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JORNAL dos BAIRROS ANO I - N 0 5 - RECIFE, DEZEMBRO DE 1978 PREÇO CR$ 2,00 » c POLUIÇÃO ATACA EM GOIANA E CAMARAJIBE ETEMPO DE FESTAS. MAS, CADÊ A ALEGRIA DO POVO O Jornal dos Bairros entrevistou muita gente sobre o Natal. Leia nas páginas 4 é S ©sfiairrosd Duas fábricas, a Ponsa em Goiana e a Cia. Industrial Pernambucana em Camarajibe, estão prejudicando a vida de milhares de pessoas. Em Goiana, pescadores e agricultores fizeram uma Assembléia e em Camarajibe existe a proposta de um abaixo-assinado. Leia nas páginas 2 e 7.

JORNAL dos BAIRROS - cpvsp.org.br · uma cesta de Natal e um jantar de ... Conde da Boa Vista, 647. Até lá. ... ele merece. Na mi- nha umopinião, foi um dos melhores

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JORNAL dos BAIRROS ANO I - N0 5 - RECIFE, DEZEMBRO DE 1978 PREÇO CR$ 2,00

» c

POLUIÇÃO ATACA EM GOIANA E CAMARAJIBE

ETEMPO DE FESTAS. MAS, CADÊ A ALEGRIA DO POVO O Jornal dos Bairros entrevistou muita gente sobre o Natal.

Leia nas páginas 4 é S

©sfiairrosd

Duas fábricas, a Ponsa em Goiana e a Cia. Industrial Pernambucana em Camarajibe, estão prejudicando a vida de milhares de pessoas. Em Goiana, pescadores e agricultores fizeram uma Assembléia e em Camarajibe já existe a proposta de um abaixo-assinado.

Leia nas páginas 2 e 7.

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Carta aos leitores Ponsa polui em Goiana- pescadores protestam Temos um boa noticia para os nos- sos amigos e leitores: conseguimos term inar o ano fazendo o Jornal dos Bairros no Recife. Agora não é mais preciso mandar para o Rio ou São Paulo, o que quer dizer que pode- mos trabalhar com mais tempo e melhore, ainda, eliminar os atrasos que têm atrapalhado o Jornal. Outra novidade é que o Jornal dos Bairros está lançando uma cam- panha de assinaturas: você paga Cr$ 40,00 e recebe o jornal na sua casa todo mês, durante um ano; ou paga vinte e faz uma assinatura semestral. Que tal dar uma assina- tura do Jornal dos Bairros de pre- sente neste Natal? Outra inovação que o Jornal vai apresentar já em janeiro de 1979 é escolher um bairro todo mês e fazer diversas reportagens sobre aquele bairrora história do bairro, seus problemas, suas festas, seus per- sonagens famosos, tudo que inte- ressar aos moradores e aos leitores do Jornal dos Bairros. Também pretendemos melhorar o sistema de venda do Jornal, para que, aliás,a sua colaboração é mui- to importante. Hoje já estamos ven- dendo uma média de sete mil jor- nais por número, o que é muito bom para um jornal que começou há seis meses. Mas temos certeza que po- demos chegar- a--muito, mais que isso. Enfim, 1979vai ser um ano de muito trabalho

JORNAL DOS BAIRROS COLABORADORES

Severina Ramos Amadeu Nascimento

'Vicente Amado Maria José Oliveira Yolanda Carveret Filomena Ramos Platão Vilson Abimael Galindo iJanina Adamenas Paulo Santos Maria José Lemos Luiz Alves Vera Regina Baroni Augusto Pimentel Homero ponseca Manoel Inácio de Lira Nila Cordeiro Antônio Carlos Eduardo Homem Emerson Xavier da Silva Severina Aliança Claudionor Gomes Edson de Lima Maria da Penha Silva Mareio di Pietro Margarida Serpa Valdecira Maria Vieira Paulo Andrade José Maria Andrade (Editor Responsável) Jornal dos Bairros - é uma publica- ção da Editora Nossa Ltda. Redação e Administração: Rua dos Coelhos, 317 - Recife - Pe - Diretores: Amadeu Nascimento, Margarida Serpa, Ve- ra Regjna Baroni. Composto e Im- presso nas oficinas do Jornal da Semana. Rua Prof. Andrade Bezer- ra, 1442, Saígadinho, Olinda, Pe.

No domingo, dia 10 de dezem- bro, pescadores e agricultores do município de Goiana reuniram-se na frente da sede da Colônia de Pesca - que está sob intervenção há mais de cinco anos - para protestar contra a poluição do rio Goiana e do litoral da região.

A Assembléia contou com o apoio da Pastoral dos Pescadores e estavam presentes pescadores de diversas regiões, inclusive de João Pessoa. Também compareceu o bispo D. José Maria Pires e o presi- dente da Companhia de Preserva- ção dos Recursos Hídricos de Per- nambuco, que foi prestar contas aos pescadores e agricultores de porque o governo não proíbe que empresas industriais e usinas de açúcar despejem seus detritos nas águas dos rios e do mar, provocan- do a mortandade dos peixes e a miséria das pessoas que vivem da pesca.

Durante a Assembléia falaram diversos pescadores e agricultores que contaram os problemas por que estão passando. Segundo seus de- poimentos, a maior responsável pe- la poluição do rio Goiana é a Ponsa, uma fábrica de papel do grupo in- dustrial do senhor Israel Klabin. Ela despeja soda cáustica no rio, que mata peixes, camarões, caranque- jos, e deixa um horrível cheiro nas águas de Goiana.

Também durante a Assembléia foi lido e aprovado o texto de uma carta que os pescadores enviaram para o presidente da República, ge- neral Ernesto Geisel, solicitando providências urgentes contra a po- luição. Outras cartas já foram en-

viadas para autoridades do governo federal, mas até aqui nada aconte- ceu que aliviasse a situação dos pescadores. Apenas a promessas de que o senhor Israel Klabin está com muito boa vontade de resolver o problema. Mas, como não é ele que pesca para sobreviver nem quem está sentindo o cheiro do rio Goiana, nem a sua mulher está im- pedida de lavar roupa nas águas do rio, não está com pressa de tomar alguma providência.

O presidente da Companhia aqui de Pernambuco encarregada de controlar a poluição diz que não pode fazer nada de um dia para outro. Soque tem anos que a Ponsa polui o Goiana. Ele alega também que se a fábrica fechar vai deixar 800 pais de família sem emprego. Está certo, os pescadores não querem que os operários percam seus em- pregos, mas eles, os pescadores, sã o 3.500 e ninguém parece se preo- cupar com a fome que estão pas- sando.

