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Puxando o assunto, trazendo o debate, levando informação Locomotiva 11 de agosto de 2012 - sábado - nº 79 - Distribuição gratuita Única maternidade da região não tem médicos suficientes Conheça a história da escola de samba que mudou o carnaval de Franco da Rocha Pág. 7 Candidato do PSDB a prefeito tem coordenador de campanha acusado em caso de propina. PT e Kiko são multados por propaganda eleitoral antecipada Pág. 4 Única maternidade da região não tem médicos suficientes Maternidade de Caieiras recebe pacientes de cinco municípios Hospital de Caieiras, que também atende a Franco da Rocha, conta com profissionais em número reduzido para fazer todos os partos das gestantes das cidades vizinhas Pág. 5 Eleições 2012 Cultura da cidade Única maternidade da região não tem médicos suficientes Hospital de Caieiras, que também atende a Franco da Rocha, conta com profissionais em número reduzido para fazer todos os partos das gestantes das cidades vizinhas Pág. 5

Jornal Locomotiva 79

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11 de Agosto de 2012

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Puxando o assunto, trazendo o debate, levando informação

Locomotiva11 de agosto de 2012 - sábado - nº 79 - Distribuição gratuita

Única maternidade da região não tem médicos suficientes

Conheça a história da escola de samba que mudou o carnaval de Franco da Rocha

Pág. 7

Candidato do PSDB a prefeito tem coordenador de campanha acusado em caso de propina. PT e Kiko são multados por propaganda eleitoral antecipada

Pág. 4

Única maternidade da região não tem médicos suficientes

Maternidade de Caieiras recebe pacientes de cinco municípios

Hospital de Caieiras, que também atende a Franco da Rocha, conta com profissionais em número reduzido para fazer todos os partos das gestantes das cidades vizinhasPág. 5

Eleições 2012Cultura da cidade

Única maternidade da região não tem médicos suficientesHospital de Caieiras, que também atende a Franco da Rocha, conta com profissionais em número reduzido para fazer todos os partos das gestantes das cidades vizinhasPág. 5

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Candidatos registradosEm Franco da Rocha, os dois candidatos a prefeito tiveram seus pedidos de registro de candidaturas deferidos. Poucos candidatos a ve-reador foram indeferi-dos, pouco interferindo na disputa eleitoral.

A eleição segue o cursoOs dois candidatos a prefeito têm caracterís-ticas muito definidas. Kiko (PT) trabalha com a perspectiva do novo, da mudança. Já Pinduca (PSDB) aposta na conti-nuidade, tentando ligar a sua imagem ao prefeito Márcio Cecchettini.

Sem debatesFaltando 57 dias paras as eleições, que é o grande momento para a cidade discutir os seus problemas e as propostas para o futuro, continua-mos sem os debates, que apresentam o contraste entre as ideias, dando subsídios para o eleitor definir o seu voto.

Nova faseComeçaram os tradi-cionais comícios, que não têm mais os atrati-vos de shows musicais para atrair o público. Vamos ver se pelo

Locomotiva é uma publicação semanal da Editora Havana Ltda. ME.

Circula em Franco da Rocha, Caieiras, Francisco Morato, Mairiporã e região.

E-mail: [email protected] Endereço: Rua Bazilio Fazzi, 442o andar, sala 8

Impressão: LWC Gráfica e editora

Tiragem: 10 mil exemplares

Redação: Pedro Mikhailov e Thiago Lins

Projeto gráfico: Feberti

Diagramação: Luiz Dimm

Todos os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, a opinião do jornal.

menos contribuem para dar gás no debate.

MáquinaO prefeito tenta fazer a sua parte, com inaugurações e chamamento de funcio-nários da prefeitura para discutir as eleições fora do horário de trabalho.

Grande imprensaA Rede Globo esteve em Franco da Rocha fazendo matéria dentro da série so-bre desafios a serem enfren-tados pelos novos prefeitos a partir de 1º de janeiro, quando tomam posse.

Segue o jogo!Em Francisco Morato, a eleição prossegue com o Zezinho Bressane (PT) e a Dra. Andréa (PSDB) tendo indeferidos os seus pedidos de registro, mas aguardan-do julgamento de recurso em segunda instância. Podem continuar fazendo campanha normalmente.

