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Distribuição gratuita no Congresso JORNAL Cascais 26 e 27 de outubro de 2013 26 DE OUTUBRO www.newsfarma.pt Edições Dr. João Sequeira Duarte

Jornal do XXI Congresso Português de Aterosclerose

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O evento, organizado pela Sociedade Portuguesa de Aterosclerose, realizou-se nos dias 26 e 27 de outubro de 2013, em Cascais, no Hotel Cascais Miragem.

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Distribuição gratuita no Congresso

J O R N A L

Cascais26 e 27 de outubro de 2013

26 De outubro

www.newsfarma.pt

edições

Dr. João Sequeira Duarte

Cascais, 26 e 27 de outubro de 2013 3

Caros Colegas,É um grande prazer dar a boas

vindas a todos, preletores e partici-pantes, ao XXI Congresso da Socieda-de Portuguesa de Aterosclerose (SPA) em nome da Comissão organizadora e da Comissão Científica, onde cum-pre enaltecer o enorme contributo do Presidente em exercício da SPA. esta sociedade científica tem por objetivo essencial "promover o estudo, in-vestigação, prevenção e tratamento da aterosclerose nos seus diferentes aspetos e manifestações clínicas". o seu congresso anual é o ponto mais alto das suas atividades. É o tempo e o espaço para se apresentarem, de-baterem e discutirem os resultados dos trabalhos científicos publicados nos últimos tempos, confrontando com as diversas recomendações e normas e com a prática das nossas equipas terapêuticas.

o tema do XXI Congresso é bastante descritivo: "Aprofundar saberes e alargar as boas práticas; da proteção dos saudáveis à rea-bilitação das vítimas das doenças ateroscleróticas". esperamos que no final os participantes presentes pos-sam ter passado em revista as mais recentes evidências científicas que suportam a sua prática confrontando--as com as diversas recomendações e normas que interessam a este vasto espaço da prevenção, tratamento e reabilitação das doenças cardiovas-culares. Haverá ainda espaço para que as nossas equipas de investiga-ção nas áreas da epidemiológica, da clínica e do laboratório, possam apre-sentar, debater os resultados dos seus trabalhos científicos mais re-centes e interagir. A Comissão orga-nizadora estava apreensiva quanto à possibilidade de acomodar as comu-nicações livres nas salas e no período de tempo programado para o efeito.

embora o número de trabalhos submetidos fosse inferior ao espe-rado, os trabalhos a apresentar pela sua diversidade e qualidade irão per-mitir alcançar um nível elevado de discussão científica sobre alguma da investigação clínica e laboratorial que ainda vai sendo possível realizar em Portugal nestes tempos de recessão, económica e não só.

os temas do Congresso se-rão necessariamente diversificados e salientava pela sua atualidade "A Prevenção e tratamento da trom-bogenicidade da Placa Ateroscle-rótica", a "Aterosclerose vista em Imagem", atualizando os avanços na visualização da placa ateroscleróti-ca e discutindo as atuais capacida-des de intervenção nomeadamente no território cerebrovascular. tam-bém haverá simpósia sobre o "risco Cardiovascular na Diabetes e na Dis-lipidemia e a Necessidade de Adaptar os objetivos ao Perfil do Doente" e finalmente sobre "Intervenção Comu-nitária e Doença Cardiovascular - A Visão dos especialistas e dos Doen-tes". teremos também conferências de grande interesse como "A Hiper-tensão Arterial como Alteração Meta-bólica, a encruzilhada da obesidade, Diabetes, Doença Cardiovascular e a Avaliação das opções para o risco Cardiovascular Persistente".

todos os preletores têm provas dadas e dão-nos a garantia de que as suas apresentações serão atuais, rigorosas e relevantes para a assis-tência. Queria realçar que quando foram contactados responderam--nos afirmativamente quase de ime-diato, com grande generosidade, considerando o tempo e o esforço que dedicam à preparação e realiza-ção. É verdade que temos apenas um preletor estrangeiro, mas trata-se do presidente da Sociedade europeia

de Aterosclerose, Alberico Catapano, que nos honra com a sua presença pelo segundo ano consecutivo. Vem participar no Curso de Lipidologia falando sobre "Desafios Futuros no tratamento da Dislipidemia" e a sua Conferência "Familial Hypercholes-terolemia, na underdiagnosed and undertreated Disease" será segura-mente um dos pontos altos deste XXI Congresso.

o Congresso da SPA é também um espaço da "educação médica con-tinuada" através da abordagem de um conjunto de temas que, pela sua atualidade, pertinência e idoneidade científica dos palestrantes, modera-dores e membros do painel de discus-são, certamente constituirá uma peça importante de aprendizagem e troca de conhecimentos. os Internos do Internato Complementar e especia-listas de Medicina Interna, Clínica Ge-ral e Medicina Familiar, Cardiologia, Neurologia, endocrinologia são o principal público-alvo, mesmo não sendo sócios da SPA. Finalmente o programa científico é complementa-do com um curso de Lipidologia, pré congresso, que decorrerá nos mes-mos moldes do realizado em 2012 e que esperamos que alcance uma adesão e um apreço idêntico dos participantes. Noutro espaço deste jornal o Coordenador deste Curso, o Dr. Pedro Marques da Silva, descreve os conceitos que nortearam a prepa-ração deste curso, que passam pelo "conhecimento do metabolismo das lipoproteínas, a expressão fenotípica de uma dislipidemia e a compreensão dos seus processos e elementos fisio-patológicos constituem a base da es-tratégia terapêutica que se quer fun-damentada e racional no doente em risco". os participantes receberão um Livro de Curso com uma seleção dos dispositivos mais representativos de

cada preletor com 2 ou 3 artigos se-lecionados como bibliografia sumária do tema. É-lhe também proposta uma prova de avaliação de conhecimentos no final, com 4 perguntas de escolha de resposta múltipla por tema, im-portante para obtermos a creditação formativa que foi solicitada à ordem dos Médicos.

Não está previsto nenhum "programa social" para além da na-tural alegria do reencontro dos só-cios da SPA e de muitos profissionais que integram equipas terapêuticas prestigiadas a nível nacional, nas áreas das doenças cardiovasculares. Vai ser animado, apesar dos tempos que atravessamos. Pensamos que o local reúne as melhores condições e Cascais é uma vila encantadora e já recebeu o Congresso da SPA. tal como no ano passado irá estar pre-sente uma "jovem" associação de doentes hipercolesterolemia, que terá voz numa das sessões e terá o seu espaço no congresso para mos-trar aos profissionais de saúde a sua perspetiva da doença e dos cuidados que estão ou que gostariam de estar a receber.

É nosso desejo que todos apre-ciem, do ponto de vista científico e pessoal, este XXI Congresso da SPA e que ele possa ser uma referência no crescimento profissional de muitos dos associados da SPA e dos restan-tes participantes.

