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Movimento organizou protestos em 11 estados, mobilizando milhares de pessoas Assembléia Popular amplia campanha contra o alto preço da luz Ofensiva das multinacionais: militantes são vítimas da repressão das empresas Página 3 Página 7 Nº 4 | Abril de 2008 14 de março Atingidos por Barragens denunciam modelo energético a favor das transnacionais 14 de março Atingidos por Barragens denunciam modelo energético a favor das transnacionais A Tarifa Social e o modelo energético: vitórias e desafios Página 6

Jornal do MAB | Nº 04 | Abril de 2008

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Movimento organizou protestos em 11 estados, mobilizando milhares de pessoas

Assembléia Popularamplia campanha contrao alto preço da luz

Ofensiva das multinacionais:militantes são vítimas darepressão das empresas

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Nº 4 | Abril de 2008

14 de marçoAtingidos por Barragens denunciam modelo

energético a favor das transnacionais

14 de marçoAtingidos por Barragens denunciam modelo

energético a favor das transnacionais

A Tarifa Social e omodelo energético:vitórias e desafios

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Jornal do MABUma publicação do

Movimento dos Atingidospor Barragens

EXPEDIENTE

Projeto Gráfico:MDA Comunicação Integrada

Tiragem: 5.000 exemplares

www.mabnacional.org.br

om muita luta, povo na rua edenúncias contra a ação dasgrandes empresas multinacio-

nais é que os atingidos por barragensparticiparam do dia 14 de março: DiaInternacional de Luta contra as Barra-gens.

Historicamente o período do 14de março foi marcado pelas mobiliza-ções que ocorrem no Brasil e em di-versos outros países. Em 2008 não foidiferente. No Brasil, foram realizadasdezenas de ações em 11 estados queenvolveram milhares de pessoas. Aslutas começaram com a participação najornada do 8 de março - Dia da Mulher-, onde companheiras do MAB e da ViaCampesina saíram às ruas para protes-tar, e continuaram na semana seguinte.

Pela avaliação da coordenação do movimento, aquantidade e a qualidade das ações deste ano demons-traram maior maturidade do MAB e dos demais movi-mentos sociais. A unidade na luta e o enfrentamentocontra os verdadeiros inimigos do povo, as multinacio-nais, são manifestações deste crescimento.

Entendemos que, se durante o regime ditatorialbrasileiro, a resistência à construção de barragens secaracterizava pelas reivindicações por reassentamen-tos ou indenizações justas das terras, a luta de hoje in-corporou a necessidade de mudança do modeloenergético, que virá somente com a mudança do mode-lo de sociedade. As conquistas imediatas são impor-tantes e necessárias, pois permitem as famílias resisti-rem, mas a história demonstra que, se não mudarmos omodelo de sociedade, as conquistas não se sustentam.

Neste sentido, nossas ações denunciaram tantoos crimes sociais e ambientais cometidos pelas em-presas, como também, através da luta para baixar o

EDITORIAL

Os atingidos por barragense a atual luta do MAB

Os atingidos por barragense a atual luta do MAB

preço da energia elétrica e pelo direito a tarifa social,demonstraram para toda população a exploração den-tro do setor energético. Isto, com certeza, trouxe etrará um maior número de pessoas para juntarem-se ànossa luta.

Saudamos a todos os companheiros e companhei-ras que de alguma forma ajudaram a preparar e a reali-zar as lutas de março. Como vimos acima, a luta conti-nua e com certeza estaremos juntos nas próximas.

Viva a luta popular!

Coordenação Nacional do Movimentodos Atingidos por Barragens

Abril de 2008

CC

Atingidos por Barragens lutamcontra as altas tarifas de energia

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o que está acontecendocom a articulação de movi-mentos e organizações so-

ciais do campo e da cidade e de pas-torais sociais que constituem a As-sembléia Popular e que compreen-dem que a energia tem se transfor-mado numa mercadoria, agora con-trolada e colocada a serviço dasgrandes empresas transnacionais.

Definida como luta prioritáriapara 2008 na plenária nacional rea-lizada na segunda quinzena de feve-reiro, em Luziânia/DF, a questãoenergética será tema de encontrosde formação nos estados e pauta demobilizações a serem realizadas nopróximo período. A definição é fru-to de um acúmulo de debates pro-vocados pelo Movimento dos Atin-gidos por Barragens, através da cam-panha contra os altos preços daenergia elétrica que, desde o anopassado ganhou força com o plebis-cito popular que instigou mais dedois milhões, quatrocentos e onzemil brasileiros a discordarem que aenergia elétrica continue sendo ex-plorada pelo capital privado, com opovo pagando até oito vezes maisque as grandes empresas.

