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Parceria com Secretaria de Ciência e Tecnologia irá qualificar mais 7oo pessoas O Instituto Cultural, Educacional e Profissionalizante de Pessoas com Deficiência do Brasil (Icep Brasil) iniciou, em fevereiro, a segunda etapa do centro de referência em capacitação profissional para pessoas com deficiência do Distrito Federal. Pioneiro na cidade, o centro, criado com o Ministério da Ciência e Tecnologia, irá capacitar neste ano 700 alunos em aulas regulares de informática básica e avançada, telemarketing, configuração e manutenção de microcomputadores e web design, divididas em seis turmas. Ainda há vagas para as próximas turmas. Página 3 Jornal do ICEP Brasil ICEP Brasil bate recorde de empregabilidade O ano de 2009 terminou com novo recorde no número de postos de trabalho conquistados por pes- soas qualificadas pelo instituto: foram 470 novos em- pregos. Página 7 Leia editorial “Acessibilidade: a eterna busca da linha no horizonte”, sobre os cinco anos do Decreto 5.296. Página 2 Central de Libras: dignidade e cidadania para deficientes Inaugurada em janeiro, a Central de Libras vem resgatando a cidadania da comunidade surda no Distrito Fede- ral. A nova parceria com a Secretaria de Ciência e Tecnologia vem auxili- ando, desde janeiro, a comunicação entre deficientes auditivos e os se- tores público e privado. Desde a cri- ação, 431 pessoas foram atendidas na sede do ICEP Brasil, que está en- viando intérpretes de Libras aos lo- cais solicitados. Dia 11 de março, autoridades locais e centenas de as- sociados compareceram ao ICEP para a solenidade oficial de inaugu- ração da Central de Libras e do Centro de Capacitação. Página 4 Câmara aprova aposentadoria especial para deficiente Projeto reduz prazo de contribuição para que defici- entes possam se aposentar em até dez anos. Medida é considerada uma conquista histórica. A proposta ainda precisa ser votada pelo Senado Federal. Página 5 Centro de ca p acita ç ão reinicia atividades Boletim informativo do Instituto Cultural, Educacional e Profissionalizante de Pessoas com Deficiência do Brasil Março/Abril - 2010 Foto: Severino Agripino

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Parceria com Secretariade Ciência e Tecnologia irá qualificar mais 7oo pessoasO Instituto Cultural, Educacional e Profissionalizante de Pessoas com Deficiência do Brasil (Icep Brasil) iniciou, em fevereiro, a segunda etapa do centro de referência em capacitação profissional para pessoas com deficiência do Distrito Federal. Pioneiro na cidade, o centro, criado com o Ministério da Ciência e Tecnologia, irá capacitar neste ano 700 alunos em aulas regulares de informática básica e avançada, telemarketing, configuração e manutenção de microcomputadores e web design, divididas em seis turmas. Ainda há vagas para as próximas turmas.

Página 3

Jornal do ICEP Brasil

ICEP Brasil bate recorde de empregabilidade

O ano de 2009 terminou com novo recorde no número de postos de trabalho conquistados por pes-soas qualificadas pelo instituto: foram 470 novos em-pregos.

Página 7

Leia editorial “Acessibilidade: a eterna

busca da linha no horizonte”, sobre os

cinco anos do Decreto 5.296.

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Central de Libras:

dignidade e cidadania

para deficientesInaugurada em janeiro, a Central de Libras vem resgatando a cidadania da comunidade surda no Distrito Fede-ral. A nova parceria com a Secretaria de Ciência e Tecnologia vem auxili-ando, desde janeiro, a comunicação entre deficientes auditivos e os se-tores público e privado. Desde a cri-ação, 431 pessoas foram atendidas na sede do ICEP Brasil, que está en-viando intérpretes de Libras aos lo-cais solicitados. Dia 11 de março, autoridades locais e centenas de as-sociados compareceram ao ICEP para a solenidade oficial de inaugu-ração da Central de Libras e do Centro de Capacitação.

Página 4

Câmara aprova aposentadoria especial para deficiente

Projeto reduz prazo de contribuição para que defici-

entes possam se aposentar em até dez anos. Medida

é considerada uma conquista histórica. A proposta

ainda precisa ser votada pelo Senado Federal.

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Centro de capacitação reinicia atividadesBoletim informativo do Instituto Cultural, Educacional e Profissionalizante de Pessoas com Deficiência do Brasil Março/Abril - 2010

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2 MARÇO/ABRIL DE 2010

EDITORIAL

Acessibilidade: a eterna busca da linha no horizonteEm dezembro de 2009, o Decreto 5.296,

que trata da acessibilidade das pessoas com deficiência, completou cinco anos. O decre-to regulamenta as leis 10.048, de 8 de no-vembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas com deficiência, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade. Natu-ralmente, trata-se de um importante avan-ço na construção de uma sociedade mais justa e fraterna para o deficiente.

No entanto, sabe-se que a distância entre a lei e a realidade muitas vezes transforma-se num abismo quase intransponível, ta-manhas as distorções verificadas no lado prático da aplicação da lei: o que se percebe no dia a dia é uma repetição de situações de constrangimento pelas quais passam defici-entes de todo o país, causadas pelas dificul-dades de locomoção e acesso a vias públi-cas, ônibus, prédios públicos, shoppings. A questão da acessibilidade, portanto, é um tema recorrente no que diz respeito à qua-lidade de vida e ao pleno exercício da cida-dania do deficiente físico.

Senão, vejamos. Vários dos ônibus do DF não possuem rampa de acesso para cadei-rantes. Por outro lado, os que possuem, precisam ser acionados, o que toma tempo e acaba expondo o deficiente aos olhares muitas vezes não amigáveis de outros pas-sageiros. O fato foi exposto recentemente em capítulo da novela global Viver a Vida, onde uma personagem numa cadeira de ro-das é agredida verbalmente por outros pas-sageiros, incomodados pela demora do co-brador em acionar a rampa do ônibus.

Infelizmente, a cena da novela ainda está longe de ser “mera ficção”. Ao contrário, ela traduz o resultado concreto da falta de ati-tude do poder público, ou do esforço de apenas tentar remediar o problema, não de solucioná-lo. Como resultado, vemos ôni-bus sem rampas, ônibus com rampas que não funcionam por falta de manutenção e ônibus com rampas ineficientes.

A situação não é muito diferente em pré-dios públicos e privados. No Distrito Fede-ral, cerca de 68% dos prédios não oferecem as condições essenciais para acessibilidade: rampas, elevadores e até banheiros. A área de saúde também sofre com a falta de aces-sibilidade em todo o país. Recentemente, o Ministério Público do Maranhão, num ato inédito, acionou a prefeitura de São Luís para garantir a reforma de hospitais, postos e centros de saúde, vários desprovidos de condições de acessibilidade. “O direito de ir e vir das pessoas com deficiência nesses es-tabelecimentos é desrespeitado. A falta de adaptação limita o acesso e dificulta o direi-to à saúde”, avaliou o promotor de Justiça Ronald Pereira dos Santos, segundo o site Quarto Poder.

Na verdade, um olhar mais atento ao uso da palavra acessibilidade suscita reflexões mais profundas. Há alguns anos, o analista de Controle Externo do Tribunal de Contas da União, Luiz Henrique Lima, publicou um estudo sobre acessibilidade, sob o ponto de vista jurídico. Um dos capítulos de seu trabalho tratava justo do uso do tema na jurisprudência dos Tribunais de Contas.

Lima se disse surpreso com a “quase ausência completa do tema” na experiên-

cia recente e na jurisprudência dos Tribu-nais de Contas do Brasil. Segundo texto do analista, “o termo acessibilidade não consta do Manual Fiscobras 2006 do TCU, que é o principal documento orien-tador de centenas de ações de fiscalização de obras públicas realizadas anualmente”. E não é só: a palavra também não está na Cartilha ‘Obras Públicas: recomendações básicas para a contratação e fiscalização de obras públicas’, editada pelo TCU em 2002. Por fim, na pesquisa de jurispru-dência em acórdãos e decisões efetuada nos portais na internet dos Tribunais de Contas dos Estados da Bahia, Paraná, Pernambuco e Rio Grande do Sul, “o ter-mo acessibilidade aparece apenas relacio-nado à questão de concursos públicos para admissão no serviço público”.

Fatos como estes dão bem a dimensão da importância da discussão em torno da acessibilidade no Brasil. A sociedade pre-cisa parar de ignorar o assunto e abraçar o debate. Urge ao poder público rever su-as políticas públicas no que tange o defi-ciente e incentivar parcerias como as fir-madas entre este instituto e o Ministério da Ciência e Tecnologia. A Central de Li-bras, para ficar em um exemplo, é a prova de que é possível promover acessibilidade e inclusão social, com a aplicação séria e transparente do recurso público. Só por meio de ações concretas de inclusão das pessoas com deficiência é que a sociedade irá conhecer o verdadeiro significado da palavra acessibilidade: cidadania. Assim, o termo deixará de ser uma eterna busca da linha no horizonte.

JORNAL DO ICEP BRASIL

Informativo bimestral do Instituto Cultural, Educacional e Profissionalizante de Pessoas com Deficiência do

Brasil

Presidente: Sueide Miranda Leite

Diretora Administrativa: Roselma da Silva Cavalcante

Texto, edição e projeto gráfico:Fernando Cruz - 2317/MTb

Fotos: Rose Brasil e Severino Agripino

Endereço: SIA Trecho 3 Lote 1240,

Brasília - DF CEP 71 200-030

Telefone (61) 3031 1700 Fax (61) 3031 1703

www.icepbrasil.com.br

email: [email protected]

Uma parceria entre o ICEP Brasil, o Ban-co do Brasil e associações comunitárias irá qualificar cerca de 700 pessoas deficientes ou não em informática básica no Distrito Federal. Para tanto, 14 telecentros comuni-tários estão sendo preparados para operar durante todo o ano. Dez já estão em funcio-namento. A iniciativa de levar a inclusão digital a diversas áreas carentes faz parte da ambiciosa meta do ICEP (que também irá qualificar jovens por meio do Centro de Referência em Capacitação Profissional para pessoas com deficiência) de encami-nhar pelos menos 1400 pessoas ao mercado

de trabalho em 2010. “Sabemos que é uma meta ousada, mas

iremos cumprir. Vamos continuar batendo na tecla da qualificação profissional. O mercado de trabalho precisa absorver essa mão de obra. É uma questão de justi-ça social”, afirma o presidente do ICEP Brasil, Sueide Miranda. O ICEP fez o ma-peamento das regiões com as maiores de-mandas pelos cursos. Em contrapartida, o Banco do Brasil doou dez computadores por telecentro e as associações cederam o espaço físico e se comprometeram com a gestão dos telecentros.

Banco do Brasil e ICEP viabilizam telecentros

Centro de capacitação na terceira etapa

O Centro de Referência em Capacitação Profissional para pessoas com deficiência do DF reiniciou, dia 22 de fevereiro, na sede do ICEP Brasil, a terceira etapa de ati-vidades. A primeira turma, com 78 alunos, encerrou os estudos dia 24 de março. Fruto de parceria firmada com o Ministério da Ciência e Tecnologia, o projeto é pioneiro e vem investindo na qualificação de deficien-tes para o mercado de trabalho com ênfase na inclusão digital desde 2007. Neste ano, o centro irá capacitar 700 alunos em aulas regulares de informática Informática bási-ca, telemarketing, configuração e manuten-ção de microcomputadores e web design, divididas em seis turmas. Ainda é possível fazer inscrições para as próximas turmas. As aulas da segunda turma tiveram início dia 25 de março e serão encerradas dia 28 de abril. No momento, 113 alunos estão dis-tribuídos nos cursos.

Desde o ano passado, o instituto vem qualificando também alunos não deficientes nos cursos, pessoas consideradas em situa-ção de vulnerabilidade social. De acordo com a psicóloga Angela Cezar, a idéia é criar vínculos entre as partes, estimulando a con-vivência. “Se essas pessoas podem conviver com deficientes durante os cursos, nada mais natural que elas também possam tra-balhar no mesmo ambiente em seus futuros empregos”, explica. “O foco é o mesmo, a inclusão social”.

Em 2007, foram qualificadas 995 pesso-as, das quais 340 garantiram vagas em pos-tos de trabalho. No ano passado, o número de vagas foi de 470. Das 470 contratações, 56,10% são deficientes físicos (264 pessoas), 14, 91% deficientes visuais (70 pessoas) 9,72% deficientes auditivos (46 contrata-dos), 11,13% pessoas não deficientes, (52 trabalhadores), 6,7% deficientes intelectu-ais, (31 pessoas) e 0,47% de cadeirantes (du-as pessoas), 0,97% deficientes múltiplos (cinco pessoas).

Segundo o presidente, Sueide Miranda, um dos desafios do ICEP para 2010 é au-mentar as contratações de cadeirantes. “O

cadeirante ainda sofre certa dificuldade para entrar no mercado de trabalho por conta da falta de cadeiras de rodas com qualidade, acessibilidade e de uma maior conscientiza-ção do potencial desse trabalhador por parte dos empresários. Para mudar isso, iremos desenvolver novos modelos de cadeiras de rodas, com enfoque na qualidade, além de trabalhar de perto com os empresários e fazê-los enxergar a necessidade dessas con-tratações”, afirma Sueide.

Recorde de contratações

O mês de janeiro sugere a possibilidade de um aumento considerável no ritmo de contratações em 2010: 83 pessoas, de um total de 153 encaminhadas, foram emprega-das, o maior índice para o mês desde a fun-dação do ICEP. “Qual o custo de um empre-go? O que é preciso fazer para colocar essas pessoas no mercado de trabalho? A resposta é simples: foco na qualificação. E é por meio das parcerias que os custos de capacitação são reduzidos”, pondera Sueide.

Parceria com Ministério da Ciência e Tecnologia irá capacitar mais 700 pessoas em 2010. Ainda há vagas para os cursos

3 MARÇO/ABRIL DE 2010

Em atividade: 113 alunos estão fazendo os cursos de capacitação na sede da entidade

Gestão para dirigentes O ICEP iniciou, dia 5 de abril, a se-

gunda etapa do curso Elaboração de Projetos e Captação de Recursos. Serão ministrados em abril dois cursos, com 30 alunos por turma. O objetivo é tornar dirigentes de entidades do terceiro setor e servidores públicos aptos a criarem projetos sociais. O curso foi elaborado pela psicóloga Andrea Chaves e a técnica em contabilidade Katia Godeiro, ambas com vasta experiência na elaboração e desenvolvimento de projetos para o ter-ceiro setor.

Funcionária do ICEP Brasil, Alessan-dra Rocha participou da primeira edição do curso em 2009. Ela aponta a abran-gência teórica e prática como o fator que diferencia este de outros cursos seme-lhantes no DF. “O curso de fato é um nor-teador para quem está no terceiro setor e pretende elaborar um projeto. É extre-mamente abrangente, aborda desde as-pectos legislativos até prestação de con-tas, passando por planos de trabalho”.

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Mais de 500 associados e re-presentantes de entidades de de-ficientes do Distrito Federal com-pareceram, dia 11 de março, à sede do ICEP Brasil para soleni-dade de abertura oficial da Cen-tral de Libras e da terceira etapa do centro de referência em capa-citação profissional para pessoas com deficiência. A Central de Li-bras é fruto de parceria firmada entre o instituto e o Ministério da Ciência e Tecnologia e vem auxili-ando, desde janeiro, deficientes auditivos na comunicação com funcionários dos setores públicos e privado. Os atendentes agen-dam as visitas de intérpretes de Libras pela internet (chat), por fax e pelo serviço 0800 (leia ma-téria na página 5).

Na presença de autoridades locais e do governo federal, o pre-sidente do ICEP Brasil, Sueide Miranda, conduziu a cerimônia. Ao final do evento, um vídeo so-bre a Central de Libras em lin-guagem dos sinais foi exibido,

com tradução simultânea. “Diante da complexa trajetória de inclu-são da pessoa com deficiência e, em especial, da pessoa com defi-ciência auditiva, o ICEP sempre buscou melhorar o processo de inserção dessa parcela da popula-ção por meio da difusão da Lín-gua de Sinais. Esperamos, com isso, diminuir as dificuldades de comunicação entre surdos e ou-vintes e possibilitar um atendi-mento igualitário para todos. A Central de Libras é resultado des-se esforço de anos”, ressaltou Sueide Miranda no evento. “É um resgate da cidadania”.

Sueide também destacou a importância da parceria com a Secretaria de Ciência e Tecnolo-gia para Inclusão Social do Mi-nistério da Ciência e Tecnologia. “Foi fundamental para a realiza-ção desse sonho”.

O deputado federal Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) se disse honrado em poder colaborar di-retamente com a criação da Cen-

tral de Libras e do centro de ca-pacitação profissional. À época, à frente da Secretaria de Ciência e Tecnologia, Rollemberg foi o responsável pela parceria que criou o centro de capacitação profissional, além de apresentar emendas parlamentares para apoiar projetos relacionados a pessoas com deficiência.

“Para que se perceba a impor-tância desses projetos, nas duas fases do centro de capacitação, mais de 1200 pessoas com defici-ência já conseguiram trabalho. É a forma mais inteligente, susten-tável, barata e digna de promover inclusão social”, afirmou o depu-tado. O secretário de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social, Roosevelt Tomé, disse que os re-sultados dos projetos do ICEP, em especial a Central de Libras, são fruto do trabalho da entidade e de seus funcionários. “Projetos como esse são uma referência na-cional e é obrigação do governo federal dar todo apoio”.

O suplente do PSB na Câmara Distrital Joe Valle também com passagem pela Secretária de Ci-ência e Tecnologia, afirmou que a secretaria é fruto da sensibilida-de do presidente Lula e represen-ta um “elo de ligação definitivo” entre a tecnologia e a população. Valle destacou ainda que o ICEP, nas avaliações do ministério, foi a entidade que teve a melhor per-formance “pela seriedade e clare-za na elaboração de projetos”. Para Valle, “é obrigação do ges-tor fazer chegar o recurso público integralmente às comunidades destinadas”.

Deputada distrital pelo PT, Érika Kokay fez duras críticas ao governo do Distrito Federal, por não ter criado uma central de li-bras. “Há três anos a Secretaria de Justiça disse que iria imple-mentar a central e nada foi feito. Foi preciso a iniciativa do governo federal e o do ICEP Brasil para que o projeto saísse do papel”, disse Kokay.

Central de Libras é inaugurada no ICEPSolenidade reuniu autoridades locais e associados e marcou reinício do centro de capacitação

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Inauguração do posto de atendimento na sede do ICEP Brasil: cerca de 500 associados estiveram presentes, assim como autoridades públicas

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Atendimentos triplicamem apenas um mês

Aposentadoria

especial aprovadaUma das maiores batalhas travadas

pelo ICEP Brasil nos últimos anos foi vencida dia 14 de marco, com benefícios para mais de 100 mil deficientes em todo o país. A Câmara dos Deputados apro-vou o projeto que trata da aposentadoria especial para pessoas com deficiência. Pelo texto, o prazo de contribuição para que deficientes possam se aposentar pode ser reduzido em até dez anos, de-pendendo do grau de deficiência. O pra-zo de contribuição por idade também será reduzido. A proposta agora será encaminhada ao Senado para análise.

“Essa é uma conquista histórica. Nós, do ICEP, e todas as entidades de pessoas com deficiência, lutamos muito por ela. Essa é uma vitória do povo brasileiro”, comemorou o presidente do ICEP, Sueide Miranda. Na semana passada, o depu-tado Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), um dos mais atuantes na defesa dos direitos dos deficientes no DF, afirmou ao Jornal do ICEP que o requerimento de urgência para votação do texto, de sua autoria, já havia sido aprovado e que poderia en-trar na pauta a “qualquer momento”.

Rollemberg destacou a atuação de entidades de deficientes, em especial a do ICEP Brasil, como responsável pela aprovação do texto. “A mobilização foi fundamental para acelerar o andamento do processo”, elogiou Rodrigo. Em mar-ço, ele intermediou o encontro de uma comitiva de mais de 100 representantes de entidades de deficientes de todo o Brasil com o presidente da Câmara, Mi-chel Temer, para discutir o assunto. En-tre as muitas entidades que lutaram pela aprovação do projeto, além do ICEP Brasil, destacam-se Inovi, ABDV, AADV, ASSURB, Grupo de apoio ao Deficiente Físico de Araçatuba e Mochipede.

Pelo texto, quem tem deficiência con-siderada leve terá uma redução de cinco anos neste prazo, quem apresenta defici-ência moderada contribuirá oito anos a menos e quem tem deficiência grave terá prazo dez anos menor para a aposenta-doria com base no tempo de contribui-ção. No caso da aposentadoria por ida-de, cai de 65 para 60 entre os homens e de 60 para 55 entre as mulheres a idade para a aposentadoria desde que seja cumprido um tempo mínimo de 15 anos de contribuição. Será necessário também comprovar que a deficiência existe há 15 anos para se conseguir a aposentadoria especial por idade.

A Central de Libras superou todas as expec-tativas desde que entrou em funcionamento na sede do instituto em janeiro. A central, que ofe-rece ao deficiente auditivo suporte, por meio de intérpretes, para a comunicação com ouvintes dos setores público e privado, triplicou o núme-ro de atendimentos no mês de março: 253. Em fevereiro, fo-ram registrados 71 atendi-mentos. Os atendimentos, que no mês de janeiro se da-vam na maior parte em hospi-tais e postos de saúde, agora também cresceram nos ór-gãos públicos e empresas do terceiro setor.

“O projeto é um sucesso. A demanda vem crescendo tan-to que tememos não dar con-ta”, diz Luciene França, su-pervisora de operação da Cen-tral de Libras. Só na primeira semana de abril, o número de atendimentos (79) superou o total do mês de janeiro, de 17. Até o fechamento desta edição o número total de atendimentos somava 431. “Estamos super felizes com o trabalho. Tem sido um aprendiza-do constante a convivência com o surdo, há sempre uma novidade que nos faz aprimorar nosso atendimento de acordo com a realidade deles”, destaca França.