Abaixo o Jornal dos Bairros transcreve a carta que os pescado- res de Goiana enviaram ao presi- dente da República:

Ao Exm " Sr. Presidente da Repúbli- ca e a todo o Povo de boa vontade

Nós, pescadores {homens e mu- lheres) de toda a bacia do Rio Goia- na, que abrange as localidades de Goiana, Carne de Vaca, Tejucupapo e São Lourenço (PE), Barreiras Grande, Pitimbú e Acaú (PB), esta- mos lhe escrevendo para lembrçros nossos problemas de poluição do Rio Goiana.

Não é só nós, mas também to- dos que precisam do peixe para comer e atualmente não tem, como acontece nas cidades vizinhas de Caaporã, Alhandra etc.

Essa poluição de que falamos ó causada principalmente pela fábri- ca PONSA que solta no rio todas as suas descargas de soda cáustica e acaba com todos os nossos meios de vida que é a pesca.

Ao mesmo tempo, Sr. Presiden- te, essa poluição causa sérios pro- blemas de saúde aos pescadores, na pele e com um terrível mau cheiro.

Também acusamos o recebi- mento de uma carta do Secretário do Meio Ambiente, Dr. Paulo No- gueira Neto que nos escreve o se- guinte:

"Falamos pessoalmente sobre o problema da PONSA com o Enge- nheiro Israel Klabin, Diretor do Gru- po Econômico ao qual pertence a fábrica. O Dr. Israel mostrou a maior boa vontade em encontrar uma solução para o caso..."

Foi isso que nos escreveu o ur. Paulo Nogueira Neto. Mas, até aqui nada foi feito contra a poluição. È por essas injustiças que estamos reunidos no Balde do Rio Goiana, para um debate com várias autori- dades sobre o problema da polui- ção.

Esperamos que V. Excia. o mais cedo possível tome as providências necessárias contra essa poluição criminosa que mata a gente á min- gua.

Assinam esta carta pescadores e o povo solieláriorr- * - „.„.

Olinda, 10 de dezembro de 1978.

Natal Presadosamigos

Querem os conv idá-los, vocês da equipe do Jornal, para a festa de Natal que anossa Associação pro- movera no dia 16 de dezembro pró- ximo, às 20 horas. Haverá sorteio de uma cesta de Natal e um jantar de confraternização. Queríamos tam- bém aproveitar do Jornal para con- vidar a todasdomésticas para virem também à nossa festinha, à rua Conde da Boa Vista, 647.

Até lá.

Associação.das Empregadas Domésticas do Recife

Não perderemos a ocasião de estar presentes comemorando jun- tos o Natal. Até lá e bom trabalho!

Puebla Presado Editor

Saudações. A Editora Vozes acaba de publicar o folheto intitulado "Vamos Todos a Puebla", prepara- do após ampla consulta, todo ilus- trado, mostrando, através de um "desafio" entre um peregrino e um caminheiro, a diferença entre a I- grejaantigaea Igreja nova que vai a Puebla no ano que vem. Este folheto pode ser encomenda- do diretamente á Editora Vozes (Cx. P. 23 - 26.000 - Petrópolis RJ). O pacote de 100 unidades a Cr$ 3,00 cada com os descontos de praxe. Adélia O, de Carvalho - Recife

Descaso Sou do Córrego do Genipapo e

venho observando, como também sofrendo, as conseqüências das coisas tão essenciais que nos fal- tam.Que descaso,Deus meulFar- mácia, coletor de lixo e posto de saúde nem se fala. As ruas são um eterno lamaçal de inverno. E sabe? A Sunab deve dar umas voltinhas por aqui, tem gente se aproveitan- do. Passaram as eleições, quero ver agora o que os pobres eleitores irão ganhar com tudo isso. Espero que o M DB agora mostre que irá cumprir suas promessas. Afinal, somos to- dos filhos de Deus e, quem prome- te, deve. Parece que aqui é um lu- garzinho esquecido, porém, eu es- tou satisfeita com a vitória do Au- gusto Lucena, ele merece. Na mi- nha opinião, foi um dos melhores prefeitos.

MariaJoséümadeOliveira- Rua Doralice, 57- Macaxeira

Apelo Companheiros

Venho por meio desta pedir para fazer um apelo. No Pronto Socorro Velho, vai uma pessoa humilde fa- zer um Hemograma de Sangue ou exame de urina, cobram Cx% 200,00. Eu faço uma pergunta: - Quem faz biscaite, como cuida da saúde?

José Ribeiro

Pedros e M árias (Uma história)

Maria sonhou certo dia que um dia iria casar com Pedro; operário cansado, sem dentes ou força pra amar com Pedro, operário sem eira nem beira. Besteira pensar... Talvez Pedro pense que a vida é o tempo de apenas trabalhar talvez Pedro pense num samba talvez nem enxergue a canção que existe nos olhos de Maria no seu rosto aflito de paixão. Maria que lava no rio Maria operária banguela Maria ex-amante de João Maria que é filha da terra Maria GRANDEZA DA NAÇÃO que ama seu Pedro faminto um Pedro, um mulato danado, um Pedro tão endividado um Pedro que paga caução um Pedro operário calado um Pedro querido Patrão um Pedro de samba de Chico um Pedro que ergue construção. Quem sabe se um dia esse Pedro - medita Maria co'afeição - se lembre que não é brinquedo que não paga a pena o refrão dum samba que efeito com sangue com leite e suor do Pedrão. Talvez Pedro pense na vida: Maria trabalho e justo pão, Maria alegria e uma canção, Maria com Pedro e com nação.

Emerson Xav ler daSilva

2 - Jornal dos Bairros

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AZumbMechou: 120famílias passam prhsaç

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J .B. - Desde quando a fábrica do Zumbi está fechada?

Zé - Oficialmente fechou no dia 11 de novembro, mas já faziam 3 semanas que a gente carimbava o cartão sem produzir. A direção da fábrica todo dia prometia a chegada do material oara o dia seguinte e assim foi cozinhando a turma du- rante todo esse tempo.

J B - Quantos operários a fábri- ca tinha no dia que fechou?

Zé - A fábrica rodava com apro- ximadamente 600 ooerários, porém de novembro de 77 para cá começa- ram as demissões. De mês em mes saía uma turma, variava entre 30 e 60 demitidos de cada vez.

No dia li de novembro, dia do fechamento, tinha 120 operários.

J.B. - Qual é a situação desses operários agora?

