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Jornal Janela Aberta 009 - digital

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peridico do Instituto Cultural Janela Aberta sobre arte, cultura, literatura, software livre e economia solidaria

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um projeto do

J ORNAL

J ANELA ABERTAl iteratura, artes, software livre e economia solidária - ano 4 - número 9

editorial cristian cobraeconomia solidária conto: uma nova economia acontece wendy palo

software livre software livre é uma questão de liberdade cristian cobraprosa garota bad trip jemima murad

poema fluir alexandre stucchi de souzapoema celeste alexandre stucchi de souza

poema o rei sem reino alex tomépoema sem título marcos murad

poema abstração ana amélia pisanellifora do eixo letras romance desleixo

prosa quatro minutos leonardo panço

tirinha osvaldo spitaletti jrtirinha murilo bannertirinha rafael monster

tirinha os malvados andré dahmerjanela aberta: incubadora de artistas maju martins

entre você também nessa rede!

com o apoio de

versã

o digital

poema esperança alexandre stucchi de souzapoema bocejo alexandre stucchi de souza

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poema sem título marcos muradpoema não ter você fabiana ribeiroprosa maria lúcia josette monzaniprosa joca tijó gustavo veronési

PÁGINA ABERTA mais +++

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O Jornal Janela Aberta nãopossui nenhum direito

sobre os textos e imagensde terceiros nele

veiculados.

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As opiniões emitidas pelostextos aqui publicados nãosão necessariamente asmesmas de seus editores.Mesmo assim, são bemvindas todas as críticas e

sugestões.

InformesO que rolou no Janela Aberta:Desde a última edição do Jornal fo-ram muitos eventos e projetos queaconteceram: vários Identidade Jazze Identidade Hardcore, realizaçãodo Projeto Pequenas Expedições ede oficinas culturais no CEFA (Pro-jeto SOS Bombeiros), aquisição denovos parceiros na Rede do Conto,mudança do site para uma plata-forma livre (wordpress), participa-ção na Feira de Economia Solidáriado estival Contato, um novo grupode estudos de Dança Tribal sob cui-dados de Ligia Botelho, a publica-ção do livro Versos da Terra de JoséPaulo Maciel em parceria com aPrefeitura e Fundação Pró-memoria,exposição de quadros do Programade Medidas Sócio-educativas ParaMenores em Regime Aberto emparceria com o Salesianos São Car-los e outras ações que não citamospor causa do pouco espaço!

O que ta rolando:Aproveite para curtir os últimoseventos do Janela Aberta nos dias1 7, Identidade Hardcore e 1 8 Identi-dade Jazz. O Janela participará tam-bém do Congresso Fora do Eixo queacontece em São Paulo entre os di-as 1 1 e 1 8 de dezembro (informa-ções no nosso site). E as fériasestão chegando, e aproveitamospara informar que o Janela entraráem recesso no período de 23 dedezembro a 20 de janeiro.

O que vai rolar:Logo mais o Janela começará o pro-jeto "Catira em Santa Eudóxia", pre-miado pelo ProAC no edital"Promoção da continuidade dasculturas tradicionais". Para o anoque vem estamos aguardando tam-bém a chegada dos recursos doPonto de Cultura, que trará melho-rias à infraestrutura do Instituto epermitirá a realização de muitasoutras atividades, como olançamento de um edital paranovos incubados. Aguardem!

EXPEDIENTE

Editor GeralCristian Cobra

CapaMelissa Conde

Conselho EditorialJemima MuradCristian CobraHelena BoschiRicardo Gessner

Alex ToméDouglas PinoWendy Palo

ContatoR: Conde do Pinhal 2340

São Carlos - Centro(1 6) 341 2-6461

Correio eletrô[email protected]

Sítiowww.janelaaberta.art.br

Tiragem1 .000 exemplares

EDITORIAL

Rede é um lugar bom pra sonhar

Se você fizer uma busca pela internet, participar de algum

evento inovador ou mesmo prestar atenção nos noticiários da

televisão, você irá se deparar frequentemente com o termo “rede”.

Redes era o título do editorial anterior, e novamente nos vemos

obrigados a focar este tema.

O termo na verdade não é novo, mas começa a derivar

novos sentidos, começa a ter novos usos em novos contextos. Rede,

é defin itivamente um conceito do presente e do futuro. Estar

conectado é estar em constante troca. Não uma troca completamente

disparatada, desigual, assim eram as árvores, as pirâmides, as

estruturas sólidas e verticais do poder. As pirâmides eram

organogramas fechados, era preciso criptografar hieróglifos, colocar

armadilhas, obstáculos, era preciso enterrar o engenheiro junto com

o Faraó. Os planos, cartesianos, eram retas e pontos riscados em

folhas bidimensionais que não consideravam o verso, a mesa, o

lápis, a mão.

As redes são leves, intrincadas, embricadas, várias e ao

mesmo tempo uma, tridimensionais, quadrimensionais, indefiníveis

pois não podem ser simplificadas. As redes são maleáveis, pode-se

dobrá-las e enverga-las pulando assim de uma ponta a outra. Não é

competição, não é apenas cooperação, exigem juntamento e espaço,

pausa e respiro, conflito, reavaliação, novas conexões. As redes

podem ser nossa nova forma de entender as relações humanas e

ambientais. Câmara de aceleração de partículas, cultura laboratorial

de estudo, folha de rascunho. Teoria do Caos? O que você insere na

rede aqui, ressoa como lá, acolá e além? Receitas colaborativas e

coletivas: quando você vem pra rede, o que você traz? Uma

sugestão: a rede é um lugar bom pra se sonhar...

página 2

www.quicadesign.com.br

Cristian Cobra é escritor e o editor geral deste jornal. Seus trabalhosencontram-se, entre outros, no livro de poemas Guerras Contidas(2007) e em seu blogue www.excamas.blogspot.com.

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Carlos e Região!

Jornal Janela Aberta online!

Já conheceu o site do Jornal Janela Aberta? Agora, com nosso

novo site do Instituto, temos uma espaço próprio para o Jornal que,

além de vincular as versões digitais deste periódico, publica notícias e

informes sobre o Janela Aberta e a cultura em geral. Aproveite para

conferir a versão digital do jornal que, a partir dessa edição, será ex-

pandida e irá conter os textos que acabam ficando fora por causa da

falta de espaço. Visite e cadastre seu email! www.janelaaberta.art.br

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SOFTWARE LIVRE

Software Livre é uma questão de liberdade

No penúltimo texto desta coluna escrevi rapidamente sobre algu-

mas vantagens de ser um usuário Linux. Gostaria de voltar a tratar aqui com

mais detalhes um daqueles tópicos: a liberdade, considerado pela maioria

dos usuários como o mais importante.