A supervisora também se disse surpresa com os elogios dos profissionais que atende-ram os surdos e os intérpretes no momento da

tradução. Ela cita o exemplo de uma dentista do consultório Odonto Dent, localizado em Taguatinga Sul. “Ela ficou emocionada e nos parabenizou por criar um projeto tão maravi-lhoso”, relata França.

Entre os deficientes que procuraram a cen-tral, duas moças grávidas com exames de pré-natal marcados, além de uma defi-ciente que foi agredida no trabalho pelo chefe e precisou de auxílio na Delegacia do Trabalho. “Atendimentos como esse, logo no início, mostram a importância da Central de Libras. Ela não pode ser vista como um pro-jeto passageiro, mas sim como um suporte permanen-te para o deficiente exercer seus direitos de cidadão”, aponta Suede. “Além disso, a

central enfatiza a importância do trabalho do intérprete de Libras, profissional pouco valori-zado hoje nas empresas”.

Nesse aspecto, o instituto trabalha para minimizar o problema. Além da central, o ICEP oferece cursos para formar intérpretes em Linguagem dos Sinais e atender a de-manda de empresas que não possuem estes profissionais. O curso básico tem duração mínima de 120 horas e forma 25 intérpretes por turma. “Muita gente tem ligado para sa-ber a respeito do curso” diz Luciene França.

431é o número de

atendimentos feitospela Central de Libras do

ICEP Brasil

Central de Libras: auxílio vai desde mulheres grávidas até vítima de agressão no trabalho

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ENTREVISTA: JOE VALLE

“É preciso levar a tecnologia para a casa do cidadão”

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À frente da Secretaria de Ciência e Tecnolo-gia para Inclusão Social do Ministério de Ciên-cia e Tecnologia, Joe Valle assinou importantes projetos em parceria com o ICEP Brasil em be-nefício das pessoas com deficiência. De volta à Câmara Legislativa como suplente pelo PSB, Valle aguarda o desfecho do processo político no Distrito Federal, mas continua na trincheira da defesa dos direitos dos deficientes e excluídos sociais. Em entrevista exclusiva ao Jornal do ICEP, ele falou sobre o debate em torno da au-tonomia política do DF, fez um balanço de seu trabalho na secretaria e reiterou a importância de atividades como as do ICEP Brasil: “O traba-lho do ICEP é fantástico, demonstra seriedade e transparência na aplicação do recurso público”. À seguir, os principais trechos da entrevista:

Que balanço o senhor faz da sua gestão na Secretaria de Ciência e Tecnologia?

A Secretaria de Ciência e Tecnologia foi iniciada no governo do presidente Lula e tem como grande diferencial levar a tecnologia para a casa das pessoas. Isso faz diferença, porque ela aproxima o cidadão comum do ministério e da ciência e tecnologia como um todo, além de gerar qualidade de vida e inclu-são. Nesses três anos sob o nosso comando, a secretaria teve um crescimento muito forte no emprego do seu orçamento. Nós executamos mais de 90% do orçamento em todos os anos em áreas como tecnologias sociais e inclusão digital. Mas, mais do que isso, nós implanta-mos um sistema de gestão que permite trans-parência e controle social. Em um momento difícil como esse em Brasília, é importante que a população saiba o que está acontecendo em relação aos recursos aplicados. Esse sistema de gestão estratégica na secretaria é a base para que qualquer gestor possa ter a tranqui-lidade para aplicar os recursos no Brasil de forma transparente, com indicadores claros de como, quando e onde esses recursos foram aplicados. Isso dá mais segurança para o ges-tor e para a população.

Qual a importância das parcerias como as firmadas com o ICEP Brasil?

O ICEP faz um trabalho fantástico, demons-tra seriedade e transparência na aplicação do recurso. E o mais importante é o resultado: veja a Central de Libras, que hoje é um modelo de sucesso de inclusão dos surdos não só para Bra-sília, mas para todo o país. Vejo a vontade de trabalhar. Você vê o recurso público sendo apli-cado com bastante resultado para a sociedade.

Onde falta avançar para que o defici-ente não fique à margem do processo de inclusão social no país?

Falta uma consolidação da política pública nessa área. E mais do que isso: falta uma con-vergência das políticas públicas. Porque você vê muitas instituições, ministérios trabalhando com isso, mas com dificuldades de aplicar a lei na prática. Falta convergir os discursos e ações do governo federal com os governos estaduais e municípios na gestão das políticas públicas para as pessoas com deficiência. A política bra-sileira nesse sentido é muito avançada.

Como a tecnologia pode alavancar o processo de inclusão social no Brasil? Nesse sentido, o governo Lula seria um divisor de águas?