Zé - Dos que saíram primeiro, tem uma média de 250 que não foi resolvido ainda a situação. Tem gente que já fâz 1 ano que saiu e ainda não recebeu nada. Muitos já deram por perdido e deixaram de ir na justiça. Estão trabalhando em outrocantoou viajaram. Dos120de agora, dos quais eu faço parte, a questão ainda nem foi encaminha- da para a justiça. O último salário que a fábrica pagou foi no dia 21 de outubro e ainda está devendo 2 meses de abono de família, sem falar que tem uma questão na justi- ça prá receber o abono de família de

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novembro e dezembro do ano pas- sado. J.B. - Por que vocês ainda nas

entraram com a questão na justiça? Zé - Tem um sr. de nome José

Silva que foi colocado na fábrica como sindico pelo Juiz da RV^ncia. Esse senhor, junto com alr , en- carregados botou na cabeç,-, ■ po- vo fazer um abaixo-assinadd para a fábrica voltar a rodar. Mas. para ela rodar, tem que sustar o processo de falência e nisso perdemos muito tempo com a história do roda-não-

roda. A nossa situação é calamito- sa . São 120 pais de família passando fome e não vendo decisão de nada, Nem deram baixa nas nossas cartei- ras. Disse o presidente do Sindicato que só davam baixa nas carteiras com ordem do Juiz e ninguém sabe quando, nem ao menos a gente pode procurar emprego em outro canto. J.B. - Vocês tem recebido alguma ajuda?

Zé - No começo nós queríamos sair em grupo para pedir nos Super-

mercados, nas feiras, mas para isso precisava ter autorização de algu- maautoridade. Nós combinávamos para falarcom o presidente do Sindi cato. A resposta foi essa: "Não digo que peça nem que não peça, mas vou telefonar para o Delegado Re- gional do Trabalho para ver se ele autoriza?" E ele disse que o Delega- do disse que de jeito nenhum a gente saísse na rua pedindo. Que ele ia mandar uma ajuda. E essa ajuda que tocou prá nós foi de Cr$ 50,00 por semana. Tivemos noticias que saiu num jornal que a gente estava recebendo ajuda da Delega- cia Regional do Trabalho, dos Su- permercados, do Sindicato e tíos Industriários, dando a entender cuc a nossa feira estava garantida. 6 tudo mentira, a situação é ost." são 120 famílias passando -- vacc.-

Fechou mais uma fábrica no Re- cife e desta vez foi a Ca. Text.Scio Santa Maria, conheciaa como Zum- bi, que fazia sacos de linhagem. A Zumbi empregava, no ano passado, aproximadamente, 60C ooerários. Quando fechou, em 11 de novem- bro, só trabalhavam 120 pessoas, que estão agora, como as que fo- ram demitidas antes, quer dizer, brigando na iustiça para receber os seus direitos.

O Jornal dos Bairros entrevistou o Delegado Sindical naZumbi, José Antônio, que conta direitinho a si- tuação.

300 mil operários em greve Todo mundo sabe que a situação

está péssima.Que o salário, e até mesmo três, quatro, cinco, salários não estão dando pra nada.

Carne hoje em dia ô uma festa. Quem tem casa própria corre

menos risco de morrer de fome. Mas quantos têm casa própria? Por essas coistas, e por muitas

outras mais, que 300 mil operários de São Paulo,e de dois municípios do lado da capital paulista, Osasco e Guarulhos, entraram em greve no dia 31 de outubro passado. Os tra- balhadores metalúrgicos e seus Sindicatos exigiam dos patrões 70% de aumento e o governo man- dava dar pouco mais de 40% .

Como os patrões não aceitaram as reivindicações dos trabalhado-

res, os operários, em cada fábrica, realizaram suas Assembléias, que decidiram decretar a greve pelos 70 % de aumento e estabilidade sindi- cal para os operários membros das comissões do fábrica.

Essas comissões de fábrica,es- colhidas pelos trabalhadores de ca- da uma delas, foram, aliás,uma das maiores conquistas dos operários de São Paulo. Elas foram a forma que os trabalhadores encontraram de organizar a discussão dos seus problemas de cada indústria de en- caminhar suas reinvindicações e movimentos.

Greve em Osasco durou 7 DIAS.

A greve dos 300 mil metalúrgicos paulistas foi a maior que aconteceu no Brasil desde 1964. Se ela fosse vi- toriosa, era capaz de todos os tra- balhadores do pais exigirem 70 por cento de aumento de seus patrões. Por isso a reação dos industriais foi muito forte e até meèmd violenta. f4a Metalúrgica Alfa por exemplo,o seü proprietário assassinou o ope- rário Nelson Pereira de JesUs com um tiro á queima roupa, fem Outras

indústrias, como na Brown Boveri e na Toshiba, todas as duas estran- geiras, alguns operários membros das comissões de fábrica foram de- mitidos.

Na metalúrgica Alfa, os operá- rios, fem protesto pelo assassinato do seu colega entraram ém greve é fexigtfam a substituição dô direto- ria.

Enquanto tudo isso acontecia fias fábricas, o presidente do Sin-

dicato dos Metalúrgicos de São Paulo, que só permitia voto aoá operários sidicalizados,desrrespeitou decisão de uma Assembléia e fez um acordo com os patrões por 58% de aumento, mais ainda permitia que as indústrias descontassem os aumentos do abono que os traba- lhadores tinham conquistado em junho.

Sem o apoio do Sindicato e pres- sionados pelos patrões e pelo o governo, os trabalhadores de São Paulo foram voltando ao trabalho. Logo depois o Sindicato dos Meta- lúrgicos de Guarulhos também a- ceitou oacordoficando somente os operários de Osasco em greve. So- zinhos, a pressão sobre eles era muito maior, então, na segunda-feira dia 6 de novembro último os operá- rios decidiram aceitar os 58% de au- mento e voltar ao trabalho.

O movimento não atingiu todos os seus objetivos, mas demonstrou aos trabalhadores de todo país que, discutindo democraticamente os seus problemas e reivindicações, organizados de forma independen- te nas comissões de fábrica e ten- do um sindicato que os apoie. Os trabalhadores falam de cabeça er- guida com seus patrões. E, qUando necessário, entram em grév/e para defender os seus direitos, porque a gVev/e é um direito dós trabalhado- res no mundo todo.

Jornal dos Bairros - 3

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Natal: Cadê a alegria do povo? Cadê a alegria • • •

13° salário: Nem bem chega já tá indo embora

O Natal é uma festa para todo mundo, e alegria para todos. É o nascimento de Jesus e cada um festeja como pode. Antigamente, toda casa tinha um Ceia de Natal, isto era na casa do rico e do pobre. Também neste tempo não se distin- guia muito o rico do pobre, eles eram mais parecidos. Os pobres

também tinham suas mesas fartas, as igrejas tinham suasfestinhas que divertiam todo mundo: pastoril, a queima da lapinha.

