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 Nº 99  SETEMBRO de 2011 Distribuição gratuita aos sócios  STAL STAL Entrevista com Francisco Braz Reforçar o STAL e agir Francisco Braz, presidente do ST AL, reflecte nesta entrevista sobre o ataque desencadea- da contra os direitos dos trabalhado- res e apela à organização e a luta. Págs. 7 a 10 Petição à Assembleia da República Poder local e emprego O STAL lançou uma petição, dirigida à Assembleia da República, com o objectivo de travar a redução do núme- ro de autarquias e dos trabalhadores ao seu serviço. Pág. 5 Não à privatização «Água é de todos» No âmbito da campanha «Água é de todos», relançada pelo STAL com outras nove organizações, estão previs- tas várias iniciativas contra a privatização da água. Pág. 16 Os trabalhador es e a generalidade do povo português estão a ser vítimas de uma ofensiva sem precedentes por parte do governo, a mando do grande capital, que visa uma drástica redução do poder de compra, dos salários, dos direitos laborais e sociais. Contra o empobrecimento e as injustiças, o STAL apela à participação massiva nas manifestações no Porto e em Lisboa convocadas pela CGTP-IN para 1 de Outubro.  Todos à rua  Todos em luta

Jornal do STAL Edição n.º 99 - Setembro2011

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nº 99 • 

SETEMBRO de 2011Distribuição gratuita aos sócios

STALSTAL

Entrevistacom Francisco Braz

Reforçaro STAL e agirFrancisco Braz, presidente do

STAL, relecte nesta entrevistasobre o ataque desencadea-

da contra osdireitos dostrabalhado-res e apela àorganizaçãoe a luta.

Págs. 7 a 10

Petição à Assembleia da República

Poder local e empregoO STAL lançou uma petição, dirigida à Assembleia da

República, com o objectivo de travar a redução do núme-ro de autarquias e dos trabalhadores ao seu serviço.

Pág. 5

Não à privatização

«Água é de todos»No âmbito da campanha «Água é de todos», rela

pelo STAL com outras nove organizações, estão tas várias iniciativas contra a privatização da águ

Os trabalhadores

e a generalidadedo povo português

estão a ser vítimas

de uma ofensiva semprecedentes por parte

do governo, a mando

do grande capital,que visa uma drástica

redução do poder de

compra, dos salários,

dos direitos laborais

e sociais. Contra oempobrecimento e as

injustiças, o STAL apelaà participação massiva

nas manifestações

no Porto e em Lisboaconvocadas pela

CGTP-IN para 1 de

Outubro.

 Todos à rua Todos em lut

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SETEMBRO2   jornal do  STAL

O governo saído daseleições legislativas deJulho, a pretexto da criseeconómica e inanceira,intensiicou a oensivacontra os trabalhadorese a generalidadedo povo português,

impondo aumentos deimpostos e de preços,redução de direitos esalários e uma novavaga de privatizaçõesque ameaça serviçospúblicos essenciais. Aomesmo tempo que apobreza e as injustiçasalastram, a recessãoaprounda-se, numquadro em que só ogrande capital continua atirar proveito da crise por

si criada.

Por tudo isto, a CGTP-IN con-vocou para 1 de Outubrouma jornada nacional de lu-

ta, que inclui maniestações em Lis-boa e no Porto, sob o lema «Contrao empobrecimento e as injustiças– pelo emprego, pelos salários, aspensões e os direitos sociais».

 Às razões gerais dos trabalhadorese do povo português, os trabalhado-res da Administração Local juntamobjectivos especícos, particularmen-te o combate contra as intenções de

diminuição do número de autarquiase de trabalhadores ao seu serviço,a deesa da contratação colectiva eo combate contra a privatização deserviços públicos como a água, oambiente e os resíduos sólidos.

Prontos para a luta

No rescaldo das eleições de 5 deJunho, o STAL maniestou «orteapreensão pela vitória das orças dedireita», mas maniestou conança

na orça e unidade dos trabalha-dores e na sua «determinação decontinuar a luta pelos direitos, peloemprego e pelo Poder Local Demo-crático, contra as medidas acorda-das com a troika.»

Na análise do Sindicato, «oramas políticas de direita levadas acabo pelo Governo do Partido So-cialista, liderado por José Sócrates,que conduziram à vitória das orçasde direita nestas eleições», avisan-do que «PSD, CDS-PP, Passos Coe-

lho e Paulo Portas preconizam noessencial a linha política que o ante-rior governo vinha levando a cabo,particularmente no que concerne àsmedidas cozinhadas com a troika FMI/BCE/UE».

O STAL considera que «as inevi-tabilidades que nos pretendem im-por não são mais do que opçõespolíticas e económicas, opções queapostam num modelo de desenvol-vimento que provou já a sua alênciae levou o País à situação em que se

1 de Outubro Todos à rua,

 todos em luta

 Aprovada pela Cimeira de Sindicatos da Administração Pública em 9 de Setembro,a Proposta Reivindicativa comum para2012 (PRC/2012) exige genericamente arevogação e substituição da legislaçãoda Administração Pública, resultante daimplementação do PRACE, o respeito pe-los direitos adquiridos dos trabalhadorese aposentados e pelas propostas que aFrente Comum tem apresentado.

No que concerne aos salários e pensões érearmada a rejeição de cortes, a exigênciade uma valorização em percentagem não

inerior à do valor da infação, com um valormínimo de 50 euros, a actualização do sub-sídio de reeição para 6,50 euros, a xaçãoda pensão de sobrevivência em 65 por cen-to da pensão do cônjuge alecido, tal comose verica no regime geral, e a actualizaçãodas restantes prestações pecuniárias napercentagem do valor da infação.

Emprego, horários de trabalho, ADSE,SIADAP e contratação colectiva são ou-tras matérias constantes na PRC/2012,que pode ser consultada na íntegra emwww.stal .pt

 Tempo de indignaçãode resistência e de luta!

Proposta Reivindicativa

Comum para 2012

encontra, opções que impõem sa-criícios aos mesmos de sempre e

beneciam aqueles que têm ortesresponsabilidades nesta crise e comela pretendem continuar a lucrar».

Neste contexto, o Sindicato insis-te nas suas propostas de caminhosalternativos para o combate à crise,em que se destacam:

- A renegociação da dívida públi-ca portuguesa, a valorização e dina-mização da produção, do desenvol-vimento e dos serviços públicos, ocombate à economia clandestina, àraude e à uga scal.

- O m do despesismo do Estadoem gastos supérfuos, salários milio-nários e externalização de serviços,

das parcerias publico-privadactual modelo de empresaria

de serviços públicos.- A valorização do papel da

quias e dos serviços públicoque prestam, particularmeágua e no ambiente, como pade desenvolvimento e potencde emprego e de investiment

- A garantia dos direitos, azação do emprego, do trabaltrabalhadores e dos salários

Uma guerra contra otrabalhadores

  Acusando Passos Copretender ser mais «troikist

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SETEMBRO 2011   jornal do  STAL

Editorial

Os passosde Coelho

Apoiou, no essencial, as políticas destrde direita levadas a cabo pelo Governo

José Sócrates, particularmente os Planos de

bilidade e Crescimento, e subscreveu na ínt

memorando de entendimento com a troika

posta pelo Fundo Monetário Internacional

o Banco Central Europeu (BCE) e a União

peia (EU).

Apresentou-se às eleições com a habitual ca

demagogia característica dos candidatos do

tidos do chamado «arco do poder» – com

PSD não tivesse quaisquer responsabilidad

desastrosas políticas de governação levadas

ao longo das últimas três décadas – garantin

desavergonhadamente, que nunca iria cor

subsídio de Natal.

Vestiu o fato de primeiro-ministro, e

máscara lhe caiu, deixando transpar

ódio aos trabalhadores que impregna o PS

vontade férrea de servir elmente os inte

do capital, não fosse ele de resto de um da

prossionais da política a quem caíram os

de leite nas lides de uma jota(SD) de meni

queque reaccionários.

Revelou-se mais «troikista» que a própria

desde logo com o roubo no subsídio de N

aumento do IVA e o autêntico regabofe pri

dor (particularmente a água) que pretende of

de bandeja aos abutres do capital; e anda p

bajular os seus «chefes» na União Europeia

cularmente Sarkozy e Merkel (dando mesmo

última as boas vindas ao bodo das privatiza

Anunciou a redução do número de autarqui

trabalhadores ao seu serviço e lançou o re

Partido Socialista (que parece desejar o m

para acabar com as oposições no poder loca

Prepara diversas medidas legislativas tende

degradar os direitos laborais e a aumentar

cariedade, ao mesmo tempo que aponta no

vestidas contra os trabalhadores da Admini

Pública, nos direitos, salários e carreiras, p

larmente através do seu congelamento até 2

Coelho e o seu governo PSD/CDS-PP dão

passos largos no aprofundamento do ca

neoliberal preconizado pelo capital e ditadUnião Europeia, um caminho que nos condu

o abismo da recessão, ao aumento da pobrez

injustiças, à degradação dos direitos, dos s

e do emprego.

Mas Coelho, que arma aos sete ventos não

com grandes resistências ou convulsões, está

nado. Os trabalhadores saberão resistir e re

as ofensivas do Governo que lhes declaro

autêntica guerra.

Nos seus passos, Coelho terá que contar com

dos trabalhadores, luta que já começou e terá n

ximo dia 1 de Outubro, na manifestação nacio

CGTP-IN em Lisboa e no Porto, forte expres

Em luta noaniversárioda CGTP-IN  A Maniestação Nacional

de 1 de Outubro, que se re-

aliza no dia em que a CG-TP-IN comemora o seu 41.ºaniversário, visa responderà violenta oensiva levadaa cabo pelo Governo PSD/ CDS-PP contra os trabalha-dores e as populações emgeral.

No Maniesto aprovadopela sua Comissão Execu-tiva, a Central denuncia agravidade políticas de aus-teridade já adoptadas, asquais:

– Provocam a recessãoeconómica, mais desigualda-

des e pobreza, agravamentodo desemprego e da qualida-de do emprego e mais preca-riedade;

– Agravam os problemas,aproundam as injustiças eatacam violentamente o Es-tado social;

– Rompem compromissoseleitorais nomeadamente aodeterminarem aumentos deimpostos.

  A Maniestação Nacionalda CGTP-IN tem lugar emLisboa e no Porto, com asseguintes concentrações, às

15 horas:Lisboa – Saldanha (distri-tos a Sul de Coimbra e Cas-telo Branco)

Porto – Praça dos Leões(Exclusivamente distrito doPorto)

Porto – Praça da batalha(Distritos a Norte de Coim-bra, inclusive).

Publicados novosestatutos do STALa troika, a Direcção Nacional do

STAL considerou que o programa

do Governo entretanto apresen-tado «constitui uma autêntica de-claração de guerra contra os tra-balhadores, os serviços públicos eas camadas mais desavorecidasda população, acentua o caminhoneoliberal traçado pelas grandespotências da União Europeia, embeneício do capital nanceiro, eatenta gravemente contra os ser-viços públicos, a justiça social e outuro do País.»

O Sindicato repudia veemen-temente as linhas gerais daque-le programa, que, no essencial,prosseguem e aproundam as po-

líticas neoliberais levadas a caboao longo das últimas décadas, as-sentes na imposição de sacriíciosaos trabalhadores e no ataque aosseus direitos, na privatização deserviços e no desmantelamento doaparelho do Estado. Por outro lado,a Direcção Nacional do STAL ob-serva que o responsável pela crise– o grande capital – continua, noessencial, impune e vai mesmo be-neciar do programa de privatiza-ções, que oerece a preço de saldoimportantes sectores da economiaportuguesa.

Para o STAL, o programa do actu-

al Governo «não procura resolver osproblemas criados pela crise econó-mica e nanceira, antes protagonizauma receita que os agravará». «Es-tamos perante a insistência na mes-ma receita que provocou a crise, amesma receita que de resto estáneste momento a levar a Grécia àrecessão e ao caos», conclui a notada Direcção Nacional do Sindicato.

  A alteração aos estatutos do STAL oi publicada no Boletim doTrabalho e Emprego n.º 28, de 29 de Julho de 2011. Esta alteração,aprovada em 18 de Maio de 2011, numa Assembleia Geral deassociados muito participada, teve como objectivo adequar osestatutos do Sindicato à lei em vigor, particularmente ao Código doTrabalho e ao Contrato de Trabalho em Funções Públicas, bem comoencontrar soluções orgânicas ace às novas realidades do sector.

  As principais alterações eectuadas constam na edição n.º 98do   Jornal do STAL, e são também abordadas pelo presidente dosindicato, Francisco Braz, entrevista que publicamos neste número(ver págs 7-10).