Fica aqui uma palavra final de agradecimento às companhias far-macêuticas que nos apoiaram nes-ta realização e a tornaram possível este XXI Congresso, particularmente à MSD que se constituiu o principal suporte desta realização, que sempre decorreu no respeito pelo que está estabelecido na regulamentação da promoção dos medicamentos pelo INFArMeD e pela APIFArMA.

"Aprofundar saberes e alargar as boas práticas"

Dr. João Sequeira DuartePresidente do Congresso

Da proteção dos saudáveis à reabilitação das vítimas das doenças ateroscleróticas

Identificar e fomentar intervenções po-pulacionais sustentáveis com a indis-pensável avaliação de resultados que

ajudem a reduzir quatro dos principais fatores de risco para doenças cardiovas-culares. este é o objetivo do Prémio da Sociedade Portuguesa de Aterosclerose 2014, que conta com o apoio da Astra-Zeneca e cujas inscrições decorrem até ao próximo dia 31 de janeiro.

Com o valor pecuniário de 4 mil euros, pretende distinguir o melhor trabalho de autores portugueses na área da intervenção comunitária na doença cardiovascular, realizado em Portugal, inédito, original e que contemple as seguintes matérias: desenho, descrição e avaliação do impacto de intervenções popula-cionais no grau risco para doenças

cardiovasculares da população en-volvida.

É sabido que o sedentarismo, os maus hábitos alimentares, o tabagismo e as dislipidemias, são os quatro princi-pais fatores de risco cardiovascular, pelo que o projeto vencedor terá certamente o seu lugar entre as diversas medidas adotadas para sensibilizar a população e, dessa forma, minorar o problema.

Prémio da Sociedade Portuguesa de Aterosclerose 2014

Candidaturas na reta final

C

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CY

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K

AD_CRESTOR 235x332 txtaprovado11.09.2013.ai 1 16-09-2013 12:28:16

Cascais, 26 e 27 de outubro de 20134

A 13 de março de 1991 foi cria-da a Associação "Sociedade Portuguesa de Aterosclerose

– SPA” que tem por objetivo, "promo-ver o estudo, investigação, preven-ção e tratamento da aterosclerose nos seus diferentes aspetos clínicos e manifestações clínicas, entenden-do-se a aterosclerose como uma entidade nosológica poli fatorial e multidisciplinar”.

Desde 2005, a Sociedade é uma IPSS (Instituição Particular de Soli-dariedade Social), reconhecida como pessoa coletiva de utilidade pública.

A Sociedade Portuguesa de Aterosclerose promove anualmente o seu congresso e este ano o XXI Con-gresso Português de Aterosclerose, realiza-se hoje e amanhã, no Hotel Cascais Miragem em Cascais. ontem a anteceder o Congresso e no mes-mo local, decorreu o 2º Curso de Li-pidologia organizado pela SPA e com o patrocínio científico da ordem dos Médicos.

o conhecimento global do pro-cesso aterosclerótico é extremamen-te vasto abrangendo muitas discipli-

nas científicas, das ciências básicas às clínicas.

A necessidade de concentrar conhecimentos e uma prática clínica abrangente, que interessa diferentes especialidades, conferem à Socie-dade Portuguesa de Aterosclerose uma posição privilegiada na temá-tica da aterosclerose. o tratamen-to do doente com aterosclerose é multidisciplinar.

A Sociedade Portuguesa de Aterosclerose quer ultrapassar as "fronteiras" científicas dispersas por várias Sociedades Científicas e o nosso congresso anual é um momen-to para satisfazer este desiderato. Queremos ser reconhecidos como realizando reuniões científicas de qualidade e pela intervenção juntos dos médicos de todas as especiali-dades. Desafiamos a visitar a nossa página www.spaterosclerose.org para uma interação sociedade /asso-ciados.

A SPA irá implementar uma es-tratégia de parceria científica com a Sociedade europeia de Aterosclerose cujo Presidente estará mais uma vez

a colaborar no nosso programa cien-tífico.

uma palavra especial para a participação da Associação Portugue-sa de Hipercolesterolemia Familiar e Dislipidemias Familiares. A voz em direto dos doentes/cidadãos.

Aos médicos de Clínica Geral/ /Medicina Familiar cabe uma ta-refa de primordial importância na Medicina Preventiva (na prevenção

primária dos fatores de risco). Aos médicos com especialidade Hos-pitalar (Internistas, Cardiologistas, Neurologistas, Cirurgiões Vasculares, etc.), cumpre tratar as complicações ateroscleróticas uma vez estabeleci-das, sem esquecer que a melhor tera-pêutica é a prevenção. Precisamos de desenvolver estratégias mais eficazes para o controlo e tratamento dos dife-rentes fatores de risco, favorecedores do desenvolvimento da aterosclerose.

tenho a certeza que o programa científico desenvolvido pela Comis-são organizadora vai ao encontro dos pressupostos enumerados e que será do agrado geral dos congressistas.

o Congresso da Sociedade Por-tuguesa de Aterosclerose também é um espaço de convívio e isso foi tido em conta na escolha do local para a sua realização.

um especial agradecimento ao apoio da Indústria Farmacêutica à So-ciedade Portuguesa de Aterosclerose, que tem sido fundamental para a con-cretização dos nossos projetos.

Sejam bem -vindos ao XXI Con-gresso Português de Aterosclerose !

têm ocorrido progressos notáveis na Medicina, com o desenvolvi-mento de novos fármacos, mé-

todos de diagnóstico e tecnologias de tratamento, o que aliado à melhoria do acesso aos Cuidados de Saúde tem conduzido ao aumento da longevidade e qualidade de vida das populações. esta evolução conduziu também ao aumento progressivo das despesas, colocando em risco a sustentabilida-de dos sistemas de Saúde. As avalia-ções fármaco económicas pretendem comparar o impacto económico e os ganhos em saúde, de forma a possi-bilitar uma gestão racional e eficiente dos recursos (finitos) disponíveis.

entre os vários métodos de ava-liação, o mais utilizado é a análise de custo-efetividade. Compara duas ou mais intervenções terapêuticas no que respeita aos seus custos totais e ganhos na longevidade e qualidade de vida (expressos em QALY – anos de vida

ajustados à qualidade de vida). o custo--efetividade de uma intervenção relati-vamente ao comparador é expresso pelo incremental cost-effectiveness ratio (ICer): custo adicional neces-sário para conquistar 1 QALY. Consi-deram-se usualmente custo-efetivas as intervenções com ICer inferior a 40.000€ (50.000 uS$) por QALY.

A relevância da análise de custo--efetividade é exemplificada na avalia-ção dos novos anticoagulantes orais (NoAC) para a prevenção de eventos embólicos em doentes com fibrilhação auricular. Segundo os resultados do estudo FAMA, 2,5% da população por-tuguesa com idade ≥40 anos terá fibri-lhação auricular. Preocupantemente, apenas 38% desses doentes estão me-dicados com antagonistas da vitami-na K (varfarina). os restantes estarão expostos a um risco muito aumentado de acidente vascular cerebral. A subu-tilização da varfarina é explicada pelo

receio de complicações hemorrágicas, dificuldade na monitorização terapêu-tica e necessidade de ajustes posológi-cos frequentes.