No senso-comum as pessoas entendem que um Software Livre (SL)

é um programa gratuito. Isso não é verdade, essa defin ição cabe aos progra-

mas Freewares. Um programa, resumidamente, são várias linhas escritas em

alguma linguagem de computação que podem ser facilmente copiadas e al-

teradas. Um software tradicional tem essas linhas codificadas, para impedir

que outra pessoa use-as e faça seu próprio programa. É uma forma de pre-

servar o "direito autoral" de quem programou.

Isso significa que um programador precisa começar seu trabalho

do zero, pois não pode utilizar de algo já "escrito", já programado. O SL, ao

contrário, permite que um programador altere o programa já existente,

melhorando-o ou atribuindo novas funções criando assim um outro

programa. E isso não é um problema, pois os códigos dessa nova versão

também podem ser alterados e redestribuido-os. Isso proporciona uma me-

lhor evolução tecnológica pois impede que as pessoas tenham sempre que

começar um trabalho do zero. Esses programadores podem ganhar dinheiro

mesmo assim, ou ainda vender publicidade em seu programa, vender su-

porte técnico etc, sem restringirem os códigos de seus programas.

Isso gera, ao mesmo tempo, uma comunidade de usuários no en-

torno dos programas, o que torna todo usuário um colaborador potencial do

desenvolvimento de tal software. O avanço que esse modelo de trabalho re-

presenta vê-se em programas como os Libre/OpenOffice.org, que são recen-

tes e já se encontram em nível igual ou próximo do clássico Microsoft Office

(que já possui 23 anos), ou o caso do navegador Firefox que já superou em

muito o Internet Explorer no quesito segurança.

É claro que esse novo modelo de criação, gestão, venda e distri-

buição de SL também tem seus problemas, seus desafios e obstáculos (co-

mo a falta de colaboração por parte das grandes empresas que dominam o

mercado de software e especialmente de hardware) mas parte do princípio

de que a liberdade de entender, modificar e comparti lhar um programa, é

mais producente que restringír esses direitos. Coletivamente, esse modelo

do SL traz outras vantagens, como a democratização dos meios digitais, di-

minuindo custos dos governos, empresas e dos usuários domésticos.

E destaco aqui a importância de entender esse processo como

uma cultura. Não se trata apenas de melhor tecnologia, trata-se de baratea-

mento de tecnologia, democratização do acesso e liberdade criativa. Uma

cultura que possui similaridades com outros movimentos/fi losofias como a

Economia Solidária, a democracia participativa, o ativismo-ambientalista,

etc. Nós, do Janela Aberta, acreditamos que a filosofia do comparti lhar é

mais eficiente que a filosofia da competição. Esse é o motivo primeiro que

nos motiva a escolher sempre o Software Livre.

Cristian Cobra é aluno da Pós-Graduação em Linguística (UFSCar) e dsenvol-

ve pesquisa sobre Software Livre, direito

autoral e cultura digital.

página 3

www.cinesaocarlos.blogspot.com

Esse jornal é 1 00% produzido com Softwares

Livres, sendo eles: LibreOffice, Gimp, Scribus,

Firefox e fontes de caracteres livres.

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rede Conto

ECONOMIA SOLIDÁRIA

Conto: uma nova economia acontece!

Um dos primeiros depoimentos que ouvi sobre o conto foi: “que

legal, funcionou como dinheiro mesmo, eu paguei a conta toda com os

contos”. São recorrentes os relatos como este, repletos de admiração ao

poder gastar os contos adquiridos através do trabalho artístico.

Com a grande concentração de renda que o mundo convive hoje,

o dinheiro está ficando cada vez mais escasso e se concentrando nas mãos

de poucas pessoas. O Instituto Cultural Janela Aberta com certeza não faz

parte desse pequeno e seleto grupo, já que um dos grandes problemas

enfrentados pela entidade sempre foi a falta de recursos para poder

contratar o trabalho dos artistas, ou remunerá-los por alguma contribuição

dada ao Janela. Oferecíamos orientação e infraestrutura, mas

encontrávamos dificuldades no sentido da geração de renda direta.

O fato era: não havia dinheiro! Então precisávamos descobrir o

que já havíamos conseguido para tentar solucionar o problema. E

percebemos que tínhamos algo bem valioso: uma grande abertura no

diálogo com comerciantes locais, sendo que alguns, inclusive, já nos

apoiavam com alguns produtos e serviços. Em cima de um mapeamento de

todas as ferramentas que possuíamos em mãos e do que podíamos oferecer

a partir delas, começamos a desenvolver nossa moeda social e seu sistema

de circulação. Depois de quase um ano de trabalho – estudando,

pesquisando outras moedas e sistemas de trocas, quebrando a cabeça para

a escolha do melhor nome – surgiu o Conto.

A genialidade de uma moeda social está na forma como se dá o

intercâmbio socioeconômico, no mecanismo multi-recíproco utilizado para

fazer as trocas; não se trata de um sistema alternativo, e sim complementar

à economia. No caso do Conto, existem dois pontos primordiais a serem

destacados: o primeiro é o fato de ser uma moeda ligada à cadeia produtiva

da arte e da cultura, o que aquece o mercado não só para os artistas, mas

também para os produtores de bens e prestadores de serviços ligados aos

fazeres artísticos; o segundo é o fato de envolver empresários locais que

nunca tinham vivenciado a lógica da economia solidária, e em menos de

seis meses de moeda já vemos alguns comerciantes recebendo contos além

de suas cotas para poder utilizar em outros estabelecimentos.

Assim, o valor da moeda não está nela própria, mas no trabalho

que faz para produzir bens, serviços e saberes. O valor está na troca dos

produtos e serviços por outros produtos e serviços, sendo a moeda a

mediadora dessas trocas. Não está ligada a nenhuma taxa de juros, por isso

não interessa a ninguém guardá-la, mas trocá-la continuamente por bens e

serviços que venham a responder às mais diferentes necessidades. O

resultado é que o integrante da rede gasta menos com a moeda corrente,

pois substitui estes gastos por trocas. São ao mesmo tempo consumidores e

produtores destes bens e serviços.

O Conto não é a única moeda social que circula em São Carlos,

também existem o Marciano e o Contato, desenvolvidos respectivamente

pelos coletivos Casa Fora do Eixo Sanca e o Festival Contato. E estamos

sempre na expectativa do surgimento de novas moedas, pois elas são

elaboradas a partir da solidariedade de grupos, criando uma reflexão de

como cada pessoa que está excluída do mercado convencional pode trocar

os seus produtos, conhecimentos, serviços, trabalhos e cultura. Trata-se de

um instrumento de uma nova economia verdadeiramente humana para que

se possa comparti lhar e melhorar a qualidade de vida.

Uma outra economia acontece, comparti lhe desse ideal!