Como já falei, quando se fala em ciência e tecnologia para inclusão social, de fato o go-verno Lula é um divisor de águas. O Brasil tem condições, hoje, e sem medo errar, de levar isso para o mundo. Estivemos recentemente na Eu-ropa, onde estão vendo exatamente isso. Por-que não adianta você ter produção científica se ela não se aplicar diretamente à sociedade. Tecnologia e ciência são duas coisas fundamen-tais para o desenvolvimento do país, mas é pre-ciso que estejam na casa do cidadão brasileiro.

E a Secretaria de Inclusão Social faz exatamen-te isso, vai buscar a inovação industrial. Tem uma frase que eu gosto muito, “o conhecimento traz felicidade”. O conhecimento e a tecnologia trazem felicidade para o cidadão. Então esse é o grande salto do governo Lula, ter uma secre-taria que cuida especificamente disso, que é completamente transversal e atua em todo o território nacional, melhorando a qualidade de vida das pessoas.

Denúncias de corrupção dizimaram o governo Arruda e comprometeram boa parte da administração. Hoje se discute abertamente a autonomia política do Dis-trito Federal. O senhor considera neces-sária uma intervenção federal?

Nós temos uma posição partidária favorá-vel à intervenção. Muitas pessoas falam “inter-venção, não”, mas se você tiver um bom gestor numa intervenção, você tem como “zerar” o jogo, dar uma arrumada, dar uma parada, colocar um freio de arrumação para que a gen-te volte a ter referência, a referência da boa po-lítica. Porque, infelizmente - e falo isso com tris-teza - havia um governo que fazia uma propa-ganda de prosperidade, de austeridade e regu-larização, de um governo do bem... E de repen-te você descobre que era tudo fachada. Isso en-tristece porque nós, que estamos no meio políti-co, querendo fazer um bom trabalho, ficamos desanimados. Como você vai dedicar a vida para ajudar as pessoas, dentro da carreira po-lítica, quando percebe que está contaminada por políticos - e não quero generalizar - que só pensam no seu umbigo? E tudo isso na sua ci-dade, que tem recursos do fundo constitucional. Então é claro que você coloca isso em xeque, o cidadão vê o fundo que irriga o Distrito Federal sendo roubado, é claro que a reação natural é que se questione a forma de autonomia. E leve-se em consideração que há exemplos no mundo onde a cidade administrativa não tem autono-mia. Mas essa conquista da democracia não pode ser colocada em xeque por conta de maus políticos, de pessoas que fizeram mau uso da máquina pública.

O senhor é a favor de uma revisão do modelo atual?

Sim, se somos a favor da intervenção, que-remos zerar o jogo para começar de novo. Mas isso não significa tirar a autonomia do Distrito Federal, de forma alguma. Acredito na demo-cracia, é o melhor sistema vigente para que se alcance justiça social.

Foto: Rose Brasil

7 MARÇO/ABRIL DE 2010

Recorde de empregabilidade em 2009O ICEP Brasil quebrou em

2009 outro recorde no número de postos de trabalho conquis-tados por pessoas qualificadas pelo instituto: foram 470 novos empregos. Por meio de parceria com o Ministério de Ciência e Tecnologia, que possibilitou a criação do Centro de Referência em Capacitação Profissional para pessoas com deficiência, na sede do ICEP, 941 pessoas com e sem deficiência foram capacita-das na sede da entidade. No ano anterior, 441 pessoas deficientes haviam sido empregadas, de um total de 812 encaminhados.

Os índices de empregabilida-de indicam uma curva ascenden-te desde 2006. “Isso é resultado do nosso investimento em in-fraestrutura e da eficiência das parcerias firmadas, a exemplo da Secretaria de Ciência e Tec-nologia para Inclusão Social. A partir de 2008, todas as pessoas encaminhadas ao mercado de trabalho foram qualificadas na sede do instituto. Isso não acon-tecia antes”, informa Sueide Mi-randa, presidente do ICEP.

A novidade no ano de 2009 foi o início da qualificação tam-bém de pessoas não deficientes, em situação de vulnerabilidade social, muitas delas familiares de deficientes. Das 470 contrata-ções, 56% são deficientes físicos (263 pessoas), 14, 91% deficien-tes visuais (70 pessoas) 9,72% deficientes auditivos (45 contra-tados), 11,13% pessoas não defi-cientes, (52 trabalhadores), 6,7% deficientes intelectuais (31 pes-soas) e 1% cadeirantes (4 pessoas).

