sodré. “Queremos promover a integração da cidade com o turista e do turista com a cidade”.

Para o secretário municipal de Tu-rismo e Desenvolvimento Econômico, Fernando Bezerril, a cidade precisa pro-curar alternativas para prolongar a estadia dos visitantes. “Natal não é apenas sol e mar. Se mostrarmos isso aos turistas, cria-se um ganho econômico”, afirma.

O titular da SETURDE considera “da maior importância” a colaboração da Uni-versidade Federal do Rio Grande do Norte com o Projeto Anfitrião. “Nossa vontade é que a Universidade ande de mãos dadas com o turismo de Natal”, declara.

cursoO Bacharelado em Turismo da UFRN

forma profissionais capacitados em plane-jamento, análise e estudo de possibilidades turísticas. A graduação contempla conteú-dos de variadas áreas do conhecimento, como Administração, Economia, Direito, Geografia, História, Antropologia e Co-municação.

Atuante nos setores público e privado, o profissional de Turismo pode exercer atividades em segmentos técnicos ou cul-turais, além de prestar consultoria para empreendimentos, eventos, e setores de recreação e lazer. Para o egresso da gradu-ação, há também a possibilidade de de-senvolver pesquisas e atuar em centros de documentação, planejamento de marke-ting e vendas turísticas.

Bacharelado em Turismo participa de projeto para identificar e valorizar atrativos nos bairros de Natal

EXTENSÃO

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Carlos Porto, coordenador do curso de Turismo, discute projeto com secretário de Turismo e desenvolvimento de Natal, Fernando Bezerril

Wallacy Medeiros

Page 5: Jornal da UFRN - Agosto de 2013 - Ano XV nº 64

Por JúNior MariNHo

Desbridamento Biológico. Esse termo científico que, embora pareça frio e distante do nosso

cotidiano, dá nome a um tipo de trata-mento que garante aos pacientes aco-metidos por feridas de difícil cicatriza-ção, uma melhor qualidade de vida, por meio de um procedimento menos agres-sivo, barato e eficaz.

O Desbridamento Biológico con-siste na utilização de larvas estéreis da mosca Crysomya megacephal, espécie de varejeira comum em Natal. As larvas das moscas, após coleta, criação e este-rilização em laboratório, são colocadas e mantidas nas feridas por um período de 48 horas, com o objetivo de eliminar, a penas, o tecido morto preservando em sua totalidade, a parte viva.

Essa terapia está sendo aplicada e estudada dentro do projeto “Uso da te-rapia larval no tratamento de úlceras de difícil cicatrização em pacientes no Hos-pital Universitário Onofre Lopes” desen-volvido desde 2011, por uma equipe do Departamento de Microbiologia e Para-sitologia (DMP) juntamente com uma Comissão de Curativo do Hospital Uni-versitário Onofre Lopes (HUOL), ambos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

A coordenadora do projeto e profes-sora da UFRN, Renata Antonaci Gama explica que a prática do Desbridamento Biológico é muito antiga e, atualmente, utilizada como rotina em países da Eu-ropa e dos Estados Unidos. “Aqui no Brasil há apenas registro de pesquisas com animais, o que torna o nosso projeto pioneiro na implantação dessa terapia em pacientes”, afirma.

O tratamento de rotina para a elimina-ção da pele necrosada de feridas, é comu-mente realizado de forma mecânica, por meio de raspagem utilizando um bisturi. No entanto, ao raspar a pele morta, parte do tecido vivo também se perde, pois não há como separar os dois, o que torna essa prática muito agressiva e dolorosa para o paciente. Outro meio é a utilização de curativos à base de substâncias como a prata, procedimento que despende um custo altamente elevado.

São justamente esses fatores que tor-nam a terapia larval uma alternativa mais viável, tanto do ponto de vista econômico quanto científico. Desde 2011, o HUOL já

realizou este tipo de procedimento em 5 pacientes e está partindo para o sexto. “Eu trato feridas há 25 anos, e nunca vi in loco uma forma de limpeza seletiva como esta. Além da vantagem das larvas dissemi-narem no leito da ferida substâncias que matam micro-organismos, mesmo aqueles muito resistentes, o que evita o uso exces-sivo de antibiótico” assegura a enfermeira do HUOL, Julianny Barreto Ferraz.

rotina de trataMentoA escolha dos pacientes é feita pela

enfermeira do HUOL e tem sido criteri-osa, selecionando apenas os casos especí-ficos de úlceras da Diabetes, por ser uma doença muito danosa, com propensão a amputações. Após o esclarecimento do projeto junto ao paciente e sua aceitação, é assinado um Termo de Livre Consenti-mento resguardado pelo Comitê de Ética do HUOL.

Depois, começam os procedimentos de enfermagem para dar início ao trata-mento. A ferida é medida e feito o cálculo para saber quantas larvas devem ser uti-lizadas. Realiza-se uma limpeza da parte infeccionada, seguida pela coleta de uma amostra que irá revelar os micróbios e

bactérias presentes na ferida, ainda no HUOL.

De posse das amostras, os estu-dantes da equipe que compõem o projeto, realizam a cultura das larvas, conservação das moscas e o Teste de Sensibilidade a Anti-microbianos no Lab-oratório de Micro-bactérias do DMP, no Centro de Biociências do Campus Uni-versitário. É esse processo que irá garan-tir a esteri-lidade e com-patibilidade de tratamento.