Wendy Palo é atriz, produtora cultural, militante política e uma otimista

inveterada

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SacolãoOriental

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PÁGINA ABERTAprosa & verso

garota bad trip

eu voltava pra casa a pé, como de costume. tinha sido um dia cheio - casa, banco, papelada,

trabalho trabalho trabalho. foi aí que eu resolvi passar na frente da casa dela. afinal, era

caminho.

eu passava lá na frente mesmo sabendo que ela não morava mais lá, eu passava lá na frente

mesmo ela não sendo mais minha vizinha. não cruzava mais com ela na rua correndo pra

faculdade enquanto eu corria pro trabalho.

ela foi a primeira menina legal que deu bola pra mim. meus colegas deram uma empurrada,

claro, mas cara, ela tinha namorado, isso era fo-da.

pra ela, ela não estava nem aí. ela me queria justamente porque não queria o namorado. ela

me queria porque queria se livrar do namorado por outro.

era isso que eu achava.

eu traí todas as minhas ex-namoradas por ela. ela também. foi assim que começou. eu, ela e

as amigas bêbadas dela. ela estava lá por outro - eu só estava lá por ela. os dezesseis anos

dela me fascinavam, ela falava bonito, cantava pra mim, tinha aqueles olhos grandes cor de

licor de chocolate, os cabelos dela tinham várias cores.

foi um dia de sol, sol, sol, lago e floresta. ela tinha medo das árvores, do vento, de tudo, e

nada ao mesmo tempo, ela me botava medo e isso era só mais uma parte do charme. eu

nem sei quantas vezes eu a beijei, nem sei se foi no bosque, na beira do lago, na praça, na

rua, na escada... na esquina da casa dela.

logo depois terminou a primavera bonita, começou o verão veio janeiro e as chuvas. e ela

voltou. sozinha, de vinho, bebendo frisante em garrafa de cerâmica. pra mim, três dias, três

noites.

ela me deu minha primeira noite. eu fui o primeiro dela, mas e daí? ela só estava lá pra

curtir. eu fui lá e me derramei sobre ela, e ela me deu as costas, fria, esvoaçante.

aquela garota é uma bad trip - que eu não canso de tentar repetir.

ano após ano eu a encontro, ano após anos nós nos encontramos. feito conjunção de

planetas. mas é que às vezes a face dela está voltada para o outro lado. todo ano ela é

minha, todo ano ela me escapa, todo ano eu me afasto dela. todo ano ela é minha.

Jemima Murad é graduanda em Gestão Ambiental, gosta de cantar, tocar, dançar e escrever,

mas dizem que ela não é artista.

Fluir

serei

areia a salgar

água,

estrela do mar.

mirar o fundo do mar

e lá

serei a morar.

Celeste

Céus!

Meu lençol azul

que o diga.

Alexandre Stucchi de Souza

tem 23 anos, mora em ja-

boticabal e cursa agrono-

mia. Planta e escreve para

quem sabe um dia colher.

Quer publicar seus textos ouimagens no Jornal Janela

Aberta?

Envie seu material pelo

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ou pelo nosso sítiowww.janelaaberta.art.br

Os textos serão selecionados

pelo nosso conselho

editorial levando-se em

conta critérios técnicos,

temáticos e ideológicos,

além do espaço disponível.

Todo material selecionado

será publicado na seção

Página Aberta da próxima

edição ou guardado para

edições subsequentes.

página 4

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fone: 31 1 6-8040R. São Joaquim, 936

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rede Conto

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Abstração

A vida se resume a um enorme picadeiro

Que na base do improviso

Eu faço meu carnaval sem enredo

Toco meu samba sem pandeiro.

Sou uma artista desconhecida,

Eu sou a arte,

Tudo faz parte,

Do coração partido até meu riso.

Nesse imenso picadeiro,

Com uma platéia nula,

Que mal sabe o que está acontecendo,

De tão absurda sua hipocrisia

Não enxerga o espetáculo da vida.

A mente vazia se limita abstraindo o entendimento do todo

Que no meio do meu improviso,

Do meu carnaval sem enredo e

Do meu samba sem pandeiro

A vida brota no meio deste caos,

Reproduzindo a arte como meu espetáculo final.

Ana Amélia Pisanelli não é Ana, não é João! Não é viado,

lésbica ou sapatão! É sua felicidade e o que mais quiser ser,

ama seus amigos e seus amores que jamais vai esquecer.

O Rei Sem Reino

Tenho um corpo

e tudo o que eu fizer é a continuação do meu começo.

Não chegarei ao fim sem ritmar caminhos,

isto é, manipular caminhos,

isto é, pular caminhos:

traçado aos trancos e barrancos

coisas que fiz e só fui entender mais tarde.

Abismo-me,

pernambuco-me nesta estória.

História sobre o desejo de reprimir o desejo.

Não sei se continuo nesta chama que me chama e queima.

Vou e volto em sucessivos súbitos abertos.

Sei que complico os fatos,

ora os fatos são o começo das coisas

e a incapacidade de contar uma história principia no buraco da voz,

ou melhor,

a incapacidade de contar uma história começa no fato de relatarmos

[a todo o momento que vamos contar uma história.

Descanso.

Os olhos como os livros, fechados: guardando ideias, palavras, sonhos, dor.

Alex Tomé é escritor, cineasta e militante político.

Sem título

Bolotinha gania para um canto do quintal.

Se sacudia e ameaçava aquela parte obscura de seu reino.

A parte de seu mundo que só lhe chegava o cheiro.

Marcos Murad é graduando em arquitetura, abstracionista

e artista.

Maria Lúcia

Maria Lúcia tem medo do escuro. E é desor-ganizada também. Estas características marcam asua personalidade, regram sua vida.

Nunca fica sozinha. Quando acontece de seumarido sair com as crianças, vai para a casa de suamãe. Isso, com 40 anos! Este fato acaba colaborandocom a sua desorganização. Nestas horas ela poderiaestar pondo em ordem a casa, com sossego. Achoque ela não gosta de ver as coisas ordenadas.

[por ser muito longo, confira o restante do texto naversão digital do Jornal em www.janelaaberta.art.br]

Josette Monzani é professora de cinema dos

Mestrados em Imagem e Som e em Estudos de

Literatura da UFSCar.

página 5

fone: 341 2-6266R. Major José Inácio, 221 1 - Centro

RESTAURANTE

Cantos&

Contosfone: 3372-7240

Av. São Carlos, 2796 - Centro

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fone: 341 3-4797R Bento Carlos, 325 - Centro

ConsultórioOdontológico

Dra Carolina Santezi

rede Conto

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SacolãoOriental

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PÁGINA ABERTAprosa & verso

Esperança

Eu vestido todo de cinza.

Me olhas.

Trespassa e sabes

que folhas e

coração

meditam.

Num vermelho paixão.

Bocejo

Amor de manhã.

Uma nuvem de passarinhos

Levou meus sonhos

Pra chover na praia.

Alexandre Stucchi de Souza

tem 23 anos, mora em jabo-

ticabal e cursa agronomia.

Planta e escreve para quem

sabe um dia colher.

Sem título

Se a cada passo

Cada rasgo

Se opusesse a razão?

Não

NÃO

O NÃO

Mas e se fosse o não a ânsia que consome?