Mas hoje, sim, eles são muito diferentes. Mcju a festa do pobre é comprar uma galinha, trazer para casa e encher a cara logo cedo. Está

pronta a festa do pobre. Hoje em dia tirando o nascimento de Jesus, o resto é uma merda. S6 tem propa- ganda e publicidade; o verdadeiro não existe mais: cadê a alegria do povo".

Dona Gilvanete, dona de casa, mora em Estância.

O sr. Arnaldo é operário e reside em Estância.

È uma festividade de fim de ano, que geralmente traz alegria para o lar de toda pessoa de bom senso. Para quem tem boas condições, o Natal é bom em todas as épocas e passa sempre muito bem. Se diz que tempo bom era o de antiga- mente, mas eu discordo disso. Quando eu era criança a vida sem- pre foi apertada, meus pais não tinham condições de terem vida boa. Hoje, vivendo por minha con- ta, apesar de toda carestia, aindo vivo um pouco melhor do que vivia antigamente. Mas, a verdade fe que em época nenhuma o pequeno teve vez, prá dizer a verdade, nunca tive vez, seja agora, seja antigamente.

< < O pequeno não tem vez

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Natal para mime tempo de sacri- fício. Tenho 6 netinhos em casa, sou viúva; tudo é dobrado pelo Na- tal. Os preços sobem que só avião. Fico aperriada, tenho muitas dívi- das, e vem os meninos pedindo roupa nova, um brinquedinho..." (D. Maria da Paz- Alto Santa Terezi- nha)

O sr. Cordeifo é otimista: Eu sinto na própria pele não

poder dar um conforto maior aos meus familiares. Mas como sou otimista, acho que os salários dos brasileiros vão aumentar em 79. Confiando no bom Deus e nos ho- mens que governam, que o Natal 79 seja bem melhor que os anterio- res."

Pobre só festeja Finados D. Inalda, residente na Vila da

Sudene - IPSEP, costureira. —"O Natal é uma festa muito

boa, muito bonita, é o nascimento de Jesus, mas só é alegre para quem tem dinheiro, para quem não tem é triste. Aqui na Vila as pessoas enfeitam as ruas, eu trabalho mui- to, pois o que meu marido ganha não dá. Quando vou sair da máqui- na já são onze horas da noite e a dona da roupa está do lado esperan- do que eu termine pra ela vestir.

Que o próximo ano as coisas melhores, pois, todo ano trabalho muito e o dinheiro não dá para nada. Que Deus ilumine o ano de 79.

Célia, mãe de 6 filhos, trabalha que só:

—O meu Natal na parte senti- mental, é uma reunião de família, e jia minha casa tem que ter Ceia segundo a tradição.

O Natal, hoje, acho que melho- rou, porque agora nós temos mais contacto com os vizinhos. Agora, o nosso nível é melhor, é questão de posição social, a gente tem mais condições. Só prá mim não melho- rou, eu trabalho que só, dou um duro danado na cozinha.

Eu sei que pra o pobre não está nada bem. A gente chega nas casas e não vê oferecer nada. Q pessoal se queixa muito do custo de vida.

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M ária J osefa M endes, mãe de 7 filhos, doméstica residente " no Monte-Qlinda. J .d.B - Como é D. Zefa, está anima- da para o Natal?

— Qlhe minha filha, animação foi na campanha de Jarbas. Agora só queria que chegasse janeiro. Por- que, me diga, onde é que eu vou arranjar dinheiro pra fazer as fes- tas? O homem tá encostado, o Se- verino ganha somente o salário prá 9 bocas... J .d.B - Estão este ano não vai dar?

— Nem neste nem nos outros que vão vir, se as coisas continua- rem do jeito que estão. Acho que os pobres só festejam Finados porque no dia da morte a gente para de sofrer desse jeito.

Natal hoje é Pecado Rasgado «Kl»

"Aptigamente o pessoal usava lapinha com o nascimento de Je- sus, as meninas ensaiavam e dança- vam pastorife depois tinha a Missa do Galo que era às zero horas Também tinha folclore e bumba- meu-boi, mas tudo e ícabou.

Hoje é nos clubes com o tal de Pecado Rasgado. Ninguém se lem- bra do Natal dos pobres que ficam a mendigar pelas ruas; quantos pais de família que vão à uiade pensan- do no décimo que é pdra mil coisas, e, quando chega janeiro vão devol- ver as peças que compraram na prestaçc a não vão poder pagar. Fazem estas compras para não en- vergonhar suas esposas diante das outras companheiras e no fim aca- bam perd ; ido metade d^ Hécimo e

a peça também. Mobiliar casa e vestir bem é prá quem pode e não prá quem quer. Isto é Natal?

A sociedade veio acabar com o Natal, com essas discoteque Dan- cin' Days. Hoje em dia ninguém quer ser pobre. Aquela lapinha que está na igreja de Santo Antônio, aquilo é somente uma estátua, não resolve a situação. Nem um rama- Ihete de flores podemos comprar mais para enfeitar nossas casas. O custo de vida é muito caro.

O jeito que a gente está vendo daqui a dez anos, se estivermos sobrevividos, é que o Natal e o salário são simples recordações." (Maria Luiza - Rua Cabo Eutrôpio - Coque)

Jfò*- '

"Deixe nascer o Natal que existe dentro de você"

D. Maria José, do Coque pergunta: "- Quem pode festejar o Natal com a carestia do jeito que está?

Elizabete Santos Costa, mora- dora do Coque, acha que está ruim e vai piorar. Antigamente o Natal era de linho, hoje é de chita. Mas eu sou muito diferente: tive dois ou três vestidinhos de chita tá bom demais, porque sei que daqui a cinco anos nem esta chitinha pode- remos comprar.

Ésó comércio

Ridete mora na Vila da Sudene - IPSEP e tem uma opinião muito crítica:

O Natal já não tem o espírito cristão de antigamente, pois as fes- tas que se fazia, como pastoril, estão desaparecendo. O Natal de hoje é lucro, pois a própria televisão quando fala em Natal é em recla- mes de casas comerciais.

O Natal é um troca-troca de pre- sentes, quanto maior o valor do presente, maior é a amizade; quan- do não se recebe presente igual ao dado ficam com raiva. As pessoas faziam Ceia de Natal com parentes e amigos vizinhos; hoje isto está se tornando raro. À missa do gafo, só vão as pessoas de idade, ,.ois os jovens vão é para a discoteca."