Recorde-se, a propósito, que a última alteração estatutária doSindicato oi eectuada em Assembleia Geral Extraordinária, realizadaem 12 de Junho de 2003, tendo sido publicada no Boletim do Trabalhoe do Emprego, 1ª Série, n.º 37, de 8 de Outubro de 2003.

O programa do Governo baseado

no acordo com a troika estrangeiragerará mais pobreza e crise

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SETEMBRO4   jornal do  STAL

Consultório Jurídico ✓José Torres

Não esqueceremos igualmente asintoleráveis intererências e pres-sões da Inspecção Geral da Ad-

ministração Local /IGAL) e do Governosobre os eleitos autárquicos para querevogassem medidas de opção gestio-

nária já tomadas e obrigassem os traba-lhadores a devolverem as importâncias aesse título recebidas, o que lamentavel-mente aconteceu em alguns casos.

Supostamente, tudo terá resultado do de-ciente cumprimento da lei, mas, se assim oi,nenhuma responsabilidade cabe aos traba-lhadores que, anal, são as únicas vítimas.Por isso, o STAL aguarda que os tribunais sepronunciem sobre estes casos, reclamando areposição dos valores injustamente retiradosaos trabalhadores.

Entretanto, com a aplicação à Administra-ção Local do novo regime das avaliações dedesempenho (Lei 66-B/2007, de 28/12, comas adaptações constantes do Decreto Re-gulamentar 18/2009, de 4/9), oi eliminada a

possibilidade, vigente até 2009, de as entida-des empregadoras atribuírem um ponto porcada ano não avaliado.

Esta oi, de resto, a órmula encontradana altura para branquear o mau sistema esobretudo comportamentos das entidadesempregadoras que, em muitos casos, delibe-radamente se urtaram à correcta avaliaçãodos trabalhadores, ainda que, noutros casos,isso tenha sucedido por orça das peias bu-rocráticas que envolvem o próprio sistemade avaliação (SIADAP).

Conclusão segura é que as únicas vítimastêm sido os trabalhadores, principalmen-te os que auerem os salários mais baixos,

sendo que todos em geral oram e conti-nuam a ser vítimas de congelamentos sa-lariais de diversa ordem, ragilização devínculos e destruição das carreiras – tudo,como sabemos, em nome da recuperaçãodos déces públicos.

Trata-se, como também sabemos, de umdiscurso apregoado desde há vários anospelos arautos de incessantes cortes nos ser-viços públicos e no poder de compra dostrabalhadores. Já lhes chamaram PEC, agorachamam-lhe os compromissos do memoran-do da troika estrangeira, mas continuam aser mui aplaudidos pela troika dos partidosportugueses que os assinaram, e que só aorça da nossa luta um dia poderá vencer.

Respeitar prazos e direitos

Com o m do reerido processo de atribuiçãodo tal «pontinho», uma espécie de caridadezinhaque era de bom-tom espalhar, acabaram tam-bém os argumentos para que não se apliquemos procedimentos normais da avaliação, respei-tando prazos e direitos dos trabalhadores.

Ora, a este respeito, o regime actualmentevigente só muito residualmente permite quea avaliação de desempenho se processeatravés da ponderação curricular, como cla-ramente decorre do disposto no artigo 42.ºda citada Lei 66-B/2007.

De acto, da leitura desse preceito dere que só em última instância se peo recurso à reerida ponderação, seprioritário o recurso ao processo noIsto acontece mesmo nos casos emo desempenho de unções, ou o contuncional com o avaliador, em determiano, é inerior a seis meses. A lei estabce ainda que, em certos casos, o ConsCoordenador da Avaliação se pronu

sobre a matéria.  Assim, a ponderação curricular apen

possível nos termos previstos no n.º 7 dtado artigo 42.º, devendo submeter-secritérios especicados no Despacho Notivo 4-A/2010, de 4/2, publicado no D. S., de 8/2/2010.

Sublinha-se, também, que a necesside recorrer à ponderação curricular devobjecto de inormação dos Serviços aoteressados, a m de que estes a requecomo maniestamente impõe o artigo 2.2, do citado Despacho.

Quanto aos critérios a assumir na poração curricular, constantes quer da Lei,do reerido Despacho, não podemos dde enatizar os que se reportam ao exerde unções de reconhecido interesse pco ou relevante interesse social, designmente a actividade de dirigente sindical,como a valoração da experiência prossdetida pelos trabalhadores em causa.

 Aplicados tais critérios pelo avaliadoro eeito nomeado, entendemos que tamneste caso impende sobre o avaliador a gação de proceder à entrevista com o avdo, nos termos do artigo 65.º da mencioLei 66-B/2007, na qual deve proceder-análise conjunta do desempenho do

balhador e dada a conhecer a propostavaliação, podendo o avaliado dela reclpara o dirigente máximo do serviço, no sdo de ser ouvida a Comissão Paritária.

Finalmente, em jeito de conclusãotendemos que a avaliação do desempdeve processar-se de orma a que srigorosamente cumpridos os prazos lemente estipulados, correctamente denos objectivos e competências, acultamais ampla participação dos avaliadreconhecidos os meios de deesa dedispõem, seja no «processo normal» deliação seja no «processo residual» de deração curricular.

Loures Trabalhadorasindemnizadas

Duas trabalhadoras do Município deLoures oram recentemente indemniza-das por irregularidades nos concursosinternos de promoção que as impedi-

ram de aceder às vagas abertas, comoera seu direito.

 A Câmara Municipal oi assim conde-nada a pagar-lhes mais de 7500 euros,a que acresce o pagamento de mais de4500 euros de juros de mora, por nãoter executado a sentença espontanea-mente. Um dos processos iniciou-seem 1998 e o outro em 2000, tendo am-bos cado concluídos em Maio último. Apesar da demora, valeu a pela lutar.

 Após um processode quatro anos

Condutoragressorcondenado

O Tribunal da Relação de Guimarãesconrmou a sentença contra o condu-tor que atropelou deliberadamente doismaniestantes, no protesto nacional daCGTP-IN contra a «fexigurança», reali-zado naquela cidade, em Julho de 2007,durante a cimeira que juntou os minis-tros do Trabalho da União Europeia.

Em resultado da criminosa investida

do condutor, dois activistas do STAL,  António Joaquim da Costa Pereira eIsabel Maria Gabriel Rosa, oram bar-baramente colhidos pela viatura, queatingiu com particular gravidade IsabelRosa, projectando-a seis a sete metrossegundo testemunhos oculares.

Em consequência das graves lesõessoridas, esta dirigente do STAL esteveaastada praticamente um ano e meioda actividade sindical e, em muito dessetempo, dependente de terceiros para rea-lizar actividades da sua rotina diária. IsabelRosa recorda-se com nitidez «do homem,

 jovem e de rabo-de-cavalo, que esboçouum sorriso irónico e depois investiu».

O indivíduo, de nome Daniel Richard

Goldbach Machado, oi constituído ar-guido num processo-crime e condena-do, em 31 de Maio de 2010, pelo crimede condução perigosa, e por dois cri-mes de oensa à integridade ísica qua-licada dos dois sindicalistas.

Em cúmulo jurídico oi então senten-ciado com uma pena de 14 meses deprisão suspensa e a inibição de con-duzir durante oito meses. Porém, nãosatiseito com a decisão, o arguido re-correu da sentença. Demorou mais umano até que, nalmente, o Tribunal daRelação de Guimarães, em 24 de Maioúltimo, veio dar como provada e conr-mar a sentença da primeira instância.

 A avaliação do desempenho

Uma obrigaçãodas entidades,um direitodos trabalhadores

Todos nos recordamos,e não será ácil esquecer

sobretudo por quem as sentiue continua a sentir na pele,das arbitrariedades cometidasem matéria de avaliação dodesempenho, particularmenteas resultantes de opçõesgestionárias.

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SETEMBRO 2011   jornal do  STAL

O Governo apresentou, em Agosto,aos sindicatos da Frente Comum umaproposta de alteração do estatuto depessoal dirigente que, alegadamente,teria como objectivo sujeitar a concursoo recrutamento de dirigentes.

Para a Frente Comum, que analisou odocumento e apresentou propostas dealteração, as mudanças anunciadas en-ermam de uma prounda demagogia,observando que o Governo, para alémde nomear a comissão de recrutamen-to, pode recusar os candidatos selec-cionados e escolher quem entender,mesmo que essas pessoas não estejam

entre os candidatos analisados pela co-missão.

Por isso, a Frente Comum considera quese trata de uma mera operação de  marke-ting e salienta a inutilidade de gastos emcomissões externas quando é possível re-correr às entidades já existentes, nomeada-mente a Direcção Geral da AdministraçãoPública. Por outro lado, critica ainda o re-curso a candidatos externos à Administra-ção Pública, bem como o predomínio daentrevista nos métodos de selecção, o querevela a insistência em critérios políticos naescolha dos dirigentes em detrimento dasqualicações e capacidades.

  A Direcção Regional de Pogada concluiu, no mês de Juprocessos de eleição de reprtes dos trabalhadores de SegSaúde no Trabalho (SHT) em trquias. Trata-se das câmaras mde Ponta Delgada, de NordesVila do Porto.

  Anteriormente, já tinham stos trabalhadores para esta uncâmaras de Lagoa, Ribeira GPovoação. Ao todo, seis das oquias da região sindical já conrepresentantes de SHT.

Otexto, que pode ser consultado e

subscrito em www.stal .pt, cujoprimeiro subscritor é Francisco

Braz, presidente do Sindicato, requer aoParlamento que «promova medidas le-gislativas tendentes à deesa do PoderLocal Democrático, à sua digniicação eao seu reorço».

Lembrando «o papel undamental queas autarquias têm desempenhado ao lon-go dos últimos trinta e sete anos no com-bate aos atrasos estruturais e à interiori-dade e na criação de emprego, directa eindirectamente», a sublinha que «não sóo Poder Local não oi causador do actualestado decitário em que o país se encon-tra, como até contribuiu em 2010 para um

 superavit de 70 milhões de euros». A petição assinala igualmente que «osmunicípios são responsáveis por apenas18 por cento dos uncionários públicos»e, «apesar de absorverem apenas cercade 10 por cento das receitas totais doEstado e 1,46 por cento do total dos re-

cursos do Orçamento de Estado/2011,

as autarquias asseguram cerca de me-tade do investimento público».«É aliás por todos sobejamente conhe-

cido que as autarquias contribuem paraa economia e são indispensáveis para odesenvolvimento social», reere ainda odocumento, maniestando a convicção

de que «a sua diminuição e a

do número de trabalhadores ao viço constituem medidas que agos problemas estruturais do Pao nível do investimento e do dvimento, seja ao nível da prestserviços essenciais às populaçõcombate ao desemprego».

Pessoal dirigente

Nomeações políticas

sob a capa democrática

Representan

de SHT elei

nos Açores

Petição contra a redução de autarquias e de trabalhado

Pelo poder local, empreg

e desenvolvimentoO STAL lançou umapetição, dirigida à

 Assembleia da República,com o objectivo de travar«quaisquer iniciativas queprevejam a redução donúmero de autarquias edos trabalhadores ao seuserviço».

 SMAS de SintraPara quandoa validaçãodo acordo?

Os trabalhadores dos SMAS

de Sintra esperam que o actualgoverno corrija a decisão abu-siva do seu antecessor e valideo acordo colectivo de entidadeempregadora pública, assinadoormalmente no dia 1 de Marçoentre o STAL e os Serviços Mu-nicipalizados do município.

O acordo, que representa «umclaro passo em rente na salva-guarda dos direito e garantiasdos trabalhadores», não oi ain-da aplicado devido à ingerênciado anterior governo PS, cujosecretário de Estado da Admi-nistração Pública, Gonçalo Cas-

tilho, comunicou, em Maio, à ad-ministração dos SMAS, que re- jeitava o documento por não terparticipado na sua assinatura.

O STAL repudia este tipo deintererências nas relações con-tratuais entre uma entidade em-pregadora pública e uma asso-ciação sindical, e reairma quecontinuará a bater-se por umaverdadeira contratação colec-tiva, entre partes legítimas edirectamente interessadas nasmatérias laborais.

Mais direitosna EDUCA

Os trabalhadores da EDUCA vãopassar a gozar mais quatro dias deérias a partir de Janeiro do próxi-mo ano, graças às novas condiçõesacordadas entre o STAL e a admi-nistração desta empresa municipalde Sintra.

O período anual de érias éaumentado para 25 dias úteis,acrescido de um dia adicionalpor cada dez anos de serviço.Para além desta conquista, as

negociações em curso permi-tiram consagrar o direito a umsubsídio mensal no valor de 25por cento da respectiva retri-buição base mensal, a todos ostrabalhadores em regime de dis-ponibilidade.

 A Direcção Regional de Lisboa doSTAL e a Comissão Sindical prosse-guem as negociações do cadernoreivindicativo, com o vista de denircom clareza as relações de trabalhonesta empresa, responsável pelagestão e manutenção de equipa-mentos educativos do município deSintra.