Ou que move

Que força

E dá força.

Mesmo assim

E de vez em quando?

Por um momento o controle

Não, o medo de se possuir

De ter o Poder de Si

Questionando e Jogando,

O peso dos dois lados

Contrapondo-se

Superpondo-se

Porque o ser humano é um fardo

Uma doença

E ao mesmo tempo uma

Dança

Ou mesmo crença

Ou

Felicidade

Marcos Murad é graduando em arquitetura,

abstracionista e artista.

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rede Conto

Não ter você

Não ter você

É apagar a luz e sentir seu cheiro

É sentir as lágrimas rolarem pelo rosto

É quando todas as músicas se transformam

em canções de amor.

É pensar em você no café

no almoço e no jantar

É ver a estrada logo cedo e sentir

um aperto no peito e um nó na garganta.

É tudo a minha volta ter lembranças suas

desde a palavra falada uma só vez

até a repetida mais vezes

Os lugares nas ruas,

os bancos da praça,

as cadeiras do shopping,

e os carrinhos do mercado.

Tudo, tudo me lembra você

E não ter você só faz com que

cada vez mais o peito fique apertado,

os olhos marejados,

os pensamentos distantes

E o lápis trabalhando a escrever no papel

toda a falta que você me faz

quando eu não tenho você.

Fabiana Ribeiro é formada em Letras,

aficcionada por poesia e cinema.

Criamos essa versãodigital ampliada com o

intuito de podercontemplar todos ostextos enviados,

incluindo aqueles quenão foram selecionadospelo Conselho Editorialpara a versão impressapor critérios técnicos,estéticos, ou devido àslimitações do espaçoimpresso. Procuramos

assim ampliar o máximopossível o espaço e acirculação dos autores

locais que colaboram como Jornal.

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rede Conto

Maria Lúcia

I

Maria Lúcia tem medo do escuro. E é desorganizada também. Estas

características marcam a sua personalidade, regram sua vida.

Nunca fica sozinha. Quando acontece de seu marido sair com as

crianças, vai para a casa de sua mãe. Isso, com 40 anos! Este fato

acaba colaborando com a sua desorganização. Nestas horas ela

poderia estar pondo em ordem a casa, com sossego. Acho que ela

não gosta de ver as coisas ordenadas.

Meias, fraldas, roupa de cama, shorts, toalhas, tudo por passar a

ferro na sala de TV. A mesa da copa é um brechó: chaves, papel de

presente, pratos usados, bolsa, Nescau, sucrilhos e pão. As camas

eternamente por fazer. O banheiro, sem comentários. Nem as

tampas ficam nos lugares corretos. Mas Maria Lúcia é feliz assim.

Homero é quem sofre. Capricorniano, gosta de tudo arrumadinho.

Que fazer! Maria Lúcia não consegue ser diferente. Nos primeiros

tempos de casados, essa sua característica não era tão marcante.

Acho que ela se continha. Depois, com a vinda das crianças e a

soltura decorrente da convivência, a bagunça começou a tomar

corpo.

Ela adora fazer compras vantajosas. Gosta de liquidações e compra

por antecipação. Ela comenta:

- Que maravilha! Estes sapatinhos ficarão ótimos na Thelma

quando ela calçar 35, o que deve faltar só um ano, um ano e meio

para acontecer. Roupas de inverno por este precinho? Vou levar e

guardar.

E é isto o que sempre acontece. Só que ela acaba se esquecendo

do que comprou. Às vezes, Homero dá uma busca nos armários e

fica escandalizado com o tanto de quinquilharias que encontra.

Ele sempre sugere fazerem uma boa limpeza e darem o excesso

para os pobres. Maria Lúcia acaba achando uma desculpa para

guardar tudo de volta.

Outra grande mania de Maria Lúcia é a de manter muita coisa

usada que, eventualmente (sublinhado), ainda possa ter alguma

serventia no futuro. Um bom par de tênis de Thelma poderá servir

para Thaís, é claro. As roupas de Jr. servirão para o possível bebê

de Maria Emília, sua irmã mais nova. As roupas de gravidez ainda

terão uma função (alguma amiga sempre poderá precisar). E assim

por diante.

Mas, como afirmei anteriormente, ela é avoada e se esquece de

tudo o que guardou.

Pobre Homero! Maria Lúcia está fazendo escola. Suas fi lhas,

grandinhas, estão indo pelo caminho da mãe e contribuem

bastante com a bagunça geral. Cadernos, livros, canetas, lápis de

cor, mochilas, tudo fica estacionado em cima da mesa da sala de

jantar. Aliás, lugar de se fazer as lições de casa. De nada adiantou

Homero ter comprado uma escrivaninha para cada uma. Adiantar

até que adiantou, as escrivaninhas são excelentes lugares para se

largar os uniformes usados e os estojinhos de maquiagem.

Diomar, minha secretária extremamente lúcida (ela é capricorniana,

feito Homero) diz que o problema de Maria Lúcia é ser psicóloga.

- Todo psicólogo é assim. Têm essa mania de liberdade para si e

para os fi lhos. Deus me livre de trabalhar na casa deles.

Maria Lúcia não enxerga a bagunça e transita feliz em meio àquela

desordem. A única coisa a tirá-la do sério é o escuro. Ela compra

velas em profusão. Tem uma bela e possante lanterna e um

lampião. E tem, por medida de segurança, o que gera ódio

profundo em Homero, três cachorros vira-latas que servem para

nada em termos de proteção, já que são dóceis e tranqüilos. Aliás,

servem para aumentar a bagunça que, por intermédio deles,

alcança também o quintal.

I I

No auge da confusão, Maria Lúcia toca teclado. Ela não canta bem,

complexo que carrega desde menina. Quem um dia já não sonhou

cantar na bandinha da escola (que era mista, por sinal, enquanto

as classes eram separadas) ou no coro da igreja? Cantar nas

festinhas também. Era algo que ela não podia jamais fazer, com o

risco de comprometer suas paqueras. Hoje, depois de anos de

análise, ela se permite cantar, baixinho, em público. Mas, em casa,

ela já se liberou e canta feliz ao teclado. Bee Gees, Beatles, Ronnie

Von, todos os sucessos da sua adolescência são agora revividos. Ao

lado do samba que Maria Lúcia, com o tempo, aprendeu a gostar.

Ela anda até pensando em voltar a estudar inglês, ela que nunca

dera muita bola para esse idioma.

- Para cantar em inglês é preciso conhecimento das letras e da

pronúncia, senão fica cafona, ela diz.

Page 8: Jornal Janela Aberta 009 - digital

Mulher

Seria simples meu Deus

O pão de cada dia

As horas a regar as plantas

Os anos a ver os frutos crescendo

A felicidade nas pequenas coisas

O aroma na cozinha

Daquele que fica na memória

De quem passou a infância a senti-lo

O prazer de quem passou pela vida para propiciar

O chão brilhando

As camisas bem passadas

As crianças enfeitadas, (coitadas)

As comidas prediletas

A casa arrumada

E o tempo para bordar

Seria tão simples meus Deus...