Camarajibe faz festa popular Quando chega o mes de outubro

o senhor Nias e o senhor Cordeiro, juntamente com outras pessoas co- meçam a trabalhar.Elas são encar- regadas de organizar uma das maio- res festas que se conhece em Ca- marajibe. Eles são membros da co- missão de festas que há mais de 10 anos vem mobilizando pessoas pa- ra participar da festa máxima da cristandade: o Natal.

O Jornal dos Bairros traz para nossos leitores a história de uma festa que já se tornou tradi- cional em Camarajibe e quem vai começar a nos contar é o próprio sr. Cordeiro no relato que segue abai- xo:

"Antigamente a Festa de Natal era patrocinada pela Cia. Industrial Pernambucana ou a Fabrica como ela é conhecida no bairro, mas há 11 anos ela deixou de tomar a iniciati- va de realizar a festa e aconteceu qae chegou um Natal e não houve a tào esperada comemoração. Então o povo se organizou e até hoje não houve Natal sem festa aqui em Ca- marajibe.

Em outubro a comissão organi- z ora se reúne e decide como vai S8i a frente de arrecadação; geral- rwnte é feita através de rifas, livro de ouro e ofícios para o comércio local, prefeitura, a fábrica, etc. O povo participa comprando as rifas. ajudando na arrecadação e na divul- gação; mas o desejo maior da co-

missão é que houvesse maior parti- cipação popular nas reuniões sema- nais.

Mas a participação maior mes- mo é durante a festa, que são oito noites entre o Natal e o Ano Novo. São pessoas passeando, participan- do de Pastoril, ciranda ou se diver- tindo no Parque de diversões. O desejo da comissão é que o Natal seja de todos, dos mais categoriza- dos aos mais humildes.

Este ano a festa vai ser na gruta, acrescenta o Sr. Nias, que é "um lugar tradicional e existe um desejo do povo que a própria Missa do Galo seja celebrada no local da fes- ta e este também é o pensamento de toda a comissão, mas isto terá que ser discutido em reunião. Tudo é feito com o conhecimento da Prefeitura e da Fábrica, a qual atual- mente contribui com 25 a 30% nas despesas da festa. Depois que se realiza tudo a gente presta contas à população através de reuniões, avi- sos durante a missa e cartazes.

O que eu lamento neste Natal de 1978, como acontece em outros Na- tais, são aqueles que estão vivendo em condições precárias, os desem- pregados; pois estes não tem condi- ções de festejar o Natal, lamento também pelos enfermos, por aque- les que são injustiçados, pelos que estão presos, impedidos de passar o Natal com seus familiares."

Chegando o Natal, quem recebe salário tem direito ao 13°, que é um abono obrigatório das empresas. Mas não adianta nada, com os pre- ços como estão, pela hora da mor- te! Ainda mais quando o salário vem dividido, em parcelas, como é o caso da maioria que pega no batente, o Jornal dos Bairros ouviu moradores da periferia e trouxe o que eles disseram.

Seu Inocêncio Alves de Lima, que trabalha em curtume, diz que, com o 13° vai fazer um muro em sua casa: "É de muita necessidade. Mi- nha esposa também andou que- brando uns galhos com umas cos- turas para a gente poder realizar esta tarefa tão necessária.

Seria bom a gente poder usar este abono de Natal para preparar uma festa bonita, comprar uns pre- sentinhos, a roupa nova dos meni- nos, mas... cadê que sobra dinheiro prá isso? O que chega mal dá para um concerto mais sério na casa, pois durante o ano mesmo é que não dá. É tanto aperreio!"

O metalúrgico Alberto Luiz mos- tra que, apesar de ter vindo prá ajudar, o 13° não resolve nada: "O que tem de bom é que foi uma conquista dos trabalhadores. No tempo que o Parlamento fazia as leis, foi um grupo de delegados dos operários até lá para pressionar os deputados que terminaram votan- do esse abono de Natal. Lá em casa quando ele chega, é tanta coisa esperando que não dá prá quase nada e o nosso Natal, se a gente não faz uma viraçãozinha, fica por isso mesmo".

P CHEGANDO E SAINDO...

"'.' na Construtora tem um ne- gócr que é ruim prá gente. Eles pagiihi o 13° em duas parcelas. Ai a gente fica apertado. Se tenho que com- ar uma coisa de 200 cruzeiros e só i^nho 100, não dá. Quando os outros 100 cruzeiros chegam, já é tarde demais, pois já gastei a pri- meira parcela. Cadê gue pobre pode guardar dinheiro? E chegando e saindo..."

Antônio Manoel de Lima, operá- rio em construção.

ODINHEIRO VAI PARA OBANHEIRO...

"Lá na Telpe é a mesma coisa, só que bem pior: a gente recebe uma parcela do 13° quando tira férias e a outra em dezembro. Ora minhas ferias são no mês de São João... já viu que deste dinheiro não sobra nada para o tempo de Natal. Neste ano o que vai chegar vai todinho para o banheiro novo lá de casa."

Joaé Nascimento, da Telpe.

PEDREIRO NÃO PÔE A MÃO NA MASSA...

Manoel Gomes dos Santos, pe- dreiro, quase não faz uso do seu salário e diz: "Assim que tiro meu 13°, boto logo no banco. Só separo pouca coisa para mim. Com o di- nheiro compro material para ir ajei- tando a minha casa."

i i Tá chegando o fim do mundo J 5

Maria Teodora dos Santos é ven- dedora ambulante no mercado S. José.

J.d.B. - Como vão indo suas ven- das, D. Maria? - Minha filha, o negócio não anda bom não. Acho que ninguém tem dinheiro. J.d.B. - Nem pelo Natal?

— Nesta ocasião melhora um pouquinho mas é muito difícil. J.d.B. - Foi sempre assim no Natal?

— Isso não, antes era melhor, mas ag ora está cada vez mais fraco. J.d.B - Por que será?

— O povo diz que a culpa é do governo, mas não é não. É que estão chegando os tempos do fim mesmo.

• José Florêncio Sobrinho, é co- merciante e sua loja fica no Coque.

Antigamente o Natal era me- lhor. Nós podíamos dar uma lata de doce ao freguês. Se hoje fazemos isso; é prejuízo para nós.

Há dois anos atrás eu dei CrS 1.000,00 de presentes. Já no ano passado e nesse eu não dei e nem vou dar porque a situação não está boa. Todos querem ganhar presen-

tes, mas se a gente ganha pouco não podemos presenteá-los.

Há uma diferença dos fregueses de Afogados para os daqui do Co- que. Os de Afogados fazem com- pras e retalho mais graúdas do que os daqui do Coque. As condições aqui são muito fracas. Acho que eles vivem do salário mínimo e ou- tros vivem apenas de blscaites e por isso se alimentam como devem."

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As plantas também curam

O Jornal dos Bairros continua rece- bendo colaboraç&es para a coluna "As Plantas Também Curam". Nes- te Número, publicamos as colabo- rações enviadas por Isabel Maria Viana e Maria Severina da Silva. Verga morta o chá serve para dor em geral. Arruda Miúda - muito bom para dores musculares quando fervida juntamente com azeite de oliveira. Deixa-se esfriar e. quando estiver morno, massageia-se o local dolo i- do. Ta/o de Jerimum - ótimo para solu- ço forte. Manga Espada ■ o chá da folha da mangueira serve para inchação. Mandacaru o chá é bom para os rins. Assim como o chá de capim santo. Mastruço - Toma-se com leite para combater os vermes. Tamarindo - o chá da folha serve para tosse e coqueluche. Verga-morta três olhinhos dentro de uma xícara com água fervendo, todas as manhãs, é bom remédio para o ovário. Corona Branca - com hortelã c'a folha grossa, cozinhada, coada e misturada com açúcar, cura o ca- tarro nos brônquios. Chuchu - chá ou suco é bom para pressão alta. Casca de Atoeira - para incômodos de senhoras: fazer a lavagem vagi-

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Cantinho do Hélio Tem os melhores tira-gosto para CANA. Mão de Vaca - Passarinha - Fígado -Sururú - Galinha - Camarão - Maris- co - Carangueiro - Salgadinhos, etc. Endereço: Rua Fernandinho, 223 - Córrego do Genipapo - Macaxeira - Recife. HÉLIO agradece a preferên- cia.

nal todas as noites; para garganta inflamada: fazer o chá com a casca e gagarejar. Serve também para lavar a boca quando extrair dente ou para lavar qualquer ferimento. Casca do Cajueiro Roxo ■ o chá é bom para acalmar o coração e tam- bém para inflamções. Faz o mesmo efeito que a aroeira. Quixabeira - coloque dentro de á- gua fria (não se faz o chá), depois de algumas horas pode tomar. Serve para pancadas violentas e quedas. Raiz de Pega Pinto - o chá serve para problemas urinários. Abacate e Carambola - o chá dar; folhas é bom nara os rins. Erva Cidreira - o chá é indicado para anemia. Casca de Canela - o chá faz parar o vômito. Acônito - chá fira a febre. Salsas do Campo - toma-se banho com água das folhas fervidos. É bom para o tratamento díis equi zemas e írcitaç&es da pele.

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Cássia Virginica - Raízes de mamii- rroba misturadas com álcool, dei xando de três a quatro dias enterra da em uma garrafa e depois coada. ElixirSanativo Misture canapu.an gico, mandacaru ea entre-casca da aroeira, com álcool. Deixe apurar durante oito dias e depois coe.

Mas...

nem sempre

as plantas

curam

Jornal dos Bairros

Ê lido por mais de 50 mil pessoas que moram no Grande Recife

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( ) Maranhão e MPB-4 ( ) Roberto Carlos e Éramos ( ) Maurício Tapajós e Paulo Pinheiro ( I Paulinho Nogueira ( ) Benito di Paula ( ) Chico Buarque de Holanda ( ) Taiguara ( I Alcione e Luiz Américo ( ) Pixinguínha e Vinícius de Moraes ( I Paulinho da Viola ( ) Antônio Carlos Jobim e Chico ( ) Simone e João Bosco ( ) Wando ( ) Francis Hime () Marcos Valle e Milton Nascimento ( ) Antônio Carlos e Jocafi ( ) Sueli Costa e Simone ( ) Edu Lobo e Elis Regina ( I Gilberto Gil e Torquato Neto ( ) Geraldo Vandreè

Colaboração de Regínaldo -Duque de Caxias, 540 - Abreu e Lima

Resposta do Passatempo do número 3: 11,7,18,1,13;16,20 8 2 10 15 19 5 6,12,17,4,9,14,3.

1 Pesadelo 2 Lamento 3 Sabiá 4- Gabriela 5 Cavalgada 6 Fantasia 7 Otelo 8 Sinal Fechado 9 Benvinda 10 Desafio 11 Menina 12 Trocando em Miúdos 13 Viola Enluarada 14 Universo em teu corpo 15 ■ Jura Secreta 16 Moca 17 Reza 18 Roda 19 Presepada 20 Fica Mau com Deus

6 - Jornal dos Bairros

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,Ov Eo filtro somos nós?

Os moradores de Camaragibe, há várias

semanas, estão sendo obri gados a conviver com um

vizinho muito incômodo, que várias vezes durante o dia lhes faz visitas nada agradáveis.

Este vizinho é a fumaça expelida pelas cinco chaminés das caldeiras da Cia. Industrial Pernambucana - Cl PER -, e que vem causando aos moradores inúmeros problemas de saúde e higiene. Começaram a apa- recer as reclamações e a equipe do Jornal dos Bairros foi até lá para constatara realidade dos fatos, en- trevistando pessoas, escutando as histórias da tal da poluição da fábri- ca, das pessoas doentes e também os rumores da morte de uma crian- ça de seis anos. Nós respiramos por uns instantes a fumaça que aquele povo infelizmente, tem que respirar diariamente. Para você sentir me- lhor o problema, eis os depoimen- tos colhidos pela nossa equipe com alguns dos moradores.

O Sr. Arlindo mora na rua M uniz Machado e diz que a fumaça inco- moda muito e que tem escutado várias donas de casa comentarem que assim que acabam de limpar a casa vem a sujeira e estraga tudo, principalmente a fumaçapTétarque sai da caldeira de óleo.

"Conheço uma menina que teve que ir ao médico, pois estava com um problema na garganta e nunca se curava. O médico perguntou á mãe dela se havia alguma indústria perto de sua casa pois a infecção é provocada por algum tipo de polui- ção."

"Um dos diretores da fábrica, o sr. Antônio Carlos, diz que já con- tratou técnicos de fora, alemães, gente especializada, par? tentar re- solver o problema da fumaça das caldeiras, mas toda vez que eles mexem em alguma coisa lá dentro a fumaça parece que piora", finali- zou o "seu" Arlindo.