“Nos pro-cedimentos de-senvolvidos no ex-terior o laboratório de conservação fica dentro do próprio hos-pital onde ocorrem os tratamentos. Há um Depar-

tamento de Entomologia, laboratórios que produzem essas larvas em larga es-cala. Nossa expectativa é conseguir finan-ciamento para implantar um laboratório melhor equipado no próprio HUOL”, co-menta a estudante que compõe a equipe, Marília Augusta Rocha.

A aplicação das larvas e o tratamento podem ser realizados tanto no HUOL, quanto em domicílio, na residência dos pacientes selecionados. Isso irá depen-der do quadro de saúde apresentado pelo participante da terapia. Como o trata-mento é realizado em feridas de difícil cicatrização, são realizadas reaplicações até a limpeza total da área afetada.

expectativasAté o momento, a terapia já foi de-

senvolvida junto a cinco pacientes com histórico de Diabetes. E está se encami-nhando para o sexto, Adir de Lima, 73, que já perdeu dois dedos e o ante-pé. De acordo com Renata Antonaci, todos os tratados melhoraram significativamente o quadro de evolução das feridas.

A expectativa da equipe é de que a te-rapia larval seja vista como um procedi-mento eficaz e que possa ser implantada como procedimento de rotina no HUOL e, também, divulgar a padronização da terapia larval junto à comunidade, à aca-demia e a profissionais de saúde.

ano XV | nº 64 | agosto de 20135Jornal da UFRN

SAÚDE

Tratamento de úlceras à base de terapia larval desenvolvido no HUOL é pioneiro no Brasil

anastácia Vaz

renata Gama, Marília Pinheiro e Julianny Ferraz integram equipe de atendimento do HUol

larvas matam micro-organismos, mesmo os

muito resistentes

Cedida

Page 6: Jornal da UFRN - Agosto de 2013 - Ano XV nº 64

Por JUliaNa HolaNda

Gerar renda para a comunidade, preservar o meio ambiente, prote-ger os recifes de corais e contribuir

para o desenvolvimento social. Objetivos que levaram à criação do programa de extensão da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Caminhos do Presente.

A vila de Perobas, localizada no lito-ral norte potiguar, é o epicentro das ativi-dades do projeto. Hoje, uma vila de pesca-dores, Perobas está cotada para se tornar em breve um importante destino turístico.

Os motivos para a inclusão da comu-nidade em rotas turísticas são as dunas e praias preservadas e o parracho de Rio do Fogo, que apresenta a maior biodiver-sidade entre os recifes de corais da região. “É um dos parrachos mais belos que já vi”, afirma a turismóloga e professora do Departamento de Ciências Sociais e Hu-manas do Centro de Ensino Superior do Seridó da UFRN, Clébia Bezerra da Silva.

Uma das coordenadoras do projeto, Clébia Silva explica que há a preocupação em preparar a comunidade para receber os turistas. “O local é muito simples. Se as pessoas não estiverem organizadas, pode haver vários efeitos negativos nos setores ambiental e social, como já aconteceu em outros municípios do estado”, defende.

Os trabalhos nos parrachos do nor-deste potiguar começaram há mais de dez anos. Com foco na preservação dos recifes, a equipe já atuou no desenvolvimento de ecotrilhas em dunas com guias locais para

ampliar o interesse turístico pela região e para gerar renda para a comunidade.

Professor do Departamento de Geolo-gia, o coordenador e idealizador do pro-jeto é o geólogo Ricardo Farias do Amaral. Ele enfatiza a importância de trabalhar na geração de renda usando o meio am-biente de maneira positiva. “Se as pessoas valorizam o lugar onde moram e passam a ganhar dinheiro explorando o potencial turístico, a preservação ambiental passa a ser algo natural e necessário”, analisa.

FotograFia e vídeoPara aumentar a autoestima da popu-

lação de Perobas, o coordenador Ricardo

Amaral resolveu trabalhar com as ima-gens do lugar. Para isso, foi criado o curso “Foto, Vídeo e Meio Ambiente”, que con-tou com a participação de estudantes da UFRN de várias áreas do conhecimento.

Primeiro, os alunos da UFRN pas-saram por oficinas de fotografia e de vídeo. Depois, o grupo foi para Perobas produzir imagens e filmes tendo como tema a rela-ção entre o homem e o meio ambiente. “Assim trabalhamos a responsabilidade social, o respeito ao meio ambiente e nos aproximamos da comunidade. Foi fan-tástico”, avalia Amaral.

As fotografias e os vídeos retrataram o dia a dia de Perobas e tiveram a partici-

pação de moradores da vila. “Fizemos fil-mes de ficção, documentários, retratamos lendas locais e recontamos a história do povoado”, conta um dos participantes do projeto, o aluno do 5º período de Geologia da UFRN, Helio Fernando Maziviero.

Estudante do 8º período de Ecologia da UFRN, Maryane Christina Silva Damasce-no Ferreira nunca havia participado de um projeto de extensão. Após trabalhar com a comunidade, Maryane acredita que sua posição perante o mundo mudou. “Meu o lhar é outro. A experiência que tive em Perobas me tornou uma pessoa mais atu-ante e preocupada com a sociedade”, afirma.