Sem aspirações

Inquietações

Se toda mulher fosse assim

Nesse cotidiano, feliz.. .

Onde tudo cabe

E se tem tudo que cabe

Seria tão simples...

Povo

Penso , precipito

Penhascos, pontes, precipícios

Paredes, poeira

Prazer, paladar, palavras

Percorro paisagens, planos

Plaino

Pequenos poderes

Prisões

Profetizo, purifico

Por que?

Gisele de Carvalho.

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Maria Lúcia tem medo de ser considerada cafona. A causa disso

devem ser os seus cabelos. Eles são extremamente crespos. Na

juventude de Maria Lúcia o ideal era ter cabelos lisíssimos. O que ela

sofreu por esta razão! Ela vivia alisando os cabelos com todas as

porcarias que a revista Capricho anunciava. Sim, Maria Lúcia lia,

quinzenalmente, essa revista. Uma bíblia!

Bem, voltando à música, Maria Lúcia também não dançava bem.

Acho que sua timidez a atrapalhava muito. Hoje em dia, após a

terapia já comentada, ela se soltou: e dança. Ou melhor, até gosta

de dançar. Homero gosta de dormir cedo, mas precisa acompanhá-la

nas festas. Ela adora um baile de carnaval, uma boite ou mesmo

uma reuniãozinha dançante com os amigos. (Ela se tornou sociável,

quem diria).

Sempre dá festas, especialmente nos aniversários. Dado o seu modo

de ser, ela é péssima na organização que uma festa exige. O bolo

sempre é pequeno demais para os convidados, faltam refrigerantes,

a previsão de cervejas falha, as lembrancinhas das crianças nunca

são ordenadas com antecedência, a pipoca é pouca, o molho das

salsichas sai salgado demais. Apenas que todos ficam à vontade e

acabam por se divertir.

É claro que nessas ocasiões Maria Lúcia resolve novamente ser

econômica.

-Ah! esse patê até que não está velho e pode ser aproveitado.

- Dona Benedita pode fazer os salgadinhos, que saem muito mais

em conta do que aqueles feitos pela Sueli, com sua mania de

exagerar nos recheios.

- Salsicha da promoção também é gostosa. E faz o mesmo efeito.

Criança nem percebe!

Maria Lúcia parece feliz!

Josette Monzani é professora de cinema dos Mestrados

em Imagem e Som e em Estudos de Literatura da UFSCar.

Page 9: Jornal Janela Aberta 009 - digital

página 9

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Dra Carolina Santezi

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Joca Tijó

Frio, matuto, distante, não muito sociável. Assim era o pós

adolescente de tipo físico sofrido, cabelos precocemente

ralos, como suas atitudes perante a vida em comparação aos

pouquíssimos amigos de mesma idade, e pele típica de

habitantes de Novo Triunfo, cidadezinha próxima a Antas, no

interior da Bahia, onde morava.

De família triste, na míngua e de predicado italiano por terem

antecessores vindos da Europa, João Carlos suspirava sonhos

pelos cantos silenciosos e escuros daquela casa em que vivia

desde seu nascimento. Como todos os outros de sua região,

desejava conhecer um horizonte que lhe mostrasse além dos

secos campos que o cercava.

Não havia miséria no sentido real da circunstância, mas Joca

almejava uma vida um pouco diferente, queria ter o que

alguns amigos seus tinham e que ele só podia desfrutar nas

tardes de Domingo, quando Iranildo, seu melhor amigo

emprestava a televisão e sua sala acanhada para ver os jogos

de futebol dos times da capital. Não era só por isso que

Iranildo era seu confidente, mas pelo fato de ser mais

baixinho, franzino e pouco atraía olhares das moças quando

andavam juntos pelas ruas da cidade.

De tanto sonhar, mas também rezar todo sábado na igreja mal

acabada que havia ali , próximo à sua casa, Joca sentia que

algo iria mudar em sua vida. E não é que poderia mudar

mesmo? Numa certa tarde de quarta-feira, enquanto dormia,

o que era raro, pois sempre procurava, mesmo que fosse a

mais inúti l ocupação ou passatempo, como amassar

tampinhas de garrafas de bebida para parecerem um time de

botão, Joca recebeu um tapa na cabeça, era sua mãe, que o

acordara para atender um amigo mais velho esperando-o na

porta.

Ofegante e alegre pelo recado e boa notícia que tinha a

passar para Joca, o amigo mais fiel, porém menos ponderado

dos arredores contou sobre a chance de pegar uma carona

com seu tio Jacinto para São Paulo naquele próximo final de

semana. O tio havia recebido uma proposta de trabalho

temporário em um projeto de uma construção civil na grande

selva de pedra, onde já havia morado e trabalhado por uns

meses em anos anteriores, mas dessa vez queria levar o

sobrinho, Tião, para ajudá-lo na labuta e, quem sabe, colocar

o jovem grandalhão e com cérebro por desenvolver em dias

mais produtivos do que aqueles que sempre juntava pedaços

de revista amassados, catados no lixão de Novo Triunfo,

brincando de criar uma novela de papel.

Joca não teve uma primeira reação positiva, afinal estava

despertando e tentara raciocinar o que Tião, de pés descalços

e com algumas gotas de suor caindo de seu rosto devido ao

calor e a sua ânsia de estar junto com seu melhor e único

amigo fazia ali na porta de sua casa. –“Vamo Joca, leva aquela

sua chutera que tu ganho do seu pai quando ele jogava no

amador.”- exclamou Tião.

Com audição apuradíssima, avental amarelado, o qual usava

vinte horas por dia em volta de um corpo roliço, porém forte

e sadio, Dona Marta vociferou mais do que depressa, fez

sombra no filho que titubeava em responder algo ao amigo

que ali estava e como sempre com vergonha de pedir um

copo d’água para aliviar o calor conseqüente dos doze

quilômetros que correu ansioso em contar a novidade para o

colega de escola: – “Arruma tuas coisas menino, é sua grande

chance.” – ordenou quando enxugava as mãos calejadas que

a vida com Genésio, seu marido, a ofereceu desde que se

casaram.

Num caminhar sem muita vontade, três dias depois estava

Joca, na principal estrada de terra que o levaria ao ponto de

embarque, onde ficou combinado de se encontrar com Tião e

o tio. Mala surrada, pesada e de alça escorregadia em uma

mão, uma pequena sacola com alguns trocados e moedas

dadas pelo pai na outra, avistou Jacinto e seu sobrinho, o

menino grande na frente, todo sorridente, com o velho

gritando atrás, este com a única roupa limpa que possuía

depois óbito de sua esposa por desnutrição, vindo de duas

quadras dali .