O ataque ao Poder Local visa, entre outros, privatizar serviços essenciais com

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SETEMBRO6   jornal do  STAL

✓José Alberto LourençoEconomista

Mas não, não me tinha enganado, es-te é eectivamente o programa degoverno da direita mais neoliberal

que tivemos a governar-nos desde a revolu-ção de Abril de 1974.

 Assim, no início da segunda década do sé-

culo XXI, temos um Governo que, colocadoperante um nível de desemprego que atinge já mais de um milhão de trabalhadores e per-to de 30 por cento da população jovem, pe-rante mais de dois milhões de portugueses aviver abaixo do limiar de pobreza, o que tempara lhes oerecer é a sopa do Sidónio de háquase 100 anos, actualizada para os nossostempos. Como interpretar de outro modo aprioridade de dar alimentação, vestuário emedicamentos às amílias em diculdades?

É também assim que, posto perante a pro-unda crise social que vivemos, o Governonão opta por políticas sociais de apoio àsamílias e em especial aos trabalhadores de-sempregados. Não, preere a deesa do vo-

luntariado, da caridade e o aproundamentodo assistencialismo. A nossa Constituição da República garan-

te direitos e deveres económicos e sociais,em particular: o direito ao trabalho (artigo58.º), os direitos dos trabalhadores (artigo59.º), a segurança social e solidariedade (ar-tigo 63.º), a saúde (artigo 64.º), a habitação(artigo 65.º), a amília (artigo 67.º), a inância(artigo 69.º), a juventude (artigo 70.º), a ter-ceira idade (artigo 72.º).

Todavia, o Governo preere distribuir a esmo-la da caridade e pretende obrigar aqueles queperderam o seu emprego a azer trabalho comu-nitário, como se ossem responsáveis pela situa-ção em que se encontram e agora tivessem queespiar esse pecado que cometeram.

Na prática querem transormar os direitosundamentais de cada português – à saúde,à educação, ao apoio social – numa políticade caridade pública e privada de estigmati-zação da pobreza e dos mais desavoreci-dos.

 Aparentemente obcecado pela neces-sidadeda redução do déce orçamental e pelo con-trolo da dívida pública, este Governo adoptoucomo programa o memorando de acordo, r-mado pelo anterior executivo PS com a troika (FMI/ BCE   /CE) e que os actuais governantes,então na oposição, subscreveram.

De resto, logo no início da apresentaçãodo seu programa na Assembleia da Repúbli-ca, o Governo ez questão de salientar o ac-

to de cerca de 85 por cento dos deputadoseleitos representarem partidos que subscre-veram o acordo com a troika.

Só quem trabalha paga

Sem contestar nada do que oi acordadopelo seu antecessor com a troika, o governo,pelo contrário, quis ir mais além: avançoucom o «imposto extraordinário», alargou oâmbito das privatizações e prepara-se parareduzir a Taxa Social Única.

O corte no subsídio de Natal, em 50 porcento dos montantes que ultrapassem osalário mínimo, cará seguramente para a

posteridade como a medida mais odiosacontida neste programa de governo. Recor-damo-nos que, nos meses anteriores, estamedida sem precedentes oi repetidamenteanunciada nos jornais. Porém, oi sempreveementemente desmentida.

É já célebre, na Internet, o vídeo em queo actual primeiro-ministro, em visita a umaescola de Vila Franca de Xira, em plena pré-campanha para as últimas eleições, ques-tionado por uma aluna sobre essa hipótese,arma que isso seria um «completo dispa-rate».

  Anal, mal tomou posse como primeiro-ministro, aquilo que era «disparate» em pré-campanha eleitoral passou a ser indispensávelpara «salvar o País e dar conança aos mer-

cados», mostrando-lhes que não temos nadaa ver com os gregos – nós somos dierentes,somos submissos, somos bons alunos.

Será que estas orças políticas, que agorase dizem legitimadas pelos resultados eleito-rais, teriam tido a maioria dos votos se tives-sem alado verdade ao povo e lhe tivessemdito que iriam retirar-lhe metade do subsídiode Natal?...

Mas preeriram mentir-lhes, como an-tes já tinham eito Durão Barroso e JoséSócrates. E, tal como estes (quem nãose lembra de Barroso a gritar no Parla-mento: «o País está de tanga!»), tambémPassos Coelho se desculpou com ascontas públicas para impor um pesado

«imposto extraordinário» aos trabalhado-res (que só é cobrado a quem trabalha,sublinhe-se).

O programa da recessão

Contas eitas, uma grande parte dos tra-balhadores, em especial na AdministraçãoPública, chegará ao m do ano com umquebra do rendimento real que ultrapassaráo valor do respectivo subsídio de Natal.

Desde meados de 2010 que os trabalha-dores têm sido penalizados com sucessivoscortes: viram aumentado o montante de IRSretido mensalmente, soreram o aumento do

IVA em três pontos percentuais e centenasde milhares perderam o direito ao abono deamília.

  A isto há a somar o congelamento e aredução das pensões e reormas, as alte-rações na legislação laboral, a redução dasindemnizações por despedimento, os cortesprevistos na Saúde, Educação e Adminis-tração Pública em geral, as privatizações, atravagem às quatro rodas do investimentopúblico.

Obcecado pelo déce orçamental e sub- jugado por condições de nanciamento im-postas pela troika, maniestamente inacei-táveis e impagáveis, o governo PSD-CDS/ PP vai mergulhar-nos na recessão, de queresultará mais desemprego e maior depen-

dência externa.Não é segredo para ninguém que o país

precisa de criar postos de trabalho e de pro-duzir mais para sair da crise. Isto exige o alí-vio do garrote da dívida externa, de modo alibertar recursos nanceiros para o investi-mento e o aumento da produção nacional,única orma de garantir crescimento econó-mico e de gerar recursos que, por sua vez,permitam azer ace ao endividamento.

O adiamento da inevitável renegociaçãoda dívida apenas amplia os danos provoca-dos no tecido económico e social, tornandoainda mais rágil a posição do País no uturo. A renegociação da dívida é pois um impera-tivo colocado pelo interesse nacional!

O regressoà sopa do Sidónio

No inal da leitura doPrograma do XIX GovernoConstitucional pareceu-meque num ápice tinha recuadomuitas décadas, ao iníciodo século passado. Sentinecessidade de esregar osolhos e conirmar se não metinha enganado…

FormaçãoprofissionalProgramaaprovado

na MadeiraO programa de ormação sional promovido pelo STALgião Autónoma da Madeira seu início previsto em 21 de bro, prosseguindo as acçõmeados de Dezembro.

 Ao todo, a Direcção RegioEmprego e Formação Proaprovou a realização de apeacções, rejeitando assim cetrês quartos do projecto elapelo STAL, que incluía um t52 acções, conorme as ptas eitas pelas autarquias etrabalhadores. A reerida en

evocou limitações nanceira justicar o corte substancial dgrama de ormação.

Caso não estejam já inatravés das respectivas autaos trabalhadores interessaddem consultar os cursos dveis e descarregar a cha dcrição provisória no site do(www.stal.pt ).

FaleceuJoséCastanheira

José Vitor Almeida Castade 50 anos, dirigente do STregião sindical de Viseu, alepassado dia 22 de Agosto. Ctor de máquinas pesadas e vespeciais na CM de Santa CDão, oi delegado sindicaMaio e Dezembro de 2007grando a Direcção RegionalJaneiro de 2008.

  Aos amiliares e amigos gente alecido o Jornal do STAniesta proundas condolênc

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SETEMBRO 2011   jornal do  STAL

Os quatros anos deste manda-to (2007-2011) oram marcadospor proundas alterações na le-gislação e pela intensiicação dosataques aos direitos dos traba-lhadores da Administração Local.Foram os piores anos desde o 25de Abril?

Francisco Braz – São de actoanos muito diíceis para os trabalha-dores, marcados por uma oensivaque visou restaurar acetas do ante-rior regime ascista. É seguramenteo mais amplo ataque aos direitossociais e laborais das últimas déca-das. Reiro-me às alterações muitoproundas na legislação laboral da  Administração Pública, à tentativade destruição do chamado «Estadosocial», que após o 25 de Abril setinha vindo a airmar e construir, eà intererência no próprio movimen-to sindical, que, nalguns casos, oiuma agressão nua e crua, com al-

terações legislativas, perseguição etentativa de controlo dos sindicatos,tentativa de liquidação da negocia-ção na Administração Pública e dacontratação colectiva no sector pri-vado.

Essas alterações legislativasoram eitas à margem dos sindi-catos? Não houve negociação?

Quanto muito houve um arremedode negociação. Até 2008-2009 ain-da se izeram reuniões, mas deron-támo-nos sempre com posições deintransigência e prepotência. De-pois disso, a legislação oi publica-da e só nos restou combatê-la, pôra nu a suas incorrecções, denunciaras suas inconstitucionalidades e, aomesmo tempo, tentar minimizar osseus eeitos nos trabalhadores. OGoverno PS/Sócrates arredou sem-pre os sindicatos do processo, in-sistindo nas suas propostas, comosoluções únicas e milagrosas, enuma política de conronto com osrepresentantes dos trabalhadores.

Isso aconteceu nomeadamenteno que se reere à introdução donovo regime de vínculos, carrei-ras e remunerações?

Sim. Logo em 2008, quando oGoverno congelou praticamenteas progressões nas carreiras, per-cebemos qual era o sentido destapolítica. O novo regime aprovadoem 2009 veio conirmar os nossosreceios.

Quais são os seus eeitos paraos trabalhadores?

O primeiro, e mais grave, é adestruição do sentido construtivode proissão. Alegando demago-gicamente que havia demasiadas

carreiras na Administração Pública,o Governo impôs um sistema comapenas três carreiras, como se os-se admissível conundir, por exem-plo, um engenheiro com um juristaou um arquitecto. Porém, hoje to-dos eles ocupam o lugar de técnico.Nas carreiras operárias passa-se omesmo. Não se distingue um pin-tor de automóveis de um pintor deconstrução civil, ou um marceneirode um carpinteiro de obras. O Go-verno pôs tudo no mesmo saco.

Mas também o sistema de vín-culos oi proundamente alterado.

O sistema de vínculos, agora des-truído, era uma das característicashistóricas undamentais da Admi-nistração Pública…

Porque é que, para o STAL con-tinua a justiicar-se a existênciavínculos dierentes entre o sectorprivado e sector público?

 A razão principal é que no sectorprivado se trabalha para um patrão.Na Administração Pública trabalha-se para servir todos os portugue-ses, isto é, ao trabalhador é exigidoo dever de isenção. Por exemplo,se no privado, o patrão tem liberda-de total para escolher os seus tra-balhadores, na Administração Pú-blica os decisores políticos eleitos

Quase no inal de ummandato, e já em plenapreparação das eleiçõesdos novos órgãos quedirigirão o Sindicatonos próximos quatroanos, Francisco Braz,presidente do STAL,relecte nesta entrevistasobre a violenta oensiva

desencadeada contra osdireitos dos trabalhadorese as únicas vias deresposta – a organização,a criação de alternativase a luta.

O ataque

aos trabalhadoressubvertea administração

pública

EntrevistacomFrancisco Br

presidentedo STAL

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ou nomeados não o podem azerporque existe o direito constitucio-nal de acesso à unção pública emcondições de igualdade por via deconcurso para todos os portugue-ses. Ora, nesta como noutras ma-térias, a isenção só pode ser garan-tida se o posto de trabalho estiverprotegido, ao abrigo de pressõespolíticas internas e externas. Quan-

do se anulou esta protecção adicio-nal, introduzindo os despedimen-tos, pôs-se em causa o princípio daisenção e, deste modo, a própria  Administração Pública, colocando-a ao serviço de quem estiver no Go-verno ou, alando bem e depressa,das entidades que controlam quemestá no Governo, isto é, os gruposeconómicos que se alimentam da Administração Pública.

Para já, os eeitos do novo regi-me, designadamente em matériade despedimentos, são mitiga-dos, uma vez que só se aplicam

aos novos trabalhadores…

Essa ideia de que o novo regi-me só se aplica aos trabalhado-res admitidos posteriormente à leié alsa e oi criada para quebrara unidade dos trabalhadores. Jáquando o Governo de Cavaco Sil-va ez o primeiro ataque à Segu-rança Social na Administração Pú-blica, em 1993, utilizou esse estra-tagema para desmobilizar a ortecontestação que a medida entãoprovocou. Também o Governo deJosé Sócrates, conrontado comas maiores maniestações desde

o 25 de Abril – designadamenteem 13 de Março de 2009, em quemais de 200 mil trabalhadores es-tiveram em Lisboa, grande partedos quais da Administração Pú-blica –, decidiu azer essa correc-ção demagógica ao novo regime,azendo crer que os trabalhadoresao serviço não perderiam direitos.Em resultado da sua luta, os tra-balhadores admitidos na Admi-nistração Pública antes de 2009mantiveram direitos do sistemaanterior, mas o acto é que o sis-tema oi proundamente alterado ehoje basta uma pequena alteraçãopara colocar todos os trabalhado-

res no mesmo plano.