Para sua colega de turma, Priscila Ri-beiro de Araújo a parte mais gratificante do programa foi o interesse das pessoas de Perobas pelo trabalho da equipe. “A participação da comunidade foi intensa e houve uma troca de experiências muito importante”, descreve.

coMunidadeNatural de Perobas, Jarinaide Nasci-

mento da Silva participou das gravações. Mãe de um garoto de nove anos, Jarinaide acredita que a presença da UFRN na vila foi muito boa para o desenvolvimento dos jovens. “O projeto deu a oportunidade para eles acreditarem que um dia poderão ser o que eles sonham”, comenta.

Diretora da Escola Municipal Geraldo Ferreira da Costa, Solange Rodrigues da Silva Marques já percebeu uma mudança de comportamento das crianças. “Eles fi-caram mais desinibidos. O interesse e a participação nas aulas melhoraram”, diz.

A opinião é compartilhada pela profes-sora da escola municipal Maria do Livra-

ricardo amaral: trabalhamos com responsabilidade social e respeito ao meio ambiente

ano XV | nº 64 | agosto de 20136Jornal da UFRN

MEIO AMBIENTE

Programa Caminhos do Presente trabalha questão ambiental em comunidade com potencial turísticoCedida

Confira o material produzido pelos estudantes da UFrN em Perobas: Vídeos: https://vimeo.com/album/2389494 Fotos: https://plus.google.com/photos/117169214636565406339/albums/5755007746244726481?authkey=CiWW8rKU_Z30rge

Sérgio arantes Sérgio arantes Maryane Ferreira

Page 7: Jornal da UFRN - Agosto de 2013 - Ano XV nº 64

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mento do Nascimento que define o projeto como “um presente de Deus”. A profes-sora comenta que as pessoas passaram a entender a importância de resgatar raízes culturais. “As crianças vão crescendo e precisam de um referencial para construir sua identidade”, avalia.

exibiçõesPara marcar o fim das atividades com

fotos e vídeos, a equipe do projeto Cami-nhos do Presente realizou uma exposição fotográfica e uma exibição pública dos filmes na comunidade. As apresentações contaram com a presença das pessoas que haviam participado do projeto e famili-ares, possibilitando a um grande número de moradores conhecer a atuação da UFRN no local.

O professor do Departamento de Co-municação Social da UFRN, Ruy Alkmim

Rocha Filho acredita que as exibições pos-sibilitaram que os habitantes de Perobas vissem a própria realidade de uma forma diferente. “Ao ver sua comunidade nas imagens e no projetor, as pessoas ficaram mais integradas com o ambiente em que vivem”, analisa.

educação aMbientalA próxima fase do projeto Caminhos

do Presente é investir no apoio à educação ambiental. Para isso, estão sendo criadas atividades didático-pedagógicas adequa-das à realidade local.

A equipe da UFRN pretende cola-borar com ações para que crianças e jo-vens de Perobas se tornem defensores do meio ambiente. “Conhecer o lugar onde se mora e gostar dele é o primeiro passo para preservá-lo”, destaca o professor Ri-cardo Amaral.

Programa Caminhos do Presente trabalha questão ambiental em comunidade com potencial turístico

7Jornal da UFRN ano XV | nº 64 | agosto de 2013

exibições públicas promovem maior integração entre a comunidade e o ambiente

ricardo amaral

ricardo Moreira

Maryane Ferreira

Page 8: Jornal da UFRN - Agosto de 2013 - Ano XV nº 64

Por roZaNa Ferreira

“Um país se faz com homens e livros”. Uma das frases mais conhecidas de Monteiro Lo-

bato traz reflexões a respeito da importân-cia do livro na formação do caráter de uma nação. E da necessidade de manter viva a história dos livros didáticos brasileiros nasce a ideia do Memorial PNLD.

O Ministério da Educação (MEC) con-vidou os Departamentos de História e de Biblioteconomia – atual Departamento de Ciências da Informação - da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), entre os anos de 2010 e 2011, para um pro-jeto inovador e audacioso: a construção do Memorial do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD).

Todo o processo durou 18 meses e só foi possível devido a scanners de alto de-sempenho, comprados com recursos via-bilizados pelo MEC, fazendo uma média de 90 páginas por minuto. Inicialmente foram desenvolvidas as seguintes ativi-dades: higienização, catalogação e digi-talização de todas as obras avaliadas pelo PNLD. As tarefas foram separadas de acordo com especificidades de cada curso.

“Os alunos de história ficaram res-ponsáveis pela higienização e os de bi-blioteconomia trabalharam no processo de catalogação, já que eles possuem cri-térios e métodos para a organização”. Na digitalização houve revezamento entre os alunos dos dois cursos, conta Wendell de Oliveira Souza, que além de ser bolsista do projeto, escreveu um artigo com Jandson Bernardo Soares sobre o memorial.

Fazem parte desse Memorial os livros didáticos, compostos por livro do aluno e manual do professor, avaliados de 1997 a 2010, das disciplinas de Ciências, Geo-grafia, História, Língua Portuguesa e Matemática; os Guias do PNLD, os quais divulgam os livros que foram aprovados; os editais de avaliação, documentos que regem o processo avaliativo e as fichas de

avaliação, preenchidas pelo parecerista que avaliou a obra.