Longos dias e intermináveis noites na rota do “melhorar de

vida” pelas estradas clandestinas, as quais o motorista não

tinha de pagar pedágio quase até o destino final da maioria

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dos ocupantes daquele ônibus não muito bem conservado

que rodava Brasil abaixo no sentido do mapa.

Nos primeiros dias na capital dormiram em um quarto sem

energia elétrica, pensão lotada de pessoas com caras de

intenções pouco amigáveis, próxima ao monte de pedras,

areia e madeiras que seriam usadas pelas mãos de Jacinto e

um grupo enorme de trabalhadores de função braçal no mais

audacioso projeto de arranha-céu já elaborado na terra da

garoa.

Mas Joca levou consigo a grande capacidade de disciplina e

organização que herdara do pai na maneira de arrumar e

controlar todas as ferramentas de Jacinto num pedaço coberto

à margem da construção, que estava a todo vapor. Ele havia

percebido que o tio era remunerado por metro quadrado

levantado e lembrando de muitas prateleiras que aprendeu a

confeccionar com o pai, conseguiu deixar as tralhas do

pedreiro aposentado de forma que o velho ganhasse tempo

em vir buscar qualquer um de seus instrumentos de trabalho.

Não demorou mais que duas semanas para aparecer ali no

pequeno espaço coberto, onde ficavam passando o tempo

dividindo milímetros com as caixinhas de madeira e

prateleiras arquitetadas por Joca a fim de organizar as coisas

do tio, um sujeito de ar rude, cabelos, barba, sobrancelhas e

bigode e brancos, trajando roupas novas, mas tomadas pelo

pó da construção que chefiava, a fim de saber como Jacinto

lidava de forma tão rápida com as inúmeras paredes que

erguia ao longo daqueles dias barulhentos e frios da cidade.

- “Você me parece ter futuro garoto. Tem uma qualidade que

nenhum de seus irmãos do nordeste têm quando chegam

aqui para tentar a sorte” – deduziu com veemência o velho

que sempre mantinha a mão sob o marca passo grudado no

seu peito, vítima de três operações cardíacas.

E assim Joca foi convidado por Osmar, o chefe de Jacinto, a

trabalhar como almoxarife na grande obra. Era natural que o

jovem recém chegado do sertão ia desenvolver outras funções

no auge de sua juventude e energia de viver, afinal não

assinara nenhum contrato, situação comum que os

encarregados de obras impunham aos que ali faziam valer

cada gota de suor para pagar cada colherada de comida.

Deu-se início a uma nova história com Joca começando sua

vida em um trabalho remunerado. Estava feliz, apesar de não

saber que muitas atividades que viriam futuramente o

deixariam indignado, até em algumas ocasiões revoltado, pois

não era pago para certos trabalhos. Porém isso ele esquecia

toda vez que entrava em uma cabine, antes de esperar

pacientemente no meio de uma fila kilométrica de

trabalhadores braçais, onde recebia um pagamento. Não era

muito dinheiro, mas contava e dobrava cada uma das cédulas

de real para guardar num envelope velho e rasgado que havia

deixado embaixo de seu minúsculo colchão onde dormia

apenas algumas horas.

Meses se passaram adentro daquela rotina cansativa, mas de

sensação de vida nova, pessoas novas, um degrau pequeno

em seu aprendizado por dia. Sem margens de dúvida

compensadora, porque para quem não ganhava um centavo

sequer para lavar os pratos do almoço da família ou ajudar o

pai no preparo de algumas tarefas nada prazerosas como tirar

a terra das enxadas e dar banho em seu meio de transporte,

um cavalo velho, Joca se sentia como nunca havia se sentido:

era alguém na vida. Mesmo em meio a uma multidão que

vive correndo de um lado para outro, bem diferente das

pessoas que ele estava acostumado a ver diariamente em sua

terra, quando resolvia dar uma simples volta no quarteirão da

construção gigante.

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Mas Joca deu certo. Desenvolveu uma fantástica habilidade

com trabalhos manuais, conseqüência das muitas noites que

gostava de rabiscar algumas formas e linhas em alguns

espaços em branco de revistas velhas, debruçado em sua

cama quando ainda dividia o quarto com seus pais. Sua

obstinação era notável por todos em sua volta. Era o melhor

entre os aprendizes. Tanto que acabou por receber mais

trabalho, mais afazeres, novos desafios. Destes adorava

escrever tão certinho o nome das peças que ele controlava na

obra, fazia com tanto capricho e zelo que mais uma vez o

observaram com outros olhos bem intencionados.

Em seu primeiro aniversário na capital Joca Tijó já havia

comprado algumas roupas, degustado de incomuns

guloseimas, aquelas mesmas que ele só via nas propagandas

de televisão em Novo Triunfo, melhorado a aparência, estava

até mais vaidoso.

Em uma certa sexta-feira, apontou próximo ao departamento

onde Joca trabalhava, um outro homem, este já de trajes

sociais, olhar concentrado em detalhes, fixo nos armarinhos

que Joca havia cuidadosamente pregado na parede. Em meio

a quinze minutos de conversa com o chefe de setor,

aproxima-se de Joca e diz: - “Jovem, você gostaria de ter um

emprego na construtora dessa obra?”.

Naquela noite Joca não deu sossego ao sono de Jacinto e seu

sobrinho, Tião. Falava nas possibilidades, no dinheiro que iria

ganhar, nas atividades que ia se comprometer a fazer, mas já

sabia com qual roupa e sapato iria usar na manhã seguinte

para falar o decidido “sim” ao homem que lhe dera um

cartão com o endereço da tal empresa.

Não foi fácil se adaptar ao novo trabalho. Joca teve muitos

obstáculos a superar: deixar de ser um “bicho-do-mato”, por

exemplo, foi o mais terrível de todos, pois as pessoas eram

diferentes, falavam uma “outra língua”, era tudo muito

assustador, mas ao mesmo tempo fantástico para sua mente

e olhos.

Seu desenvolvimento profissional era tão admirável e veloz

que recebeu convites para cursos de especialização, uma

bolsa para estudar em uma universidade. Davam-lhe

credibilidade em tudo, só pelo fato de perceberem

imediatamente que se tratava de um jovem de confiança,

honesto e dedicado ao extremo.

A missão do tio de Tião já havia terminado na grande

metrópole, precisava voltar com o “fruto colhido” para o

norte. Por isso, um dos dias mais difíceis de sua vida quando

já era gerente de projetos da construtora que não parava de

crescer foi o qual se despediu de seu melhor amigo e o tio,

homem que o trouxe para viver agora essa vida inédita, mas

cheia de esperanças e planos.

Nunca na vida Joca desfrutava de tanta privacidade, sensação

de poder e ter, não observava mais os valores dos itens que

colocava no carrinho quando ia ao supermercado, tinha

praticamente o que queria, mas ainda não conseguira se

desvencilhar da solidão naquele apartamento frio em um dos

melhores bairros da cidade.