É esse o objectivo do GovernoPSD/CDS?

Na sequência da negociata en-tre o executivo PS, os partidos queormam o actual Governo e a troika estrangeira, que determinou a redu-ção de trabalhadores, hoje já alamna criação de um novo quadro deexcedentes e em despedimentos,apesar de saberem que essas pes-soas não podem ser despedidassem uma alteração da lei. Este é umcombate que vamos ter de travar.

O objectivo de redução do númerode autarquias, mencionado no memo-rando da troika, põe em perigo postosde trabalho?

Essa parece ser a sua intenção. Para  já, apenas o município de Lisboa, mos-

trando convergir com as posições datroika estrangeira, avançou com umprocesso de redução do número de re-guesias. É certo que todos disseram, daCâmara à Assembleia Municipal, quenão haverá despedimentos, mas nin-guém disse como é que vão resolver asituação dos trabalhadores aectadospelas reduções. Se eram 52 e passama ser 24 juntas, pergunta-se o que é quevai acontecer aos trabalhadores, muitosdos quais contratados pelas reguesiasno âmbito da descentralização de tare-as?

Por outro lado, as autarquias têm sidochamadas a desempenhar um número

crescente de unções, sem receberemos recursos correspondentes. Esta ten-dência irá manter-se, mas será acompa-nhada de crescentes pressões no senti-do da privatização de serviços. Até já seala de uma alteração da Lei das Finan-ças Locais, ou seja, de um novo corte deundos para as autarquias. Por tudo isto,apesar de estarmos coniantes de que anossa luta permitirá deender os postosde trabalho na Administração Local, nãotemos dúvidas de que vivemos um pe-ríodo com muitas diiculdades que exi-ge ampla unidade dos trabalhadores egrande capacidade de intervenção sin-dical.

Porém, entre os eleitos autárquicos, já se ouviram vozes contra a reduçãodo número de autarquias e de privati-zação da Águas de Portugal …

Reunimos em Julho com a Associa-ção de Municípios e pareceu-nos quealgumas destas questões estão a sertratadas com ligeireza, relectindo umaorte ligação de alguns dos seus princi-pais dirigentes ao partido do Governo. A própria Associação Nacional das Fre-guesias, que inicialmente rejeitou qual-quer encerramento de juntas, já admitiua possibilidade de uma reorganização.Isto leva-nos a crer que há uma pres-

são político-partidária sobre os eleitosautárquicos no sentido de garantirem

a «governabilidade». Vemos isto commuita preocupação. Travaremos o nos-so combate e parece-nos positivo quea petição que lançámos contra a redu-ção do número de autarquias e de tra-balhadores esteja a ter uma aceitaçãoassinalável.

 A campanha tem o objectivo de re-colher 30 mil assinaturas?

É esse o objectivo mínimo, mas que-remos ultrapassá-lo largamente. Regis-tamos uma orte adesão por parte dostrabalhadores, mas também há eleitosde juntas de reguesia e até de câmarasmunicipais que estão a apoiar a inicia-

tiva.

E em relação à privatização daágua?

Prosseguiremos a nossa luta contraa privatização, recorrendo a todos osmeios possíveis para impedir a privatiza-ção da Águas de Portugal. Vamos pedirreuniões com os grupos parlamentarese com os partidos políticos, e procurare-mos contribuir para conjugar os esorçosde todas as organizações que têm umaposição de deesa da água pública. Pelanossa parte admitimos a possibilidadede apresentar uma proposta legislativa

de iniciativa popular com vista a o controlo da água por grupos ec

cos e estabelecer o princípio da pública, orientada para a prestauma serviço universal de qualidareceitas deverão ser obrigatoriareinvestidas nas redes e no inancto de escalões sociais com preçobaixos, eliminando-se assim a podade negócios lucrativos com estessencial ao ser humano e ao desvimento do País.

 A experiência do recente reeem Itália sobre a água é um exa seguir?

É uma experiência muito intereque é resultado de um longo tr

de orças sociais e políticas em da água pública, num país em gestão criminosa de serviços púcontrolados pela máia, como é dos resíduos urbanos na regiNápoles, tem provocado verdacalamidades. Ou seja, as poputêm uma experiência concreta negativa da gestão privada e, se viu em todo o processo do redo, estão mobilizadas para deegestão pública da água. Em Portsituação não é idêntica. Num moem que se está a aterrorizar asoas com a crise e o desempregreerendo sobre esta matéria se

Confiamos

para defende os serviço

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 SETEMBRO 2011

No período de 2000 a 2007, a Frente ComSindicatos calculou uma perda acumuladader de compra na Administração Públicapor cento. Desde essa altura houve algumperação do poder de compra?

Essa perda oi agravada em 2008, ano emprogressões oram congeladas. Em 2009 regum ligeiro ganho de pouco mais de um ponto tual. Foi caso único na última década, e logo noguinte os salários oram congelados. Calculama perda acumulada do poder de compra se elea mais de 11 por cento, isto sem contar comgelamento e reduções salariais já eectuados eou o anunciado corte no 13.º mês. Mas isso nãpara se avaliar a dimensão dos reais prejuízos

dos aos trabalhadores nos últimos quatro anosde acrescentar que os escalões oram condesde 2007, suspendendo-se a contagem deEm 2008, o Governo deu instruções, repito inspara se congelar as promoções, isto é, subidasreira através de concurso. Na Administração Leeitos desta medida oram atenuados devido àSTAL, que permitiu resolver ainda muitas situareclassicação e de precariedade.

Em 2009 e 2010, com a entrada em vigor do ngime, mais de metade dos trabalhadores da Atração Local (cerca de 60 por cento, segundo oscálculos) oram abrangidos pela chamada «opçtionária», que permitiu uma subida de escalão que tinham acumulado as condições necessárioi uma grande vitória do sindicato, apesar de a

autarquias, pressionadas pelo Governo, teremà palavra dada, não aplicando a medida, e outrarevogaram-na e obrigaram os trabalhadores a dmontantes já aueridos. Não desistiremos dessos e esperamos que os tribunais se pronuncireposição deste direitos dos trabalhadores.

O Governo não respeitou a autonomia doLocal?

Consideramos que o Governo PS se compomaneira prepotente, com tendências ditatoriacomo se a lei, que ele próprio ez, não existissse que chegou ao ponto de nomear um inspeca IGAL, cuja unção era inquirir se alguma atinha aplicado a «opção gestionária» sem autodo Governo. E este inspector andou pelo País

açar representantes eleitos pela população... Tde um comportamento «pidesco», vergonhoso

São muitas as câmaras que retiraramdireito?

O número de câmaras que revogou a «opçtionária», depois de a ter aplicado, é limitado. Stodo quatro ou cinco. Algumas já têm procestribunal. Relativamente às últimas, que oram lha de Ródão e Campo Maior, estamos a prepPorém, é maior o número daquelas que assucompromisso e nunca o aplicaram, cedendo missíveis pressões do Governo. Por isso estpreparar a apresentação de processos-crime

No plano reivindicativo, quais são os principais objec-tivos do STAL para os tempos mais próximos?

 À cabeça das prioridades da luta sindical, imediata ou acurto prazo, está o combate à precariedade e pelo direito aum «emprego decente», para utilizar o conceito denido pelaOrganização Internacional do Trabalho. Ou seja, um empregocom direitos, segurança e uma remuneração digna. Batemo-nos também pelo direito à negociação e contratação eectiva,isto é, com participação e intervenção dos sindicatos. A ter-ceira prioridade é a luta pelo direito à anuidade dos saláriose a reposição das condições salariais. Não podemos aceitarque o Governo imponha novos cortes nos rendimentos dostrabalhadores, enquanto ao capital nada pede e permite todoo tipo de desvios. Só quem trabalha é que vai ter de pagaro tal «imposto especial» sobre o 13.º mês, que não incide

sobre os lucros das empresas e proventos nanceiros. Estasmedidas irão agravar a situação económica do País. Logo, oobjectivo desta política não é resolver a crise, mas continuara atacar o trabalho, os trabalhadores e os direitos sociais. Porisso recusamos o discurso da crise, de que não há dinhei-ro. Veja-se o ataque à Segurança Social que visa claramentedestruí-la. Para quê? Para beneciar o sector privado dosseguros. Esta é a questão de undo que os trabalhadores têmde perceber para se mobilizarem para a luta e orçarem amudança de política.

Há perspectivas de um desenvolvimento da luta de

massas?

Estou convencido de que a luta vai crescer muito rapida-mente. Mas é preciso que os trabalhadores percebam queos sacriícios que lhes estão a ser impostos não são para

«salvar» o País, mas para aumentar os lucros daqueles queexploram o seu trabalho. É preciso que percebam que o«imposto especial» é um roubo descarado, cienticamentepreparado para os dividir e enraquecer a sua resistência. Aocontrário da retórica ocial, as medidas que o Governo está aaplicar vão agravar o desemprego, e isto signica que haverámenos gente a pagar impostos, as receitas do Estado dimi-nuirão e novos sacriícios serão impostos aos trabalhadores.Só a luta pode quebrar este círculo vicioso.

Os trabalhadores da generalidade dos vários países

europeus estão hoje confrontados com ataques durís-

simos aos seus direitos e poder de compra. O reforço

da luta dos trabalhadores passa pela cooperação com

outros sindicatos a nível europeu?

De acto, desde o derrubamento dos regimes socialistas,as centrais do grande capital têm vindo a investir contraos direitos laborais e sociais em toda a Europa, procuran-do destruir o chamado Estado social e americanizar todo osistema. Este processo está a provocar reacções dentro dopróprio movimento sindical, onde assistimos a alterações emesmo a choques entre as direcções e a base. Por exem-plo, o Congresso da Conederação Europeia de Sindicatos(CES) aprovou orientações que hoje são postas em causadentro da própria direcção da CES. Sabemos que o gran-de capital se preocupou em ter gente de conança nestasestruturas, que propugnam um sindicalismo burocrático econciliador. Mas começamos a ver reacções interessantes.Por exemplo, ainda recentemente, numa reunião da Fede-ração Europeia de Serviços Públicos, de que o STAL azparte, um sindicato da Suécia, país onde também se ve-

ricam violentos ataques sociais, reeria a necessidade deapreender com os sindicatos mediterrânicos a mobilizar ostrabalhadores para a luta, pois esse era o único caminho naactual situação.

Mas também há tendências no sentido inverso. A actualdirecção da CES oi apoiada pela CGT rancesa, que era umacentral de intervenção, e aqui ao lado, em Espanha, o Gover-no reduziu os salários com o acordo das duas centrais… Nóspautamos a nossa participação e cooperação ao nível inter-nacional, armando sempre as nossas posições, e mesmoque não as possamos impor, a verdade é que há quem nosdê razão e se aproxime deste nosso caminho. Neste momen-to consideramos importante dar mais atenção às relaçõesbilaterais e, nesse sentido, estamos a estudar a possibilidadede realizar um encontro internacional com sindicatos que es-tão connosco e outros que se podem aproximar de nós, paradiscutir a Europa e o papel dos sindicatos no processo de

transormação da sociedade. Nós deendemos um sindica-lismo de classe, de deesa dos interesses dos trabalhadores,e o rompimento com estas políticas.

Há uma chave para o êxito da luta?

O reorço da organização em cada local de trabalho – aeleição das comissões sindicais, a eleição dos representan-tes para a saúde, higiene e segurança no trabalho, das co-missões paritárias de classicação de serviço – é uma con-dição indispensável para o êxito da nossa luta. A estruturado STAL e os seus associados devem empenhar-se nestatarea prioritária. Os trabalhadores precisam de um sindicatomais orte e com maior capacidade de intervenção. Só assimpoderemos mudar a política.

Para lesar que trabalha até seignoram as leis

O combate à precariedadeé um objectivo prioritário

luta

o empregopúblicos

entendido. A pressão dos  media,dos lóbis económicos e dos prin-cipais partidos é muito orte…Eles têm todos os meios parachantagear a população com aideia de que é preciso privatizara água para «salvar o País». Noentanto, há uma tendência cres-cente na Europa avorável à ges-tão pública da água. Em França,

uma série de serviços já oramremunicipalizados, na Holandamantém-se a proibição de pri-vatizações e a própria Alemanhaestá a remunicipalizar, podendonalguns sítios interditar este sec-tor aos operadores privados.

