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ANO 45, Janeiro/Fevereiro de 2017, nº293 JORNAL DO ENGENHEIRO FECHAMENTO AUTORIZADO, PODE SER ABERTO PELA ECT ENTREVISTA O perfil empreendedor do Engenheiro Agrônomo do Ano, José Carlos Gonçalves CAPA As oportunidades e os desafios do paisagismo

JORNAL DO ENGENHEIRO - aeasp.org.br · sileira de Educação Agrícola Superior (ABEAS) e professor associado da ESALQ, será o coordenador do simpósio. “Nos- ... sementes por

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ANO 45, Janeiro/Fevereiro de 2017, nº293

JORNAL DO ENGENHEIRO

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EntrEvistaO perfil empreendedor do Engenheiro Agrônomo do Ano, José Carlos Gonçalves

CaPaAs oportunidades e os

desafios do paisagismo

| sumário

Matéria de Capa Horizonte Verde

José Carlos Gonçalves

Um presente cheio de futuro

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Notícias do agro

Artigo | Fernando Penteado Cardoso

Artigo | Túlio Teixeira de Oliveira

Artigo | Mário Von Zuben

Artigo | Leandro Aparecido Fukuda

Parabólica

Mercado em foco | Receita de sucesso

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Entrevista Formação

editorial |Iniciando nosso primeiro contato deste

ano com os prezados colegas e leitores, vou abordar um assunto que alguns podem con-siderar repetitivo. Entretanto, em razão dos muitos problemas que afligem a categoria agronômica, sinto-me obrigado a abordá-lo.

Entendo que, no momento atual em que nos encontramos, o exercício de uma demo-cracia plena, com amplo respeito mútuo, é indispensável. Também, no meu entender, a base sólida dessa democracia nasce nas instituições representativas da sociedade.

Hoje, estando presidente da AEASP, da Confaeab, vice- presidente da Región Sur da APIA e 1º vice-presidente da AMIA, reconheço que a participação da categoria, em todos os níveis associativos e regiões, é exercida por um pequeno número de colegas que acreditam nessas instituições e se dis-põem ao trabalho honorífico.

No conjunto de problemas que, direta ou indiretamente, atingem a classe, cito:

As atribuições de paisagismo que outras profissões insistem em nos tirar. Por esta razão, em várias matérias do JEA, temos tratado o assunto. Também retomamos a outorga da Medalha Joaquim Eugênio de Lima aos engenheiros agrônomos que se destacam nas atividades do paisagismo.

Na área da zootecnia, os zootecnistas reivindicam direitos exclusivos, alijando-nos do exercício profissional, junto com os médicos veterinários. Já participamos de audiências públi-cas, inclusive na Câmara Federal.

Também os biólogos estão lutando para liderarem as áreas de sementes e correlatas. Estamos atentos.

Várias modalidades da engenharia tentam restringir a pos-sibilidade de trabalho para engenheiros agrônomos nos ra-mos de topografia e georreferenciamento. Também estamos acompanhando.

Os engenheiros florestais, por meio do PNS 63, exigem do Con-fea a saída deles da agronomia, migrando para a engenharia civil. Se alcançarem o intento, aumentará o número das câmaras de engenharia florestal e, consequentemente, de câmaras de uma única profissão no Sistema Confea/Crea. Neste caso, peço a es-pecial atenção dos colegas do Crea, para que assinem a petição que será enviada aos associados por e-mail, e que se encontra em nosso site, além de estar disponível na Rede Agronomia.

Iniciamos o debate sobre o problema da formação de en-genheiros agrônomos com grade curricular que não atende adequadamente às nossas atribuições.

No que concerne à proposta de criação de um conselho ex-clusivo para a agronomia, estão utilizando indevidamente o nome de Confederação dos Engenheiros Agrônomos do Bra-sil, e sem respaldo associativista. Isto será objeto de amplos debates nos congressos de agronomia, regionais e nacionais.

Além dos problemas listados, sobra a frustração de não conse-guirmos contagiar os jovens a se engajarem no associativismo.

Por isso, conclamo mais uma vez os engenheiros agrôno-mos a encaminharem sugestões pelos canais disponíveis na AEASP e também para se associarem. Acredito que assim iniciaremos uma fase de participação de todos os envolvidos na cadeia da produção agrícola. Nossas atividades contribui-rão, ainda mais, para construir o país que almejamos.

angelo Petto netoPresidente da associação de Engenheiros agrônomos do

Estado de são Paulo

JORNAL DO ENGENHEIRO AGRÔNOMO2

notícias agro |

Paulo Rezende, engenheiro agrônomo, formado pela ESALQ-USP, faz sucesso com sua produção de queijos. Uma das iguarias que ele e sua esposa, Rosana, produzem na Fazenda Atalaia é o queijo tulha, que conquistou, recente-mente, uma medalha de ouro no concurso mais importante do mundo na categoria, o World Cheese Awards, em San Sebastian, na Espanha. É a primeira vez que um queijo bra-sileiro recebe um prêmio internacional. A Fazenda Atalaia, em Amparo (SP), hoje fornece para renomados restaurantes do país, inclusive são vendidos na terra do queijo, Minas Gerais, e seus proprietários, vez ou outra, dão entrevistas para veículos de comunicação. Segundo o casal, o reconhe-cimento é fruto de 20 anos de trabalho e muita dedicação.

Seguindo padrões internacionais de análise de sementes desde a década de 1990, o Laboratório Central de Semen-tes e Mudas (LCSM), do Departamento de Sementes, Mudas e Matrizes (DSMM), da Coordenadoria de Assistência Téc-nica Integral (Cati), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, mais uma vez teve a sua eficiência comprovada.

No fim do ano passado, a diretoria do LCSM recebeu o resultado de sua participação no teste de proficiência organizado pela International Seed Testing Association (Ista), instituição internacional da qual o laboratório é membro associado desde 1976 (tendo sido o primeiro do Brasil a integrar a Ista), obtendo nota máxima em todos

O curso “Vida e Manejo de Abelhas Nativas Sem Fer-rão” será realizado em São Paulo, dias 7 e 8 de março, às 10 horas. O evento é promovido pelo Instituto Biológi-co (IB) da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegó-cios (Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento estadual. O principal objetivo é a divulgação das técnicas de multiplicação de abelhas sem ferrão.

Dividido em duas partes, pela manhã, entre 10 e 12 horas, o foco é o conteúdo teórico, enquanto à tarde, en-tre 14 e 17 horas, é discutida a base prática.

Interessados deverão realizar inscrições pelo e-mail: [email protected].

No fim do ano passado, diretores da AEASP receberam na sede da entidade um grupo de associados, do qual fazia parte o ex-presidente da AEASP Walter Lazzarini, para discu-tirem o futuro da agronomia, as tendências e políticas para a categoria dos engenheiros agrônomos, bem como o papel da associação no cenário atual.

O Simpósio sobre Defensivos Agrícolas ocorrerá entre os dias 26 e 27 de abril, no Anfiteatro da Engenharia da ESALQ/USP, em Piracicaba (SP). O evento é uma organiza-ção do Pecege (Programa de Educação Continuada em Eco-nomia e Gestão de Empresas) da ESALQ/USP.

José Otavio Menten, vice-presidente da Associação Bra-sileira de Educação Agrícola Superior (ABEAS) e professor associado da ESALQ, será o coordenador do simpósio. “Nos-so objetivo é atualizar e discutir a situação atual do agro bra-sileiro, buscando a superação dos problemas, por meio da luz da ciência e tecnologia, visualizando a sustentabilidade da produção (pelo aspecto econômico, social e ambiental)”, destaca Menten. Os inscritos que não puderem participar pre-sencialmente poderão assistir ao evento on-line.

Link para mais informações:http://www.pecege.org.br/eventos/simposio-sobre-defensi-vos-agricolas

Contatos pelos telefones: (19) 3377-0937 ou 3375-4250.

Prêmio internacional

Laboratório da Cati recebe nota máxima

abelhas sem ferrão

Em sintonia com os associados

simpósio sobre Defensivos agrícolas

JORNAL DO ENGENHEIRO AGRÔNOMO 3

os requisitos - análise de pureza, determinação de outras sementes por número e identificação de espécies, teste de germinação e teste de viabilidade - em sementes de Brachiaria brizantha.

“O programa de proficiência organizado pela Ista é re-ferência mundial para a avaliação da qualidade de labo-ratórios de análise de sementes e visa garantir os padrões na execução das análises dos laboratórios distribuídos por todos os países-membros. Ou seja, o certificado da Ista ates-ta que a qualidade de nossas análises está em conformidade com os padrões internacionais”, salienta a engenheira agrô-noma Patrícia Ribeiro Cursi, diretora do laboratório, em que está à frente desde julho de 2016.