Em julgamentoEm Caieiras, três candida-tos, Dr. Roberto Hamamo-to (PSD), Miranda (PT), e Nelson Fiore (PSB), foram deferidos, enquanto que Névio Dártora (PSDB), embora também deferido, aguarda, fazendo campa-nha, julgamento de pedido de impugnação em segun-da instância.

NOS TRILHOS

EDITORIAL

Risco nos postes

Expediente

P or mais primitivos que sejam os grupos humanos espalhados pelo planeta, uma tradição comum

entre todos é o cuidado com as crianças.Não existe registro de gente que

cuide mal do futuro representado pelos que nascem.

Em Franco da Rocha, na contramão desse costume, há três anos as crianças não têm um local público adequado para nascer. Antes mesmo de saberem do que se trata, aqueles que já virão a este mundo em uma condição social

desfavorável dependerão do desloca�mento a outra cidade.

Nesta edição, trazemos uma repor�tagem com o prefeito de Caieiras, na qual ele conta suas dificuldades para administrar os nascimentos no seu município e nos vizinhos.

Franco da Rocha não tem uma maternidade pública. Numa política desastrada perdemos a que tínhamos.

Hoje, Caieiras tenta resolver um problema que não é só dela. Leia a matéria e entenda o drama.

Um emaranhado de fios põe em risco os mora- dores da estrada Central, no bairro da Paradinha. Mas é possível encontrar instalações parecidas pelos bairros da Vila Elisa

e do Lago Azul. O medo dos moradores é que, com fortes ventos ou com o choque de algum objeto, o poste entre em curto circuito, comprometendo toda a rede elétrica da rua e a

integridade física das pessoas. Pior: o “gato” é oficial. Quem fez as ligações foi a empresa Elektro. Faltou um pouco de cuidado aí, não?

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Risco nos postes

Barulho de trem tira o sono de vizinhos da CPTMHá mais de um ano, família vive uma

situação de tirar o sono, literalmente. Mo-radora da Avenida 7 de Setembro, ao lado da estação de trem de Franco da Rocha, toda noite tem sido difícil para Sueellen Franco de Oliveira e seus parentes. Os trens da Companhia Paulista de Trens Metro-politanos (CPTM) param em uma linha desativada próxima aos fundos da casa e lá ficam a noite toda ligados.

“Os trens chegam às 22h e só vão embora às 4h15; ninguém em casa suporta mais essa situação.” Segundo ela, as queixas não surtem efeito. “Já entramos em contato com a CPTM, mas eles não resolvem”, desabafa Sueellen. Nos finais de semana a situação, afirma a moradora, é pior. “O trem chega sexta à noite e só sai na segunda-feira de madrugada. Nós só queríamos que não fi-cassem ligados a noite toda”, diz.

O problema afeta a saúde da família. “Mi-nha sogra está afastada do serviço por ordens médicas, ela precisa descansar, mas como conseguir isso com o barulho incessante? Meu marido é servidor público, trabalha em

plantões e precisa descansar. Minha filha tem quatro anos e acorda todas as noites. Quem pode viver bem assim?”, questiona a moradora.

Além do barulho, problemas de ordem estrutural afetam a residência da família. Surgiram rachaduras pelo quintal e pelo muro, que teve metade comprometida. “Por causa da trepidação causada pelos trens que ficam parados com o motor ligado, o nosso muro caiu”, conta Adilza Luci, sogra de Sueellen. “E para arrumar, nós é que temos que arcar com o prejuízo, só de mão de obra o pedreiro cobrou mais de R$ 5 mil”, completa Sueellen.

Segundo a CPTM, estão em curso obras para a construção de abrigos para reco-lhimento de trens e de novos pátios de estacionamento. A CPTM afirma que, até o fim desse processo, a empresa tem de usar vias auxiliares para estacionar os trens à noite e que uma grande área que pode-ria ser utilizada está ocupada com antigas composições do DNIT. A CPTM diz que já solicitou a remoção dos trens à União e aguarda providências.