EOPOVOQUEM SOFRE

Outro morador da Rua Muniz Machado, o Sr. Sebastião da Silva já está indignado com a sitação em que se encontra sua saúde e a de seus vizinhos; "Desde que esta fu- maça apareceu começaram imedia- tamente ardeduras no nariz, muita tosse e irritações na garganta e nos olhos. A fumaça branca é a que mais cheira e talvez a que faz mais mal, e a preta suja tudo. Já ouvi várias vezes que o pessoal estava com vontade de fazer um abaixo- assinado, mas eu não sei se isto resolve, porque o abaixo-assinado vai para o M insitério da Saúde, que por sua vez manda algum funcioná- rio aqui, na hora que não tem fuma- ça e tem também o dono da fábrica, que fala que vai resolver a situação das caldeiras e dai fica tudo certo, tudo resolvido e só não se resolve o problema da fumaça que fica tudo na mesma e é o povo quem sofre. Lembrem o exemplo do açúcar Es- trela, no Cais José Mariano, no Recife. Durante muito tempo o pes- soal se mobilizou e não consegui- ram nada.Eu acho que quem tem que forçar a barra são os repórteres

'mostrando o problema para a opi- nião pública".

DEPOIS DE45ANOS...

Para explicar melhor ainda a si- tuação entrevistamos um antigo o- perário da fábrica, Humberto, que também mora na Rua Muniz Ma- chado.

"Trabalhei na fábrica durante 45 anos, desde os 16 anos de idade e hoje sou proprietário desta casa localizada bem em frente a estas quatro chaminés. Veja se isto é vida de gente? Passei os 15 aos 61 anos indo e vindo, da casa para o traba- lho, do trabalho para casa, enfurna-

m wnmm

A fumaça suja tudo, até o pulmão das pessoas.

do o tempo todo dentro de uma fábrica. Isto é atraso, só faz empo- brecer as pessoas, e agora depois de tudo sou obrigado a agüentar esta poluição danada. Cada caldei- ra cuida de seis canos que vão dar nas câmaras de compressão. No fundo da fábrica tem outra caldeira que cuida deIScâmaras. De madru- gada, de 2 em 2 horas as caldeiras são obrigadas a fazer descom pres- são no pequeno riacho que ladeia a fábrica. Nestas horas o barulho é tão ensurdecedor que chega ao ponto de assustar as pessoas desa- visadas."

"Sei de um caso que aconteceu com dona Lindalva, que mora perto do riacho.Ela tinha dois carneiros e um dia eles foram beber água, co- mo sempre faziam, no riacho: pou- co tempo depois os dois estavam mortos".

E todo dia acontece o seguinte, diz Humberto: "Quando a fábrica solta a fumaça, chega a formar um bolo de óleo e poeira nos cantos da casa. Agoraeu pergunto". Porque a fábrica não colocou ainda os filtros da chaminés? Ou ela acha que o filtro somos nós?"

ÉPRECISOUNIÃO

"Se as pessoas se reunissem e fizessem um abaixo-assinado eu acho que resolveria alguma coisa. Como eu sou aposentado não tenho medo, mas os outros moradores, meusvizinhos que trabalham e de- pendem dafábrica para poderviver, pensam no que ela poderá então fazer com eles. Como se não bas- tasse o que já está fazendo."

outra moradora presta seu de- poimento. É dona Maria Rodrigues que mora na Ladeira da Gruta.

"Quando a fumaça começa a sair imediatamente um cheiro forte aparece e a casa toda fica cheia de fuligem. Minha menina que tem oito meses já teve branqueolite e sof reconstantemente de gripe alér- gica. O médico que cuida dela já conselhou até que agente se mude para outro lugar, antes que aconte- ça alguma coisa pior, como um caso de uma criança de seis anos, que eu ouvi falar mas não presen- ciei, que morreu de bronqueolite, no pronto-socorro,por causa da po-

luição."

V V

*& $?

Na edição passada do Jornal dos Bairros, fizemos um debate com vários candidatos a deputado fede- ral e estadual, e a 15 de novembro todo mundo foi e depositou seu voto nas urnas, de acordo com os programas apresentados pelos can- didatos. Cinco dos que participa- ram do debate foram eleitos: Ro- berto Freire e Marcus Cunha, fede- raisHugoMartins, Eduardo Pandol- fi e Sérgio Longman, estaduais.

Todos eles foram unânimes ao afirmar que o trabalho parlamentar

È hora de c • • rar deve ter ligação direta com os seto- res populares. Enfim, que têm de trabalhar unidos com o povo e para o povo. Poise, elesforam eleitose é chegada a hora de ficarmos de olho na atuação de cada um e cobrar o que foi prometido.

"ESTA ELEIÇÃO FOI UMA PALHAÇADA"

Esta eleição foi uma palhaçada, porque não foi respeitada a vontade do povo. Eu sou nascido e criado aqui em Pernambuco e nunca vi uma coisa dessa. Mas eu espero chegar o dia de votar pra governo, pra prefeito. Benedito - operário - quatro filhos.

QUEM VAI ASSUMIRTENHOATÉ VERGONHA DE DIZER O NOM E"

Estou danado da vida. Nunca votei e, pela primeira vez que fui às urnasvotei em Jarbas Vasconcelos para senador porque ele no Senado ia lutar contra a cerestia, por uma constituinte imediata, pela liberda- de sindical e o direito de greve.

Na mesma hora vi a maior cor- rupção eleitoral. Jarbas, é nosso senador, mas quem vai assumir te- nho até vergonha de dizer o nome. Vou rasgar meu titulo para não participar pessoalmente de outra situação destas. Viva nosso sena- dor Jarbas!

José Ribeiro-Coelhos

EUNÃOSEIDENADA...

— Achei a campanha muito fra- ca aqui em Beberibe. Acho até que o M DB nem sabia que a gente exis- tia. Não tinha nenhum cartaz da- queles grandôes aqui. J.d.B. - Mas, e o comício final?

— Ah! Aí a gente botou pra que- brar. Foi uma beleza. A gente tinha se virado por aqui levando propa- ganda pelas ruas, de casa em casa, e o meu pessoal tava todo lá. J .d.B - E depois, como é que foi?

— A sra. viu? Teve uma urna ali no Pedro Celso que deu todos os votos pra Jarbas. Todinhos, visse? Não sei pçrque tão dizendo que ele perdeu...É muito esquisito, mas eu

José Ferreira - estudante.

Jornal dos Bairros - 7

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©s Bairros dão Notícia Santana

Lata cfágua na cabeça Em Santana, Casa Forte, os mo-

radores das ruas Henrique Macha- do, Franco Gondim e Travessa Hen- rique Machado, estão se reunindo e discutindo o problema da falta de água encanada.

O cano-mestre da COM PESA passa por perto, mas a uma distân- cia de pouco mais de 30 metros. Por

isso essa Cia. permite que os mora- dores puxem os canos para suas casas.