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Associação de Engenheiros Agrônomos do Estado de São Paulohttp://www.aeasp.org.br

Filiada à Confederação das Associações de Engenheiros Agrônomos do Brasil

GESTÃO PARA O TRIÊNIO 2015 – 2018Presidente Angelo Petto Neto1º Vice-Presidente Henrique Mazotini2º Vice-Presidente Arlei Arnaldo Madeira1ª Secretária Ana Meire Coelho Figueiredo2ª Secretária Taís Tostes Graziano1º Tesoureiro Tulio Teixeira de Oliveira2º Tesoureiro Luís Alberto BourreauDiretor Celso Roberto Panzani Diretora Francisca Ramos de QueirozDiretor Glauco Eduardo Pereira CortezDiretor Luiz Henrique CarvalhoDiretor Luiz Ricardo Viegas de CarvalhoDiretor Nelson de Oliveira Matheus

CONSELHO DELIBERATIVO Alexandre Vieira AbbudAntonio Roque Dechen

Benedito Eurico das Neves FilhoCristiano Walter SimonFernando GallinaGuilherme Luiz GuimarãesJoão Sereno LammelJosé Eduardo Abramides TestaLuís Roberto Graça FavorettoLuiz Antonio PinazzaLuiz Mário Machado SalviMarcos Fava NevesValdemar Antonio DemétrioVictor Branco de AraújoZuleica Maria de Lisboa Perez CONSELHO FISCALAndré Luís SanchesCássio Roberto de OliveiraCelso Luís Rodrigues Vegro

SuplentesAlexandre MarquesAndré ArnostiMauro Celso Sandoval Silveira

Conselho EditorialAna Meire C. Figueiredo, Angelo Petto Neto, Arlei Arnaldo Madeira, Celso Roberto Panzani, Henrique Mazotini, Luis Alberto Bourreau eTaís Tostes Graziano

CoordenaçãoNelson de Oliveira MatheusTulio Teixeira de OliveiraJornalista ResponsávelAdriana Ferreira (MTB 42376)Secretária: Alessandra CopqueProdução: Acerta ComunicaçãoRevisão: Verônica ZanattaDiagramação e Ilustração: André PitelliFoto capa: VanDusen Botanical Garden, Canadá. Crédito: Tais T. GrazianoProjeto gráfico: Janaina Cavalcanti

Envie mensagens com sugestões e críticas para a editora: [email protected]

Os artigos assinados e opiniões expressas nas matérias e entrevistas deste veículo não refletem os posicionamentos da Associação de Engenheiros Agrônomos do Estado de São Paulo.

JORNAL DO ENGENHEIRO

Rua 24 de Maio, 104 - 10º andar - CEP 01041-000 - São Paulo - SP / Tel. (11) 3221-6322 Fax (11) 3221-6930 / Site: www.aeasp.org.br / [email protected]/[email protected]

Órgão de divulgação da Associação de Eng. Agrônomos do Estado de São Paulo

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Um amigo produtor

Recebi um telefonema de início de ano do amigo Gue-rino Ferrarim, de Lucas do Rio Verde (MT). Depois de agradecer e retribuir os votos de Feliz 2017, pergun-tei-lhe: “Já está colhendo soja? Quantos hectares vai

colher?” Respondeu-me: “Sim, estamos colhendo 82 mil ha este ano, a safra vai ser muito boa!”.

Conheci Guerino em 1985, quando a gauchada estava chegando a Mato Grosso. Eu estava interessado em vender adubo para eles. Jamais poderia imaginar que presenciava uma migração que transformaria a região em grande produ-tora de soja e milho.

Era uma tarde em que Guerino estava plantando milho safri-nha. Do alto de um caminhão, despejava adubo ensacado em uma das semeadoras. Conversamos e lhe perguntei por que não plantava arroz, já que o solo me parecia de boa capacidade retentora de umidade.

Seguiram-se várias visitas, pois se tornara bom cliente da Manah. Estava sempre progredindo, ano após ano. Certa vez, lhe dei parabéns porque as estradas internas de suas fazendas eram pedregulhadas e rodava-se a 60 km/hora. Contaram-me que ele “conversava” de manhãzinha com as plantas de soja, ro-gando para que lhe dessem boa produção.

Em 2006, convidou-me para o casamento de um filho. A data coincidia com uma de minhas pescarias, no caso em com-panhia de meu filho Chico Antonio. Levamos roupa de festa e comparecemos. Recepção de arromba, quando fomos acolhi-dos com grande distinção.

Na manhã seguinte, fomos visitar uma de suas fazendas, dos lados de Nova Mutum (MT), onde nos impressionou a boa or-dem dos depósitos e oficinas e nos foi relatado que a soja pro-duzia mais nas reboleiras de braquiária. Plantavam em grandes retas, não mais em nível, para facilitar a mecanização.

Em 2009, convidei Guerino para a soleni-dade da entrega da Medalha Luiz de Quei-roz, em Piracicaba. Para minha surpresa e alegria, lá estava Guerino todo engravatado para me homenagear, dentre inúmeros con-vidados que compareceram.

Quando a Fundação Agrisus financiava inédito projeto sobre efeitos da adubação após anos e anos de plantio direto, solicitei a Guerino que dei-xasse de adubar com fósforo uma área em soja. Meses depois, me relatou que a produção fora a mesma que a dos talhões que receberam fósforo.

Anos depois, visitando Sorriso (MT), sugeri que nos encontrás-semos em casa de seu irmão que lá reside e que me oferecera um almoço. Senti que Guerino estranhara visitas a seu irmão e não a ele. Na ocasião, lembrou-se da minha sugestão de plantar arroz em vez de milho, dizendo que ganhara muito dinheiro por ha-ver seguido meu palpite. Contou-me que organizava as áreas em unidades de 5/6.000 ha, cada uma com administração própria, bem como depósitos, oficinas e equipamentos. Referiu-se a con-curso de produtividade entre os administradores de cada área. Insistiu para que lhe fizesse nova visita, dizendo-me: “De Cuiabá em diante, você será meu convidado”.

Essa é a história de um gaúcho que começou pelo começo e se tornou um dos maiores produtores de soja de todo o mundo. Poderá colher em 2017 cerca de 250 mil t de soja.

* Fernando Penteado Cardoso é engenheiro agrônomo sênior, ESALQ-USP 1936, fundador e ex-presidente da Manah S.A e da Fundação Agrisus.

Por Fernando Penteado Cardoso

No fim de novembro de 2016, ocorreu a segunda reunião da Comissão Técnica de Reavaliação da eficácia dos pro-dutos registrados com indicação para o controle da ferru-gem da soja, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi.

Mas uma decisão ali tomada causou estranheza. Por ordem do Ato Mapa nº 71, os produtos relacionados – e são 63 – terão que re-tirar de seus rótulos e bulas as recomendações para controle desse fungo, em um prazo de 90 dias.

Ao examinar a composição dos 63 produtos, percebemos que seus ingredientes ativos pertencem aos grupos químicos: Triazol, Estrobiluri-na, Benzimidazol, Amônia Quaternária e misturas dos mesmos. Segundo apuramos, a punição é calcada na alegada baixa eficiência desses pro-dutos nos ensaios cooperativos da Embrapa, aplicados isoladamente.

E aí pode parar! Os agrônomos do país não esperavam punição, e sim caminhos técnicos para enfrentamento da doença que afeta a principal cultura do país, que ocupa 34 milhões de hectares no nosso território. Mesmo porque a punição é inócua, pois o mercado se encar-rega de expurgar rapidamente produtos que já não possuem a mesma eficácia para aquilo que propagam controlar.

A estranheza vem justamente do fato de a medida ter sido adotada com base em ensaios com protocolos que não seguem as recomenda-ções descritas nas bulas dos produtos. Esses ensaios são realizados em plena incidência da doença, com esporos para todo lado e crescimen-to exponencial dos filamentos tubulares.

Os produtos atingidos pelo Ato 71 já foram aplaudidos por suas performances no combate ao fungo e continuam sendo úteis em alguns cenários quando associados a outros grupos químicos. Ali-ás, a comissão não suspendeu produtos formulados combinando determinados grupos químicos certamente porque têm utilidade no manejo dessa doença. Ora, o agricultor faz isso usando a mistura em tanque, de acordo com o seu entendimento de manejo, e tem também usado aqueles produtos expurgados pelo Ato 71. Aliás, a própria Embrapa levantou que mais ou menos 90% dos agriculto-res fazem mistura-em-tanque. Sabem por quê? Fica mais barato que usar produto já combinado. Podem chamar de aplicação sequencial, como as receitas são feitas, em respeito à norma em vigor.

A verdade é que o fungo, nas condições de extensão contínua da soja brasileira, está criando mais musculatura e ficando adaptado ou mesmo resistente aos fungicidas. Alguns grupos químicos lançados mais recen-temente ainda têm boa eficiência; infelizmente, serão rapidamente der-rotados. Essa afirmativa já é voz corrente entre os pesquisadores das em-presas. Ninguém quer enganar ninguém. Que nos perdoe a Embrapa, que tanto tem contribuído para a ciência fitossanitária, mas é hora de trocar a concepção dos ensaios curativos pela busca de manejos inteligentes, com práticas culturais e uso racional dos produtos. Talvez em pacotes regionais.

Reavaliação Agronômica IIPor Tulio Teixeira de Oliveira

artigo |

Os produtos podem ser curativos, funcio-nando após a instalação da doença; protetores, dificultando o estabelecimento do fungo; e es-poricida, eliminando os esporos que represen-tam a fonte de multiplicação desses seres.

É importante separar os principais produtos para controle dessa praga no tocante aos diferen-tes mecanismos de ação, pois ajudam a driblar o processo de adaptação do fungo. Resumimos na tabela não concludente.

MECANISMO DE AÇÃO PRODUTOS

Inibidores da desmetilação – IDM (curativos)

Tebuconazol, Ciproconazol, Protioconazol, Epoxiconazol, etc.

Inibidores da quinona oxidase – IQo (curativos)

Azoxistrobina, Trifloxistrobina, Picoxistrobina, Piraclostrobina, etc.

Inibidores da succinato desidrogenase – ISDH (curativos)

Fluxapiroxade, Bixafen e Benzo-vindiflupir

Disfunções gerais• Ditiocarbamato e Sulfurados (protetor)• Amônia Quaternaria e Cúpricos (erradicante ou esporicida)

Mancozebe e EnxofreMistura de cloretos de etilbenzalcônio; e benzalcônio; e fungicidas cúpricos

A expectativa dos agrônomos era de que essa Comissão Técni-ca, com base no conhecimento dessas características dos produtos e dos estádios vegetativos da cultura, formatasse um tutorial com diversas estratégias, de acordo com os diversos cenários possíveis, para dar aos técnicos uma linha de orientação objetiva antes de uma recomendação em cada caso que se apresente.