Diferentes ensaios clínicos multicêntricos de larga escala têm sugerido que os NoAC serão no mí-nimo tão eficazes quanto a varfarina na prevenção de eventos embólicos, apresentando no entanto menor risco de complicações hemorrágicas. Adi-cionalmente, possuem perfis farma-codinâmicos e farmacocinéticos mais favoráveis, possibilitando regimes terapêuticos cómodos, sem necessi-dade de monitorização ou ajuste po-sológico. No entanto, o custo destes medicamentos é elevado, o que aliado à ausência de antídotos tem limitado a sua aceitação pelas entidades ges-toras dos sistemas de Saúde.

A maioria das análises de custo--efetividade entretanto efetuadas suge-rem que a poupança gerada pela me-

nor ocorrência de eventos embólicos e hemorrágicos compensará em grande parte o custo acrescido destes fármacos. Assim, o ICer dos vários NoAC parece situar-se abaixo dos 40.000€ por QALY, indicando serem custo-efetivos.

As diferentes análises económi-cas centram-se em populações em que a varfarina é considerada uma opção adequada. essa corresponderá infelizmente a uma população minori-tária, já que devido a receios justifica-dos ou infundados a varfarina não é ad-ministrada à maioria dos doentes com indicação formal para anticoagulação. Apresentando maior comodidade de administração e melhor perfil de se-gurança, os NoAC poderão eventual-mente alargar a proporção de doentes em que a anticoagulação seja efecti-vamente instituída. Se tal suceder, o impacto económico será ainda mais vantajoso, pela adicional redução da taxa de acidentes vasculares cerebrais.

Mensagem de Boas-Vindas

Novos paradigmas na anticoagulação oral: a fármaco economia aplicada à prática clínica

Dr. alberto Mello e SilvaPresidente da Sociedade Portuguesa de Aterosclerose

Dr. NuNo Cortez-DiaS Cardiologista, unidade de Arritmologia Invasiva, HSM, CHLN

A Sociedade Portuguesa

de Aterosclerose quer ul-

trapassar as "fronteiras"

científicas dispersas por

várias Sociedades Cientí-

ficas e o nosso congresso

anual é um momento para

satisfazer este desiderato.

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A aterosclerose é caracterizada por um espessamento pro-gressivo da parede arterial, um

processo que acontece de forma len-ta e silenciosa ao longo de décadas. Aparentemente, este perfil temporal sugere a existência de uma “janela de oportunidade” para o diagnóstico atempado previamente à ocorrência de sintomas, contudo, até há bem pouco tempo, a doença parecia só ser detetável numa fase relativamente avançada. o grau de estenose do vaso afetado é muitas vezes tido como indicador da gravidade da doença, mas outros elementos, inerentes à placa em si mesma, parecem poder ser determinantes do risco vascular pelo que a capacidade de os identifi-car faz da imagiologia uma discipli-na indispensável à caracterização do processo patológico. entre outros, a presença de ulceração, de um centro necrótico, de hemorragia, ou de neo-vascularização parecem agora poder ser identificados com novas técnicas de imagem constituindo elementos

a ter em conta, mesmo admitindo que faltem dados que os permitam correlacionar de forma inequívoca com o risco de eventos vasculares. Passados que foram os anos em que a angiografia clássica constituía a ferramenta de escolha, atualmente, a utilização dos ultrassons, da tomo-grafia computorizada ou da ressonân-cia magnética, cada uma com as suas vantagens e inconvenientes, pode permitir a caracterização da doença aterosclerótica, ficando a angiografia de subtração digital reservada para situações específicas, a maior parte das quais associadas não só a proce-dimentos diagnósticos, mas também a intervenções terapêuticas.

embora possa ser perspetiva-da como uma doença sistémica com manifestações em diferentes leitos vasculares, o perfil de eventos clíni-cos associados parece dificilmente comparável. A doença vascular cere-bral ocupa, neste cenário, um lugar senão de mais difícil compreensão, pelo menos de maior dificuldade na

estratificação do risco e, inerentemen-te de incerteza acrescida na decisão terapêutica - sobretudo se pesarmos os avanços na abordagem medica-mentosa do processo aterosclerótico. Nas últimas décadas, a utilização de tecnologias intravasculares, em di-ferentes modalidades, permitiu uma melhor caracterização da doença co-ronária, no entanto na doença carotí-dea existiu sempre alguma relutância na utilização de processos diagnós-ticos invasivos face ao risco vascular cerebral associado. Assim sendo, num futuro próximo, será necessário não só ter uma clara noção dos riscos associados aos diferentes procedi-mentos diagnósticos e terapêuticos no leito vascular cerebral, mas também aperfeiçoar as técnicas não invasivas demonstrando o benefício in-vivo da imagiologia de alta resolução com estas mesmas técnicas. uma melhor compreensão do processo biológico subjacente e a correta estratificação dos indivíduos em risco são prioritá-rias na doença aterosclerótica.

estas e outras questões serão abordadas por especialistas reco-nhecidos na imagiologia da doença aterosclerótica nesta sessão que se espera venha a ser muito participada.

A Aterosclerose em Imagem

Miguel viaNa baptiSta, MD, phDProfessor Auxiliar Convidado de NeurologiaFaculdade de Ciências Médicas - universidade Nova de Lisboa Serviço de Neurologia, Hospital egas Moniz

“o exercício físico ajuda a pre-venir a aterosclerose.” A afirmação é do Prof. Dou-

tor themudo barata, professor da Faculdade de Medicina da universi-dade da beira Interior, a propósito do debate “Intervenção comunitária e prevenção cardiovascular: o estilo de vida e a atividade física”, do qual participará.

Segundo o especialista, “a ati-vidade física faz parte da natureza animal e quando fugimos de um pa-drão de vida compatível com a nos-sa natureza surgem os problemas, sendo a aterosclerose um dos mais sensíveis aos estilos de vida em ge-ral e à falta de atividade física em particular”.

o Prof. Doutor themudo bara-ta explica que a atividade física está inerente ao estilo de vida (jardina-gem, passear com a família, subir escadas, por exemplo), incluindo o

movimento em geral. No entanto, esta atividade “não basta”, sendo “necessário fazer atividades mais intensas”. Assim, recomenda, “deve

existir, adicionalmente, pelo menos ½ hora de exercício físico moderado no mínimo cinco vezes por semana, que acumule 2,5 horas semanais, embora esteja provado que há ga-nhos até uma prática de 5 horas por semana”.

Há evidências de que a prática de atividade física reduz os fatores de risco associados ao desenvolvimento da aterosclerose. Mesmo nos casos em que a doença já está estabelecida, o também diretor do Serviço de Nu-trição e Atividade Física do Centro Hospitalar Cova da beira (CHCb) menciona que a prática de atividade física regular melhora a capacidade do indivíduo enquanto pessoa em di-versos aspetos.