Para Margarida Dias, do Departa-mento de História da UFRN, o memorial PNLD é uma fonte preciosa de pesquisa com extrema relevância para as licenciatu-ras de uma forma geral, bem como para os cursos de mestrado profissional. Sua importância se dá, segundo a professora, na constituição de uma base de dados para estudos, além da manutenção da memória desse projeto nacional (PNLD), mantendo o material de forma resguardada.

Margarida lembra que o memorial não está restrito apenas ao curso de história e deseja que outros grupos de pesquisa co-nheçam e utilizem o acervo, para que haja uma integração nas diversas áreas de co-nhecimento, tendo em vista que o mate-

rial é utilizado, em sua maioria, apenas por pesquisadores externos e alunos do curso de história.

O memorial PNLD já foi consul-tado por estudiosos de todas as partes do Brasil e do mundo. Com apenas um ano e meio, atendeu à demanda da Uni-versidade Estadual de Campinas (UNI-CAMP), de pesquisadores do Estado da Paraíba, de um grupo de Sergipe que trabalha com livros didáticos e até da embaixada do Japão.

Para ter acesso, é necessário um agendamento prévio. Não é possível le-var a obra inteira, apenas 10% dela, após a assinatura do termo de compromisso no qual consta que a sua utilização é apenas para fins de pesquisa. As obras não podem ser colocadas para consulta na internet

pois as editoras não autorizam sua divul-gação, salvo no caso do memorial.

O Memorial divide-se em suporte físico - com CDs e livros impressos, todos organizados com editais e pareceres - e o suporte virtual, em computadores loca-lizados no Departamento de História da UFRN para acesso dos pesquisadores. O MEC também possui cópia do material digitalizado para futuras consultas.

pnldO PNLD tem como principal objetivo

subsidiar o trabalho pedagógico dos profes-sores por meio da distribuição de coleções de livros didáticos aos alunos da educa-ção básica. Após a avaliação das obras, o MEC publica o Guia de Livros Didáticos com resenhas das coleções consideradas aprovadas. O guia é encaminhado às es-colas, que escolhem, entre os títulos dis-poníveis, aqueles que melhor atendem ao seu projeto político-pedagógico.

Esse trabalho é executado em ciclos trienais alternados. Assim, a cada ano o MEC adquire e distribui livros para to-dos os alunos de um segmento, que pode ser: anos iniciais do ensino fundamental, anos finais do ensino fundamental ou en-sino médio.

serviçoO Memorial PNLD está localizado

no Departamento de História, nas salas 809 e 810, e pode ser consultado medi-ante agendamento prévio pelo telefone da secretaria do departamento (3342-2246), com Gerson ou Márcio. Também é ne-cessário estar ciente das seguintes normas: as pesquisas devem ser realizadas nos ar-quivos digitais e, só em última instância, no acervo em suporte de papel.

Só é permitido fazer a cópia digital - uma vez por pesquisador - de apenas 10% do total de material selecionado. Para pro-ceder às cópias do material é necessário fornecer a mídia, encaminhar o trabalho final resultante da pesquisa em contri-buição ao memorial e entregar uma cópia do trabalho na íntegra em PDF.

UFRN abriga memorial de livros didáticos e institui importante fonte de pesquisa para professores e estudantes

INFORMAÇÃO

ano XV | nº 64 | agosto de 20138Jornal da UFRN

acervo já foi consultado por estudiosos de todas as partes do Brasil e do mundo

Fotos: anastácia Vaz

Memorial PNld fica no departamento de

História, no CCHla

Page 9: Jornal da UFRN - Agosto de 2013 - Ano XV nº 64

Por GaSToN PoUPard

A indústria da cerâmica possui uma grande dependência da lenha, matéria-prima básica que serve

para o alimento do fogo dos fornos usa-dos para solidificar a argila na produção de produtos cerâmicos como telhas, pisos e forros. Caso a lenha venha a faltar, todo o processo de fabricação da indústria cera-mista pode parar, causando inúmeras con-sequências socioeconômicas negativas.

Pensando nessa problemática, a pro-fessora de Engenharia Florestal, Rosimeire Cavalcante dos Santos, da Escola Agrícola de Jundiaí (EAJ) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), idea-lizou um projeto científico com intuito de atender às necessidades da indústria cera-mista da região do Seridó, no sertão po-tiguar, de forma sustentável.

A pesquisa é voltada para a produção da biomassa como fonte de fornecimento de energia por meio do manejo sustentá-vel da lenha. Segundo Rosimeire Santos, a relevância está no fato de que na região do Seridó, o setor cerâmico é o responsável pela força motriz econômica local.

Após observar esse cenário na região do Seridó, Rosimeire Santos, junto com a pesquisadora geógrafa e especialista em Gestão Ambiental Urbana pela UFRN,

Andréa Karina Batista, iniciou a procura de soluções reais e viáveis que venham a atender à demanda de fontes de biomassa da indústria ceramista potiguar.

Recentemente, o trabalho foi reconhe-cido pela Fundação de Apoio à Pesquisa do RN (FAPERN) com a premiação na categoria de Jovem Mulher Cientista, que tem por objetivo reconhecer trabalhos de interesse para o desenvolvimento do RN

no campo

científico, tecnológico e cultural.Rosimeire Santos ressalta que no

Seridó quase já não existe mais as áreas de manejo florestal, que são áreas de re-florestamento voltado para a produção da matéria-prima. Ela lembra que a região já está sendo atinginda pelo fenômeno da desertificação causada por anos de explo-ração intensa e inapropriada.