Despejo ocorreu na tarde da quinta-feira passada

Linha de trem fica perto de residência de família

Na tarde da quinta-feira passada, comerciantes que trabalhavam ao lado da estação de trem Baltazar Fidelis (Paradinha) foram despejados por ordem judicial, cumprida pela prefeitura. Muitos deles reclamam agora por não ter um lugar para que possam continuar atendendo aos seus clientes. “Fomos avisados que tínhamos de sair daqui, porém a prefeitura tinha prometido que nós teríamos outro lugar para trabalhar, mas agora somos obrigados a sair

daqui sem ter para onde ir”, afirmou Antônio Marcos, que há 15 anos tra-balha no local. “Já que temos de sair, que já tivesse um ponto para gente não ficar desamparado”, completou o comerciante.

Muitos dos trabalhadores têm ali sua única fonte de renda e agora, sem poder trabalhar por período indeterminado, não sabem o que farão para sustentar suas famílias. “Sinto-me humilhado passando por essa situação, minha

Comerciantes da Paradinha são despejadosPrefeitura cumpre ordem judicial para desocupar local. Trabalhadores dizem que não têm para onde ir

mercadoria está toda espalhada pelo chão, sou pai de família, tenho quatro filhos e agora não tenho onde trabalhar para manter meus familiares”, desabafou João Félix. Situação parecida é a de Manuel Damião da Silva, que trabalha e mora no local. “Não sei o que vou fazer agora. Há quatro anos que meu sustento vem daqui, não tenho nem lugar para dormir hoje, o jeito é ficar dentro do meu carro velho e trabalhar catando papelão.”

O chefe da fiscalização da prefei-tura, Ari Fernandes, que coordenava a desocupação, explicou a ação. “Estamos cumprindo uma ordem judicial, todo mundo já tinha sido notificado, infelizmente não teve como transferir o pessoal daqui, mas existe, sim, um projeto para realocar todos os comerciantes que perderam o ponto. Eles não ficarão desamparados, porém ainda não temos um prazo determinado para isso acontecer.”

“Sinto-me humilhado.Sou pai de família e não tenho onde trabalhar”

“Estamos cumprindo ordem judicial. Todos foram notificados”

João Félix, comerciante

Ari Fernandes, chefe da fiscalização da prefeitura

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Suspeito em caso de propina coordena campanha de tucanoEx-secretário Marco Antonio Donário trabalha para Pinduca, vice-prefeito e candidato ao executivo municipal

Promotor Daniel Serra Azul, responsável pela abertura do inquérito

Acusados sofrem derrota na Justiça

Relembre o que aconteceu

O PT e o candidato do partido à prefeitura de Franco da Rocha, Francisco Daniel Celeguim de Morais, o Kiko, foram multados pela Justiça Eleitoral em R$ 15 mil cada por propaganda eleitoral antecipada.

O fato que levou à punição se deu em 24 de junho, quando o PT realizou a convenção que escolheu Kiko como o candidato do partido na eleição deste ano. O evento ocorreu na Escola

PT e Kiko são multados por propaganda eleitoral antecipadaEstadual Benedito Fagundes

Marques (Befama), em Franco da Rocha.

A representação foi movida pelo PRB, partido presidido pelo ex--secretário de Governo, Marcelo Nega. Na ação, o PRB alega que, no dia da convenção, foi distribu-ído material de campanha como adesivos e bandeirolas, além da presença de pessoas nas ruas com bandeiras do partido. As bandei-ras, porém, estampavam apenas

o logotipo do PT e o número 13, sem menção a Kiko.

Pela legislação eleitoral, qualquer propaganda só seria permitida a partir de 6 de julho.

De acordo com o PRB, o material do PT só poderia se dis-tribuído para filiados do partido e não para a população em geral. O PRB afirma que tal material foi distribuído, inclusive, na feira livre que é realizada aos domin-gos na cidade. O partido, em sua

A denúncia de pagamento de propina na prefeitura de Franco da Rocha parece não ter causado im-pacto suficiente a ponto de cortar alguns laços. Um dos envolvidos no caso se mantém ligado à atual gestão. Marco Antonio Donário é coordenador da campanha de José Antonio Pariz Junior, o Pin-duca, vice-prefeito e candidato, pelo PSDB, ao principal cargo do executivo municipal.

Donário era secretário de assun-tos jurídicos do prefeito Marcio Cecchettini (PSDB). Em julho de 2009, o Ministério Público (MP) encontrou em torno de R$ 60 mil em dinheiro e cheques de empresas prestadoras de serviço à prefeitura no gabinete de Donário e do secre-tário de governo, Marcelo Tenaglia, o Marcelo Nega.