Mais uma vez João Carlos havia se tornado um dos melhores

em sua área de atuação. Tanto que as cobranças seguiram

essa tendência. As horas extras já faziam parte de sua carga

de trabalho semanal como se fosse absolutamente normal

ficar até altas horas da noite dentro de seu escritório. Ele se

doou cento e cinqüenta por cento em relação à sua

capacidade de produzir. Exigiram dele mais. Contribuiu com

duzentos por cento do que podia. Pediram que fizesse ainda

mais. Conseguiu dar-se de si o que estava além de seu limite

físico, emocional e até racional.

Havia um encorajamento natural, adquirido pela experiência

dos anos que se passavam, para encarar novos desafios em

sua vida. Falar com várias pessoas estranhas que nunca

costumara ver na frente já não era mais um sacrifício

causador dos momentos em que suas mãos suavam perante a

grande preocupação que carregava desde menino: a de ser

rejeitado por qualquer atitude que tivesse. Incluído num

ambiente pobre de amizades verdadeiras, que ele mesmo

descrevia como uma “atmosfera podre” e de propósitos não

compatíveis ao seu caráter granjeado de berço, Joca também

aprendia muitos truques até ilegais com uma sociedade de

pouquíssimos idôneos, de pensamentos opostos à sua

propensão natural, sobre como sobreviver empregado e

Page 12: Jornal Janela Aberta 009 - digital

Dona Dora

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rede Conto

inserido no grupo.

As escassas horas de mordomia e prazer que tinha quando

usava seu dinheiro, objeto que até sobrara em sua conta

bancária há meses, o faziam esquecer um pouco os

momentos de correria, do nível máximo de cansaço e pressão

moral que sofria no emprego de salário gordo.

Carregando dias assim, e achando que tais sensações eram

resultado de uma simples gripe de cidade grande ou até

mesmo da fadiga diária que já se acostumara, perdurou em

continuar sua rotina acordando sempre no mesmo horário e

delineando o análogo caminho ao seu trabalho, quando ligava

o rádio para ouvir notícias matinais a bordo do carro que

tanto se orgulhava de ter conquistado.

Mas em uma determinada tarde de segunda-feira seu corpo o

avisou: havia desenvolvido a tal espécie de pânico de viver,

medo de sair de casa, chorava por horas antes de começar

mais um dia de trabalho. Estava desorientado e atordoado.

Parte do salário já estava destinada há alguns meses para

consultas no médico que seu amigo de setor, Marcelo, o

recomendara e também para comprar remédios que só

amenizavam sua angústia de não saber como decidir entre:

parar para viver um pouco, mas perder todo um crescimento

profissional e realização financeira que o iria aplacar no

futuro, ou dar continuidade aos dias de resignação,

desprazimento com uma ocupação excelentemente

remunerada que havia conquistado com muita luta, mas que

o estava deixando doentio.

Depois de refletir sozinho, em uma cadeira na varanda de seu

apartamento naquela rumorosa madrugada afora, Joca

começou a recolher do chão uma porção de pedaços de

papel. Eram os quais fazia contas, cálculos do que

aconteceria ou deixaria de acontecer para o destino de um

quase trintão, a fim de ter a inteira e absoluta segurança de

não tomar a decisão errada.

Foi quando Joca, com ares de um homem firme em seus

pensamentos, mas sabendo que chegara a hora do início de

mais um dia repleto de muito trabalho, saiu do banho, vestiu

os mesmos trajes que usara para ocupar seu cargo, agarrou

com brevidade sua mala e deu sequência aos passos de seu

cotidiano modo de viver.

Eram dez da manhã quando Marcelo notou um bilhete em vez

do computador portáti l que todos os dias escondia o rosto de

seu amigo mais estreitamente ligado, sobre a mesa da sala ao

lado. De imediato clamou por sua amiga de repartição que já

chegara cruzando as mãos e Marcelo, desabotoando a gravata

e com a sensação de não acreditar que se tratava de

nenhuma brincadeira do amigo, começaram a ler juntos:

“Caros amigos e amigas de trabalho:

Como não suportaria fazer uma despedida como teria de ser,

resolvi escrever este bilhete que está em suas mãos para

agradecer aos bons momentos que dividimos aqui nesta

empresa. As amizades, os desafios e as turbulências que

enfrentamos juntos. Turbulências essas que me fizeram

enxergar lá trás, quando eu era menino e talvez não soubesse

o que viria pela frente. Mas mesmo assim encarei com

competência e coragem tudo o que era diferente para mim.

Caí, levantei, curei dentro de mim uma pessoa que era cega,

não via em ninguém uma intenção aprovadora de minha

pessoa, pode ser devido à criação que tive em casa. Mas isso

é passado.

Vocês não precisavam chegar a mim e dizer uma só frase. Eu

percebia no dia a dia que todos me adoravam, apesar de

PÁGINA ABERTAprosa & verso

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rede Conto

estarmos sempre competindo nesse mercado de trabalho.

Gostei de todas as semanas, meses e anos que me dediquei a

esta empresa que me abriu horizontes.

Todavia esse ritmo e sistema de correr contra o tempo,

refazer o que já estava bom, lutar para conseguir melhores

produtos do que dos concorrentes e seguir praticamente uma

seita que prega a redução de custos e o melhor em menor

tempo, entre outras ideologias que eu não suportaria mais

um dia em seguir, decidi por voltar de onde vim. Viver minha

vida simples, sem o luxo que eu tinha, talvez até sem o carro

que eu comprei de imediatismo, afinal eu tinha um bom

salário. Lembram a primeira vez que saímos com ele,

estávamos todos juntos a caminho daquele bar onde nos

divertimos à farta? Pois é. Na terra onde nasci e estou

voltando não faria sentido eu sequer ligar o rádio ou abrir o

teto solar no meio de tanta aridez, falta de asfalto.

Por isso decidi desejar a vocês grandes conquistas e que

sejam os profissionais mais felizes, mais realizados e bem

pagos do mundo! Porque amanhã de manhã eu vou começar

a resgatar, mesmo que seja moroso, um pouco da felicidade

que eu tinha e da simplicidade de viver que perdi me

dedicando a somente fazer números em minha conta no

banco e não encontrar nesses anos que passei longe de mim

mesmo, um sentido de vida”.

Gustavo Veronési

E aí, gostou da nossa versão

ampliada do Jornal?

Então ajude a divulgar! Esse jornal pode ser copiado e

distribuido livremente, por cópias, email ou

disponibilização em sites e blogues.

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SemDerivados 3.0 Brasil.Com base no trabalho disponível em jornaljanelaaberta.wordpress.com.

Podem estar disponíveis autorizações adicionais ao âmbito desta licença emwww.janelaaberta.art.br.