Devido à escassez da matéria-prima, muitos ceramistas optam por comprar lenha de outros estados, na tentativa de evi-

tar uma parada brusca da indústria de cerâmica, que é sus-

tentada por uma frágil base.Andréa Karina conta que existe uma

solução em médio prazo que pode substi-tuir a lenha. É o chamado briquete. Trata-se da composição de diferentes tipos de madeira que, assim como a lenha, aquece os fornos. No entanto, o planejamento de áreas de manejo florestal sustentável na região é ainda a melhor solução para evi-tar um possível cenário de desaceleração da indústria ceramista.

A docente e a aluna afirmam que a lenha sofre pressão como matéria-prima, pois precisa acompanhar o ritmo acelerado de produção de cerâmica. Apesar de pos-suir pouca lenha para queimar, a indústria ceramista cresce anualmente, alavancada pelo setor da construção civil tanto no inte-rior quanto na capital do estado.

Outro ponto questionado por Rosi-meire Santos se trata da maneira ultra-passada de produção com os fornos rudi-mentares e técnicas antigas de fabricação. A pesquisa apresenta novos modelos de fornos industriais projetados para melho-rarem a qualidade, a produtividade, o de-sempenho e a rentabilidade da cerâmica, poluindo menos o ambiente e reaprovei-tando a maior quantidade possível de e nergia proveniente da combustão da queima da lenha, que por vezes se dissipa no ar desperdiçando parte da energia.

De acordo com Rosimeire Santos, mes-mo com todo o processo de modernização das etapas de fabricação, a mão de obra não irá desaparecer deste setor. A pesqui-sadora enfatiza as questões voltadas para a segurança no trabalho, mencionando a relevância de verificar, continuamente, as-pectos ligados à saúde daqueles que traba-

lham diretamente com a indús-tria da cerâmica.

Pesquisa desenvolvida na Escola Agrícola de Jundaíincentiva uso sustentável da lenha na indústria ceramista potiguar

DESENVOLVIMENTO

ano XV | nº 64 | agosto de 20139Jornal da UFRN

andréa Karina: manejo florestal sustentável na região é ainda a melhor solução para evitar desaceleração da indústria ceramista

anastácia Vaz

Rosimeire Santos:“Crescimento do setor ceramista já provoca desertificação na região do Seridó”

Cedida

Page 10: Jornal da UFRN - Agosto de 2013 - Ano XV nº 64

Por KaliaNNy BeZerra

Frutos do mar melhoram o desem-penho sexual. O amendoim e o aspargo aumentam a excitação. A

banana acaba com aquele nervosismo an-tes da hora H. Já o chocolate potencializa a atração entre os apaixonados. Histórias sobre alimento e sexo são antigas, mas será que realmente existem comidas que têm o poder de despertar a libido? Até o mo-mento, teorias acerca dessas relações ainda não foram comprovadas cientificamente.

O que existe, de fato, é a projeção dos alimentos a diversos significados como o afeto, o prazer e as relações carnais. Pode-se falar, então, em uma simbologia que liga o ato de comer ao erotismo.

Na tentativa de compreender melhor essa relação, a estudante do Curso de Nu-trição, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Agnes Félix escolheu o tema para desenvolver em seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).

“Aroma de especiarias e lábios de mel: alimentação e erotismo no Cântico dos Cânticos”, o trabalho mostra a ligação en-tre a comida e o erotismo sustentando-se no texto bíblico, Cântico dos Cânticos. Para isso, foi feita uma análise que permi-tiu uma reflexão sobre a obra e o tema.

A autora da pesquisa, explica que a proposta inicial era falar sobre alimen-tos considerados afrodisíacos e que, aos poucos, outras ideias foram levantadas, modificando a ênfase do trabalho. Foram muitas as conversas com a professora ori-entadora até chegarem a definição final, quando o enfoque passou a ser alimento e simbolismo. A professora Michelle Cris-tine Medeiros, que orientou a pesquisa, é mestre em Ciências Sociais pela UFRN e leciona no Departamento de Nutrição a disciplina Aspectos Socio-antropológicos da Alimentação Humana.

Natural de Caicó, cidade localizada na região Seridó do Rio Grande do Norte, Agnes diz que quando está com sau-dade de casa,

vai ao Shopping Midway Mall para comer bolacha assada. “Isso é simbolismo. É um tipo de associação”, observa.

Explica, ainda, que começou a pensar em como aliar o significado do alimento na ótica do erotismo. “Foi aí que a minha orientadora me indicou o Cântico dos Cân-ticos, um livro com apenas oito capítulos e, que ao ler, percebemos uma relação muito forte entre esses dois tópicos”, conta.

É importante ressaltar que ao produzir o trabalho, foi deixado de lado qualquer referência religiosa, ficando apenas a parte literária da obra para avaliação. Narrati-vas da mitologia grega e romana também foram usadas como estratégia de apoio à discussão.

Como resultados, Agnes encontrou três categorias no Cântico dos Cânticos que poderiam ser elencadas para falar dessa relação entre alimentação e sexuali-dade. A primeira foi o vinho, considerado um facilitador do erotismo. Em seguida, as frutas, que serviam como símbolo da tentação e

da fertilidade, como a romã repleta de se-mentes.