De acordo com o Prof. Dou-tor themudo barata, numa ótica de promoção da saúde, o exercício físi-co deve ser misto: exercício aeróbio, ou seja de intensidade moderada,

e geral, isto é, que envolva o corpo inteiro ou pelo menos a maioria dos músculos. Isto consegue-se em to-das as atividades em que o corpo se desloca em relação ao meio. É ainda desejável que seja adicionado traba-lho de força, uma ou duas vezes por semana. “A força deteriora-se muito depressa nas pessoas se não for tra-balhada”, adianta, sublinhando que o treino de força deve ser feito de forma moderada nos doentes cardio-vasculares.

Segundo o especialista, há for-mas e intensidades de exercício que são contraindicadas, no entanto, há sempre um esquema de exercício adaptado a cada doente, bastando apenas saber qual é e em que inten-sidade deve ser feito. o importante é “perceber que mexer-nos é tão pró-prio da nossa natureza animal como comer, beber, dormir ou urinar”, con-clui.

Exercício físico previne Aterosclerose

Prof. Doutor Themudo Barata

agradece o apoio de todos os que contribuíram para a realização deste Jornal, nomeadamente:

Comissão organizadora

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Coordenação: Ana branquinho [email protected]

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Num futuro próximo, será

necessário não só ter uma

clara noção dos riscos

associados aos diferentes

procedimentos diagnós-

ticos e terapêuticos no

leito vascular cerebral,

mas também aperfeiçoar

as técnicas não invasivas

demonstrando o benefício

in-vivo da imagiologia de

alta resolução com estas

mesmas técnicas.

Cascais, 26 e 27 de outubro de 20136

os principais fatores de risco cardiovascular – hipertensão arterial (HtA), dislipidemia e

diabetes tipo 2 – encontram-se muitas vezes associados no mesmo indivíduo. uma síndrome metabólica incluin-do estes fatores de risco, foi descrito por vários autores. A evidência de que estas alterações estão relacionadas com uma tendência trombótica e co-agulabilidade aumentada associadas a hiperatividade do sistema nervoso simpático (SNS) fez com que se con-sidere, atualmente, como uma síndro-me complexa, a que se convencionou chamar síndrome metabólica. As ca-racterísticas clínicas principais desta síndrome incluem a resistência peri-férica à ação da insulina, com hiperin-sulinemia, intolerância oral à glicose até à diabetes tipo 2, dislipidemia, HtA e acumulação de gordura no compar-timento abdominal.

A hiperinsulinemia é uma ca-racterística típica dos indivíduos com a síndrome metabólica. Inúmeras situações têm sido associadas a au-mento dos níveis de insulina e resis-tência à insulina: não só a DM2 mas também a obesidade, HtA, dislipide-mia e doença cardiovascular ateros-clerótica. DeFronzo e Ferrannini de-

A avaliação das dislipidemias é uma imposição na abordagem do risco cardiovascular. o co-

nhecimento do metabolismo das li-poproteínas, a expressão fenotípica de uma dislipidemia e a compreensão dos seus processos e elementos fi-siopatológicos constituem a base da estratégia que se quer fundamentada e racional no doente em risco.

A abordagem de um indivíduo com dislipidemia passa por um diag-nóstico laboratorial criterioso. Com uma clínica e uma semiologia escas-sa, mas interessante, o diagnóstico assenta na compreensão do meta-bolismo lipoproteico, na confirmação laboratorial da dislipidemia e na de-terminação de uma possível causa genética (dislipidemias primárias), na exclusão de uma causa secundá-ria (que pode coexistir, influenciar ou modular a dislipidemia principal) e na decisão de tratar, adequando aborda-gens à melhor evidência científica.

A avaliação de uma dislipi-demia está indicada – quando co-existem outros fatores de risco cardiovascular –, de uma forma ge-ral, nos homens com idade ≥ 40 anos e nas mulheres com idade ≥ 50 anos (ou na pós-menopausa). A avaliação lipídica deve ser sempre integrada no risco global cardiovascular e é obrigatória sempre que haja evi-dência de doença aterotrombótica clínica; nos doentes com diabetes, em particular tipo 2, independen-temente da idade; nos hipertensos; nos indivíduos com hábitos tabágicos ativos; nos obesos (IMC ≥ 30 kg/m2) (ou nos indivíduos com um períme-tro da cintura > 94 cm nos homens e > 80 cm na mulher); nas pessoas com antecedentes familiares de do-ença cardiovascular prematura ou de dislipidemia familiar; nos portadores de doenças inflamatórias crónicas de natureza autoimune (em particular a artrite reumatoide, o lúpus eritema-toso sistémico e a psoríase); e nos doentes com doença renal crónica (tFG < 60 ml/min/1.73 m2).

o diagnóstico de uma dislipide-mia (e a sua categorização fenotípica) passa obrigatoriamente por rastre-ar e, se possível, corrigir as dislipi-demias secundárias. São muitas as condições que se acompanham de alterações do metabolismo lipídico. Na prática clínica, diagnosticar uma dislipidemia secundária é importan-te, em primeiro lugar, porque a sua constatação pode chamar a atenção para uma situação que, em alguns casos, poderia passar desapercebida (e.g. dislipidemia do hipotireoidismo subclínico). em segundo lugar, a pre-sença de uma dislipidemia secundá-ria agrava o prognóstico da doença de base (na diabetes ou em algumas formas de doença renal). Finalmente, a melhor compreensão do metabo-lismo lipoproteico indicia alterações não desprezíveis na fisiopatologia da doença de base.

Prescrever um fármaco anti-dislipidémico pressupõe – primária e concomitantemente – implementar a modificação efetiva dos estilos de vida: uma dieta variada, nutricional-mente correta, redutora de lípidos e favorecedora da redução do risco cardiovascular; o exercício físico re-gular; a melhoria do índice ponderal e o controlo da obesidade (e da sobre-carga ponderal); a moderação do con-sumo de sal e dos hábitos etanólicos

excessivos; e a cessação dos hábitos tabágicos (contrariando a prática do fumador passivo, comprovadamente favorecedora de risco cardiovascular aumentado).

Prescrever um antidislipidémi-co significa também integrar “o recei-tuário” no risco global cardiovascular: em função deste e reconhecendo que em prevenção secundária, a terapêu-tica antidislipidémica com estatinas é fundamental, assim como, nas pes-soas com risco absoluto alto ou muito alto e na maioria das pessoas com diabetes. A escolha de um fármaco antidislipidémico deve ter em conta a expressão fenotípica da dislipidemia, os efeitos nos objetivos vasculares e na mortalidade total, o perfil de efei-tos adversos e a melhor relação cus-to-efetividade.

reconhecendo o inquestioná-vel valor da formação médica conti-nuada, a Sociedade Portuguesa de Aterosclerose arrojou mais uma vez este ano um desafio aos jovens espe-cialistas e internos com interesse na área da Lipidologia, em geral, e nas dislipidemias, em particular, através da 2ª edição do Curso Avançado em Lipidologia. Fortemente empenhada na organização de um evento de ele-vado valor científico, o programa pro-pôs 10 horas de formação, certificada e com avaliação final.