O acompanhamento do avanço da ferrugem, realizado pela própria Embrapa por meio do Consórcio Antiferrugem, tem uma importância ainda não bem explorada. Por exemplo, quando um foco é anunciado, seria possível disparar uma recomendação para aquela região aplicar produtos protetores e usar produtos erradicantes nas áreas mais pró-ximas ao foco. Uma ação assim, orquestrada, certamente diminuiria a disseminação dos esporos e a gravidade da doença na região.

Fazemos aqui um apelo ao Mapa para alterar o escopo definido na Portaria 84/2016 sobre o objetivo dessa reavaliação e aproveitar a Comissão Técnica já formada para trabalhar as bases tecnológicas do controle da doença daqui em diante. Se preciso for, convidar quantos especialistas sejam necessários para aprofundamento dos debates.

Recomendação ao agricultor, sim; punição, não.

*Eng. Agr. Tulio Teixeira de Oliveira ,diretor-executivo da AENDAwww.aenda.org.br | [email protected]

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Paisagismo revela campo de oportunidades e desafios para engenheiros agrônomos, considerados fundamentais no exercício da atividade

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HORIzONTE VERDEPor Carol Rodrigues e Adriana Ferreira

Marginal Pinheiros, segunda via expressa mais impor-tante da cidade de São Paulo. Sua extensão é de 22,5 quilômetros. Carros trafegam em um constante mo-vimento de ir e vir. De alguns pontos, visualizam-se

as margens do rio que dá nome à via. É possível observar o verde, escasso. O cenário poderia ser outro. Mais harmônico e verde.

Com o desenvolvimento urbano, os grandes centros passaram por transformações. Em decorrência disso, é crescente a neces-sidade de planejamento e projetos racionais de ocupação, nos quais o solo, a vegetação, a água e o ambiente sejam melhor ad-ministrados.

Nesse contexto, o paisagismo conquista espaço por atuar em sinergia com a conservação dos recursos naturais e desponta como um mercado com amplas oportunidades para o engenhei-ro agrônomo. Desde a concepção dos projetos (parte criativa, intelectual e representação gráfica) à implantação (preparo da terra e do solo), além da produção de mudas de plantas orna-

mentais e a manutenção (cuidado e acompanhamento). “É o profissional que garante o sucesso do projeto, pois, sem

dúvida, além de um projeto bem elaborado, é a qualidade das mudas, a boa implantação e a manutenção adequada que con-tribuem para isso. No memorial descritivo, além de toda parte construtiva, as especificações da implantação e manutenção da vegetação são essencialmente atribuições do engenheiro agrô-nomo”, avalia a sócia-proprietária da empresa Página 5 Assistên-cia Ambiental e engenheira agrônoma formada pela ESALQ-USP, Taís Tostes Graziano.

O paisagismo é uma necessidade do homem moderno, ca-paz de auxiliar na integração harmônica entre sociedade e meio ambiente. “A natureza tem de ser colocada à disposição do homem. Ela serve para acalmar, melhorar a qualidade de vida, praticar atividades ao ar livre”, exemplifica José Flávio Machado Leão, diretor-fundador da Propark Paisagismo e Ambientes Li-mitados, atuante no segmento há 45 anos.

Jardim da residência do engenheiro agrônomo paisagista Ricardo Marinho, na praia da Taíba, em São Gonçalo do Amarante (CE)

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JORNAL DO ENGENHEIRO AGRÔNOMO 7

Para ele, o conhecimento do agrônomo é instrumento fun-damental para transformar o sonho de um mundo mais verde em realidade.

Quando se fala no ofício, é importante distinguir dois campos básicos de trabalho, conforme explica o engenheiro agrônomo e paisagista Rodolfo Geiser: “Temos a escala macro, do km2 (quilô-metro quadrado), vinculada ao planejamento regional. E a escala micro, do m2 (metro quadrado), vinculada ao planejamento de parques e jardins. Enquanto a escala micro é superconhecida, a macro é raramente considerada entre os engenheiros agrôno-mos”, esclarece o fundador da empresa Rodolfo Geiser Paisagis-mo e Meio Ambiente, com 50 anos de experiência em projetos de arquitetura paisagística, arquitetura de exteriores, consultoria em meio ambiente e projetos na macropaisagem.

Ele acrescenta que a escala macro, do planejamento regional, considera elementos como as classes de uso do solo para o uso agrícola, a hidrografia, o código florestal e as demais regras de manejo dos recursos naturais renováveis. “Entre os produtos des-se trabalho, temos a organização da paisagem rural e agrícola e o sistema de áreas verdes urbano, que englobariam tanto as re-comendações para preservação e absorção das águas das chuvas quanto o sistema verde para recreação urbana. Assim, ambas as paisagens, rural e urbana, integram-se num único conjunto pai-sagístico”, ressalta.

Um dos decanos na área, Geiser define o campo de trabalho para os agrônomos como incomensurável: “Excepcionalmente, se pensa na macroescala. Quanto à microescala, parques e jardins, dada a expansão urbana vertiginosa no Brasil, torna-se uma ativi-dade por demais procurada”. O profissional esclarece que seu es-critório somente elabora projetos e especificações técnicas, mas não os executa. “O produto final (projeto, execução e produção de mudas) é a razão do sucesso da grande maioria das empresas de paisagismo capitaneadas por engenheiros agrônomos”, situa.

Campo do conhecimentoSegundo as ideias do arquiteto e professor da Faculdade de

Arquitetura da USP (FAU/USP) Roberto Coelho Cardozo (1923-1973), de quem Geiser é discípulo, a formação do engenheiro agrônomo corresponde a, no mínimo, 50% dos conhecimentos necessários para a atuação do paisagista.

Com a ascensão do ofício, as oportunidades surgem, entre-tanto, torna-se salutar a necessidade de engenheiros agrônomos mais capacitados.

“Hoje, vejo no Brasil o modelo semelhante ao dos EUA, em que a elaboração dos projetos está cada vez mais sob a respon-sabilidade dos arquitetos, porque eles desenvolveram o sentido estético, algo que não temos nos cursos de agronomia”, pontua Leão, para quem, quando se fala em paisagismo, há a tendência de que ele seja completo, ou seja, engloba as partes construídas que o agrônomo não tem habilidade e competência por conta de sua formação.

Não há no Brasil, seja na agronomia, seja na arquitetura, um curso completo para a formação de um bom paisagista. “Poucas escolas de agronomia, comparativamente ao total existente, têm hoje professores nessa área e nem sempre são bem capacitados ou com experiência prática adequada”, observa Taís.

Geiser destaca que o ensino do paisagismo nas escolas de agro-nomia não atende a 20% da demanda do mercado. “Creio que os

professores se isolam como numa torre de marfim, e não procuram conhecer o campo do trabalho, visitando as firmas de agrônomos paisagistas para entender o que acontece e quais as necessidades”, critica o precursor, para quem conhecer esse campo deveria ser matéria de trabalhos de mestrado para agrônomos.

Outro aspecto são as aulas práticas de projeto de parques e jardins na prancheta. “Em nenhuma escola de agronomia exis-tem aulas de projeto na prática”, comenta Geiser ao lembrar que há cerca de cinco anos aplicou um curso extra de paisagismo na ESALQ/USP patrocinado pela FEALQ, liderado pelo professor Val-demar Demétrio, no qual mostrou projetos de seu escritório: “O professor Demétrio comentou na ocasião nunca ter visto nada semelhante na ESALQ”.

Hoje é necessário ao aluno uma complementação em outras áreas, por meio de estágios, cursos de pós-graduação e capacita-ção diversos. “Na agronomia, existe uma deficiência grande com relação à teoria e prática de projetos, com o desenho e os instru-mentos para elaborá-lo. Normalmente, quando existe a disciplina de paisagismo no curso, ela é optativa e dada em um semestre, quando não junto com a parte de floricultura e plantas ornamen-tais”, explica Taís.

É consensual a desatualização dos cursos de agronomia. Por isso, é apontada a necessidade de se rever a grade curricular.

“Os professores de agronomia que lecionam parques e jardins devem estabelecer um novo currículo por meio de uma pesquisa séria entre as empresas de agrônomos do setor”, sugere Geiser.

Por isso, conhecimento é a palavra-chave para os iniciantes con-quistarem espaço no mercado de paisagismo. José Flávio Machado Leão, que é professor convidado na USP, mantém em sua empresa um braço voltado para difundir conhecimentos na área, a Propark Educacional, com cursos e treinamentos de mão de obra.

Taís aconselha os estudantes de agronomia a buscarem uma formação mais focada: “Procurem, além do estudo teórico e de base, obter a prática por meio de estágios e cursos de capacita-ção complementares, pois só a formação acadêmica não vai for-má-los para enfrentarem esse mercado concorrido com o qual nos deparamos hoje”.

Queen Elizabeth Park, Vancouver, Canadá

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Taís Tostes Graziano, sócia da Página 5 Assistência Ambiental

José Flávio Machado Leão, diretor-fundador da Propark Paisagismo e Ambientes Limitados

PL quer regulamentar atividade No meio do debate sobre a reformula-

ção da grade curricular dos cursos, surge o Projeto de Lei 2043/2011, de autoria do deputado Ricardo Izar (PV-SP), que regu-lamenta a profissão de paisagista no Bra-sil e determina quais são as qualificações e exigências para a atuação na área. A proposta gera discussões entre arquite-tos, agrônomos e engenheiros florestais porque habilita a atuação de biólogos e profissionais das artes.