Page 14: Jornal Janela Aberta 009 - digital

Dona Dora

FORA DO EIXO LETRAS

Romance Desleixo

Temos um caso, desses mais vagabun-

dos, com a palavra, dessas mais sorrateiras. So-

mos a FEL - Fora do Eixo Letras - e se for para

nos envolver, que seja com a palavra perdida, a

palavra secreta, aquela que não está nos livros,

aquela que se deseja intensamente, mas não se

sabe como, ou onde, exteriorizar.

Através de tecnologias que ressignifi-

cam a cadeia produtiva literária, a FEL flerta com

as mais plurais linguagens artísticas. Saraus,

Debates, Videopoemas, Turnês de autores, Va-

rais da Arte, Editora, Publicações Impressas e on

line são alguns dos encontros antropofágicos da

palavra-homem com a FEL, frente temática do

Circuito Fora do Eixo*.

Traímos o formato tradicional de pro-

dução, circulação e distribuição de obras literá-

rias e propomos aos escritores independentes

novos “romances” com o fazer diário da produ-

ção editorial e intercâmbio de autores. E a partir

de agora, contamos com uma parceria com o Ja-

nela Aberta, em um namorico de palavras que

promete, literalmente, dar o que falar.

Isto porque mais que canônicos “imor-

tais”, nosso flerte é com a linguagem viva, pul-

sante, que segue em um movimento horizontal,

coletivo e ansioso pela revolução do pensamen-

to humano usando signo, significado, significan-

te e (re)significador de uma sociedade livre.

Fora do Eixo é uma rede de trabalhos colabora-

tivos que ecoa nos mais de 1 00 pontos de arti-

culação e linguagem no Brasil e América Latina.

Esta edição do jornal teve sua circulação veicu-

lada através de uma parceria nascida entre FEL

e Janela Aberta para o IV Congresso Nacional

Fora do Eixo, em São Paulo em dezembro de

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Quatro Minutos

Eu não fiz nada por quatro minutos, apenas fechei os olhos e

pensei em coisas que nunca vão acontecer. Faço isso o tempo todo. Cruzei

as pernas, quando já deitado, e em seguida fiz o mesmo com as mãos sobre

o peito. Como um morto que aproveitasse o sol em uma praia agradável.

Lembrei, ou inventei, não tenho certeza, de que cruzar as pernas assim, dá

problemas de coluna. Descruzei e cruzei novamente. É mais forte do que eu.

Sempre cruzo as pernas. É automático, sabe? Apreciei a brisa do ventilador,

que sopra mesmo sendo inverno. Me sinto sufocado sem o vento ali . Um dos

cachorros esbarrou na porta do quarto onde eu fazia nada por quatro

minutos. Acho que foi a que não enxerga. Às vezes ela esbarra em coisas, já

que não enxerga. Também esbarro em coisas, estabanação ao que me

parece. Saí do torpor dos quatro minutos sem fazer nada, pisei no chão frio,

abri a porta e nenhum cachorro estava por detrás. Dormiam todos. Todos os

20. Abri a porta da sala que vai para o quintal para fazer um teste, uma

oferta para que o xixi fosse feito do lado de fora e não na minha cozinha

limpinha. Não fui em que limpei. Alguns olharam de rabo de olho, outros

nem acordaram com o barulho das chaves na madeira. Nenhum se animou

ao exercício e ficou muito claro que pela manhã eu precisaria de um

mocambo que limpasse minha cozinha novamente.

Leonardo Panço é músico do hardcore há mais 1 4 anos, integrando, entre

outras, as bandas Soutien Xiita e Jason. É também fundador da Tamborete

Entertainment, por onde lançou CDs de muitos artistas e seus três livros: Ja-

son 2001 - Uma Odisséia na Europa (2005), Caras Dessa Idade Já Não Leem

Manuais (2008) e Esporro (201 1 ).

rede Conto

Panço esteve em novembro em São Carlos quando conheceu o Instituto

Cultural Janela Aberta. Foi apresentado pela Casa Fora do Eixo Sanca onde

gravou um programa do Observatório Fora do Eixo com Alex Tomé e Cristian

Cobra discutindo tópicos sobre literatura. O autor circulava pelo Brasil

divulgando seus livros, os quais foram trocados por produtos da Loja do

Janela Aberta e lá estão a venda.

Page 15: Jornal Janela Aberta 009 - digital

JANELA ABERTA: INCUBADORA DE ARTISTAS

Maju Martins

Maju está incubada no Instituto Cultural

Janela Aberta desde 201 0, onde vem

desenvolvendo diversas atividades em parceira

com o Janela, como oficinas de teatro para

crianças e jovens, oficinas de Yoga e Estudos

Expressivos do Corpo, produção de espetáculos

(Antúrio, Todas as Vidas e Chapeuzinho Amarelo) e

redação de projetos para editais de financiamento

cultural.

Busca desenvolver um trabalho de criação

que esteja intimamente ligado ao corpo, aos seus

fluxos energéticos, às suas cargas tensivas e à

força que habita o inconsciente, criando uma

proposta poética. Trata-se de uma pesquisa

teórico-prática que busca na prática corporal do

Yoga e nos processos de criação do Butoh

elementos que sirvam de substrato criativo para a

criação de performances.

TIRINHAS

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Restaurante Cantos & Contos (341 2-6266)R. Major José Inácio, 221 1

Sacolão Oriental (3361 -7599)R. Antonio Blanco, 31 9

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Delart Design (31 1 6-1 868)R. Santa Cruz, 94 – sala 2

Marcenaria Criativa (341 2-6461 )*móveis planejados a partir de materiaisreaproveitados

CINEMACine São Carlos (3307-6006)R. Major José Inácio, 21 54*até 50% do valor do ingresso aceito em contos (nãocumulativo com a carteirinha)

CASADivino Sono (341 6-5578 / 341 6-5579)Av. Dr. Carlos Botelho, 1 630

ProHouse Colchões (3372-9724)Rua Miguel Petroni, 2297

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GRÁFICAGráfica Futura (3307-51 56 / 81 21 -001 5)R. Leoncio Zambel, 1 6 - Jd. das Torres*aceita parte do pagamento em contos (caso a caso)

Casa do Cartucho (341 2-7262 / 31 1 6-2808)R. Episcopal, 2292*recarga de cartuchos e tonners

HOTELARIAHotel Ypê (3371 -0026 / 3374-0377)R. Dr. Carlos Botelho, 2060

MÚSICAArte & Manha Luthieria (341 2-8000)R. Padre Teixeira, 1 976

Hell Bonito (341 5-261 0)R. São Sebastião, 1 820

FeedBack Estúdio (3368-6653 / 8829-0273)R. Machado de Assis , 393

VESTUÁRIOAll Time Jeans (3374-8464)R. Episcopal, 1 1 1 1

La Boutique (31 1 6-8040)R. São Joaquim, 936

SAÚDEConsultório Odontológico (341 3-4797)Dra. Carolina SanteziR. Bento Carlos, 325

* Antes de consumir lembre-se sempre de conferir a cota disponível noestabelecimento.

** O conto não tem troco em real.

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Economia Solidária de nossa cidade.