Na explicação da estudante, no texto bíblico a fruta é percebida como uma ale-goria da mulher. Em seu TCC ela exem-plifica: “O esposo, ao deparar-se em mo-mentos de solidão e de desejo, dirige-se à Sulamita recordando as frutas”: ‘Sustentai-me com passas, confortai-me com maçãs, porque desfaleço de amor’’.

O último componente observado foi a forma dos alimentos como símbolo de um convite à continuidade erótica, “um convite ao sexo”. Em Cântico dos Cânticos as fru-tas são tidas como representação do corpo. Esse símbolo é que proporciona a redenção do amor e do desejo entre o casal.

Depois de concluída a pesquisa, Agnes quer agora tentar aproveitar os resultados para melhorar as atividades sobre nutrição alimentar que desenvolve em escolas públicas. “A gente percebeu que esse trabalho pode

ter uma grande utilidade. Essa pesquisa pode ser usada na hora de trabalhar edu-cação e sexualidade”, aponta.

História e síMboloSegundo a professora Michelle, essa

afinidade existente entre comida e sexo vem desde a antiguidade. “Existem muitas histórias sobre essa relação”, diz. “A mais recente a que tive acesso, e que foi uma bela surpresa, foi a obra literária, A prisio-neira”, destaca.

O livro, escrito por Marcel Proust, faz parte da coleção Em busca do tempo perdido e coloca em foco a relação de um homem e de sua amante. Nele, o amor e o ciúme se mesclam ao longo de uma rela-ção marcada por possessividade e insegu-rança, assim os personagens acabam apri-sionados nessa situação.

“Albertine, a companheira do herói da trama, beijava-o todas as noites antes de dormir. Essa língua em sua boca, conta o herói, era como um pão diário que espe-rava faminto”, conta.

Segundo Michelle Medeiros, é impor-tante entender a questão do erotismo para que assim seja possível ligá-lo à comida. Uma história clássica que pode ajudar a compreender tal termo é o Mito do An-drógino, encontrado na obra o Banquete, de Platão. No mito, “Um ser ao conhecer sua incompletude começa a vagar pelo mundo procurado sua outra parte, alguém que o faria se sentir completo”, explica.

Assim, em busca de sua “completude”, o homem teria criado os seus rituais de conquista. O erotismo, portanto, pode ser comparado a um jogo estratégico, em que, por exemplo, a música, a poesia e a comida se constituem as principais armas da conquista.

Estudante do curso de Nutrição da UFRN discute relação entre alimentação e erotismo

SÍMBOLOS

Michelle Medeiros e agnes Félix: conversas ajudaram a definir enfoque final da pesquisa

Wallacy Medeiros

entrevista

ano XV | nº 64 | agosto de 201310Jornal da UFRN

,

Page 11: Jornal da UFRN - Agosto de 2013 - Ano XV nº 64

Por lUCiaNo GalVão

Jornal da uFrn: Qual o papel da as-sociação nacional de História?

Benito Schmidt: É difícil falar de um só papel da Asso-ciação, por que ela tem muitos papéis. Quando começou, em 1961, o foco da ANPUH era o en-sino universitário

de História e por isso, inclusive, no início ela se chamava Associação Nacional dos Professores Universitários de História. Mas esse perfil mudou completamente: pelo menos desde o início dos anos 80, nós também temos em nosso quadro pro-fessores do ensino básico e historiadores que trabalham em espaços do patrimônio, como museus e arquivos. Diante dessa di-versidade de públicos que a ANPUH com-porta, ela também teve que diversificar os seus papéis. Hoje ela é, por um lado, uma organização acadêmica – preocupada com a qualidade e com o desenvolvimento dos estudos históricos no Brasil – e por outro, uma associação de classe profissional.

Por exemplo, nós estamos em uma luta pela regulamentação da profissão de historiador e estamos fazendo todo um trabalho político junto ao Congresso. O projeto já foi aprovado no Senado e es-pera apreciação na Câmara. Também fizemos uma ação junto a professores do Ensino Básico, pela melhoria do ensino de História. Agora, estamos batalhando para que os livros didáticos de História utiliza-dos nos colégios militares sejam avaliados pelo MEC, o que não acontece atualmente. Nós também temos uma luta em relação à preservação das fontes históricas, pois em nosso país os arquivos não têm grandes investimentos. A ANPUH cada vez mais tem tido um papel político de intervenção na sociedade.

JuFrn: Qual a proposta do simpósio nacional de História?

Schmidt: O tema desse Simpósio é

“Conhecimento histórico e diálogo so-cial”. Então a proposta principal é dis-cutir como esse conhecimento, que é produzido principalmente na academia, tem se relacionado – ou não – com os diversos grupos sociais. Será que aquilo que estamos produzindo tem repercu-tido de alguma forma na sociedade?. E mais: será que aquilo que a sociedade demanda tem repercutido no nosso con-hecimento?. O objetivo maior é pensar se nós estamos fazendo um diálogo qualifi-cado com os mais diversos grupos sociais como movimentos populares, espaços de patrimônio, políticas públicas ou a mídia. Esse diálogo que é o foco do evento.

JuFrn: de que maneira os historia-dores podem dialogar com a sociedade?