Além disso, para uma parcela dos en-genheiros agrônomos, o PL não atende à amplitude, tampouco à importância do paisagismo no país. Um dos críticos é o veterano Rodolfo Geiser: “É um PL extem-porâneo e contraproducente”, define.

O texto original do PL cita o paisagista paulista Roberto Burle Marx (1909-1994), responsável pelo projeto de mais de 2 mil jardins no Brasil e no exterior, e sua forma-ção em artes plásticas, para justificar a inclu-são da área. “Burle Marx é uma exceção. Foi um artista pleno: músico, tocava piano, can-tava árias de ópera, era pintor e gravurista,

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bem como desenhista de joias e paisagista. É sabido que ele recorria a amigos sócios da Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza, que tinha entres os seus consul-tores o engenheiro agrônomo Wanderbilt Duarte de Barros e o biólogo Luiz Emygdio de Mello Filho (Museu Nacional e Horto Bo-tânico no RJ)”, argumenta Geiser.

Professor da área de paisagismo da Faculdade de Agronomia e Veterinária da Universidade de Brasília, graduado em agronomia, doutor em paisagismo pelo Programa de Pós-graduação da Faculdade de Arquitetura da USP e pós-doutorado em teoria do paisagismo, Júlio Pastore vê como positivo o fato de o PL incluir outras profissões: “O campo do paisagismo, se estabelecendo bem, abre muitas opor-tunidades de trabalho. E vai precisar do conhecimento aplicado dessas pessoas dentro do ofício. O geógrafo vai contribuir trabalhando como paisagista”, exemplifica.

Pastore, que concluiu o mestrado em pai-sagismo pela Universitàdegli Studi di Firenze, na Itália, assinala que na Europa, a partir do momento em que as pessoas fazem o mes-

O projeto urbanístico do Parque Villa Lobos, na capital paulista, é do arquiteto Décio Tozzi, que convidou o engenheiro agrônomo Rodolfo Geiser para desenvolver o paisagismo. Ficou a cargo do profissional cuidar da vegetação, dos bosques, das árvores isoladas, dos gramados, arbustos e canteiros. O parque foi construído sobre terreno degradado, portanto, é também um projeto de recuperação de área degrada da responsabilidade técnica de engenheiros agrônomos. O Parque Villa Lobos tem cerca de 900 mil metros quadrados de dimensão na escala urbana da cidade.

As fotos desse box foram cedidas pela Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo. O crédito é do fotógrafo Pedro Calado.

Rodolfo Geiser, proprietário do escritório de paisagismo e meio ambiente que leva o seu nome

Júlio Pastore, professor da área de paisagismo da Faculdade de Agronomia e Veterinária da Universidade de Brasília

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JORNAL DO ENGENHEIRO AGRÔNOMO 9

trado nessa área, também se habilitam: “Lá existe o curso de graduação em paisagismo, mas o agrônomo, arquiteto, biólogo, geógra-fo e artista plástico podem chegar ao ofício com mais dois anos de formação”.

José Flávio Machado Leão também po-siciona-se a favor, justamente pela peculia-ridade de o paisagismo ser multidisciplinar.

No Brasil, há apenas um curso superior na área do paisagismo, o Curso Superior em Composição Paisagística, da Escola de Belas Artes (EBA), da Universidade Fede-ral do Rio de Janeiro (UFRJ), ativo desde 1976 e reconhecido pelo MEC: “Esses pro-fissionais, no entanto, não fazem parte do sistema Crea/Confea, nem do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/BR), e, em função disso, têm encontrado dificul-dade em exercer a profissão”, observa Taís Tostes Graziano. “Falta para nós, como sociedade, o profissional plenamente capacitado na área de paisagismo. Como não é regulamentada, as universidades têm dificuldades para abrir cursos na área. Contudo, esse conhecimento está fora do âmbito acadêmico. E é visto parcialmente por quem faz arquitetura, agronomia, biologia e ecologia”, acres-centa Pastore.

Entre agrônomos e arquitetosA defesa é de que arquitetos e agrôno-

mos continuem à frente do ofício e estu-dem uma cooperação mútua no ensino do paisagismo. Isso, explicita Geiser, con-forme a tese do professor Roberto Coelho Cardozo, que consiste em 50% arquitetu-ra, como ‘organização de espaços’, e 50% agronomia, como ‘horticultura e manejo dos recursos naturais renováveis’.

Para Taís, o PL tem seu mérito na inten-ção de regulamentar a atividade, mas não trilha o melhor caminho: “Há necessidade de uma discussão mais aprofundada entre as categorias profissionais, até para definir melhor o que é o paisagismo, a arquitetura paisagística, entre outros aspectos. Só assim se chegará a um consenso sobre as atribui-ções dos diversos profissionais na área”.

O sistema CONFEA/CREA está atuan-do com a formação de grupos de trabalho onde se discutem as áreas de sombrea-mento entre os profissionais dos dois con-selhos (CREA e CAU). Taís, como conselheira do CREA/SP, na Câmara Especializada de Agronomia ,  representando  a AEASP, co-ordenou  o grupo de trabalho que discu-tiu o sombreamento entre as atribuições

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dos engenheiros agrônomos e arquitetos e urbanistas no paisagismo, em 2016, mas o assunto ainda está longe de se definir.

Arquitetos e urbanistas, por meio do CAU/BR e do Colégio Brasileiro de Arqui-tetos (CBA), se posicionam contra e soli-citam o arquivamento do projeto de lei. Os engenheiros agrônomos ainda não se atentaram para o assunto, principalmente para o fato de os arquitetos urbanistas rei-vindicarem como atribuição exclusiva de-les o projeto de paisagismo: “Precisamos levar essa discussão mais a fundo, para quando chegar a oportunidade de regu-larizar as atribuições dos profissionais en-volvidos, podermos nos posicionar de for-ma mais taxativa”, sugere a profissional.

No site da Câmara dos Deputados, o parecer atualizado até a data do fecha-mento desta edição do JEA é de 27 de ou-tubro de 2016, assinado pelo deputado Augusto Coutinho (Solidariedade/PE), e consiste na rejeição do projeto. A justifi-cativa é a de que a proposta estabelece “reserva de mercado, obriga emprega-dores a contratarem certos profissionais em detrimento de outros; não define os deveres e as responsabilidades no exer-cício profissional, apenas enumerando as atribuições reservadas ao paisagista; e também não garante que haja fiscaliza-ção do exercício profissional, somente de-terminando um registro prévio em órgão do Poder Executivo – o que, aliás, pode ser considerado como ingerência indevi-da em outro Poder”.

“Falamos de um PL que gera um im-pacto forte. É difícil contentar todo mun-do. Dentro da realidade que temos hoje, ele tem um bom texto, plenamente de-fensável”, define Pastore.

Conforme ele, Crea e CAU têm uma assessoria parlamentar forte dentro do congresso: “Eles argumentam que para ser paisagista é necessário ser agrônomo, arquiteto ou engenheiro florestal. Não sendo este o caso, o paisagista colocaria a sociedade em risco”.

Para Pastore, na prática, a atividade profissional é regulamentada de manei-ra indireta porque o Crea e o CAU po-dem multar alguém que esteja fazendo paisagismo: “O argumento de que não deve regulamentar para não excluir do mercado pessoas que não estão for-madas não se aplica porque o mercado está sendo regulamentado de maneira indireta e muito falha”, alerta.

Ferramenta auxilia ações de defesa vegetal

| artigo

Inovação no campo

Com o intuito de proporcionar aos produtores brasileiros um novo aliado na defesa vegetal, a Andef lançou o aplica-tivo DefesaVegetal.Net. Disponível desde maio de 2016, a ferramenta pode ser baixada e instalada gratuitamente por

usuários dos sistemas operacionais Android e IOS.O projeto foi iniciado em 2014, com o lançamento do portal

DefesaVegetal.Net - site colaborativo que reúne informações so-bre pragas já existentes no Brasil e outras quarentenárias -, as que estão presentes em outros países, mas ainda não chegaram às lavouras brasileiras, visando à necessidade de levar informação técnica de qualidade ao profissional que atua diretamente no campo, de Norte a Sul do Brasil.

Manter-se atualizado sobre pragas e métodos de controle é uma tarefa e tanto para o profissional que está na linha de frente da produção agrícola, quanto para o responsável pela recomen-dação técnica de quando e onde uma intervenção com defensi-vos agrícolas deve ser feita.

Pensando nesses profissionais, a Andef lançou uma novidade: o aplicativo DefesaVegetal.Net, que reúne todo o conteúdo do site, disponível para dispositivos móveis. Disponível desde maio de 2016, a ferramenta pode ser baixada e instalada gratuitamente por usuários dos sistemas operacionais Android e IOS.

O objetivo do aplicativo é fornecer aos profissionais informa-ções por meio de uma plataforma intuitiva e de fácil acesso. Com o aplicativo em mãos, é possível pesquisar os hospedeiros de de-terminada praga, identificar os ingredientes ativos e seus respec-tivos modos de ação, realizar consultas de pragas, etc.

A plataforma reúne informações sobre defesa vegetal e per-

mite uma série de consultas de maneira extremamente intuitiva. O produtor pode, por exemplo, consultar quais são os organis-mos que atacam uma determinada espécie de planta ou quais as melhores práticas de manejo para uma determinada praga. O aplicativo, que também funciona off-line, visa levar o conheci-mento de maneira efetiva aos produtores rurais.

Além de o usuário consultar e buscar informações, pode inte-ragir e agregar, ao registrar onde a praga foi detectada. E, como a ferramenta é aberta, pesquisadores e estudantes de agronomia ou biologia, por exemplo, também podem complementar inse-rindo novas informações. Todas as dúvidas ou sugestões envia-das através da seção de contato também geram novos conheci-mentos que são compartilhados no site, na newsletter e no blog DefesaVegetal.Net.

O projeto que resultou no desenvolvimento do aplicativo exis-te há dois anos e, em 2016, ganhou destaque internacional ao ser premiado no concurso promovido pela Crop Life Latin America.

Ao todo, já são mais de 44 mil visitantes no site e 10 mil down-loads do aplicativo. O lançamento do aplicativo é uma estratégia da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), para promo-ver as boas práticas agrícolas e disseminar informação para os profissionais envolvidos na defesa vegetal do país.

*Mário Von Zuben é engenheiro agrônomo pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP), pós-graduado em gestão estratégica de negócios pela Universidade de Calgary, no Canadá, e diretor-executivo da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef).

Por Mário Von Zuben

JORNAL DO ENGENHEIRO AGRÔNOMO10

novo sistema de gestão e novas metas para sua empresa agrícola. Muitos dos citriculto-res carregam um passivo muito grande, cau-sado pela crise dos últimos quatro anos, e, por conta disso, devem usar este tempo de bons preços para recomposição do fluxo de caixa e cobertura de dívidas acumuladas.

Diante dessas novas oportunidades, será necessário que os citricultores apliquem mais tecnologia para o aumento de produ-tividade, controlem melhor as doenças e pragas dos pomares para que os resultados econômicos da cultura sejam maximizados e os pomares implantados explorados ao máximo de seu potencial.

Mas o que podemos ver ainda na citricultura é uma certa timi-dez nos investimentos em novos pomares. Acreditamos também que os ganhos de valores, por ora, estão sendo consumidos pelo passivo dos últimos anos e levará algum tempo para que os pro-dutores possam voltar a investir novamente na cultura.

Temos também um fato de grande importância para o futuro da citricultura, que é o crescimento do mercado de sucos naturais (NFC), e podemos ver isso pelo grande número de pequenas in-dústrias espalhadas pelo Estado de São Paulo, que contribuirão em muito para a estabilidade do setor citrícola nos próximos anos.

Nos próximos anos, teremos ótimas oportunidades para os ci-tricultores em contratos de venda de laranja para indústria, pro-dução de fruta de mesa e outros mercados como o de suco na-tural, mas será preciso melhorias na qualidade de frutas e maior produtividade para que seja aproveitado esse momento.

Podemos ter orgulho de ter uma das melhores citriculturas do mundo, com desafios imensos como o Greening (HLB) e ou-tras doenças graves, que demandam muitos recursos e técnicas aplicadas. Somente com muita dedicação e tecnologia podemos ter bons resultados. Parabenizo todo o setor citrícola por vencer esses desafios e poder desfrutar desta nova fase.

*Eng. agrônomo Leandro Aparecido Fukuda é consultor da Famatec

Após passar por sua pior crise, citricultura terá ótimas oportunidades de crescimento

Bons ventosartigo |

JORNAL DO ENGENHEIRO AGRÔNOMO 11

A citricultura paulista passou pela sua maior crise nos úl-timos quatro anos. Preços baixos e custos pressionados para cima por conta de doenças e pragas que tornam os custos de produção praticamente fixos, ainda tivemos nos

últimos anos eventos climáticos que afetaram muito as produtivida-des das últimas safras, sendo que na safra (2016/2017), que estamos fechando, as perdas foram muito maiores, chegando a uma redução de aproximadamente 19% em relação à safra 2015/2016.

A quebra de safra no Brasil junto com as produções menores da safra do EUA fez com que os preços da safra corrente subissem a níveis históricos, criando uma nova perspectiva com relação à ci-tricultura. Os estoques de suco concentrado vão baixar a níveis que não temos há muito tempo (2 mil toneladas ao final do período, se-gundo a Citrusbr), com isto os preços foram pressionados para cima. O gráfico apresenta a flutuação de preços de laranja de indústria segundo Cepea

Por Leandro Aparecido Fukuda

Podemos ver no gráfico do Cepea que os preços flutuaram de R$ 13,82/cx em fevereiro de 2016 para R$ 26,06 em janeiro de 2017, praticamente temos um aumento de 100% nos valores de frutas para indústria.

Abrem-se agora novas perspectivas para os citricultores que permaneceram no setor. Neste novo momento, acreditamos que os citricultores devem se planejar para os próximos anos, com um

| entrevista

José Carlos

O perfil empreendedor do Engenheiro Agrônomo do Ano de 2016

Por Adriana Ferreira

Natural de São Sebastião do Paraíso, região sudoeste do Es-tado de Minas Gerais, na divisa com São Paulo, o engenheiro agrônomo José Carlos Gonçalves, 75 anos, é um dos expoentes da cafeicultura no Brasil.

Formado pela ESALQ-USP há 52 anos, seu primeiro traba-lho foi em Campinas, na seção de Café da Secretaria Municipal de Agricultura. O mineiro de São Sebastião do Paraíso também atuou no extinto Instituto Brasileiro do Café (IBC), no Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e no Instituto Illy Café, entre ou-tras empresas de porte do setor cafeeiro.

Atualmente, Gonçalves é cafeicultor em Minas Gerais e em São Paulo, dedica-se também à produção de abacate, além da pecuária de corte. É diretor do grupo Cafetotal Empreendimen-tos e da empresa Flor do Abacate.

Descendente de imigrantes europeus, filho de cafeicultores, ele acredita que talvez “um sentimento atávico” o tenha levado a escolher a agronomia como profissão. “Mas o que foi fundamen-tal na escolha de minha profissão foi o amor e o respeito que te-nho pela natureza”, salienta.

Casado e pai de três filhos, sendo um deles engenheiro agrô-nomo e também esalqueano, Gonçalves é o exemplo de homem inquieto e empreendedor. Mantém uma rotina de trabalho diária. Além da cafeicultura, se tornou o maior produtor de abacate, da variedade Breda, do país. O fato advém de sua busca por alterna-tivas de culturas que fossem fora do cronograma dos trabalhos do café. Com propriedades localizadas a 1.200 metros de altitude, ele concluiu que o ideal seria plantar variedades tardias de aba-cate nas lavouras onde tinha a intenção de acabar com o café.

Essas variedades são as preferidas do consumidor brasileiro, pois são frutos grandes e sem fios e por isso vendidos em todo o território nacional. Mas Gonçalves enxergou além da fruta. Como o abacate possui de 11% a 12 % de óleo, ele montou uma indús-tria de extração desse óleo e também extrai farinha da polpa e inseticida natural do caroço.

Há um estudo que indica que o caroço do abacate tem um princípio ativo que combate a praga que dizima a citricultura, o greening (vírus transmitido por um inseto). O engenheiro agrô-nomo está trabalhando na produção de um veneno com esse componente e também estuda outras funções, como o comba-te ao fungo da alface e o bicho mineiro no café. E, de olho no valor agregado, ele já planeja atividades paralelas que podem ser realizadas na mesma estrutura industrial, seriam desdobra-mentos desse investimento.

O homem de negócios, prático e resolutivo diz que quando não está trabalhando gosta de ouvir música, dançar, bater-papo com os amigos. Ele revela que foi tomado pela emoção quando sou-be que seu nome foi escolhido pela AEASP para ser o Engenheiro Agrônomo do Ano de 2016. Em abril, ele será homenageado pelos seus pares na cerimônia da Deusa Ceres, em Ribeirão Preto (SP).

Quanto o senhor produz de café em suas propriedades?Desde a faculdade, eu participava das atividades de produção

cafeeira do sítio de meu pai. Em 1978, iniciei como cafeicultor na Fazenda São João do Alto, no município de Cajuru, SP. Atualmen-te, temos 360 hectares de café, com uma produtividade média móvel no longo prazo de 30 a 35 sacas beneficiadas por hectare. Nossa preocupação maior é com a sustentabilidade. A maior par-te do café produzido é vendida para exportação.

Como o senhor avalia o momento atual para a cafeicultura?Tanto no Brasil como no mundo, o consumo do café é cres-

cente. Descobriram-se os benefícios dessa bebida para a saúde. Além disso, um segmento da produção se descolou da condição de commodity e passou a ser considerada como cafés especiais. A fase atual, apesar de todas as mazelas que estão acontecendo no Brasil e no mundo, é favorável ao café.

Como e quando iniciou o seu interesse pelo abacate?Meu interesse pelo abacate iniciou na década de 1980. Posso

dizer que foi mera intuição, pois naquela ocasião o abacate era tido como fruta vilã para a saúde. De lá para cá, as coisas mu-daram diametralmente. Hoje, ele é considerado um alimento funcional de primeira grandeza com um consumo mundial em crescimento exponencial, tantas são as vantagens dessa fruta à saúde humana. E a possibilidade de consorciá-lo com o café caiu como uma luva. Atualmente, cultivo 300 hectares de abacate de variedades tardias, que entram na entressafra da fruta, de setem-bro a dezembro.

Como surgiu a Cafetotal e a Flor do Abacate?A Cafetotal nasceu na década de 1980, quando eu já produ-

zia café. Na ocasião, eu também trabalhava como profissional autônomo fazendo planejamento, consultoria e assessoria agro-nômica. Houve necessidade de se criar uma pessoa jurídica para dar respaldo legal a essa atividade. Posteriormente, a atuação da Cafetotal se ampliou para incorporação imobiliária, urbanização

JORNAL DO ENGENHEIRO AGRÔNOMO12

Gonçalves

De que maneira o cuidado com a sustentabilidade está presente em seus negócios?