Através de um abaixo-assinado estão reivindicando a instalação de um cano-mestre junto daquelas ruas, afim deque, em breve tempo, possam deixar de carregar lata d' água na cabeça.

Abreu e Lima

Morro da Conceição

Vamos ler Está funcionando no horário das

8às12hs,edas14às22hs, aSalade Leitura da Casa Paroquial da Matriz de N. Sra. da Conceição. A Sala foi inaugurada a 15 de julho passado, idéia do Pe. Reginaldo, pertencente a essa paróquia. A Sala dispõe de livrosdidáticos, literatura, romance e está à disposição de todos que estão querendo aprender e se pre- parar melhor a vida.

Camarajibe

Cadê a luz? No loteamento Jardim Tabatin-

ga em Camaragibe, tem uma rua que há mais de dez anos quando passou a rede elétrica esta rua ficou sem energia. Não sabemos porque. Já fizemos abaixo-assinado para o Prefeito e nada foi resolvido. Tem casa com instalação há mais de um ano esperando pela vontade dos políticos que quando estão para se eleger,prometem tudo ao povo, - mas depois esquecem.

Em nome do povo do loteamento

Problemas na rua A rua Eliza Cabral de Souza não

tem nenhuma assistência da Prefei- tura nem parece ser a rua principal de Camaragibe, pois, além da gran- de quantidade de lixo ali existente, os canos estão com entupimentos, provocados pelo lixo, que só é reti- rado por quinzena. Como resulta- do, durante as chuvas, as nossas casas são atingidas pelas águas. Já fomosa prefeitura, pedimosajudae não foi tomada nenhuma providên- cia.

Maria Guedes da Silva-

Cegos criam Associação A C.A.C.N. (Cruzada de Assi-

tência aos Cegos do Norte/Nordes- te) teve início em Abreu e Uma, no dia 15 de março de 1977, com o objetivo de atender à situação difí- cil dos cegos.

Atualmente a Cruzada vem se desenvolvendo com muita dificul- dade. Não existe uma assistência por parte das autoridades Munici- pais, Estaduais ou Federais. Ela é mantida pelos próprios deficientes visuais pois alguns deles trabalham e no fim do mês dividem o dinheiro com todos. Por isso, seu presidente Edson Maciel sempre diz: "No fim do mês nossa conta no Banco sem- pre fica a zero". A luta dos 300 associados da C.A.C.N. exige uma força de vontade que merece uma maior atenção daqueles que têm visão perfeita e se sentem respon- sáveis pelo sofrimento de cada um;

já que as autoridades não tomam nenhuma providência. O povo em geral pode ajudarem muitoaCruza- da e para isso tem condições, dan- do, em primeiro plano mais apoio e confiança ao deficiente. Um defi- ciente visual é uma pessoa normal que precisa participar do quadro social em que vivemos e nao ser tratado como um inútil, como uma pessoa à margem da sociedade.

A C.A.C.N. vem funcionando na casa do seu presidente na rua da Glória, n0 72, em Abreu e Uma.

Para corpemorar o "Dia do Defi- ciente Visual", realizou-se uma Ses- são na Biblioteca Pública do Estado com palestras, informações, músi- ca e outras diversões. Tudo isso com o objetivo de valorizar o defici- ente visual lévando-o a participar do que existe de bom na sociedade.

Tabatinga

Transporte difícil

Segundo a leitora M ária J osé de Uma, a situação dos ônibus tá ruim em Tabatinga. Os ônibus passam duas horas e meia prá chegar, e quando chegam cheios demais não param nas paradas onde os passa- geiros estão precisnado chegar. No terminal, todo mundo fica esperan- do duas horas que o fiscal mande abrir a porta do ônibus pro povo subir. Chega-se no terminal de 6,30 da manhã e na cidade de 9 horas. Quase todo mundo perde a hora do trabalho por causa dos motoristas e fiscais. A estrada tem buracos para esconder caminhão. O DETERPE dev ia tomar providências junto aos fiscaisque não estão se importando em controlar o horário dos ônibus. E o prefeito de São Lourenço que ligue em asfaltar a avenida Lulza Medeiros em Tabatinga.

Alto Sta. Terezinha

União faz a força Um grupo de moradores do Al-

to, descobriu mais uma vez que a união faz a força. Precisavam colo- car um novo poste de luz diante da casa de D. Maria da cocada, como ela não tinha condições, juntaram- se e conseguiram resolver o proble- ma: fizeram uma quota, usaram o dinheiro da caixinha do grupo (cada um contribui com alguma coisa), uns foram tratar da compra do pos- te, outros de cavar o buraco, enfim izeram a instalação elétrica. Todos untos festejaram o término do tra- salho numa reunião muito animada unto com um representante do

Jornal dos Bairros.

São Lourenço

Estrada da Morte A BR 408 que liga São Lourenço a

Recife, é considerada a estrada da M orte, devido a tantosacidentes de veículos que ocorrem na mesma; no começo da estrada está uma ponte, que é conhecida como ponte de Dondon, só dá para passar um veiculo, esta ponte já é conhecida como o cemitério de tanta morte que se dá por ali. Quatro ocupantes de um Volks morreram ali é tanta morte que já perdemos a conta, a estrada é muito estreita e não tem acostamento, vamos numerar os acidentes que vêm acontecendo ul- timamente nesta estrada. Em fren- te a oficina da Construtora Leão, um taxi chocou-se com um ônibus da Brasília, e morreu o motorista do taxi. No antigo posto fiscal, um caminhão atropelou e matou uma criança. Em frente ao Mercado Pú- blico de Camaragibe um motoci- clista bateu em um ônibus da Brasí- lia e faleceu no local. Em frente ao posto médico da Prefeitura um ca- minhão atropelou e matou um ra-

paz, no mesmo local, um outro carro atropelou e matou outra pes- soa em frente ao loteamento P.S. Francisco. Um outro carro atrope- lou e matou uma senhora. No cruza- mento da linha Fenia com a referida estrada, um caminhão bateu no trem e o motorista ficou em baga- ços. Em outro cruzamento da linha com a estrada; uma Kombi bateu no trem e feriu todos que ocupavam a mesma e matou um fotografo mui- to conhecido em Camaragibe. A parte mais perigosa da estrada é a parte entre o mercado de Camaragi- be e o Hospital Alberto Mala, isto porque é muito estreito e não tem sinalização, enfim são inúmeros os acidentes ocorridos nesta estrada, se andar na estrada 408, é andar com a morte como companhia, por isso é que batizamos a referida es- trada como "A estrada da Morte".

Nós apelamos para as autorizadas tomarem providências no sentido de acabar com esta situação.

8-Jornal dos Bairros.