Mais uma contribuição na for-mação ou uma outra forma de viver-mos e fazermos crescer a Sociedade Portuguesa de Aterosclerose (e, natu-ralmente também, o seu Congresso). Desta forma, como coordenador deste Curso Pré-congresso, quero agrade-cer o convite e a confiança (e a ajuda sempre partilhada), do presidente do Congresso, Dr. João Sequeira Duarte, e do presidente da SPA, Dr. Alberto Mello e Silva. A formação é uma par-te estruturante da nossa prática e da nossa profissão, está presente como um imperativo e como necessidade. Por isso, dentro e fora da Sociedade, a SPA nela continua a estar empenha-da. obrigado!

Síndrome metabólica: abordagem e tratamento

2ª Edição do Curso Avançado em Lipidologia

prof. Doutor peDro voN hafeConsultor de Medicina Interna do Hospital de S. João, Porto.Professor, FMuP

Dr. peDro MarqueS Da SilvaInternista e especialista em Medicina Interna e Farmacologia Clínica, Hospital de Santa Maria

A formação é uma parte

estruturante da nossa

prática e da nossa

profissão, está presente

como um imperativo

e como necessidade.

A hiperinsulinemia é uma

característica típica dos

indivíduos com a síndrome

metabólica. Inúmeras

situações têm sido

associadas a aumento dos

níveis de insulina e resis-

tência à insulina: não só a

DM2 mas também a obe-

sidade, HTA, dislipidemia

e doença cardiovascular

aterosclerótica.

Cascais, 26 e 27 de outubro de 2013 7

Síndrome metabólica: abordagem e tratamento

prof. Doutor peDro voN hafeConsultor de Medicina Interna do Hospital de S. João, Porto.Professor, FMuP

A antiagregação plaquetar ocupa um lugar indiscutível no trata-mento da doença ateroscleró-

tica, em particular nas suas formas sintomáticas, com evento prévio es-pecialmente após procedimentos de revascularização. Independente do território vascular arterial envolvido, o fenómeno trombótico está sempre ligado à ativação plaquetar. A antia-gregação simples apenas com um fármaco, tem papel relevante na do-ença cerebrovascular e na doença ar-terial periférica e a dupla antiagrega-ção, combinando ácido acetilsalicilico e inibidores P2Y12 é especialmente relevante na doença coronária, após enfarte do miocárdio e após implan-tação de dispositivos intravasculares.

A introdução dos novos antipla-quetares, ticagrelor e prasugrel, con-tribuíram para aumentar esta eficácia, sendo hoje os fármacos recomenda-dos para substituir o clopidogrel no tratamento das síndromas coronárias agudas. Infelizmente, os portugueses estão impedidos de colher o benefício destes novos agentes já que as auto-ridades ainda não disponibilizaram a respetiva comparticipação. Aos novos fármacos está reservado um papel im-portante na medida em que vêm col-matar as lacunas do clopidogrel, dro-ga-padrão neste âmbito. A sua maior eficácia estende-se a todos os doentes que os utilizam, já que o fenómeno de não-resposta, presente em cerca de um quarto dos doentes medicados

com clopidogrel, não se verifica com as novas moléculas.

uma área de interesse particular e que tem despertado grande interesse da comunidade científica, é a utilização dos antiplaquetares em prevenção pri-mária. Apesar de alguns estudos mos-trarem algum benefício da aspirina neste contexto, ele não é consistente e é ultrapassado, nos doentes de mais baixo risco, pelas complicações he-morrágicas potenciais. Por outro lado, outras medidas de prevenção primária são muito mais eficazes, em especial aquelas que implicam correções de estilo de vida, abolição dos hábitos tabágicos e a promoção do exercício físico. Ainda no domínio dos fármacos, o uso generalizado das estatinas para controlo do metabolismo lipídico, veio também contribuir para e redução de eventos em prevenção primária e des-se modo também retirar espaço aos antiplaquetares.

Finalmente, uma área nova ainda dando os primeiros passos, relaciona--se com o efeito da aspirina na preven-ção da doença oncológica, em particu-lar do cancro colorretal. Muitas foram as evidências positivas nesta direção, o que levou as autoridades a aprova-rem uma nova indicação para aquele fármaco. Quando muitos discutiam que a velha aspirina poderia já não ter lugar na esfera da prevenção, a área oncoló-gica recoloca este fármaco de novo na linha da frente e seguramente ainda va-mos ouvir e ler muito a este propósito.

Que ganhos em saúde com antiagregação plaquetar?

Dr. João MoraiSCentro Hospitalar Leiria [email protected]

fenderam que a hiperinsulinemia é a responsável pelo desenvolvimento de hipertensão, dislipidemia e, indepen-dentemente da pressão arterial e dos lipídeos, pela aterosclerose. Stevo Julius postulou que a ligação entre a HtA e a resistência à insulina é de na-tureza hemodinâmica, tendo por base a atividade aumentada do SNS. Se-gundo Julius a resistência à insulina reflecte uma diminuição do fluxo san-guíneo ao músculo esquelético de-vido às alterações vasculares, o que levaria a uma utilização inadequada da glicose. A sensibilidade à insulina depende da densidade dos capilares no músculo esquelético, uma medida indireta do fluxo sanguíneo, e está di-minuída quando diminui a proporção de fibras musculares do tipo 1, carac-terizadas por uma grande densidade capilar, em relação às fibras muscu-lares do tipo 2b, com menor vascula-rização e insulinorresistentes.

Cada vez mais se reconhece que na base desta síndrome se encontra a acumulação de gordura intra-abdo-minal. A gordura visceral é metaboli-camente muito ativa, libertando os tri-glicerídeos armazenados em ácidos gordos livres (AGL) que vão inundar o fígado através da veia porta. o fígado metaboliza AGL e aumenta a síntese de partículas de VLDL, IDL e LDL. Por outro lado, os AGL que escapam para a circulação sistémica vão competir com a glicose no músculo esquelético e desta forma agravar a insulinorre-sistência. o sistema nervoso simpá-tico atua catabolicamente na gordura visceral através dos recetores para as catecolaminas existentes na gordura (do tipo beta-3). existem polimorfis-mos nos genes dos recetores beta-3 associados a diminuição da taxa de metabolismo basal, tendência para a obesidade, acumulação de gordura abdominal e aparecimento precoce de diabetes tipo 2. Sabemos hoje que o adipócito é um verdadeiro órgão en-dócrino que segrega hormonas es-pecíficas (resistina, leptina, adipsina, adiponectina) e muitas outras, como

angiotensinogénio, eCA, PAI-1, IL-6, hormonas sexuais, visfatina e a pro-teína de ligação ao retinol. o aumento da gordura visceral está associado a diminuição da adiponectina, que tem propriedades antiaterogénicas e anti-diabéticas. A maioria destas adipoci-nas contribui para um perfil metabó-lico e cardiovascular adverso.