Segundo Sueide, um dos de-safios do ICEP para 2010 é au-mentar as contratações de cadei-rantes. “O cadeirante ainda sofre certa dificuldade para entrar no

m e r c a d o p o r conta da falta cadeiras de ro-das com quali-dade, acessibili-dade e de uma maior conscien-tização do po-t e n c i a l d e s s e trabalhador por parte dos em-presários. Para m u d a r i s s o , iremos desenvolver novos mode-los de cadeiras de rodas, com enfoque na qualidade, além tra-balhar de perto com os empresá-rios e fazê-los enxergar a neces-

sidade dessas contratações”, afirma Sueide.No dia 22 de fevereiro o cen-tro de referên-cia inicia as ati-v i d a d e s d e 2010. A expec-tativa é chegar a pelo menos 500 inserções no mercado de

trabalho. 700 pessoas serão qua-lificadas pelo centro. “Com a ex-pectativa de crescimento de 5% do PIB brasileiro em 2010, eu não me surpreenderia se atingís-

semos uma marca muito superi-or a essa. Por isso, só temos a comemorar, afinal o trabalho é o melhor processo de inclusão so-cial”, avalia.

Ele cita outro reforço para a quebra de mais um recorde nes-te ano: as atividades dos telecen-tros espalhados pelo DF, uma parceria com o Banco do Brasil que possibilitou ao ICEP abertu-ra no Distrito Federal de 10 tele-centros que servirão de postos de atendimento em qualificação profissional de pessoas com de-ficiência e em situação de vulne-rabilidade social.

Desafio a ser superado: instituto considera baixo o número de cadeirantes contratados no Distrito Federal

470pessoas deficientesforam inseridas no

mercado de trabalhono ano passado

Foto: Severino Agripino

8 MARÇO/ABRIL DE 2010

O time de basquete do ICEP Brasil pre-para-se para voos mais altos em 2010. De-pois de vencer o Campeonato Brasileiro de Basquetebol em Cadeira de Rodas - Ter-ceira Divisão, a equipe está de volta à roti-na de treinos, de olho no campeonato bra-sileiro da segunda divisão. Se o time seguir a mesma trajetória do ano passado, quan-do venceu o campeonato regional do Cen-tro-Oeste e as Olimpíadas da Cidade, o so-nho de disputar e conquistar a primeira divisão em 2011 pode se tornar realidade. Detalhe: o time do ICEP seguiu invicto em todos os jogos dos quais participou.

“Estamos trabalhando para ser os me-lhores. Se tudo correr bem, poderemos en-cerrar 2010 com a certeza de disputar a primeira divisão no ano que vem. O traba-lho será árduo, mas não impossível”, afirma o treinador Marcelo Mendes, um dos res-ponsáveis pela brilhante atuação do time no ano passado. A fórmula dele consiste no trabalho de grupo, no comprometimento dos atletas com a equipe.

A trajetória do time do ICEP é tão im-pressionante que a Volkswagen Cami-nhões e Ônibus, patrocinadora da equipe no ano passado, não titubeou em renovar o contrato de patrocínio este ano. Com o suporte para treinos e viagens, o técnico não tem dúvida de que o time terá condi-ções para ser uma equipe competitiva e ganhar o campeonato brasileiro.

No ano passado, o time do ICEP Brasil surpreendeu ao sair do anonimato espor-tivo para brilhar nas quadras do Distrito Federal e em Fortaleza, onde ganhou o tí-tulo da terceira divisão contra um time também do DF, Comissão Jovem Gente

Como a Gente, de Planaltina. O jogador do ICEP Carlos Alberto Chaves dos Santos chegou ao primeiro lugar do ranking de cestinha nacional. Sua performance che-gou inclusive a levar outros times a sonda-rem o jogador em busca de seu passe.

O ICEP foi a primeira entidade fora do estado de São Paulo a receber patrocínio da Volkswagen. Tanto o técnico Marcelo Mendes como o presidente do ICEP, Sueide Miranda, fizeram questão de res-

saltar a importância do apoio da empresa para que o time possa treinar. “O patrocí-nio da Volkswagen é fundamental. Tudo o que esses rapazes precisam é de incentivo para desabrochar seus talentos e capaci-dades. Com as oportunidades certas, te-nho certeza de que esse time do ICEP irá longe”, elogia o presidente Sueide Miran-da. Ciente de seu potencial, o time já ini-ciou os treinos para os primeiros amisto-sos no Distrito Federal.

Time do ICEP sonha com lugarna elite do basquetebol brasileiro

Treino árduo: equipe briga agora por título da segunda divisão do campeonato brasileiro

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: D

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