Schmidt: Primeiramente tentando transmitir o conhecimento que eles pro-duzem, de maneira que atinjam grupos mais diversos. Colegas historiadores es-tão produzindo livros para públicos mais amplos, documentátios, blogs, programas de rádio, exposições e rotas turísticas – uma intersecção interessante com o cam-po de Turismo.

Em segundo lugar, trabalhando dire-tamente junto a comunidades, no sentido de colaborar com as lutas desses grupos. Por exemplo, há his-toriadores que par-ticipam na elaboração de laudos para comu-nidades quilombo-las que reinvidicam a posse da terra, outros que trabalham com comunidades indíge-nas, com a questão do tombamento de de-terminados bens pa-trimoniais, com a Comissão Nacional da Verdade – que tem por objetivo investigar os crimes praticados durante a Ditadura Militar e, embora não haja nenhum histo-riador como membro da Comissão, temos historiadores que assessoram o grupo. As formas que os historiadores têm buscado para criarem esse diálogo são muito varia-das e tenho a impressão de que são cada vez mais criativas e mais ricas.

JuFrn: Quais os temas que estão em relevância na pesquisa em História atu-almente?

Schmidt: É complicado dizer qual é o tema da vez da pesquisa histórica. Pra se ter uma ideia, durante o evento tivemos simpósios temáticos – que são grupos que se reúnem para discutirem determina-dos temas, como História das Religiões, História da Arte, História Antiga etc. Tivemos 125 simpósios, todos acontecen-do ao mesmo tempo, e não me parece que haja um tema que seja mais relevante.

Se fosse para arriscar, de forma in-tuitiva, eu tenderia a dizer que primeiro são os temas que dizem respeito a tempos mais presentes. Por muito tempo a gente achava que o historiador tinha que dis-

cutir só o que era bem antigo. Hoje, ao contário, nós temos uma proliferação de pesquisas sobre o que a gente chama de História do Tempo Presente – da Segun-da Guerra em diante. Depois, tem muita gente pesquisando sobre o ensino de História, acerca de, por exemplo, como uma criança aprende História ou sobre os livros didáticos.

JuFrn: por falar em acontecimen-tos do tempo presente, como o historia-dor avalia as manifestações populares, que têm ocorrido nos últimos meses no

país e como enxerga a presença ativa dos es-tudantes das universi-dades públicas nesses movimentos?

Schmidt: Eu avalio como positiva a pre-sença dos alunos das universidades. Nos úl-timos anos vimos um crescimento enorme do ensino universi-

tário, o que possibilitou que muitos jovens tivessem uma inserção maior, até para protestarem por melhores condições de vida e por uma cidade melhor.

Mas acho, também, que temos que ver com cuidado essas manifestações. Elas não são homogêneas, são muito diver-sificadas, e é muito perigoso esses movi-mentos irem por um caminho de direi-tização, um caminho quase fascista. Os movimentos que precederam e apoiaram o Golpe de 1964 foram movimentos con-tra a corrupção e contra a inflação. Por isso, a gente tem que estar atento ao rumo que essas manifestações vão tomar: elas podem tomar um caminho que me parece muito interessante, com um sentido mais libertário, pelo direito à cidade; mas tam-bém podem tomar um rumo que eu diria fascista, quando começam a desacreditar a política e dizer que tudo que é da política é ruim, que todos são corruptos e que nada disso vale a pena.

Então o que é que vale a pena? Ter um líder iluminado que vai nos encaminhar? Se não houver política, o que vamos ter? Uma ditadura. Esses movimentos são am-bíguos e, em alguns casos, tomaram um sentido muito perigoso.

“Será que o conhecimento histórico que estamos produzindo tem repercutido de alguma forma na sociedade?”

entrevista

ano XV | nº 64 | agosto de 201311Jornal da UFRN

Benito Schmidt, presidente da aNPUH

Wallacy Medeiros

Benito Schmidt é doutor em História. Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e presidente da Associação Nacional de História (AN-PUH), Schmidt proferiu a conferência de abertura do XXVII Simpósio Nacional de História, que aconteceu na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) entre os dias 22 e 26 de julho. Sob a organização da professora Margarida Dias, do De-partamento de História da UFRN e vice-presidente da ANPUH, o evento teve como tema “Conhecimento histórico e diálogo social”.

Em entrevista ao Jornal da UFRN, Benito Schmidt falou da proposta do Simpósio de investigar como a academia tem interagido com os grupos sociais, destacou a am-pliação do campo de atuação do historiador, a luta da ANPUH pela regulamentação da profissão, e o crescimento da participação política da entidade, na esteira do alar-gamento da área. Segundo Schmidt, os profissionais de História têm estendido cada vez mais o diálogo com a sociedade ao adaptarem sua produção científica a públicos mais amplos e ao colaborarem diretamente com grupos sociais.

[ ]“estamos em luta pela regulamentação da profissão de historiador e fazendo todo um trabalho político junto ao Congresso.”

Page 12: Jornal da UFRN - Agosto de 2013 - Ano XV nº 64

Por MarCoS NeVeS Jr.

“Um artista multimídia”. Assim se auto-define Jota Medeiros. O título se justifica pelas dife-

rentes plataformas utilizadas para a criação de suas obras. São pinturas, desenhos, gra-vuras, vídeos, livros, artes postais, enfim, uma grande diversidade de meios utiliza-dos pelo artista para a criação de sua con-sistente contribuição para as artes visuais do Rio Grande do Norte.