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SETEMBRO10   jornal do  STAL

de avaliação dos trabalhadores.Isto porque a «opção gestionária»oi congelada pelo Orçamento doEstado para 2011, impedindo aresolução de muitos casos de nãoavaliação, cujo ónus não pode ob-viamente ser assacado aos traba-lhadores.

Portanto, o Governo congelou

a sua própria lei…

Exacto. E passou-se algo demuito semelhante no que res-peita à contratação colectivanas entidades da AdministraçãoPública. A lei não se aplicavadirectamente à AdministraçãoLocal, mas o Governo conside-rou que sim, apesar de tal nãoconstar no enunciado do diplo-ma. Depois, sempre que o STALprocurou negociar com as au-tarquias, o Governo ingeriu-se eexigiu participar na negociação,com o único propósito de impor

condições que prejudicam ostrabalhadores.

Trata-se da tentativa de impora adaptabilidade dos horários?

Sim, o Governo tentou destruiros horários de trabalho, destruir odireito dos trabalhadores a teremamília e uma vida organizada. Tra-ta-se de uma cláusula que apro-xima os trabalhadores das condi-ções da escravatura. Não podemter vida própria, pois podem serchamados ao serviço sempre equando a entidade empregadora

o decidir.

Os trabalhadores que assinama adaptabilidade estão a ser en-ganados?

Podemos ilustrar com o casoexemplar de Oeiras, em que opresidente Isaltino Morais pro-meteu um pacote de trabalhoextraordinário que atingia as 280horas, o que equivale a oito se-manas de 35 horas, ou seja, aquase dois meses de trabalhoa mais por ano. Iludidos com aperspectiva dessa remuneraçãosuplementar, os trabalhadores

assinaram o contrato com a cláu-sula da adaptabilidade. Passadospoucos meses a autarquia come-çou estudar a alteração dos horá-rios de trabalho na base da adap-tabilidade, e concluiu que podiaresponder às necessidades dosserviços sem praticamente pagarhoras extraordinárias. É claro queo STAL combateu a essa propos-ta e os trabalhadores reagiram,apercebendo-se do logro que éa promessa das horas extraordi-nárias em troca da aceitação daadaptabilidade.

 A nova leié limitadora

da acção sindicalEm 18 de Maio, os associados vo-

taram as alterações aos Estatutos doSTAL. O que é que motivou essa alte-ração?

Houve alterações na legislação que obriga-ram as organizações a adaptar os seus estatu-tos, designadamente no Código do Trabalho,que estabeleceu um prazo de dois anos paraeectuar essas adaptações. Desde o início que

decidimos alterar apenas o que a lei nos im-punha. Alguns aspectos não têm grande rele-vância, por exemplo, tínhamos uma ComissãoFiscalizadora, agora vamos ter um ConselhoFiscalizador, mas outras imposições atingema estrutura dos sindicatos. É o caso da limita-ção do número de dirigentes. Num municípiocomo Lisboa, por exemplo, o STAL só podeter oito dirigentes. Ora se contarmos com asreguesias estaremos a alar de um universopróximo de 12 mil trabalhadores. É uma situa-ção em que a lei limita claramente a actividadedo sindicato.

  A lei anterior não limitava o número de

dirigentes?

Não, e agora esses limites não têm sequer emconta o número de associados de cada sindica-to. Ou seja, um sindicato com cinco mil associa-dos poder ter tantos dirigentes como um sindi-cato com 25 mil associados. Por outro lado, nosmunicípios de menor dimensão, onde o númerode associados é necessariamente reduzido, a leirestringe ainda mais o número de dirigentes, oque nos coloca diiculdades e constitui um claraintererência na vida dos sindicatos.

O número de dirigentes é estabelecido

por município?

Sim, sendo que o número máximo é de oitopor município. É, no entanto, de realçar que

esta possibilidade não estava no projectoinicial e resultou de uma alteração eita já na

 Assembleia da República, por orça da nossaluta e da pressão exercida por organizaçõesinternacionais, no sentido de garantir a repre-sentatividade sindical em todos os municípios.

  Assim, tivemos de alterar os estatutos parautilizar plenamente as possibilidades de utili-zação de créditos para a actividade sindical.Desta orma contrariámos o objectivo inicialda lei, mas outros sindicatos soreram umabrutal redução de dirigentes.

Quais foram as principais alterações es-

tatutárias?

 Alterámos a composição da Direcção Na-cional que passará a contar com 125 mem-bros, contra 35 actualmente, bem como dasdirecções regionais, cujo número de dirigentestambém é substancialmente alterado. Ficougarantida a representação equitativa de todasas regiões sindicais na Direcção Nacional, queé agora um órgão de grande representativida-de, só suplantado pela Conerência e pela As-sembleia Geral. Ao mesmo tempo oi extinto o

Conselho Geral e criada a Comissão Executi-va para a gestão regular do Sindicato. Ficouainda estabelecida a convocação periódicada Conerência, reunião ampla que envolve aeleição de delegados, dedicada ao debate dasgrandes questões sindicais.

Como decorreu este processo estatutário?

De orma geral, oi um processo interno mui-to interessante que registou uma participaçãoglobal próxima dos 50 por cento, em que umaampla maioria aprovou a proposta de Estatu-tos. Inelizmente, o período que atravessamosobrigou-nos a dar prioridade à luta reivindica-tiva, dado que os trabalhadores oram e con-

tinuam a ser conrontados com ataques semprecedentes contra os seus direitos.

De que modo os associados das entida-

des de direito privado estarão representa-

dos nos órgãos nacionais?

Haverá dirigentes na Direcção Nacionaleleitos a partir dessas empresas, tal como apartir das associações de bombeiros. Ainda sediscutiu a possibilidade de alterar a estruturado Sindicato para incluir empresas de âmbitonacional, como são por exemplo a Suma ou a

 Águas de Portugal. Mas a questão não pôdeser aproundada e optámos por continuar aacompanhar as empresas como temos vindoa azer.

 A intervenção do STAL tem progredido no

mundo empresarial que gira em torno das

autarquias?

Temos reorçado a nossa intervenção, masestamos num terreno que é muito diícil. Narealidade, existem duas ou três grandes em-presas de âmbito nacional que estão a abo-canhar tudo o que podem, inclusive empresasmunicipais e outras. Na área dos resíduos sãoduas ou três empresas, mas o sector da águacontinua a ser dominado  Águas de Portugal,que só não é um verdadeiro monopólio porqueentretanto já vendeu a  Aquapor , e com ela adistribuição de água em baixa de 25 municí-

pios. Todavia, a administração desta epública relaciona-se com o Sindicato dediria, «ascizante». Só se sentaram connosco depois de receberem indicaGoverno e tudo têm eito para diicultalogo. À nossa proposta de acordo de eresponderam com um contra-projectuma vergonha. Estamos à espera de nonião. Ao mesmo tempo, nas empresaciadas, mesmo quando se trata de pe

problemas, tentam remeter o Sindicatosede do grupo. Todavia, como temos cno sector, nalguns casos conseguimoalgumas coisas através da luta, noutroganho nos tribunais.

Qual é a evolução nas associaç

bombeiros?

Também aí, a situação é diícil de a nível central. O anterior Governo lima negociar com organizações divisionisimulacro de contrato, que acabou abandonado por toda a gente, após denúncia. O STAL continua a negociatamente com associações humanitá

bombeiros voluntárias, e já tem um cde acordos, alguns já publicados outda em ase de negociação. O processido lento, mas vai-se avançando. A Governo, até agora, a negociação esqueada. Basta recordar que o projectsentado pelo anterior Governo colocremunerações destes proissionais, é exigido conhecimentos, disponibilidtempo e risco da própria vida, ao nívelário mínimo nacional, e já com o subsrisco incluído!…

O actual contexto adverso tem-se

tido na evolução da massa associat

 É sabido que os ataques consecuti

direitos têm empurrado muitos trabalhpara a aposentação. Nunca houve umatão grande às aposentações na AdminLocal como estamos actualmente a Os censos de 2008 apontavam para c130 mil trabalhadores na AdministraçãCalcula-se que este número tenha bpara 110 mil em 2010. É uma redução de 20 mil trabalhadores, parte dos quaposentação, já que, mesmo sorendozações na pensão, as pessoas são tãoguidas que em muitos casos preeremmar-se. Outros têm saído por im de cNaturalmente que estas saídas relectnuma quebra do número de associaddiminuição do ritmo de novas sindicali

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SETEMBRO 2011   jornal do  STAL

T

ais medidas, con-tidas no pacto anti-

social acordado peloPS com a troika estrangei-ra (UE/ BCE  /FMI) e subscri-to pelo PSD e CDS, aten-tam abertamente contra opoder local democrático,com o objectivo de reduzirdrasticamente a interven-ção pública local para aci-litar novos e rutuosos ne-gócios privados.

É sintomático que seanuncie uma redução tãosigniicativa das reguesias,que pode chegar às 1500,sem se apresentar uma jus-

tiicação undamentada,sem se conhecerem crité-rios ou moldes, sem se sa-ber qual o uturo dos traba-lhadores aectados.

 As reguesias equivalem a0,2 por cento do Orçamen-to de Estado, logo têm umpeso insigniicante na des-pesa pública. Em contra-partida, e apesar de todas

as diiculdades e obstácu-los, são os órgãos de po-

der local mais próximos daspopulações, cujo papel cru-cial na vida das comunida-des deveria ser reorçado evalorizado, de acordo coma dignidade constitucionalque lhes é conerida.

Conduzida por interessespartidários ou critérios eco-nómico-inanceiros, a redu-ção das reguesias irá ine-vitavelmente empobrecera democracia, colocandonovos obstáculos à partici-pação dos cidadãos, e, so-bretudo, acarretará mais di-

iculdades no acesso a ser-viços essenciais aos traba-lhadores e populações.

 A asixia inanceira

No quadro da União Eu-ropeia e da OCDE, Portugalé dos países que menos re-cursos públicos colocam àdisposição das autarquias.

Os sucessivos incumpri-mentos das várias leis dasinanças locais e a trans-erência de competênciassem os correspondentesmeios degradaram proun-damente a situação inan-ceira das autarquias.

 A Associação Nacionalde Municípios (ANMP), noseu último congresso reali-zado, em Julho, na cidade

de Coimbra, ez o seguin-te balanço: «Independente-mente das perdas em anosanteriores, os municípiosregistarão reduções acu-muladas (...) entre 2010 e2013, de perto de 1200 mi-lhões de euros (…). Isto re-presenta, para alguns mu-nicípios mais rágeis, umaperda equivalente a cercade 40 por cento da sua re-ceita total.»

 Apesar deste estrangula-mento inanceiro, agravadopor dívidas elevadíssimas

da Administração Central,em particular no domínioda educação, os municípiosregistaram, no inal de 2010,um superávite de cerca de81 milhões de euros, con-tribuindo para a redução dodéice público. Segundo osdados do congresso, verii-ca-se que «com menos de10 por cento dos dinheiros

públicos, os municípios sãodirectamente responsáveispor mais de 50 por cento detodo o investimento públicorealizado no país.»

E em relação aos novoscortes previstos nas trans-erências (cerca de 130 mi-lhões de euros), a ANMPavisou: «Os municípios es-tão nos limites da sua capa-

cidade de uncionamento.Quaisquer novas reduçõesde meios implicarão en-cerrar total ou parcialmen-te serviços às populações,para além da brutal redu-ção do investimento a que já tiveram de proceder, op-tando quase exclusivamen-te por obras que tenhamcoinanciamento do QREN.Vão assim ter de ser toma-das opções dolorosas, cujaresponsabilidade não é doPoder Local.»

 A asixia inanceira temobjectivos que conhece-

mos bem: mais privatiza-ções, aumento dos preçose criação de novas taxase tarias, deterioração daqualidade dos serviços edas condições de trabalho.

Reduçãode pessoal

Os municípios portugue-ses são responsáveis por18 por cento do empregopúblico. De acordo com a ANMP, os municípios re-ceberam nos últimos anos

11 mil trabalhadores (pes-soal não docente), oriun-dos do Ministério da Edu-cação, mas o número totalde admissões oi de ape-nas quatro mil, o que sig-niica que, na prática, re-duziram sete mil postos detrabalho,

O corte do número detrabalhadores em dois por

cento ao ano, entre 2012e 2014, signiicará uma re-dução de mais sete mil tra-balhadores. Já hoje váriosmunicípios estão conron-tados com sérias carên-cias de pessoal, vendo-sepor esse motivo impedidosde garantir serviços essen-ciais.

O recurso a empresas pri-vadas surge em alguns ca-sos como a solução, ape-sar de os próprios autarcasreconhecerem que icariamais barato se o serviçoosse eectuado pelo mu-

nicípio! Noutros, a alta depessoal leva à suspensãoda obra, dado que tambémnão há verbas para recor-rer a empresas. Em para-lelo, aumenta a utilizaçãoabusiva de desempregadosnos chamados programasocupacionais. O desempre-go sobe e a precariedadealastra.