Em todas as minhas ações, urbanas ou rurais, procuro ter a na-tureza como aliada. Penso que a sustentabilidade de meus pro-jetos se inicia por aí. Meu escritório, por exemplo, tem varanda e é cercado de árvores para que o sol não incida diretamente. Com isso, o ambiente interno é mais ameno. Outro procedimento sustentável: racionalizo o uso de máquinas agrícolas, procurando gastar menos combustível e evitar a compactação do solo.

De todos os desafios e realizações profissionais, quais fo-ram aqueles que mais lhe marcaram?

Foram vários, dentre eles, cito a chegada no Brasil da ferrugem do cafeeiro em 1970. Eu era jovem (quatro anos de formado) e tinha que dar orientação técnica à rede estadual paulista de como contro-lar a doença, que não se conhecia, a não ser na literatura. Além disso, fazer parte da equipe que realizou o primeiro zoneamento agrocli-mático da cafeicultura brasileira também me empolgou.

Participar do primeiro programa de biotecnologia de café do mundo, como executor no Brasil na década de 1980, me marcou. Atuar para estender o período de produção de abacate, tendo o fruto para comércio durante o ano todo, também foi um trabalho que me desafiou. Tanto que, em meu projeto de abacaticultura, os frutos são comercializados na antiga entressafra. Por último, a concepção e implantação de uma indústria pioneira e moderna de produção de óleo de abacate e polpa de frutas, utilizando-se os mesmos equipamentos.

Quantas horas por dia o senhor trabalha, qual é o seu ritmo?Trabalho muito e me divirto bastante. Durmo pouco, cerca de

cincohoras por noite. Às vezes, acordo de madrugada com a solu-ção de problemas que não consegui resolver durante o dia. Talvez, deitado, a irrigação do cérebro seja mais eficaz e traga as soluções.

Quais são seus planos para o futuro, pensa em se aposentar?O futuro a Deus pertence. Não penso em aposentadoria a cur-

to e médio prazos.

entrevista |

e construção civil. A Flor do Abacate é a caçula de nossas em-presas. Foi fundada em 2015, com a missão principal de produzir óleo de abacate, farinha de polpa e inseticida natural do caroço. Na esteira da Cafetotal, os objetivos da Flor do Abacate também estão se ampliando, e deveremos entrar para a fabricação de pol-pa de diversas frutas e de amido resistente, utilizando-se os mes-mos equipamentos da fabricação do óleo de abacate. Trata-se de uma indústria moderníssima.

Como vão as pesquisas com óleo de abacate?As pesquisas com o óleo de abacate vão bem, com resultados pro-

missores, alguns deles já apresentados em congressos científicos.O óleo de abacate se destinará ao consumo humano e à fabrica-

ção de cosméticos. Tem havido interesse de diversos países, dentre os quais Canadá, Japão e Coreia do Sul. No Brasil, o mercado como alimento humano é incipiente e terá que ser desenvolvido.

Qual o principal papel do engenheiro agrônomo na atualidade?Em minha opinião, a principal função do engenheiro agrô-

nomo na atualidade é produzir e preservar. Produzir para que se possa abastecer os mais de 7 bilhões de habitantes de nosso planeta. Preservar para que o futuro garanta o bem-estar da po-pulação e da função mestra da natureza.

Onde estão as oportunidades de trabalho para os profis-sionais da agronomia?

As oportunidades estão em todas as partes. Aprendi em mi-nha carreira profissional que as oportunidades aparecem nos lu-gares onde menos se espera.

Como ficou sabendo de sua escolha para ser o Engenheiro Agrônomo do Ano de 2016 e como recebeu a notícia?

Fiquei sabendo da escolha pelo telefonema do Ângelo Petto Neto [presidente da AEASP], no fim da tarde. E, como não poderia deixar de ser, fui tomado de uma emoção indescritível, mistura de surpresa, alegria e gratidão. Jamais pensei em receber uma homenagem de tamanho significado.

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O Banco do Brasil e a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) assinaram protocolo de in-tenções para apoio à cadeia produtiva do setor em duas frentes: financiamento a investimentos e ao comércio exterior. São apro-ximadamente 1.640 associados da Abimaq, além das micro e pe-quenas empresas (MPE) dessa cadeia produtiva, que contam com as soluções do Banco do Brasil para apoiar o seu desenvolvimento. Com isso, a expectativa é de atender às demandas das empresas com mais assertividade e agilidade desde o processamento das operações até a contratação e liberação de recursos.

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Máquinas agrícolas

O governo da Noruega está criando um novo fundo para dar início aos investimentos para a agricultura sem desmatamento em países que estão trabalhando para reduzir a degradação de suas florestas e turfeiras. Ele trabalhará em parceria com o Fundo Global para o Meio Ambiente, um programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, com a IDH (Iniciativa de Comércio Sus-tentável) e com as principais empresas de alimentos e ONGs ambientais, visando proteger mais de 5 milhões de hectares de florestas e turfeiras até 2020, proporção equivalente ao tamanho do território da Costa Rica.

O fundo será disponibilizado com um compromisso de até US$ 100 milhões do governo norueguês, baseado em uma meta de capitalização de US$ 400 milhões até 2020, a ser obtido de outros doadores bilaterais e multilaterais, bem como parceiros do setor privado. O capital será utilizado em parte para ajudar a produtividade dos pequenos agricultores

Fundo contra o desmatamento

A Aprosoja, Abiove, Fediol, Fefac e a IDH assinaram um memo-rando de entendimento para apoiar e ampliar a produção de soja sustentável no Brasil e sua promoção no mercado europeu. É a pri-meira vez que um relacionamento de trabalho é formalizado entre a cadeia da soja brasileira e importantes compradores europeus com um plano de ação que promove a produção de soja sustentá-vel no Brasil e seu consumo na Europa.

Brasil e Europa

No dia 19 de janeiro, o presidente da AEASP, Angelo Petto Neto, compareceu à colação de grau dos estudantes da ESALQ-USP. Na ocasião, além de representar a associação, Petto representou o presidente do Crea-SP, Vinicius Marchese Marinelli.

Na imagem, Angelo Petto é ladeado pelo diretor da ESALQ, Luiz Gustavo Nussio, e o vice-diretor, Durval Dourado Neto.

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www.agrisus.org.br

Educação individual(bolsas e viagens);

Financia projetos de:

Educação coletiva(eventos, publicações);

Pesquisas técnicas,

com o objetivo de melhorara fertilidade sustentável dosolo com ambiente favorável.

Educação individual(bolsas e viagens);

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Educação coletiva(eventos, publicações);

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com o objetivo de melhorara fertilidade sustentável dosolo com ambiente favorável.

parabólica |

Com a presença de cerca de 200 representantes de toda a cadeia produtiva agrícola (agricultores, indústria, distribuido-res e poder público), ocorreu, na noite de 19 de dezembro, a cerimônia de comemoração de 15 anos do inpEV (Instituto Na-cional de Processamento de Embalagens Vazias). Realizada em São Paulo, a solenidade enfatizou a contribuição do instituto, como núcleo de inteligência do Sistema Campo Limpo (logís-tica reversa de embalagens vazias de defensivos agrícolas), para a construção de uma agricultura sustentável. O evento celebrou a integração entre todos os elos do sistema.

“Sem esta atuação conjunta, baseada no conceito de respon-sabilidade compartilhada, não teríamos chegado à posição de liderança mundial que alcançamos, ao destinar corretamente 94% das embalagens vazias de defensivos agrícolas colocadas no mercado”, destacou João Cesar M. Rando, diretor-presidente do inpEV. Ele ressaltou que o programa brasileiro é referência no mundo e está à frente de muitos países que têm sistemas similares.

O presidente da AEASP, Angelo Petto Neto, e o tesoureiro da entidade, Tulio Teixeira de Oliveira, estiveram no evento. A AEASP, juntamente com a Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef ), está intimamente ligada aos primórdios do inpEV. “A ideia da tríplice lavagem que embasa esse progra-ma de sucesso surgiu dentro da AEASP ainda na década de 1980, quando os engenheiros agrônomos se mobilizaram para criar uma solução para o difícil problema do destino das em-balagens de defensivos. A AEASP foi a pioneira a enfrentar o problema do destino correto das embalagens no mundo”, re-lembra Guido José da Costa, presidente da associação à época da implantação do projeto.

A Andef custeou, e coordenava junto com a AEASP, o pro-jeto. “Como presidente-executivo da Andef, à época, procurei dois parceiros essenciais, o presidente da AEASP, Guido José da Costa, e o então secretário da Agricultura do Estado de São Paulo, Roberto Rodrigues. A nossa primeira decisão foi dar início a um projeto piloto para que desenvolvêssemos a ex-periência de como descontaminar, recolher, armazenar e dar um destino final correto a essas embalagens”, relata Cristiano Walter Simon. Com o auxílio de empresas agrícolas, as duas entidades criaram um projeto piloto no município de Guariba, interior de São Paulo, que abriu o caminho para o surgimento, em 2002, do inpEV.

O presidente do Crea-SP, Vinicius Marchese Marinelli, que assu-miu o cargo em 12 de setembro do ano passado, se reuniu, na sede da entidade, em São Paulo, com o presidente e o vice-presidente da AEASP, Angelo Petto Neto e Henrique Mazottini, respectiva-mente, e com o presidente do CAC, Celso Roberto Panzani e a vice-presidente do clube, Ana Meire Coelho Figueiredo. Eles assinaram contrato para a renovação do convênio da seção de uso de espaço das respectivas entidades para postos de atendimento.

Convênio15 anos de inpEvEvento reúne toda a cadeia produtiva agrícola em São Paulo

JORNAL DO ENGENHEIRO AGRÔNOMO 15

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Ao preencher a Anotação de Responsabilidade Téc-nica (ART), o engenheiro agrônomo não deve se es-quecer de registrar no campo 31 do formulário o nú-mero 58. Desta forma, o profissional estará ajudando a AEASP a obter mais recursos, que serão revertidos em benefício da categoria agronômica. Se o emissor dei-xar o campo 31 em branco, a alíquota não é repassada à nossa entidade.

Os tipos de ARTs específicas para o engenheiro agrô-nomo são as de Obras, Serviços, Receituário Agronômi-co, Desempenho de Cargo/Função e Crédito Rural.

| mercado em foco

Receita de sucessoO presidente da maior cooperativa de cafeicultores do mundo fala da trajetória da empresa e das perspectivas para o setor

A origem da Cooxupé data de 1932, com a fundação de uma Cooperativa de Crédito Agrícola, transformada em 1957 em Coo-perativa de Cafeicultores. Prestes a completar 60 anos, ela tornou-se a maior cooperativa de cafeicultores do mundo, atuando no recebimento, no processamento e na comercialização do produto.

Presidente da cooperativa para o quadriênio 2015–2019, Car-los Alberto Paulino da Costa é o segundo presidente da organiza-ção desde sua fundação. Também está à frente da SMC Comercial Exportadora de Café S/A, empresa controlada pela Cooxupé que comercializa cafés especiais e certificados.

Natural de Monte Santo de Minas, Paulino da Costa formou-se engenheiro agrônomo pela ESALQ-USP, em 1960. Cafeicultor com destacada atuação no sul de Minas e região do cerrado mi-neiro, há 22 anos integra o Conselho de Administração da Coo-xupé. Dentre as posições que ocupou, foi prefeito de sua cidade natal, presidente do Rotary Club, provedor da Santa Casa de Mi-sericórdia, presidente da Agrocredi e vice-presidente do Centro do Comércio de Café do Estado de Minas Gerais. Ele fala sobre a trajetória da Cooxupé, a qual ajudou a construir.

Quais são os seus principais desafios à frente de uma coo-perativa que está presente em mais de 200 municípios e que possui 13,3 mil cooperados, sendo 84% pequenos produtores?

São vários, pois compramos o café, preparamos e exportamos para 40 países. Temos uma equipe com capacitação logística, tributária, financeira, na área de classificação e de comunicação. Temos de ter também um sistema financeiro bem robusto. Aqui o cooperado vende no período que quer. Sempre tem mercado. Outro desafio é a armazenagem. Temos armazéns seguros e ágeis. Tem também a questão do preparo, pois as empresas importado-ras no exterior estão cada vez mais exigentes quanto à qualidade. Precisamos manter o fornecimento dos insumos para o cooperado e ter logística para entregá-los. É preciso manter a equipe, pois são profissionais altamente qualificados, e, como somos uma coope-rativa, não podemos pagar um salário exorbitante, mas não pode-mos ficar muito abaixo do mercado. Temos 130 engenheiros agrô-nomos dando assistência técnica global não direcionada, ou seja, sem impor ao produtor este ou aquele produto. Concorremos com multinacionais cujo poder financeiro é muito superior ao nosso. Mesmo assim, colocamos nosso café em 40 países.

E como é para um engenheiro agrônomo estar à frente de um grande negócio?

Nosso dia a dia é dinâmico e, por que não, bem estressante. Temos um conselho de administração composto por nove mem-bros. Todas as nossas estratégias são discutidas nesse conselho. Cabe ao presidente e ao vice implementarem as estratégias. A

JORNAL DO ENGENHEIRO AGRÔNOMO16

gestão comercial e financeira tem quatro superintendências. Todos que entram na Cooxupé passam pelo nosso RH. Aqui não tem nin-guém indicado pelo presidente. Temos hoje 60 profissionais que possuem MBA e, para os que que-rem cursar especialização, ofere-cemos bolsa de estudo. Com isso, tenho tranquilidade de que todos os setores possuem pessoal capacitado. Não depende de minha capacitação a gestão dos setores.

Mas qual o segredo parar a cooperativa ter crescido tanto?Quando um negócio começa a crescer, você acha que é ami-

go de Deus. Depois de um ponto, você passa a achar que é Deus. Então, é preciso se autocontrolar para não achar que é Deus. Você tem sempre que achar que nos setores da cooperativa têm indivíduos mais competentes que você. E esses indivíduos têm de trabalhar dentro dos limites do mercado, têm de usar a com-petência deles para resolver situações específicas. Uma empresa não pode depender apenas de uma pessoa.

Quais os principais desafios enfrentados pelos cafeicultores brasileiros na atualidade?

O custo da mão de obra. O café é uma cultura que depende de muita mão de obra. Nas regiões onde se pode mecanizar, os pro-dutores estão mais tranquilos. Mas onde tem morro, montanha, locais acidentados, os agricultores estão passando dificuldades.

Além da mão de obra, quais outros aspectos trazem dificuldades?O café tem uma volatilidade muito grande. O mais fácil é pro-

duzir, difícil é vender. Em outubro, o café estava R$ 580 e há uma semana estava R$ 460. É uma diferença substancial. Essa volati-lidade é que deixa o produtor desorientado. Nós aconselhamos vender parcelado para fazer um preço médio, pois é difícil acer-tar o teto do preço.

Há uma concentração de grandes empresas que juntas determinam o preço do café. Como se ajustar a essa condi-ção do mercado?

É preciso ser uma empresa grande para poder conversar com eles. Você pega, por exemplo, uma Nestlé ou uma Jacobs, que fornece os cafés no Estado de São Paulo já torrados, eles têm uma torrefação enorme no mundo inteiro. Tem a Starbucks, Nespres-so, enfim, são muito grandes. Por isso, precisa de uma compa-nhia grande como a nossa. Evidente que você não vai conversar

mercado em foco |

JORNAL DO ENGENHEIRO AGRÔNOMO 17

de igual para igual, porque eles são muito maiores, mas temos poder de argumentação. As empresas pequenas são engolidas. Também temos um parque industrial muito sofisticado, pois o café, ao sair da lavoura, passa por vários processos. E, se não for uma empresa de porte, não tem condições de preparar esse café segundo as exigências do mercado.

Como está hoje o processo de inserção no mercado do óleo de café verde ou da torta, ambos produtos voltados à indústria de cosméticos?

Estamos há alguns anos fazendo pesquisa. O café torrado, que se toma coado, perde muitas propriedades. No simples ato da torra, já existe uma perda substancial. O café verde, sem torrar, passa por um processo de prensagem para a retirada do óleo, for-mando uma biomassa, que tem propriedades excepcionais. Nos EUA, já se comercializa o “green coffee” em cápsulas, que é utili-zado para emagrecer. O óleo já existe na Europa e é utilizado na área de cosméticos de alto nível. Porém, entrar nesse segmento é complexo, pois é um mercado altamente especializado. Assim, fizemos uma parceria com uma empresa de São Paulo, fornece-mos o óleo e a biomassa e a empresa faz o processamento dos produtos, adequando-os às necessidades da indústria cosméti-ca. Hoje, nossa produção é pequena, mas vemos um futuro mui-to bom para esses produtos. É um investimento de longo prazo.

Vocês se dedicam ao nicho de café gourmet?Criamos outra empresa, a SMC Comercial e Exportadora,

que é 100% nossa, mas totalmente fora da nossa sede, com outros funcionários e outra visão de mercado. Nossas instala-ções produzem de 5 mil a 6 mil sacas por dia e o mercado de café gourmet é ainda para pequenas quantidades. Tem de ter outra estrutura de preparação, pois são 20, 30, 50 sacas. Está crescendo muito, mas é um nicho de mercado. Não é para pro-dutor de larga escala. Um produtor de café gourmet produz 2 mil sacas e, dessas 2 mil, 500 dão café gourmet. Por isso, o agricultor vai trazendo a produção aos poucos, passa no nosso laboratório e, se for especial, é direcionado para a SMC. Sen-do especial, a SMC entra em contato com o produtor, informa sobre a qualidade e dá o preço de compra. A SMC também compra em outras regiões, mesmo que não seja cooperado.

Qual o ritmo de crescimento para os cafés especiais?O consumo interno vai aumentar um pouco, apesar da crise,

porque normalmente a maioria das torrefações produz um blend do conilon com arábica. O café conilon tem muita cafeína, as-sim você bebe esse café em menor quantidade do que quando consome café arábica. E, sendo arábica, aumenta-se o consumo, porque o produto tem menos cafeína e melhor sabor. O consumo interno vai aumentar, gradativamente. No mercado internacional,

nos chamados mercados maduros, a expectativa de crescimento é pequena, pois eles já não têm por onde crescer. Já nos mercados novos, como Japão, Coreia ou Turquia, o consumo está crescendo.

O currículo do senhor é rico em realizações. De todas, qual aquela que lhe traz mais satisfação?

Sendo bem franco, não vejo nenhuma realização como minha especificamente, pois tudo é resultado do trabalho em conjunto. Nesses termos, posso dizer que, há cinco anos, fizemos um par-que industrial chamado Japy. Pode procurar em qualquer lugar do mundo que você não vai encontrar um parque industrial, vol-tado para a cultura do café, com uma tecnologia tão avançada. Esse parque significou uma outra fase para a Cooxupé. Todo o sis-tema é informatizado e automatizado. Três pessoas comandam um estoque de 4 milhões de sacas de café. A carga já sai daqui para Santos alfandegada, evitando os custos portuários de inter-nação e liberação. A Receita Federal e o Ministério da Agricultura têm seus postos de trabalho aqui e já efetuam todo o trâmite de exportação. Nenhum embarcador de café tem isso. Nossa torre-fação, ainda que não seja em tamanho a maior, comparada à das grandes multinacionais, é a mais avançada em tecnologia.

Quais as metas da Cooxupé para 2017? Ano passado, recebemos 6,2 milhões de sacas. Este ano, espe-

ramos uma safra menor, a meta é de 5,8 milhões de sacas. Entre exportação e mercado interno, o volume total deverá girar em torno de 6 milhões de sacas. Para se ter ideia, isso representa 4% da produção mundial de café.

Quais as suas projeções para o setor cafeeiro nos próximos anos?Primeiro, temos dois mercados: o café gourmet e o café com-

modity. O crescimento anual do gourmet gira em torno de 25%, mas parte de uma base de cálculo bem pequena, com relação ao que é produzido, num montante de 30 milhões de sacas que o Bra-sil quer exportar. Os cafés classificados como especiais atingem 1 milhão de sacas, mas tem outros, certificados como especiais tam-bém, que chegam a 4 milhões de sacas. O café commodity está passando por uma fase muito boa. De dez anos para cá, os pes-quisadores mostram que o café tem uma série de nutrientes que o colocam no rol de alimentos funcionais. Na América Central, a produção está caindo. O Brasil, com a mecanização, é o único país que tem condições de suprir essa demanda mundial.

Parque industrial do Japy

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Um presente cheio de futuroFazenda doada pelo escritor Raduan Nassar à UFSCar se transformou no campus Lagoa do Sino e vem mudando o panorama da região de Buri

Em 2011, a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) definiu que implantaria o seu quarto Campus - Lagoa do Sino -, localizado no município de Buri (SP) e a 6 quilômetros da cidade de Campina do Monte Alegre, em uma fazenda de 643 hectares altamente pro-dutivos. A propriedade pertencia ao escritor Raduan Nassar, que decidiu doá-la para a UFSCar após três meses de negociação com o governo federal.

A universidade foi escolhida por ser a única federal a ter cam-pus no interior do Estado e o objetivo era contribuir para o de-senvolvimento da região. Foi feito um pacto do aceite da institui-ção de ensino, que recebeu 643 hectares do imóvel bem como todas as instalações e parte dos equipamentos da propriedade, como tratores, colheitadeiras e silos de armazenagem. Além dis-so, foram mantidos os empregados da fazenda, a pedido de Nas-sar, que continuaram a trabalhar na propriedade. As casas foram preservadas, passando por reforma para adaptação das instala-ções às necessidades da universidade.

Os primeiros cursos de graduação – engenharia agronômica, engenharia de alimentos e engenharia ambiental – receberam os

seus 150 alunos em 2014 e contam atualmente com 23 docentes. O curso de bacharelado em engenharia agronômica possui

uma linha de formação em agricultura familiar sustentável. “Os discentes serão formados de forma eclética, com conhecimento em diversas áreas, com o diferencial de que será dada ênfase aos princípios baseados no tripé agricultura familiar, sustentabilida-de e segurança alimentar”, explica o professor dr. Rodrigo Neves Marques, vice-coordenador do curso.

Ele acrescenta que o projeto pedagógico é diferenciado em re-lação aos demais cursos. A estrutura e organização curriculares são desenvolvidas com base nos seguintes princípios pedagógicos:

• Organização curricular em períodos anuais;• Distribuição dos conteúdos nos seguintes eixos temá-

ticos: Desenvolvimento Rural; Extensão Rural; Engenharia, Me-canização e Construções Rurais; Recursos Naturais; Produção e Processamento de Alimentos de Origem Animal e Produção e Processamento de Alimentos de Origem Vegetal;

• Conteúdos não fragmentados: os eixos temáticos serão tratados de forma integral, sob a coordenação de um professor

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efetivo, com formação na área do eixo, não sendo desmembra-dos em disciplinas;

• Conteúdos básicos continuamente retomados e apro-fundados nos eixos temáticos ao longo dos perfis, de acordo com as necessidades postas pelos conhecimentos trabalhados em cada perfil;

• Formação profissional e básica conjugadas desde o iní-cio do curso.

Os egressos estarão habilitados a atuar no âmbito de diferen-tes modelos de produção agropecuária e agroindustrial (con-vencional e alternativo) com uma visão sistêmica que permita a formação de condutas e de atitudes responsáveis nos âmbitos econômico, ambiental e social.

O vice-coordenador conta que o perfil dos estudantes do cam-pus é muito diversificado. “Há uma grande participação de alunos da região, que chamamos de Território Lagoa do Sino, além de ou-tras regiões do Estado de São Paulo. Alguns de nossos estudantes são oriundos de famílias de produtores rurais, que acabam tra-zendo experiências vivenciadas no dia a dia. No entanto, também possuímos grande participação de alunos que vivem em centros urbanos. Nosso curso também conta com a participação de estu-dantes indígenas, oriundos de diferentes regiões do país.”

A sementeA doação da fazenda satisfez uma antiga vontade do escri-

tor Raduan Nassar, autor do aclamado Lavoura Arcaica, que há muitos anos deixou a literatura para se dedicar à agricultura. Ao entregar sua fazenda, bastante produtiva, o escritor entendeu que a presença de uma universidade, oferecendo ensino públi-co, gratuito e de qualidade com ações de extensão universitária e pesquisas voltadas ao atendimento das demandas da região poderiam acelerar o desenvolvimento local.

Contudo, algumas exigências fizeram parte do acordo de doação da Fazenda Lagoa do Sino para a UFSCar. As principais foram: ins-talar um campus universitário na fazenda Lagoa do Sino; que o campus fosse denominado Lagoa do Sino; construir, no prazo de seis anos (contados a partir de 2011), infraestrutura física para atividades de ensino, pesquisa e extensão equivalentes a 25 mil metros quadrados.

A partir de 2012, casas e instalações existentes na fazenda foram reformadas e ampliadas. Foram adaptadas para servirem como salas de aulas, refeitório, direção, biblioteca, salas de pro-fessores e laboratórios de ensino.

Entre 2012 e 2013, uma equipe interdisciplinar da UFSCar realizou um diagnóstico socioeconômico e ambiental na região

sudoeste paulista, permitindo compreender algumas caracterís-ticas do território e de seus principais atores. Com essa análise, foi possível compreender a situação socioeconômica e ambiental, o destacado potencial agrícola e pecuário da região, assim como de suas extensas áreas de preservação permanente e de flores-tas plantadas, além dos baixos índices de segurança alimentar e acesso à saúde da população.

Se por um lado a região se destacava como detentora do maior PIB agrícola do Estado de São Paulo, por outro, detinha os piores índices de desenvolvimento humano. Pobreza, baixa escolaridade, acesso precário à saúde e forte presença da agricultura familiar.

“Com os dados do diagnóstico, os cursos de graduação foram criados. E o curso de engenharia agronômica recebeu ênfase em agricultura familiar, pois o território em que o campus está loca-lizado contempla 72% das unidades de produção de base fami-liar”, diz o professor.

Mesmo após estabelecer um protocolo de intenções com o Ministério da Educação em que ambos assumiram “o compro-misso de adotar, no âmbito de suas respectivas competências, as medidas administrativas necessárias, incluindo as de natureza orçamentária e financeira para viabilizar a implantação do cam-pus Lagoa do Sino”, o docente da UFSCar admite que a instituição não terá como atender às exigências de construção dos 25 mil metros quadrados de infraestrutura até o fim de 2017.

Além dos reflexos da crise política e econômica que atinge o Brasil, Marques conta que houve uma série de dificuldades logísti-cas para viabilizar a implantação do campus. “Rodovias da região estavam em péssimo estado de conservação, o que dificultou o acesso e o interesse de empresas de construção civil para partici-parem de licitações de obras de envergadura das de um campus universitário. Restrições orçamentárias, ausência de concorrentes em licitações de obras, greve de servidores e até uma inundação na região atrasaram a construção do campus”, justifica Marques.

Ciente desse cenário, Nassar compreendeu a necessidade de prorrogar o prazo para que a UFSCar, em parceria com o MEC, consiga atender às demandas acordadas. Segundo informações de seu assessor, ele espera que o projeto de implantação do campus tenha continuidade, dando atenção prioritária ao de-senvolvimento territorial, para a agricultura familiar, a segurança alimentar e a preservação da biodiversidade. Além disso, que o campus Lagoa do Sino permaneça parte integrante da UFSCar, mantendo seu caráter público e gratuito, dando continuidade a suas políticas afirmativas cujas diretrizes estão firmadas no Plano de Desenvolvimento Institucional da universidade.

O escritor também deve exigir que os recursos financeiros gerados pela produção agrícola da fazenda sejam integralmente aplicados no campus e que haja a constante busca de investi-mento para a criação de novos cursos. São exigências que deve-rão fazer parte do novo acordo.

“Esperamos a sensibilidade dos responsáveis no MEC para que apoiem a UFSCar na viabilização do atendimento da demanda por área construída. Contamos com um corpo docente jovem e alta-mente capacitado que tem buscado recursos regionais, nacionais e internacionais para projetos de pesquisa que deverão também contribuir com as metas de construção da UFSCar. Será um gran-de desafio para a universidade e seus servidores. Com isso, busca-remos ainda mais o apoio da iniciativa privada e das agências de fomento nacional e internacional”, conclui o vice-coordenador do curso de engenharia agronômica do campus Lagoa do Sino.

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