Com base nesse fato, o MP ins-taurou inquérito para apurar o caso. Calcula-se que o suposto esquema de corrupção teria movimentado cerca de R$ 2 milhões. Segundo o promotor Daniel Serra Azul Guimarães, Donário e Nega são

representação na Justiça, argumenta que o alcance da ação do PT extra-polou os seus filiados.

Em sua sentença, o juiz eleitoral Ar-thus Fucci Wady, da 192ª zona eleitoral de Franco da Rocha, reconheceu a exis-tência de propaganda antecipada por parte do PT e que esta supostamente teria beneficiado Kiko.

O PT e Kiko entraram com recur-so no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo e aguardam julgamento.

hoje ninguém explicou a origem do dinheiro. Além do prefeito, do vice e dos secretários, dez vereadores estão envolvidos na investigação. Segundo Serra Azul, os acusados “recebiam propina para beneficiar empresas”.

Cecchettini disse à Rede Globo que afastou imediatamente os se-cretários. Donário, por iniciativa própria, saiu e não ocupou mais cargo público. Nega foi afastado, mas reassumiu o posto pouco tem-po depois. Na ocasião, o promotor pediu que os secretários fossem suspensos de suas funções. Como não houve ação imediata, Serra Azul disse que a prefeitura não estava colaborando. Em agosto de 2009, Donário recorreu, sem sucesso, ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) para que a investigação fosse suspensa.

Envolvidos no caso de propina na pre-feitura de Franco da Rocha sofreram uma derrota na Justiça em 31 de julho. A empresa Transcolar Locadora de Veículos, o prefeito Marcio Cecchettini, o ex-secretário e atual coordenador da campanha do PSDB para a prefeitura, Marco Antonio Donário, e a própria prefeitura tiveram recurso negado ao questionarem a acusação de improbidade administrativa.

A negativa ocorreu em segunda instância em votação unânime no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).

Os réus alegam que a ação não teria sido fundamentada, não teria havido improbi-dade administrativa, os contratos firmados seriam válidos e nem houve prejuízo aos cofres do município. Mas esse não foi o entendimento da Justiça, que manteve a ação. A decisão é dos desembargadores Franklin Nogueira e Aliende Ribeiro. Eles afirmam que “é prematura a alegação de que inexiste irregularidade nos fatos apontados” e que nenhuma das questões levantadas no recurso tem força para interromper o prosseguimento da ação.

Em 7 de julho de 2009, dois promotores de Franco da Rocha e dois do Grupo de Atuação Es-pecial de Repreensão ao Crime Organizado (Gaeco) cumpriram mandado de busca e apreensão na prefeitura e na Câmara. A operação apurava denúncias de pagamento de propina. O Ministério Público encontrou R$ 52 mil na sala de Marco Antonio Donário e R$ 10 mil na de Marcelo Nega. Parte do valor era em notas de R$ 50, R$

suspeitos de serem responsáveis pela distribuição da propina. Além do dinheiro, foram encontradas listas de pagamento. Nelas apare-cem os nomes de quem distribuía e recebia os recursos. Pinduca e Cecchettini constam na relação. Até

20 e R$ 10 e parte em cheques. Sem explicação para a origem do dinheiro, os secretários foram encaminhados para a delegacia para prestar depoimento. Também foram apreendidos computadores e cadernos com anotações. A pro-pina envolveria empresários da cidade com contrato com a prefei-tura. Na ocasião, foi dado prazo de 30 dias para que se explicasse a origem do dinheiro, o que não ocorreu até agora.

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PT e Kiko são multados por propaganda eleitoral antecipada

Salário menor afasta profissionais

Faltam médicos na única maternidade da região

Hospital de Caieiras não tem profissionais suficientes para atender cidades vizinhas

A única maternidade na região não tem médicos em número suficiente para fazer todos os partos. A afirmação é do prefeito de Caieiras, Roberto Hamamoto, que, na terça-feira passada, convocou a imprensa para explicar a situação da Maternidade Estadu-al Vitalina Francisca Ventura. O problema atinge, além de Caieiras, Franco da Rocha, Mairiporã, Francisco Morato e Cajamar.