A síndrome metabólica é, assim, uma entidade com características bioquímicas próprias e inter-relações patogénicas complexas entre os vá-rios componentes, envolvendo múlti-plos mecanismos celulares tais como a célula muscular esquelética com o metabolismo dos carbohidratos, a célula endotelial com as funções de lipólise e produção de PAI-1, o rim com a retenção de sódio induzida pela insulina, o hepatócito com a síntese de VLDL e glicose, o adipócito intra--abdominal metabolicamente ativo, a produção de insulina pelas células pancreáticas e o SNS com a produção de catecolaminas.

Na abordagem desta síndrome é fundamental tratar em paralelo os vá-rios fatores de risco, nomeadamente a perda de peso, controlo da pressão arterial e dos lipídeos e a abstinência tabágica. Como medidas prioritárias estão a dieta e o exercício físico.

Na abordagem desta

síndrome é fundamen-

tal tratar em paralelo os

vários fatores de risco,

nomeadamente a perda de

peso, controlo da pressão

arterial e dos lipídeos e a

abstinência tabágica. Como

medidas prioritárias estão

a dieta e o exercício físico.

Antithrombotic Trialists’ Collaboration. Collaborative meta analysis of randomised trials of antiplatelet therapy for prevention of death, myocardialinfarction, and stroke in high risk patients. BMJ 2002;324:71–86

Cascais, 26 e 27 de outubro de 20138

Nesta sessão vou ter oportuni-dade de falar de intervenções comunitárias. Mais concreta-

mente de intervenções nutricionais, mas de natureza comunitária. o que se pretende começar por fazer é um pouco de enquadramento. em ter-mos formais, quando se faz uma in-tervenção nutricional, espera-se que ela reverta em melhoria do estado nutricional. A melhoria do estado nu-tricional dependerá de uma alteração biológica, daí que o que se espera é, regra geral, o mesmo que se espera da intervenção com um fármaco, uma alteração biológica como indicador do impacto da intervenção.

No entanto, o que acontece com as intervenções comunitárias é que, muitas vezes, não é possível encon-trar propriamente uma alteração biológica mensurável. Isto é, nem sempre é possível ver na população--alvo uma alteração significativa dos parâmetros biológicos. Isso sucede, por exemplo, com indicadores como o colesterol, ou um campo hoje em dia muito analisado, na incidência de eventos cardiovasculares na popula-ção-alvo.

Assim, numa intervenção comu-nitária, raramente será possível ter como indicador um resultado biológico

evidente. Por isso, numa intervenção comunitária, talvez faça mais sentido olhar para indicadores de processo. Por exemplo, numa intervenção que visa promover o consumo de legumes e hortícolas, fará sentido analisar se a população alvo passou a comprar os produtos hortícolas e se passou a con-sumir mais (com mais frequência, em maior proporção) esse tipo de produ-tos. Não sendo indicadores biológicos, são indicadores de nível processual do maior ou menor sucesso da interven-ção. É importante haver intervenções comunitárias, mas a sua avaliação terá de ser necessariamente diferente da de um ensaio clínico.

À parte disso, o que se passa é que existe um profundo desconheci-mento do que é feito a este nível em Portugal, e por isso mesmo não se atende aos seus resultados e ao seu impacto. Já a nível internacional o pa-norama é ligeiramente diferente e sa-bemos mais sobre alguns programas, com alguma abrangência e outros re-cursos económicos.

um documento da oMS, intitu-lado “What works” (“o que funciona”), faz a revisão de uma série de inter-venções direcionadas ao estilo de vida, a diversos níveis de intervenção, tendo um capitulo dedicado às inter-

venções de âmbito comunitário.Daqui resultaram algumas con-

clusões, destacando-se como efeti-vas as intervenções que promovem o aumento da literacia relativa à ali-mentação saudável. essas interven-ções funcionam especialmente bem quando são direcionadas a grupos específicos, por exemplo diabéticos ou doentes com risco cardiovascular.

outro tipo de intervenções de natureza comunitária, com efetividade razoável, de base informática, recor-rendo a computadores e à internet.

No fundo, estas campanhas co-munitárias parecem demonstrar cria-ção de conhecimento (literacia nutri-cional) e, muito relevante, aumentam a perceção de competência para mudar o comportamento, factores que podem contribuir para a mudança de deter-minados comportamentos, tais como a alteração das escolhas alimentares.

Muito importante é que este tipo de intervenção não seja apenas com-posta por um tipo de conhecimento, nomeadamente teórico, mas que te-nha uma componente prática, com orientações concretas para mudar o comportamento no dia-a-dia das pes-soas. Não basta chegar a um estado de alerta, mas é depois necessário fa-cultar algumas ideias de como se po-

dem operacionalizar estas questões quotidianamente.

em Portugal sabemos pouco so-bre o que está a ser feito e qual a sua eficácia. temos exemplos clássicos de campanhas que foram feitas para pro-mover um equilíbrio nutricional e me-lhores escolhas alimentares e talvez o exemplo mais mediático seja a roda dos Alimentos, que visou precisamen-te promover a literacia do consumo alimentar. outras estratégias mere-cem relevo, como a estratégia nacio-nal para a redução do consumo de sal, mas falta avaliar o impacto deste tipo de campanhas. É ainda interessante destacar a importância de iniciativas transdisciplinares que unam as enti-dades da saúde, e empresas de pro-dutos alimentares. São interesses que têm de ser conciliados tendo em vista efeitos benéficos na saúde.

A título de exemplo e numa estratégia macro, a cidade de Nova Iorque tem vindo a organizar-se de modo a, com uma estratégia comuni-tária, reduzir a incidência de doenças cardiovasculares. uma estratégia que envolve grandes meios e que passa por várias medidas alimentares e até alterações, por exemplo, do tamanho dos refrigerantes e de menus alimen-tares de restaurantes.

Intervenção comunitária e prevenção cardiovascular no âmbito da Nutrição

Dr. JoSé CaMolaSNutricionista do Serviço de endocrinologia do Hospital de Santa Maria, Centro Hospitalar Lisboa Norte

o r3i – residual risk reduc-

tion Initiative – é uma iniciativa com uma vertente académica

multidisciplinar muito vincada, que tem como objetivo abordar o risco das complicações cardiovasculares. A Fun-dação que a suporta tem sede na Suíça, está presente em 48 países, dos quais 23 são europeus, incluindo Portugal.

o site da iniciativa - http://www.r3i.org – tem a indicação de que estão 212 membros registados. estes mé-dicos têm acesso à newsletter com informação científica relevante e atua-

lizada, às publicações científicas e a uma vasta oferta na área da educação.

Os médicos portugueses que queiram registar-se têm a oportu-nidade de o fazer durante este Con-gresso, no stand do Abbott.

A Fundação r3i é liderada por um Comité Internacional constituído por 44 membros especialistas em diversas áre-as, tais como Cardiologia, endocrinologia, epidemiologia, Nutrição, oftalmologia, Nefrologia, entre outras. o comité conta com três médicos portugueses, que re-presentam a fundação em Portugal.

