3
Junho de 2013 ficou marcado pelas grandes mobilizações nas ruas de todo o país. Não foi nem o começo nem o fim de um processo. A população auto-organizada resgatou a rua como principal espaço político para as trans- formações sociais. E, além de vitórias concre- tas obtidas, escancarou uma realidade dura de uma sociedade desigual, na qual a parcela que vive do trabalho vem perdendo direitos sociais nas últimas décadas. Muito se discute sobre as diferenças entre os governos da direita tradicional representada principalmente pelo PSDB e os governos do PT. De um modo geral, representantes das elites continuam mandando no país. Os governos pe- tistas seguem em aliança com velhos políticos da direita tradicional e com setores do capital financeiro como os donos de bancos que come- moram lucros recordes. As manifestações de junho mostraram que a juventude já não alimenta mais esperanças nos projetos petistas e tucanos, pois, estes são em si incapazes de enfrentar a principal marca deste país: a desigualdade social. A luta pelo resgate de direitos perdidos e a conquista de novos direitos sociais voltou a ser elemento central da política. Não é à toa que, quanto mais cresce a auto-organização da população, mais aumenta a repressão policial. Nas eleições deste ano não podemos deixar que os ricos e seus representantes sigam no conforto do seu poder. A democracia represen- tativa não reflete nem a cara nem os desejos da maioria do povo brasileiro. As campanhas eleitorais têm servido para as grandes empre- sas investirem nos candidatos e depois recebe- rem benefícios em troca. Precisamos mudar esta realidade, ocupando as ruas e as urnas com bandeiras anticapitalis- tas. A transformação só virá com o povo parti- cipando da vida política do país em suas ma- nifestações e com parlamentares socialistas que coloquem seu mandato a serviço da popu- lação, servindo para organizar a luta do povo por mais direitos e por outro projeto de país. NOSSAS LUTAS: - Auditoria da dívida pública - Imposto progressivo - Fim da criminalização dos movimentos sociais - Assembleias populares regionais e setoriais - Que a população decida sobre o orçamento estadual Queremos um futuro com democracia de verdade e sem desigualdade Isa Penna, 23 anos, é estudante de Direito da PUC-SP e começou sua trajetória política com 15 anos. Militou no movimento estudantil, partici- pando de todas as grandes mobilizações antes, durante e depois de junho de 2013, na defesa das bandeiras da juventude, das mulheres, das LGBTs, negras, e por transporte público, educa- ção e legalização da maconha. [email protected] isapenna50083 www.isapenna50083.org

Jornal Isa Penna 50083

Embed Size (px)

DESCRIPTION

 

Citation preview

Page 1: Jornal Isa Penna 50083

Junho de 2013 ficou marcado pelas grandes mobilizações nas ruas de todo o país. Não foi nem o começo nem o fim de um processo. A população auto-organizada resgatou a rua como principal espaço político para as trans-formações sociais. E, além de vitórias concre-tas obtidas, escancarou uma realidade dura de uma sociedade desigual, na qual a parcela que vive do trabalho vem perdendo direitos sociais nas últimas décadas.

Muito se discute sobre as diferenças entre os governos da direita tradicional representada principalmente pelo PSDB e os governos do PT. De um modo geral, representantes das elites continuam mandando no país. Os governos pe-tistas seguem em aliança com velhos políticos da direita tradicional e com setores do capital financeiro como os donos de bancos que come-moram lucros recordes.

As manifestações de junho mostraram que a juventude já não alimenta mais esperanças nos projetos petistas e tucanos, pois, estes são em si incapazes de enfrentar a principal marca deste país: a desigualdade social. A luta pelo resgate de direitos perdidos e a conquista de novos direitos sociais voltou a ser elemento central da política. Não é à toa que, quanto mais cresce a auto-organização da população, mais aumenta a repressão policial.