Segundo Luiz Bassegio, dacoordenação da Assembléia, amobilização em torno do preço daenergia elétrica agrega moradores docampo e da cidade e é um instrumen-to propício para o enraizamento daAssembléia Popular nos estados emunicípios. “É cada vez mais neces-sário que a população conheça quemsão os verdadeiros donos da energiano país e que o alto preço da tarifa éuma mina de ouro para o acúmulo decapital das grandes empresastransnacionais”, afirma Bassegio.

O problema central na ques-tão da energia é o atual modeloenergético, e pela definição da As-sembléia Popular, também deve es-tar no centro do debate da classetrabalhadora. Ou seja, cadê vez maisé necessário compreender que omodelo energético está organizadoa partir da fusão entre bancos, em-presas energéticas, mineradoras emetalúrgicas, empreiteiras e empre-sas do agronegócio e que a açãodestas empresas incide diretamen-

te sobre o cotidiano das pessoas,seja pelo alto preço da energia elé-trica, pela alta no preço dos alimen-tos e do transporte público, porexemplo.

O que é a AssembléiaPopular?

É um instrumento que reúnee articula forças populares, respei-tando as diferenças culturais e a au-tonomia das organizações envolvi-das e promovendo a participação,decisão, formação, articulação emobilização popular, com a dispo-sição de construir o Projeto Popu-lar para o Brasil, a partir da inser-ção de todos os sujeitos que cons-tituem o mundo do trabalho e a par-tir do exercício de poder popular.

Ela surgiu como proposta paraarticular e atingir a população quenão está em grupos organizados e,entre os grupos e entidades organi-zadas, objetiva possibilitar uma lutacomum.

Modelo energético em pauta no próximoperíodo em ações de formação e protesto

Assembléia Popular amplia campanha contra o alto preço da luz

Modelo energético em pauta no próximoperíodo em ações de formação e protesto

ÉÉ

Se a força do grandecapital avança contraa classe trabalhadorapela obtenção de umlucro extraordináriocom a comercializaçãoda energia elétrica, apopulação pobre reagee se organiza para amudança deste cenário.

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Barragem de Sobradinho

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ssa luta não é apenas dapopulação atingida peloslagos. Todo povo brasilei-

ro é atingido pelas tarifas caras,pela privatização da água e daenergia, pelo dinheiro público in-vestido nessas obras, afirmou acoordenação do MAB.

Confira as ações realizadasdurante a jornada de lutas em di-versos estados do país, que resul-tou em várias audiências vitoriosascom o governo e empresas.

Em São Paulo, 600 mili-tantes ocuparam a sede do Ibama(Instituto Brasileiro do Meio Am-biente e dos Recursos NaturaisRenováveis). Eles cobraram a não

liberação das obras da UsinaHidrelétrica de Tijuco Alto(outras 3 barragens estão pre-vistas para o local). Com a im-plementação da usina, cincomunicípios da região, muitosdeles com áreas de preservaçãoambiental e terras quilombolas,ficarão debaixo d'água.

Na Paraíba, os agricul-tores trancaram a Br 104 (loca-lizada a 6km da cidade de Cam-pina Grande), em protesto con-tra o desrespeito aos direitosdos atingidos pela barragem de Acauã,considerada a pior situação social dasfamílias reassentadas por uma barra-gem no país. Esta situação foi confir-

mada durante umavisita da ComissãoEspecial de Secre-taria de DireitosHumanos do go-verno. No dia 11,moradores de di-versas comunida-des da grande JoãoPessoa realizaramuma mobilizaçãodiante do prédio da

distribuidora SAELPA, para exigir ocumprimento da lei que garante a Tari-fa Social de Energia.

No Paraná, na UHE SaltoSantiago, cerca de 650 integrantesdo MAB e da Via Cam-pesina trancaram a BR158 e ocuparam o pá-tio da multinacionalTractebel Energia. Osagricultores protestamcontra a lei que os im-pede de viverem a me-nos de cem metros damata ciliar no entornodo lago da barragem.Depois de terem sidoexpulsos pelo lago da

barragem, agora mais uma vez cor-rem o risco de perderem as terras.

Em Tocantins (divisa comMaranhão), o MAB e a ViaCampesina trancaram a entrada docanteiro de obras da Barragem deEstreito e lá permaneceram durante9 dias. Durante a ocupação, o agri-cultor Welinton da Silva Silva levouum tiro na perna. Os disparos foramfeitos pelo gerente da empresa detransportes da obra. Os manifestan-tes estiveram reunidos com o Minis-tério Público Federal e o Ibama e nopróximo dia 11 haverá nova reunião.

No Ceará, cerca de 700atingidos pelas barragens deCastanhão, Jaguaribe e Maciço deBaturite ocuparam por dois dias ocanteiro de obras do Canal daIntegração. Este canal faz parte das

O 14 de março é, todosos anos, um dia de atose protestos mundiaiscontra a construção debarragens, em defesa davida e da natureza epelos direitos dosatingidos. O MAB e a ViaCampesina realizaramvárias mobilizaçõesdurante a semana do14 de março, com oobjetivo de questionar oatual modelo energéticoe sensibilizar apopulação para o roubono preço da energia.

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Mulheres da Via Campesina ocupam trilho deferrovia da Vale em MG

Atingidos protestam nas ruas contra os altos preços da energia

Atingidos agitam bandeiras do movimento em ato público

Jornada de LutasNo 14 de março, MAB realiza protestos em 11 estadosNo 14 de março, MAB realiza protestos em 11 estados

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obras de transposição do rio SãoFrancisco tendo como finalidade le-var água para o Complexo Portuárioe Industrial do Pecém, onde se loca-lizam várias indústrias siderúrgicas.Durante a mobilização, lideranças doMAB participaram de audiênciascom representantes do Incra, Dnocs,e do governo do estado.

Em Rondônia, 700 Atingi-dos ocuparam durante cerca de umasemana a Unidade Termelétrica RioMadeira no Bairro Nacional, em Por-to Velho. A manifestação teve comoobjetivo reivindicar da estatalEletronorte a solução de problemasdas famílias atingidas pelas barragensde Samuel, que esperam há mais de20 anos a solução dos problemas cau-sados pela obra. A mobilização tam-bém demonstrou que a população écontra a construção do ComplexoMadeira. Os manifestantes foram re-cebidos pela direção da Eletronorteonde se tirou o cronograma de reu-niões de negociação.

No Rio Grande de Sul,em Erechim, ocorreram quatro atosenvolvendo a participação de 800pessoas de vários municípios da re-gião que concentraram-se nos es-critório da empresa Rio GrandeEnergia (RGE) para fazer a entregada autodeclaração para fins de re-cebimento de desconto na tarifa deenergia elétrica. Ainda no norte doRio Grande do Sul, cerca de 400pessoas iniciaram uma manifestação

na entrada da Usina Hi-drelétrica de Machadinhoque tem como dona aTractebel, a maior em-presa privada de geraçãoenergia no Brasil. Osagricultores reivindica-ram a solução dos pro-blemas deixados pelaconstrução da usina, poispassados seis anos do fechamentodas comportas para o represamentoda água, problemas de toda ordemainda afetam a vida dos moradores.O Procurador Federal de Erechimintimou as empresas à comparece-rem no dia 9 de abril na audiênciapública que se realizou em Maximi-liano de Almeida. Em Porto Alegre,Famílias das comunidades de Cano-as, Alvorada e Eldorado do Sul, naregião metropolitana; das comunida-des das Ilhas do Guaíba, e de bairrosde Porto Alegre, como Planetário, doCondomínio Princesa Isabel, daIntegração dos Anjos, dos Papelei-ros, do Morro da Cruz, da Bom Je-sus e do Agronomia, entregaram àCEEE e a AES SUL as autodeclara-ções para acessarem os descontos daTarifa Social. O ato foi organizadopelo Movimento dos TrabalhadoresDesempregados (MTD).

Em Santa Catarina, mu-nicípio de Chapecó, cerca de 300atingidos pela Usina HidrelétricaFoz do Chapecó se reuniram paradebate e entregaram a pauta de rei-vindicações ao consórcio responsá-vel pela construção da obra. EmFlorianópolis, 100 integrantes doMAB e da via campesina, foram atéa Celesc (Centrais Elétricas de SantaCatarina S.A), onde fizeram a entre-ga coletiva das autodeclarações quegarantem a Tarifa Social.

Em Minas Gerais, Mais de1000 mulheres da Via Campesina ocu-param os trilhos de uma das princi-pais ferrovias da mineradora Vale (an-tiga Companhia Vale do Rio Doce),que corta o município de Resplendor,na região do Vale do Rio Doce. Além

disso, moradores de bairros periféri-cos de Belo Horizonte, fizeram umato em frente à Companhia Energéticade Minas Gerais (Cemig), para pres-sionar pelo cumprimento da liminarque garante que as famílias que con-somem até 220Kwh/mês de energiaelétrica possam receber os descon-tos referentes à Tarifa Social BaixaRenda na conta de luz.

Em Goiás, cerca de 100 fa-mílias estiveram mobilizadas emfrente à sede da CompanhiaEnergética de Goiás – Celg com ointuito de entregar as autodeclaraçõespara fins de recebimento de descon-to na tarifa de energia elétrica, masnão foram recebidos pela empresa.Em Catalão, realizou-se uma Audiên-cia Pública com a presença do MAB,Ministério Público Federal, IBAMAe Ministério do Meio Ambiente. A au-diência tratou de assuntos referentesao projeto de construção da Usina Hi-drelétrica de Serra do Facão. Logoapós a audiência, foi realizado um atode protesto contra a construção des-sa barragem que, segundo eles, só tra-rá benefícios para as empresas estran-geiras, como a estadunidense Alcoa.

Em Pernambuco, cerca de300 manifestantes fizeram uma mar-cha na BR 428, em para protestarcontra a construção da Barragem deRiacho Seco, prevista no projeto datransposição do Rio São Francisco.A construção da barragem de PedraBranca também está prevista. Ambasatingem os estados de Pernambucoe Bahia. O lago da barragem vai pre-judicar povos indígenas e poderá ala-gar um reassentamento de atingidospela barragem de Itaparica.

Policial observa cartaz sobre preço da luz

Atingidos entregam autodeclaração para Tarifa Social

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ansada de pagar caro pelatarifa de energia, TâniaVieira, militante do MAB

(Movimento dos Atingidos por Bar-ragens) juntou-se às 300 mulheresda Via Campesina que, no 8 de mar-ço, Dia da Mulher, foram até a Ceron(Centrais Elétricas de Rondônia) efizeram a entrega coletiva dasautodeclarações que garantem a Ta-rifa Social de energia para aquelesque consomem até 220kwh/mês. Oresultado da luta já chegou: um des-conto de R$ 13 reais na sua contade luz no mês de março.

O que sustenta juridicamenteessa organização dos trabalhadorespara reivindicar o direito à tarifasocial é uma liminar expedida peloTribunal Regional Federal quegarantiu que todas as famílias queconsomem até 220 kwh/mês deenergia elétrica, podem receber osdescontos referentes à Tarifa Soci-al Baixa Renda na conta de luz, semprecisar estar cadastrado em qual-quer programa social do governo.

A lei federal 10.438/02, de2002, que institui os descontos nopagamento de energia elétrica, pre-vê alguns critérios para obtenção datarifa social, como a obrigatorieda-de de inscrição no Cadastro Únicodo governo federal. A Proteste e oProcon de SP avaliaram o critériocomo injusto, já que muitos brasi-leiros pobres não estão inscritos noprograma Bolsa Família e, nem porisso, deixam de necessitar dos des-contos na costa de luz. As entida-des ingressaram com Ação CivilPública, em 2004, questionando osrequisitos impostos para aplicaçãoda tarifa social e, em abril de 2006,por decisão da 14ª Vara da JustiçaFederal de Brasília, houve sentençaparcialmente favorável da ação ci-vil pública.

A Agência Nacional de Ener-gia Elétrica (Aneel), no entanto, re-correu e aguarda decisão em segun-da instância. Além disso, editou no-vas resoluções normativas estabe-lecendo prazos para a entrega doscomprovantes de inscrição em pro-grama social do governo, ignoran-do a decisão do Juiz que expediu aliminar. As resoluções foram der-rubadas por uma Medida Cautelar.

Dois pesos, duas medidas

Mas quando é a vez dessas em-presas, na maioria multinacionais,consumirem energia o descontovem fácil. A Alcoa e a Vale, porexemplo, possuem indústrias de alu-mínio e ferro no norte do país (aAlumar e a Albrás) e, desde 1984,recebem energia subsidiada (a pre-ço real de custo) da Eletronorte.Com a renovação dos contratos, aAlcoa e a Vale pagarão, respectiva-mente, R$45 e R$33 pelo MW, até2024.

Enquanto isso, a tarifa médiaanual paga pelas famílias da regiãonorte é de R$ 262,78 pelo MW(sem os encargos), segundo pesqui-sa do Dieese.

O MAB e todas asentidades que apóiam acampanha pela reduçãodo preço da energia,convocam ostrabalhadores queconsomem até 220kw/hmês e possuem ligaçãomonofásica, a seguiremo exemplo vitorioso dasmulheres da ViaCampesina, ereivindicarem tarifasjustas de energia e ummodelo energético aserviço do povobrasileiro.

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A Tarifa Social e o modelo energético:vitórias e desafios

A Tarifa Social e o modelo energético:vitórias e desafios

Diante dessa injustiça, o MABe todas as entidades que apóiam acampanha pela redução do preço daenergia, convocam os trabalhadoresque consomem até 220kw/h mês epossuem ligação monofásica, a se-guirem o exemplo vitorioso dasmulheres da Via Campesina, e rei-vindicarem tarifas justas de energiae um modelo energético a serviçodo povo brasileiro.

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uso da repressão polici-al, das milícias armadas eaté do poder judiciário

são exemplos dessa ofensiva con-tra os trabalhadores organizados.Durante as jornadas de lutas do mêsde março - a do Dia da Mulher e doDia Internacional de Luta contra asBarragens – tivemos exemplos dareação violenta das empresas.

Na semana em que se come-morou o Dia Internacional da Mulher,900 mulheres da Via Campesina, quenão aceitam as injustiças cometidascontra a classe trabalhadora, ocupa-ram a fazenda Tarumã, em Rosário doSul/RS. Estas mulheres foram violen-tamente reprimidas, humilhadas eespancadas por um contingente daBrigada Militar, a mando da governa-dora Yeda Crusius, que está utilizan-do o aparato militar para proteger umadas financiadoras da sua campanhaeleitoral, a multinacional Stora Enso.As cerca de 250 crianças que esta-vam no acampamento foram separa-das das mães e colocadas deitadascom as mãos na cabeça. Ferramentasde trabalho foram apreendidas e bar-racos destruídos.

Ofensiva das multinacionaisMilitantes são vítimas da repressão das empresas

Recentemente, a Vale (antigaCompanhia Vale do Rio Doce) obte-ve uma liminar, concedida pela juízada 41ª Vara Cível do Rio de Janeiro,que impede o MST de fazer qualquermanifestação nas instalações da em-presa. Ou seja, em vez de se preocu-par em resolver os problemasambientais e sociais que a Vale causa,a empresa cria obstáculos para a rea-lização de manifestações legítimas eque fazem parte da democracia.

Durante a ocupação de UsinaHidrelétrica de Estreito, na divisaentre Tocantins e Maranhão, na jor-nada de lutas do 14 de março, o agri-cultor Welinton da Silva Silva levouum tiro na perna. Segundo relato,um carro entrou no acampamento,disparou vários tiros e foi embora.Testemunhas identificaram o atira-dor: O gerente de transportes doConsórcio Estreito Energia (Ceste),Luis Carlos Pereira Lima, que jáhavia entrado no acampamento duasvezes naquele mesmo dia, ameaçan-do os manifestantes. O Ceste, res-ponsável pela obra, é formado pe-las empresas Vale, Acoa Alumínio,Billiton Metais (BHP), CamargoCorrêa Energia e Tractebel.

No ano passado, uma milíciaarmada da multinacional Syngneta,

empresa estrangeira que utiliza oterritório brasileiro para fazer cul-tivos ilegais de plantas transgênicas,assassinou o militante do MST,Valmir Mota de Oliveira, conheci-do como Keno, durante a ocupaçãode uma área da multinacional nomunicípio de Santa Teresa do Oes-te, no Paraná. Infelizmente, o casode Keno não é uma exceção, recen-temente outro militante do MST foiassassinado no Paraná e está é umaprática recorrente em várias regiõesdo país e as vítimas são sempre asmesmas: os trabalhadores pobres,desempregados, sem-terras, atingi-dos por barragens, favelados, etc.

A repressão também aconte-ce dentro das obras das barragens.Recentemente, funcionários de di-ferentes instalações do grupoVotorantim fizeram protestos e fo-ram duramente reprimidos. Os mo-tivos dos protestos são: cerceamen-to de liberdade, alimentação ruim ebaixos salários. O MAB denunciaações de repressão e violênciacomo essas e exige das autoridadescompetentes proteção aos trabalha-dores que se mobilizam por umavida melhor e lutam para sobrevi-ver dentro de um modelo de socie-dade injusto e desigual.

Nem diálogo, nempropostas de soluçõesaos problemas. Frenteàs denúncias doscrimes sociais eambientais praticados,a resposta dasgrandes empresasmultinacionais foia de reagir com maisviolência contra osmilitantes dosmovimentos sociaisque se mobilizampor uma vida melhore mais justa.

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esde a Lei de Terras de1850 e do Estatuto da Ter-ra, feito pelos militares em

64, com o intuito de frear os movi-mentos campesinos que se multipli-cavam naquela época, não se via uminstrumento jurídico tão maléfico àreforma agrária como a Medida Pro-visória nº 422, recém aprovadapelo governo, que legaliza agrilagem de terras públicas doINCRA de até 1500 hectares. Oprincipal alvo dessa ofensiva do“agrobanditismo”, dessa vez, éa Amazônia.

Além dessa MP que re-gulariza as grilagens das terraspúblicas do próprio INCRA queseus funcionários corruptos“venderam” aos latifundiários,outros projetos de lei estão emvigor ou em processo, para ex-plorar as terras amazônicas. Aportaria do Incra que regularizava asterras quilombolas está suspensa,deixando espaço para que grandesempresas como a Aracruz e a Valetomem posse dessas áreas, por

exemplo. Além disso,um projeto de lei doDeputado Fleixo Ri-beiro, que já passoupelo senado e está nacomissão de meio am-biente da Câmara, pro-põe a redução da reser-va legal obrigatória naAmazônia, passandodos atuais 80% paraapenas 50% e aindapermite que nessaárea de reservas pos-sam ser plantadas ár-vores exóticas (comoeucalipto).

Mas não são sónossas terras que estão ameaçadas,grandes projetos energéticos demultinacionais estão tomando con-ta dos rios da Amazônia. A energiaproduzida na Amazônia servirá paraa exportação de minérios e alumí-nios, enriquecendo as empresas que

Amazônia em riscoGrilagem e saqueamento dos recursos

naturais devastam as florestas da Amazônia

DD

Rio Madeira

Rios e povos do Pará ameaçados pela UHE Belo Monte

previstos no Progra-ma de Aceleração doCrescimento (PAC),são o Complexo Ma-deira e a Usina Hidre-létrica de Belo Monte.

Para impedirque esses empreendi-mentos tomem contado nosso território,entidades realizam oencontro Xingu Vivopara Sempre, cujo ob-jetivo será realizaruma Avaliação sobreos Projetos Hidrelé-tricos na Bacia do RioXingu, a partir da visão

das populações indígenas, ribeiri-nhas, quilombolas que vivem nessasáreas, movimentos sociais rurais eurbanos, pastorais religiosas, cien-tistas, estudantes e ambientalistas.

Segundo Claudimir Monteiro,coordenador do Conselho Indige-

nista Missionário (Cimi) noPará, já que o governo aindanão fez uma audiência públi-ca séria com a populaçãoque será atingida pela barra-gem de Belo Monte, o en-contro pretende ser um es-paço de discussões e denún-cias dos impactos sociais eambientais causados poressa barragem. “A históriase repete, a UHE Tucuruífoi feita para suprir a deman-da energética da Albrás, ago-ra a Belo Monte vai servir

para a Vale aumentar sua exploraçãode minério” argumenta Claudimir.O Encontro acontecerá no períodode 19 a 25 de maio de 2008, na ci-dade de Altamira, no Pará.

O processo deprivatização das

florestas já está emandamento. Em 2006,o governo sancionoua Lei de Gestão de

Florestas Públicas queentrega à empresas

privadas aadministração deterras florestais.A primeira árealicitada para a

iniciativa privada seráum terreno de 90 milhectares localizado

na Floresta Nacional(Flona) do Jamari,

em Rondônia.

tiverem a concessão do aprovei-tamento hidrelétrico de nossosrios, ou seja, a privatização da águatambém está em andamento naAmazônia. Os principais projetos,