Nascido em João Pessoa, no Estado da Paraíba, Jota Medeiros vive em Natal desde 1982, quando se tornou servidor da Uni-versidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Sua ligação com a Instituição, porém, não se restringe ao trabalho. Gradu-ou-se em Educação Artística e titulou-se mestre em Literatura na UFRN.

A ativa participação de Jota Medeiros em movimentos artísticos teve início na década de 1970. Nessa época ainda distante da eclosão da comunicação online, muitos artistas mantinham contato por meio de cartas, trocando experiências e informa-ções, popularizando a chamada arte postal.

Nesse movimento, todo artigo rela-cionado ao correio servia de plataforma. Eram envelopes enfeitados, fanzines, car-tas ilustradas e o que mais fosse possível transformar artisticamente. Segundo Jota Medeiros, isso era uma forma de sub-versão do sistema formal das artes visuais naquele momento.

“Era um evento paralelo às formas de arte institucionalizadas nos museus e galerias. Funcionava como intercâmbio de ideias, de projetos e de processos infor-macionais entre artistas no mundo inteiro. Era a internet da época”, explica o artista, que confessa ainda não ser tão adepto des-ta tecnologia.

Datam desse período muitas obras incluídas na recente doação feita pelo ar-tista ao Museu Abraham Palatnik – espaço virtual administrado pelo Núcleo de Arte e Cultura (NAC) da UFRN, sob os cuida-dos de Elidete Alencar e do próprio Jota Medeiros. São mais de 5 mil itens de sua coleção pessoal, das mais diversas ver-tentes artísticas.

Com parte desse acervo, cerca de 300 peças, o NAC realizou uma mostra de três dias no final de julho. Os visitantes pu-deram ter uma ideia da riqueza do material que, em breve, estará disponível em meio digital para um público bem maior. Desen-hos, gravuras, xerografias, poesias visuais,

publicações, catálogos, revistas e livros de diversos artistas estão entre as obras que passarão a compor, junto ao acervo de artes visuais da UFRN, as atrações do museu Abraham Palatnik.

Devido ao fato de ser um trabalho que exige muito cuidado, por conta da fragili-dade do papel, a meta da coordenação do museu é disponibilizar o material até 2014. As obras serão submetidas à limpeza e à seleção do acervo, à digitalização, à pesqui-sa, à revisão e, finalmente, ao arquivo.

Para Elidete Alencar, Coordenadora do

Museu Abrahan Palatnik, as doações do ar-tista têm uma importância histórica, uma vez que dão conta de uma manifestação artística muito forte no Brasil, mesmo em um momento de repressão. “Um dos objeti-vos é dar visibilidade a esse movimento que teve uma grande repercussão no Brasil nos anos 70, em plena ditadura militar”, explica.

Além de artista multimídia, Jota Me-deiros é um profissional multitarefas. Já editou a revista Povis, de poesia vi-sual, e Contexto, suplemento do jornal A República e, também, organizou um

grande número de exposições e mostras de arte no Rio Grande do Norte e em ou-tros diversos estados do Brasil.

Na década de 1980, com o início de sua carreira como servidor da Universidade, Jota Medeiros organizou, em 1983, o even-to que inaugurou o setor de multimídia do NAC. A I Multimedia UFRN reuniu obras de artistas nacionais e internacionais como Paulo Bruscky, Julio Plaza, Ken Friedman e Dick Higgins.

Suas obras também já rodaram o mun-do em exposições internacionais, como não poderia ser diferente para quem é consi-derado um dos principais poetas visuais do Brasil. Em 1996, participou do Brazi-lian Northeast Festival of Contemporary Arts, realizado em Nova Iorque, e, em 2002, levou sua arte a Lisboa, em Portugal, no evento Imaginários da Ruptura/Poéticas Visuais, na I Bienal Internacional de Poesia daquele país.

E, como se não bastasse, a carreira artística multimidiática de Jota Medeiros ainda conta com quatro livros publica-dos: Perfil da Civil Geometria/Bibliografia Crítica e Anotada de João Cabral de Melo Neto (1988), Geração Alternativa (1997), Mundo Pra Que Te Quero (1997) e Na Tal Futurista (2006).

Em meio a tantas atividades artísticas dentro e fora da Universidade, ao contrário do que se poderia imaginar, o que se vê é uma pessoa que aparenta calma quase in-compatível com a quantidade de projetos nos quais se envolve.

Atualmente a produção de Jota Me-deiros está mais voltada à pintura e ao desenho, além disso, as atenções estão di-vididas com a coordenação do museu. No entanto, Jota afirma que o trabalho como servidor da UFRN nunca interferiu negati-vamente no seu processo criativo. “É per-feitamente conciliável”, afirma com a tran-quilidade própria de sua fala.

ano XV | nº 64 | agosto de 201312Jornal da UFRN

ARTE

Wallacy Medeiros

Grande nome da poesia visual, Jota Medeiros doa acervo para o museu Abraham Palatnik

arte postal: movimento

marcou anos 70

obras de Jota Medeiros são criadas em diferentes plataformas: “sou um artista multimídia”. abaixo, “Natal em Tóquio”, pintura a óleo do autor.