Nas eleições deste ano não podemos deixar que os ricos e seus representantes sigam no conforto do seu poder. A democracia represen-tativa não reflete nem a cara nem os desejos da maioria do povo brasileiro. As campanhas eleitorais têm servido para as grandes empre-sas investirem nos candidatos e depois recebe-rem benefícios em troca.

Precisamos mudar esta realidade, ocupando as ruas e as urnas com bandeiras anticapitalis-tas. A transformação só virá com o povo parti-cipando da vida política do país em suas ma-nifestações e com parlamentares socialistas que coloquem seu mandato a serviço da popu-lação, servindo para organizar a luta do povo por mais direitos e por outro projeto de país.

NOSSAS LUTAS:

- Auditoria da dívida pública- Imposto progressivo- Fim da criminalização dos movimentos sociais- Assembleias populares regionais e setoriais- Que a população decida sobre o orçamento estadual

Queremos um futuro com democracia de verdade

e sem desigualdade

Isa Penna, 23 anos, é estudante de Direito da PUC-SP e começou sua trajetória política com 15 anos. Militou no movimento estudantil, partici-pando de todas as grandes mobilizações antes, durante e depois de junho de 2013, na defesa

das bandeiras da juventude, das mulheres, das LGBTs, negras, e por transporte público, educa-

ção e legalização da maconha.

[email protected] isapenna50083

www.isapenna50083.org

Page 2: Jornal Isa Penna 50083

Quando pensamos que as mulheres não costumam participar da política, visto que o espaço público é majoritariamente masculi-no, podemos nos questionar: de onde vem tal situação? Historicamente as mulheres foram preteridas da participação política ou essa participação se deu de forma bem limitada. A gestão dos territórios, a elaboração das leis e ocupação dos espaços públicos são atividades vistas como masculinas, enquanto as mulheres devem cuidar da casa e das pessoas. O traba-lho doméstico e a maternidade ainda são, hoje, atributos femininos desejados e valorizados, visto como adequados às mulheres.

As mulheres naturalmente circulam pelas ci-dades, pelas vias públicas, mas são frequente-mente constrangidas com cantadas, assédios e outras formas de violência, como os estupros. Nos trens, ônibus e metrô, tal violência é ainda mais comum, pelo único motivo daquela pes-soa ser uma mulher, ter um corpo feminino. Os homens são educados para enxergarem as mu-lheres como subalternas, sem direito ao pró-prio corpo, disponíveis e submissas aos seus desejos. Em nossa visão, isso deve ser total-

mente revisto, a violência contra as mulheres e o cerceamento de sua liberdade têm de acabar.

A exclusão das mulheres dos espaços públi-cos e políticos traz consequências no seu dia--a-dia, já que suas demandas passam a ser secundarizadas no momento da elaboração de leis e conquistas de direitos. A dupla jornada de trabalho; a falta de serviços públicos para a manutenção da vida – como lavanderias e re-feitórios; a falta de creches para deixar seus filhos, entre outras coisas que não permitem que as mulheres possam ter tempo para o lazer e descanso são questões sempre secun-darizadas e é por isso que temos que eleger mulheres feministas para as casas legislativas.

Além da violência contra as mulheres, há um controle social sobre seu corpo que está levan-do muitas mulheres de baixa renda a danos irreversíveis à saúde física e mental, e até à morte: a decisão de abortar, que muitas vezes é a única escolha possível. Não podemos acei-tar que um caso de saúde pública como é o do aborto no Brasil seja mediado por Igrejas e ne-gociado com bancadas parlamentares funda-

mentalistas, quando sabemos que a proibição de fazê-lo restringe-se, na prática, àquelas que não podem pagar. Exigimos que o Estado ga-rante uma educação sexual preventiva, méto-dos anticoncepcionais gratuitos e o aborto se-guro e legal, para as mulheres poderem optar entre ser ou não ser mãe. Uma nova sociedade deve socializar as tarefas domésticas, para in-cluirmos de fato as mulheres nela.