R3i permite abordar de forma multidisciplinar o risco cardiovascular

* O Supralip® está indicado para o tratamento de hiperlipidémia mista em doentes com elevado risco cardiovascular, em conjugação com uma estatina, quando os niveis de triglicéridos e de colesterol HDL não são controlados adequadamente.

NOME DO MEDICAMENTO SUPRALIP 145 mg, comprimidos revestidos por película COMPOSIÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA Cada comprimido revestido por película contém 145 mg de fenofibrato (nanopartículas). FORMA FARMACÊUTICA Comprimido revestido por película. INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS O Supralip está indicado como um adjuvante da dieta ou outro tratamento / medida não farmacológico/a (por exemplo exercício físico, redução de peso) nas seguintes situações: - Tratamento da hipertrigliceridemia grave com ou sem níveis baixos de colesterol-HDL. - Hiperlipidemia mista, quando uma estatina está contra-indicada ou não é tolerada. - Hiperlipidemia mista em doentes com risco cardiovascular elevado em conjugação com uma estatina, quando os níveis de trigliceridos e de colesterol-HDL não são adequadamente controlados. POSOLOGIA E MODO DE ADMINISTRAÇÃO Em combinação com a modificação dos hábitos alimentares, este medicamento constitui um tratamento de longa duração, devendo a sua eficácia ser monitorizada periodicamente. Posologia: Adultos: A dose recomendada é um comprimido contendo 145 mg de fenofibrato uma vez por dia. SUPRALIP 145 mg comprimidos revestidos por película pode ser tomado a qualquer hora do dia, com ou sem alimentos. CONTRA-INDICAÇÕES Insuficiência hepática (incluindo cirrose biliar e anormalidade persistente e inexplicável da função hepática, tal como elevação persistente das transaminases séricas), insuficiência renal, crianças (idade inferior a 18 anos), hipersensibilidade à substância activa ou a qualquer um dos excipientes, fotoalergia ou fototoxicidade expectáveis durante o tratamento com fibratos ou com cetoprofeno, doença da vesícula biliar, pancreatite crónica ou aguda, com excepção da pancreatite aguda devido a hipertrigliceridemia grave. O SUPRALIP 145 mg, comprimidos revestidos por película não deve ser tomado por doentes alérgicos ao óleo de amendoim, à lecitina de soja, ou produtos do mesmo género, devido ao risco de reacções de hipersensibilidade. ADVERTÊNCIAS E PRECAUÇÕES ESPECIAIS DE UTILIZAÇÃO Função hepática: Recomenda-se uma monitorização dos níveis das transaminases de 3 em 3 meses durante os primeiros doze meses de tratamento e, a partir daí, periodicamente. Pancreatite: Tem sido descrita a ocorrência de pancreatite em doentes a tomar fenofibrato. Músculo: Têm sido referidas situações de toxicidade muscular, incluindo

casos muito raros de rabdomiólise, com a administração de fibratos e outros hipolipidemiantes. Nestes casos o tratamento com fenofibrato deve ser interrompido. Função renal: O tratamento deve ser interrompido em caso de aumento nos níveis de creatinina > 50% ou acima do limite superior do intervalo de referência. Recomenda-se que os níveis de creatinina sejam monitorizados durante os três primeiros meses de tratamento e, a partir daí, periodicamente. Este medicamento contém lactose e sacarose. INTERACÇÕES MEDICAMENTOSAS E OUTRAS FORMAS DE INTERACÇÃO Anti-coagulantes orais: O fenofibrato aumenta o efeito dos anti-coagulantes orais podendo aumentar o risco de hemorragia. Ciclosporina: Têm sido relatados alguns casos graves de insuficiência renal reversível durante a administração concomitante de fenofibrato e ciclosporina. Inibidores da HMG-CoA reductase e outros fibratos: O risco de toxicidade muscular é acrescido se os doentes medicados com fenofibrato tomarem concomitantemente inibidores da HMG-CoA reductase ou outros fibratos. Doentes medicados em simultâneo com o fenofibrato e medicamentos metabolizados pelo CYP2C19, o CYP2A6 e, em especial, o CYP2C9 com um intervalo terapêutico estreito, devem ser cuidadosamente monitorizados e, se necessário, recomendam-se ajustes da dose destes fármacos. EFEITOS INDESEJÁVEIS Os efeitos indesejáveis reportados mais frequentemente durante a terapêutica com o fenofibrato são perturbações digestivas, gástricas ou intestinais. Os efeitos indesejáveis seguintes foram observados durante os ensaios clínicos controlados com placebo (n=2344) com as frequências abaixo indicadas: Frequentes (>1/100, <1/10): Sinais e sintomas gastrointestinais de gravidade moderada (dor abdominal, náusea, vómitos, diarreia e flatulência), aumento das transaminases. Pouco frequentes (>1/1.000, < 1/100): cefaleias, tromboembolismo (embolia pulmonar, trombose venosa profunda), pancreatite, colelitíase, hipersensibilidade cutânea (por ex. erupções cutâneas, prurido e urticária), afecções musculares (por ex. mialgia, miosite espasmos musculares e fraqueza), disfunção sexual, aumento dos valores da creatinina no sangue. Raros (>1/10.000, < 1/1.000): diminuição da hemoglobina, diminuição do nº de glóbulos brancos, hipersensibilidade, hepatite, alopécia, reacções de fotossensibilidade, aumento dos valores da ureia no sangue. Desconhecidos: Pneumopatias intersticiais, rabdomiólise. DATA DE REVISÃO DO TEXTO: 29 Agosto 2011. Titular da AIM: Abbott Laboratórios, Lda. Regime de comparticipação: escalão C Medicamento sujeito a receita médica Para mais informações deverá contactar o Titular da AIM.

N A N O P A R T I C U L A S

A Nanotecnologia no controlo da Dislipidemia

Abbott Laboratórios, Lda.� Estrada de Alfragide, 67 - Alfrapark Edifício D · 2610-008 Amadora Tel.: 21 472 71 00 · Fax: 21 471 44 82 Contribuinte e Matrícula na Conserv. do Reg.Com. da Amadora N.º 500 006 148 Capital Social 7.386.850 Euros

06/2012/EPD/117

REFERÊNCIAS: 1. RCM

O Supralip® está indicado* para uso em conjugação com uma estatina em doentes com elevado risco CV1

Cascais, 26 e 27 de outubro de 201310

A FH-PortuGAL, Associação Por-tuguesa de Hipercolesterolemia Familiar (APHF) surgiu da neces-

sidade sentida por doentes, familiares, médicos e outros profissionais de saú-de, de dar a conhecer esta doença e outras dislipidemias hereditárias à po-pulação portuguesa, fornecendo infor-mações úteis e acessíveis aos doentes e sensibilizando os médicos para a sua especificidade, de forma a promover o diagnóstico e tratamento precoces, e, deste modo, evitar a morte prematura por doença cardiovascular, frequente nestas doenças.

esta associação é muito recen-te, pois existe apenas há um ano, e tem contado com o apoio, dos doen-tes, de Médicos, de sociedades Médi-cas como a Sociedade Portuguesa de Aterosclerose e a Sociedade Portu-guesa de Cardiologia, de vários asso-ciações congéneres de outros países, e da FH International Foundation, da qual somos membros.

Assim, na nossa ainda curta vida, já estabelecemos contactos va-liosos com as pessoas e entidades acima referidas e outras, que nos permitiram, cerca de um ano depois, ter uma noção do que há a fazer em Portugal, e do que há a fazer do ponto

de vista de uma Associação desta na-tureza, tendo em conta os recursos de que dispõe.

De facto, o que, desde logo, se constata é o desconhecimento do pú-blico em geral sobre estas doenças. este é, sem dúvida o nosso objetivo mais importante: divulgar à população em geral, através dos meios ao nosso alcance, a existência e informação so-bre estas doenças. Pretendemos que, com o nosso esforço, dentro de algum tempo, quando alguém se referir a “hi-percolesterolemia familiar” e a “dislipi-demias familiares” as pessoas saibam do que se fala; que aquelas a quem já foi diagnosticada a doença, saibam a importância do tratamento, que inclui mudanças nos estilos de vida e tera-pêutica adequada em toda a família (in-cluindo as crianças), da necessidade de realizarem medidas preventivas para evitar as doenças cardiovasculares e serem acompanhadas por equipas Mé-dicas multidisciplinares.

É igualmente, nosso propósito representar os interesses destes do-entes e contribuir para a definição das políticas de saúde, designadamente, no que toca ao acesso à terapêutica, que, no atual estado da Medicina, é para toda a vida. Com efeito, um dos objeti-

vos da Associação é que os doentes e os familiares (geralmente, são vários os membros do mesmo agregado fa-miliar) não fiquem sem terapêutica por falta de meios económicos. Sabemos que a atual crise não se mostra, à par-tida, favorável a tais aspirações, mas a verdade é que também se sabe que, do ponto de vista económico, a adoção de medidas preventivas tem-se revelado muito mais vantajosa do que o trata-mento da doença já instalada.

Com vista a concretizar tais ob-jetivos, estamos, para já, a concluir um sítio na internet onde estarão dis-poníveis as informações básicas para uma primeira abordagem da questão, mas também, esclarecimentos mais aprofundados para os que preten-dam saber mais sobre o assunto, bem como uma rede nacional de Médicos onde o doente e a sua família podem ser acompanhados (enquanto o site não é concluído, dispomos de uma página estática: www.fhportugal.pt com as informações mais relevantes e contatos).

também, existe no facebook uma página da Associação (Fh Por-tugal Associação Portuguesa de Hi-percolesterolemia Familiar) onde di-vulgamos informações úteis, vídeos

sobre o assunto, avanços científicos sobre a questão, etc.

Procuraremos através da publi-cação de artigos em revistas e jornais destinados a vários públicos específi-cos, informar as pessoas e chamar a atenção para esta doença e os cuida-dos que devem ter.

Por último, gostava de referir que estamos a participar no protocolo de estudo de fatores de risco cardio-vasculares numa população de dado-res de sangue a nível nacional em co-laboração com o Instituto Português do Sangue e transplante e a Direção--Geral da Saúde.

Sabemos que temos um lon-go caminho pela frente, sendo certo que têm sido várias as dificuldades encontradas: desde logo, a falta de meios para fazer face ao funciona-mento permanente da Associação, que, tem vivido do trabalho voluntário dos que aqui estamos hoje represen-tados e de mais alguns que, com o seu esforço e dedicação têm permi-tido avançar no sentido pretendido. No entanto, para que tal avanço seja mais rápido e sustentado, tentaremos obter maior apoio humano e/ou ma-terial dos vários protagonistas destas doenças hereditárias.

em Portugal, as disfunções se-xuais são um problema comum a ambos os sexos afetando, de

acordo com os dados do estudo episex, 24% dos homens e 56% das mulheres. No homem são os problemas relacio-nados com a excitação e o orgasmo os mais frequentes, enquanto na mulher, além dos problemas relacionadas com a excitação, existem também os que se relacionam com o desejo, o orgasmo e os síndromes dolorosos.

embora as disfunções sexuais sejam mais comuns na mulher, te-mos melhor conhecimento do que se passa no homem. Acresce que a rela-ção entre as disfunções sexuais, em particular, a disfunção erétil e as do-enças cardiovasculares, também está mais bem estabelecida e estudadas no homem.

Para se compreender o que é a disfunção erétil é necessário enten-der o papel central do óxido nítrico (No) e das células endoteliais dos corpos cavernosos e das artérias do pénis na fisiologia da ereção. Subja-cente à disfunção erétil está a disfun-ção endotelial, que é entendida como o denominador comum entre aquela e as doenças cardiovasculares. No fun-do estas duas entidades partilham os mesmos fatores de risco major, como sejam a hipertensão, dislipidemia, diabetes e tabaco.

estudos realizados nos últimos 10-15 anos, confirmaram que, muitas vezes, a disfunção erétil surge antes da doença cardiovascular. o grupo do italiano Montorsi desenvolveu, até, a teoria do calibre arterial, que sustenta que as artérias do pénis (sendo de ca-

libre mais pequeno do que as artérias coronárias ou de outros territórios) so-frem, mais cedo, as repercussões sis-témicas da aterosclerose. Logo, haven-do um envolvimento mais precoce das artérias penianas, a disfunção erétil pode ser encarada como um preditor de eventos cardiovasculares no futuro próximo. Vários estudos o confirmam.

o diagnóstico de disfunção erétil, na maior parte dos casos, é simples e baseia-se na resposta a um inquérito padronizado – o IIeF, também valida-do em Portugal. É possível, portanto, percecionar o risco CV nos 3-5 anos subsequentes e, com isso, implemen-tar medidas de controlo dos fatores de risco de forma muito rigorosa.

Por outro lado, também é co-mum que o indivíduo que já tem do-ença cardiovascular se debata com

disfunção erétil. Aqui a questão que se coloca é saber quando é que esta situação pode ser tratada, uma vez que existem fármacos muito eficazes para o efeito.

enfim, a prevalência da disfun-ção erétil deve alertar os especialis-tas de MGF, os internistas e os car-diologistas que, de um modo geral, nas suas consultas contactam com doentes e, muitas vezes, com indi-víduos que ainda não são doentes, mas que têm risco cardiovascular elevado, para a necessidade de olha-rem para a esfera sexual e poderem, se houver disfunções, intervir desde logo, corrigindo e controlando os fa-tores de risco que mais tarde ou mais cedo vão levar também ao apareci-mento das doenças cardiovasculares ateroscleróticas.

Associação Portuguesa de Hipercolesterolemia Familiar

Aterosclerose e Sexo

Dr.ª luíSa CaMpoSPresidente da APHF

Dr. CarloS rabaçalDiretor do Serviço de Cardiologia do Hospital de Vila Franca de Xira