Hamamoto vem sofrendo críticas sobre a maternidade estadual e seu serviço insuficien-te para atender as mães da região. O hospital foi inaugurado pela gestão do ex-prefeito Névio Dártora (PSDB), sem rede de esgoto e laudo de funcionamento dos bombeiros. “Inaugurar o hospital é uma coisa, colocá-lo em funcionamento é outra completamente diferente”, diz Hamamoto.

“O primeiro ponto a esclarecer sobre a ma-ternidade é que o prédio é municipal. Mas existe uma parceria com o governo do Estado em que foram cedidos dois andares para a maternidade estadual que atende a região, dentro da política de regionalizar o atendi-mento específico.”

Segundo o prefeito de Caieiras, o hospi-tal funcionava sem nenhum problema até a implantação da maternidade regional, que atende a população dos cinco municípios. Com a falta de médicos no serviço estadual, o atendimento da maternidade tem um déficit de 40% de profissionais hoje.

A saída encontrada por Hamamoto foi um convênio da prefeitura com um hospital particular da cidade pago com dinheiro público, indicação dele quando era vereador na cidade e a maternidade ainda não existia. “Mesmo com o surgimento da maternida-de, preferi manter o convênio em caso de emergência”, explica. Com a falta de médi-cos, o número de partos não atendidos pela rede estadual cresceu, sobrecarregando os cofres do município com partos de pessoas da região. “Estamos pagando por partos de crianças de toda a região, o que não é justo com os contribuintes da cidade”, desabafa. Em junho desse ano, foram 55 partos de Franco ante 32 de Caieiras. “Seria o caso de restringir apenas para atendimentos a gestantes de Caieiras, mas não podemos fazer isso com casos urgentes, afinal a ma-ternidade é estadual e elas deveriam ser atendidas aqui.”

Apesar de tratar-se de um problema esta-dual, a solução seria cada um dos municípios criarem convênios com hospitais particu-lares, ou mesmo enviar médicos. Francisco Morato chegou a enviar um médico, mas após dois plantões ele pediu demissão. As outras cidades não enviam nenhum tipo de ajuda a Caieiras.

Com a criação do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), os mé-dicos passaram a cumprir o que manda a Constituição Federal, que permite apenas dois vínculos com cargos públicos. Mas os salários estaduais são menores do que os pa-gos pelas prefeituras, o que leva os médicos

a preferirem empregos nas redes municipais, esvaziando o quadro da rede estadual.

A procura por empregos nos hospitais es-taduais também tem sido ínfima. O Estado abriu três concursos, sem conseguir completar as vagas. No último, eram dez vagas dispo-níveis. Apenas dois médicos se inscreveram.

dos partos feitos na maternidade são de franco-rochenses

é a média mensal de partos de

franco-rochenses

atendimentos de ginecologia e obstetrícia de cidadãs de Franco da Rocha foram feitos em

junho

Fonte: Governo do Estado de São Paulo

58% 97 273

“Estamos pagando por

partos de crianças de toda

a região, o que não é justo com os contribuintes da

cidade”Roberto Hamamoto,

prefeito de Caieiras

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Morangos na água Leonardo Tiê é um dos precursores da

hidroponia (cultivo de plantas diretamen-te na água) no país, onde a cultura desse tipo de plantio tem menos de 20 anos. Ex--metalúrgico, comprou um terreno na área rural de Franco da Rocha há 17 anos para pesquisar e desenvolver a técnica.

Com a hidroponia, que significa “cultivo na água”, os custos da produção são muito reduzidos, apesar do alto investimento. “Na terra, são necessários 20 mil litros de água por dia para 20 mil pés de hortaliças. Na hidroponia, são 20 mil litros por mês”, explica o agricultor.

Apesar de nova no Brasil, a técnica é ve-lha conhecida da humanidade. “Os jardins suspensos da Babilônia já utilizavam a hi-droponia”, explica Tiê. Comercialmente, a técnica foi recuperada após a Segunda Guerra Mundial. Além de evitar as pragas

que nascem no solo, o cultivo na água é quase uma alquimia. “No solo o adubo se decompõe, vira sais minerais e a planta ab-sorve. Na hidroponia, já entramos com os sais direto na planta. É preciso equilibrar todos esses sais na composição da água que alimenta as mudas.” A única praga que insiste em aparecer são pequenos trevos, que vêm junto com as mudinhas.

Pela plantação de Tiê, já passaram mais de 23 tipos de hortaliças. Hoje, ele planta apenas morangos, que pertencem à famí-lia das rosas. São quatro variedades: Oso, Caminho Real, Campinas e Camarosa. A produção de Tiê alimenta os mercados da região. São 15 caixas por semana, a cada 5 mil mudas. A produção chega a 400 quilos de morango por mês. “Os produtos são mais limpos, além de orgânicos. E sem agrotóxicos”, conta o microprodutor.

Clima de tranquilidade na 69ª RomariaEvento foi realizado sem incidentes, porém já não atrai tanto público como em outros anos

A 69ª Romaria a Bom Jesus de Pirapora deste ano transcorreu em um clima de tranquilidade. Os romeiros puderam aproveitar a tra-dicional queima do alho, a missa realizada em Pirapora e o show de Marcos e Belutti.

“Foi muito tranquilo, a romaria foi muito boa, não vi nenhuma confusão, não tenho do que reclamar”, contou Luciana Ramos,

que esteve no evento pela primeira vez. A segurança, segundo os participantes estava reforçada. “Não vi ne-nhum tumulto, pude assistir à missa, que foi maravilhosa, e voltar para casa com muita tranquilidade”, disse Tatiani Augusta.

Havia uma certa expectati-va este ano, pois em 2011 o vereador Rodrigo Federzoni foi morto durante o evento

por causa de um desentendi-mento com outro romeiro, o também vereador Léo.

A saída ocorreu às 7h de domingo passado. Os primei-ros participantes chegaram em seus cavalos e charretes.

Amigos e famílias se jun-taram ao grupo ao som de música sertaneja. Pouco depois das 8 horas, os cava-leiros formaram uma grande fila, ouviram as preces do

Padre e partiram.No entanto, o número de

participantes diminui a cada ano. “Só temos um terço de romeiros do que costumava ter”, afirmou Vitor Sales, de 28 anos. “Eu desde os oito anos ia para Romaria com meu avô Emílio Hernandez. Hoje não se veem mais tantas famílias e crianças; infelizmente eu vejo a minha geração como a última”, lamenta.

Momento da saída dos romeiros no manhã do domingo passado

O produtor Leonardo Tiê: frutas sem agrotóxico

“Hoje não se veem mais tantas famílias e crianças; infelizmente eu vejo a minha geração como a última” Vitor Sales, 28 anos, romeiro

Esta sEção do Locomotiva é dEdicada ao comércio dE Franco da rocha, o mais FortE da rEgião. Em cada Edição, vamos mostrar um produto ou sErviço quE é prEstado aqui, do Lado dE casa.AQUI TEM

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Clima de tranquilidade na 69ª RomariaEvento foi realizado sem incidentes, porém já não atrai tanto público como em outros anos

Dona Edna (acima à esq.), a fundadora do Grêmio Recreativo Cultural Escola de Samba Mocidade Independente do Parque Vitória; acima, a escola em desfiles nos anos 90

Um dia de carnaval em 1992, ao sair para acompanhar o des-file das escolas de samba de São Paulo, dona Edna viu um rapaz com uma fantasia com as cores da Rosas de Ouro. “Marcamos de conversar depois do carnaval sobre o que poderíamos fazer em Franco da Rocha.” A conversa com Marcão virou a fundação do Grê-mio Recreativo Cultural Escola de Samba Mocidade Independente do Parque Vitória, que mudou a cara do carnaval de Franco da Rocha.

A partir da Mocidade, passaram a figurar na festa popular da cidade as escolas de samba. Antes só des-filavam blocos. “Mudamos a cara do carnaval da cidade”, orgulha-se dona Edna. “Agora o samba tinha sinopse (tema a partir do qual se desenvolve o samba-enredo), carros alegóricos, mestre sala e porta--bandeira e ala das baianas”. Os jurados dos desfiles eram oficiais, vindos da federação das escolas de samba de São Paulo. Outras agremiações se juntaram para en-grossar o caldo: Raça Guerreira, Acadêmicos do Parque Paulista e Império do Pouso Alegre.

Mesmo assim, não tinha para ninguém. “Não imaginávamos que seria assim. Em seis desfiles, fomos campeões em todos. E a bateria sempre levou nota 10.”

Os desfiles da escola chegavam a juntar 450 pessoas no centro da cidade. “Eram dez ônibus para levar todo mundo até os desfiles”, lembra dona Edna, hoje com 63 anos. E o trabalho rendeu prêmios. “Fomos receber na Camisa Verde e Branco um prêmio de melhor ala das baianas da região. Levávamos com muito orgulho o nome de Franco da Rocha para fora da cidade.”

Emocionada, dona Edna pediu

uma homenagem em memória. “A pessoa que mais se doou foi o Jair, chamado de Reb. Era chefe dos destaques da escola. Ele era ousa-do, carregava a gente para frente sempre cheio de entusiasmo”.

Samba, suor e cervejaOs trabalhos começavam em

novembro, quando o tema era escolhido e tinha início a costura das fantasias. Os ensaios eram um grande encontro do bairro. “Vinham famílias inteiras de toda a cidade. A comunidade do Par-que Vitória, em especial, adorava, porque ficava todo mundo perto de casa.” Os ensaios atraíam mais gente do que o esperado. “Virava uma correria para trazer mais cer-veja”, diverte-se. Após os desfiles, o trabalho continuava. “Prestáva-mos conta centavo a centavo para a prefeitura. Dava um trabalhão, mas valia a festa.”

A escola também tinha forte vínculo social com a comuni-dade. “Distribuíamos leite para as famílias, ajudávamos a tirar documentos. Fazíamos o que po-díamos. Mas além da escola, cada um tinha seu trabalho. Não deu para manter.”

Dona Edna conta a história engrandecida, mas triste pela saudade. O carnaval de rua na cidade terminou no ano 2000, quando a prefeitura cortou a ver-ba destinada ao evento. Hoje já são 12 anos sem a festa. “Con-vidaram-me uma vez para sair como bloco, mas me recuso. Não ando para trás. Só volto a desfilar com a escola toda. Quem sabe o carnaval volta, vou adorar. Sou cobrada nas ruas quando será o próximo desfile. Mas sem apoio da Prefeitura não dá.”

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NOSSA GENTE

SOCIAIS

nEsta sEção vamos rEgistrar as histórias, os “causos”, a vida dos homEns E muLhErEs quE FizEram E FazEm, a cada dia, a nossa cidadE.

Um apaixonado por tecnologia

Erich Bonvicini: “As pessoas reagem ao que você coloca no telão”

Gumercindo, 19 de agosto

nEsta sEção, trarEmos sEmprE as pEssoas, LugarEs E EvEntos quE briLham na vida sociaL dE nossa cidadE E rEgião.

Aniversariantes

Erich Bonvicini nasceu em Franco da Rocha em 1984. Em 2001, começou a trabalhar como técnico de informática na cida-de. A profissão deu certo e Erich formou-se em 2007 como geren-ciador de redes. Mas a paixão pela tecnologia e pela música eletrônica levaram-no para um caminho paralelo.

Frequentador da cena de mú-sica eletrônica desde o início da adolescência, ele ia para matinês e discotecas em São Paulo para curtir as festas. Em 2007, co-nheceu o trabalho de VJ (vídeo jóquei), em uma festa em Itu. Passou a pesquisar sobre a pro-fissão. “VJ é o sujeito que mixa imagens e modifica suas cores em tempo real, de acordo com a música e a relação com o público. Já gostava da música e comecei a perceber que as pessoas reagem ao que você coloca no telão. Isso é muito divertido.”

Por meio de uma amiga em comum, fez sua primeira projeção

no Club A de Atibaia. Desde então não parou mais. Fez pro-jeções em discotecas em Atibaia, Itu, Ilha Comprida, São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro, São Sebastião e Guaratinguetá, além de passar pelas festas raves mais conceituadas do Brasil.

Hoje a profissão é respon-sável por quase metade da sua renda mensal, embora oscile bastante. Erich vê o mercado de trabalho ainda engatinhando. “É um mercado complicado, os donos de festas ainda não têm a cultura de saber a im-portância do VJ. Em festas de música eletrônica, as imagens projetadas são tão importantes quanto o áudio, pelas mensa-gens sensoriais que elas passam para o público. Mas vale a pena. Quem quiser se arriscar tem de se dedicar e estar disposto a passar bastante tempo acordado nas festas. Somos sempre os primeiros a chegar e os últimos a sair”, brinca Erich.

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