NOSSAS LUTAS:

- Políticas públicas para socialização de trabalho doméstico, como lavanderias, restaurantes e creches públicas- Salário igual entre homens e mulheres- Ampliação das Delegacias da Mulher com funcionamento 24h- Por uma educação não sexista- Por educação sexual, distribuição de contraceptivos e legalização do aborto- Por um sistema de saúde preparado para as demandas das mulheres

Defendemos que a educação é um direito fundamental das pessoas e, para que ela seja garantida como tal, deve ser disponibilizada pelo Estado. A educação privada, ao cobrar mensalidades, exclui parte da população des-te direito e somente uma educação completa-mente pública pode garantir o acesso univer-sal a todos os níveis educacionais.

Para isso, é preciso investimento para am-pliarmos as vagas hoje existente com qualida-de. Garantir uma educação de qualidade, com respeito ao trabalho de professor, é essencial no nível fundamental, médio e técnico. Além disso, precisamos fazer com que os sonhos dos jovens de cursar uma universidade pública se torne realidade e a única maneira dos jovens

pobres entrarem nas universidades estaduais em nosso Estado é a partir da aplicação de co-tas sociais e raciais.

NOSSAS LUTAS:

- Dinheiro público para educação pública. 10% do PIB para educação pública já- Por gestão democrática, com participação de estudantes e trabalhadores, em todos os níveis da educação- Não ao PIMESP. Por cotas raciais e sociais- Valorização dos profissionais da educação- Por uma educação laica que combata as opressões às mulheres, negros e LGBTs.

Recentemente, fomos parte de diversas mobilizações por direitos ligados ao acesso à cidade e, especialmente, ao transporte. As jornadas de junho de 2013, e os protestos que seguiram revelam que a disputa pela cidade é central para quem quer construir uma outra sociedade.

O caos urbano, e em especial no que diz res-peito aos transportes públicos, é uma realidade cada vez mais insuportável para os moradores de São Paulo e de outras grandes metrópoles. Os altos preços das tarifas, a baixa frota e a péssima qualidade são sentidos no dia a dia da população. Em média, a população gasta 30% de sua renda com o transporte. Para as mulhe-res e LGBTTs, soma-se o problema do assédio e da violência sexual nas estações, ônibus e va-gões superlotados.

A existência da catraca e da tarifa representa uma verdadeira exclusão de muitos da circu-lação da cidade. Dessa maneira, os que são mais ricos são os que podem ocupar a cidade e acessar seus direitos, enquanto a maioria da população pouco pode se movimentar, e em péssimas condições, tradando assim o trans-porte como um privilégio e não como um di-reito. Nesse mesmo sentido, a cada aumento da tarifa, aumenta também a exclusão de mais pessoas da cidade. Se o transporte for enten-dido como um direito social, ele deve ser ga-rantido para a totalidade da população, e não somente para os que podem pagar.

Para garantir o acesso completo de todos à cidade, faz-se necessária lutarmos pela tarifa zero nos transporte e também pela existência de transporte público 24h. Andar pela cidade

é a única forma de acessarmos os outros direi-tos, como saúde, educação e lazer.

NOSSAS LUTAS:

- Tarifa Zero- Corte de incentivos ao transporte individual- Aumento do investimento estadual em transporte público- Ampliação da rede de transporte público para as regiões periféricas das cidades.- Transporte 24 horas- Campanhas de combate ao assédio no transporte público

Somos a favor da legalização das drogas pois o atual modelo de proibição é um ponto chave na questão da desigualdade, já que a atual legislação de drogas é o aval do Estado Brasileiro para se criminalizar e exterminar a população pobre, em especial jovens e ne-gros. Somente em 2011, foram 52.198 pesso-as mortas por homicídio no país, sendo que 71,4% eram negros e 52,6% jovens. Destes mortos, 56,1% dos casos supostamente têm ligação com o tráfico de drogas.