Por outro lado, a redu-ção do investimento e doemprego público a nível lo-cal tem eeitos devastado-res na economia. Estudos

eectuados no Rdo mostram que gasta pelo munic64 pence (cêntisão investidos na local, e que por cde trabalho direcído, perdem-se qsector privado.

Combater

a oensivaO poder local

ogo. A demagognamental e o amento da crise ao oportunismo e a conusão. Portem mais munica maioria dos propeus, nem gassiado com as suquias.

Sabemos que ralismo não vê colhos a autonomceira das autarqu

independência oro seu controlo sas economicametecíveis. Mas ese aqueles queque podem maniegãos de poder lobel-prazer. Semtentativas não sãcontrárias aos vConstituição da RPortuguesa, eredamente os interepopulações e enseguramente a stência.

O programa da troika  ataca poder local

Menos democracia, empreg

e serviços públicos Extinção de autarquias (municípios ereguesias), cortes nas transerênciasdo Estado em cerca de 130 milhõesde euros; redução de dois por centodo número de trabalhadores por anoaté 2014 – eis algumas das medidasque o governo PSD-CDS/PP se propõeexecutar.

O presidente da Câmara Munici-pal de Esposende, João Cepa, de-clarou, dia 17 de Agosto à  AgênciaLusa, que se a lei o permitisse gos-taria de poder despedir e ntre 20 a 30uncionários do município, os quais,airmou, «só pensam em receber ovencimento no inal do mês».

Repudiando o teor destas declarações,a Direcção Regional de Braga do STALexigiu a retractação pública do eleito au-tárquico, acusando-o de «oender pros-sionalmente os seus subordinados».

Manifestando «profunda e total

solidariedade aos trabalhadores

de Esposende», o Sindicato sa-

lienta que as afirmações de João

Cepa não têm qualquer justifica-

ção, pelo contrário, os funcioná-

rios da autarquia «têm, ao longo

dos anos, contribuído, com o seu

trabalho dedicado e honesto, para

o engrandecimento e a moderni-

zação do concelho de Esposende,

aliás, como ressalta à vista de to-

dos».

Edil de Esposende

 gostaria de «despedir»

✓Jo

Os municípios são responsáveis por apenas 18 por cento do emprego públic

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SETEMBRO12   jornal do  STAL

Os resultados da consulta o-ram expressivos, a começarpela aluência às urnas, dado

que, pela primeira vez desde há 16anos, oi largamente ultrapassado oquórum exigido (50%) para validar osresultados deste tipo de reerendos

de iniciativa popular. Assim, participaram no surágio

cerca de 57 por cento dos eleitoresinscritos, dos quais cerca de 96 porcento disseram «sim» à revogação dedois artigos legais que impunham aosmunicípios a privatização de serviçospúblicos, incluindo o abastecimentode água e a deinição de tarias emunção do capital investido.

 A campanha contra a privatizaçãoda água oi lançada há vários anospor um vasto conjunto de associa-ções que se reuniram em torno doFórum Italiano da Água, com o apoiode sindicatos, partidos políticos e nu-

merosas organizações sociais.Logo em 2007, quando já esta-vam em marcha privatizações nosector, o Fórum conseguiu azeraprovar uma moratória de um anosobre novas concessões/privatiza-ções, após ter reunido 400 mil as-sinaturas a avor de uma propos-ta de lei sobre a água de iniciativapopular.

Esta importante vitória não oi, noentanto, suiciente para estancar oprocesso. Com a queda do governode centro-esquerda liderado por Ro-mano Prodi em Fevereiro de 2008, ea vitória do centro-direita em Abril, onovo governo cheiado por Sílvio Ber-lusconi pôs em marcha um novo pla-no que visava consumar a privatiza-ção da água num curto prazo.

Uma lei aprovada em Novembrode 2009 impôs aos municípios aabertura de concursos públicos oua constituição de empresas mistas,

estabelecendo o im da gestão dosserviços de água por entidades ex-clusivamente públicas até Dezembrode 2011.

Esta nova legislação desencadeouuma vaga de indignação, a qual en-controu expressão na campanha«Salvar a Água» do Fórum Italiano,que estabeleceu como objectivo a re-vogação das reeridas normas legais.

Um combate determinado

Nesse sentido oi promovido umnovo abaixo-assinado, desta vez pelaconvocação de um reerendo de ini-ciativa popular. Mais uma vez, a inicia-tiva teve um sucesso estrondoso. Em19 de Julho de 2010, o Fórum entre-gou no Tribunal Supremo mais de ummilhão e 400 mil assinaturas. A batalhapela convocação do reerendo estavaquase ganha, altando apenas o tribu-nal constitucional pronunciar-se, o queaconteceu em Janeiro deste ano. Mas

o desecho inal era por de mais incer-to, uma vez o governo detém o contro-lo quase absoluto sobre as televisõese principais órgãos de inormação.

Por seu lado, o primeiro-ministroapostou claramente na desmobiliza-ção dos eleitores, advogando explici-tamente a abstenção. A poucos diasantes da votação, Berlusconi anun-ciou ao país que não votaria porqueos reerendos eram «inúteis». E pros-seguiu, airmando que abster-se é«um direito dos cidadãos».

Sob a batuta do governo, as televi-sões omitiram praticamente a consul-ta. Berlusconi esperava que a apatiadas massas invalidasse a previsível

vitória dos deensores da água públi-ca, mas as contas saíram-lhe uradas:a participação superou largamente asexpectativas.

Derrotado, o primeiro-ministro teve dedar a mão à palmatória: «Parece que avontade dos italianos é muito clara», de-clarou o chee do governo num comuni-cado oicial. «O governo e o parlamen-to têm o dever de aceitar plenamenteas respostas dadas nos reerendos»,acrescenta ainda o texto, reconhecendoque «a orte aluência» «demonstra umavontade de participação dos cidadãosnas decisões sobre o uturo do país quenão pode ser ignorada».

Referendo em Itália

28 milhões chumbam

negócio da águaO povo italiano votou massivamente,no reerendo de 12 e 13 de Junho, paraimpedir a privatização da água e oaumento das tarias para proporcionarlucros a privados.

O referendo foi precedido

de um abaixo-assinado quereuniu quase um milhão emeio de assinaturas.

  A Federação Serviços Públicos da CGT,França, realizou de 23 a 27 de Maio o seu 10.ºCongresso, que decorreu na cidade de Ajac-

cio, Córsega, e contou com a participação deum representante do STAL.

O debate do Congresso teve como temacentral a oensiva do governo rancês aos di-reitos laborais dos trabalhadores da unçãopública e aos serviços públicos, particular-mente através das reormas do estatuto deuncionário público e das alterações no regimede aposentações.

Baptiste Talbot, secretário-geral da Fede-ração, que oi reeleito no Congresso, apelouaos cerca de 500 delegados presentes paraque assumam a responsabilidade sindical dedar esperança aos trabalhadores, organizan-do-os massivamente e ganhando-os para aluta.

Segundo armou, o momento é de «urgên-cia social» e a «urgência democrática», numcontexto de crise do sistema capitalista que se

traduz em clivagens sociais em todo o planeta.Por isso, «os povos querem retomar o destinonas suas mãos e contestam os poderes esta-belecidos», notando ainda que «a luta que tra-vamos é uma luta de classe».

Em representação do STAL, José ManuelMarques, interveio no debate internacional,promovido à margem do congresso, sobre«Serviços públicos na Europa: que acção rei-vindicativa, que intervenção sindical?». Depoisde abordar a situação nacional, salientou quea luta pelos direitos e serviços públicos na Eu-ropa «passa pela necessidade de alterar dis-cursos e comportamentos de diversas orga-nizações sindicais europeias, particularmenteda Conederação Europeia de Sindicatos.»

Congresso em França

 Autarquiarompecom Veolia  

O aglomerado de comunidaMontbéliard, composto por 29 pios e 120 mil habitantes, no LFrança, pretende reaver a gesblica água, concessionada desdà Générale des Eaux, hoje Veol

Depois de ter aprovado, emdo ano passado, a cessação dtrato em 2015, ou seja, sete a

tes da sua expiração, as autolocais conseguiram já este anoem dez por cento o preço da população.

  A redução das tarias omediante o reembolso da partnão amortizada do chamado de entrada», pago pela empaglomerado intermunicipal emno montante total de 22,8 milheuros.

O reembolso antecipado perbertar recursos sucientes paros encargos do empréstimo coà banca, ao mesmo tempo quea actura mensal dos utentes.

Parlamentosueco vetaprivatizaçõe

Na sequência de uma orte calançada pelos sindicatos em deserviços públicos, o parlamento

rejeitou, em dia 15 de Março, o ma de privatizações apresentagoverno minoritário de centro-d

O governo pretendia zar a companhia de electVattenfall, a caixa de crédito Sempresa de correios Posten (detido em parceria com o Estnamarquês) e o grupo de teleccações TeliaSonera, (parcialmevatizado em 2008, mas onde oainda possui 37 por cento do ca

O chumbo dos deputados oi spelo sindicato de serviços públicoo qual desde há muito se bate alienação de empresas estatais

uma «gestão sustentável e respoque salvaguarde os direitos dos tdores e o bem-estar da populaçã

Entretanto, o governo mantémde vender as participações púb13 por cento no banco Nordeade 21 por cento na companhiSAS, as quais não oram abrpela votação de Março.

Desde 2006, a coligação de centa privatizou a bolsa de valores, anhia de bebidas Absolut Vodka-m& Sprit e a empresa imobiliária Vasrealizando um encaixe de 18 mil de dólares (12,4 mil milhões de eu

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SETEMBRO 2011   jornal do  STAL

Qualquer bairro que se preze nesta Lisboa adistatem no seu bojo um caé ou uma tasca qualquerque é o ponto de encontro do alacinha residen-

te. Todos os momentos livres, que sobram da dura lu-ta pelo «pão que cada dia nos dais hoje» (senhor deus,muito obrigado pela esmola concedida...), são em geralconsumidos, por quem no trabalho tem a única orma devida que conheceu à nascença, nestes retiros patuscosonde o Benica é herói de quase todas as horas e a mor-cela já oi um petisco apreciado.

O Caé da Raspadinha é um exemplo pereito destereúgio bairrista.

Par além do vinho tinto servido em copos de três, dedois e até em penaltis, há a imperial e o branco velho, ocaé e o bagaço, a ginginha com elas e a ginginha sem

elas. Em dias especiais que, por coincidência, acertamsempre no último dia do mês, lá aparecem umas chou-riças assadas, uns raquíticos caracóis de corninhosrecolhidos e, maravilha das maravilhas, uns camarõesenrugados pela bravura das águas dos viveiros ondecresceram.

Há poucos anos, o dono deste caé aderiu de corpoe alma às ormas mais modernaças de azer eliz o povo.Dando-lhe a esperança, claro, de poder enriquecer de ormaácil, livrando-o da exploração a que sempre o sujeitaram.

E apareceu o totobola, e depois o totoloto, por m oeuro milhões. Sem esquecer a raspadinha, cujo prémioestava ali logo à mão de semear. Os regueses são sen-síveis a esta orma tão simples de se ganhar a vidinha,pois raspar um cartãozinho ou preencher um boletimnão produz calos nas mãos nem chatices com o patrão

quando se julga merecer um aumento de ordenado.Foi este novo negócio que levou o Barnabé, dono doestabelecimento, a crismar o seu caé com o nome quehoje tem.

Entremos então por m no Caé da Raspadinha parasentirmos ao vivo o ambiente reinante. Sentemo-nosnesta mesa que até parece estar vaga. – Ó pssst, facha-vor, uma imperial e um pires de caracóis.

Enquanto aguardamos ser servidos, vamos prestandoatenção à mesa do lado esquerdo, onde dois homens deaparência humilde (é assim que retratamos aqueles quevivem do seu trabalho, não é?) se encontravam numaacesa discussão. Não, não discutiam utebol, nem oEmídio Rangel nem sequer o Alberto João Jardim.

O tema, desta vez, parecia ser sério e versava coisassérias.

Comecemos por, previamente, tentar identicar os

personagens que dão corpo a estas conversas de cadavez mais desconversadas, o que nos vai levar para aí meia hora de atenta escuta.

Pronto. Já está.Temos, assim, na mesa já reerida, o Joaquim Para-

uso, operário da construção civil desde os seus dozeanos, que tem para sustentar lá em casa a mãe, inválidapor acidente de trabalho, e dois irmãos ainda adolescen-tes. O ordenado? Bom, ligeiramente acima do mínimonacional, o que lhe dá o estatuto, segundo as indigentesinteligências nacionais, de estar na ronteira entre os quevivem bem e os indigentes sortudos que podem semprecontar com a caridadezinha dos mais abastados. Maseste gajo tem pinta, digo-vos eu que o estou a ouvir.Sabe o que diz, tem bem identicados os seus inimi-

gos, não se rende perante a roubalheira de que é vE participa na luta pela sua e nossa libertação dodesta miserável sociedade em que o dinheiro é tudvalores humanos nada.

 A seu lado está o Corcovado Rosca Moída. Cseu nome indicia e o seu pobre paleio conrma, o Moída rejeita as investidas do Parauso, que bemta penetrar na consciência do Rosca, completadeseita pelas conversas criminosas dos eunuc

sistema, pagos para lhe vender a toda a hora dda noite e da madrugada, em todos os canais da ideias dos patrões, os interesses dos patrões, a cudos patrões. Este pobre Corcovado conseguiu quecunhado, eleito pelo PS na reguesia do bairro ondcoisa se passa, lhe arranjasse um emprego de mona Junta. Foi aí, também, que conseguiu ser indipor um dos seus colegas para azer parte de umconcorrente às eleições para a direcção da UGT.que oi eleito, estavam à espera de quê? E, porembora ganhe também miseravelmente, sente-shomem com alguma importância no inevitável sist

  A discussão entretanto incendiou e o Corcovavantou-se. Abeirou-se do balcão e pediu ao Sr. Baum cartão da raspadinha. Pagou, raspou e voltou tar-se. Ainda não oi desta vez que a sorte o contemMas um dia há-de ser, pensa ele pela enésima vez

O Joaquim Parauso pagou a despesa e saiu. espera, no Marquês do Pombal, tinha muitos mde companheiros que, em maniestação de unidadgritar a sua revolta pelo roubo de que estão a ser ve maniestar a sua disposição de continuar a lutum Portugal mais justo.

Nós levantámo-nos também e seguimos atrás dO Corcovado Rosca Moída, supomos, cou o re

tarde a jogar na raspadinha.– Um dia há-de calhar, se Deus quiser... Vai ele m

rando a cada raspada decepção.E pronto, caros amigos. Que querem que vos

mais? Não é ácil lidar com isto? Pois não. Não podé desistir. Sob pena de a nossa rosca também coa degradar-se...

O Café da RaspadinhaConversas desconversadas

✓Adventino Amaro

 SMAS Loures

Comissão Sindicaldenuncia má gestão

 A Comissão Sindical acusou a administraçãodos SMAS de Loures de má gestão e mostra-se preocupada com o uturo dos serviços, quesão dirigidos pelo presidente da Câmara.

Intervindo na reunião de Câmara de 22 de Ju-nho, os representantes sindicais recordaram quea negligência dos responsáveis já levou à inter-rupção da recolha de resíduos sólidos em maisde metade dos circuitos, devido à alta de viaturasque estavam imobilizadas á espera de reparação.

  A Comissão Sindical voltou ao assunto na Assembleia Municipal, onde deu exemplos devários actos de má gestão, revelando nomea-damente que estão a ser entregues a empresasprivadas áreas de actividade dos SMAS, en-quanto os trabalhadores cam parados, comoé o caso da reparação das viaturas. Aponta-ram ainda degradação em geral do material detrabalho, que há anos que não é renovado, e aalta de condições de higiene nos balneários.

Na sequência desta intervenção, os repre-sentantes dos trabalhadores reuniram-se como presidente da Assembleia Municipal e comos líderes das orças políticas, os quais secomprometeram a visitar as instalações acom-panhados pelos delegados sindicais.

 Água e saneamentode LeiriaDecisão errada

 A Câmara Municipal de Leiria, liderada peloindependente Raul Castro, eleito pelo PS, ob-teve o aval da Assembleia Municipal, dia 11

de Julho, para concessionar o abastecimen-to de água e saneamento a privados por 30anos.

 A autarquia justica a medida com a «deplo-rável situação nanceira herdada», e esperaencaixar cerca de 30 milhões de euros com onegócio, que teve a oposição dos eleitos doPSD, CDS-PP, CDU e BE.

 Além disso, alega que a entrada dos priva-dos irá acilitar investimentos de modo a au-mentar a taxa de cobertura do saneamento,que actualmente ronda os 70 por cento.

O STAL condenou a decisão, lembrando quea experiência mostra que «a privatização nãosó não tem resolvido os problemas de aces-so à água e ao saneamento, como tem sido

responsável pelo aumento brutal dos preços epela acentuada degradação das condições detrabalho e diminuição dos direitos dos traba-lhadores».

O Sindicato esteve presente na sessão da Assembleia Municipal que aprovou a medida,tendo distribuído uma carta a todos os elei-tos, em que alertou para as consequências daprivatização. Também maniestou ainda a suadiscordância ao edil, salientando que a con-cessão dos serviços não é justicável quer doponto de vista económicos quer social.

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SETEMBRO14   jornal do  STAL

N.º 99SETEMBRO 2Publicaçãode inormaçãosindical do ST

PropriedadeSTAL – Sindic

Nacional dosTrabalhadoresda AdministraLocal

Director:Santos Braz

Coordenaçãe redacção:José Manuel Me Carlos Naba

ConselhoEditorial:

 Adventino Am António Augus António MarquHelena AonsIsabel RosaJorge FaelJosé TorresMiguel VidigaVictor Noguei

Colaborador Adventino Am António MarquJorge Fael,José Alberto LJosé TorresRodolo CorreVictor Noguei

Grafsmo:

Jorge Caria

Redacçãoe AdministraR. D. Luís I n.º1249-126 LisbTel: 21 09 584Fax: 21 09 58Email:

 [email protected] Internet:www.stal.pt

Composiçãopré&pressCharneca de

 Armazém L

2710-449Ral - SINTRA

Impressão:LisgrácaR. ConsiglieriPedroso, nº902730-053 Bar

Tiragem:52 000 exempDistribuição gaos sócios

Depósito legNº 43-080/91

Horizontais: 1. Dizem que é primeira-da-ma neste país desgraçado; pois, o pior éque não azes. 2. Passamentos; não disse.3. Atenua; preparara com gemas de ovos.4. Abreviatura de litro; levantem; pátria. 5. Planta trepadeira; … da Ribeira, reguesiado concelho de Águeda; desbaste. 6. Orá-culo; habitações. 7. Ferro endurecido; que

me pertence. 8. Cândido; madre. 9. Medidade uma superície; que te pertence; adorar.10 . Segue; io de erro; dama de compa-nhia. 11. Sobrevivera; absorvem. 12. Filtra-rei; aceso. 13. Da natureza dos ossos; ele-vações de terra entre dois sulcos.

 Verticais: 1. É à caçador que este animalmelhor sabe; este bicho é intragável, nemà caçador se come. 2. Privar de; utensíliospara lavrar a terra. 3. Réptil venenoso, mui-to apreciado nos corredores governamen-tais; sucos. 4. Aperta; quartzo translúcidode cores variadas; enraiveça. 5. «Velho» pa-ra os putos de hoje, prestação para os maisvelhos; vazio; espaço delimitado. 6. Crustá-ceo da amília dos asélidos de água doce;

passas-te para o PS, ou PSD, ou CDS. 7. Or-ganização terrorista dos Estados Unidos da

 América, alcunhada de polícia política, meni-na dos olhos da patética múmia que dá pe-

lo nome de Mário Soares; caminho orlado decasas. 8. Nos momentos mais diíceis, dásà sola; lugar plantado de amieiros. 9. Assimseja; dizem que é para aqui que vai quem sedemite da vida; ser. 10. Órgão excretor daurina; taria; as três primeiras vogais. 11 . Italianos; meter em mala. 12. Leviana; en-tremeada. 13. Transpiraras; rezamos, se não

tivermos mais que azer.

 Palavras cruzadas

   S    O   L   U    Ç    Õ   E   S

   H   o  r i   z   o   n  t   a i   s :  1 .   C  a  v  a  c  a ;  f  a  r i  a  s .   2 .   Ó  b i  t  o  s ;  o   m i  t i  u .   3 .   E  s  b  a  t  e ;  g  e   m  a  r  a .   4 .  L  t  o ;  a l  c  e   m ; l  a  r .   5 .   H  e  r  a ;  o i  s ;  p  o  d  a .   6 .   O  r  a  g  o ;  c  a  s  a  s .   7 .   A  c  o ;   m  e  u .   8 .   C  a  s  t  o ;  ú  t  e  r  o .   9 .   Á  r  e  a ;  t  u  a ;  a   m  a  r .  1   0 .   V  a i ;  a  r  a   m  e ;  a i  a .  1  1 .   A  d  v i  r  a ; i  n  a l  a   m .  1   2 .   C  o  a  r  e i ;  a  t  e  a  d  o .  1   3 . .   Ó  s  s  e  a  s ; l  e i  r  a  s .   V   e  r  t i   c   a i   s :  1 .   C  o  e l  h  o ;  c  a  v  a  c  o .   2 .   A  b  s  t  e  r ;  a  r  a  d  o  s .   3 .   V í  b  o  r  a ;  s  e i  v  a  s .   4 .   A  t  a ;  a  g  a  t  a ; i  r  e .   5 .   C  o  t  a ;  o  c  o ;  á  r  e  a .   6 .   A  s  e l  o ;  t  r  a i  s .   7 .   C i  a ;  r  u  a .   8 .  F  o  g  e  s ;  a   m i  a l .   9 .   A   m  e   m ;  c  é  u ;  e  n  t  e .  1   0 .   R i   m ;  p  a  u  t  a ;  a  e i .  1  1 . I  t  a l  o  s ;  e   m  a l  a  r .  1   2 .   A i  r  a  d  a ;  r  a i  a  d  a .  1   3 .   S  u  a  r  a  s ;  o  r  a   m  o  s .

 Internet ✓Victor Nogueira

 As primeiras ormas de arte ru-pestre que conhecemos são ce-nas de caça(1). Mais tarde encon-tramos também cenas da vida edo trabalho, em pintura ou escul-tura, nos túmulos dos araós noantigo Egipto. De grande riquezasão as ilustrações de manuscritos(iluminuras), como no Livro de Ho-ras do Duque de Bérry(2). Os Bru-ghuel, Peter o Velho (3) e Peter o

Novo(4)

, são dois pintores famen-gos que representam as alegrias ealeijões do povo, que são tambémtema do teatro de Gil Vicente.

Vermeer oi um dos pintores daburguesia ascendente(5), tambémretratada impiedosamente, na li-teratura do séc. XIX, por Balzac(6) ou por Eça de Queirós. Por suavez, os trabalhadores e as suas

miseráveis condições de vidasão o tema central de autorescomo Charles Dickens(7), VictorHugo, autor de Os Miseráveis (8) e

Zola, simultaneamente crítico daburguesia e analista das classestrabalhadoras(9).

Na pintura são de reerir asobras inicias de Van Gogh(10), omovimento realista(11), e entre ospintores portugueses, José Ma-lhoa e Silva Porto

No século XX destacam-se mo-vimentos que abordam a realida-

de no sentido de transormá-la:construtivismo(12), neo-realismo emPortugal (13) e realismo socialista.

Jorge Amado, especialmen-te na sua primeira ase, Górki,Caldwell(14), Steinbeck(15), JoséSaramago (Levantados do Chão e Memorial do Convento  ), Álva-ro Cunhal (  Até Amanhã Camara-das  ) são nomes a reter na litera-

tura social do séc. XX. Na pintura,reerem-se Júlio Pomar, João AbelManta, Ribeiro de Pavia, PaulaRego(16), Portinari(17), Botero(18), DiCavalcanti(19), Debret(20). Grandeinteresse têm ainda o «muralismo

mexicano»(21)

de pintores comoRivera(22), Orozco(23) e Siqueiros.(24)

Entre os poetas reerem-se,entre outros, Maiakóvski, Nazim

Hikmet, Brecht(25) Vinícius deMorais(26) Carlos Drummond de  Andrade, Manuel Alegre (Praçada Canção e O Canto e as Ar-mas), Egito Gonçalves, AntónioGedeão (Calçada de Carriche,Lágrima de Preta e Pedra Filoso-al), José Gomes Ferreira, Ary dosSantos(27) e António Aleixo.(28)

1 pt.wikipedia.org/wiki/Arte_rupestre#Portugal www.mundosites.net/ artesplasticas/arterupestre.htm

2 pt.wikipedia.org/wiki/Les_tr%C3%A8s_riches_heures_du_duc_de_Berry

3 www.ricci-arte.biz/pt/Pieter-Brue-gel-the-Elder.htm www.youtube.com/ watch?v=KbY5GsAnp_A

4 www.youtube.com/watch?v=dDV9kCb9ZJw&eature=related

5 www.casthalia.com.br/a_mansao/artis-tas/vermeer.htm

6 pt.wikipedia.org/wiki/La_Com%C3%A9die_Humaine

7 educacao.uol.com.br/biograas/char-les-dickens.jhtm

8 www.cantinhodaculturaedolazer.net/2009/04/download-gratis-livro-os-miseraveis.html

9 www.inopedia.pt/$emile-zola10 www.vemeveja.com/2010/09/as-50-

mais-amosas-pinturas-de-van-gogh-e-desenhos/ 

11 www.youtube.com/watch?v=_- jJqcWckjc&eature=related www.youtube.com/watch?v=LNzx9K9XnMU&eature=related pt.wikipedia.org/wiki/Realismo

12 pt.wikipedia.org/wiki/Construtivis-mo_russo13 www.citi.pt/cultura/temas/rame-

set_neorealismo.html www.citi.pt/cultura/ artes_plasticas/desenho/alvaro_cunhal/ neo_realismo.html

14 pt.wikipedia.org/wiki/Erskine_Caldwell15 pt.wikipedia.org/wiki/John_Steinbeck16 art.nayland.school.nz/artist_models/ 

gallery.asp?ID=11317 www.portinari.org.br/ppsite/ppacervo/ 

temas.asp18 www.ricci-arte.biz/pt/Fernando-

Botero.htm19 sampa.art.br/biograas/dicavalcanti/ 

galeria/ 20 blogillustratus.blogspot.com/2010/05/ 

 jean-baptiste-debret.html21 www.klepsidra.net/klepsidra6/mura-

lismo.html22 www.youtube.com/ 

watch?v=MJ7eiE8ulOA23 www.youtube.com/watch?v=UoksEcm

c7M&eature=related24 www.youtube.com/ 

watch?v=TYJXj7caCGo25 www.culturabrasil.org/brechtantologia.

htm26 www.youtube.com/ watch?v=AmYc5CbUPE

27 vimeo.com/930215428 acaciasrubras.no.sapo.pt/biblioteca/ 

poesia/antonio_aleixo/ 

Representações

da vidae do trabalhoDesde os primórdios queo ser humano deixouregistos artísticos dassuas condições de vidae de trabalho. Através

da Internet encontramosessas representaçõesem dierentes épocas ecorrentes artísticas.

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SETEMBRO 2011   jornal do  STAL

Um livro, um autor ✓António Marques

Manuel da Fonseca, grande vulto da cul-tura portuguesa, militante comunista, dequem este ano se assinala o centenário

do seu nascimento, oi um dos maiores escritoresdo neo-realismo português. Fez parte do grupo do«Novo Cancioneiro» e, sobretudo através da suaarte, teve uma intervenção social e política muitoimportante, retratando o povo, a sua

vida, as suas misérias e as suas rique-zas, exaltando-o e gloriicando-o.

Da sua obra como poeta des-tacam-se os volumes de poesiaRosa dos Ventos (1940), que ou-sou urar o círculo dominante dogrupo da «Presença» e airmar oneo-realismo como corrente daliteratura portuguesa, e Planície (1941). Também os seus dois ro-mances Cerromaior  (1943) e Se-  ara do Vento (1958) constituemobras centrais do neo-realismoportuguês. Escreveu ainda vá-rios contos, entre eles,  AldeiaNova (1942), O Fogo e as Cinzas 

(1951), Um Anjo no Trapézio (1968) e Tempode Solidão (1973).

Um romance pioneiro

Em Cerromaior relectem-se de orma clarae sobretudo original os pressupostos éticos eestéticos do neo-realismo em Portugal, na dé-cada de 40 e seguintes. Por diversas circuns-tâncias próprias dos enómenos culturais, oromance não obteve na época o mesmo ecoalcançado por outras obras neo-realistas. Taldeveu-se possivelmente à aparente simplici-dade do tema tratado, do seu enquadramentoou ainda à singeleza da estrutura narrativa.Todavia, através de uma leitura prounda eatenta, a obra, especialmente insinuante, le-

va-nos à descoberta em cada passagem detodos os atributos desta nova orma literária.

Em pleno vendaval europeu do estertor daGuerra iname, no campo da literatura, e doromance em particular, existiam duas gran-des correntes nitidamente dierenciadas: umacorrente espiritualista e outra materialista quese lhe opõe, não obstante convergirem am-bas na rejeição do mundo burguês.

 A primeira, inluenciada pelo cristianismo ea psicanálise, privilegia o homem enquantoindivíduo, considerando-o habitado por ummistério transcendente, no qual o bem e omal se misturam. Está representada por es-critores como Julien Green, Graham Greene,

Evelyn Waugh, Georges Bernanos, José Ré-gio ou Lúcio Cardoso. Para estes, o homemdeve descer aos abismos que traz dentro desi e procurar conhecer em proundidade seupróprio mistério.

 A segunda, apoiada na escola marxista e namilitância política revolucionária, apresenta-nos uma visão que sublinha o carácter co-lectivo do ser humano e a necessidade deuma abordagem materialista e cientíica dosproblemas da sociedade, onde o undamentalé conhecer cientiicamente os mecanismossocioeconómicos que determinam o conjuntoda vida humana, visando submeter a ordemvigente a uma transormação radical. Estacorrente produziu grandes nomes onde se in-cluem Máximo Górki, John Steinbeck, Carlo

Levi, Graciliano Ramos, Amando Fontes, Ma-nuel da Fonseca, Alves Redol ou José Cardo-so Pires, entre muitos outros.

Consciência e acção política

É neste contexto que surge Cerromaior deManuel da Fonseca. O romance abre com acena em que Adriano, o protagonista, é colo-cado na cadeia. Toda a narrativa é construídanum movimento de sucessivos retratos, numasequência desconexa de acontecimentos de-sembocarão na prisão do personagem cen-tral. Trata-se, pois, de uma estrutura circular,em que a cena inal não só explica a cena

inicial, mas ainda dá coerência à multidade de episódios narrados. Nesse sepode-se dizer que a narrativa é uma espde investigação das razões que levam Ano à prisão.

  Adriano é um jovem de 19 anos, ilhuma das amílias mais ricas de Cerromvila que é a transposição literária de Sando Cacém, no Baixo Alentejo, terra nataescritor. Mas embora proveniente de um

abastado, ao perder os pais, Adriano opoliado da herança pelos primos e viu-ssim desenquadrado da rígida estrutura sda vila. A posição ambígua, de não azerte nem do mundo dos trabalhadores nemundo dos proprietários, traduz-se numestar constante, na alta de sentido da no tédio – uma situação opressiva que émaniestação do antagonismo de classe

No convívio com trabalhadores, Adtoma progressivamente consciência, aque de maneira conusa, do carácter socpolítico da sociedade. Esta tomada de cciência opera nele uma transormação eassumir uma posição pública de compr

timento político, que se conc

za quando agride um guarda permitir a uga de um trabalhdetido que está a ser espancÉ na sequência desse gestoele próprio é preso.

 Assim, na simplicidade do endo romance e na aparente «alção» do seu personagem ceque não é um trabalhador oprinem tão pouco um intelectuum proissional liberal comprtido politicamente, como aconnoutras obras neo-realistas, ecolocadas as grandes questõeundo do neo-realismo portug

O romance é bastante clar

denúncia da repressão, no incitamento peração da consciência ética de base tã em prol de uma visão política materiacom vista à transormação revolucionársociedade burguesa.

 Ao abrir um espaço à problemática pedo personagem, sempre relacionado cestrutura social e económica, Cerromaiotecipa algumas linhas de orça que viermaniestar-se em obras posteriores de ares como Vergílio Ferreira, Carlos de OlivFernando Namora ou José Cardoso Pire

Uma grande obra Manuel da Fonseca colaborou em v

publicações, de que se destacam as rev

 Afinidades ,  Altitude ,  Árvore, Vértice, O  samento , Sol Nascente, Seara Nova, dive jornais, entre eles o Diário Popular , RepúbDiário de Lisboa, a Capital e O Diário. Cotatário de sempre, a sua obra era seguidperto pela censura.

Escreveu, os volumes de poesia Pla(1941), Poemas Completos (1958), PoDispersos (1958), os contos O Fogo e as zas (1951), Um Anjo no Trapézio (1968), Tede Solidão (1973), Crónicas Algarvias (1e os romances Cerromaior (1943) e SeaVento (1958). Preparou ainda a   AntologFialho de Almeida (1984). Manuel da Fonaleceu em 1993.

Manuel da Fonseca, poeta,romancista, contista, cronista e jornalista, nasceu em Santiago doCacém a 15 de Outubro de 1911,

mas cedo se ixou em Lisboa ondedesenvolveu a sua actividade culturale a sua militância política. Toda a suaobra é atravessada pela emoção doseu querido Alentejo e o seu povoextraordinário.

Cerromaiorde Manuel da Fonseca

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SETEMBRO16   jornal do  STAL

   C  a  r   t  o  o  n   d  e  :   M   i   g  u  e   l   S  e   i  x  a  s

Resumo da luta 

 Àsemelhança da campanha realizada em2008 e 2009 (www.aguadetodos.com), noâmbito da qual oi lançada uma Declara-

ção da Água, subscrita por mais de 60 entidades, e oabaixo-assinado «Pelo Direito à Água e Por uma Ges-tão Pública de Qualidade» que recolheu 40 mil subs-critores, também agora as organizações promotorasapelam a todos os cidadãos, organizações, movimen-tos, entidades e instituições para que se mobilizem em

deesa do direito à água, contra a sua mercantilizaçãoe privatização, porque a água é de todos e deve ser pa-ra todos.

Entre outras iniciativas, estão já previstas a edição deum maniesto, a recolha de assinaturas para uma iniciati-va popular junto da Assembleia da República e a realiza-ção de um encontro nacional em Outubro.

STAL, Associação Água Pública, CGTP-IN, FederaçãoNacional dos Proessores, Federação dos Sindicatos daFunção Pública, União dos Sindicatos de Lisboa, FederaçãoPortuguesa das Colectividades de Cultura e Recreio, Con-selho Português para a Paz e Cooperação e Movimento deUtentes de Serviços Públicos juntam assim esorços nestecombate prioritário.

Na sua declaração inicial airmam «que a água não é umbem mercantilizável» e exigem «a manutenção dos servi-

ços de água sob propriedade e gestão públicas e sem inslucrativos».

«Água é de todos»O STAL e outras nove organizaçõesrelançaram a campanha «Água é detodos», bem como irão levar a caboum conjunto de iniciativas contra aprivatização da água no nosso País.

Relançamento da campanha

25 de Abril – Realizam-se em todo o Paísas comemorações do 25 de Abril, componto alto no tradicional desle na Avenidada Liberdade, em Lisboa.1 de Maio – Milhares de trabalhadoressaem à rua e comemoram, em luta, o DiaInternacional do Trabalhador.4 de Maio – Os trabalhadores das Águasda Figueira iniciam uma greve de três diasàs duas primeiras horas de cada jornadade trabalho, reivindicando a valorizaçãoprossional.12 de Maio – A Cimeira dos Sindicatosda Frente Comum aprova um Maniestoexigindo a mudança de rumo nas políticasgovernativas.

18 de Maio – Realiza-se a AssembleiaGeral do STAL para alteração aos Esta-tutos.19 de Maio – Milhares de trabalhadoresparticipam nas maniestações descentrali-zadas promovidas pela CGTP-IN em Lis-boa e no Porto.20 de Maio – A Direcção Nacional do STALlança um Maniesto sobre as eleições le-gislativas e anuncia acções de luta contrao pacote da troika;23 de Maio – O STAL participa no debate«Investir na Educação/Deender a EscolaPública», promovido pela Plataorma daEducação.16 de Junho – A CGTP-IN promove emLisboa o debate «Trabalho digno/Empregoverde».

5 de Julho – O STAL lança a Petição Pú-blica «Não à redução de autarquias e detrabalhadores» para ser entregue na As-sembleia da República.8 de Julho – A Direcção Nacional do STALaprova uma declaração contra a anunciadaprivatização da água.11 a 16 de Julho – Milhares de trabalhado-res participaram na semana de acção, pro-testo e de proposta promovida pela CGTP.19 a 26 de Julho – Trabalhadores da Águasdo Porto iniciaram uma greve das 8 às 12horas de cada dia, em deesa da caixa dereorma.26 de Julho – O STAL e diversas organi-zações relançam a campanha «Água é detodos».28 de Julho – A CGTP-IN promove uma

concentração de activistas sindicais emLisboa, no Largo do Camões, em protestocontra as medidas de austeridade e ata-ques aos direitos laborais.12 de Agosto – Representantes sindicaisentregam na AR centenas de parecerescontra a Lei dos Despedimentos.24 de Agosto – O STAL assinala o seu36.º aniversário, maniestando conançana unidade dos trabalhadores para a lutacontra a oensiva do governo.8 de Setembro – Uma concentração con-tra a visita do secretário-geral da NATOtem lugar junto à residência ocial do pri-meiro-ministro.9 de Setembro – A Cimeira de Sindicatosda Frente Comum aprova a PRC/2012.