Enquanto temos este número de mortos pela tráfico de drogas, nunca foi registrado uma morte por overdose de maconha. Se-gundo levantamento da Unifesp em 2012, 1,5 milhão de brasileiros usam maconha diaria-mente, e cerca de 8 milhões já experimenta-ram a erva e temos que defender a liberdade individual de uma pessoa poder praticar um ato que só diz respeito a ela mesmo, sem ser controlada pelo governo.

Hoje, somente um grupo é penalizado pelo uso de drogas, os mais pobres. Por isso te-mos que ter uma nova legislação sobre dro-gas, como medida para combater a morte dos nossos jovens e o encarceramento em massa. O aumento do encarceramento de mulheres têm mostrado a precariedade de condições básicas nos presídios femininos. A proibição da maconha mata e ajuda o tráfico, o uso da droga não.

NOSSAS LUTAS:

- Legalização da maconha- Desmilitarização da polícia e da política- Fim da política de encarceramento em massa, da privatização dos presídios e das revistas vexatórias- Contra a internação compulsória de usuários de drogas

Fim do lucro na educação

Mulheres na luta por respeito e direitos

Tarifa Zero e transporte de qualidade

Legalização da maconha

Page 3: Jornal Isa Penna 50083

O Partido Socialismo e Liberdade nasceu em 2004 com a proposta de construção de um projeto socialista, democrático e libertário, onde a luta dos trabalhadores, dos excluídos e dos setores oprimidos por uma sociedade di-versa e igualitária seja nossa bandeira. O PSOL nasceu e se consolidou como uma alternativa de esquerda para aqueles que, durante mais de 20 anos, construíram um PT combativo mas viram suas lutas, sonhos e expectativas aban-donadas.

Nós somos parte da construção deste projeto, defendendo que o PSOL se afirme como um partido cada vez mais inserido nas lutas so-ciais construindo no dia a dia uma sociedade feminista, anti-lgbttfobia, anti-racista e ecos-socialista para os trabalhadores e trabalhado-ras.

Conheça o PSOL. Filie-se e luta com a gente!

Junho de 2013 demonstrou que é possível mudar o que parecia ser imutável, revigorando nossa força para acreditar em sonhos, mudan-ças e transformações da nossa sociedade tão desigual.

A criminalização da pobreza e dos movimen-tos sociais é responsabilidade dos governos fe-deral, estadual e municipal, pois têm tratado a

política como caso de polícia. Precisamos dar um basta nisso.

As manifestações de junho mostraram a esca-lada da violência policial no Brasil. Escancarou o que as quebradas já conheciam: que a guerra às drogas produzem uma segurança pública que mata jovem negro, indígena, todo dia.

Precisamos erguer nossas vozes para conse-guir garantir direitos como a tarifa zero, ca-samento civil igualitário, reconhecimento da identidade de gênero, desmilitarização da po-lícia e demarcação das terras indígenas. Cabe a nós mudarmos a política!

Giva é militante há 32 anos e atualmente compõe o Tribunal Popular e Comitê pela Desmilitarização da polícia. Nos anos 80 esteve na reconstrução dos grêmios livres e hoje atua na área de direitos humanos, onde constrói Fóruns de Crianças e Adolescentes na cidade de São Paulo, além de lutas contra o extermínio da juventude negra e pelos direitos dos povos indígenas. Constrói o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) desde 2006. Candidato das pautas de direitos humanos, defende a desmilitarização da polícia e o fim do genocídio da juventude negra, o direito irrestrito das LGBT’s, das mulheres e de todos aqueles que sofrem com as opressões. Defende a auditoria da dívida pública, para que o dinheiro do povo não seja entregue aos banqueiros e sim para as áreas sociais. Luta pelo direito à cidade.

givanildogiva.manoel

Paz sem voz não é paz. É medo.

PSOL: um partido necessário HOMENAGEM: